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Curso Teórico de Direito Administrativo para o TRT GO

Profº. Cyonil Borges – aula 00

AULA DEMONSTRATIVA

SUMÁRIO PÁGINA

1. Apresentação 2

2. Cronograma 3a5

3. Metodologia 6e7

4. Teoria 7 a 48

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APRESENTAÇÃO
Oi Pessoal,
Agora é real! Edital do TRT GO está na Praça.
Não há tempo para “dormir”. É de notório conhecimento que o nível dos
candidatos está cada vez mais “pavoroso”, por isso é condição sine qua
non para o sucesso uma ótima preparação por meio de cursos
direcionados. Enfim, é ideal definir a estratégia, e que seja cirúrgica.
E, se você procura estratégia, não perca tempo, vem para o curso
estratégia. Aqui no sítio do curso on-line estratégia você vai encontrar
os melhores Professores, os melhores materiais.
A banca definida é a ilustre organizadora FCC.
Com relação à banca FCC, é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores
organizadoras de concursos públicos. Tempos atrás eu falava horrores da
instituição. Hoje o meu “verbo” é distinto. A banca tem prezado pela
qualidade dos certames, porém nem sempre preza pela novidade, o que é
um lado positivo para os Professores de cursinhos preparatórios, afinal
sempre acertamos na mosca! Esse será o meu caso, é claro!  No último
concurso [ICMS SP], das 10 questões de Direito Administrativo, 9 delas
foram trabalhadas de forma expressa durante o curso aqui no Estratégia
Concursos!
Ah! Apesar de ser um curso mais dirigido aos entendimentos
“FCCEANOS”, e, quiçá, outra banca a ser escolhida, é um curso de
teoria, e, enquanto tal, servirá para todas as carreiras fiscais, jurídicas e
Tribunais em geral. É só curtir!
O fato de ser um curso teórico, teremos muitos exercícios de fixação.
No site www.tecconcursos.com.br, temos mais de 39 mil questões
comentadas das mais diversas disciplinas. Depois passem por lá.
Cyonil Borges.

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PROGRAMA E CRONOGRAMA
A seguir, vejamos a distribuição do nosso curso para todos os cargos
(Analista e Técnico). Todas as aulas já estão disponíveis:

Analista Judiciário – Área Judiciária

Aula Demonstrativa - Administração pública: princípios básicos.

Aula 1 – Atos Administrativos

Aula 2 – Poderes da Administração

Aula 3 – Serviços Públicos

Aula 4 – Organização Administrativa

Aula 5 – Servidores (aspectos constitucionais)

Aula 6 – Servidores (Lei 8.112, de 1990)

Aula 7 – Processo Administrativo (Lei 9.784, de 1999)

Aula 8 – Responsabilidade Civil do Estado

Aula 9 – Controle da Administração

Aula 10 – Improbidade administrativa (Lei 8.429/92) (baseada


exclusivamente em exercícios comentados).

Analista Judiciário – Área Administrativa

Aula Demonstrativa - Administração pública: princípios básicos.

Aula 1 – Atos Administrativos

Aula 2 – Poderes da Administração

Aula 3 – Serviços Públicos

Aula 4 – Organização Administrativa

Aula 5 – Servidores (aspectos constitucionais)

Aula 6 – Servidores (Lei 8.112, de 1990)

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Aula 7 – Processo Administrativo (Lei 9.784, de 1999)

Aula 8 – Responsabilidade Civil do Estado

Aula 9 – Controle da Administração

Aula 10 – Improbidade administrativa (Lei 8.429/92).

Aula 11 – Licitações Públicas (Lei 8.666, de 1993)

Aula 12 – Contratos Administrativos (Lei 8.666, de 1993)

Aula 13 – Modalidade de Licitação Pregão (Lei 10.520, de 2002)

Observação: todas as aulas estarão disponíveis até 11 de junho de


2013. Todo o curso é teórico, exceto a aula de improbidade,
baseada exclusivamente em exercícios.

Técnico Judiciário

Aula Demonstrativa - Administração pública: princípios básicos.

Aula 1 – Atos Administrativos

Aula 2 – Poderes da Administração

Aula 3 – Serviços Públicos

Aula 4 – Organização Administrativa

Aula 5 – Servidores (aspectos constitucionais)

Aula 6 – Servidores (Lei 8.112, de 1990)

Aula 7 – Processo Administrativo (Lei 9.784, de 1999)

Aula 8 – Responsabilidade Civil do Estado

Aula 9 – Controle da Administração

Aula 10 – Improbidade administrativa (Lei 8.429/92).

Aula 11 – Licitações Públicas (Lei 8.666, de 1993)

Aula 12 – Contratos Administrativos (Lei 8.666, de 1993)

Aula 13 – Modalidade de Licitação Pregão (Lei 10.520, de 2002)

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Observação: todas as aulas estarão disponíveis até 11 de junho de


2013. Todo o curso é teórico, exceto a aula de improbidade,
baseada exclusivamente em exercícios.

METODOLOGIA
Passando à metodologia a ser adotada no presente curso, informo
que ela está baseada, essencialmente, em três pilares:
I) Objetividade: procuro tratar dos assuntos de forma direta, sem
“pirotecnias jurídicas", buscando o que há de mais importante para ser
destacado em cada questão, sem, obviamente, perder de vista os pontos
cruciais (mais cobrados em concurso) de tão rica disciplina que é o Direito
Administrativo;
II) Concisão: este curso visa ser claro e preciso, sem incorrer na
prolixidade tão comum dos estudos acadêmicos, a qual, apesar de ser
importante nas discussões doutrinárias, muitas vezes acaba por afastar o
aluno do foco pretendido, qual seja: a indicação da posição correta
que está sendo adotada pelas principais bancas examinadoras,
com destaque especial para sua organizadora; e
III) Abordagem da matéria sem perda de conteúdo: ressalto que a
objetividade e a concisão almejadas não foram pensadas com sacrifico do
conteúdo necessário.

ORIENTAÇÕES FINAIS1
A seguir, gostaria de tecer breves considerações a respeito da
experiência como professor de cursos preparatórios, somada à própria
trajetória como concursando.
Não há um método único para a aprovação em concurso. Não existe
uma “receita de bolo” infalível que possa ser utilizada por todas as
pessoas. Também não há como pré-determinar de forma generalizada um
número de horas mínimo ou máximo por dia que o aluno deve se dedicar
aos estudos, como se fosse a “chave do sucesso”. Não se pode dizer,
ainda, que está certo ou errado estudar somente uma matéria (ou mais
de uma) numa semana. Em síntese, o segredo é: crie a sua própria
estratégia.
Claro que, a partir de experiência própria, como estudante e,
sobretudo, como colaborador na preparação de alunos para concursos,
principalmente os realizados pela Esaf, Cespe e FCC, cheguei a algumas
conclusões:
1. Planejamento: é preciso que se estabeleça um ciclo de estudos.
No ciclo, independentemente do número de horas de estudo que for
1
As dicas são sintéticas, fruto de minha experiência colhida no magistério, especialmente em minhas turmas
de Tribunal de Contas da União, que tive o prazer de orientar nos ciclos de estudo no ano 2003 em Brasília.
Para um maior aprofundamento, recomendo a excelente e criativa obra do autor Alexandre Meirelles.
Simplesmente adorável.

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definido para cada dia da semana, o importante é estudar TODOS os dias,


ainda que apenas meia hora. Aqui vale o ditado de que o “hábito faz o
monge”. Pode ser uma matéria de cada vez, mais de uma, ou todas numa
semana. Mas é preciso, fundamentalmente, uma rotina, um método, algo
padronizado. Costumo dizer aos candidatos que, independentemente do
concurso, são sempre três os requisitos para a aprovação –
PLANEJAMENTO (a tal da rotina), DISCIPLINA (cumprir o planejado) e
DISPOSIÇÃO (cumprir o planejado, com todo afinco possível);
2. Seu projeto pode durar seis meses, um ano, ou mais anos.
De todo modo, o caminho será mais curto se você não perder o foco no
concurso desejado. Costumo afirmar aos colegas que não esmoreçam,
continuem entusiasmados, avançando sobre a matéria, pois como já diz
um velho almirante fuzileiro naval, “um corpo que não vibra é um
esqueleto que se arrasta”, ou seja, se você não quer ser um esqueleto se
arrastando sobre a disciplina então vibre com cada tópico novo que você
aprende de cada matéria que irá cair na sua prova;
3. Não escolha cursinhos preparatórios por grife. Informe-se
sobre as qualidades dos professores, analisando se atendem às suas
necessidades. Verifique com ex-alunos do curso que pretende fazer se as
aulas estão em sintonia fina com o que há de mais recente na
jurisprudência dos Tribunais Superiores;
4. Tenha fé, o candidato a concurso público deve ter fé, deve crer
que no “dia D” fará a sua melhor prova, deve crer que durante a sua
preparação não medirá esforços para estudar todos os itens do edital e,
principalmente, deve crer que é capaz de ocupar aquele tão sonhado
cargo público.
Outra coisa, jamais acredite nas “LENDAS” que são contadas
nos corredores dos cursinhos de que “Fulano de tal” passou no
concurso sem estudar porque é muito inteligente. Não caia nessa.
Passar em concurso exige: DISCIPLINA e DEDICAÇÃO. Não há glória sem
sofrimento, mesmo para o “Fulano de tal” (o Sr. Inteligência).
Assim, tenho a certeza de que imbuído desse ânimo de confiança
ficará mais fácil para assimilarmos os conceitos constantes dos tópicos
sobre Direito Administrativo.
Bom, passemos à “aula-demo”. Espero que “se deliciem” com o
assunto.
Abraço a todos,
Cyonil Borges.

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Princípios da Administração
1. REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Em alguns editais de concursos públicos, há a menção aos “princípios da
Administração”. Porém, os manuais clássicos de Direito Administrativo,
preliminarmente ao estudo de tal conteúdo, avançam pelo Regime
Jurídico Administrativo.
De pronto, vamos definir a expressão “regime” isoladamente.
Regime quer dizer o conjunto de normas e de princípios aplicáveis a
uma determinada situação. Muitas vezes a expressão é conjugada com
um qualificativo, um termo, que lhe trará adjetivação. Por exemplo:
- Regime de concurso público: para passar no concurso público,
devemos seguir um conjunto de normas e de princípios, caso contrário, o
resultado final (passar no concurso) não será facilmente alcançável.
- Regime de peso: para emagrecer devemos seguir um conjunto de
regras (caminhar uma hora/dia) e de princípios (evitar a gula), sob pena
de não alcançarmos o objetivo desejado.
- Regime de escola militar: para cumprir o estágio militar, devemos
acordar cedo, malhar (natação, corridinha mixuruca que não dá nem pra
cansar), estudar, passar pela provação das refeições (carne de monstro,
jacuba das cores mais variadas), enfim, cumprir uma série de princípios e
de regras, sob pena de não alcançarmos a excelência na formação militar.
Trazendo agora para a nossa realidade, há, igualmente, regime jurídico.
Há regime jurídico de servidores. Há regime jurídico de licitações.
Nesses casos, a expressão diz respeito às normas principais aplicáveis
aos servidores e às licitações, respectivamente. Enfim, a
Administração Pública convive com um conjunto de normas e de
princípios, no Regime Jurídico da Administração.
A expressão “regime jurídico da Administração” é o gênero, que comporta
como espécies o Regime de Direito Privado e o Regime Jurídico
Administrativo (normas e princípios de Direito Público). Para a Professora
Maria Sylvia Di Pietro, a expressão regime jurídico da Administração
Pública é utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes de
direito público e de direito privado a que pode submeter-se a
Administração Pública. Já a expressão regime-jurídico administrativo
é reservada tão-somente para abranger o conjunto de traços, de
conotações, que tipificam o Direito Administrativo, colocando a
Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação
jurídico-administrativa.
Fácil concluir, portanto, que o regime jurídico adotado pela
Administração não é formado só por normas de Direito Público. Nem
sempre a Administração acha-se em posição de verticalidade
(unilateralidade, império) sobre os administrados. Vamos entender um
pouco melhor o assunto, ao velho estilo “Jack” (por partes).

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Quem já ouviu falar em Caixa Econômica Federal (CEF)?


Todos, obviamente. A CEF é empresa pública da União (é do Estado,
portanto).
E o Banco do Brasil (BB), alguém já ouviu falar?
Claro que sim! O BB é sociedade de economia mista da União (é do
Estado, em conclusão).
Será que tais entes são pessoas jurídicas de Direito Público ou de
Direito Privado? Será que o regime é de Direito Público ou de Direito
Privado?
Façamos, agora, a leitura do art. 173, §1º, da CF/1988:
A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
explorem atividade econômica de produção ou comercialização
de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
comerciais, trabalhistas e tributários;
Em síntese: a CF/1988 definiu, a priori, o regime das empresas
governamentais como de Direito Privado (próprio das empresas
privadas, no dispositivo acima), não deixando, portanto, espaço para a
adoção de regime jurídico distinto. Assim, temos que nem sempre o
Estado se submete integralmente às normas de Direito Público.
Façamos a leitura, nesse instante, do art. 175 da CF/1988:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias
de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão;
(...).
Distintamente das empresas do Estado (CEF e BB, por exemplo), em
que o regime é, primordialmente, de Direito Privado, nos termos da
CF/1988, percebemos que a Lei disporá sobre o regime das empresas
concessionárias e permissionárias, logo, podendo ser: Direito
Público ou Direito Privado ou Híbrido (público e privado).

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Em suma: a Administração Pública não é regida só por normas de


Direito Privado, podendo o regime ser definido como de Direito Público
na própria CF/1988 ou pela legislação ordinária.
Essa submissão ora ao Direito Público, ora ao Direito Privado, ou a
ambos, levou parte dos doutrinadores à classificação de que existe algo
maior que regime jurídico administrativo, é o Regime Jurídico DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ou regime jurídico administrativo, em
sentido amplo). Responsável, assim, por englobar tanto as normas de
Direito Público (regime jurídico-administrativo), como as de Direito
Privado (regime jurídico de direito privado), aplicáveis à própria
administração em situações específicas.
Chegamos à conclusão de que o conceito de “DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA” é MAIOR que “ADMINISTRATIVO”. Assim, regime
jurídico DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA não abrange tão-somente o
regime JURÍDICO-ADMINISTRATIVO, como também o de DIREITO
PRIVADO.
No entanto, é no regime jurídico-administrativo (de Direito Público)
que a Administração dispõe de prerrogativas (de força, de
supremacia sobre os particulares). Isso ocorre em razão do
significado que o Estado possui na sociedade: a de ser responsável pelo
cumprimento dos interesses coletivos (públicos).
Em consequência, a Administração Pública dispõe de “poderes
especiais” que não são colocados à disposição do particular. Como
exemplos de tais prerrogativas: o exercício do poder de polícia, a
desapropriação de bens, a possibilidade de aplicação de sanções
administrativas independentemente da intervenção judicial.
Todavia, no regime jurídico-administrativo, não há só prerrogativas
(autonomia). Jamais! Existem também as restrições (à liberdade),
contrapartida das prerrogativas. Vamos mais um exemplo.
Imagine que a Administração Pública tenha de adquirir veículos
e toma conhecimento que uma loja está com uma “promoção”,
com preços bastante inferiores aos correntes no mercado. Poderia o
Administrador livremente, ao seu arbítrio, adquirir os veículos?
Sonoramente, NÃO!
A razão disso que é Constituição Federal submete a Administração ao
dever de licitar suas aquisições (art. 37, inc. XXI), restringindo o que
se poderia nominar de “liberdade” da Administração em realizar
contratos.
Portanto, o regime jurídico-administrativo poderia ser resumido em
duas expressões: prerrogativas e sujeições do Estado, no desempenho
de suas atividades Administrativas.
Ainda quanto aos regimes jurídicos aplicáveis à Administração, como já se
disse, a Administração Pública pode estar submetida,
preponderantemente, a normas do Direito Privado. É o que

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acontece, por exemplo, na exploração de atividades econômicas por


parte do Estado.
Com efeito, como sobredito, o inc. II do §1º do art. 173 da CF/1988
estabelece que as empresas públicas e sociedades de economia
mista que explorem atividades econômicas se submetem às mesmas
normas que valem para as empresas privadas quanto a direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.
Assim, o Banco do Brasil, sociedade de economia mista federal, ao atuar
no mercado, submete-se às mesmas “regras do jogo” que valem para os
bancos privados.
A doutrina clássica costuma firmar que, nestes casos, os órgãos ou
entidades da Administração Pública se encontram em posição
“horizontal” quando comparados ao particular.
Cuidado especial, no entanto, merece ser dado. Por mais que a
Administração Pública submeta-se predominantemente ao Direito
Privado, esta submissão não é integral. Isso se dá porque, ao fim, o
papel dos órgãos/entidades da Administração é o alcance do interesse
público, independentemente de qual regime jurídico é aplicável ao
caso. Por exemplo: a CEF e o BB devem licitar, devem realizar concursos
públicos, ou seja, apesar de não gozarem de prerrogativas, contam
com restrições de Direito Público.
AUFC/TCU/Controle Externo/2004
Assunto: Regime Jurídico Administrativo
Considerando as fontes e os princípios constitucionais do direito
administrativo e a organização administrativa da União, julgue os
seguintes itens.
A expressão regime jurídico-administrativo, em seu sentido amplo,
refere-se tanto aos regimes de direito público e de direito privado a
que se submete a administração pública quanto ao regime especial
que assegura à administração pública prerrogativas na relação com
o administrado. (Certo/Errado)2

AUFC/TCU/Controle Externo/Controle Externo/2006


O regime jurídico-administrativo é entendido por toda a doutrina de
Direito Administrativo como o conjunto de regras e princípios que
norteiam a atuação da Administração Pública, de modo muito
distinto das relações privadas. Assinale no rol abaixo qual a situação
jurídica que não é submetida a este regime.

2
O item está ERRADO. Não é uma questão trivial. A expressão regime jurídico administrativo, em sentido
amplo, pode ser utilizada como sinônimo para Regime Jurídico da Administração. Este, por sua vez, refere-se
ao conjunto de normas de Direito Público e Direito Privado. Perceba que, no quesito, há a afirmação de que o
Regime, em sentido amplo, assegura “regime especial”. Na verdade, apenas o regime jurídico administrativo,
em sentido estrito, é que garante prerrogativas.

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a) Contrato de locação de imóvel firmado com a Administração


Pública.
b) Ato de nomeação de servidor público aprovado em concurso
público.
c) Concessão de alvará de funcionamento para estabelecimento
comercial pela Prefeitura Municipal.
d) Decreto de utilidade pública de um imóvel para fins de
desapropriação.
e) Aplicação de penalidade a fornecedor privado da Administração.3

Proc (BACEN)/BACEN/2002
Tratando-se da relação jurídico-administrativa, assinale a opção
falsa.
a) Nesta relação, uma das partes está em posição de supremacia
em relação à outra.
b) A presunção de legitimidade dos atos administrativos decorre da
natureza desta relação.
c) Um ato de gestão de pessoal de uma fundação pública de direito
público, quanto a seu servidor, insere-se nesta relação.
d) O fundamento da ação administrativa nesta relação é,
necessariamente, a realização do interesse público.
e) Para se configurar esta relação, basta que uma das partes seja
pessoa jurídica integrante da Administração Pública Direta ou
Indireta.4

1.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


Como esclarece a Professora Maria Sylvia Di Pietro, o Direito
Administrativo nasceu e se desenvolveu baseado em duas ideias opostas:
de um lado, a proteção aos direitos individuais frente ao Estado, que
serve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos pilares do
Estado de Direito; de outro lado, a de necessidade de satisfação dos
interesses coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas e
privilégios para a Administração Pública, quer para limitar o exercício
dos direitos individuais em benefício do bem-estar coletivo (poder de
polícia), quer para a prestação de serviços públicos.
As liberdades dos indivíduos são, para estes, verdadeiros direitos, e,
portanto, restrições para o Estado. Por outro lado, o Estado conta com
autoridade, sintetizada nas prerrogativas que lhe permitem assegurar a
supremacia do interesse público sobre o particular.

3
A resposta é letra A. Em todas as alternativas há atos praticados pelo Estado e regidos pelo Direito Público,
ou seja, pelo Regime Jurídico Administrativo. No entanto, na alternativa “A”, temos situação regida pelo
Direito Privado (contrato de locação).
4
A resposta é letra “E”. A CEF e o BB são entidades integrantes da Administração Indireta, no entanto, pessoas
jurídicas de Direito Privado. Não estão sujeitas, em estrito senso, ao regime jurídico-administrativo, assim
entendido como conjunto de normas e princípios de Direito Público.

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Para o autor Celso Antônio, o regime jurídico-administrativo é construído,


fundamentalmente, em dois princípios básicos, dos quais os demais
decorrem: o da supremacia do interesse público sobre o particular
(prerrogativas) e o da indisponibilidade do interesse público
(restrições).
Portanto, relativamente ao estudo do regime jurídico-administrativo,
percebemos que as prerrogativas são sinais de força (poderes) (p.
ex.: a desapropriação), enquanto que as restrições representam
sujeições (deveres) (p. ex: o cumprimento da finalidade pública),
binômio poder-dever ou dever-poder.
As prerrogativas podem ser traduzidas no princípio da supremacia do
interesse público sobre o particular, enquanto que as restrições, no
princípio da indisponibilidade e da legalidade. Esses dois princípios
são informadores do regime jurídico administrativo.
AUFC/TCU/Controle Externo/Auditoria de Obras Públicas/2009
Acerca dos contratos administrativos, julgue o item seguinte.
O regime jurídico-administrativo fundamenta-se, conforme entende
a doutrina, nos princípios da supremacia do interesse público sobre
o privado e na indisponibilidade do interesse público.
(Certo/Errado)5
O princípio da supremacia do interesse público, metaforicamente,
quer significar que a Administração Pública é colocada em posição
vertical (diferenciada) quando comparada aos particulares. Isso se
deve à prevalência do interesse público sobre o privado, que dá, por
conseguinte, uma série de prerrogativas em favor da Administração.
No caso de confronto entre o interesse individual e o público, este é que,
em regra, prevalecerá, tendo em conta ser mais amplo. Ou de outra
forma: o grupo é mais importante do que o indivíduo. Aprendemos isso
cedo, não é mesmo? Quantas vezes as nossas professoras do primário
nos disseram isso...
Obviamente, não só de prerrogativas se faz um Estado. Em
contrapartida da supremacia do interesse público, a indisponibilidade
desse mesmo interesse faz com que a Administração, por intermédio de
seus agentes, não tenha “vontade própria”, por estar investida no papel
de satisfazer a vontade de terceiros, quais sejam, o coletivo, a sociedade.
De fato, os agentes públicos têm o papel de levar as atribuições do
Estado a efeito, Estado esse que, ao fim, é uma espécie de “tutor” dos
interesses públicos. Não pode o agente, dessa forma, atuar da forma que
bem entender, mas sim conforme exigido pela coletividade por intermédio
do instrumento que é próprio para tal exigência: a lei.
Com efeito, o princípio da indisponibilidade guarda uma relação
muito estreita com o princípio da legalidade. Por este último, a

5
O item está CERTO.

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Administração só faz o que a norma determina ou autoriza, quando


e como permite, sendo, pois, bastante diferente da legalidade aplicada
aos particulares, que podem fazer tudo o que não é proibido pela
norma.
Percebe-se, por fim, significativa diferença quanto à vontade
administrativa X vontade dos particulares, que pode ser assim resumida:
enquanto os particulares possuem ampla liberdade de vontade,
podendo realizar tudo aquilo que não lhes seja proibido, à
Administração só é lícito fazer o que lhe é determinado, ou ao
menos autorizado pela norma.
AFRFB/SRFB/Auditoria/2003
O estudo do regime jurídico-administrativo tem em Celso Antônio
Bandeira de Mello o seu principal autor e formulador. Para o citado
jurista, o regime jurídico-administrativo é construído,
fundamentalmente, sobre dois princípios básicos, dos quais os
demais decorrem. Para ele, estes princípios são:
a) indisponibilidade do interesse público pela Administração e
supremacia do interesse público sobre o particular.
b) legalidade e supremacia do interesse público.
c) igualdade dos administrados em face da Administração e controle
jurisdicional dos atos administrativos.
d) obrigatoriedade do desempenho da atividade pública e finalidade
pública dos atos da Administração.
e) legalidade e finalidade.6

AFT/MTE/2003
O regime jurídico administrativo consiste em um conjunto de
princípios e regras que balizam o exercício das atividades da
Administração Pública, tendo por objetivo a realização do interesse
público.
Vários institutos jurídicos integram este regime. Assinale, entre as
situações abaixo, aquela que não decorre da aplicação de tal
regime.
a) Cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos.
b) Autoexecutoriedade do ato de polícia administrativa.
c) Veto presidencial a proposição de lei.
d) Natureza estatutária do regime jurídico prevalente do serviço
público.
e) Concessão de imissão provisória na posse em processo
expropriatório.7

6
A resposta é letra A.
7
A resposta é letra C. Excelente questão. Em todos os itens há prerrogativas da Administração Pública, enfim,
sinal de força, de imperatividade, de verticalidade. Porém o “veto presidencial” não é praticado pelo
presidente da República no exercício da função administrativa. O veto faz parte do processo legislativo, mais
próximo, portanto, do conceito de atos de governo ou políticos.

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AFRFB/SRFB/Política e Administração Tributária/2000


No âmbito do regime jurídico-administrativo, não é considerada
prerrogativa da Administração Pública:
a) poder de expropriar
b) realizar concurso público para seleção de pessoal
c) alterar unilateralmente os contratos administrativos
d) instituir servidão
e) impor medidas de polícia8

APO (MPOG)/MPOG/Planejamento e Orçamento/2005


O seguinte instituto não se inclui entre os decorrentes das
prerrogativas do regime jurídico-administrativo:
a) presunção de veracidade do ato administrativo.
b) autotutela da Administração Pública.
c) faculdade de rescisão unilateral dos contratos administrativos.
d) autoexecutoriedade do ato de polícia administrativa. e) equilíbrio
econômico-financeiro dos contratos administrativos.9
Antes de passarmos para o próximo tópico, seguem breves considerações
sobre o interesse público. O que é esse tal de interesse público?
O interesse público, por dizer respeito ao coletivo, sobrepõe-se aos
interesses individuais, daí ser dito “supremo”. Claro que a prevalência do
interesse público não é um fim em si mesmo. Sob o pretexto de dar
cumprimento aos interesses públicos não pode o administrador público
simplesmente fulminar os direitos e liberdades individuais, garantias
consagradas constitucionalmente.
A “chave” então da melhor interpretação do princípio da supremacia
do interesse público é a ponderação entre as prerrogativas estatais
de um lado e os direitos/liberdades individuais de outro, entendidas estas
como verdadeiras restrições na atuação do Estado. Portanto, deve-se
preservar o equilíbrio, dado que não há poderes ilimitados concedidos à
Administração Pública.
Ainda que quase inviável precisar-se o que é “interesse público”, não se
pode conceituar esse como sendo apenas o que diz respeito ao
Estado, em si, relacionado à entidade representante. Tampouco se pode
conceituá-lo como resultante do somatório dos interesses individuais.
Dessa forma, a doutrina costuma segmentar o interesse público em:
I) Primário – corresponde ao cumprimento da lei, e, portanto, ao
interesse público propriamente dito ou finalístico. É visto de
dentro para fora, exemplo da prestação de serviços públicos.

8
A resposta é letra “B”. Em todos os itens há prerrogativas, exceto na letra “B”. A realização de concurso
público não é um poder da Administração (prerrogativa), mas sim uma restrição (dever).
9
A resposta é letra “E”. As prerrogativas são os direitos da Administração. É que lhe asseguram a possibilidade
de impor as medidas em desfavor dos administrados e em preservação ao interesse público. Perceba que, no
item “E”, há um dever do Estado, portanto, uma restrição.

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II) Secundário – entendido como a necessidade de a


Administração lograr vantagens para si. Ocorre internamente à
Administração (atividade-meio): finanças públicas e nomeação
de servidores, por exemplo.
O Estado é uma instituição que age por intermédio de órgãos, entidades e
agentes, mas que, ao fim, num plano extrajurídico, tem interesse de
“maximizar” seus ganhos, e muitas vezes tende a privilegiar interesses
secundários em detrimento dos primários (o que veremos não ser
possível). Mais um exemplo para ilustrar o que se expõe.
O Estado pode, em determinado momento, querer elevar ao máximo as
alíquotas dos impostos, almejando mais receita para cobrir dívidas
passadas. Neste caso, tenderia a agir como um particular: maximizar
receitas para cobrir despesas. Só que, evidentemente, não é isso que a
sociedade e a lei exigem do Estado.
De outra forma, quer-se do Estado que a tributação seja feita nos limites
necessários para se proporcionar o bem-estar social. Por conseguinte,
pode-se afirmar que só é permitido ao Estado perseguir interesses
públicos secundários quando estes coincidirem com os interesses
públicos primários (os públicos, propriamente ditos).
Assim, é correto afirmar que o interesse público primário não
coincide, necessariamente, com o do Estado (o secundário, o
destinado para atender suas conveniências internas). De fato, em um
aspecto puramente “gerencial”, o Estado tentaria maximizar seus próprios
interesses, muitas vezes não condizentes com aqueles dispostos na
norma.
Por outro lado, a observância dos interesses públicos compete não
aos órgãos e entidades da Administração em si, uma vez que estes
não passam de mera ficção jurídica. Para que os interesses públicos
sejam atingidos, são necessários agentes públicos, os quais tornarão
concreta a atuação da Administração Pública.
Esses agentes, na busca dos interesses públicos, atuam não em razão de
vontade pessoal, mas daquilo que lhes impõe a norma, em sentido
amplo. A doutrina majoritária tem dito que “falta vontade” àquele que
atua em nome do interesse público, o agente público. De outra forma,
este se norteia por determinação ou autorização da norma, que torna o
interesse público indisponível ao agente em si.
AFRFB/SRFB/Tributária e Aduaneira/2005
Assunto: Regime Jurídico Administrativo
Tratando-se do regime jurídico-administrativo, assinale a afirmativa
falsa.

a) Por decorrência do regime jurídico-administrativo não se tolera


que o Poder Público celebre acordos judiciais, ainda que benéficos,
sem a expressa autorização legislativa.

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b) O regime jurídico-administrativo compreende um conjunto de


regras e princípios que baliza a atuação do Poder Público,
exclusivamente, no exercício de suas funções de realização do
interesse público primário.

c) A aplicação do regime jurídico-administrativo autoriza que o


Poder Público execute ações de coerção sobre os administrados sem
a necessidade de autorização judicial.

d) As relações entre entidades públicas estatais, ainda que de


mesmo nível hierárquico, vinculam-se ao regime jurídico-
administrativo, a despeito de sua horizontalidade.

e) O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de


atos normativos administrativos, bem como a execução de atos
administrativos e ainda a sua respectiva interpretação.10

Melhores momentos:
I) regime jurídico é um conjunto de normas e de princípios
aplicado à determinada situação;
II) o regime jurídico aplicável à Administração pode ser tanto de
direito público (administrativo), como de direito privado
(Regime Jurídico da Administração ou regime jurídico-
administrativo, em sentido amplo);
III) o regime jurídico-administrativo é um conjunto de
prerrogativas e sujeições concedido à Administração Pública,
para melhor cumprimento dos interesses públicos;
IV) ainda que se sujeite predominantemente a normas de
direito privado, a Administração Pública nunca se submete de
forma integral a normas de tal ramo jurídico. Por exemplo: as
empresas estatais estão sujeitas às restrições legais e
constitucionais (realização de concurso público e de licitações, por
exemplo);
V) O interesse público primário representa a Administração
Pública no sentido finalístico, extroverso, com outras palavras,
é o interesse público propriamente dito, pois dirigido diretamente
aos cidadãos (de dentro do Estado para fora – Administração
Extroversa). Já o interesse público secundário diz respeito aos
interesses do próprio Estado, internos, introversos, portanto,
inconfundíveis com os primários (propriamente ditos). Por
exemplo: a locação de um galpão para guarnecer livros, enquanto a

10
A resposta é letra B. A realização de concursos públicos é ato interno da Administração. É o que a doutrina
reconhece como interesse público secundário. Porém é induvidoso que, a despeito de secundário, deve ser
regido por princípios da Administração.

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biblioteca passa por reforma. É ato interno, porém, visa à proteção


do interesse público propriamente dito.
1.2.PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A palavra princípio quer significar o que vem antes ou depois?
Claro que antes!
Os princípios são os vetores fundamentais que alicerçam o edifício
jurídico das regras. Há quem diga que a não observância aos princípios é
mais grave que ignorar o comando legal11, afinal os princípios têm
eficácia nomogenética, ou seja, na genética (DNA) das leis
encontramos os princípios (consiste em dar fundamentos
finalístico-valorativos para a edição de novos preceitos e neles
reproduzir esse conteúdo).
Além da eficácia normogenética, socorre-se dos ensinamentos do autor
Diogo de Figueiredo para enumerar outras formas de eficácia mediata dos
princípios. Vejamos:
 Axiológica: consiste em definir com clareza, na ordem jurídica, os
valores que a informam;
 Otimizadora: consiste em orientar a interpretação dos preceitos e
dos atos concretos que conformam uma ordem jurídica, conferindo-
lhes a mais ampla, profunda e completa aplicação possível a seu
conteúdo de valor;
 Sistêmica: consiste em interconectar todos os preceitos e atos
concretos informados pelo mesmo princípio, como que conformando
uma superestrutura abstrata, que lhes infunde unidade e coerência;
 Integrativa: consiste em preencher eventuais lacunas da ordem
jurídica.
A doutrina [Cretella] classifica os princípios em:
a) onivalentes ou universais, comuns a todos os ramos do saber,
como o da identidade e o da razão suficiente. Por exemplo: A não é
B, logo B não é A (isso é universal);
b) plurivalentes ou regionais, comuns a um grupo de
ciências, informando-as nos aspectos em que se interpenetram.
Exemplos: o princípio da causalidade, aplicável às ciências naturais
e o próprio princípio do alterum non laedere (não prejudicar a
outrem), aplicável às ciências naturais e jurídicas;
c) monovalentes, que se referem a um só campo do
conhecimento, há tantos princípios monovalentes quantas sejam
as ciências cogitadas pelo espírito humano. É o caso dos princípios

11
Celso Antônio Bandeira de Mello, por exemplo.

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gerais de direito, como o de que ninguém se escusa alegando


ignorar a lei.
d) setoriais, que informam os diversos setores em que se divide
determinada ciência. Por exemplo, na ciência jurídica, existem
princípios que informam o Direito Civil, o Direito do Trabalho, o
Direito Penal etc.
Com base nesta classificação, pode-se dizer [Maria Sylvia Zanella Di
Pietro] que o Direito Administrativo está informado por determinados
princípios, alguns deles próprios também de outros ramos do Direito
Público e outros dele específicos e enquadrados como setoriais.
Se os princípios são normas que antecedem as regras, fácil perceber que
os são dotados de carga normativa mais perene do que as leis,
principalmente porque não há hierarquia material entre princípios
(por exemplo: princípio da eficiência é o mais recente dos princípios
expressos, porém não apaga a legalidade. Tais postulados convivem
harmonicamente). A partir de um exemplo, fica mais tranquilo
compreender a ausência de hierarquização material entre princípios.
Imaginem a construção de um prédio. Começamos por onde? Pela
sua base, claro, seus alicerces, que devem estar nivelados, para
que o prédio não corra risco de desmoronar. Se tivéssemos uma
parte do alicerce mais elevada que as demais, nosso prédio
certamente tombaria.
Pois bem. Nosso “prédio”, daqui por diante, é a Administração Pública. E
seus pilares, seus princípios, dão suporte a toda atividade da
Administração, e as janelas são as regras (leis). Ah! Quebrar a janela é
menos grave que derrubar um dos alicerces, concordam?
Alguns desses “pilares” são explícitos na Constituição, e constam, por
exemplo, do caput do art. 37 da CF/1988. Outros são encontrados
implicitamente no texto constitucional, são depreendidos do sistema
jurídico-administrativo-constitucional.
Mas a CF não é o único repositório dos princípios. Há princípios
expressos em textos legais (no campo infraconstitucional), como os do
art. 2º da Lei 9.784/1999 (Lei de Processo Federal), e, por fim, a
doutrina pátria “constrói” inúmeros princípios, a partir da
interpretação da ordem jurídica.
Abre-se um parêntese para esclarecer que há, na doutrina, quem defenda
a existência de hierarquia entre princípios. Por isso, citou-se, acima,
ausência de hierarquia material entre os princípios. Para Diogo de
Figueiredo, os princípios podem se hierarquizar formalmente,
enciclopedicamente ou axiologicamente. Na ordem jurídica brasileira,
hierarquizam-se, formalmente, os princípios constitucionais e
infraconstitucionais. Enciclopedicamente, os princípios distinguem-se
em fundamentais, gerais e setoriais. Por fim, axiologicamente, segundo
a importância filosófica, política, econômica ou social que apresentam

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(preeminência da dignidade humana sobre o da publicidade, por


exemplo).
Como dito, por serem orientativos, os princípios constitucionais não
possuem, entre si, hierarquização conceitual: não há princípio mais
ou menos importante, TODOS são de igual importância. Vem a
pergunta: se não há hierarquia material, como resolver eventuais
conflitos?
O quadro, a seguir, sintetiza as formas de resolução de conflitos das leis e
dos princípios. Perceba que são critérios distintos.

CONFLITO

LEIS PRINCÍPIOS

Hierarquia
Princípio da predominância
Cronológico
dos valores
Especialidade

Para o conflito entre as leis, vale a norma superior sobre a inferior


(critério da hierarquia “lex superior derogat inferior”). Exemplo da
prevalência da CF sobre as normas infraconstitucionais); se equivalentes
em termos de hierarquia, aplica-se a lei mais nova sobre a antiga (critério
cronológico ou da anterioridade “lex posterior derogat priori”), e, por fim,
o critério da especialidade, em que lei especial derroga lei geral.
Agora, tratando-se de princípios, o que acontece, em um caso
concreto, é que um ou mais princípios podem prevalecer quando
comparado a outro. Aplica-se o princípio da preponderância de
interesses ou valores ou da ponderação.
Assim, devemos afastar a “velha” ideia de que o princípio da legalidade
está além, acima, dos demais, em razão do estrito dever de a
Administração obedecer à lei, por intermédio de seus agentes. O
entendimento é equivocado. O princípio da legalidade precede
(vem antes) aos demais, mas não é maior do que os demais princípios.
Com efeito, como dito, os princípios não possuem, entre si,
hierarquização material: não há princípio mais ou menos importante,
todos se equiparam. Explicando de uma forma mais “construtiva”.
Foi realizada uma comunicação anônima ao TCU ou ao MPF a
respeito de fatos graves praticados no âmbito da Administração
Pública. Ora, o texto constitucional veda o anonimato (inc. IV do
art. 5º), logo, deve o TCU ou o MP determinar o arquivamento
do processo?
Não é bem assim. Se, por um lado, a liberdade de expressão não é
absoluta, impedindo o abuso quanto à opinião, garantindo-se a

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identificação do eventual denunciante; por outro, não há


impedimento para que o TCU e o MP adotem medidas de ofício (por
iniciativa sua) para averiguação de fatos informados mediante
documentos apócrifos.
A Administração Pública não pode se furtar de atender o interesse
público. Assim, imagine-se que os fatos comunicados ao Estado
sejam extremamente graves e que possuam claros indícios de
serem verdadeiros. Poderia o Estado simplesmente não apurar
por conta da sobredita vedação ao anonimato? Claro que
não! Deveria apurar, mas não em um processo autuado como
denúncia, mas noutro, como, por exemplo, numa representação da
Unidade Técnica.
Dessa forma, a denúncia não seria conhecida, mas a situação seria
apurada, se fundamentada estivesse. Pergunta-se: qual seria o
princípio a amparar essa apuração de ofício? Além da
legalidade, impessoalidade e moralidade, o princípio da
verdade real (ou material) determinaria a apuração.
Professor, o que é esse tal princípio da verdade real ou
material? Não é o momento ideal para avançarmos nos pormenores do
referido princípio. Em todo caso, uma rápida “pincelada” acerca do
princípio da verdade material.
A busca pela verdade real orienta a atuação da Administração Pública.
Isso se dá, em especial, porque, diferentemente dos processos judiciais
comuns (da esfera cível), nos processos administrativos a relação jurídica
constituída é bilateral e não trilateral.
Nos processos administrativos, de um lado, tem-se a Administração que,
ao tempo que integra o processo como interessada, possui o dever de
buscar as informações (provas, quando for o caso) para a tomada de
decisão.
Nos processos judiciais cíveis, a produção de provas compete às partes,
com um terceiro isento, neutro (o Juiz ou Tribunal Judicial) responsável
pela decisão. Bem diferente, portanto, da natureza dos processos
administrativos, para os quais podem ser apontadas as seguintes
características básicas:
I) é uma relação bilateral: de um lado estará a Administração e de
outro, o interessado, que pode ser um particular ou mesmo um agente
público. Já os processos judiciais comuns constituem uma relação
trilateral;
II) cumpre à Administração movimentar o processo
administrativo, uma vez que o integra como interessada. Vale o
princípio do “impulso oficial”.
Assim, mesmo que não provocada, a Administração poderá instaurar
um processo administrativo, desde que entenda necessário. Por isso, um

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documento apócrifo (anônimo), em casos concretos, poderá dar início a


um processo administrativo, ainda que tal processo não seja constituído a
partir do expediente anônimo.
Nos processos judiciais comuns, o impulso (andamento) do processo
incumbe às partes (de regra), as quais devem provocar a atuação
jurisdicional para que o feito tenha andamento; e,
III) nos processos administrativos prevalece a busca da verdade
real, assim entendida como aquela que se levanta dos fatos efetivamente
ocorridos, ainda que não constantes formalmente de um processo
administrativo, por exemplo.
Nos processos judiciais cíveis, vale a verdade formal, ou seja, se
uma informação não estiver formalmente contida nos autos do
processo, para o Juiz ou Tribunal Judicial é como, de regra, não
houvesse no mundo.
Dessa forma, ainda que a comunicação tenha sido anônima, poderia
(e até deveria) o TCU instaurar um procedimento de ofício, visando ao
esclarecimento dos fatos. A vedação ao anonimato, portanto, pode
ser relativizada, em casos específicos, a bem da preservação do
interesse público.
Outro exemplo de ponderação é colhido na jurisprudência do STJ (RMS
24339). Na ocorrência de ilegalidade, é dever de a Administração (de
ofício ou por provocação) e o Judiciário (por provocação) anular o ato
administrativo. No entanto, é possível a legalidade ceder espaço para o
princípio da segurança jurídica, em que a manutenção do ato ilegal
causará menos prejuízos que a sua retirada (fenômeno da estabilização
dos efeitos do ato administrativo).
1.2.1. PRINCÍPIOS EXPRESSOS
Em termos de texto constitucional, o Capítulo VII, do Título III (Da
organização do Estado), da Constituição da República Federativa do
Brasil, consagra as normas básicas regentes da Administração Pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos estados,
do Distrito Federal e dos municípios; e proclama os princípios
constitucionais essenciais para a probidade e transparência na gestão da
coisa pública. São princípios constitucionais expressos no caput do art.
37 da CF (LIMPE):
Legalidade;
Impessoalidade;
Moralidade;
Publicidade e
Eficiência.
Tais princípios valem para todos os Poderes, de todos os entes
integrantes da Federação Brasileira (União; estados; Distrito Federal,

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e municípios), e respectivas Administrações Direta e Indireta. Façamos a


leitura do teor do referido dispositivo constitucional:
Art. 37 - A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (...).
No momento adequado, veremos que a Administração Indireta dos
Estados, também chamada de Descentralizada, é formada por entidades
administrativas de Direito Público (Autarquias, por exemplo) e de Direito
Privado (Sociedades de Economia Mista, por exemplo).
Importante: perceba que o comando constitucional, também, dirige-se a
toda a Administração Indireta, independentemente da natureza jurídica
da entidade. Assim, mesmo entidades da Administração Pública que
explorem atividades econômicas, como o Banco do Brasil e a Petrobras,
submetem-se aos princípios constitucionais da Administração Pública.
(TJ TRE ES/Administrativa/"Sem Especialidade" Acerca da
administração pública e de seus princípios, julgue o próximo item. Os princípios
elencados na Constituição Federal, tais como legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência, aplicam-se à administração pública direta, autárquica e
fundacional, mas não às empresas públicas e sociedades de economia mista que
explorem atividade econômica12.
Na verdade, além da Administração Pública, a carga normativa dos
princípios é cogente, coativa, obrigatória, inclusive, para os particulares.
Como assim para os particulares? Nunca ouvi falar sobre isso! Vamos
entender melhor, então.
Os particulares não são obrigados a manter qualquer vínculo especial com
a Administração Pública. Porém não há impedimento de se submeterem,
facultativamente, conforme o interesse, às regras de Direito Público. Por
exemplo: tais particulares podem ser qualificados, discricionariamente,
como Organizações Sociais (OSs), e podem, doravante, passar a receber
dinheiros públicos para operacionalizar eventual contrato de gestão
celebrado com Ministério Supervisor. Nos termos da Lei 9.637, de 1998
(Lei das OSs), as OSs acham-se presas, em suas aquisições, ao
cumprimento dos princípios da Administração Pública.
Vendo o assunto sob outra ótica, pode se afirmar que os princípios
constituem, ainda, direitos do cidadão. Com efeito, caso a Administração
atue em conformidade com os princípios isso garantirá que suas ações
sejam legais, impessoais, morais, por exemplo. Por isso a afirmativa – a
observância dos princípios por parte Administração constituem verdadeiro
direito do cidadão.
(2011 – PREVIC – Cargo 6) O cumprimento dos princípios
administrativos — especialmente o da finalidade, o da moralidade, o do

12
Gabarito: ERRADO.

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interesse público e o da legalidade — constitui um dever do administrador


e apresenta-se como um direito subjetivo de cada cidadão13.
Deixando de lado, por enquanto, os princípios específicos contidos nas leis
8.666/1993, e 8.987/1995 (os quais serão analisados nas cenas das
próximas aulas), serão comentados os princípios constitucionais e legais
expressos. Evidentemente, as análises, a seguir procedidas, não
esgotarão todos os princípios, já o número destes dependerá do
doutrinador utilizado como referência. Mas serão abordados aqueles
considerados mais relevantes para o nosso objetivo: GABARITAR o
assunto em prova.
1.2.1.1. Legalidade
Sabe-se que, no âmbito das relações privadas, vige a ideia de que
tudo que não está proibido em lei está permitido. Nas relações
públicas, contudo, o princípio da legalidade envolve a ideia de que a
Administração Pública só pode atuar quando autorizada ou
permitida pela lei. A norma deve autorizar o agir e o não agir dos
sujeitos da Administração Pública, pois ele é integralmente
subserviente à lei. (por Dirley Cunha)

Sabemos que os princípios da Administração possibilitam a


responsabilização dos agentes estatais, bem como visam garantir a
honestidade do emprego dos dinheiros públicos.
Para Maria Sylvia, sendo o Direito Administrativo de elaboração
pretoriana e não codificado, os princípios representam papel relevante
nesse ramo do direito, permitindo à Administração e ao Judiciário
estabelecer o necessário equilíbrio entre os direitos dos
administradores e as prerrogativas da Administração.
Para concluir que a partir dos princípios da legalidade e da supremacia
do interesse público sobre o particular se constroem os demais,
enfim, tais princípios precedem os demais. Atenção: não confundir
“preceder” com “prevalecer”. Prevalecer remete-nos a ideia de
hierarquia, e, como sabemos, inexiste hierarquia material entre os
princípios. A precedência, portanto, é mais interpretativa: como os
interesses públicos são superiores (supremos) quando comparados aos
particulares e como a Administração só pode agir em conformidade com a
Lei, os princípios em referência servem à interpretação de tudo que vá ser
feito pela Administração.
O princípio da legalidade é da essência do Estado de Direito e, por isso,
fundamental para o Direito Administrativo, já que este nasce com
aquele. É fruto da necessária submissão do Estado à Lei. Consagra a
ideia de que por meio da norma geral, abstrata e, portanto, impessoal,
editada pelo Poder Legislativo, a atuação da Administração objetiva a
concretização da vontade geral (art. 1º, parágrafo único, da
CF/1988).

13
Gabarito: CERTO.

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De acordo com a acepção doutrinária clássica do princípio da legalidade, a


Administração Pública só pode fazer aquilo que a norma
determina, permite, autoriza, de modo expresso ou implícito.
De modo expresso ou implícito?! Com isso pode acontecer
Professor? Explico.
Quando a norma traça todos os pormenores, sem deixar espaço de
atuação por parte dos administradores, ter-se-á atuação vinculada.
Por exemplo: na esfera federal, a aquisição de bens e de serviços
comuns, enquadrados como padronizados, devem ser adquiridos por
Pregão. Isso mesmo. Na esfera federal, o uso do Pregão é obrigatório,
uso vinculado.
Já, quando a norma deixa escolha, opção aos administradores, enfim,
uma maior margem de liberdade (mas sempre com limites postos
pela norma), verificar-se-á discricionariedade. Por exemplo: o Pregão
pode ser presencial ou eletrônico. Apesar de o presencial, na esfera
federal, ser obrigatório, o eletrônico permanece preferencial (leia-se: há
certa discricionariedade).
Mas vejam: mesmo que conte com certa liberdade (discricionariedade), a
Administração só faz o que lei estabelece. Por isso, pode-se afirmar
que o princípio da legalidade “precede” todos os demais, isto é,
vem na frente, para efeitos interpretativos. Obviamente, essa
“precedência” não tem sentido hierárquico. Não é que o princípio da
legalidade seja mais importante que os demais, mas sim que todos estes
outros princípios devem ser interpretados à luz das leis.
O princípio da legalidade não é restrito à Administração, enfim,
também vale para o particular, mas com outro enfoque (legalidade
constitucional): se uma norma não proibir, o particular, dispondo de
forma livre de sua vontade, pode agir da maneira que melhor entender.
Pode-se, previamente, concluir que a Administração Pública só pode
agir da maneira que a lei determinar ou autorizar, enquanto o
particular age do modo que julgue mais conveniente, desde que a
lei (não apenas a Constituição) não o proíba.
Isso significa que o agente público, responsável por tornar concreta a
missão da Administração Pública, não pode fazer tudo o que não seja
proibido em lei, e sim só o que a norma autoriza ou determina. Para
o particular, o princípio da legalidade terá caráter mais restritivo que
impositivo: não sendo proibido em norma, é possível ao particular fazer.
Parafraseando o autor Hely Lopes, o princípio da legalidade para o
administrador significa “deve fazer assim”, enquanto para os
particulares, “pode fazer assim”.
Referência doutrinária (Gustavo Scatolino):
O princípio da legalidade pode ser entendido em dois sentidos:
legalidade em sentido amplo e em sentido estrito. A legalidade
em sentido estrito significa atuar de acordo com a lei, ou seja,

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obedecer à lei feita pelo Parlamento. A legalidade em sentido


amplo ou legitimidade significa obedecer não só à lei, mas
também obedecer aos princípios da moralidade e do interesse
público. Dessa forma, a palavra legitimidade apresenta um conceito
mais abrangente do que o conceito de legalidade, pois legalidade
seria obedecer à lei e a legitimidade obedecer à lei e aos demais
princípios administrativos.
Em síntese: o princípio da legalidade é bem mais amplo do que a
mera sujeição do administrador à lei formal, pois se refere ao
ordenamento jurídico, às normas e aos princípios constitucionais, sem
falar das normas regulamentares por ele mesmo editadas. Obviamente,
algumas disciplinas são separadas pelas constituições à disciplina de lei
formal (reserva de lei), ou seja, necessariamente resultante da
tramitação de norma no Poder Legislativo.
No entanto, os limites do princípio da legalidade devem ser bem
compreendidos. A doutrina registra que, em casos de prestações pessoais
ou patrimoniais, o princípio tem força absoluta (estrita legalidade),
decorrente da norma que estabelece que “ninguém é obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Sobre o tema,
vejamos trecho da ADI-STF 2075:
O tema concernente à disciplina jurídica da remuneração funcional
submete-se ao postulado constitucional da reserva absoluta de lei,
vedando-se, em consequência, a intervenção de outros atos estatais
revestidos de menor positividade jurídica, emanados de fontes
normativas que se revelem estranhas, quanto à sua origem
institucional, ao âmbito de atuação do Poder Legislativo,
notadamente quando se tratar de imposições restritivas ou de
fixação de limitações quantitativas ao estipêndio devido aos agentes
públicos em geral.
O princípio constitucional da reserva de lei formal traduz limitação
ao exercício das atividades administrativas e jurisdicionais do
Estado. A reserva de lei - analisada sob tal perspectiva - constitui
postulado revestido de função excludente, de caráter negativo, pois
veda, nas matérias a ela sujeitas, quaisquer intervenções
normativas, a título primário, de órgãos estatais não-legislativos.
Essa cláusula constitucional, por sua vez, projeta-se em uma
dimensão positiva, eis que a sua incidência reforça o princípio, que,
fundado na autoridade da Constituição, impõe, à administração e à
jurisdição, a necessária submissão aos comandos estatais
emanados, exclusivamente, do legislador. Não cabe, ao Poder
Executivo, em tema regido pelo postulado da reserva de lei, atuar
na anômala (e inconstitucional) condição de legislador, para, em
assim agindo, proceder à imposição de seus próprios critérios,
afastando, desse modo, os fatores que, no âmbito de nosso sistema
constitucional, só podem ser legitimamente definidos pelo
Parlamento. É que, se tal fosse possível, o Poder Executivo passaria

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a desempenhar atribuição que lhe é institucionalmente estranha (a


de legislador), usurpando, desse modo, no contexto de um sistema
de poderes essencialmente limitados, competência que não lhe
pertence, com evidente transgressão ao princípio constitucional da
separação de poderes.
Já no que diz respeito ao processo administrativo, o entendimento
doutrinário é o de que a Administração não pode eximir-se de decidir os
pedidos em razão de inexistirem normas de competência expressa, pois
ao processo administrativo foram dadas as mesmas garantias
constitucionais do processo judicial (art. 5º, LV, da CF/1988). Assim, ao
administrador não é permitido lançar o administrado à via mais
dificultosa: a judicial. Deve-se considerar que o ordenamento jurídico
supre suas próprias lacunas, mediante a aplicação/criação de normas.
Por fim, a doutrina aponta situações em que o princípio da legalidade
sofrerá constrições (restrições) temporárias: medidas provisórias
(espécies normativas efêmeras), estado de defesa e de sítio (o
Presidente da República é quem decreta, não há lei formal). Para Celso
Antônio, as medidas provisórias não se confundem com as leis, têm
força de leis, mas com estas não se confundem. São espécies normativas
efêmeras. Já o Estado de Defesa e o de Sítio são situações
excepcionalíssimas regidas por Decreto do presidente da República.
CESGRANRIO - PB (BNDES)/Direito/2006
A doutrina aponta como restrições excepcionais ao princípio da legalidade:
I - as normas contidas nas medidas provisórias;
II - o estado de defesa;
III - o estado de sítio.
Está(ão) correta(s):
a) II, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.14

1.2.1.2. Impessoalidade, finalidade ou isonomia


O princípio republicano e o dever, que nele se contém, de ser dar
trato público à coisa pública, que nesta forma de governo se
encarece, fundamentam a impessoalidade administrativa. É que
nela a qualificação pessoal não conta, como não conta a situação
pessoal daquele que detém o cargo público e que se deve manter
neutro e objetivo em sua conduta, seja qual for a situação social,

14
Letra E.

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econômica ou político-partidária do cidadão sobre o qual incidirão


os efeitos do ato da Administração. (por Cármen Lúcia)

Como esclarece Lucas Rocha Furtado, o princípio da impessoalidade


admite seu exame sob os seguintes aspectos:
 Dever de isonomia por parte da Administração Pública;
 Dever de conformidade ao interesse público;
 Imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamente
às pessoas jurídicas em que atuam.
Nesse contexto, pode-se dizer que o princípio da impessoalidade,
expresso na CF, de 1988, e implícito na Lei Federal 9.784, de
1999, tem uma “tripla formulação”, “três faces”.
Numa primeira visão, para parte da doutrina, a impessoalidade como
princípio significa que o administrador público só deve praticar atos
voltados à consecução do interesse público.
Por tal princípio, o tratamento conferido aos administrados em geral deve
levar em consideração não o “prestígio” social por estes desfrutado, mas
sim suas condições objetivas em face das normas que cuidam da
situação, tendo em conta o interesse público, que deve prevalecer.
Para esses doutrinadores, a atuação impessoal determina uma
atuação finalística da Administração, ou seja, voltada ao melhor
atendimento dos interesses públicos. Desse modo, o princípio da
impessoalidade é sinônimo de finalidade pública. Sobre o tema,
vejamos Ementa do Recurso Extraordinário (RE) 191.668, apreciado pelo
STF:
1. O caput e o parágrafo 1º do artigo 37 da Constituição Federal
impedem que haja qualquer tipo de identificação entre a publicidade
e os titulares dos cargos alcançando os partidos políticos a que
pertençam. O rigor do dispositivo constitucional que assegura o
princípio da impessoalidade vincula a publicidade ao caráter
educativo, informativo ou de orientação social é incompatível com
a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos
slogans, que caracterizem promoção pessoal ou de
servidores públicos. A possibilidade de vinculação do conteúdo da
divulgação com o partido político a que pertença o titular do cargo
público mancha o princípio da impessoalidade e desnatura o caráter
educativo, informativo ou de orientação que constam do comando
posto pelo constituinte dos oitenta.
(2011/ECT/Administrador) Entre as acepções do princípio da
impessoalidade, inclui-se aquela que proíbe a vinculação de
atividade da administração à pessoa do gestor público, evitando-se,

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dessa forma, a realização de propaganda oficial para a promoção


pessoal15.
Em outra interessante acepção do princípio da impessoalidade, os atos e
provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário
que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do
qual age o funcionário.
Por essa linha, pelos atos dos agentes responde a Administração Pública,
em razão da impessoalidade de atuação daqueles. A tese é consagrada
em diversos momentos da nossa atual Constituição Federal, como no art.
37, §6º do texto constitucional:
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Vê-se que a pessoa jurídica à qual é vinculado o agente responde
pelo dano causado por este, nitidamente devido à impessoalidade da
atuação funcional. Portanto, o agente tem sua atuação imputada ao
órgão/entidade a que se vincula (teoria do órgão ou da imputação
volitiva).
Uma terceira face da impessoalidade pode ser encontrada no art. 37,
inc. II, por exemplo. Ao se exigir concurso público para o acesso aos
cargos públicos, o legislador prezou pelo mérito, sem criar discriminações
benéficas ou detrimentosas, em observância ao princípio da isonomia
ou igualdade. Obviamente, não significa dizer que as leis não possam
criar critérios para a seleção dos candidatos. Sobre o tema, o STF, no RE
148.095, reconheceu que, em se tratando de concurso público para
agente de polícia, mostra-se razoável a exigência, por lei, de que o
candidato tenha altura mínima de 1,60m. A exigência de altura, por sua
vez, não é razoável para o cargo de escrivão de polícia, dado as
atribuições do cargo, para as quais o fato altura é irrelevante (STF - AI
518863).
Assim, a atividade administrativa deve se dar segundo critérios de bom
andamento do serviço público, afastando-se favoritismo ou mesmo
desfavoritismos. Sobre o tema, o STF, na ADI 1072/RJ, declarou a
inconstitucionalidade de lei estadual que dispensava os candidatos
integrantes do Quadro Permanente da Polícia Civil da prova de
capacitação física e de investigação social (“Não há razão para se tratar
desigualmente os candidatos ao concurso público, dispensando-se, da
prova de capacitação física e de investigação social, os que já integram o
Quadro Permanente da Polícia Civil do Estado, pois a discriminação
implica ofensa ao princípio da isonomia”).

15
Gabarito: CERTO.

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Lúcia Figueiredo explica que a impessoalidade pode levar à igualdade,


mas com ela não se confunde. É possível haver tratamento igual a
determinado grupo (que estaria satisfazendo o princípio da igualdade),
porém, se ditado por conveniências pessoais do grupo e/ou do
administrador, estará infringindo a impessoalidade. É verdade que estão
próximos os princípios, mas certamente não se confundem.
Para efeito de concursos públicos, é costumeiro as organizadoras exigirem
as aplicações práticas dos princípios. Assim, vejamos abaixo algumas das
mais importantes aplicações:
 §1º do art. 37 da CF/1988:
A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.
 Art. 18 da Lei 9.784/1999 (Lei de Processo Administrativo
Federal): regras de impedimento e de suspeição. Responda rápido: se
você fosse o julgador de processo administrativo em que o acusado é sua
sogra, o resultado seria favorável? Não precisa responder! No caso
concreto, para evitar a parcialidade no julgamento, é conveniente que o
agente público se reconheça impedido, evitando-se, inclusive, eventual
responsabilização administrativa.
 Atos praticados por agente de fato (putativo ou necessário):
é, por exemplo, o particular que ingressou na Administração Pública, no
entanto, de forma irregular (agente putativo). É o agente “denorex”
(parece que é, mas não é), e, de acordo com a teoria da aparência,
seus atos praticados serão considerados válidos perante terceiros de
boa-fé. O agente necessário, por sua vez, é aquele que atua em casos de
emergência, fazendo as vezes do agente público, como, por exemplo, o
cidadão que orienta o trânsito, haja vista o mau funcionamento do
semáforo.
 Art. 100 da CF/1988: o regime célere e eficaz de pagamento de
dívidas do Estado - precatórios. A inscrição em precatórios observa, de
regra, uma ordem cronológica de apresentação, sendo proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias.
ATI (ABIN)/Administração/2010 Julgue o item subsequente, acerca dos
princípios, poderes e atos administrativos. O princípio da impessoalidade decorre, em
última análise, do princípio da isonomia e da supremacia do interesse público, não
podendo, por exemplo, a administração pública conceder privilégios injustificados em
concursos públicos e licitações nem utilizar publicidade oficial para veicular promoção
pessoal.

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1.2.1.3. Moralidade
A ilegalidade mais grave é a que se oculta sob a aparência de
legitimidade. A violação maliciosa encobre os abusos de direito com
a capa de virtual pureza (por Caio Tácito).

O princípio da moralidade é “velho” conhecido da doutrina. No entanto,


passou a ser explícito, em termos constitucionais, a partir de 1988.
Na doutrina francesa, Maurice Hauriou, depois de diferenciar a moral
comum da moral jurídica, define a moralidade jurídica como o
conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da
Administração.
Portanto, a conduta da Administração deve ser mais exigente do que
simples cumprimento da frieza das leis. Deve-se divisar o justo do
injusto, o lícito do ilícito, o honorável do desonorável, o conveniente do
inconveniente. A moralidade passa a ser pressuposto de validade dos atos
do Estado, sendo que em toda a atuação estatal deverão estar presentes
princípios da lealdade, da boa-fé, da fidelidade funcional, dentre outros,
atinentes à moralidade.
Lúcia de Figueiredo esclarece que a anulação de atos provenientes do
excesso de poder é fundada tanto na noção de moralidade
administrativa quanto na legalidade, de tal sorte que a Administração é
ligada, em certa medida, pela moral jurídica, particularmente no que
concerne ao desvio de poder.
Lealdade, boa-fé, honestidade são preceitos éticos desejados pela
sociedade que nos remunera direta ou indiretamente. Por isso, o
princípio da moralidade pode ser considerado a um só tempo dever do
administrador e direito público subjetivo.
O legislador constitucional, sensibilizado com a moralidade, traz algumas
aplicações práticas. Vejamos:
 Art. 5º, LXXIII (ação popular) - a proteção da moralidade
administrativa, nesse caso, depende de iniciativa exclusiva de qualquer
cidadão (não é qualquer particular, cuidado);
 Art. 37, § 4º, e 85, V, (atos de improbidade
administrativa);
A probidade é um aspecto da moralidade. De acordo com o Dicionário
Aurélio (eletrônico), probidade diz respeito à integridade de caráter,
honradez, ou seja, conceito estreitamente correlacionado com o de
moralidade administrativa. Vejam aí o exemplo:
(2007/TCU/Analista) A probidade administrativa é um aspecto da
moralidade administrativa que recebeu da Constituição Federal brasileira
um tratamento próprio16.

16
Gabarito: CERTO. Apesar de ser tecnicamente ligada à moralidade, a probidade possui tratamento próprio
no § 4º do art. 37 da CF/1988.

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 Art. 70 (princípios da legitimidade e economicidade, das


quais irradia a moralidade);
Os amigos são sabedores de que a Constituição Federal vigente consagra
os controles interno e externo, este, em termos parlamentares, a
cargo das Casas Legislativas com o auxílio técnico dos Tribunais de
Contas.
O controle parlamentar está previsto, ainda, no art. 50 e seus
parágrafos, além do § 3º do art. 58 da CF, de 1988, que dá poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais às Comissões
Parlamentares de Inquérito – CPIs. A esses órgãos incumbe controlar os
atos da Administração, inclusive sob o aspecto da moralidade.
 Art. 129, III (ação civil pública);
Então, prontos para definir moralidade administrativa?
O conceito talvez não, mas as aplicações vocês já estão treinados. O
conceito de moralidade é um conceito jurídico indeterminado, tais
como “bem comum” e “interesse público”.
De fato, o Direito contém um sem-número de conceitos indeterminados,
elásticos, plurissignificativos, equívocos, os quais levam à loucura alguns,
sobretudo aqueles da área das ciências mais precisas (as ditas “exatas”).
Nós temos amigos de engenharia, matemática e outras, que sempre
dizem assim: mas que ciência ‘doida’ esse tal de direito, hein?
Como é que pode uma situação concreta ter um monte de
interpretação? Nossa resposta: o Direito é uma ciência do social, e suas
interpretações irão mudar junto com a sociedade, resultando essa
“multiplicidade” de interpretações. Com a mudança social, muda-se a
interpretação...
Realmente, a moralidade é um conceito indeterminado, como muitos
outros. Mas qual seria a razão de o legislador utilizar essa “técnica” de
conceitos indeterminados?
Quando o legislador lança mão de conceitos vagos, indeterminados, faz
com que uma norma tenha maior “longevidade”, ou seja, viva por mais
tempo. Um exemplo torna mais claro.
O art. 1º da Lei 10.520/2002 diz que o pregão, uma das modalidades de
licitação, serve à aquisição de bens e serviços “comuns”. Vem a
indagação: mas o que são ‘bens e serviços comuns’? Esse conceito
é vago demais! De fato, o conceito é bastante “aberto”, ou, abstrato.
Porém, isso é positivo, faz com que a norma “viva” mais tempo.
Por exemplo, o Pregão, há trinta anos, não serviria à aquisição de bens e
serviços de informática, pois não eram comuns (no sentido de
padronizados). Hoje, no entanto, o Pregão servirá, sim, para boa parte
destas aquisições, uma vez que muitos bens e serviços de informática são
padronizados no mercado. É isso que quero dizer com “a norma vive mais
tempo”, ao se utilizar conceitos indeterminados.

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Apesar de tratar-se de um conceito vago, a moralidade administrativa


não está imune ao controle judicial. Basta ver o que diz o inc. XXXV do
art. 5º da CF/1988 para chegar a essa conclusão. Relembremos o
dispositivo: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito.
Notem, nem mesmo a lei excluirá da apreciação judicial um ato que, ao
menos potencialmente, possa causar prejuízos. A simples utilização de
um conceito indeterminado, como a moralidade, não impede a
atuação do Poder Judiciário de exercer o legítimo controle do ato.
Mesmo que tal conceito seja empregado em sua “acepção pura”, ou seja,
em seu sentido filosófico, entendida, portanto, como um conjunto de
regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto
para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada
(conceito extraído do Dicionário Aurélio Eletrônico), estará a salvo do
controle judicial.
E, agora, prontos para separar a moralidade da legalidade? E a
moralidade comum da jurídica?
É de interesse a distinção entre a legalidade e moralidade, enquanto
princípios, os quais, por razões óbvias, não podem ser entendidos
como sinônimos perfeitos.
Pelo princípio da legalidade, a Administração Pública só pode atuar de
acordo com o que a lei estabelece ou autoriza. Já a moralidade é um dos
conceitos que conta com um dos maiores graus de abstração no mundo
jurídico: o que seria a “moral”?
Ainda que o conceito seja passível de inúmeras interpretações, é claro
que sua definição perpassa por uma noção muito subjetiva, influenciada,
ainda, pelo momento histórico vivido. Exemplo disso é o nepotismo,
tratado mais à frente.
Há dez, vinte anos, seria impensável alguma autoridade judicial dizer que
a prática do nepotismo não se alinhava ao princípio da moralidade. Hoje,
felizmente, nosso direito evoluiu, e a nomeação de parentes para cargos
de chefia passou a ser refutada pela sociedade, bem como por tribunais
judiciais.
O princípio da moralidade tem profunda relação com o “padrão de
comportamento” desejável dos agentes públicos, estreitando-se com o
que poderia nominar, sinteticamente, por ética.
Por dizer respeito a “comportamento”, nota-se extrema dificuldade em
tentar se “isolar” uma moral essencialmente administrativa, ou seja, do
Estado. De fato, para se chegar ao conceito de padrão, o intérprete da lei
será certamente influenciado pela noção de moral “comum”, que
prevalece no seio da sociedade em determinado momento histórico.

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Em síntese: a “moralidade” administrativa e a comum são


indissociáveis, não havendo como se falar de uma sem se abordar a
outra.
É fácil observar a consagração do princípio da moralidade administrativa,
mesmo em âmbito constitucional. Dessa maneira, cabe aos órgãos
competentes e aos cidadãos em geral diligenciar aos órgãos judiciais para
que invalidem atos ofensivos à moral, com a consequente aplicação das
devidas punições aos responsáveis.
Nesse contexto, cabe ao Judiciário o controle do ato administrativo,
tanto sob o aspecto da legalidade quanto sob o aspecto da
moralidade. Exemplo disso é a prática do nepotismo, a qual é vista
como imoral por diversos tribunais judiciais, como o próprio STF.
Por fim, ressalto que legal e moral são qualificativos próximos, mas
não idênticos. Ambos têm origem em um mesmo conceito: a conduta,
mas possuem círculos de abrangência diferenciados. Vejamos um
exemplo concreto.
Imagina que um servidor do Fisco passe a namorar a filha do
Ministro ou Secretário da Fazenda, que é muito ciumento. Tão logo
descobre o relacionamento, o Ministro/Secretário remove o
servidor, transferindo-o para um distante rincão de nosso país, no
intuito de separar o casal.
Pergunta-se: a conduta da autoridade seria legal? A princípio, sim.
Todavia, no aspecto do comportamento esperado da autoridade, o
ato não se alinharia à moral, daí porque deveria ser anulado, uma
vez que conteria um desvio de finalidade, ou seja, praticado
visando fins outros, que não o interesse público.
Ainda sobre o tema, vejamos jurisprudência do STJ, que demarca, com
clareza, a autonomia do princípio da moralidade em face do princípio da
legalidade:

A constituição de nova sociedade, com o mesmo objeto social, com


os mesmos sócios e com o mesmo endereço, em substituição a
outra declarada inidônea para licitar com a Administração Pública
Estadual, com o objetivo de burlar a aplicação da sanção
administrativa, constitui abuso de forma e fraude à Lei de
Licitações, Lei n.º 8.666/93, de modo a possibilitar a aplicação da
teoria da desconsideração da personalidade jurídica para
estenderem-se os efeitos da sanção administrativa à nova
sociedade constituída.

A Administração Pública pode, em observância ao princípio da


moralidade administrativa e da indisponibilidade dos interesses
públicos tutelados, desconsiderar a personalidade jurídica de
sociedade constituída com abuso de forma e fraude à lei, desde que

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facultado ao administrado o contraditório e a ampla defesa em


processo administrativo regular.

Ainda que se trate de conceitos concêntricos (ou secantes) (origem em


idêntico conceito: a conduta), moralidade e legalidade distinguem-se:
cumprir aparentemente a lei não implica necessariamente a
observância da moral.
Por exemplo: nos termos da Lei 8.666, de 1993, o chefe da divisão
de Licitações não pode participar da licitação, mas, a rigor, não há
impedimento de o filho participar da licitação, certo?
Acontece que o filho tem 16 anos, porém, na condição de
empresário, pode ser emancipado. Abre a empresa e, por
coincidência do destino, vence a licitação no órgão em que o pai é
chefe do setor de licitações.
Durante um trabalho de fiscalização pela Controladoria-Geral da
União ou pelo TCU detecta-se o fato acima. Então, há ilegalidade?
Claro que não! Há imoralidade? Difícil, não é verdade.
Acontece que todas as notas fiscais de serviços da empresa foram
emitidas, durante 6 anos, exclusivamente para o referido órgão. E
agora? Induvidosamente houve imoralidade.
Vamos trabalhar, agora, as regras sobre o nepotismo, tema de maior
incidência nos últimos concursos, logo, toda a atenção.
Nepotismo funciona como uma espécie de favoritismo, preferência,
por alguns. No direito administrativo brasileiro, o nepotismo tem sido
identificado pela nomeação de parentes para cargos de chefia.
Não há uma LEI que vede, expressamente, o nepotismo no âmbito
de todas as esferas federativas. Não obstante prática indesejável, o
nepotismo não seria, então, uma ilegalidade explícita, por falta de
lei que assim estabeleça.
Todavia, além do princípio da legalidade, cabe observar e aplicar outros
princípios constitucionais na produção de atos administrativos. O
nepotismo precisa ser combatido, integrando todos os princípios
constitucionais, o que, por sorte da moralidade e da eficiência, já foi
feito pelo Supremo Tribunal Federal - STF.
Ao apreciar a Ação Declaratória de Constitucionalidade 12/2006 – ADC
12, em que se discutia Resolução do CNJ, a qual vedava a nomeação de
parentes dentro do Poder Judiciário, a Corte Constitucional entendeu
que o nepotismo é uma afronta a princípios de Administração
Pública constantes do art. 37 da CF/1988, principalmente aos princípios
da impessoalidade, moralidade, eficiência e igualdade.
Os amigos concursandos mais atualizados se questionam: é verdade
que só o Poder Judiciário está sujeito à vedação do nepotismo?
Não é verdade! Vejamos.

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Com base no princípio da eficiência, da moralidade, e em outros


fundamentos constitucionais, o STF, por meio da Súmula
Vinculante 13, entendeu que viola a Constituição a nomeação de
cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia
ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta
e indireta17.
A presente Súmula só faz reafirmar o entendimento do STF: a vedação
ao nepotismo não exige edição de lei formal, visto que a proibição é
extraída diretamente dos princípios constitucionais que norteiam a
atuação administrativa.
(2011/TJ TRE ES/Administrativa) Acerca da administração pública e
de seus princípios, julgue o próximo item. Contraria o princípio da moralidade
o servidor público que nomeie o seu sobrinho para um cargo em comissão
subordinado18.
Com a edição dessa Súmula (a de número 13), a regra do nepotismo,
antes só existente no Poder Judiciário (Resolução do CNJ), foi
estendida para qualquer dos poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas (o que a doutrina chama de nepotismo
cruzado).
No entanto, duas exceções à Súmula merecem destaque.
A primeira diz respeito aos servidores já admitidos via concurso
público, os quais, na visão do STF, não podem ser prejudicados em
razão do grau de parentesco, inclusive porque tais servidores passaram
por rigorosos concursos públicos, tendo, portanto, o mérito de assumir
um cargo de chefia, de direção. Se entendêssemos diferente disso, alguns
servidores seriam punidos eternamente, apesar de competentes para
galgarem postos mais elevados. No entanto, esclareça-se que permanece
em vigor a diretriz contida na Lei Federal 8.112, de 1990, em que se
proíbe ao servidor público manter sob sua chefia imediata cônjuge ou
parentes até o 2º grau civil.
A segunda exceção consta da Reclamação 6650 – PR, na qual o STF
reafirmou seu posicionamento no sentido de que a Súmula 13 não se
aplica às nomeações para cargos de natureza política (Secretário
Estadual de Transporte, no caso da decisão).
Relativamente aos membros dos Tribunais de Contas, o STF
recentemente afirmou, categoricamente, que os tais agentes são simples
auxiliares do Legislativo (os legítimos políticos), não podendo,
portanto, serem enquadrados como políticos (são cargos

17
Acrescenta-se que, no Código Civil, o parentesco por afinidade é limitado ao 2º Grau.
18
Gabarito: Certo.

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administrativos, de natureza técnica) (Reclamação/STF nº 6702).


Logo, a nomeação de parentes não constituirá exceção à vedação
do nepotismo (fiquem de olho!). Vejamos:
Considerou-se que a natureza do cargo de Conselheiro do Tribunal
de Contas não se enquadraria no conceito de agente político, uma
vez que exerce a função de auxiliar do Legislativo no controle da
Administração Pública, e que o processo de nomeação do irmão do
Governador, ao menos numa análise perfunctória dos autos,
sugeriria a ocorrência de vícios que maculariam a sua escolha por
parte da Assembleia Legislativa do Estado.
E, na mesma reclamação, o STF considerou desnecessária a edição de Lei
para que se tenha de observar o dever de conduta moral, como já dito
anteriormente. Observemos, mais uma vez:
(...) A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal
para coibir a prática, uma vez que decorre diretamente dos
princípios contidos no art. 37, caput, da CF. O cargo de Conselheiro
do Tribunal de Contas do Estado do Paraná reveste-se, à primeira
vista, de natureza administrativa, uma vez que exerce a função de
auxiliar do Legislativo no controle da administração pública.
Aparente ocorrência de vícios que maculam o processo de escolha
por parte da Assembleia Legislativa paranaense.”
Por conta desse entendimento, itens como o a seguir estarão ERRADOS:
(2009/TCU/AUFC) Os princípios constitucionais, assim como as regras, são
dotados de força normativa. Com base nesse entendimento doutrinário, o
Supremo Tribunal Federal (STF) tem entendido que o princípio da moralidade,
por exemplo, carece de lei formal que regule sua aplicação, não podendo a
administração disciplinar, por meio de atos infralegais, os casos em que reste
violado esse princípio, sob pena de desrespeito ao princípio da legalidade19.
Além dessas duas exceções, os concursandos da área de Tribunais
judiciais devem ficar atentos para as Resoluções do CNJ, o qual excluiu,
ainda, da vedação à prática do nepotismo: os servidores admitidos, sem
concurso público, antes da CF, de 1988; os parentes de juízes
aposentados ou falecidos; e servidores casados com magistrado depois da
nomeação para os cargos em comissão.
Não faltam instrumentos de combate a condutas e atos ofensivos ao
princípio da moralidade administrativa. Cabe aos órgãos competentes e
aos cidadãos em geral diligenciar para que todos estejam realmente mais
envolvidos com os valores morais que devem inspirar uma sociedade
justa e igualitária.

19
Gabarito: ERRADO. Relembre-se que a prática do nepotismo afronta, dentre outros aspectos, a
moralidade. Não carece a Administração Pública de lei específica para ter de cumpri-lo.

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1.2.1.4. Publicidade
Ultimamente, tem-se desenvolvido a ação administrativa
denominada “chamada pública”, por meio da qual a Administração
publica edital com o objetivo de divulgar a adoção de certas
providências específicas e convocar interessados para participar da
iniciativa, indicando, quando for o caso, os critérios objetivos
necessários à seleção. (por Carvalho Filho)

O quarto princípio constitucional de previsão expressa é o da publicidade.


Por este, a Administração Pública deve tornar públicos seus atos,
na forma prevista na norma.
A publicidade é um princípio democrático, republicano, por assim dizer,
que faz com que se possibilite o controle da Administração, por
razões que são dotadas de obviedade: sem se dar transparência aos atos
da Administração, inviável pensar-se no controle desta. A transparência
é exigência, por exemplo, do devido processo legal (art. 5º, inciso LV, da
Constituição Federal), afinal os princípios da ampla defesa e do
contraditório só podem ser efetivados se existente a publicidade.
A publicidade, apesar de não ser elemento de formação dos atos,
constitui-se requisito de sua moralidade e eficácia, entendida esta
última como aptidão do ato para produção dos seus efeitos. Sobre o
tema, façamos a leitura do §1º do art. 61 da Lei 8.666, de 1993:

Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato


ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição
indispensável para sua eficácia, será providenciada pela
Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua
assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data,
qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o
disposto no art. 26 desta Lei.

Publicidade não é elemento de formação? O que isso


significa? Vejamos.
Os atos administrativos contam com cinco elementos de formação, são
eles: Competência (sujeito, agente); Finalidade; Forma; Motivo; e
Objeto (conteúdo). Perceba que não há elemento publicidade, sinal de
que não é elemento formativo do ato, em si. É, como dito, requisito
de eficácia e não de validade. Mas vamos por outro caminho.
Responda rápido: o edital de licitação foi “encomendado” por determinada
empresa, a qual, por questões lógicas, sagrou-se vencedora do certame.
Com a publicação (publicidade) do extrato do contrato a licitação de
ilícita passa à lícita? Obviamente não! Para Hely Lopes, os atos
irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares
a dispensam para sua exequibilidade, quando a lei ou o regulamento a
exige.
Além da transparência, maior visibilidade, para Diógenes Gasparini os
seguintes objetivos podem ser cumpridos por meio da publicidade:

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I) permitir o controle dos atos da Administração Pública,


dando, inclusive, oportunidade ao controle social, assim entendido aquele
realizado pela própria coletividade. Este fim possui estreita correlação
com a transparência e com o princípio democrático: compreendendo-se
democracia como governo do povo, é preciso que o povo saiba o que é
feito com os recursos entregues à Administração Pública, por meio dos
tributos que paga.
II) desencadear o decurso dos prazos de interposição de
recursos, que são contados a partir do momento em que o ato se torna
público. Lembramos que se o ato alcança estranhos aos quadros da
Administração deverá, salvo exceções, ser publicado;
III) marcar o início dos prazos de decadência e prescrição
administrativas.
No entanto, há exceções ao dever de a Administração tornar
públicos seus atos, desde que assim necessário. Nesse sentido, a
CF/1988 estabelece no inc. XXXIII do art. 5º:
todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado.
(2007/TCU/AUFC) Acerca dos princípios constitucionais que informam o
direito administrativo, julgue os próximos itens. A declaração de sigilo dos
atos administrativos, sob a invocação do argumento da segurança nacional, é
privilégio indevido para a prática de um ato administrativo, pois o princípio da
publicidade administrativa exige a transparência absoluta dos atos, para
possibilitar o seu controle de legalidade20.
Os critérios para definição das informações essenciais à segurança da
sociedade encontram-se regulamentados pela Lei de Acesso à
Informação. Carvalho Filho registra que o princípio da publicidade deve
ser harmonizado, no entanto, com os princípios da proporcionalidade e
razoabilidade. Sobre o tema, o STF declarou inconstitucional dispositivo
de lei que previa a obrigatoriedade de publicação dos custos dos atos do
Executivo efetuados em jornais ou veículos similares (ADI 2472).
Outro dispositivo do texto constitucional que permite certa restrição à
necessidade de a Administração dar publicidade a seus atos é o inc.
LX do art. 5º, com a seguinte redação: a lei só poderá restringir a
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
o interesse social o exigirem.

20
Gabarito: ERRADO.

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Em síntese: ainda que a publicidade seja um princípio para os atos da


Administração Pública, não se reveste de caráter absoluto,
encontrando exceções no próprio texto da CF/1988.
Importante: não confundir publicidade com publicação. A última é
um dos meios de se dar cumprimento à primeira. Mas, antes de
prosseguir, façamos uma distinção entre a publicidade geral e a restrita.
Como o nome denuncia, a publicidade geral é a que requer a
publicação dos atos em órgãos oficiais; a restrita, por sua vez, é a que
ocorre no interior da Administração, em seus boletins internos, ou por
meio de intimações, citações e notificações aos destinatários.
Pelo que se viu, é possível atender o princípio da publicidade mesmo sem
publicação do ato administrativo, entendida esta como divulgação do ato
em meios da imprensa escrita, como diários oficiais ou jornais
contratados com essa finalidade. Vejamos, por exemplo, a modalidade de
licitação convite, tratada no §3º do art. 22 da Lei nº 8.666/1993:
Convite é a modalidade de licitação entre interessados do
ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela
unidade administrativa, a qual afixará, em local
apropriado, cópia do instrumento convocatório e o
estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
apresentação das propostas (o grifo não é do original).
Conforme o dispositivo, o Estado tem por obrigação enviar a carta-
convite21 para, no mínimo, três interessados do ramo, bem como afixá-lo
em local público. A lei não exigiu, portanto, a publicação do convite.
Conclui-se que podem existir outras formas de se cumprir com a
publicidade, mesmo que não haja publicação do ato. São exemplos:
notificação direta do interessado, afixação de avisos, e divulgação
na internet.
Lembre-se, ainda, de que nos municípios em que não exista imprensa
oficial, admite-se a publicação dos atos por meio de afixação destes na
sede da prefeitura ou da câmara de vereadores. Esse trecho revela que,
além dos Diários Oficiais e jornais contratados, outros meios servem para
a produção dos efeitos jurídicos desejados pela Administração.
Para saber quais os atos necessitam ser publicados, deve-se vasculhar o
instrumento básico orientador da atuação do Estado: a lei. Na falta de
disposição legal específica, a regra é que atos externos ou internos
(com efeitos externos), por alcançarem particulares estranhos ao
serviço público, devam ser divulgados por meio de publicação em
órgão oficial (diários oficiais).

21
Nome recebido pelo instrumento convocatório na modalidade convite.

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Atos interna corporis dos órgãos/entidades administrativos também


necessitam ser divulgados, mas não demandam publicação em
diários oficiais. Por isso, muitos órgãos acabam criando boletins
internos, cuja função principal é exatamente dar publicidade aos atos
internos da instituição. Sobre o tema, o STF, no MS 25022/DF, registrou
que, tratando-se de instrução interna, visando aos trabalhos
administrativos, descabe a exigência de publicidade via Diário Oficial.
Professor, o órgão oficial, tão falado, é apenas o Diário
Oficial?
Para Diógenes Gasparini, órgão oficial é o jornal, público ou privado,
destinado à publicação dos atos estatais. Atualmente, tem sido corrente o
Diário Oficial na forma eletrônica pela Internet. No Recurso Extraordinário
71.652, por exemplo, o STF registrou que a publicidade não é atendida
com a mera notícia, veiculada pela imprensa falada, escrita ou televisiva
do ato praticado pela Administração Público, mesmo que seja divulgada
pela Voz do Brasil.
Referência doutrinária (Edmir Neto Araújo):
A publicidade geral, produtora de efeitos, é a publicação, no
órgão oficial (...). Em princípio todo ato administrativo deve ser
publicado, só se admitindo a decretação de sigilo nos casos
especiais de segurança nacional, investigações policiais ou interesse
superior da Administração (...). Já a publicidade restrita, que
pode constituir-se do conhecimento pessoal dos interessados
diretos, por notificação, citação ou intimação, ou ainda por afixação
em local próprio da repartição, ou mesmo por franquear-se a
presença do público ou interessados no local onde o ato e ou será
praticado (...).
(2008/ABIN/AI) Com base no princípio da publicidade, os atos internos
da administração pública devem ser publicados no diário oficial22.
A seguir, uma questão de ESAF, bem recente e, certamente, que será
objeto de cobrança por todas as ilustres bancas organizadoras, inclusive a
FCC.
(2012/MDIC) Determinado município da federação
brasileira, visando dar cumprimento a sua estratégia
organizacional, implantou o programa denominado
Administração Transparente.
Uma das ações do referido programa consistiu na divulgação da
remuneração bruta mensal, com o respectivo nome de cada
servidor da municipalidade em sítio eletrônico da internet.

22
Gabarito: ERRADO. Nem sempre é necessário divulgação dos atos da Administração no Diário Oficial.

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A partir da leitura do caso concreto acima narrado, assinale a opção


que melhor exprima a posição do Supremo Tribunal Federal – STF
acerca do tema.
a) A atuação do município encontra-se em consonância com o
princípio da publicidade administrativa.
b) A atuação do município viola a segurança dos servidores.
c) A atuação do município fere a intimidade dos servidores.
d) A remuneração bruta mensal não é um dado diretamente ligado
à função pública.
e) Em nome da transparência, o município está autorizado a
proceder a divulgação da remuneração bruta do servidor e do
respectivo CPF.
Comentários:
Questão excelente.
O princípio da publicidade impõe a divulgação dos atos da Administração Pública
em diários oficiais, em jornais contratados, e, mais recentemente, na internet,
conforme o caso.
Segundo esse princípio, há, ainda, o dever de a Administração franquear aos
particulares o acesso às informações públicas que não foram objeto de
publicação.
No entanto, a aplicação do princípio, em estudo, não é irrestrita. A Constituição
Federal de 1988 (CF, de 1988), por exemplo, restringe o conteúdo da informação
quanto a assuntos atinentes à Segurança Nacional, à intimidade, à honra e à
imagem. Vejamos (incisos X e XXXIII do art. 5º da CF, de 1988):
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;
Vencidas essas considerações preliminares, será que a divulgação da
remuneração bruta mensal dos servidores, em sítio eletrônico da internet, é uma
das vedações ao princípio da publicidade? Até onde a divulgação pode ser
considerada eventual ofensa à intimidade ou à vida privada do servidor?
Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a
constitucionalidade da divulgação na internet da remuneração paga a cada um
dos ministros (ativos e aposentados) bem como de seus servidores, ativos e
inativos, além de pensionistas. Para a Corte, a decisão atende ao comando da
nova Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011).
Como bem registrou o ministro Ayres Britto, a folha de pagamento será divulgada
integralmente, com os nomes dos servidores, os cargos que ocupam e a
remuneração bruta mensal que recebem, afinal o contribuinte é o empregador
dos servidores, tendo, por conseguinte, o direito de saber quanto paga.
No entanto, a questão, ora analisada, teve por fundamento a decisão do STF, no
julgamento de Agravo Regimental na Suspensão de Segurança (SS) 3902,

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interposto por um sindicato e uma associação de servidores do Município de São


Paulo (SP) contra decisão do presidente do STF, tendo por objeto a Lei municipal
14.720/2008.
Na ocasião, o argumento do sindicato foi a preservação da intimidade financeira
dos servidores. Para o STF:
Sua remuneração bruta, cargos e funções por eles titularizados, órgãos de sua
formal lotação, tudo é constitutivo de informação de interesse coletivo ou geral.
Expondo-se, portanto, à divulgação oficial.
Na oportunidade, o STF afastou, ainda, a questão da exposição ao risco pessoal e
familiar, isso porque proibida a revelação do endereço residencial, do CPF e do RG
de cada servidor. Daí, inclusive, a incorreção da alternativa E.
Por todo o exposto, concluímos pela correção da letra A [a divulgação está de
acordo com o princípio da publicidade].

1.2.1.5. Eficiência
O núcleo do princípio é a procura de produtividade e economicidade
e, o que é mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios
de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos
com presteza, perfeição e rendimento funcional (por Fernanda
Marinela).

Chegamos ao princípio constitucional mais “moderninho”, o da eficiência


(não eficácia ou efetividade), também chamado de princípio da
qualidade dos serviços públicos, inserido no texto da CF/1988 por
meio da Emenda Constitucional 19/1998, a denominada emenda da
“Reforma Administrativa”, assunto importante não só para a nossa
matéria, o Direito Administrativo, mas, sobretudo, para a matéria de
Administração Pública.
Entre parênteses, informou-se “não eficácia ou efetividade”. Sim, mas
o que são eficácia e efetividade? E em que medida tais conceitos
distinguem-se da eficiência? Vejamos.
Ação administrativa eficaz é aquela que alcançou a meta prevista. Por
sua vez, na efetividade, dá-se relevo aos resultados sociais planejados.
E, por fim, na eficiência, atém-se à relação custo versus benefício, isto
é, menor volume de recursos públicos para o alcance dos resultados
previstos.
Por exemplo: o governo do Estado “X” propõe a inclusão na Lei
Orçamentária Anual de R$ 10 milhões de reais para a construção de
30 escolas públicas. O Legislativo aprova o crédito orçamentário. As
receitas previstas para amparar as despesas fixadas são realizadas.
O governo executa a construção de 30 escolas, dentro da vigência
do crédito orçamentário, utilizando-se de R$ 9 milhões de reais. As
escolas, no entanto, ficam abandonadas, porque não se planejou a
contratação de novos Professores e pessoal administrativo. No caso,
a ação foi eficaz (alcançou a meta prevista), foi eficiente (os
recursos foram suficientes para o resultado pretendido), porém não
foi efetiva (o resultado social não foi alcançado).

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Referência doutrinária (Carvalho Filho): a eficiência não se


confunde com a eficácia nem com a efetividade. A eficiência
transmite sentido relacionado ao modo pelo qual se processa o
desempenho da atividade administrativa; a ideia diz respeito,
portanto, à conduta do agente. Por outro lado, a eficácia tem
relação com os meios e instrumentos empregados pelos agentes
no exercício de seus misteres na administração; o sentido aqui é
tipicamente instrumental. Finalmente, a efetividade é voltada para
os resultados obtidos com as ações administrativas, sobreleva
nesse aspecto a positividade dos objetivos.
O princípio da eficiência pode ser analisado em confronto com o art. 70
da Constituição Federal, no qual está disciplinado o controle da
Administração Pública Federal, realizado pelo Congresso Nacional,
com o auxílio do TCU (art. 70 da CF/1988).
No âmbito da Corte de Contas Federal, é firme o entendimento de que o
controle da Administração Pública deve considerar não só aspectos
restritos de legalidade. De outra forma, devem ser levados em
consideração aspectos relacionados à otimização do gasto público,
ou seja, a eficiência na utilização de tais valores.
É o que se conclui a partir do citado art. 70 da CF/1988, ao estabelecer o
controle da Administração também quanto à legitimidade e
economicidade, enfim, se houve eficiência ou não no dispêndio dos
recursos públicos.
Em outra ótica, o dever de eficiência corresponde ao “dever de boa
administração”, já consagrado entre nós desde a Reforma
Administrativa Federal em 1967 (Decreto Lei 200). Essa “antiga” norma
submete toda atividade do Executivo Federal ao controle de
resultado (art. 13 e inc. V do art. 25), fortalece o sistema de mérito
(art. 25, VII), sujeita a Administração indireta à supervisão ministerial
quanto à eficiência administrativa (art. 26, III) e recomenda a demissão
ou dispensa do servidor comprovadamente ineficiente ou desidioso (art.
100).
O princípio ou dever de eficiência impõe-se a toda Administração
Pública (art. 37, caput, da CF/1988). Parte da doutrina entende que,
caso atue eficientemente, o agente público exercerá suas atribuições
com perfeição, rendimento funcional, rapidez, em síntese, deve
ser eficiente. Sobre o tema, vejamos, abaixo, manifestação do STJ
(Recurso Especial 1044158):
1. Ao processo administrativo devem ser aplicados os princípios
constitucionais insculpidos no artigo 37 da Carta Magna.
2. É dever da Administração Pública pautar seus atos dentro dos
princípios constitucionais, notadamente pelo princípio da eficiência,
que se concretiza também pelo cumprimento dos prazos legalmente
determinados.

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3. Não demonstrados óbices que justifiquem a demora na concessão


da aposentadoria requerida pela servidora, restam malferidos os
princípios constitucionais elencados no artigo 37 da Carta Magna.
4. Legítimo o pagamento de indenização, em razão da
injustificada demora na concessão da aposentadoria.
5. No caso, como a lei fixa prazo para a Administração Pública
examinar o requerimento de aposentadoria, o descumprimento
desse prazo impõe ao administrador competente o dever de
justificar o retardamento, o que gera uma inversão do ônus
probatório a favor do administrado. Assim, cabe ao Estado-
Administração justificar o retardo na concessão do benefício. Se não
o faz, há presunção de culpa, que justifica a indenização
proporcional ao prejuízo experimentado pelo administrado.
De fato, o que temos é uma conjugação de fatores, sendo o princípio da
eficiência bifrontal - não adianta o servidor ser rápido, se não alcança a
perfeição (fazer duas vezes não é ser eficiente, é gerar retrabalho e
dispêndios desnecessários); não adianta ter ótimo rendimento funcional,
se demora três anos para concluir o trabalho; e não adianta ser perfeito,
se do trabalho efetuado não decorre qualquer utilidade.
Sobre o tema, o Tribunal de Contas da União, no Acórdão 277, de 2003,
considerou legal a realização de licitação na modalidade pregão para
aquisição de veículos, dando como parte do pagamento bens inservíveis
da Administração. Perceba que, nesse caso, a Administração agiu com
eficiência, evitando-se a realização de duplo procedimento de licitação
(pregão para a aquisição de novos veículos, e leilão para a alienação dos
antigos).
Vamos retomar e esclarecer, mais claramente, o conceito de princípio
bifrontal.
Na realidade, o princípio da eficiência deve ser compreendido, a um só tempo, em
relação à forma de estruturação, de organização, da Administração, bem como
relativamente a seus servidores. Por exemplo:

- o concursando “X”, formado em engenharia eletrônica no ITA, com


mestrado em Harvard, toma posse em órgão municipal. Ao entrar em
exercício, “cheio de gás” para o trabalho, depara-se com a situação de
inexistência de computadores. Em síntese: do que adianta um servidor
eficiente, se a Administração não se aparelhou para tanto?;
- agora, o mesmo concursando passa em concurso federal,
deparando-se com excelentes estruturas, ótimos computadores etc.
Logo no primeiro dia, o servidor aventura-se na missão de descobrir as
bombas no jogo “campo minado”. Vencida essa primeira etapa, com o
suor do árduo trabalho, aventura-se no jogo “paciência”. Em síntese: do
que adianta a Administração encontrar-se estruturada, se o servidor não
está nem aí...
Então, agora entenderam o motivo de o princípio da eficiência deve ser
considerado em dupla acepção?

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Alguns ainda entendem a eficiência como o mais “moderno” princípio de


Administração Pública, que já não se contenta em dar cumprimento
estrito à norma, mas exige de si resultados positivos para os
serviços que presta, atendendo de forma satisfatória os cidadãos
destinatários das ações públicas, que deixam de ser vistos como
meros contribuintes e passam a ser reconhecidos como clientes.
Essa noção de “cidadão-cliente” é um dos principais valores da Nova
Administração Pública (ou Administração Gerencial), e pode ser
entendida como um movimento teórico que preceitua a mudança de
orientação nos valores centrais da Administração Pública: do
formalismo impessoal da Administração Burocrática para a
eficiência da Administração Gerencial. Cabem algumas colocações
quanto a essas duas linhas de pensamento.
A Administração Pública Burocrática surge, conceitualmente, na 2ª
metade do séc. XIX, em conjunto com o Estado Liberal. Constituiu,
inicialmente, numa forma de combater determinadas mazelas, como a
corrupção e o nepotismo, próprios da forma de Administração Pública
até então predominante: o patrimonialismo (a figura do soberano
confundia-se com a do próprio Estado).
Além do princípio da legalidade, outros princípios estão ligados
intrinsecamente à burocracia: profissionalização, hierarquia funcional,
impessoalidade, formalismo, em resumo, o poder racional legal,
defendido por Max Weber.
Os controles burocráticos, em regra, são a priori, com foco nos processos,
nos procedimentos. Para a burocracia, a observância das normas
relacionadas aos processos já garantiria o resultado a ser atingido. Em tal
modelo existe uma “desconfiança prévia” com relação aos
administradores. Desse modo, são sempre necessários controles
rígidos, que constituem a própria razão de ser do agente público.
O Estado volta-se para si mesmo, autorreferenciando-se, tornando-se,
com o tempo, inoperante com relação ao atendimento das demandas da
sociedade, uma das relevantes disfunções burocráticas. De toda
forma, esses defeitos ou disfunções, como preferem alguns, não
emergem de pronto, em face das não variadas atribuições do Estado à
época.
A Administração Pública Gerencial emerge na 2ª metade do séc. XX,
como que em resposta à expansão das funções econômicas e sociais do
Estado, bem como ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da
economia mundial.
Os valores da eficiência, a relação custo versus benefícios e a
qualidade dos serviços, com o cidadão tomado como cliente,
ganham relevo.
Apesar de, sem dúvida, constituir um avanço com relação ao modelo
burocrático, a Administração Gerencial aproveita boa parte das

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ideias daquele, tais como a admissão segundo critérios de mérito,


adotados com rigidez, um sistema estruturado e universal de
remuneração, as carreiras, a avaliação de desempenho e o
treinamento sistemático, dentre outros.
Quanto ao controle da Administração preceituado pelos gerencialistas,
o diferencial básico diz respeito ao foco: deixa de ser o processo
(burocrático) e passa a ser o resultado (gerencial), induzindo-se a
maior participação dos agentes privados e/ou das organizações da
sociedade civil para o desempenho dessa tarefa, o sonhado controle
social, que deve ser levado a efeito pelos próprios cidadãos.
Há uma necessidade clara de definição dos objetivos, com a consequente
autonomia do administrador, para que se possam cobrar resultados.
Descentralização e redução de níveis hierárquicos são inerentes
ao modelo gerencial.
Algumas outras comparações úteis podem ser feitas entre a Burocracia
X Gerencialismo, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento do
interesse público.
O que difere é a concepção de tal interesse. Para a Administração
Pública Burocrática, o interesse público é frequentemente
identificado com a afirmação de poder do próprio Estado. Desse
modo, boa parte das ações estatais volta-se para satisfação de seus
próprios interesses, ou seja, da burocracia, haja vista que esta passa a
ser identificada como o próprio Estado. As políticas públicas ficam
relegadas a um segundo plano.
Já para Administração Pública Gerencial, o interesse público
relaciona-se com o interesse da coletividade, os interesses
públicos primários, portanto. É nesse sentido que o cidadão passa a
ser visto como cliente, contribuindo com os impostos que são de sua
incumbência, mas cobrando resultados por parte da Administração. No
entanto, o princípio da eficiência não pode (deve) deixar em
segundo plano o princípio da legalidade, os princípios, como vimos,
devem conciliar-se.
Acrescente-se que, para o alcance da propalada eficiência, a
Administração Pública, por razões óbvias, deve buscar alterações em
sua própria estrutura. Com efeito, podem ser citados alguns exemplos
constitucionais:
 O inciso LXXVIII do art. 5º, inserido pela Emenda 45/2004
(Reforma do Poder Judiciário), estabelece que a todos, no âmbito
judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
 O §3º do art. 37 dispõe que a lei disciplinará as formas de
participação do usuário na administração pública direta e indireta,
regulando especialmente as reclamações relativas à prestação dos
serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de

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atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da


qualidade dos serviços (princípio da participação popular).
Esse dispositivo deixa patente ser possível o controle jurisdicional (art.
5º, XXXV, da Constituição Federal) em relação aos atos administrativos
também sob o aspecto do princípio da eficiência.
 O §8º do art. 37 garante a celebração de contratos de gestão
entre órgãos/entidades públicos para incremento da autonomia
gerencial, orçamentária e financeira, com a fixação de metas de
desempenho.
 O §2º do art. 39 da CF/1988 estabelece a obrigatoriedade de a
União, de os Estados e de o Distrito Federal manterem escolas de
governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos
para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de
convênios ou contratos entre os entes federados.
A celebração de convênios deve alcançar principalmente municípios, afinal
tais entes sequer foram obrigados a constituírem escolas de governo. E
mais: não há óbice de grandes municípios facultativamente aderirem à
ideia de aumentar a eficiência da Administração Pública, criando suas
próprias escolas de governo.
 O §7º do art. 39 dispõe que Lei da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos
orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em
cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de
programas de qualidade e produtividade, treinamento e
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do
serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
produtividade.
 O § 4º do art. 41 da CF/1988 previu como condição
obrigatória para a aquisição da estabilidade, além do decurso do
prazo de três anos, a avaliação especial de desempenho por
comissão instituída para essa finalidade.
Enfim, o princípio da eficiência poderia ser resumido como o do “cobertor
curto”: é cabeça ou pé! Não há recursos ilimitados. É preciso
aperfeiçoar as escolhas da Administração, é dizer, ampliar as
quantidade e qualidade das atividades prestadas pela Administração,
em contrapartida à redução de custos.
(2004/TCU/ANALISTA) O princípio da eficiência relaciona-se com o
modo de atuação do agente e com o modo de organização e estruturação
da administração pública, aspectos cujo conteúdo identifica-se com a
obtenção de melhores resultados na relação custo versus benefícios e com
o satisfatório atendimento das necessidades do administrado23.

23
Gabarito: CERTO.

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(2012/TRE-SP/Analista Administrativo) - Para atender ao


princípio constitucional básico da eficiência o agente público deve
a) reduzir ao máximo os custos dos serviços públicos,
independentemente da qualidade
b) sempre utilizar a tecnologia mais avançada, independentemente
do seu custo.
c) alcançar o melhor resultado possível no menor tempo e ao
menor custo.
d) atender a todos de forma idêntica, independente das demandas
individuais dos cidadãos.
e) prestar conta das atividades realizadas com clareza e presteza
aos órgãos de controle24.

Girls and boys! That’s all!


Forte abraço a todos e bons estudos,
Cyonil Borges.
Opa! Não acabou, viu! Abaixo, uma excelente bateria com questões de
FCC, acompanhada dos comentários. Espero encontrá-los no curso
teórico.

24
Gabarito: Letra C.

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1) Há dois princípios constitucionais fundamentais para o Direito


Administrativo. A partir deles constroem-se todos os demais.
São eles:
a) prescrição de veracidade e publicidade.
b) impessoalidade e legalidade.
c) legalidade e supremacia do interesse público.
d) publicidade e moralidade.
e) especialidade e supremacia do interesse público.
Comentários:
A Administração Pública age tanto como pessoa jurídica de direito
privado, como pessoa jurídica de direito público. Porém, é no regime
jurídico-administrativo (de Direito Público) que a Administração
dispõe de prerrogativas (de força, de supremacia sobre os
particulares). Isso ocorre em razão do significado que o Estado
representa na sociedade: a de ser responsável pelo cumprimento dos
interesses coletivos (públicos).
Em consequência, a Administração Pública dispõe de “poderes
especiais” que não são colocados à disposição do particular. Como
exemplos de tais prerrogativas: o exercício do poder de polícia, a
desapropriação de bens, a possibilidade de aplicação de sanções
administrativas independentemente da intervenção judicial.
Todavia, no regime jurídico-administrativo, não há só prerrogativas
(autonomia). Jamais! Existem também as restrições (liberdade),
contrapartida das prerrogativas. Vamos a mais um exemplo.
Imagine que a Administração Pública tenha de adquirir veículos
e toma conhecimento que uma loja está com uma “promoção”,
com preços bastante inferiores aos correntes no mercado. Poderia o
Administrador livremente, ao seu arbítrio, adquirir os veículos?
Sonoramente, NÃO!
A razão disso que é Constituição Federal submete a Administração ao
dever de licitar suas aquisições (art. 37, inc. XXI), restringindo o que
se poderia nominar de “liberdade” da Administração em realizar
contratos.
Portanto, o regime jurídico-administrativo poderia ser resumido em
duas expressões: prerrogativas e sujeições do Estado no desempenho
de suas atividades Administrativas.

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Daí a correção da alternativa C.

2) São princípios da Administração Pública expressamente


previstos na Constituição da República Federativa do Brasil:
a) especialidade, moralidade e autotutela.
b) legalidade, razoabilidade e supremacia do interesse público.
c) publicidade, supremacia do interesse público e veracidade.
d) veracidade, eficiência e razoabilidade.
e) eficiência, legalidade e publicidade.
Comentários:
Em termos de texto constitucional, o Capítulo VII, do Título III (Da
organização do Estado), da Constituição da República Federativa do
Brasil, consagra as normas básicas regentes da Administração Pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios (alcance amplo, não?); e
proclama os princípios constitucionais essenciais para a probidade e
transparência na gestão da coisa pública. São princípios
constitucionais expressos da Administração Pública (LIMPE):
Legalidade;
Impessoalidade;

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Moralidade;
Publicidade e
Eficiência.

Isso mesmo. Tais princípios valem para TODOS os Poderes, de TODOS


os entes integrantes da Federação Brasileira (União; Estados;
Distrito Federal, e Municípios), e respectivas Administração Direta e
Indireta. É útil a transcrição do dispositivo constitucional:

Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de Legalidade, Impessoalidade, Moralidade,
Publicidade e Eficiência e, também, ao seguinte: (...).

Daí a correção da alternativa “E”.

3) A Constituição determina expressamente que são princípios da


Administração Pública:
a) publicidade, moralidade e eficiência.
b) impessoalidade, moralidade e imperatividade.
c) hierarquia, moralidade e legalidade.
d) legalidade, impessoalidade e autoexecutoriedade.
e) impessoalidade, presunção de legitimidade e hierarquia.
Comentários:
Dispensáveis maiores comentários. A resposta é a letra A.
Gabarito: alternativa A.

4) O saudoso HELY LOPES MEIRELLES (cf. "Direito Administrativo


Brasileiro", 34a. ed., Malheiros Editores, São Paulo, 02.2008, p.
89) ensina: "Na Administração Pública não há liberdade nem

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vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito


fazer o que a lei não proíbe, na Administração Pública só é
permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular
significa 'pode fazer assim': para o administrador público
significa 'deve fazer assim'".
No trecho, o autor se refere ao princípio constitucional do Direito
Administrativo Brasileiro da:
a) legalidade.
b) publicidade.
c) eficiência.
d) impessoalidade.
e) moralidade.
Comentários:
O princípio da legalidade não é restrito à Administração Direta e
Indireta e ao Poder Executivo, enfim, também vale para os Poderes
Judiciário e Legislativo e para os particulares, mas com outro enfoque
(legalidade constitucional): se uma norma não proibir, o particular,
dispondo de forma livre de sua vontade, pode agir da maneira que melhor
entender.

Pode-se, previamente, concluir que a Administração Pública só pode


agir da maneira que a lei determinar ou autorizar, enquanto o
particular age do modo que julgue mais conveniente, desde que a lei
(não apenas a Constituição) não o proíba.
Isso significa que o agente público, responsável por tornar concreta a
missão da Administração Pública, não pode fazer tudo o que não seja
proibido em lei, e sim só o que a norma autoriza ou determina.
Para o particular, o princípio da legalidade terá caráter mais restritivo
que impositivo: não sendo proibido em norma, é possível ao particular
fazer. Parafraseando o autor Hely Lopes, o princípio da legalidade para o
administrador significa “deve fazer assim”, enquanto para os
particulares, “pode fazer assim”.

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Gabarito: alternativa A.

5) De acordo com o princípio da legalidade, em matéria


administrativa, a Administração apenas pode praticar os atos
que sejam expressamente permitidos pela lei. A partir deste
enunciado, conclui-se que:
a) a observância de medidas provisórias, pela Administração, ofende o
princípio da legalidade porque elas não são consideradas lei formal.
b) a Administração poderá praticar os atos permitidos pela lei e, em caso
de omissão, estará legitimada a atuar se for habilitada a tanto por decreto
do Chefe do Poder Executivo.
c) a prática de atos por razões de conveniência e oportunidade é
violadora do princípio da legalidade, uma vez que o mérito do ato
administrativo nestes casos não é definido em lei.
d) o controle de legalidade interno dos atos administrativos deve ser
preocupação constante da Administração, como forma de atendimento do
interesse público na preservação desta legalidade.
e) o reconhecimento de circunstâncias excepcionais, como estado de sítio
e estado de defesa, autoriza a Administração a praticar atos
discricionários e arbitrários, isentos de controle jurisdicional.
Comentários:
A resposta, sem sombra de dúvidas, é a letra “D”. Vejamos, a seguir, os
erros nos demais quesitos.

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a) a observância de medidas provisórias, pela Administração, NÃO ofende


o princípio da legalidade porque APESAR DE elas não são SEREM
consideradas lei formal.
b) a Administração poderá praticar os atos permitidos pela lei e, em caso
de omissão, NÃO estará legitimada a atuar se for habilitada a tanto por
decreto do Chefe do Poder Executivo.
c) a prática de atos por razões de conveniência e oportunidade NÃO é
violadora do princípio da legalidade, uma vez que o mérito do ato
administrativo nestes casos não é definido em lei É A MARGEM
GARANTIDA IMPLÍCITA OU EXPRESSAMENTE EM LEI.
e) o reconhecimento de circunstâncias excepcionais, como estado de sítio
e estado de defesa, autoriza a Administração a praticar atos
discricionários e arbitrários, E NÃO isentos de controle jurisdicional.
Gabarito: alternativa D.

6) A regra geral de proibição de greve nos serviços públicos, a


faculdade de a Administração utilizar equipamentos e
instalações de empresa que com ela contrata, e a necessidade
de institutos com a suplência, a delegação e a substituição, são
consequências do princípio da:
a) continuidade do serviço público.
b) autotutela.
c) legalidade.
d) supremacia do interesse público.
e) moralidade administrativa.
Comentários:
O princípio da continuidade é assim enunciado por Cretella Júnior: a
atividade da Administração é ininterrupta, não se admitindo a
paralisação dos serviços públicos. Com outras palavras, os serviços
públicos não podem sofrer solução de continuidade.
Algumas consequências práticas advindas do princípio, em tela, podem
ser destacadas:
 Restrição ao direito de greve, nos termos do art. 37, VII, daí,
inclusive, a correção da alternativa “A”.
 Institutos da substituição, interinidade, suplência, “o responder
pelo expediente nos casos de vacância”.
 Na hipótese de rescisão do contrato administrativo, a
Administração Pública detém a prerrogativa de, nos casos de serviços
essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e
serviços vinculados ao objeto do contrato.

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 A não oposição restrita da exceção do contrato não cumprido.


Nesse caso, o Estado pode ficar até 90 dias sem pagar e a empresa
contratada ainda assim tem o dever de manter a execução dos
serviços, regidos pela Lei 8.666/1993.

Ah! Para a doutrina, o serviço contínuo não precisa ser diário, por
exemplo, a Justiça Eleitoral não é um serviço diário, contudo, atende
plenamente o princípio da continuidade, pois é intermitente e regular.
Gabarito: alternativa A.

7) Sobre os princípios básicos da Administração Pública, é correto


afirmar que:
a) a aplicação retroativa de nova interpretação desfavorável aos
interesses do particular encontra respaldo no princípio da segurança
jurídica.
b) o princípio da supremacia do interesse público não precisa estar
presente no momento da elaboração da lei, mas apenas quando da sua
aplicação em concreto.
c) os princípios da ampla defesa e do contraditório devem ser observados
tanto nos processos administrativos punitivos como nos não punitivos.
d) o princípio da motivação é exigível apenas nos atos discricionários.
e) o princípio da eficiência sobrepõe-se a todos os demais princípios da
Administração.
Comentários:
A resposta é a letra “C”. Os princípios do contraditório e da ampla defesa
são amplos, sendo aplicados aos processos judiciais e administrativos,
estes de natureza punitiva ou não, como, por exemplo, a exoneração do
servidor inabilitado em estágio probatório.
A seguir, vejamos os erros nos demais itens.
a) a aplicação retroativa de nova interpretação desfavorável aos
interesses do particular NÃO encontra respaldo no princípio da segurança
jurídica. EXATAMENTE AO CONTRÁRIO, O PRINCÍPIO DA
SEGURANÇA JURÍDICA VEDA A INTERPRETAÇÃO RETROATIVA.
b) o princípio da supremacia do interesse público não precisa estar
presente no momento da elaboração da lei, mas apenas E TAMBÉM
quando da sua aplicação em concreto.
d) o princípio da motivação é exigível apenas nos atos discricionários E
TAMBÉM NOS VINCULADOS.
e) o princípio da eficiência NÃO SE sobrepõe a todos os demais princípios
da Administração, AFINAL INEXISTE HIERARQUIA MATERIAL ENTRE
OS PRINCÍPIOS.

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Gabarito: alternativa C.

8) Sobre os princípios básicos da Administração Pública,


considere:
I. O princípio da publicidade é absoluto, no sentido de que todo ato
administrativo, sem exceção, deve ser publicado.
II. O princípio da impessoalidade tem dois sentidos: um relacionado à
finalidade, no sentido de que ao administrador se impõe que só pratique o
ato para o seu fim legal; outro, no sentido de excluir a promoção pessoal
das autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações
administrativas.
III. Por força do princípio da segurança jurídica não é possível retroagir
interpretação de lei a casos já decididos com base em entendimento
anterior.
IV. A necessidade de institutos como a suplência, a delegação e a
substituição para preencher as funções públicas temporariamente vagas,
é consequência do princípio da eficiência.
É correto o que se afirma APENAS em
a) I e IV.
b) I e III.
c) I e II.
d) II e III.
e) III e IV.
Comentários:
Vamos direto às análises.
I - FALSO. O princípio da publicidade NÃO é absoluto, no sentido de que
NEM todo ato administrativo, sem exceção, deve ser publicado, COMO,
POR EXEMPLO, OS ATOS ATINENTES À SEGURANÇA DO ESTADO.
II - VERDADEIRO. De fato, o princípio da impessoalidade tem dois
sentidos: um relacionado à finalidade, no sentido de que ao administrador
se impõe que só pratique o ato para o seu fim legal; outro, no sentido de
excluir a promoção pessoal das autoridades ou servidores públicos sobre
suas realizações administrativas.
III - VERDADEIRO. De fato, o princípio da segurança jurídica veda a
retroação de interpretação de lei a casos já decididos com base em
entendimento anterior.
IV - FALSO. A necessidade de institutos como a suplência, a delegação e
a substituição para preencher as funções públicas temporariamente
vagas, é consequência do princípio da eficiência CONTINUIDADE DO
SERVIÇO PÚBLICO.

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Gabarito: alternativa D.

9) Sobre os princípios da Administração Pública, é correto afirmar:


a) O art. 37 da Constituição Federal não é taxativo, pois, outros princípios
existem, previstos em leis esparsas, ou, mesmo, não expressamente
contemplados no direito objetivo, aos quais se sujeita a Administração
Pública.
b) Segundo o princípio da legalidade, a Administração pode fazer tudo o
que a lei não proíbe.
c) O princípio da especialidade é concernente à ideia da centralização
administrativa.
d) O princípio da autotutela significa o controle que a Administração
exerce sobre outra pessoa jurídica por ela mesma instituída.
e) O princípio da continuidade do serviço público é a possibilidade de
reeleição dos chefes do poder executivo.
Comentários:
A resposta é letra “A”. Os princípios são indicados, no art. 37 da CF, de
1988, apenas de forma exemplificativa. Outros princípios podem ser
encontrados expressamente em outros artigos do texto constitucional,
como, por exemplo, a ampla defesa e o contraditório; bem como
encontrados em atos infraconstitucionais, como, por exemplo, na Lei
9.784, de 1999, o princípio da motivação e interesse público.
A seguir, vejamos os erros nos demais itens.
b) Segundo o princípio da legalidade, a Administração O PARTICULAR
pode fazer tudo o que a lei não proíbe.
c) O princípio da especialidade é concernente à ideia da centralização
DESCENTRALIZAÇÃO administrativa.
d) O princípio da autotutela TUTELA ADMINISTRATIVA significa o
controle que a Administração exerce sobre outra pessoa jurídica por ela
mesma instituída.
e) O princípio da continuidade do serviço público é a possibilidade de NÃO
ESTÁ ATRELADO À reeleição dos chefes do poder executivo.
Gabarito: alternativa A.

10) Sobre os princípios constitucionais da Administração Pública


NÃO é correto afirmar que o princípio:
a) da moralidade está ligado à ideia da probidade administrativa, do
decoro e da boa-fé.
b) da impessoalidade também é conhecido como princípio da finalidade.

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c) da publicidade apresenta dupla acepção: exigência de publicação dos


atos administrativos em órgão oficial como requisito de eficácia e
exigência de transparência da atuação administrativa.
d) da impessoalidade tem por objetivo assegurar que os serviços públicos
sejam prestados com adequação às necessidades da sociedade.
e) da legalidade traduz a ideia de que a Administração Pública somente
tem possibilidade de atuar quando exista lei que a determine ou que a
autorize.
Comentários:
A resposta é letra “D”. O princípio da eficiência é que tem por objetivo
assegurar que os serviços públicos sejam prestados com adequação às
necessidades da sociedade.
Gabarito: alternativa D.

11) Sobre os princípios da Administração Pública, considere:


I. O princípio da publicidade, previsto na Constituição Federal, exige a
ampla divulgação, sem exceção, de todos os atos praticados pela
Administração Pública.
II. A regra estabelecida na Lei n o 9.784/99 de que o processo
administrativo deve observar, dentre outros critérios, o atendimento a
fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou
competências, salvo autorização em lei, traduz o princípio da supremacia
da prevalência do interesse público.
III. Os princípios da eficiência e da impessoalidade, de ampla aplicação no
Direito Administrativo, não estão expressamente previstos na Constituição
Federal.
IV. O princípio da fundamentação exige que a Administração Pública
indique os fundamentos de fato e de direito de seus atos e decisões.
Está correto o que se afirma SOMENTE em
a) I, II e III.
b) II e IV.
c) II e III.
d) III.
e) IV.
Comentários:
I - FALSO. O princípio da publicidade, previsto na Constituição Federal,
exige a ampla divulgação, sem COM exceção, de todos os atos praticados
pela Administração Pública.

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II - VERDADEIRO. A regra estabelecida na Lei n o 9.784/99 de que o


processo administrativo deve observar, dentre outros critérios, o
atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial
de poderes ou competências, salvo autorização em lei, traduz o princípio
da supremacia da prevalência do interesse público.
III - FALSO. Os princípios da eficiência e da impessoalidade, de ampla
aplicação no Direito Administrativo, não estão expressamente previstos
na Constituição Federal.
IV - VERDADEIRO. O princípio da fundamentação OU MOTIVAÇÃO
exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de
direito de seus atos e decisões.
Gabarito: alternativa B.

12) No que concerne à Administração Pública, o princípio da


especialidade tem por característica:
a) a descentralização administrativa através da criação de entidades que
integram a Administração Indireta.
b) a fiscalização das atividades dos entes da Administração Indireta.
c) o controle de seus próprios atos, com possibilidade de utilizar-se dos
institutos da anulação e revogação dos atos administrativos.
d) a relação de coordenação e subordinação entre uns órgãos da
Administração Pública e outros, cada qual com atribuições definidas em
lei.
e) a identificação com o princípio da supremacia do interesse privado,
inerente à atuação estatal.
Comentários:
O princípio da especialidade é concernente à ideia de descentralização
administrativa. A descentralização administrativa pressupõe a criação de
novas pessoas jurídicas, exemplo das autarquias e fundações públicas,
daí a correção da alternativa “A”.
Gabarito: alternativa A.

13) O serviço público não é passível de interrupção ou suspensão


afetando o direito de seus usuários, pela própria importância
que ele se apresenta, devendo ser colocado à disposição do
usuário com qualidade e regularidade, assim como com
eficiência e oportunidade. Trata-se do princípio fundamental
dos serviços públicos denominado
a) impessoalidade.
b) mutabilidade.

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c) continuidade.
d) igualdade.
e) universalidade.
Comentários:
Questão de fixação. O princípio fundamental que determina que os
serviços públicos não possam sofrer solução em sua continuidade é o
princípio da continuidade dos serviços públicos. Daí a correção da
alternativa C.
Gabarito: alternativa C.

14) A conduta do agente público que se vale da publicidade


oficial para realizar promoção pessoal atenta contra os
seguintes princípios da Administração Pública:
a) razoabilidade e legalidade.
b) eficiência e publicidade.
c) publicidade e proporcionalidade.
d) motivação e eficiência.
e) impessoalidade e moralidade.
Comentários:
O art. 37, §1º, da CF, de 1988, veda que os agentes públicos façam uso
da coisa pública para favorecimento pessoal, seja por meio de imagens,
nomes ou símbolos. Esse artigo é uma aplicação direta do princípio da
impessoalidade.
Perceba que a única alternativa que alude à impessoalidade é a letra “E”.
O maior problema seria se outra opção também tivesse citado o referido
princípio. No caso, o uso do dinheiro público para favorecimento pessoal
é, no mínimo, imoral.
Gabarito: alternativa E.

15) Analise as seguintes proposições, extraídas dos


ensinamentos dos respectivos Juristas José dos Santos
Carvalho Filho e Celso Antônio Bandeira de Mello:
I. O núcleo desse princípio é a procura de produtividade e economicidade
e, o que é mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios de
dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos com
presteza, perfeição e rendimento funcional.
II. No texto constitucional há algumas referências a aplicações concretas
deste princípio, como por exemplo, no art. 37, II, ao exigir que o ingresso

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no cargo, função ou emprego público depende de concurso, exatamente


para que todos possam disputar-lhes o acesso em plena igualdade.
As assertivas I e II tratam, respectivamente, dos seguintes princípios da
Administração Pública:
a) moralidade e legalidade.
b) eficiência e impessoalidade.
c) legalidade e publicidade.
d) eficiência e legalidade.
e) legalidade e moralidade.
Comentários:
I - EFICIÊNCIA. A procura de produtividade e economicidade e, o que é
mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro
público, o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza,
perfeição e rendimento funcional.
II - IMPESSOALIDADE. No texto constitucional há algumas referências
a aplicações concretas deste princípio, como por exemplo, no art. 37, II,
ao exigir que o ingresso no cargo, função ou emprego público depende de
concurso, exatamente para que todos possam disputar-lhes o acesso em
plena igualdade.
Gabarito: alternativa B.

16) O Jurista Celso Antônio Bandeira de Mello apresenta o


seguinte conceito para um dos princípios básicos da
Administração Pública: De acordo com ele, a Administração e seus
agentes têm de atuar na conformidade de princípios éticos. (...)
Compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os chamados
princípios da lealdade e boa-fé.
Trata-se do princípio da
a) motivação.
b) eficiência.
c) legalidade.
d) razoabilidade.
e) moralidade. Comentários:
A lealdade, boa-fé e a honestidade são preceitos éticos desejados pela
sociedade que nos remunera direta ou indiretamente. O princípio da
moralidade pode ser considerado a um só tempo dever do
administrador e direito público subjetivo.
Gabarito: alternativa E.

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17) Constituem princípios do processo administrativo, explícitos


ou implícitos no Direito positivo:
a) oficialidade, publicidade e motivação.
b) sigilo, economia processual e unilateralidade.
c) onerosidade, publicidade e tipicidade.
d) formalismo, gratuidade e inércia dos órgãos administrativos
e) oficialidade, devido processo legal e inércia dos órgãos administrativos.
Comentários:
A resposta é letra “A”.
Vejamos os erros nos demais itens.
b) sigilo PUBLICIDADE, economia processual e unilateralidade.
c) onerosidade GRATUIDADE, publicidade e tipicidade.
d) formalismo MODERADO, gratuidade e inércia IMPULSO OFICIAL dos
órgãos administrativos
e) oficialidade, devido processo legal e inércia IMPULSO OFICIAL dos
órgãos administrativos.
Gabarito: alternativa “A”.

18) O princípio segundo o qual a Administração Pública Direta


fiscaliza as atividades dos entes da Administração Indireta
denomina-se
a) finalidade.
b) controle.
c) autotutela.
d) supremacia do interesse público.
e) legalidade.
Comentários:
Questão maldosa!
Imagino que bons candidatos foram direto à alternativa “C”, que
menciona o princípio da autotutela.
Esclareço que a autotutela é autocontrole, ou seja, é o controle do ato
administrativo pela própria pessoa jurídica emissora, como salienta a
Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal.
A Administração Indireta é formada por um conjunto de entidades
administrativas, de pessoas jurídicas, suscetíveis de supervisão pelo
Ministério da área temática, situado na Administração Direta.

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Entre a Administração Direta e Indireta não existe subordinação, mas sim


vinculação, o que indica que estão sujeitas, igualmente, a controle,
porém do tipo finalístico e não hierárquico. Daí a correção da alternativa
“B”.
Gabarito: alternativa B.

19) Na relação dos princípios expressos no artigo 37, caput, da


Constituição da República Federativa do Brasil, NÃO consta o
princípio da
a) moralidade.
b) eficiência.
c) probidade.
d) legalidade.
e) impessoalidade.
Comentários:
Questão de fixação. Suficiente relembrar do LIMPE. O “P” é de
publicidade e não de probidade, daí a correção da letra “C”.
Gabarito: alternativa C.

20) São princípios da Administração Pública, expressamente


previstos no artigo 37, caput, da Constituição Federal, dentre
outros,
a) eficiência, razoabilidade e legalidade.
b) motivação, moralidade e proporcionalidade.
c) legalidade, moralidade e impessoalidade.
d) publicidade, finalidade e legalidade.
e) eficiência, razoabilidade e moralidade.
Comentários:
Questão de fixação. A resposta é letra “C”.
Gabarito: alternativa C.

21) O direcionamento da atividade e dos serviços públicos à


efetividade do bem-comum é característica básica do Princípio
da
a) Eficiência
b) Legalidade
c) Impessoalidade

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d) Moralidade
e) Proporcionalidade
Comentários:
Pode-se dizer que o princípio da impessoalidade tem uma “tripla
formulação”, “três faces”.
Numa primeira visão, para parte da doutrina, a impessoalidade como
princípio significa que o administrador público só deve praticar atos
voltados à consecução do interesse público. Daí a correção da letra
“C”.
Por tal princípio, o tratamento conferido aos administrados em geral deve
levar em consideração não o “prestígio” social por estes desfrutado, mas
sim suas condições objetivas em face das normas que cuidam da
situação, tendo em conta o interesse público, que deve prevalecer.
Para esses doutrinadores, a atuação impessoal determina uma
atuação finalística da Administração, ou seja, voltada ao melhor
atendimento dos interesses públicos. Desse modo, o princípio da
impessoalidade é sinônimo de finalidade.
Em outra interessante acepção do princípio da impessoalidade, os
atos e provimentos administrativos são imputáveis NÃO ao
funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade
administrativa em nome do qual age o funcionário.
Por essa linha, pelos atos dos agentes responde a Administração
Pública, em razão da impessoalidade de atuação daqueles. A tese é
consagrada em diversos momentos da nossa atual Constituição Federal,
como no art. 37, §6º, do texto constitucional:

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Vê-se que a pessoa jurídica à qual é vinculado o agente responde


pelo dano causado por este, nitidamente devido à impessoalidade da
atuação funcional. Portanto, o agente tem sua atuação imputada ao
órgão/entidade a que se vincula (teoria do órgão ou da imputação
volitiva).
Uma terceira face da impessoalidade pode ser encontrada no art. 37,
inc. II, por exemplo. Ao se exigir concurso público para o acesso aos
cargos públicos, o legislador prezou pelo mérito, sem criar
discriminações benéficas ou detrimentosas, em observância ao
princípio da isonomia ou igualdade.

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Assim, a atividade administrativa deve dar-se segundo critérios de bom


andamento do serviço público, afastando-se favoritismo ou mesmo
desfavoritismos.
Lúcia Figueiredo explica que a impessoalidade pode levar à
igualdade, mas com ela não se confunde. É possível haver
tratamento igual a determinado grupo (que estaria satisfazendo o
princípio da igualdade), porém, se ditado por conveniências pessoais
do grupo e/ou do administrador, estará infringindo a impessoalidade. É
verdade que estão próximos os princípios, mas certamente não se
confundem.
Gabarito: alternativa C.

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