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Arlindo Sebastião Luís Pensado

Crimilda Xavier Francisco


Flódio Santos Cuna
Loyde Olívia Herculano
Luísa Vasco João
Leonora Domingos Salifo Mede
Paz Sebastiao Gento
Priscilia José
Munira Abudo Momade

Língua Nyanja e sua etnia


Curso de Licenciatura em Ensino de Português com Habilitação em ensino de Línguas Bantu

4º Ano Laboral

Universidade Púnguè

Extensão de Tete

2022
Arlindo Sebastião Luís Pensado
Crimilda Xavier Francisco
Flódio Santos Cuna
Loyde Olívia Herculano
Luísa Vasco João
Leonora Domingos Salifo Mede
Paz Sebastiao Gento
Priscilia josé
Munira Abudo Momade

Língua Nyanja e sua etnia

Trabalho de pesquisa a ser submetido na


cadeira de Síntaxe, Sêmantica e
Pragmática de Português-I (SSPPI),
como requisito parcial de avalição:
Docente: Rufino Alfredo.

Universidade Púnguè

Extensão de Tete

2022
Índice
Conteúdo página
1. Introdução..................................................................................................................3
1.1. Objectivos...............................................................................................................3
1.1.1. Geral:..................................................................................................................3
1.1.2. Específicos:.........................................................................................................3
2. Fundamentação teórica...............................................................................................4
2.1. Possível surgimento da língua Nyanja e sobre o centro de fragmentação do
núcleo proto-bantu.............................................................................................................4
2.2. Língua Nyanja: localização e variantes..................................................................5
2.2.1. Outros países onde se fala a língua Nyanja........................................................5
2.2.2. Dialectos de Cinyanja e variante de referência...................................................5
2.2.3. Línguas faladas nos distritos e países vizinhos...................................................5
2.2.4. A variante adoptada neste trabalho.....................................................................6
2.2.5. Outras línguas faladas no distrito de Tsangano..................................................6
2.3. Régulo responsável pela etnia de Nyanja...............................................................6
2.4. Hábitos e costumes dos Nyanja..............................................................................7
2.4.1. Dança tradicional................................................................................................7
2.4.2. Sustentabilidade..................................................................................................7
2.5. Forma como resolvem os problemas e a língua aplicada.......................................7
2.5.1. Casos cometidos por um contra outro.................................................................8
2.5.2. Casos familiares..................................................................................................8
2.5.3. Casos do lar.........................................................................................................8
2.6. O uso da lei da família em vigor em Moçambique................................................9
3. Conclusão.................................................................................................................10
4. Bibliografia..............................................................................................................11
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1. Introdução

No presente trabalho, abordaremos aspectos relacionados com os falantes de


Cinyanja e particularmente da sua etnia. Portanto, traremos a descrição geográfica dos
Nyanja (onde é falada, distrito, posto administrativo, comunidade ou localidade);
línguas faladas nos distritos e países vizinhos; régulo responsável pela etnia dos Nyanja;
história do surgimento da língua Nyanja; os hábitos e costumes desta etnia e também
descreveremos o modo como se resolvem os problemas familiares nesta etnia.
Estruturalmente, o trabalho é simplesmente composto por três principais partes.
Na primeira, presente parte, trouxemos as considerações iniciais; segue-se a segunda
parte onde descrevemos pormenorizadamente os aspectos mencionados no parágrafo
anterior, e, finalmente, a terceira e a última foi reservada para as considerações finais, as
possíveis conclusões.
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral:
 Conhecer o historial da etnia dos Nyanja.
1.1.2. Específicos:
 Descrever a maneira como se resolvem os problemas familiares;
 Mencionar os principais hábitos e costumes dos Nyanja/Mangoni.
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2. Fundamentação teórica
2.1. Possível surgimento da língua Nyanja e sobre o centro de
fragmentação do núcleo proto-bantu

As línguas africanas são classificadas em quatro grandes famílias, identificando


em cada uma delas as subfamílias que variam em número de uma família para outras.
Assim, são as seguintes as quatro grandes famílias linguísticas identificadas:
 Afro-asiática (subfamílias: Semítica, Egípcia, Cushítica, Berber, Chádica);
 Nilo-sahariana (subfamílias: Songhai, Sahariana, Maban, Fur, Chari-Nilo,
Koman);
 Congo-Kordofaniana (subfamílias: Níger-Congo e Kordofaniana);
 Khoi e San (subfamílias: Khoi, San, Sandawe, Iraqw, Hatsa ou Hadza).

As línguas bantu pertencem à subfamília Níger-Congo da família Congo-


Kordofaniana. Portanto, aplicando as unidades classificatórias apresentadas acima a um
dialecto de uma língua moçambicana, como Nyanja, por exemplo, ter-se-á:
Congo-Kordofaniana (família)

Niger-Congo (subfamília)

Bantu (grupo)

Cinyanja (língua)

Nyanja (variante)
Vale dizer que, nesta classificação, como se pode ver, bantu não é família e nem
indica origem de línguas como é erradamente frequente dizer-se. Todas as línguas
moçambicanas africanas são do grupo bantu, mas não da família bantu e nem de origem
bantu.
Sobre o centro de fragmentação, importa refere que a dispersão do núcleo proto-
bantu deve-se ter estabelecido na região de Shaba, planalto de Katanga, na actual
República Democrática do Congo. As línguas faladas nesta região - por exemplo,
Bemba, Kasai e Luba - possuem um alto índice do vocabulário bantuʺ.
2.2. Língua Nyanja: localização e variantes

Nyanja é uma língua falada em três províncias de Moçambique, a saber:


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a) Niassa,
b) Zambézia,
c) Tete.

Províncias e os respectivos distritos onde se fala Nyanja


a) Niassa (nos distritos Mecanhelas, Mandimba e Lago);
b) Zambézia (no distrito de Milange)
c) Tete (nos distritos de Angónia, Macanga, Zumbo, Chiuta, Tsangano e partes de
Fingoé, e Moatize.

Distritos e os respectivos postos administrativos

a) Chiuta (no posto administrativo de Kazula, Kaunda);


b) Macanga (no posto administrativo de Furancungu, Chidzolomondo,
Namandende);
c) Moatize (no posto administrativo de Zobwe);
d) Tsangano (no posto administrativo de Fonte-Boa;
e) Angonia (no posto administrativo de Kalomwe, Domwe).
2.2.1. Outros países onde se fala a língua Nyanja

Além de ser falada em Moçambique, a língua Nyanja é também falada nas


repúblicas de Malawi e Zâmbia, onde goza do estatuto de língua “nacional” no primeiro
caso e de “uma das sete línguas nacionais no segundo caso. Alguns estudos revelam
também que Zimbabwe é um dos países onde se fala o Cinyanja. de

2.2.2. Dialectos de Cinyanja e variante de referência

Cinyanja tem as seguintes variantes:


 N31a: variante Cinyanja (falada em Niassa-Lago, Tete em Angónia, Tsangano e
Moatize);
 N31b: variante Cicewa/Cimang`anga (falada em Tete distrito de Macanga);
 N31c: variante Cingoni (falada em Tete distrito de Angónia).

Estes dialectos, a variante de referência é o Cinyanja, falado em Tete.


De acordo com os dados do censo de 2017 (INE, 2019), existem 1.790.831
falantes de Cinyanja em Moçambique.
2.2.3. Línguas faladas nos distritos e países vizinhos
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O distrito de Tsangano faz fronteira com os distritos de Angónia, Macanga,


Moatize, Chiuta e com Malawi. Assim, no distrito de Moatize falam-se línguas como
português, Cinyanja, Cinyungwe e, raras vezes, Xichangana, Inglês; nos distritos de
Angónia e Macanga, a língua predominante é Cinyanja. Porém, fala-se também o
Português, raramente Cinyungwe e Inglês.
Portanto, falando do Malawi, como um país que faz fronteira com o distrito de
Tsangano, há lá muitas línguas faladas, a exemplo de Ciyao, Cinyanja, Cisena,
Cilomwe, Citumbuka, Inglês, etc.
2.2.4. A variante adoptada neste trabalho

Para que haja a facilidade na descrição dos dados, no presente trabalho usar-se-á a
variante N31a, Cinyanja (falada em Niassa-Lago, Tete em Angónia, Tsangano e
Moatize), não somente por ser a do nosso domínio, mas também por ser a variante de
referência e a predominante no distrito de Tsangano.
2.2.5. Outras línguas faladas no distrito de Tsangano

Como se disse, a língua mais falada neste distrito é Cinyanja. No entanto, há


outras línguas, como o Português, falado frequentemente nos centros de saúde (entre
enfermeiros), nas escolas (entre professores e professores-alunos), nos gabinetes
distritais (entre funcionários); Inglês, falado raramente nas escolas (entre professores da
mesma disciplina) e nos mercados falado por burundêses e outros estrangeiros. Além
destas línguas, regista-se, em certas regiões do distrito, a fala do Cinyungwe.
2.3. Régulo responsável pela etnia de Nyanja

No distrito de Tsangano há muitos régulos, dependendo da divisão das


comunidades em que cada régulo comanda. No entanto, a supremacia chefia dos Nyanja
(Mangoni), cuja designação é Inkosi yamakosi, encontra-se no Distrito de Angónia e a
actual rainha segurando este cargo chama-se Jacinta Manuel Dama. Mencionando
alguns régulos do distrito de Tsangano, citam-se o régulo Bene (localidade de Banga),
régulo Gimo, régulo Poronya, régulo M’Ndongondi, régulo Zidana, régulo Kulambwe
(todos da localidade de Mtengo-wa-mbalame).
Neste trabalho, portanto, iremos desenvolver pormenorizadamente sobre os
Nyanja sob regulado do Kulambwe. Importa esclarecer, aqui, que Kulambwe é o nome
do primeiro régulo desta região e, segundo o costume, tem sido o filho o sucessor desta
chefia. Assim, desde a sua morte, sucederam duas rainhas (suas filhas): a Madalena
Queala Kulambwe (falecida) e a actual Macrina Queala Kulambwe.
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Esta rainha tem, no total, vinte e nove (29) aldeias sob sua chefia e ela reside na
comunidade designada Mankhoma, na região de Fonte-Boa, localidade de Mtengo-wa-
mbalame.

2.4. Hábitos e costumes dos Nyanja

Geralmente, os Nyanja distinguem-se de outras etnias por seus hábitos e costumes


e estes são resumidos em quatro pilares desta etnia, aos quais os donos chamam
orgulhosamente de Ngodya za angoni (pilares dos Mangoni/Nyanja). Assim, são pilares
dos Nyanja os seguintes: Ingoma (dança tradicional); Mowa wamasese (pombe de
sorvo); Nyama yowotcha (carne assada) e Kankazi kali pambalipa (com a mulher ao
lado, servindo de flor).
2.4.1. Dança tradicional

Como se disse, os Nyanja têm como dança tradicional Ingoma (ou simplesmente
Ngoma). Esta dança tem sido praticada pelos homens tanto como mulheres inclusive os
jovens, podendo ser em círculos ou mesmos em fileiras. Os dançarinos vestem-se de
peles de animais nas cinturas, nos braços e na cabeça, de preferência têm sido as peles
de leões e seguram alguns objectos nas mãos, os quais simbolizam poder. E anualmente
tem havido uma grandíssima conferência em Zambia onde todos os Nyanja/Mangoni
(de Malawi, Moçambique e Zambia) se reúnem e festejam por sua etnia e cultura
maravilhosa.
Em certas comunidades dos Nyanja, encontram-se também práticas de dança de
Nyau, mas esta não é a dança própria destes. A dança de Nyau é praticada pelos Nyanja
por imitação dos Cewa de Malawi.
Assim, onde se encontram os Nyanja nunca deve faltar uma mulher, pois esta
serve para embelezar (flor) e para tornar agradáveis e harmoniosas as canções. Além da
mulher, onde haja os Nyanja deve inevitavelmente haver pombe de sorvo (feito de
milho e mexoeira) e tudo isso sucede em redor duma fogueira onde se assa a carne.
2.4.2. Sustentabilidade

Os Nyanja são grandes agricultores e sobre isso não se discute, pois, a melhor
produção de milho, feijão, alho, batata e hortaliças procede de Tsangano, Angónia e
Macanga e é através dos cultivos que eles sobrevivem. Mas além de agricultura, os
Nyanja são bons em caça.
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A vida quotidiana dos Nyanjas está associada diretamente às atividades de


subsistência ligadas à agricultura, pesca, pastorícia, fabrico de carvão vegetal, que é
uma das características de muitas comunidades da África. Onde há um rio as atividades
quotidianas da comunidade terão uma relação muito forte com o mesmo. Entre os
Nyanjas encontramos uma série de relatos, mitos e narrativas sobre o rio Zambeze.
Onde não há rio, as atividades estarão mais ligadas à agricultura, caça, comércio e
trabalhos formais, assim chamados de, trabalho dos brancos.

2.5. Forma como resolvem os problemas e a língua aplicada

Nesta etnia, há muitas maneiras como se resolvem os problemas familiares.


Porém, importa, antes, esclarecer que a etnia dos Nyanja, conhecidos também por
Mangoni, é matrilinear.
2.5.1. Casos cometidos por um contra outro

A resolução das contendas, na etnia dos Mangoni, segue a hierarquia de toda


chefia das comunidades, começando pelos pequenos chefes chamados akulu a limana
(chefe de quarteirão). Quando este não consegue resolver o caso, segue-se para o chefe
geral de toda aldeia e assim sucede até que chegue ao régulo e do régulo ao rei/rainha.
Quando for um caso que envolve luta ou disputa de terrenos (machambas),
quando o rei não consegue resolve-lo escreve uma carta dando autorização a quem não
se sente satisfeito para que este, por sua vez, possa levar o caso até polícia/tribunal.
Em contrapartida, quando for um caso que envolve rebeldia dum habitante ou
promotores de desorganização nas sociedades, o rei/a rainha tem autoridades de
expulsa-los do seu território para sempre.
2.5.2. Casos familiares

Numa família largada, quando houver algum desentendimento, convoca-se os


chamados celeiros de conhecimento ou sabedoria: os avós, bisavós, trisavós ou
tataravós (caso haja), os tios, os pais, etc, sentam-se juntos e, por moderação de um mais
velho, começam a resolver os casos.
2.5.3. Casos do lar

Como anteriormente se disse, os Mangoni são matrilineares. Assim, quando num


lar os filhos crescem malcriados, leva-se o caso aos tios maternos. Estes são os que
possuem autoridades de educar os seus sobrinhos, seja através de simples conselhos ou
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mesmo batendo neles com varas. Vale realçar que esta responsabilidade é
exclusivamente dada aos tios maternos, embora actualmente não haja tanta
consideração.
Todavia, quando for algum desentendimento entre marido-esposa, o caso é
especificamente resolvido por padrinhos e madrinhas e, às vezes, com ajuda dos tios,
sejam paternos tanto como maternos.
Como recurso na resolução dos problemas, os Mangoni usam ou recorrem aos
provérbios com a finalidade, no geral, de manter uma boa relação em controlo da
conduta social. Portanto, os provérbios são varras ou vigilantes do equilíbrio da moral
social naqueles espaços, assim como buscam a harmonia social. A importância dos
provérbios numa sociedade, de acordo com a qual provérbio popular é uma unidade
léxica fraseológica fixa e, consagrada por determinada comunidade linguística, que
recolhe experiências vivenciadas em comum e as fórmulas como um enunciado
conotativo, sucinto e completo, empregado com a função de ensinar, aconselhar,
consolar, advertir, repreender, persuadir ou até mesmo praguejar. Segundo os
informantes, com os provérbios podem aconselhar, educar advertir, repreender e mais
acções comunitárias vigiadas pela moral comum da comunidade.
Em síntese, os Nyanja, na resolução dos problemas sociais e familiares, recorrem
aos provérbios e usa-se normalmente a língua Bantu, uma vez que é esta a língua de
prestígio e de maior domínio.
2.6. O uso da lei da família em vigor em Moçambique

Na verdade, os Nyanja não conhecem a lei da família em vigor no nosso país e,


por consequência, não têm como a usar. Isso está assim porque maior número dos
Nyanja são iletrados e, normalmente, são alunos que pouco conhecem a lei da família
do nosso país e isso através da escola.
2.7. Parentesco
Os Nyanja são divididos em grupos matrilineares exogâmicos kamu, recortados
por grupos patrilineares, igualmente exogâmicos, chilawa. Como era de se esperar, este
sistema exclui os primos paralelos do número dos cônjuges possíveis, mas não faz dos
primos cruzados cônjuges preferidos. Os grupos matrilineares apresentam uma
uniformidade no que diz respeito aos princípios que regulam a filiação e a sucessão.
“Existe a crença de que o sangue passa através da mulher e não através do homem”.
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3. Conclusão

Chegado a este ponto, constatamos que Cinyanja é uma das línguas mais faladas
em Moçambique e tem três variantes, dentre os quais a variante de referência é o
Cinyanja falado em Tete, principalmente nos distritos de Tsangano e Angónia.
Vimos igualmente que os Nyanja se distinguem de outras etnias por seus hábitos e
costumes e estes são resumidos em quatro pilares desta etnia, aos quais os donos
chamam orgulhosamente de Ngodya za angoni (pilares dos Mangoni/Nyanja), que são
Ingoma (dança tradicional); Mowa wamasese (pombe de sorvo); Nyama yowotcha
(carne assada) e Kankazi kali pambalipa (com a mulher ao lado, servindo de flor).
Concluímos ainda que na resolução das contendas, na etnia dos Mangoni, segue-
se toda a hierarquia de toda chefia das comunidades, começando pelos pequenos chefes
chamados akulu a limana (chefes de quarteirões). Quando estes não conseguem resolver
o caso, segue-se para o chefe geral de toda aldeia e assim sucede até que chegue ao
régulo e do régulo ao rei/rainha. Nisso, quando for um caso que envolve luta ou disputa
de terrenos (machambas), quando o rei não consegue resolve-lo escreve uma carta
dando autorização a quem não se sente satisfeito para que este, por sua vez, possa levar
o caso até polícia/tribunal.
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4. Referência Bibliográfica

As pesquisas feitas pelo grupo tiveram como base, as consultas dos avôs, tios e
anciãos, pois esses desmostraram possuir mais experiências vividas.

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