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Instituto Federal de Minas Gerais, Campus Ouro Branco

Prof. Leandro José de Souza Martins

INTRODUÇÃO GERAL AO ESTUDO DO DIREITO


APOSTILA I

Ouro Branco
1.2020
Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
Prof. Leandro José de Souza Martins

APRESENTAÇÃO

Prezado (a) estudante,

O Direito faz parte de nossa vida desde o nascimento até à morte. É muito importante para todos,
portanto, conhecer as questões básicas desta ciência, que nos indica direitos e deveres que temos
em nossa vida social.

Quantas pessoas são enganadas pelo fato de não conhecerem seus direitos... quantas vezes nós
mesmos não perdemos uma oportunidade porque nos faltou saber o que era nosso direito e até
onde iam nossas responsabilidades...

Por isso, vamos estudar com muita disciplina este conteúdo, não só por questões de notas ou para
"passar": vamos assumir o compromisso de estudar para termos mais capacidade de exercer nossa
cidadania, com direitos e deveres plenamente respeitados!

Nesta primeira apostila, temos nossas primeiras aulas. É preciso lê-la com atenção, porque são
alguns dos conceitos básicos de nossa disciplina. Algumas marcações são feitas em cor
diferente. São as palavrinhas e conceitos que você não pode esquecer e que farão parte de
muitas das avaliações que faremos.

Garanto a você que vale muito a pena dedicar-se no estudo do Direito, porque este, de fato, é um
estudo para a vida e que todos nós precisamos por demais!

Um grande abraço!

Prof. Leandro José de Souza Martins

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
Prof. Leandro José de Souza Martins

SUMÁRIO

1. Introdução Geral Ao Estudo Do Direito...................................................................................................4


Introdução ................................................................................................................................................4
1.1 O conceito “Direito”...........................................................................................................................5
1.2 Objetivo e fundamento do Direito ......................................................................................................5
1.3 As fontes do Direito ...........................................................................................................................6
1.4 Princípios do Direito ..........................................................................................................................8
1.5 Direito, Moral e Ética .........................................................................................................................9

2. A Lei, grande Norma Jurídica ................................................................................................................11


2.1 Características da Norma Jurídica ...................................................................................................12
2.2 Sobre a Norma Jurídica: Classificação, Validade, Vigência e Revogação ......................................13
2.3 Normas e Princípios .........................................................................................................................14
2.4 Ramos do Direito (Classificações, Sistemas e Divisões) .................................................................15
2.4.1 Direito Natural...........................................................................................................................15
2.4.2 Direito Positivo .........................................................................................................................15
2.4.3 Direito Objetivo.........................................................................................................................16
2.4.4 Direito Subjetivo .......................................................................................................................16
2.4.5 Direito Público e Privado ..........................................................................................................16

3. Como ler e entender uma lei? .................................................................................................................19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................21

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
Prof. Leandro José de Souza Martins

NOÇÕES GERAIS SOBRE O DIREITO. INTRODUÇÃO GERAL AO


DIREITO

11. INTRODUÇÃO GERAL AO ESTUDO DO DIREITO

Objetivos específicos:
1. Conhecer os principais termos do estudo do Direito
2. Qual o objetivo e fundamento do Direito?
3. Os princípios e Fontes do Direito.

Introdução
A palavra Direito não é usada em sentido único, pelo contrário, é usada comumente em
vários sentidos. A noção de Direito está muito ligada à noção de justiça, sendo um e outro
conceitos correlatos ao direito. O Direito aparece-nos, via de regra, como verdadeiro objeto de
justiça pelo qual procuramos dar a cada um o que lhe pertence. O conceito de justiça é mais
acessível que o de direito, embora ambos estejam entranhados na consciência humana.
Visa o Direito, em síntese, assegurar a coexistência pacífica da sociedade, por essa razão
é o fundamento da ordem social. A palavra direito deriva do latim popular directum que significa
dirigir, endireitar, fazer andar em linha reta, etc. No latim clássico, essa ideia entretanto, é expressa
pelo vocábulo IVS-IUS-JUS, palavra técnica, utilizado pelos jurisconsultos romanos para
exprimir o lícito ou permitido pelas leis.
A primeira questão, dentre as várias que são postas, tem a ver com a importância do
estudo do Direito. Questiona-se, assim, qual a importância do Direito na sociedade? Tal pergunta
é de extrema importância para que o estudante possa visualizar a relevância de cada matéria do
Curso de Direito que lhe é apresentada nos dez semestres que cursará.
A importância do Direito é trazer ordem, certeza, paz, segurança e justiça, que são,
pois, finalidades do Direito, não se podendo confundir com o próprio Direito, já que não se
pode confundir o objeto com a sua finalidade. Portanto, o Direito é um instrumento que
existe para evitar conflitos e, não sendo possível evitá-los, existe também para solucioná-los.
Daí se dizer que a função precípua do Direito é trazer segurança jurídica, tendo como fim
concretizar a justiça, isto é, o que é justo.
Para fazer isso, são firmados enunciados prescritivos, ou seja, frases que prescrevem
alguma coisa, que determinam algo. No mundo jurídico, esses enunciados prescritivos podem ser
transformados em normas jurídicas, isto é, em instrumentos que regulamentam as condutas e as
relações entre as pessoas – por isso, esses enunciados prescritivos podem ser chamados também
de enunciados normativos, no sentido de que prescrevem normas.

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Compilação para uso dos estudantes do IFMG, Campus Ouro Branco, feita pelo Professor Leandro José de Souza
Martins (3.ed, Ago. 2019).

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O ato de estabelecer normas jurídicas decorre da necessidade de regulamentar os


comportamentos humanos, na busca por determinar uma interação intersubjetiva mais ordenada
e harmônica, mais segura e justa. Portanto, em geral, as normas jurídicas são criadas a partir da
observação prévia de fatos e atos humanos, o que permite afirmar que as normas jurídicas fundam-
se na natureza social humana e existem para evitar uma situação instável em que impera a lei do
mais forte, produzindo constante incerteza.
Nesse sentido, toda sociedade funda-se em normas jurídicas, as quais regulamentam
comportamentos em prol do bem comum. E, assim, pode-se afirmar que o Direito positivo é um
conjunto de normas jurídicas que têm como objetivo determinar a vida social, ou, ainda, as
relações intersubjetivas, resguardando os direitos e as liberdades das pessoas e atribuindo-lhes
deveres e obrigações. Portanto, embora a ciência do Direito se ocupe do estudo do Direito
positivo, é dizer, das normas jurídicas consideradas em seu conjunto, é conveniente que se
esclareça que o Direito é um fenômeno muito mais que simplesmente normativo, é um fenômeno
social, devendo ser observado, porque é forte a relação, de um ponto de vista socio axiológico –
ou seja, Direito é uma tríade (fato, valor e norma), e como tal deve ser quotidianamente visto.

1.1 O conceito “Direito”


Direito é o conjunto de regras que exteriorizam valores sociais e disciplinam o
comportamento do Homem, garantindo a preservação do bem e o sentimento de justiça.
Diante das inúmeras definições ao direito realizadas por pessoas que se dedicam ao seu
estudo e compreensão científica, adotaremos como definição: é o conjunto de regras que
exteriorizam valores sociais e disciplinam o comportamento do Homem, garantindo a
preservação do bem e o sentimento de justiça, tendo como objetivo maior eliminar os
conflitos sociais e implantar a paz.
Segundo Cotrim (2009. p.4), “É o conjunto de regras obrigatórias que disciplinam a
convivência social humana.” Já para RAÓ (1999, p. 55 apud Paesani e Furriela, 2010), é o sistema
de regras que instituem poderes e deveres, para que seja possível garantir os direitos pessoais e
do grupo, e em consequência disso, essas regras são coercitivamente impostas pelo poder público
ou seja, é o conjunto de regras coercitivamente impostas pelo Estado.
Quer seja positivado (feito, construído) pelas leis escritas, quer seja costumeiro ou não
escrito, o Direito surge para atender às necessidades do ser humano, dentro de determinada
sociedade, o que lhe atribui as características de uma ciência social a serviço do homem.
Portanto a definição de direito varia de época para época e conforme movimentos
políticos. Se vivemos em um período em que o Estado impõe mais obrigações, a definição do
direito é tendenciosa para o lado da coerção e, se vivemos em um Estado humanitário, a
definição tende a ser social. O que devemos ter certeza é de que a definição de direito nunca
será a mesma para toda a humanidade e para todos os tempos, assim dizia um autor do início do
século XX, “o ordenamento jurídico encontra-se em permanente fluxo” (Kohler, 1919, p.2).

1.2 Objetivo e fundamento do Direito


O objetivo do Direito implantação de certa ordem, tendendo a uma certa organização
social Ordem e Justiça dois conceitos associados, que constituem os objetivos naturais do Direito,
e que por eles se pretende legitimar todo o sistema de legalidade

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
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• o Direito (sistema de legalidade) apoia-se numa certa concepção do mundo, numa certa
ordem de valores (sistema de legitimidade) e é por esses mesmos valores que o Direito
pretende legitimar-se
• todo sistema de legitimidade procura realizar-se por certa legalidade.
A base de nosso Direito é a Constituição Federal, promulgada no ano de 1988. É uma
Carta Magna escrita, diferentemente dos países que adotam o sistema anglo-saxão, em que o
Direito é baseado não em uma legislação previamente escrita, mas sim nos precedentes
processuais gerados pela sociedade.

Figura 1 - Pirâmide das Leis


Fonte: Etec

1.3 As fontes do Direito


Com o termo “fonte” não se quer dizer propriamente aquele lugar no qual se origina o
Direito, e sim aqueles lugares dos quais é possível extrair normas jurídicas, ou nos quais se pode
buscar o fundamento de validade dessas normas, ou, ainda, indicando, segundo Miguel Reale, “os
processos de produção de normas jurídicas[16]”.
Quando se fala em fontes do Direito, refere-se a fontes do Direito objetivo. Costuma-se
classificar as fontes em materiais (fundamentos éticos e sociais das normas jurídicas) e formais
(mecanismos de introdução de normas jurídicas na ordem jurídica), subdividindo-se as formais
em estatais (processo legislativo, jurisprudência e convenções e tratados internacionais) e em não
estatais (prática costumeira, doutrina, convenções e negócios jurídicos).
Segundo Cotrim (2009), as fontes formais do Direito são quatro: lei, costumes,
jurisprudência e doutrina. Vamos entender melhor cada um desses conceitos.
• Lei: norma jurídica escrita emanada de poder competente.
• Costume: é criado espontaneamente pela sociedade, sendo produzido por uma prática geral,
constante e reiterada.
• Jurisprudência: conjunto de decisões judiciais reiteradas sobre determinadas questões.
• Doutrina: conjunto sistemático de teorias sobre o Direito elaborado pelos juristas.

O objeto de estudo da ciência do Direito são, portanto, as fontes formais, que podem ser
estatais ou não estatais. As fontes formais podem ser entendidas como a forma pela qual o Direito
positivo, escrito ou não escrito, pode ser conhecido. A principal fonte formal é a Lei, que será
estudada em capítulo específico.

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Os costumes, resultado da prática consuetudinária, são talvez a forma mais antiga de


expressar o Direito, pois este é um fato social. Atualmente, os costumes se apresentam como fonte
subsidiária para a aplicação e para a interpretação do Direito. Pode-se definir o costume como
uma prática social reiterada, uniforme e contínua, isto é, como um uso social que determina, de
maneira razoável, moral, sociável e justa, comportamentos tornando-se, com o tempo, obrigatório
e exigível, adquirindo, pois, natureza jurídica, de norma jurídica. A fonte é, assim, a prática
consuetudinária, e o costume é o seu resultado, adquirindo foro jurídico, ou seja, de costume
jurídico, com força de norma jurídica.
Diante de sua posição no ordenamento jurídico de fonte subsidiária da legislação (das
leis em sentido amplo), o costume pode se apresentar de três maneiras: (a) secundum legem, que
é o “costume interpretativo, que dá a usual interpretação de uma lei”, e que se confunde com a
própria legislação, que o reconhece expressamente; (b) praeter legem, que é o costume com nítido
caráter supletivo, ou seja, que preenche eventuais lacunas legais; (c) contra legem, que é o
costume contrário à lei, comum quando a lei cai em desuso ou quando não é observada.
Além do costume, também se perfilha como fonte formal não estatal, a doutrina. Trata-
se do resultado da atividade científica dos juristas, isto é, de especialistas no estudo do Direito. A
doutrina sistematiza normas, fornece conceitos, interpreta a legislação, cria classificações, emite
juízos de valor, aponta a necessidade de reformas do ordenamento jurídico. A doutrina tal qual o
costume é uma fonte subsidiária, servindo tanto para a aplicação quanto para a interpretação do
Direito, especialmente a partir dos princípios gerais do direito, que são, em sua grande maioria,
criações de juristas, e que dependem, para se tornarem fontes jurídicas, da sedimentação
costumeira ou de seu uso pelos magistrados.
Por fim, há que se falar sobre os negócios jurídicos enquanto fontes jurídicas. O negócio
jurídico típico é o contrato, que faz lei entre as partes, ou seja, estabelece entre os contraentes um
conjunto de normas jurídicas individuais, que, no entanto, devem estar de acordo com as normas
jurídicas abstratas e gerais decorrentes das fontes jurídicas formais estatais. Excepcionalmente um
negócio jurídico ensejará a criação de normas jurídicas gerais, como acontece, por exemplo, no
Direito brasileiro, com as convenções e os acordos coletivos de trabalho.
As fontes formais estatais englobam o processo legislativo, a jurisprudência e os
tratados e convenções internacionais.
O processo legislativo é a principal fonte formal dos ordenamentos jurídicos modernos
e seu o produto são as leis, que em sentido amplo se referem às diversas espécies normativas (ou
legislação) e, em sentido estrito ou técnico, têm a ver com a produção decorrente da atividade do
poder legislativo. processo legislativo, que é a verdadeira fonte formal estatal, podendo ser
definido, segundo Maria Helena Diniz, como “um conjunto de fases constitucionalmente
estabelecidas, pelas quais há de passar o projeto de lei, até sua transformação em lei vigente
Outra fonte formal estatal é a jurisprudência, que pode ser conceituada como um
conjunto de decisões uniformes e reiteradas dos tribunais sobre determinadas matérias, ou seja,
decisões sobre interpretação e aplicação de normas jurídicas. Além de ementários de
jurisprudência, os tribunais têm uma súmula de jurisprudência que contém enunciados,
vinculantes ou não. Esses enunciados são chamados, normalmente, na prática jurídica, embora
sem muita técnica, de súmulas, que podem ter duas naturezas, ou ser orientadoras ou ser
vinculantes, a depender do tribunal que as edita e de seu processo de aprovação; além das súmulas,
há tribunais que editam orientações jurisprudenciais.

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Por fim, dentre as fontes formais estatais figuram também tratados e convenções
internacionais.
As fontes materiais são os fatores sociais e os valores de determinada sociedade em
uma determinada época que inspiram e influenciam a produção do Direito positivo,
determinando tanto o surgimento quanto as mudanças e a extinção das normas jurídicas.
Logo, fontes materiais, como aponta Paulo Dourado de Gusmão, “são as constituídas por
fenômenos sociais e por dados extraídos da realidade social, das tradições e dos ideais dominantes,
com as quais o legislador, resolvendo questões que dele exigem solução, dá conteúdo ou matéria
às regras jurídicas”, às fontes formais do Direito.
Assim, as fontes materiais são fontes pré-jurídicas, de maneira que, como aponta Miguel
Reale, a expressão “fonte material” indica “o estudo filosófico ou sociológico dos motivos éticos
ou dos fatos econômicos que condicionam o aparecimento e as transformações das regras de
direito. Fácil é perceber que se trata do problema do fundamento ético ou do fundamento social
das normas jurídicas, situando-se, por conseguinte, fora do campo da Ciência do Direito”.

1.4 Princípios do Direito


Os princípios gerais do direito são regras de conduta que norteiam o Julgador na
interpretação da norma, do ato ou do negócio jurídico. Podem ou não estar positivados, ou seja,
previstos expressamente em lei, mas normalmente não são positivados. São regras estáticas que
carecem de concreção e têm como função principal auxiliar o Julgador no preenchimento de
lacunas existentes na lei.
Os princípios jurídicos refletem a cultura sócio jurídica de uma sociedade em um dado
momento (ou no decorrer) de sua história, sendo o conteúdo principal formado pelos valores
superiores aceitos como verdade por essa sociedade. É predominante na doutrina que os princípios
são normas jurídicas que representam valores aceitos e realizados ao longo do tempo a partir da
experiência social de uma determinada sociedade. Assim, os princípios jurídicos são compostos
de valores que, erigidos à categoria de normas jurídicas pelo legislador, servem de fundamento
para o ordenamento jurídico e atuam como vetor na construção e aplicação das demais normas
jurídicas.
Os princípios gerais do direito podem ser entendidos como princípios fundamentais da
cultura jurídica humana, que promovem o preenchimento das lacunas da lei, em face de um caso
concreto. Além do conceito, ainda resta o problema para identificar tais princípios. Os Princípios
Gerais do Direito são regras de conduta que norteiam o Julgador na interpretação da norma.
Celso Antônio Bandeira de MELO (p. 450) ensina que princípio jurídico é: “mandamento
nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre
diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e
inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe
confere a tônica e lhe dá sentido”. Os princípios são, portanto, mandamentos jurídicos primaciais
e fundamentais, compostos de valores da cultura sócio-jurídica da sociedade, que servem de
substrato às outras normas jurídicas quando aplicadas na solução de casos concretos.
Segundo Ronald DWORKIN (p. 74), há uma diferença lógica entre princípios e regras,
sendo os critérios para distingui-los formulados com base nos mecanismos de aplicação: o
primeiro, o do “tudo ou nada” (all or nothing); e o segundo, o do peso ou importância. No que
concerne ao critério do “tudo ou nada”, Eros GRAU (p. 89-90) assim preleciona:

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As regras são aplicáveis por completo ou não são, de modo absoluto, aplicáveis. Trata-se
de um tudo ou nada. Desde que os pressupostos de fato aos quais a regra se refira (...) se
verifiquem, em uma situação concreta, e sendo ela válida, em qualquer caso há de ser
aplicada. Já os princípios jurídicos atuam de modo diverso: mesmo aqueles que mais se
assemelham às regras não se aplicam automática e necessariamente quando as condições
previstas como suficientes para sua aplicação se manifestam.

Isso ocorre devido às regras não comportarem exceções, como bem ensina Ronald
DWORKIN: “se os fatos que a regra estipula estão presentes, então ou bem a regra é válida, e
nesse caso o comando que ela estabelece tem de ser aplicado, ou bem ela não é, e nesse caso ela
não contribui em nada para a decisão do caso”. Quanto aos princípios jurídicos, a ocorrência das
condições para sua incidência não impõe necessariamente a sua aplicação ao caso concreto.
Por outro lado, a não incidência não implica sua exclusão da ordem jurídica. Em relação
ao segundo critério, o de “peso ou importância”, que decorre do primeiro, DWORKIN (p. 77-78)
ensina:
(...) os princípios possuem uma dimensão que não é própria das regras jurídicas: a
dimensão de peso ou importância. Assim, quando se entrecruzam (...), quem há de resolver
o conflito deve levar em conta o peso relativo de cada um deles. (...) As regras não possuem
tal dimensão. (...) Não podemos afirmar que uma delas, no interior do sistema normativo,
é mais importante do que outra de modo que, no caso de conflito entre ambas, deva
prevalecer uma em virtude do seu peso maior. Se duas regras entram em conflito, uma
delas não é válida.

1.5 Direito, Moral e Ética


Direito, Moral e Ética são institutos que se tangenciam, mas não se confundem. Na
verdade, o Direito, como os(as) senhores(as) verão a seguir, surgiu da moral. Importante capítulo,
pois desse panorama pode-se, inclusive, delinear o início da sociedade não itinerante. Ora,
somente houve a necessidade de leis, regulamentos, quando os homens passaram a fixar residência
e conviver em sociedades não itinerantes. Moral é expressão derivada do latim mores.
A moral pode ser definida como a aquisição do modo de ser, conseguido pela apropriação
ou por níveis de apropriação, que se encontram o caráter, os sentimentos e os costumes. A moral,
por sua vez, são as condutas sociais válidas em determinado tempo e espaço, portanto também
consideradas éticas.
Na ciência jurídica, a moral é um conjunto de regras no convívio, tendo um campo de
aplicação muito maior que o Direito. Nem todas as regras morais são regras jurídicas. O campo
da moral é mais amplo, contudo, toda regra jurídica é, antes de qualquer coisa, uma regra moral.
A semelhança que o Direito tem com a moral é que ambos são formas de controle social, sendo
que a moral induz à formação das normas jurídicas.
Nessa esteira de entendimentos, podemos concluir que a moral vem antes do Direito. A
moral pode estar impregnada ou talvez sempre esteja a favor de opiniões pessoais. Por sua vez, o
direito, com a aquisição da autonomia normativa, passa a caracterizar-se como:
• heterônomo, pois emana da atividade estatal, mesmo contra a vontade de seus
destinatários;
• bilateral, em virtude de se operar entre indivíduos, como sujeitos de direitos e obrigações;
• coercitivo, porque o dever jurídico deve ser cumprido, por imposição de lei. Ao passo que
a moral é:

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• autônoma, pois emana do próprio homem, em um exercício de consciência;


• unilateral, pois se refere apenas ao indivíduo ou a um grupo específico;
• não coercitiva, uma vez que o dever imposto pela moral não é exigível por ninguém.

Embora se possam indicar outras, a nota distintiva essencial é a coercibilidade, que é


atributo do Direito, não da Moral, ou seja, o Direito tem a possibilidade de coagir a observância
das normas jurídicas, impingindo, em caso de seu descumprimento, sanções legítimas, inclusive
com o uso legitimado da força física, aos indivíduos, enquanto que a Moral não possui tal
característica, sendo, pois, incoercível, já que incompatível com o uso da força. Apesar de haver
consenso sobre a distinção entre Direito e Moral, foram criadas teorias para explicar as relações
entre esses dois tipos de controle social.

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2. A LEI, GRANDE NORMA JURÍDICA

Objetivos específicos:
1. O que é uma lei no Direito Brasileiro?
2. Características da Norma Jurídica
3. Validade, vigência e revogação da Lei no tempo e no espaço.
4. Os Ramos do Direito: Direito Objetivo/Subjetivo; Direito Privado/Público.

Nesse caminhar, chegamos à norma jurídica. Chamamos norma jurídica ou lei a regra
de conduta social aceita pela sociedade como diretriz comportamental, mas que o Estado,
no exercício do seu Poder Legislativo, ou seja, de criar leis, consolidou ou eternizou na forma
expressa e escrita, dando a ela conhecimento público e, consequentemente, tornando-a
obrigatória.
Se o Direito tem a função de contribuir para a paz, a harmonia e a ordem sociais, então
tais finalidades devem ser atingidas de alguma maneira – por meio das normas jurídicas. Daí se
afirmar que as normas jurídicas são instrumentos que dispõem sobre o comportamento dos
membros de uma sociedade; são elas que determinam (ou ajudam a determinar) as condutas
humanas. Diante disso é que se pode dizer que as normas jurídicas são normas de conduta porque
regulamentam comportamentos humanos.
Mas não apenas isso, além de regulamentarem condutas humanas, as normas jurídicas
determinam a organização das instituições e dos institutos sociais. Nesse sentido, pode-se
conceituar uma norma jurídica como o instrumento que serve à regulamentação de
comportamentos, condutas humanas, e de organização da sociedade; fala-se, portanto, em normas
de conduta, no primeiro caso, e em normas de estrutura, no segundo caso.
Normas podem resultar da repetitividade de certos comportamentos (consuetudinárias,
do costume) ou decorrer do exercício do poder (legais, positivas).
Uma norma jurídica prescreve uma conduta. Isso é o mesmo que dizer que ela determina,
ou seja, que ela “é imperativa como toda norma destinada a regular o agir do homem e a orientá-
lo para suas finalidades. É imperativa porque impõe um dever, um determinado
comportamento”.Mas a norma jurídica não é apenas imperativa, é, também, atributiva, no sentido
de que atribui ao lesado pela violação da conduta prescrita na norma a faculdade de exigir do
violador o cumprimento da norma ou a reparação pelo dano sofrido.
As normas jurídicas possuem características que as diferenciam das demais normas
existentes na sociedade, como a norma religiosa, a norma costumeira e, até mesmo, a regra moral,
como anteriormente estudamos, entre outras. Temos como principais características da norma
jurídica: a imperatividade e a coercitividade.
A norma jurídica é imperativa, ou seja, assume uma posição de império em relação às
demais normas existentes na sociedade; o seu atendimento é priorizado em detrimento das normas
religiosas, costumeiras e outras.
De nada adiantaria proibir um comportamento se, por outro lado, não se impusesse uma
punição ao transgressor da norma; assim, temos que enfatizar a importância da outra
característica, a coercitividade. O Estado, por intermédio de seu poder estatal, impõe penalidades

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àquele cidadão que deixar de atender aos comandos da norma jurídica, reservando-se o direito de
aplicar a penalidade. A coercitividade estatal encontrada nas normas jurídicas é uma forma de
impor o comportamento à sociedade; sem ela, de nada adiantariam as normas.
Ou seja, as normas jurídicas enquanto instrumentos de regulamentação de condutas
humanas e de estruturas sociais são imperativas, atributivas ou autorizantes, bilaterais,
heterônomas, abstratas e gerais. Some-se a isso a coercibilidade/coercitividade, que não é
propriamente uma característica das normas jurídicas, mas uma consequência provável para
quando elas forem descumpridas, significando a possibilidade de que uma norma seja cumprida
mediante o uso de medidas coercíveis

2.1 Características da Norma Jurídica


As normas jurídicas possuem as seguintes características:
• Bilateralidade: essa característica tem relação com a própria estrutura da norma, pois,
normalmente, a norma é dirigida a duas partes, sendo que uma parte tem o dever jurídico,
ou seja, deverá exercer determinada conduta em favor de outra, enquanto que, essa outra,
tem o direito subjetivo, ou seja, a norma concede a possibilidade de agir diante da outra
parte. Uma parte, então, teria um direito fixado pela norma e a outra uma obrigação,
decorrente do direito que foi concedido.
• Generalidade: é a característica relacionada ao fato da norma valer para qualquer um,
sem distinção de qualquer natureza, para os indivíduos, também iguais entre si, que se
encontram na mesma situação. A norma não foi criada para um ou outro, mas para todos.
Essa característica consagra um dos princípios basilares do Direito: igualdade de todos
perante a lei.
• Abstratividade: a norma não foi criada para regular uma situação concreta ocorrida,
mas para regular, de forma abstrata, abrangendo o maior número possível de casos
semelhantes, que, normalmente, ocorrem de uma forma. A norma não pode disciplinar
situações concretas, mas tão somente formular os modelos de situação, com as
características fundamentais, sem mencionar as particularidades de cada situação, pois é
impossível ao legislador prevê todas as possibilidades que podem ocorrer nas relações
sociais.
• Imperatividade: a norma, para ser cumprida e observada por todos, deverá ser
imperativa, ou seja, impor aos destinatários a obrigação de obedecer. Não depende da
vontade dos indivíduos, pois a norma não é conselho, mas ordem a ser seguida.
• Coercibilidade: pode ser explicada como a possibilidade do uso da força para combater
aqueles que não observam as normas. Essa força pode se dar mediante coação, que atua
na esfera psicológica, desetimulando o indivíduo de descumprir a norma, ou por sanção
(penalidade), que é o resultado do efetivo descumprimento. Pode-se dizer que a Ordem
Jurídica também estimula o cumprimento da norma, que se dá pelas sanções premiais.
Essas sanções seriam a concessão de um benefício ao indivíduo que respeitou
determinada norma.

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2.2 Sobre a Norma Jurídica: Classificação, Validade, Vigência e Revogação


As normas jurídicas podem ser classificadas de variadas formas, aqui estão as que se
reputam, aqui, mais úteis para o Curso de Direito:
1) Quanto à imperatividade: a) cogentes, impositivas ou de ordem pública, revelam
imperatividade absoluta, ordenando ou proibindo algo de maneira absoluta, ou seja, sem que o
particular possa intervir, a fim de que não sejam trazidos prejuízos à sociedade – são normas que
tutelam interesses fundamentais, o bem comum; b) dispositivas ou de ordem privada, revelam
imperatividade relativa, podendo ser permissivas (quando consentem abstenções ou ações) ou ser
supletivas (quando suprem a falta de manifestação das partes).
2) Quanto ao autorizamento: a) mais que perfeitas, quando violadas ensejam nulidade do
ato com restabelecimento ou não da situação anterior (statu quo ante) e aplicação de pena; b)
perfeitas, quando violadas ensejam a nulidade ou a anulação do ato; c) menos que perfeitas,
quando violadas determinam a aplicação de pena; d) imperfeitas, quando violadas não
proporcionam qualquer consequência jurídica.
3) Quanto à hierarquia: a) internacionais; b) supraconstitucionais; c) constitucionais; d)
supralegais; e) legais; f) infralegais; g) individuais.
4) Quanto à natureza das disposições: a) substantivas ou materiais, quando criam direitos
e impõem deveres; b) adjetivas ou processuais, quando regulam a maneira como efetivar as
relações jurídicas ou fazer valer direitos e deveres.
5) Quanto à aplicação: a) normas de eficácia absoluta, quando não podem ser alteradas
senão por uma nova ordem constitucional – são as cláusulas pétreas; b) normas de eficácia plena,
quando suficientes para regulamentar as relações jurídicas; c) normas de eficácia restringível ou
contida, quando têm aplicabilidade imediata, mas sua eficácia pode ser reduzida por lei; d) normas
de eficácia relativa complementável ou de eficácia limitada, quando dependem, para produzir
efeitos, de norma posterior que lhe dê eficácia.
6) Quanto ao poder de autonomia legislativa: a) nacionais, quando criadas pela União,
sendo válidas para toda a nação; b) federais, quando criadas pela União, sendo válidas em todo o
território federal; c) estaduais, quando criadas pelos Estados, sendo válidas em todo o território
do respectivo Estado; d) municipais, quando criadas pelos Municípios, sendo válidas em todo o
território do respectivo Município.
7) Quanto à sistematização: a) esparsas ou extravagantes, quando regulamentam uma
determinada matéria de maneira isolada; b) codificadas, quando regulamentam uma determinada
matéria, organizando-se em um corpo orgânico; c) consolidadas, quando, sendo sobre um
determinado assunto, encontram-se reunidas várias leis esparsas.
As normas jurídicas têm três planos de validade. O primeiro é o plano formal (ou
jurídico), do que se extrai a vigência da norma jurídica, ou seja, que tenha sido criada pelo poder
competente e com a obediência dos procedimentos legais. O segundo é o plano social, que é
também referido como de validade fática ou, ainda, de eficácia, do que se extrai se a norma pode
ser aplicada pela autoridade (contém os elementos normativos que permitem sua atuação concreta)
e é obedecida pelos seus destinatários (produz efeitos por estar adequada à realidade). O terceiro
é o plano ético, pelo que a norma jurídica consiste na realização de valores socialmente exigíveis,
embora, em si, ela não valore fatos.
A norma jurídica tem aplicação no meio social, portanto a sua divulgação à sociedade é
condição essencial e indispensável à sua validade. O conhecimento público da lei surge com a sua
divulgação à sociedade, por intermédio de publicação no Diário Oficial.

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
Prof. Leandro José de Souza Martins

Com o conhecimento público, a lei passa a ter força obrigatória a partir da sua vigência,
ou seja, do dia em que começar a vigorar (em regra, as próprias leis indicam a data que entrarão
em vigor). Contudo, se nada dispuser a respeito, entrará em vigor em todo o território 45 dias
após a publicação.
Entre a publicação oficial da lei e o início de sua vigência, poderá haver um espaço de
tempo, juridicamente denominado vacatio legis. O período de vigência da lei pode ser temporário
ou sem prazo determinado. Será determinado sempre que o legislador, ao elaborar a lei, fixar o
tempo de sua duração ou sem prazo determinado, durando até que seja modificada ou revogada
por outra lei.
Portanto, a lei vigorará até que seja revogada ou pelo lapso de tempo (temporária) ou
pelo nascimento de outra norma revogadora (sem determinação de prazo). Revogar é tornar sem
efeito uma lei ou norma e a revogação pode ser expressa ou tácita.
Vejamos: a) revogação expressa: quando o elaborador da norma declarar a lei velha
extinta em todos os seus dispositivos ou apontar os artigos que pretende retirar; b) revogação
tácita: quando houver incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, pelo fato de que a nova passa
a regular inteiramente a matéria tratada pela anterior.
A revogação é gênero, apresentando-se em duas espécies, a saber: a) a ab-rogação: é a
supressão total da lei ou norma anterior; b) a derrogação: torna sem efeito uma parte da lei ou
norma.

2.3 Normas e Princípios


Ganhou a doutrina mais moderna uma classificação das normas, que as separa em regras
e princípios. Em geral, tanto a regra como o princípio são vistos como espécies de normas, uma
vez que ambos descrevem algo que deve ser. Ambos se valem de categorias deontológicas comuns
às normas — o mandado (determina-se algo), a permissão (faculta-se algo) e a proibição (veda-
se algo).
Quando se trata de estremar regras e princípios, porém, é bastante frequente o emprego
do critério da generalidade ou da abstração. Os princípios seriam aquelas normas com teor mais
aberto do que as regras. Próximo a esse critério, por vezes se fala também que a distinção se
assentaria no grau de determinabilidade dos casos de aplicação da norma.
Os princípios corresponderiam às normas que carecem de mediações concretizadoras
por parte do legislador, do juiz ou da Administração. Já as regras seriam as normas suscetíveis de
aplicação imediata. Valendo-se de outro ângulo, a separação entre regras e princípios por vezes é
sugerida como sendo devedora do critério da importância da norma para o conjunto do
ordenamento jurídico, especialmente sob o aspecto de ser a norma o fundamento de outras normas,
quando então participaria da modalidade do princípio. Até a proximidade da ideia de direito é
usada para a diferenciação. Os princípios seriam padrões que expressam exigências de justiça.
Os princípios teriam, ainda, virtudes multifuncionais, diferentemente das regras. Os
princípios, nessa linha, desempenhariam também uma função argumentativa. Por serem mais
abrangentes que as regras e por assinalarem os standards de justiça relacionados com certo
instituto jurídico, seriam instrumentos úteis para se descobrir a razão de ser de uma regra ou
mesmo de outro princípio menos amplo. Assim, o princípio da igualdade informaria o princípio
da acessibilidade de todos aos cargos públicos, que, de seu turno, confere a compreensão adequada
da norma, que exige o concurso público para o preenchimento desses cargos.

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
Prof. Leandro José de Souza Martins

Já que os princípios estruturam um instituto, dão ensejo, ainda, até mesmo à descoberta
de regras que não estão expressas em um enunciado legislativo, ensejando, com isso, o
desenvolvimento e a integração do ordenamento jurídico. Aqui, cabe pensar no princípio da
moralidade e no princípio da publicidade como determinantes da proibição de que um concurso
público possa ter prazo sumamente exíguo de inscrição de interessados, em horários e localidades
inadequados.
Da mesma forma, cogite-se do princípio da proteção da confiança, que deriva do
princípio do Estado de Direito, a inspirar a impossibilidade, que não está escrita, de a
Administração romper, súbita e caprichosamente, com uma situação há muito consolidada, que
se estabelecera a partir de estímulos do Estado, inspirando investimentos e comprometimento de
recursos do particular. De toda sorte, as tentativas efetuadas de distinguir regras e princípios
chocam-se, às vezes, com o ceticismo dos que veem na pluralidade de normas um obstáculo para
que se possa, com segurança, situar uma norma em uma ou outra classe. Isso leva a que alguns
sustentem que a diferença entre regra e princípio seria apenas de grau.

2.4 Ramos do Direito (Classificações, Sistemas e Divisões)

2.4.1 Direito Natural


É aquilo que corresponde ao sentimento de justiça da comunidade (independe da vontade
humana). Na realidade os princípios que constituem o direito natural formam a ideia do que seja,
segundo a razão humana, o justo por natureza.
O Direito natural qualifica-se por ser eterno, atemporal, imutável, justo, não escrito e
universal. Algumas dessas características, no entanto, serviram para a formulação de uma pesada
crítica ao jusnaturalismo. Critica-se, por exemplo, o fato de se pretender um Direito eterno,
atemporal, imutável e universal, ou seja, válido para todos os seres humanos em todas as épocas,
independente do território que habitem – afirmar-se que o Direito não muda de acordo com
critérios espaciotemporais é desconsiderar que os seres humanos se organizam de maneiras
distintas, que as realidades sociais variam e que os anseios e os interesses humanos estão em
constantes transformações.
Segundo o direito natural, existe um direito anterior ao feito pelo homem; não
necessariamente coincidente com o realizado nos acordos, contratos ou leis. É encarado ora de
forma teológica ora sobre lentes racionalistas. No jusnaturalismo impera o pressuposto de que há
uma verdadeira identidade entre direito e justiça. Deve-se ao jusnaturalismo e aos brocardos
latinos, as primeiras versões acerca dos princípios jurídicos, como ideias decorrentes da própria
natureza do homem, do bom senso e da prática social.

2.4.2 Direito Positivo


O conjunto de normas jurídicas escritas e dispostas nos diversos códigos, decretos, leis e
que forma o ordenamento jurídico brasileiro. Assim, o direito positivo é formado pelo conjunto
de normas vigentes em um determinado território e em um determinado tempo; somente
pertencem ao conjunto do direito positivo as normas vigentes num determinado país e numa
determinada época. As normas, quando revogadas, deixam de integrar o grupo do direito
positivo.

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
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O juspositivismo identifica o Direito positivo com o Direito estatal, escrito ou não


escrito, ou seja, com o Direito criado e formulado pelo ente legitimado para isso, o Estado. Esse
grupo de correntes não contempla juízos de valor sobre o objeto de estudo, garantindo, pois, uma
neutralidade axiológica. Quem melhor desenvolveu esse isolamento do objeto da ciência do
Direito foi Hans Kelsen, cuja teoria pode ser enquadrada no racionalismo dogmático ou
normativismo jurídico.
O direito positivo é aquele posto por ato vontade. Se no passado era definido de forma
negativa, como sendo o direito não natural (artificial, portanto), passou depois a ser definido como
o direito posto, passando o direito natural a ser definido como direito pressuposto. Interessa-nos
antes, também analisar a corrente de pensamento do positivismo jurídico, que considera, em linhas
gerais, como direito apenas o direito legislado, produzido por ato de vontade e institucionalizado.

2.4.3 Direito Objetivo


Nesse universo de normas que formam o ordenamento jurídico brasileiro, existem
normas cujo atendimento é obrigatório e outras cujo atendimento depende da vontade do sujeito
do direito.
O complexo de normas jurídicas que regem o comportamento humano, de modo
obrigatório, prescrevendo uma sanção no caso de sua violação, forma o direito objetivo.
Podemos citar, como exemplos de norma do direito objetivo, as normas penais que
proíbem terminantemente a prática de determinados atos, previstos como típicos (crimes) na lei
penal. A prática de crimes é terminantemente proibida por lei, impondo-se pena àqueles que
praticarem o ato proibido.

2.4.4 Direito Subjetivo


Diferentemente do direito objetivo, que é obrigatório e coercitivo, o direito subjetivo é
formado pelo conjunto de normas facultativas; em outras palavras, é a permissão dada por
meio de lei para que o sujeito realize ou não realize alguma coisa, para que adquira ou não
adquira algo.
Enfim, é a faculdade ou a possibilidade que cada cidadão tem de agir dentro das regras
da lei e de invocar a sua proteção e aplicação na defesa de seus legítimos interesses.
Podemos citar, como exemplo de direito subjetivo, o casamento. Trata-se de um direito
previsto na norma civil brasileira, mas o seu exercício ou não dependerá diretamente da vontade
do sujeito, que pode casar ou não, dependendo de sua vontade. Nessa hipótese, não há a
possibilidade de intervenção do Estado para obrigar ou não a prática do ato, ou seja, do casamento.

2.4.5 Direito Público e Privado


O direito é único e indivisível. Não pode ser concebida a formação de um direito
fragmentado, sem o sentimento de ciência única, formada pelo mesmo valor e ideal social. Dessa
forma, a divisão do direito em público e privado é meramente didática e tem por finalidade
possibilitar ao estudioso do direito uma melhor compreensão desse universo científico-social.
É precisamente no âmbito do Direito Estatal que interessa a distinção entre Direito
Público e Direito Privado, uma vez que, mesmo provenientes de uma mesma fonte (o Estado), as
normas pertencentes a cada ramo se submetem a regimes diversos, com características peculiares
e dicotômicas.

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
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Sundfeld (p. 139) lembra que foi Ulpiano, em Roma, quem primeiro fez referência à
distinção, classificando como de Direito Público as disposições relativas à organização política e
religiosa do Estado romano e como de Direito Privado as pertinentes aos interesses privados. Mas
ressalta que a diferenciação só ganhou importância com o advento do Estado de Direito, quando
houve uma retomada da figura centralizadora do Estado, cuja atuação era também limitada por
regras de Direito frente ao grupo social.
Não é por outra razão que Bobbio (p. 14) escreve: a dicotomia clássica entre direito
privado e direito público reflete a situação de um grupo social no qual já ocorreu a diferenciação
entre aquilo que pertence ao grupo enquanto tal, à coletividade, e aquilo que pertence aos
membros singulares; ou, mais em geral, entre a sociedade global e eventuais grupos menores
(como a família), ou ainda entre um poder central superior e os poderes periféricos inferiores que,
com relação àquele, gozem de uma autonomia apenas relativa, quando dele não dependem
totalmente.
Pode-se concluir, então, que a divisão do Direito em Público e Privado assumiu maior
relevância com a centralização do poder político nas mãos do Estado e o surgimento e difusão da
ideia de que a atividade estatal também deve sofrer limitações pelo mesmo conjunto de normas
que, num primeiro momento, atribuiu ao próprio Estado o monopólio do uso da força. Em síntese,
a dicotomia em estudo tornou-se especialmente importante quando a figura do Estado tomou um
lugar próprio, mais elevado, no ambiente social, mas com a preservação da existência de outros
grupos e indivíduos com direitos frente a ele.
Os principais critérios são o do interesse preponderante e o dos sujeitos das normas
jurídicas. O primeiro vislumbra no tipo do interesse preponderante na norma o critério ideal para
distingui-la como de Direito Público ou de Direito Privado. Se o interesse majoritário nela
embutido for o público, a norma será de Direito Público. Se for o particular, a norma será de
Direito Privado.
O segundo critério procura distinguir a natureza das normas segundo os seus
destinatários. Seriam públicas as normas jurídicas em que um dos destinatários é necessariamente
o Estado como ente dotado de personalidade jurídica, e privadas as normas em que os destinatários
são somente pessoas físicas ou jurídicas particulares (em contraposição ao Estado, pessoa
"pública").
Um terceiro critério, criado como tentativa de superação do segundo, é o que alia ao
destinatário da norma o status com que ele comparece na relação jurídica regulada. Assim,
o Direito Público seria o que regula as relações em que um dos sujeitos é o Estado enquanto ente
dotado de personalidade jurídica e de soberania; estabelece-se aqui uma relação de subordinação
(contraposta à de coordenação), entre sujeitos desiguais, em que um é o superior e outro o inferior
(Diniz, 2000, p. 252).
O direito privado é composto, inteira ou predominantemente, por normas de ordem
privada, que regem as relações entre os particulares. (pessoas). Vigoram apenas enquanto a
vontade dos interessados não dispuser de modo diferente do previsto pelo legislador. Percebe-se
que sua formação é basicamente de normas subjetivas.
Por outro lado, o direito público é composto, inteira ou predominantemente, por normas
de ordem pública, em que há sempre a participação do Estado (seja o país, o estado, o município
ou uma instituição pública) que são normas imperativas, formado basicamente por normas do
direito objetivo.

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
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São ramos que compõem o direito privado: a) o direito civil; b) o direito de família; c)
o direito comercial e empresarial. São ramos que compõem o direito público: a) o direito
constitucional; b) o direito administrativo; c) o direito financeiro; d) o direito penal; e) o direito
internacional público; f) o direito processual, entre outros.
De Plácido e Silva define o direito público como o conjunto de leis, criadas para
regularem os interesses de ordem coletiva, ou, em outros termos, principalmente, organizar e
disciplinar a organização das instituições políticas de um país, as relações dos poderes
públicos entre si, e destes com os particulares como membros de uma coletividade, e na
defesa do interesse público.
Numa visão esquemática, a distinção direito público e direito privado pode ser assim
representada:
1) Quanto aos sujeitos da relação jurídica:
a) se forem ambos particulares - indivíduos e sociedades civis ou comerciais:
direito privado;
b) se um ou ambos forem o Estado ou outra pessoa jurídica de direito público:
direito público.
2) Quanto ao objeto da relação jurídica:
a) se o interesse predominante for individual, particular: direito privado;
b) se o interesse predominante for de natureza geral, da sociedade como um
todo: direito público.
3) Quanto à natureza da relação jurídica:
a) se a posição dos sujeitos se articular em termos de igualdade jurídica e
coordenação: direito privado conflitos entre leis originárias de ordenamentos
diversos.
b) se a posição dos sujeitos se articular em termos de superioridade jurídica e
subordinação: direito público.

Em suma: DIREITO PÚBLICO - é aquele em que há predominância do interesse do


estado, disciplina os interesses gerais. Existe uma relação de subordinação. DIREITO PRIVADO
- é aquele em que há predominância do interesse particular (pessoa). Existe uma relação de
coordenação. No regime jurídico de direito privado, vigoram princípios como os da livre iniciativa
e da autonomia da vontade. Já o regime jurídico de direito público funda-se na soberania estatal,
no princípio da legalidade e na supremacia do interesse público.

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
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3. COMO LER E ENTENDER UMA LEI?

Objetivos específicos:
1. Saber procurar e ler uma lei no Ordenamento Brasileiro.
2. Leitura de artigos da Lei de Introdução.

Este capítulo traz uma série de vídeo-aulas e uma leitura da lei. Acesse o EDMODO, por
favor, para ter acesso aos vídeos. Você verá uma aula bem prática em 3 pequeninos vídeos!

No primeiro vídeo, será explicado o primeiro passo para aprender direito: como ler uma
lei. Mostramos onde achar as normas editadas no Brasil e como procurar uma norma
específica. Também falamos da estrutura das leis, com seus principais componentes.
(Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=OIrnpe1H2vA#t=546).

Já o segundo, explica-se como as leis estão estruturadas em termos de títulos, capítulos,


partes, artigos, parágrafos, incisos, alíneas etc. Este é muito bom e será cobrado em
nossas avaliações! (Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=ZfuGOE4INrE).

No vídeo 3, importante porque com ele você entenderá melhor o tema de nossa aula
2, explica-se quando uma lei entra em vigor, o que é vacatio legis, e a diferença entre
publicação, vigor e aplicação da lei. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=53PYV3yUUJs

Como último elemento de nossa aula, Leitura Obrigatória. São artigos importantes da
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e da Lei 95/1998, leis gerais que valem
para todo o Direito brasileiro e de OBRIGATÓRIO CONHECIMENTO POR TODOS NÓS!

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
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LEITURAS OBRIGATÓRIAS

ARTIGOS 1º AO 6º DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da


Constituição, decreta:

Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.

Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com
ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.

Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.

Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-
estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
Prof. Leandro José de Souza Martins

LEI COMPLEMENTAR No 95, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1998


Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e
a consolidação das leis, conforme determina o
parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal,
e estabelece normas para a consolidação dos atos
normativos que menciona.

Art. 1o A elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis obedecerão ao disposto nesta Lei
Complementar.
Parágrafo único. As disposições desta Lei Complementar aplicam-se, ainda, às medidas provisórias e
demais atos normativos referidos no art. 59 da Constituição Federal, bem como, no que couber, aos
decretos e aos demais atos de regulamentação expedidos por órgãos do Poder Executivo.
§ 2o Na numeração das leis serão observados, ainda, os seguintes critérios:
I - as emendas à Constituição Federal terão sua numeração iniciada a partir da promulgação da
Constituição;
II - as leis complementares, as leis ordinárias e as leis delegadas terão numeração seqüencial em
continuidade às séries iniciadas em 1946.
Art. 3o A lei será estruturada em três partes básicas:
I - parte preliminar, compreendendo a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enunciado do objeto e a indicação
do âmbito de aplicação das disposições normativas;
II - parte normativa, compreendendo o texto das normas de conteúdo substantivo relacionadas com a
matéria regulada;
III - parte final, compreendendo as disposições pertinentes às medidas necessárias à implementação das
normas de conteúdo substantivo, às disposições transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a
cláusula de revogação, quando couber.
Art. 4o A epígrafe, grafada em caracteres maiúsculos, propiciará identificação numérica singular à lei e
será formada pelo título designativo da espécie normativa, pelo número respectivo e pelo ano de
promulgação.
Art. 5o A ementa será grafada por meio de caracteres que a realcem e explicitará, de modo conciso e sob
a forma de título, o objeto da lei.
Art. 6o O preâmbulo indicará o órgão ou instituição competente para a prática do ato e sua base legal.
Art. 7o O primeiro artigo do texto indicará o objeto da lei e o respectivo âmbito de aplicação, observados
os seguintes princípios:
I - excetuadas as codificações, cada lei tratará de um único objeto;
II - a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a este não vinculada por afinidade, pertinência ou
conexão;
III - o âmbito de aplicação da lei será estabelecido de forma tão específica quanto o possibilite o
conhecimento técnico ou científico da área respectiva;
IV - o mesmo assunto não poderá ser disciplinado por mais de uma lei, exceto quando a subseqüente se
destine a complementar lei considerada básica, vinculando-se a esta por remissão expressa.
Art. 8o A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que
dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para
as leis de pequena repercussão.
§ 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á
com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à
sua consumação integral. (Incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)
§ 2o As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após
decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial. (Incluído pela Lei Complementar nº 107, de
26.4.2001)
Art. 9o Quando necessária a cláusula de revogação, esta deverá indicar expressamente as leis ou
disposições legais revogadas.
Art. 9o A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais
revogadas. (Redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)
Art. 10. Os textos legais serão articulados com observância dos seguintes princípios:

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I - a unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura "Art.", seguida de numeração
ordinal até o nono e cardinal a partir deste;
II - os artigos desdobrar-se-ão em parágrafos ou em incisos; os parágrafos em incisos, os incisos em alíneas
e as alíneas em itens;
III - os parágrafos serão representados pelo sinal gráfico "§", seguido de numeração ordinal até o nono e
cardinal a partir deste, utilizando-se, quando existente apenas um, a expressão "parágrafo único" por
extenso;
IV - os incisos serão representados por algarismos romanos, as alíneas por letras minúsculas e os itens por
algarismos arábicos;
V - o agrupamento de artigos poderá constituir Subseções; o de Subseções, a Seção; o de Seções, o
Capítulo; o de Capítulos, o Título; o de Títulos, o Livro e o de Livros, a Parte;
VI - os Capítulos, Títulos, Livros e Partes serão grafados em letras maiúsculas e identificados por
algarismos romanos, podendo estas últimas desdobrar-se em Parte Geral e Parte Especial ou ser
subdivididas em partes expressas em numeral ordinal, por extenso;
VII - as Subseções e Seções serão identificadas em algarismos romanos, grafadas em letras minúsculas e
postas em negrito ou caracteres que as coloquem em realce;
VIII - a composição prevista no inciso V poderá também compreender agrupamentos em Disposições
Preliminares, Gerais, Finais ou Transitórias, conforme necessário.
(...)
Art. 12. A alteração da lei será feita:
I - mediante reprodução integral em novo texto, quando se tratar de alteração considerável;
II - na hipótese de revogação;
II – mediante revogação parcial; (Redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)
III - nos demais casos, por meio de substituição, no próprio texto, do dispositivo alterado, ou acréscimo
de dispositivo novo (...)

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Apostila 1: Introdução Geral ao Direito
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