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Egrégio Tribunal
Ocorre que, tanto por ocasião da apresentação em delegacia, quanto por ocasião da
realização da audiência de instrução e julgamento, o Réu não foi reconhecido em
consonância do disposto no artigo 226, CPP.
Dessa forma, não há do que se falar em acusação por roubo, pois, não há prova de
tal fato. Existe, porém, provas de receptação, o que impõe a desclassificação do presente
para o crime de receptação.
Mas, é necessário se insurgir contra este posicionamento pois, se uma arma, ao ser
apreendida, precisa ser submetida à teste científico para se aferir o potencial lesivo do
item, sob o risco do agente responder pela posse de simulacro. Como se pode certificar a
existência de arma de fogo? pelo simples relato da vítima, motivado pelo natural
sentimento de vendetta ?
Vale dizer que a jurisprudência pátria caminha nesse sentido, conforme pode-se
verificar no Habeas Corpus 680.416 (STJ) e os 28 acórdãos das duas turmas de direito
penal do tribunal e 61 decisões monocráticas que absolveram os réus ou revogaram a
prisão preventiva em razão de graves dúvidas sobre o reconhecimento feito em
desacordo com as exigências do CPP, as quais – nas palavras do ministro Rogerio
Schietti Cruz, relator do HC 598.886 – "constituem garantia mínima para quem se vê na
condição de suspeito da prática de um crime".
Seria autorizada a condenação, se existissem outros meios de provas que
corroborassem a tese de existência de arma de fogo. O que não aconteceu:
Percebe-se que, in casu, não existem provas que corroborem a versão das supostas
vítimas de que tenha havido o uso de arma de fogo ou instrumento similar.
Como se sabe, o art. Nº 226, do Código de Processo Penal, impõe que se haja o
reconhecimento pessoal do acusado, respeitando uma fórmula legal.
Não tendo havido por parte das vítimas, em sede de delegacia ou judicial, a
confirmação de que o Apelante praticou os supostos crimes, inexiste prova de autoria do
delito de roubo.
III – DA DESCLASSIFICAÇÃO
Como vimos, não existem provas que corroborem a tese de que o Apelado praticou
o roubo. O que se vê nos autos, são provas de que o mesmo estava de posse do
material. Dessa forma, não havendo reconhecimento, deveria o magistrado, proceder com
a desclassificação do crime de roubo, para o de receptação, haja vista a flagrância indicar
que o Apelante se encontrava de posse do material em tese subtraído. O que não lhe
vincula automaticamente ao crime de roubo/furto.
II. MÉRITO
Verificando os autos, nota-se que não existem provas que apontem para a autoria
do Apelante. Dessa forma deve-se proceder com a absolvição por insuficiência de provas.
Sergio Y. R. Moraes
OAB/PA nº 28852