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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CIVEL

DA SUBSEÇÃO DE SOROCABA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO.

NU 0004901-34.2015.4.03.6315

JOSÉ MOACIR DE OLIVEIRA, devidamente qualificado nos autos de AÇÃO


DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO, que move em face
do INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, por seus procuradores, vem, respeitosamente à presença
de Vossa Excelência, requerer o recebimento do presente RECURSO INOMINADO e encaminhá-lo à Turma Recursal
de São Paulo, com as razões que seguem anexas.

Tendo em vista o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, requer sua extensão na fase
recursal, haja vista o preenchimento dos requisitos autorizadores para tanto, suplicando assim, a aplicabilidade do artigo
9º da lei nº. 1.060/501.

Termos em que,
Pede deferimento.
Sorocaba, 16 de março de 2.016.

Thais Takahashi Gustavo Homero Tsukigima Dassisti


OAB/SP 307.048-A OAB/PR 75.980
OAB/PR 34.202

/GHTD

TURMA RECURSAL DE
1
Art. 9º. Os benefícios da assistência judiciária compreendem todos os atos do processo até decisão final do litígio, em todas as instâncias.

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SÃO PAULO

COLENDA TURMA JULGADORA


DA REFORMA DA DECISÃO

Com o mais elevado respeito devido ao MM. Sentenciador, o recorrente irresigna-se com a r.
sentença, o que faz nos seguintes termos e fundamentos.

A r. sentença monocrática, julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE o feito, reconhecendo e


averbando o exercício da atividade rural no período de 01/01/1982 a 31/01/1990, reconhecendo e averbando o período de
01/01/1991 a 12/12/1994 e reconhecendo a especialidade dos períodos 08/03/1990 a 10/12/1994 e de 02/05/1995 a
31/01/1997.

Todavia, julgou EXTINTO O PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do


art. 267, inciso VI do CPC quanto à averbação do período comum de 08/03/1990 a 31/12/1990, haja vista que tal período
já foi reconhecido administrativamente e   IMPROCEDENTE a averbação do período rural 09/11/1977 a 31/12/1981 por
entender que os indícios de prova material são extemporâneos, bem como o reconhecimento da especialidade da atividade
rural desenvolvida no período de 09/11/1977 a 31/01/1990 pelo enquadramento da categoria profissional.

1. DA ATIVIDADE RURAL NÃO AVERBADA - 09/11/1977 a 31/12/1981:

1.1 DOS INDÍCIOS DE PROVA MATERIAIS E DESNECESSIDADE DE CONTEMPORÂNEIDADE:

A sentença atacada, no tocante a pretensão de reconhecimento do exercício da atividade rural,


decidiu pela ausência de prova material contemporânea, não se constituindo meio hábil para comprovação de sua
atividade. REPITA-SE, novamente os documentos apresentados como início de prova material:

a) Escritura do Imóvel Rural comprovando a aquisição formal do imóvel pelo genitor em 1983. CUMPRE
ESCLARECER QUE O GENITOR TINHA A POSSE IMÓVEL DESDE 1975, fls. 50 do PA;

b) Título de Eleitor 1984 comprovando a profissão de lavrador, fls. 51 do PA;

c) Certidão de Casamento 1984 comprovando a profissão de lavrador, fls. 52 do PA;


d) Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais 1985 comprovando o autor ser filiado ao respectivo sindicato do
município de Ubiratã – Paraná, fls. 53 do PA;

e) Certidão de Nascimento filhos 1983 e 1988 comprovando a profissão de lavrador, fls. 54/55 do PA;

f) INFBEN comprovando o genitor perceber benefício de aposentadoria por idade rural desde 07/08/1996, fls. 63 do
PA.

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Com todo respeito ao posicionamento do julgador singular, sua decisão merece reforma, ademais
é fato notório que os Tribunais Pátrios têm aceito documentos ainda que extemporâneos dês que a prova testemunhal
amplie sua eficácia probatória, neste sentido:

"PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. APOSENTADORIA POR


TEMPO DE SERVIÇO. ART. 55, § 3º, DA LEI 8.213/91. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. RECONHECIMENTO A
PARTIR DO DOCUMENTO MAIS ANTIGO. DESNECESSIDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONJUGADO
COM PROVA TESTEMUNHAL. PERÍODO DE ATIVIDADE RURAL COINCIDENTE COM INÍCIO DE ATIVIDADE
URBANA REGISTRADA EM CTPS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A controvérsia cinge-se em saber sobre
a possibilidade, ou não, de reconhecimento do período de trabalho rural anterior ao documento mais antigo juntado
como início de prova material. 2. De acordo com o art. 400 do Código de Processo Civil "a prova testemunhal é sempre
admissível, não dispondo a lei de modo diverso". Por sua vez, a Lei de Benefícios, ao disciplinar a aposentadoria por
tempo de serviço, expressamente estabelece no § 3º do art. 55 que a comprovação do tempo de serviço só produzirá
efeito quando baseada em início de prova material, "não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na
ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento" (Súmula 149/STJ). 3. No
âmbito desta Corte, é pacífico o entendimento de ser possível o reconhecimento do tempo de serviço mediante
apresentação de um início de prova material, desde que corroborado por testemunhos idôneos. Precedentes. 4. A Lei
de Benefícios, ao exigir um "início de prova material", teve por pressuposto assegurar o direito à contagem do tempo
de atividade exercida por trabalhador rural em período anterior ao advento da Lei 8.213/91 levando em conta as
dificuldades deste, notadamente hipossuficiente. 5. Ainda que inexista prova documental do período antecedente ao
casamento do segurado, ocorrido em 1974, os testemunhos colhidos em juízo, conforme reconhecido pelas instâncias
ordinárias, corroboraram a alegação da inicial e confirmaram o trabalho do autor desde 1967. 6. No caso concreto,
mostra-se necessário decotar, dos períodos reconhecidos na sentença, alguns poucos meses em função de os autos
evidenciarem os registros de contratos de trabalho urbano em datas que coincidem com o termo final dos interregnos de
labor como rurícola, não impedindo, contudo, o reconhecimento do direito à aposentadoria por tempo de serviço,
mormente por estar incontroversa a circunstância de que o autor cumpriu a carência devida no exercício de atividade
urbana, conforme exige o inc. II do art. 25 da Lei 8.213/91. 7. Os juros de mora devem incidir em 1% ao mês, a partir da
citação válida, nos termos da Súmula n. 204/STJ, por se tratar de matéria previdenciária. E, a partir do advento da Lei
11.960/09, no percentual estabelecido para caderneta de poupança. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do Código
de Processo Civil." (STJ, Primeira Seção, REsp nº 1.348.633/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 28.08.2013, DJe
05.12.2014)

Processo
REsp 345422 / SP RECURSO ESPECIAL 2001/0068210-0
Relator(a)
Ministro HAMILTON CARVALHIDO (1112)
Órgão Julgador
T6 - SEXTA TURMA
Data do Julgamento
18/04/2002
Data da Publicação/Fonte
DJ 19.12.2002 p. 467
Ementa
RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO. VALORAÇÃO DE PROVA. INÍCIO DE PROVA
MATERIAL. INEXISTÊNCIA. 1. (...), sendo prescindível que o início de prova material abranja necessariamente esse período, dês que a prova
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testemunhal amplie a sua eficácia probatória ao tempo da carência, vale dizer, desde que a prova oral permita a sua vinculação ao tempo de
carência. 4. (...).
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de
Justiça, retificando decisão proferida na Sessão de 21.3.2002, por unanimidade, não conhecer do recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-
Relator. Os Srs. Ministros Fontes de Alencar e Fernando Gonçalves votaram com o Sr. Ministro-Relator. Ausentes, por motivo de licença, o Sr.
Ministro Paulo Gallotti e, justificadamente, o Sr. Ministro Vicente Leal.

Processo
AgRg no REsp 885883 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2006/0201966-2
Relator(a)
Ministro HAMILTON CARVALHIDO (1112)
Órgão Julgador
T6 - SEXTA TURMA
Data do Julgamento
15/05/2007
Data da Publicação/Fonte
DJ 25.06.2007 p. 326
Ementa
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. VALORAÇÃO DE PROVA.
INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DESNECESSIDADE A QUE SE REFIRA AO PERÍODO DE CARÊNCIA SE EXISTENTE PROVA
TESTEMUNHAL RELATIVAMENTE AO PERÍODO. 1. (...). 4. É prescindível que o início de prova material abranja necessariamente o número
de meses idêntico à carência do benefício no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, dês que a prova testemunhal amplie
a sua eficácia probatória ao tempo da carência, vale dizer, desde que a prova oral permita a sua vinculação ao tempo de carência. 5. (...).
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de
Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Paulo Gallotti e
Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Nilson Naves e Paulo Medina.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.
As Turmas Recursais de São Paulo também vêm entendendo pela desnecessidade da
contemporaneidade do indício de prova material. Vejamos:

Processo

16 00003407920104036302
16 - RECURSO INOMINADO

Relator(a)

JUIZ(A) FEDERAL MARCIO RACHED MILLANI

Órgão julgador

8ª TURMA RECURSAL DE SÃO PAULO

Fonte

e-DJF3 Judicial DATA: 12/05/2015

Ementa

..INTEIROTEOR: TERMO Nr: 9301048997/2015PROCESSO Nr: 0000340-79.2010.4.03.6302 AUTUADO EM 08/01/2010ASSUNTO: 040102 -


APOSENTADORIA POR IDADE (ART. 48/51) - BENEF. EM
ESPÉCIE/CONCESSÃO/CONVERSÃO/RESTABELECIMENTO/COMPLEMENTAÇÃO CLASSE: 16 - RECURSO INOMINADORECTE:
LIOSITA BASILIA COSTA ADVOGADO(A)/DEFENSOR(A) PÚBLICO(A): SP151626 - MARCELO FRANCORECDO: INSTITUTO NACIONAL
DO SEGURO SOCIAL - I.N.S.S. (PREVID)ADVOGADO(A): SP999999 - SEM ADVOGADOREDISTRIBUIÇÃO POR SORTEIO EM 15/02/2014

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08:02:00I (...) É certo que o início de prova material não necessita referir-se a todo o período que se quer provar, mas é inegável que deva
possibilitar ao julgador inferir a efetiva realização do trabalho. Assim é evidente ser desnecessário a existência de um documento por ano,
mas também não há como querer-se demonstrar a realização de um trabalho exercido em 1970 com documento referente ao ano de 2010. (...)

Data da Decisão

30/04/2015

O período a ser averbado se refere a 09/11/1977 a 31/12/1981 e a escritura do imóvel rural


comprovando a aquisição pelo genitor da recorrente se deu em 1982, porém já tinha posse anteriormente do imóvel.
Portanto, a data de início do labor rural não se distancia do primeiro indício de prova material. Ademais, pelo
entendimento do STJ os indícios de prova material não precisam ser contemporâneos.

Isto posto, requer a reforma da decisão monocrática para averbar integralmente o período rural
de 09/11/1977 a 31/12/1981.

1,2 DA ATIVIDADE RURAL EXERCIDA EM CONDIÇÕES ESPECIAIS – ENQUADRAMENTO PELA


CATEGORIA PROFISSIONAL – PRESUNÇÃO DE NOCIVIDADE:

Pretende o Recorrente o reconhecimento do trabalho especial para todo o período em que


trabalhou no meio rural 09/11/1977 a 31/01/1990 pela presunção da categoria profissional. No entanto a r. sentença de
primeiro grau não reconheceu a especialidade do labor desempenhado pelo Recorrente, alegando que o período rural não
pode ser enquadrado na legislação e sua atividade deverá ser exercida na agropecuária.

Sustenta o recorrente que a atividade desempenhada está enquadrada como presumidamente


nociva nos termos do item 2.2.1 e 2.4.4 do anexo do Decretos n. 53.831, de 25-03-1964 e n. 83.080, de 24-01-1979, o que
garante seu cômputo como tempo de serviço especial independentemente de laudo pericial até 29-04-1995, data do
advento da Lei 9.032, que passou a exigir prova de efetiva submissão aos agentes nocivos.

Portanto, quanto à comprovação da atividade especial destaca-se que antes da lei 9.032/95 não
era obrigatório a apresentação de formulários para o requerimento do tempo especial, assim basta a comprovação da
atividade pela categoria considerada presumidamente nociva, que o recorrente fará jus ao benefício.

Conforme relatado acima, a legislação reconhecia como especial o trabalho realizado na


agricultura. Entretanto, esta interpretação não é pacífica, pois alguns entendem que haveria necessidade de se comprovar o
trabalho na agropecuária, assim entendido o trabalho realizado tanto na agricultura como na pecuária, para reconhecer a
especialidade, outros entendem que apenas o trabalho na pecuária daria o direito.

Diante desta divergência interpretativa, e da exemplificatibilidade do rol das categorias


profissionais do Decreto 53.831/64, entende o recorrente pela necessidade da comprovação da exposição da nocividade
(Súmula 198 do extinto TFR) do trabalho desempenhado na roça, que o expõem ao calor, utilizando-se por
analogia/subsídio a prova pericial realizado nos autos 230/2006 da Vara Cível de Nova Fátima/PR, onde restou
constatado que a exposição do trabalhador ao calor excessivo que é prejudicial a saúde. (laudo pericial acostado aos
autos).

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O laudo anexo, coaduna com o preconizado pela Norma Regulamentadora – NR-15, que
regulamenta a exposição ao calor em ambientes internos como externos, estando preconizado no Quadro 02 na referida
legislação, que o parâmetro de medição deve ser utilizado o período em que a temperatura seja a mais desfavorável
possível, logo não importa se no inicio e no final da jornada a temperatura esteja mais baixa:

IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte fórmula:
______
IBUTG = IBUTGt x Tt + IBUTGd xTd
60
Sendo:
IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho.
IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso.
Tt e Td = como anteriormente definidos.
Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60
minutos corridos.
3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro n.º 3.
4. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais.

Não obstante ainda, o TRF4 em recente decisão proferida contra uma sentença da Comarca de
Congonhinhas/PR, sustentada por estes causídicos, coloca uma pá de cal sobre o assunto, considerando inclusive a
presunção da atividade rural até 28/04/1995 para atividade do trabalhador rural, conforme ementa anexa:

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 2008.70.99.005418-5/PR


RELATOR : Des. Federal CELSO KIPPER
APELANTE : BENEDITO ARRUDA
ADVOGADO : Wilson Yoichi Takahashi
APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
ADVOGADO : Procuradoria Regional da PFE-INSS
REMETENTE : JUIZO DE DIREITO DA 1A VARA DA COMARCA DE CONGONHINHAS/PR
EMENTA - PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO/SERVIÇO. REQUISITOS.
ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. ATIVIDADE ESPECIAL. TRABALHADOR RURAL ANTERIOR
À LEI N. 8.213/91. AGENTES BIOLÓGICOS. HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA.
1. (...). 8. A atividade de trabalhador rural exercida até 28-04-1995 deve ser reconhecida como especial em decorrência
do enquadramento por categoria profissional. 9. (...).

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. EMPREGADO RURAL. ATIVIDADE ESPECIAL. RECONHECIMENTO DA


ESPECIALIDADE DO TRABALHO AGRÍCOLA ATÉ A EDIÇÃO DA LEI N° 9.032/95. POSSIBILIDADE.
CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO / CONTRIBUIÇÃO. REGRAS DE
TRANSIÇÃO. OPÇÃO PELA RMI MAIS VANTAJOSA. TUTELA ESPECÍFICA. 1. O tempo de serviço rural para fins
previdenciários, a partir dos 12 anos, pode ser demonstrado através de início de prova material, desde que complementado
por prova testemunhal idônea. 2. Até o advento da Lei n° 9.032/95 era possível o reconhecimento da especialidade do

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tempo de serviço desempenhado pelo empregado rural com base apenas no enquadramento pela categoria
profissional ao código 2.2.0 do Decreto n° 53.831/64. 3. (...). 4. Determina-se o cumprimento imediato do acórdão
naquilo que se refere à obrigação de implementar o benefício, por se tratar de decisão de eficácia mandamental que deverá
ser efetivada mediante as atividades de cumprimento da sentença stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a
necessidade de um processo executivo autônomo (sine intervallo).APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 0010802-
93.2014.4.04.9999/PR. DES. FEDERAL JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA. Data da decisão 18/11/2015. 6ª TURMA.
data da publicação 02/12/2015.

No mesmo sentido o Desembargados João Batista Pinto Silveira do TRF4ª região, na AC –


0006757-46.2014.404.9999, publicado em 21/01/2016, assim transcorreu com propriedade sobre a isonomia da classe
rural, in verbis:

(...)
Por oportuno, registro que acerca do reconhecimento da especialidade do período
passível de enquadramento pela nomenclatura, trabalhadores na
agropecuária (interpretação do Decreto nº 53.831/64, item 2.2.1) deve ser
registrado que não se está a questionar o conceito dela, em que nos dicionários se
lê: "Teoria e prática da agricultura e da pecuária, nas suas relações
mútuas", aliás, a maciça jurisprudência repete este conceito para sustentar que
agropecuária envolve, exclusivamente, as relações com agricultura
e pecuária quando desempenhadas de forma simultânea para efeito de
reconhecimento da especialidade.

 
Essa é uma leitura possível, todavia creio que não a melhor,
por restritiva e passível de injustiças. Também se pode
sustentar que a agropecuária reúne os conceitos de
agricultura e pecuária, considerados em si mesmos, e que o
reconhecimento da especialidade deve ser promovido para
aqueles que trabalham no setor primário, responsável pela
produção de bens destinados, como regra, a alimentação da
população, sejam aqueles derivados da agricultura como
da pecuária. E a intenção da norma protetiva (por mais
benéfica) seria justamente proteger aqueles que se dedicam
ao setor primário, consabidamente extenuante fisicamente,
com exposição a altas e baixas temperaturas, a raios solares

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e a todas as demais intempéries típicas dos trabalhos
desempenhados no meio rural.

Também se sabe que, como regra, são os pequenos produtores que sofrem com as
dificuldades de manterem seus negócios. Isso é mais perceptível em regiões de
seca, por exemplo, ou muito pobres. Poderíamos sustentar que alguém que tem
pequena plantação e possui e maneja poucas vacas ou gado suíno (gado miúdo) e
comercializa parte do leite e/ou vende animais pode ser beneficiado pela regra
protetiva? Poderia ser classificado como trabalhador da agropecuária? Por outro
lado, aquele que trabalha como empregado em uma grande fazenda de larga
produção agrícola e pecuária, mas que trabalha exclusivamente com o gado, sem
laborar especificamente na agricultura, não deveria se valer do tempo especial,
pois quem se dedica a agropecuária é seu empregador, ele apenas lida com o
gado e não sofre das mesmas dificuldades a que estaria sujeito se também
trabalhasse na lavoura? E aquele pequeno trabalhador rural que planta apenas
para a subsistência e que embora não possua gado cuida de uma infinidade de
aves não estaria sujeito a idênticas agruras?
 

Salvo melhor juízo, na prática, o risco de se promoverem


tratamentos anti-isonômicos é real e muito grande se
fizermos uma leitura restritiva da regra (exclusivamente de
forma simultânea) para o enquadramento.
 
Assim, tem-se que o enquadramento, segundo o Código 2.2.1, do Decreto
53.831/1964, no caso, é possível.

A jurisprudência tem entendimento favorável quanto à possibilidade de conversão da


atividade rural, conforme se depreende em recente julgado proferido pelo Tribunal Regional Federal da 3º Região

– São Paulo:

Processo

AC 00188940520054039999
AC - APELAÇÃO CÍVEL – 1024606

Relator(a)

JUIZ CONVOCADO VALDECI DOS SANTOS

Sigla do órgão

TRF3

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Órgão julgador

DÉCIMA TURMA

Fonte

e-DJF3 Judicial 1 DATA:23/12/2015 ..FONTE_REPUBLICACAO:

Decisão

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Décima Turma do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo, nos termos do relatório e voto que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado.

Ementa

AGRAVO LEGAL. APELAÇÃO CÍVEL. JULGAMENTO POR DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 557, CAPUT DO CPC.
RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE RURAL. AVERBAÇÃO.
(...)
IV. Confirmando e ampliando o início de prova material, foram produzidos testemunhos (fls. 105/106) harmônicos e
coerentes, que esclarecem o trabalho rural desenvolvido pela parte autora no período de 01/01/1964 a 01/01/1982 ,
podendo ser reconhecido para fins previdenciários, exceto para efeito de carência.
V. Ademais, deve ser este período considerado especial, visto que se enquadra no código
2.2.1. do Decreto 53.831/64. Cumpre salientar que a documentação apresentada é suficiente para a
caracterização da condição especial do labor exercido, tendo em vista que a legislação então vigente autorizava
o enquadramento pela categoria profissional, além de ter consagrado um rol meramente
exemplificativo de atividades insalubres. VI. Agravo legal desprovido.
Indexação

VIDE EMENTA.

Data da Decisão

15/12/2015

Data da Publicação

23/12/2015
Portanto, pelos diversos julgados acima a norma não deve ser avaliada de forma restritiva, sob
pena de tratarmos situações idênticas de maneira desigual. Há ainda nos autos, laudo pericial comprovando que o
trabalhador rural está exposto à nocividade pela exposição ao calor do sol, independendo de sua condição (empregado ou
autônomo) ou independente do labor ser concomitante na lavoura e pecuária.
Isto posto, requer o reconhecimento da especialidade da atividade rural desempenhada no
período de 03/11/1977 a 31/01/1990, de modo que seja aplicado o fator de conversão 1,4 ao recorrente, ensejando assim
no aumento do computo do tempo serviço.

2. DO PEDIDO:

Diante de todo o exposto, requer seja dado PROVIMENTO AO RECURSO pelas razões
expostas, confiando no elevado espírito de JUSTIÇA SOCIAL que norteia esta C. Turma Recursal, nos seguintes pedidos:

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a) Averbação do período rural 09/11/1977 a 31/12/1981;

b) Reconhecimento da especialidade e conversão o tempo de especial para comum do período 09/11/1977 a


31/01/1990, pelo enquadramento da categoria profissional, sucessivamente por analogia ou subsídio a prova pericial dos
autos 230/2006 da Vara Cível de Nova Fátima/PR;

c) Conceder a aposentadoria por tempo de contribuição integral ou proporcional com a forma de cálculo mais
vantajosa;

d) Condenar a recorrida ao pagamento das parcelas vencidas desde a DER e vincendas, monetariamente corrigidas pelo
IGP-DI desde o respectivo vencimento (Súmula 43 e 148 do STJ) e acrescidas de juros legais e moratórios de 1% a.m. a
partir da citação (Súmula 204 do STJ), incidentes até a data do efetivo pagamento;

e) A condenação do INSS ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios no percentual de
20% sobre o valor da condenação até o transito em julgado.

Termos em que,
Pede Provimento.
Sorocaba - SP p/ São Paulo - SP, 16 de março de 2.016.

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