Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Uma das aplicações da análise modal experimental é a avaliação da integridade
estrutural. O ensaio dinâmico fornece os valores de freqüência natural, cujas
variações podem ser utilizadas para identificar a presença e a magnitude do dano e
determinar a rigidez equivalente de peças já fissuradas. Dentre os vários aspectos de
interesse relacionados ao comportamento dinâmico das estruturas de concreto armado,
cita-se como relevante a questão da danificação progressiva de seus elementos. Neste
trabalho foi avaliada a integridade de elementos estruturais de concreto, discutindo os
resultados da análise modal experimental em função do nível de danificação. Foram
realizados ensaios em elementos de concreto simples para avaliação do módulo de
elasticidade, tanto pelo método estático como pelo método dinâmico, observando a sua
variação em função da microfissuração, resistência à compressão e idade do concreto.
Os ensaios experimentais foram realizados em corpos-de-prova cilíndricos e
prismáticos, sendo os resultados dos ensaios de vibração livre comparados aos
resultados obtidos com os ensaios estáticos usuais. Também foram realizados ensaios
estáticos e dinâmicos em vigas de concreto armado, de tamanho reduzido, para análise
do comportamento de parâmetros dinâmicos ao longo de um processo de danificação.
Demonstra-se a viabilidade dos ensaios não-destrutivos dinâmicos para a
determinação das propriedades do material e dos elementos de concreto armado, além
das vantagens econômicas, facilidade de execução e confiabilidade.
1 INTRODUÇÃO
1
Mestre em Engenharia de Estruturas - EESC-USP, sfalmeida@yahoo.com
2
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, jbhanai@sc.usp.br
fornece os valores de freqüência, entre outros parâmetros, cujas variações podem ser
utilizadas para identificar a presença do dano e determinar a rigidez equivalente de
peças já fissuradas. Como os ensaios não-destrutivos apresentam a vantagem de
fornecer informações globais da estrutura, eles podem ser repetidos e comparados ao
longo do tempo, além de apresentar baixo custo, rapidez e confiabilidade.
Dentre os aspectos de interesse relacionados ao comportamento dinâmico da
estrutura, cita-se como relevante a questão da danificação progressiva de elementos
de concreto. Com o aumento do carregamento e a evolução da fissuração, existe
uma diminuição da freqüência natural e um aumento do amortecimento. Essas
alterações refletem as mudanças ocorridas na estrutura interna (aumento das
microfissuras no concreto e conseqüente redução do módulo de elasticidade) e
também as mudanças na rigidez de elementos estruturais submetidos a carregamento
progressivo (redução da seção transversal e do valor da rigidez). Dessa forma, é
possível obter os valores de rigidez equivalente, que considera a existência de seções
não-fissuradas e a não-linearidade do material, em diferentes estágios de fissuração.
O objetivo principal deste trabalho foi avaliar, por meio de técnicas de análise
dinâmica experimental, a condição de integridade ou nível de danificação de
elementos estruturais de concreto, investigando especialmente a modificação de suas
propriedades modais. Foi estudada a influência da idade e da resistência à
compressão de elementos de concreto simples, nos valores da freqüência natural, e
conseqüentemente, nos valores do módulo de elasticidade obtidos para diferentes
intensidades de danificação, introduzida por compressão simples. Os ensaios
experimentais foram realizados em corpos-de-prova (CPs) cilíndricos e em prismas, e
aplicados métodos estáticos e dinâmicos (vibração livre) para a determinação do
módulo de elasticidade. Também foram realizados ensaios estáticos e dinâmicos em
vigas de concreto armado, de tamanho reduzido, para análise do comportamento de
parâmetros dinâmicos ao longo de um processo de danificação por fissuração e para
a determinação da rigidez à flexão equivalente nos diferentes estágios de solicitação.
nos resultados dos ensaios dinâmicos, fazem com que o módulo dinâmico seja um
parâmetro global, obtido de maneira integrada e com um alto grau de confiabilidade.
O módulo de elasticidade dinâmico está relacionado, quase totalmente, ao
comportamento elástico do concreto, já que durante a vibração são aplicadas tensões
muito baixas (NEVILLE, 1982), apresentando deformações instantâneas muito
pequenas. Dessa forma, o Ec,d possui valor próximo ao módulo tangente inicial
estático (Ec,0) e, conseqüentemente, maior que o módulo secante estático (Ec,s).
Segundo Mehta & Monteiro (1994), o Ec,d é geralmente 20, 30 e 40 % maior do que o
módulo estático para concretos de alta, média e baixa resistências, respectivamente.
Algumas relações empíricas relacionam o módulo estático (Ec) e o dinâmico
(Ec,d), porém são limitadas a intervalos específicos. São apresentadas a seguir:
¾ O Código Britânico de Prática de Uso Estrutural do Concreto CP 110:1972
estabelece que: para concretos com teor de cimento menor que 500 kg/m³ ou
para concretos com agregados de peso normal a relação entre os módulos é
dada pela equação (1); para teor de cimento maior que 500 kg/m³ ou para
concretos com agregados leves a relação é dada pela equação (2):
3 FREQÜÊNCIA NATURAL
Κn E ⋅I
f = ⋅ (5)
2 ⋅ π m ⋅ l3
λn E⋅A
f' = ⋅ (6)
2⋅π m⋅l
E c,d = Cm ⋅ m ⋅ f 2 (9)
Tabela 1 - Valores de T, para coeficiente de Poisson (ν) = 1/6. Fonte: ASTM C-215:1991.
i/l T i/ l T i/ l T i/ l T
0,00 1,00 0,05 1,20 0,10 1,73 0,20 3,58
0,01 1,01 0,06 1,28 0,12 2,03 0,25 4,78
0,02 1,03 0,07 1,38 0,14 2,36 0,30 6,07
0,03 1,07 0,08 1,48 0,16 2,73 - -
0,04 1,13 0,09 1,60 0,18 3,14 - -
Martelo
Acelerômetro
Martelo
Sistema
6000 Acelerômetro
Sistema
Molas Computador 6000
0,224l
l
0,5l Computador
l
introdução de um fator de correção (T). Esse fator é obtido por uma formulação que
envolve o coeficiente de Poisson e leva em consideração os efeitos do cisalhamento e
da inércia à rotação, que são normalmente desprezados quando a relação
comprimento / largura é suficientemente grande (hipótese de Euler-Bernoulli).
5 ESTUDO EXPERIMENTAL
Chapas metálicas
75 15
Tanto nos ensaios dos CPs cilíndricos, como nos ensaios dos prismas, foram
determinados os diagramas tensão-deformação para cada amostra e o módulo de
elasticidade secante correspondente, dado pela inclinação da reta definida do ponto
de tensão equivalente a 0,5 MPa ao ponto do diagrama que corresponde a
aproximadamente 30% e 40% da tensão máxima.
Os ensaios dinâmicos/estáticos, aos 28 dias (ou 124 dias para a série AR),
foram realizados de acordo com os seguintes procedimentos:
¾ determinação da freqüência natural da peça íntegra (seis prismas);
¾ aplicação de um carregamento estático axial de compressão, realizando três
ciclos de carregamento e descarregamento a cada etapa (1ª etapa até 30% de
σmáx, 2ª etapa até 50% de σmáx, 3ª etapa até 75% de σmáx, 4ª etapa até σmáx).
Essas etapas de ensaios estáticos foram intercaladas por ensaios dinâmicos
(três prismas). Os outros três prismas foram submetidos a carregamento
estático, cíclico em cada etapa, até a ruptura, mas sem a retirada da máquina.
¾ após o completo descarregamento e retirada do prisma da máquina de ensaio,
foram realizados os ensaios de vibração livre em cada uma das etapas;
¾ determinação da freqüência natural do prisma após a ruptura (seis prismas).
Tensão X Deformação - CP10x20 - 28 dias - Série MR Variação do Módulo Estático - CPs Variação do Módulo Estático - CPs
32 cilíndricos - AR - 124dias
Tensão (MPa)
cilíndricos - MR - 28dias
30
28 1,0
1,0
26
24 2 3 1 2 3
1
22 4 0,8 4
Ruptura 0,8
20 3ª etapa – até 75%
2,58% -0,15% -3,63%
18 7,57% 2,35% -4,26%
16 0,6 0,6 2,01% -4,41%
3,71% 1,85% -0,35%
14 -5,44%
2ª etapa – até 50%
12
0,4 0,4
10
8 1 = íntegro
cp2 1 = íntegro
6 1ª etapa – até 30% 0,2 2 = 32,0% 0,2 2 = 31,9% média 40%
cp3 média 40%
4 3 = 52,6% 3 = 51,2% média 30%
cp1 4 = 78,7% média 30%
2 4 = 76,1%
0 0,0 0,0
0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8 2,1 2,4 2,7 3 3,3 0 50 100 150 200 0 100 200 300 400 500
-3
ε (x10 ) Força aplicada (kN) Força aplicada (kN)
Tabela 5 - Módulo de elasticidade estático obtido com os critérios da norma NBR 6118:2003.
Tensão X Deformação - pr5 - Série MR - 28dias Variação do Módulo Estático - Prismas - BR - Variação do Módulo Estático - Prismas - MR -
Tensão (MPa)
30 28dias 28dias
Frequência (1º modo), trans. (Hz) prismas íntegros 28 (ou 124) dias 852,31 932,00 999,79
Frequência (1º modo), longit. (Hz) prismas íntegros 28 (ou 124) dias 2.358,20 2.587,87 2.749,02
Módulo elast.dinâmico Ed,trans (MPa) prismas íntegros 28 (ou 124) dias 27.926,66 34.440,45 39.640,62
Módulo elast. dinâmico Ed,long (MPa) prismas íntegros 28 (ou 124) dias 29.056,58 36.003,29 40.489,83
Ed, trans / Ec,40% dinâm trans/estát cps cilínd. 28 (ou 124) dias 28,67% 21,41% 6,18%
Ed, trans / Ec,30% dinâm trans/estát prismas 28 (ou 124) dias 13,94% 12,42% 13,97%
Ed, trans / Ec,40% dinâm trans/estát prismas 28 (ou 124) dias 14,64% 12,68% 14,16%
Ed,long > Ed,trans prismas íntegros 28 (ou 124) dias 4,05% 4,54% 2,14%
Ed, long / Ec,30% dinâm long/estát cps cilínd. 28 (ou 124) dias 33,57% 26,59% 8,30%
Ed, long / Ec,40% dinâm long/estát cps cilínd. 28 (ou 124) dias 33,88% 26,92% 8,45%
Ed, long / Ec,30% dinâm long/estát prismas 28 (ou 124) dias 18,55% 17,52% 16,41%
Ed, long / Ec,40% dinâm long/estát prismas 28 (ou 124) dias 19,28% 17,80% 16,61%
-11,41% trans Variação do Módulo Dinâmico - Prismas - Série MR Variação do Módulo Dinâmico - Prismas - SérieAR -8,21% trans
Variação do Módulo Dinâmico - Prismas - Série BR
-11,03% long -7,17% long
com etapas
% Módulo de Elasticidade Dinâmico
freq transv pr13,pr14,pr15 freq longit pr13,pr14,pr15 freq transv pr7,pr8,pr9 freq longit pr7,pr8,pr9
0,2 0,2 freq transv pr1,pr2,pr3 freq longit pr1,pr2,pr3
0,2
freq transv pr16,pr17,pr18 freq longit pr16,pr17,pr18 freq transv pr10,pr12 freq longit pr10,pr12
freq transv pr4,pr5,pr6 freq longit pr4,pt5,pr6
freq transv média freq longit média freq transv média freq longit média
freq transv média freq longit média
0,0 0,0
0,0
0 50 100 150 200 250 300 0 100 200 300 400 500 600 700
0 200 400 600 800 1000 1200
Força aplicada (kN) Força aplicada (kN) Força aplicada (kN)
P/2 P/2
15
2,5 2,5
15 15 15
50
Prisma 15 cm x 15 cm x 50 cm
300
média
350,0
V3ca
250
300,0 V4ca
V5ca
250,0 Primeira Fissura 200
- 7,82%
Primeira Fissura
200,0 150
Metade de Fmáx - 14,84%
150,0 - 10,11%
100 Metade de Fmáx
Após a ruptura
100,0 - 19,02%
- 39,62%
50 Após a ruptura
50,0 - 63,30%
0,0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Força aplicada (kN) Força aplicada (kN)
Força X Deslocamento - Viga 03ca Força X Deslocamento - Viga 04ca Força X Deformação - Viga 03ca - 1ª etapa
24,0 24,0 7,0
Força (kN)
Força (kN)
Força (kN)
22,0 22,0 6,5
6 CONCLUSÕES
7 AGRADECIMENTOS
8 REFERÊNCIAS
HAN S.H.; KIM, J.K. (2004). Effect of temperature and age on the relationship
between dynamic and static elastic modulus of concrete. Cement and Concrete
Research, v.34, p.1219-1227.