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XXª Vara Criminal

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Autora: JUSTIÇA PÚBLICA
Réu: YYY

ALEGAÇÕES FINAIS DE DEFESA POR MEMORIAIS

Meritíssimo (a) Juíz (a):

YYY devidamente qualificado nos autos do processo em


epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no
artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal, apresentar ALEGAÇÕES
FINAIS DE DEFESA POR MEMORIAIS.

O Ministério Público, em memoriais, requereu a


procedência da presente ação penal, por efeito a condenação do acusado nos
termos da inicial acusatória.

Contudo, como ficará demonstrado, a absolvição do réu é


medida
de rigor.

I – DA INSUFICIÊNCIA DE PROVAS:
A posteriori da análise do acervo probatório, impetuoso
reconhecer que ele é composto por elementos frágeis, incapazes de sustentar

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uma condenação criminal.

De plano, verifica-se que pesam contra o acusado o


testemunho de dois policiais militares nos quais realizaram a prisão em
flagrante.

Especificamente, ambas as testemunhas informaram


que, juntamente de outros policiais militares, estavam realizando operação de
combate a tráfico de drogas e demais ilícitos, na região da Luz em São
Paulo/SP. Momento no qual adentraram a pé na viela AAA e avistaram um
sujeito com uma criança no colo de aproximadamente 04 anos -
posteriormente, eles tomaram ciência de ser filha do indivíduo. Logo em
seguida, o homem começou a andar rapidamente, de modo a sempre observar
para trás. Em razão desse comportamento, os policiais militares decidiram
abordá-lo, entretanto nenhum ilícito foi encontrado.

Na ocasião, o acusado, ao ser requisitado por documento


pessoal, proferiu que não estava portando-o. Acrescentou que este situava-se
em sua residência, logo os policiais, prontamente, acompanharam-o até lá. Na
chegada, os agentes nos quais fizeram-lhe companhia no percurso
questionaram se naquela casa havia algo ilícito. Assim, o capturado YYY
respondeu afirmativamente, apontando para embaixo de uma escada.
Rapidamente, foi franqueado acesso ao local - residência - e diversas drogas
foram identificadas, além de um aparelho ceclular. Após a circunstância, o
documento solicitado inicialmente foi apresentado e o sujeito foi conduzido à
viatura. Neste instante, a esposa do preso apresentou-se às autoridades.
Portanto, diante do exposto, o condutor levou o capturado até o Distrito Policial,
a fim de viabilizar a tomada de providências da Polícia Judiciária.
Isto posto, não há base para condenação. Vejamos:

“Assim, o que se verifica, é que a condenação foi

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amparada exclusivamente nas declarações policiais, o que se revela
insuficiente. É que seus testemunhos tem qualificação e natureza diversas de
qualquer outro. São relatos de agentes policiais, ou seja, a longa manus do
próprio aparelho repressor, de modo que as teorizações jurídicas processuais de
âmbito criminal não podem ignorar a realidade fática. O policial é o agente
operacional da repressão e não depõe com a imparcialidade das demais
testemunhas, ainda que de modo inconsciente. Sua visão sobre os fatos, o seu
entendimento sobre as circunstâncias que apurou, são do próprio sistema
repressor, dos quais o garantismo constitucional do devido processo legal
objetiva proteger.”(TJ/SP – Ap. 0020153- 57.2006.8.26.0224 – 7ª Câmara
Criminal – Rel. Francisco Menin – j. 03/02/11)

Ressalte-se, ainda, não se ter evidenciado o elemento


subjetivo para a figura prevista no artigo 33 da Lei Especial. Isto porque,
apenas em função da quantidade de droga apreendida, relatos de
testemunhas, não é possível deduzir-se pelo cometimento de delito de tráfico
de entorpecentes.

Neste sentido:

"Já se tem sustentado que não basta o simples


encontro da substância com o suspeito para erigir
uma prova de autoria pois esta deve estar definida
em termos do dolo do agente. A posse deve estar
ligada ao uso ou ao tráfico. Daí o simples encontro
corporificar a materialidade do fato que nem sempre
é criminoso. A simples posse pode denotar uma
presunção de autoria mas esta há de ficar também
demonstrada.E, finalmente, o dolo há de ser extraído
das circunstâncias para que se autorize uma
condenação. ("Os alucinógenos e o Direito - LSD",
Geraldo Gomes, Juriscredi-SP)" (TACrimSP - AC -
Rel.Geraldo Gomes - JUTACRIM 56/238)

Deste modo, diante do precário conjunto de provas


trazidas aos autos e da dúvida quanto à autoria e materialidade do crime,
requer a Defesa seja JULGADO IMPROCEDENTE o pedido de condenação
contido na presente ação penal, declarando-se a ABSOLVIÇÃO do Réu, com
fulcro no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.

Nicole Mariana
Júlia Procidelli
Maria Toshi
Isabela Vecina

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