EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ª VARA CÍVEL
DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP
JOÃO PAULO e NICE, vem, por advogado, nos autos da Ação de
Reintegração de Posse que promove ALINE, em Contestação, aduzirem as razões de fato e direito que passam a expor. I – DOS FATOS A Autora propusera Ação de Reintegração de Posse, alegando ter sido esbulhada pelos Réus na posse de imóvel que adentraram após sua saída do imóvel. Afirmam, ainda, que a referida posse vem sendo exercida de forma mansa e pacífica, sustentando ainda ser legítima possuidora da área verde ocupada pelos réus. Mas a realidade dos fatos é diametralmente oposta a afirmada na petição inicial. Senão, vejamos: Desde logo, a referida posse vem sendo exercida de forma mansa e pacífica, há mais de dois meses, sustentando ainda que estão zelando e cuidando do imóvel e da área verde ocupada. Como só é possuidor aquele que tem de fato o exercício de alguns dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade (ad. 1.196 do Código Civil), não seria crível admitir-se que os Autora há meses sem andar no imóvel que nesse intervalo de tempo não realizou qualquer benfeitoria ou ao menos cercamento do local, tivera o exercício de fato da posse sobre a área verde pretendida. Por outro lado, a autora não apresenta nenhuma testemunha e documentos, como a escritura, que comprove, de fato, ela ser a proprietária legítima. Vê-se, assim, que a Autora demanda por proteção possessória, tentando se passar por possuidora de direito na área, quando apenas juntam aos autos insuficientes documentos que não comprovam sua posse. Conclui-se com segurança que oa Autora não pode se beneficiar de direito de proteção possessória alguma, já que não se comprova sua ocupação da área verde (Pomar) em questão, tendo, por exemplo. o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios já decidido hipótese similar, verbis: REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ÁREA VERDE. AS ÁREAS VERDES QUE COMPLEMENTAM O LOTEAMENTO SÃO BENS DE USO COMUM DO POVO, PERTENCENTES AO ESTADO, IN CASU AO DISTRITO FEDERAL, E SOBRE ELAS O PARTICULAR NÃO EXERCE POSSE, POR SE TRATAR DE BENS INALIENÁVEIS (ART. 67, CC E INSUSCETÍVEIS DE USUCAPIÃO (ART. 183, PAR. TERCEIRO, DA C.F.).? (TJDFT, 2a Turma, Rel. Desembargador Vasquez Cruxen, APC. 2325690 DF, DJU 10/02/93, pág. 3.181) (grifos nossos) A OCUPAÇÃO DE ÁREA VERDE, BEM PÚBLICO DE USO COMUM DO POVO, NÃO ENSEJA AOS OCUPANTES VALER-SE DE AÇÕES POSSESSÓRIAS PORQUE DE POSSE NÃO SE TRATA, NÃO PASSANDO DE OCUPAÇÃO PRECÁRIA E CLANDESTINA. INJUSTIFICADA A CONCESSÃO DE LIMINAR AS TAIS OCUPANTES EM AÇÃO CAUTELAR? (TJDFT, Turma Cível, Rel. Desembargador Natanael Caetano, AGI 237889-DF, DJU 21/03/90, pág. 1) II - DO DIREITO Por conta da residência e do Pomar estarem desprotegida, devido ao abandono do local, os Réus resolveram providenciar a manutenção do local, na tentativa de buscar maior segurança para a sua família. Diga-se de passagem, que os Réus ao longo dos meses sofreram consequências danosas por conta do abandono em que encontrava área em questão. Pois em diversas vezes foram obrigados a solicitar patrulhamento policial para o local, encontraram no lado de fora de sua residência cobras e escorpiões vindos da referida área, sendo obrigados ainda e de instalarem no imóvel para melhor manutenção do Pomar. Motivo pela qual, optaram por ocupar toda área abandonada. III - DAS ALEGAÇÕES DOS AUTORES SOBRE OS MESMOS FATOS Que os Réus violaram o direito de posse e propriedade da Autora sobre a área que era detida por eles desde que adquiriu o terreno. Ao usar o termo – ocuparam irregularmente o imóvel - , procura a Autora induzir ao entendimento de que era possuidora legítima e de direito do imóvel, mas se olharmos detidamente aos autos, nenhum documento comprova sua posse da referida terra. O direito de uso somente se aceitaria se caso a Autora fosse ao menos usuária do local. Sobre o tema a lição do Mestre Orlando Gomes, em sua obra Direitos reais, Rio de Janeiro, Forense, 1969, t.2, p.406, literis: “Ao usuário atribui-se apenas o jus utendi, isto é, o direito de usar coisa alheia sem percepção de seus frutos” No mesmo sentido, entende o Nobre Jurista Jhering, em sua obra, Du rôle de la volonté dans la possession, Paris, 1891, p.107, diz que, litteris: “que é possuidor quem procede com a aparência de dono, o que permite definir, como já se tem feito: posse é a visibilidade do domínio” É de fácil conclusão que os Réus tem direito ao uso da referida área, pois além de serem moradores e residentes do local, estão de acordo com os costumes locais. Desde logo, está ausente nos autos qualquer prova que sirva para assegurar algum indício de verossimilhança na arguta estória contada pela Autora. Esse é o entendimento inclusive do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal, verbis: PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. BEM PÚBLICO. LICITAÇÃO. DIREITO DE PREFERÊNCIA. OCUPAÇÃO DO TERRENO. NÃO-VERIFICAÇÃO. 1. SEGUNDO SE DEPREENDE DOS AUTOS, O AGRAVANTE NÃO OCUPAVA, DE FATO, O BEM, ISTO É, NÃO MORAVA NO LOCAL, SENDO ESTE O FUNDAMENTO PARA INDEFERIMENTO DO PLEITO ADMINISTRATIVO. 2. ALÉM DO MAIS, O AGRAVANTE SEQUER DETINHA O TÍTULO DE OCUPAÇÃO EM SEU NOME. 3. FAZ-SE INVIÁVEL, EM SEDE DE AGRAVO DE INSTRUMENTO, DISCUSSÃO SOBRE A VALIDADE DE CESSÃO DE OCUPAÇÃO DE TERRA PÚBLICA. (Agravo de Instrumento nº 20030020006054, Registro de Acórdão nº 171471, data de julgamento 24/02/2003, 2ª Turma Cível, Relator SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS, Publicação no DJU: 07/05/2003, pág. 41) (doc. J. nº 03) E, em não havendo prova quanto aos fatos constitutivos dos alegados direitos da Autora de requerer indenização de25.000,00 referente à indenização pela infiltração no telhado e da utilização do Pomar, que caso nçao viesse a ter consumo e manutenção de qualquer for as frutas iriam cair do pé, iram estregar e caso não fossem as planas podadas e aguadas elas iram secar e morrer, por outro lado, em havendo negativa da Ré sobre suas existências, resolve-se, prima facie, a teor do que dispõe o ad. 333, 1, do CPC, pela improcedência do pedido autoral – como, desde já, requer a Ré a Vossa Excelência já que: Negado pelo réu o fato alegado pelo autor, a este incumbe a prova de sua existência. (Ac. unân. da 1a CCTJSC, Ap. n. 15.182, Rei. Des. TYCHO BRÁHE; JC 28/254). Quando o réu contesta apenas negando o fato que se baseia a pretensão do autor, todo o ônus probatório recai sobre este. Mesmo sem nenhuma iniciativa de prova, o réu ganhará a causa, se o autor não demonstrar a veracidade do fato constitutivo do seu pretenso direito – actore non probante absolvitur reus.? (Ac. unân. da 4~ CCTJMG, Ap. n. 58.955, Rei. Des. VAZ DE MIELLO; Adcoas n. 87.973). Ora, se é fato provado que as partes não são proprietários da área, é evidente que nenhum ato de esbulho à posse dos Autores poderia ser arguido e muito menos objeto de ajuizamento da presente ação possessória. IV - DO DESCABIMENTO DA AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE COM FUNDAMENTO NO ARTIGO 927 DO C.P.C. A demarcação anexada aos autos é referente às terras particulares dos Autores, não gerando nenhum direito sobre a posse da área do Pomar reclamada. Com efeito. O que está se discutindo é o direito de uso sobre a área e a quem dela efetivamente cuida, zela e se utiliza. Em relação ao Pomar o Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, decidiu hipóteses semelhantes em que o particular não pode alegar posse das terras de área comum, verbis: REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ÁREA VERDE. AS ÁREAS VERDES QUE COMPLEMENTAM O LOTEAMENTO SÃO BENS DE USO COMUM DO POVO, PERTENCENTES AO ESTADO, IN CASU AO DISTRITO FEDERAL, E SOBRE ELAS O PARTICULAR NÃO EXERCE POSSE, POR SE TRATAR DE BENS INALIENÁVEIS (ART. 67, CC E INSUSCETÍVEIS DE USUCAPIÃO (ART. 183, PAR. TERCEIRO, DA C.F.).? (TJDFT, 2a Turma, Rel. Desembargador Vasquez Cruxen, APC. 2325690 DF, DJU 10/02/93, pág. 3.181) (grifos nossos) A OCUPAÇÃO DE ÁREA VERDE, BEM PÚBLICO DE USO COMUM DO POVO, NÃO ENSEJA AOS OCUPANTES VALER-SE DE AÇÕES POSSESSÓRIAS PORQUE DE POSSE NÃO SE TRATA, NÃO PASSANDO DE OCUPAÇÃO PRECÁRIA E CLANDESTINA. INJUSTIFICADA A CONCESSÃO DE LIMINAR AS TAIS OCUPANTES EM AÇÃO CAUTELAR? (TJDFT, Turma Cível, Rel. Desembargador Natanael Caetano, AGI 237889-DF, DJU 21/03/90, pág. 1) (grifos nossos) Como se vê, a posse da referida área nunca foi provada nos autos, o artigo 927, Inciso I do Código de Processo Civil, diz o seguinte: Art. 927. Incumbe ao autor provar: I- a sua posse
Desse modo, vale trazer a colação pretórios do Tribunal de Minas
Gerais sobre o entendimento que àquele que não prova sua posse ou sua propriedade não carece de legitimidade para propor ações possessórias, verbis: REINTEGRAÇÃO DE POSSE ALEGAÇÃO DE DOMÍNIO CARÊNCIA DE AÇÃO É carecedor da ação de reintegração de posse, aquele que a ajuiza com fulcro exclusivamente no domínio, tendo em vista o comando insculpido no art. 927 do CPC, que traça os requisitos indispensáveis para a propositura dos interditos. Em reexame necessário, confirma-se a sentença. (TJMG AC 000.231.570-3/00 3ª C.Cív. Rel. Des. Kildare Carvalho J. 16.05.2002) (grifos nossos) NA AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE E NA AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, NOS TERMOS DO ART. 927 DO CPC, “INCUMBE AO AUTOR PROVAR ? I ? A sua posse; II ? A turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III A data da turbação ou do esbulho; e IV A continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração”. (TJMG AC 000.233.324-3/00 4ª C.Cív. Rel. Des. Carreira Machado J. 11.04.2002)
Permissa maxima venia, Excelência, incita-se claramente a conclusão,
derivada da apreciação dos fatos narrados, que a Autora vem tentado através do judiciário, tomar posse de uma área que não faz uso e nem direito e de fato, dando oportunidade aos Réus a utilizarem as terras e o imóvel. V - DA INEXISTÊNCIA DE DANOS 43 – Os Autores buscam o reembolso da quantia de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), pela infiltração no telhado do imóvel e do uso da área verde, Pomar, utilizados pelos réus. 44 – Contudo, a residência já é velha e carece de manutenção geral, principalmente no período chuvoso, e em relação ao Pomar independente dos réus comercializarem ou não, as frutas iriam se estragar de qualquer forma e caso não houvesse a manutenção por parte dos réus as plantas iriam morrer se não fossem podadas e aguadas diariamente 47 – Assim sendo, incabível na presente hipótese a reparação pelos alegados danos, por sua total inexistência, e, por consequência, pela impossibilidade de comprovação. EMINENTE MAGISTRADO São essas as razões pelas quais os contestantes, invocando os áureos e doutos suplementos de Vossa Excelência, fia, espera e requer seja julgado improcedente em sua integralidade os pedidos formulados na petição inicial, condenando os Autores ao pagamento das custas e despesas processuais e dos honorários advocatícios. Os Réus protestam, desde já, por provar o quanto alegado na sua defesa, por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente oitiva de testemunhas, desde já requeridas. Termos em que PEDIMOS DEFERIMENTO SÃO PAULO, XX de xxxxx de XXXX. PEDRO DANNILO PEREIRA E SILVA OAB/SP Nº xxxxxx