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Direito Administrativo

Direito Administrativo I (Universidade do Minho)

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A-93509 Ana Filipa de Sousa Muanhocula Direito Administrativo 20 de fevereiro de 2021

Universidade do Minho - Escola de Direito

Direito Administrativo - 2020/2021

1.º Teste Parcelar - 20 de fevereiro 2021

Duração da prova: 1h30 (sem tolerância)

I Grupo (8 valores)

1. “A este esbatimento das diferenças entre os dois sistemas liga-se o fenómeno da


europeização do direito administrativo”.

(in João Caupers/Vera Eiró, Introdução ao Direito Administrativo, Editora Âncora, p. 38)

Comente a afirmação, tendo em consideração as características dos dois principais sistemas


administrativos.

Resposta:

Até aos séculos XVII E XVIII os sistemas administrativos eram caraterizados por serem
sistemas de concentração de poderes e sistemas de administrador- juiz e Estado de policia,
sendo centralizada no Poder Real, pois este era simultaneamente o supremo administrador e o
supremo juiz.

Antes das revoluções liberais, o sistema administrativo é caraterizado pela ausência de


separação de poderes e pela não submissão ao direito e sendo assim as garantias oferecidas
aos particulares são nulas. Assim se viveu sem separação de poderes e sem Estado de Direito
até ao fim do absolutismo.

Este panorama alterou-se no ano de 1688, com a Grande Revolução em Inglaterra e em 1789
com a Revolução Francesa, iniciando a introdução de sistemas administrativos modernos.

As revoluções foram sentidas no campo administrativos nestas duas Nações, assim como nas
restantes.

Deu-se a Afirmação do Estado de Direito com a introdução do Principio da Legalidade, onde só


a lei que é ditada pelo Parlamento permite certas agressões por parte da Administrção aos

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direitos fundamentais dos cidadãos, os direitos do homem começam a ser vistos como naturais
e a Constituição consagra três valores cruciais: liberdade, propriedade e segurança.

Entende a lei como expressão da vontade geral, ficando o Estado submetido a normas
jurídicas.

Dá-se a Afirmação do principio da separação de poderes, em França, através da Declaração


dos Direitos do Homem e do Cidadão, no seu artigo 16º, o poder jurisdicional distancia-se dos
outros poderes, como o legislativo e executivo.

E reconhecendo-se a existência de direitos subjetivos públicos os súbditos deixam de o ser


para se afirmarem como Cidadãos.

Tudo isto leva-nos a chegar ao seculo XIX com dois grandes modelos de sistemas
administrativos modernos, o francês e o anglo-saxónico.

Ao longo dos tempos foi existindo uma aproximação destes dois sistemas que antes dessa
mesma aproximação se distinguiam pelo facto de em Inglaterra o sistema ser descentralizado,
caraterizado por um forte poder local ,enquanto que o sistema Francês era centralizado, em
Inglaterra o controlo jurisdicional está entregue aos tribunais enquanto que em França está a
cargo dos tribunais administrativos, em Inglaterra o direito regulador da Autoridade publica são
o direito comum e o privado, em França o administrativo e o direito publico, em relação á
execução das decisões administrativas Inglaterra depende da permissão dos tribunais e França
da própria administração e quanto às garantias jurídicas dos particulares, Inglaterra dá plena
jurisdição aos tribunais enquanto Franca só o permite aos tribunais administrativos. Tendo em
comum o facto de assumirem o Principio da separação de poderes, em Inglaterra o rei foi
impedido de resolver questões de natureza contenciosa e dar ordens aos juízes e em Franca a
Administração ficou radicalmente separada da justiça.

Quando na afirmação se fala do esbatimento das diferenças destes dois sistemas, ela deu-se
em grande parte no Seculo XX, pois verificou-se o fenómeno da Europeização do Direito
administrativo e reciproca influencia entre o direito dos Estados membros e o ordenamento
jurídico comunitário.

O próprio direito da união europeia, devido ao seu primado da aplicação das Administrações
publicas nacionais e, só esse facto obrigou a uma aproximação nas matérias das organizações
administrativas, centrando-se mais no modelo britânico, pois era muito descentralizado, criando
organismos centralizadores como único meio de ligação.

Apesar da aproximação ainda subsistem, estas duas tendências, a centralizadora do sistema


Francês e a descentralizadora do modelo britânico, mantendo-se certas diferenças no que
respeita ao direito regulador e ao tipo de controlo jurisdicional da Administração.

No entanto, ambos os sistemas encontravam-se integrados na EU o que contribuia a medio


longo prazo para a aproximação dos dois sistemas.

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2.“A desconcentração distingue-se facilmente da descentralização administrativa”.

(in Marcelo Rebelo de Sousa/André Salgado de Matos, Direito Administrativo Geral, Tomo I,
Publicações D. Quixote, p. 145)

Comente a afirmação à luz dos princípios constitucionais aplicáveis à organização


administrativa

Resposta:

Tais princípios são princípios orientadores que o legislador ordinário deve concretizar. Tal como
explanado no Artigo 267º da CRP.

O princípio da desconcentração administrativa, implica que em cada pessoa coletiva publica, as


competências necessárias á execução das respetivas atribuições não sejam todas confiadas
aos órgãos de topo de hierarquia, mas sim distribuídas pelos diversos níveis de subordinados.
A desconcentração pode ser originária quando resulte da lei.

O principio da descentralização administrativa determina que os interesses públicos que a


atividade publica visa satisfazer, não estejam somente a cargo de uma pessoa coletiva publica
mas, também de outra pessoas coletivas publicas.

Temos como exemplo de descentralização as autarquias locais (Artigo 237º da CRP).

Assim, e concordando com a afirmação anterior, facilmente se distingue estes dois princípios.

Sendo que a Constituição da Republica Portuguesa, dispõe que a estrutura da Administração


Publica deve realizar a desconcentração e descentralização, não estabelecendo em que
medida.

II Grupo ( 6 valores )

“O Governo é o órgão superior da Administração Pública”

Comente justificadamente a afirmação.

Resposta:

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Administração Pública é composta por trabalhadores e por diversas entidades. O Governo é


nomeado, mas está dependente da Assembleia da Republica por via de vários artigos da
Constituição que implica a aprovação do programa de Governo e a sua demissão, explanado
nos artigos 187.º, 190.º, 192.º e 199.º (alíneas g) e d)), 182.º da Constituição da Republica
Portuguesa.

III Grupo (6 valores)

O Presidente do órgão colegial “XYZ”, constituído por 13 membros com direito de voto,
procedeu à convocação de uma reunião, de periodicidade semanal, para o dia 22 de fevereiro
de 2021, às 10h00, na “sala de reuniões” e da ordem de trabalhos constavam os seguintes
pontos:

a) Aquisição de um edifício para instalação de um centro de apoio a idosos;

b) Delegação das competências próprias do órgão no Presidente do órgão, e por tempo


indeterminado;

c)Contratação de um técnico superior com especialização em Direito do Ambiente e


Urbanismo;

c) Aprovação de contas e do orçamento municipal 2021/2022.

Responda às seguintes questões:

1. Os membros do órgão colegial discutiram e aprovaram uma deliberação sobre um assunto


que não constava da ordem de trabalhos. Que lhe apraz dizer sobre esta situação? – 1.5 val

2. A deliberação respeitante à aquisição de um edifício ao particular António com vista a instalar


um centro de apoio a idosos não constava da ata da reunião e o respetivo contrato de compra
e venda foi celebrado. Quid iuris? – 1.5 val

3. A delegação de poderes no Presidente do órgão foi aprovada, mas não publicada. Aprecie a
validade da deliberação do órgão. – 3 val

1- Estamos perante uma deliberação que padecerá de de ilegalidade. Com efeito, de acordo
com o artigo 19º do CPA só podem ser objeto de deliberação os assuntos que constem da

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ordem do dia, com exceção das reuniões ordinárias em que pelo menos dois terços dos
membros reconhecam a urgência de deliberação imediata sobre outros assuntos, No caso em
analise a reunião é de periodicidade semanal.

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