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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO


PROCURADORIA DA DÍVIDA ATIVA

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 17ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA


COMARCA DA CAPITAL - RJ

Processo nº 0292585-50.2021.8.19.0001

CAP C17FZ 202209019921 18/12/22 16:12:44137783 PROGER-VIRTUAL


ESTADO DO RIO DE JANEIRO, nos autos da Execução Fiscal em epígrafe,
em que figura como parte ALSTOM BRASIL ENERGIA E TRANSPORTE LTDA (S),
inconformado com a r. sentença, por seu Procurador in fine assinado, vem à presença de
Vossa Excelência interpor o presente

RECURSO DE APELAÇÃO

nos termos do artigo 1.009 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, e no prazo do
artigo 183 do citado Estatuto Processual, pelos fundamentos expostos, esperando sejam os
autos remetidos ao Eg. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

TJRJ
Nesses termos,
Elaborado por: Marcel Silva Gladulich em 18/12/2022 - PA: PGE/017.005435/2022

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 2022.

MARCEL SILVA GLADULICH

PROCURADOR DO ESTADO

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Apelante: ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Apelada: ALSTOM BRASIL ENERGIA E TRANSPORTE LTDA

Eg. Tribunal,

TEMPESTIVIDADE

Segundo o artigo 1.003, §5º, do CPC/15, “excetuados os embargos de declaração, o


prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias”. Considerando-
se a contagem em dobro para todas as manifestações processuais da Advocacia Pública (art.
183 do CPC/15), bem como a data de sua intimação pessoal, é tempestivo o recurso
interposto na presente data.

BREVE RESUMO DA DEMANDA

Elaborado por: Marcel Silva Gladulich em 18/12/2022 - PA: PGE/017.005435/2022

Cuidam os autos de Embargos à Execução Fiscal ajuizados pelo ora Embargante, com
o objetivo de extinguir a Execução Fiscal nº 0250988-82.2013.8.19.0001, instruída pela
Certidão de Dívida Ativa n° 2012/203.260-8, visando à cobrança de débito tributário, no
valor originário de R$ 17.879,65.

Regularmente citado, a Executado opôs Embargos sustentando, em suma, a nulidade


da decisão de fl. 50, que deferiu a inclusão da embargante no polo passivo da execução
fiscal, com o argumento de que não cabe a presunção relativa de alienação do fundo de
comércio, de modo que a inversão do ônus da prova seria supostamente indevida.

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A r. sentença ora apelada julgou procedente o pedido, extinguindo o processo,


com resolução do mérito, para extinguir a execução fiscal com relação à
embargante, alicerçando-se na seguinte fundamentação, in verbis:

“De fato, assiste razão ao Embargante. Embora o Oficial de


Justiça tenha lavrado certidão no sentido de que a executada não
mais funcionava no local e que no mesmo estabelecimento
funcionava à época a Embargante, bem como os contratos sociais
e documentação da Junta juntados aos autos demostrem que o
objeto de ambas as sociedades era o mesmo, não ficou
demonstrado ter havido aquisição do fundo de comércio por parte
da Embargante a justificar a sucessão da executada em sua
responsabilidade tributária.

Os elementos de prova juntados aos autos não são suficientes


para caracterizar a sucessão empresarial e tributária, jno sentido
de ter havido verdadeira transferência do fundo de comércio e
aquisição do negócio e não o simples aproveitamento do espaço
onde antes se localizava outra pessoa jurídica”

Contra tal decisão foram opostos Embargos de declaração de ambas as partes,


sendo os dois rejeitados por decisão de fl. 346.

Elaborado por: Marcel Silva Gladulich em 18/12/2022 - PA: PGE/017.005435/2022

Nesse sentido, a r. sentença merece ser reformada. É o que se passa a


demonstrar.

DAS RAZÕES PARA A REFORMA DA R. SENTENÇA APELADA

DA FLAGRANTE OMISSÃO QUANTO À VALIDADE DA DECISÃO QUE INCLUIU A


EMBARTENTE NO POLO PASSIVO: REDIRECIONAMENTO SE DEU PELA
ALIENAÇÃO DO FUNDO DE COMÉRCIO

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Inicialmente, cumpre destacar que não assiste razão o argumento da


Embargante, ora apelada, de que não seria o presente caso hipótese de sucessão tributária.
A legislação tributária prevê duas espécies de sujeitos passivos tributários: o contribuinte,
aquele que possui relação pessoal e direta com o fato gerador do tributo, e o responsável,
aquele que, embora não seja contribuinte do tributo, está obrigado ao seu
pagamento por determinação legal (artigo 121 do CTN).

Assim, somente podem ser considerados responsáveis pelo pagamento de


tributos aqueles que a lei expressamente designe como tal. Esse é justamente o caso da
Embargante. Isso porque o artigo 133 do Código Tributário Nacional dispõe ser responsável
pelo pagamento do tributo:

“Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de


outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento
comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração,
sob a mesma u outra razão social ou sob firma ou nome individual,
responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento
adquirido, devidos até à data do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio,


indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou


Elaborado por: Marcel Silva Gladulich em 18/12/2022 - PA: PGE/017.005435/2022
iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no
mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação


judicial:

I – em processo de falência;

II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação


judicial. (grifo nosso)”

Nos Embargos, foi alegado que cabia a Procuradoria o ônus de apresentar

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provas suficientes que demonstrassem a aquisição e a alienação do fundo de comércio por


parte da Embargante, de modo que defende a impossibilidade de redirecionamento da
execução fiscal. No entanto, esquece a Embargante que a alienação do fundo de comércio
não depende de contrato formal de compra e venda do imóvel no qual desenvolvia a
atividade econômica.

Dessa forma, o redirecionamento da execução fiscal à Embargante se deu pela


alienação do fundo de comércio, comprovada pela diligência do oficial de justiça no
endereço da executada originária, conforme certidão negativa de index 15, nos seguintes
termos:

“Certifico que, em cumprimento ao mandado, nesta data, às 13:50, compareci


ao seguinte endereço: Rua Soldado Jose Lopes Filho 42 - Marechal Hermes,
onde, DEIXEI DE citar a empresa executada, em razão de a empresa em
questão não mais encontrar-se estabelecida no endereço em questão. Certifico
ainda que, atualmente encontra-se a empresa Alstom (supervia).”

Assim, conforme requerimento do Estado de index 25, diante de tal certidão e


dos documentos juntados às fls. 27 a 49, o d. Juízo entendeu, acertadamente, que a
manifestação do Exequente trazia “indícios suficientes para caracterizar a sucessão
empresarial e tributária a justificar a inclusão da pessoa jurídica que indica no polo passivo
da demanda”, pela clara dissolução irregular da sociedade inicialmente executada, com
fundamento na Súmula 435 do STJ (index 50). Elaborado por: Marcel Silva Gladulich em 18/12/2022 - PA: PGE/017.005435/2022

Por fim, cumpre ressaltar que as convenções particulares não são oponíveis à
Fazenda Pública, com base no art. 123 do CTN. Veja-se:

“Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares,


relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser
opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo
das obrigações tributárias correspondentes.”

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Dessa forma, não cabe a alegação da Embargante de nulidade da decisão que


deferiu o redirecionamento da execução.

CONCLUSÃO

Por essas razões, o Estado do Rio de Janeiro requer que seja conhecido e
provido o presente recurso para reformar a r. sentença a quo, assegurando-se o
prosseguimento da presente execução fiscal.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 2022.

MARCEL SILVA GLADULICH

PROCURADOR DO ESTADO Elaborado por: Marcel Silva Gladulich em 18/12/2022 - PA: PGE/017.005435/2022

Assinado por MARCEL SILVA GLADULICH


Date: 12/18/22 4:12:09 PM -03:00
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