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Elementos Formais:
1. Separação dos poderes
O poder legislativo é partilhado pelo Parlamento, pelo governo e pelas assembleias
legislativas regionais.
O poder administrativo/executivo é partilhado pelo governo, pelas autarquias locais e
por outras entidades.
Só o poder judicial é que não pode ser um poder partilhado, dado que a CRP reserva-o
aos tribunais, únicos órgãos de soberania com competência para administrar a justiça
em nome do povo.
Este princípio integra o núcleo essencial da ideia de Estado de Direito porque se fosse
permitido a possibilidade da concentração dos poderes no mesmo órgão estar-se-ia a
consentir que ocorressem condições propícias ao mau uso da força por parte de quem
governa. A separação dos poderes não pressupõe, apesar de tudo, a independência de
cada um, pelo contrário está subjacente uma ideia interdependência.
2. Constitucionalidade das leis (supremacia da constituição)
Vincula o legislador e todos os atos estatais à Constituição, estabelecendo o princípio da
reserva da Constituição e vigorando a força normativa da Constituição, instrumento
básico da garantia jurídica.
3. Legalidade da administração
Aparece como medida do direito, isto é, através de um meio de ordenação nacional,
vinculativamente prescritivo de regras, formas e procedimentos que excluem o arbítrio e
a prepotência.
4. Independência do poder judicial
Os tribunais são independentes e apenas estão sujeitos à lei.
Elementos Materiais:
1. Dignidade da pessoa humana
A imagem do Homem do Estado de Direito corresponde a uma pessoa cuja dignidade
tem de ser respeitada e protegida pela Constituição. O imperativo categórico kantiano:
“Age sempre de modo a tratar a humanidade, quer na tua pessoa quer na de outrem,
como um fim em si mesma, e nunca como um meio para a persecução de um fim”
O homem aqui surge como alguém dotado de dignidade própria, não é apenas o ser
livre é também alguém que sendo sempre moralmente autónomo para responder por si
mesmo e pelas suas escolhas, vive por isso em condição de absoluta igualdade de valor
face a todos os outros seres da sua espécie. Por isso deve ver-se a si mesmo e aos
demais como um fim e nunca como um meio ou instrumento para a realização de
objetivos que transcendem a humanidade.
2. Liberdade
Não haverá Estado de Direito onde a Constituição não assegure a cada pessoa a
possibilidade do exercício da sua autonomia e, portanto, da sua responsabilidade
individual. É necessário que a liberdade se torne possível através da consagração, em
direito positivo, de certos direitos fundamentais como:
1. o direito à vida (Artº 24)
2. o direito à integridade pessoal (Artº 25)
3. o direito à liberdade e segurança (Art 27º)
3. Justiça
Justiça como igualdade – tratamento de todos como iguais.
Estado de Direito socialmente empenhado nesta justiça.
4. Segurança
Para os cidadãos a atuação dos poderes públicos deve ser sempre uma atualização ante
visível, calculável e mensurável. Ou seja, num Estado de Direito as pessoas devem
saber com aquilo que contam. O princípio da segurança assim entendido decorre
logicamente dos outros elementos materiais que integram a categoria do Estado de
Direito. Para que o estado possa assegurar a segurança importa respeitar estas 3 normas:
1. Obrigação de um Estado definir leis e normas com clareza e determinação, ou
seja, o estado deve publicitar tais normas com precisão e clareza para que os
indivíduos as possam conhecer.
2. As normas passam por um processo de longa maturação, ou seja, se a norma só
for publicada amanhã não se deve antecipar os seus efeitos
3. Obrigação da proibição de normas retroativas, ou seja, quando existir em
momento anterior ao da prática dos atos pelos indivíduos para que estes as
possam conhecer e atuar em conformidade com elas.
Num Estado de Direito a atuação do legislador deve ser voltada para o futuro e assim
criar normas prospetivas. O que é indesejável num Estado de Direito é que tenham um
caracter retroativo, ou seja, que legislem para o passado. Surge assim o princípio da
proibição da retroatividade.
Normas retroativas Normas prospetivas
----------------------------------------X-----------------------------------------------------
Entrada em vigor de uma lei
Proibição da retroatividade:
Art. 18/3 – Leis restritivas de direitos, liberdades e garantias
Art 29/1 e 4 – Leis Penais
Art 103/3 – Leis Fiscais
Retroatividade autêntica/pura Retroatividade inautêntica/impura ou
retrospetividade
Caracteriza-se pela aplicação de uma lei Ocorre nos casos em que se pretende a
nova a factos integralmente verificados aplicação dos efeitos da lei nova a factos
antes da sua entrada em vigor cuja verificação ainda se encontra em
curso à data da entrada em vigor.
Deste modo, uma norma retroativa afeta situações jurídicas verificadas no passado,
enquanto uma norma retrospetiva aplica-se apenas para o futuro, mas no quadro de
situações jurídicas duradouras, constituídas no passado, mas que continuam no presente
e continuaram no futuro.
Pense-se numa alteração da lei de arrendamento aplicável aos contratos anteriores à
entrada em vigor da lei ou numa alteração à lei do contrato de trabalho, alterando as
condições existentes quando este foi celebrado e com os quais a ambas as partes
concordam.
------------------------------X--------------------------------------
X----------------------------------
Contrato Entrada em vigor de uma lei
O contrato vai ser afetado por esta nova lei. A isto se chamam normas retrospetivas.
Há ainda certas situações em que se a nova lei for mais favorável ao arguido, do que a
anterior, que foi revogada, deve se optar por julgar o arguido sobre a lei mais favorável.
Lei Crime Sentença
--------------X------------------------------X--------------------------------------X-------
07/11/21 2030
A sentença é determinada sob a lei em vigor, aquando do crime.
--------X-----------------------------X----------------------X---------------------------X-----
Lei penal que admite Crime Abolição da pena Julgamento
a pena capital de morte
Usa-se a lei mais recente, dado que é mais perfeita do que a anterior, porque foi
consagrada há menos tempo. Também se usa esta lei por ser a mais favorável ao
arguido.
Fora estas situações de retroatividade legal expressamente proibida, o legislador pode,
excecionalmente e mediante certos requisitos, criar normas com efeito retroativo, que
afetam desfavoravelmente os cidadãos.
Para que essas normas possam ser consideradas legitimas num Estado de Direito é
necessário que se cumpram determinados requisitos, que a jurisprudência do Tribunal
Constitucional tem desenvolvido.
Princípio da proteção da confiança
É necessário averiguar se a confiança dos cidadãos é merecedora da total jurídica e o
quão intensa deve ser essa tutela. Para isso, impõe-se verificar:
1. Se o Estado criou expectativas de continuidade do quadro legal aplicável;
2. Se as expectativas são legítimas, isto é, fundadas em boas razões;
3. Se os cidadãos fizeram planos de vida com base nessas expectativas.
Se tais requisitos se cumprem, isso significa que existe uma confiança depositada pelos
cidadãos no Estado e, portanto, o Estado não pode ser cego na definição das normas e
deve ter em conta estes aspetos.
É necessário ainda que a mudança normativa seja exigida por um interesse Público que,
pela sua importância e valor, sobreleve o valor das expectativas privadas. Se tal não
acontecer, se da ponderação entre as expectativas jurídicas e o interesse Público, se
concluir que este não sobreleva a importância daquelas, então à violação do princípio
da proteção da confiança, inserido no princípio do Estado de Direito consagrado no
Art.º 2.
Princípio da Proporcionalidade
Para além de o Estado ter de garantir a segurança jurídica, sendo ante visível e
calculável para com todos os cidadãos, o estado tem de ser ainda mensurável, ou seja,
deve agir sobre justa medida. Trata-se do princípio da proporcionalidade ou da
proibição do excesso.
Deve existir um equilíbrio entre uma decisão do Estado e o fim que o Estado procura
atingir com essa decisão. Sempre que o estado atua tem de se ponderar os custos e os
benefícios desta ação. Deste modo, as desvantagens obtidas por todos através dessa
medida estadual devem ser proporcionais, às desvantagens que essa medida causou.
Uma ação deste nível só é justificada quando as suas vantagens superam as
desvantagens. Num estado de direito “não se usam canhões para atirar a pardais”.
A CRP faz referência a este princípio a propósito das leis restritivas de direitos,
liberdades e garantias. Encontra-se no Art 18º/2, Art 19º/4, Art 266º/2, Art 272º/2.
Apesar de apenas ser explícito nestes 3 artigos estamos perante um princípio que se
deve aplicar transversalmente a qualquer atuação do Estado. Cabe aos tribunais verificar
se as atuações dos bens públicos vão de acordo com este princípio.
Para analisar se o estado agiu com proporcionalidade em tal a ação precisamos de
conhecer qual é a finalidade dessa ação. Devemos apreciar este princípio através de 3
critérios:
1. Adequação: Deve-se procurar saber se os meios escolhidos para a realização de
um certo fim são em geral, meios apropriados para a obtenção da finalidade da
ação. Deve-se provar que em situações normais de vida, o meio escolhido para
determinada ação, se apresenta como um meio apto para melhorar a situação e,
portanto, alcançar o fim que tal ação pretende.
Princípio Democrático
Há, evidentemente, uma relação muito estreita entre Estado de Direito e democracia,
uma vez que o estado de direito em sentido material exige também o respeito pelo
princípio democrático. Este princípio exige que todos em condições de plena igualdade
tenham uma palavra a dizer sobre os destinos coletivos, por isso é uma forma de
legitimação da organização do poder político, assente no princípio da soberania popular,
consagrado no Art 3º/1 e 108º. O princípio democrático manifesta-se na constituição
através da consagração do direito de sufrágio, no Art 10º/1.
Os direitos fundamentais particularmente os direitos, liberdades e garantias de natureza
política só se realizam efetivamente em democracia. Um regime democrático funciona
segundo o princípio da maioria, mas todas as decisões maioritárias, não são
necessariamente livres, pois estão limitadas pelo respeito ao princípio do Estado de
Direito e pelo respeito a todos os direitos fundamentais.
Assim, as maiorias não podem decidir algo contrário aos princípios fundamentais
consagrados na constituição. Deste modo, o princípio do Estado de direito e os direitos
fundamentais funcionam como um garante das minorias. Art 114º/2 – As minorias tem
garantido o direito á oposição democrática. A democracia assenta no respeito pela
vontade das maiorias e numa conceção igualitária do povo. Art 10º, 110º, 115º, 116º e
240º
“Existe democracia onde quer que seja possível afastar governantes do exercício de
poder, sem o derramamento de sangue” – Karl Popper
Democracia Indireta ou Representativa Democracia Direta
Através do exercício do direito de voto as Quem participa na tomada de decisões
pessoas escolhem os seus representantes são todos os cidadãos. Art 245/2
que irão exercer a soberania em nosso Plenário dos cidadãos eleitores, é
nome. admitido que em freguesias muito
Art 113º Voto – universal, igual, pequenas, o órgão deliberativo da
direto, livre, secreto e periódico. Todos freguesia possa ser conjunto de cidadãos.
os votos valem o mesmo, não há votos
que valem mais do que outros
dependendo das pessoas.
O nosso sistema é essencialmente democracia representativa, apesar disso a nossa
Constituição institui alguns mecanismos de democracia semidirecta:
O referendo previsto no Art 115º, é dar ao povo a escolha de uma certa matéria que
poderá levar a uma mudança na legislação. Através da resposta a uma questão que lhes
é colocada, fazem-se ouvir. Os referendos são vinculativos, apenas quando o número de
votantes é superior a 50%
O referendo pode ser convocado por uma iniciativa de cidadãos, ou mediante proposta
do Parlamento, á qual compete a decisão do PR. Não é possível fazer um referendo que
implique alterações á constituição, não é possível que os cidadãos decidam sobre os
seus próprios impostos, ou seja, não pode haver referendos sobre questões tributárias,
orçamentais ou financeiras. Além disto, não pode haver referendos sobre as matérias
pertencentes aos artigos 161º e 164º.
Pretende-se com este tipo de mecanismos criar uma maior proximidade entre os
cidadãos e os processos de tomadas de decisão que afetam toda a sociedade.
A forma de ligação entre estas duas democracias é através de petições dirigidas á
assembleia da república.
Princípio do Estado Unitário
O Art 6º afirma que o Estado Português é um Estado Unitário. Os EUA são um exemplo
de um Estado não unitário, de um Estado federativo, um conjunto de Estados que
possuem cada um a sua constituição e que são governados a partir de um poder central.
A Alemanha ou o Brasil também tem este regime. A Constituição é a única fonte da
autoridade do poder, ou dos poderes, que no seu território se exercem e a única fonte de
legitimidade do direito que nele vigora. Há apenas uma constituição em Portugal por
isso, somos um estado unitário. Um estado unitário não é centralista, em que os poderes
são todos exercícios do mesmo sítio do poder.
A única diferença existente no estado português, é que os arquipélagos têm um regime
autónomo. Já dentro do território nacional existe o princípio da autonomia local
(regiões administrativas, freguesias e municípios) e o princípio da descentralização
administrativa.
A estes três princípios: o princípio da autonomia das regiões autónomas, da autonomia
local e da descentralização administrativa chama-se a separação vertical de poderes.
Princípio da Integração Europeia
Este não é um princípio originário na nossa constituição, apenas surgiu após a adesão de
Portugal à comunidade europeia. A entrada para a UE significou um abalo
constitucional muito importante, isto porque a UE é uma grande força normativa e
legislativa, que cria muito direito independentemente, das constituições dos diversos
países.
O Art 7º/5 e 6 trata questões europeias, baliza os poderes do Estado português na
comunidade europeia. O número 6 admite a possibilidade de haver cooperação e
transferência de poderes que a partida seriam concentrados no soberano. O Art 8º trata
de questões europeias com a abertura da nossa ordem política á comunidade europeia.
As normas criadas pela Comissão Europeia (Art 8/4) são normas criadas a nível europeu
e por isso, gozam de um efeito direto e de supremacia relativamente ao direito estadual
Regulamentos da União Europeia Diretivas da União Europeia
Um regulamento, uma vez aprovado, Uma diretiva tem de ser transposta para o
vigora imediatamente em todo o espaço direito interno de cada país e ser,
territorial da UE, sem precisar de ser posteriormente, publicada em diário da
transposto para o direito vigente em cada república. Depois disto, vigoram e devem
Estado ser respeitadas pelos cidadãos.
Por regra para que as diretivas vigorem em Portugal, ela tem de ser transposta, tem de
integrar o ordenamento jurídico português, para vigorar. No artigo 112º, número 8 da
CRP diz nos que a transposição é feita por via de 3 diplomas: lei, decreto-lei ou decreto
legislativa regional. A diretiva sobre o IVA foi transposta para o ordenamento jurídico
português por decreto-lei.
Princípio da Integração e da abertura ao Direito Internacional
Portugal passa de uma ideia de “orgulhosamente sós” para a partir de 1976 querer
participar e cooperar a nível europeu e internacional. Tem vontade “acertar o passo”
pelos avanços no desenvolvimento do direito internacional, em particular do direito
internacional dos direitos humanos. Encontra-se consagrado no Art 7º, 8º e 16º da
Constituição.
Princípio da Sociabilidade
O Art 2º faz ainda referência à realização de uma democracia económica, social e
cultural como objetivo fundamental a prosseguir pelos poderes políticos.
A concretização de uma democracia económica social e cultural implica que o estado
deva procurar atenuar as diferenças reais entre as pessoas, em situações de maior
carência, não pode deixar desprotegidos os seus cidadãos e deve promover a igualdade
de oportunidades entre todos.
A República Portuguesa é, portanto, um Estado de Direito democrático e social e que
deve promover a justiça social.
Há uma estreita ligação desta dimensão social como princípio da dignidade da pessoa
humana, fundamento de todos os direitos fundamentais.
É do princípio da dignidade que se tem feito de elevar direito ao mínimo para a
existência de condigna, direito este juridicamente exequível.
O princípio da socialidade está também intimamente relacionado com o princípio da
igualdade, uma vez que a própria interpretação deste último em estado social implica
que não se possam deixar de ser tidos em conta as diferenças reais entre as pessoas,
sendo inclusivamente exigível que se trate diferentemente, de modo a ser possível
atenuar essas desigualdades.
Assim, o facto de sermos um Estado social de direito significa que não está na livre
disponibilidade do Estado, a garantia dos direitos económicos, sociais e culturais dos
seus cidadãos.
O princípio encontra-se consagrado para além do Art 2º, no Art 9º, 80º e 81º.
O Controlo da Constituição
No início do séc. XX, é discutido quem deve ser o guardião da constituição. Esta
questão entrou em debate levado a cabo por um autor alemão, Carl Schmilt e também
por Hans Kelsen.
Carl Kelsen
O guardião deve ser o poder Defende que o guardião deve ser o poder
supremo/politico, dado que se houver um judicial, dado que seria uma ingenuidade
tribunal a guardar a constituição, é um que o próprio parlamento anulasse as
órgão de soberania, e por isto coloca se suas próprias leis, ou seja, não poderia
em causa o princípio de separação de ser o parlamento a zelar pela
poderes. constituição.
Por isto, o controlo da constituição deve ser diferente na Europa em relação aos EUA.
Assim, Kelsen diz que é preciso criar um tribunal próprio, um tribunal especial para
tratar destas questões de inconstitucionalidade. Assim, não se põem em causa a
separação dos poderes, porque este tribunal não vai legislar normas, irá apenas subtrair
do ordenamento jurídico, as normas que não estão de acordo com o texto constitucional.
É então idealizado e corporizado na Áustria, o Tribunal Constitucional, no ano de 1920.
A partir daqui desenham-se os dois modelos de justiça constitucional: o modelo do
norte-americano e o modelo austríaco. O primeiro é difuso porque qualquer tribunal
pode ser chamado a garantir o controlo da constituição. Já o segundo é concentrado,
uma vez que deve ser um órgão próprio a ser chamado para garantir a
constitucionalidade.
A experiência austríaca não teve muita relevância devido ao período conturbado vivido
nesta época. Após a Guerra, a experiência austríaca ganha força e é nesta época que se
decide fazer o controlo da constituição, um controlo que cabe ao poder judicial, mas
também político.
Em Portugal, a função de guardião da constituição cabia as cortes, durante todas as
constituições do seculo XIX. A primeira constituição republicana, do início do seculo
XX, é a constituição de 1911. O artigo 63º da constituição de 1911, atribui-se a todo o
poder judicial, o poder de apreciar uma norma, se esta suscitar uma dúvida de que pode
não estar de acordo com a constituição vigente.
Entre 1976 e 1982, a CRP foi uma oportunidade de o país, acertar o passo com os
restantes países que já tinham a experiência constitucional, surgem por toda a Europa.
Tendo em conta as diferentes constituições europeias, todas com o mesmo teor. É
necessário inserir um tribunal constitucional ou pelo menos um setor que é chamado
para resolver questões de inconstitucionalidade.
Na constituição de 1976, ainda não está consagrado um tribunal constitucional. A
função de controlar a constitucionalidade cabe a um órgão militar, a um conjunto de
militares. Ao lado do conselho da revolução, a comissão constitucional vai ajudando o
conselho da revolução nas suas decisões.
Em 1982, há uma revisão constitucional que extingue o conselho de revolução e cria-se
o tribunal constitucional. O nosso sistema de fiscalização é híbrido, ou seja, compõe se
de elementos do norte-americano e do austríaco.
O Art 204º concede aos juízes dois poderes, o poder de apreciar e depois, se entenderem
a inconstitucionalidade, o poder de recusarem a utilização da norma. Esta ideia convive
com a existência de um tribunal constitucional, Art 221º e 222º
Qualquer tribunal pode ser chamado para o controlo da fiscalidade constitucional, mas
existe um tribunal específico. O modelo híbrido = Modelo difuso + Modelo
concentrado. Por isso, o nosso modelo é difuso na base e concentrado no topo.
A fiscalização da constitucionalidade: a inconstitucionalidade
A inconstitucionalidade é a desconformidade de uma norma ou de um ato praticado por
órgãos do poder político como o texto da Constituição. Existem vários tipos de
inconstitucionalidade:
Inconstitucionalidade direta Inconstitucionalidade indireta
Quando uma norma infraconstitucional Quando uma norma viola em primeiro
viola diretamente a Constituição ou os lugar a norma a que se encontra
seus princípios. subordinada, e só depois viola a
Art 277º Constituição.
Ângelo Ferreira
A99557