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O que é o Direito?
- O ser é a ordem natural é algo que não conseguimos controlar, ou é ou não é, são
assim pela natureza das coisas, não é possível regular a ordem da natureza. Pode ter
ou não ter relevância para o Direito.
Ordem moral- Relaciona-se com o plano interior, tem haver com a nossa consciência,
há decência moral, tem haver com o nosso relacionamento connosco próprios,
criamos condutas de moralidade (Apesar de ser distinta da ordem jurídica, esta pode
ser relevante à ordem jurídica e ao Direito, Artigo 280 do CC Nº2, Artigo 282)
Ordem religiosa- Advém de alguma religião como o próprio nome indica. Não é
moral, pode haver ordens morais, mas não são de índole religiosa
Ordem do trato social- Está relacionada com interação com os outros segundo o seu
estrato social do individuo com quem interagimos. Remete às formas de tratamento
em função das ocasiões, esta não é estanque, tomemos por exemplo o facto de ser
comum homens irem de fato e ténis para o casamento. É frequente oferecer
presentes no casamento, usar um tipo de vestuário, são assim regras ditadas por todos.
No caso de haver algum tipo violação destas condutas/”costumes” pode existir diversas
sanções, porém não nenhuma sanção pela força.
Imperatividade- Esta característica impõe comandos, estes por sua vez podem ser
comandos de obrigatoriedade ou de proibição.
Perspetiva subjetiva/pessoal- Poder conferido ao titular desse mesmo direito para agir
de uma determinada forma por vontade própria e provocar consequências jurídicas na
esfera jurídica do outro indivíduo, independemente da vontade desse outro ente.
Assim sendo, a pessoa que detém esse poder pode assim obrigar o outro individuo a
realizar determinado tipo de ação por obrigação ou por omissão. Todos nós desde o
momento em que nascemos até à nossa morte temos diversos direitos como o direito
à propriedade, a casar, a divorciar, rescindir um contrato, entre outros, seguindo
sempre as normas e a legislação que está em vigor no momento.
O Direito tem uma linguagem própria, devido a este facto o Direito utiliza diversos
conceitos, existindo assim três tipos de ordem de conceito:
Conceito jurídicos- Estes são criados pelo Direito em si, por exemplo o conceito de
culpa é específico, pode ser usado no âmbito penal, civil, entre outros, assim como
conceito de contratos jurídicos/negócio jurídico que são acordos bilaterais ou
unilaterais.
Conceitos comuns- O Direito vai transformar este tipo de conceito do senso comum e
que são utilizados no nosso quotidiano para conceitos jurídicos que podem estar
presentes nos códigos e outro tipo de legislação como o conceito de água e conceito
de enxame de abelhas que estão presentes no Código Civil.
Conceitos de incompetência- Esta divisão é feita pelo professor regente Pedro Romano
Martinez, são conceitos que vai buscar (Perguntar à regente/Ver no livro) por exemplo
quando algum individuo afirma incompetência por parte do tribunal no tempo
demorado para encerrar determinado processo não está a chamar nomes aos juízes ou
aos advogados, apenas está a referir que o tribunal não pode executar determinada
ação daí afirmarem a incompetência.
Grupos- São conjuntos de indivíduos que se reagrupam e interagem entre si com vista
para um bem comum, deixou de ser um interesse individual, não existe uma
coordenação, estabilidade e função especifica, pois, as pessoas privilegiam mais os
seus interesses e desejos. São um agrupados de forma espontânea e aleatória.
O Direito não regula tudo o que acontece, nem tudo aquilo que acontece é
juridicamente relevante, o Direito só dá valoração caso esta seja necessária.
Por exemplo- O Direito Penal é subsidiário visto que as demais não regulam de forma
tão coerciva. Só se regula através do Direito Penal, o que não se conseguir regular irá
tentar com que seja regulado através das outras áreas do direito.
O direito e a ordem jurídica são subsidiarias
A normas imperativas- São as normas que têm de ser mesmo seguidas, são
obrigatórias; Dentro deste tipo de normas existem outros dois tipos:
Imperativas máximas – Representam um limite máximo- Por exemplo- Horário de
trabalho de 8 horas por dia, 40 horas semanais. É possível contratar alguém que
trabalhe menos horas semanais, 25 ou 30 horas, mas as 40 horas semanais não podem
ser excedidas;
Imperativas mínimas – Representam um limite mínimo- Salário mínimo, tem de se
pagar este vencimento mínimo obrigatoriamente, pode ser pago mais sem qualquer
problema, mas se for abaixo não pode ocorrer;
Normas supletivas- São normas que existem, mas podem ser afastadas se ambas as
partes assim o entenderem e quiserem- Está consagrado no artigo 405 Nº1 do CC que
basicamente afirma que dentro dos limites eu posso fazer tudo o que quiser desde que
não esteja proibido, somos detentores de livre-arbítrio. Assim sendo dentro dos limites
legais cabe a ambas as partes decidirem o que querem fazer
O Direito funciona com proibições, permissões e com áreas que não quer regular,
remetendo ao nosso livre-arbítrio/autonomia regular e decidir o que fazer
-Função constitutiva- Há determinadas realidades que se não fosse o Direito estas não
existiam. Se um determinado facto não estiver previsto que é crime então este não
pode ser considerado como tal; Há conceitos jurídicos se não fosse o Direito estes não
existiam (Como o caso de negócio jurídico, contrato, validade e entre outros) Está aqui
clara esta função, o Direito orienta as pessoas para determinar o tipo de condutas
porque sabemos que estas terão determinadas consequências
-Função pacificadora- Está relacionada com o facto de o ser humano ser um animal
social bom ou mau por natureza. Ao regular os comportamentos/condutas, ao criar
consequências para evitar a própria violência da sociedade. Determina meios para a
resolução de conflitos, por exemplo como é o caso dos tribunais através aplicação das
sanções para quem viola, sabemos que não podemos matar nem roubar, mas caso o
façamos sabemos que sofreremos determinadas consequências, se estas não
existissem então iriamos continuar a não cumprir esta regras.
Há dois tipos de sanções, sendo estas a sanção retributiva- Quebramos uma regra e
tivemos uma má conduta então irás pagar por esse mesmo mal que causaste, obtendo
uma consequência, um pouco a ideia de olho por olho, dente por dente;
Há ainda a sanção preventiva- Quando sofremos determinada sanção por um
comportamento que tivemos sabemos qual será a consequência subjacente, assim isto
ajuda a que não voltemos a ter este tipo de conduta.
Aula Nº3
Quais são as relações entre o Estado e o Direito, entre o Direito e a Moral, entre o
Direito e a Justiça?
Em resposta à primeira pergunta, já sabemos que não há Estado sem Direito, todo o
Estado precisa de Direito, assim tanto pode prevalecer o Estado ou o Direito. Se for
um Estado de Direito democrático apesar deste ditar a maioria das regras que rege
na sociedade este tem de se submeter aos princípios e ao Direito- Por exemplo
respeitar o princípio da separação tripartida dos poderes que está prevista na CRP no
Artigo 2. Já se for um Estado absolutista o que vai prevalecer é o Estado sobre o
Direito, este é que emana o Direito. Isto não significa que o Estado em certas
matérias possa ditar as regras, mas há limites impostos pelo Direito que não podem
ser ultrapassados.
Acerca da segunda pergunta, esta está relacionada com fontes de direito, ou seja, de
onde vem o direito. Existem fontes do Direito que não vem do Estado, são fontes de
Direito Privado como o costume, contrato, convenções coletivas, entre outras, como
está previsto no Artigo 405 do CC; Por outro lado temos Direito que vem fora do
Estado como por exemplo o Direito Comunitário e o Direito Internacional, tratados e
acordos que tem de ser aceites pelos países signatários, simboliza o Direito
supraestadual;
Qual a relação Direito e da moral- De uma forma generalizada o Direito está ligado
aos atos externos e a moral ao interior/interioridade; A moral visa o fim das pessoas,
da consciência de cada um, ao passo que o Direito visa a justiça. A moral impõem-se
internamente na consciência das pessoas, enquanto o Direito impõe-se ao que é
exterior; Os contratos também são de exterioridade, assim como o costume que é feito
por muitas pessoas dentro de uma determinada sociedade.
A moral tem valores éticos bastante alargados e mais extensos do que o Direito,
enquanto o Direito em termos de valores éticos em tem um nível muito menor do que
a moral- O Direito vai que ter três tipos/ordens de regras:
Modalidades da justiça
-Justiça distributiva- Assenta na ideia de igualdade, tem de haver uma distribuição
equitativa de bens materiais ou imateriais, o Direito tem de distribuir estes bens por
todos os membros da sociedade de forma igualitária.
-Justiça legal- É a determinação legal de como a justiça vai ser atuar e ser realizada, ou
seja, como a comunidade pode beneficiar dessa mesma justiça,
-Justiça geral- O interesse individual vai coincidir com o interesse comum. Por exemplo-
As questões das alterações climáticas, a justiça de todos, de cada um de nós
-Justiça material- Tem de ter em conta o caso concreto, a justiça não se faz apenas em
temas genéricos, mas também em função daquela situação em concreto- 437 CC- A
parte oposta pode se opor ao pedido; Por exemplo no caso de despedimento por justa
causa tem de ser olhado pelo caso concreto, quem decide é o tribunal
Direito subjetivo strictu sensu- Há o poder de um titular que lhe é conferido por direito
Expectativa normal- Não é tutelada pelo direito (Exemplo- Saber se vai herdar alguma
coisa no testamento, mas este pode ser revogado ou alterado a qualquer altura)
Pequenas notas:
-Possível regresso do Professor Regente Pedro Romano Martinez no dia 19 de outubro-
Principal tema da dessa aula será a linguagem jurídica
-No dia 3 de outubro pequena interrupção na aula, as psicólogas do GAP falarão com
os alunos na aula teórica
Aula Nº4
Desvalores dos atos- Forma sancionatória de responder a quem viola o dever ser,
coatividade, dirigido ao ato jurídico que foi praticado.
Sanções- Estas são impostas através da força, sentido de coercibilidade, dirige-se ao
agente que praticou determinada conduta.
1- Exemplo de obrigação natural- Artigo 402, se não for cumprida não tem
qualquer tipo de sanção, uma divida que já prescreveu, está na ordem
jurídica, mas não tem
Ilegalidade- Como o próprio nome indica é contra lei, in lacto sensu/em sentido amplo,
é apenas um ato que é contra lei e este tem um desvalor. Contrariedade de um ato
jurídico à lei - todo o ato que viola a lei é ilegal. Geralmente, é tomada numa
concepção mais restrita, ligada apenas a determinados atos, comportando como
modalidades a inexistência, a invalidade e a ineficácia.
Inexistência- Forma grave de desvalor, afeta de tal forma o ato que não se pode dizer
que ato existe; Por exemplo um ato normativo ao qual falta a promulgação por parte
do PR- Artigo 137 da CRP; Ato jurídicos- Artigo 1628- a) - Casamento inexistente-
Casamento celebrado que não tinha poderes para ser celebrado. Forma mais grave de
ilegalidade. O vício que afeta o ato é considerado tão grave que, juridicamente, se
considera que nada existe – Por exemplo: Ato normativo em que falte, quando exigida,
a promulgação ou assinatura do Presidente
-Nulidade- É mais grave que a anulabilidade, em regra o ato não produz nenhum
efeito, tem como regime geral no código civil- Artigo 286; A nulidade é invocada a
qualquer momento e é invocável por qualquer pessoa que seja interessada; Exemplo
de nulidade no ato de simulado- Artigo 240. Decorre da violação dos interesses mais
relevantes, sendo invocável a todo o tempo em tribunal e podendo, por ele, ser
oficiosamente reconhecida (286 CC)
Anulabilidade- O ato não produz efeitos se a anulabilidade for declarada, tem como
regime geral no código civil- Artigo 287; A anulabilidade tem um prazo para ser
invocada, pode variar de situação para situação, Efeitos retroativos- Artigo 289;
Exemplo de anulabilidade- Negócios jurídicos por menores são anuláveis- artigo 125.
Decorre da violação de interesses menos relevantes e tem de ser arguida pelos
interessados dentro de um prazo, sendo sanável pelos mesmos mediante
confirmação ou ratificação (288/1 CC)
Estas são aplicadas e não tem de estar na mesma norma que o dever ser, numa
norma pode estar a sanção e o dever ser
Preventivas- Pretende prevenir que a pessoa que já tenha prevaricado não o volte a
fazer- Artigo 781 do CC. Visam prevenir a violação da regra jurídica - ex: se o devedor
faltar a uma das prestações a que está obrigado isso importa o vencimento de todas as
prestações ainda em dívida.
Compulsórias- Pretendem que após cometer uma prevaricação que essa pessoa que
tenha o comportamento e conduta desejada- Artigo 250 Código penal secção 4 e 5.
Pretende levar o infractor a adotar, depois da infração, o comportamento devido – Por
exemplo- A pena de prisão ou multa imposta ao devedor que não cumpre a obrigação
de pagar a pensão de alimentos pode ser dispensada pelo tribunal se a obrigação vier a
ser cumprida
Punitivas- Pretendem punir o individuo devido de ao facto de este ter violado a ordem
do dever ser, estas acontecem através de penas de prisão ou multa. Consistem na
imposição de uma pena ao infrator da regra jurídica, que pode ser civil, disciplinar,
contraordenacional ou criminal.
Pena Civil: Valem no domínio do direito privado – Por exemplo- Indignidade
sucessória (Artigo 2034 CC), por exemplo, aquele que cometeu homicídio
doloso contra o autor da sucessão não pode ser herdeiro da vítima
Tutela Jurídica
Os tribunais não detêm o monopólio do Direito. O mesmo é feito, praticado e
defendido todos os dias na praça pública, através da aceitação tácita das regras
impostas pelo mesmo pelos cidadãos.
No entanto, convém distinguir entre a aplicação do Direito por outrem ou pelo
próprio sujeito:
Heterotutela- Um decisor, que é estranho às partes e que vai decidir sobre uma
situação concreta, pensando logo nos tribunais. A heterotutela designa a aplicação do
Direito por um terceiro, sendo o mesmo imparcial e independente. O caso
paradigmático da mesma são os Tribunais.
Autotutela- Excecionalmente admite-se que o sujeito faça valer o seu direito sem
necessidade de recurso aos meios judiciais de heterotutela. Não há autotutela contra
autotutela, visto que a mesma visa atuar contra uma ilicitude. são os próprios que
decidem sobre uma situação concreta
Heterotutela e autotutela
Heterotutela:
- A heterotutela designa a aplicação do Direito por um terceiro, sendo o mesmo
imparcial e independente. O caso paradigmático da mesma é os Tribunais.
Arbitral/arbitragem- Previstos no artigo 209º Nº2 da CRP, tendo em vista, por acordo
das partes, recorrem a tribunais privados. Tem várias modalidades, necessária- há uma
obrigatoriedade como a lei impõe o recurso à arbitragem, voluntaria- é necessário que
as partes tenham demonstrado a sua vontade em submeter a sua situação à
arbitragem.
Autotutela- Serve para que as pessoas possam ver as suas liberdades e garantias
salvaguardados/acautelados, no momento exato em que estão a ser atropelados,
possam nos prevenir
Legitima defesa
Ação direta
Estado de necessidade
Por exemplo- Durante a pandemia grande parte das ordens e medidas e não eram
legitimas, tinham o direito de não acatar enquanto o estado de emergência não foi
decretado, usando o direito de resistência
Justificação- É um ato lícito, significa que está de acordo com a norma jurídica, um ato
lícito não comporta o mecanismo de autotutela, não há autotutela contra um ato licito
Por exemplo- Se alguém cria um determinado risco, essa pessoa tem um dever de
acabar com esse risco ou minimizar o risco, tal comportamento ou conduta pode ser
considerada um ato de agressão
A agressão tem de ser atual? O que é isto? – A agressão é o que está a acontecer no
momento, mas será que pode haver outros casos que não esteja a acontecer, mas que
seja atual? Sim, no caso da iminência da agressão. Se não impedíssemos esta
agressão isto faria com que as pessoas sofressem a agressão ou a única agressão
dessa situação (agressão instantânea). Este conceito não é elástico, ou seja, não
permite no caso as agressões passadas, que já aconteceram, agressões futuras,
prevemos que vão acontecer podem acontecer e até serem ameaçados, mas podem
nem acontecer e não esta a acontecer nem na iminência de acontecer
Caso de violência de doméstica- Não, a pessoa vai ter de recorrer a meios normais, se
não funcionam isso já é outra coisa, já houve jurisprudência por isso, não é possível
O prejuízo não pode ser manifestamente superior à agressão do agressor (ação ilícita),
que a ação de legitima defesa do defensor (ação licita) não pode ser maior do que a do
agressor, respeitando o principio da proporcionalidade- É um meio utilizado- Dentro
dos meios ao meu dispor (defensor) e que sejam eficazes para repelir/reagir à
agressão, o sujeito deve utilizar o menos gravoso, evitar a ideia de vingança- e bem
jurídico- o bem jurídico que está a ser atingido com a agressão e que o bem jurídico
que vou atingir não seja superior à ação do recetor
Excesso e erro são conceitos coisas diferentes
Se o princípio da proporcionalidade não estiverem a ser cumpridos, ou seja, se este
tiver sido atingido ou atacado, então podemos ter excesso. Este está consagrado no
artigo 337º N2, saber o porque ter havido excesso. Se não for por medo ou por outro
sentimento acaba por ser ilícito na medida do excesso. O excesso pode ainda ser
intensivo ou extensivo, ou seja, se o meio ou a forma como o meio é usado são
excessivos ou se o excesso se prolonga no tempo, respetivamente.
Artigo 487 do CC- Se houver perturbação ao medo, se foi culposo é ilícito, se for não
culposa então é lícito segundo o artigo 337 N2
Aula Nº8
Artigos 338- Erros acerca dos pressupostos da ação direta ou da legítima defesa-
Erros de legitima defesa, atuam na mesma forma que ação direta
A doutrina discute se a questão do 338 apesar de referenciar a legitima defesa da ação
direta, se é admissível aplicar o estado de necessidade- estado de necessidade
potestativo. O agente está em erro contra uma figura de autotutela.
A pessoa que está a agir em legitima defesa está a cometer um erro, mas quando um
ou mais pressupostos não se verificam, porém estes verificam-se apenas na cabeça
dele e não na realidade. Logo está em erro sobre os pressupostos da legitima defesa.
Sendo que é possível o agente estar em erro e em excesso- O artigo prevê que o
agente incorre do dever de indemnizar, à exceção se o erro é desculpável ou não
vendo no artigo 487- Culpa. Se for desculpável não tem obrigação de indemnizar,
porém o ato continua a ser ilícito e é passível de agir em legitima defesa. Já se não for
desculpável tem a obrigação de indemnizar o lesado
Artigo 339º N2- Não obstante a existir uma ação lícita o agente é obrigado a
indemnizar,
A ação direta consiste no uso da força para realizar ou assegurar o próprio direito.
Está presente no artigo 336º, 1314º do CC e 31º Nº2 do CP, podendo ser uma causa
de exclusão da ilicitude, pois o facto é praticado no exercício de um Direito.
Assegurando a defesa de um direito, admite-se se: Não for possível recorrer aos meios
coercivos normais; Não exceda o estritamente necessário; Não se sacrifiquem
interesses superiores. A necessidade é causada por um facto humano ou natural,
desde que não seja considerado perigo ou agressão.
Distingue-se da legítima defesa por poder dizer respeito a uma violação já
consumada, mas que ainda permite reação. Distingue-se do estado de necessidade
por visar a conservação tática de um direito. Se houver erro, deve o prejuízo causado
ser alvo de indemnização, 338º CC, salvo se o erro for desculpável.
Só age em ação direta quem quiser assegurar o seu próprio direito, algo que é
diferente da legitima defesa. Não há figura da atualidade, é possível agir contra
outras ações que já estejam consumadas. É possível reassegurar aquele direito
Artigo 336º N2- Pode ocorrer através da apropriação de uma coisa alheia, destruição
ou deterioração de uma coisa alheia do indivíduo.
Aula Nº10
Exceção de não cumprimento- Artigo 428 e seguintes- Ocorre quando uma das partes
recusa o serviço de prestação. É uma relação jurídica de carácter sinalagmático, recorre
ao pagamento das prestações por ambas as partes, por exemplo de um contrato de
compra e venda. A prestação que o agente vai dizer que não cumpriu não o pode fazer
se este já a tiver de cumprir. Não pode ser invocada pela parte que não quer cumprir a
prestação inicial e os prazos das prestações os permitirem.
Relações de vizinhança- Não é necessária uma intervenção judicial por parte dos
tribunais, existem diversos exemplos como por exemplo- Artigo 1322- Enxame de
abelhas- O proprietário tem o direito de capturar essas abelhas que saiam da colmeia;
Por exemplo- 1349- É possível para efeitos de construção ou manutenção colocar um
andaime que esteja a ocupar a entrada ou espaço de outra pessoa noutro prédio,
desde que seja fundamental e crucial para a construção ou manutenção;
Fim da autotutela
Prescrição
a extinção de direitos subjetivos em virtude do seu não exercício durante um
determinado tempo- a pessoa que é titular desse direito ao fim desse tempo o direito
prescreve, artigo 304 n1, ao devedor é que interessa a prescrição, quando chegar ao
prazo final o devedor tem o direito de não pagar a divida que tinha
Razões da ideia de extinção de Direito Subjetivo no decurso do tempo:
Artigo 298- Nem todos os direitos estão sujeitos a prescrição, segundo o artigo 298º
N1- Os direitos que não são disponíveis, N2- Aqueles direitos que a lei afirmar e
reiterar que não é possível ser passível a prescrição, N3- Direitos reais não prescrevem
de forma extintiva, mas vamos saber melhor isso para o ano em Direitos Reais;
Prazos de prescrição:
Prazo ordinário- Prazo comum está previsto artigo 309- 20 anos, não são específicos
então este é o ordinário/vulgar
Prazo de 3 anos- Artigo 488- Tem haver com a responsabilidade extracontratual e com
o direito à indemnização
Artigo 306 N1- Em princípio, a contagem da prescrição começa a ser feita a partir do
momento em que o direito pode ser exercido
N2- Condição- Quando sou sujeito a um contrato, algo que é futuro e que eu não
tenho a certeza que se vai realizar; Termo- É um facto futuro, ou seja, é totalmente
certo. Pode ser inicial para começar alguma coisa ou final para finalizar
N2- Se houver uma condição que condicione o início de algum direito só quando essa
se verificar é que o direito existe
Aula Nº12
É uma noção técnica bastante definida e simboliza uma conceção bastante informativa
Um artigo presente Código Civil é uma fonte de direito, os artigos são a fonte do
direito, só depois de fazer a interpretação dos artigos do CC é que descobrimos a
regras jurídicas. As próprias fontes são criadas, a AR aprova uma lei, está assim
iminentemente a aprovar uma fonte de direito
Lei (Fonte de produção) -> Direito (Decreto, ou seja, fonte produzida) -> Portaria do
ministro
Uma pergunta pertinente é sobre qual será a fonte de produção da CRP? Será que
esta pergunta tem alguma resolução/solução/resposta?
Qual a linguagem das fontes do direito, não é uma linguagem descritiva, linguagem
prescritiva por exemplo quando aquelE causa um dano deve indemnizar. É uma
linguagem performativa e não descritiva, está a criar uma realidade que antes não
existia- Podendo concluir que não há Direito sem linguagem
- Não intencional- São por exemplo os costumes- Estes são práticas sociais reiteradas
que ganham convicção de obrigatoriedade; Não é dominado por ato jurídico- Costume.
-Imediatas- Fontes do direito por si mesma, tem juridicidade própria, são absolutas;
Têm força vinculante própria.
-Mediatas- Fontes do direito que são atribuídas por outra fonte do direito; Apenas
adquirem força vinculante por remissão de outras fontes.
Fontes complexas- Fonte original da lei, porém tem mais alguma coisa que acrescenta
à fonte como por exemplo uma lei aprovada pela Assembleia da República
Função jurisdicional- Remete para a jurisprudência, decisões dos juízes e dos tribunais
Aula Nº13
Quando acontece à prescrição? Quando o titular não exerce o direito no tempo que
está descrito a fazer
Os prazos podem ser alvo de suspensão (Durante a causa de suspensão o prazo não
inicia nem decorre, está congelado, não mexe) e interrupção (Factos determinantes
que levam a que o tempo que tenha decorrido da prescrição até à altura da
interrupção volte ao início, não seja contado e volte ao dia um)
O que leva a uns prazos serem suspensão? Este fenómeno ocorre quando
determinada situação ou relação entre pessoas, por exemplo o credor e o devedor,
durante que aquela situação ou relação decorra é razoável e faz sentido que não seja
possível valer o seu direito
Por vezes ocorre a suspensão devido a motivos de orça maior ou dolo do obrigado- É
assim causa objetiva- Artigo 321º
Suspensão por causas subjetivas - Varia de sujeito para sujeito- Artigo 318º até 320º
O que leva a serem o caso de interrupção? - Factos e não situações, tem haver com
um facto que há uma intenção clara de exercer o seu direito/dever e o devedor tem a
obrigação de o cumprir
Artigos 323º e seguintes – Artigo 323º- A prescrição ocorre por citação ou notificação
judicial de qualquer ato daquele que exprima direta ou indiretamente a intenção de
exercer/fazer valer o seu direito
Artigo 325º- Aquele contra quem o direito possa ser utilizado é o devedor, no caso da
relação devedor e credor, como o pagamento parcial da divida- Leva a interrupção do
prazo da prescrição
Caducidade- Pode ter fonte convencional, as partes podem celebrar negócios que
prevejam casos de caducidade
Artigo 330- Consagra que são validos negócios onde se extinguisse e mude-se a
caducidade; Executam-se direitos indisponíveis – Estes não podem ter prazos maiores
que os casos de prescrição
Concluindo assim que a caducidade tem prazos mais curtos- São prazos às vezes com
cerca de um ano, seis meses ou até trinta dias.
Em princípio segundo o artigo 329º a caducidade não está sujeita nem à interrupção
nem à suspensão salvo e caso a lei o determine
Exceções- Artigo 330 N2- No caso de dúvida das partes podemos aplicar as causas de
prescrição
Temos ainda como exemplo de caducidade vários casos no nosso Código Civil:
Artigo 125º- Menores e a questão da anulabilidade dos atos realizados por estes
Família romano-germânica- Civil law- Regras jurídicas gerais e absolutas, a lei é uma
fonte primordial, há a defesa dos direitos subjetivos como a igualdade, liberdade e
solidariedade; O direito nasce do topo para a base- Resolução de casos concretos a
partir de regras gerais e abstratas; elevada influência por parte do direito romano (Ius
Romanum). As ordens jurídicas parte do sistema romano-germânico, como a
portuguesa, formaram-se pela receção do direito romano. Esta verificou-se, além de
nos territórios que pertenciam ao Império Romano, noutros que nunca fizeram. Por via
da colonização e outros eventos, o sistema expandiu-se para outras zonas do globo,
como África, a América Latina e o Extremo Oriente.
Características:
Fontes:
Lei: Principal fonte de direito, o que motivou a elaboração de constituições
políticas e a codificação das principais áreas jurídicas
Técnica Científica: Conceção do direito como um sistema, do que resulta que as leis
são abstratas, gerais e que a analogia entre o caso omisso e o regulado é o primeiro
critério da integração de lacunas
Codificação:
Causas da Codificação:
Ideológicas: Jusracionalismo e ideias de sistematização, ordenação
e abstração que decorrem desta orientação jusfilosófica.
Critério da Qualidade dos Sujeitos: O direito público tem como sujeitos entes
públicos e o direito privado regula relações entre particulares. Contra pode
dizer-se que os sujeitos públicos podem, por vezes, atuar como particulares –
Por exemplo: Estado compra um carro para um Ministério
Família anglo saxónica- Common law- Não tem influência do direito romano, o direito
nesta família funciona da base para o topo- O direito surge em como consequência da
jurisprudência, esta é fonte de direito enquanto para a família romano-germânica não
o é; A solidariedade é rara e a boa-fé escassa; Concluindo assim que o precedente é
importante e a jurisprudência é fonte de direito como já referido.
Formação:
Common Law: O direito romano chegou a vigorar nas Ilhas Britânicas, mas foi
erradicado pelos normandos em 1066. Na falta de direito vigente, as decisões
dos tribunais assumiram um papel primordial, ficcionando-se que se fundavam
num pretenso direito comum a todos – A common law
Equity: A common law revelou-se insuficiente para resolver satisfatoriamente
todos os casos concretos, pelo que no século XV o chanceler passou a decidir,
em nome do rei, certos casos que não podiam ser resolvidos pela common law
Características:
■ Ratio decidendi: Máxima que fundamenta a decisão e que a torna vinculativa para os
outros tribunais
Características:
Família chinesa- Sistema jurídico onde não existe liberdade, é influenciado pela família
romano-germânica e os seus valores.
Aula Nº13
Delimitação positiva
Fonte Originária: Não tem nenhuma outra fonte de direito como fonte,
coincidindo, quase sempre, com a Constituição.
Fontes Derivadas: Fontes produzidas com fundamento noutras
Limites das Fontes: Para conhecer o Direito não é suficiente consultar as fontes: é
crucial atender a realidades não fontes de direito (jurisprudência e doutrina) -
distinção entre fontes do direito e de conhecimento do direito
Modalidades:
Não Intencionais: Têm a sua origem num facto não voluntario de produção
normativa. Não é dominado por ato jurídico – Por exemplo: O costume
Imediatas: São fontes por si próprias, não necessitando de nenhuma fonte que
as qualifique como tal, possuindo juridicidade própria. Têm forca vinculante
própria. Se têm força vinculante própria não resulta do artigo 1º/1 CC – Este
preceito deve ser entendido como uma proposição descritiva, que se limita a
reconhecer as leis e as normas corporativas como fontes do Direito.
Não Mediatas: São qualificadas como tal por uma fonte imediata, retirando daí
a sua juridicidade. Só adquirem forca vinculante por remissão de outras fontes.
Internas e Externas:
Simples e Complexas:
Delimitação negativa
Tipos de jurisprudência:
Jurisprudência uniformizada- O supremo tribunal afirma que aquela matéria deve ser
resolvida de uma maneira universal face a decisões matéria processual, laboral
Fontes externas
Direito Europeu: Recebido na ordem jurídica portuguesa pelo artigo 8º/4 da CRP
Modalidades:
Direito Europeu Derivado: Constituído pelo direito proveniente dos órgãos das
instituições europeias - designadamente o Conselho Europeu, a Comissão
Europeia e o Parlamento Europeu
■ Principais fontes:
Princípios Fundamentais:
Lei: Disposições genéricas dos órgãos estaduais competentes (Artigo 1º⁄2 CC)
Leis Materiais e Formais: Pode acontecer que as leis sejam materiais e formais em
simultâneo, mas também que sejam apenas um ou o outro.
Âmbito Territorial:
Características: O carácter abstrato e geral da lei garante que casos idênticos são
decididos de uma forma idêntica, assegurando a igualdade dos destinatários perante a
lei (artigo 13º/1 CRP). Estas são características comuns da lei, pois a lei que é abstrata
também é geral.
Abstração: A lei vale para uma pluralidade indeterminada de casos. A abstração da lei
impõe que ela se refira a factos futuros.
● Leis Individuais: Têm destinatários determinados – Por exemplo: Uma lei que
impõe um encerramento de um hotel por falta de condições de salubridade
● Leis Coletivas: Dirigem-se a um conjunto determinável de pessoas – Por
exemplo: Uma lei que se destina aos trabalhadores de uma empresa
Lei falsamente
Costume: Uso que é assumido pelo agente com a convicção da sua juridicidade
Elementos: Para que seja relevante não é necessária à sua consagração legal, pois isso
pressuporia uma subordinação à lei, nem é necessária a sua receção e imposição pelos
órgãos públicos. O costume só deixa de vigorar quando desaparece algum dos seus
elementos, ou quando se forma um costume contrário.
○ Fáctico (Externo ou Quantitativo): Uso, que é uma prática social reiterada. Um uso
contrário à boa-fé́ e contrário à lei nunca pode servir de base à formação de uma fonte
consuetudinária (art. 3/1 CC)
Formação do costume:
Modalidades:
○ “Secundum Legem”: A regra consuetudinária coincide com a legal, pelo que o
costume realiza apenas uma função declarativa da lei
○ “Contra Legem”: Contraria a lei, estabelecendo com ela uma relação de oposição e
implicando a cessação da sua vigência. Pode formar-se quando há a consciência de que
a lei contrária está em vigor ou quando se forma a convicção de que esta já tinha
cessado a sua vigência.
■ Desuso: O costume contra legem não deve ser confundido com o desuso. Quando se
forma um costume contra legem, constitui-se uma regra consuetudinária contrária à
lei, ou seja, cria-se algo positivo. Diferentemente, quando há desuso, verifica-se
apenas a não aplicação de uma regra, sendo algo somente negativo.
Condições de Relevância: Os usos que não forem contrários aos princípios da boa fé́
são juridicamente atendíveis quando a lei o determina (Artigo 3º/1 CC), podendo ser
afastados pelas normas corporativas (Artigo 3º/2 CC), mesmo aqueles recebidos pela
lei.
Uso e Costume: O uso não possui nenhum valor próprio, só podendo ser fonte de
direito quando uma fonte imediata lhe atribuir essa qualidade. Já o costume conjuga o
uso e a convicção de juridicidade, sendo esta imanente ao costume.
Fontes do Direito Privadas: Só se pode falar de fontes privadas quando as respetivas
regras têm uma eficácia externa e, por isso, podem ser invocadas por terceiros ou
opostas a terceiros. Resultam de um reconhecimento, pela lei, da autonomia privada
(Artigo 405º/1 CC)
Problema de conhecimento científico: Quais os modos por que são criadas as regras
jurídicas que ordenam a vida social. A teoria das fontes não pode restringir o seu
trabalho e deve apreciar globalmente quais são as fontes de Direito, mesmo não sendo
consagradas pelo legislador.
Constituição impõe a primazia da lei com fonte interna do Direito, mas com exceção
de certas decisões do Tribunal Constitucional, nada determina sobre as outras fontes
internas do Direito. Intérprete numa posição delicada, pois da primazia da lei como
fonte interna do Direito, tal como ela decorre da Constituição, não resulta que a
relevância do Direito consuetudinário interno e de outras eventuais fontes do direito
dependa da legislação ordinária.
Fiscalização concreta- Artigo 280 da CRP- Ocorre quando num determinado processo
que está a decorrer, alguém suscita um problema de constitucionalidade, este
problema não pode ser resolvido de instância que está a ser resolvido, tem de ser
resolvido sim pelo TC (Tribunal constitucional). Existe aqui um caso/situação em
concreto e por isso é uma fiscalização concreta
Noção de Lei
Toda a regra (indeterminabilidade dos sujeitos na aplicação) geral emanada do poder
político, seja ele um poder central, regional ou local (lacto sensu)
O artigo 1º/2 CC limita a lei às regras provindas de órgãos estatais e diz que é
fonte imediata de Direito (corroborado pelo artigo 112º CRP)
Apenas a regra ou complexo de regras formado de certo modo e não o modo
de criação em si (que é um processo)
Leis Materiais
Lei Constitucional
Contrapõe-se à lei ordinária pois resulta de um poder superior de autoconformação do
Estado – poder constituinte.
A lei ordinária tem de ser conforme com a lei constitucional sob pena de inexistência
ou invalidade (art. 277.o/1 CRP).
Regras que regulam aspetos internos do seu funcionamento e das relações dos seus
membros
- O reconhecimento legal não lhes altera, por si, o seu caráter autónomo.
- O reconhecimento pode ser tácito e permite que os órgãos do Estado ajam
coercivamente.
- Pode apenas permitir ou tolerar.
Órgãos das regiões autónomas têm competência para praticar atos normativos –
têm poder legislativo.
Referencias à lei
Muitas vezes se utiliza lei no sentido de ordem jurídica - inclui a lei em sentido
material, o costume e outras fontes do Direito.
Afora casos excecionais (Artigo 674º/2 do CPC), a utilização da palavra “lei” em cada
preceito legal pode colocar um problema de interpretação. Necessidade de fixar, entre
os vários sentidos possíveis da palavra, o que releva para a regra jurídica em presença.
Artigo 18/2 CRP (Restrição de direitos, liberdades e garantias) – que conceito relevante
de lei? Resposta na CRP -> Artigo 165º/1, só podem ser restringidos pela competência
legislativa da AR, ou governo, mediante autorização da AR.
Constituição distingue por vezes a lei formal de outros atos normativos – Por exemplo:
Artigos 3º/3 e 241º. Mas na Constituição a palavra “lei” também é utilizada em sentido
material amplo – por exemplo, nos artigos 13º/1 e 203º
Modernas constituições tendem a sujeitar os aspetos fundamentais da ordem jurídica
à lei formal. O conceito relevante tem de ser fixado com base nos elementos e critérios
gerais de interpretação.
Vícios legislativos que tornam as leis inexistentes (para uma lei vigorar tem que ser
válida, eficaz e temporalmente vigente):
Pode ser invocada num processo por algumas entidades públicas– salva de
alguns efeitos da lei inconstitucional (Artigo 282º/4 CRP)
O mesmo regime se aplica à invalidade das leis ilegais, nos casos em que o
Tribunal Constitucional tem competência para fiscalizar esta ilegalidade.
Ineficácia
1. Iniciativa legislativa
2. Discussão
3. Aprovação
4. Promulgação
5. Publicidade e entrada em vigor
Publicação
A regra jurídica estabelece norma de conduta – Só o pode fazer se for conhecida dos
seus destinatários.
Deve haver publicação de qualquer ato – Princípio geral extraído da ordem lógica (Não
se pode pedir que se cumpra sem dar a conhecer) e do caráter normativo do artigo
6ºCC – necessidade de clareza da lei.
As leis têm de ser publicadas no Diário da República sob pena de serem ineficazes,
não produzindo efeitos jurídicos (Artigo 119º/2 CRP) – Publicação é requisito de
eficácia. O no3 determina as formas de publicidade dos atos que não precisam de ser
publicados em jornal oficial e as suas consequências.
Atos legislativos, os atos regulamentares da AR e das Assembleias Regionais, os atos
regulamentares do Governo e dos seus membros e os decretos regulamentares
regionais dos Governos das Regiões Autónomas – Sujeitos a publicação no DR.
O art. 5o CC foi revogado tacitamente pelo art. 119º CRP e pela Lei Formulária 74/98.
Declarações de retificação: Até 60 dias após publicação do texto retificando, sob pena
de nulidade do ato de retificação (Artigo 5º/2 e /3).
Por analogia legis o artigo 13º/1 pode-se aplicar às leis retificadas.
Texto é retificado antes da entrada em vigor da lei, o prazo de vacatio legis conta a
partir da publicação da retificação.
Se fosse retificada e entrasse em vigor no período de vacatio legis da lei retificada, era
a retificada que valeria. Se a retificada tivesse um período de vacatio legis quando a
retificada já estava em vigor, ainda se reporta a esta.
Entrada em Vigor
Após satisfazer o último requisito de validade e eficácia – A publicação – dá-se o
culminar do processo legislativo, momento a partir do qual o ato normativo produz
efeitos.
Começo de Vigência:
Começa a vigorar na data que ela própria fixar (Artigo 2º/1 Lei 74/98), que não pode
ser anterior à sua publicação.
Não pode começar a vigorar no dia em que é publicada (Artigo 2º/1 Lei 74/98) –
como a lei 74/98 é uma lei ordinária, pode ser derrogada por ato normativo de nível
equivalente que determine a vigência imediata.
Conforme o caráter da lei, o legislador pode estabelecer o período que achar mais
adequado (entrada em vigor de códigos – mais dilatado, ou como em casos de
inadiável urgência de calamidade nacional ou situações em que se pretenda evitar a
frustração dos objetivos lei).
Suspensão de Vigência
A lei continua a existir e é válida, mas deixa de produzir efeitos por um certo tempo.
o Expressa: Resultado de lei suspensiva
o Tácita: Resultado da lei que revoga um regulamento, implica a suspensão da lei
regulamentada.
Modalidades de Revogação
1. A revogação de uma lei priva de âmbito de aplicação outra lei, esta lei caduca;
2. A revogação de uma lei caduca a lei que a regulamentava;
3. A revogação da lei que impõe uma obrigação de conduta implica a caducidade
da lei que estabeleça a sanção aplicável à sua violação.
Critério Temporal: Sucessão das leis no tempo – lei nova revoga a lei antiga (a
partir da data da publicação).
Critério Hierárquico: Se a segunda lei em termos de hierarquia pode revogar a
lei 1 (Artigo 112º CRP)
Critério Material: Qual das modalidades de revogação houve – se há ou não
incompatibilidade de vigência de outras leis, pode não haver (Logo não há
revogação tácita) e apenas se acrescentam requisitos.
Definido pelo alcance da previsão – Todas as previsões que cabem na norma especial,
cabem, prima facie, na norma geral (Critério estrutural ou formal).
Mas nem todas as situações abrangidas pela previsão da norma geral estão
dentro do domínio de aplicação da norma especial.
A lei atende a circunstâncias particulares, criando um regime diferente em
função desta “especialidade”.
Como a nova lei geral não atende à especialidade de certas situações, o regime
especial mantém-se.
No entanto, pode haver uma reapreciação das circunstâncias particulares que
justificavam a “especialidade” e que, segundo a nova valoração, não justificam
a manutenção de regimes especiais.
O que justifica a não revogação da lei especial por lei geral é a especialidade
substancial, que decorre do estabelecimento de um regime específico mais
adequado a circunstâncias particulares e não uma especialidade meramente
formal (que têm o formato de lei especial, mas não aborda matérias
efetivamente especiais)
O legislador só pode revogar se for essa a sua “intenção inequívoca” – que tem de
demonstrar, que é seguramente o sentido da lei. Em dúvida, não se revoga e continua
em vigor.
Noção de costume
Lima Pinheiro: Discorda da doutrina que diz que só́ é fonte de direito se costume for
reconhecido pelo poder político pois os costumes ainda não atingiram o estádio de
organização estadual e têm caráter jurídico. E vigoram regras que não foram criadas
por órgãos do poder político. Em princípio, é a aplicação do costume na decisão
jurisdicional que pressupõe a sua vigência. Pode haver práticas divergentes entre
jurisdições de diferente natureza.
A sua validade material tem de ser compatível com as normas e princípios de fontes
hierarquicamente superiores.
Modalidades do costume
Costume Internacional
Costume Interno
Oliveira Ascensão: funda-se num uso, não praticado pelos interessados, mas
pelos órgãos judiciais
Significado prático
A lei é o meio de ação essencial do poder sobre a vida social. A norma legal tem um
grau de certeza jurídica, precisão e cognoscibilidade dificilmente comparável ao das
regras geradas pelo costume.
Lima Pinheiro: O costume vigora desde que seja válido: 1) Não contrarie a lei e
2) Seja conforme aos princípio gerais de Direito – Posição de iure constituto
também adota por Dias Marques
Ponto de vista das relações com a lei em sentido material amplo, e como fonte
estadual ou infraestadual.
Secundum Legem: Quando uma prática social é observada como costume, apesar de
se conformar com o disposto na lei; Segundo a lei, não diz nada diferente da lei
Praeter Legem: Quando o costume vai além da lei, regulando matéria não
disciplinada legalmente; Não contraria a lei, mas acrescenta qualquer coisa vai mais
alem, ou seja, vai para além da lei
Segundo o art. 10o CC, o costume não tem uma função integradora
As regras consuetudinárias são regras vigentes, perante a conceção normativa
da consciência geral que concretiza a ordem jurídica.
Se é abrangido por regra jurídica, a situação está prevista e não há lacuna a ser
integrada.
Relevância do Costume
O CC não reconhece o costume como fonte de Direito. Este diploma afasta não só a
relevância do costume contra legem (Artigos 1º e 7º/1), como nega uma função
interpretativa ou integradora ao costume praeter legem (CP artigos 9º e 10º).
No entanto, no art. 348.o CC o legislador admitiu que o costume pode, em certos
casos, ser fonte do Direito. Examinemos esta disposição.
Mas não foi este o caminho seguido pelo legislador: embora as partes tenham um
dever de colaboração com o tribunal na determinação do seu conteúdo (art. 348.o/1
CC), o Direito consuetudinário, o Direito local e o Direito estrangeiro são, como a lei
interna, de conhecimento oficioso (art. 348.o/1 e 2).
Naturalmente que o costume poderá valer, à face da lei, como uso, nos casos em que
os usos relevam por forca da lei. A remissão legal para os usos é, em larga medida,
uma forma encoberta de permitir a relevância do costume, sem, porém, reconhecer a
sua existência.
Os órgãos públicos de aplicação do Direito estão sujeitos às normas sobre a produção
jurídica e aos critérios de hierarquização das fontes expressamente estabelecidos na
Constituição e, em princípio, na lei ordinária, ou que deles se podem inferir.
Por conseguinte, os tribunais estaduais e outros órgãos públicos devem decidir os
casos que lhes são submetidos segundo a lei e, nos casos em que a lei o permite,
segundo o costume (o que inclui os casos em que a lei remete para os “usos”).
Os órgãos públicos devem aplicar o costume praeter legem dentro dos limites fixados
pelos valores fundamentais e princípio gerais do sistema.
Os órgãos públicos não devem aplicar costume ordinário contra legem. Em todo o
caso, a aplicarem lei contrária ao costume, estes órgãos poderão ter em conta a
divergência entre a determinação legal e a regra consuetudinária.
Aula Nº15
I- Caso prático
Reflexão Filosófica
Importa refletir sobre a essência e fim do Direito. O que é o justo? Por que
aplicamos certas soluções jurídicas? Primeiramente, a filosofia debruça-se no porquê
de haver Direito, tal já foi analisado. Cabe atender a cada uma das correntes filosóficas
que exploram a justificação do direito.
Jusnaturalismo
Para esta corrente, o Direito fundamenta-se no direito natural, uma ordem
superior não escrita e universal. Assim, normas positivadas que se afastem desta
ordem natural não são Direito.
Positivismo
Novas Correntes
Novos positivismos têm justificado o Direito com base no órgão que provêm.
Porem, tal vem na aceitação de um valor universal, a da legitimidade democrática,
pelo que redunda num jusnaturalismo inseguro.