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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de português

Trabalho de campo da Disciplina de Introdução aos Estudos Literários: Semiose Literária:


Sistema, Código E Texto Literário

Nome do estudante: Nelson César Uaracula

Código:

Monapo, Outubro,2022
INIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de português

Trabalho de campo da Disciplina de Introdução aos Estudos Literários: Semiose


Literária: Sistema, Código E Texto Literário

Trabalho de campo a ser submetido na


coordenação do curso de Licenciatura em
Ensino de Português 1 ano

Tutor:

Nome do estudante: Nelson César Uaracula

Monapo, Outubro, 2022


ÍNDICE

Introdução....................................................................................................................3

1.Semiose Literária......................................................................................................4

1.1. Conceito De Sistema.............................................................................................5

1.1.2. Conceito De Sistema Semiótico Literário.........................................................5

1.1.3.Sistema Semiótico Literário Como Sistema Modelizante..................................5

1.2.Conceito De Código...............................................................................................6

1.2.1. Conceito De Código Literário............................................................................6

1.2.2. Código Literário Como Policódigo....................................................................7

Código Fónico-Rítmico...............................................................................................7

Código Métrico............................................................................................................7

Código Semântico-Pragmático....................................................................................8

Semiótica E Comunicação...........................................................................................9

Conclusão.................................................................................................................10

Referencias Bibliográficas.......................................................................................11
INTRODUÇÃO

O presente trabalho de campo da universidade católica de Moçambique é da Disciplina


de Introdução aos Estudos Literários do curso de licenciatura de Português e tem como
tema: Semiose literária: sistema, código e texto literário, que será abordado focalizando
os seguintes aspectos conceito da semiótica; característica do sistema semiótico
literário; distinção do sistema modelizante primário do secundário; caracterização do
sistema semiótico literário, distinguindo- o dos outros.

Como objectivo geral é de compreender a Semiose literária.

Objectivos específicos:

 Definir a Semiose literária,


 Caracterizar o sistema semiótico literário,
 Distinguir o sistema modelizante primário do secundário.

O trabalho é de caracter avaliativo e para a sua produção e elaboração foi necessário o


uso de alguns manuais ou obras que abordam assuntos relacionados ao mesmo tema,
usando o método de pesquisa, consulta bibliográfica e raciocínio logico dos assuntos.

Quanto a organização estrutural do mesmo importa referir que obedece a seguinte


estrutura: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e Bibliografia.

De salientar que Semiose é um termo introduzido no contexto da semiologia e da


semiótica por Charles Sanders Peirce, utilizado para designar o processo de
significação, que consiste na produção de significados através de signos linguísticos,
seus respectivos objectos e interpretações.

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1.SEMIOSE LITERÁRIA

De acordo com BARROS, A semiótica é a teoria geral dos signos. Esta ciência trata do
estudo dos signos na vida social, à semelhança da semiologia. Ambos os conceitos são
considerados sinónimos pelo dicionário da Dicionário da Língua Portuguesa da Porto
Editora, ainda que os especialistas estabeleçam algumas diferenças.

“Alguns sustentam que a semiótica inclui todas as restantes ciências que se dedicam ao
estudo dos signos em determinados campos do conhecimento. A semiótica, neste
sentido, aparece como uma ciência do funcionamento do pensamento, destinada a
explicar como é que o ser humano interpreta o entorno/ambiente envolvente, cria
conhecimento e partilha o mesmo” (PEIRCE,1839-1914).

Outros especialistas definem a semiologia como sendo a ciência que trata dos estudos
associados à análise dos signos em geral, tanto linguísticos (relacionados com a
semântica e a escrita) como semióticos (os signos humanos e da natureza).

A semiótica busca entender como o ser humano consegue interpretar as coisas,


principalmente o ambiente que o envolve. Desta forma, estuda como o indivíduo atribui
significado a tudo o que está ao seu redor.

Os objectos de estudo da semiótica são extremamente amplos, consistindo em qualquer


tipo de signo social, por exemplo, seja no âmbito das artes visuais, música, cinema,
fotografia, gestos, religião, moda, etc.

Em suma, quase tudo o que existe pode ser analisado a partir da semiótica, visto que
para que algo exista na mente humana, esta coisa precisa ter uma representação mental
do objecto real. Esta condição já faz de tal objecto, por exemplo, um signo que pode ser
interpretado semiticamente.

Segundo registros históricos, a semiótica teve sua origem na Grécia Antiga, mas apenas
se desenvolveu no começo do século XX, com o trabalho de alguns pesquisadores,
como o mestre da linguística e filósofo Ferdinand de Saussure (1857 - 1913), e Charles
Peirce (1839 - 1914), considerado o "papa da Semiótica.

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1.1. Conceito De Sistema

Na abordagem do sistema semiótico afigura-se como indispensável que, primeiro, se


defina sistema. Neste contexto, de acordo com o Dicionário de Língua Portuguesa
(2003: 1366) sistema deriva, tanto do latim quanto do grego, systema, sendo, dentre
vários significados, sinónimo de, como afirma o Grande Dicionário de Língua
Portuguesa (2004:1423), “conjunto de princípios ou ideias solidamente relacionadas
entre si, que constituem uma teoria, conjunto de partes dependentes umas das outras.”

1.1.2. Conceito De Sistema Semiótico Literário

Depreendendo-se que um sistema corresponde à combinação de partes coordenadas


entre si, para o mesmo fim, assume-se que no fazer e no produzir uma obra literária
como um processo de significação e de comunicação e que resulta num texto e permite
a sua funcionalidade como mensagem, estará subjacente um determinado sistema, o
qual será conhecido como sistema semiótico literário.

Neste quadro, compreender-se-á que sistema semiótico, na esteira de Aguiar e Silva


(2004:57), será “uma série finita de signos interdependentes entre os quais, através de
regras, se pode estabelecer relações e operações combinatórias, de modo a produzir-se
semiose. Assim, um texto, definido em conformidade com Aguiar e Silva (1988:75) é
uma “sequência de elementos materiais e discretos, seleccionados dentre as
possibilidades oferecidas por um determinado sistema semiótico e ordenados em função
de um determinado código ” só será funcional se a sua produção se fundamentar em
determinado sistema, portanto, o sistema semiótico literário. Decorrente disto, o sistema
semiótico literário afigura-se como um sistema ligado ao texto, surge como elemento
que permite a transmissão de comunicações peculiares, não transmissíveis com outros
meios.

1.1.3.Sistema Semiótico Literário Como Sistema Modelizante

Como se expôs no parágrafo anterior, antes do sistema de comunicação/significação, se


situa um outro sistema, o sistema modelizante primário, sendo que se entende como
sistema de significação como sistema modelizante secundário. Isto pressupõe que num
texto literário considerar-se-ão dois sistemas: um que será a base para compreensão do

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segundo, equiparado à língua natural, e outro que se “constitui e se organiza”, segundo
(AGUIAR & SILVA 2004, p.58).

Desta feita, embora discutível, o sistema semiótico literário configura-se como uma
semiótica conotativa, ou corresponde a afirmar que o primeiro é uma semiótica
denotativa. Portanto, como advoga Hjelmslev apud Aguiar e Silva (1988: 82/83),
existirão igualmente dois planos diferentes: o plano da expressão e o plano do conteúdo,
sendo que, na esteira de Aguiar e Silva (1988:95/96), o sistema modelizante secundário
desenvolver-se-á em indissolúvel interacção com o plano de expressão e o do conteúdo
da língua natural e a sua existência é que possibilita a produção do texto literário e é que
fundamenta a capacidade de estes textos funcionarem como objectos comunicativos no
âmbito de uma determinada cultura, pois a literatura é um sistema modelizante
secundário e é também, consequentemente, um corpus de textos que representam a
objectivação e a realização concreta e particular daquele sistema semiótico.

1.2.Conceito de código

Como se fez referência na definição de texto, a sequência de elementos seleccionados


dentre as possibilidades oferecidas por um determinado sistema semiótico é ordenada
em função de um determinado código, sendo que se afigura como importante definí-lo.

Assim, de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa (2003, p.371), o termo código
deriva do latim códice e, de entre várias interpretações, é sinónimo de “norma, colecção
de preceitos e regras que permite a combinação e interpretação de sinais.” Ademais, o
Grande Dicionário da Língua Portuguesa (2004, p.350) acrescenta que, sob ponto de
vista linguístico, código corresponde ao “sistema de relações estruturadas entre signos
ou conjunto de signos que possibilitam a codificação e descodificação de mensagens.”

1.2.1. Conceito de código literário

Se uma determinada mensagem é codificada e descodificada através de um determinado


código, é justo que se afirme que um texto literário também será estruturado por meio
da operação de determinadas normas, decorrendo disto o nascimento do código literário.

O código literário, de acordo com Aguiar e Silva (2004:57), é definido como “conjunto
finito de regras e convenções que permitem ordenar e combinar unidades discretas, no

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quadro de um determinado sistema semiótico, a fim de gerar processos de significação e
de comunicação que se consubstanciam em textos.” Portanto, na linha do mesmo autor,
código irá representar “o instrumento operativo que possibilita o funcionamento do
sistema, que fundamenta e regula a produção de textos e que, por si mesmo, assume
uma relevância nuclear nos processos semióticos.”

Da definição anteriormente feita, na esteira de Aguiar e Silva (1988:78), depreende-se


que o código literário se configura como “uma rede de opções, de alternativas, de
possibilidades, na qual as permissões, as injunções e a eventualidade de práticas
transgressivas se co articulam de modo vário e em função de múltiplos factores
endógenos e exógenos ao sistema.” Portanto, será com base no código literário que,
retomando a definição de código na esteira do Grande Dicionário de Língua Portuguesa
(2004:350), se codificará ou descodificará um texto literário, ou melhor, o texto literário
só será como tal se se tiver em conta um determinado conjunto de opções combinatórias
para o efeito.

1.2.2. Código literário como policódigo

Em primeiro lugar, refira-se que a abordagem do código literário como policódigo, será
feita com base em Aguiar e Silva (1988).

Em segundo, é importante que se sublinhe que o código literário como resultado da


interacção dos diferentes códigos e subcódigos pertencentes ao sistema modelizante
secundário configura-se como policódigo. Nele distinguem-se os seguintes códigos:

Código fónico-rítmico

O código fónico-rítmico regula aspectos importantes do enredo do texto literário,


mantém uma imediata e fundamental relação de interdependência com o código
fonológico e ainda com o código léxico-gramatical, com o código semântico do sistema
linguístico, para além das que mantém com o código grafemático e a interdependência
com o código métrico e com o estilístico.

Código métrico

O código métrico regula a organização particular da forma de expressão dos textos


poéticos, considerados subconjunto dos textos literários, quer no concernente à
constituição do verso quer na combinação e agrupamento dos versos em estrofes. À

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semelhança dos outros códigos este tem relações com o código fonológico. Tem
também relações de interdependência com o código léxico-gramatical, visto que a
distribuição dos acentos exigida pelo modelo do verso pode impor, por exemplo,
modificação na estrutura frásica. Finalmente relaciona-se com o código semântico.

Código estilístico

O código estilístico regula a organização das formas do conteúdo e da expressão do


texto literário, considerando a sua relação de interdependência com o código léxico-
gramatical e suas sensíveis variações diacrónicas e sincrónicas. Relaciona-se ainda com
os códigos: semântico, fonológico, pragmático e técnico-compositivo. Este código é
responsável pela organização da coerência textual a nível semântico (estrutura
profunda) como a nível de textura (estrutura de superfície), mediante microestruturas
que operam no âmbito dos constituintes textuais próximos.

Código técnico-compositivo

O código técnico-compositivo orienta e ordena a coerência textual, mediante regras


opcionais ou constritivas de aplicação transónicas. Tem uma elevada autonomia perante
o código linguístico. Desenvolve relações de interdependência com o código métrico,
com o código estilístico e com o código semântico-pragmático.

Segundo Uspensky apud Aguiar e Silva (1988:105), as influências exercidas sobre o


sistema semiótico literário por outros sistemas modelizantes secundários de natureza
estética, sobretudo a música, a pintura e o cinema, embora verificáveis a qualquer nível
do policódigo literário, ocorrem muito frequentemente ao nível do código técnico-
compositivo.

Código semântico-pragmático

Designação justificada pela simples razão de ser impossível estabelecer uma rígida linha
divisória entre os factores semânticos e os pragmáticos, considera-se que a substância
do conteúdo quer no âmbito sintagmático como no pragmático é sujeita a específicos
processos de semiotização até que seja conteúdo numa forma peculiar. É assim que,
como escreve Greimas citado por Aguiar e Silva (1988:105/106):

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O código semântico-pragmático regula, no plano pragmático, a produção das unidades e
dos conjuntos semiliterários, resultantes da interacção de factores lógico-semânticos,
histórico-sociais e estético-literários, que manifestam ou o universo semiótico
cosmológico ou o universo semiótico antropológico ou o universo semiótico social ou
um universo semiótico configurado pelas inter-relações dos três universos antes
referidos.

Este código correlaciona-se, através do código semântico, com os códigos religiosos,


míticos, éticos e ideológicos actuantes num determinado espaço geográfico e social e
num tempo histórico, manifestando assim, de forma primordial e privilegiada a visão do
mundo, o modelo do mundo, consubstanciados ao texto literário.

Segundo Dijk apud Aguiar & Silva

O código semântico-pragmático desempenha uma função dominante no policódigo


literário, porque a estrutura profunda do texto é de natureza semântica e só a partir desta
estrutura, considerada programa, se pode analisar e compreender adequadamente a
estrutura superficial do texto, as regras e as convenções fónicas, prosódicas,
grafemáticas, métricas, estilísticas, técnico-compositivas e semântico-pragmáticas que a
organizam. (1988, p.106)

Semiótica e Comunicação

Os estudos semióticos estão intrinsecamente relacionados com a Comunicação, seja


verbal ou não-verbal. Pelo fato da semiótica ser o "estudo dos significados", esta é
essencial para que se formem os elementos necessários para o contendimento entre as
pessoas em determinados grupos.

Através da semiótica somos capazes de interpretar as palavras que formam um texto


linguístico e atribuir um significado para as respectivas sequências de palavras, por
exemplo. No caso da linguagem não-verbal, os sinais também são dotados de
significados específicos, como os sinais de trânsito, os movimentos, os sons, os cheiros,
etc.

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CONCLUSÃO

Para terminar com o trabalho, importa ainda dizer que, Quanto a origem da semiótica,
conta-se que ela se originou na mesma época em que a filosofia, por exemplo. E a
semiótica tem se desenvolvido de forma contínua desde a Grécia Antiga até os dias
atuais. Mas foi somente depois de cerca de três séculos que surgiram aqueles que se
apelidaram como os pais da semiótica.

Quando num âmbito específico, a semiótica surge para o estudo linguístico, de gestos,
notação musical, de sistemas de sinalização (tais como os sinais de trânsito), entre
outros. Ou seja, ele possui um cunho mais gramático.

Por outro lado, num âmbito mais geral, ela ganha um significado mais filosófico, agora
não dedicando-se a análise dos sinais, senão construindo esses sinais de forma teórica e,
com isso, passando a explicar fenómenos que aparentam não serem similares.

No âmbito da medicina, por fim, a semiótica é a área que se dedica ao tratamento dos
sinais/sintomas das doenças/patologias com base no diagnóstico e no prognóstico.

Cabe dizer que o estudo da semiótica cobre muitos objectos, uma vez que consiste em
qualquer tipo de signo social: gestos, música, religião, cinema, fotografia, entre outros.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Ática, 1991.

DEELY, J. Semiótica básica. São Paulo: Ática, 1990.

LANDOWSKI, Eric. Foi Greimas semioticista? Disponível em:


http://www.pucsp.br/cps/pt-br/teoricos/tres.html acesso em 17/10/2022.

AGUIAR E SILVA, Victor Manuel de. Teoria da Literatura, 8ª edição, Coimbra,


Almedina, 1988.

AGUIAR E SILVA, Víctor Manuel de. Teoria e Metodologia Literárias. Lisboa. 2004.

DICIONÁRIO DE LÍNGUA PORTUGUESA. 8ª Edição, Lisboa, Texto Editora, 2003.

GRANDE DICIONÁRIO DE LÍNGUA PORTUGUESA. Porto, Porto Editora, 2004.

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