seu título eleitoral, pois que tal sanação de 15.9.

1965 (Código Florestal), chega

de faltas se deu antes da complemen-
tação do despacho saneador, estabele-
cendo-se, assim, em tempo hábil, a
legitimatio para a causa e para o pro-
cesso. E, quanto ao de fls., julgo-o
prejudicado, pois que considerado pre-
cluso no despacho de fls. o direito do
autor quanto à produção de suas pro-
vas, pôde ele, todavia, colaborar na
produção da prova, isto é, na perícia e
audiência das testemunhas por ele arro-
ladas, e prejuízo não teve.
Quanto ao mérito, dou provimento c
julgo procedente a ação. Não podia a
lei local autorizar sequer a extração
de madeiras no manancial, sobretudo
sem limitar o corte. Não fora a propo-
situra da ação popular com a decre-
tação de embargos initio litis, para im-
pedir derrubada, já iniciada, e a devas-
tação poderia ter sido total, como pon-
dera a douta Procuradoria do Estado.
E que tal devastação seria prejudicial
ao interêsse da comunidade não há dú-
vidar. Trata-se de mata protetora de
nascente que fornece água à população
local, de preservação permanente como
diz o art. 2.°, c, do Código Florestal,
e, pois, contendo vegetações de prote-
ção hidrogeoló'gica, cuja imprescindibi-
!idade ao fim social é indiscutível e
manifesta, tanto que a Lei n. o 4.771,
a apenar sua destruição ou danificaçãu
e mesmo nela o simples corte de ár-
vores, como contravenção (art. 26, ·1
e b), e não se compreenderia que o
seja defeso ao particular, de form:J.
tão radical, tendo em vista o interesse
coletivo, pudesse ser permitido ao Poder
Público, a cuja guarda e proteção está
entregue esse interesse, embora se possa
aceitar a alta finalidade que, não du-
vido, tenha inspirado a elaboração das
leis locais e o início de sua execução,
aos seus dignos edis e digno Prefeito,
pois o que é certo é que se deve en-
xergar a lesividade ao interesse, co-
letivo, no caso. Assinale-se - diz Osny
Duarte - que: "As matas fazem o
papel de esponja, retendo 61 % de água
das chuvas, enquanto que a terra nua
absorve apenas 6%, segundo A. Bertin,
do Instituto Nacional de Agronomia Co-
lonial de Paris (Direito Florestal Bra-
sileiro, § 148, p. 188). Para fazer calar
a todos os advogados da devastação."
E provendo a apelação, inverto os
ônus da demanda, condenando a ré nas
custas e honorários de 15<;1c sobre o
valor dado à causa (fls.), tendo em
vista o art. 2.° da Lei n.o 4.771, de
1965. Natal Campos. Gonçalves de Re-
zende.

AÇÃO POPULAR - CIDADANIA - LITISCONSóRCIO PASSIVO

- O requisito da cidada,nia é exigível para a condição
de autor; no caso de litisconsórcio pas.'Jivo necessário, o es-
trangeiro deve também ser admitido para complementaçálO
da relação processual.
- Interpretação do art. 6. 0 da Lei n.o 4.717, de 1965.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
Abílio Lopes e outros versus Licir Raimundo da Silva e outro
Agravo de instrumento n.o 201.112 - Relator: Sr. Desembargador
DANTAS DE FREITAS

ACÓRDÃO ro 201.112, da comarca de Ubatuba,

em que são agravantes Abílio Lopes
Vistos, relatados e discutidos estes e outro, sendo agravados Licir Rai-
autos de agravo de instrumento núme- mundo da Silva e outro: Acordam, em

258
 QuInta Câmara Civil do Tribunal de
Justiça de São Paulo, por votação unâ-
nime, dar provimento ao recurso. Custas
na forma da lei.
Licir Raimundo da Silva e Irênio
Justiniano de Moura ajuizaram ação
popular na comarca de Ubatuba, para
anular cessão de posse feita pela Pre-
feitura Municipal daquela cidade e
Abílio Lopes e Víctor Manuel da Costa
Cardoso, cessão essa referente a alguns
imóveis urbanos.
O MM. Juiz determinou o desentra-
nhamento da contestação apresentada
pelos dois últimos réus, por lhes faltar
legitimidade ad causam para estar em
juízo na ação popular, reservada ex-
clusivamente a cidadãos brasileiros.
Os contestantes recorreram, mas o re-
curso foi admitido como agravo n;:>
auto do processo, sob a consideração de
só comportar este agravo o despacho
determinando desentranhamento da
contestação.
Invocando o art. 850 do CPC, os re-
correntes pediram a formação do instru-
mento e, apresentadas razões, manifes-
tou-se a parte contrária, sendo mantida
a decisão e opinando a Procuradoria-
Geral da Justiça pela reforma do des-
pacho recorrido.
É o relatório.
Nos termos do art. 6.0 da Lei núme-
ro 4.717, de 1965, a ação popular seri
proposta contra as pessoas públicas ou
privadas, em cujo nome se praticou o
ato lesivo ao patrimnio público, e, tam-
bém, contra os beneficiários do ato ou
contrato lesivo, estabelecendo o § 2.0 ,
n.G lI, desse dispositivo, que - "qual-
quer pessoa, beneficiada ou responsável
pelo ato impugnado, cuja existência ou
identidade se torne conhecida no curso
do processo e antes de proferida a
sentença final de primeira instância,
deverá ser citada para a integração
do contraditório".
Tais pessoas, portanto, deverão obri-
gatoriamente receber citação para a
ação popular, configurando-se nesse
caso o litisconsórcio passivo necessário.
Pouco importaria tratar-se de cidadãos
estrangeiros. O requisito da cidadania
é exigível para a condição d~ autor,
e no caso os recorrentes ocupavam a
posição de réus, com inegável interesse
na apresentação de defesa, como inter-
venientes do negócio que se pretendeu
invalidar e em que tomaram parte,
pois neste teria de influir, de maneira
decisiva, o resultado da demanda.
Tratando-se de litisconsórcio passivo
necessário, não podendo as partes dis-
pensá-lo, e sendo a citação de todos os
sujeitos passivos indispensável à cons-
tituição válida e regular do feito, lícito
era a qualquer dos recorrentes, ctes-
tarte, pleitear sua intervenção na causa.
Reclamando contra sua exclusão, como
o fizeram, deviam ser atendidos, por-
que, do contrário, ficaria incompleta
a relação processual.
O art. 850 do CPC prevê uma espécie
de carta testemunhável, explicando
Pontes de Miranda (Comentários ao
Código de Processo Civil, XI/352) qu'.!
a instrumentação de que no mesmo se
cogita não é agravo de instrumento in-
terponível da decisão do MM. Juiz que
denegou o agravo de petição, mas "é
instrumento do agravo de petição: o'
pedido dele não é o pedido de julga-
mento do despacho que denegou a pe-
tição, mas sim o pedido de julgamento~
da decisão contra a qual se interpôs
o agravo de petição". Na hipótese os
autos trazem elementos que esclarecem
cabalmente o caso, permitindo, com se-
gurança e rapidez, decidir-se o inci-
dente. Assim, e considerados os ele-
mentos constantes deste instrumento, é
julgado procedente o pedido de reforma
da decisão recorrida, a fim de, reco-
nhecida aos recorrentes a legitimação
para a causa, retornar aos autos a
contestação por eles oferecida oportu-
namente.
São Paulo, 17 de setembro de 1971.
Alcides F'aro, preso Dantas de Freitas,
relator. Participaram do julgamento,.
com votos vencedores, os Des. Sylvio·
Barbosa e Gonzaga Júnior.
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