PDamiãoJosé

Maputo / 20 de Novembro de 2023 I Edicção Nº 667 I Ano XIV I Email: jornal.publico21@gmail.com I r823812091@gmail.com I Av. Vladimir Lanine, Nº 548, R/C, Flat 3

Luta Pela Paz

Presidente
Pág: 05

50 MT
Sai às Segundas

NãoAgitação
Desarmana FRELIMO

Aponta Causas
Caíram Manobras para Afastar o Bispo

Matsinhe Firme
Pág: 11

na Liderança
- “O Gabinete da Comunhão Anglicana e o Secretário-geral não têm
qualquer participação na eleição e selecção”, assegura a Igreja.
website: www.publicomz.com
 2 Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
3
DESTAQUE DESTAQUE
De acordo com Damião José somos cerca de quatro milhões de lema não tem nada a ver com este Fala-se muito de fraude, de roubo Como sempre. Os resultados eleito- iniciou com os debates da sucessão?
membros do partido. Então, se den- processo eleitoral, mas sim, com a de votos e diz-se que a FRELIMO rou- rais da FRELIMO resultam do trabalho

Luta pela sucessão tenta distrair FRELIMO

tro destes quatro milhões de membros, sucessão dentro do partido FRE- bou. Como é possível roubar votos? que tem estado a fazer, não só no perío- Talvez, aqueles camaradas que apa-
cada um aparecesse fora dos órgãos a LIMO, no contexto do fim do reinado do eleitoral, mas em todo momento. receram publicamente a pôr em causa
expressar as suas opiniões e nessa altura, de Filipe Nyusi, já em 2024? É isso Se calhar os que dizem que a FRE- Esta vitória revela a confiança que os a nossa vitória, estariam em melhores
a nossa direcção do partido aproximar- que pretende dizer? LIMO roubou, eles é que são os grandes moçambicanos continuam a depositar condições para explicar as razões de

E
se a cada um para buscar explicar, penso artistas do roubo de votos. Isso porque no partido FRELIMO. fazer isso porque, como dissemos, no
que seria muito difícil continuarmos a O tempo é mestre da vida e de todas da maneira como estão organizados os nosso partido, é pela primeira vez, de-
m entrevista colectiva concedida à Televisão de Moçambique, Rádio Moçambique, Televisão Miramar, Rádio Índico e aos jornais Notícias e PÚBLICO, o membro da Comissão
Política (CP) da FRELIMO, Damião José, nega que o partido esteja em crise e fragilizado, embora enfrente desafios de consolidação da coesão interna e de auto-sustentabilidade trabalhar e a envolvermos naquele que as incertezas. Penso que temos que dar órgãos eleitorais, com a representação Como é que a FRELIMO se sente pois de uma vitória, a termos alguns
financeira. Desmente ainda a existência de infiltrados no seio do partido e considera estranho e insólito que “camaradas” seniores, que podiam ser vistos como autoridades é o foco do partido FRELIMO. Portanto, tempoaotempoedecertezaquecomo dos partidos políticos com assento no governando sozinho a quase to- camaradas a pôr em causa esta vitória.
morais do partido, como Graça Machel e Teodato Hunguana e outros, apareçam publicamente a duvidar da vitória da FRELIMO nas eleições autárquicas de 11 de Outubro. é verdade que o nosso esforço é a união tempo perceberemos, na verdade, qual parlamento, não percebemos como é talidade dos municípios do país, um Não poderia, aqui, afirmar categorica-
Na entrevista, o membro da CC da FRELIMO destapa o véu e revela que o verdadeiro objectivo destas vozes é alimentar luta pela indicação de um candidato para suceder e coesão dentro do partido mas estas é a real motivação desta forma de ser e quesepoderoubarvotos.Osquedizem contexto democrático como este a mente que esta dissonância de vozes
Filipe Nyusi, nas eleições gerais de 2024, único caminho para a Ponta Vermelha. Aliás, refere o entrevistado, guerrinhas desta natureza assistiram-se aquando da sucessão de manifestações, estes pronunciamentos estar de alguns dos nossos camaradas. isso e por aquilo que todos os moçam- que vivemos? é porque há problemas de disciplina
Armando Guebuza, envolvendo as mesmas figuras. A seguir, convidamos o estimado leitor a apreciar a visão de Damião José sobre o ambiente político interno da FRELIMO, o
debate sobre a existência de inimigos de dentro e de fora que querem tirar o partido do poder e o esclarecimento em relação à questão da convocação de quadros da FRELIMO fora dos órgãos e, sobretudo, a colocar bicanos sabem, neste país, modéstia à partidária. O que pode acontecer é
para uma reunião. Para Damião José, não é oportuna uma sessão extraordinária do Comité Central (CC), mobilizada por alguns membros que procuram satisfazer ambições meramente pes- em causa a vitória da própria FRELIMO Que leitura faz dos pronuncia- parte, o único partido organizado, o úni- Este é o resultado exactamente da que, numa organização como o nosso
soais, sintetizadas no assalto ao poder. que todos trabalhamos para construir, mentos destes camaradas? Estariam co partido que faz trabalho político em democracia. Fomos às eleições e os partido e por alguma intenção e algum
isso sim, preocupa ao partido FRELIMO. a dizer indirectamente que não vota- todas as fases é a FRELIMO. Os outros munícipes decidiram e a FRELIMO vai objectivo que podemos não saber, um
ram na FRELIMO, ao questionar re- partidos apenas aparecem no período gerir 64 das 65 autarquias existentes no e outro camarada pode não observar a
ANSELMO SENGO grande para empurrar o partido FRE- qual este país, Moçambique, foi dilac- MO preparou-se, a FRELIMO organizou- trabalhar de forma a correspondemos Será que os estatutos prevêem sultados que dão vitória à FRELIMO? da campanha eleitoral e como é que país, mas nas assembleias municipais, a disciplina partidária. Este é um desafio.
Email: sengoans@yahoo.co.br LIMO à crise. Naturalmente, o objectivo erado severamente durante 16 anos se, a FRELIMO mobilizou, a FRELIMO fez àquilo que são os anseios dos moçam- sanções para casos de violação da podem ganhar eleições deste jeito? FRELIMO não estará sozinha. Portanto, Em relação à sucessão, não, ainda não
disso é banalizar e enfraquecer a sua di- por moçambicanos instrumentaliza- campanha para vencer as eleições de bicanos. disciplina partidária? Eu não posso afirmar que eles não vo- Mas são eles agora a acusar aquele a democracia não é divisão do poder, iniciou o debate. Quando começar, em
Jornalistas (J): Há uma tendência, recção e quando a direcção enfraquece, dos por gente de fora, cuja intenção, 11 de Outubro em 65 municípios. Este taram na FRELIMO, mas é preocupante que em todo o momento trabalha, se não é divisão dos municípios e a FRE- momento próprio, os moçambicanos
desdeaseleiçõesautárquicasde11de obviamente, todo o partido perde a sua era, exactamente fragilizar a FRELIMO. é que era o nosso desejo, esta é que Não vou comentar se existe ou não o seu comportamento. E, mais, LIMO quando vai às eleições, serão informados, e esse debate vai
Outubro passado, de banalizar a FRE- pujança, incluindo o governo, conse- E esta intenção, este esforço continua era a nossa expectativa. Infelizmente, uma medida disciplinar prevista para estamos agora na fase de pre- como disse anteriormente, começar nos órgãos com a tomada de
LIMO. Trata-se de uma situação que quentemente. até hoje. não conseguimos vencer em todos os os camaradas que se pronunciam pararmo-nos para a vitória não vai lá decidida para decisão.
se manifesta através de exibição de municípios. Vencemos em 64 dos 65 Como membro da Comissão fora dos órgãos. O que devo dizer da FRELIMO nas eleições ganhar este e aquele
imagens nas redes sociais de caixões, Sente que estas agitações aba- Estamos a assumir que há uma municípios. Política da FRELIMO, alguma vez é que nós, os mais novos, aprende- gerais e presidenciais de município e perder Como é que a FRELIMO olha para
ostentando a bandeira do partido, nam o partido? força externa que tende a desa- Então, nós não vemos razão para foi aproximado por essas vozes in- mos destes camaradas que são mais 2024. Isso passa ne- aquele e o outro as persistentes manifestações pós-
assim como alguns membros senio- creditar a FRELIMO internamente e que, depois de uma vitória destas, haja ternas que questionam resultados velhos que os problemas do partido cessariamente por município. Aliás, os eleitoral em algumas cidades do
res, que no lugar de expressar as suas Estas agitações não abanam o nosso influenciar a opinião pública, nesse vozes que digam que na FRELIMO há eleitorais? Que ensinamento estes apresentam-se dentro dos órgãos, definir e ou decidir órgãos do nosso país?
opiniões internamente, fazem-no na partido, mas há aspectos sentido? crise. Portanto, nós reafirmamos que membros deixam? resolvem-se dentro dos órgãos. Estes quem vai ser o partido, em re-
praça pública. A FRELIMO estará ou que nos preocupam, tal na FRELIMO não há crise. Mas, ao dizer- camaradas estão, neste momento, nosso candi- lação às sex- As marchas, penso que fiz referência
nãoemcrise,DamiãoJosé? como estava a fazer Naturalmente que sim, tal mos que na FRELIMO não há crise, não Bom, primeiro dizer que dentro do a colocar em causa a vitória da FRE- dato presi- tas eleições anteriormente, não surpreendem nem
referência, de haver como aconteceu depois estamos a dizer que partido houve camaradas que trabal- LIMO, mas se recuarmos no tempo, dencial. autárqui- à FRELIMO nem aos moçambicanos,
Damião José (DJ): Muito Obrigado! cidadãos que da proclama- não temos haram para que a FRELIMO vencesse as vamos nos aperceber que a intenção Por isso, cas, a porque parece ser cultura dos partidos
Nós já o dissemos várias vezes que a violentam ção da desafios eleições autárquicas. Depois de vencer, central destes camaradas não é o pro- d e - da oposição não aceitarem os resulta-
FRELIMO não está em crise. A saúde do outros Inde - den- é estranho que estes mesmos cama- problema da vitória da FRELIMO. dos eleitorais. Eles só aceitam quando
partido é boa. Todos os órgãos aos ci- radas comecem a duvidar da própria ganham e quando perdem não que-
diversos níveis do partido es- vitória da FRELIMO. É estranho e insólito Qual seria o real problema destes rem reconhecer, que é uma postura
tão a funcionar, e um sinal dentro do nosso partido. camaradas? diferente da FRELIMO.
inequívoco de que a Agora, é verdade que no quadro da vavel- cisão A FRELIMO já perdeu eleições em
FRELIMO não pendên- democracia interna, há liberdade de Deve haver uma outra intenção, mente, que o vários municípios e nunca marchou,
está em crise dadãos só porque cia nacio- expressão. Os cidadãos estão livres porque,seestãorecordados,noperíodo alguns co m i té nunca contestou. A FRELIMO, o que
está nos re- ostentam uma indu- nal, mas de manifestar as suas opiniões e nós dagovernaçãodocamaradapresidente podem ter central fez foi reconhecer a derrota, saudar o
sultados mentária com o logotipo porque respeitamos, mesmo que sejam Armando Emílio Guebuza, na altura em alguma coisa t o m o u vencedor e sentar, reflectir, analisar as
d a s do partido FRELIMO. o partido opiniões diferentes. Mas no caso em que estávamos na fase de preparação por detrás que por uma res- reais causas que levaram a que não ven-
Mas percebe-se que a inten- FRELIMO concreto, envolvendo camaradas do ambiente para a definição de quem visa distrair a di- olução, era que cesse neste e aquele município e a partir
ção deste acto é tentar mostrar é o partido que eu consideraria reserva moral do seria o sucessor do presidente, camara- recção do nosso todos nós devía- daí arregaçar as mangas para o trabalho
que a final de contas, a FRELIMO não do povo, não nosso partido, camaradas que eu con- da Armando Emílio Guebuza, também partido, de se con- mos nos empen- para as próximas eleições.
tem popularidade, que a FRELIMO conseguem sideraria quadros relevantes do nosso surgiram vozes. centrar em actividades har e trabalhar para É o que estamos a fazer agora. Por-
não tem aceitação. E isso subscreve-se alcançar esse partido, que são estes camaradas que E se a memória não me atraiçoa, uma e acções de preparação vencermos as eleições tanto, essas marchas, na nossa opinião,
num plano que não é novo, num pla- objectivo. Ago- ensinam a nós outros, os mais novos no parte dos camaradas que hoje apare- e organização da nossa nos 65 municípios. Isso tem como finalidade tentar pressionar
no antigo de fragilizar a FRELIMO, de ra, o que fazem partido, que a disciplina partidária é um cem a colocar em causa nossa vitória, vitória em 2024 e começar a significa que na próxima os órgãos da administração eleitoral ou
é dos elementos para a vitória da FRELI- são os mesmos que naquela altura se gerir situações que não interes- sessão do Comité Central, até mesmo o Conselho Constitucional.
MO. São estes camaradas que também destacavam a dizer que a FRELIMO es- sam ao partido. teremos que justificar por que
nos ensinam que no nosso partido, os tava em crise. organiza, trabalha com o povo e a servir é que não ganhamos num único Mas esta contestação também foi
problemas resolvem-se den- Como membro da Comissão o povo, de roubar votos. Esses outros Município, que é o município da Beira feita pela sociedade civil, onde orga-
tro dos órgãos e sejam Quer dizer que estas vozes que Política da FRELIMO, acha que as partidos, no caso concreto da Renamo, porque a decisão era vencermos em nizações não-governamentais apa-
exactamente esses aparecem publicamente a discordar eleições autárquicas foram justas, na página da nossa história ficará para todos os municípios. receram depois da votação e anún-
mesmos ca- dos resultados das eleições e falar da livres e transparentes? Ou seja, con- sempre registado que a Renamo foi Daí que, pelo mandato que o povo cio dos resultados, com números
maradas gestão do partido, resultam do prob- sidera limpa a vitória da FRELIMO? ou continua a ser um instrumento de conferiu, a FRELIMO vai continuar a gerir contrários, daqueles divulgados pela
que lema, ou seja, da disputa da sucessão destruição das conquistas do povo os municípios e desta vez, em 64 autar- comissão nacional de eleições. Como
d e a nível da presidência da FRELIMO? Naturalmente, até porque quem afir- moçambicano. Eles fizeram isso du- quias e a governar. Os moçambicanos é que a FRELIMO internamente tem
ma isso não é a FRELIMO, mas os órgãos rante os 16 anos e se forem a notar, até têm a consciência de que o partido FRE- gerido estas aparições?
eleições Estou a fazer uma ligação, tendo eleitorais. O papel da FRELIMO nisto é hoje, será que em alguns partidos, nota- LIMO tudo tem feito para corresponder
autárquicas em conta que, como disse, é estranho receber a vitória que lhe é atribuída pe- se alguma organização, algum trabalho as suas expectativas. Esta é uma outra face do problema.
que conferem que depois do nosso partido vencer as los órgãos eleitorais como fruto do seu que pudesse dar confiança de que este Agora, por estes dias, por exemplo, a Só para concluir, dizia que se calhar, estas
vitória à FRELIMO em 64 eleições, como venceu, termos cama- trabalho. é o partido que venceu as eleições? Assembleia da República está a funcio- marchas, contestações e mensagens
dos 65 municípios. radas que são a reserva moral do nosso É verdade que há reclamação por Nos municípios que eles ganharam nar graças ao voto que os moçambica- de intimidação só tem um objectivo,
Um partido em crise não pode nem combater a FRELIMO, porque, se estão trabalhar com alguns dos nossos con- tro do partido. Temos desafios sim, mas forma natural vem ca fora em poem partido, que são quadros do nosso par- parte dos partidos da oposição. Te- nos processos anteriores, o que é que nos maioritariamente depositaram na que é de tentar pressionar, influenciar
consegue vencer as eleições da forma recordados, nos outros países da nossa cidadãos para implementar este plano não estamos em crise e nem estamos em causa a própria vitória da FRELIMO tido, a pôr em causa a nossa vitória. Isto mos, agora, as ditas passeatas, as ditas os moçambicanos estão a ver? Em FRELIMO nas eleições gerais de 2019. Se os órgãos que vão tomar a decisão final.
comoaFRELIMOvenceu.Portanto,ore- região, onde temos partidos libertado- que não é novo: O plano de tirar o par- fragilizados. que acreditamos que eles participaram nos remete a termos que reflectir para marchas, mas este facto, também, não Quelimane, a cidade está a rebentar em não fosse isso, se calhar, teríamos uma Mas estes órgãos não tomam decisão
sultadodotrabalhopolíticodopartidoé res no poder, há sempre tendência de tido FRELIMO do poder. na sua construção. Isto é que é preocu- perceber o que realmente está a acon- surpreende nem à FRELIMO nem aos todos lados e destruída. Em Nampula, crise na Assembleia da República. só porque o partido X ou Y está a man-
avaliado em função dos resultados que desenvolver este tipo de acções. Este Que desafios o partido tem? pante. Indo concretamente à pergunta, tecer. É aí que acabamos desaguando moçambicanos. todos vemos o que se reporta lá. Então, ifestar-se. Tomam decisões de acordo
se obtém no fim de um processo eleito- plano, que não é novo, como dizíamos, O que acha das vozes que questio- não tenho elementos suficientes para no período em que o camarada Desde 1994 que realizamos eleições, como é que agora reclama? DEBATE SOBRE A SUCESSÃO com as evidências e as leis.
ral como este que realizamos no dia 11 vem desde a proclamação da inde- nam os resultados eleitorais e falam Temos desafios como a consolidação dizer se esses camaradas aproximaram- presidente Armando Guebuza estava no fim de cada eleição, aqueles que não Agora, a questão das organizações
de Outubro do corrente ano. pendência nacional e visa fragilizar a da crise na FRELIMO? da coesão interna, a sustentabilidade fi- se a nossa direcção do partido para quase para terminar o seu mandato. vencem, acabam sempre reclamando, Com isso quer nos dizer que esta Acredita que há um romper da não-governamentais, ou organizações
Agora, devo dizer que há, de facto, FRELIMO e tirá-la do poder. Se recuar- nanceira, entre outros, não significando explicar-se por que razões estão a o com o fundamento de que houve vitória resulta do trabalho feito pela disciplina partidária e pode ainda da sociedade civil, no nosso país, não é
uma tendência e um esforço muito mos um pouco no tempo, a razão pela Olha, o que devo dizer é que a FRELI- isso uma crise. Por isso, continuamos a fazer. O que posso dizer é que, nós Podemos assumir que este prob- fraude, que a FRELIMO roubou votos. FRELIMO? dizer se, internamente, a FRELIMO já segredo que temos organizações,
 4 Público
DESTAQUE
algumas, não-governamentais, que
se posicionam como se de partidos
políticos fossem. E isso tem alguma jus-
tificação. É no quadro daquele plano,
de tudo fazer, para desalojar a FRELIMO
do poder. Esta é uma das estratégias
que aqueles de fora, que não querem
a FRELIMO, acabam escondendo-se
por detrás de algumas organizações
não-governamentais e é por isso que
financiam as suas actividades, cujo tra-
balho é pura e simplesmente falar mal
da FRELIMO, usando vários meios para
atingir os seus objectivos.
Então, provavelmente, a forma que
essas organizações não-governamen-
tais, que se comportam como partidos
políticos, pretendem justificar o dinheiro
que receberam e mostrar serviços mas
não sei se a lei dá alguma importância
na decisão final em relação à contagem
paralela que é feita por uma organiza-
ção não-governamental.
Aliás, nós, no nosso partido, também
fizemos contagem paralela mas é para
nosso consumo interno, para não ficar-
mos surpreendidos pela decisão final
dos órgãos competentes.
A meio destas contestações, o
Conselho Constitucional pediu, há
dias, cópias das actas ou editais das
autarquias onde a Renamo apresen-
tou queixas. Como é que a FRELIMO
olha para esta decisão?
Normal, calmos, serenos e confi-
antes de que os resultados que foram
anunciados pela Comissão Nacional
de Eleições, também, poderão vir a ser
validados e proclamados pelo Conselho
constitucional. O conselho constitucio-
nal está a fazer o seu trabalho.
A propósito disso, há um debate
na praça, segundo o qual, as tensões
ou conflitos pós-eleitorais resultam
até do próprio modelo de com-
posiçãodosórgãoseleitoraisquesão
partidarizados. Dizem também que
estesórgãosdeveriamserprofission-
alizados. Que leitura a FRELIMO faz
deste debate?
A FRELIMO sempre defendeu a pro-
fissionalização dos órgãos eleitorais.
Portanto, a FRELIMO não vê nenhum
problema que os órgãos eleitorais se-
jam profissionalizados. Nós sempre de-
fendemos isso mas os outros partidos
políticos não aceitam.
Ofertas válidas para viagens
a partir de 1 de Julho.
Admiravelmente, eles próprios, que
advogam a partidarização dos órgãos
eleitorais, estão a reclamar e a contestar
aosdiversosníveisnofimdecadaproces-
so eleitoral, dizendo que houve fraude.
Consta que durante a vigência da
Covid-19, tinha sido marcada uma
reunião nacional de quadros do
partido mas foi adiada por falta de
condições para a sua realização na
altura devido às restrições. Quais são
as razões da não remarcação desta
reunião?
A reunião de quadros é uma das
Damião José, membro da CP da FRELIMO
actividades, é uma das reuniões dentre
várias reuniões que a FRELIMO tem es-
tado a realizar. E disse muito bem que
na altura que queríamos a realizar a
reunião de quadros, por conta da Co-
vid-19, não foi possível. Portanto, a FRE-
LIMO realiza as suas reuniões dentro de
um quadro e cronograma de trabalhos
pré-estabelecido. Temos tido reuniões
nas células, nos comités de círculo,
de zona, distritais, provinciais, Comité
Central e até na Comissão Política. A
reunião de quadros tem o seu tempo
e quando a FRELIMO julgar que há
razões que justifiquem a sua realização,
será realizada. O que não é aceitável é
convocar-se uma reunião de quadros
para analisar por que é que a FRELIMO
venceu as eleições em 64 municípios.
Até
30%
off
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
Isso não tem sentido.
As reuniões de quadros não são para
analisar os motivos pelos quais a FRELI-
MO ganhou as eleições. Em seu tempo
e quando achar oportuno, a FRELIMO
vai convocar a reunião de quadros
mas há um entretanto, a reunião de
quadros envolve muitos quadros em
relação ao Comité Central, mas ela não
toma decisões. Apenas é para reflexão,
discussão de ideias porque os órgãos
que tomas decisões são os comités
distritais, provincial, o Comité Central
e a Comissão Política. E de verdade, a
reunião de quadros faz parte do plano
e programa da FRELIMO desde a sua
fundação.
Háaqui,umaquestãoqueDamião
José repisa nas suas palavras ao dizer
que não faz sentido convocar uma
reunião de quadros para discutir as
razões da vitória da FRELIMO. Mas
algumas vozes internas, como Graça
Machel, dizem que“a FRELIMO deve
aceitar onde venceu e aceitar tam-
bém perder onde de facto perdeu”.
Tivemos também uma outra carta
de Teodato Hunguana em que dizia
que“dai a César o que é de Cesar”. Es-
tes posicionamentos todos, na visam
a direcção da FRELIMO?
É difícil falar do que a Mamã Graça
Bilhetes vendáveis
em ida ou ida e volta.
Maputo
Maputo
Maputo
Maputo
Maputo
Maputo
VISITE LOJAS LAM, AGÊNCIA DE VIAGENS OU LIGUE PARA 1737
está a pensar e do que o Dr. Teodato
Hunguana também está a pensar. Mas
a verdade é que não é a FRELIMO, não
é nosso partido que determina onde
vence e onde não vence. São os órgãos
eleitorais que determinam com base
nos dados e resultados das urnas que
a FRELIMO venceu em 64 municípios.
Não cabe a nós, não cabe ao partido
FRELIMO dizer que vamos vencer aqui
e não vamos vencer ali.
Se calhar a Mamã Graça e o Dr.Teoda-
to Hunguana, que também é nosso ca-
marada, mais outras vozes saberão nos
dizer, exactamente, por que é que duvi-
dam da vitória da FRELIMO, duvidam da
sua própria vitória que nós temos fé que
eles trabalharam e fizeram de tudo para
que a FRELIMO saísse vitoriosa.
A FRELIMO estaria em condições
derealizarumasessãoextraordinária
do Comité Central para analisar, dis-
cutir a vida do país, olhando para o
momento atípico, caracterizado por
marchas? Estaria em condições de
realizar uma sessão extraordinária
alinhar estas vozes dissonantes, na
perspectiva divergente dentro do
partido?
Nas reuniões que acontecem aos di-
versos órgãos do nosso partido, quer na
Comissão Política, quer no Comité Cen-
tral, no comité provincial e nos comités
distritais e do círculo, um dos pontos de
agenda tem sido a análise da situação
política, económica e social do nosso
país. Para dizer que a FRELIMO não vai
convocar uma sessão extraordinária do
Comité Central só porque existem co-
cidadãos que não aceitam os resultados
eleitorais que foram anunciados pelos
competentes.
Para além da contestação dos
resultados eleitorais, estas vozes le-
vantam também a ideia de existên-
cia de infiltrados dentro do partido
FRELIMO. Não interessa à FRELIMO
discutir este assunto para dissipar as
dúvidas?
Temos uma palavra de ordem no
nosso partido que vem desde a funda-
ção da FRELIMO que é “Unidade, Trab-
alho e Vigilância”. Portanto, a FRELIMO
tem consciência que no nosso seio
podem vir a ser introduzidas pessoas
infiltradas, só que, a haver infiltrados,
estariam a criar problemas ao partido.
Joanesburgo
Vilankulo
Inhambane
Beira
Tete
Pemba
Compre em www.lam.co.mz
Não estariam no partido para trabal-
har para a FRELIMO ganhar eleições.
Quem melhor saberá dizer que ex-
istem infiltrados na FRELIMO são os
camaradas que advogam a sua ex-
istência. Para nós, neste momento, não
temos infiltrados no nosso partido, até
prova em contrário.
Aliás, temos dentro do partido órgãos
quetrabalhamnestaárea,queéavigilân-
cia e um cada um de nós também tem
a orientação de agudizar a vigilância
porque sabemos que temos inimigos,
quer de fora, quer de dentro que tudo
fazem para tirar a FRELIMO do poder.
Mas como a FRELIMO é partido do
povo para o povo, de eleição em eleição,
a FRELIMO vai vencendo.
As marchas que temos vindo a as-
sistir tem estado a criar impacto neg-
ativo não somente no tecido social,
como económico. Qual é mensagem
que deixa para os manifestantes que
chegam a roçar o vandalismo?
Estas marchas têm autores, quer
morais, quer materiais e em algum
momento desaguaram na destruição
de bens públicos e privados, na van-
dalização de infra-estruturas, no roubo
de bens e também em mortes. Se não
fosse a pronta presença da nossa Polícia,
a Polícia da República de Moçambique,
que tenta dissuadir aqueles que tomam
atitudes de vandalismos poderíamos
ter tido muitos estragos.
Nós acreditamos que os órgãos com-
petentes devem estar a fazer algum
trabalho para apurar responsabilidades
em cada situação porque não é admis-
sível que, pelo facto de não ter vencido
as eleições, se organize pessoas, se in-
strumentalize pessoas para destruir e
agredir cidadãos.
Como última questão, a FRELIMO
ganhou em 64 das 65 autarquias nas
eleições de 11 de Outubro. O que é
que os munícipes destas autarquias
podem esperar da FRELIMO?
Em cada um dos municípios, no total
de 65, a FRELIMO apresentou um mani-
festo eleitoral que resultou da ausculta-
ção dos próprios munícipes.
Portanto, os munícipes devem espe-
rar da FRELIMO a continuação do trab-
alho para o bem servir aos munícipes,
cumprindo rigorosamente aquilo que
prometeu.
Publicidade
*Termos e condições
aplicáveis.
S
alvar a paz das
constantes
ameaças que
tem sofrido ao
longo dos tem-
pos está entre
os principais
desafios que
os moçambi-
canos e outros
povos do mundo têm, já convida-
dos pelo Chefe do Estado, Filipe
Nyusi, a não só acarinhar a paz
e seus proventos, mas a fazer de
tudo para que a sua manutenção
seja duradoura e com reais benefí-
cios para o desenvolvimento social
e económico.
HERMÍNIA MAHUMANA
Email: herminia.mahumane90@
gmail.com
Falando no âmbito da sessão de
abertura da conferência internacional
sobre promoção da paz e segurança
internacionais, na última sexta-feira, em
Maputo, o Chefe do Estado reconheceu
queopaíspercorreupassossignificativos
nesta matéria, razão pela qual está hoje
no Conselho de Segurança das Nações
Unidas, mas admitiu a necessidade de
seimprimirmaisdinâmicaparaqueseal-
canceumapazefectivanopaísenoutras
paragens do mundo em conflito.
Participaram no encontro vários
actores, entre nacionais e estrangeiros,
com reputação na diplomacia, inclu-
indo membros do governo e das Or-
ganizações da Sociedade Civil (OSC),
parlamentares, estudantes das relações
internacionais e diplomacia, entre out-
ros, que viram a preservação da paz
como crucial, tendo até (alguns destes),
equiparado a paz a uma criança que,
para crescer sã, precisa ser acarinhada.
Descrevem a paz como um ac-
tivo, cuja vitalidade resulta de actos e ati-
tudes de cada um dos moçambicanos
e de todos os cidadãos do mundo que
veneram a paz.
Na sua intervenção, Nyusi recomen-
dou aos participantes a uma reflexão
profunda sobre a paz e ao aprimora-
mento dos aspectos negativos, que in-
fluenciam negativamente no processo
de busca e manutenção da paz.
Realizada onze meses depois da in-
clusão de Moçambique no Conselho
de Segurança das Nações Unidas (fruto
da sua eleição a membro não-perman-
ente do órgão, em Junho de 2022), ser-
viu para providenciar ao país e ao mun-
do o modelo de construção da paz dos
moçambicanos e os desafios inerentes
à sua sustentação, porque o processo
de construção da paz, como sempre
aludiu o Presidente Nyusi, é contínuo.
Filipe Nyusi aproveitou, deste modo, a
ocasiãoparaencorajarospaísesquetêm
enfrentado situações de conflitos, a luta-
rem pela paz, por esta proporcionar um
ambiente social excelente e ser um ac-
tivo indispensável ao desenvolvimento.
A arquitectura formal da paz em
Moçambique foi-se consolidando com
as sucessivas assinaturas do acordo
de cessação definitiva de hostilidades
militares, a 01 de Agosto de 2019,
em Gorongosa, e do Acordo de Paz
e Reconciliação Nacional, o também
Apelo aos moçambicanos e ao mundo na voz do Chefe de Estado
Evitem ameaças contra a paz
Presidente da República na Conferência Internacional sobre a promoçao da Paz e Segurança Internacionais
chamado de Acordo de Maputo, a 06
de Agosto do mesmo ano.
O sucesso do processo de paz de
Moçambique tornou-se inequívoco
quando os países do mundo inteiro, por
unanimidade, em sede da Assembleia
Geral das Nações Unidas depositaram
o seu voto para que o nosso país fosse
eleito Membro Não-Permanente do
Conselho de Segurança das Nações Uni-
das,a9deJunhodoanopassado.Foium
votounânimeque,segundoFilipeNyusi,
mais do que envaidecer o país, convoca
os moçambicanos a uma maior respon-
sabilidade com a paz e segurança.
DDR NA FASE CRUCIAL
No encontro, o Presidente Nyusi
disse que o processo de Desarma-
mento, Desmobilização e Reintegração
(DDR) está “numa fase satisfatória”. Isto
porque, no âmbito deste processo, já
foram encerradas todas as bases da
Renamo, no total 16, e os seus homens
desmobilizados e desarmados, no uni-
verso de 5.221.
Neste momento, referiu, estão a ser
fixadas as pensões dos antigos guerril-
heiros da Renamo, ora reintegrados.
Na última terça-feira, recorda-se, o
Governo anunciou, após a habitual ses-
são do Conselho de Ministro, que cerca
de 739 dos ex-guerrilheiros da Renamo,
no âmbito do DDR, já têm visto do
Tribunal Administrativo para o paga-
mento de pensões.
PERCURSO DO PAÍS NAS NAÇÕES
UNIDAS
Moçambique iniciou efectivamente
a sua caminhada de Membro Não-Per-
manente no Conselho de Segurança
das Nações Unidas, no dia 3 de Janeiro
do corrente ano. A política externa, fun-
dada no princípio de coexistência pací-
fica entre os Estados, amizade e coop-
eração com todos povos do mundo,
foi determinante para assegurar 100
porcento dos votos de todos 192 países
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
que participaram da votação.
Para a sua eleição a Membro Não-
Permanente, Moçambique conseguiu
apoio de 15 Estados da Comunidade
de Desenvolvimento da África Austral
(SADC) e dos 54 Estados-membros da
União Africana (UA), assim como de
outros Estados amigos pelo mundo
fora, em particular da Comunidade
dos Países da Língua Oficial Portugue-
Pedro Comissário, embaixador de Moçambique nas Nações Unidas
sa (CPLP).
Moçambique tem desempenhado
activamente um papel construtivo, na
busca de consensos sobre dossiês que
corporizam a agenda de trabalho no
Conselho de Segurança.
Durante a sua primeira liderança ro-
tativa, Moçambique orientou debates
de alto nível que versavam sobre o ter-
rorismo e extremismo violento, a paz e
segurança em África; realizou consultas
e missões internacionais importantes
sobre a resolução de conflitos e partil-
hou a longa experiência do país na con-
strução da paz através do diálogo.
Discursando na abertura do evento,
Filipe Nyusi afirmou que, para alguns,
a candidatura de Moçambique como
membro parecia demasiadamente
ousada ou mesmo impossível para um
país em desenvolvimento enfrentando
muitos desafios, incluindo no domínio
da consolidação da paz.
Moçambique acumulou uma ex-
periência relevante na resolução de
conflitos por via pacífica e de diálogo,
experiência que pode servir de referên-
cia de resolução de conflitos em outros
quadrantes do continente e do mundo.
Aquando da sua candidatura, o país
estava empenhado no processo de
DDR, no âmbito de assinatura da paz
definitiva e reconciliação nacional a 6
de Agosto de 2019 entre o governo e
a Renamo.
O Conselho de Segurança das Na-
ções Unidas tem acompanhado a tra-
jectória singular de Moçambique na
resolução pacífica de conflitos através
do diálogo.
Para Nyusi, ao assumir o mandato
como Membro Não-Permanente do
Conselho de Segurança das Nações
Unidas, Moçambique passou a in-
tegrar o mais importante órgão do
multilateralismo global, cuja respon-
sabilidade primária é manter paz e se-
gurança internacionais, à luz da Carta
das Nações Unidas.
Ao longo dos dois primeiros 10 me-
5
DESTAQUE
ses do mandato, a acção de Moçam-
bique incidiu sobre três eixos funda-
mentais,nomeadamente:apresidência
do Conselho em Março, a presidência
dos órgãos subsidiários do Conselho de
Segurança e coordenação com outros
membros do órgão.
O Estadista moçambicano acredita
que a presidência do Conselho de Se-
gurança proporcionou uma oportuni-
dade ímpar de partilhar a experiência
de Moçambique na construção da paz,
privilegiando o diálogo com as diferen-
tes forças políticas e da sociedade.
“Demos maior enfoque na nossa
experiência no desarmamento e
desmobilização e reintegração e no
combate contra o terrorismo em cabo
delegado”, disse.
O aspecto marcante da presidên-
cia de Moçambique no Conselho e
Segurança foi o facto de ter levado
para a mais importante plataforma
do multilateralismo a voz de outros
participantes independentes entre
académicos e representantes da socie-
dade civil.
Ao nível da agenda estatal de Con-
selho de Segurança das Nações Unidas,
este tem sido chamado a coordenar os
trabalhos do órgão, tanto ao nível dos
15 membros, incluindo os 4 Membros
Não-Permanentes, como ao nível do
grupo A3, assim como ao nível E10.
“Os moçambicanos devem sentir
orgulho pelo facto de o país afirma-se
como Estado que granjeia respeito no
concerto das nações e cuja experiência
diplomática é promover e influenciar
posições e consensos com os 5 Mem-
bros Permanentes sobre projectos de
resoluções, declarações presidenciais,
comunicados e outras questões no âm-
bito da promoção da paz e segurança
internacionais”,sublinhou.
Por outro lado, o representante
Permanente da República de Moçam-
bique junto das Nações Unidas, em-
baixador Pedro Comissário, referiu
que a participação de Moçambique
no Conselho de Segurança radica no
propósito fundamental de contribuir
para a materialização do objectivo cul-
tural, que conduziu à criação da Orga-
nização das Nações Unidas.
Comissário reconheceu que
Moçambique iniciou o seu mandato
num ambiente conturbado de grandes
desafios internacionais, caracterizado
pelo retorno e competição estratégica à
escala global, e pela prevalência de con-
flitos intra e inter-estatais, e, para além
disso, o terrorismo, que passou a ser
um fenómeno preocupante no cenário
africano.
A eleição de Moçambique como
Membro Não-Permanente das Nações
Unidas deveu-se à visão e liderança do
Presidente Nyusi, bem como a solidez
da política extrema de Moçambique e
a maturidade da sua diplomacia.
 6 Público
OPINIÃO
Editorial
Moçambique celebrou, sexta-feira,
a sua participação no Conselho de
Segurança das Nações Unidas (ONU),
como Membro Não-Permanente,
através da realização, em Maputo, de
uma conferência internacional, com
o lema: “Moçambique no Conselho
de Segurança das Nações Unidas:
Promovendo a Paz e Segurança Inter-
nacionais”. O evento, cuja cerimónia de
abertura foi presidido pelo estadista
moçambicano, Filipe Jacinto Nyusi,
contou a participação de altas figuras
nacionais e internacionais, destaque
para Joaquim Chissano, antigo Presi-
dente da República e signatário do
acordo de paz de Roma, em 1992,
que acabou com a guerra dos 16 anos
movida pela Renamo; Mirko Manzoni,
enviado Pessoal do Secretário-Geral
das Nações Unidas para Moçambique
e Presidente do Grupo de Contacto;
Pedro Comissário, representante per-
manente da República de Moçam-
bique junto das Nações Unidas em
Nova Iorque; Raul Domingos, antigo
negociador-chefe do acordo geral de
paz pela Renamo, actual embaixador
de Moçambique junto da Santa Sé;
O Canhão
RUI DE CARVALHO (Jornalista)
E-mail: r823812091@gmail.com
A escola é um local onde as pes-
soas vão para estudar e aprender. Os
conhecimentos adquiridos servem,
ou deviam servir, para o progresso
do país e do mundo. Entretanto, há
quem vai à escola para brincar de
estudar. Fazer de contas que apre-
nde a ciência e a técnica, quando na
verdade vai ensinar e aprender mal-
andrice.
Jornal Público
Ano/Mtn
4.200,00
Cristóvão Chume, Ministro da Defesa
Nacional, entre outros.
Em Março passado, Moçambique
assumiu a presidência rotativa e entrou
na lista de poucos países africanos elei-
tos para o órgão. De lá para cá, o nosso
país não tem poupado esforços em
partilhar sua experiência na construção
da paz e os desafios, não somente na-
cionais, como também globais.
Com efeito, a conferência discutiu e
disseminou as principais realizações e
desafios enfrentados pelo país durante
a presidência rotativa e como Membro
Não-Permanente do Conselho de Se-
gurança da ONU. Reflectiu e partilhou
igualmente os caminhos percorridos
para o alcance da paz definitiva e dura-
doura que o país vive, mas, sobretudo,
as ameaças permanentes que este
bem precioso e indispensável para o
desenvolvimento de um país enfrenta
aqui na pátria amada. As ameaças mais
recentes e evidentes são as manifesta-
ções protagonizadas pela Renamo em
contestação dos resultados eleitorais
e a violência contra cidadãos que são
encontrados vestidos com camisetas,
camisas ou capulanas com símbolos
Malandrice na escola
Muitas alunas, sobretudo do en-
sino primário do 2º grau, secundário
e até universitário, mesmo que não
tenham assimilado a matéria, fazem
de tudo para passar de classe. Ou
para passarem numa certa discip-
lina. Quando se apercebem que as
suas notas das avaliações impos-
sibilitam lhes de passar de ano,
elas investem o seu corpo ou a sua
beleza e procuram os docentes. Nor-
malmente aparecem de saia curta,
calções, calças apertadas, decotes a
mostrarem o peito, etc.
Sentam-se de forma que o profes-
sor veja os seus atributos físicos dig-
nos dos melhores adjectivos. Nem
todos os docentes conseguem resistir
à tentação e acabam caindo na teia.
Outras inventam dúvidas, pedem
explicações privadas, de preferência
num local em que só estejam os dois.
E no lugar de explicações aconte-
cem esfregações. Esfrega para aqui,
esfrega para ali. E no final do semes-
tre a pauta sai bonita. A estudante
medíocre torna-se numa cientista de
Assinatura 2023
Entrega ao domicílio
Semestral
2.200,00
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
Desafios à paz
do partido FRELIMO.
Por isso, na abertura desta confer-
ência, Filipe Nyusi remeteu os partici-
pantes a uma reflexão profunda sobre
a paz e ao aprimoramento dos aspec-
tos negativos que em nada ajudam no
processo da paz e a sua manutenção.
Na ocasião, o Presidente da Repúbli-
ca encorajou os países que têm en-
frentado situações de conflitos, a lutar
pela paz. E vincou que a paz, além de
proporcionar um ambiente social ex-
celente, é um activo indispensável ao
desenvolvimento.
Dividido em três painéis interacti-
vos, os painelistas abordaram temas
vitais, incluindo a experiência de
Moçambique na construção da paz,
os desafios contemporâneos para a
paz e segurança, tanto local quanto
globalmente, e uma discussão sobre
o processo de eleição e desempenho
de Moçambique no Conselho de Se-
gurança da ONU.
Neste órgão, Moçambique está em
posição privilegiada e tem o feito para
influenciar políticas e decisões que af-
ectam não apenas a região da África
Austral, mas também o mundo inteiro.
mão-cheia e cabeça vazia. No futuro
as coisas se complicam. Arranjam em-
prego mas não sabem nem construir
uma frase sem errar.
Há também professores malan-
dros. Apreciam e perseguem alunas.
Mesmo que a estudante seja inteli-
gente, o professor dá-lhe nota nega-
tiva. Esta, com receio de reprovar, aca-
ba cedendo à chantagem do "stor",
Professor assediador, seu impostor.
Não tens vergonha?
E mesmo que a estudante tenha
notas altas, o professor assediador vai
atrás dela. E a estudante, com medo
de chumbar ou apanhar negativa
no teste seguinte, acaba tombando
na cama que já terá testemunhado
a presença de outras vítimas do mal-
andro.
Meninas, guardem os vossos cor-
pos para os vossos maridos, apren-
dam de verdade. De nada vale pas-
sarem de classe ou fazerem um curso
e receberem um diploma cheio de
nada em termos de conhecimento.
Um dia vão pagar caro.
Trimestral
1.500,00
A experiência do país na resolução de ciais, que mais parecem políticos da
conflitos internos, combinada com sua oposição que outra coisa, para a neces-
posição estratégica na África Austral, sidade de eliminar, de todas as formas
permite que Moçambique contribua possíveis, as ameaças contra a paz e
significativamente para as discussões estabilidade política.
sobre a paz e a segurança global, como Com guerras, marchas e violência
atesta a indicação de Leonardo Simão nenhum país pode prosperar. Aliás,
como novo Representante Especial do estudos recentes apontam que desde
Secretário-Geral das Nações Unidas o início das manifestações da Renamo,
para a África Ocidental e o Sahel. no dia 27 de Outubro, as actividades
Daí que não restam dúvidas de que económicas abrandaram devido ao
a eleição de Moçambique para o Con- receio da eclosão de um conflito ou de
selho de Segurança da ONU configura perdas de dinheiro.
um testemunho e legado da maturi- O sector privado receia investir, o
dade política e diplomática do país, que acarreta graves consequências
com maior incidência para o Presidente para os cidadãos que já sofrem por
da República, Filipe Jacinto Nyusi. causa do desemprego e do custo de
Nesse contexto, o caminho percor- vida. Dito isto, só nos resta reforçar os
rido até ao alcance da paz definitiva, apelos do Estadista moçambicano e
incluindo o sucesso do DDR, cujo de uma franja da sociedade civil sobre
processo de pagamento de pensões a necessidade de todos, mas, sobretu-
aos ex-guerrilheiros da Renamo está do, os partidos políticos e as organiza-
um curso, devem servir de lição e guia ções não-governamentais de adoptar
para os moçambicanos que gostam uma nova forma de ser e estar na sua
da paz. actuação.
Devem iluminar as mentes dos Devemos abandonar o discurso
moçambicanos, particularmente, belicista, as ameaças e o ódio, pois
dos partidos políticos e activistas so- como se diz, violência gera violência.
Ficha Técnica
Público SOCIEDADE NOVO RUMO, LDA
Reg. 040/GABINFO-DEC/2008
Av. Vladimir Lanine, Nº 548, R/C, Flat 3
Maputo-Moçambique
Telefax: 21415606
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO:
Presidente:
Dr. Rui de Carvalho - Cell: 84 38 12 091
E-mail: r823812091@gmail.com
ADMINISTRADORES:
Administrador Executivo: Ernesto Langa
Administrador: Rui da Maia
DIRECTOR EDITORIAL:
Anselmo Sengo - Cell: 84 674 1564
Email: sengoans@yahoo.com.br
CHEFE DA REDACÇÃO
MIGUEL MUNGUAMBE - Cell: 82 895 9407
Email: mmunguamb@yahoo.com.br
REDACÇÃO:
Anselmo Sengo, Miguel Munguambe, Atália Cavele
CORRESPONDENTES:
Jorge Malangaze (Sofala)
COLABORADORES PERMANENTES:
Benjamim Alfredo, Rui da Maia, Pedro Faela,Gerson da Silva
& Pedro Mufuukula
REVISÃO:
Ivan Levy
DISTRIBUIÇÃO
Délcio Lucas Cumbane - Cell: 87 971 6479& Rafael Nhar
PUBLICIDADE & MARKETING
Hélia Mucavele- Cel: 84 279 8394
MAQUETIZAÇÃO, PAGINAÇÃO & FOTOGRAFIA
Sansão Mazive - Cell: 84 482 6810 & 87 819 4600
E-mail: smazive@gmail.com
Ivan de Carvalho- Cell: 85 625 8287
ADMINISTRAÇÃO & FINANÇAS
Chefe: Sansão Mazive - Cell: 84 482 6810 & 87 819 4600
IMPRESSÃO:
Sociedade Noticias S.A | Matola - Moçambique
Sapiência
BENJAMIM ALFREDO (PhD)
E-mail: ba@balfredo.com
Enquanto aguardamos pelos resul-
tados eleitorais, vamos falar um pouco
de democracia, tema que pode pa-
recer caricato, tendo em conta o facto
de estarmos todos ansiosos em saber-
mos qual vai ser o veredicto final do
Conselho Constitucional. O tema so-
bre democracia tem estado a ocupar
as pessoas nos seus discursos quotidi-
anos, havendo tanta embrulhada em
cada um ao defender o que entende
por democracia no nosso contexto
social, dada a retórica rodeada pela ex-
pressão em causa. Cresce ainda mais a
confusão e estranha dicotomia entre o
que significa impor uma democracia e
o exercício da democracia. No nosso
país, salvo vontade social, a democ-
racia resulta de uma imposição por
EGÍDIO VAZ (Historidor ,
Estratega de Comunicação)
egidiovaz.com
A visita de Estado do Presidente
Filipe Nyusi à Arábia Saudita inscreve-
se na história como uma sinfonia de
sucesso diplomático, ecoando a eficá-
cia e a perspicácia de Moçambique no
palco mundial. Em diálogos frutíferos
com a liderança saudita, o Presidente
Nyusi assegurou um financiamento
substancial de 158 milhões de dólares,
uma infusão de recursos que promete
alavancar o desenvolvimento socio-
económico de Moçambique.
Este feito notável é uma dádiva para
o povo moçambicano, com a promessa
de que o financiamento se materializará
em projectos essenciais de saúde e infra-
estrutura. A construção e equipamento
de cinco hospitais regionais marcam o
início de uma era mais promissora, onde
o acesso a cuidados de saúde de quali-
dade será uma nova realidade.
Sob a liderança do Presidente Nyusi,
a política externa de Moçambique
prima por uma abordagem de peito
aberto, comprometida com a busca
Democracia e racionalidade política
parte de quem financia o nosso Orça-
mento do Estado e as realizações que
requerem investimento de grande
vulto, sendo, regra geral, os países oci-
dentais incluindo os Estados Unidos
da América, que muito tem feito alari-
do em volta do tema democracia. Esta
posição, embora tenha a ver com a
nossa situação de dependência exter-
na, não foge muito ao que aconteceu
durante a luta de libertação nacional,
por exemplo, em relação à doutrina
marxista, considerando que era ne-
cessário angariar apoios que tiveram
de vir dos países socialistas em grande
escala, para o apoio que tanto necessi-
távamos no combate ao colonialismo
português. Entretanto, não se pode
dizer que haja um pessimismo em
adoptarmos a democracia como es-
tilo de vida. Pretendemos alertar que o
processo de implantação e seu exercí-
cio implica a passagem por várias fases
e exige a contínua compreensão das
suas nuances e metamorfoses. É claro
que não se pode duvidar que a nossa
democracia está ainda numa fase em-
brionária e que, por isso, falamos dela
como se de algo já acabado se tratasse.
Em larga medida, falamos da democ-
racia num contexto de reivindicação a
vários níveis, produto de uma situação
Nas asas da esperança: Moçambique celebra
acordo Saudita
Este feito notável é
uma dádiva para o
povo moçambicano,
com a promessa de
que o financiamento
se materializará em
projectos essenciais
de saúde e infra-estru-
tura. A construção e
equipamento de cinco
hospitais regionais
marcam o início de
uma era mais promis-
sora, onde o acesso a
cuidados de saúde de
qualidade será uma
nova realidade.
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
de carências que se têm abatido con-
tra o nosso país. É claro, também, que
não podemos duvidar que a democ-
racia necessita de um sistema político
forte, ou seja, um sistema baseado
em instituições fortes, regras e clareza
quanto aos objectivos que com ele se
pretende atingir. A democracia na sua
elaborada forma institucional, pode
ser considerada como algo novo no
nosso país, mas na essência das nos-
sas vidas ela tem algumas raízes sociais
profundas, principalmente nas zonas
rurais onde as comunidades pos-
suem e usam regras consuetudinárias
que se aliam a aspectos de escolhas
colectivas, baseadas em crenças, com
teorias políticas modernas à mistura,
bem como em regras pré-estabelec-
idas que são comummente aceites.
Vive-se uma democracia melhor nas
zonas rurais do que nas zonas urba-
nas? Talvez. Mobilizar a população e
apresentar um projecto é mais fácil nas
zonas rurais do que nas zonas urbanas,
tendo em conta a multiplicidade de
interesses que se levantam e que, na-
lgum momento, podem interferir na
viabilização do mesmo. Tomando em
conta o facto de que a democracia se
exerce no contexto de um povo uni-
do, então, significa que devemos ter
de soluções concretas para as adver-
sidades locais e, ao mesmo tempo,
reafirmando o seu papel como um
proponente do pacifismo e da co-
laboração multilateral. Esta diplomacia
equilibrada e proactiva eleva o perfil
de Moçambique, promovendo a paz e
a segurança não apenas na região da
África Austral, mas em toda a comuni-
dade internacional.
A capacidade de Moçambique em
assegurar tais acordos de desenvolvi-
mento sob a orientação do Presidente
Nyusi reflecte uma era de diplomacia
activaeeficiente.OPresidenteNyusitem-
se destacado como um construtor de
pontes,fortalecendolaçoscomparceiros
estratégicos e diversificando as alianças
de Moçambique, garantindo assim um
crescimento inclusivo e sustentado.
O resultado da visita é um teste-
munho da habilidade do Presidente
Nyusi em negociações diplomáticas,
bem como do reconhecimento, por
parte da Arábia Saudita, das possibili-
dades e do potencial de Moçambique.
O acordo é uma prova de que, com
visão e liderança determinada, é pos-
sível alcançar resultados que ressoam
com as ambições de um povo.
A política externa de Moçambique,
agora mais robusta, é uma política de
peito aberto ao mundo, propícia ao
em mente a ideia de que o processo
democrático no nosso país deve pas-
sar por fases de interacção e de busca
e implementação de modelos que
satisfaçam tanto as populações das
zonas rurais como das zonas urbanas.
Há, com certeza, quem irá discordar
desta posição, defendendo a ideia de
que democracia é democracia e o seu
exercício é igual em qualquer zona do
nosso país. Tudo bem. Entretanto, não
podemos esquecer que a democra-
cia que se exerce na zona rural não
ignora a ideia de que quem manda é
o Chefe. Que fique claro que o Chefe
também o é porque escolhido e aceite
pela comunidade. Não seria possível
uma boa convivência num ambiente
de questionamentos em relação ao
poder do Chefe. Isto pode despoletar
argumentos científicos, contudo, é
uma realidade e deve ficar claro que
a democracia deve ser exercida de
forma racional, seja onde for, sendo
isto o que os políticos devem saber. A
noção de democracia como governo
baseado na vontade popular pode na-
lgum momento falir, caso se descubra
que há uma imposição exacerbada
em relação a certa vontade popular.
A democracia é hoje tão difusamente
aceite no âmbito da filosofia política
A capacidade de
Moçambique em as-
segurar tais acordos de
desenvolvimento sob
a orientação do Presi-
dente Nyusi reflecte
uma era de diploma-
cia activa e eficiente. O
Presidente Nyusi tem-
se destacado como
um construtor de
pontes, fortalecendo
laços com parceiros
estratégicos e diver-
sificando as alianças
de Moçambique,
garantindo assim um
crescimento inclusivo
e sustentado.
7
OPINIÃO
que chega a despoletar discussões e
o entendimento sobre que resulta-
dos se pretende atingir com ela. As
eleições, por exemplo, podem ter um
papel importante como expressão e
eficácia de um processo democrático.
Contudo, não são a única coisa que
conta numa sociedade. Não podemos
lograr encontrar a verdade sobre a de-
mocracia somente em eleições, pois,
muitas vezes, o que encontramos são
números que se discutem em volta do
reconhecimento sobre uma determi-
nada escolha. Na verdade, a eficácia da
votação depende em grande medida
da mentalidade política dos votantes:
O que querem, como querem a quem
pretendem depositar a confiança
em relação às suas vidas. Entretanto,
o votado deve possuir um projecto
político que satisfaça os eleitores, sob
pena de o processo de votação dene-
grir a democracia. O voto até pode ser
inadequado nalguns momentos, o
que é demonstrado nos casos em que
a liberdade de escolha não coaduna
com o que é esperado pela vontade
popular. O que conta mais na democ-
racia é a promessa de algo fazer e na
prática acontecer em prol da socie-
dade. Chama-se a isto democracia e
racionalidade política.
diálogo e ao progresso compartilhado.
A atenção do Presidente Nyusi aos por-
menores nas negociações reflecte o seu
empenho no avanço económico, social
e na estabilidade política do país.
Através destas acções assertivas e
bem-sucedidas, Moçambique reaf-
irma a sua credibilidade e confiança
como parceiro internacional, e o fi-
nanciamento obtido é um forte voto
de confiança na visão de desenvolvi-
mento do país, sinalizando um futuro
florescente que aguarda a nação.
A política externa moçambicana,
voltada para a resolução de desafios
nacionais e a promoção de uma con-
duta pacífica e multilateral, sai fortaleci-
da e corroborada por este êxito retum-
bante. Este evento reflecte a mestria
de uma estratégia externa articulada
e a previdência de um líder que com-
preende as dinâmicas do poder global
e as oportunidades de crescimento
para o seu país.
A segurança deste financiamento
essencial destaca o Presidente Nyusi
como um estadista de visão, cujas
decisões são marcadas por uma lider-
ança que transcende o seu tempo,
assegurando a Moçambique um
lugar de honra no cenário global e um
porvir próspero e saudável para a sua
população.
 8 Público
OPINIÃO
PEDRO FAELA (Mestre e
Doutorando em Direito)
Pedrofaela@gmail.com
Nos tempos correntes, até pode pa-
recer apenas em Moçambique, mas
as dinâmicas mostram que quase que
todo o mundo está passando de várias
convulsões sociais (não significando
que Moçambique deve se atrelar à
generalidade do que se está passando
no mundo), movidos, primeiramente,
pelo agravar das condições económi-
cas que por si condicionam a situação
de vida do indivíduo.
O adensar das condições de vivên-
cia (sobrevivência) vai ganhando espa-
ço no mundo inteiro (mesmo que seja
em condições diferentes), seja na Eu-
ropa (lembrem-se das últimas convul-
sões na França e em Portugal através
dos chamados coletes amarelos), seja
no continente africano (vide os últimos
sinais na África do Sul, aliados à famosa
crise energética, para além da questão
da emigração ilegal naquele país ou
mesmo na África do Norte).
Ora, a emigração que tem conhe-
cido um dos seus epicentros no Mar
Mediterrâneo, a qual vêm sufocando
quase toda a Europa, principalmente
os países de entrada (dificuldades de
acolher os emigrantes e milhares de
mortes no mar), como a Itália, Grécia e
todo o velho continente, que já reclama
a degradação das condições para todos
os que abandonam o norte de África
em resultados das incessáveis guerras,
algumas resultantes de disputas tribais
que sempre caracterizaram o conti-
nente negro, guerras essas movidas
preterivelmente com a mão ocidental,
CARLOS MONDLANE
O meritíssimo Celso Alexandre
Vasco pertence à nova vaga de juízes
distritais moçambicanos. Para quem o
conhece, sabe que é um jovem verda-
deiramente comprometido com o tra-
balho e dotado de arcaboiço técnico e
humano sem igual.
A magistratura judicial moçambi-
cana vê nele um dos mais altos expo-
entes da benigna transformação social
pretendida.
Colocado no Tribunal Judicial de
Alto Molócuè, província da Zambézia,
foi, há dias, vítima de ameaças contra a
sua integridade moral e espiritual, ma-
terializada por depósito de um caixão
à porta do Tribunal e uma carta amea-
çadora de 'vingança' por conta de uma
decisão por si proferida que terá desa-
gradado um dos lados da contenda.
Não há dúvidas do carácter pertur-
“Ainda pode sobrar tempo para o trabalho…”
que sempre viu o continente negro
como a sua fonte principal da matéria-
prima (seus recursos naturais), onde a
França e os EUA lideram o enredo, para
além crise ucraniana (que mais uma
vez o mundo ocidental enveredou
em apoiar a guerra e não incentivar o
diálogo, como se devia esperar), a re-
cente crise Israel – Hamas (escalar da
chacina humana já mais vista nos últi-
mos tempos), que apenas atingiu o seu
ápice, pois, já a anos (não poucos), vinha
sendo incubada, a qual está a provocar
uma verdadeira carnificina humana.
Esta carnificina, se fosse movida por
um “país qualquer”, diferente dos EUA
(Israel é aliado número Zero de Israel),
o Tribunal Penal Internacional já devia
ter trazido em público e a nível inter-
nacional, um mandado de captura in-
ternacional contra esse país, contudo,
como o governo sionista, encabeçada
por Benjamim Netanyahu, em parcei-
ra com o seu aliado e instigador Biden,
que se parece com as administrações
republicanas que sempre nos habitu-
aram práticas hediondas, o silêncio do
TPI é ensurdecedor.
O mundo está vivendo momentos
de crise sem precedentes, podendo
ser até uma crise existencial, pois nem
os mais elementares valores humanos
estão sendo respeitados, como seja
o direito à vida, que em consequên-
cia desembocam os demais direitos,
como a direito à liberdade, à saúde, a
alimentação, à educação, ao trabalho,
para além das demais liberdades fun-
damentais que efectivamente estão
sendo postos em causa.
Porque nos tempos actuais e com o
advento das redes sociais que vão sen-
do motivados pelo desenvolvimento
das tecnologias de informação e comu-
nicação, o direito ao trabalho, este pode
ter ficado para uma posição secundária,
Juiz Celso Alexandre Vasco
A magistratura judicial
moçambicana vê nele
um dos mais altos
expoentes da benigna
transformação social
pretendida.
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
Esta carnificina, se
fosse movida por um
“país qualquer”, dife-
rente dos EUA (Israel é
aliado número Zero de
Israel), o Tribunal Penal
Internacional já devia
ter trazido em público
e a nível internacional,
um mandado de.........
pois nem existe tempo para o efeito,
visto que as redes sociais monopoli-
zaram tudo, arrastando consigo o tem-
po de trabalho para uma verdadeira
produção (nos habituaram os tempos
de ontem), para um mero trabalho dis-
cursivo, onde todos sabem um pouco
de tudo, desde a política, a engenharia,
a saúde, a edução ou mesmo a agricul-
tura, mas fazem muito pouco (apenas
discursos muito improdutivos). Estes
discursos “roubam” o tempo de trab-
alho para muitos, por quão apelativos
que são (doces amargos).
Na verdade, nas redes sociais, trab-
alha-se em tudo e mais alguma coisa
(muitos fazem muito dinheiro por lá),
não restando espaço para o trabalho
convencional (aquele que, embora
aceita a modernidade, ainda se impõe
que sejam usados métodos tradicio-
nais), o que nunca devia ser substituí-
do pelo trabalho discursivo, visto que,
bador para qualquer pessoa a quem é
acometido esse tipo de reacção.
A defesa da independência dos tribu-
nais - tanto no plano institucional como
no funcional - é dever de todos nós.
Vale recordar que a violência ou
ameaça de violência contra o livre ex-
ercício de funções de órgão de sobera-
nia configura um tipo legal de crime
punível com pena de prisão variável
de 5 a 10 anos (artigo 398, n. 1 do Có-
digo Penal).
Os tribunais são órgãos de soberania,
conforme o artigo 133 da Constituição.
No caso de ameaça contra um seu
titular, trata-se, na verdade, de um deli-
to formal, que prescinde da consuma-
ção da violência ou da grave ameaça
para a sua caracterização. Basta que
Pensamentos Que Não São Meus
nunca imaginei que hoje podia-se
comer arroz, milho, feijão, pão, produ-
zidos nas redes sociais.
Sim, os cereais e as leguminosas
produzidos nas redes sociais não con-
seguem alimentar o mundo, incluindo
os próprios produtores, mas, parece
que vincam, pois, nas redes sociais
se fala de tudo e de nada, não sob-
rando tempo para efectivamente se
fazer trabalho produtivo, sim trabalho
produtivo, pois a batata, o feijão que o
blogueiro come, o pão que o facebo-
queiro consome, as leguminosas que
o whatsapeiro consome nunca sairão
daqueles canais, mesmo aceitando
que a ciência já produz protótipos de
sementes, mas estas precisam de al-
guém para os lançar na terra.
Ainda devia sobrar tempo para o
trabalho, não apenas ideológico, pois,
não só de ideologia vive o Homem,
mas sim do pão, pão este que embora
Na verdade, nas redes
sociais, trabalha-se em
tudo e mais alguma
coisa (muitos fazem
muito dinheiro por lá),
não restando espaço
para o trabalho con-
vencional (aquele que,
embora aceita a mod-
ernidade, ainda .......
Vale recordar que a
violência ou ameaça
de violência contra
o livre exercício de
funções de órgão de
soberania configura
um tipo legal de crime
punível com pena.....
se aceite o contributo da ciência para a
sua produção, este deve ser produzido
sobre a terra e mais nenhum outro es-
paço, daí que se entende que o mun-
do moderno, orientado à disputas
ideológicas, deve sim ceder ao mundo
real orientado para a produção, onde
a agricultura devia continuar a ser um
elemento chave.
O mundo moderno das redes soci-
ais (as ferramentas das massas) devia
arrastar essas mesmas massas para a
produção, seja no campo ou mesmo
na cidade, pois, o que lhes deve dar
energia é o estomago cheio e não as
mesquinhices do avanço tecnológico
que diariamente está sendo testado
na mente dos “pouco” atentos, pois
os seus promotores estão num “bem-
bom”, como alguém disse algures.
O mundo moderno das redes sociais
devia ajudar a juventude a perceber
que é o domínio da ciência e da técnica
que pode melhorar as condições de
vida do indivíduo e não através os ide-
alistas ou ideólogos, os quais estão re-
vestidos até de ciência, mas não concili-
ada com a técnica, onde a ciência sem
técnica é como se fosse a fé sem obras,
como as escrituras sagradas se referem.
O mundo de hoje, sim, no qual se
vive, deve dar tempo ao trabalho e não
a discursos belicistas ou atitudes belicis-
tas que, como se está a acompanhar o
que está a acontecer em Israel, na Pales-
tina,naLíbia,noNortedeMoçambique,
entre outros territórios, não ajudam em
nada para o desenvolvimento, mas
grassam ainda as condições de vida do
indivíduo para além de perigar a sua
própria existência.
Enfim, ainda se pensa que deve
sobrar tempo para o trabalho, pois
o Homem vive do pão e não do dis-
curso, embora se aceite que alguns do
discurso se fazem viver.
atente contra qualquer actor envolvi-
do no processo judicial e que favoreça
interesse próprio - do autor da ameaça
- ou alheio.
Há, por conseguinte, que perquirir
as consequentes responsabilidades.
Não se pode banalizar ou tornar
corriqueira a ameaça a um titular de
órgão de soberania por causas decor-
rentes do seu ofício.
Na qualidade de colega, formador e
amigo e considerando a intransigên-
cia abnegada no cumprimento da lei
com que notadamente fundamenta
as suas decisões, mais a integridade a
que nos habituou, serve esta nota para
manifestar a minha solidariedade a si,
meritíssimo juiz Celso, e à sua família.
Ad sumus.
Durante cimeira virtual do Sul Global
Nyusi defende compensações aos pobres
O
Chefe do Es-
tado moçam-
bicano,
Filipe Nyusi,
defende
necessidade
a
de os países
ricos com-
pensarem os pobres e todos os
países do Sul Global pelos danos
causados pelas mudanças climáti-
cas. Com efeito, os países pobres e
do Sul Global sofrem muito com as
alterações climáticas, causadas pelo
aquecimento global, resultante
de emissões de gases em excesso,
através das indústrias e de carros.
O estadista moçambicano falava na
última sexta-feira, na segunda edição
da Cimeira Global Vozes do Sul, um
evento que decorreu em formato vir-
tual sob o lema“Sul Global: Juntos por
Um Futuro Comum”.
“Entendemos igualmente que, como
países do Sul Global, devemos con-
tinuar a liderar as práticas mitigatórias
das mudanças climáticas e devemos ser
justamente compensados por danos
e perdas”, disse Nyusi durante o evento
virtual, presidido pelo primeiro-ministro
indiano, Narenda Modi.
Aos participantes, Filipe Nyusi
disse ainda ser urgente reforçar-se a
cooperação, traduzindo-a em acções
concretas, como sejam, o financia-
mento à transferência de tecnologias,
desenvolvimento de infra-estruturas
sustentáveis, investigação e inovação.
Explicou que o financiamento de
infra-estruturas sustentáveis passa
pelo acesso a fundos bonificados, par-
cerias público-privadas para projectos
de utilidade pública, em circunstâncias
de falta de capacidade de auto-finan-
ciamento pelo governo, mas que haja
interesse do empresariado nacional e
internacional.
“É neste sentido que Moçambique
quer ver aumentado o investimento
e acesso aos recursos financeiros e tec-
nológicos, incidindo no desenvolvim-
ento do capital humano para transfor-
mar localmente os recursos naturais,
fomentando a industrialização”, disse.
Para o efeito, Moçambique, na quali-
dade de Membro Não-Permanente do
Conselho de Segurança das Nações
Unidas, não tem poupado esforços
para que se viabilize a paz e segurança
internacionais, assim como os Objecti-
vos de Desenvolvimento Sustentável,
para que o sonho de “Juntos por Um
Futuro Comum”ganhe força e razão.
A Cimeira Global é uma plataforma
que os países em desenvolvimento
usam para fazer ouvir a sua voz nos
organismos internacionais impor-
tantes, como é o caso do Fórum de
Cooperação Económica Internacional,
que integra as principais economias
desenvolvidas e subdesenvolvidas do
mundo, vulgarmente chamadas G20.
Aquando da presidência da Índia no
G20, os países exprimiram a sua par-
ticipação na governação das instituições
multilaterais, promoção do desenvolvi-
mento sustentável, reforço digital, mu-
danças climáticas, luta contra terrorismo,
paz e segurança entre outros aspectos.
PR enaltece investimento da Vodacom
A
Vodacom
Moçambique
celebrou, no dia
13 de Novem-
bro, o seu 20º
aniversário de
operação. Foi
em 2003 que
a operadora de telefonia iniciou as
suas actividades de comunicação
móvel em Moçambique, desde o in-
ício orientada para o cliente, tendo
alterado o paradigma do mercado
das telecomunicações no país, que,
até então, era dominado por ape-
nas uma telefonia pública
Falando durante a gala que mar-
cou a festa dos 20 anos da Vodacom,
o Presidente da República, Filipe
Jacinto Nyusi, enalteceu o papel da
telefonia pela sua contribuição no
desenvolvimento do capital humano,
mercê das transformações ocorridas
ao longo dos 20 anos no campo das
comunicações, contribuindo para a
alavancagem da economia nacional
em diferentes níveis. Nyusi enalteceu
o esforço da Vodacom pelo inves-
timento que tem estado a fazer no
alargamento da rede e na inclusão
financeira dos moçambicanos, razão
pela qual classificou a Vodacom
como uma empresa de destaque no
mercado de telefonia móvel e ser-
viços associados no país.
“O caminho trilhado pela em-
presa [Vodacom] é impressionante
e merece a nossa apreciação. Este
posicionamento é fruto do investi-
mento em infra-estruturas de rede
para o alargamento do campo das
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
Sobre a primeira sessão do Vozes
do Sul, realizada em Janeiro do pre-
sente ano, os países aprofundaram
questões relacionadas com objectivos
do desenvolvimento sustentável, as
reformas de instituições multilaterais,
infra-estruturas, terrorismo, redução
telecomunicações e maior acesso à
rede móvel, o que tem contribuído
para a implantação da banda larga no
país, proporcionando melhor acesso
à Internet. Queremos aproveitar o
ensejo para congratular a Vodacom
pelo lançamento da tecnologia 5G
de comunicação, uma tecnologia que
Vodacom celebrando os 20 anos em Moçambique
promete revolucionar os serviços de
Internet e ajudar na transformação do
tecido empresarial”, referiu Filipe Nyusi,
para depois acrescentar: “Acolhemos
com muita satisfação o lançamento
do cabo submarino 2 África, o maior
sistema de cabos submarinos, que
promete maior estabilidade e segu-
rança da rede de comunicação pe-
rante eventos naturais extremos que
ciclicamente assolam o nosso país”.
Filipe Nyusi, PR
tensões e conflitos.
“Para isso, urge atender as preocu-
pações e necessidades específicas dos
países em desenvolvimento. Volvidos
Nyusi destacou ainda a contri-
buição da Vodacom na inclusão finan-
ceira dos moçambicanos, através do
M-Pesa, reconhecendo que, apesar
da expansão da rede de retalho na
banca comercial, ainda prevalecem
distâncias a percorrer para aceder a
uma instituição financeira, sobretudo
nas zonas rurais, e a carteira móvel tem
sido uma alternativa viável e de fácil
acesso para se efectuar transacções de
forma segura e em tempo real, criando
condições básicas de acesso a um ser-
viço bancário oficial e assumindo-se
como ferramenta de apoio aos objec-
tivos do governo atinentes à inclusão
financeira dos moçambicanos, em
obediência aos ditames regulamenta-
res das autoridades monetárias.
9
NACIONAL
dez meses, ainda que persistam desa-
fios, sentimos ter havido evolução pos-
itiva na sensibilidade quanto à legitimi-
dade das preocupações dos países em
desenvolvimento, sobretudo, maior
representatividade em instituições
multilaterais, maior acesso facilitado a
recursos financeiros”.
Quanto ao recrudescimento de
tensões de conflitos no Médio Oriente,
África, Europa e Ásia, Nyusi apela aos
países para intensificarem esforços e
fazerem ouvir as vozes do Sul para a
restauração da paz, segurança e um
futuro próspero.
Saudou a Índia por, na sua presidên-
cia do G20, ter conseguido que a União
Africana fosse admitida nesse grupo de
20 maiores economias do Mundo.
Refira-se que participaram na segun-
dacimeiradeVozesdoSul,paísescomo,
Malawi, Guiné, Comores, Jamaica, Egip-
to, Sérvia, Panamá, Sri Lanka e outros.
Por seu turno, o presidente do Con-
selho de Administração da Vodacom
Moçambique, Lucas Chachine, afir-
mou que o percurso até agora não
foi totalmente um mar de rosas, visto
que a empresa enfrentou diversos
desafios, mas várias foram as real-
izações. “Estou orgulhoso de como
esta indústria, na sua totalidade,
transformou a vida dos moçambi-
canos em todos os cantos do país e
estou particularmente orgulhoso do
papel-chave desempenhado pela
Vodacom neste processo de transfor-
mação nos últimos 20 anos. Ao longo
destas duas décadas de actividade,
enfrentámos variados desafios, mas
o nosso orgulho é grande, porque
criámos uma cultura que promove o
desenvolvimento de talentos locais
dentro da organização, onde várias
funções-chave são desempenhadas
por moçambicanos, em diferentes
níveis. Para materializarmos a missão
de alavancar a economia, mantemos
o foco na expansão da rede, de forma
a garantir que mais pessoas tenham
acesso a uma rede de telecomuni-
cações de qualidade, alargando as
oportunidades para as populações”.
Simon Karikari, director-geral da
Vodacom Moçambique, partilhou a
trajectória e a visão da empresa, reaf-
irmando o compromisso da Vodacom
com o contínuo avanço tecnológico,
bem como a excelência na oferta de
serviços e produtos aos clientes. Igual-
mente, referiu-se ao avanço na visão
da inclusão digital e financeira dos
moçambicanos.
 10
NACIONAL
Com a duração de dois meses em
regime de internamento, o curso
decorreu sob o lema “Formar jovens
contribuindo para a sustentabilidade
ideológica do Partido”.
No seu discurso de encerramento,
o membro da Comissão Política da
FRELIMO, Damião José, disse que a de-
claração de compromisso feita pelos
jovens comprova que os objectivos
fundamentais que determinaram a or-
ganização do curso foram alcançados
e que estão preparados para adoptar
métodos de trabalho consistentes
com as orientações e estilo de trabalho
do Partido e das organizações sociais.
Assim, ao regressarem aos seus dis-
tritos, os jovens devem contribuir para
que seja perpetuada a história da FRE-
LIMO, sobretudo no que se refere aos
ideais que ditaram a sua fundação em
1962 e sustentam a razão histórica da
existência.
O membro da Comissão Política
fez saber ainda que devem contribuir
no fortalecimento e sustentabilidade
da FRELIMO e no reforço da proactivi-
dade dos jovens na implementação
do programa do Partido, cujo foco é a
consolidação da coesão interna.
“Devem contribuir no reforço do
funcionamento dos órgãos, na dinam-
ização do trabalho político no contex-
to de uma crescente competitividade,
unidade nacional, democracia, paz,
reconciliação nacional e desenvolvi-
mento”, apontou Damião José, acres-
centando, igualmente, a necessidade
de fortalecer o desempenho efectivo
dos jovens nas suas funções política,
social e como agentes do desenvolvi-
mento através da sua participação nos
processos de liderança, organização
e gestão das actividades do Partido e
das organizações sociais.
O dinamismo e espírito de equipa,
reportados como tendo caracterizado
o curso, confirmam a convicção do
Partido de que acções desta natureza
são promotoras da unidade nacional.
Os relatos dos recém-formados con-
stituem evidência inequívoca de que,
pelo facto de o curso sobre Sustent-
abilidade Ideológica do Partido ter
reunido, na Escola Central do Partido
FRELIMO, jovens provenientes de todo
o país, criou condições para conheci-
mento mútuo e partilhas interculturais
entre os formandos, fazendo deste
programa não apenas uma acção de
formação político-ideológica, mas, ac-
ima de tudo, uma acção de educação
cívica e patriótica.
Durante o curso, referiu o membro
da Comissão Política da FRELIMO,
“percebemos também que os for-
mandos desenvolveram habilidades
para a vida, que lhes vão permitir uma
participação mais consciente na vida
política, social e económica do país,
fundada na visão política da história
dos desenvolvimentos político, social
e económico do nosso país, que, afinal
de contas, não se dissocia da história
da FRELIMO, desde a sua fundação até
à actualidade”.
Com efeito, prosseguiu Damião
José, durante os dois meses da forma-
ção, que decorreu de 18 de Setembro
Formados durante dois meses na escola central na Matola
Jovens asseguram sustentabilidade
ideológica da FRELIMO
J
ovens provenientes de todos os distritos e da cidade de Maputo terminaram, na sexta-feira, na escola
central do partido na Matola, província de Maputo, o primeiro curso sobre a sustentabilidade ide-
ológica do partido FRELIMO, prometendo contribuir na sustentabilidade ideológica do partido do
povo para o povo. “Neste ambiente participativo de aprendizagem, reconhecemos que os forman-
dos que saem deste curso desenvolveram os princípios e valores que são defendidos pela FRELIMO,
com destaque para a continuidade da acção e tradições gloriosas da Frente de Libertação de Moçam-
bique, de coragem e heroísmo em defesa dos interesses do povo moçambicano e de Moçambique”.
Jovens formados em Sustentabilidade Idiológica da FRELIMO
a 17 de Novembro, jovens de 53 distri-
tos de todas as províncias do país esti-
veram juntos, em regime de internato,
estudando e desenvolvendo as suas
competências políticas, sociais e inclu-
indo as de natureza prática, voltadas
para o empreendedorismo, desporto
e produção.
Para o membro da Comissão Políti-
ca e antigo porta-voz da FRELIMO,
a maior riqueza deste curso assenta
Gerson Langa, formando
no facto de que decorreu num am-
biente de aprendizagem mútua, no
qual, cada um colocou o seu conheci-
mento, capacidades e habilidades em
benefício do desenvolvimento das
competências dos seus colegas.
Assim, o curso esteve dividido
em 11 módulos, nomeadamente,
“História da FRELIMO”; “Sustentabili-
dade Ideológica da FRELIMO”;
“Principais decisões do 12º Congres-
so”; “Principais instrumentos orientado-
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
res do trabalho da FRELIMO”; “Participa-
ção política: da democracia participativa
à democracia representativa”; “FRELIMO
e a consolidação da Paz e Reconciliação”;
“SustentabilidadeEconómicaeFinancei-
ra da FRELIMO”;“Comunicação e Gestão
de informação”;
“Liderança e gestão”; “Habilidades
para a vida” e, por último, visitas de
Estudo ao Museu Aberto de Nwadjah-
ane, distrito de Mandlakaze e ao Cen-
tro de Conhecimento e Desenvolvim-
ento Samora Machel, que permitiram
aos jovens ter uma compreensão mais
profunda sobre quem foi Eduardo
Chivambo Mondlane, Arquitecto da
unidade nacional, e sobre quem foi
Samora Machel, primeiro Presidente
de Moçambique Independente.
Nesse contexto, “neste ambiente
participativo de aprendizagem, re-
conhecemos que os formandos que
saem deste curso desenvolveram os
princípios e valores que são defendi-
dos pela FRELIMO, com destaque para
a defesa da cultura, considerando que
a interacção entre os valores culturais
do povo moçambicano e as aqui-
sições culturais da humanidade são
factores de riqueza do país e do povo”,
sublinhou Damião José.
“Acreditamos que estes princípios
e valores vão sustentar a actuação de
todos os formandos nos seus locais
de origem, ampliando assim a pos-
sibilidade de réplica, educando pelo
exemplo outros jovens com os quais
convivem nos órgãos do Partido e das
organizações sociais, nos seus locais
de trabalho, nos seus empreendimen-
tos e na sociedade, em geral. É desta
forma que temos a máxima convicção
de que o curso que hoje termina vai
contribuir, de facto, para a Sustentabi-
lidade Ideológica da FRELIMO, Partido
do Povo para o Povo”.
Com efeito, o membro da Comissão
Política da FRELIMO exortou aos jovens
para que partilhem e façam réplicas da
bagagem e conhecimentos adquiridos
Momento de entrega de certificados de participação
durante a formação com outros jovens
dos seus distritos de origem.
Essa acção, de acordo com Damião
José, poderá resultar em réplicas que
contribuam para o reforço do dina-
mismo do funcionamento dos órgãos
do Partido, do distrito até a célula e dos
órgãos das organizações sociais do Par-
tido,aACLLN,aOMMeaOJM,também
do distrito, até aos núcleos de base.
“Acreditamos que, com as capa-
cidades e habilidades de liderança
e gestão que desenvolveram no
curso, vão colaborar ainda mais com
os órgãos do Partido e das organiza-
ções sociais, contribuindo assim para
o reforço da actuação dos órgãos na
liderança dos processos participativos
promotores”, apelou.
Sublinhe-se que o curso foi minis-
trado por 35 formadores de alto nível
que incluem combatentes de Luta
de Libertação Nacional, membros e
dirigentes dos órgãos do Partido, das
organizações sociais e académicos.
Por sua vez, os jovens, representa-
dos por Gerson Langa e Alexia Mar-
rengula agradeceram a oportunidade
de participar no curso.
Foram, segundo disseram, ultrapassa-
das as expectativas, tendo em conta que
aprenderam coisas novas, adquiriram
novos conhecimentos e melhoraram,
enquanto pessoas, o saber ser, o saber
estar e o saber conviver com os outros.
“Os jovens formados são oriun-
dos de todas as províncias e distritos
da nossa pátria amada, sendo esta
uma prova inequívoca da unidade
nacional”, elucidou Gerson Langa,
acrescentando que “tendo havido a
necessidade de se atribuir uma des-
ignação mais abrangente para todos
os participantes neste primeiro curso,
por unanimidade, o grupo aprovou o
nome Geração 18 de Setembro, tendo
como fonte de inspiração a geração 8
de Marco de 1973”.
Os jovens frisaram ainda na sua
mensagem de encerramento do
curso ser indubitavelmente impre-
scindível que esta geração assuma o
seu compromisso exaltado no lema“A
FRELIMO jamais voltará para trás”.
Dom Matsinhe firme na liderança da Igreja
A
Comunhão Anglicana global, com sede na cidade de Cantuária, na Inglaterra, que congrega 42 igrejas nacionais, pan-nacionais e regionais autónomas e independentes,
mas interdependentes, emitiu e publicou, na terça-feira, 14 de Novembro, na sua página de website, uma declaração que desmente todas as informações postas a circular
em Moçambique, dando conta de que o Bispo da Igreja Anglicana e presidente em exercício do Conselho das Províncias Anglicanas de Moçambique e Angola, e da Comissão
Nacional de Eleições (CNE), tinha sido suspenso ou obrigado a renunciar o cargo. Estas falsas informações têm vindo a ser veiculadas, em jeito de pressão aos órgãos decisores,
por organizações da sociedade civil, partidos, coligações de partidos e de grupos de cidadãos que participaram nas eleições autárquicas de 11 de Outubro findo, com objectivo
único de ver alterado o quadro dos resultados anunciados pela CNE.
Eleito presidente da CNE, pelos re-
spectivos membros, com 11 votos dos
17 membros da CNE, contra seis a favor
de Apolinário João, Dom Carlos Matsin-
he substitui no cargo Abdul Carimo,
que esteve à frente da CNE por dois
mandatos de seis anos cada.
Na sua composição, de acordo com a
lei nº 6/2013, de 22 de Fevereiro, alterada
e republicada pela lei nº 30/2014, de 26
deSetembro,aCNEécompostaporrep-
resentantes dos partidos com assento
parlamentar, sendo cinco da FRELIMO;
quatro da Renamo, um do MDM, e sete
das organizações da sociedade civil.
A lei garante que os membros da
CNE não podem ser prejudicados na
sua carreira, no seu emprego e demais
direitos de que beneficiem ao tempo
da sua eleição ou indicação para o
cargo, exceptuada a incompatibilidade.
Ressalva ainda que, findo o mandato,
os membros da CNE retomam auto-
maticamente as funções que exerciam
à data da posse.
Na base desta lei, o cargo de Bispo ou
de um revendo de uma determinada
confissão religiosa não é incompatível
com a função de presidente ou de
membro da CNE.
“Os membros da Comissão Nacional
de Eleições, no exercício das suas fun-
ções, não representam as instituições
públicas ou privadas, organizações
políticas ou sociais da sua proveniência,
defendem o interesse nacional, obe-
decendo aos ditames da Lei e da sua
consciência”, lê-se na lei nº 6/2013, de
22 de Fevereiro, alterada e republicada
com nº 30/2014, de 26 de Setembro.
Determina também que, em
princípio, as decisões da CNE, um órgão
colegial, devem ser por consenso, indi-
cando entretanto que, faltando, as de-
liberações serão tomadas por maioria
de votos dos seus membros.
“Nesses termos, e em conformidade
com o preceituado no artigo cento e
vinte e quatro, da lei número sete barra
doismiledezoito,detrêsdeAgosto,atrás
referido, e alínea d) do número dois do
artigo nove e número quatro do artigo
trinta e oito, ambos da lei número seis
barra dois mil e treze, de vinte e dois de
Fevereiro, alterada e republicada pela lei
número trinta barra dois mil e catorze, de
vinte e seis de Setembro, a Comissão Na-
cional de Eleições, com oito votos a favor,
cinco contra e duas abstenções, aprovou
os resultados da centralização nacional e
do apuramento geral das sextas eleições
autárquicas, de onze de Outubro de dois
mil e vinte e três”, anunciou Dom Carlos
Matsinhe, presidente da CNE, durante a
cerimónia de divulgação dos resultados,
realizada no dia 26 de Outubro passado,
na capital do país.
Com base nos dados do apura-
mento da CNE, a FRELIMO ganhou em
64 dos 65 municípios existentes em
Moçambique.
Paradoxalmente, os membros das
organizações da sociedade civil, dos
partidos, coligações de partidos e de
grupos de cidadãos que participaram
nas eleições autárquicas de 11 de Outu-
bro, conhecedores da composição da
CNE, atribuições do seu presidente e a
forma adoptada para as deliberações,
tentam desvirtuar a verdade e atacar
a integridade e o bom nome do Bispo
da Igreja Anglicana e presidente em
exercício do Conselho das Províncias
Anglicanas de Moçambique e Angola,
pelo simples facto de desempenhar a
função de presidente da CNE.
Aliás, “de forma cínica, as organiza-
ções da sociedade civil, dos partidos,
coligações de partidos e de grupos de
cidadãos fingem desconhecer a lei que
rege o funcionamento da CNE e ten-
tam responsabilizar o Bispo Dom Carlos
Matsinhe, pela derrota nas eleições do
dia11deOutubro.Então,seénabasede
voto, qual é o pecado ou a imoralidade
que, como presidente da CNE cometeu,
tendo em conta que as deliberações
são tomadas por maioria de votos dos
membros,emfunçãodasuarepresenta-
ção?”,deplora um membro da Igreja An-
glicana que desmente as informações
FRELIMO E MPLA reforçam relações
A
FRELIMO e o Par-
tido Movimento
Popular de Liber-
tação de Angola
(MPLA) acabam
de reforçar as re-
lações históricas
de irmandade e cooperação. Com
efeito, Esperança Bias, Membro
da Comissão Política da FRELIMO,
encabeçou a brigada que recebeu,
na segunda-feira, a delegação do
MPLA em Maputo.
Em conferência de imprensa, Espe-
rança Bias disse que a visita resulta do
encontro dos secretários gerais dos par-
tidos libertadores realizado em Luanda,
capital de Angola, para debater as-
suntos de interesse recíproco nas áreas
política, social e económica.
“Esta é mais uma oportunidade para
os dois partidos trocarem experiências,
particularmente na área de formação
e também desenvolvermos mecanis-
mos sobre como tornar as nossas orga-
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
Dom Carlos Matsinhe, Bispo da Anglicana
que estão a circular nas redes sociais e
em alguns órgãos de informação social.
IGREJA DENUNCIA FALSAS
NOTÍCIAS
Dentro da igreja, assegura a fonte, o
ambienteécalmoesereno.Aliás,ames-
ma explica que Dom Carlos Matsinhe
tem realizado e participado em activi-
nizações cada vez mais sustentáveis fi-
nanceiramente”,indicou Esperança Bias.
Por seu turno, Ângela Bragança,
membro do Bureau Político para a
política de Quadros do MPLA, sublinhou
o facto de os dois partidos, que detêm o
dades ecuménicas normalmente.
Nesse contexto, apesar da pressão
dos actores políticos e da suposta
sociedade civil, o Bispo Dom Carlos
Matsinhe mantém firme e inabalável a
sua posição dentro da igreja.
“Tudo o que já foi publicado sobre o
ambiente ou decisões da nossa Igreja
em torno dos resultados das eleições é
falso. A igreja não interfere nas decisões
percurso histórico bastante semelhante,
seguirem rigorosamente o legado dos
seus antigos dirigentes e fundadores.
"O MPLA e a FRELIMO têm uma
história em comum de luta pela in-
dependência. Os nossos líderes fun-
11
NACIONAL
doEstadonemoEstadoteminterferido
no funcionamento ou decisões entro
da nossa igreja”,desmente um padre da
Anglicana em Maputo.
Reagindo à informação segundo a
qual “o Secretário-geral da Comunhão
Anglicana, Bispo Anthony Poggo, instou
osbisposdaIgrejaAnglicanadeMoçam-
bique e Angola a elegerem o Bispo de
Nampula, o Rev. Manuel Ernesto, como
o próximo Presidente do Conselho da
Igreja Anglicana em Moçambique e An-
gola”, a Comunhão Anglicana desmen-
tiu e classificou de falsa essa informação,
através de uma declaração publicada na
terça-feira, 14 de Novembro, no seu web-
site.Classificaigualmentedefalsasmuitas
publicações no blog Anglican Ink sobre a
Comunhão Anglicana.
“A afirmação é falsa. As 42 Igrejas
Membros da Comunhão Anglicana
são autónomas e independentes,
mas interdependentes. O Gabinete da
Comunhão Anglicana e o Secretário-
geral não têm qualquer participação na
eleição e selecção”,assegura a Igreja.
Realça ainda que, o Secretário-geral e
parte da sua equipa estiveram em Ma-
puto, em Agosto, a convite do Primaz,
Dom Carlos Matsinhe, e do Conselho
das Províncias Anglicanas em África
(CAPA) para ajudar a realizar um pro-
grama de formação e indução para no-
vos bispos de 22 dioceses em 11 países.”
dadores deixaram-nos um legado de
parceria e amizade muito forte, facto
que nos torna cada vez mais unidos
e queremos continuar a desenvolver
os nossos países dentro dos ideais dos
nossos partidos”,disse.
 12
CENTRAIS
Grandes avanços na implementação da Agenda 2030
Moçambique espanta fantasma da pobreza
- E dá passos rumo ao alcance dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS);
- Mas desafios como a extrema vulnerabilidade do país aos choques climáticos, o alto custo de vida, o extremismo violento em Cabo Delgado e deslocados internos na zona Norte do país persistem
D
esde a adopção, em 2015, da Agenda Global 2030 Moçambique já tomou medidas essenciais para integrar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no quadro de
planeamento nacional. Políticas e disposições diversas foram introduzidas ao nível local (provincial, distrital e municipal), com o objectivo de dar ímpeto à implementação da
Agenda, em todas as suas vertentes, havendo já resultados tangíveis em áreas como a saúde, educação, água e saneamento, energia, entre outras. No entanto, persistem desa-
fios, sobretudo de natureza ambiental e climática, o alto custo de vida e o extremismo violento em Cabo Delgado, problemas que, pela sua dimensão, para além dos esforços e
boa vontade do Governo em resolvê-los, a sua solução passa por uma abordagem internacional.
MIGUEL MUNGUAMBE
Email: mmunguamb@yahoo.co.br
Está mais do que evidente que, des-
de que o país abraçou a agenda 2030,
que preconiza o desenvolvimento
sustentável, importantes ganhos têm
sido alcançados. A redução da taxa de
mortalidade infantil, o aumento da taxa
de acesso aos serviços de saúde, educa-
ção básica, água potável, electricidade,
são parte dos avanços e das prioridades
que fazem de Moçambique um mod-
elo no contexto da implementação dos
ODS, onde todas as pessoas participam
e beneficiam equitativamente do de-
senvolvimento sustentável numa so-
ciedade pacífica e resiliente, sustentada
pela igualdade de género.
Segundo o Inquérito Demográfico
e de Saúde (IDS) 2022/2023, a taxa de
mortalidade infantil em Moçambique
caiu para os actuais 39 óbitos de bebés
por cada mil nascidos.
O acesso aos cuidados de saúde, ac-
tualmente, é estimado em cerca de 60
porcento. No entanto, segundo infor-
mações apresentados pelo Governo,
na conferência internacional de inves-
timento em infra-estruturas de saúde,
realizado em Julho na capital moçam-
bicana, em Maputo, a disponibilidade
e o acesso a este serviço continua a
constituir um grande desafio para o de-
senvolvimento do país,
No encontro, o Presidente da
República, Filipe Nyusi, explicou que o
aumento do acesso aos cuidados de
saúde é resultado dos investimentos
feitos no sector de saúde de 2015 a
2022, o que contribuiu para o aumento
do número de unidades sanitárias em
16 porcento, ou seja, 1534 para 1779,
sendo que dos 154 distritos que o país
possui, 49 já possuem hospitais dis-
tritais, almejando-se que até 2024 o país
tenha um total de 60 hospitais distritais.
Naáreadaeducaçãobásica,Moçam-
biquedemonstrouoseucompromisso,
aoaboliraspropinasescolaresepassara
fornecer apoio directo às escolas e livros
escolares gratuitos no ensino primário,
tendo também feito investimentos na
construção de salas de aula.
Não obstante a qualidade e a melho-
ria da aprendizagem constituírem ainda
alguns dos grandes desafios para o sec-
tor da educação, o mesmo recebe ainda
a maior quota do Orçamento do Estado,
Catherine Sozi, Coordenadora da ONU e Coordenadora Humanitária para Moçambique
mais de 15 porcento e, como resultado,
registou-se um aumento significativo no
númerodeingressosnoensinoprimário
ao longo da última década.
O PÚBLICO traz estes dados apenas
para ilustrar quanto o país andou (in-
dependentemente das dificuldades),
desde que integrou a Agenda Global
das Nações Unidas, que borda várias
dimensões do desenvolvimento sus-
tentável (social, económica e ambien-
tal) e promove ainda a paz, a justiça e
instituições eficazes.
A assinatura, em Agosto de 2019, do
AcordodeMaputoparaaPazeReconcil-
iação Nacional constitui elemento decisi-
vo rumo à paz e estabilidade, na medida
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
em que deu lugar ao encerramento de
todas as bases de guerrilha que a Rena-
mo detinha em diversos pontos do país
e ao desarmamento e desmobilização
dos seus homens em todo o território
nacional. Entretanto, uma crise com-
plexa, caracterizada pela violência ar-
mada persiste em Cabo Delgado, com
efeitosnefastosqueameaçamsobrema-
neira os progressos do país, tais como os
deslocados na zona Norte.
Paralelamente, o rápido crescimento
populacional, a pobreza, as doenças, a
extrema vulnerabilidade aos choques
climáticos e o alto custo de vida inte-
gram a vasta lista dos desafios que o
país enfrenta, cuja superação requer
uma aposta mais acentuada na resil-
iência climática, na capacitação das
mulheres e jovens, na inclusão socio-
económica dos deslocados internos e
no reforço dos investimentos no capital
humano e nos serviços sociais de base,
como o Quadro de Cooperação para
o Desenvolvimento Sustentável das
Nações Unidas (UNSDCF 2022-2026),
que representa o apoio colectivo do
Sistema de Desenvolvimento das Na-
ções Unidas para a realização do Pro-
grama Quinquenal do Governo (PQG)
2020-2024, da Estratégia Nacional de
Desenvolvimento (ENDE) 2015-2035,
da Agenda 2030 para o Desenvolvim-
ento Sustentável e da Agenda 2063 da
União Africana.
Estas prioridades são fundamentais
e, ao mesmo tempo, alcançáveis por
meio de uma transformação económi-
ca, nomeadamente, através de uma
gestão inclusiva e sustentável dos vas-
tos recursos naturais renováveis e não
renováveis de Moçambique, de uma
maior produtividade e maior resistência
a choques.
Por isso, o actual PQG, que abrange
o período 2020-2024, assume o com-
promisso de “adoptar uma economia
mais diversificada e competitiva, in-
tensificando sectores produtivos com
potencial para aumentar a geração
de rendimentos e criar mais oportuni-
dades de emprego, especialmente,
para os jovens”, centrando-se na paz,
crescimento inclusivo e sustentável,
estabilidade económica e social, maior
produtividade e competitividade da
economia, adaptação às alterações
climáticas, promoção do empreend-
edorismo e inovação tecnológica.
Refira-se que o Governo, na primeira
Revisão Nacional Voluntária (RNV) dos
ODS, realizada em 2020, adoptou um
Quadro de Indicadores Nacional dos
ODS para acompanhar os progressos
em direcção aos objectivos nacionais
mais relevantes, num processo liderado
pelo Ministério da Economia e Finanças
(MEF) e pelo Instituto Nacional de Es-
tatística (INE), com metas bem estrutu-
radas para todos os objectivos, excepto
o objectivo 12 que é sobre o“Consumo
e Produção Responsável” e o objectivo
15, que tem a ver com a“Vida naTerra”.
O Governo e as Nações Unidas têm
acordado quatro áreas prioritárias
estratégicas inter-relacionadas e mu-
tuamente reforçadas no âmbito do
UNSDCF para o período 2022-2026. No
âmbito desse acordo com o Governo
de Moçambique, as Nações Unidas de-
finem como áreas prioritárias o desen-
volvimento humano; a diversificação
económica e meios de subsistência sus-
tentáveis; resiliência climática e utiliza-
ção sustentável dos recursos naturais;
construção da paz, direitos humanos e
governação inclusiva.
Na esfera desse entendimento, as
Nações Unidas, em coordenação com
o Governo de Moçambique, centram
os seus esforços na transformação e
aceleração do progresso no sentido da
realização dos ODS até 2030, de acordo
com a Agenda Comum e no âmbito da
visão do país sobre o desenvolvimento
sustentável.
FOCO DAS
QUATRO PRIORIDADES
Na área de desenvolvimento huma-
no, o Governo em coordenação com
as Nações Unidas, quer que, até 2026,
mais pessoas, particularmente as mais
vulneráveis e marginalizadas, tenham
acesso e uma utilização mais equitativa
de serviços sociais essenciais e de pro-
tecção social de qualidade, inclusivos,
resilientes, sensíveis ao género e que
respondam aos choques.
Para os dois actores (Governo e Na-
ções Unidas), desenvolver o capital hu-
mano e a justiça social tem objectivos
estratégicos centrados num sistema
educativo de qualidade, equitativo, in-
clusivo, eficaz e eficiente; melhor acesso a
serviçosdesaúdedequalidade;colmata-
ção de lacunas na segurança alimentar
e nutrição; acesso a serviços de água e
saneamento seguros e sustentáveis ao
nível comunitário e institucional; par-
ticipação da juventude em actividades
socioculturais, desportivas e económi-
cas; e igualdade e equidade de género,
inclusão social e protecção das pessoas
em situação de maior vulnerabilidade.
Na segunda prioridade, que tem a
ver com a diversificação económica e
meiosdesubsistênciasustentáveis,ore-
sultado esperado é que, até 2026, mais
pessoas, particularmente mulheres e
jovens, participem e beneficiem de um
crescimento económico mais diversi-
ficado, inclusivo e sustentável baseado
no aumento da produção, produ-
Beneficiários do DDR
tividade e cadeias de maior valor
acrescentado.
Ao impulsionar o crescimento
económico, a produtividade e a
geração de emprego, o Governo
pretende estabelecer uma gestão
macroeconómica e financeira pública
equilibrada; melhorar o ambiente
empresarial para o investimento;
transformar e modernizar o modo de
organização da produção e comércio
interno e externo; chamar a atenção
para o papel do turismo na economia;
promover a indústria extractiva sus-
tentável, emprego, cadeias de valor,
transportes e serviços de telecomu-
nicações, ciência e tecnologia, desen-
volvimento de infra-estruturas socio-
económicas.
Já na prioridade número três, que é
sobre a resiliência climática e utilização
sustentável dos recursos naturais, a
expectativa do Governo e das Nações
Unidas é de até 2026, mais pessoas, es-
pecialmente as mais vulneráveis, sejam
resilientes às alterações climáticas e aos
desastres, e beneficiem de uma gestão
mais sustentável do ambiente e dos re-
cursosnaturaisedeinfra-estruturaseas-
sentamentos humanos resilientes, com
efeitos positivos no Produto Interno
Bruto (PIB) nacional.
Ao fortalecer a gestão sustentável
dos recursos naturais e do ambiente,
o Governo pretende elevar os níveis
de planeamento territorial, conserva-
ção dos ecossistemas, biodiversidade
e utilização sustentável dos recursos
naturais, qualidade ambiental, vulnera-
bilidade das comunidades, das infra-
estruturas e da economia aos riscos
climáticos, transparência e sustentabili-
dade das actividades extractivas e capa-
cidade de monitoria.
No concernente à quarta prioridade,
o que se espera é que, até 2026, mais
pessoas, especialmente as mais vul-
neráveis e marginalizadas, estejam
protegidas, usufruam dos seus direitos
e beneficiem de um ambiente seguro
e pacífico, permitido por sistemas de
governaçãoinclusivos,eporinstituições
independentes e responsáveis que res-
peitam o Estado de Direito.
Outros princípios adjacentes ao UN-
SDCF são: não deixar ninguém para
trás, privilegiar uma abordagem ao
desenvolvimento baseada nos direitos
humanos, igualdade de género e em-
poderamento das mulheres, resiliência,
sustentabilidade e responsabilização.
Em particular, o compromisso de não
deixar ninguém para trás em Moçam-
bique exige o investimento em siste-
mas de dados e na abordagem do
“triplo”: humanitário, desenvolvimento
e paz para identificar pessoas e comu-
nidades em situação de maior vulnera-
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
bilidade, combater as causas profundas
das vulnerabilidades e operacionalizar a
Agenda das Nações Unidas para a Pre-
venção.
Neste momento, o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvim-
ento (PNUD) está a aplicar cerca de
um milhão de dólares em diferentes
províncias do país, com vista ao alcance
dos ODS, numa iniciativa que abrange
cinco províncias, nomeadamente,
Manica, Sofala, Cabo Delgado, Nam-
pula e Niassa, visando o fortalecimento
das áreas de saúde, educação e acesso
à água potável.
O Conselheiro Técnico Principal do
ProgramadoPNUDdeDescentralização
em Moçambique, Cristino Lopez, diz
que a implementação dos projectos no
âmbito dos ODS decorre a bom ritmo,
não obstante alguns desafios no terreno.
Falando há dias, em Maputo, à
margem da Segunda Reunião Anual
dos Grupos de Referência Provinciais,
aquele conselheiro principal do PNUD
apontou como principal desafio a bus-
ca de financiamento complementar
para dinamizar a implementação do
projecto de Descentralização.
A Segunda Reunião Anual dos
Grupos de Referência Provinciais teve
como objectivo avaliar o actual estágio
de implementação dos projectos que
vão auxiliar o Governo no processo de
Descentralização para o alcance dos
ODS até 2030.
MEIOS DE SUBSISISTÊNCIA
AFECTADOS
Relatórios internacionais classificam
Moçambique como o terceiro país de
África mais exposto e vulnerável a even-
tos climáticos e a desastres naturais, so-
frendo do impacto de ciclones periódi-
cos, secas e inundações. Tal como
dizem os relatores, afecta os meios de
subsistência, as economias, o ambiente,
as migrações e as deslocações de popu-
lação, o que agrava as vulnerabilidades
existentes.
Amaioria(60porcento)dosmoçam-
bicanos vive em zonas costeiras e rurais,
com uma dieta pouco diversificada e
em habitações frágeis e inadequadas
para eventos climáticos que, no país, já
foram responsáveis de vários estragos.
O acesso à energia sustentável, elec-
tricidade ou água potável melhorada e
saneamento é limitado.
O país enfrenta ainda desafios liga-
dos à degradação ambiental devido a
uma exploração insustentável e exces-
siva dos recursos naturais.
Para o Governo, a degradação ambi-
ental e o impacto severo dos choques
relacionados com o clima e os riscos de
desastres são questões de séria preo-
cupação, porque contribuem para a
pobreza, baixa produtividade agrícola e
insegurança alimentar, bem como para
a elevada prevalência de desnutrição.
Aliás, todos os elementos que, de pas-
sagem, foram apontados, são factores
de um ciclo intergeracional de pobreza,
migração e deslocação, insegurança
alimentar e desnutrição, fenómenos
que, para serem superados, para além
da boa vontade do Governo, requerem
grandes investimentos.
CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
Até 2021, segundo dados estatísti-
cos, dois terços dos 30,8 milhões da
população tinha menos de 25 anos de
idade, sendo a actual dinâmica popu-
lacional característica de fase inicial
de uma transição para um dividendo
demográfico. Com as actuais taxas de
crescimento demográfico de 2,88%,
prevê-se que a população atinja 38,7
milhões de habitantes até 2030 e 60
milhões até 2050.
O crescimento demográfico cria mais
pressão sobre a procura dos bens e ser-
viços públicos e, nessa base, os desafios
são maiores do ponto de vista de desvio
de recursos de investimento em outras
áreas para investimento em áreas sociais
que são, fundamentalmente, para ga-
rantir que as pessoas tenham educação
básica e saúde adequada.
Igualmente, o crescimento de-
mográfico afecta os meios de sub-
sistência, as economias, o ambiente, as
migrações e as deslocações de popu-
13
CENTRAIS
lação, o que agrava as vulnerabilidades
existentes.
ESTATUTO DA MULHER
RESPEITADO
Após décadas de desenvolvimento
bem-sucedido da sua arquitectura
constitucional, o panorama político de
Moçambique é caracterizado por uma
taxa de participação das mulheres no-
tavelmente elevada em comparação
com padrões globais e regionais.
Como em qualquer parte do
mundo, em África e em Moçambique,
em particular, as mulheres oferecem
perspectivas e interesses diferentes no
processo de tomada de decisão, com
base nas suas experiências únicas, que
são frequentemente ignoradas devido
à sua sub-representação em posições
políticas e de tomada de decisão.
Por isso, os Estados-Membros da
Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral (SADC) têm estado a tra-
balhar proactivamente para uma rep-
resentatividade equitativa de homens
e mulheres na política e em cargos de
tomada de decisão a todos os níveis,
como Executivo, Parlamento, Magistra-
tura, Gestão dos Serviços Públicos, entre
outros, incluindo o sector privado.
Nesta senda, no parlamento
moçambicano a presença feminina
atinge hoje os cerca de 50 por cento
e este princípio de igualitarismo na
política e nos outros órgãos decisórios
é um indicador crucial de qualidade da
democracia. Aliás, o princípio de igual-
dade política implica que tanto os ho-
mens como as mulheres tenham igual
acesso à esfera política.
Situação semelhante verifica-se no
Governo, onde Moçambique atingiu,
em Março de 2022, a paridade de gé-
nero, tendo sido aplaudido no mundo,
numaalturaemque,globalmente,ape-
nas um quinto dos cargos ministeriais
são ocupados por mulheres.
A paridade de género é um esforço
colectivo que assenta na Agenda Glob-
al 2030 e, por isso, as Nações Unidas
reafirmam o seu total compromisso e
empenho em trabalhar em conjunto
comasinstituiçõesmoçambicanaseto-
das as partes da sociedade para alavan-
car esta conquista histórica da paridade
de género a todos os níveis.
 14
ECONOMIA
Proveito que Moçambique não tira o suficiente
Riquezas escondidas na Agricultura
- Moçambique pode se posicionar como fornecedor da primeira linha de muitos produtos em África e no mundo – Nuno Maposse, assessor da Direcção Geral
da APIEX, por ocasião do lançamento do Barómetro de Comércio em África
A
agricultura, muito propriamente moçambicana, até aqui menos explorada, tem potenciais que, a serem aproveitados, tornariam o país
rico a médio e longo prazos, segundo Nuno Maposse, assessor da Direcção Geral da Agência de Promoção de Investimentos e Exportação
(APIEX), falando em Maputo, na última sexta-feira, por ocasião do lançamento da terceira edição do“Barómetro de Comércio em África”,
em inglês, “African Trade Barometer”, que fornece uma análise dinâmica e perspicaz, feita pelo Standard Bank, numa perspectiva visando
a promoção do desenvolvimento do ecossistema comercial do continente africano.
MIGUEL MUNGUAMBE
Email: mmunguamb@yahoo.co.br
Através da agricultura, segundo
Nuno Maposse,“Moçambique pode se
posicionar como fornecedor de muitos
produtos em África e no mundo”, mas,
para isso, sublinha que o país teria de
apostar seriamente no desenvolvim-
ento deste sector e estabelecer infra-es-
truturas, com destaque para estradas e
pontes, para viabilizar a ligação entre os
produtores e os mercados, dentro e fora
do país, alimentando, deste modo, um
largo contingente de consumidores, es-
palhados por 54 países de África.
Neste momento, o país enfrenta uma
situação de infra-estruturas deficitárias e
o sector empresarial considera que este
factor constitui um obstáculo às suas
operações, incluindo também o forneci-
mento de energia eléctrica e o estado
das estradas que continua preocupante.
Desde a independência, o sector
agrícola em Moçambique tem en-
frentado vários desafios, tais como o
declínio dos rendimentos, associado
à produção em pequenas parcelas de
menos de 1 hectare e uso massivo de
equipamentos rudimentares.
Para Maposse, o território moçam-
bicano tem condições agro-ecológicas
ricas e diversificadas, daí considerar que,
comousodastecnologiasdeprodução
e a mecanização, o agronegócio pode
ser uma das estratégias para a trans-
formação da agricultura em Moçam-
bique, por abrir a possibilidade de for-
talecimento dos produtores agrícolas
para produzirem em quantidades
suficientes, podendo suprir a procura
de produtos agrícolas nos mercados
nacional e internacional.
Na sua intervenção, Maposse expli-
cou que, além da necessidade do esta-
belecimento e/ou melhoria das infra-
estruturas, dinamização da produção e
do comércio agrícola, urge a criação de
condições para que o financiamento
aos produtores e demais agentes
económicos seja fornecido a um custo
razoável para permitir a geração de
lucro e, daí, garantir-se a melhoria das
condições macroeconómicas do país.
O FUNDO DO BARÓMETRO
Lançado na última sexta-feira, em
Maputo, o Barómetro de Comércio em
África do Standard Bank (SB ATB) que
abrangeu 10 países, coloca Moçam-
Célio Mucavel, especialista de comércio do SB
bique numa posição privilegiada, ao
sair da posição 6, em Setembro de
2022, para 3, actualmente.
Já o Barómetro Comercial do In-
quérito às Empresas do Standard Bank
(SB STB) indica, por seu turno, que
Moçambique melhorou da posição
9 para posição 6, o que significa ter
ganho 3 pontos na melhoria dos seus
indicadores que abrangem sete ramos,
nomeadamente, macroeconómico,
governança e economia, infra-estrutu-
ras, acesso ao financiamento, compor-
tamento financeiro dos comerciantes,
comércio externo e abertura comercial.
Este ganho, como explica Célio Mu-
cavele, especialista do sector do Comér-
cio no Standard Bank, deve-se, principal-
mente, às condições macroeconómicas
de Moçambique em relação aos outros
nove países envolvidos no ranking.
Para o especialista, as condições
macroeconómicas de Moçambique
permaneceram estáveis, o que levou o
país a manter a posição 3 na classifica-
ção do SB STB.
“As condições macroeconómicas
globais de Moçambique são médias,
com perspectivas positivas, pelo que
têm um impacto moderado na atrac-
tividade da sua capacidade de comér-
cio”,indicou Mucavele.
Por outro lado, considera o espe-
cialista, as taxas de juro relativamente
elevadas de Moçambique para conter
o aumento da inflação interna devido
à inflação global resultante da invasão
da Ucrânia pela Rússia, tiveram um im-
pacto negativo na atractividade da sua
capacidade de comércio.
Alémdisso,avançaMucavele,devido
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
Nuno Maposse, assessor da Direcção Geral do APIEX
ao aumento dos custos de importação
decombustívelem2022,Moçambique
debate-se com restrições de liquidez
em moeda estrangeira, uma vez que as
reservas de moeda estrangeira do país
têm sido relativamente baixas.
CONFIANÇA MELHOROU
O índice de confiança das empresas
moçambicanas melhorou com uma
pontuação de 59, em Maio de 2023,
um pouco acima da média de 58 para
os mercados SB ATB de 57, em Setem-
bro de 2022.
Os sentimentos positivos em torno
da economia, segundo Mucavele,
reflectem-se no optimismo das empre-
sas em relação ao desempenho futuro
dos seus negócios, sendo que a maioria
(92%) das empresas inquiridas acredita
que as suas receitas irão aumentar no
próximo ano.
Segundo o especialista de comércio
no SB, Célio Mucavele, alinhando-se à
ideia do assessor da Direcção Geral da
APIEX, que olha para a produção do
gás como promissora ao crescimento
económico e desenvolvimento so-
cial do país, “as opiniões optimistas
são reflexo do aumento esperado na
produção de gás natural liquefeito,
alimentado pela descoberta de novas
reservasdegás naturalaolargodacosta
de Inhassoro, no sul do país, e dos po-
tenciais preços elevados dos produtos
de base a nível mundial, que aumen-
tarão as receitas do país”.
COMÉRCIO
TRANSFRONTEIRIÇO
Moçambique ocupa a posição mais
baixa em termos de percepção das
empresas sobre o apoio do governo ao
comércio transfronteiriço. Isto porque o
país registou uma diminuição significa-
Público 15
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
PUBLICIDADE
tiva da percentagem de empresas que
afirmaram que o governo apoiava as
BLACK
BLAC
AC
A K NOVEMBER
suas actividades de comércio trans-
fronteiriço em Maio de 2023 (19%) em
relação a 29% em Setembro de 2022, e
54% em Janeiro de 2022.
Este facto, segundo o SB, é provavel-
mente um reflexo dos crescentes desa-
fios de liquidez em moeda estrangeira
no país. “Quando questionados sobre
como o governo poderia impulsionar
o comércio transfronteiriço, as inter-
venções mais salientes identificadas
pelos inquiridos foram a prestação de
assistência financeira sob a forma de
redução de impostos e direitos adua-
neiros, a melhoria da clareza em torno
do processo de desalfandegamento,
bem como a melhoria da liquidez em
moeda estrangeira”, revelam os espe-
cialistas do SB.
As percepções das empresas sobre
as infra-estruturas são relativamente
fracas e, em média, as empresas consid-
eram que o estado das infra-estruturas
em Moçambique representa um obs-
táculo às suas operações. Moçambique
ocupa a nona posição no SB ATB tanto
em termos da qualidade das infra-es-
truturascomodograuemqueoestado
das infra-estruturas representa um obs-
táculo às suas operações comerciais.
O estado do fornecimento de en-
ergia eléctrica e das infra-estruturas
rodoviárias continua a ser um aspecto
com pior percepção das infra-estru-
turas do país, bem como o aspecto
infra-estrutural que representa o maior
87 2000 371
obstáculo às suas operações.
Para resolver alguns destes desa-
fios, o governo moçambicano com-
promete-se a electrificar totalmente o
país até 2030, no contexto da Agenda
PARQUET
Global sobre o Desenvolvimento Sus-
tentável, tendo já electrificado todos os
154 distritos. Neste momento, como
MAPUTO, AV. EDUARDO
MONDLANE, PRACETA IMPASSE
RODAPÉ
tem estado a acompanhar o Jornal
PÚBLICO, prende-se com a expansão
da rede eléctrica nacional dos distritos
NR. 1.106 ESCADAS
para os postos administrativos, não
sendo poucos até aqui os postos que
facebook.com/egetinteriores
já se beneficiaram da iniciativa gover-
namental.
 16
ECONOMIA
Lançado Barómetro do
Na atracagem de navio com maior comprimento
Porto da Beira bate novo recorde Comércio em África
O O
Porto da Beira, dia 12 de Junho, e do Wide Juliet, com
localizado na 255 metros de comprimento, que
província de
Sofala e cujos atracou em Junho de 2020.
Com o MV Floriana VI, o Porto da
terminais de
contentores e Beira bate, pela segunda vez este ano,
de carga geral o recorde de navio com maior compri-
estão concessionados à Cornelder mento a atracar no seu ancoradouro,
de Moçambique (CdM), recebeu,
recentemente, o navio MV Floriana facto que se deve, em grande medida,
VI, o maior em comprimento que ao crescimento significativo do movi-
já atracou no seu ancoradouro. mento de carga contentorizada e de
outras cargas, associado à estratégia
comercial assertiva que a Cornelder de
O MV Floriana VI, com bandeira da Moçambique vem a desenvolver nos
Suíça, que utiliza a linha de navegação mercados da região.
MSC, é um navio de contentores com Acresce-se, ainda, o forte investi-
258 metros de comprimento e 40 de mento que a concessionária tem feito
largura, e liga o Porto da Beira ao mer- na melhoria das acessibilidades ao
cado asiático. porto, aquisição de modernos equipa-
Com uma capacidade de 5.364 mentos de manuseamento, expansão
TEUs, o MV Floriana VI é mais um navio de áreas de armazenagem, introdução
Post Panamax que atraca no Porto da de novas tecnologias e sistemas para
Beira, depois do MSC Houston, com optimizar as operações, entre outros
266 metros de comprimento, que factores que concorrem para a melho-
também atracou este ano, no passado ria do desempenho do ancoradouro,
LAM inicia voos Maputo-Cape
Town em Dezembro
A
LAM – Linhas Os bilhetes já estão à venda, e no
Aéreas de
Moçambique percurso Maputo Cape Town a preços
– inicia, a 12 de que partem de 6600 meticais, sendo
Dezembro de que de Cape Town para Maputo par-
2023, ligações tem de 1.965,00 ZAR.
aéreas entre Ma- A LAM iniciou um processo de re-
puto e CapeTown, com partidas de
Maputo nas terças, quintas-feiras e estruturação no âmbito da modern-
domingos. ização da empresa que culmina com
a introdução e reintrodução de novas
rotas.
No sentido Cape Town Maputo, a A LAM irá igualmente retomar voos
LAM irá voar nas segundas, quartas e para Lisboa em Dezembro, depois de
sextas-feiras. inaugurar voos para Lusaka, na Zâm-
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
conferindo, dessa forma, maior confi-
ança aos clientes e utilizadores.
Entre os investimentos realizados,
sobressai a dragagem de aprofunda-
mento do canal de acesso, da bacia
de manobras e do cais de acostagem,
que são determinantes para que
navios de tipologia Panamax e Post
Panamax, com grande capacidade de
carga, escalem o Porto da Beira com
maior regularidade.
Importa realçar que, em 2021 e
2022, o Porto da Beira, concessionado
à Cornelder de Moçambique há 25
anos, foi classificado pelo Banco Mun-
dial como o melhor da África Austral
em termos de desempenho de carga
contentorizada.
O seu terminal de contentores é um
dos mais modernos da África Austral
e tem ao seu serviço um moderno
sistema informatizado de gestão, o Na-
vis N4, tido como o mais avançado ao
nível da indústria portuária mundial.
bia, com uma escala em Harare.
A companhia de bandeira estabel-
eceu, recentemente, ligações aéreas
entre dois pontos da província de
Inhambane (cidade de Inhambane
e Vilanculos) com a cidade de Johan-
nesburg.
Muito recentemente, o Instituto
de Aviação de Moçambique e a sua
congênere do Malawi rubricaram um
memorando de entendimento que
abrirá caminho para o estabelecimento
de ligações aéreas entre os dois países.
Standard Bank lançou, sexta-feira, 17 de Novembro, em
Maputo, o African Trade Barometer (SB ATB), um índice
trimestral, que fornece uma análise dinâmica e perspi-
caz, para promover o desenvolvimento do ecossistema
comercial do continente africano.
Trata-se de uma iniciativa que tem
como propósito criar um índice co-
mercial do continente para suprir a
lacuna de informações fiáveis do sec-
tor, bem como para apoiar e permitir o
crescimento do comércio interno.
Com o SB ATB, pretende-se, ainda,
preencher a falta de dados sobre o co-
mércio em todo o continente africano,
através de informações actualizadas
de inquéritos sobre as opiniões das
empresas no ambiente em que oper-
am, o seu comportamento comercial,
as actividades comerciais e as suas per-
cepções sobre o comércio.
Segundo o administrador-delegado
do Standard Bank, Bernardo Aparício,
o instrumento constitui um excelente
canal para os empresários moçambica-
nos, para além de outros tomadores de
decisões, identificarem oportunidades
de negócio no país, em particular, e no
continente africano, em geral.
"O African Trade Barometer fornece
informações actualizadas, obtidas
através de inquéritos às empresas, nos
quais elas comentam sobre as suas
percepções sobre o comércio. Acima
de tudo, o índice apresenta as opor-
tunidades existentes em Moçambique,
expondo, desta forma, os nossos em-
presários a parcerias dentro do conti-
nente", sublinhou Bernardo Aparício.
O acto de lançamento contou com
a presença do assessor da direcção-
geral da Agência para a Promoção de
Investimento e Exportações (APIEX),
Nuno Maposse que, na sua interven-
ção, considerou que o SB ATB vai con-
tribuir para o incremento das trocas
comerciais entre os países africanos,
através da difusão de informações so-
bre os mercados internos.
"Nós, como africanos, trocamos ou
comercializamos apenas 16%. O con-
tinente africano representa 3% do co-
mércio internacional. Há muito espaço
para o comércio. África tem 1.3 trilião de
dólares norte-americanos. Ou seja, há
muito dinheiro em África, mas nós não
fazemos negócio entre nós, e uma das
Público 17
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
PUBLICIDADE
razões é a falta de informação", frisou.
Lançado em 2022, o SB ATB já vai
na sua terceira edição e abrange sete
grandes categorias temáticas de dados
com impacto no comércio, nomeada-
mente a abertura comercial, acesso ao
financiamento, estabilidade macro-
económica, infra-estruturas, comércio
externo, governação e economia e com-
portamento financeiro do comércio.
Na terceira e mais recente edição,
o SB ATB incide as suas abordagens
sobre 10 países, designadamente
Angola, Gana, Quénia, Moçambique,
Namíbia, Nigéria, África do Sul, Tanzâ-
nia, Uganda e Zâmbia.
No que diz respeito a Moçambique,
o documento aponta a melhoria do
nosso País na classificação geral do SB
ATB, que passou da sexta posição, em
Setembro de 2022, para a terceira.
O índice de confiança das empresas
moçambicanas melhorou com uma
pontuação de 59, em Maio de 2023,
um pouco acima da média de 58 para
os mercados SB ATB de 57, em Setem-
bro de 2022.
O aumento do PIB e dos fluxos
líquidos de Investimento Directo Es-
trangeiro (IDE) que recuperaram dos
efeitos da pandemia, bem como a
parte do comércio de mercadorias, im-
pulsionada pelo aumento das expor-
tações em percentagem do PIB, têm
um impacto positivo na atractividade
da sua capacidade de comércio.
Poroutrolado,astaxasdejurorelativa-
mente elevadas de Moçambique para
conter o aumento da inflação interna,
devido à inflação global resultante da
invasão da Ucrânia pela Rússia, tiveram
um impacto negativo na atractividade
da sua capacidade de comércio.
O país enfrenta ainda uma situação
de infra-estruturas deficitárias, pois as
empresas inquiridas consideraram
que este factor constitui um obstáculo
às suas operações. O fornecimento de
energia eléctrica e o estado das estra-
das continuam a ser o aspecto com
pior percepção no país.
 18 Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
Público 19
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023

NACIONAL PUBLICIDADE
Com fundos não reembolsáveis
“Água paraTodos”chega aTete e Moatize

T
Governo anuncia financiamento erça-feira passada, 14 de Novembro, foi um dia marcante para as cidades de Tete e Moatize, com o
lançamento do Projecto de Expansão do Campo de Furos, Estação de Tratamento de Água, Estações
para 500 empresas de jovens de Bombagem, Construção de Centros Distribuidores e Rede de Distribuição, para beneficiar a mais
de 84.000 pessoas adicionais. Mas antes de orientar esta cerimónia, na segunda-feira, o ministro das

N
Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Carlos Mesquita, esteve na província de Sofala, onde
ficou a saber que cerca de 10 mil alunos do Ensino Secundário Geral, do distrito de Dondo, passarão
os próximos meses, o Governo, através da Secretaria da a estudar, a partir de 2024, em instalações condignas; e na província de Manica, onde procurou se inteirar do está-
Juventude e Emprego, vai financiar um total de 500 em- gio das obras de manutenção da Estrada Nacional N7 Vanduzi-Changara, numa extensão de 275.0 quilómetros.
presas geridas por jovens, no valor de um milhão e quin-
hentos mil meticais (1.500,000,00) não reembolsáveis,
totalizando 750 milhões de meticais para os jovens em-
As obras planificadas são de tendo referido que o projecto será
preendedores moçambicanos. O anúncio foi feito por
Oswaldo Petersburgo, Secretário da Juventude e Emprego (SEJE), em grande magnitude, incluindo a in- concluído ainda este ano, para que,
representação do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, durante stalação de equipamentos em 60 em 2024, os alunos se beneficiem de-
a abertura da décima Conferência Nacional de Empreendedorismo, da furos, a construção de reservatórios sta magna infra-estrutura.
Associação Nacional de Jovens Empresários de Moçambique (ANJE), re- e a expansão da estação de trata- A nova Escola Secundária de Ma-
alizada na quinta-feira na capital do país, sob o lema “Juventude Empre-
mento de água, cuja conclusão terá fambisse terá 58 salas divididas em três
sarial e Empreendedora como Referência no Processo de Desenvolvimento
de nossas comunidades”. um impacto directo no aumento da pisos, sendo 18 salas no primeiro, 20 no
capacidade de produção de água, segundo e terceiro; o que elevará a sua
proporcionando um acesso melho- capacidade para cerca de 10 mil alunos
No evento, o SEJE começou por ao trabalho, transformando desafios rado a este recurso hídrico, onde a em três turnos, incluindo o nocturno; 18
felicitar todos os jovens, em particular em oportunidades” execução física inicial se encontra a 12 casas de banho, 5 salas de professores,
o movimento associativo empresarial Neste contexto, felicitou os temas por cento, com a conclusão prevista 3 salas de informática, sendo duas para
jovem, pelo suporte dado na mate- escolhidos para este fórum, por tratar- para Outubro 2024. os alunos e uma para os professores; 3
rialização do programa do Governo, se de temas pertinentes e de grande O lançamento deste projecto foi ori- laboratórios para as disciplinas de Física,
denominado “Emprega”, nas suas importância para a promoção de um entado pelo ministro das Obras Públi- Química e Biologia, uma enfermaria e
duas componentes, designadamente, empresariado e empreendedorismo cas, Habitação e Recursos Hídricos, um campo de jogos multiusos.
Carlos Mesquita, MOPHRH
“Agora Emprega” que é competição juvenil de referência e que promove Carlos Mesquita. Financiado pelo Gov- No distrito de Nhamatanda, Mes-
de negócios e o“Acredita Emprega”. soluções na comunidade. erno de Moçambique e pelo Banco ESCALA NA BEIRA E MANICA quita visitou o bairro de reassentamen-
Em relação ao programa “Acredita Ainda no seu discurso de abertura Mundial com um investimento global to de Metuchira, cujas obras também
Emprega”, Oswaldo Petersburgo fez Oswaldo Petersburgo explicou que de 165 milhões de dólares americanos, A escala de Carlos Mesquita começou são financiadas pela Fundação de Car-
saber que já estão a ser financiadas a juventude não deve ser vista como o mesmo visa levar água potável a to- naprovínciadeSofala,ondeficouasaber idade Tzu Chi. Em Metuchira, o min-
cinquenta empresas de jovens, cada uma força de destruição, mas como das as comunidades. que, cerca de 10 mil alunos do Ensino istro exortou os 54 beneficiários das
uma delas com um milhão e meio de pilar fundamental na construção de No seu discurso, Mesquita enfatizou Secundário Geral, do distrito de Dondo, novas habitações do T1 e T2 das 410
que o acesso à água potável não é província de Sofala, passarão a estudar, a previstas e em construção a preserva-
apenas uma meta do Programa Quin- partirde2024,eminstalaçõescondignas, rem os lares recém-construídos.
quenal do Governo, mas um compro- modernas e resilientes a eventos climáti- De seguida, Carlos Mesquita es-
misso vital com o desenvolvimento cos severos, graças às obras de recon- calou a província de Manica, onde
humano. strução da Escola Secundária de Mafam- se inteirou do estágio das obras de
O Projecto de Abastecimento de bisse, que foi destruída pelo ciclone Idai. manutenção da Estrada Nacional N7
Água e Apoio Institucional II (WASIS Assim, na segunda-feira, Carlos Mes- Vanduzi-Changara, numa extensão de
II) é um passo significativo para a mel- quita acompanhado pela Secretária de 275.0 quilómetros. As obras consistem
horia do sistema de abastecimento de
água nas cidades de Tete e Moatize,
focando nas áreas mais necessitadas.
É importante destacar que este
projecto não está isolado. Além de
Tete e Moatize, o WASIS II está em an-
damento em outras cidades do país,
como Pemba, Nacala, Beira e Dondo.
A visão é clara: garantir água potável
para todos os moçambicanos e cum-
prir com os ODS.
O ministro instou firmemente o
meticais não reembolsáveis. nosso país. FIPAG, o empreiteiro Sugec da China
“Na segunda componente, que é a Com efeito, fez saber que “ao longo e o fiscalizador Zutari a concluírem as
componente “Acredita Emprega” em de nossa história como país e como obras dentro do prazo e com a quali-
que estamos a formar 20750 jovens nação, a juventude moçambicana de- dade exigida. Não há margem para
dando-lhes oportunidades, primeiro, sempenhou um papel crucial na edifi- atrasos ou falhas na execução.
de terem uma formação e, segundo, cação da nação que amamos”, por isso, Por fim, um apelo especial foi feito
de concorrerem a uma subvenção para defendeu o SEJE, “é vital que a nossa aos cidadãos de Tete e Moatize. Sendo Estado na Província de Sofala, Cecília na reciclagem do pavimento existente
formalização de negócios”, disse. Mais juventude seja alicerçada em valores estes os verdadeiros beneficiários Chamutota, visitou o empreendimento numa extensão total de 115.0 quiló-
adiante, anunciou que “na próxima que fortaleçam a nossa sociedade e a deste projecto, a sua colaboração ac- avaliado em cerca de 814 milhões de metros, seguidas de estabilização da
segunda-feira (hoje), iremos entregar as colectividade, através do trabalho, tra- tiva durante a construção é essencial. meticais, um financiamento da Funda- base com solo-cimento; revestimento
subvenções aos primeiros 300 jovens balho e mais trabalho”. Isto é,“trabalhos Numa mensagem final, Mesquita ção de CaridadeTzu Chi com a compar- superficial duplo numa extensão de
da cidade de Maputo e província de que trazem soluções às nossas comu- destacou a importância da prevenção ticipação do Governo de Moçambique. 135.0 (35+100) quilómetros; tapa-
Maputo, sendo que serão os trezentos nidades”, pelo que, “é nossa obrigação da cólera, instando todos a trabalha- Na ocasião, Mesquita demostrou mento de buracos com mistura betu-
jovens que saem do sector informal individual e colectiva incentivar a nossa rem juntos para manterem suas co- satisfação com o decurso das obras, minosa a quente numa extensão de
para o sector formal com apoio do pro- juventude para que se dedique ao trab- munidades seguras e saudáveis. cujo nível de execução atingiu 78%, 159.0 (88+71) quilómetros.
grama Acredita Emprega”. alho produtivo e à aceitação de hábitos
O SEJE observou que, “enquanto de vida saudáveis”frisou o dirigente.
alguns se dedicam a procurar falhas, Por isso, “como Governo, tudo fare-
erros e culpados para criticar e tentar mos para que a nossa juventude em- Que reine a esperança e que a vossa ser um lema que está em harmonia “Moçambique é um país de jovens,
obter algumas vantagens políticas presarial e empreendedora, através da capacidade de empreender supere com os programas e acções que o Gov- e apoiar a juventude empreendedora
com suas críticas, o verdadeiro em- inovação e da tecnologia, seja referên- sempre os obstáculos”, vincou. ernotemvindoapromovereadestacar e empresarial é pavimentar de forma
preendedor e empresário não tem cia no processo de desenvolvimento Relativamente ao lema escolhido, neste “quinquénio da juventude e do firme o caminho para o crescimento
tempo para lamentações e reclama- das nossas comunidades e do país “Acelerando os Negócios dos Jovens emprego”, assentes nos pilares da paz, económico e o desenvolvimento sus-
ções. Ele arregaça as mangas e se lança que amamos como moçambicanos. através da Inovação”, Petersburgo disse patriotismo e da Unidade Nacional. tentável do nosso país”, elucidou.
 20
NACIONAL
T
em vindo a aumen-
tar o número de
petições, queixas e
reclamações que en-
tram no Gabinete do
Provedor de Justiça,
Isaque Chande,
re¬metidas pelos cidadãos, através
de diferentes plataformas, através
de diferentes plataformas, contra
os governos central, provincial, dis-
trital e municipal. Segundo o seu
informe anual apresentado à As-
sembleia da República, foram apre-
sentadas 724 queixas, o que repre-
senta um incremento de 3.3% em
relação ao período anterior (2021-
2022), em que foram expostas 700
queixas. Este período foi marcado
por denúncias de corrupção e má
gestão da coisa pública praticadas
por alguns servidores públicos.
HERMÍNIA MAHUMANA
Email: herminia.mahumane90@
gmail.com
De acordo com Isque Chande, este
fenómeno é resultado da tomada de
conhecimento do ci-dadão da existên-
cia do Provedor de Justiça e das suas
funções, produto das acções de divul-
gação da figura e papel do Provedor de
Justiça e da maior consciencialização
dos cidadãos sobre os seus direitos.
Os diversos pedidos formulados ao
Provedor de Justiça tem sido feitos de
forma escrita, oral e electronicamente,
mas, o informe anual apresentado no
parlamento, indica uma tendência as-
cendente das queixas apresen¬tadas
por escrito, por correio electrónico e
correio postal em detri-mento das
demais vias (telefónicas, orais e redes
sociais como o Facebook)
“Apesar da não recorrência às insti-
tuições de Estado para a submis¬são
de queixas, o cidadão tem recorrido
cada vez mais às novas tecnologias
de informação e comunicação para o
acesso ao Pro-vedor de Justiça, o que
nos satisfaz, pois essa é a tendência
global, aliado ao facto de o Gabinete
não ter, ainda, representação noutras
províncias”, salientou Isaque Chande.
Como prova disso, revelou que,
através das redes sociais, de¬ram en-
trada um total 50 pedidos, sendo que,
o Facebook, em particular, é o meio vir-
tual que os cidadãos mais usam para
saberem mais sobre as actividades do
Gabinete.
“Com um universo de 3.989 se-
guidores, representados por 24.7% de
mulheres, contra 75.3% de homens, a
província de Maputo apresenta mais
interacção, representando 48% dos se-
guidores globais, contra 1% da provín-
cia de Cabo Del¬gado, por exemplo”,
elucidou o dirigente do Estado.
Em termos comparativos, Isaque
Chande apontou o Gabinete do
Provedor de Justiça da Cidade de
Maputo, como aquele que continua
apresentando o maior número de
queixas, com 436, seguido de Maputo
Província, com 86; Sofala com 50.
“Esta tendência vem se constatando
desde a entrada em funciona¬mento
do Gabinete do Provedor de Justiça,
no entanto, espera-se que com a aber-
tura de delegações haja mudança do
Crescem denúncias de corrupção e
má gestão da coisa pública
Isaque Chande, Provedor de Justiça
paradigma no que se refere ao acesso
aos serviços prestados pelo Provedor
de Justiça”, como por exemplo, da ci-
Marracuene contará com novo edifício do INSS
A
delegação distrital do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) em Marracuene contará, a partir do primeiro trimestre do próximo ano,
com um edifício construído de raiz, no âmbito da estratégia de expansão territorial dos serviços prestados aos utentes e ao público em geral,
ao nível da província de Maputo, bem como a melhoria de condições de trabalho dos funcionários e do atendimento público. No mesmo âm-
bito, o INSS lançou a primeira pedra das obras para a construção do futuro edifício da delegação distrital do Instituto Nacional de Segurança
Social (INSS) em Eráti, na província nortenha de Nampula.
Para o efeito, a secretária de Es-
tado na província de Maputo, Judith
Mussácula Faria, procedeu, segunda-
feira, 13 de Novembro, ao lançamento
da primeira pedra para a construção
da nova infra-estrutura, cuja duração
das obras será de seis meses.
Com a conclusão das obras, espera-
se que a delegação de Marracuene, ac-
tualmente a funcionar em instalações
arrendadas e incompatíveis com as
necessidades dos serviços prestados,
venha a impulsionar o sistema de se-
gurança social na região, tendo em
conta o potencial socioeconómico
que a mesma apresenta, incluindo a
grande e diversificada actividade do
sector informal, que se espera poder
engrandecer o sistema, com a mobi-
lização dos trabalhadores por conta
própria (TCP) para a sua adesão.
Discursando na cerimónia de lança-
mento da primeira pedra para a con-
strução do edifício, a secretária de Estado
na província de Maputo realçou o papel
preponderante desempenhado pelo
INSS na protecção do trabalhador no
activo e no passivo, apontando como
desafio a aproximação dos serviços
aos utentes, bem como o aumento do
número de contribuintes e beneficiários
no sistema de segurança social.
Ainda de acordo com Mussácula, é
expectativa do Governo ver a rede de
serviços do INSS ao nível da província
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
Ao Provedor de Justiça
dade de Nampula, cujo concurso pú-
blico para a selecção do empreiteiro já
foi lançado.
O Provedor de Justiça destacou, no
seu informe anual, que em relação ao
período anterior, os processos findos
ascenderam a 5.7%, entretanto, por
falta de fundamento legal, impro-
cederam 128 queixas contra 207 do
período anterior, significando um de-
créscimo de 38% de queixas improce-
dentes.
TIPOS DE QUEIXAS
Emrelaçãoaosprocessosqueproced-
eram,“aferimos que se registou um cres-
cimento de 169 processos para 212 do
período em análi¬se, correspondendo
a 25% comparativamente ao período
anterior, o que demonstra a necessidade
Judith Mussácula, SE da Província de Maputo
de Maputo com a melhor prestação
ao público utente e com a qualidade
exigida, em tempo útil. Instou o em-
preiteiro da obra a cumprir os prazos
estabelecidos contratualmente, asse-
gurar a qualidade e o uso de mão-de-
obra local na sua execução.
Em Marracuene, o sistema de se-
gurança social obrigatório, gerido pelo
INSS, conta com 1.133 contribuintes
(entidades empregadoras), 15.795
beneficiários (trabalhadores), 451 trab-
alhadores por conta própria, para além
de 384 pensionistas, distribuídos em
diferentes categorias de prestações.
ARRANQUE DAS OBRAS DE
ERÁTI
de cada vez mais a Administra¬ção
Pública, na sua actuação, observar a lei
e as demais normas que orientam e dis-
ciplinam a sua actividade ou melhor os
serviços por esta prestados”.
Analisadas as queixas por matérias,
Isaque Chande informou que a impug-
nação de actos administrativos consti-
tui a maior preocupação do cidadão,
tendo o Gabinete recebido 148 proces-
sos. A celeridade processual, pagamen-
to de salários e subsídios di¬versos e as
pensões de aposentação constituem
outros assuntos mais recorrentes que
dão entrada no Gabinete.
“O Provedor de Justiça, na sua actua-
ção, recebe denúncias de actos de má
gestão da coisa pública, actos de corrup-
ção, reclamações das suas decisões e re-
alizamediaçõescomaspartes”,salientou,
vincando notar-se o“aumento de casos
Ainda no mesmo âmbito, arrancar-
am, há dias, as obras para a construção
do futuro edifício onde passará a funcio-
nar a delegação distrital do INSS em Eráti,
na província nortenha de Nampula, cuja
cerimónia foi dirigida pelo secretário de
Estado naquela província, Jaime Neto.
Trata-se de uma infra-estrutura que
passará a albergar todos os serviços da
delegação do INSS em Eráti, um dos
distritos em que a instituição precisava
de instalações próprias para o seu fun-
cionamento, esperando-se que, com
a conclusão das obras, deixe de de-
pender de espaços arrendados.
A cerimónia do lançamento da pri-
meira pedra foi testemunhada, para
além dos dirigentes da província e
de denúncias de ac¬tos de má gestão
da coisa pública e actos de corrupção
praticados por alguns servidores públi-
cos. Estes casos, por força da própria lei,
o Provedor de Justiça remete às institu-
içõescompetentes,emrazãodamatéria,
para os devidos efeitos. As mediações
têm sido um meio ou via de se alcança-
rem con¬sensos, quando haja divergên-
cias ou contradições de interpreta¬ção e
entendimento dos factos e a subsunção
destes ao direito aplicável, às queixas
apresentadas, o que tem contribuído
para o alcance de entendimento, entre o
cidadão e a entidade visada”,disse.
No que concerne às mediações, no
período em apreço, foram realizadas
12 contra 09 do período anterior.
“Quando o cidadão não se sente
confortável com a decisão proferi¬da
pelo Provedor de Justiça, pode, que-
rendo, reclamar da mesma. Assim, no
período em apreço, o Provedor de
Justiça recebeu para reapreciação 4
(quatro) reclamações de cidadãos que
não concor¬daram com o seu posicio-
namento. Reanalisadas as reclamações,
decidiu pela manutenção do posicio-
namento, pelo facto de não conterem
novos elementos que justificassem a
sua revisão”,disse Isaque Chande.
quadros do INSS, por membros do
governo distrital, contribuintes, ben-
eficiários, pensionistas e as autoridades
tradicionais residentes em Eráti.
O futuro edifício, moderno e resili-
ente, terá compartimentos e condições
que garantirão o atendimento con-
digno aos utentes do sistema de segu-
rança social gerido pelo INSS que, até
Setembro deste ano, já tinha 6.208 con-
tribuintes, 38.370 beneficiários e 1.876
trabalhadores por conta própria (TCP).
Discursando por ocasião do lan-
çamento da primeira pedra para a
construção da referida infra-estrutura,
Jaime Neto disse que a mesma con-
tribuirá para a melhoria das condições
de trabalho e proporcionará o au-
mento da capacidade de prestação
de serviços, com a qualidade exigida,
bem como aumentará a celeridade no
atendimento aos utentes do sistema e
ao público em geral.
O secretário de Estado em Nampula
sublinhou a importância do sistema
para os diversificados grupos de trabal-
hadores, tendo aproveitado a ocasião
para apelar às entidades empregadoras
sobreaobrigatoriedadedeseinscrever-
emnosistemadesegurançasociale ca-
nalizarem,comregularidade,asdevidas
contribuições, como forma de garantir
o futuro dos seus trabalhadores e fa-
miliares,dopontodevistadeassistência
social, mesmo no momento actual das
suas vidas activas, profissionalmente.
Público 21
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
NACIONAL
Publicidade
Jovens capacitados em gestão
de água e saneamento
O
s jovens serão afectados pela crise hídrica mais do que qualquer geração ante-
rior e são desproporcionalmente afectados pelo acesso inadequado à Água,
ao Saneamento e à Higiene (ASH), o que será continuamente agravado pelas
mudanças climáticas. No entanto, são frequentemente excluídos das conversas
sobre questões de ASH, e as suas ideias esquecidas ou negligenciadas. Para con-
trariar a tendência, a WaterAid Moçambique capitalizou as celebrações do Dia
Mundial da Latrina, assinaladas a 19 de Novembro passado, para promover o
engajamento de jovens na componente de ASH, para que possam desenvolver capacidades para
uma participação activa e efectiva nos debates sobre o assunto e reflectir sobre o papel da juven-
tude na promoção de latrinas seguras/resilientes ao clima.
Intitulado Youth Indaba, o evento terá lugar no desempenho a longo prazo, minimiza o risco de
distrito de Marracuene, Província de Maputo e é impactos de eventos relacionados com o clima e a
organizado em parceria com o Fórum Nacional da vulnerabilidade das comunidades devido a pertur-
Juventude para Água, Saneamento e Higiene (FON- bações sanitárias, ambientais e económicas”, refere
JASH). Dentre várias actividades, destacam visitas ao um estudo da WaterAid, intitulado“A solução Negli-
projecto da WaterAid visando a promoção de mer- genciada”, datada de Julho de 2023.
cado de saneamento, no Bairro Eduardo Mondlane Sistemas de saneamento mal geridos têm conse-
e ao Centro de Saúde de Mali, onde a organização quências devastadoras para a saúde, a economia e
construiu infra-estruturas de ASH para melhorar o ambiente, especialmente nas comunidades mais
as condições de higiene dos utentes e técnicos de pobres e marginalizadas. Em Moçambique, as doen-
saúde; reflexão sobre o papel da Juventude na pro- ças transmissíveis são responsáveis por quase três
moção de saneamento, entre outros. quartos de todas as mortes (73 por cento), sendo
O Dia Mundial da Latrina celebra-se sob o lema que a pneumonia (9,8 por cento) e a diarreia (8 por
“Acelerando a Mudança para o Acesso à Latrina Se- cento) são a segunda e quarta principais causas de
gura e Resiliente” um lema que pretende reforçar o morte no País.
facto de o saneamento desempenhar um papel vi- De acordo com os dados do Joint Monitoring
tal no desenvolvimento da resiliência às mudanças
climáticas.Todavia, para maximizar este papel, todos
Programme (JPM) 2019, em Moçambique somente
29% de população tem acesso básico ao sanea-
os sistemas de saneamento devem ser, eles próprios, mento, dos quais (52% urbano,17% rural), 56% tem
resilientes, o que significa ir além das intervenções acesso básico à água (urbano: 84%, rural: 40%) e
centradas nas infra-estruturas e adoptar uma per- 26% (urbano: 47%, rural: 17%) tem o acesso básico à
spectiva à escala do sistema ao longo de toda a ca- higiene. Com 36%, Moçambique detém a taxa mais
deia de serviços de saneamento. elevada da população que pratica fecalismo a céu
No entanto, até à data, os impactos das mudan- aberto ao nível da África Subsariana.
ças climáticas nos sistemas de saneamento e as Adam Garley, director Nacional da WaterAid
soluções correspondentes não receberam a aten- Moçambique disse: “A vulnerabilidade climática e
ção ou o financiamento necessários. a crise de saneamento estão ligadas ao género, o
É nessa perspectiva que a data também visa in- que significa que os riscos climáticos nos sistemas
spirar acções para enfrentar a crise global do sanea- de saneamento afectam desproporcionalmente as
mento e alcançar os Objectivos de Desenvolvim- mulheres e as raparigas. Quando sanitários deixam
ento Sustentável 6 e 8, que prometem saneamento de funcionar ou são destruídos devido aos riscos
para todos até 2030 e promover o crescimento climáticos, as mulheres, as raparigas, para quem é
económico e o trabalho digno para todos. mais perigoso ou culturalmente inaceitável urinar
“Precisamos de sistemas de saneamento robus- ou defecar a céu aberto, têm dificuldade em encon-
tos, que possam rapidamente retomar os serviços trar uma alternativa segura. Podem ter de percorrer
habituais quando os riscos climáticos causam maiores distâncias para encontrar uma instalação
perturbações e falhas. A existência de sistemas de sanitária ou esperar pela noite para ter privacidade
saneamento robustos e resilientes ao clima, bem para urinar ou defecar a céu aberto, expondo-as a
concebidos, geridos e dotados de recursos para um um maior risco de violência baseada no género”.
 22
NACIONAL
Golpe climático na área do Grande Maputo
- Revela uma investigação exclusiva da WaterAid
U
ma nova investi-
gação exclusiva
da WaterAid reve-
la que milhões
de pessoas que
vivem na pobreza
no mundo inteiro
têm sofrido com uma “inversão
abrupta do risco climático” desde o
início do século. Esta iniciativa surge
num momento crucial, em que
os líderes mundiais se preparam
para se reunirem em Dubai para a
COP28, dentro de duas semanas.
Sobre Moçambique, os novos da-
dos mostram que o clima na área
do Grande Maputo sofreu uma
grande variação nos últimos 40
anos, com secas prolongadas inter-
caladas com cheias.
Sustentada por poderosas ima-
gens de satélite, a análise dos dados
climáticos divulgados pela WaterAid e
pelas universidades de Cardiff e Bristol
conclui que, por acção de um “golpe”
de pressões climáticas extremas, as
áreas que costumavam sofrer secas
frequentes são agora mais propensas
a cheias frequentes, enquanto outras
regiões historicamente propensas a
cheias sofrem agora secas mais fre-
quentes — com um efeito devastador
nas comunidades destas regiões.
Nas últimas duas décadas, as áreas
do Paquistão, Burquina Faso e norte
do Gana — normalmente associadas
a condições mais quentes e secas —
passaram a ser cada vez mais húmidas
e propensas a cheias.
Em contrapartida, a região de Sha-
belle, no sul da Etiópia, que entre 1980
e 2000 registou inúmeros períodos
de cheias, mostra agora uma viragem
para a seca prolongada e rigorosa. O
rio Shabelle — mais seco e uma im-
portante fonte de água para a Somália
— observou, recentemente, piores
condições de seca no Corno de África,
mas terminou com uma grande cheia
em Abril deste ano.
Quanto a Moçambique, a investiga-
çãorealizadaemtornodaáreadeBoane,
na área do Grande Maputo, mostrou
que a região é altamente variável, carac-
terizada por períodos de seca prolonga-
dos intercalados com períodos húmidos
com probabilidade de cheias, incluindo
este ano. Os períodos de seca parecem
durar mais tempo do que os húmidos
e o número de meses secos aumentou
ligeiramente entre 1982 e-2002 e 2003-
2023, enquanto o número de meses
húmidos diminuiu dois terços.
A investigação inovadora examinou
a frequência e a magnitude dos riscos
de cheias e secas ao longo dos últimos
41 anos em locais de seis países nos
quais a WaterAid trabalha: Paquistão,
Etiópia, Uganda, Burquina Faso, Gana
e Moçambique, acrescentando a Itália
como comparação europeia, para que
se considere o facto de os impactos
das mudanças climáticas não discrimi-
narem por região.
As comunidades expostas a estas
condições extremas estão, muitas vezes,
mal preparadas para as enfrentar. A Wa-
terAid adverte que não intervir no âmbi-
to da adaptação às mudanças climáticas
na COP28 pode condenar as pessoas
das áreas mais afectadas a uma pobreza
enraizada, deslocações territoriais, doen-
ças e, potencialmente, até conflitos, uma
vez que as questões que conduzem à
escassez de água e alimentos são agra-
vadas pelas condições climáticas ex-
tremas catastróficas e intercaladas.
O director-executivo da WaterAid,
Tim Wainwright, afirmou que “a crise
climática é uma crise hídrica e, tal
como mostra a nossa investigação
actualmente, o nosso clima está a tor-
nar-se cada vez mais imprevisível, com
consequências devastadoras.
Desde terras agrícolas atingidas pela
seca a povoações devastadas pelas
cheias, as comunidades do Paquistão,
Burquina Faso, Gana e Etiópia estão a
sofrer os efeitos alarmantes do golpe
climático; Uganda está a sofrer cheias
cada vez mais catastróficas e Moçam-
bique uma mistura caótica de ambas
as condições extremas.
Embora todos paguemos um
preço pelo stress hídrico global, são os
que vivem na linha da frente da crise
climática que o estão a pagar agora —
as suas vidas estão em risco.
Faltam apenas duas semanas para a
COP28 e esta não pode ser mais uma
cimeira em que a adaptação às mudan-
ças climáticas é posta de lado. Os nossos
dirigentes têm de reconhecer a urgên-
cia e dar prioridade ao investimento em
sistemas hídricos robustos e resilientes.”
Para as comunidades que vivem
na linha da frente destas “inversões
abruptas dos riscos climáticos”, as
consequências são devastadoras —
dizimando colheitas e meios de sub-
sistência, danificando infra-estruturas
de abastecimento de água, muitas
vezes frágeis, interrompendo os ser-
viços de abastecimento de água e ex-
pondo as pessoas a doenças e à morte.
Nesse contexto, Adam Garley, direc-
tor daWaterAid Moçambique, disse que
“o nosso País é altamente vulnerável aos
impactos das mudanças climáticas, mui-
tos dos quais se experimentam através
da água durante secas prolongadas ou
tempestades e chuvas intensas mais
frequentes. Estes impactos são também
ligados à saúde pública como vimos,
este ano, aquando da passagem do ci-
clone Freddy, que agravou um surto de
cólera que já estava em curso. Apesar
de não contribuir muito em termos de
emissões globais, Moçambique está na
linha da frente em termos do impacto
das mudanças climáticas. Esta injustiça
tem que ser abordada na COP28 para
facilitar a abertura de mais fundos de
adaptação, para países como Moçam-
bique investirem em serviços resilientes
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
de água e saneamento”
No Uganda, os dados revelam que
Mbale, uma região a oriente situada
à sombra do Monte Elgon, está tam-
bém a mostrar uma tendência sig-
nificativa para condições muito mais
húmidas, como demonstrado pelas
cheias sem precedentes dos últimos
três anos. Para o professor primário re-
formado Okecho Opondo, de 70 anos,
a alteração dos padrões climáticos está
a causar enormes problemas.
“Estamos extremamente confusos.
Os meses que eram chuvosos agora
são secos. Quando as chuvas che-
gam, podem ser curtas, mas intensas,
LEGENDA
provocando cheias. Noutras ocasiões,
os períodos de chuva são demasiado
longos, levando à destruição de infra-
estruturas e colheitas. Além disso, os
períodos de seca podem ser muito
longos, o que conduz ainda mais à
destruição das colheitas e à fome.”
Para o professor Michael Singer, da
Escola de Ciências da Terra e do Am-
biente da Universidade de Cardiff, que
liderou a investigação, advertiu que
estes fenómenos climáticos não se
limitam apenas a estes países:
“O mais dramático é que descobri-
mos que muitos locais estão a sofrer al-
terações significativas no clima predomi-
Já à VENDA nas
(Aeroporto Internacional de Maputo)
(Július Nyerere e Hotel Rovuma)
(Jardim dos Namorados)
nante. Especificamente, muitos dos
nossoslocaisdeestudosofreramumain-
versão do risco, passando de propensos
a secas para propensos a cheias ou vice-
versa. Embora o âmbito deste estudo se
tenha limitado a um punhado de países
e a locais específicos dentro dos mes-
mos, acreditamos que o risco de cheias
e, de um modo mais geral, as alterações
na frequência e magnitude dos riscos de
cheiasesecas,sãoalgoqueamaiorparte
dos locais do planeta terá de enfrentar.
Compreendemos que as mudan-
ças climáticas não conduzirão a uma
alteração monolítica dos riscos climáti-
cos, apesar do aumento global das
temperaturas. Pelo contrário, o perfil
de risco de qualquer região é suscep-
tível de mudar de forma imprevisível.
Estes factores devem ser tidos em con-
ta no sentido de apoiar a adaptação às
mudanças climáticas em prol das vidas
e meios de subsistência dos seres hu-
manos em todo o mundo.”
Desde a protecção contra as cheias
até às medidas de resistência à seca,
existem soluções de adaptação, mas
não se está a fazer o suficiente para
nos prepararmos para este futuro. Au-
mentar e optimizar os investimentos
relacionados com a água em países
de baixo e médio rendimento não só
salvará vidas, como também aumen-
tará a prosperidade económica —
com a análise a sugerir que é possível
gerar pelo menos 500 mil milhões de
dólares por ano em valor económico.
Publicidade
Lojas!
MIVANY SHOP
MABUKU
PAPELARIA ESCOLAR
(24 de Julho)
TAVERNA
(Costa do Sol)
TAVERNA
(Sommerschield)
TAVERNA
(Mao-Tse-Tung)
TAVERNA
(Av. 24 de Julho)
TAVERNA
TAVERNA
(Baia Mall)
CINEMA
THE HUNGER GAMES: A BALADA DOS PÁSSAROS E
DAS SERPENTES
Oito anos depois do último filme da
saga The Hunger Games – Os Jogos
da Fome (2012) – outros foram The
Hunger Game – Em Chamas (2013);
The Hunger Games: A Revolta –
Parte 1 (2014) e The Hunger Games:
A Revolta–Parte 2 – eis que estreia
agora a quinta incursão pelo mundo
distópico de Panem, uma prequela
cuja acção transporta-nos para 60
anos antes dos acontecimentos em
que esteve envolvida Katniss Ever-
deen. De realçar que todos os filmes,
incluindo este que agora estreia, têm a
realização de Francis Lawrence.
Para enquadrar o nosso leitor-es-
pectador importa-nos contar que a
história original desta saga passava-se
num futuro não muito distante, onde
os EUA sucumbiram a secas, guerras,
fogos e fome, dando lugar a Panem,
dividida em 12 distritos com diferen-
tes níveis de pobreza e fome, em con-
traste com o Capitólio (liderado pelo
presidente Coriolanus Snow), metró-
pole rica e tecnologicamente avan-
TIGER 3
Oito anos depois de Bajrangi Bhai-
jaan (2015), de Kabir Khan, Salman
Khan desembarca novamente no
Paquistão, desta vez para salvar a de-
mocracia, nesta terceira aventura cine-
matográfica do heróiTiger – tem como
antecessores Ek Tha Tiger (2013), de
Kabir Khan e Tiger Zinda Hai (2017),
de Ali Abbas Zafar – com acção mus-
culada à moda de Hollywood,
Tiger 3, de Maneesh Sharma,
continua a saga do universo de es-
pionagem daYRF, com a mesma velha
premissa de um terrorista altamente
motivado, que abriga uma ideia total-
çada que organiza todos os anos "Os
Jogos da Fome", para entretenimento
dos seus habitantes privilegiados e
como forma de punir uma revolta
que ocorreu há décadas e resultou na
destruição do distrito 13.
Agora neste quinto capítulo, oito
anos após Katniss Everdeen (Jennifer
Lawrence) disparar a primeira seta nos
violentos “The Hunger Games”, o pú-
blico regressa agora a Panem, o mundo
distópico onde decorre a narrativa
sangrenta da saga original. Desta vez,
vamos para o passado, onde descobri-
remos melhor a história de Coriolanus
Snow (Tom Blyth), que em idade adulta
acabou por se tornar no presidente
daquele país marcado pela enorme
diferença entre pobres e ricos. No filme,
Snow tem apenas 18 anos. Rapidam-
ente descobrimos que também ele
passava fome. Vem de uma família rica,
mas tudo isto desapareceu após a sua
terra natal ter sido bombardeada pelos
rebeldes. Mesmo assim, tenta manter
a boa aparência à frente dos amigos,
Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023
para não ser ostracizado e expulso do
Capitólio, a zona rica de Panem — onde
a vida é, supostamente, boa. O pro-
tagonista tem agora uma missão: ser
um mentor, ou seja, ajudar alguém a
ganhar os Jogos da Fome. A sua aluna é
Lucy Gray Baird (Rachel Zegler), a rapari-
ga do distrito 12. Coriolanus Snow fará
tudo para a ajudar a vencer os Jogos da
Fome. O resto só visto!
No cômputo geral, o filme apre-
senta uma óptima paleta de cores e
filtros que deixam tudo sem brilho e
um tanto envelhecido, uma fotografia
belíssima, uma óptima organização das
câmeras que mudam de closes para
planos capazes de identificar a imen-
sidão de Panem. O filme é uma obra de
suspense, intriga, traições com alguma
acção, e para isso o argumento foca no
desenvolvimento dos personagens,
precisando, para tal, ter um ritmo mais
lento para que haja tempo para criar-
mos relações afectivas com eles e nisso
o filme excede as expectativas.
Em exibição na Nu Metro
BORBOLETAS – UMA AVENTURA COM PINTA
Comédia animada realizada por
Sophie Roy, ambientada no cenário
diversificado, pitoresco e em con-
stante mudança da grande migração
da borboleta monarca, a história do
filme segue Patrick, uma borboleta de
uma asa só, que viaja clandestina num
carregamento de serralhas. Com o
seu melhor amigo Marty, uma lagarta
brincalhona, e Jennifer, uma borboleta
que tem medo de alturas; Patrick irá
tornar-se um herói improvável.
Mas primeiro tem de enfrentar o
TROLLS 3 – TODOS JUNTOS!
Os “trolls” são pequenas criaturas
cuja alegria se revela em cantigas,
danças e abraços muito apertadinhos.
Nesta terceira aventura, a optimista
Poppy descobre que o seu namorado
Branch foi, durante a infância, membro
dos BroZone, uma famosa “boyband”
de quem ela é fã desde que se lembra.
Branch, que tem os seus motivos para
ter guardado esse segredo durante tan-
tos anos, recorda com angústia o motivo
pelo qual ele, Floyd, John, Dory, Spruce
e Clay, os seus irmãos mais velhos, de-
ixaram de pertencer à mesma banda e
tomaramrumosdiferentes.Masquando
um deles é raptado por uma dupla de
mente equivocada do patriotismo.
O antagonista Aatish Rehman
(Emraan Hashmi) é novamente um
agente desonesto, que mistura per-
das pessoais com agenda política. A
diferença é que desta vez ele pertence
ao ISI do Paquistão e tem uma ligação
profunda com a ex-agente do ISI Zoya
(Katrina Kaif), sua protegida, que agora
leva uma vida tranquila com o seu
marido Tiger e o seu filho Junior na
Áustria. Ele a obriga a participar num
atentado contra as conversacões de
paz entre o Paquistão e a Índia. De que
lado estará Zoya?
A narrativa é repleta de emoções
23
CULTURA
seu medo, assumir a sua singularidade
e vencer a adversidade, enquanto luta
contra as intempéries, o ser humano e
três pássaros malvados com sede de
vingança.
É uma história de aventura, realiza-
ção pessoal e heroísmo contada com
humor, que mostra que as nossas
diferenças são menos importantes
que os laços que nos unem, e é na ad-
versidade que o verdadeiro carácter
se revela.
Em exibição na Nu Metro
vilões mal-intencionados, Branch e os
seus irmãos unem-se a Poppy e a alguns
amigos próximos para resgatá-lo.
Trolls 3 – Todos Juntos! realizado
pela duplaTim Heitz eWalt Dohrn (este
último realizou os dois primeiros filmes
da série), oferece todos os elementos
que fizeram dos dois primeiros filmes
um sucesso entre as famílias: visuais
coloridos e extremamente vibrantes,
novas versões de canções populares
em números musicais extravagantes e
uma aventura repleta de humor e um
senso de perigo que é mais divertido
do que ameaçador.
Em exibição na Nu Metro
constantes e reviravoltas na trama, mui-
tas delas previsíveis. A fotografia, de tirar
o fôlego de Anay Goswamy, captura
habilmente a escala desta saga de es-
pionagem mundial que atravessa per-
feitamente a Europa, a Rússia, Istambul,
a Índia e o Paquistão. Um dos pontos al-
tos do filme é a participação especial de
Shah Rukh Khan (Pathaan) na sequên-
cia em que tiraTiger da prisão.
Filme veículo para Salman Khan,
onde não faltam acrobacias ousadas
que não só desafiam a morte e as leis
da gravidade, mas também a lógica!
O melhor é não levar nada a sério!
Em exibição na Nu Metro
 Público
Segunda-feira 20 de Novembro de 2023

Pancada Pública

XIBAKELA XA BUD

BONS EXEMPLOS
A rapidez com que tem sido tratada a questão de regularização
de penões pelo governo a favor dos ex-guerrilheiros da Renamo, no
contexto do processo de Desmobilização, Desarmamento e Rein-
tegração (DDR), é bastante impressionante, por isso, a nossa eleição
ao governo como figura da semana, com direito à ocupação deste
espaço, reservado aos Bons Exemplos.
Na posse deste semanário, frescas informações indicam que
cerca de 739 processos dos ex-guerrilheiros, no âmbito do DDR já
têm visto do Tribunal Administrativo (TA) para o pagamento das
pensões. Isto acontece após sucessivas reclamações por parte dos
beneficiários da iniciativa, que levantavam questões como a moro-
sidade na tramitação dos seus processos e, o governo atendendo
as suas inquietações convidou, em Setembro último, os potenciais
beneficiários a dirigirem-se aos vários pontos para regularizar as suas
situações e para que pudessem receber os seus ordenados.
Findo o prazo de submissão dos documentos requeridos, para
efeito de regularização de pensões, o Executivo de Filipe Nyusi, na
sua última sessão do Conselho de Ministros, apreciou o ponto desta
situação com pareceres positivos, pois alguns processos começaram
a ser emitidos.
“Podemos referir que, de Setembro à primeira semana do mês
em curso, Novembro de 2023, o governo recebeu 2403 processos,
tendo sido instruídos e remetidos à instituição que trata da questão
da previdência social 1645 processos, dos quais 440 processos no
mês de Setembro, 828 no mês de Outubro e 377 processos na pri-
meira semana do mês de Novembro”, revelou Filimão Suazi, porta-
voz do Conselho de Ministros.
Isto significa, segundo o porta-voz do Conselho de Ministros, que
“dos 1.1604 pensões já fixadas e enviadas para o Tribunal Adminis-
trativo nos meses de Setembro a Novembro, já foram visados cerca
de 739 processos e os outros vão seguindo o seu curso mediante
avaliação”.
Na sessão da última terça-feira, 14 de Novembro corrente, o Ex-
ecutivo falou, ainda, do trabalho em curso para tirar o país da lista
cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional e as expectati-
vas, considerou serem boas, ao que nós louvamos bastante.
“Nesta avaliação a que nos referimos em 2023, o GAFI apreciou
o forte compromisso de Moçambique e os tremendos esforços em
concluir o plano de acção e, como resultado, irá prosseguir como
monitoria reforçada e não aplicação de contra-medidas ou inserção
na lista negra”, referiu Filimão Suazi.
Com efeito, o GAFI reconhece os progressos importantes que
levaram à actualização de cinco acções não resolvidas para parcial-
mente resolvidas e estas acções relacionam-se com a capacidade de
formação de supervisores no âmbito da divulgação de informações
financeiras pela Unidade de Informação Financeira, avaliação do
risco de financiamento ao terrorismo e dentre outras medidas.
Até ao próximo ano, o país deve apresentar quatro relatórios posi-
tivos com aspectos por corrigir e já apresentou dois que foram posi-
tivamente avaliados e acreditamos que, pelo curso das coisas, tudo
indica que Moçambique vai sair desta lista.

Publicidade