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Autismo na Vida Adulta - Sexualidade
Natalie Brito Araripe

O tema sexualidade é bastante relevante e pouco discutido, seja de forma


geral, imagina quando falamos de pessoas com deficiência. Sexualidade é um
aspecto central do ser humano ao longo da vida, e inclui: Gênero sexo,
identidade, papel, orientação, erotismo, prazer, intimidade e reprodução,
envolvendo aspectos biológicos, históricos e culturais. Qual seria a relevância
do tema sexualidade e autismo?
Primeiro, o exercício da sexualidade é um direito! Em 2008, a Convenção
sobre Direitos das Pessoas com Deficiências (CDPD) reafirmou a proteção
contra formas de exploração, violência e abuso e garantia de cuidados com a
saúde sexual e reprodutiva. A Lei Brasileira de Inclusão reafirma a garantia do
exercício dos direitos sexuais e reprodutivos.
Em segundo lugar, a qualidade de vida: Frustrar manifestações da
sexualidade em sua diversidade podem levar à ansiedade e à agressividade.
Além disso, faz-se relevante falar sobre esse tema para prevenir situações de
vulnerabilidade de violência sexual. Pessoas com desenvolvimento intelectual
atípico tem 4 vezes mais chances de serem sexualmente abusadas do que
pessoas com desenvolvimento intelectual típico (SULLIVAN; KNUTSON, 2000).
Sobretudo, a sexualidade envolve diversos fatores, como: higiene
íntima, relações sociais, cuidados pessoais e com o outro, relações de afeto,
identidade e expressão de gênero, orientação sexual, namoro, carinho e sexo.
Apesar da relevância, existem muitas barreiras relacionadas à produção de
dados nessa área:
• O tema é um tabu.
• Há pouca literatura na área.
• Permeado de concepções errôneas e preconceitos.
• Há uma ênfase maior apenas no comportamento sexual.
• Existem muitos mitos acerca da sexualidade de pessoas com deficiência:
têm sexualidade exacerbada, são assexuadas, infantilizadas, desenvolvem a
sexualidade precocemente, não tem orgasmos e não pedem ter união estável.

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Todos esses entraves mostram para nós a importância da educação
sexual. Precisamos urgentemente de programas de educação sexual que
envolvam regras, habilidades comunicativas e compreensivas na área
(MEHZABIN; STOKES, 2011). Uma extensa revisão de literatura na área,
descobriu que educação sexual específica e individualizada é inexistente para
pessoas com deficiência, deixando-os em maior risco de abuso sexual e de
DST´s (BALLAN; FREYER, 2017).
Em relação ao autismo, encontramos quatro tipos de estudos nessa área:
1. Estudos estigmatizadores, que corroboram com os mitos abordados
acima.
2. Movimentos de pessoas autistas, como sujeitos de direitos.
3. Comportamentos pré-requisitos para a sexualidade.
4. Excessos comportamentais.

Levando em consideração que o exercício da sexualidade envolve


variáveis biológicas e repertórios sociais e que esse segundo ponto é a
dificuldade crucial na pessoa autista, cabe pensarmos: como essas questões
sociais são abordadas na sociedade e nas situações formais de ensino?
A análise do comportamento aplicada possui várias evidências na área de
educação sexual para autismo (WOLFE; HARDAWAY, 2009). Buscamos realizar
a divisão do comportamento em habilidades menores de ensino e damos ênfase
no ensino dos requisitos. Alguns pontos gerais são importantes:
• Utilizar uma linguagem clara, explícita e concreta.
• Utilizar a linguagem correta (pênis, vagina, seio...).
• “Quebrar” a informação em partes menores.
• Usar pistas visuais.
• Dar instruções diretas.
• Começar o mais cedo possível: múltiplas exposições.
• Distinguir o público e o privado e comportamentos que podem ser
emitidos em contexto público ou privado.

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É importante utilizarmos estratégias de ensino e de manejo de
comportamentos analítico-comportamentais e da avaliação funcional.
Um recurso bastante utilizado nessa área, principalmente para deixar
claras regras sociais envolvidas no repertório sexual são as narrativas sociais,
as quais são histórias que descrevem uma situação, conceito ou habilidade
social da perspectiva e nível de compreensão de uma criança com autismo.
Um tipo específico de narrativas sociais são as Histórias Sociais©, uma
técnica criada para melhorar a cognição social de pessoas com autismo
(GRAY, 1993).
Outros recursos visuais também utilizados nessa área: mapas sociais,
mapas de contingências.
Por fim, é fundamental pensarmos sobre as tarefas envolvidas na sexualidade,
ou seja, o que ensinar. Algumas habilidades importantes:
• Uso do toalete.
• Ficar nu.
• Escovar os dentes.
• Higiene íntima.
• Espaços públicos e privados.
• Pedir consentimento.
• Namoro.
• Casamento.
• Relações íntimas.
• Menstruação.
• Masturbação.
• Relações sexuais.

Por fim, é importante sempre pensarmos numa tríade quando falamos de


ensino de habilidades sociais na área sexual:
1. Função do comportamento.
2. Comportamentos pré-requisitos.
3. Suporte social.

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