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Direito Aplicado

aos Negócios
Material Teórico
O Direito

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Tercius Zychan de Moraes

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
O Direito

• O que é Direito?
• Como Podemos Entender o Direito?
• O Conflito de Interesses
• A Solução de uma Lide
• Fontes do Direito
• Lei
• Analogia
• Costumes
• Jurisprudência
• Princípios Gerais do Direito
• Doutrina
• Hierarquia das Normas Jurídicas

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta Unidade, temos como objetivos entender o que vem a ser
o Direito, conhecer sua importância para garantia da ordem social.
Conheceremos o que são conflitos de interesse e como eles podem
ser solucionados. Veremos quais são as fontes do direito, ou seja,
onde podemos buscar informações sobre as origens do direito e os
mecanismos de solução dos conflitos de interesse. Por fim, veremos
a hierarquia entre as normas jurídicas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE O Direito

O que é Direito?
É certo que o Direito faz parte da vida e do cotidiano de cada pessoa,
independentemente do conhecimento técnico a respeito do assunto ou do tema
que se trata. Assim, o Direito não está reservado somente aos seus “operadores”,
ou seja, aos estudiosos e profissionais que lidam com esse campo do conhecimento.

Você Sabia? Importante!

Você sabia que várias questões que envolvem o direito são tratadas no cotidiano?
Não resta dúvida que um contrato de aluguel ou de trabalho, bem como uma relação
de consumo relativa à venda ou compra de um bem são exemplos de relações jurídicas,
que, por consequência, envolvem o Direito.

Como muito bem afirmam Maximilianus Führer e Édis Milaré (2015, p. 27-28):
Não é exagero mesmo afirmar que todos sentem o Direito e que, de certo
modo, todos sabem o que o Direito é. Vocábulo corrente, empregado
a todo instante nas relações da vida diária para exprimir sentimento
que todos já experimentamos, está gravado na mente de cada um,
representando ideia esboçada em traços mais ou menos vagos e obscuros.
“Isto é direito”, “o meu direito foi violado”, “o juiz reconheceu o nosso
direito”, são expressões cotidianas ouvidas, que envolvem a noção vulgar
a respeito do fenômeno jurídico.

É comum, em um primeiro momento, entendermos o direito em uma das formas


que ele se apresenta, ou seja, em uma visão positiva, como sendo um conjunto de
regras que disciplinam a conduta entre as pessoas, ou intersubjetiva, dotado de
força coativa, a fim de buscar a chamada “paz social”. Mas o entendimento vai
muito além disso, é o que veremos mais adiante.

O certo é podermos afirmar que a vida em sociedade seria impossível sem a


existência de um certo número de normas reguladoras do comportamento humano,
que sejam julgadas e encaradas por certo conjunto social como obrigatórias, ao
ponto de serem acompanhadas de punições para os seus transgressores, como
forma de coação e obediência.

A punição é que torna a norma respeitada. De nada adiantaria a lei dizer, por
exemplo, que matar é crime se, paralelamente, não impusesse uma sanção àquele
que matasse.

A coação, ou possibilidade de constranger o indivíduo à observância da norma,


torna-se inseparável do Direito. Por isso, mostra a conhecida imagem da justiça,
que sustenta numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada
de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força brutal; a balança
sem a espada, a impotência do Direito.

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Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images

Como Podemos Entender o Direito?


Podemos entender o que vem a ser direito de acordo com o enfoque que se
queria dar, ou seja, existem diversas formas de entendê-lo.

Dessa forma, chamaremos de Direito Objetivo o conjunto de regras que obriga a


todos, com a finalidade de disciplinar a conduta humana em sociedade, objetivando
ao bem comum e à justiça.

Trocando ideias...Importante!
Quando qualquer pessoa se sente prejudicada em uma relação e diz: “Vou buscar o meu
direito”, à qual direito ela está se referindo?
A possibilidade de qualquer pessoa exigir a prestação do Estado quando sente necessi-
dade de fazer ou cobrar algo vinculado ao Direito denominaremos de Direito Subjetivo.

Alguns direitos emanam da própria natureza humana, como, por exemplo, o


direito à reprodução ou à constituição de família. A esse damos a denominação de
Direito Natural, ele existe independentemente de qualquer regra imposta.

Já quando se fala em Direito Positivo, estamos tratando da denominação dada


ao sistema de normas jurídicas que em determinado momento histórico regula as
relações de um povo.

Podemos identificar o Direito como Público, sendo aquele que regula ou


disciplina os interesses gerais de uma comunidade. Exemplo: o direito à vida, que
não se traduz em interesse meramente particular, e sim coletivo, pois cabe ao
Estado proteger a vida do cidadão.

E também existe o Direito Privado, que disciplina os interesses advindos das


relações entre particulares. Exemplo: o ressarcimento de danos materiais causados
em acidente de trânsito.

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UNIDADE O Direito

O Conflito de Interesses

Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images

Um dos papéis do Direito, se não for seu principal, é o de harmonizar as relações


entre as pessoas, com o objetivo de garantir a máxima satisfação no uso dos bens
com o mínimo conflito dos usuários desse.

Vamos ver um exemplo:

Imagine que dois motoristas se envolvem em um mesmo acidente de


automóvel, atribuindo ao outro a responsabilidade pelo prejuízo, e assim
querendo ser ressarcido.

Ocorre que, por vezes, os interesses das pessoas no uso dos bens, ou mais
precisamente naquilo que se acha “ter direito”, são antagônicos, gerando um
conflito com posições distintas, ambivalentes, cabendo ao direito a função de
compatibilizar esses conflitos. Daí surge o que o direito denomina de “lide”, que
resumidamente significa uma pretensão que sofre resistência para a realização de
um interesse.

A Solução de uma Lide


A solução de uma lide pode se dar de duas maneiras: em uma delas a solução
parte de um ou de todos os sujeitos envolvidos no conflito de interesses, sendo essa
denominada de autocomposição; na segunda, há interferência de um terceiro
estranho ao conflito, cuja solução da lide ocorrerá por intermédio da mediação ou
do processo.

No caso da autocomposição, as soluções têm como característica serem


parciais, pois dependem da formatação da vontade dos envolvidos. Ela se divide
em três espécies:
a) desistência (renúncia à pretensão);

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b) submissão (renúncia da resistência de uma das partes em favor da preten-
são oferecida);
c) transação (concessões recíprocas entre as partes).

Atualmente, uma forma de solução de conflitos de interesse ocorre com o uso


da denominada “arbitragem”, regulada pela Lei n. 9.307/96. Nesta, as pessoas
capazes de contratar podem valer-se dela como uma forma de solução de lides,
ressalvando que o uso da arbitragem somente é possível quando o objeto em
discussão se tratar de um direito patrimonial disponível.

Trocando ideias...Importante!
O que são direitos patrimoniais disponíveis?
O direito patrimonial é aquele que pode ser livremente exercido pelo seu titular.
Por exemplo, são disponíveis aqueles bens que podem ser livremente vendidos ou
negociados por quem os possua.

Na arbitragem, a resolução de conflitos se dá na área privada, ou seja, sem


qualquer ingerência do poder estatal. Não existe um juiz de direito para decidir. As
partes litigantes em comum acordo e no pleno e livre exercício de suas vontades
elegem uma ou mais pessoas, denominadas árbitros ou juízes arbitrais, estranhas ao
conflito, no intuito de resolvê-lo, e submetendo-se à decisão final dada pelo árbitro.

O árbitro nomeado conduz um processo denominado de “processo arbitral”,


semelhante ao processo judicial, porém mais rápido e de menor formalismo.

Aliado à questão de seu baixo custo, nele, a decisão, por vezes, é dada por
pessoa especialista na matéria objeto da controvérsia; diferentemente do Poder
Judiciário, onde o juiz, na maioria das vezes, para bem instruir seu convencimento
quanto à decisão final a ser prolatada, necessita do auxílio de peritos e especialistas
na matéria.

Trocando ideias...Importante!
Na prática, você poderia apresentar algum exemplo de conflitos que poderiam ser
objetos de uma solução por arbitragem?
Exemplos práticos de conflitos que podem ser solucionados pelo juízo arbitral: locação
residencial ou comercial, compra e venda de bens em geral, contratação de serviços,
conflitos trabalhistas, seguros, inventários, questões comerciais em geral etc.

Importante mencionar que, na arbitragem, a decisão do árbitro denomina-se


de sentença arbitral, possuindo o mesmo valor de uma sentença judicial e, sendo
condenatória, terá força de título executivo.
Explor

Título executivo é o documento representativo de uma obrigação.

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UNIDADE O Direito

No entanto, recorrer à jurisdição estatal é a forma mais convencional da solução


de conflitos de interesses, nela o Poder do Estado de solucionar as lides foi conferido
pelo povo, por intermédio das leis.

Assim, o Estado, por intermédio do Poder Judiciário, soluciona os conflitos


expedindo decisões (sentenças).

Alguns estudiosos apontam que as vantagens na busca da jurisdição estatal são a


maior segurança conferida pela credibilidade e a imparcialidade do agente público,
o Juiz, que irá decidir sobre a lide.

A jurisdição se utiliza do processo como forma de solucionar os conflitos, nela


existem determinadas regras próprias, tais como a garantia da ampla defesa, a
isonomia, o contraditório, que condiciona o Juiz na condução do procedimento.

Vejamos o que vem a ser jurisdição na abordagem de Rosemiro Leal (1999, p. 79):
A jurisdição surgiu a partir do momento em que o Estado assumiu uma
posição de independência, passando a exercer um poder mais acentuado
de controle social. Surge pela atividade do julgador, constitui monopólio
estatal de arbitrar o direito. O Pretor romano tinha jurisdição e ditava os
procedimentos a seu modo para resolver os litígios.

Outra visão sobre o tema é dada por Cézar Fiúza (1995, p. 34):
[...] o Estado, já suficientemente fortalecido, impõe sobre os particulares e,
prescindindo da voluntária submissão destes, impõe-lhes autoritativamente
a sua solução para os conflitos de interesses. À atividade mediante a qual
os juízes estatais examinam as pretensões e resolvem os conflitos dá-se o
nome de jurisdição”.

Acima, apresentamos algumas vantagens na busca da jurisdição para a solução


das lides, mas outros teóricos apontam algumas desvantagens quando se busca
esse tipo de solução, tais como: o custo elevado e o longo tempo necessário para
a prática dos atos processuais, agravado pelo enorme acúmulo de processos no
judiciário, que provoca uma inevitável demora até a solução da lide pela expedição
da sentença.

Fontes do Direito
A palavra fonte possui vários significados, entre esses podemos entender fonte
como um texto original de uma obra, o princípio de algo, a origem de alguma coisa
e outras premissas.

Hugo de Brito Machado (2000, p. 57), ao tratar da fonte do direito, a descreve


da seguinte forma:

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A fonte de uma coisa é o lugar de onde surge essa coisa. O lugar de onde
ela nasce. Assim, a fonte do Direito é aquilo que o produz, é algo de
onde nasce o Direito. Para que se possa dizer o que é fonte do Direito é
necessário que se saiba de qual direito. Se cogitarmos do direito natural,
devemos admitir que sua fonte é a natureza humana. Aliás, vale dizer, é a
fonte primeira do Direito sob vários aspectos.

Ou seja, pode-se concluir que a fonte do direito é o lugar de onde ele surge, ou
se ter em mente que é seu ponto inicial, de partida do próprio direito.

As fontes do direito descritas no artigo 4.º da Lei de Introdução ao Código


Civil são: “[...] analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.

Ao intérprete do direito cabe reconhecer a existência e dominar essas fontes


para que, diante de uma aparente lacuna do direito na solução de uma lide, possa
encontrar a resposta adequada.

Importante frisar que o artigo de lei mencionado não só delimita as fontes do


direito como estabelece uma hierarquia entre elas, autorizando o juiz a valer-se
de outras fontes quando houver omissão na lei e impossibilidade de aplicação
da analogia, buscando resoluções legais para casos semelhantes. A lei é a fonte
principal, sendo fontes secundárias: a analogia, os costumes, os princípios gerais
do direito, a doutrina e a jurisprudência.

Lei

Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images

A lei é um preceito jurídico escrito, originária do Poder Legislativo, tendo como


principais características sua repercussão geral e obrigatoriedade.

Trocando ideias...Importante!
Será que poderíamos viver em sociedade sem a existência da Lei?
Creiamos que não seria possível, pois, como um conjunto de regras, a Lei procura
exteriorizar os desejos de uma sociedade para que seja possível o convívio coletivo.

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UNIDADE O Direito

George Dell Vecchio (1972, p. 148) assim define o que vem a ser a lei: “é o
pensamento jurídico deliberado e consciente, formulado por órgãos especiais, que
representam a vontade predominante numa sociedade”.

A lei pode ser empregada na solução de conflitos a fim de definir quem tem
direito a algo, mas o usuário da norma deve estar ciente de que entre as leis existe
uma hierarquia, ou seja, é possível uma norma preponderar sobre outra.

A Constituição Federal é a lei maior, as leis complementares e ordinárias abaixo,


os decretos, portarias e demais atos administrativos por último.

Analogia
A analogia pode ser definida como a utilização de uma determinada norma
que apresente semelhança para a solução de um caso concreto, o qual não possui
previsão de lei para ser aplicada em sua solução.

Miguel Reale (2002, p. 298), ao conceituar a interpretação com o emprego


da analogia, assim a descreveu: “pelo processo analógico, estendemos a um caso
não previsto aquilo que o legislador previu para outro semelhante, em igualdade
de razões”.

Assim, a analogia tem por fundamento a harmonização e a devida coerência


com o ordenamento jurídico. O objetivo do emprego da analogia é o de propiciar
o tratamento igualitário, vez que para situações semelhantes serão disciplinadas da
mesma forma.

Um bom exemplo de analogia é o art. 499, do Código Civil, que trata do


contrato de compra e venda:
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens
excluídos da comunhão.

Bem, quando se fala em cônjuges e comunhão de bens, estamos tratando de


uma relação matrimonial denominada casamento, que se dá especificamente na
forma da lei, como, por exemplo, o casamento civil.
Bem, diante desse dispositivo da lei, como fica a compra e venda entre
companheiros na constância da união estável, já que o Código Civil nada
fala com relação a essa forma de união?

O código não fala. Se ele não fala, a situação é omissa, mas o juiz tem que
decidir sobre se é válida ou não a compra e venda entre companheiros.

Essa é uma situação que se pode utilizar da analogia, pois, se é lícita a compra e
venda entre cônjuges na constância do casamento, também o será lícita a compra
e venda entre companheiros na constância da união estável, desde que relativa a
bens excluídos da comunhão.

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Costumes
O costume no direito é uma norma social, onde a regra, ou seja, a norma advém
do povo que a cria e a torna obrigatória. Um exemplo são as filas, que são regras
que as pessoas estabelecem em determinadas situações do cotidiano.

Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images

Para Rizzatto Nunes (2002, p. 130-131), o costume assim deve ser compreendido:
O costume jurídico é norma jurídica obrigatória, imposta ao setor da
realidade que regula, possível de imposição pela autoridade pública e em
especial pelo poder judiciário.

Dessa forma, pode-se deduzir que os costumes de um determinado povo são a


fonte de seu direito, sendo inclusive de aplicabilidade por parte do Poder Judiciário.

Jurisprudência
Entende-se por jurisprudência a interpretação e aplicação das leis a todos os
casos concretos que se submetam a julgamento da justiça. O hábito de interpretar
e aplicar as leis aos fatos concretos, para que, assim, decidam-se as causas
semelhantes, ou seja, jurisprudência são diversas decisões no mesmo sentido.

A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição, considerada também como


uma fonte do direito, como explica Hugo de Brito Machado (idem, p. 63):
A palavra jurisprudência pode ser empregada em sentido amplo,
significando a decisão ou o conjunto de decisões judiciais, e em sentido
estrito, significando o entendimento ou diretiva resultante de decisões
reiteradas dos tribunais sobre um determinado assunto.

Resumindo, pode-se dizer que a jurisprudência se trata das decisões reiteradas,


constantes e pacíficas do Poder Judiciário sobre determinada matéria em um
determinado sentido, formando quase que um entendimento único da aplicação do
direito ao caso concreto.

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Princípios Gerais do Direito


Os princípios gerais do direito são as ideias basilares e fundamentais do
Direito, lhe dão apoio e coerência, almejam ideal de Justiça, que envolve o sistema
jurídico de um Estado. Ou seja, tratam-se das ideias fundamentais de caráter geral,
podendo ser encontradas em cada ramo do Direito.

Para Maria Helena Diniz (ano 2003, p. 4471), podem ser definidos:
Quando a analogia e o costume falham no preenchimento da lacuna,
o magistrado supre a deficiência da ordem jurídica, adotando princípios
gerais do direito, que, às vezes, são cânones que não foram ditados,
explicitamente, pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de
forma imanente no ordenamento jurídico.

Os princípios gerais são dotados de dupla função: uma de orientar o legislador


na elaboração das normas; e outra serve ao aplicador do Direito, diante de uma
lacuna ou omissão legal.

Para o aplicador do direito, os princípios serão empregados em sua última


salvaguarda, pois esse precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema.

Vejamos alguns exemplos de enunciados que traduzem princípios gerais


do direito:
·· “Todos devem ser tratados como iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza”.
·· “Todos são inocentes até prova em contrário”.
·· “Ninguém deverá ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei”.
·· “Nas declarações de vontade, deverá ser mais considerada a intenção do
que o sentido literal da linguagem”.
·· “O dano causado por dolo ou culpa deve ser reparado”.
·· “Irrenunciabilidade de direitos”.
·· “In dubio pro operário”.
·· “Os valores essenciais da pessoa humana são intangíveis e devem
ser respeitado”.
·· “Ninguém deve ser responsabilizado mais de uma vez pelo mesmo fato”

1 Op cit, p. 447

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Doutrina
Entende-se por doutrina um conjunto de obras e pareceres jurídicos de estudiosos
do Direito, que contribuem para a formação e modificação do ordenamento jurídico.

Para Paulo Nader (1998, p. 211), a doutrina é:


[...] como fonte do direito, é o conjunto de regras, ideias e princípios
jurídicos extraídos das obras dos jurisconsultos.

Sua influência normativa é menor do que as das demais fontes, embora possua
uma grande relevância no estudo das demais fontes, pois lhes dá argumento de
interpretação, além de seu posicionamento, por vezes crítico, que contribui para a
evolução do sistema jurídico de um Estado.

Não há como deixar de destacar a importância da doutrina para o operador


do direito, pois essa permite desvendar o exato alcance da norma e sua exata
aplicação, sendo fundamento para debates jurídicos, eliminando controvérsias.

Hierarquia das Normas Jurídicas


A compreensão da hierarquia das normas jurídicas é fundamental para o seu
bom entendimento, notadamente quando ocorre um conflito entre as normas.

Cosntituição Federal
Leis Complementares
Leis Ordinárias
Medidas Provisórias e
leis Delegadas
Resoluções

Figura 5
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

Como dito anteriormente, as normas constitucionais estão no ápice de qualquer


ordenamento jurídico, isso quer dizer que são hierarquicamente superiores a todas
as demais regras jurídicas.

Dessa forma, nenhuma outra norma pode contrariar um preceito constitucional,


o que será considerado um no vício de inconstitucionalidade.

Da subordinação às normas constitucionais derivam todas as outras normas.

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As leis
As leis estão abaixo das normas constitucionais, são fruto de um processo
legislativo emanado no Poder Legislativo.
A Diferença entre lei complementar, lei ordinária, lei delegada e medida
provisória está resumidamente centrada no seu processo de formação, conhecido
como processo legislativo.
No tocante à lei complementar, essa trata de matérias especificamente previstas
na Constituição Federal, na qual o rigor do seu processo legislativo de criação será
maior, com quórum mínimo de aprovação da maioria absoluta (Art. 69 – CF).
Quanto à lei ordinária, sua matéria não reservada pela Constituição Federal exige
um quórum menos expressivo do que a lei complementar para a sua aprovação, a
qual se dará por maioria simples.
A lei delegada é elaborada pelo Presidente da República, mediante delegação do
Congresso Nacional.
E, por fim, há a medida provisória, que tem força de lei e é adotada pelo
Presidente da República em caso de relevância e urgência; no entanto deverá ser
submetida de imediato ao Congresso Nacional (Art. 62 – CF).
Como já dito, essas quatro normas estão no mesmo patamar hierárquico. Assim,
havendo um conflito entre tais leis, há de se avaliar qual delas extrapolou os limites
de competência previstos na Constituição Federal.
Há de se registrar, porém, que existem juristas que entendem que a lei
complementar está acima da lei ordinária.

Os Decretos
Logo abaixo das leis encontram-se os decretos, que resumidamente são um ins-
trumento legislativo, da competência do Presidente da República (Art. 84, IV – CF),
que serve para regulamentar a lei, de forma a possibilitar o fiel cumprimento dessa.
Importante destacar que o decreto regula questões além dos limites da lei para
alterar ou acrescentar normas. Os governadores e prefeitos municipais também
têm competência para expedir decretos.

As Portarias e Resoluções
A portaria é um instrumento legislativo utilizado pelos auxiliares diretos dos
chefes de Poder Executivo, cujo objetivo é de regular as atividades de suas pastas.
Importante destacar que a portaria deve estar em perfeita consonância com as
leis e decretos. Por fim, temos as resoluções para regular as deliberações normativas
de órgãos colegiados.
Nada impede também que a resolução também extrapole os limites da lei e da
competência do órgão que a editar.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
A importância do Direito
https://goo.gl/wG9KE7
Constituição Federal de 1988
https://goo.gl/UHKO9P
Fontes do Direito
https://goo.gl/DyyFiL

Leitura
Hierarquia das normas no direito do trabalho
https://goo.gl/znl7d1

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UNIDADE O Direito

Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 out. 1988.
Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>.

DEL VECCHIO, George. Lições de filosofia do direito. Coimbra: Arménio


Amado. 1972.

DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução ao Estudo do Direito. São


Paulo: Saraiva. 2003,

FIUZA, César, Teoria Geral da Arbitragem. Belo Horizonte: Del Rey, 1995.

FÜHRER, Maximilianus C. A.; MILARÉ, Èdis. Manual de Direito Público e


Privado. 20. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo. 2. ed. Porto Alegre: Sín-
tese, 1999.

MACHADO, Hugo de Brito. Uma Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo:


Dialética. 2000

MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil. Teoria geral


do processo e processo de conhecimento. v. 1. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito, 38. ed. Rio de Janeiro: s.e., 1998.

REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva. 2002.

RIZZATTO, Nunes. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo:


Saraiva, 2002.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.

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