Você está na página 1de 2

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

Comarca de Mesquita

Juizado Especial Cível da Comarca de Mesquita

Rua Paraná, 01, Centro, MESQUITA - RJ - CEP: 26553-020

PROJETO DE SENTENÇA

Processo: 0003951-36.2023.8.19.0213

Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436)

AUTOR: CAROLINA ARAÚJO DE SOUZA

RÉU: BANCO BRADESCO S.A.

Dispensado o relatório, conforme artigo 38 da Lei 9.099/95. Trata-se de demanda em que a parte autora reclama que
sem sua anuência teve seu nome negativado indevidamente, requerendo o restabelecimento e indenização.

Reconheço o pedido de obrigação de fazer, já que não houve regularização.

Ante a verossimilhança das alegações e hipossuficiência técnica e econômica da parte autora, inverto o ônus da prova.
No mérito a relação é de consumo e aplica-se a Lei 8.078/90.

No mérito a relação é de consumo e aplica-se a Lei 8.078/90.

Tal diploma legal dita que as relações de consumo devem se dar com boa-fé objetiva, transparência e lealdade entre as
partes. Caberia ao réu provar o requerimento ou anuência autoral para a conta digital, e deste ônus não se desincumbiu
deixando de demonstrar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito em voga. Pelo contrário, confirma seu erro e
que já regularizou o tipo de conta.

O risco do empreendimento faz com que a empresa ré suporte os ônus de suas atividades e não se pode olvidar o
caráter punitivo pedagógico do dano moral que deve ser arbitrado com balizas de razoabilidade e proporcionalidade. De
acordo com as provas trazidas pela parte autora é indubitável que houve falha na prestação dos serviços.

Dano moral que ocorre in re ipsa pela alteração unilateral de um contrato e que priva a parte autora de atendimento da
maneira como avençada e salienta-se todo o tormento e dissabor que lhe gerou. Dentro de uma relação objetiva de
responsabilidade civil e pela previsão do artigo 6º, VI e 14 do CDC impera o dever de indenizar, independentemente de
culpa.

Para o jurista Caio Mario da Silva Pereira, o dano moral é “qualquer sofrimento humano que não é causado por uma
perda pecuniária e abrange todo atentado à sua segurança e tranquilidade, ao seu amor-próprio estético, à integridade
de sua inteligência, às suas afeições etc...”. Wilson Melo da Silva explica que danos morais são lesões sofridas pelo
sujeito físico ou pessoa natural de direito em seu patrimônio ideal, que é o conjunto de tudo aquilo que não seja
suscetível de valor econômico. Por esse entendimento doutrinário, o dano moral é qualquer dano não patrimonial.

No que diz respeito ao valor da indenização, doutrina e jurisprudência ensinam que este deve ser fixado à luz do caso
concreto, considerando o grau de reprovabilidade da conduta ilícita, a gravidade do dano por ela produzido e a
capacidade econômica das partes. Além disso, o valor arbitrado deve ser suficiente para compensar a vítima e, ao
mesmo tempo, dissuadir o ofensor da prática de atos futuros semelhantes (caráter pedagógico-punitivo dos danos
morais). Assim, entendo que a quantia de R$ 2.500,00 é razoável e adequada para reparar a lesão aos direitos da
personalidade sofrida pela autora.
Isto posto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE 1) os pedidos para condenar a ré a pagar à parte autora a importância
de R$ 2.500,00 a título de indenização por danos morais, corrigida monetariamente pelo índice da CGJ/TJRJ a partir da
publicação desta sentença e acrescida de juros de 1% ao mês desde a citação, extinguindo-se o feito com resolução do
mérito, nos termos do artigo 487, I do CPC. Oficiem-se os órgãos de praxe. Sem custas e honorários.

Julgo EXTINTO sem resolução do mérito os demais pedidos, ante a perda superveniente quanto a esse objeto, nos
termos do artigo 485, VI do CPC.

A parte Ré fica ciente de que deverá depositar a quantia acima fixada, referente à condenação em pagar quantia certa,
no prazo de 15 dias após o trânsito em julgado, independente de nova intimação, sob pena de incidência da multa de
10% prevista no art. 523, § 1º do NCPC, nos termos do Enunciado Jurídico n.º 13.9.1 do Aviso n.º 23/2008, do TJ/RJ.

Na forma do artigo 40 da Lei 9099/95, remeto o presente projeto de sentença para homologação do(a) MM. Juiz(a) de
Direito, para que produza os devidos efeitos legais.

MESQUITA, 15 de agosto de 2023.

JULIO DE ARAUJO NETO

Assinado eletronicamente por: JULIO DE ARAUJO NETO


15/08/2023 16:36:39
https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento: 72604222

230815163639661000055555555567

Você também pode gostar