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UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL – UNISC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO – PPGD


MESTRADO E DOUTORADO

Andrea Silva Albas Cassionato

RESENHA DA INTRODUÇÃO, DOS CAPITULOS 13 A 16 E DA


CONCLUSÃO OBRA “O CAPITAL NO SÉCULO XXI”

PIKETTY, Thomas. O capital no século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014 –


Introdução, capítulos 13-16, Conclusão.

Santa Cruz do Sul

2019
Essa importante obra, lançada em 2013 na França e em 2014 no Brasil,
tornou-se um marco no estudo da economia política, com ênfase na
distribuição da renda e nas desigualdades de riqueza no mundo. Por certo que
apesar da visão global apresentada pelo autor ele enfatiza alguns países mais
ricos, destacando ainda mais a França e os EUA.
Com um rico conteúdo histórico, o livro traz a origem do capitalismo
aliado a uma série de dados estatísticos e gráficos que tratam das
desigualdades no mundo, o que torno trabalho ainda mais completo,
consistente, crível e marcante.

Introdução

Um debate sem fontes?


O autor trata da distribuição da riqueza e da importância deste tema ser
discutido por várias áreas da ciência, e não apenas por economistas,
sociólogos, historiadores e filósofos. A importância do tema torna necessária a
aplicação de um sistema ou método, além de fontes bem definidas.
Malthus, Young e a Revolução Francesa
Neste item o autor traz informações de conteúdo histórico enfatizando
que quando a economia política clássica nasceu, no final do século XVIII início
do século XIX, a questão da distribuição já era o centro de todas as análises.
(Página 11).
Para Malthus a superpopulação era a principal ameaça, e concluiu que o
correto era suspender todas as medidas de assistência aos pobres e que a
taxa de natalidade fosse severamente controlada. (Página 12). Young, que
presenciou toda a miséria que existia na zona rural da França no final do
século XVIII, estava convencido de que só o sistema político a moda inglesa,
com Câmaras separadas para aristocratas e plebeus, além do direito de voto
para nobreza, permitiriam desenvolvimento liderado por pessoas responsáveis.
(Página 12).
David Ricardo: o princípio da escassez
David Ricardo e Karl Marx foram os economistas mais influentes do
século XIX, e defendiam uma visão de que apenas os proprietários de terra,
para Ricardo, e os capitalistas industriais, para Marx, seriam donos de uma
parte crescente da produção da renda. (Página 13). Contudo, essa previsão
não se concretizou. No final, a remuneração das terras agrícolas caíram a
medida que o peso da agricultura diminuiu. (Página 13).
No entanto, o autor, nesse item de sua obra, deu maior ênfase à
importância do “princípio da escassez” de David Ricardo.
Marx: O princípio da acumulação infinita
Ainda introduzindo seu trabalho com conteúdo histórico, o escritor trata
do início do movimento comunista e socialista, que se deu entre os anos de
1840 e 1850, quando houve o crescimento do capital e os lucros industriais e a
estagnação da renda do trabalho. (Página 16).
Marx, então, tratou do evidente fracasso desse sistema econômico
político e no manifesto comunista iniciou com a célebre frase “um espectro
ronda a Europa - o espectro do comunismo”. E termina com a seguinte
previsão: “O desenvolvimento da indústria moderna, portanto, enfraquece o
próprio terreno em que a burguesia assentou a produção e a apropriação de
seus produtos. Assim, a burguesia produz, sobretudo, seus próprios coveiros.
Sua queda e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.” (Página 16).
Seu trabalho foi baseado nas contradições lógicas internas do sistema
capitalista. (Página 16). E concluiu seu trabalho com o princípio da acumulação
infinita, que consiste na tendência do capital de se acumular e se concentrar
nas mãos de uma parcela cada vez mais restrita da população, sendo este um
processo sem limites. (Página 17). O autor destaca a importância do princípio
da acumulação infinita criada por Marx, e do princípio da escassez criado por
Ricardo.
“A acumulação cessa em algum nível finito, mas esse nível pode ser
extremamente alto e desestabilizante. Em particular, o patamar muito elevado
da riqueza privada (medido em anos da renda nacional) observado desde os
anos 1970 e 1980 nos países ricos, sobretudo na Europa e no Japão, se
inscreve com perfeição na lógica marxista”. (Página 18).
De Marx a Kuznets: do Apocalipse ao conto de fadas
O autor trata, então, do posicionamento de Kznets, segundo a qual a
desigualdade da renda diminuiria automaticamente conforme houvesse o
desenvolvimento capitalista do país. Uma teoria ingênua baseada no pós-
guerra e no momento em que a França ficou conhecida como os “30 gloriosos”,
período que compreendeu os anos de 1945 a 1975. (Página 18).
A curva de Kuznets: Uma boa nova em tempos de guerra fria
Em 1954 Kuznets deu uma palestra em Detroit e dessa conferência foi
originada a “teoria da curva de Kuznets”, segundo a qual a desigualdade
poderia ser descrita em toda parte por uma “curva em forma de sino”. (Página
21).
“Ou seja, ela cresce de início, alcança um pico e depois entra em
declínio quando os processos de industrialização e de desenvolvimento
econômico começam a avançar.” (Página 21).
Apesar de ser um resultado da Guerra Fria, a teoria apresentada,
segundo autor, foi formulada pelos motivos errados e com fundamento
reconhecidamente frágil. (Página 22).
Recolocando a questão distributiva no cerne da análise econômica
Piketty objetiva, neste momento, colocar a questão distributiva
novamente no centro da questão econômica e, para tanto, elogia os
economistas do século XIX por terem feito esta inclusão e pela tentativa de
estudar as tendências a longo prazo com o material que disponham na época.
As fontes utilizadas neste livro
Destaca o autor que este livro se baseia em duas fontes principais de
dados: uma série de dados que lidam diretamente com a desigualdade e a
distribuição de renda; e dados que lidam com a distribuição da riqueza e a
relação entre a riqueza e renda. Isso combinado com a dinâmica histórica da
distribuição da renda. Começando pela renda o autor explica que ampliou os
limites geográficos e temporais de trabalhos pioneiros de Kuznets na
mensuração da evolução da desigualdade da renda nos Estados Unidos de
1913 a 1948. (Página 23).
Esclareceu que o seu foco na obra não era somente estabelecer um
nível de desigualdade, mas também acima de tudo a estrutura da
desigualdade, qual origem das disparidades das rendas e das riquezas entre
os grupos sociais e as diferentes justificativas. “A desigualdade não é
necessariamente um mal em si: a questão central é decidir se ela se justifica e
se há razões concretas para que ela exista.” (Página 26).
Os principais resultados obtidos neste estudo
Ao estabelecer os resultados obtidos inicia o autor destacando que
sempre se deve desconfiar de um argumento proveniente de determinismo
econômico. Isso sempre quando o assunto for distribuição da riqueza e da
renda. Como segunda conclusão disse que a dinâmica da distribuição da
riqueza revela uma engrenagem poderosa que tende para uma convergência
ou para uma divergência, variando em si, e não existe qualquer processo
natural ou espontâneo que impeça que essas forças promovam a
desigualdade. (Página 27).
“No longo prazo, a força que de fato impulsiona o aumento da igualdade
é a difusão do conhecimento e a disseminação de educação de qualidade.”
(Página 29).
Forças de convergência, forças de divergência
A difusão do conhecimento é capaz de promover a convergência entre
os países. No entanto, as de divergência são aquelas que vão em direção do
aumento da desigualdade.
Estabelece, então, o escritor que seria essa força de convergência e
divergência. Esclarece no livro que as forças de divergências são aquelas que
garantem que os indivíduos com salários mais elevados se separe do restante
da população de modo aparentemente intransponível, além de ser um conjunto
de forças atreladas ao processo de acumulação e concentração de riqueza.
(Página 29).
A força fundamental da divergência: r > g
O autor resume a lógica de suas conclusões através da equação r > g,
sendo que R é a taxa de remuneração do capital e G representa a taxa de
crescimento.
Conclui que os processos de acumulação distribuição de riqueza
possuem forças de divergência e forças de convergência. Entretanto, sempre
predomina as forças de divergência. (Página 33).
Importante destacar que o autor trouxe o interessante fato de que a
revolução francesa introduziu precocemente o ideal de igualdade jurídica em
relação ao mercado. (Página 36).
O quadro teórico e conceitual
Piketty ressaltou que no livro utilizou de fontes e montou séries históricas
sobre distribuição da renda e da riqueza, tratou de conceitos e modelos
abstratos, e conceitos que permitem analisar a realidade histórica de forma
interessante, sempre com senso crítico e ciente da limitação da capacidade de
medir com precisão as variáveis apresentadas. (Página 39).
Estrutura do livro
Estabelece a estrutura do livro que é formada de introdução e quatro
partes, sendo que a primeira parte apresenta conceitos de renda nacional,
capital em relação capital renda, a segunda parte trata da dinâmica da relação
capital renda, a terceira parte da estrutura da desigualdade e, por fim, a quarta
parte trata da regulação do capital no século XXI.
“Portanto, objetivo único deste livro, que, pela lógica, deveria se intitular
O capital na alvorada do século XXI, é extrair das experiências dos séculos
passados algumas modestas pistas sobre o futuro, sem ilusão excessiva em
relação à sua utilidade real, pois a história sempre inventa seus próprios
caminhos.” (Página 41).

Capítulo 13

Um Estado social para o século XXI


O autor neste momento reitera que já disse na obra e defende que o
instituto ideal para acabar com essa espiral infindável de aumento de
desigualdade e retomar o controle da dinâmica em curso seria um imposto
progressivo global sobre o capital. Mas também você sabe que este imposto é
uma utopia. Por esse motivo pensou que este imposto poderia ser aplicado de
maneira regional ou continental. Mas para isso seria necessário expandir a
questão do imposto sobre o capital. (Página 459).
A crise de 2008 e retorno do Estado
Sobre a crise Piketty esclarece que a principal razão para que esta não
tivesse culminado em uma depressão tão grave quanto à de 1929 é que os
governos e os bancos centrais dos países ricos não deixaram o sistema
financeiro ruir. Criaram uma liquidez e evitaram uma cascata de falências
bancárias, falências essas que foram as causas da depressão de 1930.
(Página 460).
Ao esclarecer mal entendido, Piketty leciona que o retorno do Estado se
coloca de uma maneira diferente, posto que o peso do Estado é muito maior
hoje do que era em 1930. (Página 461).
“Essa dupla empreitada pode parecer impossível e constitui, de fato, um
desafio imenso para nossas sociedades democráticas no século que se inicia.
Porém, ela é necessária e mesmo incontornável: é impossível convencer uma
maioria dos cidadãos de que é necessário criar novos instrumentos públicos
(sobretudo no âmbito supranacional) sem demonstrar que os instrumentos já
existentes funcionam corretamente.” (Página 462).
A evolução de um Estado social no século XX
Até a primeira guerra mundial os impostos representavam -10% da
renda nacional, dado este que demonstra o pouco envolvimento do Estado na
vida econômica e social de um país. (Página 462).
Já após 1930 e no contexto de um pós-guerra de reconstrução do país é
absolutamente normal se considerar que a solução para os problemas do
capitalismo fosse um crescimento sem limite do peso do Estado e de suas
despesas sociais. Já atualmente, as escolhas não são tão simples. (Página
464).
As formas do Estado social
Ao tratar das formas do Estado social Piketty tratou e de sua
implementação ao longo do século XX, fazendo uma relação direta da
implementação do Estado social com o aumento das arrecadações
obrigatórias. (Página 464).
Tratou, assim, das despesas públicas dos países desenvolvidos, e nos
informou que as despesas públicas permitem que os governos assumam
grande parte dos custos dos serviços de educação e saúde. O objetivo é
estabelecer um acesso igualitário a bens fundamentais (educação, saúde e
aposentadoria).
Sobre as rendas de substituição e transferência, ele elucidou que estas
representam, em geral, de 10% a 15%, às vezes perto de 20%, da renda
nacional da maioria dos países ricos no século XXI. Esclareceu a diferença
entre a renda de transferência de substituição, ressaltando que ao contrário
das despesas públicas de educação de saúde a renda de transferência é
aquela que retorna população em forma de serviços, enquanto que a renda de
substituição e transferência já é aquela renda disponível dos domicílios
(pensões aposentadoria, seguro desemprego, programas de renda mínima,
etc). (Página 465).
“Junto com acesso à educação e a saúde, as aposentadorias públicas
são a terceira revolução social fundamental financiada pela revolução fiscal do
século XX.” (Página 466).
Destaca o autor que a renda mínima corresponde a menos de 1% da
renda nacional desses países, o que torna uma despesa pública quase que
significante.
Ao final deste item, conclui o autor que o desenvolvimento do Estado
fiscal corresponde a Constituição de um Estado social. (Página 466).
A redistribuição moderna: uma lógica de direitos
Piketty explica que a redistribuição moderna nada mais é do que a
transferência de riqueza dos ricos para os pobres, mas essa transferência se
dá através de um financiamento de serviços públicos e das rendas de
substituição de forma mais ou menos igualitário para todos, dando ênfase a
educação, saúde e aposentadorias. (Páginas 466/467).
Apesar de as revoluções americana e francesa terem primado pelo
princípio absoluto da igualdade de direitos no final do século XVIII, os governos
do início do século XIX se pautaram na proteção da propriedade privada.
(Página 468).
Modernizar o Estado social e não desmantelá-lo
A redistribuição moderna do Estado social estabelecido pelos países
ricos ao longo do século XX foi construída com fundamento nos direitos sociais
fundamentais à educação, à saúde e aposentadoria. (Página 468).
“O imposto não é bom nem ruim em si: tudo depende da maneira como
ele é arrecadado e do que se faz com ele.” (Página 469).
O autor defende a necessidade de sempre nos perguntarmos sobre a
possibilidade de melhorarmos os serviços de forma adapta-los cada vez mais
às necessidades públicas. Se não nos preocuparmos com essa situação, o
autor conclui que o Estado social deixará de existir. (Página 471).
As instituições educativas possibilitou a mobilidade social?
O principal objetivo das instituições educativas em todos os países por
todos os continentes sempre é possibilitar a mobilidade social. A questão que o
escritor coloca neste momento da obra é a seguinte: “a massificação do ensino
permitiu uma renovação mais rápida entre vencedores e perdedores dentro da
hierarquia das qualificações para uma dada a desigualdade?” Ele conclui que
não. (Página 471). Acrescenta que a renda do país tornou-se um indicador
quase perfeito do acesso à universidade. (Página 472).
Meritocracia e oligarquia na universidade
Piketty constata que existe uma desigualdade de acesso à universidade
e isso porque, além dos altos custos da matrícula nas universidades privadas
de maior prestígio, existe também o critério transparente referente à
capacidade financeira dos pais em fazer doações às universidades. (Páginas
472 473). Assim, um dos maiores desafios do Estado social no século XXI é
fazer com que haja igualdade verdadeira de oportunidades no ensino superior.
(Página 472).
O futuro das aposentadorias: repartição e crescimento fraco
Sobre as aposentadorias esclarece o autor que elas dependem do
princípio da repartição, ou seja, quando as cotas arrecadadas sobre os salários
são utilizados diretamente para pagar as pensões dos aposentados. (Página
475).
Atualmente, os Estados têm necessitado fazer reformas para
manutenção da aposentadoria, e Piketty nos diz que uma das principais
dificuldades enfrentadas por essas reformas é o fato de que aposentadoria, nos
moldes atuais, atinge uma complexidade extrema. Apresenta como solução a
criação de um sistema único de aposentadorias fundado em cotas individuais.
(Página 477).
“Aposentadoria é o patrimônio daqueles que não possuem patrimônio,
como muitos dizem. É verdade, mas isso não descarta que você tente fazer
com que a acumulação patrimonial também possa fazer parte da vida dos mais
modestos.” (Página 477).
A questão do Estado social nos países pobres e emergentes
O autor estabelece uma relação direta do desenvolvimento do Estado
fiscal e social com o processo de construção de um Estado. A dificuldade dos
países pobres e emergentes, portanto, se deve a baixíssima arrecadação. No
entanto, continua sendo de grande importância para o mundo o
desenvolvimento desses países. (Página 478 e 479).

Capítulo 14

Repensar o imposto progressivo sobre a renda


O autor trata do imposto progressivo sobre a renda e do imposto
progressivo sobre as heranças como duas inovações surgidas no século XX.
(Página 480).
A redistribuição moderna: a questão da progressividade fiscal
Piketty trata da importância do imposto para que a sociedade possa se
desenvolver. Traz, também, a distinção entre imposto de renda, os impostos
sobre o capital e os impostos sobre o consumo. Ressalta que no século XX
surgiu uma quarta categoria de arrecadação: as contribuições sociais. (Página
481). Tais impostos, para serem caracterizados, devem utilizar como critério o
caráter mais ou menos proporcional ou progressivo da arrecadação.
“O imposto é dito proporcional quando sua taxa é a mesma para todos
[...]. Um imposto é progressivo quando sua taxa é mais alta para os mais ricos
[...] e mais baixa para os mais humildes. Um imposto pode ser também
regressivo, quando a taxa diminui para os mais ricos, seja porque eles
conseguem escapar em parte ao regime normal [...] ou porque o regime normal
prevê que o imposto seja regressivo [...].” (Página 482).
O imposto progressivo: o papel localizado, porém essencial
Neste item o autor trata de dados que comprovariam uma possível
regressividade fiscal no topo da hierarquia social, e enfatiza que se essa se
ampliar o futuro pode ocorrer uma dinâmica de desigualdade patrimonial e até
possivelmente a volta de uma enorme concentração de capital. Esse
crescimento faz com que o Estado social e fiscal seja enfraquecido
principalmente nas classes médias que obviamente não aceitam pagar mais do
que as classes mais elevadas. Por essa razão, defende a progressividade do
sistema fiscal como uma maneira vital de manter um Estado social moderno.
O imposto progressivo no século XX: o efêmero produto do caos
O autor traz um vasto conteúdo histórico para tratar da origem do
imposto progressivo, e que este seria uma consequência da democracia e do
sufrágio universal.
O gráfico I4 da página 486 trata da taxa superior do imposto de renda
dos anos de 1900 a 2013, nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e
França. Nota-se, como exemplo, que nos Estados Unidos o imposto sobre a
renda passou de 70% nos anos 1980 para 28% em 1988. Estabelece o autor,
também, relação direta da implementação desse imposto com o pós-guerra.
Ressalta, então, que na França, a Terceira República criou em 1872 um
imposto sobre a renda dos valores mobiliários, um tipo de imposto proporcional
que se aplicava os juros, dividendos e outras rendas financeiras. (Página 488).
A questão do imposto progressivo na terceira república
A França adotou o princípio da progressividade fiscal somente a partir da
primeira guerra mundial, quando passou a aplica-lo no imposto sobre as
heranças, imposto este instituído pela revolução francesa.
Trouxe um novo gráfico que trata da taxa superior de imposto sobre
herança, dos anos de 1900 a 2013, no qual nos Estados Unidos passou de
70% em 1980 para 35% em 2013. (Página 490).
O imposto confiscatório sobre as rendas excessivas: uma invenção
americana
Os Estados Unidos inventou o imposto confiscatório sobre as rendas e
os patrimônios julgados excessivos.
“O imposto progressivo exprime de certa forma um compromisso ideal
entre justiça social e liberdade individual.” (Página 492).
Os Estados Unidos, no período entre guerras, chegou a cobrar taxa
superior do imposto federal sobre a renda, em média, de 81%, no período que
compreendeu os anos de 1932 a 1980. O autor destaca que na Europa jamais
se praticou tais taxas, com exceção da Alemanha que cobrou entre os anos de
1947 e 1949 taxa superior a 90%. Mas nota-se que se trata de período em que
os cálculos eram fixados pelas autoridades dos Aliados na ocupação.
Da mesma forma os Estados Unidos agiu em relação ao imposto
progressivo sobre as heranças.
A explosão dos salários dos executivos: o papel do regime fiscal
O escritor faz uma correlação, que denomina perfeita, entre as taxas
superiores e os salários dos grandes executivos. Ou seja, aqueles países que
baixaram suas taxas superiores são também aqueles que tiveram as rendas
mais elevadas, ao passo que os países que baixar um pouco suas taxas
superiores viram suas rendas elevadas progredirem de forma mais moderada.
Assim, traz a seguinte explicação realista: “a redução da taxa superior,
particularmente massiva nos Estados Unidos e no Reino Unido, transformou
por completo os modos de formação de negociação dos salários dos
executivos.” (Página 496).
Identidades nacionais e desempenho econômico
O escritor conclui que as variações da taxa marginal é que explicam os
grandes aumentos da remuneração dos executivos em certos países e não em
outros.
Repensar a questão da taxa marginal superior
A taxa marginal superior e a progressividade fiscal indicam que na
realidade a utilização de taxas confiscatórias no topo da hierarquia das rendas
é a única maneira de conter os grandes aumentos de salários observados nos
topos das grandes empresas.
“Dito isso, a história do imposto progressivo ao longo do século passado
sugere que o risco de ser impulsionado em direção a uma oligarquia é real e
não incentiva em nada o otimismo em relação a evolução americana. Foram as
guerras, e não sufrágio universal, que conduziram à ascensão do imposto
progressivo.” (Página 500).

Capítulo 15

Um imposto Mundial sobre o capital


Para o autor o imposto mundial e progressivo sobre o capital é a única
alternativa para que a democracia retome o controle do capital financeiro
globalizado no século XXI. Por isso, o Estado social em um posto progressivo
sobre a renda não são suficientes para este objetivo.
O imposto Mundial sobre o capital: uma utopia útil
Piketty trata desse imposto mundial sobre o capital como utópica, pois
jamais as nações aceitariam cobrar o imposto sobre a fortuna e depois dividi-
las por igual entre todos os países. No entanto, defende que essa utopia é útil,
primeiro como ponto de referência, e depois por ser perfeitamente aplicável em
escala continental o regional.
Defende, ainda, que este imposto deve ser progressivo e anual sobre o
patrimônio global: “trata-se de tributar mais os patrimônios maiores e de levar
em consideração o total dos ativos, quer sejam imobiliários, financeiros ou
corporativos, sem exceção.” (Página 503).
Um objetivo de transparência democrática e financeira
Inicia o item esclarecendo que o imposto sobre capital não tem como
objetivo substituir todos os recursos fiscais existentes, até mesmo porque se
trata de um complemento bem modesto (de três a quatro pontos no máximo).
Ressalta, então, que o principal papel deste imposto não é financiar o Estado
social, mas sim regular o capitalismo.
Nos países em que já existe o sistema do imposto de renda, poderia se
adotar o imposto sobre o capital através de uma declaração preenchida
previamente pelo Estado, o que traria uma dupla vantagem: simplificar a vida
do contribuinte e evitar a redução do valor dos seus bens. Não se vê com
dificuldade a implementação de sistema de declaração pré-preenchida uma vez
que nos países desenvolvidos bancos, corretoras, intermediários financeiros,
etc., já são obrigados a informar dados sobre contas bancárias ou outros ativos
que eles gerenciam para o Estado.
“Um sistema assim, aplicado automaticamente a toda população, é mais
apropriado ao século XXI do que a solução arcaica de contar com a memória e
a boa fé de todos ao preencher a declaração.” (Página 507).
Uma solução simples: as transmissões automáticas de informações
bancárias
Em complemento ao item anterior, o autor esclarece a dificuldade de
esse transmitir automaticamente informações bancárias para o âmbito mundial
e incluir nas declarações pré-preenchidas os ativos situados em bancos no
exterior. Mas, continua a defender esta modalidade de imposto, arguindo que já
existe essa comunicação em países com milhares de habitantes. Seria
possível, então, aplicar esse sistema em nível mundial.
O autor destaca que a Lei Fatca, aprovada em 2010 nos Estados
Unidos, é a tentativa mais avançada até hoje de se pôr fim ao atual sistema
fiscal.
“Perceberemos, por fim, que hoje o objetivo da lei Fatca, assim como
das diretivas europeias, não é estabelecer declarações pré-preenchidas dos
patrimônios e arrecadar um imposto progressivo sobre o patrimônio global,
mas, antes de tudo, poder estar nos ativos possuídos por cada endivido, para
necessidades internas de administração fiscal, em especial para corrigir
eventuais lacunas nas declarações de renda.” (Página 510).
Para que serve o imposto sobre o capital?
Piketty trata de duas lógicas que justificam a necessidade de imposto
sobre o capital: uma lógica da contribuição e uma lógica do incentivo. Trata,
portanto, apenas da contribuição, segundo a qual se busca captar a real
capacidade contributiva.
Lógica de contribuição, lógica de incentivo
Neste item o autor trata da lógica de incentivo, segundo a qual o imposto
sobre o capital pode incentivar os detentores de patrimônio a obter melhores
rendimentos.
“Assim, esses três impostos - sobre herança, a renda e o capital - tem
papéis úteis e complementares (mesmo se a renda for perfeitamente
observável para todos os contribuintes, a despeito do tamanho de sua
riqueza)”. (Página 513).
Esboço de um imposto europeu sobre a riqueza
O autor enfatiza que o imposto proposto é o imposto anual sobre o
capital aplicado de maneira permanente e com taxas relativamente moderadas,
de modo que gerem ainda assim receitas bastante significativa.
“Seria realista um imposto europeu sobre a fortuna? Não há nenhuma
restrição técnica. Trata-se do instrumento mais adaptado para os desafios
econômicos deste início do século XXI, particularmente para o velho
continente, onde os patrimônios privados atingiram uma prosperidade nunca
vista desde a Belle Époque.” (Página 516).
O imposto sobre o capital na história
Novamente Piketty trata do fundamento histórico do imposto sobre o
capital principalmente nos Estados Unidos, Reino Unido e França. Destaca que
atualmente na França é aplicado imposto sobre a fortuna e que este se baseia
nos valores de mercado de diferentes tipos de ativos e avaliados a cada ano.
Conclui que o imposto sobre o capital é uma ideia nova e que deve ser
totalmente repensada no século XXI, no atual contexto histórico, “tanto em
termos de taxas de tributação como de suas modalidades práticas, por meio de
uma lógica de troca automática de informações bancárias internacionais, de
declarações pré-preenchidas e de valores de mercado.” (Página 520).
As regulações alternativas: protecionismo e controle de capital
Ressalta que a maneira mais simples de um Estado isolado recuperar
um pouco de soberania econômica e financeira é recorrer ao protecionismo e
aos controles de capital. Assim, poderia ter alternativas que não
implementação do imposto sobre o capital.
O mistério da regulação chinesa do capital
A China é o caso de um país em que a moeda não é conversível e que
controla rigorosamente tanto capital que entra em seu país quanto capital que
sai de seu país. Destaca que discorda da regulação do capital chinês, o qual
classifica como o opaco e instável. Mas considera que o controle do capital
pode ser uma maneira de regular e conter a dinâmica das desigualdades
patrimoniais.
“Em todo caso, se os países europeus não se unirem para estabelecer
uma regulação cooperativa e eficaz do capital, podemos apostar que as
medidas de controle individual e de preferência nacional (que, aliás, já
começaram, com uma promoção às vezes irracional dos campeões nacionais e
dos acionistas locais, imaginando-se, com certeza, que eles sejam mais fáceis
de controlar do que os acionistas estrangeiros, o que costuma ser ilusório) se
desenvolverão cada vez mais. Nesse plano, a China está tão à frente que seria
difícil alcança-la. O imposto sobre o capital é uma forma liberal de controle do
capital e mais adequada à vantagem comparativa da Europa.” (Página 522).
A questão da redistribuição da renda do petróleo
O autor trata da distribuição do petróleo como uma questão importância
para que haja o fim das desigualdades. Se houvesse uma só comunidade
global com imposto ideal sobre o capital não teria problemas, já que este
imposto redistribuiria os lucros das rendas advindas do petróleo. No entanto
não é o que ocorre, tornando-se uma questão a ser resolvida mediante
intervenção militar, sanções, impostos, ajudas internacionais, ou qualquer outra
maneira de impor a divisão mais justa da renda do petróleo, a fim dar
oportunidades de desenvolvimento aos países que não tem petróleo.
A redistribuição pela imigração
Trata da imigração como uma forma pacífica desse redistribuir a renda e
regular a desigualdade do mundo. Mas resolve apenas uma parte do problema
da desigualdade.

Capítulo 16

A questão da dívida pública


Inicia o capítulo tratando das duas principais formas de financiar as
despesas de um Estado, que são impostos e dívidas. Obviamente que o
imposto é a maneira mais adequada de receita, ao passo que a dívida deve ser
paga.
Reduzir a dívida pública: imposto sobre o capital, inflação ou austeridade
Imposto, inflação e austeridade são os três modos principais de reduzir a
dívida pública. A pior solução, segundo Piketty, a austeridade, é justamente a
que tem sido adotada pela Europa atualmente.
Como solução para reduzir a dívida pública a zero trata da privatização
de todos os ativos públicos, solução essa com a qual não concorda.
Argumenta, também, que se poderia arrecadar um imposto excepcional sobre o
capital privado. Defende que esta é uma forma muito mais satisfatória de se
reduzir a dívida pública.
Na ausência do imposto, por fim, pode recorrer à inflação.
A inflação permite redistribuir as riquezas?
A inflação como solução para redução da dívida pública é tentadora e foi
utilizada por muitos países ao longo da história como, por exemplo, na França
e na Alemanha. No entanto, não é a saída adequada já que a inflação pode
trazer diversos efeitos secundários, tal como a perda de seu descontrole e a
perda de boa parte de seus efeitos desejados a partir do momento em que se
torna permanente e antecipada.
Traz o autor um argumento a favor da inflação uma vez que penaliza
aqueles que não sabem o que fazer com seu dinheiro, ou seja, que deixam sua
liquidez nas contas bancárias, encontros e carteiras pouco dinâmicas ou
debaixo do colchão.
“No final das contas, a verdade é que a inflação é um instrumento
relativamente grosseiro e impreciso. A redistribuição de riqueza desejada às
vezes vai na direção certa e, às vezes, na direção errada. [...] Quer se trate de
reduzir as desigualdades patrimoniais em caráter permanente ou reduzir a
dívida pública excepcionalmente elevada, o imposto progressivo sobre o capital
é, em regra geral, um instrumento muito melhor do que a inflação.” (Página
533).
O que fazem os bancos centrais?
Dentro de uma longa perspectiva histórica o autor traz a importância do
papel geral dos bancos centrais na questão da dívida pública. Conclui que o
banco central possui papel de importância imensurável, tal como vimos na crise
de 2007-2008, quando trouxeram estabilidade ao sistema financeiro. “Isso não
significa, porém, que exista um consenso sobre a natureza exata das políticas
monetárias “não convencionais” que devem ser adotadas então situações.”
(Página 535).
Criação monetária de capital nacional
O Banco Central não cria riquezas. Ele apenas as redistribuem.
Ao emprestar dinheiro para empresas que estão prestes a falir, evita,
assim, a falência definitiva e uma possível desestabilização econômica no país
de sua sede. Apesar disso, é fato que esse empréstimo não terá impacto
algum, imediatamente, sobre o capital nacional, capital público e o capital
privado. A força do Banco Central, então, está em poder redistribuir de uma
maneira muito rápida e em proporções infinitas.
Por outro lado os bancos centrais são dotados de uma fragilidade, qual
seja, a capacidade de decidir a quem emprestar, o quanto emprestar e por
quanto tempo emprestar é muito limitada.
“Entre as várias controvérsias quanto aos limites do papel dos bancos
centrais, duas questões interessam especialmente a nossa pesquisa e merece
mais discussões. De um lado, a complementaridade entre a regulação bancária
e o imposto sobre o capital (questão perfeitamente ilustrada pelo exemplo
recente da crise cipriota) e, de outro, as limitações cada vez mais evidentes da
arquitetura institucional atual da Europa (que experimenta uma construção
inédita na história, ao menos nesta escala: uma moeda sem Estado).” (Página
538).
A crise cipriota: quando imposto sobre o capital se junta à regulação
bancária
O autor inicia o item dizendo que o principal papel insubstituível dos
bancos centrais é de garantir a estabilidade do sistema financeiro.
A crise cipriota diz respeito à crise ocorrida no Chipre em março de
2013. A crise consistiu no sumiço de boa parte do dinheiro do país, uma vez
que os mais ricos simplesmente investiram em outros países. Assim, a Troika
decidiu aplicar um imposto sobre os depósitos bancários, o que foi repudiado
violentamente pela população. No fim, isentaram os depósitos inferiores a cem
mil euros e o restante permaneceu impreciso.
“Esse episódio é interessante por ilustrar as limitações dos bancos
centrais e das autoridades financeiros. Sua força é a rapidez de ação; sua
fraqueza, a capacidade limitada de direcionar corretamente as redistribuições
que eles realizam. A conclusão é que o imposto progressivo sobre o capital não
é só útil enquanto imposto permanente como também pode desempenhar um
papel central na forma de arrecadação excepcional (com taxa as vezes bem
mais elevadas) no contexto da regulação de grandes crises bancárias. [...] não
podemos excluir por completo que o imposto progressivo sobre o capital
suscite impedimentos puramente ideológicos e que esses bloqueios estejam
ainda longe de ser superados.” (Página 541).
O euro: uma moeda sem Estado para o século XXI?
O euro deveria, em tese, trazer os Estados além de uma união
monetária, uma união política, fiscal e orçamentária além de uma cooperação
cada vez mais estreita entre os países. Contudo, não é isso que vem
acontecendo. Trata o autor da dificuldade enfrentada pelo Banco Central
Europeu que necessita, além de lidar com os assuntos de sua própria
competência, desempenhar um papel estabilizador de 17 governos nacionais
com 17 dívidas públicas.
A questão da unificação europeia
O escritor defende que somente uma unificação das dívidas públicas da
zona do euro permitiria sair dessas contradições.
A declaração única de lucros de toda Europa e a taxação em função de
um critério menos manipulável do que o sistema atual poderia ser a solução
para o atual problema: as empresas multinacionais pagar o montante de
impostos sobre empresas totalmente insignificantes ficando totalmente
impunes. Ocorre algo semelhante com capital individual, já que a maior parte
das convenções fiscais aplicadas é o da residência. Esse princípio é muito
prático mas está cada vez mais difícil de ser aplicado na Europa, sobretudo nas
áreas de fronteira.
“Tudo isso é o tópico? Não mais do que criar uma moeda sem um
Estado. A partir do momento em que os países renunciaram a soberania
monetária, parece indispensável dar-lhes uma soberania fiscal sobre assuntos
que escapam, hoje, aos Estados-nação, como as taxas de juros da dívida
pública, imposto progressivo sobre o capital ou a tributação dos lucros das
empresas multinacionais. Para os países europeus, a prioridade hoje deveria
ser criar um poder público continental capaz de retomar o controle do
capitalismo patrimonial e dos juros privados, bem como elevar o modelo social
europeu no século XXI. Os pequenos desacordos entre os modelos nacionais
são relativamente secundários, pois é a sobrevivência do modelo comum que
está em questão.” (Página 546).
Poder público e acumulação do capital no século XXI
O autor apresenta neste item uma série de dados e raciocínios
matemáticos para tratar do assunto referente à acumulação de capital.
Ressaltou a importância dessa discussão em face dos déficits europeus e das
controvérsias sobre as consequências do aquecimento global, ambos os
debates iniciados no começo do século XXI.
Juridicismo e política
O autor defende que não é muito sensato fixar critérios orçamentários
sobre as de jurídica constitucional. Sua defesa se dá com base na experiência
histórica que demonstra que dar a um juiz constitucional esse poder, seria uma
forma de regredir democraticamente. A história demonstra que esses juízes
sempre tendem a fazer interpretações extensas e prejudiciais, além de muito
conservadoras, dos textos jurídicos sobre questões fiscais orçamentárias.
“Essa é a razão central porque é necessário reduzir o quanto antes tal
dívida, idealmente por meio de uma arrecadação progressiva e excepcional
sobre o capital privado e, se não for possível, pela inflação. Em todo caso,
essas decisões devem vir de um parlamento soberano e de um debate
democrático.” (Página 551).
Aquecimento global e capital público
O aquecimento global a que se refere o autor diz respeito basicamente à
deterioração do capital natural ao longo do século XXI. Defende que esse
assunto é ainda mais importante do que o fim da dívida pública, uma vez que
se trata de uma questão seriamente complexa, que nenhum imposto ou
decisão política é capaz de resolver.
Transparência econômica e controle democrático capital
O principal desafio, segundo Piketty, do futuro é o desenvolvimento de
novas formas de propriedade e de controle democrático do capital. Nesse
contexto, a transparência econômica e financeira é de extrema importância,
mas não deixa de ser um desafio fiscal.
“Sem uma verdadeira transparência contábil e financeira, sem formação
partilhada, não pode haver democracia econômica. Por outro lado, sem direitos
concretos de intervenção nas decisões das empresas (como os direitos de voto
para os funcionários nos conselhos administrativos), a transparência não tem
grande utilidade. A informação deve nutrir as instituições fiscais democráticas;
ela não é um fim em si. Para que a democracia venha um dia a retomar o
controle do capitalismo, é necessário, em primeiro lugar, partir do princípio de
que as formas genuínas de democracia do capital estão e sempre estarão para
ser reinventadas.” (Página 554).
Conclusão

A contradição central do capitalismo: r > g


A desigualdade representada pela equação acima, exprime uma
contradição lógica fundamental. O capital se reproduz sozinho mais rápido do
que cresce a população. Uma das soluções apresentadas pelo autor, inclusive
como a melhor delas, é o imposto progressivo anual sobre o capital. Entretanto,
conclui que somente a integração política regional permitirá almejar uma
regulação eficácia do capitalismo patrimonial globalizado do século que se
inicia.
Para uma economia política e histórica
Ao contrário dos economistas que há muito tempo buscam definir suas
identidades a partir de seus supostos métodos científicos. Mas, o autor defende
um estudo que integra diversas ciências, inclusive história e a política. Com
base nisso é que a obra foi elaborada, e por isso que o autor utilizou fontes que
não são costumeiramente utilizadas pelos economistas.
O jogo dos mais pobres
“Mas me parece que os pesquisadores em ciências sociais de todas as
disciplinas, os jornalistas e comentaristas, os militantes sindicais e os políticos
de todas as tendências, e, sobretudo, todos os cidadãos deveriam se interessar
com seriedade pelo dinheiro, por sua medida, pelos fatos e pelas revoluções
que o rodeiam. Aqueles que possuem muito nunca se esquecem de defender
seus interesses. Recusar-se a fazer contas raramente traz benefícios aos mais
pobres.” (Página 561).

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