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Lições Preliminares Sobre à Constituição
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Lições Preliminares
Sobre à Constituição
• A Organização do Estado;
• A Constituição;
• Os Elementos Fundamentais de uma Constituição;
• A Aplicabilidade das Normas Constitucionais.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Entender a formação do Estado, por intermédio de um processo histórico, político
e econômico;
• Reconhecer a importância, em um Estado Democrático de Direito, da existência de uma
Constituição, a mais elevada norma jurídica, que fundamenta todo o sistema jurídico de
um Estado;
• Ver de que forma são aplicadas as normas constitucionais e, para tanto, conheceremos
um critério doutrinário, muito bem elaborado.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Lições Preliminares Sobre à Constituição
A Organização do Estado
Diversos autores, nas diversas Ciências Sociais, dão sua interpretação e justifica-
tivas para determinar a origem ou formação do Estado.
Por exemplo, os denominados “contratualistas” determinam a formação do Esta-
do pela celebração de um Pacto Social, denominado de Contrato Social.
Com relação a esse contrato, pode-se dizer que a Sociedade celebra um pacto
imaginário, com o fulcro de produzir segurança para a vida, a liberdade e a proprie-
dade, renunciando à sua liberdade plena.
São percussores desses conceitos da formação do Estado, com o advento de um
“Contrato Social”: Thomas Hobbes1, John Locke2 e Jean-Jacques Rousseau3.
Vale a pena mencionar as palavras de Cláudio De Cicco e Álvaro Azevedo
Gonzaga, com relação à Teoria Contratualista:
Alguns doutrinadores entendem que essa teoria da origem contratualista
não deva ser considerada, uma vez que o Contrato se origina ou pela for-
ça, como defende Hobbes em sua obra O Leviatã, ou pela propriedade,
conforme Rousseau dispõe em seu Discurso da origem da desigualdade
entre os homens. A nosso ver, o Estado tem como motivo, e não como
origem, a força ou a propriedade, uma vez que é o Contrato Social que
não só legitima, mas origina o Estado (DE CICCO; GONZAGA, 2015,
cap. 7 – e-book)
Mas, para tratarmos do tema da relação do Estado, por intermédio de sua Cons-
tituição, e do Direito Administrativo, devemos buscar fundamento sobre a con-
cepção desse ente mediante um conceito contemporâneo, retirado da doutrina da
“Teoria Geral do Estado”.
Iremos aproveitar, novamente, as ideias dos autores Cláudio De Cicco e Álvaro
Azevedo Gonzaga, os quais conceituam o Estado como:
O Estado é uma sociedade de pessoas chamada população, em deter-
minado território, sob a autoridade de determinado governo, a fim de al-
cançar determinado objetivo, o bem comum (CICCO; GONZAGA, 2015,
cap. 4 – e-book)
Desse conceito, podemos abstrair que o Estado é formado por quatro elementos,
assim distribuídos:
• Dois elementos materiais – População e território;
• Um elemento formal – GOVERNO.
1
Thomas Hobbes, escritor, autor e cientista social inglês. Sua principal obra é o livro Leviatã, no ano de 1651. Nela,
ele trata da formação do Estado e da Sociedade.
2
John Locke, escritor e filósofo inglês, cuja principal obra é Dois Tratados sobre o Governo, de 1681, na qual trata
da formação do Estado.
3
Jean-Jacques Rousseau, importante filósofo e político suíço e, em sua obra Do Contrato Social, de 1762, trata da
necessidade de que todos os homens produzam um novo Contrato Social, no qual a liberdade do homem deve ser
alicerçada pelas experiências políticas de antigas civilizações, garantindo os direitos de todos os cidadãos.
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Mas, como bem dispõe o conceito, o Estado, atualmente, está voltado a uma
determinada finalidade, que é o “bem comum”.
Com relação à soberania, ela pode ser vista sob dois aspectos, sendo um de
âmbito interno, ou seja, o local onde o Estado faz valer suas decisões.
Para fazer valer a sua soberania, o Estado inicia o devido processo legal para, se
for o caso, aplicar uma pena privativa de liberdade, fazendo valer a sua decisão de
que ninguém pode matar outrem.
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UNIDADE Lições Preliminares Sobre à Constituição
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Por fim, o conceito que apreciamos de Estado nos mostra que ele tem uma fina-
lidade, que se conjuga com a figura do atual Estado Democrático de Direito, sendo
ela determinada pela busca da concretização e da proteção ao bem comum.
Mas o conceito de “bem comum” se torna não muito objetivo, e carece de uma
interpretação para sua compreensão.
Procurando agregar informações que nos permitam delimitar o que vem a ser o
“bem comum”, vejamos a configuração do Estado nos dias atuais, oriunda de uma
série de transformações que esse ente passou nos últimos séculos.
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Aproveitemos, aqui, a definição de direitos fundamentais de Vidal Serrano Junior
e Luiz David Alberto Araújo:
Os direitos fundamentais podem ser conceituados como a categoria ju-
rídica instituída com a finalidade de proteger a dignidade humana em
todas as dimensões. Por isso, tal qual o ser humano, tem natureza polifa-
cética, buscando resguardar o homem na sua liberdade (direitos individu-
ais), nas suas necessidades (direitos sociais, econômicos e culturais) e na
sua preservação (direitos relacionados à fraternidade e à solidariedade).
(ARAÚJO; NUNES JÚNIOR, 2005. P. 109-10)
A classificação que iremos adotar revela que os direitos fundamentais podem ser
distinguidos em “gerações”.
I – polícia federal;
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Direito à saúde:
Direito à educação:
O melhor exemplo desses direitos pode ser abstraído do caput do Artigo 225 da
Constituição Brasileira:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra-
do, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações (grifo nosso).
I – polícia federal;
Desse modo, podemos constatar que o direito ao meio ambiente, essencial à sa-
dia qualidade de vida, deve ser protegido, não somente para as presentes gerações,
mas devemos ser solidários e fraternos com as gerações que virão. Daí a caracterís-
tica de que os direitos de 3º geração, transcendem ao tempo.
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A Constituição
Cabe, antes de iniciarmos um estudo mais detalhado do que vem a ser uma
Constituição, destacarmos um conceito que contempla, de maneira ampla, o que
vem a ser esse estatuto jurídico essencial ao Estado nos tempos atuais.
Para o jurista Celso Ribeiro Bastos, a Constituição deve ser vista como “Consti-
tuição é a especial maneira de ser do Estado” (BASTOS, 2001, p. 38).
Das palavras de Celso Bastos, podemos entender que a cada nova Constituição
que nasce, nasce um novo Estado, não sob seu aspecto territorial, mas sob uma
nova égide jurídica e política.
Um grande conceito de Constituição, que muito bem sintetiza está “Lei Maior”,
é o de José Afonso da Silva, que diz:
[...] sua lei fundamental (...) a organização dos seus elementos essenciais:
um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a
forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o
exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua
ação, os direitos fundamentais do homem e as suas respectivas garantias.
Em síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os ele-
mentos constitutivos do Estado. (SILVA, 2013, p. 37-8)
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UNIDADE Lições Preliminares Sobre à Constituição
Os Elementos Fundamentais
de uma Constituição
Acompanhando a própria evolução das relações sociais, as Constituições foram
se aprimorando, a ponto de não serem somente responsáveis em estruturar e orga-
nizar o Estado, ou seja, com um conteúdo puramente material.
Cabe, dessa forma, fazer uma análise mais apurada desses elementos.
São eles:
Elementos Elementos
Orgânicos Socioideológicos
Elementos de
Elementos Elementos de uma Consituição Estabilização
Limitativos Constitucional
Elementos
Formais de
Aplicabilidade
Figura 1
Nada melhor para analisar esses elementos do que utilizarmos como parâmetro
a nossa atual Constituição Federal de 1988.
Elementos Orgânicos
Tais elementos são os que organizam a estrutura do Poder do Estado e a própria
forma desse Estado.
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Podemos considerar que o emprego da palavra “Poder”, nesse Artigo, tem a ver
com as funções a serem desempenhadas pelo Estado, ou seja, uma função executiva,
incumbida de administrar a coisa pública, uma função de legislar criando normas que
permitam um convívio social harmônico e, por fim, uma função jurisdicional, a qual
garanta a aplicabilidade das normas legislativas, preservando a paz social.
Por fim, a função jurisdicional do Estado, será exercida no país, por vários ór-
gãos, como delimita o Artigo 92 da Constituição:
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
Elementos Limitativos
Uma das características dos atuais “Estados Democráticos de Direito refere-se à
positivação de direitos fundamentais, que direcionam e limitam a ação do Estado
para com o indivíduo ou a coletividade.
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UNIDADE Lições Preliminares Sobre à Constituição
A fim de preservar tal direito, a Constituição prevê, contra eventual arbítrio por
parte do Estado, o uso do denominado “remédio constitucional”, conhecido por
habeas corpus:
Art. 5º (...)
Elementos Socioideologicos
Esses elementos abordam princípios e preceitos constitucionais, que devem ser
interpretados, tendo por escopo orientar o Estado na sua relação, seja com o indi-
víduo, seja com a coletividade.
I – a soberania;
II – a cidadania;
V – o pluralismo político.
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Em nossa Constituição encontramos a possibilidade de aplicação dessas situa-
ções excepcionais, como, por exemplo, na previsão da União intervir nos Estados-
-membros ou no Distrito Federal, além de outras situações mais extremas, como,
por exemplo, o Estado de Defesa (Artigo 136) e Estado de Sítio (Artigo 137).
Nesse caso, não há carência de uma norma legislativa para se efetivar um direito
fundamental. Ele obriga o Estado como um todo a aplicá-los desde a promulgação
da Constituição de 1988.
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UNIDADE Lições Preliminares Sobre à Constituição
I – capacidade civil;
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II – diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de
ensino oficialmente autorizada e credenciada;
VI – idoneidade moral;
Por exemplo:
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo
ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fis-
calização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através
de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
O Artigo trata do exercício de uma atividade tida pelo Estado como um direito
fundamental, o direito à saúde, que tem caráter coletivo no que concerne às ações
de saúde.
Dessa forma, sem a existência de Norma Legislativa (Lei) não será possível a
adoção das medidas de controle dos serviços de saúde.
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UNIDADE Lições Preliminares Sobre à Constituição
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
A importância da Constituição de 1988 para a efetivação de direitos
http://bit.ly/2kfswBW
Os direitos fundamentais: suas dimensões e sua incidência na Constituição
http://bit.ly/2kfsKZO
Constituição Federal de 1988
http://bit.ly/2kehxIX
Os Estados membros e a Federação: suas respectivas autonomia e soberania
http://bit.ly/2JDpeCv
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Referências
ARAÚJO, L. A. D; NUNES JÚNIOR, V. S. Curso de Direito Constitucional.
9.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
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