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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA xxxxxxxxxxxx – ESTADO xxxxxxxxxxxxxxxx

EMENTA: URGENTE. PEDIDO DE


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SEGURADO
ESPECIAL. POSSUI. INSTRUMENTOS
RATIFICADORES PARA CADA METADE DA
CARÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULOS
URBANOS NO PERÍODO DA CARÊNCIA.
ENDEREÇO RURAL COMPROVADO.

MARIA DA SILVA, brasileira, casado, agricultora, inscrita no CPF sob o


nº xxxxxxxxxxxxxxxxx, portadora do RG sob o nº xxxxxxxxxxxxx SESP/MT, nascida em
xx/xx/xxxx, residente e domiciliado no Sítio xxxxxxxxxxxxxxxxxxx, Linha xxxxxxxxx, Km xxx,
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, por meio de seu advogado(a) que ao final assina, conforme procuração
acostada, vem, à presença de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE A


TRABALHADOR RURAL

(com pedido de tutela antecipada)

em face de INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, que deverá ser citado na pessoa de seu
representante legal, com endereço na Rua xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, n° xxxxx,
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, pelos fundamentos de fato e de direito que passa a expor.
I – DOS FATOS.

I.a) Do histórico de vida, dados do grupo familiar e do trabalho rural.

A parte autora trabalhou a vida inteira como trabalhador rural, em


regime de economia familiar, produzindo essencialmente para sua subsistência e de seu grupo
familiar. Nunca teve empregados contratados e, além disso, sempre laborou sem maquinários
em pequenas propriedades.

Atualmente RESIDE no Sítio xxxxxxxxxxxxxxxxxxx, Linha xxxxxxxxx,


Km xxx, Castanheira, Mato Grosso.

A principal fonte de produção ao longo desse tempo foi:

 café;
 leite;
 mandioca;
 banana.

Para que V. Exa., entenda bem por onde passou o autor, ao longo de
todos esses anos de trabalho pesado no campo, segue uma tabela na qual se insere a
cronologia da ocupação e moradia da parte autora:

PERÍODO RURAL LOCALIZAÇÃO DO DE QUEM ERA A TERRA?


TRABALHO

01/01/1978 a 01/01/1985 Sítio São Bento (Paraná) Pai da parte autora

02/01/1985 a 01/01/2000 Sítio Roça Pesada (Paraná) Cônjuge da parte autora (e


seu grupo familiar)

02/01/2000 até a presente Chácara Recanto Feliz (Mato Cônjuge da parte autora (e
data Grosso) seu grupo familiar)

PERÍODO TOTAL DE TRABALHO RURAL


de 1978 até a presente data

Em todos os locais acima, o trabalho da parte autora com seu grupo


familiar foi feito em pequenas propriedades, que não ultrapassaram 4 módulos fiscais. Além
disso, nunca trabalhou sob nenhuma outra categoria de filiação à previdência social (AQUI
INFORMAR ALGUM PERÍODO URBANO, CASO TENHA EXISTIDO).

Como forma de facilitar o trabalho de V. Exa., relaciono abaixo o


nome e CPF das pessoas que compuseram o grupo familiar da parte autora ao longo dos
períodos acima:
PERÍODO RURAL MEMBROS DO GRUPO CPF
FAMILIAR

01/01/1978 a 01/01/1985 XXXXXXXXX (pai) XXXXXXXX


XXXXXXXXX (mãe) XXXXXXXX

02/01/1985 a 01/01/2000 XXXXXXXXX (cônjuge) XXXXXXXXX


XXXXXXXXX (filho) XXXXXXXXX

02/01/2000 até a presente XXXXXXXXX (cônjuge) XXXXXXXXX


data XXXXXXXXX (filho) XXXXXXXXX

A produção do grupo familiar da parte autora sempre foi voltada à


SUBSISTÊNCIA (aqui informar se houver produção que foi vendida em esclarecer se houve
algum tipo de DESENVOLVIMENTO SÓCIOECONÔMICO do grupo familiar).

Apesar do histórico de trabalho rural acima indicado, a parte autora


teve INDEFERIDO junto ao INSS seu pedido de aposentadoria por idade na condição de
segurada especial, sob o fundamento de “não comprovação da qualidade de segurado
especial”.

Eis o motivo do ingresso da presente ação.

Acerca dos dados pessoais da parte autora, que interessam ao


conhecimento da causa, colaciona-se abaixo o que é pertinente a esta demanda:

DATA DE NASCIMENTO DATA EM QUE COMPLETOU DATA DO REQUERIMENTO


55 ANOS DE IDADE ADMINISTRATIVO

22/01/1955. 22/01/2010 15/07/2015

I.b) Da comprovação do trabalho rural (instrumentos ratificadores dos períodos rurais).

Como forma de comprovar o trabalho rural, a parte autora traz os


seguintes documentos, conforme tabela abaixo.

INSTRUMENTO RATIFICADOR: EM NOME PRÓPRIO ANO:


ou de TERCEIRO?
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx em nome próprio 1985
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx em nome próprio 1991
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx terceiro (pai) 1998
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx terceiro (cônjuge) 2001
II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS.

A qualidade de segurado especial, bem como a carência necessária


estão devidamente satisfeitos para a concessão da aposentadoria por idade ao trabalhador
rural.

Vejamos.

A parte autora atingiu 55 anos de idade em 22/01/2010.

Logo, de acordo com o art. 142, da Lei 8.213/91, é necessária a


comprovação de 174 meses de carência, isto é, 14 anos e 06 meses de trabalho rural em
regime de economia familiar. Esse período de carência já estava satisfeito no momento da
DER, em 15/07/2015, conforme documentos listados acima.

Conforme a nova dinâmica normativa exigida para a comprovação da


qualidade de segurado especial, há que se apontar que a parte autora cumpriu as exigências
do OFÍCIO-CIRCULAR nº 46 /DIRBEN/INSS, de 13 de setembro de 2019, de modo que
acompanham essa petição inicial, ao menos, 1 instrumento ratificador para cada metade do
período de carência exigida.

Vejamos quais são os instrumentos ratificadores juntados para cada


metade do período de carência exigido no presente caso:

Carência exigida = 174 meses


METADE da carência exigida = 87 meses (7 anos e 3 meses)
Logo, será necessário apenas 1 instrumento ratificador para cada 7 anos e 3 meses

NO CASO CONCRETO: DER em 15/07/2015.


1ª metade da carência → 15/04/2008 a 15/07/2015; 2ª metade da carência → 15/01/2001 a
14/04/2008.
INSTRUMENTO DATA DE EMISSÃO DO SERVE PARA QUAL METADE
RATIIFICADOR INSTRUMENTO DA CARÊNCIA?
RATIFICADOR

Nota fiscal de compra de


insumos (vacina febre 05/07/2010 SIM, para a 1ª metade da
aftosa) carência, conforme quadro
acima.

Certidão de casamento, na
qual consta a parte autora 23/04/2002 SIM, para a 2ª metade da
como LAVRADORA carência, conforme quadro
acima.

07/2013 SIM, para a 1ª metade da


Conta de luz RURAL 09/2012 carência, conforme quadro
08/2014 acima.

Cabe registar, por fim, que INEXISTEM VÍNCULOS URBANOS no CNIS,


da parte autora, bem como não há patrimônio que destoe de sua condição de segurado
especial que produz para fins de subsistência, tendo a parte autora apenas 1 MOTO HONDA
BIZ, ano 2015.

II.a) Da nova dinâmica normativa comprobatória da qualidade de segurado especial.

De todo modo, o que temos desde a MP 871/19, e até hoje, como


sendo de significativo impacto no sistema normativo de comprovação do trabalho rural para
fins previdenciários é que não mais se exige aquele estreita vinculação do art. 106, com o
art. 55,
§3º, da Lei 8.213/91.

Isso significa que não há mais a necessidade de observância invariável


do binômio probatório “início de prova material complementado por prova testemunhal” que
se tornou tão arraigado em nossa cultura judicial previdenciária, quando se trata de segurado
especial.

Existe uma nova dinâmica probatória estabelecida pelas mudanças


legislativas introduzidas pela MP 871/2019, convertida na Lei nº 13.846/2019.

A mudança nuclear para a alteração do antigo regime probatório foi a


revogação do parágrafo único, do art. 106, da Lei 8.213/91, deixando de existir a previsão de
que a prova do período rural deveria observar o disposto no art. 55, §3º, daquela lei. Além
disso, foram inseridos os artigos 38-A, 38-B, na referida lei de benefícios da previdência social,
os quais, respectivamente, tratam da criação de um cadastro dos segurados especiais no
Cadastro
Nacional de Informações Sociais (CNIS) e da determinação de que o INSS deverá utilizar “as
informações constantes do cadastro de que trata o art. 38-A para fins de comprovação do
exercício da atividade e da condição do segurado especial e do respectivo grupo familiar”.

O §1º, do art. 38-B, segue assinalando que aquele cadastro servirá


como prova exclusiva da condição de segurado especial a partir de 1º de janeiro de 2023.
Assinala-se, de outro lado, no §2º, do art. 38-B, que, para o período anterior a 1º de janeiro de
2020, o segurado especial comprovará o tempo de exercício da atividade rural por meio de
autodeclaração. Essa autodeclaração precisa ser ratificada por entidades públicas credenciadas
ou pelo próprio INSS (art. 19-C, §17, do Decreto 3.048/99).

Esses dispositivos foram regulamentados por meio do Ofício-Circular


nº 46 /DIRBEN/INSS, de 13 de setembro de 2019. Em âmbito administrativo, o referido Ofício-
Circular nº 46 /DIRBEN/INSS, de 13 de setembro de 2019, foi editado para dar orientações
"para análise da comprovação da atividade de segurado especial e computo dos períodos em
benefícios", considerando os "novos procedimentos decorrentes da publicação da Lei nº
13.846, de 18 de junho de 2019", servindo como norte interpretativo da realidade normativa
vigente desde a MP 871/19 para a comprovação do trabalho rural.

Assim, nesse novo panorama normativo, a comprovação da condição


de trabalhador rural em regime de economia familiar deve ser feita com base nos dados
governamentais, bem como em documentos complementares juntados pela parte autora,
dispensando a – antes invariável – convocação de audiência para se colher prova oral em
complementação ao início de prova material juntado. Nada impede, claro, que, em havendo
contradição, abra-se a possibilidade de dilação probatória em audiência ou, ainda, por meio de
qualquer prova idônea e legalmente admitida em nosso ordenamento jurídico (art. 369, do
Código de Processo Civil). Nesses casos, pode ainda funcionar o art. 55, §3º, da Lei 8.213/91,
como instrumento normativo subsidiário relativamente ao objetivo de se atingir aquela
comprovação. Entretanto, trata-se de norma subsidiária, porque somente terá aplicabilidade
quando for constatada à “falta de documento”, isto é, ausência dos instrumentos ratificadores
ou dos documentos complementares mencionados no Ofício-Circular 46/2019.

Assim, no panorama normativo atual, tudo gira em torno de uma


autodeclaração do segurado especial a ser ratificada por meio de dados extraídos de bases
governamentais ou, se for o caso, por meio de documentos complementares, sendo
desnecessária, como regra, a realização de audiência para colheita invariável de prova oral
destinada a comprovação da qualidade de segurado especial, sendo tal medida recomendável
apenas se houver, conforme o prudente convencimento do Juízo, contradição entre aqueles
instrumentos ratificadores ou, ainda, qualquer outro dado que necessite ser esclarecido por
meio de depoimentos do segurado e/ou de testemunhas arroladas.

III – DOS PEDIDOS.

Isto posto, com base nos fatos e fundamentos jurídicos acima


expostos, requer à V.Exa., o quanto segue:

a) concessão da GRATUIDADE DA JUSTIÇA, tendo em vista que a parte autora é


hipossuficiente financeira, nos termos da Lei 1.060/50, bem como art. 98, do Código
de Processo Civil;
b) a CITAÇÃO do INSS, para que, querendo, apresente sua defesa;
c) a concessão de TUTELA ANTECIPADA, eis que estão presentes o fumus boni iuris e o
periculum in mora, tendo em vista, especialmente, tratar-se de verba de caráter
alimentar e, bem assim, pessoa idosa que necessita urgentemente das prestações
previdenciárias que lhe são de direito para sua sobrevivência;
d) a confirmação da antecipação da tutela com a consequente condenação do INSS na
obrigação de fazer consistente na implantação da APOSENTADORIA POR IDADE AO
TRABALHADOR RURAL em nome da parte autora, reconhecendo-se tal direito desde a
DER, em 15/07/2015;
e) a condenação do INSS na obrigação de pagar consistente no direito de a parte autora
receber as parcelas atrasadas referentes ao benefício concedido nos termos do item
anterior, compreendidas desde a DER até a data da efetiva implantação, acrescidos de
juros e correção monetária.

Pugna por todos os meios de prova legalmente admitidos, em


especial, prova complementação de prova documental e testemunhal, na hipótese de V. Exa.,
entender necessário o esclarecimento de questões eventualmente controvertidas ao longo da
instrução.

Informa, por fim, que a parte autora está disposta a realizar


conciliação/mediação, a ser analisada conforme proposta eventualmente apresentada pela
autarquia previdenciária.

Dá-se à causa o valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais),


conforme cálculos anexos.

Nestes termos,

pede deferimento.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, xxxx de xxxxxxxxxxx, de 2022.

OAB ............

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