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Encontra-se sob o exame dessa Corte o pedido de registro de candidatura para SENADOR
do requerido FRANCINETO LUZ AGUIAR, cujo edital foi publicado no dia 14/08/2018.
Sucede que como revela a anexa documentação extraída do sítio eletrônico do Tribunal de
Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), o ora impugnado, na condição de gestor público, em
conjunto com o Sr. Luiz Marinho e a Sra. Silvia Luzia Frateschi, à frente da Prefeitura Municipal de
São Bernardo do Campo – SP, teve suas contas desaprovadas em face de irregularidades graves e
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insanáveis, caracterizadas como ato doloso de improbidade administrativa – cenário que atrai a
incidência da causa de inelegibilidade tipificada na Lei Complementar n. 64/90.
A Lei Complementar n.º 64/90, a que se refere tal dispositivo constitucional, descreve, em
seu artigo 1º, as diversas hipóteses em que, além daquelas já previstas na Constituição, se
configurará a inelegibilidade.
Assim é que, de acordo com o disposto no artigo 1º, I, “g”, da Lei Complementar 64/90,
com a nova redação conferida pela LC n.º 135/2010:
Art. 1º São inelegíveis:
I - para qualquer cargo:
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas
rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade
administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido
suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito)
anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II
do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de
mandatários que houverem agido nessa condição;(Redação dada pela Lei Complementar
nº 135, de 2010)
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A rejeição das contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas, de fato, reveste-
se de extrema gravidade, revelando, no mínimo, um desapego à coisa pública, que não se coaduna
com a moralidade e a probidade que a Constituição Federal exige de todo agente público (artigo
37, caput) e que, por isso mesmo, são expressamente referidas no citado artigo 14, § 9º, da CF.
Ressalvou, porém, a lei, uma hipótese em que, apesar de terem sido as contas rejeitadas,
não se configurará a inelegibilidade: aquela em que a decisão de rejeição tenha sido suspensa ou
anulada pelo do Poder Judiciário.
No caso dos autos, o impugnado teve rejeitadas as contas que apresentou enquanto gestor
do município de São Bernardo do Campo – SP, relativo ao exercício 2012, conforme decisão do
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, por irregularidade insanável que configura ato doloso
de improbidade administrativa, que podem ser sintetizados da seguinte forma: ausência de Plano
de Trabalho; não demonstração de eficiência, eficácia e economicidade do ajuste; infringência aos
incisos II e III, do §1º do artigo 116 da Lei Federal nº 8.666/93; o cronograma de desembolso inicial
não estimou o custo de cada atividade, não sendo possível verificar se a supressão do repasse
equivale às atividades não desenvolvidas, ou se houve superestimação dos fluxos financeiros;
ausência de metas, de especificação da quantidade de participantes nas atividades propostas e de
indicação da fonte utilizada para estimar os custos.
Vejamos, a propósito, a ementa dos acórdãos exarados pelo TCE e trechos dos respectivos
votos:
TC-020929/026/13
Órgão Público Concessor: Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo.
Entidade Beneficiária: Fundação de Apoio à Faculdade de Educação – FAFE.
Responsáveis: Luiz Marinho e Francineto Luz de Aguiar (Prefeitos) e Silvia Luzia Frateschi
Trivelato (Diretor Administrativa).
Assunto: Prestação de contas – repasses públicos ao terceiro setor. Justificativas
apresentadas em decorrência de assinatura de prazo pelo Conselheiro Dimas Eduardo
Ramalho, publicadas no D.O.E. de 12-10-13, 02-11-13 e 21-05-14.
Exercício: 2012.
Valor: R$993.747,48.
Advogados: Douglas Eduardo Prado, Arcênio Rodrigues da Silva, Célia da Silva Castro e
outros.
Procurador de Contas: Rafael Antonio Baldo.
Vistos, relatados e discutidos os autos.
ACORDA a Primeira Câmara do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, em sessão de
05 de maio de 2015, pelo voto dos Conselheiros Dimas Eduardo Ramalho – Presidente e
Relator, Edgard Camargo Rodrigues e da Auditora Substituta de Conselheiro Silvia
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2. VOTO
2.1. A defesa juntada aos autos não elidiu a totalidade das falhas aventadas
na instrução da matéria.
2.2. Não foram apresentados comparativos entre as metas propostas e os resultados
alcançados pela conveniada.
2.3. No tocante à economicidade, a alegação da Prefeitura de que o projeto de Bibliotecas
Escolares Interativas, por ser pioneiro no país e abranger questões técnicas e pedagógicas,
não permite mensurar o custo do investimento, e sim resultados qualitativos (fl. 137), não
deve prosperar, pois a ausência de um Plano de Trabalho eficiente, contendo metas,
composição de custos unitários e globais, e as fases de execução do objeto, impede que a
administração avalie a eficiência, eficácia e economicidade dos atos praticados,
denotando, ainda, infringência aos incisos II e III do § 1º do artigo 116 da Lei da Lei Federal
nº 8.666/1993.
2.4. De fato, assiste razão à Fiscalização ao afirmar que “o Cronograma de Desembolso
inicial não estimou o custo de cada atividade, não sendo possível verificar se a supressão
do repasse equivale às atividades não desenvolvidas, ou se houve superestimação dos
fluxos financeiros” (fl. 78).Tanto é assim que, por meio do Termo Aditivo assinado em
02/01/2013, o valor do Convênio foi significativamente alterado de R$ 3.069.213,78 para
R$ 1.944.504,74. Isto, aliado à ausência de metas, especificação da quantidade de
participantes nas atividades propostas e de indicação da fonte utilizada para estimar os
custos, resultou, inclusive, na reprovação do citado Aditamento.
2.5. Diante do exposto, VOTO pela IRREGULARIDADE da prestação de contas em exame,
com acionamento do disposto nos incisos XV e XXVII do artigo 2º da Lei Complementar nº
709/93.
É de bom alvitre lembrar que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo publicou
recentemente, em 08/08/2018, Relação de Responsáveis por Contas Julgadas Irregulares em que
consta o nome do candidato FRANCINETO LUZ DE AGUIAR, cujo trânsito em julgado aconteceu
em 15/12/2015 (documento anexo).
Contudo, não se tem notícia de que o impugnado tenha obtido, perante o Poder Judiciário,
qualquer medida suspensiva ou anulatória da r. decisão que rejeitara suas contas, com vistas à
suspensão da inelegibilidade de oito anos a que se refere o citado artigo de lei complementar,
estando, portanto, inelegível.
II – DO PEDIDO
c) a regular tramitação desta ação, nos termos dos arts. 4º e seguintes da Lei
Complementar n.º 64/90, para, ao final, ser julgada procedente a presente impugnação e
consequente indeferimento do pedido de registro de candidatura, em razão da inelegibilidade
verificada nos autos.
Protesta-se, finalmente, pela produção de provas, por todos os meios e formas em direito
admitidos, em especial pela juntada de novos documentos em anexo.
Deixa de atribuir valor à causa, porquanto inestimável e em face da própria natureza dos
feitos eleitorais.