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Direito Internacional Público

Teórico-Prático (Sumário)*
08 Novembro 2022

* Este material não substitui a consulta e o estudo das referências bibliográficas presentes no Programa da UC
Organização interna

1.Assembleia Geral
2.Conselho de Segurança
3.Conselho Económico e Social
4.Conselho de Tutela
5.Tribunal Internacional de Justiça
6.Secretariado
Conselho de Segurança (CS)
▪ Regime jurídico: Capítulo V da Carta das Nações Unidas e Regras de Procedimento do Conselho de Segurança de
1983 (S/96/Ver.7)
▪ Principal órgão das Nações Unidas vocacionado para paz e a
segurança internacional.
▪ É um órgão de funcionamento permanente
▪ Contexto: 1945 - concertação permanente dos Estados (as
grandes potências)
▪ Missão:
i. é garantir a segurança coletiva, examinar qualquer
situação que possa ser considerada uma ameaça para a paz,
uma rutura da paz ou uma agressão

ii. recomendar a utilização dos meios adequados à cessação


dessas situações, incluindo a utilização da força
Conselho de Segurança (CS)
▪ Missão:
i. é garantir a segurança coletiva, examinar qualquer situação que possa ser considerada uma ameaça para a paz, uma
rutura da paz ou uma agressão

→ Ameaça a paz: sinal (falência de Estados, terrorismo, ameaças


socioeconómicas, epidemias)

→ Rutura da paz: interrupção, quebra de relações sociais


(declaração de guerra, incumprimento de acordo ou tratado internacional)

→ Agressão: ação; atingir com intenção de violência (uso da


força armada por parte de um Estado contra a soberania, integridade
territorial ou independência política de outro Estado)

Resolução 3314 (XXIX) da Assembléia Geral das Nações Unidas, de 14 de


dezembro de 1974 (agressão):
- invasão ou ataque do território de um Estado pelas forças armadas de
outro Estado, ou qualquer ocupação militar, mesmo temporária - envio, por um Estado ou em seu nome, de grupos armados, de
- bombardeio do território de um Estado pelas forças armadas de outro Estado grupos irregulares ou de mercenários que pratiquem atos de força
armada contra outro Estado
- bloqueio de portos ou do litoral de um Estado pelas forças armadas de outro Estado
Conselho de Segurança (CS)
▪ COMPOSIÇÃO DO CS
Artigo 23º da Carta:
• Redação original: 11 Estados (5 membros permanentes e 6
membros não permanentes)
• Redação atual: 15 Estados (5 membros permanentes e 10
membros não permanentes – 1963 – emenda da Carta contida na
Resolução 1991-A (XVIII) da Assembleia Geral de 17.12.1963

➢ Os membros permanentes são:


1. República da China
2. França
3. União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(*a Rússia depois do desmembramento da URSS)
4. Reino Unido e Irlanda do Norte
5. Estados Unidos da América
Imagem ilustrativa
Conselho de Segurança (CS)
▪ MEMBROS DO CS
Artigo 23º da Carta:

• Membros permanentes: originariamente indicados na própria


Carta; só com a alteração da Carta é que se pode fazer modificação
(número/Estados)
• Membros não permanentes: artigo 23º, nº 2 da Carta - são
eleitos pela AG (outubro) por um período de 2 anos; não reeleição
(evitar membros permanentes de fato)

▪ Critérios para a eleição dos membros não permanentes (artigo 23º, nº 1):
i. Contribuir para a paz e a segurança internacionais Imagem ilustrativa
ii. Deve ser assegurada uma representação geográfica equilibrada e Grupo Número de Estados
equitativa (princípio da unidade do mundo e da indivisibilidade da África e Ásia 5
América Latina 2
paz) - Resolução AG 1991 A (XVIII), de 17.12.1963 Europa Ocidental e 2
- Proposta de Reforma: Outros
Europa de Leste 1
1981: alargar para 16 membros / 2004: alargar para 24 membros
Conselho de Segurança (CS)
▪ FUNCIONAMENTO DO CS
• Reuniões periódicas e reuniões extraordinárias, a pedido:
− de qualquer membro da ONU / de Estados não membros da ONU
(artigo 35º da Carta)
− da AG (artigo 11º, nº 3 da Carta)
− Secretário-Geral (artigo 99º da Carta)

• Participam das reuniões, sem direito de voto:


− qualquer membro da ONU sempre que o CS considere que os
interesses desse Estado estão em jogo (artigo 31º da Carta)
− qualquer Estado, membro ou não da ONU, que seja parte numa
controvérsia submetida ao CS desde que seja convidado (artigo 32º
da Carta)
• Presidência: exercida rotativamente, pelo período de 1 mês por todos os membros do CS
1984 e 1951, para seguir a AG
• Sede: Nova Iorque ou fora da sede (artigo 28º, nº 3 da Carta) 1972 em Adis Abeba (Etiópia)
1973 na Cidade do Panamá (Panamá)
Conselho de Segurança (CS)
▪ FUNCIONAMENTO ATUAL DO CS Curiosidades…
• Presidência: está a cargo do Gana
• Mais de 50 países membros das Nações Unidas
• 5 membros permanentes (China, França, Federação Russa, Reino nunca foram eleitos a membros do CS
Unido e Irlanda do Norte, Estados Unidos)
• 10 membros não permanentes são: Exs. Arménia; Bahamas; Barbados; Belize...
Albânia (até 2023) Índia (2022)
Brasil (2023) Irlanda (2022)
Emirados Árabes Unidos (2023) Quênia (2022)
Gabão (2023) México (2022)
Gana (2023) Noruega (2022) • Participação no CS dos membros da CPLP:
Portugal: 1979-1980; 1997-1998 e 2011-2012
• CS atua em nome de todos os membros das NU Angola: 2003-2004; 2015-2016
Brasil: 1946-1947; 1951-1952; 1954-1955; 1963-1964; 1967-
• Artigo 15º da Carta: relatório anual de suas atividades submetido 1968; 1988-1989; 1993-1994; 1998-1999; 2004-2005; 2010-2011
à Assembleia Geral Cabo Verde: 1992-1993
Guiné-Bissau: 1996-1997
Moçambique: nunca foi membro do CS
São Tomé e Príncipe: nunca foi membro do CS
Conselho de Segurança (CS)
▪ DELIBERAÇÃO
• Artigo 27º da Carta: cada membro tem direito a um voto
• Sistema de votação:
❑ Questões procedimentais: 9 votos, não existe direito de
veto
a) A aprovação de um regimento interno
b) A criação de órgãos subsidiários
c) O convite a um Estado para participar num debate
d) A inscrição de uma questão na ordem do dia
➢ Carta não define o que entende por questão de procedimento cabe ao CS
fazer essa classificação (duplo direito de veto)
❑ Questões substantivas: 9 votos, incluindo todos os
membros permanentes *Abstenção (Parecer do TIJ de 1971)
• Artigo 27º, nº 3 da Carta: um Estado parte num diferendo que esteja a ser analisado pelo CS não pode participar na votação quando
se trate de decisões abrangidas pelo Capítulo VII e que sejam tomadas ao abrigo do disposto no artigo 52º, nº 3 da Carta
Doutrina: desuso / Precedente: caso Eichmann com abstenção da Argentina (Resolução do CS S/RES/138 (1960))
Conselho de Segurança (CS)
▪ COMPETÊNCIAS DO CS
• 3 distintos tipos de competências:
− Competência de exercício conjunto com a AG:
a admissão de membros (artigo 4º)
Suspensão (artigo 5º)
Exclusão (artigo 6º)
Nomeação do Secretário-Geral (artigo 97º)
Eleição de membros do TIJ (93º, nº 2 da Carta e artigo 4º do ETIJ)

− Competência relativamente partilhada com o TIJ:


responsabilidade de manutenção da paz e segurança internacional e a
resolução pacífica dos conflitos

− Competência exclusiva específica de natureza preventiva e


sancionatória
• Artigo 33º da Carta: preventiva - convidar as partes a resolverem as suas controvérsias por meio de negociação, inquérito, mediação,
conciliação, arbitragem, via judicial ou acordos regionais ou qualquer outro meio pacífico à sua escolha
• Artigo 39º da Carta: sancionatória
Conselho de Segurança (CS)
▪ COMISSÕES
Criar comissões e órgãos subsidiários que entender conveniente

➢ comités permanentes:
Comité de Especialistas sobre Regras Processuais
Comité para a Admissão de Novos Membros

➢ comités ad hoc:
Conselho de Governadores da Comissão de Compensação das
Nações Unidas (S/RES/692 (1991));
Comissão estabelecida no seguimento da S/RES/1373 (2001)
sobre o Contra-Terrorismo
➢ comités de sanções:
Comité do CS estabelecido na sequência da S/RES/661 (1990), respeitante à situação entre o
Iraque e o Kuwait;
Comité do CS estabelecido na sequência da S/RES/751 (1992) respeitante à Somália;
Comité do CS estabelecido na sequência da S/RES/864 (1993) respeitante à situação em
Angola;
Comité do CS estabelecido na sequência da S/RES/918 (1984) respeitante ao Ruanda.
Conselho de Segurança (CS)
▪ REFORMA DO CS
• Reformulação: desequilíbrio em seus membros na nova
ordem mundial
• Ausência do Japão e da Alemanha (representação
económica)
• Globalização: uma nação Africana e uma nação Latino-
Americana deveriam tornar-se membros do CS

• Os novos membros permanentes seriam assim divididos:


− Dois membros da Ásia (Japão e Índia);
− Um membro da América Latina (Brasil);
− Um membro da Europa Central (Alemanha);
− Um membro da África
Resolução de Conflitos Internacionais
▪ O capítulo VI da Carta: soluções pacíficas de controvérsias
▪ Objetivo: impedir o eclodir de uma guerra, a partir do pressuposto de que a paz é mais barata, mais eficaz e
mais desejável do que a guerra.

➢ Natureza dos litígios internacionais

▪ divergências ou polarizações de interesses, pretensões ou perspectivas de direito, de fato ou de orientação


política, susceptíveis de ameaçar a cooperação, a paz e a segurança internacionais.
Resolução de Conflitos Internacionais
NEGOCIAÇÃO
− base para a diplomacia
− procedimento mais simples e o mais utilizado
− consiste em discussões entre as partes interessadas com vista a conciliar opiniões divergentes
− envolve apenas as partes (Estados, organizações internacionais, movimentos de libertação, etc.)
− é flexível e tem capacidade de adaptação a vários tipos de litigio, tendo por base o princípio da consensualidade
e a abertura a considerações de equidade e oportunidade
− não envolve nenhum terceiro
− importância do princípio da boa-fé em todas as fases da negociação
− racionalidade das partes em confronto (civilidade, persistência e boa vontade)
− afirma a igualdade soberana dos Estados e o respeito aos diferentes sujeitos de direito internacional
Resolução de Conflitos Internacionais
BONS OFÍCIOS

− intervenção de um terceiro
− podem ser desempenhados por um Estado, organização internacional, organização não governamental,
personalidade de mérito internacional, confissão ou comunidade religiosa
− objetivo: estabelecimento de contatos recíprocos entre as partes no litígio; resolver os problemas de comunicação
que impedem a negociação
Resolução de Conflitos Internacionais
MEDIAÇÃO
− grau de formalização
− envolve o uso de um terceiro (indivíduo, Estado ou organização internacional)
− visa persuadir as partes em disputa para chegarem a termos satisfatórios por si mesmos
− se espera do mediador a introdução de racionalidade e clareza na negociação (negociação assistida)
− o mediador pode proceder a apresentação de uma proposta de solução às partes, cabendo-lhe tentar chegar a um
acordo, com base nas respostas obtidas pela sua proposta
− observância dos princípios da boa-fé, da lealdade, da justiça e imparcialidade
Resolução de Conflitos Internacionais
INQUÉRITO
− quando existem diferenças de opinião sobre questões factuais que fundamentam uma disputa entre as partes, a
solução lógica é muitas vezes instituir uma comissão de inquérito a ser conduzida por observadores para
determinar precisamente os factos
− utilizado para a verificação do cumprimento de obrigações internacionais, verificação da ocorrência dos
pressupostos de facto de uma norma de direito internacional e ao estabelecimento preciso das circunstâncias que
deram origem a um determinado litígio internacional
− se procura a descrição exata da verdade material dos factos (objetividade) e a procura dos factos relevantes do
ponto de vista de todas as partes do litígio e não apenas de algumas delas (imparcialidade)
Resolução de Conflitos Internacionais
CONCILIAÇÃO
− comissão especialmente qualificada que buscará o esclarecimento da questão a partir dos vários pontos de vista
− envolve uma investigação de terceiros da base da disputa e a apresentação de um relatório contendo sugestões não
vinculativas, mas não é tomada qualquer decisão
− as partes são livres para conformarem automaticamente a conciliação, definindo os termos da sua intervenção e
escolhendo os conciliadores
− compostas por cinco pessoas, uma indicada por cada lado adversário e os outros três a serem nomeados por acordo
de entre terceiros estados
− A ONU tem procurado estruturar um procedimento genérico de conciliação, tendo elaborado junto do Secretário-
Geral uma lista de conciliadores designados pelos Estados, com mandato de 5 anos renovável, prorrogável até ao
fim de uma missão de conciliação
Resolução de Conflitos Internacionais
ARBITRAGEM
− corresponde a um meio de resolução jurídica
− na prática tem sido utilizada por Estados e empresas privadas, dirimindo conflitos no âmbito do comércio
internacional
− a arbitragem tem sido utilizada para resolver litígios e controvérsias, muito para além da intenção de prevenir ameaças
− o mais frequente são tribunais arbitrais de 3 a 5 elementos, designados parcialmente pelos sujeitos parte na disputa
− o processo compreende duas fases: depoimentos orais e escritos, que pretendem satisfazer os princípios do
contraditório e da publicidade do processo
− A decisão é tomada por maioria, sendo feita a leitura publica da sentença e se admite declarações de voto
− os Estados não são obrigados a submeter uma controvérsia ao procedimento de arbitragem, na ausência do seu
consentimento
− a lei a ser aplicada no processo de arbitragem é o direito internacional, mas as partes podem acordar aplicar as regras
especificadas

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