Você está na página 1de 18

1a Lei da Termodinâmica

PME3398
Fundamentos de Termodinâmica e Transferência de Calor

Prof. Dr.-Ing. Fernando Luiz Sacomano Filho

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 1


Breve revisão

1. 1ª Lei para um sistema que percorre um ciclo


2. 1ª Lei para uma mudança de estado num sistema
3. Energia interna
4. Análise do problema e técnica de solução
5. Entalpia

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 2


Plano de aula

1. Revisão da aula anterior


2. Calores específicos a volume e a pressão constante
3. Energia interna, entalpia e calores específicos de gases perfeitos
4. 1ª Lei em termos de fluxo

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 3


Calores específicos a volume e a pressão
constante

▪ Consideremos uma substância com composição constante e que apresente


uma única fase.
▪ Calor específico → quantidade de calor necessária para elevar a
temperatura de uma unidade de massa de uma substância em um grau.

▪ De acordo com a 1ª Lei, calor é dado por:


Q = dU + d ( EC ) + d ( EP ) + W
▪ Considerando-se um processo quase-estático e o trabalho associado ao
movimento de fronteira:
Q = dU + d ( EC ) + d ( EP ) + pdV
▪ Ao se desprezar as variações de EC e EP:
Q = dU + W = dU + pdV
▪ Vamos considerar a definição de calor específico em duas situações
distintas → volume constante e pressão constante

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 4


Calores específicos a volume e a pressão
constante

Q = dU + W = dU + pdV

Volume constante
▪ Se o volume é constante, o termo referente ao trabalho se anula,
portanto:
1  Q  1  U   u 
cv =   =   = 
m  T v m  T v  T v

Pressão constante
▪ Se a pressão é constante, o termo do trabalho pode ser integrado. Os
termos pV resultantes podem ser associados as energias internas (de
seus respectivos estados – inicial e final).
1  Q  1  H   h 
cp =   =   = 
m  T  p m  T  p  T  p
2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 5
Calores específicos a volume e a pressão
constante

▪ Observação: em cada um dos casos especiais, a expressão resultante


contém somente propriedades termodinâmicas.

 u   h 
cv =   cp =  
 T  v  T  p

▪ Portanto, os calores específicos são propriedades termodinâmicas!

▪ Apesar de que o conceito foi introduzido levando-se em consideração a


quantidade de calor para se elevar a temperatura de um sistema em
uma unidade (com posterior desenvolvimento muito específico), o
resultado é o conjunto de propriedades termodinâmicas.

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 6


Calores específicos a volume e a pressão
constante

Sólidos e líquidos
▪ Consideraremos que os efeitos de compressibilidade não são
importantes → praticamente incompressíveis

dh = du + d ( pv ) = du + vdp

▪ Se o volume específico for muito pequeno:

dh  du  cdT
onde c é o calor específico a pressão ou a volume constante.

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 7


Energia interna, entalpia e calores específicos
de gases perfeitos

▪ A energia interna de qualquer substância pura compressível é função


das duas propriedades independentes que definem o estado
termodinâmico.
▪ Quando a massa específica é baixa, u passa a depender
predominantemente da temperatura, enquanto varia pouco com p e v.

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 8


Energia interna, entalpia e calores específicos
de gases perfeitos

▪ Podemos extrapolar este comportamento para regiões onde a massa


específica é baixa o suficiente para que o modelo de gás perfeito se
torne válido.
u = f (T )

▪ A relação entre a energia interna e T pode ser estabelecida com cv:


 u 
cv =  
 T  v
▪ Como u para um gás perfeito não é função do volume:
du
cv 0 =  du = cv 0 dT
dT
onde o índice 0 indica o calor específico para um gás perfeito.

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 9


Energia interna, entalpia e calores específicos
de gases perfeitos

▪ Da definição de entalpia, temos que:


h = u + pv = u + RT ( pv = RT )
▪ Como R é uma constante e u é função apenas de T, temos que a entalpia de um
gás perfeito também é uma função apenas de T.
h = f (T )

▪ Análogo ao realizado para u, a relação entre h e T pode ser dada pela definição
de cp:
 h 
cp =  
 T p
▪ Uma vez que, a entalpia independe da pressão para um gás perfeito:
dh
c p0 =  dh = c p 0 dT
dT

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 10


Energia interna, entalpia e calores específicos
de gases perfeitos

▪ Tendo em vista que u e h de um gás


perfeito são funções apenas de T,
os calores específicos também só
dependem de T.
cv 0 = f (T )
c p 0 = f (T )
▪ A dependência do calor específico
com T está associada às energias
moleculares de vibração e
eletrônica (esta última de menor
importância). Portanto, moléculas
monoatômicas apresentam
pequena ou nenhuma variação de
calor específico com T.

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 11


Energia interna, entalpia e calores específicos
de gases perfeitos

▪ Uma relação importante entre cv e cp pode ser obtida a partir da definição


de entalpia:
h = u + pv = u + RT

▪ Diferenciando:

dh = du + RdT
c p 0 dT = cv 0 dT + RdT c p 0 = cv 0 + R
▪ Na base molar

c p 0 = cv 0 + R

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 12


Energia interna, entalpia e calores específicos
de gases perfeitos

▪ Considerações sobre calores específicos para gases perfeitos. 3 casos a


serem examinados:
1. Admitir constante. Tomar temperatura média do processo.
2. Utilizar equação ajustada empiricamente de resultados de termodinâmica
estatística (Tabela A.6).
3. Tabelas de gás ideal → resultados de integrações de equações oriundas a
termodinâmica estatística (Tabelas A.7 e A.8).

ADVERTÊNCIA
Note que o modelo de gás perfeito não é válido
para modelar o comportamento das substâncias
em muitos dos nossos problemas!

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 13


Equação da 1ª Lei em termos de fluxo

▪ Em muitos casos há interesse em se empregar a equação da 1ª Lei em termos


de fluxo → taxa média ou instantânea da energia que cruza a fronteira e da
variação da energia do sistema.
▪ Observação: neste ponto estamos nos afastando da abordagem estritamente
clássica, em que consideram-se estados em equilíbrio → o tempo não é um
parâmetro pertinente no estado de equilíbrio!
▪ Entretanto, como esta nova abordagem deriva-se dos conceitos da
termodinâmica clássica (e é bastante utilizada em diversas aplicações) ela será
considerada no curso.
▪ Consideremos a 1ª Lei:
Q = U + ( EC ) + ( EP ) + W
▪ Dividindo por um intervalo de tempo δt:
Q U ( EC ) ( EP) W
= + + +
t t t t t

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 14


Equação da 1ª Lei em termos de fluxo

▪ Calculando os limites destes termos quando δt tende a 0:

Q  W 
lim =Q lim =W
t →0 t t →0 t
Taxa de transferência Potência
de calor

U dU (EC ) d (EC ) (EP) d (EP)


lim = lim = lim =
t →0 t dt t →0 t dt t →0 t dt

▪ Assim, obtemos a 1ª Lei em termos de fluxo:

 dU d ( EC ) d ( EP) 
Q= + + +W
dt dt dt

 dE 
Q= +W
dt

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 15


Exercício 4

▪ Calcular a variação de entalpia para 1 kg de oxigênio quando este é


aquecido de 300K a 1500K. Admita modelo de gás perfeito, com calor
específico:
a) calculado com a tabela de gás ideal;
b) dado por expressão analítica;
c) constante.

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 16


Exercício 5

▪ O conjunto cilindro-pistão mostrado na figura contém,


inicialmente, 2 kg de ar a 200 kPa e 600K (estado 1).
O ar é expandido num processo a pressão constante,
até que o volume se torne igual ao dobro do inicial
(estado 2). Neste ponto, o pistão é travado com um
ar
pino e transfere-se calor do ar até que a temperatura
atinja 600K (estado 3). Determine a pressão e a
temperatura para os estados 2 e 3 e calcule Δh, W e Q
para os dois processos.

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 17


Exercício 6

▪ Por meio de um hélice, realiza-se 200 kJ de trabalho sobre o ar no


interior de um recipiente isolado de volume 2m3. Se a pressão e a
temperatura iniciais forem 200 kPa e 100 °C, respectivamente,
determine T e p finais.

2023 | Fernando Luiz Sacomano Filho | 18

Você também pode gostar