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Civil. Dispositivos que estabelecem princípios. Considerando a análise realizada para princípios
que nos parecem ser centrais na teoria geral dos contratos, informadores dos aspectos mais frequentes
na resolução de lides em geral, quais sejam os tradicionais princípios da autonomia da vontade (ou
autonomia privada), força obrigatória (ou força vinculante), e relatividade subjetiva (ou relatividade
dos efeitos), e os contemporâneos princípios da função social e boa-fé objetiva, não cuidaremos aqui
de retomar conceitos e aplicações, para os quais fazemos a devida remissão, mas agregando agora
uma análise crítica em torno dessa positivação no Código Civil, sobretudo após a entrada em vigor
da Lei nº 13784, de 20/09/2019 (que instituiu a declaração de direitos de liberdade econômica), com
algumas alterações implementadas nesses dispositivos preliminares que tratam dos princípios.
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a pessoa é livre, e sua liberdade não é apenas a de ir e vir. A liberdade é ampla e qualquer pessoa
capaz pode livremente celebrar quantos negócios desejar ao longo de sua vida, podendo ser ótimos
ou péssimos negócios, não importa, pois estamos no campo do direito privado da pessoa de criar seus
vínculos obrigacionais. Vale repetir: a liberdade de contratar é ilimitada.
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1 Art. 2.035. [...] § único, Código Civil. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os
estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”.
2 Art. 421, Código Civil. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874,
de 2019) Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da
revisão contratual. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
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3 Art. 421-A, Código Civil. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos
que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também
que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das
cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) II - a alocação de riscos
definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)III - a revisão contratual somente ocorrerá
de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
4 Art. 422, Código Civil. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios
de probidade e boa-fé.
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Embora não seja imprescindível para ser aplicada, pois como fonte
jurídica não demanda positivação na norma, a sua importância fica reforçada ao se fazer constar
expressamente na lei, isso é inegável. Portanto, a inserção da boa-fé objetiva como regra cogente,
positivada na lei civil, cumpre um papel didático e de reforço, digno de aplausos, pois torna a própria
lei mais socializante, ao menos aos olhos de quem apenas se limita à lei.
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nos tempos atuais, que os contratantes, embora livres para ajustar os termos da convenção, deverão agir sempre dentro
dos limites necessários para evitar que sua atuação negocial se torne fonte de prejuízos injustos e indesejáveis para
terceiros. O Estado democrático de direito, em seus moldes atuais, evita participar diretamente na produção e circulação
de riquezas, valorizando, como já se expôs, o trabalho e a iniciativa privados. É, com efeito, na livre iniciativa que a
Constituição apoia o projeto de desenvolvimento econômico que interessa a toda sociedade. Não é, contudo, apenas a
livre iniciativa, o único valor ponderável na ordem econômica constitucional. O desenvolvimento econômico deve ocorrer
vinculadamente ao desenvolvimento social. Um e outro são aspectos de um único desígnio, que, por sua vez, não se
desliga dos deveres éticos reclamados pelo princípio mais amplo da dignidade humana, que jamais poderá ser sacrificado
por qualquer iniciativa, seja em nome do econômico, seja em nome do social. Nada, com efeito, justifica o tratamento da
pessoa humana, no relacionamento jurídico, como coisa ou como simples número de uma coletividade. A ordem
constitucional de nossos tempos, por isso, evita o intervencionismo gerencial público no processo econômico; deixa de
atribuir ao Estado a exploração direta dos empreendimentos de ordem econômica; mas também não pode permitir que
em nome da liberdade negocial a força econômica privada seja desviada para empreendimentos abusivos, incompatíveis
com o bem estar social e com os valores éticos cultivados pela comunidade. Sob o predomínio do Estado liberal, o contrato
pode ser visto como fonte criadora de direito, ad instar da própria lei (pacta sunt servanda), como, v.g., afirmava KELSEN,
em sua noção positivista do fenômeno negocial.
O Estado social, porém, não se alheia aos problemas que o abuso da iniciativa
contratual pode gerar no meio social em que os efeitos da convenção privada irão repercutir. Se algum dano indevido a
terceiro ou à coletividade for detectado, a autonomia contratual terá sido exercitada de forma injurídica. Não poderá o
resultado danoso prevalecer. Ou o contrato será invalidado ou o contratante nocivo responderá pela reparação do prejuízo
acarretado aos terceiros. De uma forma ou de outra, o contrato desviado de sua função social não ficará livre de uma
sanção jurídica, pois sua prática incursiona pelo terreno da ilicitude” (Jr., THEODORO, Humberto. O Contrato e sua
Função Social, 4ª edição. Forense, 05/2014. VitalBook file).
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“[...] Sobre a abrangência da nova lei, não se pode negar que o seu principal âmbito
de aplicação diz respeito aos contratos paritários ou negociados. Essa categoria jurídica surge quando do estudo da
classificação dos contratos quanto à negociação do conteúdo pelas partes. Nesse contexto, os contratos de adesão são
aqueles em que uma parte, o estipulante, impõe o conteúdo negocial, restando à outra parte, o aderente, duas opções:
aceitar ou não o conteúdo desse negócio (take it or leave it). Tenho defendido uma visualização ampla do conceito, de
modo a englobar todas as figuras negociais em que as cláusulas são preestabelecidas ou predispostas de forma
majoritária, caso do contrato-tipo e do contrato formulário, em que as cláusulas são predeterminadas até por um terceiro”
(Tartuce, Flávio. “A Lei da Liberdade Econômica (Lei n. 13.874/2019) e os seus principais impactos para o Direito
Civil” – in http://www.flaviotartuce.adv.br/. Acesso em 27/02/2020).
5 Art. 423, Código Civil. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação
mais favorável ao aderente.
Art. 47, CDC. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
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contrato como ideal de liberdade econômica fez ampliar a proteção ao aderente no contrato de adesão,
bastando, a tanto notar a atual redação do artigo 113, do Código Civil, em especial, seu § 1º, IV, que
destacamos, inclusive, em negrito, para indicar que tal regra amplia a proteção do aderente no aspecto
da interpretação contratual, antes contida apenas no artigo 423 do CC/02:
Art. 113, Código Civil. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a
boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido
que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do
negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao
tipo de negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições
do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua
celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de
preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. (Incluído pela Lei
nº 13.874, de 2019)
6 Art. 424, Código Civil. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito
resultante da natureza do negócio.
Art. 51, IV, § 1º, CDC. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que: [...] IV. estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; [...] § 1º. Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: I - ofende os princípios
fundamentais do sistema jurídico a que pertence; II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de
tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a
natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
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(contrato de adesão), e que é tão distante da ideal paridade dos negócios jurídicos de outrora, firmados
e discutidos individualmente e que faziam supor qualquer renúncia a eventual benefício legal como
uma opção negociada, e não como fórmula adrede impressa e imposta por um dos celebrantes ao
outro.
7 Art. 425, Código Civil. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
8 Art. 426, Código Civil. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
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II. Contratos em Geral – Código Civil de 2002 – Outros desdobramentos diretos e relacionados com
o estudo da classificação dos contratos (contratos aleatórios e contratos preliminares – regras gerais).
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segurado, desde que o fato desencadeador da obrigação do primeiro não tenha deixado de se verificar
por culpa ou dolo deste, conforme prevê o artigo 458, do Código Civil9.
[...] Nesse caso, o alienante, ou o adquirente, salvo culpa sua pela inexistência do
objeto da prestação, terá direito a todo o preço ou o que foi prometido no contrato. Trata-se de contrato de emptio spei,
ou seja, venda de coisa esperada. Nessa situação, as coisas que servem de objeto à prestação podem vir a não existir.
Exemplo clássico é o da compra da rede do pescador. Pode ocorrer de o arremesso da rede nada captar. Mesmo que
peixe algum venha na rede, vale e tem eficácia o contrato, sendo devido o preço, pois foi, na realidade, uma esperança
que se adquiriu” (VENOSA, Sílvio Salvo. Direito Civil - Vol. 3 - Contratos, 18ª edição. Atlas, 12/2017. VitalBook file,
p. 57).
9 Art. 458, Código Civil. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos
contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo
ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
10 Art. 459, Código Civil. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em
qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a
coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e
o alienante restituirá o preço recebido.
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tratada pela norma civil reside no risco assumido pelo adquirente em torno da quantidade da coisa
contratada.
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11 Art. 460, Código Civil. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente,
terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
12 Art. 461, Código Civil. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado,
se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
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requisitos necessários para o ajustamento negocial que desejam, e igualmente, pode ocorrer que tais
sujeitos não pretendam deixar de ajustar que querem celebrar entre si o negócio principal e definitivo,
ainda que circunstancialmente não possam celebrar definitivamente o negócio naquele momento.
Torna-se possível, então, a celebração de um contrato que se classifica como preliminar, e cujo
objeto é a celebração de outro contrato principal e definitivo no futuro.
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desde que não existam direitos reais de terceiros sobre o imóvel. Por outro lado, o contrato definitivo, como já pudemos
sentir, é o que se delineia, em seus principais contornos, no preliminar, contendo este, às vezes, as próprias cláusulas
daquele, mas de modo incompleto. Sim, porque, se as partes tivessem desde o início todas as condições contratuais para
realizar o negócio, não fariam avença preliminar, mas definitiva” (Azevedo, Álvaro Villaça. Teoria geral dos contratos
típicos e atípicos, 3ª edição. Atlas, 08/2009. VitalBook file, p. 76).
13 Art. 462, Código Civil. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser
celebrado.
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direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. Parágrafo único. O contrato
preliminar deverá ser levado ao registro competente.
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Artigo 464, Código Civil. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado,
suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a
natureza da obrigação.
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Bom exemplo é a compra e venda de bem imóvel mediante pagamento em parcelas, negócio este no qual o contrato preliminar exerce
enorme importância, pois permite a aquisição da posse imediata mediante o pagamento parcelado do bem, com a segurança ao
adquirente possuidor de já ter em mãos o compromisso do proprietário de lhe vender esse bem após a quitação total. No caso de bens
imóveis, se houver pagamento integral e o vendedor se recusar em celebrar o contrato definitivo por escritura pública, poderá o adquirente
invocar a proteção legal da adjudicação compulsória, que é prevista na legislação específica que trata dessa espécie de contratação
(Decreto-lei no. 58/1937 e a Lei no. 6766/1979), e que permite ao Estado-Juiz proferir sentença que declare a ausência de causa para
essa recusa do vendedor e que supra a vontade deste, podendo a própria sentença servir de título hábil para o registro imobiliário.
15 Artigo 465, Código Civil. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir
perdas e danos.
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Art. 113, Código Civil. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração. § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019) III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o
dispositivo, se identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) V - corresponder a qual seria a razoável negociação
das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das
partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos
negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 421, Código Civil. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela
Lei nº 13.874, de 2019) Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção
mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 422, Código Civil. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Art. 423, Código Civil. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar
a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424, Código Civil. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente
a direito resultante da natureza do negócio.
Art. 425, Código Civil. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
Art. 426, Código Civil. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 458, Código Civil. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a
existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de
sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
Art. 459, Código Civil. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem
a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver
concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único. Mas, se da coisa
nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Art. 460, Código Civil. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo
adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no
dia do contrato.
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Art. 461, Código Civil. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo
prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava
exposta a coisa.
Art. 462, Código Civil. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao
contrato a ser celebrado.
Art. 463, Código Civil. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que
dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo,
assinando prazo à outra para que o efetive. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro
competente.
Art. 464, Código Civil. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente,
conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.
Art. 465, Código Civil. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo
desfeito, e pedir perdas e danos.
Art. 466, Código Civil. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá
manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
Art. 497, Código de Processo Civil. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se
procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente. Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a
reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da
existência de culpa ou dolo.
Art. 498, Código de Processo Civil. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa
determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a
escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
Art. 499, Código de Processo Civil. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou
se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Art. 500, Código de Processo Civil. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada
periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.
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