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CENTRO DE EDUCAÇÃO DA FOZ DO ITAJAI -CESFI

Amanda Lima Carvalho

REGIME TRANSIENTE: ITENS 5.5 E 5.6

Incropera, Frank P.; De Witt, David P. Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, 3a Ed.,
Guanabara Koogan, 1992.

Diferente do regime permanente agora, na condução transiente, é levado em consideração o


gradiente de temperatura, ou seja, como a temperatura se difunde em determinado tempo.
Podemos utilizar diversas técnicas matemáticas para encontrar soluções analíticas exatas para
problemas de condução transiente. Para um número de Biot >1 não podemos mais usar o método
dos parâmetros concentrados pois os gradientes de temperatura no meio não são mais desprezíveis.
Então um outro método pode ser utilizado como o método da separação de variáveis que conta com
a solução da distribuição de temperaturas adimensional, possuindo a forma de uma série infinita e
podendo ser aproximada quando não forem valores muito pequenos do número de Fourier.

Para placas planas com espessura 2L, se tivermos uma espessura pequena quando comparada à
largura e à altura, inicialmente a um temperatura Ti, exposta a convecção dos dois lados com um
fluido qualquer, assumindo uma condição unidimensional, sem geração térmica e com propriedades
constantes, a equação do calor se resume a derivada segunda da temperatura em x é igual a 1
dividido por alfa vezes a derivada da temperatura no tempo, sendo alfa a difusividade térmica. Para
resolver essa equação então considera-se as condições de contorno, no meio da placa para x = 0 a
derivada da temperatura é igual a zero devido a simetria, o fluxo para x = L e -L vai ser igual ao fluxo
de convecção e a condição inicial que no tempo zero a placa esta a uma temperatura Ti.

Esse método de resolução é aproximado, então utiliza-se as variáveis adimensionalizadas, sendo a


temperatura adimensional igual a θ*, a distância adimensional igual a x* e o tempo adimensional
𝐹𝑜 = 𝛼𝑡/ 𝐿^2. A solução exata tem a forma de 𝜃 ∗ = ∑ 𝐶𝑛 exp(−𝜁𝑛 2𝐹𝑜) cos(𝜁𝑛𝑥 ∗ ) ∞ 𝑛=1 , com 𝐹𝑜 =
𝛼𝑡 𝐿 ^2 ⁄ e 𝐶𝑛 = 4𝑠𝑒𝑛𝜁𝑛⁄2𝜁𝑛 + 𝑠𝑒𝑛(2𝜁𝑛), fornecidos em uma tabela para uma faixa de números de
Biot. Os valores de 𝜁𝑛 são raízes positivas da equação 𝜁𝑛𝑡𝑎𝑛𝜁𝑛 = 𝐵𝑖. Para valores de 𝐹𝑜 > 0,2,
podemos utilizar a solução aproximada pelo primeiro termo da série, ficando com a equação 𝜃 ∗ =
𝜃0 ∗ cos(𝜁𝑛𝑥 ∗ ), onde 𝜃0 ∗ = (𝑇0 − 𝑇∞)⁄(𝑇𝑖 − 𝑇∞) representa a temperatura adimensional do plano
central 𝜃0 ∗ = 𝐶1 exp(−𝜁1 2𝐹𝑜). Pela equação aproximada, podemos deduzir que a dependência
temporal da temperatura em qualquer posição no interior da parede é igual à dependência da
temperatura no plano central. Também se adimensionaliza a equação da transferência total de calor
ficando com 𝑄⁄𝑄0 = 1 − [(sin 𝜁1)⁄𝜁1]𝜃0 ∗ , onde 𝜃0 ∗ é determinado utilizando a equação já citada
anteriormente.

Para um cilindro infinito ou uma esfera com raio 𝑟0 que está inicialmente a uma temperatura
uniforme e passa por uma mudança nas condições convectivas, os resultados são semelhantes ao de
placas planas. No cilindro infinito para uma temperatura inicial uniforme e condições de contorno
convectivas, podemos apresentar a solução exata adimensional da forma de 𝜃 ∗ = ∑ 𝐶𝑛 exp(−𝜁𝑛
2𝐹𝑜) 𝐽0(𝜁𝑛𝑟 ∗ ) ∞ 𝑛=1 para cilindros infinitos, onde 𝐹𝑜 = 𝛼𝑡 𝑟0^ 2 ⁄ e 𝐶𝑛 = (2⁄𝜁𝑛) [ 𝐽1𝜁𝑛 (𝐽0 2 𝜁𝑛 + 𝐽1
2 𝜁𝑛 ⁄ )], com os valores de 𝜁𝑛 sendo raízes positivas da equação 𝜁𝑛 ( 𝐽1𝜁𝑛⁄ 𝐽0𝜁𝑛) = 𝐵𝑖 e 𝐵𝑖 = ℎ𝑟0⁄𝑘.
As grandezas 𝐽0 e 𝐽1 são funções de Bessel de primeira espécie e possuem seus valores tabelados. Já
para esferas, obtemos a equação 𝜃 ∗ = ∑ 𝐶𝑛 exp(−𝜁𝑛 2𝐹𝑜) (1 𝜁𝑛𝑟 ∗ ⁄ ) 𝑠𝑖𝑛(𝜁𝑛𝑟 ∗ ) ∞ 𝑛=1 com 𝐹𝑜
sendo igual ao obtido para cilindros e 𝐶𝑛 = 4(𝑠𝑖𝑛 𝜁𝑛 − 𝜁𝑛𝑐𝑜𝑠 𝜁𝑛)⁄2𝜁𝑛 − sin(2𝜁𝑛), onde os valores de
𝜁𝑛 são raízes positivas da equação 1 − 𝜁𝑛𝑐𝑜𝑡 𝜁𝑛 = 𝐵𝑖 e 𝐵𝑖 é igual ao encontrado para cilindros. Para
ambos cilindros e esferas podemos aproximar os resultados em 𝑛 = 1 para o primeiro termo da série
infinita para 𝐹𝑜 > 0,2, Obtemos as seguintes equações para cilindros e esferas, respectivamente:
𝑄⁄𝑄0 = 1 − [(sin 𝜃0 ∗ )⁄𝜁1] 𝐽1𝜁1 e 𝑄⁄𝑄0 = 1 − [(3𝜃0 ∗ ) 𝜁1 3 ⁄ ](sin 𝜁1 − 𝜁1 cos 𝜁1). Pode-se utilizar os
resultados anteriores para predizer uma resposta transiente de cilindros infinitos e esferas
submetidos a uma súbita mudança de temperatura superficial.

Resolvendo o exemplo 5.6: Um novo processo para o tratamento de um material especial deve
ser avaliado. O material, uma esfera com raio 𝑟0 = 5 𝑚𝑚, encontra-se inicialmente em equilíbrio a
400°𝐶 no interior de um forno. O material é repentinamente removido do forno e submetido a um
processo de resfriamento em duas etapas.

Etapa 1: Resfriamento no ar a 20°𝐶 por um período de tempo 𝑡𝑎 até que a temperatura do centro
atinja um valor crítico, 𝑇𝑎 (0,𝑡𝑎 ) = 335°𝐶. Para essa situação, o coeficiente de transferência de calor
por convecção é ℎ𝑎 = 10 𝑊/(𝑚2𝐾). Após a esfera ter atingido essa temperatura crítica, a segunda
etapa é iniciada.

Etapa 2: Resfriamento em um banho agitado de água a 20°𝐶, com um coeficiente de transferência


de calor por convecção de ℎ𝑤 = 6000 𝑊/(𝑚2𝐾).

As propriedades termofísicas do material são 𝜌 = 3000 𝑘𝑔/𝑚3 , 𝑘 = 20 𝑊/(𝑚𝐾), 𝑐 = 1000 𝐽/(𝑘𝑔𝐾) e


𝛼 = 6,66 × 10−6 𝑚2/𝑠. 3

Calcule o tempo 𝑡𝑎 requerido para a etapa 1 do processo de resfriamento se completar.

Para calcular 𝑡𝑎 devemos primeiro fazer algumas considerações como: 1. Condução unidimensional
em 𝑟, 2. Propriedades constantes. Aplicando o balanço de energia a um volume de controle que
relaciona a taxa de perda de calor na superfície com a taxa de variação da energia interna e
integrando em 𝑡 = 0 e 𝑇(0) = 𝑇𝑖 :

−𝐸𝑜𝑢𝑡 = 𝐸𝑠𝑡 ∴ −ℎ𝐴𝑠 (𝑇 − 𝑇∞) = 𝜌𝑉𝑐 .𝑑𝑇 /𝑑𝑡 ∴ 𝜃 = 𝑇 − 𝑇∞ 𝑇∞ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ∴

𝑑𝜃 /𝑑𝑡 = 𝑑𝑇/ 𝑑𝑡 ∴ 𝜌𝑉𝑐/ ℎ𝐴𝑠 ln 𝜃𝑖/ 𝜃 = 𝑡 (𝑒𝑞. 1)

A eq. 1 pode ser usada para determinar o tempo que um sólido necessita para alcançar uma
temperatura T. O termo 𝜌𝑉𝑐 /ℎ𝐴𝑠 é a constante de tempo térmica. Para determinar se podemos
utilizar o método da capacitância global, precisamos calcular o número de Biot. Este é um parâmetro
adimensional que desempenha um papel fundamental nos problemas de condução que envolvem
efeitos convectivos nas superfícies. Ele nos fornece uma medida da queda de temperatura no sólido
em relação à diferença de temperatura entra a superfície e o fluido. A sua simplicidade o transforma
no método preferido para a resolução de problemas transientes de aquecimento e resfriamento.

𝐵𝑖 = ℎ𝐿𝑐/ 𝑘 ∴ 𝐿𝑐 = 𝑟𝑜/ 3

Calculando 𝐵𝑖 para 𝑡𝑎:

𝐿𝑐 = 𝑟𝑜/ 3 = 0,005 𝑚 /3 = 1,667 × 10−3𝑚 ∴

𝐵𝑖 = (10 𝑊/ 𝑚2𝐾 ∙ 1,667 × 10−3)/𝑚 20 𝑊/ 𝑚. 𝐾 = 8,333 × 10−4

Como encontramos 𝐵𝑖 < 1, podemos utilizar o método e também podemos supor que a temperatura
está uniformemente distribuída na superfície da esfera. Utilizando a eq. 1 iremos encontrar o valor
de 𝑡𝑎, assumindo que 𝐴𝑠 = 4𝜋𝑟𝑜^ 2 e 𝑉 = 4 3 𝜋𝑟𝑜 ^3 :
𝒕𝒂 = 𝜌𝑟0𝑐 /3ℎ𝑎 ln 𝑇𝑖 − 𝑇∞/ 𝑇𝑎 − 𝑇∞ = (3000 𝑘𝑔 /𝑚^3 ∙ 0,005 𝑚 ∙ 1000 𝐽/ 𝑘𝑔. 𝐾)/ 3 ∙ 10 𝑊/ 𝑚^2.𝐾
ln 400°𝐶 − 20°𝐶/ 335°𝐶 − 20°𝐶 = 𝟗𝟑, 𝟕𝟗𝟗 𝒔

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