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Ouro Branco
1.2020
Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
Prof. Leandro José de Souza Martins
APRESENTAÇÃO
O Direito faz parte de nossa vida desde o nascimento até à morte. É muito importante para todos,
portanto, conhecer as questões básicas desta ciência, que nos indica direitos e deveres que temos
em nossa vida social.
Quantas pessoas são enganadas pelo fato de não conhecerem seus direitos... quantas vezes nós
mesmos não perdemos uma oportunidade porque nos faltou saber o que era nosso direito e até
onde iam nossas responsabilidades...
Por isso, vamos estudar com muita disciplina este conteúdo, não só por questões de notas ou para
"passar": vamos assumir o compromisso de estudar para termos mais capacidade de exercer nossa
cidadania, com direitos e deveres plenamente respeitados!
Nesta primeira apostila, temos nossas primeiras aulas. É preciso lê-la com atenção, porque são
alguns dos conceitos básicos de nossa disciplina. Algumas marcações são feitas em cor
diferente. São as palavrinhas e conceitos que você não pode esquecer e que farão parte de
muitas das avaliações que faremos.
Garanto a você que vale muito a pena dedicar-se no estudo do Direito, porque este, de fato, é um
estudo para a vida e que todos nós precisamos por demais!
Um grande abraço!
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SUMÁRIO
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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
Prof. Leandro José de Souza Martins
Objetivos específicos:
1. Conhecer os principais termos do estudo do Direito
2. Qual o objetivo e fundamento do Direito?
3. Os princípios e Fontes do Direito.
Introdução
A palavra Direito não é usada em sentido único, pelo contrário, é usada comumente em
vários sentidos. A noção de Direito está muito ligada à noção de justiça, sendo um e outro
conceitos correlatos ao direito. O Direito aparece-nos, via de regra, como verdadeiro objeto de
justiça pelo qual procuramos dar a cada um o que lhe pertence. O conceito de justiça é mais
acessível que o de direito, embora ambos estejam entranhados na consciência humana.
Visa o Direito, em síntese, assegurar a coexistência pacífica da sociedade, por essa razão
é o fundamento da ordem social. A palavra direito deriva do latim popular directum que significa
dirigir, endireitar, fazer andar em linha reta, etc. No latim clássico, essa ideia entretanto, é expressa
pelo vocábulo IVS-IUS-JUS, palavra técnica, utilizado pelos jurisconsultos romanos para
exprimir o lícito ou permitido pelas leis.
A primeira questão, dentre as várias que são postas, tem a ver com a importância do
estudo do Direito. Questiona-se, assim, qual a importância do Direito na sociedade? Tal pergunta
é de extrema importância para que o estudante possa visualizar a relevância de cada matéria do
Curso de Direito que lhe é apresentada nos dez semestres que cursará.
A importância do Direito é trazer ordem, certeza, paz, segurança e justiça, que são,
pois, finalidades do Direito, não se podendo confundir com o próprio Direito, já que não se
pode confundir o objeto com a sua finalidade. Portanto, o Direito é um instrumento que
existe para evitar conflitos e, não sendo possível evitá-los, existe também para solucioná-los.
Daí se dizer que a função precípua do Direito é trazer segurança jurídica, tendo como fim
concretizar a justiça, isto é, o que é justo.
Para fazer isso, são firmados enunciados prescritivos, ou seja, frases que prescrevem
alguma coisa, que determinam algo. No mundo jurídico, esses enunciados prescritivos podem ser
transformados em normas jurídicas, isto é, em instrumentos que regulamentam as condutas e as
relações entre as pessoas – por isso, esses enunciados prescritivos podem ser chamados também
de enunciados normativos, no sentido de que prescrevem normas.
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Compilação para uso dos estudantes do IFMG, Campus Ouro Branco, feita pelo Professor Leandro José de Souza
Martins (3.ed, Ago. 2019).
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• o Direito (sistema de legalidade) apoia-se numa certa concepção do mundo, numa certa
ordem de valores (sistema de legitimidade) e é por esses mesmos valores que o Direito
pretende legitimar-se
• todo sistema de legitimidade procura realizar-se por certa legalidade.
A base de nosso Direito é a Constituição Federal, promulgada no ano de 1988. É uma
Carta Magna escrita, diferentemente dos países que adotam o sistema anglo-saxão, em que o
Direito é baseado não em uma legislação previamente escrita, mas sim nos precedentes
processuais gerados pela sociedade.
O objeto de estudo da ciência do Direito são, portanto, as fontes formais, que podem ser
estatais ou não estatais. As fontes formais podem ser entendidas como a forma pela qual o Direito
positivo, escrito ou não escrito, pode ser conhecido. A principal fonte formal é a Lei, que será
estudada em capítulo específico.
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Por fim, dentre as fontes formais estatais figuram também tratados e convenções
internacionais.
As fontes materiais são os fatores sociais e os valores de determinada sociedade em
uma determinada época que inspiram e influenciam a produção do Direito positivo,
determinando tanto o surgimento quanto as mudanças e a extinção das normas jurídicas.
Logo, fontes materiais, como aponta Paulo Dourado de Gusmão, “são as constituídas por
fenômenos sociais e por dados extraídos da realidade social, das tradições e dos ideais dominantes,
com as quais o legislador, resolvendo questões que dele exigem solução, dá conteúdo ou matéria
às regras jurídicas”, às fontes formais do Direito.
Assim, as fontes materiais são fontes pré-jurídicas, de maneira que, como aponta Miguel
Reale, a expressão “fonte material” indica “o estudo filosófico ou sociológico dos motivos éticos
ou dos fatos econômicos que condicionam o aparecimento e as transformações das regras de
direito. Fácil é perceber que se trata do problema do fundamento ético ou do fundamento social
das normas jurídicas, situando-se, por conseguinte, fora do campo da Ciência do Direito”.
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As regras são aplicáveis por completo ou não são, de modo absoluto, aplicáveis. Trata-se
de um tudo ou nada. Desde que os pressupostos de fato aos quais a regra se refira (...) se
verifiquem, em uma situação concreta, e sendo ela válida, em qualquer caso há de ser
aplicada. Já os princípios jurídicos atuam de modo diverso: mesmo aqueles que mais se
assemelham às regras não se aplicam automática e necessariamente quando as condições
previstas como suficientes para sua aplicação se manifestam.
Isso ocorre devido às regras não comportarem exceções, como bem ensina Ronald
DWORKIN: “se os fatos que a regra estipula estão presentes, então ou bem a regra é válida, e
nesse caso o comando que ela estabelece tem de ser aplicado, ou bem ela não é, e nesse caso ela
não contribui em nada para a decisão do caso”. Quanto aos princípios jurídicos, a ocorrência das
condições para sua incidência não impõe necessariamente a sua aplicação ao caso concreto.
Por outro lado, a não incidência não implica sua exclusão da ordem jurídica. Em relação
ao segundo critério, o de “peso ou importância”, que decorre do primeiro, DWORKIN (p. 77-78)
ensina:
(...) os princípios possuem uma dimensão que não é própria das regras jurídicas: a
dimensão de peso ou importância. Assim, quando se entrecruzam (...), quem há de resolver
o conflito deve levar em conta o peso relativo de cada um deles. (...) As regras não possuem
tal dimensão. (...) Não podemos afirmar que uma delas, no interior do sistema normativo,
é mais importante do que outra de modo que, no caso de conflito entre ambas, deva
prevalecer uma em virtude do seu peso maior. Se duas regras entram em conflito, uma
delas não é válida.
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Objetivos específicos:
1. O que é uma lei no Direito Brasileiro?
2. Características da Norma Jurídica
3. Validade, vigência e revogação da Lei no tempo e no espaço.
4. Os Ramos do Direito: Direito Objetivo/Subjetivo; Direito Privado/Público.
Nesse caminhar, chegamos à norma jurídica. Chamamos norma jurídica ou lei a regra
de conduta social aceita pela sociedade como diretriz comportamental, mas que o Estado,
no exercício do seu Poder Legislativo, ou seja, de criar leis, consolidou ou eternizou na forma
expressa e escrita, dando a ela conhecimento público e, consequentemente, tornando-a
obrigatória.
Se o Direito tem a função de contribuir para a paz, a harmonia e a ordem sociais, então
tais finalidades devem ser atingidas de alguma maneira – por meio das normas jurídicas. Daí se
afirmar que as normas jurídicas são instrumentos que dispõem sobre o comportamento dos
membros de uma sociedade; são elas que determinam (ou ajudam a determinar) as condutas
humanas. Diante disso é que se pode dizer que as normas jurídicas são normas de conduta porque
regulamentam comportamentos humanos.
Mas não apenas isso, além de regulamentarem condutas humanas, as normas jurídicas
determinam a organização das instituições e dos institutos sociais. Nesse sentido, pode-se
conceituar uma norma jurídica como o instrumento que serve à regulamentação de
comportamentos, condutas humanas, e de organização da sociedade; fala-se, portanto, em normas
de conduta, no primeiro caso, e em normas de estrutura, no segundo caso.
Normas podem resultar da repetitividade de certos comportamentos (consuetudinárias,
do costume) ou decorrer do exercício do poder (legais, positivas).
Uma norma jurídica prescreve uma conduta. Isso é o mesmo que dizer que ela determina,
ou seja, que ela “é imperativa como toda norma destinada a regular o agir do homem e a orientá-
lo para suas finalidades. É imperativa porque impõe um dever, um determinado
comportamento”.Mas a norma jurídica não é apenas imperativa, é, também, atributiva, no sentido
de que atribui ao lesado pela violação da conduta prescrita na norma a faculdade de exigir do
violador o cumprimento da norma ou a reparação pelo dano sofrido.
As normas jurídicas possuem características que as diferenciam das demais normas
existentes na sociedade, como a norma religiosa, a norma costumeira e, até mesmo, a regra moral,
como anteriormente estudamos, entre outras. Temos como principais características da norma
jurídica: a imperatividade e a coercitividade.
A norma jurídica é imperativa, ou seja, assume uma posição de império em relação às
demais normas existentes na sociedade; o seu atendimento é priorizado em detrimento das normas
religiosas, costumeiras e outras.
De nada adiantaria proibir um comportamento se, por outro lado, não se impusesse uma
punição ao transgressor da norma; assim, temos que enfatizar a importância da outra
característica, a coercitividade. O Estado, por intermédio de seu poder estatal, impõe penalidades
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àquele cidadão que deixar de atender aos comandos da norma jurídica, reservando-se o direito de
aplicar a penalidade. A coercitividade estatal encontrada nas normas jurídicas é uma forma de
impor o comportamento à sociedade; sem ela, de nada adiantariam as normas.
Ou seja, as normas jurídicas enquanto instrumentos de regulamentação de condutas
humanas e de estruturas sociais são imperativas, atributivas ou autorizantes, bilaterais,
heterônomas, abstratas e gerais. Some-se a isso a coercibilidade/coercitividade, que não é
propriamente uma característica das normas jurídicas, mas uma consequência provável para
quando elas forem descumpridas, significando a possibilidade de que uma norma seja cumprida
mediante o uso de medidas coercíveis
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Com o conhecimento público, a lei passa a ter força obrigatória a partir da sua vigência,
ou seja, do dia em que começar a vigorar (em regra, as próprias leis indicam a data que entrarão
em vigor). Contudo, se nada dispuser a respeito, entrará em vigor em todo o território 45 dias
após a publicação.
Entre a publicação oficial da lei e o início de sua vigência, poderá haver um espaço de
tempo, juridicamente denominado vacatio legis. O período de vigência da lei pode ser temporário
ou sem prazo determinado. Será determinado sempre que o legislador, ao elaborar a lei, fixar o
tempo de sua duração ou sem prazo determinado, durando até que seja modificada ou revogada
por outra lei.
Portanto, a lei vigorará até que seja revogada ou pelo lapso de tempo (temporária) ou
pelo nascimento de outra norma revogadora (sem determinação de prazo). Revogar é tornar sem
efeito uma lei ou norma e a revogação pode ser expressa ou tácita.
Vejamos: a) revogação expressa: quando o elaborador da norma declarar a lei velha
extinta em todos os seus dispositivos ou apontar os artigos que pretende retirar; b) revogação
tácita: quando houver incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, pelo fato de que a nova passa
a regular inteiramente a matéria tratada pela anterior.
A revogação é gênero, apresentando-se em duas espécies, a saber: a) a ab-rogação: é a
supressão total da lei ou norma anterior; b) a derrogação: torna sem efeito uma parte da lei ou
norma.
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Já que os princípios estruturam um instituto, dão ensejo, ainda, até mesmo à descoberta
de regras que não estão expressas em um enunciado legislativo, ensejando, com isso, o
desenvolvimento e a integração do ordenamento jurídico. Aqui, cabe pensar no princípio da
moralidade e no princípio da publicidade como determinantes da proibição de que um concurso
público possa ter prazo sumamente exíguo de inscrição de interessados, em horários e localidades
inadequados.
Da mesma forma, cogite-se do princípio da proteção da confiança, que deriva do
princípio do Estado de Direito, a inspirar a impossibilidade, que não está escrita, de a
Administração romper, súbita e caprichosamente, com uma situação há muito consolidada, que
se estabelecera a partir de estímulos do Estado, inspirando investimentos e comprometimento de
recursos do particular. De toda sorte, as tentativas efetuadas de distinguir regras e princípios
chocam-se, às vezes, com o ceticismo dos que veem na pluralidade de normas um obstáculo para
que se possa, com segurança, situar uma norma em uma ou outra classe. Isso leva a que alguns
sustentem que a diferença entre regra e princípio seria apenas de grau.
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Sundfeld (p. 139) lembra que foi Ulpiano, em Roma, quem primeiro fez referência à
distinção, classificando como de Direito Público as disposições relativas à organização política e
religiosa do Estado romano e como de Direito Privado as pertinentes aos interesses privados. Mas
ressalta que a diferenciação só ganhou importância com o advento do Estado de Direito, quando
houve uma retomada da figura centralizadora do Estado, cuja atuação era também limitada por
regras de Direito frente ao grupo social.
Não é por outra razão que Bobbio (p. 14) escreve: a dicotomia clássica entre direito
privado e direito público reflete a situação de um grupo social no qual já ocorreu a diferenciação
entre aquilo que pertence ao grupo enquanto tal, à coletividade, e aquilo que pertence aos
membros singulares; ou, mais em geral, entre a sociedade global e eventuais grupos menores
(como a família), ou ainda entre um poder central superior e os poderes periféricos inferiores que,
com relação àquele, gozem de uma autonomia apenas relativa, quando dele não dependem
totalmente.
Pode-se concluir, então, que a divisão do Direito em Público e Privado assumiu maior
relevância com a centralização do poder político nas mãos do Estado e o surgimento e difusão da
ideia de que a atividade estatal também deve sofrer limitações pelo mesmo conjunto de normas
que, num primeiro momento, atribuiu ao próprio Estado o monopólio do uso da força. Em síntese,
a dicotomia em estudo tornou-se especialmente importante quando a figura do Estado tomou um
lugar próprio, mais elevado, no ambiente social, mas com a preservação da existência de outros
grupos e indivíduos com direitos frente a ele.
Os principais critérios são o do interesse preponderante e o dos sujeitos das normas
jurídicas. O primeiro vislumbra no tipo do interesse preponderante na norma o critério ideal para
distingui-la como de Direito Público ou de Direito Privado. Se o interesse majoritário nela
embutido for o público, a norma será de Direito Público. Se for o particular, a norma será de
Direito Privado.
O segundo critério procura distinguir a natureza das normas segundo os seus
destinatários. Seriam públicas as normas jurídicas em que um dos destinatários é necessariamente
o Estado como ente dotado de personalidade jurídica, e privadas as normas em que os destinatários
são somente pessoas físicas ou jurídicas particulares (em contraposição ao Estado, pessoa
"pública").
Um terceiro critério, criado como tentativa de superação do segundo, é o que alia ao
destinatário da norma o status com que ele comparece na relação jurídica regulada. Assim,
o Direito Público seria o que regula as relações em que um dos sujeitos é o Estado enquanto ente
dotado de personalidade jurídica e de soberania; estabelece-se aqui uma relação de subordinação
(contraposta à de coordenação), entre sujeitos desiguais, em que um é o superior e outro o inferior
(Diniz, 2000, p. 252).
O direito privado é composto, inteira ou predominantemente, por normas de ordem
privada, que regem as relações entre os particulares. (pessoas). Vigoram apenas enquanto a
vontade dos interessados não dispuser de modo diferente do previsto pelo legislador. Percebe-se
que sua formação é basicamente de normas subjetivas.
Por outro lado, o direito público é composto, inteira ou predominantemente, por normas
de ordem pública, em que há sempre a participação do Estado (seja o país, o estado, o município
ou uma instituição pública) que são normas imperativas, formado basicamente por normas do
direito objetivo.
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São ramos que compõem o direito privado: a) o direito civil; b) o direito de família; c)
o direito comercial e empresarial. São ramos que compõem o direito público: a) o direito
constitucional; b) o direito administrativo; c) o direito financeiro; d) o direito penal; e) o direito
internacional público; f) o direito processual, entre outros.
De Plácido e Silva define o direito público como o conjunto de leis, criadas para
regularem os interesses de ordem coletiva, ou, em outros termos, principalmente, organizar e
disciplinar a organização das instituições políticas de um país, as relações dos poderes
públicos entre si, e destes com os particulares como membros de uma coletividade, e na
defesa do interesse público.
Numa visão esquemática, a distinção direito público e direito privado pode ser assim
representada:
1) Quanto aos sujeitos da relação jurídica:
a) se forem ambos particulares - indivíduos e sociedades civis ou comerciais:
direito privado;
b) se um ou ambos forem o Estado ou outra pessoa jurídica de direito público:
direito público.
2) Quanto ao objeto da relação jurídica:
a) se o interesse predominante for individual, particular: direito privado;
b) se o interesse predominante for de natureza geral, da sociedade como um
todo: direito público.
3) Quanto à natureza da relação jurídica:
a) se a posição dos sujeitos se articular em termos de igualdade jurídica e
coordenação: direito privado conflitos entre leis originárias de ordenamentos
diversos.
b) se a posição dos sujeitos se articular em termos de superioridade jurídica e
subordinação: direito público.
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Objetivos específicos:
1. Saber procurar e ler uma lei no Ordenamento Brasileiro.
2. Leitura de artigos da Lei de Introdução.
Este capítulo traz uma série de vídeo-aulas e uma leitura da lei. Acesse o EDMODO, por
favor, para ter acesso aos vídeos. Você verá uma aula bem prática em 3 pequeninos vídeos!
No primeiro vídeo, será explicado o primeiro passo para aprender direito: como ler uma
lei. Mostramos onde achar as normas editadas no Brasil e como procurar uma norma
específica. Também falamos da estrutura das leis, com seus principais componentes.
(Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=OIrnpe1H2vA#t=546).
No vídeo 3, importante porque com ele você entenderá melhor o tema de nossa aula
2, explica-se quando uma lei entra em vigor, o que é vacatio legis, e a diferença entre
publicação, vigor e aplicação da lei. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=53PYV3yUUJs
Como último elemento de nossa aula, Leitura Obrigatória. São artigos importantes da
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e da Lei 95/1998, leis gerais que valem
para todo o Direito brasileiro e de OBRIGATÓRIO CONHECIMENTO POR TODOS NÓS!
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LEITURAS OBRIGATÓRIAS
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com
ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-
estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
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Art. 1o A elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis obedecerão ao disposto nesta Lei
Complementar.
Parágrafo único. As disposições desta Lei Complementar aplicam-se, ainda, às medidas provisórias e
demais atos normativos referidos no art. 59 da Constituição Federal, bem como, no que couber, aos
decretos e aos demais atos de regulamentação expedidos por órgãos do Poder Executivo.
§ 2o Na numeração das leis serão observados, ainda, os seguintes critérios:
I - as emendas à Constituição Federal terão sua numeração iniciada a partir da promulgação da
Constituição;
II - as leis complementares, as leis ordinárias e as leis delegadas terão numeração seqüencial em
continuidade às séries iniciadas em 1946.
Art. 3o A lei será estruturada em três partes básicas:
I - parte preliminar, compreendendo a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enunciado do objeto e a indicação
do âmbito de aplicação das disposições normativas;
II - parte normativa, compreendendo o texto das normas de conteúdo substantivo relacionadas com a
matéria regulada;
III - parte final, compreendendo as disposições pertinentes às medidas necessárias à implementação das
normas de conteúdo substantivo, às disposições transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a
cláusula de revogação, quando couber.
Art. 4o A epígrafe, grafada em caracteres maiúsculos, propiciará identificação numérica singular à lei e
será formada pelo título designativo da espécie normativa, pelo número respectivo e pelo ano de
promulgação.
Art. 5o A ementa será grafada por meio de caracteres que a realcem e explicitará, de modo conciso e sob
a forma de título, o objeto da lei.
Art. 6o O preâmbulo indicará o órgão ou instituição competente para a prática do ato e sua base legal.
Art. 7o O primeiro artigo do texto indicará o objeto da lei e o respectivo âmbito de aplicação, observados
os seguintes princípios:
I - excetuadas as codificações, cada lei tratará de um único objeto;
II - a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a este não vinculada por afinidade, pertinência ou
conexão;
III - o âmbito de aplicação da lei será estabelecido de forma tão específica quanto o possibilite o
conhecimento técnico ou científico da área respectiva;
IV - o mesmo assunto não poderá ser disciplinado por mais de uma lei, exceto quando a subseqüente se
destine a complementar lei considerada básica, vinculando-se a esta por remissão expressa.
Art. 8o A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que
dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para
as leis de pequena repercussão.
§ 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á
com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à
sua consumação integral. (Incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)
§ 2o As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após
decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial. (Incluído pela Lei Complementar nº 107, de
26.4.2001)
Art. 9o Quando necessária a cláusula de revogação, esta deverá indicar expressamente as leis ou
disposições legais revogadas.
Art. 9o A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais
revogadas. (Redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)
Art. 10. Os textos legais serão articulados com observância dos seguintes princípios:
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I - a unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura "Art.", seguida de numeração
ordinal até o nono e cardinal a partir deste;
II - os artigos desdobrar-se-ão em parágrafos ou em incisos; os parágrafos em incisos, os incisos em alíneas
e as alíneas em itens;
III - os parágrafos serão representados pelo sinal gráfico "§", seguido de numeração ordinal até o nono e
cardinal a partir deste, utilizando-se, quando existente apenas um, a expressão "parágrafo único" por
extenso;
IV - os incisos serão representados por algarismos romanos, as alíneas por letras minúsculas e os itens por
algarismos arábicos;
V - o agrupamento de artigos poderá constituir Subseções; o de Subseções, a Seção; o de Seções, o
Capítulo; o de Capítulos, o Título; o de Títulos, o Livro e o de Livros, a Parte;
VI - os Capítulos, Títulos, Livros e Partes serão grafados em letras maiúsculas e identificados por
algarismos romanos, podendo estas últimas desdobrar-se em Parte Geral e Parte Especial ou ser
subdivididas em partes expressas em numeral ordinal, por extenso;
VII - as Subseções e Seções serão identificadas em algarismos romanos, grafadas em letras minúsculas e
postas em negrito ou caracteres que as coloquem em realce;
VIII - a composição prevista no inciso V poderá também compreender agrupamentos em Disposições
Preliminares, Gerais, Finais ou Transitórias, conforme necessário.
(...)
Art. 12. A alteração da lei será feita:
I - mediante reprodução integral em novo texto, quando se tratar de alteração considerável;
II - na hipótese de revogação;
II – mediante revogação parcial; (Redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)
III - nos demais casos, por meio de substituição, no próprio texto, do dispositivo alterado, ou acréscimo
de dispositivo novo (...)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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