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SAI ÀS SEGUNDAS DOSSIERSEFACTOS.COM FACEBOOK: DOSSIERS & FACTOS

50Mt

DIRECTOR: Serôdio Towo | Segunda-Feira, 06 de Novembro de 2023| Edição nº: 536 | Ano: 10 | Distribuição: Online

FÃ DE HOLOFOTES MAS POUCO ABERTO

Nyusi 30 perguntas

deve ao PR
Pág 03 e 04

explicações
ND INSISTE QUE VENCEU EM GURUÉ

"Tiraram-nos o
pão da boca" Pág 15

MAUS TRATOS EM HOSPITAIS NA MAXIXE

Pacientes são trocados

por WhatsApp
Pág 05 e 06
 2 EDITORIAL DOSSIERS & FACTOS 06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA

Potencial disperdiçado
A classe política moçambicana
atingiu um nível de descrédito
quase que sem paralelo, e a razão
para isso reside na distância
que separa o discurso da acção.
Um exercício de confrontação
das promessas feitas por este
segmento, mesmo fora dos
períodos de campanha eleitoral,
é capaz de levar-nos a esgotar
resmas, dada a quantidade de
informação que teríamos de
anotar.
As promessas são feitas sem
medo de que, no futuro, possa
haver cobranças – talvez porque
na maioria das vezes não há
mesmo -, e isso viciou os que, ao
longo dos anos, dirigem o país,
de tal sorte que transformaram
a agenda do Estado num mero
repositório de palavras sem
vida.
Desde que somos
independentes, cantamos aos
quatro ventos que a nossa
base de desenvolvimento é
a agricultura, mas nada do
que fazemos, como Estado,
aponta para tal direcção. No
lugar de definirmos estratégias
capazes de estimular quem
tem na actividade agrícola a
sua fonte de subsistência, no
sentido de conduzi-lo à prática
da agricultura de rendimento,
o que fazemos é fomentar a
marginalização.
Quando se esperava que tudo
fizéssemos para criar o melhor
ambiente de negócios para os
players do sector, dificultamos
o acesso ao financiamento,
condenando à mor te, ou
pelo menos à estagnação,
interessantes projectos neste
ramo. Como corolário disso, o
país entra em pânico cada vez
que a África do Sul fecha as
portas, face a possibilidade de
enfrentar uma verdadeira crise
de alimentos.
Com infindáveis terras férteis,
somos incapazes de produzir
repolho, tomate, cebola, e
batata, um “feito” que só está
ao alcance de um país que não
se leva à sério.
Retardados e sem visão
estratégica de desenvolvimento,
entregamos ao desbarato os
nossos recursos ao estrangeiro,
como acontece há décadas
com o gás natural de Pande
e Temane. Há, aliás, quem
defenda que Moçambique
nem tem noção da quantidade
que os sul-africanos da SASOL
enviam para a terra do rand.
Estamos a ver navios, como sói
dizer-se.
E o que dizer da nossa madeira,
que sai do país em forma de
troncos e regressa disfarçada
de lápis e carteiras, como se
os moçambicanos fossem de
todo incapazes de esculpir tais
utensílios! Isto é ainda mais
doloroso, pois no vasto território
nacional muitos são os alunos
obrigados a estudar sentados
sobre as pedras, justamente por
falta de carteiras.
Nos últimos anos, ganhou
espaço no nosso dicionário o
conceito de economia azul,
que diz respeito a actividades
económicas desenvolvidas a
partir dos recursos marinhos
ou realizadas no ambiente
oceânico de forma sustentável.
Moçambique vem dando
mostras de pretender fazer
mais nesta vertente, sendo de
destacar a criação do Fundo
Para o Desenvolvimento da
Economia Azul (ProAzul) e a
realização das conferências
“Crescendo Azul”.
Sucede, no entanto, que poucos
resultados foram apresentados,
pelo menos até ao momento,
sendo provável que estejamos,
outra vez, em face de projectos
e políticas para inglês ver.

FICHA TÉCNICA
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 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023
NUMA ALTURA DE INCERTEZAS POLÍTICAS
Dossiers & Factos faz 30 perguntas ao PR
O
Presidente da República, Filipe
Jacinto Nyusi, está à beira de
concluir o seu segundo manda-
to, ou seja, o último ciclo da sua
governação. Desde que ascendeu ao po-
der, em Janeiro de 2015, o Chefe de Estado
tem sido fechado, sobretudo para a media
nacional, optando, nas poucas vezes que
aceitou ser entrevistado, pela imprensa es-
trangeira, havendo apenas registo de uma
única entrevista concedida a um órgão pri-
vado moçambicano – o Canal de Moçambi-
que. Tudo isso faz com que haja Inúmeras
perguntas que deviam ser respondidas
pelo Chefe de Estado e do Governo. Por
este motivo, Dossiers & Factos arrola neste
artigo cerca de três dezenas de perguntas
que as considera essenciais.
D&F Texto: Dossiers & Factos
Numa altura em que o País passa por momen-
tos de grande tensão, muito por conta da forma
como decorreu o processo eleitoral atinente às
eleições autárquicas, sente-se cada vez mais a “au-
sência” de Filipe Nyusi, um Presidente que, apesar
de ser dado aos holofotes, pouco se predispõe a
dar entrevistas a jornalistas nacionais para falar da
sua governação e de outros assuntos fulcrais da
Nação.
Por via disso, Dossiers & Factos apresenta, na
presente edição, algumas das questões em torno
das quais julga que o mais alto magistrado da Na-
ção devia se pronunciar. Da Educação à segurança,
passando pelos restantes sectores, há tanto por
esclarecer.
Dívidas ocultas e o “fardo” do passado
O consulado do actual Chefe de Estado já co-
Terrorismo é um dos maiores desafios do presidente
DOSSIERS & FACTOS
Filipe Nyusi, PR
meçou atribulado devido ao corte do apoio ao Or-
çamento do Estado, em jeito de castigo por conta
da contratação das Dívidas Ocultas, processo que
se deu no final do mandato do seu antecessor, Ar-
mando Emílio Guebuza. Por via disso, Dossiers &
Factos pergunta que estratégia foi adoptada pelo
Presidente para manter o País “em pé” perante ta-
manho défice orçamental?
Por outro lado, o nome do Presidente é cons-
tantemente citado no Tribunal Comercial de Lon-
dres por seu alegado envolvimento neste calote.
Que se saiba, ainda não abordou publicamente
esta matéria, o que seria importante para defen-
der sua honra. Em função da forma como tudo se
DESTAQUE 3
desenrolou, Dossiers & Factos pergunta que escla-
recimentos Nyusi gostaria de dar ao povo, espe-
cialmente às pessoas que o admiram?
Ainda em relação a esta questão, o Presidente
era esperado em Londres para prestar declarações,
tendo invocado imunidade para evitar a sua ida.
Não fosse a imunidade, estaria disposto a dar res-
postas às questões centrais sobre este escândalo?
Segurança e estabilidade
A busca pela paz foi sempre sagrada nos últi-
mos anos, ocupando um lugar central na agenda
do Presidente. Isso ficou notório desde o seus pri-
meiros tempos de governação, quando, surpreen-
dendo a todos, o Chefe de Estado fez-se à serra da
Gorongosa para conversar com o então Presidente
da Renamo, Afonso Dhlakama.
Não teme o Presidente que a actual crise, de-
rivada da forma como decorreram as VI Eleições
Autárquicas, nos possa levar a mais um capítulo
tumultuoso?
Moçambique depara-se com um grave proble-
ma de segurança em Cabo Delgado, província que,
desde 2017, é assolada pelo terrorismo. Na quali-
dade de Comandante em Chefe das FDS, que ba-
lanço faz do combate a este flagelo e quais são as
perspectivas que tem da província a médio prazo?
Sabe-se que no teatro operacional as FDS con-
tam com apoio das forças ruandesas e da Comuni-
dade de Desenvolvimento da África Austral. Nun-
ca foi esclarecida, no entanto, a razão que levou
a que as tropas ruandesas chegassem antes da
SAMIM, o que até gerou um certo desconforto ao
nível da região. Por via disso, pode explicar está
opção e, ao mesmo tempo, explicar que interesses
o Ruanda tem em Moçambique?
De resto, em vários sectores da sociedade há
receios de que os ruandeses no futuro possam
condicionar sua saída de Cabo Delgado. O que o
Presidente tem a dizer sobre esta alegação?
 4 DESTAQUE DOSSIERS & FACTOS 06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA

Ainda neste capítulo, interessa saber como as

FDS estão ao nível de equipamento, factor que
condicionou sobremaneira a sua actuação em
Cabo Delgado. Já no plano particular, há informa-
ções que dão conta de que a segurança do PR está
a cargo de estrangeiros. A ser verdade, o que o le-
vou a tomar esta decisão?
Outrossim, perante a forte possibilidade de
saída das forças da SAMIM, e provavelmente as do
Ruanda, as FDS estarão preparadas para assegura-
rem, sozinhas, a estabilidade da província de Cabo
Delgado?

Políticas económicas

O Presidente sempre deixou claro que a pro-

moção do emprego constitui uma das maiores
prioridades do seu consulado. Prova disso é o fac-
to de, aquando da campanha para a reeleição, ter
prometido criar três milhões de empregos, espe-
cialmente para os jovens. O que impossibilitou o
alcance desta meta?
Um dos fenómenos que inevitavelmente mar-
cará a sua governação é a reforma salarial feita
através da introdução da Tabela Salarial Única
(TSU). Por mais brilhante que a ideia possa ser
no plano teórico, a verdade é que esta revolução
transformou-se numa autêntica dor de cabeça.
Que explicação tem a dar aos moçambicanos a
propósito deste fracasso?
Outra grande desilusão dos moçambicanos
tem que ver com o desinvestimento na agricultu-
ra, apesar de ser apontada como pilar da sua go-
vernação. O PR chegou a prometer alocar 10% do
orçamento do Estado a este sector, mas a verdade
é que, ao longo dos primeiros anos do segundo
mandato, alocava menos de 5%. Terá encontrado
alguma resistência para que a promessa não fosse
cumprida?
É inevitável falar do Pacote de Aceleração Eco-
nómica, lançado em Agosto do ano passado. Vol-
vido um ano, julga que este instrumento está a
surtir os resultados desejados? Se sim, pode citar
alguns exemplos de sucesso e, se não, pode expli-
car o que terá falhado?
O programa Sustenta, implementado pelo Mi-
nistério da Agricultura e Desenvolvimento Rural,
Parece não ter fim a vista o problema das turmas ao relento
é uma das suas principais bandeiras económicas.
Está satisfeito com os seus resultados?
Democracia e respeito às liberdades
Diversos sectores consideram que a democra-
cia está a ficar fragilizada no País. Esta conclusão
baseia-se, fundamentalmente, nos rankings feitos
por instituições internacionais, que apontam para
uma guinada rumo ao autoritarismo, sobretudo a
partir de 2018. Como é que o Presidente olha para
este tipo de conotações e o que o Governo tem fei-
to para reverter esta percepção, se for o caso?
Sua relação com Organizações da Sociedade
Civil parece não ser boa, de todo, sendo disso pro-
va o facto de as ter acusado de pretenderem der-
rubar o partido que preside. Sente que está a ser
injustiçado ou sabotado?
A famosa “mão externa” tem, de facto, prejudi-
cado sua governação ou é só uma forma de justifi-
car os prováveis fracassos?
Presidente, os rumores em torno do terceiro
mandato têm algum fundo de verdade ou pode
negá-los de forma inequívoca?
Presidente, como avalia a sua política externa?
Vida partidária
Por razões óbvias, é impossível dissociar a sua
governação da liderança do partido Frelimo, que,
segundo vários analistas, está doentio. Como ex-
plica a "débil" saúde deste partido sexagenário?
Como interpreta as notórias clivagens internas
cada vez mais indisfarçáveis no seio do partido?
Como presidente do partido, sente-se respon-
sável pela actual situação interna do partido?
Ainda nesta mesma senda, senhor presidente, na
qualidade de camarada, internamente já foi con-
frontado pelos seus pares sobre esta situação?
Há quem acusa o presidente da Frelimo de
criar uma espécie de ilha dentro do partido, mar-
ginalizando algumas figuras históricas no campo
decisório ou mesmo de consulta. Como olha para
estas observações?
Senhor Presidente, como é a sua relação com
os dois presidentes honorários do partido, Joa-
quim Chissano e Armando Guebuza?
Crise pós-eleitoral
Presidente Nyusi, o País assistiu há poucas se-
manas à realização das VI Eleições Autárquicas.
Que avaliação faz da forma como decorreram?
Sente-se sossegado com a situação que é vivi-
da por quase todo o País e que mensagem tem a
deixar aos moçambicanos neste momento de ten-
são pós-eleitoral?

Sectores sociais e política externa

Senhor Presidente, é impossível fechar este ar-

Com o Estado em crise, faltam medicamentos nos hospitais
tigo sem solicitar explicações face aos problemas
nos serviços sociais, a começar pela Saúde.
Que explicação tem para a falta de medica-
mentos nos hospitais públicos, para o já denun-
ciado desrespeito aos profissionais de Saúde e
consequentes mortes aos montes nas unidades
sanitárias?
A mesma pergunta serve para o sector da Edu-
cação. O que explica a péssima qualidade de en-
sino no país?
Que explicação tem a dar em relação aos cari-
catos erros registados nos manuais escolares, so-
bretudo no ensino primário?
Presidente, como gostava de ser recordado de-
pois de sair da Presidência?
O que o Presidente pensa das atitudes do seu
filho, Florindo Nyusi, consideradas por muitos
como esbanjadoras?
 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023
NA CIDADE DA MAXIXE
Profissionais de saúde agarram-se aos
celulares e largam doentes
O
Hospital Rural e o Centro de Saú-
de de Chicuque, ambos na cidade
da Maxixe, têm vindo a ser assal-
tados por profissionais de saú-
de aparentemente não dotados de ética
e deontologia profissional. É que os mes-
mos, no lugar de cumprirem com o seu de-
ver que é de salvar vidas, passam a maior
parte do tempo aos telefones celulares em
conversas extraprofissionais, deixando os
doentes à sua sorte. Não basta o facto de
os doentes ali internados passarem fome,
ainda são obrigados a dormir às escuras ou
à luz de velas porque a direcção não dispõe
de fundos para comprar energia eléctrica.
D&F Texto: Anastácio Chirrute,
em Inhambane
Dossiers & Factos gravou um momento em que
um técnico de saúde afecto no banco de socorros
do Hospital Rural de Chicuque se exaltava diante
dos doentes que aguardavam na fila pelo atendi-
mento, alguns vindos transferidos de outras unida-
des sanitárias.
De forma arrogante e desumana, o jovem en-
fermeiro, no lugar de prestar socorro, que é o seu
dever, mandou passear todos os doentes com ar-
gumentos de que já era tarde e não havia medica-
mentos porque a farmácia estava fechada, facto que
gerou fúria entre os doentes.
"Quem sabe que veio aqui doente para fazer
consulta é melhor ir para casa, a esta hora da noi-
te não estou a atender doentes que querem marcar
Banco de Socorro
DOSSIERS & FACTOS
Centro de Saúde da MAXIXE
consulta, a farmácia está fechada, e não quero ver
ninguém aqui fora, todos hão-de voltar amanhã de
manhã." Estas foram algumas palavras que o técnico
de saúde, afecto no Hospital Rural de Chicuque, por
sinal um jovem dos seus 30 e poucos anos, proferiu
quando se dirigia aos doentes que aguardavam na
fila há mais de duas horas pelo atendimento médico.
Na mesma gravação feita pelo Dossiers & Factos,
é possível ouvir o referido enfermeiro a despir tudo
o que aprendeu e jurou durante a sua formação que
é de salvar vidas e berrar para os doentes, incluindo
DESTAQUE 5
idosos que viram o seu estado de saúde agravar de-
vido à forma como foram atendidos.
Mesmo com a intervenção de um agente da po-
lícia não foi possível amainar os ânimos dos pacien-
tes que exigiam respeito pelos seus direitos e que
alguém que é de direito pudesse intervir.
"Não faz sentido que um hospital tão grande
como este tenha aqui funcionários incompetentes
e que não tenham amor pela sua profissão. Nós es-
tamos aqui há mais de duas horas, não basta termos
suportado esse tempo todo, assim era necessário os
enfermeiros virem nos humilhar como se tivéssemos
pedido para ficar doentes? Não é ética a forma que
estes profissionais têm tratado os seus doentes, eles
insultam, descarregam todo stress sobre os doentes,
qual é a culpa que nós temos?" Questionou uma das
pacientes em anonimato.
Trabalho às escuras
Já no Centro de Saúde da Maxixe os problemas
vão desde a falta de iluminação até aos medicamen-
tos. A nossa equipa de reportagem escalou aquela
unidade sanitária no período nocturno e o cenário
encontrado é bastante preocupante, os profissio-
nais de saúde trabalham às escuras, por exemplo,
no banco de socorros, há dias que os doentes não
são atendidos por falta de medicamentos, enquanto
na maternidade para realizar os partos, as enfermei-
ras recorrem a velas ou aos celulares para garantir a
iluminação.
"Não temos como, trabalhamos assim mesmo,
a essa hora da noite não costumamos sair, temos
medo porque lá está mais escuro, os nossos chefes
dizem que não têm dinheiro para comprar energia
muito menos para comprar combustível e abastecer
o gerador que o Centro de Saúde foi doado recen-
temente pelo Conselho Municipal", lamentou um
profissional de saúde que não quis ser identificado.
Joana Vilanculos, encontrámo-la a sair do banco
de socorros onde acompanhava a sua filha que es-
tava doente, para o azar dela, para além de ter gasto
 6 DESTAQUE DOSSIERS & FACTOS 06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA

carga do seu celular para iluminar na sala, a sua filha

não foi atendida. Segundo a entrevistada, a enfer-
meira em serviço disse não dispor de medicamen-
tos e que a solução era voltar para casa ou ir para o
Hospital Rural de Chicuque e garantiu que lá seriam
atendidas.
“Não estás a imaginar a dor que eu tenho entala-
da aqui no coração, mandaram-me ir ao Hospital Ru-
ral de Chicuque e quando cheguei lá, encontrei um
enfermeiro muito arrogante, andou a me berrar por
segundo ele eu devia ter levado uma guia passada
pelo Centro de Saúde que diz que eu fui transferida
para Chicuque, mas em nenhum momento cheguei a
ficar internada no Centro de Saúde, fui a Chicuque à
procura de medicamentos para tratar da doença da
minha filha”, desabafou, acrescentando que “veja que
eu gastei meu dinheiro de transporte para ir ouvir
aquele mal-educado que se acha melhor enfermeiro
do mundo".
Na verdade, nessas duas unidades sanitárias os
doentes vivem um verdadeiro drama caracterizado
por falta de quase tudo, com destaque para alimen-
tação, medicamentos e iluminação, há doentes que
dormem sem comer por falta de comida, mas tam-
bém há idosos que têm medo de ir marcar consulta
nesses hospitais porque segundo eles são mal aten-
didos e desprezados por causa da idade. Que o diga
o senhor Jordão Filimone que tem 70 anos de idade.
“É normal você chegar no hospital bem doente e os
enfermeiros perguntarem, papá o que o senhor vem
fazer aqui, não deveria estar em casa, ainda quer viver
para quê? Deixa o espaço para os jovens, a doença
que você tem, por mais que tentemos curar, ainda vai
prevalecer por causa da sua idade”, conta angustiado
Jordão Filimone.
A nossa equipa de reportagem tentou sem sucesso
ouvir as direcções das duas unidades sanitárias. Maternidade

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 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023
E se a polícia não transmite segurança aos
A fase de preocupação massiva atinge
a sociedade a cada dia. Andar pelas estra-
das torna-se sinónimo de “amedrontação”
quando nos cruzamos com um policial que,
na sua tentativa (incorreta) de exercer a sua
“função/trabalho”, põe em causa diversos
direitos individuais dos cidadãos.
De um lado temos cenários de policiais
que fazem patrulhas nas noites, cruzam-se
com jovens brincando, convivendo nas ar-
térias das suas zonas, e mesmo mostrando
um documento que lhes identifique, vão
continuando com a cena de os amedrontar
no sentido de arrancar algumas moedas,
justificando que não se podiam fazer a lo-
cais do gênero de noite. Mas se não vamos
brincar nas nossas zonas, casas, onde nos
aconselham a ver a luz da lua?
Outros cenários são de policiais que até
metem a mão no bolso do cidadão, che-
gando até a tirar a carteira do bolso de
jovens arrepiados de tanto medo imputa-
do por aqueles que muito os queriam ver
sendo seus aliados. Uhm...tempos definem
os mundos e caracterizam os cenários que
vêm num futuro próximo!
Recentemente, vi dois jovens sendo mal-
tratados por três policiais que faziam pa-
trulha na zona da Mafalala, puxados com
“chambocos” enquanto ouviam: “hoje va-
mos te mostrar quem somos”... “vamos te
lavar para dar uma volta para que nos res-
peites”. Tais afirmações que continuam sen-
do uma autêntica prova da fragilidade que
pode existir na formação do corpo policial,
ou ainda da necessidade de conscienciali-
zação e capacitação frequente dos agentes
da polícia no que tange à sua postura.
Espero que a associação que foi formada
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ACTIVISIONISMO
cidadãos?
Sérgio dos Céus Nelson
com o intuito de defender os direitos poli-
ciais não traga mais hegemonia/poder aos
mesmos, mas sim crie sessões ou aulas por
forma a continuar a capacitação dos agen-
tes da polícia, para perceberem como usar
da sua autoridade e como confrontar os
cidadãos.
O cenário que se vive hoje é de um au-
têntico terror. Já não se pode confiar nos
agentes da polícia, porque quando o cida-
dão caminha vê sua pasta revistada de for-
ma imprudente, são-lhe exigidos recibos de
pertences, muitas vezes sem fundamenta-
ção. Ora, não se vai obrigar a sociedade a
andar com recibos de tudo quanto compra,
senão teria que andar com recibos de rou-
pas interiores também.
É preciso que o modo de actuação dos
agentes da polícia comece a ser modera-
do, porque são actos que podem e são jul-
gados por lei. Não se pode brincar com os
direitos dos cidadãos de forma banalizada,
como se os policiais pudessem fazer e des-
fazer, como se ninguém os pudesse pena-
lizar. É caso para dizer que ainda há muita
limpeza por ser feita e são muitas cinquen-
tinhas pagas por cidadãos amedrontados,
mesmo estando no seu direito.
Muitas vezes andamos pelas estradas e
vemos jovens sendo “escoltados” por agen-
tes da polícia. Alguns, com certeza, de má
conduta. Mas no meio desses, há muitos jo-
vens que são ameaçados por andarem com
seus pertences. Mas a coisa é a seguinte:
prometem levar os jovens à esquadra para
provarem que os bens lhes pertencem, e
muitas vezes, pelo medo de já não ter como
provar , os jovens acabam pagando algum
no sentido de calar a boca aos policiais, e
OPINIÃO 7
não terem que chegar à esquadra, local que
deixou de transmitir segurança à sociedade.
Os tempos são outros por aqui. Se não se
tomar posições e atitudes com vista a dimi-
nuir o muito “poder” que se vê nos agentes
da polícia, certamente que vamos ter, nos
próximos tempos, cenários desastrosos. Na
verdade, já existem: rupturas com os direi-
tos humanos de diversas vertentes, e nisso
fica a dúvida: será que os agentes da polícia
nos transmitem segurança ou mais medo...
insegurança e atentado aos nossos direitos
fundamentais?
É caso para dizer que os bons tempos em
que andávamos “de mãos dadas” com os
policiais já se foram. Houve tempos, ainda
que não fossem perfeitos, em que ver um
policial significava segurança e esperança
de ver coisas mudarem, de ver índices de
criminalidade reduzidos e muitas vezes
sentimos orgulho de ter uma força policial
com a qual nos identificávamos. Mas hoje
é totalmente o contrário, porque alguns
agentes continuam sendo os que mais in-
fringem a lei e desestruturam o bem-estar
social.
A sociedade já está exausta de ser apon-
tada com AKM’s: Não quer ver armas no
rosto de seus filhos. A máquina da justiça
precisa ser reformulada...debatida e colo-
cada em meditação para ver que soluções
tomar, pois a desarmonia social e o medo
vão continuando a ser o que reina no pei-
to de muitos cidadãos que já não sabem se
podem sorrir enquanto caminham pelas ar-
térias da Cidade de Maputo.
E assim vai continuando o nosso país...
sem saber do que dele será feito nos próxi-
mos tempos.
 8 OPINIÃO
É subjectiva a ideia segundo a qual é
do pequeno que se torce o pepino. Para
alguns, esta temática gera centralida-
de meramente razoável. Culpabiliza-
-se questões conjugais ou paternais na
educação de uma criança. Pelo muito ou
pouco, também a culpa é jogada para a
sociedade em que esta criança ou jovem
é inserida. Verdade ou mentira, o facto é
que a delinquência juvenil na sociedade
actual em Moçambique é visível e en-
grossa a camada suburbana.
O horizonte utópico que se multiplica
na vida dos jovens adolescentes em Mo-
çambique levanta inquietações pela falta
de mecanismos que devolvam a moral e,
possivelmente, um sentido correcto de
educar e inserir uma criança na socie-
dade para a formação do jovem do ama-
nhã. Pretende-se aqui fazer objecção ao
fraco papel do estado moçambicano na
busca e criação de mecanismos que sir-
vam para a construção de uma mentali-
dade juvenil com identidade e perspec-
tivas do amanhã.
É bom para a firmação do futuro da
Nação quando se discute as dimensões
do pensamento da juventude, o seu de-
senvolvimento, e a transformação da sua
mentalidade baseada na influência de
media global e das redes sociais.
O jovem João, do beco da Mafalala, na
cidade de Maputo, do Bairro Torrone,
na cidade de Quelimane, e do subúrbio
da Munhava, na cidade de Beira, e.t.c,
são pessoas diferentes. Embora com
mesmo nome, têm na educação paternal
um diferencial, para alé das idades, que
variam dos 15 a 18 anos. Embora te-
nham nascido em bairros em que pulula
a marginalidade, a questão recorrente é:
será que são eles vítimas de um circui-
to de boladas e discriminação que lhes
submeta a este tipo de ambiente? Ou
são influenciados a aceitar a convivência
normal com o submundo?
Estamos numa época em que a droga,
DOSSIERS & FACTOS
PRIMEIRO PONTO
A formação dos vândalos
Nobre Rassul
a pornografia, o álcool, o sexo e a am-
bição desmedida pelos bens matérias
aproximam os jovens a perigosas amiza-
des que residem no seu meio, numa fase
em que o mesmo (jovem) busca harmo-
nizar os seus desejos.
O contexto é: a estética da nossa lei
sobre a convenção e protecção de meno-
res não faz uma análise lúcida sobre os
fenómenos rurais e urbanos sistemáti-
cos que colocam a juventude em meio a
actos de agressão, furto, burla, estupro,
chantagem para extorsão ou mendiga-
gem. Claro, os efeitos do alto custo de
vida e falta de um sistema de ensino ba-
silar que aprimora o ramo técnico-pro-
fissional e a oportunidades de emprego
no sector privado propiciam ineficácia
de políticas para combater a pequena e
alta marginalidade.
O Estado é visto como a vaca leiteira
que não se quer desmamar para o res-
surgimento de um leite mais viscosa.
A recorrente falta de tudo ocasiona as
crises de estresse social que propiciam
a malandragem, gatunagem na gíria po-
pular. É certo que a procura de assistên-
cia psicossocial e a mendigagem são ou-
tros fatores associados.
Na educação de infância e juvenil,
urge a necessidade de colocação de psi-
cólogos nas escolas para o acompanha-
mento dos estudantes, com vista a aju-
dar a colmatar os derivados problemas
sociais, psicológicos e morais que os
jovens levam consigo no seu quotidia-
no. Infelizmente, são notórias as difi-
culdades do Estado na resolução destes
problemas.
A produção do conformismo pelo
Estado moçambicano e da sociedade
é deveras preocupante, pela tendência
crescente de delinquência juvenil e com-
portamentos nefastos emanados por es-
tes, alguns ligeiros, outros graves e por-
tanto sujeitos a penas pouco compatíveis
com a idade, numa situação em que nem
06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
há instituições apropriadas para tal.
Sem dúvida, a hipótese de pedir
maior vigilância aos pais à educação dos
filhos como forma de procurar acautelar
superficialmente o mal existente remete
sempre a sociedade e a uma analogia que
questiona o outro lado da moeda, essen-
cialmente o papel do governo no com-
bate ao crime comum, melhorias na ges-
tão de conteúdos maliciosos na media e
redes sócias, tendo em conta que até a
televisão mãe “TVM” e catastrófica.
No fim do dia, esta tendência medío-
cre do Estado moçambicano e da socie-
dade deriva dos comportamentos des-
viantes imprimidos pela dinâmica da
globalização, para a qual não nos prepa-
ramos. Temos o exemplo de programas
de televisão que trazem cenas obscenas
a olho nu, permitindo que crianças e jo-
vens assistam e imprimam no seu dia a
dia.
Quero afirmar aqui a estatística de
uma juventude perdida nos seus vícios,
na delinquência normalizada ou na
ideologia normalizadora e criminaliza-
dora da actual juventude em formação.
Os problemas gerados por esta juven-
tude, na minha análise, são resultados
ocasionados pela fome e pobreza extre-
ma, pela vaidade e ganância ou pela in-
fluência do meio em que se vive. Receio
que a Nação venha a lutar futuramente
por questões de ética e moral equipa-
radas a realidade actual sul-africana,
em que os saques e comportamentos de
vandalismo à bens públicos e privados
são recorrentes em pequenas revoltas
populares. A pobreza e falta de empre-
go de uma juventude que cresceu excluí-
da de privilégios e sem rumo aparente
encontra outras formas de sustentabili-
dade quando de facto se agrava a crise
social.
No livro “Pneu em chamas”, Jorge de
Oliveira cita: " está escrito na pobreza,
pela mão do pneu chegará a insurreição.
 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023
MAYITABASSA!
Precisamos de profundar o conceito de
manifestações Pacíficas
Por: NkassanaWaka-Tembe–nkassana@gmail.com.org
Os resultados divulgados pela Co-
missão Nacional de Eleições, referen-
tes às últimas eleições autárquicas,
foram, grosso modo, contestados por
quase todos. A CNE e seus órgãos de
gestão eleitoral perderam a oportuni-
dade de oferecer um compasso neces-
sário para que todas as reclamações
apresentadas em instâncias de justiça
fossem dirimidas. Os tribunais, em si-
tuações de ilícitos eleitorais, desempe-
nham um papel importante na quali-
dade de guardiões da justiça.
Quis a sorte fazer-se deste papel
quase nulo, quando doutro lado te-
mos um sistema de gestão eleitoral
que, antes da contenda terminar, já
anuncia resultados duma eleição. Não
se sabe que análise profunda terá sido
feita, mas a verdade é que já se sabe
pelo menos, e oficialmente ao nível da
CNE, quais os partidos lograram bons
resultados nesta competição caracte-
rizada por protestos.
Uma eleição em que a comunidade
internacional exige que a verdade seja
resposta. Uma eleição em que o pró-
prio líder do órgão simplesmente se
absteve de votar, sinal claro de que não
está ele de acordo com o que outros,
seus comparsas, decidem ser a verda-
de. Uma eleição em que há fortes indí-
cios de viação e fraude. Pode ter sido
o instrumento mais usado para estes
resultados aqui apresentados.
As eleições realizadas a 11 de Outu-
bro, segundo a opinião política, cons-
tituem as mais fraudulentas da história
e, sendo a fraude um crime exposto,
esperávamos que os tribunais jogas-
sem o seu devido papel na clarificação
de todo o mal que manchou o pro-
cesso. Esperávamos que a CNE fosse
cautelosa ao divulgar resultados duvi-
DOSSIERS & FACTOS
dosos e foi nesta falta de fé e atenção
que, em jeito de responsabilização,
partidos políticos protagonizam o que
se apelida de manifestações pacíficas.
Segundo a definição, manifestação
pacífica é aquela manifestação que
não tem violência física e nem actos de
vandalismo contra bens públicos (ou
privados). E não tem bala de borracha.
Ao se organizar estas manifestações,
nossa visão era de facto que fôssemos
ao encontro da definição acima, mas
nos enganamos redondamente. Des-
de dia 13 de Outubro, e em alguma
parte das cidades onde se reclama a
vitória, de pacífico isto nada tem.
Os jovens que se fazem à rua têm
sido vítimas da opressão policial e com
sinais fortes de violência. Há registo de
mortes e feridos em Nampula, há de-
tenções em Maputo, em quase todo o
processo desta aparição pública a po-
lícia tem estado a usar medidas duras
no contacto com os manifestantes. Há
um excessivo uso de força em quase
todas as áreas onde os jovens se fazem
presentes, e para um estado de direito
é claramente preocupante aos olhos
dos defensores e promotores de direi-
tos humanos.
Sabe-se de antemão que a violên-
cia, em muitos dos casos, é instigada
pela própria polícia quando esta co-
meça a condicionar o roteiro destas
manifestações, porém, com as tais
marchas autorizadas, não se encontra
nenhuma justificação de limitação das
passeatas em lugares onde os mento-
res pensam ser estratégicos para que
suas mensagens ganhem eco. Nossa
polícia precisa de manter a ordem e
tranquilidades públicas, assegurando
que todos os bens públicos e privados
sejam protegidos, mas nos parece ha-
OPINIÃO 9
ver excesso de zelo. A polícia dispara
contra tudo e todos, não abre espaço
para uma orientação pedagógica e
cordial aos manifestantes e talvez seja
isto que também provoca fúria nos
que se estão a manifestar.
Numa altura destas, onde a convul-
são política é claramente o prato do
dia dos moçambicanos, cabe ao Che-
fe de Estado dirigir-se à Nação para,
mais uma vez, lembrar o nosso jura-
mento de preservar a paz e a unidade
nacional.
Cabe, sim, ao Chefe de Estado cha-
mar à mesa todos aqueles que se sen-
tem lesados pelos resultados deste
processo e numa sombra atípica dos
moçambicanos encontrar formas de
responder a estas atrocidades em be-
nefício do desenvolvimento e progres-
so da nação.
Aos partidos políticos, os jovens e
vossos simpatizantes estão apostados
em ir a busca da verdade, mas precisa-
mos de, profundamente, descortinar
quem são os provocadores da deso-
bediência civil, pois isto sai do cariz
duma manifestação pacífica. Em vos-
sas sedes, precisam de proferir orien-
tações técnicas baseadas em objecti-
vos que pretendem alcançar, sem que
isso tenha de implicar o envolvimento
em actos de violência. Correm o risco
de perder a razão.
Senhores políticos, infelizmente
momentos eleitorais em Moçambi-
que viraram barris de pólvora, visto
que todas as vezes em que o povo é
chamado a esta festa os sinais que se
seguem são de medo, terror, angústia
e incerteza.
Há quem pergunte: “Se as tais elei-
ções vão nos trazer luto e dor, por quê
então as organizamos”?
10 OPINIÃO
HISTÓRIAS DE VIDA
30 Anos depois, filho paga ao pai a guinguia
(moela) que tirou da panela quando miúdo
Serôdio Towo-serodiotouo@gmail.com
Hoje vamos falar de uma história
que aconteceu com um conhecido
meu, a quem prefiro chamar de Se-
rôdio, nome fictício. Natural de uma
das províncias da zona Centro do
país, pai do meu amigo Serôdio era
tão exigente e até machista que ultra-
passava das medidas.
Segundo conta o seu filho, de tão
chato que era o pai, também era con-
trolador nas panelas de comida, em
especial, nos dias que era confeccio-
nada carne para caril. Aliás, talvez
fosse esta a cultura de muitas famílias
que defendiam que a nguinguia, em
Changana, ou seja, a moela em portu-
guês, era reservado ao pai da família
para que fosse ele a comer.
Era assim que o pai do Serôdio se
impunha na sua casa e a medida de-
via ser observada à risca. No entanto,
conta Serôdio que belo dia, que coin-
cidiu com a entrada para o ano novo
e sua mãe preparou caril de carne de
galinha para a refeição e de seguida
ausentou-se de casa para saudar al-
guns vizinhos.
Na casa estavam apenas os dois
irmãos, neste caso o Serôdio e o seu
mais velho. O meu amigo até reco-
nhece que era o mexedor de coisas
sem que fosse autorizado e esse dia
não fugiu à regra. Conta que tinha
por aí nove anos de idade e não per-
deu a oportunidade, foi à mesa, tirou
das tigelas que já tinham sido servi-
das a moela e um outro pedaço sem
ninguém o ver.
Tempo depois, o pai chegava à casa
e se fez à mesa para tomar a refeição e
lá não tinha nguinguia – moela. Lem-
DOSSIERS & FACTOS
bra-se o meu amigo que o ambiente
azedou. Houve muita porrada sobre-
tudo para o seu irmão mais velho que
apesar de inocente não conseguia pro-
var ao seu pai e ao que parece à mãe
também não escapou da fúria do ho-
mem que não encontrou a nguinguia
na tigela.
Aquele, tal como conta Serôdio,
serviu de último dia para mexer nas
panelas e tigelas sem que lhe tivessem
autorizado, porque ficou assustado
com a forma como o seu irmão foi
maltratado pelo pai por causa do su-
miço da guincha.
No entanto, este e outros episódios
difíceis da infância dos dois irmãos fi-
caria marcado no coração de serôdio
que foi estudando, cresceu e transfe-
riu-se da sua terra natal para a capital,
Maputo, onde viria continuar com os
estudos e arranjar emprego até formar
família.
O pai, que era enfermeiro de pro-
fissão, já atingiu a idade de reforma
e, aposentado que era, foi convidado
pelo filho – Serôdio, a vir a Maputo
passar dias e aproveitar cuidar da saú-
de que já não era das melhores.
Belo dia, Serôdio foi a uma loja de
frescos e descobriu que vendiam moe-
las e nem mais, lembrou-se que seu
irmão foi brutalmente espancado em
pleno dia de festa porque ele – Serô-
dio – havia roubado nguinguia, mas se
desconfiou do seu irmão mais velho.
Ali na loja, Serôdio comprou dois
quilogramas de nguinguias e levou
para casa, pediu que sua esposa pre-
parasse para servir todas nguinguias
ao seu pai. Ora, a tigela ficou cheia foi
06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
convidado o pai do Serôdio a se fazer
à mesa e foi dito pelo filho para co-
mer à vontade e sem receio. Ora, ao
deparar-se com tantas nguinguias, o
pai de Serôdio que não sabia que em
Maputo as moelas são vendidas em
separado das próprias galinhas, per-
guntou ao filho – quantas galinhas é
que tinham abatido para conseguirem
tantas nguinguias.
O filho aproveitou a ocasião para
desabafar a mágoa que guardava há
pouco mais de três décadas e come-
çou a explicar. " Pai: coma, eu comprei
estas moelas no supermercado justa-
mente por lembrar que pai gosta de
nguinguias que até nos maltratou bas-
tante por causa delas. "
" Hoje pai deve comer o que mais
gosta estou a pagar aquelas que eu
roubei quando criança. Mas também,
pai deve assumir que era muito mau
que nem parecia um indivíduo esco-
larizado. Lembra-se que em pleno dia
do início de ano ias matar mano por
causa da nguinguia?"
Lá o pai quase que deixava cair lá-
grimas de tanta dor e arrependimento.
Esta é mais uma das tantas histórias
que acontecem no seio das nossas fa-
mílias. Aliás, falar de mitos ou cultu-
ras, podemos lembrar que há famílias
onde até a presente data mulheres não
comem ovos, crianças não são servidas
carne, apenas comem o próprio caril
sendo que a carne fica primeiro para
o pai e depois para os restantes mem-
bros da família, os mais crescidos.
São coisas das nossas famílias em-
pobrecidas até à mente. Nesta história,
qualquer semelhança peço perdão.
 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023
OLHAR INTERNACIONAL
O mundo e a guerra da terra santa
Por:Ângelo Edson André Fremo
O Secretário-Geral das Nações Unidas está
chocado com a escalada de violência em
Gaza, incluindo a morte de palestinos, sendo
a maioria mulheres e crianças, em ataques aé-
reos israelitas em áreas residenciais do cam-
po de refugiados de Jabaliya, densamente
povoada. Todas as partes devem respeitar o
direito internacional, o direito humanitário
internacional, incluindo os princípios da dis-
tinção, da proporcionalidade e da precaução,
ressaltou António Guterres.
Um novo grupo de estrangeiros e palesti-
nianos com dupla nacionalidade pôde entrar
no Egipto esta quinta-feira, através da passa-
gem de Rafah.
Os feridos continuam a chegar aos hospi-
tais do Egipto, numa altura em que pelo me-
nos 16 hospitais da Faixa de Gaza estão fora
de serviço devido aos bombardeamentos.
A guerra já matou mais de 9.000 pessoas do
lado palestiniano (incluindo 3760 crianças) e
feriu mais de 32.000, segundo o último balan-
ço do Hamas. Do lado israelita, há pelo menos
1.400 mortos e 242 sequestrados. O exército
israelita e o Hamas envolveram-se em novos
combates no norte da Faixa de Gaza.
De acordo com o comunicado das forças
israelitas, que divulgaram também um vídeo
do que dizem ser operações terrestres no in-
terior do enclave palestiniano, o Hamas dispa-
rou mísseis antitanque e granadas contra os
israelitas, que responderam com artilharia.
A ONU voltou a condenar os ataques con-
tra civis, um dia depois do bombardeamento
do campo de refugiados de Jabalya, que terá
feito pelo menos 195 mortos e 777 feridos, e
onde prosseguem as buscas de corpos. Israel
insiste que a população civil se deve deslocar
para o sul do território para estar em seguran-
ça e abriu um corredor humanitário de três
horas, no entanto, de acordo com as Forças
Armadas israelitas, o mesmo foi atacado pelo
Hamas.
O novo capítulo da guerra entre Israel e o
grupo radical islâmico Hamas tem, por trás,
vários actores “coadjuvantes”, que estão liga-
dos directa ou indirectamente ao conflito que
se arrasta há décadas. Não apenas Israel está
directamente envolvido, mas outros países
também, seja com apoio bélico, promessas
ou simplesmente a “simpatia” com algumas
das causas. Até mesmo Rússia e Ucrânia, que
vivem uma guerra particular por controlo de
terras, se manifestaram sobre o conflito entre
israelitas e palestinos. Os Estados Unidos têm
DOSSIERS & FACTOS
uma forte opinião contra o Hamas, conside-
rado por eles como terrorista. O Brasil se en-
volveu em uma polémica em uma nota oficial,
ao não citar o nome do grupo que promoveu
ataques em Outubro de 2023, mas não está
directamente ligado ao conflito. Egipto, um
dos países com maior importância para a rela-
ção entre Israel e Gaza, faz fronteira com o sul
da Faixa de Gaza e controla quem atravessa
as fronteiras. O país tem um histórico de re-
lações estremecidas com Israel. Apesar disso,
foi o primeiro do mundo árabe a assinar um
acordo de paz, na década de 1970. Em 2021,
líderes dos dois países se reuniram pela pri-
meira vez em 40 anos. O governo do Egipto
condenou os ataques e disse “torcer para que
a voz da razão prevaleça. CATAR, apesar de
também ser um país árabe estratégico, tem
tentado adoptar um tom mais “conciliador”
na disputa pelos territórios, apesar de con-
cordar com a criação da Palestina. Condenou
os ataques do Hamas em Outubro de 2023 e
assumiu mediar uma tentativa de negocia-
ção para libertação de reféns. Mas, segundo
a publicação alemã DW, ajuda a pagar os sa-
lários das organizações civis do Hamas, como
escolas, orfanatos e restaurantes populares. O
governo diz que isso é uma forma de “manter
a janela de diálogo aberta”, conforme o relato
da reportagem. Irão. O país já chegou a en-
viar 25% de todo o facturamento do Hamas
no passado. Com as sanções económicas que
sofreu nas últimas décadas, porém, o investi-
mento foi reduzido. O Irão é ainda um forte
apoiante político das práticas do Hamas, e dis-
se apoiar as acções do grupo até “que Jerusa-
lém seja libertada”. O Irão também considera
Israel e os países ocidentais como sionistas e
é a favor do plano original de 1948, criando
dois países. Arábia Saudita é historicamente
alinhada com a causa palestina e disse que vai
apoiar os palestinos e não vai poupar esforços
para restaurar “a calma e a tranquilidade” no
território, especialmente após os ataques de
Outubro de 2023.
Ao mesmo tempo, o país começou uma
aproximação com Israel, com mediação dos
Estados Unidos, para tentar melhorar as re-
lações entre as duas nações. As relações aca-
baram estremecidas após os ataques. Líbano
também tem apoiado a causa palestina, já se
confrontou com Israel em outras oportuni-
dades históricas. O Hezbollah, grupo extre-
mista libanês, lançou mísseis em direcção a
Israel após os ataques do Hamas, em Outubro
OPINIÃO 11
de 2023. O governo não apoiou os ataques,
pois não está disposto a entrar em uma nova
guerra. Nos ataques de Outubro de 2023, Chi-
na colocou-se na posição de neutro. Disse se
opor à violência e ataques, a solução mais
“certa a se seguir” é a de dois Estados, onde
os donos de conflito vão ser os donos da so-
lução do problema. Analistas internacionais
consideram que a China, apesar de ser pouco
experiente no “jogo de xadrez da geopolítica”,
tem no poder de financiamentos e conces-
sões económicas um grande trunfo.
Estados Unidos, aliados históricos de Israel,
sempre condenam todos os actos do Hamas,
que consideram como terroristas. Disponibi-
lizou um porta-aviões militar próximo à Faixa
de Gaza, como uma demonstração de apoio.
Porém, desde o início da gestão de Joe Biden,
os Estados Unidos têm mostrado um certo
distanciamento do governo de Benjamin Ne-
tanyahu, especialmente por causa da diferen-
ça de pensamentos ideológicos. Até por isso,
os norte-americanos apenas observam as re-
centes movimentações. Rússia não condenou
os ataques do Hamas (e não o considera terro-
rista), nem a contra-ofensiva de Israel em Ou-
tubro de 2023. Porém, por ser adversária dos
Estados Unidos, soltou um comunicado cutu-
cando os países do Ocidente, dizendo temer o
envolvimento de ‘terceiros países’ no conflito,
e disse estar preocupado com a aproximação
de navios norte-americanos em Israel. A Rús-
sia mantém relações com o Hamas, embora
também tenha laços com Israel. O país é fa-
vorável à criação de um Estado palestino nos
moldes do plano original do Reino Unido, de
1948. Já a Ucrânia, em guerra com a Rússia,
também vive uma guerra ideológica sobre o
conflito no Oriente Médio. O país considera
que Israel tem “todo o direito” de se defender.
O país, aliado aos Estados Unidos, condenou
os ataques e considera o Hamas um grupo
terrorista. Enquanto isso, Turquia criticou Is-
rael por causa das contra-ofensivas que mi-
raram alvos civis, como mesquitas, escolas e
assentamentos civis. O país também se disse
disposto a ajudar a encontrar um “termo de
paz” para a região. Vale lembrar que o Império
Otomano, que é o berço da civilização turca,
ocupou parte da Faixa de Gaza e a Cisjordânia
até 1917. Contudo, esta guerra não é só dos
dois países em confronto, mas sim de todos
os estados evolvidos nesta guerra. Deveriam
contribuir com soluções, especialmente os ES-
TADOS UNIDOS DA AMÉRICA.
 12 PLANO DE FUNDO
INUNDAÇÕES NO MUNICÍPIO DA MATOLA
Pesadelo ainda afecta muitas famílias
na Matola “C”
N
a província de Maputo, concreta-
mente na cidade da Matola, fo-
ram muitos os bairros afectados
pelas chuvas que dos últimos
anos e suas consequências se fazem sentir
até aos dias de hoje, e, exemplo deste di-
lema são as várias famílias que continuam
com as casas submersas. Muitas destas fa-
mílias perderam quase todos os seus per-
tences devido à fúria das águas e tentam
reerguer-se, mas as condições financeiras
não permitem.
D&F Texto e imagem: Hélio de
Carlos
A questão de zonas que continuam alagadas
em alguns bairros da cidade e Província de Maputo
prevalece já há bastante tempo, o que acaba por
já não se tornar surpresa para muitos. Entretanto,
contrariando ao que geralmente acontece, após a
chuva parar, que é o desaparecimento das águas
estagnadas, em alguns bairros, conforme narram
os próprios afectados, como consequência da sa-
turação da terra as residências permanecem ainda
submersas.
Famílias veem-se obrigadas a abandonar suas residências
DOSSIERS & FACTOS
Águas continuam a fazer das suas e destroem propriedades
Na sua maioria, trata-se de bairros ou zonas
tidas como baixas e de elevado risco de inunda-
06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
ções como é o caso de fomento, mas se começa a
verificar situações similares em outros locais não
habituais.
A título de exemplo, consta o bairro da Liber-
dade e a zona do Km15 na Machava Socimol, onde
existem famílias que vivem, desde o início do ano
passado, em situações extremas por conta das
águas que teimam em permanecer nos seus quin-
tais e ruas.
Nas zonas em destaque, poucas famílias conse-
guiram abandonar as respectivas residências, que
por longos anos dedicaram-se a construí-las, numa
situação em que sem alternativas nem podem con-
tar com o apoio das autoridades municipais para
melhorarem a sua situação veem-se forçadas a
abandonar as zonas de origem para recomeçar do
zero em áreas consideradas mais seguras.
E para quem não conseguiu abandonar a sua
residência, seja para ser acolhido por familiares
ou mesmo pessoas próximas de boa fé, e quiçá ar-
rendar alguma moradia, a situação torna-se ainda
mais preocupante.
A nossa equipa de reportagem fez-se ao terre-
no e visitou alguns destes bairros sendo que dentre
os locais afectados pelas inundações a que apre-
sentou maior número de famílias vítimas das en-
chentes é o bairro da Liberdade, levando em consi-
deração ainda que "os residentes daqui não sabem
o que é ver suas ruas livres das águas há bastante
tempo e é algo que não nos deixa à vontade há
mais de um ano".
Enquanto em outras zonas que deparam-se
com situações similares procuram soluções bre-
ves para aliviar a situação e conseguem, noutras
há algumas famílias já ‘‘familiarizadas’’ com a sua
condição, sendo que para elas quase que já nem
constitui surpresa e ou desconforto conviver com
as águas deixadas pelas chuvas.
 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023
Entretanto, ainda assim, não estão indiferentes
à situação, uma vez que descrevem a mesma como
preocupante.
Diana Juventina Shantel tem sua residência no
bairro da Liberdade e também é uma das afectadas.
Trata-se de uma mulher que vive maritalmente,
numa relação que tem como fruto seus três filhos.
Na entrevista conta que começou a residir na-
quele bairro há cerca de 15 anos, salientando que é
apenas mais uma das inúmeras pessoas afectadas
pois "sempre que chove o cenário torna-se cada
vez mais alarmante, bom, até então têm 'escapa-
do' aqueles com condições de vida minimamente
aceitáveis porque conseguem comprar entulhos e
camiões de areia para trabalharem seus quintais",
descreveu Diana, acrescentando que a qualquer
momento as coisas poderão ficar piores uma vez
que há aqueles que até já perdem os bens por con-
ta das águas.
Famílias já perdem bens e não tem onde bus-
car socorro
Diante do fenómeno alarmante a que essas fa-
mílias estão sujeitas, existem as que já perderam
alguns bens, segundo conta um dos entrevistados,
destacando ainda que apenas um pequeno núme-
ro de pessoas teria conseguido adaptar-se e crian-
do condições para impedir que a água proveniente
das ruas invada os seus quintais.
Sentada na sua varanda enquanto preparava
aquilo que seria a sua refeição do dia, uma mulher
de idade avançada narra seu drama diário assim
como do resto dos vizinhos.
A proprietária da residência recorda que há cer-
ca de pouco mais de três anos que o cenário era
completamente diferente, isto porque "nem se-
Situação é caótica na Matola C
DOSSIERS & FACTOS PLANO DE FUNDO
Sentada na sua varan-
da enquanto preparava
aquilo que seria a sua refeição
do dia, uma mulher de idade
avançada narra seu drama diá-
rio assim como do resto dos
vizinhos.
quer tínhamos a preocupação que temos agora,
mas surpreendentemente de uma determinada
altura para cá começamos a nos deparar com o
que podemos aqui ver, não é fácil, mas já não há
muito que possamos fazer sem falar que já perde-
mos muitos bens por causa dessa água", lamentou,
recordando-se ainda da época em que podia fazer
pequenos canteiros o que já não lhe-é possível de-
vido ao estado em que o seu quintal se encontra.
As famílias explicam que não é por falta de von-
tade que não se retiram daquelas zonas, afinal de
contas, "se dependesse apenas da nossa força de
13
vontade muitos dos que aqui estão já não estariam,
eu particularmente já poderia ter saído desta zona
faz tempo mas não temos muito por onde olhar e
nos abrigar, o máximo que consegui foi ausentar-
-me por pouco tempo e foi quando fui viver em
casa da minha irmã mais velha por uns dois meses,
isso no início do ano quando aquelas chuvas inten-
sas me deixaram sem opções e foi na época que
perdi boa parte dos meus bens desde roupas até
electrodomésticos", lembrou com ar nostálgico.
O drama das chuvas e inundações afectou a ro-
tina diária dos afectados e filhos em idade escolar
tiveram de ser abraçados por familiares próximos
dos seus locais de ensino.
As famílias que abandonaram temporariamen-
te as suas residências foram obrigadas a regressar
porque as suas casas eram vandalizadas por malfei-
tores e oportunistas.
A situação vai-se tornando cada vez mais in-
tensa à medida que a chuva cai, ‘‘alguns minutos
depois de começar a chover, o nível da água nas
ruas e do quintal sobe e entra nas casas e os meus
bens ficam submersos na água, mas já não tenho
muito que possa fazer porque já não tenho espaço
seguro para deixar as coisas. Lamentável que hoje
em dia uma pequena chuva seja capaz de causar
tamanho estrago, damos por nós e em pouco tem-
po nos apercebemos que o nível da água subiu e
começamos a lutar para garantir a segurança dos
bens, eu vi meus sofás, roupas, e outras coisas que
estavam na minha garagem a estragarem-se”, lem-
bra um dos afectados, acrescentando que “Já nos
dirigimos ao município e ao círculo para pedir uma
vala mas sem sucesso’’
À procura de resoluções imediatas e que pos-
sam minimizar os estragos, os residentes daquele
bairro explicam que em algumas ocasiões já esti-
veram reunidos com o chefe de quarteirão, mas
nunca tiveram sucesso. Aliás, segundo os mesmos,
apenas são ditos para sair daquele local, mas em
contrapartida, ninguém indica para onde devem ir.
A nossa equipa de reportagem constatou que
muitas das casas que estão naquele bairro já estão
abandonadas e em um péssimo estado, danos es-
tes que resultam de vandalização, principalmente
pelas inundações.
Há casas em que as pessoas tendem a escoar as
águas através de bombas como forma de minimi-
zar os danos, e existem aqueles que procuram le-
vantar seus quintais com areia e ou entulhos.
 14 INSS DOSSIERS & FACTOS 06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA

Nyusi inaugura edifício do modo a assegurar o pagamento dos benefícios que

Sistema de Segurança Social concede.
Como desafios, o estadista destacou a necessida-

INSS em Sofala
de de o INSS aprimorar, com rigor, o atendimento ao
público e os mecanismos de recuperação da dívida
de contribuições junto das entidades empregadoras

O
devedoras, Desafiou, ainda, a instituição para conti-
Presidente da República, Filipe ventar e redobrar a sua actuação para responder nuar com o processo de inscrição de trabalhadores
Jacinto Nyusi, inaugurou nesta com afinco necessário e em tempo útil as preocu- moçambicanos no estrangeiro.
Quarta-feira, 1 de Novembro do pações dos trabalhadores", exortou. A Delegação Provincial do INSS de Sofala, conta
ano em curso, na cidade da Beira, Filipe Nyusi instou, por outro lado, os emprega- actualmente com um total de 16.051 contribuintes
dores e os Trabalhadores por Conta Própria (TCP) (entidades empregadoras); 313.421 beneficiários
província de Sofala, o edifício da delega-
a canalizarem regularmente as contribuições, de (trabalhadores), 5.513 TCP e 13.946 pensionistas.
ção provincial do Instituto Nacional de Se-
gurança Social (INSS), uma infra-estrutura
construída de raiz, no âmbito da materiali-
zação do Programa Quinquenal do Governo
(PQG) 2020-2024, que visa a aproximação
dos serviços públicos ao cidadão.

D&F Texto: Dossier Económico

Trata-se de edifício, de dois pisos, com uma

área de 1031,00 m² e implantado num terreno de
18.690,00 m². A infra-estrutura possui ainda uma
área de 230m² para o centro de conferências reser-
vatório de água com capacidade de 35.000 litros e
um gerador de emergência de 250KVAS.
O Presidente da República, discursando no acto,
destacou a expansão do Sistema de Segurança So-
cial e construção de infra-estruturas visando propor-
cionar melhor atendimento aos seus utentes.
"Mais do que agregar entidades empregadoras,
trabalhadores e pensionistas, o INSS deve se rein- Filipe Nyusi, PR

É O PRIMEIRO DA ZAMBÉZIA

Inaugurado posto de
Para os pensionistas do distrito de Mopeia, a entra-
da em funcionamento desta infra-estrutura mostra-se
oportuna e ansiosamente o esperavam pelo facto de
tal vir, para além de reduzir as distâncias que percor-

atendimento em Mopeia
riam para ter acesso aos serviços do INSS, estimular
os beneficiários no activo a prosseguirem com os
descontos para o sistema de segurança social. Ainda
no mesmo diapasão, os pensionistas enalteceram e

J
encorajaram ao INSS a prosseguir com as acções de
á entrou em funcionamento, esta Terça- dimento nos distritos de Mocubela, Molumbo, Mule- género em todos os distritos da província, mais espe-
-feira, 31 de Outubro, o primeiro posto de vala e Ilé, cujas obras arrancarão ainda este ano. Em cificamente os ainda sem represen tação, bem como
atendimento do INSS na Zambézia, instala- construção já estão a delegação distrital do INSS em a continuar com a política sanitária e social que tem
do no distrito de Mopeia, cuja cerimónia foi Milange e os postos de atendimento de Nicoadala, Na- vindo a levar a cabo, por atenuar o sofrimento de mui-
orientada pela secretária de Estado na província, macurra, Pebane e Gilé. tos pensionistas, quer na saúde, quanto na habitação.
Cristina Mafumo, na presença de membros do go-
verno distrital, contribuintes, beneficiários, pen-
sionistas, parceiros sociais, líderes tradicionais e a
população da vila sede de Mopeia.

D&F Texto: Dossier Económico

O novo posto de atendimento irá assistir 219 contri-

buintes (empresas ou entidades empregadoras), 1.906
beneficiários (trabalhadores por conta de outrem e
por conta própria) e 26 pensionistas, que outrora eram
assistidos a partir do distrito vizinho de Morrumbala.
Assim, Mopeia, nesta fase, passará a atender e assistir,
igualmente, os utentes dos distritos circunvizinhos de
Luabo e Chinde.
Dirigindo-se aos presentes, Cristina Mafumo su-
blinhou que o Programa Quinquenal do Governo
(2020-2024) contempla a construção de mais infra-
-estruturas públicas, com vista a aproximar os servi-
ços ao cidadão, por isso, explicou, o INSS na província
da Zambézia irá beneficiar de construção, de raiz, de
3 edifícios para as delegações distritais de Mocuba,
Gurúè e Morrumbala, bem como de 4 postos de aten- Cristina Mafumo encarregou-se de inaugurar o edifício
 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023 DOSSIERS & FACTOS POLÍTICA 15

ND CLAMA POR VITÓRIA EM GURUÉ

"Regime tirou-nos pão da boca"

O
partido Nova Democracia, um dos mais
novos na política moçambicana, alega
que venceu as eleições autárquicas em
Gurué, província da Zambézia, acusan-
do os órgãos eleitorais e o partido no poder de
Para o presidente, Gurué tor-
tirar-lhe o "pão da boca". O presidente do partido,
Salomão Muchanga, promete tudo fazer para ga-
rantir a reposição da verdade eleitoral
nou-se o epicentro da revolu-
D&F Texto: Dossiers & Factos
çãoemMoçambique."Apartirdaqui
O ambiente político em Moçambique está de-
masiado tenso, na sequência da proclamação dos (Gurué) iremos inspirar a mudança
para o País inteiro", afirmou, antes
resultados eleitorais referentes às VI Eleições Autár-
quicas da história. Praticamente todos os partidos
da oposição contestam os números apresentados
pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), incluin-
do o partido Nova Democracia, que acredita ter
triunfado em Gurué.
Em contacto com Dossiers & Factos, o presiden-
de criticar o bispo Dom Carlos Mat-
te do partido, Salomão Muchanga, afirmou cate-
goricamente que a ND venceu, mas viu sua vitória
ser roubada pelo partido no poder e pelos órgãos
sinhe por, supostamente, ter sido
conivente com a fraude eleitoral.
eleitorais.
Muchanga afirma que a contagem de votos na-
quela autarquia dava clara vantagem ao seu parti-
do, cenário que alegadamente mudou a partir das
22 horas da noite eleitoral, quando os números co-
meçaram a ser maquilhados. alcançado pela ND em Gurué é histórico, de tão rué) iremos inspirar a mudança para o País inteiro",
Nesse sentido, Muchanga promete lutar ao nível positivo. É, de resto,o único município onde aque- afirmou, antes de criticar o bispo Dom Carlos Mat-
das instituições de justiça pela reposição do que la formação política conquistou assentos, embora sinhe por, supostamente, ter sido conivente com a
diz ser a verdade eleitoral, ou seja, a vitória da sua se queixe de roubos noutras autarquias, incluindo fraude eleitoral.
ND. "A história de dizerem que temos 16 mandatos na cidade de Maputo. "Ao se abater na votação dos resultados, colo-
é falsa. Na verdade a ND venceu as eleições em Gu- Para tal, terá pesado também o esforço pes- cou-se do lado errado, como cúmplice, por isso o
rué", defende o líder partidário. soal do próprio Muchanga, que liderou três mar- trato como ex-bispo".
chas naquele ponto do País durante a campanha Refira-se que q noite eleitoral em Gurué foi
Resultado extraordinário eleitoral. tensa.Para além enchimento de urnas, Muchanga
Para o presidente, Gurué tornou-se o epicentro denúncia disparos na casa do seu cabeça de lista,
Com ou sem fraude, o facto é que o resultado da revolução em Moçambique. "A partir daqui (Gu- sem explicação aparente.

Salomão Muchanga, presidente da ND

 16 SOCIEDADE
NA ORDEM DOS ADVOGADOS
Camaras registam larápio em plena
actuação
A
s instalações sede da Ordem
dos Advogados de Moçambique
(OAM) foram, na madrugada
de sábado para domingo (04 e
05), alvo de assalto e retirada de diver-
sos equipamentos de trabalho. O assal-
to, seguido de arrombamento do edifício
acontece numa altura em que a OAM tem
manifestado posicionamentos críticos
em relação à actuação do regime face às
manifestações pacificas, e, recentemente,
no tocante às polémicas eleições autár-
quicas caracterizadas pro irregularidades
gritantes.
D&F Texto: Dossiers & Factos
A denúncia do arrombamento foi feita este
domingo pela própria Ordem dos Advogados
de Moçambique (OAM), através de uma nota
direccionada aos associados, a que o Dossiers
& Factos teve acesso.
Segundo escreve a OAM, durante a acção
DOSSIERS & FACTOS
criminosa foram retirados entre outros materiais
a “ apurar exaustivamente, os seguintes materiais
de trabalho: dois laptops, carregadores diversos,
pastas e um projector”.
Na mesma nota, a OAM refere que já partici-
pou a ocorrência junto à 6ª esquadra da Polícia
DA Republica de Moçambique (PRM), na cidade
de Maputo.
Como forma de colaborar para o esclarecimen-
to do caso, a OAM forneceu as autoridades poli-
ciais, o material das imagens de vídeo vigilância,
disponibilizado pela segurança, que identificam
claramente o envolvido no acto.
Através do mesmo documento, a entidade
avança que já decorrem trabalhos de reposição
dos danos para permitir a continuidade normal
das actividades.
Detalhe estranho é que o larápio que apare-
ce nas imagens disponibilizadas pela OAM, age
como se não se importasse ou desconhecesse a
existência de camaras de vigilância.
OAM e críticas ao regime
Nos últimos tempos a OAM tem criticado du-
ramente diversas situações relacionadas à limi-
Eis o malfeitor, captado pelas câmeras
06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
tação das liberdades e detenções arbitrárias, o
que faz com que o assalto e o material subtraí-
do, dêem aso a desconfianças.
Recentemente manifestou “profunda preocu-
pação” face ao “elevado nível de violência” após
a eleições autárquicas, observando que o cená-
rio “revela um descrédito nas instituições que
administram o processo eleitoral”.
“Os níveis de violência, para além de pode-
rem desacreditar qualquer resultado eleitoral,
podem igualmente gerar suspeição relativa à
integridade do próprio acto eleitoral, como um
todo e das instituições que o administram”, re-
feriu há dias, a OAM através de um comunicado
assinado pelo bastonário, Carlos Martins.
“Entendemos que é em momentos eleitorais
que se deve renovar a confiança nas instituições
estaduais, incluindo nos órgãos eleitorais. Para o
efeito, as instituições devem ter um comporta-
mento republicano, garantindo solidez e credi-
bilidade do processo eleitoral, incluindo os me-
canismos de resolução de conflitos, evitando-se,
por conseguinte, comportamentos que possam
desaguar em tragédia colectiva”, apelou OAM.
 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023
MAGALA INSATISFEITO COM A LIDERANÇA DA LAM
O que o impede de mexer, senhor
ministro?
O
Ministro dos Transportes e Co-
municações, Mateus Magala, ma-
nifestou a sua insatisfação com o
actual nível de gestão das Linhas
Aéreas de Moçambique (LAM) e destaca
a necessidade de mudança de liderança e
pensamento.
D&F Texto: Dossiers & Factos
A reação surge seis meses após a intervenção
da Fly Modern Ark (FMA) no processo de rees-
truturação da companhia de bandeira nacional.
Magala entende que a companhia de ban-
deira nacional tem potencial para orgulhar a
nação moçambicana. Para o Ministro, o desem-
penho da operadora está abaixo dos níveis de-
sejáveis, pelo que, a nova liderança ainda está
abaixo dos níveis de desafios que se impõem à
LAM.
Ele constatou que a LAM carece de uma li-
derança fortificada, mentalidade criativa, trans-
parência e foco. Mas também, reconhece que,
LAM retomou recentemente voos para Europa
DOSSIERS & FACTOS
Mateus MAGALA
com a intervenção da FMA, a LAM registou
avanços significativos, como a introdução de
ECONOMIA 17
novas rotas nacionais e internacionais. E, apesar
do aumento do fluxo de passageiros, ainda não
está satisfeito. “Ainda não estou
satisfeito.
Penso que a LAM tem de ter
uma imagem bastante respeitá-
vel. Tem de ser um ponto de or-
gulho. Tem de ser a moçambica-
nidade. Ainda não chegamos lá,
mas os passos que foram dados
de Abril até aqui são de louvar”,
disse o Ministro, citado pela Rá-
dio Moçambique.
Na óptica de Magala, que
falava a partir de Blantyre, no
Maláui, o maior segredo para
alavancar a companhia “é a mu-
dança das mentes, atitudes e
liderança desse processo”. Disse
que são processos fundamentais
“para nós podermos ver a mu-
dança que queremos ver, e isso
está a acontecer, mas ainda não
estamos lá”.
A FMA é a empresa sul-afri-
cana contratada pelo Estado
moçambicano para liderar o
processo de reestruturação das
LAM. A empresa estrangeira diz
que já reduziu as dívidas da LAM
de 402 milhões de dólares para
cerca de 290 milhões de dólares.
O Director de Projecto da FMA
promete para Dezembro ou Ja-
neiro a explicação do sobre ac-
tual estágio financeiro da com-
panhia. Integrity
 18 PROVÍNCIA DOSSIERS & FACTOS 06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA

PARA EXPANDIR OS CUIDADOS DE SAÚDE À POPULAÇÃO

Parruque entrega viaturas ao sector

da Saúde
O
acto modesto e simples, porém
de grande importância, foi pre-
sidido na terça-feira, 31 de Ou-
tubro de 2023, pelo Governador
de Maputo, Júlio Parruque, tendo afirmado
que a entrega dos dois meios circulantes é
uma garantia da expansão dos cuidados
primários de saúde à população.

D&F Texto: Dossiers & Factos

Os profissionais de saúde, representados pela fun-

cionária Rita Veloso, agradeceram ao Conselho Executi-
vo Provincial pelo nobre gesto, pois incrementa a capa-
cidade de resposta de 04 viaturas do início do mandato
para 10 viaturas, flexibilizando e melhorando a mobili-
dade dos funcionários, sobretudo das equipas médicas
para oferta de serviços humanizantes à população.
Por seu turno, Júlio Parruque referiu que aquelas
viaturas 0 km, com tracção às 04 rodas, resultam da
parceria com o CDC que remonta há 10 anos, num in-
vestimento de mais de 4 milhões de meticais, cujo im-
pacto será a melhoria dos níveis de atendimento das
comunidade em áreas distantes e de difícil acesso.
O Governador de Maputo felicitou os funcionários
da saúde pelo seu empenho na luta contra doenças de
notificação obrigatória, aumento da taxa de retenção
de pacientes de 77% para 88% e inclusão nas consultas
pré-natais, 100% de mulheres seropositivas a fazerem
TARV de modo a garantir que nasçam crianças saudá-
veis – ”fazendo jus ao posicionamento da Província de Entrega simbólica das viaturas
Maputo como 1º classificado na oferta dos serviços
TARV, de acordo com o apuramento da reunião nacio- nal do programa de controlo das ITS/HIV”. – Realçou o Governador Parruque.

Profissionais de saúde satisfeitos com os novos meios

SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023 DOSSIERS & FACTOS ANÚNCIO PUBLICITÁRIO 19
 20 POLÍTICA
AO TITUBEAR EM TORNO DO 13º SALÁRIO
Maleiane coloca em causa narrativa
de que não há carência no Estado
O
primeiro-ministro moçambicano,
Adriano Maleiane, foi esta sema-
na questionado sobre se havia
condições para o pagamento do
13º salário aos Funcionários e Agentes do
Estado (FAE) no presente ano. Maleiane
não disse nem “sim” nem “não”, tendo se
limitado a referir que, geralmente, o anún-
cio do pagamento ou não desse ordenado
é feito no mês de Dezembro de cada ano.
A insegurança do coordenador do Governo
coloca em causa, porém, a narrativa oficial,
segundo a qual o Estado não tem proble-
mas de dinheiro para pagar salários.
D&F Texto: Dossier Económico
O sufoco provocado pela implementação da Tabela
Salarial Única (TSU) na Função Pública impossibilitou o
pagamento do 13º salário no ano de 2022. Tratou-se de
uma experiência inédita mas que, afinal, pode se repe-
tir. É, pelo menos, essa a sensação que transmitiram as
palavras de Adriano Maleiane, há poucos dias.
Questionado pela TV Sucesso sobre a capacidade de
cumprir este dever no presente ano, à margem da Ses-
Adriano Maleiane, Primeiro Ministro
DOSSIERS & FACTOS
Filipe Nyusi, Presidente da República
são de perguntas ao Governo na Assembleia da Repú-
blica, o primeiro-ministro, dando a sensação de ter sido
06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
apanhado desprevenido, respondeu com voz trémula.
“O anúncio do 13º é sempre feito em Dezembro”, dis-
se, acrescentando que “vai chegar a vez”. De seguida,
fez saber que a política do 13º é “vamos garantir o 12º
e depois vamos ver como é que o Orçamento se com-
portou, e depois é anunciado”, antes de apelar: “vamos
ter paciência”.
Mas, afinal, há dinheiro ou não?
A introdução da TSU marcou o início de uma inédita
era em Moçambique, marcada pelos atrasos sistemáti-
cos no pagamento dos ordenados aos Funcionários e
Agentes do Estado, entre outras irregularidades afins.
A nível das Forças de Defesa e Segurança, por exemplo,
abundam casos de agentes da Polícia da República de
Moçambique e de elementos das Forças Armadas de
Defesa de Moçambique que chegaram a ficar mais de
quatro meses sem salários.
Este facto fez com que se aventasse, a nível da opi-
nião pública, a possibilidade de o Estado estar “falido”,
sem dinheiro para garantir o pagamento dos ordena-
dos em tempo útil.
O Governo, no entanto, sempre fez questão de as-
segurar que tais alegações não constituem a verdade,
vincando que tem dinheiro para esta rubrica. “Não há
problemas de salários por causa de carência. Nós esta-
mos a emigrar de um sistema para o outro (…) como
se recordam também estivemos perante a situação da
TSU, que é um elemento novo e mega elemento que
muda a vida das pessoas. Portanto, este momento de
transição, por si só, está a trazer estas descontinuidades
que às vezes exigem paciência”, afirmou o Presidente
da República, Filipe Nyusi, em Agosto do presente ano.
A verdade, porém, é que as referidas “descontinui-
dades” ainda não cessaram e, quando associadas ao
evidente desconforto e insegurança de Adriano Ma-
leiane para garantir a existência de condições para o
pagamento do 13º, levam a que muitas dúvidas pairam
sobre a narrativa oficial do Governo, que prega que há
dinheiro.
 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023 DOSSIERS & FACTOS DESPORTO 21

SETE ANOS DEPOIS

Ferroviário da Beira volta ao

ck Bulls com 30) e 18 sofridos.
“Foi um jogo difícil. Nós sabíamos que a Associa-
ção Desportiva de Vilankulo não iria facilitar a nossa
vida. Percebemos, logo, que tínhamos de dar o nos-

trono do futebol nacional

so melhor para conquistar o título. Quero, desde já,
dar os parabéns aos meus jogadores”, disse Hélder
Duarte, treinador do Ferroviário da Beira ao RM Des-

S
porto. O País
ete anos depois, o Ferroviário da
Beira voltou a ser campeão nacio-
nal de futebol. Os “locomotivas” do
Chiveve sagraram-se, este domin-
go, campeões nacionais ao derrotarem, em
casa, a Associação Desportiva de Vilanku-
lo, em jogo inserido na vigésima segunda
e última jornada do Moçambola 2023.

Amadu, aos 86", marcou o “golo de ouro” que va-

leu o segundo título ao Ferroviário da Beira no
Moçambola.
Os beirenses campearam com 39 pontos, mais um
que a Associação Black Bulls que, na derradeira jorna-
da, derrotou o Ferroviário de Lichinga, por 1-0.
Feitas as contas, o Ferroviário da Beira terminou o
Moçambola 2023 com um total de onze vitórias, cinco
derrotas e seis empates.
O seu saldo, ao longo de 22 jornadas, foi de 27 go-
los marcados (segundo melhor ataque depois da Bla- A festa é rija no Chiveve

A BRAÇOS COM LESÃO resse em torno de Geny Catamo, tendo o jogador do

Sporting bem referenciado. De acordo com a publi-

Geny pode falhar próximos

cação londrina, existe a expectativa tanto do clube de
Birmingham como da formação orientada por Marco
Silva em poder negociar o esquerdino do Sporting já
em Janeiro, quando a janela de transferências se reabrir.

jogos da selecção
Recorde-se que, neste momento, o Sporting não de-
tém a totalidade do passe de Geny, sendo que apenas
25% dos direitos do jogador estão na posse do clube

G
de Alvalade. Nesta fase, os leões pretendem negociar o

eny Catamo está lesionado e vai

falhar os próximos jogos do Spor-
ting, confirmou Rúben Amorim,
na conferência de antevisão ao
duelo com o Estrela da Amadora. O jovem
tem um problema no adutor direito e vai
ficar fora durante umas semanas, sendo
também provável que não represente os
Mambas diante do Botswana, a 16 de No-
vembro, em Francistown, segunda maior
cidade daquele país. E, depois, diante da
Argélia, embate agendado para 19 de No-
vembro no Estádio Nacional do Zimpeto
(ENZ).

A paragem leva-o a falhar os embates com os estre-

listas, Raków para a Liga Europa e o dérbi eterno, na Luz.
Numa altura em que vinha cimentando o seu lugar na
equipa e mostrando a boa forma, o moçambicano vê-se
obrigado a ficar de fora.
«O Geny Catamo está lesionado e parece-me que está
fora até às selecções, está fora para estes últimos três jo-
gos de fecho do ciclo, parece-me. O Morita pode recupe-
rar-se, mas ainda não vai jogar este jogo, o St. Juste está
com uma virose e ainda não sabemos se se recupera, o
Esgaio também, mas parece mais recuperado, o team-
-manager também está com uma virose, e portanto, o
resto está tudo apto.”, disse Ruben Amorim, treinador do
Sporting.
Enquanto a sua carreira desportiva floresce, o contra-
to com o clube leonino também está em vias de ser pro-
longado até 2028, com um aumento salarial substancial.
Geny Catamo
Contudo, a percentagem do passe detida pelo Clube con-
tinua a ser apenas de 25%, e os dirigentes estão a nego-
ciar com o Amora para adquirir a totalidade do seu passe.
Neste início de temporada, Geny Catamo tem conse-
guido ganhar cada vez maior espaço no plantel do Spor-
ting e, na última partida diante do Olivais e Moscavide, foi
até decisivo a saltar do banco de suplentes. O internacio-
nal moçambicano de 22 anos soma 11 partidas esta tem-
porada ao serviço dos verdes e brancos e desperta igual-
mente a atenção de alguns clubes, mais concretamente
provenientes da Premier League.
Segundo o portal ‘FootballLondon’, numa informação
também confirmada por Fabrizio Romano, jornalista es-
pecializado no mercado de transferências, Aston Villa e
Fulham são os dois clubes que demonstram maior inte-
remanescente do passe com o Amora, que detém a maio-
ria dos direitos desportivos de Geny, mas o emblema da
Liga 3 exige 3 milhões de euros para negociar os 75%
que conserva. De resto, para esta semana está agendada
uma nova ronda negocial entre o presidente do Sporting,
Frederico Varandas e os dirigentes do Amora, tal como o
jornal “Record” avançou, de modo a chegar a um possível
acordo para que os leões possam garantir a totalidade de
Geny Catamo.
Além disso, o próprio jogador moçambicano só deve
avançar para a renovação de contrato com o Sporting
após ter este processo da compra do passe resolvido. Ac-
tualmente blindado por uma cláusula de rescisão de 45
milhões de euros, Geny Catamo tem contrato com o em-
blema de Alvalade até Junho de 2026. O País
 22 GARGANTA FUNDA
1 Até onde vai o poder do
Bispo?
Até onde vai o poder do Bispo Matsi-
nhe, Presidente da CNE? Terá o Bispo o
poder de desautorizar o seu quórum?
Terá o Bispo o poder de passar por
cima da decisão dos seus pares e im-
por a sua vontade em relação às elei-
ções? Creio que a resposta é não, uma
vez que o Bispo não é soberano, não
é o dono da palavra e da razão, não é
ele que decide unilateralmente e a sua
vontade não impera acima dos seus
colegas, então, por que essa agressi-
vidade, porque essa violência toda em
relação ao bispo? A meio de tanta re-
clamação tinha melhor escolha o Bis-
po em abster-se? Não votou nem para
vermelho e muito menos para azul, fi-
2 Temos monarquia no
desporto?
Esta semana decorreram as eleições
na Federação Moçambicana de Futebol,
quem ganhou, quem ganhou, heinnnm?
Precisa mesmo questionar? Claro que não,
está claro quem foi o vencedor, ganhou e
bem, uma vitória esmagadora, qualqueri-
zante e humilhante, uma vitória à moda
do partidão. O adversário era nada menos
e nada mais que Namoto, o “jovem” de
“sangue azul” que acolhe o nome de uma
localidade de Cabo Delgado encostada
ao rio Rovuma que era por onde os anti-
gos combatentes que lutavam contra o
colonialismo português faziam as suas in-
cursões para chegar ao território nacional
vindos da Tanzânia e Sidat, não o adminis-
trador, mas o mais velho, aquele que vem
assumindo a quase 30 anos os destinos do
futebol moçambicano, pois no seu histo-
Temos Campeão
Terminou o Moçambola 2023 no último domin-
go e como é hábito ou apanágio desta competi-
ção, o campeão só foi descoberto na última jor-
nada. Num cenário em que 3 equipas (Ferroviário
da Beira, Ferroviário de Nampula e ABB) podiam
ainda sonhar com o título, a sorte coube mesmo
aos locomotivas do Chiveve, que venceram a tan-
gente a ADV por uma bola a zero. Surpresa? Sim
porque a priori os candidatos eram a Black Bulls
e a União Desportiva de Songo que a meio do
campeonato ambos perderam gás, até porque o
Ferroviário da Beira só assumi a liderança que por
muito tempo esteve com a ABB, na entrada das úl-
timas jornadas e não mais saiu de lá, mas Gargan-
ta tem certeza de que este não é um resultado sur-
presa para a Direcção do Ferroviário da Beira que
tem se mostrado um clube muito organizado e
que tem sabido investir, quer nas infra-estruturas,
bem como no plantel e nas outras modalidades
como Basquetebol, Natação, etc., e quem investe
deve esperar resultados bons e está de parabéns
a Direcção deste clube. Surpresa agradável tam-
DOSSIERS & FACTOS 06 de Novembro de 2023 SEGUNDA-FEIRA
cou no meio do imbróglio e deixou
os grupos beligerantes decidirem
uma vez que a CNE é constituída por
membros dos principais partidos
políticos, a principal questão talvez
deveria ser o porquê de 2 membros
da perdiz não terem votado, esses
sim defraudaram aqueles a quem
representam. Resumindo, Gargan-
ta não concorda com o bullying e
cancelamento que está a ser feito
ao Bispo, ele só é uma figura deco-
rativa e não manda nada, depende
de dados que recebe, cabendo a ele
simplesmente anunciar a “boa nova”,
é o mensageiro, o intérprete, deixem
o Bispo em paz.
vencedor, aliás, vencedor este que se apropriou do futebol moçambicano e faz
deste uma gestão doméstica, daí que apesar de alguns resultados interessantes
em termos das selecções, nos últimos anos termos assistido muitas vergonhas
públicas vindas das hostes da FMF.
rial trabalhou com Mário Coluna, este-
ve dois mandatos na Federação, saiu
e voltou de novo para assumir a casa
tendo ficado um mandato e agora quer
outro mandato. Foi estranho como este
exercício eleitoral decorreu, a exigência
de que cada candidato deve ser pro-
posto por pelo menos uma associação
tira a transparência do processo e pior
ainda quando quase todas associações
propõem um candidato, logo a “priori”
já se sabe para quem vão votar, então,
para quê ir às eleições se antes do pro-
cesso já se conhece a sua preferência?
Coragem teve Namoto em concorrer
num processo em que o vencedor já es-
tava anunciado e sabido, num processo
previamente preparado para haver um
participante e consequentemente um
3
foi o facto de o Ferroviário de Maputo ter feito os seus jogos em casa emprestada, mas
por outro lado da moeda foi por uma boa causa uma vez que o mítico estádio da Ma-
chava está neste momento a ser reabilitado e está de parabéns os CFM por este facto,
e se espera deste clube gigante que nos próximos anos volte a pôr o seu nome entre
os melhores, uma vez que tem passado por alguns momentos complicados.
bém é ver o Baía de Pemba entre os melhores,
agradável porque esta equipa já vinha com um
X nas costas, estava marcada para descer de
divisão, mas soube lutar com todas armas dis-
poníveis, afinal de contas, todos nós sabemos
como se ganha este campeonato e o Baía não
vergou, fez da sua casa um inferno para quem
visitou, até porque essas vitórias em algum
momento começaram a causar mau estar aos
“grandes”, vimos UDS aos prantos num comu-
nicado exaustivo após perder em Pemba. Se
há quem desconfiava da contratação de Artur
Semedo, então, pode ficar feliz, pois viu-se nes-
te campeonato grandes exibições deste clube
nortenho. Decepção mesmo foi o Madjedje de
Maputo. O problema nem é o facto de terem
descido de divisão, mas sim o facto de terem
lutado para estar no moçambola para irem lá
dar um show muito grande de desorganiza-
ção, a meio da prova o clube deixou de pagar
salários e até certo ponto o clube esteve para
desistir da prova. Outro destaque pela negativa
 SEGUNDA-FEIRA 06 de Novembro de 2023 DOSSIERS & FACTOS SOCIEDADE 23

SÃO 103 ANOS DE VIDA

“Vovó Neli” celebra aniversário diante

de mais de 3 gerações
N
eli Nyaca, carinhosamente trata-
da por “Vovó Neli”, celebrou os
seus 103 anos de vida, na cida-
de de Maputo, no meio de várias
gerações a que ela deu origem. Vovó Neli,
como todos a chamam, filha da Jinita Li-
bombo e do Jeremia Dick Nyaka, nasceu
em KaTembe, a 2 de Novembro de 1920.
De acordo com a biografia a que tivemos
acesso, a aniversariante nasceu num Do-
mingo, às 11 horas da manhã.

D&F Texto: Dossiers & Factos

A celebração de um século e três anos de

vida de Neli Nyaka, feita no modelo híbrido
[online e presencial], no passado dia 02 de
Novembro, foi um momento amarcado por
várias emoções e euforias por parte da famí-
lia, formada por uma longa linhagem de laço
familiar, desde os filhos, os netos, bisnetos,
trinetos, irmãs, primas, para além de amigos
e “masseves”.
Sendo de uma família religiosa, o momen-
to foi abençoado com uma oração, tendo
se seguido o sagrado de corte de bolo, com
uma cara que descrevia várias emoções, que
certamente não caberiam em palavras. Pos-
teriormente, a “Vovó Neli” recebeu as decla-
rações dos filhos, netos, bisnetos que se en-
Vovó Neli, aniversariante
Clima foi de muita festa
contram na diáspora.
O seu filho, de nome João, manifestou a sua
satisfação, de forma virtual, em ver os 103 anos
da sua biblioteca viva, desejando assim, longa
vida a sua mãe. “Tsama uva kone”,
disse, acrescentando que “é com
emoção que testemunha os 103
anos de uma mulher bonita, bem-
-disposta e quase que jovem até,
mas mamã”.
Por sua vez, a irmã mais nova
de João afirmou estar satisfeita,
desejando que a aniversariante
continue assim como é.
De seguida, as netas deixaram
algumas mensagens para a sua
biblioteca viva. uma das netas
felicitou-a pelos anos e desejou
mais e mais anos, para que ela
continue a “estar aqui connosco,
muito obrigada, um dia de cada
vez”, não sei mais que dizer, estou
muito emocionada”.
Dos netos e bisnetos que
acompanharam a celebração de
aniversário de Neli Nyaka, foi pos-
sível ouvir: “Nós também estamos
de coração, parabéns e Parabéns,
mais 100 anos avó”.
Os pais de Neli Nyaka conhece-
ram-se em KaTembe, onde ambos
cresceram e frequentavam a mes-
ma Igreja. Foi lá que eles se casa-
ram, e tiveram os primeiros dois
filhos Daniel, o irmão e a Neli.
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50Mt

HEZBOLLAH ELEVA O TOM CONTRA ISRAEL

“Estamos nesta guerra desde dia 08”

O
líder do grupo xiita li- do governo "extremista e brutal" de na zona da fronteira em defesa do do sul praticamente não tem trânsi-
banês Hezbollah con- Benjamin Netanyahu. território libanês, e não tanto uma to automóvel.
Após um longo silêncio desde declaração efectiva de guerra, para Várias embaixadas já aconselha-
siderou, esta tarde, le-
o início da guerra entre Israel e o alívio da maioria da população liba- ram também a evacuação dos seus
gítima a guerra contra Hamas, o Secretário-Geral do Hez- nesa. Apesar disto, as tensões conti- cidadãos para fora do Líbano.
Israel a nível moral, religioso e bollah, Sayed Hassan Nasrallah, fi- nuam no sul, com ataques militares Entretanto, o Primeiro-ministro
humanitário. Hassan Nasrallah nalmente decidiu dar um discurso mútuos entre Israel e Hezbollah, que Najib Mikati tem contactado vários
sublinhou que a perspectiva de ao povo libanês e à população xiita contam já com dezenas de mortos, e chefes de Estado na região para
“uma guerra mais alargada” é em particular, naquela que terá sido progressão no terreno em direcção à mostrar que o Líbano não está inte-
“realista”. a intervenção pública mais anteci- linha fronteiriça. ressado em se envolver numa guerra
pada desde o ataque do Hamas em Muitos libaneses têm vivido com oficial com Israel.
solo israelita. apreensão o risco da guerra se alas- O Líbano que não só continua
Num discurso em Beirute, peran-
Dezenas de milhares de apoian- trar até Beirute e resto do país. Várias mergulhado numa crise socioeco-
te milhares de apoiantes, o líder do
tes do grupo xiita encheram as ruas localidades no sul têm sido evacua- nómica sem precedentes, mas está
Hezbollah defendeu a legitimidade
de Dahyeh, Nabatieh e Baalbeck das ao longo das últimas semanas já há um ano sem Presidente; dadas
da guerra contra os israelitas: "A ba-
para assistir a Nasrallah discursar. e cidades como Marjayoun encon- estas circunstâncias e a instabilidade
talha contra esses invasores e ocu-
Contudo, o discurso foi essen- tram-se praticamente desertas. Cer- na região, entrar numa guerra inter-
pantes sionistas é totalmente legí-
cialmente para fazer o ponto da ca de 30 mil pessoas evacuaram para nacional será altamente desaconse-
tima do ponto de vista humanitário,
situação do conflito em geral e da vários pontos do país para escapar lhável- e o Hezbollah parece ter clara
moral e religioso".
posição estratégica do Hezbollah ao risco da guerra e a autoestrada noção disto. RFI
Trata-se da primeira vez que Has-
san Nasrallah se pronuncia sobre a
guerra entre Israel e o grupo Hamas,
em Gaza, cuja intensidade aumen-
tou depois do ataque do grupo is-
lamita contra solo israelita a 07 de
Outubro.
Nasrallah acusa os Estados Uni-
dos de serem “totalmente respon-
sáveis” pela guerra em Gaza e aler-
ta que deveriam parar “a agressão a
Gaza” se quiserem evitar uma guerra
regional. “A América é a única res-
ponsável pela guerra em curso em
Gaza e Israel é um mero instrumen-
to”, referiu.
Num discurso transmitido pela
televisão, a autoridade máxima do
Hezbollah disse que são "os Estados
Unidos que impedem um cessar-fo-
go" e que impedem igualmente que
"o inimigo [Israel] seja condenado
internacionalmente".
O chefe do Hezbollah adverte
que a perspectiva de “uma guerra
mais alargada” é “realista” e avisou
Washington que estão “preparados
para fazer face à vossa artilharia”.
Nasrallah garante que o ataque
do Hamas ao território israelita foi
"uma operação 100 por cento pales-
tiniana", que conta com o apoio do
Irão, “mas não tem nada a ver com a
decisão da Resistência. A decisão foi
tomada pelos líderes da Resistência."
O clérigo xiita considerou tam-
bém que as condições de vida do
povo palestiniano se tornaram ainda
mais duras com a chegada ao poder Sayed Hassan Nasrallah, líder do Hezbolllah