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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ-UEPA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO-CCSE


DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS-LETRAS LÍNGUA PORTUGUESA
DISCIPLINA: SEMIÓTICA
I ATIVIDADE AVALIATIVA

Docente: Rosielem Almeida

Discentes: Alana Pinheiro e Roberta Baia

GIFALI, Marilda. Lucia Santaella, Instituto de Estudos avançados da Universidade


de São Paulo, 2014. Disponível:http://www.iea.usp.br/pessoas/pasta-pessoal/lucia-
santaella. Acesso em: 23 de abril de 2022.

SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. 103.São Paulo: Brasiliense, 2012.

Conforme consta ao final do texto estudado, as informações sobre a autora,


Lúcia Santaella é formada em Letras pela Universidade Católica de São Paulo e nessa
mesma instituição concluiu seu doutorado na área de Teoria Literária no ano de 1973 e
desde esse período se dedica às pesquisas teóricas aplicadas acerca da semiótica.
Atualmente faz parte de um programa de estudos pós-graduados em Comunicação e
Semiótica da PUC-SP. De acordo com o site IEA, Lúcia Santaella é coordenadora do
Centro de Estudos Peirceanos na PUC-SP, tem 50 livros publicados e as áreas mais
recentes de pesquisas em que se dedica são: Comunicação, Semiótica Cognitiva e
computacional, inteligência Artificial, Estéticas Tecnológicas e Filosofia e Metodologia
da ciência.

Toma-se como estudo para a produção deste trabalho, o texto de Santaella “O


que é Semiótica”, o qual está dividido em seis tópicos, contendo ao final, algumas
recomendações de leitura. A vista disso, Santaella introduz acerca do conceito de
Semiótica; “o nome Semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo.
Semiótica é a ciência dos signos.” (p. 1). A posteriori, a autora discorre sobre as
linguagens, as duas ciências da linguagem, sendo estas, a Linguística, ciência da
linguagem verbal e a Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem, e explica que a
língua que falamos e escrevemos não é a única forma de linguagem, somos indivíduos
sociais e o nosso estar-no-mundo é mediado por uma rede plural de linguagens.

Para Santaella, as linguagens se fazem presentes no mundo e nós estamos na


linguagem. Nesse sentido, afirma que a Semiótica é a ciência que investiga todas as
linguagens possíveis, e objetiva o exame dos modos de construção de qualquer
fenômeno de produção, de significação e de sentido, assim, o campo de abrangência da
Semiótica é vasto, porém não é indefinido, buscando descrever e analisar nos
fenômenos sua constituição como linguagem.

Semiótica, a ciência que teve três origens, mas na maior parte Santaella se
dedicou à fonte norte-americana de Charles Sanders Peirce, que era um cientista,
sobretudo um lógico, o qual se dedicou a diversos campos, estudou as várias ciências,
exatas, naturais, físicas, psíquicas. O seu interesse em Lógica era principalmente na
Lógica das ciências e entender a Lógica das ciências implica entender seus métodos de
raciocínio. Assim, desde o inicio do interesse de Pierce pela Lógica que considerava ter
nascido dentro do campo de uma teoria geral dos signos, a semiótica, a priori
considerava a lógica, propriamente dita, como uma parte da semiótica, posteriormente
considerava a Lógica de forma mais ampla quase coextensiva de uma teoria de todos os
tipos possíveis de signos.

Santaella explana ainda que a semiótica, para Peirce era apenas uma parte do
conjunto de sistema filosófico por ele criado, o qual é parte de um sistema ainda maior
de uma enorme arquitetura classificatória das diferentes ciências e suas relações. A
partir da localização da Semiótica no conjunto do seu sistema, ou melhor ao perceber a
posição de dependência da Semiótica com as ciências que devem antecedê-la, foi que
Peirce deu prosseguimento a sua doutrina formal de todos os tipos possíveis de signo, a
Lógica ou Semiótica. Ademais, para a autora a Semiótica não é fácil de ser
compreendida, pois é da Fenomenologia que extrai todas os seus princípios.

Desse modo, a autora supracitada disserta sobre a fenomenologia peirciana, um


estudo que, sustentado pela observação direta dos fenômenos, especifica diferenças nos
mesmos e generaliza essas observações a ponto de ser capaz de sinalizar algumas
classes de caracteres muito vastas. E afirma que para tal tarefa, precisamos desenvolver
três faculdades: 1) capacidade contemplativa, 2) saber distinguir, e 3) ser capaz de
generalizar em categorias abrangentes as observações. Após e devido a esse estudo de
observação direta dos fenômenos, Peirce em 1867, denominou as três propriedades que
correspondem aos três elementos formais de toda e qualquer experiência: Primeiridade,
Secundidade e Terceiridade.

A autora coloca que essas três categorias se constituem nas modalidades mais
universais e mais gerais, através das quais se opera a apreensão-tradução dos
fenômenos. Nesse sentido, o primeiro (primeiridade) é presente imediato, de modo a
não ser segundo para uma representação. Ele é fresco e novo, além disso, não pode ser
articuladamente pensado. Mas, de qualquer coisa que esteja na mente em qualquer
momento, há necessariamente uma consciência imediata e consequentemente um
sentimento. Consciência em primeiridade é qualidade de pensamento, e por isso
mesmo, é primeira.

Certamente onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, isto é, sua
primeiridade. Contudo, a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para
existir, a qualidade tem de estar encarnada numa matéria. A factualidade do existir
(secundidade) está nessa corporificação material. E finalmente, terceiridade, que
corresponde à uma camada de inteligibilidade, ou pensamento em signos, através da
qual representamos e interpretamos o mundo. Assim, qualquer coisa que se produz na
consciência tem o caráter de signo. No entanto, Peirce leva a noção de signo mais longe,
a ponto de que o signo não tenha necessariamente de ser uma representação mental, mas
pode ser uma ação ou experiência, ou mesmo uma mera qualidade de impressão.

Em vista disso, Santaella coloca que, o esforço de Peirce era o de configurar


conceitos sígnicos tão gerais que pudessem servir de alicerce a qualquer ciência
aplicada. E para melhor divisar a definição de signo, esclarece que o mesmo tem dois
objetos, o objeto imediato e o objeto dinâmico, e três interpretantes, o interpretante
imediato, o interpretante dinâmico e o interpretante em si. A partir dessa divisão, Peirce
estabeleceu uma rede de classificações sempre triádicas dos tipos possíveis de signos,
dentre estas, há três, as mais gerais às quais Peirce dedicou explorações minuciosas.
Nesse sentido, tomando-se as relações do signo consigo mesmo, do signo com
seu objeto dinâmico e do signo com seu interpretante, tem-se, respectivamente, em
primeiridade, quali-signo, ícone e rema; em secundidade, sin-signo, índice e dicente; e,
em terceiridade, legi-signo, símbolo e argumento. Após explanar sobre essas três
grandes tríades peircianas dos signos, a autora da obra em pauta apresenta também, de
modo breve, o traçado de duas outras fontes de origem e desenvolvimento da Semiótica,
a dos filólogos A. N. Viesse-lovski e A.A. Potiebniá, e a do Curso de Linguística Geral,
do linguista Ferdinand de Saussure, e conclui explanando sobre alguns confrontos entre
essas teorias, em relação à de Charles Peirce.

Por se tratar de uma obra cujo objetivo é apresentar as definições da Semiótica, a


qual a autora descreve como “algo nascendo e em processo de crescimento” (p. 1),
Santaella não abre um tópico para conclusão, mas é possível perceber suas opiniões ao
longo do texto, como no trecho “posso afirmar que a Semiótica peirceana, longe de ser
uma ciência a mais, é, na realidade, uma Filosofia científica da linguagem, sustentada
em bases inovadoras que revolucionam, nos alicerces, 25 séculos de Filosofia
ocidental." (P. 4).

Tendo em vista isso, a autora se ocupa principalmente em apresentar, em termos


os mais simples possíveis, o complexo campo de estudo em que se configura a
Semiótica. E o faz de modo eficaz, utilizando-se de exemplos simples da vida cotidiana,
que facilitam a compreensão dos conceitos semióticos. Ademais, Santaella em
determinados pontos, após tecer uma rede linear de explicações, nas quais um conceito
imediatamente leva a outro, visto que estão interligados (como exemplo, ícone, índice,
símbolo), resume em um parágrafo essas informações, certificando-se de que o leitor
não se confunda, e mais uma vez salientando as diferenças entre os conceitos
explanados.

Além disso, o propósito com o qual Santaella escreveu o texto em discussão faz-
se notável, perseguir as questões de Semiótica desde o seu início, para se chegar ao
patamar de conhecimento que torne possível ao seu leitor ir mais longe, “livre no seu
próprio caminho de investigação e descoberta.” (p. 1). E ao disponibilizar ao final de
seu escrito, uma lista de indicações de leituras relacionadas ao tema, reafirma essa
intenção. Mais que apenas informar, podemos perceber que ela almeja, através do
repasse de conhecimentos sobre Semiótica, atrair mais pessoas e conquistar o interesse
delas por esse campo de estudo.
Mediante o exposto, faz-se a recomendação desse texto para pessoas que tem
interesse de estudo na Semiótica, das mais diversas áreas, das ciências humanas às
naturais, visto que a Semiótica é a ciência de toda e qualquer linguagem possível, pois
nele a autora utiliza de métodos simples de elucidação.

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