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ANO XVIII | Novembro de 2015 | | Edição 186 | www.abifa.org.

br

FUNDIÇÃO
REVISTA OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIÇÃO | ABIFA

& MATÉRIAS-PRIMAS

- AVALIAÇÃO DO DESGASTE DE MATERIAIS FUNDIDOS EM TRIBÔMETRO

- TRATAMENTO DE DESGASEIFICAÇÃO DE ALUMÍNIO FUNDIDO

- GRAU DE MODIFICAÇÃO POR ESTRÔNCIO EM LIGAS DE ALUMÍNIO

- USO DO CARBETO DE SILÍCIO COMO PRÉ-INOCULANTE


D
EDITORIAL

e fato, o ano começou pior do


que se esperava. A crise
O único interesse
institucional motivada por
conflitos de interesses
dos nossos governantes é
entre o executivo e
o legislativo engessou o Brasil de tal forma que o locupletarem-se no poder eterno,
descrédito tomou conta dos agentes econômicos.
Enquanto esse nó não afrouxar ninguém pode prever pouco se lixando com a pior
nem desfecho nem solução e ainda que venhamos
a permanecer no fundo do poço, difícil será imaginar crise da nossa história
quanto mais irá piorar e quando dele sairemos.
Assim o setor produtivo continua acéfalo, vivenciando
um drama sem perspectiva de solução, pois o único interesse e locupletando-se da corrupção.
dos nossos governantes é locupletarem-se no poder eterno, Assim o sistema produtivo e o
pouco se lixando com a pior crise da nossa história e suas mercado esperam que um milagre se
trágicas consequências para a família brasileira. concretize através do judiciário realizando o desejo de ruptura
Seria possível imaginar um cenário em que equacionado o nos altos escalões, por mudanças.
conflito de poder, a economia ficasse livre para desenvolver-se Governo fraco, incompetente, permeado de corporativismo e
livremente por demandas de mercado? Acredito que ainda não, sindicalismo petista, vítima de 13 anos de governos desastrados,
porque a sociedade cada vez mais organizada e vigilante cobrará incapaz de reconhecer seus erros, refém da esquerdopatia
judicialmente por este desatino, por esta tragédia que estamos sul americana e que ainda tem a coragem de pedir confiança,
vivendo. investimentos, emprego a nós industriais que já não aguentamos
No Brasil, Política e Economia sempre viveram uma relação mais de carregá-lo nas costas.
incestuosa como de fato, é histórico na América Latina. Assim, É este o Brasil de que devemos nos orgulhar?
uma relação apenas mínima entre ambas seria salutar como o é Este é o Brasil do Futuro ou o Brasil do Nunca?
nos Países desenvolvidos. Neste ambiente aterrorizante a indústria de transformação
Mas não, nós industriais somos vistos apenas como fonte de está sendo dizimada sem piedade e os poucos que resistem,
geração de impostos e sendo assim, para o governo tanto faz da forma que puderem, são os verdadeiros heróis e devem se
produzir no Brasil ou importar, pois a arrecadação tributária é orgulhar, juntar forças e aguardar a queda da Bastilha porque
a mesma! Se milhões de brasileiros estão perdendo emprego, esta não tardará!
se milhares de indústrias fecham as portas, se a concorrência
internacional está liquidando o nosso mercado, se os juros e os Remo De Simone
Presidente
impostos nos sufocam .... ora, isso tudo é incompetência dos
industriais brasileiros!
O empreendedorismo, riqueza maior de qualquer nação se | FEVEREIRO 2016
resume então apenas a uma consideração contábil chinfrim.
Grande parte dos políticos e dos governantes não
conseguem perceber a importância da nossa indústria, o
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significado da capacidade geradora de bem estar, de tecnologia,
de conhecimento, de inovação. Não imaginam o benefício do
Made in Brasil, não entendem o que é Evasão de Talentos, não
imaginam as dificuldades de vencer desafios, de acompanhar
o desenvolvimento mundial, nem sonham como é duro ter que
investir com resultados negativos. E porque não entendem?
Porque vivem em permanente “zonas de conforto” a risco
zero; porque nunca tiveram que produzir algo concreto na vida,
nunca foram capazes de gerar seus próprios sustentos, pelo
contrário sugam o Estado, institucionalizando o “dolce far niente”
SUMÁRIO

Edição 189
Fevereiro 2016

03 EDITORIAL

07 NOTAS & INFORMAÇÕES

09 DE AMIGO PARA AMIGO

12 Apex - Brasil

16 ABNT/CB-59

21 ÍNDICES SETORIAIS

27 CADERNOS TÉCNICOS
| FEVEREIRO 2016

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EXPEDIENTE

REVISTA DA ABIFA – FUNDIÇÃO & MATÉRIAS – PRIMAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIÇÃO


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Amandio Pires, Antônio Diogo F. Pinto
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Ênio Heinen, Fernando Lee Tavares
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A Revista da ABIFA é uma publicação mensal da ABIFA – Associação Brasileira
Gutierres, Wilson Guesser.
de Fundição – dirigida à toda cadeia produtiva do setor, às indústrias de
fundição, seus fornecedores de produtos, serviços e clientes.
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Publicações
• Anuário - Guia de Fundições
• Revista da ABIFA
• Dicionário de Fundição e Tratamento Térmico (Português - Inglês)
• Dicionário de Usinagem e Tratamento Térmico (Português - Inglês)
• Dicionário de Fundição Português-Alemão
• Edição Especial Cadernos Técnicos
NOTAS & INFORMAÇÕES

CEMP REVISA AS RECOMENDAÇÕES DE ENSAIOS PARA


MOLDAGEM E MACHARIA E LANÇA CARTÃO PEN DRIVE

A CEMP – Comissão de Estudos de Matéria Prima da ABIFA à internet. O acesso às recomendações agora é gratuito
foi criada em 1977, tendo como um dos objetivos “Avaliar para todas as empresas de fundição.
métodos de ensaio, especificações e desenvolvimentos A revisão do Manual de Recomendações CEMP 2015
específicos, métodos de verificação e calibração de marca uma nova era das recomendações com o inicio do
equipamentos, amostragem e padronização de corpos de estudo da Repetibilidade de Ensaio, que é o quanto pode
prova e materiais de processos de fabricação”. Este objetivo variar um resultado de ensaio quando realizado no mesmo
se materializou através de mais de 150 recomendações laboratório, pelo mesmo analista e nas mesmas condições.
de ensaios, que se transformou em um Manual de Bimensalmente as empresas BUSCHLE & LEPPER,
Recomendações. Este Manual de Recomendações já teve BENTONISA, SCHULZ, MINERAÇÃO NILSON, GLP
varias versões, a primeira foi publicada em duas pastas LABORATÓRIO, COQUESUL, UNISOCIESC, TECNOFUND,
contendo toda a coletânea de recomendações, a segunda TUPY , CLARIANT/CBB, RIOSULENSE, CASTIGLIONI/
foi publicada em um CD, no ano de 2003, que deu inicio a FERRAMAQ, EMBRACO, BUNTECH, GRANAÇO, WEG

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era digital das recomendações. MOTORES ( METAL I, III/IV), e outras enviam seus
Em 2015 a comissão fez a revisão de todas as técnicos para debater, analisar e elaborar procedimento
recomendações criadas, atualizando, revisando e eliminando padronizado, que contribuíram e contribuem muito para
aquelas cujos processos entraram em desuso e a era da programas de qualidade assegurada de todas fundições
digitalização nos apresenta o Manual de Recomendações brasileiras e latino americanas. Atualmente há um grupo 7
em um Pen Drive em forma de cartão, brinde promocional que está estudando e criando recomendações para o setor
patrocinado pelas empresas BENTONISA e TECNOFUND. de Fusão, avaliando as matérias primas, materiais de
Do cartão pen drive é possível acessar as recomendações correção e insumos utilizados no setor de fusão e outro
através de qualquer computador com entrada USB. A relativos a moldagem e macharia.
era da digitalização também é marcada pela possível A ABIFA e a atual Coordenação da CEMP convidam
visualização do Manual através do seguinte link encontrado você e sua empresa para fazer parte deste seleto grupo de
nas “nuvens”. Para acessar é necessário digitar endereço técnicos que contribuem muito para o desenvolvimento das
https://drive.google.com/folderview?id=0BzwyUX81Q9NZ fundições através dos estudos lá realizados. As reuniões
lZRTGYzbTRXNGM&usp=sharing através de computador, acontecem nas dependências da ABIFA na cidade de
notebook, Tablet ou Smartphone e que estejam conectados Joinville - SC.
NOTAS & INFORMAÇÕES

METALURGIA 2016 ACONTECE EM SETEMBRO,


EM JOINVILLE

De 13 a 16 de setembro, a cidade de Joinville (SC) com os nossos clientes e manter o diálogo, assim como
sediará a 10ª Metalurgia - Feira e Congresso Internacional para acompanhar as tendências de mercado”, destaca
de Tecnologia para Fundição, Forjaria, Alumínio & Serviço Jörg Hagedorn, sócio-diretor.
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- uma realização da Associação Brasileira de Fundição A FAI, líder no segmento de mercado de peças
(Abifa), com organização da Messe Brasil. fundidas e tubos centrifugados de aço inox, é pela terceira
A Metalurgia ocorre a cada dois anos e a última edição, vez presença confirmada. “Entendemos que a feira é a
em 2014, apresentou mais de 400 marcas de nove países: melhor opção no Brasil para apresentar os produtos de
8 Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, China, Espanha, nossa fabricação”, enfatiza Cláudio Bergamini Mendes,
EUA, Itália e Suíça. Além do intercâmbio de tecnologia diretor comercial.
com expositores do país e exterior, complementam a A última edição recebeu cerca de 21 mil visitantes de
programação da feira o Cintec Fundição – Congresso 17 países que atuam, a maior parte (56%), nos setores de
de Inovação Tecnológica e a Powergrid Brasil - Feira e fundição, automotivo, de engenharia e de energia, sendo
Congresso de Energia. 20% com poder de decisão final de compra. A expectativa é
Uma das expositoras da Metalurgia 2016, a KUTTNER de que tenha gerado R$ 450 milhões de reais em negócios
DO BRASIL, fornecedor tradicional da indústria siderúrgica nos 18 meses seguintes.
e de fundição, está presente na feira desde sua primeira Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (47)
edição. “Para nós, é um evento importante para encontrar 3451-3000 ou através do site www.metalurgia.com.br.
DE AMIGO PARA AMIGO

CUSTOS: ASPECTOS RELEVANTES

C om justa razão, durante a última


Reunião Plenária da ABIFA em Caxias
do Sul, nosso presidente Remo De
Simone sugeriu que eu abordasse
este assunto em um de meus bate-
papos de “amigo para amigo”. Como
o conhecimento dos custos é indispensável para a boa gestão
de qualquer empresa, aceitei o desafio.
Cada fundição tem seu sistema particular
levantamento de custos. Este sistema pode ser bem
primitivo, tipo contabilidade de armazém, ou apresentar
de
de uma pequena fundição pode prescindir de uma análise
regular de seus custos. Numa empresa maior, convém que
cada encarregado seja induzido a administrar a sua parte,
para gestão adequada do seu setor. Para que isso ocorra é
mister informá-lo sobre seu desempenho, inclusive quanto à
evolução dos resultados medidos.
Lembro ainda do curso Avaliação de Custos, coordenado
pelo Prof. Koliver nos anos 70, rico em exemplos sobre
fundição, pois ele acabara de implantar o sistema BAB na
Fundição Tupy. Desde então a ciência da informática tem
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contribuído decisivamente para facilitar o levantamento e a
crescentes graus de sofisticação. Na medida em que a integração de dados. As fundições de hoje têm à disposição
concorrência aumenta, é normal aparecer a necessidade os meios adequados para implantar seus sistemas de custos,
de melhorá-lo. De alguma forma, toda empresa precisa ajuda preciosa para cumprimento de seu objetivo maior, pois
conhecer os dados gerados por seu setor de custos, em fornecem dados necessários à boa administração do negócio.
maior ou menor detalhe. Por isso os custos deveriam Importante é cada um detalhar um sistema de acordo com
ser levantados e divulgados, e sua administração deveria suas necessidades, mas não pretendo entrar em detalhes
ser cobrada de cada setor, individualmente. Uma reunião a respeito de sua implantação. No momento a intenção é
mensal para divulgar e discutir custos certamente seria analisar outros aspectos relevantes, de aplicação imediata.
benéfica para a administração da empresa. Nem o dono Quanto mais simples a abordagem, melhor. Para
DE AMIGO PARA AMIGO

A pressão devida
isso usaremos o método dos engenheiros.
Entendem eles ser mais fácil de compreender à necessidade de continuar
e guardar qualquer experiência a partir de
sua reprodução por um gráfico, ou por uma produzindo um determinado
fórmula. Partimos da fórmula que representa
a essência do negócio de uma empresa:
volume de peças para pagar o
PV (Preço de Venda) = C (Custo) + L (Lucro).
Simples, não é mesmo?
investimento feito, a engenharia,
Comete-se um grande erro ao fixar um a administração, etc pode
Preço de Venda menor que o Custo. Não há
explicação que o justifique. Isso não deveria ser ser muito grande.
feito em hipótese alguma porque assim se determina
que o Lucro, objetivo maior da empresa, será negativo. A mão de obra aplicada na moldagem e no
consequência direta é prejuízo na operação, que será tanto vazamento, seu rendimento metalúrgico, etc serão melhores
maior quanto maior for o faturamento. É isso o que nos e, salvo por algum outro problema, a primeira fundição
informa a equação acima, sem deixar qualquer margem terá a possibilidade de fornecer um produto por custo mais
para erros. A falta de um sistema de custos confiável pode competitivo. Não custa repetir um conhecido chavão: peça
levar a esta aberração. Se for o caso, sua implantação fundida não é commodity.
passa a ser uma necessidade imediata. Em defesa do vendedor que aceita um pedido com o
Entretanto, a causa geradora mais frequente desse intuito de manter ou aumentar a produção, lembro que
prejuízo é outra: a compulsão de medir o sucesso da nesta operação pode estar implícita a intenção de diluir
empresa pelo volume do faturamento, esquecendo que custos fixos. Se esta situação não for muito bem avaliada,
o mais importante, fundamental e imprescindível é a o resultado poderá ser uma grande ilusão. A pressão devida
geração de lucro. Na intenção de manter o faturamento, à necessidade de continuar produzindo um determinado
o Departamento de Vendas aceita a pressão de uma volume de peças para pagar o investimento feito, a
época de recessão como a que vivemos atualmente, engenharia, a administração, etc pode ser muito grande.
“torrando” preços de venda. Os clientes aproveitam a Certamente será uma péssima solução se os custos, apesar
aparente competitividade de um novo fornecedor que diz de diluídos, totalizarem um valor que desequilibre a equação
ter condições de cobrir o preço de qualquer concorrente. mencionada acima, tornando o lucro negativo, assim: L = PV
Desta forma comprador e vendedor esquecem uma – C, sendo PV<C significa desastre certo.
regra básica: não se estabelece uma relação comercial Os compradores de fundidos de grandes companhias se
duradoura quando um dos parceiros tem prejuízo. julgam cobertos de razão quando negociam com as fundições.
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Neste sentido destaco um fato que é de conhecimento Além de exigirem a manutenção das normas técnicas e dos
geral: toda fundição tem o seu nicho. Uma bela imagem prazos de entrega, apresentam às fundições suas exigências
sobre o assunto foi apresentada no artigo de uma revista de comprometimento para melhoria dos preços de venda,
de fundição do final dos anos 50. Colocava o mercado de através do aprimoramento do processo produtivo. Em tese
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fundidos como sendo um bolo e recomendava: “Escolha a sua eles têm razão, pois, sem esta pressão, nossos ganhos de
fatia, coma e se dê bem. Não tente comer o bolo todo, pois produtividade nas fundições não teriam sido o que foram,
dá indigestão”. Isso significa que há peças em cuja produção após a implantação da indústria automobilística no país.
uma fundição em particular pode ser imbatível, seja porque Com sua atitude, eles obrigaram as fundições a melhorar
desenvolveu uma tecnologia especial, seja por obra dos o desempenho, em matéria de ganhos nos custos de todos
equipamentos que possui. Vou apresentar um exemplo: os tipos. Assim colaboraram para a melhoria da nossa
considere uma fundição que consegue colocar dois modelos competitividade. O grande fator de desequilíbrio tem sido
por placa, pois a caixa de moldar o permite, e compare sua a inflação, cujo efeito é difícil de mensurar. Atualmente ela
competitividade com a de outra fundição que só pode fundir está nos colocando em estado de alerta, pois está batendo à
uma peça por vez. Sua velocidade de produção, seu custo da nossa porta, de novo!
Sob a perspectiva de Vendas, o levantamento dos custos imagine-se uma inflação de 10% ao mês – no passado
em uma empresa é fundamental porque coloca limites bem não muito remoto, houve menores e maiores do que isso.
claros. O preço de venda é dado pelo mercado, fundamentado Baseado em um mapa de custos do mês anterior (quando
na concorrência. Para que se possa atingir esse preço, disponível), é necessário preparar hoje uma oferta de preço
mantendo o lucro definido pela administração, é preciso buscar e prazo de entrega para uma peça. A validade da oferta, para
melhorias de custo. Simples e direto: todo o nosso trabalho que possa ser analisada pelo cliente, tem que ser de 60 dias.
deve estar centrado na busca de menores custos globais. Assim Quem experimentou este tipo de inflação desenfreada sabe
poderemos atingir os melhores resultados de operação. das enormes dificuldades em cumprir esta tarefa. Este é
Nossa lição de casa está clara, todo nosso esforço deve apenas um dos muitos prejuízos e dificuldades inerentes
buscar a redução de custos, e sobre estes podemos agir a um processo inflacionário. Esperamos hoje que sejam
diretamente. Esta é uma responsabilidade exclusivamente tomadas ações governamentais adequadas para evitar a
nossa, depende das nossas ações. Vem a ser um lindo repetição de uma experiência tão dolorosa. As dificuldades
trabalho de equipe e, assim sendo, é imprescindível lembrar de entendimento do processo inflacionário e da forma de
alguns pontos práticos, de vital importância para o sucesso enfrentá-las podem ser medidas pelas decisões tomadas
da empreitada. à época por duas companhias estrangeiras. Uma, sediada
Ao enfrentarmos o desafio complexo de reduzir custos, na Alemanha, desistiu de estabelecer-se no Brasil. A outra,
convém buscar as informações necessárias que permitam japonesa, vendeu com prejuízo uma empresa comprada
localizar os setores críticos. Assim saberemos onde centrar alguns anos antes.
nossos esforços e como fazê-lo para atingir a melhor relação Os custos de um processo inflacionário são
custo/benefício. Em vez da guerra total, de resultado duvidoso incomensuráveis, pois o mesmo atinge toda a sociedade.
devido à pulverização de esforços, devemos concentrar esses Além de não podermos medi-los, eles fogem totalmente
esforços nas batalhas em que haja maiores chances de ao nosso controle. Nessa mesma categoria incluem-se os
ganhos. Será preciso determinar o peso dos diferentes agentes chamados custos de transação, também denominados de
na composição do custo global. Um número crescente de “Custos Brasil”. A relação deles é muito grande, lembramos
fundições está tomando ciência deste fato, o que é animador. alguns para mostrar que também estão fora do nosso
É preciso lembrar que, em função da variação dos preços de controle: despesas adicionais de mão de obra fixadas por
insumos e matérias primas, sua incidência sobre o custo global lei, aposentadoria precoce, burocracia e favorecimento dos
varia de forma dinâmica. Se a participação da energia elétrica funcionários públicos, deficiências nas comunicações e
era de 13 a 15% e subiu para mais de 20%, é hora de agir, no transporte de bens e pessoas, regulamentação do meio
em especial quando as perspectivas de piora são evidentes. A ambiente, legislação tributária, legislação de proteção a
busca de soluções, neste e em outros casos, é multidisciplinar acidentes do trabalho, etc. Sabe-se que, caso sejam mantidas
e deve ser coordenada: tentar melhorar o contrato de as condições atuais, nossa sociedade não terá condições
fornecimento é problema da direção; buscar melhorias de de sustentação e sobrevivência, ela acabará se tornando
operação dos fornos é responsabilidade da produção; e inviável. É apenas uma questão de tempo para chegarmos lá. | FEVEREIRO 2016
definir equipamentos auxiliares com o objetivo de atingir Felizmente temos condições de atuar sobre nossos
melhores consumos na fusão do metal é com a engenharia. custos internos para melhorar nossa competitividade. A
Os resultados das ações tomadas devem ser cuidadosamente responsabilidade e os louros são somente nossos. Mãos
11
levantados e debatidos pelas partes envolvidas. à obra.
Outras ações semelhantes poderão ser desencadeadas
com base na análise dos dados de custos. Convém que
Enio Heinen é engenheiro metalúrgico
sejam embasadas em dados concretos e encaminhadas com
formado na UFRGS, com curso de
objetivos claros. Seus resultados devem ser mensurados e especialização em Fundição na rWth de
comunicados aos participantes. Aachen-Alemanha, Foi professor de Fundição
Gostaria de lembrar ainda que a inflação é um sério na uFrgs durante 28 anos e de metalurgia
Física na ETT - Escola Técnica Tupy - Sociesc,
complicador para qualquer sistema de levantamento de trabalhou em diversas fundições brasileiras.
custos. Quem vivenciou conhece. A título de raciocínio, Atualmente é consultor técnico em Fundição.
E-mail: enioheinen@gmail.com
Apex-Brasil

PROJETO FOUNDRY BRAZIL


CONVÊNIO ABIFA / APEX-BRASIL

SOBRE A APEX-BRASIL Escritórios de Negócios atuando em importantes mercados


globais, como plataformas destinadas a auxiliar no processo
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e de internacionalização das empresas brasileiras, prospectar
Investimentos (Apex-Brasil) atua para promover os produtos oportunidades de negócios e incrementar a participação
e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos nacional nos principais mercados globais, além de servir de
estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. referência para a atração de investimentos estrangeiros.
Realiza ações diversificadas de promoção comercial que Os Escritórios de Negócios estão localizados na Ásia
visam a promover as exportações e valorizar os produtos e (Pequim - China), Oriente Médio (Dubai - Emirados Árabes
serviços brasileiros no exterior, como missões prospectivas Unidos), América do Norte (Miami e São Francisco - EUA),
e comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação América do Sul (Bogotá - Colômbia), América Central e Caribe
de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, (Havana - Cuba), Europa Ocidental (Bruxelas - Bélgica), Leste
visitas de compradores estrangeiros e formadores de Europeu (Moscou - Rússia) e África (Luanda - Angola).
opinião para conhecer a estrutura produtiva brasileira,
entre outras plataformas de negócios que também têm por
objetivo fortalecer a marca Brasil. A Agência apoia cerca de O QUE É O PROJETO
11.000 empresas em 80 setores da economia brasileira, que FOUNDRY BRAZIL
por sua vez exportam para mais de 200 mercados.
A Apex-Brasil também atua de diversas formas para O Projeto Foundry Brazil – 5º Convênio ABIFA / Apex-
promover a competitividade das empresas brasileiras em Brasil (Agência Brasileira de Promoção Exportações
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seus processos de internacionalização, especialmente e Investimentos) - Cooperação Técnico e Financeiro -


em inteligência de mercado, qualificação empresarial, contempla os vários segmentos do setor de fundição
promoção de negócios e imagem e atração de investimentos abrangendo: automotivo, ferroviário, agrícola, mineração,
estrangeiros diretos (IED). energia e infraestrutura. Tem como principais mercados
12
Nesse sentido, a atuação da Apex-Brasil consiste em alvo: Estados Unidos, Alemanha, Argentina, França, Itália,
promover a ampliação dos investimentos já realizados Colômbia, Chile, Canadá, África do Sul, China e Rússia,
e, para os potenciais investidores, fazer o Brasil figurar entre outros.
na “lista curta” de países-alvo e influenciar a decisão de O primeiro projeto teve início em 2005 e atualmente
investimento por meio do fornecimento de informações temos 46 fundições participantes.
estratégicas, apoio completo ao trabalho de site location Nesses 10 anos foram 18 participações em feiras no
(articulando e acompanhando as visitas das empresas exterior, com 50 diferentes fundições, totalizando 110
aos potenciais estados receptores do investimento) e de participações.
aftercare (acompanhamento posterior ao investimento). A expectativa da geração de negócios por feira foi
Além da sede em Brasília, a Apex-Brasil possui nove de US$ 5 a 6 milhões nos seguintes países: Alemanha,
Estados Unidos, França, e México. organizados pela própria Apex-Brasil tais como: Projeto
Essas participações tiveram como principais objetivos: Comprador Imagem, Fórmula, Indy, Projeto Copa das
vendas (exportação); contatos com clientes de todo mundo Confederações e Copa do Mundo, etc.
em um só lugar; visibilidade da empresa; visibilidade da Também foram criados vários materiais de divulgação
Abifa; conhecimento do mercado mundial; conhecimento das empresas participantes do Projeto Foundry Brasil no
da concorrência mundial; conhecimento das tendências; exterior e elaborados estudos de mercado e inteligência
conhecimento das novas tecnologias e conhecimento dos comercial por solicitação das mesmas.
costumes dos países e das feiras. Em resumo: o Projeto Foundry Brazil, ao longo desses
Outras ações de destaque foram; anos, promoveu uma série de ações de promoção comercial
• Projeto Comprador (Rodadas de Negócios) no Brasil: 5 junto as fundições que contemplou, destacando-se:
eventos com compradores de várias partes do mundo; participação em feiras no exterior (18), Rodadas de Negócios
• Projeto Imagem: com a participação de jornalistas (5), Projeto Imagem (5), Projeto Comprador Imagem (2),
estrangeiros para a divulgação das empresas participantes Projeto Fórmula Indy (2), Missões Comerciais (11) e outras.
do projeto e do setor como um todo. Participaram As empresas do setor podem se habilitar a participar de
profissionais da mídia da Alemanha, Estados Unidos, todas essas ações através do Termo de Adesão ao Projeto
Espanha, Reino Unido, Colômbia e Chile. Foram realizadas que deverá ser preenchido a assinado pela empresa. Esse
9 Missões Comerciais prospectivas nos seguintes países: Termo não implica em nenhum compromisso da empresa
Estados Unidos, África do Sul, Canadá, México, Chile, e também não tem nenhum custo envolvido. Somente
Argentina, Itália, Japão, China e Itália. dessa forma as empresas terão direito a participar desse
Também tivemos a participação em outros eventos programa.

EMPRESAS PARTICIPANTES

• A KALMAN METALÚRGICA KALINDUS LTDA • HÜBNER COMP. E SIST. AUT. LTDA - UNID. FUNDIÇÃO
• AÇOTÉCNICA S.A • INDÚSTRIA E COM. DE PEÇAS MRS LTDA
• AFFINIA AUTOMOTIVA LTDA • INDÚSTRIA METALÚRGICA FRUM LTDA
• AMSTED MAXION FUND. E EQUIP. FERROVIÁRIOS LTDA • INDÚSTRIAS ROMI S/A UNIDADE FUNDIÇÃO
• AXE INDUSTRIAL LTDA • INTERCAST S/A
• BIAGIO DELL'AGLI & CIA LTDA • LEPE INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
• CORONA CADINHOS E REFRATÁRIOS LTDA • MÁQUINAS FURLAN LTDA.
• CRUZAÇO FUNDIÇÃO E MECÂNICA LTDA • MENEGOTTI INDS. METALÚRGICAS LTDA
• DAICAST IND. E COM. LTDA • METAL 2 INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
• ELECTRO AÇO ALTONA • METALURGICA FREMAR
• FAIG FUNDIÇÃO DE AÇO INOX - LTDA • METALÚRGICA STARCAST LTDA
• FARINA S/A COMPONENTES AUTOMOTIVOS • PICHININ IND. E COM. LTDA
• FULIG FUNDIÇÃO DE LIGAS LTDA • REFRATA CERÂMICA LTDA
• FUNDIÇÃO ALTIVO S.A. • SIDERÚRGICA CATARINENSE LTDA
• FUNDIÇÃO ARAGUAIA LTDA • SULMAQ INDUSTRIAL E COMERCIAL S/A
• FUNDIÇÃO REGALI BRASIL LTDA • TECHNOUSI ALMAR IND E COM DE AUT. E USINAGEM LTDA | FEVEREIRO 2016

• FUNDIÇÃO VENÂNCIO AIRES • TRUFER COMÉRCIO DE SUCATAS LTDA


• FUNDIMAZZA IND. E COM. DE MICROFUNDIDOS LTDA • USICAST IND. E COM. LTDA
• FUPRESA S/A • VECOM INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
13
• GIBBS BRASIL DIE CASTING LTDA • VENTISTAMP MET. LTDA
• GRANAÇO FUNDIÇÃO LTDA • VOITH HYDRO LTDA
• HIDRO JET EQUIPTOS. HIDRÁULICOS LTDA • WHB FUNDIÇÃO SA
• HUBNER COMP. E SISTEMAS AUTOMOTIVOS LTDA • WINCO COMERCIO INTERNACIONAL LTDA

Informações:
Weber Büll Gutierres – Gerente Técnico
wgutierres@abifa.org.br – Tel.: (55 11) 3549-3344

Lylian Fernanda Camargo – Assistente Técnico


getec@abifa.org.br – Tel.: (55 11) 3549-3369
Apex-Brasil

PROJETO FOUNDRY BRAZIL


CONVÊNIO ABIFA / APEX-BRASIL
OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS

Seguindo com a parceria entre a Apex-Brasil (Agência apoio às empresas expositoras brasileiras e são realizados
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e a com recursos provenientes da Apex-Brasil.
ABIFA (Associação Brasileira de Fundição), apresentamos a Toda estrutura de estande (espaço, montagem, mobiliário,
seguir nossas ações e serviços. recepcionistas, comunicação visual e serviços) é preparada
previamente para apoio às empresas expositoras brasileiras e
Além do trabalho focado na promoção comercial, o Projeto são realizados com recursos provenientes da Apex-Brasil
Foundry Brazil apresenta uma série de atividades e requer a
força unida da nossa indústria. A nossa parceira com a Apex- 2) MISSÃO COMERCIAL
Brasil nos apoia no desenvolvimento do próximo Planejamento É uma visita de um grupo de empresários brasileiros,
Estratégico, que está sendo realizado e envolve a participação acompanhados pela Abifa aos países-alvo do projeto, com o
e livre poder de expressão de toda a cadeia produtiva do setor, objetivo da promoção de negócios, parcerias, a prospecção de
para que possamos direcionar as nossas atividades de acordo novos mercados, estudo da concorrência, visitando o mercado,
com o interesse das empresas. estudando preços praticados, entre outras atividades. A
agenda da viagem pode incluir visita a uma feira do setor,
distribuidores atacadistas e varejistas, câmaras de comércio
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO NO e indústria, centros de pesquisa de setores específicos e
| FEVEREIRO 2016

encontros de negócios. Tudo é previamente organizado pela


PROGRAMA DE FOMENTO À Abifa para que os empresários recebam a programação e
EXPORTAÇÃO: FOUNDRY BRAZIL possam acompanhar a viagem adequadamente.

14
1) FEIRAS INTERNACIONAIS/SETORIAIS 3) PROJETO VENDEDOR
As feiras internacionais são excelentes meios pelos quais Consiste no encontro de negócios promovido no país-alvo
uma empresa pode realizar sua promoção comercial. Dentre de interesse entre os empresários brasileiros e compradores
as mais importantes vantagens apontamos: exposição e estrangeiros do setor de fundição. É uma atividade similar à
imagem internacional; oportunidades comerciais; acesso à Missão Comercial, só que com uma programação incluída de
tecnologia de empresas concorrentes; adequação do produto reuniões agendadas com os compradores que manifestaram
às exigências internacionais; registros de marcas e patentes interesse no seu produto.
no exterior; acordos de tecnologia, joint-ventures; lançamento
de produtos; “Benchmarking”. Toda estrutura de estande, 4) PROJETO COMPRADOR
comunicação visual e serviços, é preparada previamente para É um encontro de negócios promovido no Brasil, durante
a feira Fenaf em São Paulo, entre os empresários brasileiros 8) CENTROS DE NEGÓCIOS NO EXTERIOR
e compradores estrangeiros provenientes dos mercados- Oferecem suporte comercial e legal para as empresas
alvo do projeto. A Abifa organiza o evento completo, trazendo em 7 diferentes regiões do mundo além da sua estrutura
os potenciais compradores estrangeiros para São Paulo, física para negociação direta com seus clientes, exposição e
com todas as despesas pagas para que tenham as reuniões estocagem de seus produtos.
presenciais com a nossa indústria, durante a feira num espaço Localizados em: África (Luanda e Angola), América do
especial reservado para eles. Norte (Miami – EUA), América Latina e Caribe (Havana – Cuba),
Ásia (Pequim – China), Europa Ocidental (Bruxelas – Bélgica),
5) PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Leste Europeu (moscou – Rússia) e Oriente Médio (Dubai –
Tem como objetivo orientar a entidade parceira da Apex- Emirados Árabes).
Brasil no que se refere à formulação e execução de projetos
de internacionalização com alta probabilidade de êxito, em 9)AÇÕES ESTRATÉGICAS
benefício das empresas, estabelecendo: visão de futuro, Participação das empresas em ações estratégicas como
objetivos estratégicos, metas, indicadores, e resultados Expo Xangai, Fóruns Empresariais Acordos de Cooperação
mensuráveis. Para isso todos os empresários são convidados Técnica Fórmula Indy, Projeto Carnaval, Unidades de
para participarem das reuniões decisórias, etapas do Atendimento, entre outras ações da Agência.
planejamento, e podem expressar sua necessidade e opinião
para que o projeto Foundry Brazil caminhe de acordo com as
suas necessidades, atuando nos países-alvo do seu maior COMO PARTICIPAR
interesse. Em breve a Abifa enviará as próximas comunicações Não há custos ou compromissos assumidos com a sua
para que os senhores possam programar suas agendas para participação. A exigência, de acordo com os Regulamentos da
as nossas reuniões. Apex-Brasil, é preencher o Termo de Adesão ao Projeto.
A partir disso, a empresa se habilita a participar de todas | FEVEREIRO 2016
6) INFORMAÇÃO as ações e também utilizar de todos os serviços oferecidos
A Apex-Brasil elabora estudos qualificados em vários pelo Projeto. Passará também a receber informe, notícias,
níveis sobre mercados e setores que visam orientar as estudos mercado e inteligência comercial e solicitações de
empresas em relação as melhores oportunidades para seus 15
cotações recebidas através do projeto.
negócios internacionais. Obrigado por cooperar com o projeto. A sua manifestação é
muito importante para o aprimoramento dos nossos serviços.
7) QUALIFICAÇÃO PARA EXPORTAÇÃO – PROJETO DE Colocamo-nos à sua disposição para esclarecimentos de
EXTENSÃO INDUSTRIAL EXPORTADORA (PEIEX) eventuais dúvidas diretamente com a ABIFA.
Esse programa oferece serviços de assessoria e diagnóstico
para a adequação das empresas e de seus produtos para
Informações:
exportação. Consultorias e diagnóstico para cada empresa Weber Büll Gutierres – Gerente Técnico
são alguns dos serviços que a Apex-Brasil coloca à disposição wgutierres@abifa.org.br – Tel.: (55 11) 3549-3344
dos empresários brasileiros. O PEIEX também realiza missões
Lylian Fernanda Camargo – Assistente Técnico
internacionais e seminários de cultura exportadora. getec@abifa.org.br – Tel.: (55 11) 3549-3369
ABNT/CB-59

ABNT/CB – 59 COMITÊ BRASILEIRO DE FUNDIÇÃO


O FÓRUM DE NORMALIZAÇÃO DO SETOR DA FUNDIÇÃO

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – do CB-01 Mineração e Metalurgia (em recesso), e está sob
ABNT, entidade civil sem fins lucrativos, é a organização responsabilidade da ABIFA que é a Sede e a Secretaria
responsável pelo gerenciamento da normalização no deste Comitê.
Brasil. A ABNT possui vários comitês que atuam em áreas O âmbito de atuação do ABNT/CB-59 é a normalização
específicas. no campo da fundição de ferro, aço, não ferrosos, insumos,
O Comitê Brasileiro de Fundição – ABNT/CB-59 é o matérias-primas e resíduos.
responsável pela elaboração das normas técnicas para o
setor da Fundição. ABNT/CB-59 FUNDIÇÃO
Este Comitê é composto por profissionais e especialistas Foi criado devido a necessidade de um organismo de
em fundição e está estruturado em Sub-Comitês, Comissões normalização exclusivo para o setor, até então no âmbito
de Estudo (CE) e Grupos de Trabalho (GT). do CB-01 Mineração e Metalurgia (em recesso), e está sob
Instalado em 2007 o CB-59 tem como objetivo prover responsabilidade da ABIFA que é a Sede e a Secretaria
o setor de normas técnicas atualizadas, proporcionando a deste Comitê.
indústria e a sociedade brasileira qualidade e segurança. O âmbito de atuação do ABNT/CB-59 é a normalização
Foi criado devido a necessidade de um organismo de no campo da fundição de ferro, aço, não ferrosos, insumos,
normalização exclusivo para o setor, até então no âmbito matérias-primas e resíduos.
| FEVEREIRO 2016

ABNT/CB-59 FUNDIÇÃO

16 Gestor: Antônio Diogo F. Pinto


Chefe de Secretaria: Weber Büll Gutierres
Secretaria Técnica: Lylian Fernanda Camargo

SUB-COMITÊS
Resíduos de Fundição de Fundição de Fundição de Matérias-Primas
Fundição Aço 59:002 Ferro 59:003 Não Ferrosos 59:005
59:001 59:004
Comissão de Estudo Em recesso Comissão de Estudo a ser instalada Comissão de Estudo de
Resíduos de Fundição de Ferro Fundido Matérias-Primas para
59:001.01 "Conexões" 59:003.02 Fundição 59:005.01
ABNT/CB-59

COMISSÃO DE ESTUDO DE MATÉRIAS- COMISSÃO DE ESTUDO DE FERRO FUNDIDO


PRIMAS PARA FUNDIÇÃO - CE 59:005.01 “CONEXÕES” CE 59:003.02
Esta comissão está estudando a normalização das Esta comissão finalizou a revisão das normas ABNT
matérias-primas para fundição tais como: bentonita, NBR 6943 e ABNT NBR 6925, ambas possuem certificação
resina, tintas, massa refratária, ferroliga e carburantes, compulsória no INMETRO.
bem como as especificações químicas e físicas, ensaios
físicos e químicos, distribuição granulométrica e
terminologia.

CE 59:003.02 – COMISSÃO DE ESTUDO DE FERRO FUNDIDO "CONEXÕES"

PROJETO DE EM CONSULTA
TÍTULO
NORMA NACIONAL

Conexões de ferro fundido maleável com


ABNT NBR 6943 maio/2016
rosca ABNT NBR NM – ISO 7-1 para tubulações

Conexões de ferro fundido maleável classe


ABNT NBR 6925 março/2016
150 e 300 com rosca NPT para tubulação

COMO PARTICIPAR DAS apresentar uma solicitação formal à secretaria do ABNT/


COMISSÕES DE ESTUDO CB-59, indicando em detalhes o objeto e o escopo da
A composição das comissões de estudo é aberta normalização pretendida, com uma breve justificativa de
a todos os interessados, não se restringindo aos sua necessidade.
profissionais convidados pelo comitê. Os interessados Para mais informações entre em contato com ABNT/ | FEVEREIRO 2016

em participar das comissões de estudo devem entrar CB-59 por email: cb59@abnt.org.br ou através do telefone:
em contato com a secretaria do ABNT/CB-59 Fundição, (11) 3549-3369 com Lylian Fernanda Camargo.
indicando a comissão de estudo de seu interesse,
17
informando se é um produtor, consumidor ou agente SAIBA COMO APOIAR O ABNT/CB-59
neutro na discussão do tema envolvido. Venha participar do desenvolvimento normativo
As empresas ou entidades que estejam também brasileiro do setor da fundição como colaborador do CB-
interessadas na elaboração de novas normas devem 59. Para mais informações: cb59@abnt.org.br
ABNT/CB-59

ABNT CB-059 COMITÊ BRASILEIRO DE FUNDIÇÃO


CE 059:005.001 COMISSÃO DE ESTUDOS DE
MATÉRIAS-PRIMAS PARA FUNDIÇÃO

Devido à necessidade de revisão e criação das Normas (incluindo bentonita, resina, tintas, massa refratária,
Brasileiras para unificar a qualidade da matéria-prima ferroliga e carburantes), especificações químicas e físicas,
utilizada no processo de fundição, foi criada no âmbito ensaios físicos e químicos, distribuição granulométrica,
do CB-059 Comitê Brasileiro de Fundição, a Comissão ensaios físicos e químicos e terminologia.
de Estudo de Matérias-Primas para Fundição (CE Além de revisar as Normas ABNT de matérias-
059:005.001). primas, a comissão está trabalhando para transformar as
Esta Comissão tem como escopo a normalização Recomendações CEMP em Normas ABNT.
referente à matérias-primas para fundição no que Segue abaixo a relação de recomendações CEMP que
concerne aos processos de moldagem, macharia e fusão já são Normas ABNT NBR:

NORMA ABNT RECOMENDAÇÃO


TÍTULO
NBR CEMP

ABNT NBR Preparação da mistura padrão para ensaios de resina fenólica líquida para
CEMP 023
16350:2015 fundição do processo areia coberta - Procedimento

ABNT NBR Resinas fenólicas para fundição – Determinação do teor de formol livre –
| FEVEREIRO 2016

CEMP 041
9765:2015 Método de ensaio

Catalisador para resina cura a frio para fundição - Determinação do teor de


ABNT NBR 16355 CEMP 053
ácido fosfórico pelo método de titulação - Método de ensaio
18
Tintas para fundição - Determinação da absorção de umidade nos sólidos
ABNT NBR 9348 CEMP 055
após permanência em câmara úmida por 24 h - Método de ensaio

ABNT NBR Bentonitas para fundição - Determinação da permeabilidade da mistura


CEMP 061
8099:2015 padrão - Método de ensaio

ABNT NBR Preparação da diluição padrão para o ensaio de tintas para fundição - Método
CEMP 070
16423:2015 de ensaio
ABNT/CB-59

NORMA ABNT RECOMENDAÇÃO


TÍTULO
NBR CEMP

Tintas e colas para fundição - Determinação do teor de sólidos - Método de


ABNT NBR 9349 CEMP 071
ensaio

ABNT NBR Líquidos usados em fundição - Determinação do tempo de escoamento pelo


CEMP 073
16477:2016 uso do copo Ford - Método de ensaio

ABNT NBR Areias para fundição - Determinação do teor de argila total ou argila AFS -
CEMP 082
9767:2011 Método de ensaio

ABNT NBR
Resinas para fundição - Determinação do teor de sólidos - Método de ensaio CEMP 099
8103:2015

ABNT NBR Materiais para fundição - Determinação da temperatura de sinterização pelo


CEMP 107
16059:2012 método da lâmina da lâmina de platina - Método de ensaio

ABNT NBR Areia base para fundição - Determinação do teor de sílica pelo método dos
CEMP 108
16062:2012 ácidos clorídricos e perclóricos - Método de ensaio

ABNT NBR Materiais em pó usados em fundição - Determinação do teor de partículas


CEMP 109
9768:2011 grossas - Método de ensaio

ABNT NBR Líquidos usados em fundição - Determinação da densidade relativa pelo


CEMP 115
16424:2015 método da imersão - Método de ensaio

ABNT NBR Solução de azul de metileno - Determinação do fator de titulação com


CEMP 116
10235:2015 solução de cloreto titanoso - Padronização

ABNT NBR 12112 Materiais para fundição em moldagem e macharia - Determinação do ph -


CEMP 121
CONFIRMADA Método de ensaio

ABNT NBR
Amostragem de material na forma de pó para fundição - Procedimento CEMP 126
16000:2011

ABNT NBR
Materiais para fundição - Determinação do óxido de ferro - Procedimento CEMP 131
16351:2015

ABNT NBR Verificação de máquinas de resistência para areia de moldagem - | FEVEREIRO 2016
CEMP 132
16354:2015 Procedimento

ABNT NBR Verificação de máquinas de resistência para areia de moldagem -


CEMP 133 19
16354:2015 Procedimento

ABNT NBR Amido pré-gelatinizado para fundição - Determinação da geleificação -


CEMP 143
16014:2011 Método de ensaio

ABNT NBR Amido pré-gelatinizado para fundição – Determinação da variação do ph da


CEMP 144
16011:2011 dispersão padrão após 24 h – Método de ensaio

ABNT NBR Verificação de máquinas de resistência para areia de moldagem -


CEMP 146
16354:2015 Procedimento
ABNT/CB-59

NORMA ABNT RECOMENDAÇÃO


TÍTULO
NBR CEMP

ABNT NBR Resina de cura a frio e/ou caixa fria para fundição - Determinação do
CEMP 148
16438:2016 isocianato como NCO ou amina equivalente - Método de ensaio

ABNT NBR
Materiais para fundição - Dispositivos para amostragem - Procedimento CEMP 151
16009:2011

ABNT NBR Preparação da mistura padrão utilizando batedeira planetária para o ensaio
CEMP 155
16356:2015 de resina caixa fria para fundição - Procedimento

ABNT NBR Resina fenólica uretânica para fundição - Determinação do teor de formol
CEMP 172
16428:2015 livre - Método de ensaio

ABNT NBR Amido pré- gelatinizado para fundição - Determinação do inchamento -


CEMP 180
16012:2011 Método de ensaio

ABNT NBR Amido pré-gelatinizado para fundição - Determinação da absorção de água -


CEMP 184
16013:2013 Método de ensaio

ABNT NBR Preparação da mistura padrão utilizando o misturador de mós para o ensaio
CEMP 185
13190:2016 de resina para fundição - Procedimento

ABNT NBR
Verificação do misturador de laboratório - Procedimento CEMP 198
16349:2015

ABNT NBR
Amido pré gelatinizado para fundição - Especificação CEMP E 05
16010:2011

ABNT NBR
Corpos de prova - Formas e tipos de ensaios - padronização CEMP E 10
10611:2011

ABNT NBR Bentonita para fundição - Determinação da geleificação imediata - Método de


SEM CEMP
16352:2015 ensaio
| FEVEREIRO 2016

ABNT NBR Amido pré-gelatinizado para fundição - Determinação do teor de umidade -


SEM CEMP
15612:2011 Método de ensaio

20

Esta Comissão de reúne a cada 2 meses em Joinville / SC . Abaixo o calendário de reuniões para 2016:

Data Local Horário


07/04/2016 ABIFA/SUL - JOINVILLE /SC 14H
02/06/2016 ABIFA/SUL - JOINVILLE /SC 14 H
15/09/2016 EXPOVILE - JOINVILLE / SC 14 H
06/10/2016 ABIFA/SUL - JOINVILLE /SC 14 H
01/12/2016 ABIFA/SUL - JOINVILLE /SC 14 H
ÍNDICES SETORIAIS

| FEVEREIRO 2016

21
ÍNDICES SETORIAIS
| FEVEREIRO 2016

22
| FEVEREIRO 2016

23
ÍNDICES SETORIAIS

DESEMPENHO DO SETOR DE FUNDIÇÃO - JANEIRO DE 2016


| FEVEREIRO 2016

24
INPF - ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS DE FUNDIDOS

| FEVEREIRO 2016

25
| FEVEREIRO 2016

26
Cadernos Técnicos
| FEVEREIRO 2016

27
Caderno Técnico 1
USO DO CARBETO DE SILÍCIO COMO PRÉ-INOCULANTE
EM FERROS FUNDIDOS 1
Klebson Luiz Silva2
Thiago de Miranda Barros3
Morgana Fonseca Maia4
Wendel de Carvalho Tôrres5
Reyler Bueno Faria6

RESUMO
A produção de ferro fundido utilizando carbeto de silício como alternativa ao ferro silício é caracterizada por uma série de
características. Um dos aspectos principais é a sua capacidade de nucleação em banhos metálicos. Sabe-se que este benefício
é proveniente do uso do carbeto de silício na etapa inicial da montagem do forno, isto é, junto à carga fria. Após a fusão do
metal o uso do carbeto de silício não é normalmente utilizado. Assim este trabalho avaliou o comportamento do carbeto de
silício incorporado no metal líquido. Os resultados foram apresentados de forma orientativa a fim de verificar o rendimento
de incorporação e do grau de nucleação via análise térmica e metalográfica. Observou-se que o carbeto de silício mostra um
rendimento de incorporação e nucleação similar ao ferro silício, podendo ser uma opção de pré-inoculação na etapa de
tratamento do ferro fundido.
Palavras-chave: Carbeto de Silício; SiC; Nucleação; Ferro Fundido.

Silicon carbide as a pre-inoculant in cast irons1

ABSTRACT
The production of cast iron using silicon carbide as an alternative to ferrosilicon shows a number of characteristics.
A key aspect is its nucleating ability in the melt. It is known that this benefit derives from the use of silicon carbide in
the initial assembly of the furnace i.e., in the cold charge. After the melting, the silicon carbide addition is not normally
used. This paper evaluated the behavior of silicon carbide added to the liquid metal. The results were presented as a
guideline in order to verify the yield of incorporation and the degree of nucleation using silicon carbide. It was observed
that the silicon carbide incorporation showed yield and nucleation similar to ferrosilicon and may be an option as a pre-
inoculation in the cast iron treatment.
Key words: Silicon Carbide; SiC; nucleation; Cast Iron.

1
17º Congresso ABIFA de fundição – CONAF 2015.
2
Engenheiro de Vendas (Saint-Gobain Divisão Materiais Cerâmicos).
3
Gerente de Vendas (Saint-Gobain Divisão Materiais Cerâmicos).
4
Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento (Saint-Gobain Divisão Materiais Cerâmicos).
5
Analista de Tecnologia (SENAI Itauna CETEF Marcelino Corradi).
6
Analista de Tecnologia (SENAI Itauna CETEF Marcelino Corradi).
| FEVEREIRO 2016

1 INTRODUÇÃO pos de estruturas (figura 1). A primeira 1.2 – Carbeto de Silício


estrutura apresenta uma fase cristalina em Ferro Fundidos.
1.1 Produção de Carbeto que se forma próxima a região de tem-
28 de Silício (SiC) peratura mais elevada (β-SiC). 1.2.1 Utilização do Carbeto de Silício
O carbeto de silício (SiC) é produzido Esta fase é aplicada para produção na Produção de Ferros Fundidos.
industrialmente no forno Acheson por de materiais refratários e abrasivos de- A produção de ferro fundido utili-
meio do aquecimento de uma mistu- vido a sua elevada dureza, resistência e zando carbeto de silício como alterna-
ra de carbono (normalmente coque de baixo coeficiente de expansão. A segun- tiva ao ferro silício é caracterizada por
petróleo) e areia silicosa de alta pureza. da estrutura conhecida como β-SiC se uma série de características, sendo um
Este aquecimento acontece por meio da forma nas regiões mais frias do forno. dos aspectos importantes a composi-
passagem de uma corrente elétrica por Esta fase também chamada de carbe- ção química do SiC. Nota-se na tabela
uma resistência de grafite posicionada to de silício metalúrgico é utilizada em 1 que o SiC apresenta principalmente
no centro da mistura que pode atingir fundições de ferro e aciaria como fonte na sua composição química silício e
uma temperatura superior à 2600ºC de liga e desoxidante. carbono, dois elementos importantes
[1]. Neste processo formam-se dois ti- na produção do ferro fundido. Outro fa-
Figura 1 - Diagrama de fase do carbeto de silício.

Em algumas literaturas [4,7] o car-


beto de silício é nomeado como um
précondicionante que ajuda a potencia-
lizar o efeito dos inoculantes em etapas
posteriores (figura 2 e 3).
[2] O trabalho realizado por K. Eda-
lati et all [3], mostra-se o benefício da
nucleação do carbeto de silício em dife-
rentes temperaturas de vazamento para
o ferro fundido cinzento (figura 4), onde
constatou que a utilização de carbeto
de silício na preparação do forno leva a
uma melhora na nucleação do banho e
Tabela 1 – Comparação da composição química entre FeSi, SiC e Grafite consequentemente uma melhora nas
propriedades finais do fundido.
tor relevante é que o carbeto de silício alternativa para reduzir custo é a mu- Outra característica interessante no
praticamente não contém elementos dança da carga metálica de ferro gusa uso do SiC é o tempo de fading. A figura
residuais. Assim, como fonte de silício para sucata de aço. Entretanto, sabe-se 5 mostra a evolução da profundidade da
apresenta teores de alumínio excepcio- que o uso do ferro gusa traz benefícios cunha ao utilizar o carbeto de silício no
| FEVEREIRO 2016
nalmente baixos em comparação aos de nucleação do metal líquido em for- início da carga em comparação ao fer-
teores de alumínio do ferro silício [5]. nos a indução, e consequentemente ro silício que foi adicionado na etapa de
O SiC contém apenas 0,2% de alumínio melhores propriedades finais na peça. correção.
dissolvido, também chamado alumínio Portanto, uma carga que possui uma Este comparativo mostra que o car-
reticulado integrado no reticulo cristali- maior participação de sucata de aço, ti- beto de silício mantém a nucleação do 29
no. Como fonte de carbono o carbeto de picamente apresenta uma baixa nucle- banho metálico por mais tempo quando
silício caracteriza-se por teores muito ação do metal. comparado ao ferro silício. Esta proprie-
baixos de enxofre, nitrogênio e hidrogê- Nesse contexto uma alternativa dade é muito importante para manter
nio em comparação a agentes carbu- para alcançar uma boa nucleação sem um metal líquido com uma nucleação
rantes comuns. [5] o uso do ferro gusa é a montagem da estável, principalmente em fundições
carga metálica com carbeto de silício. que possuem um forno canal (forno
1.2.2 Efeitos da nucleação do Carbeto Conforme mostrado na figura 2, o car- holding).
de Silício em ferros fundido beto de silício influencia positivamente
No cenário de mercado atual mui- nos números de nódulos no ferro fun- 1.2.3 Cinética de Dissolução do Carbeto
tas fundições buscam reduzir seus cus- dido com o aumento da participação da de Silício em Banhos Metálicos.
tos e aperfeiçoar seus processos. Uma sucata de aço no forno. Enquanto as ligas a base de ferro
Caderno Técnico 1

Figura 2 – Efeito do carbeto de silício em diferentes composições de cargas. [2]

Figura 3 – Efeito do uso do carbeto de silício em diferentes espessuras de parede. [2]


| FEVEREIRO 2016

30
Figura 4 – Efeito do uso do carbeto de silício em diferentes temperaturas de vazamento. [3]

silício se fundem a partir de 1220ºC e tura, agitação e o grau de saturação no nos de fusão a indução o SiC deve-se
diluem rapidamente, o SiC não se funde banho. ser carregado em contato direto com
nessa temperatura [5]. O processo de Nota-se que a velocidade de disso- a sucata de aço. Este método não só
incorporação do SiC ocorre por sua dis- lução do SiC é reduzida em função da beneficia a velocidade de dissolução,
solução gradual no ferro líquido. concentração do banho em ritmo mais mas também a desoxidação da suca-
A Figura 6 mostra a velocidade com acelerado quando aumenta o teor de ta de aço. Sendo que o ferro gusa e o
que o carbeto de silício se dissolve no carbono no banho. retorno deverão ser carregados pos-
banho de ferro em função da tempera- A literatura [5] orienta que em for- teriormente.
Figura 5 – Evolução da profundidade da cunha em função do tempo com diferentes fontes de ligas. Temperatura do
forno 1450ºC.

lução, isto é, melhorará inicialmente a


cinética de reação e dissolução. Entre-
tanto, se o diâmetro do grão continuar
crescendo, o semiperíodo de dissolução
aumentará, prejudicando a cinética de
dissolução de reação porque passará a
dominar a influência da superfície es-
pecífica do SiC. [5]

2 MATERIAL E MÉTODOS
A fim de observar o comportamento
do carbeto de silício no banho metálico
foi realizado dois tipos de teste 2.1 e 2.2.

2.1 - Avaliação da incorporação e nu-


cleação de diferentes fontes de silício
adicionadas no metal líquido em fun-
ção do tempo:
Para esta avalição, duas amostras
de carbeto de silício foram comparadas
Figura 6 – Velocidade de dissolução em função da temperatura, agitação ao ferro silício (FeSi75%). A diferença
e grau de saturação do banho [5]. Redução do diâmetro de um cilindro de entre as amostras de carbeto de silício
carbeto de silício submerso no metal líquido está no teor de silício contido em cada
uma. (Tabela 2)
Os cálculos de carga foram pre-
parados para atender a composição | FEVEREIRO 2016
química do ferro base FC250 conforme
A figura 7 mostra o tempo que o igual volume de vários grãos menores, mostrado na tabela 3. Todos os carbu-
carbeto de silício leva para dissolver-se cada um dos quais contando com a sua rantes foram adicionados no início junto
em função do tamanho de grão. Ao con- própria película de SiO2. [5] a carga fria, e somente as amostras de 31
trário do que sucede normalmente, este Outro fator importante é a influên- FeSi e SiC foram adicionadas após a
tempo diminui em função do aumento cia do tamanho dos grãos com o teor de fusão do metal líquido, seguindo o pro-
do diâmetro, ou seja, a velocidade da SiC. A figura 7 também mostra o semi- cedimento ilustrado na figura 8. Após a
dissolução aumenta. Isto se torna mais período de dissolução do oxigênio (t0,5), adição das amostras, as propriedades
claro ao considerar-se que cada grão isto é, o oxigênio dissolvido reduzido do metal foram monitoradas por meio
de SiC está envolto numa película (μm) pela metade. Os chamados semiperí- das variáveis mostradas na tabela 4.
de SiO2, a qual impede o contato direto odos são ao mesmo tempo a medida
com o ferro líquido. Neste caso é preci- inversa para a cinética de dissolução e 2.2 - Avaliação da incorporação e nu-
so considerar que a área especifica da reação. Também neste caso, a medida cleação na etapa de pré-inoculação
película que envolve cada grão grande que aumenta o diâmetro do grão ocor- com diferentes fontes de silício na eta-
é inferior a soma de um aglomerado de re a redução do semiperíodo de disso- pa de nodulização.
Caderno Técnico 1

Figura 7 – Efeito do tamanho de grão e teor de SiC na velocidade de dissolução [5].

Tabela 2 – Composição química das matérias primas utilizadas.

Neste conjunto de teste um metal cleação de diferentes fontes de silício 1550ºC, sendo que o SiC A, com maior
base foi preparado em um forno in- adicionadas no metal líquido em função pureza, apresentou um rendimento de
dução de 300Kg seguindo a composi- do tempo: incorporação do silício semelhante ao
ção química informada na tabela 5. As FeSi.
quantidades de cada amostra foram 3.1.1 Rendimento Além disso, a taxa de incorpora-
adicionadas para se chegar a um resul- Não existe muitos estudos sobre a ção nos primeiros 5 minutos também
tado de carbono equivalente semelhan- utilização do SiC após a fusão do metal. foi similar ao FeSi. Provavelmente isto
| FEVEREIRO 2016

te entre cada teste. Os materiais foram Baseado nesta premissa, os re- se deve a amostra com alto teor de Si
adicionados na etapa de tratamento sultados abaixo foram levantados para apresentar uma densidade mais eleva-
com a liga de magnésio seguindo o pro- avaliar o comportamento da adição do da em relação à amostra de menor teor.
cedimento ilustrado na figura 9. Esta SiC no metal líquido. Neste caso, o grão mais denso fica to-
32 etapa foi escolhida por apresentar alta A tabela 6 mostra a evolução do talmente submerso no metal líquido fa-
agitação do metal na panela. Logo após carbono equivalente antes e depois da cilitando a sua incorporação, enquanto
o tratamento foi adicionado inoculante adição das amostras. O carbono equiva- que o material menos puro fica sobre o
IM22. Em cada etapa o metal foi vaza- lente é um dos fatores importantes nas metal líquido reduzindo a sua velocida-
do um molde escalonado para avaliar a propriedades do metal. Nota-se que os de incorporação.
evolução da microestrutura. resultados do carbono apresentaram
baixa variação entre os testes realiza- 3.1.2 Avaliação Nucleação
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO dos. Células Eutéticas
Os resultados compilados serão As figuras 10 e 11 mostram os re- Uma das técnicas de análise da nu-
apresentados em dois estágios 3.1 e 3.2. sultados de incorporação do silício e cleação do banho em ferros fundidos
3.1 Avaliação da incorporação e nu- carbono após a adição das amostras a cinzentos é via a contagem de células
Tabela 3 – Cálculo de carga

Figura 8 – Procedimento de adição das amostras em estudo.

Tabela 4 – Variáveis monitoradas

Tabela 5 – Cálculo de carga

| FEVEREIRO 2016

33

Figura 9 – Procedimento de adição das amostras em estudo.


Caderno Técnico 1

Tabela 6 - Evolução do teor carbono equivalente, Mn e após adição das amostras.

Figura 10 – Evolução do teor do silício e carbono no metal após adição das ligas em função do tempo.
| FEVEREIRO 2016

34

Figura 11 – Evolução do rendimento de incorporação do silício no metal após adição das ligas em função do tempo.
Figura 12 – Contagem do número de células eutéticas antes e depois da adição das ligas a um patamar de temperatura
de 1430ºC. O teste da amostra de SiC A não foi feito nesta temperatura.

| FEVEREIRO 2016

35
Caderno Técnico 1

Figura 13 – Contagem do número de células eutéticas antes e depois da adição das ligas a um patamar de temperatura
de 1550ºC.
| FEVEREIRO 2016

36

Figura 14 – Temperatura de super-resfriamento eutético do metal antes e depois da adição das ligas a um patamar
de temperatura de 1430ºC. O teste da amostra de SiC A não foi feito nesta temperatura.
Figura 15 – Temperatura do super-resfriamento eutético do metal antes e depois da adição das ligas a um patamar
de temperatura de 1550ºC.

eutéticas. A nucleação do banho é di- primeira queda, enquanto a amostra de lução TSE em função do tempo a um
retamente proporcional ao número de SiC B ficou totalmente coquilhada. Nes- patamar de temperatura de 1430ºC e
células eutéticas. Após a fusão da carga te nível de temperatura não foi testado 1550ºC respectivamente. Os resulta-
a nucleação do metal pode apresentar o SiC A. dos se assemelham muito ao que já foi
diferentes níveis de nucleação depen- A figura 13 mostra que nos primei- apresentado via contagem de células
dendo do tipo de carga metálica ou ros 5 minutos o número de células eu- eutéticas.
história térmica que sofreu durante sua téticas do FeSi foi superior às amostra A figura 14 mostra que nos primei-
fusão. Nesse estudo a composição de de SiC. Entretanto, após 10 minutos o ros 5 minutos a TSE do FeSi é superior
carga metálica foi basicamente a base número de células eutéticas do ferro ao SiC, porém ajusta-se ao mesmo ní-
de ferro gusa (tabela 5). silício caíram para o mesmo nível das vel do SiC após 20 minutos. No nível de
Após a fusão da carga, isto é, antes amostras de SiC. temperatura de 1550ºC a TSE do FeSi
da adição das amostras, a nucleação Enquanto após 20 minutos somente reduz de forma mais acentuada e chega
de grande parte dos testes foram nulas a amostra de SiC A conseguiu manter a em um nível inferior as amostras de SiC
formando ferro fundido branco. Depois nucleação a 1550ºC. (figura 15).
da adição das ligas ocorre o aumento da Observa-se também que o SiC A A queda do TSE mais acentuada do
a nucleação do banho e consequente- apresentou um número de células eu- FeSi em temperaturas mais elevadas é
mente o aumento do número de células téticas somente após 10 minutos. Na observada no gráfico da figura16. Este
eutéticas e da temperatura do super- análise de 5 minutos o material estava gráfico pode ser interpretado pela taxa
-resfriamento eutético (TSE) (figuras 12, nucleado, porém as células eutéticas de decréscimo da TSE no intervalo entre
13, 15, 16, 17). formadas estavam heterogêneas que 5 a 10 minutos, onde o efeito oposto ao | FEVEREIRO 2016

As Figuras 12 e 13 mostram a evo- impossibilitou a contagem. FeSi ocorreu com as amostras de car-
lução do número de células eutéticas beto de silício, isto é, a redução da TSE
em função do tempo a um patamar de Temperatura de Super-resfriamento foi menor com a elevação da tempera-
temperatura de 1430ºC e 1550ºC res- Eutético (TSE) tura. 37
pectivamente sendo que a figura 12 Outra forma de análise da nuclea- A análise do rendimento de incor-
mostra que nos primeiros 5 minutos o ção do banho é via análise térmica. O poração mostra que principalmente, o
número de células do FeSi são maiores ponto de menor temperatura da análise SiC de teor mais elevado de silício apre-
em relação ao SiC. Entretanto, após 10 térmica, também chamada de tempe- sentou níveis compatíveis ao do FeSi.
minutos este número cai para um nível ratura de super-resfriamento eutético Enquanto a avaliação da pre-inoculação
inferior em comparação ao SiC. Mas (TSE), é importante para verificação da mostra que em temperaturas elevadas
após 20 minutos da adição da amostra, nucleação do banho sendo diretamente o SiC mantém o número de células eu-
mantendo um patamar de temperatura proporcional ao nível de nucleação do téticas e a TSE mais elevados por mais
1430ºC, o número de células eutéticas banho. tempo.
do FeSi se mantêm estável referente a As Figuras 14 e 15 mostram a evo- 3.2 - Avaliação da incorporação e nu-
Caderno Técnico 1

Figura 16 – Redução da Temperatura de super-resfriamento eutético em um intervalo de tempo entre 5 e 10 minutos


após a adição das ligas. O teste da amostra de SiC A não foi realizado a1430ºC.
| FEVEREIRO 2016

Figura 17 – Rendimento de incorporação do Silício quando adicionado junto com a liga nodulizante. Temperatura de
vazamento aprox. 1500ºC
38
cleação na etapa de pré-inoculação portamento da adição do SiC junto a resultados semelhantes ao FeSi.
com diferentes fontes de silício na eta- liga nodulizante.
pa de nodulização. A figura 17 mostra o rendimento de 3.2.2 Avaliação Nucleação
incorporação das amostras adiciona- Uma forma de avaliar a nucleação
3.2.1 Rendimento das junto com a liga nodulizante. Para do banho nos ferros fundidos nodulares
Durante o tratamento de noduli- efeito de cálculo foi estipulado que o é por meio da contagem dos números
zação a reação do metal líquido com rendimento do silício contido na liga de nódulos/mm2. A figura 18 mostra
a liga nodulizante é bastante intensa nodulizante foi de 100% e o restante do que o SiC
gerando uma agitação muito forte. Ba- silício foi proveniente das amostras em A apresentou um maior números de
seado nesta ideia, os resultados abaixo estudo. Assim observou-se que diferen- nódulos. Entretanto, dada a variação no
foram levantados para avaliar o com- temente do SiC B, o SIC A apresentou nível de inoculante e liga adicionado en-
Figura 18 – Contagem de números de nódulos em duas espessuras de paredes nas formas tratadas e inoculadas.

Tabela 7 – Parâmetros de processo


-The most efficient addition to increase
tre as amostras os resultados indicam a serão realizados testes industriais para the nodule count in ductile iron. Inter-
necessidade de estudas mais aprofun- confrontar com os resultados apresen- national jornal of Metalcasting, Vol. 3,
dados nesse ponto (Tabela 7). tados. (winter 2009).
5. BENECKE, T. Metallurgical silicon carbi-
4 CONCLUSÃO REFERENCIAS de in electric furnace and copula furna-
Diante dos resultados apresenta- 1. LIMA, T, C, F. Estudo de utilização de bri- ce, Giesserei 68 (12) (1981) p.344–349
dos, pode-se afirmar que existe a pos- quetes da matéria prima na matéria pri- 6. FREDRIKSSON, H. Interpretation | FEVEREIRO 2016
sibilidade de desenvolver o carbeto de ma na produção de carbureto de. 2011. and Use of Cooling Curves (Thermal
silício como agente pre-inoculante em Tese (Mestrado em Engenharia de Ma- Analysis),ASM Casting- Metals Hand-
fornos de ferro fundido. Esta pre-ino- teriais) – Escola de Minas, Universidade book, v.15, pp. 182-185, 1988.
culação pode ajudar a reduzir custos Federal de Ouro Preto, Ouro Preto. 7. CABANNE, P,M; GAGNÉ, M. Inoculation 39
de etapas posteriores do processo de 2. VAŠKO, A. Microstructure and mechani- of Ductile Iron: Why and When. Sugges-
produção do ferro fundido. Este traba- cal properties of synthetic nodular cast tions for Ductile Iron Production Sorel-
lho mostrou que o teor de SiC influencia iron. ADI, Archives of foundry enginee- metal Technical Services
diretamente no rendimento de incorpo- ring, Vol. 10, (2010), p. 93-98 8. Skaland, T.Preconditioning of Gray Iron
ração e na nucleação de banhos metá- 3. Edalati, K; Akhlaghi, F; Nili-Ahmadaba- Melts using Ferrosilicon or Silicon Car-
licos. Conclui-se também que o tempo di, M. Influence of SiC and FeSi addition bide
de fading do carbeto é mais lento em re- on the characteristics of gray cast iron
lação ao ferro silício principalmente em melts poured at different temperatures.
temperaturas mais elevadas proporcio- Journal of Materials Processing Techno-
nando metal líquido mais estável por logy, 160 (2005) p.183–187
mais tempo. Para os trabalhos futuros 4. POPESCU,M; ZAVADIL,R;SAHOO,M. SiC-
Caderno Técnico 2
AVALIAÇÃO DO DESGASTE DE MATERIAIS FUNDIDOS EM
TRIBÔMETRO TIPO AREIA E RODA DE BORRACHA 1
Arlei Fernando Pereira2
João Pousa Alves Filho3
Denilson José do Carmo4

RESUMO
O tribômetro tipo areia e roda de borracha com referência na norma ASTM G65, é muito utilizado na avaliação do
desgaste abrasivo podendo auxiliar o fundidor na definição, comparação e melhoria de produtos fundidos. Neste trabalho
a resistência ao desgaste é avaliada em aços fundidos e tratados para a obtenção de estruturas variadas de austenita,
martensita, bainita e carbonetos. Os resultados mostram coerência entre a elevação da dureza e da resistência ao
desgaste para os aços estudados não se evidenciando encruamento da austenita ou destacamento de carbonetos
que pudessem inverter essa tendência. Os coeficientes de variação entre os resultados de desgaste se situaram nos
limites indicados pela norma. O abrasivo normalizado pela ASTM G65, areia 50/70 AFS, na forma especificada não é
disponível no Brasil. Os resultados mostram que a utilização de areias com diferentes especificações, porém próximas
às da norma, embora forneçam resultados que possibilitam comparar os materiais, não permitem a comparação dos
resultados de forma interlaboratorial.Palavras-chave: Carbeto de Silício; SiC; Nucleação; Ferro Fundido.
Palavras chave: Abrasão;Desgaste; ASTM G 65.

1
Trabalho enviado e aprovado para o 17° CONAF – Congresso Latino – Americano de Fundição - 28 de setembro a 01 de
outubro de 2015 – São Paulo.
2
Técnico de Laboratório do SENAI Itaúna CETEF. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Centro Tecnológico de
Fundição Marcelino Corradi. Graduando em Engenharia Mecânica pela Universidade de Itaúna.
3
Analista de Tecnologia do SENAI Itaúna CETEF.Técnico em Fundição pelo SENAI Itaúna CETEF. Engenheiro de Produção
pela Universidade de Itaúna. Especialistaem Engenharia da Qualidade pela Sociedade Educacional de Santa Catarina.
Sociesc.
4
Pesquisador do SENAI Itaúna CETEF. Professor da Universidade de Itaúna – Faculdade de Engenharia. Técnico em Fun-
dição pelo SENAI Itaúna CETEF. Engenheiro Industrial Mecânico pela Universidade de Itaúna. Mestre em Metalurgia da
Transformação e Doutor em Metalurgia Física pela Universidade Federal de Minas Gerais. Departamento de Engenharia
Metalúrgica e de Materiais.

1 - INTRODUÇÃO duto Interno Bruto) alemão. Dessa A compreensão dos mecanismos


forma, ao mesmo tempo em que as de desgaste é muito difícil devido ao
O desgaste de componentes me- organizações devem buscar a redu- grande número de variáveis envolvi-
cânicos e estruturais é um desa- ção do desgaste de componentes das simultaneamente. Há situações
| FEVEREIRO 2016

fio constante para a engenharia. A mecânicos e estruturais para elevar em que componentes de menor
importância do estudo e o controle a sua competitividade, o tema traz dureza resistem mais a um tipo de
do desgaste são relevantes quando oportunidades para os fornecedores desgaste em comparação com ma-
destacados os impactos financeiros, de componentes, como por exemplo, teriais de dureza maior devido ao
40 como citados por Gahr, 1987 men- para os fundidores.O investimen- tipo de interação entre o abrasivo, os
cionado por Dettogni, 2010. Segundo to na melhoria de desempenho dos esforços e o componente em serviço
os autores, estudos realizados pela materiais fundidos pode propiciar que está sendo desgastado. Diante
ASME (Sociedade Norte-americana aos fundidores a ampliação e consis- desse cenário enfatiza-se a necessi-
dos Engenheiros Mecânicos) apon- tência em seus negócios. A indústria dade de se estudar o comportamen-
tam nos Estados Unidos uma perda de extração e beneficiamento de mi- to de materiais fundidos sob o efeito
econômica de 1% a 2,5% do produto nérios utiliza diversos componentes de desgaste abrasivo.
interno bruto devido ao desgaste. Na mecânicos e estruturais em condi- Conforme Eyre (1991) o desgas-
Alemanha uma pesquisa realizada ções muito rigorosas de desgaste de te abrasivoé um dos principais tipos
na década de 80 já revelou que des- diversos modos. Essa indústria se de desgaste, sendo um dos mais
gaste e corrosão juntos podem sig- destaca como importante consumi- intensos e dos mais encontrados
nificar a perda de 4,5% do PIB (Pro- dora de produtos fundidos. na prática, responsável por aproxi-
senvolvimento Cientifico e Tecnoló-
gico) segundo o Edital CNPq/VALE
S.A de número 05/2012. Projeto no
qual foi construída a máquina e foi
trabalhado o teste de abrasão da
roda de borracha, com referência na
norma ASTM G65.
Este trabalho tem o objetivo de
mostrar a aplicação da avaliação do
desgaste abrasivo, através do tes-
te da roda de borracha, no âmbito
dos recursos disponíveis no SENAI
Itaúna CETEF. O SENAI se coloca à
disposição para o setor da cadeia de
fundição na avaliação e desenvolvi-
mento de produtos resistentes ao
desgaste.

Figura 1 – Máquina para ensaio de desgaste (A). Detalhe da roda com 2 - MATERIAL E MÉTODOS
revestimento de borracha durante o teste (B).
Selecionou-se um aço baixo car-
bono média liga, de forma a possi-
bilitar com tratamento térmico de
austêmpera, a obtenção de estrutu-
madamente 50 % das causas de fa- ções de abrasão em baixa tensão, ra multifásica com variações entre
lhas das máquinas ou componentes. como no caso de materiais aplica- as quantidades das fases bainita,
Além disso, o desgaste abrasivo tem dos nas indústrias de mineração, martensita e austenita. O objetivo
especial importância nas atividades de maquinários agrícolas, e aquelas desta variação é o de propiciar a ava-
agrícolas, de transporte e de mine- extratoras de “oilsands” – misturas liação da influência da estrutura do
ração, atividades de importância es- de areia, água, argila e betume. aço na resistência ao desgaste.
tratégica para muitos países, como O SENAI – Serviço Nacional de O aço foi produzido em forno a
também para o Brasil e a Colômbia. Aprendizagem Industrial, através do indução de média frequência com
K. Elalem, D.Y. Li (2001) com ci- CETEF, Centro Tecnológico de Fun- cadinho na capacidade de 120 kg.Os
tações de diversos autores mostram dição Marcelino Corradi - Unidade corpos de prova para o teste de des-
a importância e aplicabilidade do de Itaúna - Minas Gerais percebeu gaste foram obtidos com as dimen-
teste de abrasão da areia seca con- a oportunidade de crescimento para sões aproximadas de 75 x 25 x 12
tra a roda de borracha. Os autores a indústria no desenvolvendo de te- mm3, segundo a norma ASTM G 65
afirmam queo teste conhecido como mas relacionados ao desgaste abra- (2010).
o da roda de borracha é amplamente sivo. Neste sentido, teve a aprovação O material fundido foi submetido
aplicado, particularmente em condi- do CNPq (Conselho Nacional de De- a tratamento térmico de homogenei-

| FEVEREIRO 2016

41
Caderno Técnico 2

Figura 02. Microestrutura do aço baixa liga austemperado a 300°C.MO. (a) Ataque com reativo deLePera; (b) Ataque
com reativo de metabisulfito de sódio.

Figura 03. Microestrutura do aço baixa liga austemperado a 300°C.MEV. Ataque com reativo de LePera.
| FEVEREIRO 2016

42

Figura 04. Microestrutura do aço baixa liga austemperado a 400°C. (a) MO e (b) MEV. Ataque com reativo de LePera.
Figura 05. Microestruturas dos aços ferramenta. (a) AISI D2. (b) AISI H13. Ataque com reativo de Vilella.

Tabela 1.Resultados dos ensaios de desgaste por abrasão

zação com manutenção na tempera- revestida de borracha e o fluxo de 1 a 5 mm3, tendem a um coeficiente
tura de 1100°C por 7 horas, sendo o areia durante um teste. de variação da ordem de 20 %. Neste
forno desligado para o resfriamento Destacam-se a seguir alguns trabalho foram definidos os testes
lento dentro dele. Posteriormente, o dos parâmetros da norma ASTM G em 5 corpos de prova. A norma indi-
material foi aquecido novamente até 65 (2010). A roda de borracha con- ca alguns materiais para serem uti-
a temperatura de 930°C, mantido siste de um disco de aço revestido lizados como referência na avaliação
por 2 horas, então austemperado. com um anel de borracha do tipo periódica do desempenho do teste,
Foram austemperados dois lotes de clorobutil moldado no próprio disco. dentre eles os aços AISI D2 e AISI
corpos de prova. Um deles foi res- A rotação da roda deve ser monito- H13. Com o objetivo de se ter valores
friado em banho de sais à tempera- rada entre 200  10 rpm. A borra- de referência foram testadas amos-
tura de 400°C e o outro à temperatu- cha deve ter dureza entre 58 a 62 tras desses aços e realizada uma
ra de 300°C, sendo que para ambos Shore A. A areia 50/70 AFS deve ter comparação com testes de aços do
o tempo de manutenção no banho de acima de 95% dos grãos contidos na mesmo lote no Laboratório de Fenô-
sais foi de 2 horas. peneira de abertura 212m e 5% má- menos de Superfície, LFS, da Escola
Essas temperaturas foram se- ximo na de 300 m. Essa areia não Politécnica da Universidade de São
lecionadas tendo como referência a é disponível no Brasil, então, foi uti- Paulo. As amostras foram tempe-
temperatura de início de formação lizada neste trabalho uma areia 88 radas e revenidas conforme ciclos | FEVEREIRO 2016
da martensita, Ms, que foi calculada AFS com concentração nas peneiras térmicos estabelecidos na norma
de acordo com a equação 1, atribu- de 150 e 106 m. O fluxo de areia ASTM G 65.O AISI D 2 foi submetido
ída a Andrews (1965),resultandono deve ser mantido entre 300 a 400 g/ a 1010°C por 25 minutos, tempera-
valor de 365°C. Então, a temperatu- min. O corpo de prova para o teste do ao ar e revenido para uma dureza 43
ra de austêmpera de 400°C foi se- deve ter o acabamento da superfície de 697 HV (60 HRC). O AISI H 13 foi
lecionada para se ter uma estrutura retificado de, aproximadamente, 0.8 aquecido a 1020°C, mantido por 25
predominantemente bainítica e a de mde rugosidade oumenor. A quan- minutos, temperado ao ar calmo se-
300°C paraum aço multiconstituído tidade de corpos de prova deve ser guido de duplo revenido a 593°C por
de bainita, martensita revenida e de 2 a 10 para uma avaliação esta- duas horas, resultando numa dureza
austenita estabilizada. tística. Deve-se utilizar o coeficiente de 50 HRC.
A figura 1 ilustra a máquina utili- de variação para verificar o desem- Além da resistência ao desgaste,
zada para os testes de desgaste com penho do equipamento. Um valor de foram realizadasanálises metalo-
referência na norma ASTM G65. Na referência é que o coeficiente seja gráficas por microscopias óptica e
figura 1 (A) a visão geral da máquina menor que 7%, materiais com pe- eletrônica e ensaios de dureza.
e na figura 1 (B), em detalhe, a roda quena perda de volume no desgaste,
Caderno Técnico 2

Figura 6. Correlação entre a resistência ao desgaste e a dureza dos materiais.

3 - RESULTADOS cos em cromo dispersos na matriz.


canismos de microcorte, dobras do
A microestrutura do aço AISI H13 é
material (micro fadiga) e vazios su-
Na apresentação dos resultados constituída de martensita revenida
perficiais. No entanto, é nítido que à
são utilizadas as seguintes abrevia- com incidência bem menor de car-
medida que o aço tem maior dureza
turas para a identificação dos ma- bonetos quando comparados aos do
a superfície se apresenta mais lisa,
teriais: BL1 300°C para o aço baixa AISI D2. Ambas as estruturas são
com menor volume de cavidades. No
liga austemperado a 300°C e BL2 ilustradas na figura 05.
caso do aço D2, o mais resistente
400°C para o aço baixa liga austem- Na tabela 1 são apresentados
ao desgaste, a presença de vazios é
perado a 400°C. os resultados dos ensaios de des-
mínima e se podem observar os car-
Observa-se na figura 2a estru- gaste para os corpos de prova nas
bonetos impregnados na superfície
tura por microscopia óptica (MO) do duas condições de austêmpera, BL1
lisa.
BL1 300°C que é composta por mar- 300°C e BL2 400°C e também para
São apresentados na figura 8 re-
tensita revenida, bainita e austenita. os aços ferramenta AISI H13 e AISI
sultados da resistência ao desgaste
O reativo LePera destaca a bainita D2. Esses testes foram realizados
realizados no material de referência
enquanto o metabissulfito de sódio conforme o procedimento A da nor-
do tipo AISI H13. São comparados os
destaca a austenita e martensita. ma ASTM G65 (2010), ou seja, com
| FEVEREIRO 2016

resultados gerados no,Laboratório


Na figura 3 a estrutura do carga de 130 N e 6000 revoluções da
de Ensaios e Análises em Materiais
BL1300°C é ilustrada com observa- roda.Esse procedimento é indicado
– LAMAT – do SENAI Itaúna CETEF,
ção por microscopia eletrônica de para materiais de elevada resistên-
com os resultados do Laboratório de
varredura (MEV). cia ao desgaste nos quais o volume
Fenômenos de Superfície da USP de
44 O aço BL2 400°C apresenta a de material perdido não seja maior
São Paulo e com dado obtido da nor-
estrutura predominantemente bai- que 100 mm3. A figura 06 correlacio-
ma ASTM A G 65 (2010). São também
nítica menos refinada se comparada na os resultados na forma do inverso
apresentados os volumes de mate-
àquela apresentada pelo aço BL 2 do volume perdido, (mm3)-1, resis-
rial perdido em cada teste e a faixa
300°C. Foram observadas pequenas tência ao desgaste, com as durezas
granulométrica da areia utilizada.
regiões dispersas com a presença dos materiais.
Nesses testes foiutilizado o proce-
de martensita austenita (MA). A figu- A figura 07 ilustra de forma com-
dimento B, conforme orientação da
ra 04 (a) ilustra a estrutura por MO e parativa, através das imagens por
norma no qual a carga é de 130 N, da
a figura 4 (b) por MEV. microscopia eletrônica de varredura,
mesma forma que no procedimento
A microestrutura do aço AISI D2 os mecanismos de desgaste dos di-
A, porém, o número de revoluções
é constituída de matriz martensíti- ferentes aços.
da roda é de 2000, um terço do pre-
ca com presença de carbonetos ri- De forma geral notam-se os me-
de desgaste através do MEV, figura
7, é coerente com a resistência ao
desgaste dos materiais mostrados
na figura 6, exemplificando com o
aspecto mostrado na imagem obti-
da do aço AISI D2, aspecto liso, com
menor destacamento de material
e evidência dos carbonetos presos
protegendo o restante da estrutura
contra o desgaste.
Os resultados dos testes de des-
gaste utilizando o método da roda de
borracha mostraram-se confiáveis
através das observações citadas
para os testes realizados em um
único laboratório, porém, em valo-
res absolutos, os resultados de dois
laboratórios e o indicado pela norma
ASTMG65 (2010) apresentaram va-
riações muito grandes. A primeira
variável identificada como prepon-
derante foi o tipo de areia utilizada,
à medida que a areia se torna mais
grossa o desgaste é mais intenso.
Essa variação concorda com a exi-
gência da norma em fixar a areia
AFS 50/70, de grãos arredondados e
95% mínimo na peneira 70 (212m).
Ressaltando a importância do con-
trole do abrasivo,Doeringet al (2011)
estudaram o efeito nos resulta-
dos de desgaste, segundo a norma
ASTM G65, através da utilização
de cinco lotes da areia produzidas
pela U.S. SilicaCo, num período de
abrangência de treze anos. Os auto-
Figura 7. Comparação dos mecanismos de desgaste nas superfícies dos res concluíram que o fornecedor era
corpos de prova do teste da roda de borracha. MEV. confiável. No Brasil, porém, não se
encontra um fornecedor para a areia
especificada pela norma ASTM G65.
visto para o procedimento A. do com os índices apresentados na Villabón e Sinátora (2006) atribuíram
norma. valores de coeficiente de variação
DISCUSSÃO Os resultados dos testes de des- acima dos 7% recomendados pela
gaste realizados no laboratório do norma às diferenças entre a areia
Observa-se o melhor desempe- SENAI Itaúna CETEF, o LAMAT, con- utilizada em relação à especificada
nho do aço austemperado a300°C forme figura 6, mostram excelente pela norma. Os autores obtiveram o
em relação ao de 400°C; a perda de correlação com a dureza. A elevação coeficiente de variação de 3,8% utili- | FEVEREIRO 2016
volume corrigida foi 27,36% inferior da dureza concorda com a elevação zando uma areia do tipo ANB (Areia
àquela observada para o aço aus- da resistência ao desgaste para os Normal Brasileira) padronizada pelo
temperado a400°C.Então, a maior materiais estudados. O desgaste Instituto de Pesquisas Tecnológicas
proporção de martensita propiciou abrasivo em baixa tensão nas condi- - IPT. 45
a maior resistência ao desgaste so- ções avaliadas não provocou encru-
bressaindo sobre a estrutura com amento suficiente para a resistência 5 - CONCLUSÃO
maior proporção de bainita. Os aços ao desgaste do material com aus-
ferramenta de alta liga apresentam tenita e nem o desprendimento dos O SENAI Itaúna CETEF através
a resistência ao desgaste muito su- carbonetos na matriz do AISI D2. do LAMAT - Laboratório de Ensaios e
perior, notadamente o AISI D2 com Neste trabalho não estão sendo Análises em Materiais se apresenta
presença de carbonetos ricos em avaliadas as tenacidades dos mate- capacitado para a realização de tes-
cromo em maiores tamanhos e pro- riais, o foco é apenas a avaliação da tes de desgaste da roda de borracha,
porção. O coeficiente de variação resistência ao desgaste no teste da para a comparação entre diferentes
em todos os casos foi inferior a 7%, roda de borracha. materiais fundidos.
valor bastante positivo concordan- A avaliação dos mecanismos Os valores dos resultados de
Caderno Técnico 2

Figura 08 –Comparação dos resultados de resistência ao desgaste no material de referência AISI H13 entre dois
laboratórios e dado de referência da norma ASTM A G 65.

desgaste não podem ser compara- ton, TX. USA.


dos em valores absolutos com resul- REFERÊNCIAS 6. FRANCUCCI, Gastón; SIKORA, Jor-
tado de outro laboratório nem com 1. ALBERTINI, Eduardo. Efeito Da Por- ge, DOMMARCO, Ricardo. Abrasion
valores destinados como referência centagem De Carbonetos E Da Mi- Resistance Of Ductile Iron Austem-
pela norma ASTM G65. Uma causa croestrutura Da Microestrutura Da pered By The Two-Step Process.
fundamental detectada é o tipo de Matriz Metálica Sobre a Resistência 7. K Elalem; D.Y.Li. Variations In Wear
areia utilizada. Ao Desgaste De ferros Fundidos Loss With Respect To Load And Sli-
Nos materiais avaliados preva- Brancos De Alto Cromo – Ensaios ding Speed Under Dry Sand/Rubber
leceram as maiores resistências ao Em Moinho De Bolas. Wheel Abrasion Condition A Mode-
desgaste para os materiais de maior 2. Andrews KW. Empirical formulas for ling Study.
dureza, não se evidenciando encrua- the calculation of some transforma- 8. LIMA, Aldemir Coelho; FERRARESI,
mento da austenita ou destacamen- tion temperatures. J Iron Steel Inst Valtair Antônio. Avaliação De Des-
to de carbonetos que pudessem in- 1965;203:721-7. gaste De Baixa Tensão Por Roda De
verter essa tendência. 3. ASTM – Standard Test Method For Borracha Em Revestimentos Duros
Measuring Abrasion Using The Dry Soldados Com Arames Tubulares.
AGRADECIMENTOS Sand/Rubber Wheel Apparatus. 9. VILLABÓN L.; SINATORA A., Cons-
ASTM G 65- 2004 (Reapproved 2010). trução E Instrumentação De Abra-
| FEVEREIRO 2016

Os autores agradecem a impor- 4. DETTOGNI, Márcio Abbade. Prin- sômetro Do Tipo Roda De Borracha
tante colaboração do Laboratório de cipais Mecanismos De Desgaste E Para O Estudo Do Comportamento
Fenômenos de Superfície da Escola Avaliação De Diferentes Ligas Para Tribológico De Aços.
Politécnica da Universidade de São Corpos Moedores, Ouro Preto 2010.
Paulo, Departamento de Engenha- Disponível em: http://www.ufop.br/
46 ria Mecânica, através do Engenheiro demin/wa_files/PRINCIPAIS_20ME
Marcos Henrique Ara, na realização CANISMOS_20DE_20DESGASTE_2
de testes com aços AISI H 13 para 0E_20AVALIACAO_20DE_20DIFER
comparação dos resultados. Os ENTES_20LIGAS_20PARA_20COR
agradecimentos também ao Cnpq e POS_20.pdf Acesso em 20 de abril
à Vale pelos recursos disponibiliza- 2015.
dos para a construção da máquina 5. DOERING A.; DANKS D.; MAHMOUD
de desgaste e pela viabilização de S.; SCOTT J.; Evaluation of ASTM
participação de estudantes bolsistas G65 abrasive – Spanning 13 years of
segundo o Edital CNPq/VALE S.A de sand. Wear 271 (2011) 1252 – 1257.
número 05/2012. WearandFrictionResources, Hous-
Caderno Técnico 3
TRATAMENTO DE DESGASEIFICAÇÃO DE ALUMÍNIO FUNDIDO1

Paolo Bonato3

RESUMO
Processo utilizado para reduzir as porosidade no aluminio fundido. Esto relatorio explica que sào os processos e as
modalidades para obter um aluminio fundido com baixa porosidade, baixo gas e consequentemente obter as peças com
estrutura metalùrgica melhor.
Palavras-chave: Degasificaçao, aluminio, fusào, fundiçao

Degasification Treatment of Melted Aluminum

ABSTRACT
Useful process to eliminate the porosity in the aluminum obtained by fusion. This work explains the processes and precautions
to use to ensure that gases don't remain in the aluminum bath causing a porosity in the same aluminum when it solidifies.
Key words: Degassing, aluminum, smelting.

1
17º Congresso ABIFA de Fundição.
2
Area Manager, (GRAPHITE HI TECH Srl - Italy)

1 INTRODUÇÃO A adição de elementos no alu- são hidroscópicos que absorvem a


mínio altera a solubilidade do hidro- água da atmosfera. Adicionado ao
O tratamento do metal fundido gênio, como exemplos Zinco, Cobre metal, causando um gás, deve ser to-
antes da fundição melhora a qualida- e Manganes diminuem a solubilida- mado cuidado para o armazenamen-
de do metal. de; ao contrário Magnésio, Titanio, to desses sais e possivelmente pre-
Níquel, e Litio aumentan. -aquecido a cerca de 100ºC a fim de
| FEVEREIRO 2016
| FEVEREIRO 2016
2 MATERIAL E MÉTODOS A maioria do hidrogênio presen- evitar a observação de água, alguns
O hidrogênio é apenas uma so- te no alumínio, resulta da reacção de fluxos contem água de cristalização
lubilidade de gás significativa no alu- vapor de água na superfície do alu- contidas em seus próprios cristais
mínio fundido, isso causa porosidade mínio. internos.
no produtos de alumínio e derivados. Importante notar que a 930ºC o 47 47
Realmente depende da tempera- filme de óxido de cima do banho de Cadinhos:
tura do alumínio no estado líquido, de metal perde o seu caráter de prote- Os cadinhos novos sempre con-
fato com o aumento da temperatura, ção e o vapor de água pode penetrar tém umidade, ao alumínio fundido
aumento o hidrogênio, está dobra a o metal de base. em um cadinho novo é sempre mais
cada aumento de 110ºC de tempe- gaseificado que derretido no cadi-
ratura. Onde esta o vapor de água: nho de idade por isso è recomenda-
Se o alumínio não for tratado as • Na atmosfera, o ar com do um dispositivo adequado de pré-
bolhas do hidrogênio na fase da soli- 26ºC e 65% de umidade relativa do ar -aquecimento.
dificação não pode dissolver-se cau- contém cerca de 16g/cm3 água.
sando a formação de porosidade. • Fluxos (sais) de fundição
Caderno Técnico 3

Figura 1. Banho de alumínio fundido

Figura 2. Espectrometria em confronto com uma peças de alumínio degasificado e umo nao degasificado.

Combustione: • Redução da contaminação por óxi- obter uma purificação química e


O produto de combustão contém dos mecânica simultânea.
de 10% a 20% de vapor de água. O gás • Melhoria do enchimento do molde • Utilizando principalmente quando
natural produz 2m³ de vapor de água • Aumento da densidade do metal é tratado o alumínio reciclado.
por metro cúbico de gás queimado. • Redução da porosidade • Para considerar algumas das
Para reduzir o hidrogênio desen- perdas devido à reação química.
volvido a partir desta fonte recomen- Em alguns casos, pode acon- • Mg (magnesio) ou Na (sodio)
damos um ajuste ligeiramente cha- tecer de macro encolhimento do que se tornam MgCl2 (cloreto de
| FEVEREIRO 2016

mado oxidante. metal, bem este problema pode ser magnésio) o


resolvido adicionando hidrogênio ao • NaCl (cloreto de sódio).
Refratário: metal, então você tem que ter cui-
Como os novos cadinhos, tam- dado ao nível de hidrogênio que va- Equipamento o próprio ambien-
48 bem o refratários contém humidade. mos eliminar. te pode sofrer e ser danificado pela
Gás principal uso desta possibi- corrosão causadas por Cl2 (gás de
Ferramentas de fundição. lidade: : Cloro, Nitrogênio, Argônico cloro) e HCI (ácido clorídrico).
O equipamento em geral, como
canais, canecas pré-aquecidos que Principio de funcionamanto: Nitrogênio:
não bastasse, eles são uma grande Extração, aniquilado gases e conta- • Gás inerte adequado para limpe-
fonte de hidrogênio. minação por alumínio. za mecânica.
• Bom grau de purificação para a
Degasando então temos: Cloro: maioria dos usos.
• Redução de hidrogêno (H2) • Gás principal, utilizado para • È na realidade misturada com o
Figura 3. Tratamento de degasificaçao do alumínio com maquina automática

Figura 4. Eixo e Rotor mais utilizado no mercado para degasificaçao do alumÍnio

cloro (5% C12 95% N2) • Resistência ao choque térmico outros poluentes.
Argon: • Imersão de grafite no calor de Detalhes de construção
• Gas inerte com uma boa eficiência. metal líquido • Sistema de rotação.
• È, na realidade, misturada com • A injeção de gás frio diretamente, • Usado principalmente em alumí-
(3%Cl2 97%Ar) especialmente sem pré-aquecimento para puri- nio secundário ou reciclado.
com o uso de deseificador em ficar • O objetivo è o de criar uma distri-
grafite rotativo. • Boa resistência mecênica buição de bolhas de gas tão pe-
• Boa resistência química contra quena quanto possivel para puri-
Condições de trabalho estres- cloro e gás ficar o alumínio. | FEVEREIRO 2016

santes para desgaseificação: • Não mesclável • Mais pequenas bolhas são a


• Rapido aumento de temperatura • Este matérial è estável maior superfície tratada
• Alta temperatura de uso • Amorfo, não combina com metais
49
• Contato com metal líquido não ferrosos, não poluentes. Na foto acima, você pode ver a di-
• Peças de liga • Baixa permeabilidade ferente dispersão do gás obtido com
• Os gases corrosivos ou óxidos re- um simples tubo em grafite compa-
sultantes da fusão 4 DISCUSSÃO rado com um sistema rotativo muito
mais eficaz. O rotor introduz o gás
3 CARATERISTICAS DA GRAFITE Onde e quando usar o grafite im- na forma de pequenas bolhas muito
pregnado próximos um do outro entre conta-
As características mais impor- • Alumínio fundido e alumínio reci- to mais facilmente com os átomos
tantes dos GHT-25XON grafite im- clado de hidrogênio; as bolhas pequena
pregnada antioxidantes : • O uso de cloro, como da conta- sobem para a superfície mais len-
minação causadas por cores ou
Caderno Técnico 3

Os benefícios adicionais
• O aumento da densidade
• Resistência e compressão
• Baixa porosidade
• Baixa permeabilidade

Possivéis erros que causam a


ruptura do desgasificador em grafite.
• Pressão de gás muito baixa na
ascensão e na saida do banho de
alumínio pode causar
Figura 5. Comparação de degasificação com injeção de gás com metodo • Possibilidade de penetração do
antigo e novo sitema de eixo+rotor metal no interior do furo, o que
por sua vez pode causar
• Penetração do metal no interior
da porosidade do grafite, causan-
do a ruptura do próprio grafite

Benefícios de rotores de desga-


seificação
• Curto tempo de tratamento
• Desgaseificação eficiente
• Tratamento eficiente
• Aumentar a quantidade de metal
tratado
• Evite inclusão duras
• Melhora a resistência à tração
• Mais constante e repetitivo, como
o tipo de tratamento

5 CONCLUSÃO

A degasificação do alumínio se
obtém também...
Uma redução discreta, também é
conseguida através da utilização de
| FEVEREIRO 2016

tamente do que a grande então ter 4.1 TRATAMENTO ESPECIAL DE IM- tampões porosos grafite, este mé-
mais tempo par absorver hidrogênio PREGNAÇÃO PARA AUMENTAR A VIDA
todo no entanto, não assegura uma
no banho. DO DEGASICADOR (EIXO E ROTOR).
completa desgaseificação das mes-
O tamanho certo das bolhas é
mas espécies de metais em grandes
50 obtido pela alteração da velocida- Como funciona:
quantidades.
de de rotação do desgasificador de • Reação entre grafite e da atmos-
Desgaseificação a vácuo: A elei-
acordo com os teste que podem ser fera oxidante
minação da pressão atmosférica aci-
realizados na fundição. A velocidade • Mais aumenta a temperatura,
ma do metal e promove a formação
também varia dependendo do tipo mais aumenta a oxidação
de bolhas hidrogênio que são remo-
de liga, a quantidade de metal a ser • A vida do grafite aumenta tratan-
vidos através da bomba. Os tempos
tratado, e da forma do cadinho bem do a grafite com substâncias an-
são por razoáveis e pode ser encur-
como pela forma do desgasificador. tioxidantes
tado por insulflação de nitrogênio no
O sistema de desgaseificação • A proteção de grafite pode supor-
metal através de um tubo.
através de um rotor girando, é certa- tar 800º
mente o mais eficaz.
DESENVOLVIMENTO DE UM TERMOANALISADOR PARA MEDIR O

Caderno Técnico 4
GRAU DE MODIFICAÇÃO POR ESTRÔNCIO EM LIGAS DE ALUMÍNIO1

Mário Wolfart Júnior1


Vinícius Peccin Beppler2
Tarcila Pedrozo Benemann3
Tomaz Fantin de Souza4

RESUMO
A melhoria da qualidade das ligas fundidas de Al-Si pode ser realizada com a modificação microestrutural com adi-
ção de estrôncio. Atualmente, é possível determinar o grau de modificação, realizando ensaios metalográficos, que de-
pende de um profissional qualificado. Um termoanalisador foi desenvolvido com o intuito de apresentar uma alternativa
eficiente para melhoria dos processos de fundição de alumínio. Com a utilização da composição química da liga A269
e do percentual de estrôncio adicionado no banho, é possível, através do termoanalisador, medir e calcular o grau de
modificação da liga,e então determinar o quanto a microestrutura foi modificada em função da quantidade de estrôncio
adicionado. Foram ensaios realizados com 50, 100 e 150ppm de estrôncio, que apresentaram temperatura eutética de
559,5°C, 556,9 e 557,9°C respectivamente, contra 564,15°C da temperatura teórica calculada sem adição de estrôncio
e um grau de modificação de 4,55 (50ppm – parcialmente modificada), 7,25100ppm- totalmente modificada) e 6,25
(150ppm - supermodificada). As durezas encontradas nas amostras mostram que não ocorreram mudanças significati-
vas com a adição de estrôncio (Sr). Os resultados mostram que o equipamento é capaz de medir o grau de modificação
sendo estes similares aos apresentados na literatura.
Palavras-chave: Alumínio; Modificação; Termoanálise.

Thermo Analyser Developement to Measure The Modification Level of Al-Si Alloys.

ABSTRACT
The quality upgrade of melted Al-Si alloys, can be made with the
microstructural modification adding Strontium (Sr). Now a days, it's possible to determinate the modification alloy level,
using metalographic tests, that's a slow process and just can be made by a professional. A thermo-analyser was developed
to present a new efficient alternative to optimize the aluminium melt process. With the original chemical composition of the
A269 alloy, and the percent of strontium added to the melt, it's possible with the thermo-analyser, measure and calculate the
modification level, and determinate how the alloy microstructure was modificated by the quantity of strontium that was added.
The accomplished tests with 50 and 150ppm, present a eutetic temperature about 559,5ºC, 556,9 and 557,9ºC respectively,
and the calculated eutetic temperature to A269 is 564,5ºC, so the modification levels are 4,55 (50ppm – Partly modificated), | FEVEREIRO 2016
7,25(100ppm – Totally modificated) and 6,25 (150ppm supermodificated). . The hardness in the samples show that it wasn't | FEVEREIRO 2016
significant changes with the modification. The results show that the equipament is able to measure the modification level,
beeing this, similar to the literature.
Key words: Aluminium, modification, thermo analysis.
51 51

CONAF 2015.
1
Filiação Institucional: Instituto Federal Catarinense (IFC- Câmpus Luzerna)
2
Filiação Institucional: Instituto Federal Catarinense. (IFC- Câmpus Luzerna)
3
Filiação Institucional: Instituto Federal Catarinense. (IFC- Câmpus Luzerna)
4
Filiação Institucional: Instituto Federal Catarinense (IFC- Câmpus Luzerna)
Caderno Técnico 4

Tabela 1 – Resultados interlaboratoriais de análise química da amostra não modificada

1 INTRODUÇÃO acicular fibroso. Para melhorar as cio eutético, o que pode prejudicar
características da liga, tais como as propriedades mecânicas da liga,
O alumínio é um dos materiais as propriedades mecânicas, é re- desta forma, é importante realizar
mais versáteis encontrados no alizado o tratamento de modifica- a modificação da liga, o que agrega
mercado mundial, para ele, exis- ção, o que agrega uma microestru- a mudança na morfologia da mi-
tem inúmeras aplicações em gran- tura com ilhas de silício eutético croestrutura, e consequentemente
de maioria das indústrias, sejam de aspecto globular e com maior uma melhoria nas propriedades
elas do mercado automobilístico, resistência mecânica tanto estáti- mecânicas.
naval, aeroespacial, entre outros. ca como dinâmica (DJURDJEVIC,). A modificação é uma técnica
O alumínio possui características Neste projeto, o agente modi- conhecida pela indústria já há vá-
de grande atratividade, como o bai- ficador utilizado foi o Estrôncio, rios anos, porém no Brasil, não
xo ponto de fusão, o que permite o apesar de existirem outros agentes existe processo de medição do
uso de moldes metálicos e permite modificadores como sódio e anti- grau de modificação desta liga,
ciclos de fundição mais curtos, e mônio, o estrôncio possui vanta- que agregue eficiência e confiabi-
também a baixa viscosidade, o que gens sobre eles, como a baixa pro- lidade nos resultados, uma vez que
permite o preenchimento de se- dução de fumos metálicos durante é necessário realizar ensaios de
ções finas, bem como resistência o processo de fundição, a facilidade metalografia no material para de-
mecânica similar a determinados em adicionar o elemento ao banho, terminar o grau de modificação, o
| FEVEREIRO 2016

aços. por ser comercializado em barras que leva em torno de uma hora, e
O siício é selecionado como de Al-Sr (10% Sr). depende única e exclusivamente do
elemento de liga para ligas de A liga utilizada para o desen- metalógrafo. A termoanálise, rea-
alumínio pois além de reduzir a volvimento deste projeto, foi a liza este procedimento de medição
52
temperatura de fusão e diminuir a liga A269, fornecida pela empresa de forma rápida e confiável, levan-
contração durante a solidificação, SUMESA (Sulina de Metais S/A). do em consideração a temperatura
aumenta a fluidez da liga, e possui Esta liga é utilizada na indústria eutética da liga.
baixa densidade, o que contribui de fundição de alumínio, em blocos De acordo com MALEKAN, a
para a redução do peso total do de motores de automóveis, moto- termoanálise é uma maneira de
metal. As ligas de alumínio-silício cicletas, pistões, entre outros. A avaliar as propriedades do material
possui uma fragilidade conside- liga A269 é uma liga eutética com fundido a partir da curva de resfria-
rável, uma vez que os cristais de aproximadamente 11,9% de Silício mento do mesmo, de onde podem
silício na microestrutura, se apre- (Si), e sua microestrutura é forma- ser extraídos dados como tamanho
sentam distribuídos em aspecto da por plaquetas aciculares de silí- de grão e morfologia do silício.
Figura 1: Figura representativa da diferença de temperatura eutética entre liga pura e modificada.

Este trabalho foi realizado Na tabela 1 é possível observar um termoanalisador desenvolvido


com o propósito de medir o grau a composição química da liga A269, no Instituto Federal Catarinense
de modificação utilizando um ter- realizada em um espectrôme- campus Luzerna, que consiste em
moanalisador onde a medição da tro de emissão óptica no Insttuto um termopar conectado a um con-
temperatura eutética da liga du- Federal Catarinense e na empresa trolador que realiza a conversão do
rante a solidificação da liga não SUMESA. sinal analógico do termopar para
modificada e posteriormente da A liga A269 foi seccionada em sinal digital, e um computador com
liga modificada, com estes dados, pedaços com total de aproximada- software de termo análise também
pode-se obter o grau de modifica- mente 300g de carga e então fun- desenvolvindo no Instituto Federal
ção da liga. Para isso, foi realizada didas em um forno poço dentro de Catarinense campus Luzerna, que
uma análise comparativa entre as um cadinho de grafite. Ao banho apresenta em tempo real a curva
curvas de resfriamento da liga não fundido foi adicionada a quantidade de resfriamento durante a solidi-
modificada e posteriormente mo- de 50, 100 e 150ppm de estrôncio ficação e armazena os dados em
dificada, onde a diferença entre a (Sr) para cada ensaio respectiva- planilha eletrônica (excel) e então
temperatura eutética entre as duas mente, realizando assim a modifi- calcula o grau de modificação.
curvas (ΔT), considera-se o grau de cação da liga. Para determinar a temperatura
modificação da liga. Para medir o grau de modifica- eutética da liga, foi utilizada uma
ção desta liga, foi necessária a fu- equação desenvolvida por Modolfo
2 MATERIAL E MÉTODOS são da liga, a uma temperatura de e Gruzleski (DJURDJEVIC, 2012), | FEVEREIRO 2016

processo de 750ºC +/-5ºC, a limpe- que foi obtida através de literatura


A liga de alumínio utilizada za do banho fundido foi realizada e ensaios realizados pelos autores:
neste projeto, foi a liga A269, for- com a retirada da escória. TSiAl= 660.452 – (6,11 Si + 0,057
53
necida pela empresa SUMESA A liga então foi vazada em um Si2) (12,6/Si) – (3,4 Cu + 1,34 Fe +
(Sulina de Metais S/A), a qual é uti- cadinho metálico, e neste foi intro- 6,3 Mg + 1218,9Sr – 32965 Sr2 –
lizada na indústria, para a constru- duzido um termopar tipo K calibra- 4,293 Sb + 186,3 Sb2 – 495,5 Sb2)
ção de blocos de motores, bielas, do na temperatura de 559ºC, para [1]
pistões, entre outras aplicações. A acompanhamento da temperatura A equação se utiliza de dados
liga A269, é uma liga com micro- de solidificação do metal líquido de análise química, portanto fo-
estrutura acicular grosseira, o que afim de obter a curva de resfria- ram realizados na liga ensaios de
torna as propriedades mecânicas mento até a solidificação. Para esta espectrometria de emissão óti-
insatisfatórias para aplicações re- etapa de coleta e tratamento dos ca para obtenção da composição
ferentes a esforços dinâmicos. dados de temperatura, foi utilizado química da liga. Para o cálculo da
Caderno Técnico 3

Figura 2 – Curvas de resfriamento sobrepostas e micrografia da liga com 50ppm de Sr

temperatura, estes dados foram posição química da liga, e anali- da liga sem adição de sr, tendo este
inseridos em planilha eletrônica, sadas em um microscópio metalo- dado em mãos, torna-se possível de-
e para a confirmação da equação, gráfico OPTIKA B1000. terminar o grau de modificação da
foram realizados ensaios práticos Após a análise metalográfi- liga modificada, pois o grau de modi-
de coleta de temperatura do metal ca, foram realizados ensaios de ficação da liga modificada é a diferen-
eutético. microdureza Vickers, utilizando ça (ΔT) entre a temperatura eutética
Foram realizados ensaios com a carga de 0,5N/m em um micro- coletada e a temperatura eutética te-
uma carga de 300g alumínio e a durômetro Vickers Equilam Digital órica calculada da liga pura.
quantidade correspondente a 50, Microhardness Tester. Na Figura 2, é possível observar
100 e 150ppm de estrôncio (Sr). as curvas de resfriamento da liga
Afim de confirmar os dados 3 RESULTADOS sem adição de Sr, e da liga modifi-
obtidos através da termoanálise, cada com 50ppm de estrôncio, bem
foram realizadas análises meta- Na análise do gráfico de Tempo como a microestrutura da mesma,
lográficas da liga, antes e depois x Temperatura, é possível observar apresentando não mais plaquetas
de modificada. Antes da modifica- a diferença (ΔT) entre a temperatu- aciculares de silício eutético, mas
ção, a microestrutura da liga sem ra eutética da liga não modificada, sim uma microestutura com modi-
modificar, se apresenta em forma representada pela linha vermelha, ficação parcial, ou seja, plaquetas
de uma matriz de alumínio, com e da liga modificada, representada de silício com aspecto globular,
plaquetas de silício lamelares aci- pela linha azul. Com esta diferença formando ilhas de silício e ainda
| FEVEREIRO 2016

culares, distribuídas ao longo da de temperatura, temos o dado do algumas plaquetas aciculares.


matriz de forma heterogênea e grau de modificação, que consiste A temperatura eutética da liga
desorganizada. Depois de modifi- na diferença de temperatura eutética não modificada, é de 564,1ºC, ob-
cada a liga, estas plaquetas de silí- entre a liga não modificada e a liga servando a região demarcada pela
54 cio aciculares, se reorganizam em modificada. elipse na figura 2, temos a tempe-
uma morfologia globular, distribuí- Além da apresentação das curvas ratura eutética da liga modificada
das em ilhas de silício eutético. de resfriamento da liga modificada e por 50ppm de estrôncio, a qual
As amostras foram coletadas não modificada, na Figura 1, é possí- possui valor de 559,9ºC, sabemos
sempre da mesma seção do lingo- vel observar a microestrutura da liga que a diferença entre estas tempe-
te, posteriormente preparadas de A269, não modificada, apresentando raturas (ΔT) , é considerado o grau
acordo com os procedimentos pa- matriz de alumínio com plaquetas de modificação da liga, portanto o
drões de preparação metalográfi- aciculares de silício eutético. grau de modificação da liga com
ca, corte, embutimento, lixamento A medição do grau de modifica- 50ppm de estrôncio calculado pelo
e polimento de amostra, afim de ção, é sempre calculada utilizando termoanalisador é de 4,25ºC
evitar variações bruscas na com- como base a temperatura eutética Na Figura 3, é possível observar
Figura 3 – Curva de resfriamento da liga modificada com 100ppm de Sr, e micrografia da liga

as curvas de resfriamento da liga diminuição do valor do grau de mo- da à liga não modificada.
A269 pura, e da liga modificada dificação quando comparado à liga • A adição de 100ppm de
com 100ppm de Sr. A temperatu- com 100ppm de Sr. Estrôncio (Sr), causa modifica-
ra eutética coletada com 100ppm Na tabela 2 pode ser observa- ção total da liga quando compa-
de estrôncio, foi de 556,9ºC, o que do os valores de microdureza das rada à liga não modificada.
revela um grau de modificação de amostras não modificada e com • A adição de 150ppm de
7,25, quando se calcula a diferença adição de 50, 100 e 150ppm de es- Estrôncio (Sr), causa uma su-
(ΔT) entre a temperatura coletada e trôncio, os resultados nas análises permodificação da liga.
a calculada. de dureza das amostras modifica- • O equipamento de termoaná-
Também da Figura 3, temos a das não apresenta alteração signi- lise desenvolvido no Instituto
microestrutura da liga, que apresen- ficativa nos valores, de acordo com Federal Catarinense campus
ta uma microestrutura totalmente Peres, os valores de microdureza Luzerna é confiável e está apto
fibrosa, o que provavelmente sugere Vickers, tem relação inversamente a realizar ensaios de termoaná-
uma modificação total da liga. proporcional ao espaçamento den- lise, uma vez que os resultados
Na figura 4, pode-se obser- drítico, neste caso, foi constatado são coerentes quando confron-
var curvas de resfriamento da liga que o espaçamento dendrítico das tados com a temperatura calcu-
pura e da liga com 150ppm de Sr amostras modificadas e não modi- lada e com a metalografia para
sobrepostas. A temperatura eutéti- ficadas é o que justifica as durezas adição de 50, 100 e 150ppm de
ca da liga com 150ppm, coletada da similares. estrôncio (Sr)
área demarcada pela elipse foi de | FEVEREIRO 2016
557,9ºC, quando comparada à liga 4 CONCLUSÃO 5 AGRADECIMENTOS
sem adição de estrôncio (Sr), ob-
tem-se um grau de modificação de • A equação [1] mostrou-se efi- À PROEX/PROPI, pela conces-
6,25 o que de acordo com Furlan, ciente para determinar a tem- são de bolsas de pesquisa e exten- 55
pode indicar supermodificação peratura eutética de ligas de são necessárias para a realização
Observando a micrografia, pode- alumínio. deste trabalho, ao Instituto Federal
mos ver ilhas de silício eutético, e • A adição de estrôncio na liga Catarinense Campus Luzerna, pela
na parte externa dos glóbulos, pla- não altera significativamente a estrutura concedida, e à empresa
quetas de silício aciculares, o que dureza da mesma, desde que SUMESA – Sulina de Metais S/A,
também indica supermodificação. mantidas as mesmas condições pela doação das ligas de alumínio
Também segundo Furlan, a quan- de resfriamento. e conhecimento técnico.
tidade de 150ppm de Estrôncio é • A adição de 50ppm de Estrôncio
suficiente para a supermodificação (Sr), causa uma modificação
da liga, o que justifica também a parcial da ligaquando compara-
Caderno Técnico 3

Figura 4 – Curva de resfriamento da liga modificada com 150ppm de Sr. e micrografia da liga com 150ppm

Tabela 2 – Ensaios de micro dureza Vickers

6 REFERÊNCIAS

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Metalúrgica e de Materiais.
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