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EXCELENTÍSSIMO JÚIZO DE DIREITO COM JURISDIÇÃO

FEDERAL DELEGADA DA COMARCA DE (NOME DA CIDADE) -


ESTADO DE (NOME DO ESTADO)

ZÉ CARLOS, brasileiro, casado, agricultor rural, portador da carteira


de identidade nº _____, e do CPF nº ______, residente e domiciliado
na Localidade Rural de ______, nº_____, Bairro ____, no município
de ____, CEP ____-___, vem respeitosamente à Vossa Excelência,
por seus procuradores infra-firmados, conforme procuração anexa e
endereço ao rodapé indicado, propor a presente:

AÇÃO PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE


APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

Em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,


Autarquia Federal com CNPJ nº 29.979.036/0314-53, situada na Rua
____, nº ___, CEP ___-__, Bairro ____, Município de ____, pelos
fatos e fundamentos de direito aduzidos:

I – DA JUSTIÇA GRATUITA

A parte autora é pessoa humilde que reside em simples casa e


sobrevive dos rendimentos auferidos como agricultor familiar e da
renda em valor mínimo da aposentadoria rural da sua esposa.

Por fim, nos termos exigidos pela legislação aplicável à espécie, a


parte autora firmou declaração de hipossuficiência econômica, fatos
que somados legitimam a concessão dos benefícios legais da justiça
gratuita conforme adiante pleiteado pela parte.

II – DOS FATOS

1º) Da idade mínima


A parte autora nascida em 30.10.1959 completou 60 anos em
30.10.2019, portanto, desde o ano de 2019 possui a idade mínima
exigida à aposentadoria por idade rural nos termos dos §1º do art. 48
da Lei n. 8.213/1991.

2º) Dos requerimentos administrativos

O segurado realizou o seguinte requerimento administrativo do


benefício previdenciário pleiteado: DER-30.10.2019 –NB n.
181.324.828-9, pedido de aposentadoria por idade rural com 60
anos.

3º) Da carência

Considerando à idade mínima e o requerimento administrativo


acima detalhado, o segurado pretende provar os seguintes períodos d
carência mínima (RURAL), conforme tabela abaixo:
RURAL 25.04.1981 28.02.1988 2.464 6 10 4
RURAL 17.01.1989 02.10.1994 2.056 5 8 16
RURAL 02.11.1996 02.08.1998 631 1 9 1
RURAL 16.09.1998 08.12.2009 4.043 11 2 23
RURAL 09.12.2009 30.06.2011 562 1 6 22
HOMOLOGADO
RURAL 01.01.2012 10.02.2016 1.480 4 1 10
HOMOLOGADO
RURAL 10.03.2016 30.10.2019 1.311 3 7 21
HOMOLOGADO
TOTAL 12.547 34 10 7

Considerando o implemento da idade mínima no ano de 2019, para


a aposentadoria rural e a redação do art.25, II, da Lei n. 8.231/91, o
período de carência mínima é de 180 meses.
Pelo apresentado, a parte autora busca com a presente ação a
averbação dos períodos rurais entre 25.04.1981 a 08.12.2009, visto
que os períodos entre 2009 a 2019 já foram homologados
administrativamente, para fins exclusivos de concessão de
aposentadoria por idade rural, nos termos do art.48, §1º e 2º, Lei n.
8.213/91.

No período o autor teve pequenos períodos de atividade urbana que


não superam 2 anos de atividade, situação que não descaracteriza a
atividade rural, visto que esta pode ser comprovada de maneira
descontínua.

4º) Da atividade rural entre 1981 a 2009

a) No período de 25.04.1981 (data casamento do autor) a 2005,à


parte autora exerceu suas atividades rurais em regime de
economia familiar com sua esposa e filhos, em terras rurais
(posse familiar) na localidade rural de Molina, município de MC.

No período também exerceu a atividade rural individualmente


como bóia-fria e parceiro agrícola.

Em relação à PROVA DOCUMENTAL, o trabalhador rural possui


os seguintes documentos em eu próprio nome e de familiares
(Documentação anexa):

a) Certidão de casamento de 25.04.1981, onde consta em


referida certidão pública a profissão de LAVRADOR em
relação ao autor;
b) Certidão de nascimento dos filhos do autor (1989-Marciana)
e (1988-Maristela), onde consta em referida certidão pública
a profissão de LAVRADOR;
c) Declaração de arrendamento de notas rurais em nome da
esposa PAULINA em agricultor Antônio datado de 2002,
junto ao município de MC;
d) Contrato de arrendamento rural/ parceria agrícola entre o
autor e o agricultor Antônio datado de 2002: onde consta o
autor como profissão AGRICULTOR;
e) Notas rurais do tomador dos serviços rurais do autor como
bóia-fria, Sr. Antônio dos anos de 1990 a 2004;
f) No processo judicial da esposa do autor que tramitou na
Comarca de RB o tomador acima destacado testemunhou:

Sr. ANTONIO “Conheceu autora casada em 1985/1986 em


MC trabalhando na roça por dia, por empreitada, como
arrendatária rural, para os agricultores João, Nelson,
Castilho, Inácio, nas localidades rurais de Serra do Galo, Rio
Lis, ela trabalhava junto com seu marido José, sobreviviam
somente do trabalho na roça, era trabalho braçal, e o
depoente conheceu 3 (três) filhos da autora, por último tinha
2 (duas) filhas ajudando a autora e seu marido na roça”.

E a sentença reconheceu a atividade rural desde 1981 a


2013.

b) No período de 2005 a 08.09.2009, à parte autora exerceu suas


atividades rurais em regime de economia familiar com sua
esposa e filhos, em terras rurais arrendadas e em regime de
parceria agrícola na localidade rural de T, município de RB.

No período também exerceu a atividade rural individualmente


como bóia-fria e parceiro agrícola.

Em relação à PROVA DOCUMENTAL, o trabalhador rural possui os


seguintes documentos em seu próprio nome (Documentação
anexa):
a) Contrato de arrendamento rural/parceria agrícola entre o autor,
sua esposa e o agricultor Sr. Valmor datado de 2009/2010;
b) Notas rurais em nome do autor e sua esposa em relação aos
anos de 2009 a 2019;
c) No processo judicial da esposa do autor que tramitou nesta
comarca o tomador acima destacado e a testemunha Adilson
testemunharam:

Sr. VALMOR: “Conhece a autora há 10 anos (2005), eles


residiram em Rio B, Município de RB, que arrendou terras suas
para a autora e seu marido, autora também trabalha como
diarista rural, trabalhou para depoente em reflorestamento de
eucalipto no plantio e cuidados de manutenção do
reflorestamento, o marido da autora também é diarista e
arrendeiro rural, viu o casal trabalhando na roça nas
propriedades de João, o contrato de arrendamento é datado de
2010, mas antes disto ela e o marido já trabalhavam para o
depoente por dia na roça, plantavam milho, atualmente eles
estão plantando eucaliptos em Santa Maria, recebem mais ou
menos R$ 60,00 reais o dia de trabalho na roça”

Vejamos eu, a esposa do autor restou aposentada por idade rural


desde 09.04.2013, situação que ratifica o exercício de atividade rural
pelo autor entre 1981 a 2009, conforme documentos anexos.

Enfim, a atividade rural dos períodos em destaque foi baseada em


idônea prova DOCUMENTAL e RATIFICADA por autodeclaração rural
juntada no processo administrativo do INSS.

5º Indeferimentos do INSS.

Desde completar os requisitos necessários (IDADE & CARÊNCIA), a


parte autora faz jus à concessão do benefício de aposentadoria por
idade RURAL, a qual restou INDEFERIDA pelo INSS na DER –
30.10.2019, pelo fundamento: “considerando o exposto, somados
118 meses de carência em atividade rural, o benefício foi indeferido”.

Deste modo, não reconhecidos administrativamente os períodos


rurais anteriores a 09.12.2009, a carência mínima de 180 meses não
foi comprovada administrativamente.

Entretanto, incidiu em grave erro a Autarquia Previdenciária, ao


indeferir os benefícios, visto que o segurado possui mais de 34 anos
de atividade rural, possuindo este sim, a carência e a idade mínima
necessária exigida no requerimento administrativo para concessão de
aposentadoria por idade rural.

III – FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

A lei previdenciária exige, para comprovação da atividade rural, um


início de prova material, que, à míngua de outros elementos, pode
ser entendido como a presença de quaisquer dos documentos
relacionados no parágrafo único do art. 106 da Lei n. 8.213/91.

No tocante aos meios de prova da atividade rural a jurisprudência


admite:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. TRABALHADOR RURAL


REQUISITOS LEGAIS. COMPROVAÇÃO. Súmula n. 73 DESTA CORTE. INÍCIO DE PROVA
MATERIAL, COMPLEMENTADA POR POR PROVA TESTEMUNHAL.

1. É devido o benefício de aposentadoria rural por idade, nos termos dos arts. 11,
VII, 48, §1º e 142, da Lei n. 8.213/1991, independentemente do recolhimento
de contribuições quando comprovado o implemento da idade mínima (sessenta
anos para o homem e cinqüenta e cinco para a mulher) e o exercício de atividade
rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida,
mediante início de prova material complementada por prova testemunhal idônea.

2.Nos termos da Súmula n.73 desta Corte, “admitem-se como início de prova
material do efetivo exercício de atividade rural, em regime de economia familiar,
documentos de terceiros, membros do grupo parental.”
3. Quando o segurado comprova judicialmente o efetivo labor rural, na qualidade
de segurado especial, e encontram-se satisfeitos os demais requisitos legais, tem
ele direito à concessão do benefício de aposentadoria por idade rural.

Assim, os documentos de todos integrantes do grupo familiar rural


são válidos para comprovação da atividade rural, ademais esta é a
redação da súmula n. 73 do TRF 4ª Região: “Admite-se como início
de prova material documentos em nome de integrantes do grupo
envolvido no regime de economia familiar rural.”

IV - DO PEDIDO
Ex positis, requerer:

a) A concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA com isenção


de custas processual e honorária advocatícios, nos termos do
art. 98 do CPC, em especial, pela declaração de pobreza
acostada aos autos;

b) Nos termos do art. 319, VII, do CPC, a parte autora informa


que, não tem interesse na designação de audiência de
conciliação ou mediação;

c) A citação do réu, na pessoa de seu procurador, para querendo,


contestar o feito, sob pena de serem reputados como verdadeiros
os fatos aqui alegados nos termos do art. 344, do CPC;

d) Requer a produção das provas necessárias à comprovação do


direito da parte autora, em especial a prova emprestada dos
depoimentos coletados nos autos judiciais desta comarca (autos n.
001-2013 da esposa do autor), e a prova testemunhal se necessária
para esclarecimentos ou realização de prova complementar da
autodeclaração rural apresentada, e a prova documental acostada em
arquivos digitais anexos, e por fim, por todos os meios de prova
admitidos em direito, nos termos dos arts. 319, VI, 355 e 369 do
CPC;

e) Após a produção das provas, seja julgada a presente ação


procedente e através de sentença declarar a certeza da existência de
relação jurídicas e de efetivos reconhecimentos de trabalho rural para
fins exclusivos de concessão de aposentadoria por idade rural
previstas no art. 48, §1º e 2º, da Lei n.8.213/91:
Em regime de economia familiar e individual em relação aos
períodos de labor rurícola entre 25.04.1981 à 28.02.1988,
17.01.1989 à 02.10.1994, 02.11.1996 à 02.08.1998 e entre
16.09.1998 à 08.12.2009;

Para por fim, declarar por sentença todo o período de relação


jurídica (RURAL) entre a autora e o réu Instituto Nacional do Seguro
Social;

f) Como consequência do pedido anterior, seja o INSS condenado a


implantar o benefício pleiteado pela parte autora (com base no art.
48, §1º e 2º, da Lei n. 8.213/91) e pagar na integralidade as
parcelas vencidas referentes à aposentadoria por idade RURAL,
desde a data da implementação dos requisitos necessários (idade
e carência), ou seja: desde à DER -30.10.2019 (NB-41/001), com
a devida correção monetária, juros moratórios mensais e
honorários advocatícios d sucumbência em patamar de 10-20%
nos termos do art. 85, §3º, I, da Lei n. 13.105/2015, e conforme
temática n. 1.050 do Col. STJ;
g) Ainda, não sendo possível a concessão da aposentadoria por idade
rural em data anterior a decisão administrativa de 30.10.2019,
requer-se a concessão do benefício desde data da implementação
dos requisitos, diante da possibilidade de reafirmação da DER, com
pagamento da integralidade das parcelas vencidas e com a devida
correção monetária, juros moratórios mensais e honorários
advocatícios de sucumbência em patamar de 10-20% nos termos
do art. 85, § 3º, I, da Lei n. 13.105/2015 e, conforme temática n.
1050 do Col. STJ.

V– DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor provisório de R$ 47.850,30 (Quarenta e sete


mil oitocentos e cinqüenta reais e trinta centavos).

Pede Deferimento.

Cidade M, 29 de Março de 2022.

Advogado (A)

OAB, N.

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