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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SERVIÇO SOCIAL

LAUDINEIA DE SOUZA SARTORE

TRABALHO INDIVIDUAL:
Crianças Invisíveis Bilú e João

Eunápolis (Ba)
Março - 2012
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LAUDINEIA DE SOUZA SARTORE

TRABALHO INDIVIDUAL:
Crianças Invisíveis Bilú e João

Trabalho Interdisciplionar, individual, 3º semestre –


2012/1, apresentado ao Curso de Graduação em Serviço
social da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná.

Profs.: Maria Ângela Santini, Paulo Aragão, Giane Al.,


Sérgio de Goes Barboza.

Eunápolis (Ba)
Março – 2012
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“Não é o sofrimento das crianças que se torna


revoltante em si mesmo, mas sim que nada
justifica tal sofrimento”.
Albert Camus.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 04

ANÁLISE DO VÍDEO: BILÚ E JOÃO 05

CONSIDERAÇÕES FINAIS 08

BIBLIOGRAFIA 09
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INTRODUÇÃO

Este trabalho visa fazer um reflexão sobre o vídeo “Crianças


invisíveis: Bilú e João”, analisando ao mesmo tempo a realidade do município de
Itabela, no estado da Bahia, procurando semelhanças com os acontecimentos
apresentados no vídeo em questão.

O vídeo mostra duas crianças honestas que tentam ganhar uma


renda com trabalho justo e que encontram muitas barreiras, sofrem muitas
humilhações, mas persistem, não desistem de seus objetivos, e apesar dos
percalços voltam para casa sãos e salvos e com a encomenda feita pela família:
alguns tijolos.

Andam por lugares não adequados para crianças, passam por


muitos perigos, dormem nas ruas, participam de jogatinas, tudo o que é condenável
a uma criança, pois na idade deles deveriam estar na escola ou em casa, em
segurança, recebendo a educação, o carinho e o cuidado a que têm direito.

A realidade mostrada no vídeo também ocorre no município de


Itabela, não da mesma forma, na questão da cidade grande, pois trata-se de uma
cidade do interior, pequena, sem grandes prédios, ou grandes distancias, mas
também possui moradores de rua, crianças passando por mals tratos e tendo os
seus direitos não atendidos da forma adequada.

Até bem pouco tempo via-se muitas crianças pela rua, pedindo,
catando lixo, hoje o número de crianças que praticam esse tipo de trabalho diminuiu,
mas algumas ainda ficam em frente aos mercados, olhando os carros, as motos ou
bicicletas, em troca de alguns trocados, apesar de trabalhos realizados no município
para mudar essa realidade, incentivado principalmente pela primeira dama da cidade
em conjunto com a assistência social.

Falta fiscalização bem como a conscientização da população e


principalmente das famílias onde ocorrem os casos citados com mais frequência,
que são as de mais baixa renda, moradoras dos bairros mais pobres da cidade.

.
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ANÁLISE DO VÍDEO: CRIANÇAS INVISÍVEIS BILÚ E JOÃO

Assim como no vídeo “Crianças Invisíveis Bilú e João”, no município


de Itabela, localizado no Extremo sul da Bahia, e que tem como fonte principal de
renda as atividades ligadas à agricultura e a pecuária, representada nas culturas de
café conilon e do mamão, além do cacau, coco-da-baía, banana e maracujá,
também não é diferente, pois apesar de tratar-se de uma cidade de pequeno porte,
há bem pouco tempo muitas crianças transitavam pelas ruas catando latinhas,
revirando os lixos nas ruas em busca de algo que pudessem vender para
reciclagem.

O lixão da cidade, local onde se deposita todo o lixo recolhido no


município, e que fica localizado na zona rural da cidade, eram visitas frequentes de
crianças, que se arriscavam a contrair diversas doenças, remexendo o mesmo em
busca de materiais recicláveis. Atualmente essas visitas são um pouco mais
discretas, mas segundo algumas pessoas entrevistadas, ainda ocorrem.

Considera-se o desemprego na cidade, que leva à maioria das


famílias virem a passar necessidades, como um dos fatores que geram a
desestrutura familiar levando muitas crianças, devido à necessidade de ajudar suas
famílias, a praticarem a atividade de catadoras de lixo.

Atualmente o número de crianças que ainda praticam essa atividade


reduziu em muito, pois vem sendo feito um trabalho muito sério para mudar essa
realidade, incentivado principalmente pela primeira dama da cidade em conjunto
com a Assistência social.

Dentre as iniciativas para o enfrentamento da problemática tem-se a


criação do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), e como o próprio
nome diz, seu objetivo principal é erradicar o trabalho infantil, ou seja, retirar as
crianças dos 06 aos 16 anos, das situações de risco, através de atividades lúdicas,
como oficinas de artes, aulas de capoeira, samba de roda, makulelê e músicas.

Com isso a instituição fornece às crianças o acesso à educação,


saúde, alimentação, esporte, cultura e profissionalização.
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Mas as famílias das crianças devem se comprometer a retirar as


crianças de todas as atividades de trabalho, exceto no caso de menor aprendiz, a
partir dos 14 anos.

As crianças devem obedecer a uma frequência escolar mínima e os


familiares, gestantes e lactantes, devem comparecer obrigatoriamente às consultas
de pré-natal, além de participarem das atividades educativas sobre aleitamento
materno e cuidados com a saúde e alimentação das crianças.

Para as crianças menores de 07 anos também é exigido o


acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento infantil, além do
cumprimento do calendário de vacinação.

O Ministério do trabalho também andou fazendo um trabalho de


fiscalização do trabalho infantil no município, inclusive multando algumas firmas,
principalmente fabricantes de caixinhas de mamão, que utilizavam o trabalho infantil
em suas fábricas, mas segundo informações, essa fiscalização durou pouco tempo e
ultimamente os mesmos não têm comparecido para verificar o cumprimento da lei,
que proíbe o trabalho infantil, inclusive constante no ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente).

A cidade conta também com o Conselho Tutelar, o CRAS 1 e o


CREAS2, que vêm atendendo à população e contribuindo para que o trabalho infantil
venha a ser erradicado no município.

O Conselho Tutelar é um órgão encarregado pela sociedade para


zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, estabelecidos pelo
ECA. É criado por lei municipal que garanta as condições de seu funcionamento.
Cada Conselho Tutelar tem cinco conselheiros, eleitos por voto popular. Em cada
município deve existir pelo menos um Conselho Tutelar.
O CRAS é uma unidade de execução dos serviços de proteção
social básica destinados à população em situação de vulnerabilidade
social, em articulação com a rede socioassistencial.
O CREAS O Centro de Referência Especializado de Assistência
Social - CREAS é uma unidade pública estatal responsável pelo atendimento às
famílias e aos indivíduos com seus direitos violados, mas que ainda estejam com os
1
CRAS - (Centro de Referência e de Assistência Social).
2
CREAS – Centro de Referência especializado de Assistência Social.
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vínculos familiares, mesmo tênues, e que se encontrem em situação de risco


pessoal e social, por ocorrência de violência física, sexual, psicológica, exploração
sexual, negligência, uso de drogas e trabalho infantil, entre outros.

Sabe-se de um caso na cidade de duas crianças, inclusive muito


parecidas com João e Bilú, irmãos por parte de mãe, o menino de pele clara como
João, cabelos loiros e lisos, e a menina, também possuidora de um apelido, tal qual
a criança do vídeo, a Bilú, com pele negra e cabelos crespos, também engajados
como catadores de lixo, bem como sua mãe, que trabalha nesse ramo, com a ajuda
das crianças, para adquirir a sobrevivência.

O diferente nesse caso específico é que as crianças estudam e


devido à fiscalização cerrada quanto ao trabalho infantil, a mãe não mais os leva
para o lixão, como fazia antes, sinal de que a fiscalização no município vem
funcionando, mas não se vê um acréscimo de renda para essa mãe, ou uma ajuda
específica que a ajude a sustentar sua família, apesar dos vários programas
lançados pelo governo, verificando-se a necessidade da realização de um trabalho
mais específico voltado para a disponibilização de vagas, empregos para os chefes
de família, a fim de que os mesmos não necessitem utilizar-se do trabalho infantil.

Não basta apenas criar leis proibindo o trabalho infantil, ou fiscalizar


se a lei está sendo cumprida, torna-se necessário dar a essas crianças e suas
famílias uma condição de sobrevivência digna para que não mais necessite passar
por situações humilhantes e por tanto perigo nas ruas, como no caso de tantos
Joões e Bilus que existem mundo afora, sendo muitas vezes abusados até
sexualmente porque não encontram moradia, alimentação, uma vida digna, ou seja,
seus direitos postos em prática, apesar de garantidos na Constituição Brasileira e
em leis específicas como é o caso do ECA.

Existe uma interação entre o PETI, o Programa de Bolsa Família e o


SUAS, para que os casos como de Bilú e João não venham mais a ocorrer, ou
muitos casos piores que esse, mas para que funcione torna-se necessário a
participação de toda a sociedade, em uma mobilização conjunta para localizar essas
crianças e inseri-los nos programas de ações socioeducativas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O trabalho infantil continua existindo em todos os lugares do Brasil e


do mundo e ocorre desde os primórdios, onde havia inclusive a exploração de
crianças escravas.

Os abusos persistem apesar de todos os projetos em vigor e de


todas as lutas travadas por diversas instituições em prol da proteção dessas
crianças.

Portanto as leis não são suficientes para acabar com a exploração


dos menores, sendo necessária uma maior fiscalização por parte de toda
comunidade para que as mesmas sejam cumpridas dando a essas crianças e suas
famílias condições de sobrevivência dignas para que não mais necessitem passar
por situações humilhantes e por tantos perigos nas ruas, como no caso apresentado
no vídeo “Crianças invisíveis Bilú e João, sendo muitas vezes abusadas
sexualmente porque não encontram moradia, alimentação, uma vida digna, ou seja,
seus direitos postos em prática, apesar de garantidos na Constituição Brasileira e
em leis específicas como é o caso do ECA.

No município de Itabela o PETI, o CRAS, o CREAS, a Assistência


Social, o Conselho Tutelar deveriam ser suficientes para resolver a situação de
exploração do trabalho infantil no município, tendo em vista o mesmo ser de
pequeno porte, mas nota-se uma falta de engajamento, pois apesar de muitas
crianças estarem sendo atendidas pelo PETI, pode-se observar a existência de
muitas outras que continuam sem receber o atendimento necessário para que
venham a frequentar a escola do modo correto e saírem das ruas, onde o perigo é
constante.

Enfim para que funcione torna-se necessário a participação de toda


a sociedade, em uma mobilização conjunta para localizar essas crianças e inseri-los
nos programas de ações socioeducativas.

BIBLIOGRAFIA
9

ALBIAZZETTI, Giane; GOI, Sérgio. Ciência Política. São Paulo: Pearson Education,
2009.

SIKORSKI, Daniela. Oficina de Formação: Questão Social. São Paulo: Pearson,


2009.

ARBEX, Marco Aurélio. Economia Política. São Paulo: Pearsosn, 2009.

FERREIRA, Cláudia Maria. Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do


Serviço Social III. São Paulo: Pearson, 2009.

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