Caso do caixão deixado na porta do tribunal já tem arguidos detidos

Chefe da localidade e três membros da

Frelimo detidos por ameaças à vida do juiz
PAG 09
80 Meticais

Registo: 011/GABINFO-DEP/2020
DIRECTOR: Nelson Mucandze | EDITOR: Reginaldo Tchambule | Terça-Feira, 21 de Novembro de 2023 | Edição nº: 136 | Ano: 03

Enquanto empresas moçambicanas estão no aguardo, ruandeses facturam milhões

ISCO Security
(segurança)
Macefield Ventures
Mozambique ( NDP
1% Jean-Paul (Construção)
Rutagarama)
Radarscape Mozambique
(Construção fora de

Kagame controla todos Afungi)

Strofinare

os negócios de Palma
Moçambique
(exploração mineira)

Força Ruandesa foi distribuída pelos distritos onde o Ruanda tem interesses empresariais
Holding da RPF tem mais de quatro sucursais e empresas a operar dentro e fora de Afungi
Mandato do Ruanda continua nebuloso e seus militares intervém até em processos eleitorais
“Estão a explorar esta relação pessoal com Nyusi para expandir os negócios” - João Feijó

Da sua direcção só resta um punhado

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Pó Jorge cada vez mais isolado
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 2 DESTAQUE Membro da Renamo morre nas manifestações em Angoche
De acordo com o ministro do Interior, Pascoal Ron-
da, Na sequência das escaramuças em reivindicação dos
resultados das VI Eleições Autárquicas validados pela
Comissão Nacional de Eleições (CNE), um membro
21 DE NOVEMBRO DE 2023 da Renamo morreu, semana passada, em Angoche,
sendo que outros dois estão hospitalizados.

Ruanda em ofensiva comercial para cobrir os custos de guerra?

Em três anos de operação, Kagame passou a controlar
“todos” negócios de Palma
Holding da RPF tem mais de 4 sucursais e empresas a operar dentro e fora de Afungi
Força Ruandesa foi distribuída pelos distritos onde o Ruanda tem interesses empresariais
“Estão a explorar esta relação pessoal com Nyusi para expandir os negócios” - João Feijó
Mandato do Ruanda continua nebulosa e seus militares intervém até em processos eleitorais

A
solidariedade e apoio militar do Presidente
de Ruanda, Paul Kagame, abriram espaço
para uma nova ofensiva económica ruandesa
em Cabo Delgado. Em três anos de opera-
ção, a principal holding da RPF, sigla inglesa
do partido Frente Patriótica de Ruanda, a Crystal Ventu-
res, através da Macefield Ventures, seu braço internacio-
nal, passou a controlar as principais linhas de negócio em
Palma, ao assumir, através de sucursais e participadas,
os principais negócios dentro e fora de Afungi. São em-
presas que entraram na construção civil, na segurança e
com interesses na exploração de minerais. O Evidências
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

confirmou que pelos menos quatro empresas deste grupo

controlado pelo partido liderado por Paul Kagame estão
a facturar milhões em contratos e subcontratos, em meio
ao alarido do sector privado moçambicano, que depois
de se sentir excluído no processo anterior aguarda agora
pela retoma da TotalEnergies para correr atrás de opor-
tunidade. Coincidentemente, as empresas de Kigali con-
seguiram negócios no mesmo perímetro cuja segurança
é garantida pela força ruandesa. Ainda não está claro se ca de Moçambique funciona rio empresarial ruandês, que de 2022 e que no mesmo ano
essa conquista ruandesa é produto das relações entres os numa casa parcialmente co- se avolumou com o registo, a encaixou quase um milhão
dois países ou de acordos secretos entre os presidentes de berta desde que foi destruída 11 de Fevereiro de 2022, da de dólares para reabilitação
Moçambique e Ruanda, numa amizade apadrinhada pela pelos terroristas aquando da Macefield Ventures Mozam- de casas na vila de reassenta-
França, através da TotalEnergies. ocupação de Mocímboa da bique, detida 99 % pela Ma- mento de Quitunda, próximo
praia em 2021, um cenário cefield Ventures, braço inter- a Afungi. Mas aquela holding
Nelson Mucandze que contrasta com as condi- nacional de Crystal Ventures, detém também a Strofinare
ções da polícia ruandesa, que controlado pelo partido RPF, Moçambique, uma empre-
Três pick-ups adaptados militares fortemente arma- não partilha base com os seus e 1% por Jean Paul Rutaga- sa mineira reestruturada em
para missões militares, de dos, que na interpretação dos conterrâneos que integram a rama, um nome presente em Abril para ceder a participa-
toyota Land Cruiser, modelo locais ilustram a prontidão força militar ruandesa. quase todos negócios da hol- ção da Macefield Ventures
HZ, cabine única, sem matrí- das forças ruandesas. ding controlada pelo partido Mozambique, que passou a
cula, circulam a marcha len- O cortejo desaparece na Ofensiva da holding liderado por Paul Kagame. deter 90%.
ta, num movimento rotinei- grande movimentação de ruandesa atenua os custos Lê-se no Boletim da Re- Em acta da assembleia ge-
ro, pela principal rua da vila peões, entre comerciantes e de guerra pública que a Macefield Ven- ral extraordinária, datada de
sede de Palma. Neles estão os desempregados que pulu- tures Mozambique tem por 01 de Abril de 2022, a Stro-
sentados quatro a seis mili- lam pelo mercado, enquanto Ali destaca-se a presen- objectivo principal o exercí- finare Mozambique, Limita-
tares com armas em punho, é apreciado por um membro ça da força militar ruandesa, cio das actividades de gestão da, sociedade por quotas, foi
enquanto o que se encontra das Forças Armadas de De- com desempenho reconheci- de empresas e gestão de ne- reestruturada para que a sócia
de pé se sustenta numa me- fesa de Moçambique, com a do, mas com motivações es- gócios, gerindo subsidiárias Strofinare Limited cedesse a
tralhadora abraçada ao car- espingarda em punho, o uni- condidas em acordos secre- como a NDP, que é parte das totalidade da sua quota, no
ro que se suspeita que seja forme denunciando desgaste, tos ornados num discurso de empresas que procedem com valor de 19 mil, correspon-
a versão moderna da DSK que caminha apressado como solidariedade. Enquanto Mo- as construções no interior dente a 90% do capital social,
12,7 mm. O movimento no se estivesse perdido numa çambique, com o seu desem- de Afungi e a Isco Security, a favor da Macefield Ventu-
mesmo sentido, na saída que terra alheia. penho precário, gastou 1.7 actuando na segurança no res Mozambique, Limitada.
segue em direcção a Afungi, À semelhança de Mocím- bilhões de dólares no perío- interior de Afungi, assumin- Em virtude da cessão dessas
chega a repetir-se duas vezes boa da Praia, onde o Porto e do compreendido entre 2018 do missões que, de acordo quotas, as sócias deliberaram
por hora. Aeródromo são controlados e 2022, a ofensiva da holding com autoridades ruandesas, por unanimidade a alteração
De onde saíram as viatu- pela força militar e polícia ruandesa está a facturar mi- não constam do mandato das dos sócios e de capital social
ras, na rotunda que separa a ruandesa, o preto dos toyo- lhões de euros em contra- forças policiais e militares que de 20 mil passou para 10
área do comércio e dos ser- tas Land Cruiser e as corres tos directos ou subcontratos daquele país, ou seja, comple- milhões de meticais.
viços do governo local, nas vivas dos uniformes dos mi- com a Total Energies e ou- mentar a missão destes espe- Curiosamente, a reestrutu-
sombras das frondosas man- litares e policias ruandeses é tros actores envolvidos na cificamente nos projectos da ração da Strofinare Mozam-
gueiras que escondem o ca- mais presente e militarmen- exploração de gás, o que in- TotalEnergies. bique, que passa a pertencer
lor intenso que se faz sentir te ostentativo que o verde dicia um esforço de cobrir os A Macefield Ventures Mo- à mesma holding que detém
quando o sol está no centro, pálido das Forças de Defesa custos da guerra. zambique é accionista da negócios em Palma, coincide
estão concentradas duas ca- e Segurança. Na sede desse É que no decurso deste Radarscape Mozambique, a
mionetas e uma dezena de distrito, a Polícia da Repúbli- apoio militar nasceu o impé- construtora criada em Abril Continua na pag 03
 3
Nyusi diz que DDR está numa fase satisfatória
O Presidente da República, Filipe Nyusi, referiu, recen-
temente, que o processo de Desarmamento, Desmobiliza-
DESTAQUE
ção e Reintegração (DDR) está “numa fase satisfatória”,
tendo, por outro lado, revelado que já estão a ser fixadas
as pensões dos antigos guerrilheiros do maior partido da 21 DE NOVEMBRO DE 2023
oposição em Moçambique.

Continuação da pag 02

com o aumento (de 1000 para
2500) e colocação das Forças
Ruandesas no distrito de An-
cuabe, no sul da província,
onde a indústrias de rubi e
grafite havia sido ameaçada
pelos terroristas.
A partir da sua nova po-
sição em Ancuabe, as forças
de Ruanda realizam patrulhas
regulares ao longo da rodovia
EN14, cobrindo os distritos
de Ancuabe, Montepuez e
Balama. Os três distritos são,
à semelhança de Palma e Mo-
címboa, ricos em recursos
minerais, nomeadamente pe-
dras preciosas e grafite, o que
contrasta com a distribuição
das forças da SAMIM, que
para além de ter um acordo
publicamente conhecido, ac-
tuam em zonas relativamente
pobres em termos de explo-
ração de recursos mineiros.
Negócios e ajuda para
cobrir a solidariedade
Ruanda?
Esta expansão comercial
denuncia que, afinal, a ajuda
ruandesa não é grátis e pode
não estar exclusivamente de-
pendente das relações trian-
gulares entre os dois países e
a França. Desde que Ruanda
entrou em Cabo Delgado,
empresas de Kigali começa-
ram a operar em Palma, ga-
nhando concursos na mesma
flexibilidade com que foram
criadas, curiosamente, no
mesmo perímetro cuja segu-
rança é garantida pela força
ruandesa, distribuída pelos
distritos de Mocímboa da
Praia, Palma e Ancuabe.
João Feijó
O primeiro, que tem o seu
Porto e Aeródromo contro-
lados exclusivamente pelas
forças Ruandesas, constitui o
principal acesso ao distrito de
Palma, que acolhe o investi-
mento dos parceiros do pro-
jecto da Área 4 da Bacia do
Rovuma, enquanto Ancuabe
destaca-se pela abundância
de grafite.
Já passam quase três anos
que a TotalEnergies, líder
do consórcio do projecto
Mozambique LNG, suspen-
deu as actividades em Afun-
gi alegando levantamento
da “força maior” declarado
na sequência da evolução
da situação de segurança no
norte de Cabo Delgado, o
que culminou com a retirada
de todo o pessoal de Afungi,
local onde está a ser instalado
o projecto.
De forma prática, a
declaração de força maior
não teve impacto directo nas
actividades ligadas ao projec-
to Mozambique LNG, e isto
permitiu a entrada destas e
outras empresas, uma vez
que decorrem obras da planta
em Afungi.
A força maior levantada
pela TotalEnergies foi marca-
resses que estão a ser prote- da União Europeia”, afir-
gidos e quem está a pagar por ma, para mais adiante trazer
estes interesses estratégicos. a relação que lhe leva a esta
Aponta que as empresas hipótese: “Há notícias de
ruandesas próximas da no- que a União Europeia entra
menclatura política do país com o Fundo Social Europeu
são indicadas a operar no para apoiar em projectos de
interior do acampamento de saúde e educação, por outro
Afungi, seguidas de outros lado é que os ruandeses são
operadores ruandeses que extremamente bem equipa-
vêm à boleia e começam a dos, eles vêm bem equipados
propor este interesse eco- para Moçambique. É preciso
da pela rescisão de empresas nómico em Palma. “Sei que ver as equipas, que relações
nacionais e sul-africanas que existem empresários ruande- existem com França, EUA
depois da interrupção das ses que estiveram à procura (não sei se existem relações),
actividades não mais, na sua de terrenos em Palma para e verificar até que ponto es-
maioria, voltaram para Afun-
gi, onde a TotalEnergies con-
tratou as empresas ruandesas.
Solidariedade militar
esconde interesses
políticos
O investigador João Feijó
não tem dúvidas de que a re-
lação solidária entre Moçam-
bique e Ruanda se insere num
discurso que esconde interes-
ses políticos e económicos
por detrás.
“As relações internacionais
foram marcadas por esta ló-
gica de interesse”, observa,
Celestino Txumale, líder comunitário de Pundanhar
assegurando que a relação
do Ruanda com Moçambi- instalação de hotelaria, mas ses acordos não são contra-
que não constitui um modelo como em Palma já não há partidas para depois Ruanda
novo, apesar desta estar em- terrenos, eles tentam nego- realizar trabalhos de seguran-
brulhada com este discurso ciar com operadores moçam- ça em África para proteger
de solidariedade. bicanos, não sei se chegaram interesses económicos euro-
De acordo com Feijó, a a um acordo”, anota, ilus- peus”, analisa, reiterando que
questão que se coloca e que trando a ofensiva empresarial “é uma hipótese que importa
nunca foi respondida é quem
está a financiar estas opera-
ções ruandesas, quanto tem-
po estas operações vão actuar
em Moçambique, qual é o
mandato, quais são os inte-

Aviso
A empresa LCL-Lúrio Comunicação, Lda., proprietária do
Jornal Evidências avisa a todos clientes que tenham facturas em
atraso, relativas a subscrição do ano 2023 para procederem com à
regularização no prazo máximo de trinta dias. A não regularização José Santos
dentro do prazo estabelecido, poderá afectar o fornecimento do ruandesa em Palma. verificar se existe ou não”.
jornal para o ano 2024, cujo processo de renovação já iniciou. Mas não deixa de observar O investigador aponta que
que esta é uma relação com- a sociedade civil de Maputo
plexa, que pode envolver in- está preocupada com esta
Departamento Comercial: Cidade de Maputo, Av. 24 de Julho nº 4318, 1º andar esquerdo teresses ocidentais, visto que aproximação entre os dois
Ruanda pode ser este mensa- países, uma vez que não é
Contactos: E-mail: comercial@evidências.co.mz |
geiro da França, e porque não transparente, e por isso in-
admin@evidências.co.mz | 861738891 | 840401038 da europa. “Ruanda tem sido
visto como um dos donos Continua na pag 11
 4 DESTAQUE Timbana diz que CC devia ter suspendido a decisão
dos tribunais distritais
O jurista Tomás Timbana defendeu que o Conselho
Constitucional devia ter feito a suspensão das decisões dos
tribunais distritais e não decidir em definitivo. “Eu entendo
21 DE NOVEMBRO DE 2023 que o Conselho Constitucional tem, naturalmente, a última
palavra nas matérias de validação e apreciação das eleições,
ele não tem a primeira palavra”, disse Timbana.

Da sua direcção só resta um punhado

Pó Jorge cada vez mais isolado
Governo acaba de mandar exonerar os directores técnico, comercial e operações

D
epois do afastamento do director financei-
ro e chefe do Tesouro logo após a entrada
da Fly Modern Ark (FMA), mais três direc-
tores da LAM, que compunham a Direcção
Geral liderada por Pó Jorge, acabam de ser
afastados dos cargos. Trata-se dos directores da área téc-
nica, comercial e operações, dias depois do ministro dos
Transportes e Comunicações ter manifestado insatisfação
em relação à direcção da LAM, e numa altura em que a
companhia de bandeira volta a registar alguns problemas
técnico-operacionais, tais como os reportados nas últimas
duas semanas.
Evidências
Dias depois de terem sido de tesouro. Da direcção com
reportados incidentes em a qual o actual director-geral,
pelo menos duas aeronaves, Jorge Pó, vem gerindo a em-
e numa altura em que o mi- presa desde que foi nomeado
nistro já vinha manifestando em Julho de 2018, apenas so-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

descontentamento com a ac- breviveram até agora dois di-

tual direção, três gestores de
topo da companhia de ban-
deira acabam de cair.
Com a queda dos directo-
res das áreas das operações,
comercial e técnica sobe para
Antes da actual
rectores de áreas pouco sen-
síveis para o funcionamento
da empresa.
Trata-se dos directores
dos recursos humanos e sis-
temas de informação e apro-
FMA.
Aliás, no princípio deste
mês, o ministro dos Trans-
portes e Comunicações,
Mateus Magala, manifestou
a sua insatisfação com o ac-
tual nível de gestão das Li-
abaixo dos níveis de desafios
que se impõem à LAM.
Embora sem se referir
a Pó Jorge e sua direcção-
-geral, Magala vincou que a
LAM carece de uma lideran-
ça fortificada, mentalidade
de ter uma imagem bastante
respeitável. Tem de ser um
ponto de orgulho. Tem de
ser a moçambicanidade.
Ainda não chegamos lá,
mas os passos que foram da-
dos de Abril até aqui são de

vassorada, havia sido nhas Aéreas de Moçambique

(LAM) e destacou a necessi-
afastado o director dade de mudança de lideran-
ça e pensamento.
financeiro e seu técnico Na altura, Magala destacou
que a companhia de bandeira
de tesouro. Da direcção tem potencial para orgulhar
com a qual o actual a nação moçambicana, reco-
nhecendo que o desempenho
director-geral, Jorge Pó, da operadora está abaixo dos
níveis desejáveis, pelo que
vem gerindo a empresa a nova liderança ainda está
desde que foi nomeado Novos incidentes podem ter acelerado as quedas
em Julho de 2018, apenas Na última semana foram
sobreviveram até agora reportados pelo menos dois
dois directores de áreas incidentes com aeronaves
tripuladas pela LAM. O pri-
pouco sensíveis para meiro incidente envolveu
criativa, transparência e foco,
reconhecendo, porém, que
louvar”, disse, para depois
vincar que o maior segredo
com a intervenção da FMA,
a LAM registou avanços sig-
para alavancar a companhia
“é a mudança das mentes,
nificativos, como a introdu-
ção de novas rotas nacionais
atitudes e liderança desse
processo”.
e internacionais. E, apesar do Ao que tudo indica, este
aumento do fluxo de passa-
geiros, ainda não está satis-
era o prenúncio da vassou-
rada que estava por vir, ou
feito.
“Ainda não estou satisfei-
seja, a destituição de alguns
directores da actual direcção
to. Penso que a LAM tem da LAM.
Esta segunda-feira, o mi- tas por jornalistas, Mateus
nistro dos Transportes e Co- Magala voltou a afirmar,

o funcionamento da um Boeing da companhia

empresa.
quatro o número de directo-
res da direcção de Pó Jorge
exonerados desde a chegada
da Fly Modern Ark, assumiu
interinamente a gestão das
Linhas Aéreas de Moçambi-
que em Abril passado.
Antes da actual vassorada,
havia sido afastado o direc-
tor financeiro e seu técnico
visionamento que fazem um
trio de sobreviventes com
o próprio Pó Jorge, que, ao
que tudo indica, está cada
vez mais isolado e sem gran-
de apoio do actual ministro
dos Transportes e Comu-
nicações, que praticamente
secundarizou o seu papel na
empresa desde a entrada da
que sofreu despressurização
durante o percurso Maputo-
-Joanesburgo, o que obrigou
a um retorno para uma ater-
ragem de emergência no ae-
roporto de partida.
O segundo envolveu uma
outra aeronave da LAM ida municações exigiu proactivi- segundo a Rádio Moçam-
de Joanesburgo para Mapu- dade dos gestores das Linhas bique, que para se ultrapas-
to, na qual os passageiros Aéreas de Moçambique face sar os problemas da LAM
ficaram retidos por minutos, as avarias constantes de ae- é preciso que se aposte na
tudo porque a porta do avião ronaves. transformação das atitudes
não abria. Reagindo a perguntas fei- e das mentes.
 5
Araújo diz que fraude nas Eleições pode empurrar o país
para guerra
O cabeça-de-lista da Renamo nas VI Eleições Autárquicas,
DESTAQUE
Manuel de Araújo, observa que Moçambique está a caminhar
a passos largos de uma tensão política infeliz, tendo, por outro,
reiterado que a fraude no processo eleitoral em que a Frelimo
venceu em 64 das 65 autarquias tem a intenção de empurrar o 21 DE NOVEMBRO DE 2023
país para a guerra.

Graça Machel endurece o tom contra uniões prematuras

“As meninas não são mercadorias para serem trocadas por
coisas materiais”

N
um contexto em que crescem relatos de pais, tutores ou encarregados as mulheres e as raparigas. Ela
de educação que chegam a entregar suas filhas menores para se uni- também falou sobre o flagelo
rem a homens mais velhos em troca de bens materiais ou mesmo para da violência baseada no género,
pagamento de dívidas, a activista social e antiga ministra da Educação, apelando a um esforço conjun-
Graça Machel, defendeu, este fim-de-semana, na África do Sul, que as to para investir nas mulheres e
meninas devem ser colocadas no seu devido lugar como seres humanos plenos e não nas raparigas.
como mercadorias para serem trocadas por coisas materiais.
Michelle Obama defende
financiamento para acabar
com uniões prematuras
Oriental e Austral. Quase um
terço (32%) das jovens mulhe-
res da região casaram-se antes
dos 18 anos.
O evento foi concluído com
o apelo à acção, à colaboração
contínua e aos esforços sus-
tentados para erradicar a união
prematura, garantindo que as

Na mesma sessão, Michelle

Em evento internacional, na
Cidade do Cabo, com mulheres
líderes e especialistas influentes,
em particular Michelle Obama,
Melinda French Gates e Amal
Clooney, Graça Machel classifi-
cou a união prematura de um
“problema horrível” e disse
que a forma de resolver é a mu-
dança de paradigma em relação
às raparigas.
“A coisa fundamental que
devemos lembrar ao mundo é
que uma menina é um ser hu-
mano completo – que tem uma
identidade, que tem potencial,
que tem sonhos e que tem o di-
reito de decidir o que quer fazer
da sua vida – como todos os
outros”, disse a fundadora da
Graça Machel Trust e da Fun-
dação para o Desenvolvimento
da Comunidade.
As declarações de Graça Ma-
chel foram feitas num contexto
em que várias organizações da
sociedade civil moçambicanas
exigem ao Presidente da Repú-
blica a demissão do Secretário
de Estado da Província de Ma-
nica, Florentino Dick Kasso-
tche, por ter feito declarações
sexistas, ao apelar a uma refle-
xão sobre a Lei de Prevenção
e Combate às Uniões Prema-
turas, alegadamente para legiti-
mar o envolvimento de meno-
res em uniões prematuras.
Abordando as consequên-
cias sociais e económicas da
desigualdade de género, Graça
Machel disse também que as
normas culturais são criadas
pelo homem e devem ser de-
safiadas quando prejudicam
Obama apelou aos que estão
A coisa
no poder para disponibiliza- fundamental
rem o financiamento necessá- que devemos
rio para ajudar a acabar com
a união prematura. Michelle lembrar ao
Obama, Melinda French Gates mundo é que
e Amal Clooney formaram, no
ano passado, uma parceria com uma menina é
as suas respectivas fundações um ser humano
para promover a igualdade de
género e ajudar a acabar com a
completo –
união prematura. que tem uma
A Parceria Global para Aca-
bar com as Uniões Prematuras,
identidade, que
o Girls First Fund e a VOW for tem potencial,
Girls — uniram forças com a
Clooney Foundation for Jus-
que tem sonhos
tice, a Bill & Melinda Gates e que tem
Foundation e a Girls Oppor-
tunity Alliance da Fundação
o direito de
Obama para trabalhar e apoiar decidir o que
grupos liderados por meninas e quer fazer da
pela comunidade, esforçando-
-se para eliminar barreiras para sua vida – como
meninas em todo o mundo. todos os outros.
A Unicef estima que existam
650 milhões de meninas e mu-
lheres casadas antes de com- raparigas de todo o mundo
pletarem 18 anos. Mais de 50 possam construir o seu poder e
milhões delas vivem na África defender as vidas que desejam.

Denúncia de uso indevido da imagem do Jornal Evidências

A Direcção Editorial tomou conhecimento, com alguma preocupação, da circulação da imagem em anexo, fazendo uso indevido da nossa identidade visual
(logotipo) e parte de uma chamada de capa para uma MONTAGEM de promoção de um produto estimulante para homens.
Na verdade, da análise feita, constatamos que se trata de uma estratégia de marketing digital infeliz de uma empresa de vendas on-line que quis se aproveitar da
popularidade e aceitação do Jornal Evidências para vender o seu produto, uma tendência que se tem estado a espalhar pelo mundo afora, em que vendedores on-line
usam imagens de entidades credíveis e populares para venderem seus produtos. Em Moçambique, por exemplo, a imagem do Balanço Geral e seu apresentador tem
sido usada indevidamente no Facebook para a promoção de serviços de uma casa de apostas.
Na imagem posta a circular com o logo do Evidencias é possível ver que a mesma está acoplada ao link cordialwiz.com e termina com o convite “Clica Aqui”,
ou seja, convidando os internautas a aderirem a um serviço. Mas também é possível ver que os caracteres usados na montagem são completamente diferentes do
padrão do Jornal, entre outras características gráficas.
E porque a imagem está a circular nas redes sociais, fazendo com que algumas pessoas, pouco atentas, acreditem se tratar realmente de uma capa do Jornal,
chegando mesmo a iniciar um debate com base na montagem, o Evidências vem através deste meio distanciar-se da referida capa falsa e repudiar o uso da sua
imagem para fins que desconhece e alheios ao seu ofício.
Mas, esclarecemos que todas as capas, edições e publicações do Jornal Evidências podem ser consultadas na Página Oficial do Jornal e no site evidencias.co.mz.
O Jornal Evidências reserva-se ao direito de usar de mecanismos legais para responsabilização dos autores e propagadores da referida montagem.
Sem mais, apelamos aos internautas a serem vigilantes e atentos aos sinais gráficos que evidenciam as montagens antes de partilharem certos conteúdos.
A Direcção Editorial
 6 SOCIEDADE Professores do ensino primário em Manica sem salários
há seis meses
Cerca de 35 professores que leccionam o ensino primário
e nos Institutos de Formação de Professores de Chibata e do
Futuro na província de Manica estão sem salários desde Abril do
21 DE NOVEMBRO DE 2023 corrente ano, sendo que desde que começaram a trabalhar ainda
não viram a cor do dinheiro. Com vista a pressionar o Executivo,
os docentes ameaçam paralisar as actividades.

Depois da inauguração da rede eléctrica do posto administrativo de Zinhane

EDM alcança 70% da electrificação da província de Gaza e
só falta electrificar quatro distritos
Faltam 04 distritos por eletrificar em Gaza

O
Executivo moçambicano pretende, até 2024,
iluminar todos os postos administrativos do
Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico.
Na província de Gaza, esta meta está a passos
galopantes de ser cumprida, uma vez que só
falta electricar quatro distritos, nomeadamente Godidi, Na-
lazi, Phafuri e Mavue, depois da inauguração da rede eléctri-
ca do Posto Administrativo de Zinhane, distrito de Chigubo.
Enquanto o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Car-
los Zacarias, considera que a chegada da energia eléctrica
em Zinhane vai melhorar as condições de vida da população
e ser um activo importante para o novo dinamismo nas áreas
produtivas como a agricultura, pesca, agroprocessamento e
turismo, a comunidade olha para a chegada da energia eléc-
trica como uma soberana oportunidade para empreender e
diversificar negócios.
Duarte Sitoe
O Governo pretende, até mana, da rede eléctrica do Posto
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

2030, alcançar a meta de Acesso Administrativo de Zinhane, dis-

Universal à Energia Eléctrica, e trito de Chigubo.
para o efeito tem implementado À margem da inauguração da
vários projectos em todo terri- rede eléctrica naquele distrito da
tório nacional, sendo que até província de Gaza, o ministro
2024 a meta passa por electrifi- dos Recursos Minerais e Ener-
car todos os postos administra- gia, Carlos Zacarias, declarou
tivos. que a mesma vai melhorar as
Em Gaza, a meta de electrifi- condições de vida da população
car todos os postos administra- e, ao mesmo tempo, dar novo
dinamismo nas áreas produti-
vas.
Apelamos a
“Inauguramos a rede eléctri-
participação de ca de Zinhane. Com esse acto,
todos e de cada demos mais passo na concreti-
residente desta zação do compromisso assumi-
comunidade do pelo Governo de até 2024
electrificar todos os postos ad-
no combate à
ministrativos do nosso país. A
vandalização população do distrito de Chi-
e ao roubo de gubo, em particular do posto
equipamento administrativo de Zinhane, está
eléctrico. Esses de parabéns porque passa a ter
melhores condições de vida e
actos interferem
um activo importante para novo
nas nossas dinamismo nas áreas produti-
acções de levar vas como a agricultura, pesca,
a energia a mais agroprocessamento e turismo”,
moçambicanos, é declarou Zacarias, para poste-
riormente referir que a Electri-
também crucial que
cidade de Moçambique (EDM)
o uso e o consumo já efectuou 114 das 400 novas
de energia seja feito ligações previstas nesta fase ini-
de forma racional e cial naquele Posto Administrati-
que criem condições vo do Distrito de Chigubo.
Ainda na sua intervenção, o
necessárias para
titular do pelouro dos Recursos
pagarmos o Minerais e Energia, que revelou
consumo. que nos últimos anos mais de
um milhão e duzentas mil famí-
tivos caminha a passos galopan- lias tiveram acesso pela primeira
tes de ser cumprida, visto que já vez a corrente eléctrica, tendo
foram electrificados 41 dos 45 ainda tornado público que en-
postos administrativos depois tre 2020 e até a esta parte a taxa
da inauguração, na última se- cobertura de energia a nível na-
cional passou de 42% para 52%,
apelou à população para estar
mais activa no combate a van-
dalização das infra-estruturas
eléctricas, uma vez que os dois
postos de transformação vão
impulsionar o desenvolvimento
de outras actividades domésti-
cas e comerciais no Posto Ad-
ministrativo de Zinhane
“Apelamos a participação de
todos e de cada residente desta
comunidade no combate à van-
dalização e ao roubo de equi-
pamento eléctrico. Esses actos
interferem nas nossas acções de
levar a energia a mais moçam-
bicanos, é também crucial que
o uso e o consumo de energia
seja feito de forma racional e
que criem condições necessárias
para pagarmos o consumo”.
Chegada da corrente
eléctrica é uma
oportunidade para a
população empreender e
diversificar negócios
O Secretário de Estado na
província de Gaza não tem
dúvidas de que a chegada da
energia eléctrica ao Posto Ad-
ministrativo de Zinhane vai
contribuir para o desenvolvi-
mento socioeconómico da re-
gião e, sobretudo, da província
de Gaza. No entanto, reconhe-
ce que o Executivo ainda tem
muitos desafios pela frente para
garantir que todos moçambi-
canos tenham acesso à energia
eléctrica.
“Com a entrada em funcio-
namento desta rede eléctrica,
Gaza passa a contar com 70%
da taxa de acesso à energia
eléctrica. Ainda temos muitos
desafios pela frente, mas acredi-
tamos que com o vosso inesti-
mável apoio, aliado às iniciativas
locais de desenvolvimento, ire-
mos paulatinamente superá-los.
Comprometemo-nos a tirar o
máximo proveito deste investi-
mento, fazendo bom uso desta
rede e mobilizando a população
para que a partir da disponibi-
lidade de energia aposte em ac-
tividades de investimento a fim
de galvanizar o desenvolvimen-
to deste posto de administrativo
e do distrito de Chigubo em ge-
ral”, declarou.
Ana Mugabe não conseguia
disfarçar a alegria depois da che-
gada da energia eléctrica ao Pos-
to Administrativo de Zinhane.
Em conversa com o Evidências,
Mugabe disse que vai materia-
lizar o sonho de empreender e
aumentar a sua fonte de renda.
“Antes, dependíamos ape-
nas da agricultura e pastorícia.
Agora, temos a oportunidade
para fazer outros negócios com
a chegada da energia eléctrica.
Antigamente, não era possível
vender coisas geladas e con-
servar carne, mas agora isso é
possível, e vou aproveitar esta
oportunidade para fazer negó-
cios e diversificar a minha fonte
de renda. Agradecemos ao Go-
verno e a EDM por esta inicia-
tiva, Zinhane já está na rota de
desenvolvimento e já não será
como antes”, declarou a fonte.
Quem também olha para
a energia eléctrica como uma
soberana oportunidade para
abraçar o empreendedorismo e
mudar de vida é Mateus Cos-
sa, porque somava avultadas
perdas por não ter energia para
conservar a carne.
“Sem energia tínhamos mui-
tas perdas quando abatíamos
uma cabeça de vaca, mas agora
podemos conservar a carne na
geleira. Demorou, mas a ener-
gia eléctrica finalmente chegou
ao Posto Administrativo de Zi-
nhane. A nossa vida vai mudar
porque com a energia podemos
fazer muita coisa. Queremos
continuar a desenvolver, e fare-
mos de tudo para cumprir com
o apelo deixado pelo ministro
dos Recursos Minerais, para não
vandalizar as infra-estruturas
eléctricas”.
Por seu turno, Maria Chis-
sano apontou que, para além
da estrada, a energia eléctrica é
um dos vectores que faltavam
para colocar Zinhane na rota
do desenvolvimento, tendo, por
isso, apelado a Electricidade de
Moçambique para apostar nas
ligações massivas, visto que “to-
dos querem ter acesso a energia
eléctrica no nosso distrito de-
pois de muitos anos de espera.
Agora chegou a energia, nos
próximos anos esperamos por
mais realizações para o desen-
volvimento de Zinhane”.
De referir que o Governo
investiu cerca de 48, 552, 766
meticais para iluminar o Posto
Administrativo de Zinhane.
 FICHA TECNICA
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JORNALISTAS: Duarte Sitoe,
Renato Cau e Aldo Matsinhe |
REVISOR: Wells Matsinhe |
EXPANSÃO:
Edmilson Mate Cell: 847574905 |
CORRESPONDENTES: Beira - Jossias
Sixpence | Nampula – Francisco Máquina,
Pemba - Adolfo Manuel
COLUNISTAS EFECTIVOS: Luca Bussotti,
Estevão Chavisso, Felisberto Botão,
Alexandre Chiúre, Teodósio Camilo
Propriedade de:
Numero de Registro de Entidade
Legais: 101353478
EDITORIAL
21 DE NOVEMBRO DE 2023
Milhões em contratos melindrosos atenuam
alto custo da solidariedade ruandesa
As lições são tantas, mas nos
negamos com elas aprender. Os
danos de acordos feitos à porta
fechada, quando os mesmos têm
uma dimensão suprema, podem
ser desastrosos, à semelhança do
que foi com as dívidas ocultas
que desestruturaram a economia
ou com os acordos do Governo e
Renamo, que precipitam de for-
ma cíclica a crise pós-eleitoral, ou
das multinacionais cujos contratos
com o governo não foram analisa-
dos à lupa por toda uma sociedade
e como consequência descobriram
que, afinal, por causa dos interes-
ses dos negociantes, têm pouca
contribuição nos cofres do Estado.
E porque nos recusamos apren-
der, o erro se repete e não irá tardar
as consequências. Hoje, estamos
no terceiro ano depois da entrada
em acção da intervenção da força
militar ruandesa. Os termos da
referência, o mandato, os limites
e o prazo da intervenção são des-
conhecidos e a vontade ruandesa
de ficar pode ser visto nos seus
acordos milionários com a Tota-
lEnergies ou na renovação e na
expansão do perímetro de cober-
tura que, como ilustra o texto que
faz capa nesta edição, está curio-
samente nos distritos ricos e com
recursos em exploração. É a saga
ruandesa, camuflada na bondade,
que não pode ser questionada por-
que trouxe a receita do sucesso no
Teatro Operacional Norte, onde
as nossas forças, que ainda não su-
peraram questões de alimentação
e de salário condigno, tombaram e
fracassaram, não por incapacida-
de, mas culpa e falta de apoio de
quem devia garantir a logística.
Com efeito, estamos perante
uma relação bilateral que move
armas e negócios em silêncio, en-
quanto as contrapartidas conti-
nuam em segredo. Uma relação
bilateral que não se está clara se
é entre dois homens que ocupam
os cargos mais altos dos respecti-
7
vos países ou institucional entre os
dois países que não têm nenhum
histórico de amizade e muitos me-
nos partilha traços culturais ou
políticos, mas que por força da so-
lidariedade respondeu o grito de
Cabo Delgado, outras hipóteses
que compreendem a descida do
topo das próprias potências oci-
dentais que viram no Ruanda a
extensão da sua representação e
equiparam o país para actuar em
nome destes em Cabo Delgado.
Seja como for, é dentro desses
acordos secretos que nasceu o novo
dono dos negócios de Cabo Delga-
do, um dono controlado pelo par-
tido liderado por Paul Kagame,
que através da Macefield Ventures
Mozambique, cujo objectivo prin-
cipal no BR tem a ver com exer-
cício das actividades de gestão de
empresas e gestão de negócios, li-
dera, através de sucursais como a
NDP, a construção no interior de
Afungi, a Isco Security, actuando
na segurança no interior de Afun-
gi, assumindo missões que não
constam do mandato das Forças
Policiais e militares daquele país,
ou seja, complementar a missão
destes especificamente nos projec-
tos da TotalEnergies. A pergunta
é que missões são estas que não
constam do acordo quando está
claro que o mandato de Ruanda
está mais para protecção dos inte-
resses franceses e, quando necessá-
rio, chegam a intervir em assuntos
políticos para garantir tranquilida-
de do seu perímetro de segurança.
Estranho ainda é como uma
empresa que nasceu a menos de
um ano consegue dominar aque-
la presença, abrindo sucursais e
empresas que conseguem traba-
lhos no interior de Afungi, onde as
empresas de casa dizem aguardar
pela retoma das actividades para
trabalhar? O tempo, passado este
período de turbulência de suces-
são, terá muito que nos responder
nos próximos 24 meses.
 8 SOCIEDADE Chuvas matam e destroem em Pemba
Na sequência das chuvas fortes registadas na última se-
mana na Cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, um
menor perdeu a vida quando regressava da escola, depois de
ter sido arrastado pela corrente das águas pluviais para uma
21 DE NOVEMBRO DE 2023 vala de drenagem. Por outro lado, as chuvas deixaram um
rastro de destruição sem precedentes naquele ponto do país.

Acusado de incentivar a prática de uniões prematuras

Organizações da Sociedade Civil pedem exoneração de Florentino
Dick Kassotche
Secretariado de Estado na Província de Manica criticado por ser mal interpretado

O
Governo e as Organizações da Sociedade Civil
continuam empenhados em reduzir os elevados
índices das uniões prematuras no país, sendo
que recentemente organizaram um debate para
discutir as estratégias para reter a rapariga nos
estudos na província de Manica. Durante aquele evento, o Se-
cretário de Estado na Província de Manica, Florentino Dick
Kassotche, apoiou-se nas escrituras sagradas para explicar que
a virgem Maria, por sinal mãe de Jesus Cristo, deu à luz ainda
na mocidade. Os pronunciamentos de Mphiri, segundo as orga-
nizações da sociedade civil, transgridem os direitos das crianças
e minam a estratégia de erradicar as uniões prematuras, daí que
algumas organizações que advogam pelos direitos da rapariga
exigem a sua exoneração imediata.
Jossias Sixpence – Beira
As uniões prematuras con- jovens de 23 anos que têm
tinuam a tirar sono ao Go- um corpo de uma criança de 8
verno e as Organizações da anos”, disse Florentino Dick
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

Sociedade Civil, sendo que a Kassotche.

Província de Manica continua
no rol das províncias com
maior índice de prevalência
deste fenómeno.
Com vista a delinear es-
tratégias para combater as
uniões prematuras, o Executi-
vo e a sociedade civil estive-
ram, recentemente, sentados
na mesma mesa. Contudo, na
ocasião, o Secretário de Es-
tado na Província de Manica
falou da Virgem Maria, mãe
de Jesus Cristo, que teve o
primeiro filho ainda em tenra
idade.
“Há crianças de 10 anos
que aparentam ter um corpo
de uma mãe de 23 anos e há
As declarações de Mphiri
criaram o desconforto no seio
das organizações que advo-
gam sobre os direitos da rapa-
riga, uma vez que as mesmas
entendem que se trata de um
incentivo às uniões prema-
turas naquele ponto do país,
colocando em causa as con-
quistas nacionais e internacio-
nais, visto que transgride os
direitos consagrados na Cons-
tituição da República, Lei da
Família, Lei de Prevenção e
Combate às Uniões Prematu-
ras e os demais instrumentos
legais que defendem e prote-
gem os direitos da criança.
Para além da demissão, a
sociedade civil exige de Stefan
Mphiri se retrate publicamen-
te pelas declarações e pedem
medidas exemplares para de-
sencorajar no seio dos go-
vernantes para desencorajar
acções que ameaçam o bem-
-estar da rapariga.
À semelhança de várias
organizações da sociedade ci-
vil, a Associação de Mulheres
para o Desenvolvimento Co-
munitário (AMPDC) apon-
tou que a redução de casos e
aumento de denúncias sobre
uniões prematuras é uma con-
quista que deve ser celebrada,
apesar de ainda haver muitos
desafios para estancar este
mal.
“A redução do número
e aumento das denúncias é
uma das conquistas que de-
vemos celebrar, e incentivar
esta prática põem em causa o
trabalho feito por diversas or-
ganizações para estancar este
mal e nos condenamos o dis-
curso, o secretário de estado
foi muito infeliz”, disse Naira
Cardoso, oficial de programas
da AMPDC.
Os encarregados de edu-
cação presentes no evento
manifestaram a sua insatisfa-
ção com o discurso proferido
pelo dirigente, alegando que
as crianças poderão norma-
lizar as uniões prematuras,
alegadamente por essas prá-
ticas serem muito antigas, “o
exemplo sobre a existência de
uniões prematuro desde da
era de Jesus Cristo, as crian-
ças podem normalizar, e não
acharem que isso pode causar
danos para a sociedade que
queremos construir”, decla-
rou visivelmente frustrado
Tomás Rodrigues.
Refira-se que a Lei de
Uniões Prematuras foi apro-
vada no dia 18 de Julho de
2019 pela Assembleia da Re-
pública, depois de quase dois
anos de extensivo trabalho de
colaboração e advocacia.

Acredita – Emprega entrega subvenções a 300

jovens beneficiários do projecto

U
m total de 300 beneficiários do Emprega, go, explicou que no âmbito da ção abrimos uma outra janela mações.
na província e Cidade de Maputo, rece- extensão na implementação do para que esses mesmos jovens, "Sabemos que que existem
beram, nesta segunda-feira, subvenções, “Acredita_Emprega”, na Re- uma vez formados, pudessem jovens no nosso país que con-
para criar e formalizar os seus negócios gião Sul, foram abertas do dia concorrer a estas subvenções correram no Acredita Emprega
em diversas áreas. Os jovens beneficiaram 15 a 29 de Outubro, o concurso e nem todos concorreram – na zona Norte e na zona Centro
primeiro de uma bolsa de formação profissional nas áreas direccionado para os bolseiros nem todos queriam concorrer e que estão com alguma ansie-
de mecânica, eletricidade, extensão agrária e outras, em graduados da Cidade e Provín- disseram ‘eu já tenho a minha dade de começar com as for-
cia de Maputo, com objectivo formação não quero concorrer mações e que ainda não come-
que depois foram submetidos ao concurso para obter fi-
de alocar subvenções de 65 mil ainda’. Aqui, aqueles que dese- çaram e que vem reclamando
nanciamento no valor de 65 mil meticais cada, com vista
meticais a cada jovem – valor jaram estão aqui – concorre- – a esses jovens queremos dizer
a alavancar o seu saber e migrar do informal para formal. não reembolsável, para apoiar a ram, ganharam e hoje estão a que está aqui o exemplo dos jo-
Evidências formalização de seus negócios. receber a sua subvenção, o seu vens da zona Sul que souberam
"Primeiro abrimos uma jane- cheque”, disse. esperar, souberam se formar e
Para os próximos dias, as neficiar do Acredita - Emprega. la, os jovens concorreram, fo- Por outro lado, exortou aos hoje vão receber os seus valo-
formações vão arrancar, sendo Falando na cerimónia de ram selecionados. Contratamos jovens candidatos do Acredita res, então as formações na zona
que as equipas já estão no terre- entrega dos cheques, o secre- entidades privadas para formar Emprega nas regiões Centro norte e na zona centro também
no a trabalhar para o efeito. No tário de Estado da Juventude e esses cerca de 5700 jovens. De- e Norte para que continuem a vão iniciar e vão passar por
total serão 20750 jovens a be- Emprego, Oswaldo Petersbur- pois deste processo de forma- aguardar pelo arranque das for- todo este processo”, apelou.
 POLÍTICA
9
AR aprova CGE referente ao exercício económico de 2022
A Assembleia da República aprovou, em definitivo, durante a oi-
tava Sessão, a resolução sobre a Conta Geral do Estado referente ao
exercício económico de 2022. Contudo, António Niquice, Presidente
da Comissão do Plano e Orçamento, avançou algumas recomenda-
ções que o Governo deve ter em consideração nos próximos orça-
mentos, destacando a observância do Relatório e Parecer do Tribunal
21 DE NOVEMBRO DE 2023
Administrativo inerente à Conta Geral do Estado de 2022.

Ameaçaram juiz e num grupo privado prometem que não “chega” às próximas eleições
Chefe da localidade e três membros da Frelimo em Alto Molócuè
implicados no caso do caixão deixado no Tribunal
Estão detidos e já foram constituídos arguidos no processo

C
omeçaram a ser ouvidos em sede de instrução pre-
paratória, esta segunda-feira, quatro membros do
partido Frelimo, incluindo a chefe da localidade
sede de Alto Molócuè, na província da Zambézia,
acusados de serem os autores das ameaças contra
o juiz. Os mesmos encontram-se detidos e já foram constituídos
arguidos no processo.
Evidências
Tudo começou na passada cabo por um grupo de membros
terça-feira, quando desconhecidos do partido Frelimo, supostamente
deixaram, na madrugada desta ter- agastados pelo facto de o juiz ter
ça-feira, 14 de Novembro, um cai- ordenado a liberdade condicional
xão na porta do Tribunal Judicial de 34 indivíduos que, supostamen-
de Alto Molócuè, com ameaças te, incendiaram um mercado.
de morte ao Juiz Celso Alexandre Os 34 cidadãos são, igualmen-
Vasco. te, acusados de crime de desobe-
“Senhor Celso Alexandre Vas- diência por terem saído à rua para
co, ainda estamos insatisfeitos por marcharem contra os resultados
ter tirado das celas seus vândalos eleitorais que atribuem vitória à
que estamos a ver aqui no bairro. Frelimo, quando no seu entender
Não temos nada a ver com elei- foi a Renamo quem ganhou na-
ções, mas você e a sua namorada quele ponto do país.
incendiaram nossas barracas. Nos A libertação dos 34, ainda que
vingaremos da tamanha desgraça de forma condicional, enfureceu
que o senhor criou nas nossas fa- membros e simpatizantes do par-
mílias. Até breve, senhor Juiz, aqui tido Frelimo, que imediatamente
se faz, aqui se paga”, lê-se na men- começaram a inundar a vila com
sagem estampada no caixão. mensagens de ameaças ao juiz,
Após uma investigação foi sendo que o ponto mais alto foi
possível descobrir que, afinal, o mesmo quando decidiram deixar
ataque foi coordenado e levado a um caixão à porta do tribunal com
uma ameaça velada contra o juiz.
A identidade dos promotores
das ameaças acabaram por ser des-
cobertas durante as investigações,
o que levou à detenção dos quatro
membros da Frelimo, que, inclusi-
ve, em grupos de whatsapp não se
importavam de espalhar informa-
ções falsas.
Numa das mensagens, para
instigar a ira contra o juiz, diziam
que um comerciante suicidou-se
por conta das barracas que foram
queimadas no distrito. Mas tudo
não passava de pura mentira, pois
o suposto indivíduo que diziam
que perdeu a vida, de nome Castro
Estevão Uakuetxe, está vivo e foi
ouvido na procuradoria local.
No grupo da Frelimo chegam
a insinuar que o juiz não vai
chegar às próximas eleições
Evidências teve acesso a men-
sagens de textos trocadas pelos
membros da Frelimo em Alto
Molócuè num grupo privado da
rede social Whatsapp, no qual des-
tilavam o seu ódio contra o juiz e
deixavam ameaças veladas contra
a sua integridade física do juiz,
chegando, um dos intervenientes,
a ameaçar que o magistrado podia
não “chegar” às próximas eleições,
pois iria dar problemas.
O referido grupo em que tratam
o juiz como membro da Renamo e
o culpam de ter restituído a liber-
dade os seus “irmãos” chama-se
Frelimo 60 anos, e é possível ver
o entusiasmo de alguns membros,
chamando para si o protagonismo
em fazer vida negra ao juiz.
“O juiz já declarou que é da
RENAMO e ponto final. Se é
guerra que ele quer, vai ter, pode-
mos julgar também ele tradicional-
mente. Existe lei para tal. Se for
assim, vamos fazer a justiça sem
precisar recorrer à lei”, lê-se numa
das mensagens.
Numa outra, em resposta a um
mensagem de um membro que
sugeria uma transferência do juiz
por ser supostamente da Renamo,
um outro interveniente dispara: “A
nossa chefia é implacável. O resto
não sei o que será dele”, enquanto
outro diz: “o perigo é se deixarem
o juiz com essa atitude. Vamos mi-
nar as próximas eleições”, e ime-
diatamente a resposta de um outro
membro veio confiante: “tenho a
certeza que não iremos estar com
ele até lá”.
Refira-se que a Associação Mo-
çambicana dos Juízes já veio a ter-
reiro condenar a atitude do grupo
que ameaçou a integridade do juiz
naquele ponto do país.

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Porquê
licenciar?
Deveres do Operador
Postal em relação ao
consumidor.

Qual é o papel do
INCM na Regulação
dos Serviços Postais?

Autoridade Reguladora das Comunicações

 10 POLÍTICA Renamo ameaça baralhar receitas de Marracuene no
caso de CC validar vitória da Frelimo
A Renamo vinca que venceu as VI Eleições Autárquicas no novo mu-
nicípio de Marracuene e que os resultados validados pela Comissão Nacio-
nal de Eleições não reflectem a vontade dos eleitores, sendo que o cabeça-
21 DE NOVEMBRO DE 2023 -de-lista da perdiz naquela autarquia da província de Maputo, Rahil Khan,
avisa que em caso do Conselho Constitucional validar a vitória da Frelimo
o povo não vai pagar impostos.

Teste à seriedade dos Juízes do Conselho Constitucional levada ao extremo

Conselho Constitucional com pouco tempo para confrontar
editais da CNE e da oposição
Se não haver martelanço, haverá anulações, repetição ou novos vencedores
Dados das CDEs não batem com os da oposição e há muitas irregularidades

O
Conselho Constitucional deverá divulgar, na contagem paralela da oposi-
em princípio, na próxima sexta-feira, o seu ção e sociedade civil, a Renamo
acórdão de validação dos resultados das ganhou folgadamente.
sextas eleições autárquicas realizadas a 11 O MDM na cidade de Mapu-
de Outubro passado. Depois de se debru- to, embora reconheça que não
çar sobre os recursos, neste momento, decorre um pro- ganhou, diz ter constatado que o
vencedor foi a Renamo, por isso
cesso de verificação dos resultados em 21 distritos, quatro
espera que a verdade sobre as
dos quais referentes à autarquia de Maputo, com base em eleições autárquicas seja reposta,
editais e actas produzidos nas mesas de votação que o ór- até porque acredita que foram
gão solicitou dos órgãos eleitorais e dos partidos políticos. roubados muitos votos, retiran-
do-lhe assim, alguns preciosos
Evidências
mandatos.
Um Tsunami Político sem com base em editais forjados e Recorde-se que o Conselho
precedentes é o que se espera falsos, que nalguns casos os seus Constitucional solicitou em três
caso o Conselho Constitucio- números de série sequer confe- despachos separados editais das
nal decida analisar os editais e rem com os números aprovados sociedade civil e indicam que a Depois da Renamo e da Co- mesas de 22 distritos, dos quais
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

actas dos 21 distritos agora em
sua posse, fornecidos pelos ór-
gãos eleitorais e por partidos
políticos. É que, há a chance
do partido Frelimo, que foi de-
clarado vencedor em 64 das 65
autarquias, vir a perder algumas
autarquias e ficar, consequente-
mente, exposto por ter recorrido
à fraude para ganhar.
Como ficou provado em tri-
bunal, os resultados que atri-
buem vitória à Frelimo em al-
gumas autarquias foram feitos
pela deliberação da CNE, como
mostra, por exemplo, a acta do
julgamento do distrito municipal
Kamubukwana, reproduzida, há
dias, pelo Canal de Moçambique.
Como se tal não bastasse, a
Frelimo só ganhava em editais e
actas em sua posse e que coin-
cidem com as actas falsas das
CDE. Nos documentos obtidos
nas mesas pelos delegados dos
partidos da oposição, nomeada-
mente Renamo, MDM e ND,
os dados coincidem com os da
Frelimo sofreu uma goleada em
municípios como Maputo, Ma-
tola, Quelimane, Chiure, entre
outros.
É com estes dados diferen-
tes, referentes à mesma eleição,
que o Conselho Constitucional
vai agora trabalhar no sentido
de encontrar a verdade eleito-
ral daquelas que são até agora
as mais contestadas eleições de
sempre, com dezenas de recur-
sos e contra-recursos em quase
todo o país.
missão Eleitoral de Eleições
submeterem os editais e actas
que foram amiúde chegando,
o partido MDM entregou, esta
segunda-feira, editais de quatro
distritos municipais da Cida-
de de Maputo, nomeadamente
Kampfumo, Kalhamankulu,
Kamavota e Kamubukwana ao
Conselho Constitucional.
Trata-se dos distritos muni-
cipais com potencial para fazer
um game change no vencedor já
anunciado pela CNE, visto que
7 perfazem a autarquia da cidade
de Maputo.
Trata-se dos distritos mu-
nicipais Nhlamankulu, KaMa-
vota, KaMpfumu, KaTembe,
KaNyaka, KaMubukwana e
KaMaxaquene, todos da Cida-
de de Maputo, das autarquias
de Ilha de Moçambique e An-
goche, na província de Nampu-
la; Alto Molócuè e Maganja da
Costa, na Zambézia; Cidade da
Matola e Matola-Rio, na Pro-
víncia de Maputo,

Houve festança de adjudicações directas em pleno ano eleitoral

Indícios de corrupção: Estado usou meios pouco transparentes para
drenar MZN 318 mil milhões

O
Centro de Integridade Pública (CIP) esti-
ma em 318 mil milhões de meticais o cus-
to adicional da contratação directa pelo
Estado em ano de eleições.
"A aquisição de bens e cursos públicos e outros mé-
serviços por entidades pú- todos, diz a análise.
blicas com recurso a modali- O texto sugere que o incre-
dades de contratação menos mento substancial nos custos
transparentes, como o ajuste de contratação direta durante
directo e o concurso por co- os períodos eleitorais, época
tações, custa muito mais caro em que os riscos de corrup-
ao erário público em anos ção se elevam, sinaliza a pos-
eleitorais do que em anos sibilidade de sobrefacturação
sem eleições", refere a análise nos processos de aquisição.
do CIP. O CIP assinala que enti-
No ano eleitoral de 2019, dades públicas têm adjudi-
o custo médio de contratos cado contratos milionários,
directos superou em oito mi- em processos de contratação
lhões de meticais o de con- bastante duvidosos, com re-
curso à contratação directa.
"Algumas adjudicações
têm sido para empresas pou-
co expressivas ou associadas à
elite política e ocorrem num
contexto de eleições", lê-se
no documento.
Nesse contexto, é muito
alto o risco de manipulação
da contratação pública para o
financiamento da campanha
eleitoral ou enriquecimento
da elite dirigente, observa o
CIP.
Aquela ONG sustenta que
os principais escândalos de
corrupção no país, como é
o caso das chamadas dívidas
ocultas, estão associados à ríodos eleitorais. altos riscos de corrupção",
manipulação da contratação "Anos eleitorais estão par- refere-se no texto. LUSA/
pública e têm relação com pe- ticularmente associados a Título do Evidências

MDM culpa Frelimo pela brutalidade da PRM nas
manifestações
O MDM pretendia que se criasse uma comissão parlamentar de
inquérito com vista a revelar a verdade sobre a actuação da Polícia
da República de Moçambique nas marchas em protesto contra os
resultados das Eleições Autárquicas, mas a ideia foi reprovada pela
bancada da Frelimo, sendo que, na opinião de Fernando Bismarque,
o partido no poder transmitiu a ideia de ser parceiro da PRM.
Continuação da pag 06
siste na necessidade de se
partilhar as contrapartidas,
o tempo e o modelo do
mandato, se “é uma relação
institucional entre os dois
países ou entre Presidentes.
Até que ponto o Ruanda não
pode também fazer favores
pessoais ao Presidente, até
que ponto Ruanda não vai
interferir nas manifestações
pós-eleitorais”.
Em Mocímboa da Praia,
a oposição contestou o
processo eleitoral e a força
ruandesa reprimiu as ma-
nifestações alegando que o
mandato deles não permitia
agitação no seu perímetro de
segurança.
Para Feijó, isto mexe com
os direitos fundamentais.
“Numa zona de conflito, a
violação desses direitos fun-
damentais é muito mais pro-
vável, mas o Governo pode
ali declarar o estádio de sí-
tio, ou regular novamente a
questão desses direitos, mas
aqui a coisa está muito am-
bígua”.
Uma outra observação do
investigador é que, curiosa-
mente, a força ruandesa foi
destacada para assegurar a
segurança em zonas estra-
tégicas em termos de distri-
buição dos próprios recursos.
É que o perímetro de segu-
rança de Ruanda cobre zonas
estratégicas em termos de dis-
tribuição de recursos.
“São interesses extractivos
internacionais, eles estão cla-
ramente a segurar as zonas
onde estão os recursos mine-
rais, que são extremamente
importantes para estabilizar
os preços da energia nos mer-
cados internacionais. Então, o
objectivo é garantir a extrac-
ção desses produtos e mini-
mizar os níveis de inseguran-
ça estabilizando a segurança
a volta da zona de extracção
de recursos para poderem ex-
trair”, aponta, afirmando que
esta pode ser exigência do
investidor, porque não confia
nas forças armadas moçam-
bicana, que não conseguiram
provar em 2020 e 2021 que
podem proteger estas infra-
-estruturas.
“Então, é preciso garantir
um exército que garanta esta
segurança. Como não pode
ser americano e nem francês,
importa arranjar um exército
africano com alguma conti-
nuidade sociocultural com
aquela população que faça
esta guerra”, disse.
Enquanto Ruanda
factura... empresariado
nacional aguarda pela
retoma da TotalEnergies
Num contexto em que não
existe qualquer informação
da retoma das empresas, em
que o quadro de negócios é
orientado por instrumentos
ocultos, sem divulgação dos
termos de compromissos da
presença ruandesa, tanto a
nível empresarial assim como
operativo, em termos de
apoio, o empresariado nacio-
nal vê-se incapacitado de emi-
tir qualquer que seja a opinião
sobre a sua representativa nos
trabalhos em curso em Afun-
gi, senão aguardar pela retoma
oficial dos investidores da Ba-
cia de Rovuma na Area 4, en-
cabeçados pela TotalEnrgies.
O Presidente do Conselho
Empresarial Provincial (CEP)
em Cabo Delgado, Mamudo
Irache, explica que a nível da
província, antes da interrup-
ção das actividades, privile-
giava-se a contratação das
empresas estrangeiras porque
80% das operações feitas den-
tro da plataforma não podiam
ser conduzidas pelas empresas
nacionais.
“Razão pela qual contra-
tou-se empresas grandes que
dominam aquelas matérias, e
pequenos trabalhos é que são
contratadas as nossas empre-
sas, mas também tínhamos
empresas que estavam encai-
21 DE NOVEMBRO DE 2023
xadas consoante o nível que
tínhamos, porque na altura
falava-se muito de certifica-
ção, e as nossas empresas não
tinham a tal certificação”, re-
fere.
Depois destas exigências,
as empresas nacionais come-
çaram a ir atrás da certifica-
ção. A Confederação das As-
sociações Económicas (CTA)
conseguiu, por exemplo, certi-
ficar, só a nível provincial, cer-
ca de 25 empresas e já estão lá
algumas a fazerem pequenas
actividades de óleo e gás.
“Isso nos orgulha porque
antes era difícil, mas agora
temos pequenas empresas
que fazem pequenas activida-
des, tanto na área logística ou
mesmo nas pequenas consi-
derações que ali estão, apesar
de um e outro não conseguir
chegar lá”, aponta Mamudo
Irache.
Aquele representante do
sector privado a nível provin-
cial explica que, no momento,
as empresas estão a antecipar,
estando a instalar as suas infra-
-estruturas em Palma à espera
do anúncio que provavelmen-
te ocorra dentro do ano.
“Daí que poderemos saber
quais são as empresas da pro-
víncia de Cabo Delgado que
têm capacidade de fazer ser-
viços, e creio que nessa nova
retoma teremos empresários
da província e nacionais com
capacidades de prestar servi-
ços”, afirma Irache.
Ruanda assume papel
filantrópico e coloca seus
militares mais próximos da
comunidade
A grandeza do poderio
POLÍTICA
bélico de Ruanda é inques-
tionável quando interpre-
tada a partir das suas bases
distribuídas pelo distrito de
Palma. São bases fortifica-
das, com construções de be-
tão, o que justifica o maior
clima de segurança e quase
nenhuma tentativa de entra-
da, diferentemente de outros
distritos, um contraste quan-
do as mesmas condições são
comparadas com a realidade
das forças nacionais, distri-
buídas em bases precárias e
actualmente a reclamarem
melhores condições alimen-
tares e falta de subsídios
prometidos.
Esta comparação mostra
quem tem maior financia-
mento, embora não esteja
clara a proveniência oficial
dos fundos que equipa as
forças ruandesas. No en-
tanto, para além de pres-
tar apoio militar com bases
sofisticadas em diferentes
pontos de Palma, Ruanda
assume no meio social um
papel filantrópico, distri-
buindo comida, confeciona-
da ou não, e envolvendo-se
em trabalhos de assistência
social com recurso a meios
próprios.
De acordo com Celestino
Txumale, líder comunitário
de Pundanhar, no distrito
de Palma, a maior aceita-
ção das Forças Ruandesas
não está apenas relacionada
ao desempenho no Teatro
Operacional Norte, mas a
sensibilidade demonstrada à
comunidade na assistência
social.
Desde que as mais de 34
famílias retomaram às suas
11
casas, nunca receberam qual-
quer apoio do Governo, mas
já se beneficiaram de assis-
tência alimentar providen-
ciada pela força ruandesa.
“Há dificuldades aqui, em
primeiro lugar há fome; aca-
bámos de chegar e as pessoas
não têm machambas, porque
mesmo os que chegaram em
Dezembro não conseguiram
cultivar grandes macham-
bas”, para mais adiante su-
blinhar que “eles (os ruan-
deses) convocam-nos muitas
vezes para nos darem algu-
ma comida. Estamos muito
gratos por isso. Arroz, xima
e papas de aveia. Não sei
as quantidades, porque eles
preparam-nas e quando uma
família vai, distribuem pou-
co a pouco. São eles que co-
zinham e as pessoas encon-
tram as coisas preparadas",
disse o líder comunitário.
Fora do seu papel solidá-
rio, sua entrada nos negócios
é notada por aqueles que
buscam emprego, afinal o
figurino das empresas desde
a suspensão das actividades
não é o mesmo.
José Santos, que traba-
lhou como um dos mestres
das casas pré-fabricadas em
Palma, ido de Maputo, re-
tornou a Palma quando ou-
viu que as empresas tinham
retomado os trabalhos de
construção em Afungi, no
entanto, para a sua surpresa,
não são as empresas que eles
esperavam que agora domi-
nam os trabalhos.
“Os nativos de Cabo Del-
gado estavam muito atrasa-
dos em relação às indústrias.
Agora, temos umas escolas
que estão a vir formar os
locais para serem pedreiros,
serralheiros, pintores, para
pelo menos ganharem estes
anos, que vem como mestre
também agora”, anota, ob-
servando que essa tendência
de contratação dos locais
pode ser quebrada depois de
uma evolução que abria es-
paço para maior convívio.
* Reportagem produzida
no âmbito do Programa para
Fortalecimento do Jornalismo
Investigativo com enfoque na
Transparência e boa Governação
Económica – REAJIR.
 12
CENTRAIS
21 DE NOVEMBRO DE 2023
Passam fome e não dormem nos dias de chuva
Vítimas de inundações não recebem ajuda humanitária há mais de quatro meses no Centro de Reassentamento em Boane
Loureiro insta famílias para serem pacientes enquanto aguardam pela chegada da ajuda humanitária
E
les foram vítimas da fúria da mãe natureza, perderam quase tudo nas en-
xurradas de Fevereiro do corrente ano e dependem da ajuda de terceiros
para sobreviver, contudo, actualmente, para além da dor de ter visto a
fúria da água destruir o que construíram na base de muitos anos de luta
e sacrifício, debatem-se com a situação da fome, uma vez que estão há
quatro meses sem receber ajuda humanitária do Governo e organizações não governa-
mentais. Face à actual situação, os residentes do Centro de Reassentamento de Estevel
fazem biscates (xitocos) nas machambas para conseguirem, no mínimo, uma refeição
por dia. Por sua vez, o Executivo ao nível do Distrito de Boane deu a mão à palmatória
quando instado a se pronunciar sobre a situação das vítimas das inundações, tendo
igualmente reconhecido que não dispõe de fundos para assistir as vítimas.
Esneta Marrove
Na sequência das chuvas
que caíram em Fevereiro
do corrente ano, mais de 20
mil famílias foram reassen-
tadas no Centro de Reas-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
sentamento de Estevel, no
município de Boane. Algu-
mas famílias já regressaram
às suas zonas de origem,
mas o grosso das mesmas
continua a viver naque-
le centro transitório, pois
perderam tudo.
Sucede, porém, que, ac-
tualmente, os agregados fa-
miliares que continuam no
Centro de Reassentamento
de Estevel debatem-se com
a falta de alimentos, visto
que estão há sensivelmente
quatro meses sem receber a
ajuda humanitária.
Alberto Aminosse, re-
sidente naquele centro de
reassentamento e que viu
a sua casa ser engolida pela
água, disse que não tem ou-
tra opção senão continuar
onde foi colocado pelo
Governo porque não tem
onde ir.
No entanto, Aminos-
se reclama das condições
que hoje não tem. Segundo
ele, o Executivo prometeu
trazer mantimentos todos
os meses, mas só teve por
dois. Desde lá tem feito das
tripas coração para conse-
guir se manter.
“Aqui não temos traba-
lho, nem dinheiro para nos
deslocarmos a vila e fazer
biscates. Dependemos da
ajuda dos nativos para ter
o que comer. É deveras di-
fícil viver nestas condições,
mas não temos outra alter-
13
Mia Couto defende diálogo e não às armas para o PGR introduz registo electrónico do cadastro de
alcance da paz
Na sua intervenção na Conferência Internacional sobre o tema
“Moçambique no Conselho de Segurança das Nações Unidas: Pro-
protecção das crianças
A Procuradoria-Geral da República vai introduzir, em 2025, o
formato electrónico do Cadastro Nacional para a protecção alterna-
CENTRAIS
movendo a Paz e Segurança Internacionais”, realizada pelo Gover- tiva da criança em situação de Vulnerabilidade no País. Para o efeito,
no, o conceituado escritor moçambicano, Mia Couto, defendeu que iniciou, no ano passado, em cinco províncias do país, nomeadamente
a arma devia ser o último recurso para resolver divergência entre
os moçambicanos, até porque estes sempre se notabilizaram pela
Nampula, Cabo – Delgado, Zambézia, Sofala e Maputo, o trabalho
de monitoria sobre o Cadastro Nacional para a protecção da Crianças
21 DE NOVEMBRO DE 2023
disponibilidade para dialogar. em situação de vulnerabilidade.
Laura Elias e Daniel Ne- ao precioso líquido conti- dos reassentados.
ves, adolescentes de 17 nua a inquietar as famílias “Não temos dinheiro
anos de idade, com sonhos que ainda permanecem para comer, mas exigem
de ser enfermeira e profes- naquele centro transitório, cinco meticais para tirar
sor, mas tiveram que trocar visto que são obrigadas a água. No dia da inaugura-
os cadernos pela enxada pagar cinco meticais para ção não disseram que era
por falta de condições para encher um recipiente de 20 para se pagar. Quem não
irem a escola, uma vez que ou 25 litros. tem dinheiro para tirar
o estabelecimento de en- Quem não dispõe dos água aqui no centro deve
sino mais próximo dista a valores para pagar pelo percorrer longas distâncias
30 quilômetros do Centro precioso líquido deve per- para tirar no poço. Nin-
de Reassentamento de Es- correr cerca de dois quilô- guém sonha em estar nesta
tevel. metros para encontrar um situação, ninguém está feliz
nativa a não ser continuar meus filhos podem morrer
Em Setembro do ano em poço em que não se cobra por estar aqui. Podemos
à espera de um milagre. à fome. Estamos há quatro
curso, foi inaugurado um nada, mas água que sai da não ter o que comer, mas
Espero que esta mensagem meses sem receber ajuda
furo de água no Centro de mesma não está tratada, o pedimos que nos deixem
chegue a quem de direito, humanitária, mas a vida
Reassentamento de Este- que de certa forma pode tirar água sem cobranças”,
porque se isto continuar continua. Faço biscates nas
vel. No entanto, o acesso ser um atentado à saúde referiu António Magaia.
assim, muitas pessoas vão machambas dos nativos e
morrer à fome”, declarou a por vezes vendo badjias
fonte. para garantir, no mínimo, Loureiro insta as família para se habituarem à fome enquanto
Antes das chuvas que a uma refeição por dia. Fe-
deixaram sem tecto, Ce- lizmente, nunca dormimos aguardam pela chegada da ajuda humanitária
cilia Francisco tinha um sem comer. Gostaria de ter
negócio consolidado e uma casa digna e não uma Outra situação que tira mas é em vão. Os que Estevel, mas apostou que
conseguia sustentar a sua tenda. Prometeram terre- sono aos residentes do conseguem usam bambus actualmente não dispõe
família, mas actualmente nos e até hoje continuamos Centro de Reassentamen- e matope para construir de fundo para aliviar o
depende do trabalho nas aqui. Neste centro não há to de Estevel é o estado um novo abrigo para si sofrimento dos mesmos.
machambas e da venda de ricos, todos estamos na das tendas que servem de e sua família enquanto Aliás, Loureiro insta as
badjias para colocar o pão mesma situação. Espero abrigo. Segundo conta- esperam pela reacção do famílias a serem pacientes
na mesa. que as condições melho- ram algumas vítimas, nos Governo”, referiu a fon- enquanto aguardam pela
Serviços sociais básicos são outro calcanhar de Aquiles
“Tenho quatro bocas rem para vivermos com dias de chuva não se dor- te. chegada da ajuda humani-
me porque o grosso das Numa breve entrevista tária.
tendas estão rasgadas concedida ao Evidências, “O Governo faz o que
Antes das chuvas Outro grande desafio para tária nas proximidades daque- começou a passar mal, pedi- feriu não ser identificada viu-se
“Não conto as vezes
que encontrei animais
o presidente do Conselho
Municipal de Boane, Joa-
pode, não levamos eles
para estarem dependentes,
que a deixaram essas famílias é a falta de ser-
viços básicos, nomeadamente
le centro transitório semeou
luto na família Honwana. Mira
mos ajuda, e nada, só por vol-
ta das 00 horas conseguimos
obrigada a travar a progressão
da sua filha nos estudos por
aqui, e quando chove toda
água vai para dentro. Ten-
quim Loureiro, disse que
está ciente do drama vivi-
não podemos estar a vida
inteira a dar de comer ou
sem tecto, Cecilia hospitais, escolas e água. No
que respeita aos cuidados de
Honwana perdeu o marido hi-
pertenso porque não tinha ne-
um carro que alugamos para
nos levar ao hospital, mas já
falta de condições, uma vez
que a criança gastava 70 me-
tamos fechar com pedras
para minimizar a situação,
do pelas famílias do Cen-
tro de Reassentamento de
levar médicos, isso não vai
acontecer”, rematou.
Francisco tinha um saúde, os residentes do Centro
de Acomodação de Estevel são
nhum médico por perto para o
assistir quando teve crise. Sem
era tarde e meu marido per-
deu a vida pelo caminho. Pre-
ticais por dia para ir à escola,
uma vez que no local apenas
negócio consolidado obrigados a percorrer longas
distâncias, uma vez que não há
conseguir segurar as lágrimas
dos olhos, a fonte lembra nos-
cisamos de um posto de saúde
nas proximidades do Centro de
existe uma escola que lecciona
até a 5ª classe.
e conseguia sustentar posto de saúde nas proximida- talgicamente o que aconteceu Reassentamento porque se isso
não acontecer muitas pessoas
“A minha filha almeja ser en-
genheira, mas nada posso fazer
a sua família, mas podem vir a perder a vida”, la- porque só para comer dependo
mentou a viúva. dos outros, imagina ela ir à es-
actualmente depende Para além de casos de doen- cola. O sonho só pode ser adia-
do trabalho nas
ças crónicas como a do senhor do para uma outra altura. Infe-
Honwana, a maior preocupa- lizmente, ela parou de estudar
machambas e da venda ção dos reassentados é com
algumas mulheres grávidas e
porque a escola fica muito lon-
ge do centro e não tenho di-
de badjias para colocar crianças que por questões ób-
vias demandam maiores cuida-
nheiro para custear as despesas
de transporte. Espero que nos
o pão na mesa. dos com a saúde. próximos tempos o Governo
construa escola e hospital para
Escassez de água agudiza aliviar o nosso sofrimento”,
para alimentar e não pos- dignidade, porque agora sofrimento dos reassentados desabafou.
so confiar apenas na aju- parecemos animais”, des- des. naquele fatídico dia. Quem também viu a distân-
da do Governo porque os tacou. A falta de uma unidade sani- “Eram 22 horas quando ele Uma outra mulher que pre- cia a amputar o seu sonho é
 14
Reformas rentabilizam empresas participadas
NEGÓCIOS pelo Estado
O processo de reestruturação do Sector Empresarial do Estado
(SEE), em curso, com maior incidência para os aspectos financeiros e
operacionais, está a concorrer para que as empresas públicas e partici-
padas pelo Estado sejam cada vez mais rentáveis. A título de exemplo,
21 DE NOVEMBRO DE 2023 em 2021, as empresas públicas e participadas distribuíram cerca de seis
mil milhões de meticais de dividendos ao Estado e pagaram, aproxima-
damente, 25 mil milhões de meticais em imposto.

Lançado pelo Standard Bank

Moçambique sobe três posições no Barómetro do Comércio em África

O
Saiu da sexta para a terceira posição de Setembro de 2022 a esta parte
Standard Bank lançou, sexta-feira, 17 de de 59, em Maio de 2023, um
Novembro, em Maputo, o African Trade pouco acima da média de 58
Barometer (SB ATB), um índice trimes- para do SB ATB de 57, em Se-
tral, que fornece uma análise dinâmica e tembro de 2022.
perspicaz, para promover o desenvolvi- O aumento do PIB e dos
mento do ecossistema comercial do continente africano. fluxos líquidos de Investimen-
to Directo Estrangeiro (IDE)
Duarte Sitoe que recuperaram dos efeitos
da pandemia, bem como a
Trata-se de uma iniciati- identificarem oportunidades parte do comércio de mer-
va que tem como propósito de negócio no País, em parti- cadorias, impulsionada pelo
criar um índice comercial do cular, e no continente africa- aumento das exportações em
continente para suprir a lacu- no, em geral. percentagem do PIB, têm um
na de informações fiáveis do "O African Trade Baro- os países africanos, através da mento, estabilidade macroe- impacto positivo na atracti-
sector, bem como para apoiar meter fornece informações difusão de informações sobre conómica, infra-estruturas, vidade da sua capacidade de
e permitir o crescimento do actualizadas, obtidas através os mercados internos. comércio externo, governação comércio.
comércio interno. de inquéritos às empresas, "Nós, como africanos, tro- e economia e comportamento Por outro lado, as taxas de
Com o SB ATB, pretende- nos quais elas comentam so- camos ou comercializamos financeiro do comércio. juro relativamente elevadas
-se, ainda, preencher a falta de bre as suas percepções sobre apenas 16%. O continente A terceira e mais recente de Moçambique para conter
dados sobre o comércio em o comércio. Acima de tudo, o africano representa 3% do edição, o SB ATB incide as
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

o aumento da inflação inter-

todo o continente africano,
através de informações ac-
tualizadas de inquéritos sobre
as opiniões das empresas no
ambiente em que operam, o
seu comportamento comer-
cial, as actividades comerciais
e as suas percepções sobre o
comércio.
Segundo o administrador
delegado do Standard Bank,
Bernardo Aparício, o instru-
mento constitui um excelen-
te canal para os empresários
moçambicanos, para além de
outros tomadores de decisões,
índice apresenta as oportuni-
dades existentes em Moçam-
bique, expondo, desta forma,
os nossos empresários a par-
cerias dentro do continente",
sublinhou Bernardo Aparício.
O acto de lançamento con-
tou com a presença do as-
sessor da Direcção-Geral da
Agência para a Promoção de
Investimento e Exportações
(APIEX), Nuno Mapossa
que, na sua intervenção, con-
siderou que o SB ATB vai
contribuir para o incremento
das trocas comerciais entre
comércio internacional. Há
muito espaço para o comér-
cio. África tem 1.3 trilhão de
dólares norte-americanos. Ou
seja, há muito dinheiro em
África, mas nós não fazemos
negócio entre nós, e uma das
razões é a falta de informa-
ção", frisou.
Lançado em 2022, o SB
ATB já vai na sua terceira edi-
ção e abrange sete grandes
categorias temáticas de dados
com impacto no comércio,
nomeadamente a abertura
comercial, acesso ao financia-
suas abordagens sobre 10 paí-
ses, designadamente Angola,
Gana, Quénia, Moçambique,
Namíbia, Nigéria, África
do Sul, Tanzânia, Uganda e
Zâmbia.
No que diz respeito a
Moçambique, o documento
aponta a melhoria do nosso
País na classificação geral do
SB ATB, que passou da sex-
ta posição, em Setembro de
2022, para a terceira.
O índice de confiança das
empresas moçambicanas me-
lhorou com uma pontuação
na, devido à inflação global
resultante da invasão da Ucrâ-
nia pela Rússia, tiveram um
impacto negativo na atracti-
vidade da sua capacidade de
comércio.
O País enfrenta ainda uma
situação de infra-estruturas
deficitárias, pois as empre-
sas inquiridas consideraram
que este factor constitui um
obstáculo às suas operações.
O fornecimento de energia
eléctrica e o estado das estra-
das continuam a ser o aspecto
com pior percepção no País.

O primeiro em Gaza
USTM lança mestrado em Saúde Pública

A
Universidade São Tomás de Moçambique
(USTM) acaba de lançar, na extensão de
Xai-Xai, o Mestrado em Saúde Pública,
tornando-se na primeira instituição de en-
sino superior a introduzir o curso a nível da
província de Gaza.
Trata-se de uma turma com- às 17:00 horas. Os dois primei-
posta por 28 estudantes prove- ros módulos, com a duração de
nientes da cidade e província de 60 dias cada, foram ministrados
Maputo, Inhambane e Gaza, por quadros do Instituto Na-
sendo 15 mulheres. Do total, cional de Saúde, este que é uma
sete participantes vêm de orga- referência em termos de inves-
nizações não-governamentais, tigação em saúde pública.
um do Ministério do Interior A formação arrancou no dia
e os restantes, funcionários do 28 de Agosto, com a duração
Ministério da Saúde. de 22 meses e mais seis para a
As aulas, mais presenciais do dissertação, mas só agora é que
que virtuais, decorrem às sextas, foi lançada oficialmente, numa
sábados e domingos, das 13:00 cerimónia dirigida pela vice-
-Reitora académica, Jorgete de
Jesus Pinto, em representação
do Reitor da USTM, Joseph
Matovu Wamala.
Discursando na ocasião,
disse que o curso tem por ob-
jectivo formar profissionais
de saúde pública nas áreas de
pesquisa, prevenção, promo-
ção, diagnóstico e seguimento
das doenças no indivíduo e nas
comunidades e na avaliação do
tratamento médico e controlo
terapéutico.
Diz que é uma contribui-
ção da USTM na consolidação
de políticas nacionais de saúde
“através da formação de pro-
fissionais capazes de desempe-
nhar um papel importante na
promoção de saúde e de valores
humanos”.
Por sua vez, o director pe-
dagógico da USTM, Adriano
Chissale, afirmou que a intro-
dução do Mestrado em Saúde
Pública tem por finalidade de-
senvolver competências defini-
das no curso através da leciona-
ção de conteúdos do plano de
estudos e aplicação de estraté-
gias de ensino-aprendizagem
previstas no currículo.
O mestre em saúde pública
tem que ser capaz de caracteri-
zar demograficamente uma po-
pulação, medir o seu estado de
saúde e suas condições de vida,
saneamento de meio, abasteci-
mento de água, nutrição, iden-
tificar problemas de saúde na
comunidade através da correcta
interpretação dos dados dispo-
níveis em vários sistemas de in-
formação em saúde, para além
de poder elaborar, executar e
avaliar planos de actividade de
saúde pública e de desenvolvi-
mento do sector a nível local e
nacional.
O interlocutor destacou
como linhas de pesquisa doen-
ças infecciosas, nomeadamente
HIV-SIDA, tuberculose, doen-
ças respiratórias, malária, doen-
ças negligenciadas e hepatites,
sistemas de saúde, medicina
preventiva e saúde pública, pes-
quisa sócio-antropológica e me-
dicinas alternativas.
 15
Materula preocupada com falta de mão-de-obra
qualificada no sector do turismo ECONOMIA
A ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, mos-
trou-se preocupada com a falta de mão-de-obra qualificada,
sobretudo em períodos de pico do turismo, nos estabelecimen-
tos de restauração. De acordo com Materula, que referiu que o
sector da restauração conta com mais de 74 000 profissionais, o
21 DE NOVEMBRO DE 2023
problema influencia na baixa qualidade dos serviços.

Mais uma expectativa frustrada

TotalEnergies poderá não regressar a Cabo Delgado no
corrente ano

E
Governo garante que não poderá passar dos meados do próximo
m Setembro do corrente ano, a multinacional
francesa TotalEnergies afirmou que pretende
retomar o seu projecto na Bacia de Rovuma
ainda no corrente ano. A garantia foi dada pelo
CEO TotalEnergies, Patrick Pouyanné, que
referiu que a situação de segurança na província de Cabo
Delgado “melhorou claramente”. Há um mês para o fim do
ano, o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Za-
carias, mostrou reservas quanto à retomada das actividades
naquele que é considerado o maior investimento estrangeiro
da história do continente africano, mas garantiu que não po-
derá passar dos meados do próximo ano.
Duarte Sitoe
Em Março de 2021, após Em Setembro, O CEO da
um ataque ao distrito de Pal- multinacional francesa, Patrick
ma, dentro do perímetro de Pouyanné, garantiu, à margem
25 quilómetros que havia sido de conferência com os analis- No entanto, volvidos dois TotalEnergies poderá regressar parte das concessionárias re-
acordado com o Governo, a tas, que TotalEnergies vai reto- meses depois da garantia do entre finais do corrente ano e presentadas pela Total decor-
TotalEnergies decidiu abando- mar o seu projecto na província CEO da multinacional france- meados do próximo. rem acções de verificação para
nar o seu projecto na península de Cabo Delgado ainda no de- sa, o Governo ainda não tem “Temos que ser realistas, es- que a retoma aconteça o mais
de Afungi, sendo que para jus- curso do corrente ano. datas da retoma das actividades tamos a praticamente um mês depressa possível. Gostaria de
tificar a sua posição junto da Pouyanné justifica que a de- naquele que é até esta parte o do fim do ano. Acredito que ter uma data, mas não temos,
contraparte moçambicana, dos cisão da retoma do projecto maior investimento estrangeiro entre finais deste ano e prin- mas contamos que seja muito
credores e fornecedores a pe- deriva do facto da situação de da história do país e do conti- cípios do próximo”, declarou brevemente”.
troquímica francesa accionou a segurança ter melhorado cla- nente africano. Zacarias. De lembrar que em Julho
cláusula da “força maior”. ramente, por sinal depois de Na última semana, à mar- Por outro lado, o titular do do corrente ano, o analista da
Depois de avanços e recuos Jean-Christophe Rufin, perso- gem da inauguração da rede pelouro dos Recursos Minerais consultora Rystad Energy, Pra-
no que respeita à retoma do nalidade reconhecida pela sua eléctrica no Posto Adminis- e Energia no Governo de Fili- nav Joshi, apontou que a mul-
projecto que é considerado o experiência nas áreas de acção trativo de Zinhane, distrito de pe Nyusi referiu que estão em tinacional francesa só vai reto-
maior investimento estrangei- humanitária e de direitos huma- Chigubo, província de Gaza, curso “acções com vista a ga- mar as operações em Afungi
ro da história do continente nos, avaliar a situação humani- na qualidade de representante rantir a retoma das actividades em 2024, sendo que o início
africano, a TotalEnergies deu tária na província de Cabo Del- do Governo, o ministro dos na área 1”. da produção, que inicialmente
uma lufada de ar fresco aos gado e concluir que a mesma Recursos Minerais e Energia, “Neste momento, tanto da estava previsto para 2027, só
moçambicanos. evoluiu positivamente em 2022. Carlos Zacarias, disse que a parte do Governo como da deverá iniciar em 2028.

Tauabo preocupado com empreiteiros ladrões em Cabo Delgado

À
semelhança do que acontece um pouco por cumprem com as suas obriga-
todo país, em Cabo Delgado tende a aumen- ções.
tar o número de empreiteiros que abando- Para reverter a actual situa-
nam as obras antes da conclusão das mes- ção, Tauabo defendeu que não
mas. Este fenómeno preocupa sobremaneira pode haver excesso de buro-
o Executivo da província de Cabo Delgado porque o gros- cracias nos procedimentos de
so dos empreiteiros exime-se das suas responsabilidades contratação para as obras pú-
mesmo depois de receber o devido pagamento. O gover- blicas, daí que apelou ao sector
nador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, con- das finanças para ser mais cé-
juga este abandono com a fraca fiscalização das obras, que lere para não comprometer o
também contribui negativamente para o sector das obras processo de descentralização.
devido à falta de actualização do estágio dos trabalhos em “Temos que trabalhar para
curso nos diferentes pontos da província. que os futuros governantes
não encontrem lacunas”, argu-
Adolfo Manuel mentou o chefe do executivo contribui negativamente para o mas de corrupção nos con-
Foi durante a XXXII Ses- preiteiros desonestos naque- provincial, mas sem citar as tais sector das obras devido à falta cursos públicos ao nível da
são Ordinária do Conselho le ponto do país, tendo ainda empresas de construção que de actualização do estágio dos província de Cabo Delgado,
Executivo Provincial que o revelado que foram orienta- sabotam as obras do Governo. trabalhos em curso nos dife- uma vez que sempre são esco-
Governador da província de dos as direcções províncias Valige Tauabo observou, rentes pontos da província. lhidas empresas ligadas à elite
Cabo Delgado, Valige Tauabo, para mover processos contra por outro lado, que a fraca fis- Ao Evidências, alguns em- do partido no poder para exe-
denunciou a existência de em- os mestres-de-obras que não calização das obras também preiteiros denunciaram esque- cutar obras.
 16 OPINIÃO
21 DE NOVEMBRO DE 2023
O FURACÃO
Alexandre Chiure
D
epois da malária e de HIV/SIDA,
os acidentes de viação são a razão de
mortalidade no país. Apesar de todo
o trabalho de fiscalização rodoviária
que tem sido feito pela polícia de trânsito, numa
acção combinada com o Instituto Nacional dos
Transportes Rodoviários, as nossas estradas conti-
nuam a ser autênticos corredores da morte.
Não me saem da memória os acidentes ocorri-
dos há dias na 3 de Fevereiro, na Manhiça, em que
morreram 17 pessoas e o de Maluana, no mesmo
distrito, que vitimou 35 passageiros de um autocar-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
ro da transportadora Nhancale. Estamos a falar da
perda, em apenas dois sinistros, de 52 moçambica-
nos, o que é grave.
Na busca dos culpados pelo derramamento do
sangue nas nossas estradas, a face mais visível é a
polícia de trânsito e, a seguir, o Instituto Nacional
dos Transportes Rodoviários (INATRO). Ambas
instituições são vistas como aquelas que não têm
estado a fazer o seu trabalho com rigor e profissio-
nalismo exigidos.
A Administração Nacional de Estradas (ANE) é
responsabilizada pela degradação das vias de aces-
so sob sua jurisdição, a exemplo da Estrada Nacio-
nal número um e de outras e a falta de sinalização
rodoviária. Não há húvidas que estes aspectos têm
o seu peso no capítulo dos acidentes de viação,
mas não são os principais motivos.
Há quem põe em causa a qualidade do ensino
de condução, relacionando o facto com casos de
sinistros rodoviários que temos estado a acompa-
nhar. Há o sentimento de que alguns dos condu-
tores que saem das escolas de condução não têm a
qualidade desejada.
Pode ser verdade. Aliás eu próprio não sai per-
feito da escola. Ninguém termina a formação se-
guro de que já sabe conduzir perfeitamente, mas
após algum tempo de exercício prático de condu-
ção, consolidam-se alguns aspectos e conduz-se
com tranquilidade.
Outros dizem que o problema são as taxas que
cobradas em caso de multas por violação do Có-
digo da Estrada que deviam ser agravadas para
desencorajar a má condução no país. Também
pode ser verdade, mas não é a razão principal da
ocorrência de acidentes de viação no país com a
frequência que temos estado a acompanhar.
Não submissão de viaturas à inspecção periódi-
ca obrigatória por uma parte significativa de auto-
mobilistas é o outro lado da história.
Não há dúvidas que cada uma destas situações
aqui relatadas tem o valor que tem. Representam,
Problemas de fundo
de acidentes de viação
claramente, uma ameaça em termos de ocorrên-
cia de acidentes de viação. Mas o seu peso não é
significativo. São muito raras as vezes em que um
acidente de viação está relacionado com a falta de
inspecção automóvel.
É impressionante
o gosto do condutor
moçambicano
pela violação do
Código da Estrada.
Uns, quando
entendem, fazem
ultrapassagem à
esquerda e nada
lhes acontece. Pelo
que sei, nas escolas
de condução não se
ensina a conduzir
mal, mas, isso sim,
a ser exemplar ou a
fazer uma condução
defensiva.
Quer o sinistro rodoviário ocorrido em Malua-
na, quer o outro, registado também na Manhiça,
mencionados aqui como exemplo, o motivo é co-
mum: o erro humano. Este é o motivo principal da
ocorrência de acidentes de viação. A irresponsabi-
lidade dos condutores versos a impunidade com
que alguns deles circulam na via pública a confiar
em esquemas de corrupção envolvendo alguns
agentes reguladores de trânsito.
É básico, por exemplo, que não se deve fazer ul-
trapassagem numa curva. Ensina-se isso na escola
de condução, mas, ao que tudo indica, foi o que
esteve por detrás do sinistro ocorrido na Manhiça
e que vitimou 17 pessoas.
É igualmente básico que a velocidade máxima
nas localidades é de 60 quilómetros/ hora. Arris-
co-me dizer que a maior parte dos automobilistas
não cumpre esta regra e é o que terá originado o
acidente que envolveu o autocarro da transporta-
dora Nhacale ocorrido ao longo da EN1, matando
35 passageiros.
Os instrutores das escolas de condução ensi-
nam, também, na teoria e na prática, que não se
deve ultrapassar duas ou mais viaturas de uma úni-
ca vez, mas há condutores que o fazem com muito
prazer e a uma velocidade assustadora. De quem é
a culpa por tudo isso? É das escolas de condução?
Claro que não, é do condutor, pois estas cumpri-
ram o seu papel de ensinar.
É impressionante o gosto do condutor moçam-
bicano pela violação do Código da Estrada. Uns,
quando entendem, fazem ultrapassagem à esquer-
da e nada lhes acontece. Pelo que sei, nas escolas
de condução não se ensina a conduzir mal, mas,
isso sim, a ser exemplar ou a fazer uma condução
defensiva.
Se, por exemplo, estivesse vivo e tivéssemos que
perguntar ao automobilista da viatura de marca
Prado, tida como a causadora do acidente da Ma-
nhiça, porque é que andava a uma alta velocidade
naquele lugar, talvez não apresentaria uma única
razão. Podíamos descobrir que, afinal, o fez por
mero capricho.
Não é preciso frequentar uma escola de condu-
ção para saber que é proibido conduzir sob efeitos
de álcool, como se supõe que estava o condutor
que originou o sinistro que ceifou a vida de 17 ci-
dadãos, quatro dos quais crianças.
Enquanto os automobilistas que se fazem à es-
trada não conduzirem com responsabilidade. En-
quanto não ganharem a consciência de que o seu
erro pode significar uma tragédia na sociedade,
continuaremos a chorar pela perda dos nossos en-
tes queridos em acidentes rodoviários.
Podemos até ter tudo que queremos, nomeada-
mente o parque automóvel inspeccionado, estra-
das impecáveis e bem sinalizadas, escolas de con-
dução com uma boa qualidade de ensino e uma
rigorosa fiscalização rodoviária por parte da polícia
e do INATRO, mas continuaremos a enfrentar os
mesmos problemas enquanto os condutores se-
rem irresponsáveis.
Se todos conduzissem com responsabilidade.
Se todos os automobilistas cumprissem rigorosa-
mente o Código da Estrada, ;podem ter a certeza
de que teremos menos acidentes de viação. Infeliz-
mente hoje temos condutores que, diante do vo-
lante, são autênticos assassinos. Transformam-se
numa séria ameaça à integridade pública.
 A esquina do sociólogo
Luca Bussotti
U
m dos fundamentos do Estado mo-
derno é a separação dos poderes. O
outro, até anterior a este primeiro, é
a laicidade do Estado. O que signifi-
ca garantir liberdade e autonomia a cada cidadão
de adeir e praticar (ou de não aderir e nem pra-
ticar) qualquer tipo de culto religioso. Em suma,
o ideal da tolerância, típico das democracias mo-
dernas.
Pelo menois desde o século XVIII, no Oci-
dente, a laicidade do Estado tem-se afirmado
como o relacionamento normal entre igrejas e
poder político. Inicialmente houve várias resis-
tências, por parte da Igreja Católica, em aceitar
este princípio. Desde a Revolução francesa até as
disputas sobre Roma e os territórios circunvizi-
nhos na Itália, a questão nunca foi simples, nem
pacífica. Na Itália do século XIX, quando, em
1870, as tropas do jovem Estado italiano ocupa-
ram e tomaram posse da cidade eterna (Roma),
a Igreja Católica respondeu com o non expedit, ou
seja, a proibição, por parte dos católicos italia-
nos, em participar das eleições políticas naquele
país, considerado o protagonista de uma afronta
sem precedentes à Igreja Católica. Entretanto,
muitos anos depois, Papa Montini (Paulo VI)
classificou aquele evento como “providencial”,
pois levantou a Igreja de qualquer responsabili-
dade de gestão política, obrigando-a a concen-
trar-se em questões espirituais.
Com a guerra fria, a Igreja Católica, pelo me-
nos nas suas altas hierarquias, sempre foi ao lado
dos partidos moderados que se opunham à as-
censão das formações socialistas e comunistas
presentes em todos os países europeus, França e
Itália em particular, invocando a “unidade polí-
tica dos católicos”. Uma postura, esta, que des-
credibilizou a igreja diante de muitos crentes, e
que cessou depois da queda do Muro de Berlin
e do fim do comunismo soviético. Hoje, a Igreja
Católica procura evitar entrar em assuntos polí-
ticos específicos, limitando-se a invocar a paz no
mundo, a justiça e o fim das violências. Ela faz
isso em todos os continentes, inclusive em países
como Angola e Moçambique, onde as respecti-
vas Conferencias Episcopais nacionais fizeram
intervenções em vários momentos da vida pú-
blica, de frequente apelando para que paz, justiça
social e reconciliação caracterizassem a actuação
dos governos daqueles países. Organizações de
outras confissões religiosas, quer cristãs, quer
islâmicas, fizeram o mesmo, evitando misturas
com este ou aquele partido, principalmente nos
últimos anos, depois do fim do conflito civil em
1992.
Depois da virgem de 1990 com a nova Cons-
21 DE NOVEMBRO DE 2023
As ambiguidades
de um Estado laico
tituição moçambicana, todas as religiões foram
admitidas, iniciando assim uma trajectória de re-
lacionamento complexo, diferente daquilo que
tinha acontecido durante a conflituosa época so-
cialista. Aliás, os próprios dirigentes da Frelimo,
outrora mentores do ateismo de Estado, revela-
ram – quase todos eles – a sua pertença religiosa,
fomentando, portanto, a difusão de cultos, quer
cristãos, quer islâmicos, quer de formas africanas
de religião, em todos o país. A nova Constituição
deixa clara a liberdade de um indivíduo aderir (ou
não aderir) a um certo credo religioso, instauran-
do assim um relacionamento de mútua autono-
mia entre política e religião. Tal autonomia serve
para garantir a credibilidade mútua entre Estado
e religiões, de forma que, se houver uma crise
numa das principais confissões religiosas, ou se
houver problemas a nível institucional no Esta-
do, eles ficam circunscritos, não envolvendo ao
mesmo tempo os dois sub-sistemas, o religioso
e o institucional, com o risco de um desmorona-
mento generalizado da sociedade moçambicana.
Entretanto, o princípio de mútua autonomia
foi rompido há muito tempo. A história das re-
lações entre religião e Estado em Moçambique
cruza os destinos da CNE, ou seja, do organis-
mo mais importante e, em princípio, mais au-
tónomo de regulamentação da vida pública do
país.
Foi assim com Jamisse Taimo, pastor da Igre-
ja Metodista, com Abdul Carimo, muçulmano, e
agora com Carlos Matsinhe, da Igreja Anglica-
na. Todos eles foram indigitados formalmente
pela sociedade civil, em nome de uma suposta
independência do poder político e, portanto, de
uma maior liberdade em julgar processos com-
plicados, como os de tipo eleitoral. A escolha,
sem olhar pelas pessoas, foi a partida infeliz: de
acordo com o princípio constitucional de inde-
pendência da religião do Estado e vice-versa,
não existe nenhuma razão de querer envolver
religiosos em questões políticas de forma direc-
ta, até de tipo técnico. Acima de tudo, não se vê
que tipo de competência possa ter um religioso
na contagem de votos eleitorais (e em todos os
procedimentos jurídicos subsequentes), com re-
lação a um laico. Em segundo lugar, os presiden-
tes “religiosos” da CNE nunca demonstraram
capacidade de mediação e de equilíbrio superio-
res aos outros presidentes laicos, desde Mazula
até Leopoldo da Costa. Como alguém poderá se
lembrar, as eleições mais polémicas (salvo as úl-
timas autárquicas de 11 de Outubro) foram as de
1999, quando o pastor Jamisse Taimo liderava a
CNE, atribuindo uma até hoje duvidosa vitória
à Frelimo e ao seu cndidato, Joaquim Chissano,
OPINIÃO
17
nas eleições legislativas e presidenciais. O faleci-
do presidente Abdul Carimo (o único licenciado
em Direito, e director executivo do Observató-
rio Eleitoral) também foi duramente contestado
pelas oposições com relação às eleições de 2019,
que se concluíram, na CNE, com uma votação
dramática de 9 contra 8 em favor da aceitação
dos resultados. Finalmente, Carlos Matsinhe
está sendo até descrito e representado nas redes
sociais moçambicanas com as roupagens de um
diabo, que traiu a causa da verdade (neste caso
eleitoral), em favor do partido no poder, ao pas-
so que outro membro da CNE, o islâmico Dau-
de Ibramogy, segundo as últimas informações,
foi dispensado da liderança da mesquita do Ae-
roporto de Maputo, justamente para as mesmas
razões.
Quanto acima dito demonstra factos dificil-
mente contestáveis: em primeiro lugar, a mistura
de religião e política, principalmente em assuntos
tão sensíveis como o relativo à matéria eleitoral,
resulta deletéria, pois contradiz (se não do ponto
de vista jurídico, na prática) o princípio constitu-
cional de autonomia do poder espiritual do po-
der político. A única, provável razão de insistir
em nomear religiosos para o cargo de presidente
da CNE poderia assentar numa suposta superio-
ridade moral dos mesmos. Os factos demonstra-
ram que os presidentes “religiosos” da CNE ac-
tuaram exactamente como os “laicos”, portanto
o motivo da sua integridade e superioridade mo-
ral cai diante das evidências. Em segundo lugar,
eles no geral têm pouca ou nenhuma experiência
na gestão de questões político-eleitorais: a sua
nomeação, portanto, poderia induzir a pensar
que eles foram escolhidos por serem facilmente
influenciáveis e manipuláveis, o que seria ainda
mais grave. Finalmente, as consequências de li-
deranças religiosas envolvidas no processo de
contagem de votos deixa rastos terríveis nas
próprias confissões religiosas. Foi assim na Igre-
ja Metodista em 1999, está sendo assim na Igre-
ja Anglicana e naquela Islâmica hoje, em 2023.
Tais crises, principalmente as mais recentes, vão
se somando à crise generalizada do Estado e da
sua credibilidade, hoje fortemente minada, resul-
tando num desmoronamento que está a deixar
Moçambique desprovido de qualquer referência
ética, além de institucional.
Como disse Paulo VI a propósito do fim do
poder político da Igreja Católica, seria certamen-
te um alívio, do lado das igrejas assim como da
sociedade moçambicana no seu todo, deixar de
nomear religiosos como membros da CNE…Se
Cesar exige o que é de Cesar, Deus também pre-
tende o mesmo…
 18 OPINIÃO
21 DE NOVEMBRO DE 2023
Xavier Uamba
B
astou apenas Dom Carlos Matsi-
nhe manter-se neutro no Processo
Eleitoral para que toda a socieda-
de se revoltasse contra ele. É que
no lugar da verdade, Dom Carlos Matsinhe
preferiu não se pronunciar e, mais grave, de-
marcou espaço sobre ela, e, como se diz po-
pularmente, quem cala, consente.
Mas, se recuarmos no tempo, bastará lem-
brarmo-nos das polémicas eleições de 1999
para voltar à tona a questão das eleições e das
contestações. Que o digam Brazão Mazula e
Jamisse Taímo, que hoje se vêem como puri-
tanos neste processo, quando, também, ou-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
trora, passaram por este pesadelo.
A verdade é que este problema, que atingiu
o seu cume hoje, é, de longe, antigo e já com
barba branca. Dom Carlos Matsinhe é apenas
Edmilson Mate
A juventude é o futuro de qualquer nação. São
os jovens que moldam a direcção que um país
tomará e foram os jovens que libertaram este
país do jugo colonial português. No entanto,
assim como os jovens moçambicanos que migraram para Ale-
manha e há mais de 4 décadas reivindicam os seus direitos,
“Madajermanes”, e o governo pouco faz por eles, os jovens
de hoje também têm sido esquecidos, sobretudo no que con-
cerne a uma Educação de qualidade, apoio às iniciativas ju-
venis e participação nos processos políticos e democráticos.
De um tempo pra cá tem havido uma fraca participação da
juventude no espaço político e há poucos investimentos des-
tinados à juventude moçambicana ou mesmo iniciativas que
tragam resultados mensuráveis e que impactam significativa-
mente a vida socioeconômica da juventude, mesmo sabendo
que a maior parte da população é jovem, segundo o último
censo do Instituto Nacional de estatística (INE), a evidenciar
um crescimento de 7 milhões em 2007 para 9,4 milhões em
2017, entretanto o governo pouco tem feito para contribuir o
desenvolvimento destes jovem.
O índice do desemprego, a fraca participação da juventude
nos espaços de tomada de decisão e falta de uma educação de
qualidade são alguns dos vários factores que mostram que o
governo tem colocado juventude na penumbra,
E não é preciso ser um grande observador para notar que
a instituição mãe (Secretaria de estado juventude e emprego),
que devia ajudar a prover soluções para os jovens, pouco tem
feito para os mesmos. Num passado, um amigo queria partici-
Dom Matsinhe… um
cordeiro a sacrificar!
um bode expiatório de um problema já por si
bicudo. Trata-se, de resto, de mais uma ofe-
renda a ser sacrificada em nome dos Deuses!
Uma ovelha mansa no cativeiro.
Ao que nos consta, e enquanto tivermos
órgãos de Estado e deste processo partida-
rizados, de nada servirá o sacrifício de Dom
Carlos Matsinhe. A Frelimo, a Renamo e o
MDM estão lá representados. A verdade é
que temos um partido-Estado, que a todo o
custo cria este cenário. Um facto é certo: pre-
cisamos rever urgentemente a composição
da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e
sobretudo estabelecermos critérios credíveis
para a selecção dos membros desses órgãos.
Basta de acomodações políticas que só lesam
a pátria.
Ainda que Dom Carlos Matsinhe se demita,
Uma juventude
esquecida pelo Governo
par do YOUTH DAY OF SERVICE (YDoS), uma campa-
nha pan-africana de impacto social liderada por jovens, com
duração de uma semana, que é celebrada juntamente com o
Dia Internacional da Juventude da ONU, que começa no dia
12 de agosto de cada ano, no entanto quando o mesmo emitiu
uma carta de pedido de apoio para o seu projecto, por incrível
que pareça, a SEJE apenas disponibilizou uma caixa de sabão
bingo que custa 250Mt, o que é condenável vindo de uma
instituição proeminente como a SEJE, este é um exemplo dos
vários que existem da falta de apoio às iniciativas juvenis, e
algumas iniciativas que são realizadas pelo governo é mesmo
para “o inglês ver”, pois não impactam os jovens.
Quanto à educação, que é o meio mais eficaz para o desen-
volvimento de qualquer país, quando olhamos para o número
de vagas disponibilizadas nas instituições públicas de ensino
superior, o número de vagas não corresponde nem a metade
dos estudantes que pretendem ingressar para o ensino supe-
rior. Isso limita o potencial da juventude e torna mais difícil
para os mesmos competirem no mercado de trabalho global,
há também uma promessa governamental do “projeto um
estudante um computador”, feito pelo ministério da ciência
e tecnologia, que desde 2020 ainda não se efectivou, já se
passam sensivelmente 3 anos. Infelizmente, isto mostra que
o governo tem se mostrado insuficiente, o que prejudica o
acesso ao emprego, educação de qualidade e desenvolvimento
socioeconômico dos jovens.
Olhando para o ambiente político do país, é possível ver o
nível de insatisfação da juventude devido à pouca atenção, no
enquanto o presente modelo prevalecer nada
terá servido! Continuaremos com a mesma
música, mas com orquestra e dançarinos di-
ferentes.
Os problemas da CNE vão muito para além
dela e, diga-se o que se disser, Dom Carlos
Matsinhe é vítima de um sistema que nunca
funcionou como deveria.
Agora, uma coisa é certa, se quisermos
organizar, de facto, este país, temos, urgen-
temente, enquanto forças vivas da socieda-
de, de organizar uma conferência nacional,
alargada a todos, e não necessariamente no
formato político-partidário proposto por
Graça Machel, do qual se pensarão novas
estratégias para de uma vez por todas se re-
solver este problema. Enquanto isso, a longa
espera continua.
sentido de responder as suas reais necessidades, e em quanto
não forem respondidas teremos jovens frustrados, perdidos
nas drogas, prostituição e nos “Aviatores’’, e o país irá con-
tinuar a ser o palco de marchas de protesto, como tem sido
nos últimos dias, o exemplo mais recente é o da população de
Covô Ger-Ger, no distrito de Nacala-a-velha, onde mesmo
com a presença do Presidente da República a população, que
por sinal é maioritariamente jovem, esteve a provocar baru-
lho ao ponto do PR descer do púlpito onde devia dirigir um
comício para a população. São alguns sinais da insatisfação
da juventude, há que se prestar muita atenção nesta classe, e
para a comunidade internacional transmitimos uma imagem
de um país que não consegue fazer prover condições mínimas
de vida para o seu próprio povo e caminhamos para a lama.
É fundamental que o governo reconheça a importância da
juventude e tome medidas para apoiar essa parte vital da po-
pulação. Isso inclui investir na educação, criar oportunidades
de emprego, apoiar as iniciativas e envolver activamente os
jovens na tomada de decisões políticas.
Uma juventude esquecida pelo governo é uma sociedade
com futuro incerto. Para prosperar, o governo deve priorizar
a juventude, investir em seu potencial e ouvir suas preocu-
pações. Somente assim podemos garantir um futuro mais
brilhante e um Moçambique mais promissor para todos. A
negligência governamental em relação à juventude não é ape-
nas prejudicial aos jovens, mas também à sociedade como um
todo. É hora de mudar essa narrativa e dar aos jovens moçam-
bicanos a atenção e o suporte que eles merecem.
 19
Quatro opositores coligados contra o Presidente
em Congo
Quatro dos cinco principais candidatos presidenciais da oposição
na República Democrática do Congo concordaram unir-se numa
ÁFRICA
coligação contra o presidente congolês, Félix Tshisekedi, nas elei-
ções de 20 de Dezembro corrente ano, sendo que entre os candida-
tos estão o ginecologista congolês de Prémio Nobel da Paz de 2018, 21 DE NOVEMBRO DE 2023
Denis Mukwege, e o popular líder da oposição, Moïse Katumbi.

Combates em Abyei matam 32 pessoas, incluindo um soldado da

ONU no Sudão

D
e acordo com as autoridades libanesas, cer- Hanna Serwaa Tetteh, avisou
ca de 32 pessoas, incluindo um soldado das que a guerra "sem precedentes"
Nações Unidas, perderam a vida na sequên- de sete meses entre o exército
cia dos combates violentos pela disputada da sudanês e uma força paramili-
região administrativa de Abyei, uma área rei- tar rival estava a aproximar-se
do Sudão do Sul e da região de
vindicada pelo Sudão e pelo Sudão do Sul.
Abyei.
Redacção/Agências Segundo a ONU, mais de
Os órgãos de comunicação frontos já pararam e a situação 9.000 pessoas foram mortas
social sediados no Sudão avan- acalmou". desde o início do conflito, em
çam que as 32 duas pessoas Os confrontos intercomu- meados de abril, deslocando
perderam a vida quando ho- nitários e transfronteiriços milhões de pessoas dentro do
mens ainda a monte atacaram intensificaram-se desde que o Sudão e para os países vizinhos
duas aldeias no sul de Abyei. Sudão do Sul enviou as suas Refira-se que Sudão e o Su-
humanitárias" para os civis. de Segurança votou por una- dão do Sul têm-se desentendi-
A rádio sul-sudanesa, Eye tropas para o território contes-
Os soldados internacionais nimidade a renovação do man- do sobre o controlo da região
Radio Juba, citou o ministro tado, em Março. A missão de
foram enviados para os conda- dato da Força Interina das Na- de Abyei, rica em petróleo, des-
da informação de Abyei, Bolis manutenção da paz condenou
dos de Aleel e Rum Ameer no ções Unidas de Segurança para de que o Sudão do Sul se tor-
Kuoch, dizendo que 32 pes- o envio de tropas, afirmando
âmbito da Força de Segurança Abyei (UNIFSA) até 15 de no- nou independente do Sudão,
soas foram mortas e 20 outras que iria criar "um sofrimento
Interina da ONU para Abyei, vembro de 2024. após um acordo de paz de 2005
ficaram feridas, "mas os con- indescritível e preocupações
com o objetivo de ajudar a tra- Nos meados de Novembro que pôs fim a décadas de guer-
var o conflito crescente. em curso, a enviada especial da ra civil entre o Norte e o Sul
Recentemente, o Conselho ONU para o Corno de África, do Sudão.
George Weah admite derrota nas eleições
e felicita adversário PUBLICIDADE

O
actual Presidente da Libéria, George Weah,
reconheceu que saiu derrotado nas eleições
presidenciais realizadas na última semana
e felicitou o seu rival Joseph Boakai pelo
triunfo, enquanto o país aguarda a publi-
cação dos resultados finais.
Redacção/Agências

"Esta noite, o CDC perdeu as Esperava-se que cerca de 2,4

eleições, mas a Libéria ganhou.
Este é um momento de elegân-
cia na derrota… Os resultados
anunciados esta noite, embora
não sejam definitivos, indicam
que Boakai tem uma vantagem
que não podemos recuperar.
Falei com o Presidente eleito Jo-
seph Boakai para o felicitar pela
vitória", afirmou Weah, o primei-
ro e único jogador africano que
já logrou o feito de vencer uma
bola de ouro.
Os resultados publicados pela
comissão eleitoral, após contados
os votos em mais de 99% das as-
sembleias de voto, deram 50,89%
a Boakai, de 78 anos, e 49,11% a
Weah.
Depois de contados cerca de
1,6 milhões de boletins de voto,
Boakai tinha uma vantagem de
pouco mais de 28 mil votos.
milhões de liberianos fossem às
urnas na terça-feira, mas ainda
não foi dada qualquer indicação
sobre a taxa de participação.
Os observadores da UE e
da Comunidade dos Estados da
África Ocidental (CEDEAO) ti-
nham felicitado a Libéria pelo de-
senrolar "largamente pacífico" da
segunda volta das presidenciais.
No entanto, a CEDEAO in-
dicou ter registado incidentes
isolados nas províncias de Lofa,
Nimba, Bong e Montserrado,
que resultaram em "ferimentos e
hospitalizações".
Refira-se que este foi o pri-
meiro acto eleitoral realizado sem
a presença da missão da ONU
(2003-2018), criada para garantir
a paz após as guerras civis que
causaram mais de 250 mil mortos
entre 1989 e 2003.
 20 OPINIÃO
21 DE NOVEMBRO DE 2023
SER ESPIRITUAL
Felisberto Botão
N
a sequência de um debate televisivo que
participei numa televisão local no dia 20
de Junho de 2022, e no calor das festivi-
dades da Independência Nacional, no dia
25/06/2022, não resisti a uma reflexão que quero par-
tilhar com todo o moçambicano que puder ter acesso.
Nós passamos por três processos históricos impor-
tantes, que definem aquilo que somos hoje, e a nossa
estrutura comportamental e de pensamento. Tivemos
aqui um sistema de escravatura, conduzido pelo homem
branco, que terminou no final do século XIX, tivemos
de seguida a colonização conduzida por ele, que durou
quase um século, até os anos 60 do seculo XX, e hoje te-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
mos o neocolonialismo, também imposto pelo homem
branco, que já vai a caminho de um século, e perdura
como o sistema vigente.
No primeiro caso, era subjugação total, e nós éramos
mercadoria e instrumento de trabalho, para extração da
nossa própria riqueza, roubada, e entregar para o ho-
mem branco, e em muitos casos, eramos levados juntos
para ir transformar estas riquezas, e construir para ele lá
na terra dele.
Quando o homem branco entrou no progressismo,
achou que a narrativa esclavagista já não encaixava, e
forçou a mudança do sistema, para o colonial, onde ga-
nhamos um certo grau de liberdade, mas éramos excluí-
dos dos benefícios, da participação, e principalmente, da
mistura social. O nosso lugar estava bem claro, apesar de
alguns dos nossos serem assimilados, para serem usados
como arma contra seus próprios irmãos.
O roubo de recursos e a subjugação continuaram de
forma explícita.
Quando começou a ser democrata, a narrativa do
colonialismo já não caia muito bem, e mudou para o
sistema neocolonial, onde nós ganhamos mais alguma
liberdade, e até o poder administrativo das nossas terras.
O roubo de recursos e a subjugação continuam, mas
agora de forma implícita, disfarçada.
Note-se que em nenhum dos casos nós conquistamos
a mudança, eles concederam-nos, para responder às mu-
danças nas suas próprias sociedades. Aí o facto de esta
reflexão ter-me inundado a mente ao ouvir os vários dis-
cursos de “conquista da independência”.
O que chamamos de “independência”, para o homem
branco significa “neocolonialismo”. Os acordos que eles
ofereceram-nos, para a continuação da colonização de
uma forma mais sofisticada, passando os custos admi-
nistrativos da terra para nós próprios, coloca-nos exac-
tamente onde eles queriam que estivéssemos, quando
todo este processo de transição iniciou com as negocia-
ções de acordos das independências.
Para funcionar, a mudança deve envolver dor, por isso
o homem branco arrastou-nos para uma guerra de in-
dependência, para no fim, com a exaustão dos nossos
combatentes, colocarem um acordo na mesa que não
pensaríamos duas vezes para assinar. Nascia assim o
neocolonialismo, que nós próprios chancelamos com a
assinatura dos nossos melhores filhos daquela altura.
O neocolonialismo promove a nossa inclusão, a
nossa participação, e principalmente, a mistura social.
A Saga do conteúdo
local_1
Oficialmente já não há racismo, e nós temos todos os
direitos. Falar de racismo tornou-se um tabu, e um des-
conforto entre nós os negros.
Só que acontece que esta promoção da igualdade e
inclusão é feita com base em ferramentas e regras que
nos colocam na condição de nos autoexcluir, e nós con-
cordamos em operar com base nelas, para pertencer ao
teatro das nações. Ferramentas como as taxas de juro, os
impostos, critérios da dívida externa, o mercado livre,
direitos humanos, normas internacionais (técnicas, po-
líticas, financeiras, comerciais, ambientais, migratórias,
entre outras), etc., existem como são, para entreter-nos
e assegurar que nós não alcancemos o “ritmo de jogo”
de quem já estava no campo, o homem branco.
Nós ficamos com a falsa sensação de inclusão, mas
nunca nos sentimos preparados para fazer parte, pois
as regras são actualizadas constantemente, sem a nossa
participação efectiva, e informam-nos quando os outros
já estão a jogar. O jogo vai decorrendo, e nós a preparar-
-nos para “apanhar” as regras do jogo, sentindo-nos es-
túpidos, e a culpar-nos uns aos outros por não estarmos
a aprender rápido o suficiente, sem questionarmos as
regras do jogo.
Me lembro do presidente Filipe Nyusi a intervir numa
conferencia de Oil & Gas com empresários moçambica-
nos, e disse “vocês têm que ser competitivos, e procurar
ser melhores que as empresas de fora”, para que ganhás-
semos os contratos. A primeira coisa que me veio à ca-
beça é que o meu presidente precisava de ajuda sobre a
significância do conteúdo local na soberania nacional.
O facto é que o sistema está desenhado para ser as-
sim, e no virar do século de vigência da neocolonização,
quando as vozes já forem muitas a reclamar, e nós quase
a apanharmos as regras, o jogo vai mudar, e regras serão
totalmente novas. E mais uma vez, por via da força, se-
remos coagidos a acordos, que superficialmente parece-
rão mais algum ganho. E nós vamos assinar.
Os dias que correm mostram este padrão, pois as vo-
zes são muitas de africanos que estão a perceber a mani-
pulação que aconteceu com a religião, com as indepen-
dências, e agora com os líderes marionetes que temos
a frente dos nossos estados. Se não nos apressarmos a
controlar o processo, os brancos vão infringir-nos al-
gum tipo de dor intensa, e depois vão levar-nos a mesa
para assinar acordos com os termos que eles já terão
preparado, que irão assegurar a continuidade da nossa
subjugação, num formato diferente.
A escravatura e a colonização explícita dificilmente
terão apoio popular na terra do homem branco, portan-
to a sua volta é um risco quase nulo, a neocolonização
está a ficar muito exposta, que até as TVs de países fora
do sistema, como a Índia, Rússia, Turquia, começam a
discutir abertamente sobre o problema, mas o roubo de
nossos recursos é uma necessidade para os brancos. A
Todos os nossos parceiros multilaterais, que vem daque-
las terras do ocidente, sabem bem das regras do roubo
e extorsão: embaixadas, ONGs, multinacionais, bancos
comerciais, consultores, e outros, sabem como tratar-
-nos, o que dizer-nos, e onde colocar-nos.
O conteúdo local vai contra os princípios do neo-
colonialismo. É um grande problema para o homem
branco, mas que não o pode admitir de forma explícita,
pois não encaixa na narrativa actual dele, de democracia
e liberdades.
O nosso desafio maior neste momento, como locais,
é a ACEITAÇÃO.
Quando nós tomarmos ciência dos contornos do neo-
colonialismo, e aceitarmos que este é o sistema vigente,
que estamos numa competição de interesses, que vai
muito além das estratégias comerciais, vamos entender a
actuação das multinacionais, e os nossos dirigentes vão
sair desta indecisão sobre o que é certo e o que é errado
com esta coisa de Conteúdo Local, que devia ser óbvia.
Encontrei uma passagem num texto da Trinidade e
Tobaco, com relação a esta matéria, que diz, “a abordagem
tradicional de dar preferência a fornecedores locais “se” o custo,
qualidade e pontualidade na entrega de seus bens e/ou serviços
forem iguais em qualidade, ao concorrente internacional, não nos
ajudou a construir capacidade local, pois somente aqueles que já
são globalmente competitivos terão sucesso. Não há oportunidade
de se tornar competitivo se o operador local não lhe for dado a
chance de fazer, aprender e melhorar. Por esta razão desen-
volvimento de capacidade local será uma parte impor-
tante da estratégia de implementação do Conteúdo Local”.
O “concorrente internacional” é inevitavelmente um in-
tegrante dos “clusters” do homem branco, que já tem
acesso as regras do jogo com antecedência suficien-
te para se preparar, que aqui na nossa terra ganham o
nome de “empresa registada em Moçambique”.
Atribuição de contratos para locais não é uma
questão de mercado aberto ou capacidade, é uma
questão de protecção do interesse nacional. Esta é
a verdadeira soberania.
O conteúdo local deve começar pela consciência co-
lectiva do que é bom para nós colectivamente: o nosso
recurso é o nosso activo, e deve beneficiar primariamen-
te a nós, antes de qualquer outro. Daí entender que o
investidor está à procura de oportunidade para o seu
dinheiro, e nós é que estamos a dar esta oportunidade.
O investidor não é o dono do negócio, e muito menos
do recurso. Ele é o parceiro privado, com a prerrogativa
de operar o negócio pelo know-how que traz consigo.
Para o investidor ganhar a oportunidade, e exercer a
prerrogativa de operar o negócio por 10, 20 ou 30 anos,
deve necessariamente observar uma condição essen-
cial e primária: colocar as oportunidades de negócio na mesa,
não menos do que 40% do investimento, que devem ser alocadas às
empresas locais, de moçambicanos, junto a um processo claro
de transferência de know-how, durante o período de vigência da
exploração do recurso. Tudo o resto deve vir a seguir.
O foco deve mudar da construção de capacidade, para
a selecção e disponibilização de oportunidades. A capa-
cidade deve ser construída durante a execução dos con-
tratos, com o acompanhamento do investidor, que deve
necessariamente construir uma estrutura de assistência
as PMEs, na observância de normas de qualidade, segu-
rança e ambiente.
O seu comentário e contribuição serão bem-vindos.
Obrigado pelo seu suporte ao movimento SER ESPI-
RITUAL https://web.facebook.com/serespiritual.mz/
 SAÚDE E GÉNERO

21
Moçambique em alerta devido ao surto de Anthrax
O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural
(MADER), através da Direcção Nacional de Desenvolvimen-
to Pecuário (DNDP, revelou que país está em alerta devido a
um surto de Anthrax (Carbúnculo Hemático), detectado na
Zâmbia, que resultou na morte de quatro pessoas dos 335 21 DE NOVEMBRO DE 2023
casos notificados naquele país da África Austral.

Violência contra a pessoa com deficiência

Ineficácia de mecanismos de denúncia está entre os principais
motivos para a não resolução de casos
“Como é que uma cega vai reconhecer um violador? Não vê, não conhece, nós é que vamos reconhecer?”,
lembra, com lágrimas nos olhos, a vítima que não teve amparo da polícia.

A
s mulheres com deficiência continuam a enfren- em coordenação com outras
tar barreiras quando se trata de denúncias de ca- organizações, vem trabalhan-
sos de violência. Muitas mulheres denunciaram do para a aprovação da lei de
os agressores depois de terem sido violentadas, protecção da mulher com defi-
mas os casos não tiveram o devido seguimento ciência em casos violência.
graças aos estereótipos que as autoridades carregam sobre a “Nós estamos a tentar con-
pessoa com deficiência. Analisando a actual situação, a So- tribuir para que o país tenha
ciedade Civil refere que as autoridades da lei e ordem e ou- esse instrumento de protec-
tras entidades competentes não estão preparadas para lidar ção, infelizmente não é uma
com a pessoa deficiente, o que de certa forma faz com que
luta fácil”, frisou.
os mecanismos de denúncia para Mulheres com deficiência
Prosseguindo, o director-
vítimas de violência sejam fracos devido à falta de medidas,
bem como a aprovação da lei por parte do Governo.
-executivo da FAMOD diz
que a luta para que a mulher
Esneta Marrove com deficiência seja protegida
Sem avançar dados, Clo- com Deficiência (FAMOD), está longe de terminar devido
As mulheres deficientes que Sem saber o que fazer e sem doaldo Castiano, director exe- diz que vê com urgência a “à falta de medidas específicas
foram vítimas de violência direcção, Mariza diz ter ficado cutivo do Fórum das Associa- necessidade de criação meca- por parte do Governo para li-
baseada no género preferem no local, e graças a um senhor ções Moçambicanas de Pessoa nismos efectivos, e para tal, dar com a situação”.
abraçar o silêncio devido à que ouviu seu choro por volta
ineficácia dos mecanismos de das 22 horas foi levada para PUBLICIDADE
denúncia em Moçambique. hospital para cuidados mé-
Mariza Matusse (nome fictí- dicos, mas antes passou pelo
cio), que perdeu a visão aos 10 posto policial para submeter
anos, na sequência de um aci- queixa. Contudo, ficou escan-
dente de viação onde perdeu dalizada com o comportamen-
os pais, foi violada sexualmen- to dos agentes da lei e ordem
te quando voltava da escola. que estavam em serviço no re-
De lá a esta parte, a sobrevi- ferido dia.
vente perdeu o sorriso no ros- “Como é que uma cega vai
to, visto que, segundo os seus reconhecer um violador? Não
familiares, nunca voltou a ser vê, não conhece, nós é que va-
a mesma desde aquele dia que mos reconhecer?”, lembra Ma-
cidadãos ainda a monte a vio- tusse com lágrimas nos olhos,
lentaram sexualmente. acrescentando que os agentes
É a realidade vivida por da PRM apenas ouviram-na e
muitas mulheres com deficiên- nada mais aconteceu.
cia, vezes sem conta preferem Este episódio, segundo a
ficar caladas que denunciar o vítima, demonstra que os me-
agressor, tudo porque onde canismos de denúncia quando
buscam socorro é o primeiro a vítima é uma mulher com
lugar que o preconceito fala deficiência são muito fracos
mais alto. devido aos estereótipos que a
Sem conseguir segurar as sociedade e alguns agentes da
lágrimas nos olhos, Mariza polícia carregam.
Matusse contou que foi inter- Quem também comunga da
pelada por volta das 17 horas, mesma opinião é Joana Gove,
quando regressava da escola, que desde a tenra idade sofre
e por não reconhecer as vo- preconceito da sociedade por
zes preferiu abraçar o silêncio, ter nascido albina. Ao Evidên-
mas não sabia que isso seria cias, Gove contou que foi vio-
motivo para ser violentada. lentada pelo parceiro, porém
“Eram duas pessoas, quan- quando foi submeter queixa
do me encontraram pergun- foi ignorada pela polícia.
taram de onde vinha, e como “A polícia questionava:
não reconheci as vozes não quem tem coragem de ba-
respondi. Me obrigaram a falar ter numa pessoa albina, uma
com eles e depois me violen- pessoa que não é normal. Eu
taram sexualmente. Não tive pensei que por ser albina devia
reação naquele momento, não ser violentada sem problema,
sabia o que fazer, tentei gritar, foi aí que preferi procurar ou-
mas ninguém me ouvia e mui- tras instâncias para resolver o
to menos socorreram-me”, meu problema, porque já não
contou a sobrevivente. aguentava”, disse.
 22
Mambas perdem diante da Argélia
DESPORTO A selecção nacional de futebol, vulgarmente conheci-
da por Mambas, foi derrotada em pleno Estádio Nacio-
nal do Zimpeto pela sua congénere da Argélia na partida
da segunda jornada de apuramento da zona africana para
21 DE NOVEMBRO DE 2023 o Campeonato do Mundo. Os golos que selaram o triun-
fo dos argelinos foram marcados na segunda parte.

Clube português pode ser sancionado pela FIFA

Witi lesionado para os Mambas e apto para o Nacional da Madeira
Chiquinho Conde não escondeu a frustração perante a situação e instou a FMF para

W
esclarecer a situação junto do clube sediado na Madeira.
iti foi uma carta fora do baralho de
Chiquinho Conde para as operações
Botswana e Argélia em virtude de estar
lesionado. Contudo, no dia em que a se-
lecção nacional mediu forças com a sua
congênere da Argélia, o extremo foi titular pelo Nacional
da Madeira, o que de certa forma deixou o selecionador
nacional enfurecido com a atitude do atleta, tendo por isso
pedido a Federação Moçambicana de Futebol para se in-
teirar da situação e tomar medidas. Em caso de uma quei-
xa da instituição que chancela o Futebol em Moçambique,
o clube insular pode ser severamente castigado pela FIFA.
Duarte Sitoe
O Nacional da Madeira, não basta ser a mulher de
clube português acarinhado César, é preciso parecer, mas
por muitos moçambicanos está aí a Federação para gerir
em virtude ter sido a porta essa situação. Na minha opi-
de entrada de muitos mo- nião, deve haver comprome-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

çambicanos, com destaque timento por parte dos joga-

para Mexer e Zainadine Jú-
nior, poderá estar em rota de
colisão com a Federação Mo-
çambicana de Futebol.
O clube insular que milita
na segunda divisão do fute-
bol português não libertou o
extremo Witi para os com-
promissos dos Mambas fren-
te ao Botswana e Argélia in-
seridos na qualificação para
o Mundial-2026. No entanto,
para o espanto de muitos
moçambicanos, o extremo
foi titular no desafio frente
ao AVS SAD.
O selecionador nacional,
Chiquinho Conde, não es-
condeu a sua frustração pe-
rante a situação e instou a
Federação Moçambicana de
Futebol (FMF) para esclare-
cer a situação junto do clube
sediado na Madeira.
“Soube, neste domingo,
que o Witi jogou pelo Na-
cional, costuma-se dizer que
dores”, comentou Conde.
O timoneiro dos Mambas
referiu que falou com o atle-
ta e o mesmo garantiu que
está inapto para representar
o país, mas lamentou o facto
do extremo ter jogado no dia
em que os Mambas foram
derrotados pela Argélia, em
pleno Estádio Nacional de
Zimpeto, enquanto os mé-
dicos do Nacional da Madei-
ra garantiram que Witi teria
uma paragem de 15 dias.
“Fiquei completamente
perplexo, em princípio tenho
uma confiança muito grande
com os jogadores, contactei
quer o Witi quer o Geny, sen-
do que este último, segundo
a imprensa e ele próprio, ga-
rantiu que estava lesionado
no adutor e teria uma para-
gem de 15 dias. Diferente-
mente do Witi, que jogou
na jornada anterior até aos
80 minutos e disse-me que
tinha feito um arranque e ti- FMF cumpriu todos esses nacional moçambicano sem
nha sentido um desconforto pressupostos, mas o clube autorização da FMF e, por
muscular, o departamento não libertou, alegando que via disso, poderá ser sancio-
médico fez um relatório que estava lesionado. nado.
enviou a Moçambique e que O regulamento da FIFA Aliás, consta que o joga-
será analisado pelo compe- aponta, por outro lado, que dor em referência não foi
tente departamento da Fede- o atleta (lesionado) no pe- observado pelo departa-
ração. Se recuperou e estan- ríodo em que estiver con- mento médico da selecção,
do na Data-FIFA a primeira vocado para a selecção não o que de certa forma deixa
instância deveria ter sido a pode actuar pelo seu clube dúvidas sobre a lesão que
selecção nacional. Witi tem
feito um campeonato ex-
traordinário e acredito que o
seu clube queria que ele es-
O regulamento da FIFA
tivesse presente nestes jogos
de domingo. É lamentável”.
aponta, por outro lado,
que o atleta (lesionado)
Nacional poderá ser
sancionado pela FIFA no período em que
Em caso da Federação
estiver convocado para
Moçambicana submeter uma a selecção não pode
queixa à FIFA devido a uti-
lização e Witi do duelo em actuar pelo seu clube sem
que o Nacional venceu fora
de portas o AVS SAD, o Na-
autorização da Federação
cional poderá ser sanciona-
do, uma vez que é expressa-
do seu país, mas
mente proibido um jogador sucede que o Nacional
renunciar a selecção para re-
presentar o seu país. usou o internacional
O 'Regulamento do Es-
tatuto e Transferência do
moçambicano sem
Jogador' da instituição que autorização da FMF e,
por via disso, poderá ser
chancela o futebol a nível
mundial refere no seu artigo
3 que a respectiva federação
deve notificar o clube e o jo- sancionado.
gador com uma antecedência
de 15 dias face ao primeiro sem autorização da Federa- afastou Witi das duas pri-
dia da convocatória/dia da ção do seu país, mas sucede meiras jornadas da qualifi-
concentração. Sendo que a que o Nacional usou o inter- cação para o Mundial.
 CULTURA
23
Moreira Chonguiça distinguido no South African
Music Awards
O álbum “Sounds of Peace”, do saxofonista moçambicano Mo-
reira Chonguiça, por sinal lançado em Novembro de 2022, foi pre-
miado, recentemente, com o South African Music Awards (SAMA)
na categoria “Rest of Africa Award”, categoria que concorreram 21 DE NOVEMBRO DE 2023
autores como Ckay, Tim Lyre e Davido (Nigéria), Sha Sha (Zimba-
bwe) e Ferra Gola (RDC).

Gala-Gala lança antologia “A alma da água” em Stewart Sukuma lamenta morte

versão bilíngue “Português e Inglês” de Sara Tavares

G O
ala-Gala Edições lança nesta quinta-feira (24), ainda o livro oito fotografias
na cidade de Maputo, a partir das 17h30, no de, nomeadamente, Rui La-
Auditório do BCI, o livro “A alma da água – marques, Emídio Josine e Má-
Moçambique depois dos ciclones de 2019”, rio Macilau. A apresentação
uma antologia de prosa, poesia e fotografia. estará a cargo dos professores
Evidências e escritores Cremildo Bahule
e Dionísio Bahule.
A antologia é um tributo
comovente às regiões e famí-
lias devastadas pelos ciclones
Idai e Kenneth em 2019, apre-
sentando uma visão poderosa
dos trágicos eventos.
Por outro lado, a obra é
uma reflexão profunda sobre
a importância da preservação
e do respeito pela natureza,
abordando diferentes nuances
dos desastres naturais e enfa-
tizando a necessidade de uma
convivência harmoniosa entre
os seres humanos e a natureza
que nos cerca.
De acordo com o COGE-
DU, o livro, apesar de re-
Publicado anteriormente em Dubai, entre Outubro de flectir muita dor e angústia,
pela Gala-Gala e pela Lite- 2021 a Março de 2022. reflecte, também, “a grande
ratas em 2020 com o título O livro “A Alma da água” força interna e a esperança
“IDAI: Marcas em prosa e reúne contribuições de 29 es- que une o povo”. Pedro Pe-
verso”, é uma edição bilíngue critores moçambicanos, den- reira Lopes, que organizou
(português-inglês) especial- tre renomados e emergentes, o livro, avança que a con-
mente editada pelo Comis- entre eles Marcelo Panguana, cepção do livro foi motivada
sariado Geral para a Expo Juvenal Bucuane, Teresa No- pela percepção de um “esta-
2020 (COGEDU) no âmbito ronha, Sónia Sultuane, Nelson do de calamidade”, lê-se na
da Expo 2020, que decorreu Lineu e Sol Macie. Compõem nota de imprensa da editora.
conceituado músico moçambicano juntou-
-se aos artistas de vários cantos do mundo
e lamentou a morte da cantora cabo-ver-
diana Sara Tavares, tendo referido que os
seus ideais jamais serão esquecidos.
Evidências
Foi através da sua conta las canções que são a banda
oficial no Instagram que o sonora da minha vida, que
músico moçambicano lamen- são a única escola por onde
tou o desaparecimento físico passei. Pelos abraços, pela
da ícone da música cabo-ver- amizade desde o primeiro
diana. momento. Diante da notícia
“Perdemos hoje uma das insuportável da tua partida,
intérpretes mais expressivas há ainda muita coisa para
da lusofonia e do mundo. elaborar sobre o teu imenso
Puro talento, alma pura, ge- legado na música. Mas hoje
nuína, Sara Tavares vai ser só queria poder chorar jun-
sempre uma referência in- to dos amigos e colegas com
contornável na vida de quem quem partilhei a tua presença,
realmente preza a música e a tua voz de vento e sentido
a poesia. Uma amiga com de humor tão cabo-verdiano,
quem partilhei momentos a tua paixão pela vida e pelo
inesquecíveis. Hoje é um dia teu Takamine, os palcos por
triste para a comunidade ar- aí e as confidências na Graça.
tística, que fica mais pobre És eterna, mana. Serás eterna
com o seu desaparecimento em todas e todos nós”.

Anonimus junta artistas para ficcionar físico. A tua música estará Por sua vez, Lura preferiu

“Tensões do Mundo”

A
CATALOGUS organiza na próxima quinta- Eduardo Quive e Mélio Tin-
-feira, 23 de Novembro de 2023, às 17h30 no 16 ga, está assente nestes tempos
Neto, a segunda edição do Anonimus - Mani- em que a realidade e o que
festo Literário, reunindo artistas de diferentes realmente importa “parece se
mundos criativos para viajar pelo tema “Ten- diluir nos imediatismos e mo-
sões do Mundo”. dismos”.
Referem na sua justificação
A actriz e encenadora Ange- do “Um Segundo”, uma outra ao tema “Tensões do Mundo”
lina Chavango, o escritor Hé- forma de reflectir as tensões à que, recorrer à imaginação e à
lder Faife, a roteirista e escri- partir da experiência do corpo criatividade artísticas, pode
tora Lorna Zita, a artista visual asfixiado, o confinamento e o ser uma forma de “vermos sempre presente nos nossos ser parca nas palavras. “Não
Maria Chale, o poeta Óscar isolamento social que o mundo o mundo como ele é: há uma corações e os teus ideais sem- encontro palavras para des-
Fanheiro e o arquitecto e es- se viu forçado com a Covid-19. guerra na Europa, há ondas pre respeitados. Até sempre crever o que sinto… Obri-
critor Ruben Morgado, são os E porque Anonimus é so- de calor de que esta geração Mana Sara”, escreveu Suku- gada pela tua música amo-
principais protagonistas deste bre livros, apesar de centrar a não tem memória, o clima ma. rosa…”, sendo que, por sua
Anonimus. acção fora deles, os momentos está cada vez imprevisível, as Quem também lamentou a vez, a cantora cabo-verdiana,
Num programa que se quer de leitura serão protagoniza- desigualdade sociais aumen- morte de Sara Tavares foi a Elida Almeida, enfatizou:
uma experiência de convívio dos pela locutora Matilde Ue- tam à vista de todos, a insegu- cantora angolana Aline Fra- “Uma lembrança da primeira
e uma relação vibrante com a lissene, numa selecção de tex- rança, problemas com a saúde zão, que refere na sua publi- vez que fiquei fascinada com
cultura de leitura, será exibida tos de Nelson Saúde, Eduardo sobretudo mental crescem, a cação que a artista cabo-ver- a tua energia no Livity and
a peça de dança de Edna Jai- White, Mbate Pedro e Francis- educação de qualidade é uma diana jamais será esquecida friends e ganhaste o meu co-
me através de um filme reali- co Guita Jr. promessa vazia”. por tudo que fez pela música. ração, Mana Sara. Buaaaaaa,
zado por Ivan Barros, intitula- A visão dos curadores “Obrigada, mana Sara, pe- Voaaaaaa alto Borboleta”.
E IDÊNCIAS
60 Meticais

Pressionada por ameaças de não entrega de resultados

Namashulua diz que horas extras estão a ser pagas a conta-gotas
porque MEF pediu “auditoria”

N
as vésperas das Eleições Autárquicas, o Go- Economia e Finanças e o da
verno, através do Ministério da Economia e Administração Estatal e Fun-
Finanças, deu luz verde para o arranque do ção Pública, que gere todos
pagamento das horas extras dos professores os funcionários e agentes do
em todo território nacional. No entanto, de Estado”, disse a governante.
lá a esta parte, o grosso dos professores ainda não viu a cor
Os professores ameaça-
do dinheiro. Depois de muitos dias aconchegada no silên-
ram boicotar os exames do
cio, a ministra da Educação e Desenvolvimento Humano
veio a terreiro garantir que as horas extras dos docentes que exame básico, mas os exa-
prometem não entregar as pautas do terceiro trimestre como mes do ensino primário ar-
forma de pressionar o Executivo já começaram a ser pagas, rancaram sem sobressaltos
alegando que a demora deve-se ao facto de o Ministério da nesta segunda-feira, 20 de
Economia e Finanças (MEF) estar a exigir verificação da Novembro. Em relação a este
conformidade dos dados. processo, a ministra da Edu-
cação e Desenvolvimento
Duarte Sitoe
Humano apelou para que se
O Governo prometeu pa- classe docente, a ministra da evitem fraudes e corrupção
gar horas extras dos profes- Educação e Desenvolvimen- para que não haja passagens
sores do ensino primário e to, Carmelita Namashulua, sem mérito.
secundário em Setembro do reconheceu a dívida de 13 “Se o aluno aprende desde
corrente ano, mas de lá a esta meses de horas extraordiná- cedo a negociar a sua nota,
parte o grosso dos professo- rias aos professores. está, de igual forma, a com-
res ainda não viu a cor do di- “O MINEDH está cons- prar a sua própria incompe-
nheiro. ciente deste facto. Há um ano tência no futuro. Circula por
Face a esta situação, os e meio, temos dificuldade de aí aquilo que alguns chamam
professores, que foram indis- pagar horas extras aos nossos sas escolas. Naqueles casos esforços para que as reclama- de ‘ways’, mas saibam, desde
pensáveis na fraude que ga- colegas professores, mas não onde não há problemas, eles ções sejam respondidas, em já, que são enunciados falsos.
rantiu a vitória da Frelimo em se trata de um caso isolado; já começaram a pagar”. coordenação com o Ministé- Há grupos de pessoas, que
64 dos 65 municípios nas VI está a afectar todo o país”, Em Outubro do corrente rio da Economia e Finanças e podemos chamar de malfei-
Eleições Autárquicas, prome- reconheceu Namashulua, ano, através de uma carta diri- o da Administração Estatal e tores, que inventam exames
tem boicotar as actividades. que, entretanto, garantiu que gida ao pelouro da Educação Função Pública. e colocam à disposição de
Aliás, alguns docentes, que já há dinheiro para pagar aos e Desenvolvimento Humano, “Estamos a trabalhar no alunos. O MINEDH desen-
no segundo trimestre parali- professores, mas o processo para além dos recorrentes assunto. Algumas questões coraja a compra destes enun-
saram as actividades, tendo será feito de forma paulatina, atrasos no pagamento das ultrapassam a capacidade de ciados, referiu a ministra.
voltado depois de um mar pois “o Ministério da Econo- horas extras, reivindicaram a resolução, por parte do Mi- Importa salientar que a
de promessas do Executivo, mia e Finanças condicionou superlotação das salas e rei- nistério da Educação, tendo primeira chamada dos exa-
ameaçam boicotar os exames o pagamento à verificação, vindicaram melhores condi- em conta os subsídios, salá- mes do ensino secundário vai
do ensino médio em todo ter- no terreno, da veracidade das ções de trabalho. rios e tantos outros aspectos decorrer de 27 de Novembro
ritório nacional. horas. Assim sendo, a Inspec- Comentando sobre esta que precisam de interacção a 01 de Dezembro, enquanto
Na sua versão sobre as ção-Geral do Ministério está situação, Namashulua garan- com os nossos colegas, prin- a segunda vai decorrer entre
constatações levantadas pela a fazer a verificação nas nos- tiu que estão a ser envidados cipalmente do Ministério da 04 e 08 de Dezembro.

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