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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-
AMBIENTE

ILANNA PAULA DE OLIVEIRA MACEDO REVORÊDO

A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA


Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no bairro da Ribeira.
Natal, RN.

NATAL
2021
3

ILANNA PAULA DE OLIVEIRA MACEDO REVORÊDO

A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA


Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no bairro da Ribeira.
Natal, RN.

Trabalho de defesa no nível de Mestrado


Profissional apresentado ao Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura, Projeto e Meio-
ambiente da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, composto por um Relatório Técnico e
um Projeto Técnico, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de mestre profissional.

Orientador(a): Prof. Dr. José Clewton do


Nascimento

NATAL
2021
4

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de
Melo Tinôco - DARQ - -CT

Revorêdo, Ilanna Paula de Oliveira Macedo.


A samaritana: simbolismo, memória e história: uma proposta de reuso
para um edifício de valor patrimonial no bairro da Ribeira. Natal, RN /
Ilanna Paula de Oliveira Macedo Revorêdo. - 2021.
162f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,


Centro de Tecnologia, Departamento de Arquitetura. Natal, RN, 2021.
Orientador: José Clewton do Nascimento.

1. Projeto arquitetônico - Dissertação. 2. Patrimônio cultural -


Dissertação. 3. Reuso - Dissertação. 4. Simbolismo - Dissertação. 5. Memória
- Dissertação. 6. A Samaritana - Dissertação. I. Nascimento, José Clewton
do. II. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 72.012.1

Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344


5

ILANNA PAULA DE OLIVEIRA MACEDO REVORÊDO

A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA


Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no bairro da Ribeira. Natal, RN.
Trabalho de defesa apresentado ao Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura, Projeto e Meio-
ambiente da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, composto por um Relatório Técnico e
um Projeto Técnico, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de mestre profissional.

Aprovada em:___/___/___

BANCA EXAMINADORA

______________________________________
Prof. Dr. José Clewton do Nascimento
Orientador
PPAPMA - UFRN

______________________________________
Profa. Dra. Maísa Fernandes Dutra Veloso
Examinadora interna
PPAPMA - UFRN

______________________________________
Profa. Dra. Cíntia Camila Liberalino Viegas
Examinadora externa ao programa
DARQ -UFRN

______________________________________
Monique Lessa Vieira Olímpio
Examinadora Externa
UFERSA -Universidade Federal Rural do Semiárido
6

Dedico este trabalho à minha família, em


especial, ao meu filho José Enrico.
Dedico também a todos aqueles que sabem o
quanto é árdua a tarefa de trabalhar com o
patrimônio histórico.
7

AGRADECIMENTOS

Mesmo sendo tecnicamente um estudo individual, eu jamais teria conseguido atravessar


essa jornada sozinha. Agradeço através deste, a todos que contribuíram para que eu conseguisse
desenvolver este trabalho.
Primeiramente, a todos os meus professores do Programa de Pós-graduação em
Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente (PPAPMA/UFRN), que contribuíram com seus
conhecimentos, auxiliando-me no desenvolvimento das minhas habilidades. Em especial, ao
professor José Clewton do Nascimento, que orientou-me com compreensão e paciência,
Aldomar Pedrini, Eunádia Cavalcante, Gleice Elali, Maísa Veloso, Renato Medeiros, Heitor
Andrade, Eunádia Cavalcante, Edna Pinto etodos os outros professores.
Agradeço à minha família, em especial à minha mãe, Leoneide, que assumiu meus
afazeres domésticos e auxiliou-me imensamente nos cuidados com meu filho em meio à
pandemia. Sem ela, eu jamais teria conseguido. Ao meu filho pela “compreensão” que, do alto
dos seus 4 anos, dizia que eu podia ir trabalhar e ao meu marido, Diego Revorêdo, por todo
apoio, paciência e incentivo. Também não poderia deixar de agradecer ao meu pai, Ulisvaldo,
e ao meu irmão, Brunno, que sempre apoiaram-me e incentivaram-me.
Agradeço imensamente ao Sr. Roberto Serquiz e família, pela oportunidade de
desenvolver este trabalho, disponibilizando a edificação e boa parte de sua história.
Agradeço também a todos os meus colegas de turma, pelo companheirismo e incentivo
de sempre. Em especial à Janainy Mota, confidente em todos os momentos.
Às amigas Huda Andrade e Tamms Moraes, pelo apoio inicial, ainda na inscrição para
o mestrado.
Agradeço imensamente à toda equipe da Artífice - Ideias e Conceitos, os que ainda estão
e aos que já passaram por lá e que de alguma forma contribuíram com esse trabalho. Em especial
a Suelen Regina, Ingrid Nascimento, Sarah Abigail, Laura Sirok e Renata Costa, que sempre
ajudaram-me na árdua missão de medir a edificação e digitalizar os desenhos.
Às amigas e colegas de profissão Adriana Castro e Adriana Nunes, com as quais divido
as felicidades e as dificuldades do dia a dia da arquitetura e urbanismo, e que auxiliaram-me
com os outros projetos do escritório.
Não posso deixar de agradecer também àqueles apaixonados pela história da nossa
cidade, Rostand Medeiros, Wolden Madruga e Samuel Senna. Cada um deles abriu mão de um
pouco do seu tempo e contribuíram no auxílio dessa honrosa batalha de reconstrução do
histórico da edificação.
8

Agradeço também à Maria José e Néia, pelo apoio logístico domiciliar, quando
convocadas.
Por fim, agradeço a todos que compreenderam as minhas ausências. Não só pela
pandemia, mas principalmente por estar desenvolvendo este trabalho.
9

Rememorar é uma função social, não é sonho.


Alfredo Bosi
10

RESUMO

Este Trabalho de Mestrado Profissional, também constituído em um relatório técnico, consiste


em um projeto arquitetônico de intervenção na ruína da antiga loja “A Samaritana” que é um
edifício de valor patrimonial no bairro da Ribeira, destinado a espaços para eventos sociais,
corporativos e um museu com ênfase na sua memória, história e simbolismo. Projetos em
edificações de interesse histórico são, por si só, complexos. As dificuldades de adaptações para
a contemporaneidade exigem decisões respaldadas, principalmente no tocante às construções
em estado de ruínas. Para desenvolver o projeto, foi inicialmente realizado um aprofundamento
teórico-conceitual sobre a temática do restauro, através de pesquisas bibliográficas e estudos de
referências projetuais correlatos. Em seguida, foi desenvolvida a programação arquitetônica,
com definição de dilemas e metas do projeto. A partir dessa base e com o auxílio dos
componentes curriculares do curso, o processo projetual foi gradualmente sendo desenvolvido
e mapeado através de diversas formas de registro, desde as etapas iniciais de levantamento
histórico e da edificação, dos estudos de condicionantes, concepção e desenvolvimento do
partido arquitetônico. Considerando os objetivos específicos, o trabalho buscou estratégias
arquitetônicas para minimizar os impactos à intervenção, buscando a retrabalhabilidade a
autenticidade. Os resultados alcançados consistem na proposta de projeto para o edifício,
buscando adequar ao seu novo uso, conciliando as recomendações atuais para o restauro e as
legislações vigentes. Por fim, espera-se que este trabalho ainda em desenvolvimento, atenda às
necessidades impostas ao projeto e possa contribuir para a capacitação profissional no tocante
à temática abordada.

Palavras-chave: Projeto Arquitetônico. Patrimônio cultural. Reúso. Simbolismo. Memória. A


Samaritana. Autenticidade. Retrabalhabilidade.
11

ABSTRACT

This Professional Master's Conclusion Work, also constituted in a technical report, consists of
an architectural project of intervention in a building of patrimonial value in the Ribeira
neighborhood, destined to spaces for social, corporate events and a museum with emphasis on
its memory, history and symbolism. Projects in buildings of historical interest are complex in
themselves, the difficulties of adapting to contemporary times require backed decisions,
especially with regard to buildings in a state of ruins. In order to develop the project, a
theoretical and conceptual study of the theme of restoration was initially carried out through
bibliographic research and studies of related design references. Then, the architectural
programming was developed, with definition of dilemmas and goals of the project. From this
base, and with the help of the curricular components of the course, the design process was
gradually being developed and mapped, through various forms of registration, from the initial
stages of historical survey and construction, studies of constraints, design and development of
the architectural party. Considering the specific objectives, the work sought architectural
strategies to minimize the impacts of the intervention, seeking reworkability and authenticity.
The results achieved consist of the project proposal for the “A Samaritana” building, seeking
to adapt it to its new use, reconciling the current recommendations for restoration and the
current legislation. Finally, it is expected that this work, still under development, will meet the
needs imposed on the project and may contribute to professional training in relation to the theme
addressed.
Keywords: Architectural project. Cultural heritage. Reuse. Symbolism. Memory. The
Samaritan. Authenticity. Reworkability.
12

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ............................................. 9

FIGURA 9: BILHETERIA E RAMPA DE ACESSO ................................................... 35


Figura 10: ESTRUTURA ........................................................................................... 35
Figura 11: ESCADA .................................................................................................. 35
Figura 12: PLANTA BAIXA_ TÉRREO .................................................................. 36
Figura 13: BIBLIOTECA ........................................................................................... 37
Figura 14: SALA MULTIUSO .................................................................................. 37
Figura 15: PALACETE MURTINHO NOBRE ......................................................... 38
Figura 16: IMPLANTAÇÃO PARQUE DAS RUÍNAS ........................................... 39
Figura 17: PRAÇA DO CAFÉ ................................................................................... 40
Figura 18: RUÍNA DO PALACETE ......................................................................... 40
Figura 19: IMAGENS DO PARQUE DAS RUÍNAS ............................................... 40
Figura 20: VISTA DA VIGA NO VÃO CENTRAL ................................................. 41
Figura 21: ESQUEMA DE DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA EM SEUS
PAVIMENTOS ........................................................................................................................ 42
Figura 22: PLANTA BAIXA DO NÍVEL DO AUDITÓRIO ................................... 42
Figura 23: PLANTA BAIXA DO TÉRREO ................................................................. 42
Figura 24: CORTE ENTRADA- AUDITÓRIO ......................................................... 43
Figura 25: CORTE SALA DE EXPOSIÇÕES .......................................................... 43
Figura 26: VISTA DO PATIO DO CAFÉ ................................................................. 43
Figura 27: VISTAS DAS JANELAS ......................................................................... 43
Figura 28: ESQUEMA DA CIRCULAÇÃO ............................................................. 44
Figura 29: DETALHE CIRCULAÇÃO ..................................................................... 44
Figura 30: DETALHE ESCADA ............................................................................... 44
Figura 31: FACHADA DO PAÇO DO FREVO ........................................................ 46
Figura 32: QUADRO DE ÁREA PAÇO DO FREVO .............................................. 46
Figura 33: PLANTA DO TÉRREO ........................................................................... 47
Figura 34: PRIMEIRO PAVIMENTO ....................................................................... 47
Figura 35: SEGUNDO PAVIMENTO ....................................................................... 48
Figura 36: TERCEIRO PAVIMENTO ...................................................................... 48
Figura 37: PAÇO DO FREVO ................................................................................... 49
13

Figura 38: GRANDES JANELAS PROPORCIONANDO PERMEABILIDADE


VISUAL ................................................................................................................................... 50
Figura 39: RUA DR BARATA ANTES DE 1916 ..................................................... 54
Figura 40: A SAMARITANA VISTA DA PRAÇA AUGUSTO SEVERO, DÉCADA
DE 40. ....................................................................................................................................... 55
Figura 41: RUA DR BARATA .................................................................................. 56
Figura 42: FACHADA DA SAMARITANA DÉCADA DE 60 ................................ 58
Figura 43: NATAL DÉCADA DE 40 ........................................................................ 59
Figura 44: LINHA DO TEMPO ................................................................................. 61
Figura 45: IMAGENS DURANTE O LEVANTAMENTO ...................................... 65
Figura 46: IMAGENS DETALHES DOS PISOS ...................................................... 66
Figura 47: DETALHE DO PISO................................................................................ 66
Figura 48: DETALHE DO ANTIGO PISO DE TABOADO .................................... 67
Figura 49: DETALHE DA COBERTURA ................................................................ 67
Figura 50: DETALHE DAS ESQUADRIAS DA FACHADA FRONTAL .............. 68
Figura 51: IMAGENS DAS ESQUADRIAS DA FACHADA POSTERIOR ........... 68
Figura 52: DETALHES DA ESCADA ...................................................................... 69
Figura 53: DETALHE SOLEIRA DE ENTRADA .................................................... 70
Figura 54: DETALHE GANCHO DA CORTINA .................................................... 70
Figura 55: DIVISÃO DA FACHADA ....................................................................... 71
Figura 56: DETALHES PECULIARES DA FACHADA ......................................... 71
Figura 57: DETALHES DOS ADORNOS DA FACHADA ..................................... 72
Figura 586: DETALHES DAS ESQUADRIAS E MOLDURA ................................ 73
Figura 59: MAPA DE LOCALIZAÇÃO ................................................................... 75
Figura 60: MAPA DE USO DO SOLO ..................................................................... 76
Figura 61: MAPA DE CHEIOS E VAZIOS E DOMÍNIOS ..................................... 77
Figura 62: MAPA DE GABARITOS ......................................................................... 78
Figura 63: GRAFICO ................................................................................................. 79
Figura 64: AZIMUTE DAS FACHADAS FRONTAIS E POSTERIOR .................. 80
Figura 65: ANÁLISE DA FACHADA FRONTAL ................................................... 81
Figura 664: CARTA SOLAR DA FACHADA FRONTAL ...................................... 81
Figura 67: ANÁLISE DA FACHADA POSTERIOR ............................................... 82
Figura 68: CARTA SOLAR DA FACHADA POSTERIOR ..................................... 82
Figura 69: ANÁLISE DA ILUMINAÇÃO PRIMEIRO PAVIMENTO ................... 83
14

Figura 70: VENTOS DOMINANTES NATAL ......................................................... 84


Figura 71: SIMULAÇÃO VENTILAÇÃO SUDESTE VELOCIDADE DO AR ..... 85
Figura 72: SIMULAÇÃO VENTILAÇÃO SUDESTE VELOCIDADE DO AR ..... 85
Figura 73: SIMULAÇÃO VENTILAÇÃO SUDESTE ............................................. 85
Figura 74: PRESSÃO DO AR NA FACHADA POSTERIOR .................................. 86
Figura 75: PRESSÃO DO AR NA FACHADA FRONTAL ..................................... 86
Figura 76: CORTE MOSTRANDO ESTEIRA DE VENTO ......................................... 86
Figura 77: CARTA SOLAR FACHADA POSTERIOR TÉRREO ........................... 87
Figura 78: CARTA SOLAR FACHADA POSTERIOR PRIMEIRO PAVIMENTO
.................................................................................................................................................. 87
Figura 79: POLIGONAL DE TOMBAMENTO........................................................ 89
Figura 80: ZONAS DA ZEPH ................................................................................... 90
Figura 81: QUADRO DE PRESCRIÇÕES PARA SZ-4 DA ZEPH ......................... 91
Figura 82: QUADRO DE RECUOS .......................................................................... 92
Figura 83: QUADRO DE DIMENSÕES MÍNIMAS ................................................ 93
Figura 84: ESCALA DE INTERVENÇÃO PRETENDIDA ..................................... 97
Figura 85: QUADRO DE ATIVIDADES E QUESTÕES PROJETUAIS ................ 99
Figura 86: CONCEPTBOARD ÁREA DE TRANSIÇÃO E CAFÉ ....................... 100
Figura 87: CONCEPT BOARD SALÃO SOCIAL ................................................. 101
Figura 88: ESTUDO DOS LAYOUTS JARDIM .................................................... 103
Figura 89: BLOCO NOVO ...................................................................................... 103
Figura 90: CONCEPT BOARD DO MUSEU E SALÃO CORPORATIVO .......... 104
Figura 91: LAYOUTS POSSÍVEIS PARA O SALÃO CORPORATIVO .............. 104
Figura 92: CONCEPTBOARD DO ROOFTOP ...................................................... 105
Figura 93: MATRIZ DE RELAÇÃO DOS AMBIENTES ...................................... 106
Figura 94: FLUXOGRAMA .................................................................................... 107
Figura 95: ZONEAMENTO VOLUMÉTRICO-ESQUEMA DE DISTRIBUIÇÃO
DOS AMBIENTES ................................................................................................................ 107
Figura 96: IMAGEM DO ESTUDO DE INSOLAÇÃO SEGUNDA FACHADA . 108
Figura 97 :ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DA ÁRVORE ................................... 110
Figura 98: CORTE FALADO .................................................................................. 111
Figura 99: CORTE ESQUEMÁTICO COM SOLUÇÕES PROJETUAIS
ADOTADAS .......................................................................................................................... 112
Figura 100: DISTRIBUIÇÃO INICIAL DOS AMBIENTES ................................. 113
15

Figura 101: DISTRIBUIÇÃO FINAL DOS AMBIENTES..................................... 114


Figura 102: BLOCO NOVO _ TÉRREO E SUPERIOR ......................................... 115
Figura 103: BLOCO NOVO FACHADA FINAL ................................................... 116
Figura 104: ESTUDO DA FACHDA DODO BLOCO NOVO ............................... 116
Figura 105: MAPA COM MARCAÇÃO DA VISADAS ....................................... 118
Figura 106: COMPARATIVO DA VOLUMETRIA ............................................... 120
Figura 107: Vista da praça na década de 40. ............................................................ 121
Figura 108: Imagem na nota técnica nº 37/2021/DIVTEC/ IPHAN-RN ................. 121
Figura 109: Estado da coberta .................................................................................. 121
Figura 110: Proposta final da coberta do ROOFTOP .............................................. 122
Figura 111: ESTUDO DA COBERTA .................................................................... 123
Figura 112: ESTUDO DA COBERTA AVANÇO 2M ........................................... 123
Figura 113: PLANTA BAIXA COM MARCAÇÃO DAS COLUNAS EM
VERMELHO. ......................................................................................................................... 125
Figura 114: DETALHE DA VIGA EMBUTIDA NA PAREDE. ............................ 125
Figura 115: ESTUDO PARA BASE EM CONCRETO DAS COLUNAS ............. 126
Figura 116: DETALHE DO LAJE SOLTA DA PAREDE_ VISTA POR BAIXO 126
Figura 117: DETALHE DO LAJE SOLTA DA PAREDE_ VISTA POR CIMA ... 126
Figura 118: ESTRUTURA FINAL .......................................................................... 127
Figura 119: PLANTA BAIXA TÉRREA DO BLOCO NOVO............................... 127
Figura 120: FACHADA FINAL .............................................................................. 128
Figura 121: ESQUEMA DE OPÇÕES DE PRESERVAÇÃO DA PÁTINA DO
TEMPO................................................................................................................................... 128
Figura 122: Arte de rua em Berlim .......................................................................... 130
Figura 123: ESQUEMA DO ESTUDO DE CORES ............................................... 130
Figura 124: CASA DA RIBEIRA ............................................................................ 132
Figura 125: Paço do Frevo – Recife/PE ................................................................... 132
Figura 126: Escola Libanesa no RJ .......................................................................... 133
Figura 127: Faculdade de Direito do Recife - UFPE ............................................... 133
Figura 128: Prédio histórico da UFPR ..................................................................... 134
Figura 129: Praça das Artes / Brasil Arquitetura ..................................................... 135
Figura 130: Museu Rodin – Salvador/BA ................................................................ 135
Figura 131: PAÇO DAS ESCOLAS, EM COIMBRA. PORTUGAL ..................... 136
Figura 132: TORRE E CATEDRAL DE PISA, ITÁLIA ........................................ 136
16

Figura 134: exemplo de opção de piso cimento ....................................................... 138


Figura 133: exemplo de opção de piso madeira ....................................................... 138
Figura 135: FORRO COM DESENHO DO PISO ................................................... 139
Figura 136: ESQUADRIA NOVA ........................................................................... 140
Figura 137: JARDIM MONTADO PARA CERIMÔNIA DE CASAMENTO....... 143
Figura 138: ROOFTOP COM VISTA PARA O PÔR DO SOL DO POTENGI ..... 143
Figura 139: ÁREA DE TRANSIÇÃO E CAFÉ ....................................................... 144
Figura 140 ÁREA DE TRANSIÇÃO E CAFÉ ........................................................ 145
Figura 141: CAFÉ .................................................................................................... 145
Figura 142: SALÃO PARA EVENTOS SOCIAIS .................................................. 146
Figura 143: SALÃO PARA EVENTOS SOCIAIS .................................................. 146
Figura 144: SALÃO PARA EVENTOS SOCIAIS .................................................. 147
Figura 145:VISTA DO JARDIM PARA O BLOCO NOVO .................................. 147
Figura 146: FACHADA POSTERIOR .................................................................... 148
Figura 147: FACHADA FRONTAL ........................................................................ 148
Figura 148: VISTA SEM A FACHADA FRONTAL .............................................. 148
Figura 149: ROOFTOP ............................................................................................ 149

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: DETALHE VIGA DO VÃO CENTRAL .............................................................. 42


Tabela 2:ESTUDOS DE CASO ............................................................................................ 50
Tabela 3: PATOLOGIAS ...................................................................................................... 62
Tabela 4: POSTAGENS SOBRE A SAMARITANA ........................................................... 73
Tabela 5:QUADRO DE PRESCRIÇÕES .............................................................................. 95
Tabela 6: DILEMAS E METAS DE PROJETO.....................................................................97
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ART Anotação de Responsabilidade Técnica
CHN Centro Histórico da cidade de Natal
CIAM Conferência Internacional de Atenas
CREA/RN Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte
ICOMOS Conselho Internacional de Monumentos e Sítios
ICR Instituto Central de Restauração
IMN Inspetoria de Monumentos Nacionais
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
NBR Norma Técnica brasileira
PRAC Plano de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais
SEMURB Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo
SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
ZEPH Zona Especial de Patrimônio Histórico
18

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
1.1 Problemática ............................................................................................................... 11
1.2 Objeto e Objetivos ...................................................................................................... 14
1.3 Justificativa ................................................................................................................. 14
1.4 Procedimentos Metodológicos ................................................................................... 16
1.5 Estrutura do Relatório ............................................................................................... 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL .......................................................... 19
2.1 Tema............................................................................................................................. 19
2.2 O processo histórico de preservação do patrimônio cultural edificado e suas
principais correntes ................................................................................................................ 19
3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA .................................................................................. 30
3.1 Cinema na Praça/ Paraty –RJ ................................................................................... 30
3.2 Parque das Ruínas/ Santa Tereza- RJ ...................................................................... 38
3.3 Paço do Frevo/ Recife-PE ........................................................................................... 45
3.4 Rebatimento no Projeto ............................................................................................. 50
4 CARACTERIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO ............................................................... 53
4.1 Entorno/ Local de Intervenção .................................................................................. 53
4.2 Histórico e Reconhecimento do Bem Cultural ......................................................... 55
4.3 Estado de Conservação e Preservação (Diagnóstico) .............................................. 62
4.4 Análise da fachada ...................................................................................................... 70
4.5 Simbolismo da Edificação .......................................................................................... 73
5 CONDICIONANTES PROJETUAIS ........................................................................ 75
5.1 A área e o terreno/Local de Intervenção .................................................................. 75
5.2 Uso do solo ................................................................................................................... 76
5.3 Ocupação do solo ........................................................................................................ 76
5.4 Gabarito ....................................................................................................................... 78
5.5 Aspectos físicos e ambientais ..................................................................................... 78
5.5.1 Insolação, sombreamento e fator de visão do céu .................................................................... 80
5.5.2 Iluminação ................................................................................................................................ 83
5.5.3 Ventilação................................................................................................................................. 83
5.5.4 Recomendações de estratégias bioclimáticas ........................................................................... 86
19

5.6 Aspectos legais ............................................................................................................. 87


6 CONCEPÇÃO E PROCESSO PROJETUAL .......................................................... 96
6.1 Conceito e partido ....................................................................................................... 96
6.2 Dilemas projetuais ...................................................................................................... 97
6.3 A postura intervencionista adotada .......................................................................... 97
6.4 Programa de necessidades e pré-dimensionamento ................................................ 98
6.4.1 Definição do programa ............................................................................................................. 98
6.5 Matriz DE RELAÇÃO E FLUXOGRAMA ........................................................... 106
6.6 Zoneamento ............................................................................................................... 107
7 DETALHAMENTO DA PROPOSTA FINAL ....................................................... 108
7.1 Os aspectos sustentáveis / de conforto .................................................................... 108
7.1.1 Proteção solar da segunda fachada ......................................................................................... 108
7.2 Estudos volumétricos iniciais ................................................................................... 112
7.2.1 Estudo das visadas de entorno da edificação .......................................................................... 117
7.2.2 Sobre o Rooftop...................................................................................................................... 120
7.3 Sistema construtivo proposto................................................................................... 124
7.3.1 Bloco histórico ....................................................................................................................... 124
7.3.2 Bloco novo ............................................................................................................................. 127
7.4 Composição da fachada ............................................................................................ 128
7.5 Estudo cromático da fachada .................................................................................. 129
7.5.1 Energia fotovoltaica ............................................................................................................... 137
7.6 Piso ............................................................................................................................. 137
7.7 Instalações elétricas e iluminação............................................................................ 138
7.8 Forro .......................................................................................................................... 139
7.9 Esquadrias ................................................................................................................. 139
7.10 Escultura da Árvore ................................................................................................. 140
7.11 Segurança e acessibilidade da construção .............................................................. 140
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 141
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 154
ANEXO .................................................................................................................................. 158
ANEXO A – TÍTULO DO ANEXO .................................................................................... 158
9

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata-se do relatório de um anteprojeto de uma edificação de valor


patrimonial, o prédio “A Samaritana”, situada no bairro da Ribeira, em Natal-RN, como etapa para
conclusão do curso de Mestrado Profissional em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Neste relatório será apresentada a problemática
diante do tema, seu objeto de estudo e objetivos, bem como a justificativa e procedimentos
metodológicos. Ao final serão apresentados os resultados obtidos, bem como todo o seu
desenvolvimento.
Projeto de arquitetura é, por si só, algo complexo, por isso a formação generalista do
profissional em suas bases iniciais é essencial. Quando se trata de projeto de intervenção
patrimonial é ainda mais aprofundado, sendo considerado de grande complexidade, devido à
infinidade de fatores conflitantes que têm que ser analisados e adequados à proposta. A
formação de um profissional com bases teóricas é fundamental para a elaboração de um bom
projeto. Pensado nisso busca-se, com esse estudo, aprofundar os conhecimentos acerca da
temática, através da construção de um referencial teórico-conceitual de estudos de referências,
além de outros estudos relacionados à problemática.
O prédio analisado trata-se da antiga loja “A SAMARITANA”, situada na rua Dr.
Barata, 232, no bairro da Ribeira, Natal, conforme mostra a figura 01.

Figura 1: LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

FONTE: Adaptada do Google Earth, 2020


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A sua relação com o urbano é relevante no sentido em que se trata de uma edificação
de destaque do Centro Histórico de Natal (CHN) e do seu valor simbólico para o bairro, além
de estar posicionada de forma estratégica na via, pois a rua faz uma curva, deixando sua fachada
quase que de frente para quem entra na via de mão única.

Figura 2: IMAGEM DO ENTORNO DA EDIFICAÇÃO_VISTA DA DR. BARATA

FONTE: Adaptada do Google Earth, 2021

O fato de ser muito próxima à praça Augusto Severo também é algo importante,
pois permite que a mesma seja vista da praça, destacando-se por sua fachada eclética e que,
por muito anos, teve uma árvore incrustada na fachada, o que levou muita gente a voltar seu
olhar para esta edificação.
11

Figura 3: IMAGEM DO ENTORNO DA EDIFICAÇÃO_ VISTA DA PRAÇA.

FONTE: Adaptada do Google Earth, 2021

1.1 Problemática

Portadora de mensagem espiritual do passado, as obras monumentais de cada


povo perduram no presente como testemunho vivo de suas tradições seculares.
A humanidade, cada vez mais consciente da unidade dos valores humanos, as
considera um patrimônio comum e, perante as gerações futuras, se reconhece
solidariamente responsável por preservá-las, impondo a si mesma o dever de
transmiti-las na plenitude de sua autenticidade. (Carta de Veneza, 1964, p. 1)

No último século, a sociedade passou por diversas transformações e em relação à


conservação do patrimônio, podemos dizer o mesmo, que também sofreu diversas
transformações. Diferente de épocas passadas, hoje existe no contexto mundial uma
preocupação com a preservação e recuperação de centros históricos e bens de interesse
patrimonial. Porém, essa preocupação não é recente, segundo Choay (2001, p. 31) “pode-se
situar o nascimento do monumento histórico em Roma, por volta do ano 1420”, e, apenas no
século XIX, após a Revolução Industrial, é que de fato passamos a ter ações sistemáticas no
sentido de preservar esses monumentos.
A partir da década de 1930, com a elaboração das chamadas “CARTAS
PATRIMONIAIS” e a realização dos Congressos Internacionais para debater o tema, é que se
passam a adotar medidas mais efetivas com o objetivo da preservação, conservação,
12

manutenção e restauro do patrimônio histórico. Com a elaboração da Carta de Atenas, no ano


de 1931, passa-se a ter, de fato, um documento de referência para ser seguido.
No Brasil, essa preocupação teve início na década de 1930, com a Semana de Arte
Moderna de São Paulo e com a criação, em 1933, do primeiro órgão voltado para a preservação
do patrimônio, a Inspetoria de Monumentos Nacionais (IMN). Em 1937 surge o Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), atual Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN). Apesar de existir no Brasil essa preocupação com o patrimônio,
muitos “monumentos” ou elementos importantes (considerando bens materiais de um modo
geral) não são preservados como deveriam. Isto é um importante fato que deve ser lembrado.
Podemos citar alguns casos recentes, como o incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro,
ocorrido em setembro de 2018, ou o recente incêndio da Capela de Santa Rita, no distrito de
Sopa, em Diamantina, Minas Gerais, que aconteceu em Outubro de 2019, sem citar os milhares
de casos de abandono ou simples descaso com o patrimônio edificado brasileiro.
No Rio Grande do Norte e, especificamente em sua capital, Natal, a realidade não é
diferente, pois a falta de gestão e de aplicação de instrumentos e meios para preservação do
nosso patrimônio, estão latentes nas fachadas. Não apenas nelas, de vários edifícios. Segundo
Viegas (2018), esse processo de preocupação e proteção de bens tombados ocorreu de forma
tardia em Natal.

O processo de valorização do patrimônio cultural da cidade foi tardio,


iniciando apenas na década de 1990, com a criação da Zona Especial de
Patrimônio Histórico (ZEPH), pela lei 3.942 de 9 de julho de 1990. A
partir de então, algumas outras propostas surgiram e, de certa forma,
despertaram um interesse maior de reconhecimento do patrimônio
cultural local como importante não só para a cidade, mas para toda a
nação, que culminou no processo de tombamento do seu Sítio Histórico.
O Sítio Histórico de Natal [SHN] foi tombado provisoriamente em 2010
e definitivamente em 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional [IPHAN]. (VIEGAS, 2018, p.22)

O bairro da Ribeira é o retrato vivo do descaso com o patrimônio na cidade de Natal.


Foi o segundo bairro a se constituir, carregando com ele muitos fatos importantes da história da
cidade. Podemos dizer também que é um bairro dotado de uma excelente infraestrutura urbana,
segundo a publicação “Conheça Melhor seu bairro - Ribeira”, de 2012 da SEMURB (Secretária
de Meio Ambiente e Urbanismo) da cidade de Natal. Apesar do bairro apresentar uma das
melhores infraestruturas da cidade, a mesma não é aproveitada como deveria, ficando em
13

grande parte ociosa e não recebendo grandes investimentos que implemente um melhor
aproveitamento de fato, alavancando a sua revitalização.
Um bom exemplo disso é o PRAC-Ribeira (Plano de Reabilitação de Áreas Urbanas
Centrais), que praticamente permanece apenas no papel. Com isso temos vários problemas
visíveis em relação à deterioração das edificações, no próprio PRAC-RIBEIRA1, ainda no ano
de 2006, foi feito um levantamento quantificando o estado de abandono e degradação dos bens,
onde se constatou que existiam muitos prédios completamente abandonados.
Passaram-se treze anos e muito provavelmente a quantidade de prédios abandonados
deve ter aumentado, uma vez que nada foi feito para mudar essa realidade, o que acaba
rebatendo no centro histórico de um modo geral. Assim como no resto do país, os fatores para
que isto ocorra são muitos, mas certamente as questões socioculturais, como educação,
desemprego, violência, entre outras, estão fortemente presentes e demonstram um
desconhecimento da população da própria história e com isso, podemos perceber a importância
da preservação do patrimônio.
O abandono de décadas, o desconhecimento e a falta de atrativos vêm, a cada dia,
afastando a população do centro histórico, principalmente da Ribeira. De forma que é urgente
que ocorram intervenções e incentivos para requalificação do bairro e ações de educação
patrimonial para inserir os jovens nesse ambiente histórico, para que possa ser preservado e
passado às futuras gerações.
Segundo estudo realizado para o Tombamento do Centro Histórico de Natal, existem
64 edificações de destaque que possuem valoração maior e muitas delas estão abandonados.
Dentre estas, podemos destacar 5 já notificadas pelo IPHAN, para que sejam tomadas
providências acerca da sua preservação. O edifício “A SAMARITANA” é um desses 5
exemplares, com muito mais de 25 anos fechado. O prédio encontra-se em estado de
degradação. Apesar de sua fachada encontrar-se um pouco descaracterizada, não podemos dizer
o mesmo do seu interior, já bastante modificado, fato constatado durante visita ao local.
Costa (2006) relata que o mesmo foi erguido no ano de 1916 com dois pavimentos
originais, sendo construído e projetado pelo proprietário, de origem pernambucana, o senhor
Serquiz Elias, para ser uma loja de tecidos. A edificação de estilo eclético, teve como segundo
uso outra loja de tecidos, “Lojas Paulista” que, segundo Costa (2006) alugou o térreo da
edificação. O autor aponta ainda que o imóvel abrigou uma pensão frequentada por gente

1
PRAC-RIBEIRA, foi consequência de uma parceria entre o Ministério das Cidades, a Caixa Econômica Federal
e a Prefeitura do Natal, no qual através do Programa de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais da Secretaria
Nacional de Habitação, financiou a elaboração do Plano de Reabilitação do Bairro da Ribeira.
14

simples, mas que no ano de 1981, foi reformado e reaberto pelo senhor Arruda Sales para
abrigar o “Café Frenezi”, que teve vida curta, tendo fechado suas portas em 1983. Por último,
foi alugado por uma empresa ainda desconhecida, mas que também teve curta permanência.
Desde então, o prédio permaneceu fechado e abandonado por muitos anos.
“A SAMARITANA” é uma edificação de grande simbolismo para a população.
Certamente, o prédio mais fotografado e querido pelos frequentadores do bairro. Um verdadeiro
ícone da resistência ao descaso e ao tempo. Um dos principais desafios para esse projeto será
adequar o programa solicitado pelo cliente, que atenderá usos distintos, que serão um café, um
museu e dois espaços para eventos, sendo um corporativo e outro social. Além disso, o projeto
deverá ter atrativos que valorizem a edificação e reforcem a importância da preservação do
patrimônio edificado, proporcionando ao usuário uma experiência inesquecível.

1.2 Objeto e Objetivos

O objeto de estudo desta proposta é a preservação do edifício “A SAMARITANA”,


que possui valor patrimonial e adequação aos seus novos usos. Com o objetivo de requalificar
a ruína e adaptar aos usos pretendidos, que serão: um café, um museu e espaços para eventos
sociais e corporativos, propondo intervenções que se ajustem às tendências atuais de
restauração e enfatizem o seu valor simbólico e histórico.
Os objetivos específicos são:
• Analisar sítio e contexto de implantação da edificação e discutir sua importância na
história e no bairro;
• Analisar e aplicar as premissas teóricas e os critérios de projeto para intervenções em
edifícios de valor patrimonial;
• Analisar os condicionantes que incidem sobre a edificação e seus desdobramentos no
projeto;

1.3 Justificativa

Como abordado anteriormente, existe uma necessidade real de intervenção em várias


edificações ao longo do Centro Histórico da cidade de Natal (CHN), principalmente quando
nos referimos às 64 edificações de destaque elencadas pelo estudo elaborado que resultou no
15

Tombamento do CHN, que tem grande valor histórico e “A SAMARITANA” é uma destas
edificações. Além disso, o proprietário da edificação foi notificado pelo IPHAN-RN para que
algo seja feito para garantir a integridade do prédio.
Como arquiteta e frequentadora do bairro da Ribeira, sempre me senti tocada pelo
abandono e desperdício do potencial que uma boa parceria entre comunidade e gestão pública
poderia propiciar ao centro histórico, proporcionando a manutenção do patrimônio material
existente. Acredito que todo arquiteto é, antes de tudo, um educador, pois somos detentores de
conhecimento técnico e temos como obrigação, instruir aos nossos clientes e à população de
uma forma geral, sobre a importância da preservação da história e do patrimônio cultural de um
modo geral. Lutar pela preservação é item básico e indelével do ser consciente e que
compreende sua importância.
Sendo este um dos principais motivos para a escolha desta edificação, além do grande
incômodo e o sentimento do que poderia ser mais feito pela mesma. Essa inquietude veio em um
momento oportuno, onde o proprietário busca dar um novo uso ao edifício, devido à provocação do
IPHAN-RN, que, por motivos pessoais, ficou muitos anos se deteriorando pela ação do tempo.
Outro fator importante para ser ressaltado dessa proposta em nossa cidade, é o fato de que a
intervenção será feita em uma ruína.
Essa necessidade latente de restaurar a edificação e dar um novo uso a esta é um dos motivos
fundamentais que move este trabalho. Para muitos, “A SAMARITANA” é um símbolo da resistência
do bairro que, apesar do abandono e do tempo, resiste bravamente, mantendo praticamente íntegra
sua fachada e deixando evidente sua “Unidade Potencial” (BRANDI, 2013).
A intenção inicial é devolver ao imóvel um uso, o que proporcionaria a facilidade de
manutenção do mesmo. O principal uso pretendido, será um museu da “Água Mineral Santa
Maria”, além de um café, e dois ambientes para eventos, sendo um para eventos sociais e outro
para eventos corporativos.
Outro importante motivo para o desenvolvimento deste trabalho é ampliar o repertório
teórico-conceitual-metodológico, estudando as premissas técnicas e os critérios de projeto para
intervenções em edificações de valor patrimonial.
Considero importante ressaltar que no atual momento de pandemia, o planejamento da
pesquisa não aconteceu exatamente como idealizado, prejudicando o estudo direto, que não foi
possível ser realizado, por exemplo. Além de toda a dificuldade de conciliação das atividades
da vida on-line.
16

1.4 Procedimentos Metodológicos

A definição de bons procedimentos metodológicos para a atuação em trabalhos


acadêmicos é uma etapa crucial para atingir os objetivos pretendidos de modo mais eficaz, e se
tratando de intervenções de valor patrimonial, mostra-se fundamental para o desenvolvimento
da proposta projetual. Deste modo, a metodologia adotada para o desenvolvimento deste
trabalho foi dividida em fases que possuem objetivos específicos para cada uma delas.
Em um primeiro momento foi feita uma revisão bibliográfica para compor o estudo
teórico-metodológico, revisando a teoria do restauro e contextualizando de acordo com os
teóricos e seu período. Em um segundo momento foi feita uma análise de algumas edificações
análogas a este estudo e serviria de estudo de referência para composição da proposta final. Na
terceira fase foi feita a caracterização da edificação através de uma análise de toda a edificação
e o contexto em que ela se insere, sendo feito o levantamento físico, levantamento histórico,
elaboração do mapa de danos e análise de todas essas informações. Na quarta fase foi feito um
levantamento e análise dos condicionantes projetuais, tanto os ambientais quanto os legais, para
complementar o embasamento técnico para o projeto.
Após essas primeiras 4 fases que proporcionaram todo o embasamento teórico-
metodológico e técnico sobre a edificação, começaram os estudos para formulação da proposta
projetual, então na quinta fase foram feitos os estudos para concepção de projeto, sendo
desenvolvidos alguns estudos de simulação de conforto e análise para contribuir com a
proposta. E na fase 06 foi feito o desenvolvimento da proposta projetual.
O detalhamento da metodologia utilizada é apresentado na tabela a seguir:
17

Figura 4: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2020.

1.5 Estrutura do Relatório

Este relatório está dividido em dois volumes. O primeiro contempla a parte teórica e o
segundo, o volume dos projetos, sendo o primeiro volume distribuído em 09 capítulos, conforme
elencados a seguir:
No capítulo 1, são abordadas a problemática, objeto e objetivos, a justificativa, os
procedimentos metodológicos e é apresentada a estrutura do relatório.
No capítulo 2, temos o desenvolvimento do referencial teórico-conceitual, com a apresentação
do tema e retórica sobre as teorias contemporâneas de intervenção no patrimônio edificado.
O capítulo 3 apresentamos dois estudos de referência: primeiro, o Cinema na Praça, em
Paraty-RJ e, em segundo, o Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro capital e, por fim, o seu
rebatimento no projeto.
18

O capítulo 4 leva-nos à caracterização da edificação, com a apresentação do entorno e


local de intervenção, o levantamento histórico e reconhecimento do bem, com o estado de
conservação e preservação e, por fim, à análise do simbolismo da edificação.

No capítulo 5 serão analisados as condicionantes projetuais, onde a primeira a ser


analisada será a área e o terreno/local de intervenção, o uso do solo, a ocupação do solo e o
gabarito. Nos aspectos físicos e ambientais passaremos a analisar a insolação, o sombreamento
e fator de visão do céu, a ventilação e, por fim, em relação aos aspectos ambientais, teremos as
recomendações de estratégias bioclimáticas. Ainda no tocante aos condicionantes projetuais,
teremos a análise dos aspectos legais.

No capítulo 6, teremos a análise da concepção e processo projetual, partindo da


definição do conceito e o partido adotado, os dilemas projetuais, a postura intervencionista
adotada sobre o processo de projeto, o programa de necessidades e pré-dimensionamento, o
fluxograma e matriz de relação, o zoneamento e, por fim, o desenvolvimento da proposta.

No capítulo 7 teremos o detalhamento da proposta final.

E para a conclusão deste estudo, no capítulo 8, faremos as considerações finais.


19

2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL

2.1 Tema

O tema deste estudo é uma intervenção em edificação de interesse histórico

2.2 O processo histórico de preservação do patrimônio cultural edificado e suas


principais correntes

“Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”.


(HERÓDOTO)

Com esta frase emblemática de Heródoto, iniciamos esse assunto que, para muitos,
pode parecer controverso. É fato notório de todos que a ciência evolui, que o conhecimento
humano desenvolve-se, acompanhando as novas descobertas, fazendo-nos refletir sobre qual a
melhor forma para se viver nesse planeta e, com isto, muitas das nossas crenças são
questionadas. Esta realidade faz-nos perceber que teorias tidas como as mais adequadas em um
determinado tempo, podem ser revistas no futuro.
Neste ínterim, o tema da intervenção do patrimônio edificado é, por muitas vezes,
polêmico e muitos foram os estudiosos que criaram diversas correntes de pensamento que foram
tidas como as mais adequadas em seu tempo, porém não tão bem aceitas a posteriori. Desta forma,
é importante refletir um pouco sobre a evolução da temática para entender sobre as teorias
contemporâneas de intervenção no patrimônio edificado. Devemos compreender também o
contexto em que elas se inserem para nos ajudar em uma reflexão crítica sobre cada uma.
Essa noção de conservação dos monumentos começa a surgir ainda no Renascimento,
de acordo com Choay (2001). Essa percepção a respeito das construções históricas ocorre por
volta de 1400, mas o estudo da temática e suas teorias só começam a se consolidar a partir do
século XVIII, com a Revolução Francesa, Revolução Industrial e o Iluminismo. Esses 3
movimentos ocorridos na Europa, mudaram a forma das pessoas ver o mundo e,
consequentemente, o modo com o qual elas se relacionavam com o seu passado.
Na França, no período pós-Revolução, muitos edifícios góticos foram destruídos, o
que acabou por contribuir com o amadurecimento da consciência histórica e passaram a ser
tomadas as primeiras medidas oficiais sobre a preservação de monumentos históricos. Devemos
lembrar que também ocorria um crescente interesse pela arquitetura medieval, que foi
20

desconsiderada por séculos e passou a ser vista por muitos como uma “verdadeira manifestação
do gênio nacional” (KÜHL, 2000, p. 09). Esse interesse não era exclusividade dos franceses,
na Alemanha e na Inglaterra começavam a surgir diversos estudos sobre o gótico.
Nesse contexto, devemos ressaltar a contribuição de um dos mais polêmico teórico do
restauro, Eugene Emmanuel Viollet-Le-Duc (1814- 1879), arquiteto francês. É importante
compreender seu legado e como suas teorias se consolidaram, para isso retomemos umas de
suas frases mais célebres e polêmicas, principalmente nos tempos atuais.

Restaurar um edifício não significa conservá-lo, repará-lo ou refazê-lo, mas


sim repor na totalidade a sua forma antiga, mesmo que nunca tenha existido
assim. […] é necessário situarmo-nos no lugar do arquiteto primitivo e supor
o que ele faria se voltasse ao mundo e tivesse diante de si o mesmo problema.
(VIOLLET-LE-DUC. 1863- 1872).

Viollet-Le-Duc, foi criado em um meio intelectualizado, com acesso a informações, à


cultura e às artes de um modo geral. Além disso, ao concluir seus estudos, teve a oportunidade
de viajar pela França e a posterior pela Itália, onde pode aprofundar seu conhecimento de
arquitetura medieval, o que favoreceu a construção de suas próprias teorias, que foram
estabelecidas com bases práticas e muito estudo teórico, sem seguir a forma de estudo que ele
considerava ultrapassada e petrificada, apresentada pela Escola de Belas-Artes.
Muito provavelmente esses fatores o tornaram um dos principais teóricos do restauro.
Ele exerceu papel prático atuando como arquiteto restaurador de diversas edificações, podemos
destacar a Catedral de Notre-Dame (1845), o Castelo Pierrefonds (1858), além de papel
burocrático estando à frente da Comissão das Artes e Edifícios Religiosos e prestou diversos
serviços a Comissão de Monumentos Históricos. Com a atuação nessas comissões, Viollet-Le-
Duc ampliou ainda mais seu legado, podendo participar ou orientar diversos projetos de
restauro. E com seus escritos Entretiens sur l’Architecteture (entre 1863 a 1872) e o
Dictionnaire Raisonné de l’Architecture Française du XIe au XVIe (entre 1854 a 1868), pode
difundir ainda mais o seu legado, tendo influenciado não apenas na França, como no exterior.
Com a frase citada anteriormente, podemos perceber que a preservação da autenticidade
(termo que veremos a definição mais à frente) da edificação não era sua pretensão. Defendia que o
restauro deveria respeitar o estilo que lhe fosse próprio. Sua postura era claramente de
reconstituição. Para isso, poderia até ser feitas correções com o objetivo de se reaver o projeto
original, onde ele utilizava-se de seu vasto conhecimento e encarnava o artífice tentando recriar o
21

projeto “original”. Buscava um projeto ideal, que poderia nunca ter existido, defendia que a
restauração refizesse uma obra incompleta, a fim de conferir coerência e lógica ao organismo.
Procurava sempre a pureza estilística e defendeu a vinculação da forma à função e à
estrutura. Defendia que o restauro deveria respeitar o estilo que lhe fosse próprio, assim como
sua estrutura. Ele certamente foi o maior representante do restauro estilístico, onde cada
elemento arquitetônico se subordina ao conjunto, contribuindo para a unidade do edifício.
Podemos dizer que um dos seus principais legados é a definição do termo restauro.
Contemporâneo a Viollet-Le-Duc e em forte oposição ao seu pensamento, temos o
inglês John Ruskin (1819-1900). Era artista, escritor, poeta e crítico de arte que viveu em uma
época de transição entre os antigos costumes sociais e os novos decorrentes da Revolução
Industrial. Essa dicotomia revelou sua forte ligação com a cultura tradicional. Fato este que
pode ter sido influenciado fortemente pela sua rígida educação.
De fato, John Ruskin foi um ferrenho crítico da Revolução Industrial, combatendo
intensamente o revivalismo2 de Viollet-Le-Duc. Defendia que a arquitetura poderia ser uma
forma de assegurar a identidade de um povo através de sua ligação com o passado e, por isso,
acreditava que para preservar sua história, deveria manter a edificação intocada, sem correr o
risco de ser falsificada, defendendo assim, a intocabilidade do monumento degradado.
Seu ponto de vista fatalista admitia restauro com poucas intervenções, se estas fossem
invisíveis. Ele defendia que nada deveria ser feito nas edificações, uma vez que o restauro poderia
trazer grandes prejuízos, ou até mesmo a destruição da originalidade e que se deveria respeitar o tempo
de sua existência sem intervir.
Ele via a arquitetura com um acidente na paisagem e o próprio edifício é um testemunho
da passagem do tempo, de modo que podemos dizer que sua abordagem quanto ao patrimônio é
romântica. Ele via a casa (moradia), quase que como um caráter sagrado, considerava que desta
originavam todo as outras, pois nela permeavam a essência, a vida e a história do homem que
nela viveu. Ele passa a estabelecer uma relação com o espaço de memórias. Para ele “o belo é,
portanto, o resultado de um relacionamento entre objetos, sensações e memórias.” (AMARAL,
2011. Disponível em: https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.130/3802.
Acesso em: 09 Out 2020).
Este teórico é, sem dúvida, o maior expoente do Anti-Restauro e ferrenho opositor ao
Restauro Estilístico defendido por Viollet-Le-Duc, que segue em sentido oposto. Apesar de
pensamentos opostos em relação a esta disciplina, devemos destacar a grande contribuição
produzida por ambos para a ciência do restauro. Eles eram excelentes desenhistas e produziram
22

diversos documentos no qual catalogavam as construções que estudavam. Em meio a estas


teorias opostas, surge uma posição mais moderada, defendida por Camilo Boito (1836-1914).
Nascido em Roma em uma família com grande prestígio intelectual e artístico, se
formou em arquitetura pela Escola de Belas Artes de Veneza. Foi restaurador, crítico,
historiador, professor, teórico e erudito. Ele criou conceitos da Teoria Contemporânea de
Restauração, desenvolvendo o Princípio da Conservação com base em diversos instrumentos
técnicos e modernas tecnologias construtivas. Foi o pioneiro do “Restauro Científico”, no qual
ele defendia a perspectiva da anterioridade e propunha intervenção mínima na restauração,
admitindo novas adições, como medida extrema, exigindo que essas novas intervenções
permanecessem diferenciadas da obra antiga, de forma que se reconhecessem os acréscimos
modernos. Com Boito, a documentação dos monumentos históricos foi elevada a um patamar
de extrema importância, procurando preservar a validade das diversas fases em seus aspectos
originais, conferindo distinguibilidade da intervenção.
Este autor “concebe a restauração como algo distinto e, às vezes, oposto à conservação,
mas necessário. Constrói sua teoria justamente para estabelecer princípios de restauração mais
ponderados [entre Ruskin e Viollet-le-Duc]” (KÜHL, 2002, p.23).
Em todo seu trabalho ele procurou concatenar as ambiguidades das diferentes visões
do restauro dos seus contemporâneos já citados acima, esse seu estudo foi apresentado no
formato de sete princípios, que na verdade eram oito. São eles:

1. Ênfase no valor documental dos monumentos; 2. Evitar acréscimos e


renovações, porém, se necessário, ter caráter diverso do original sem destoar
do conjunto; 3. Utilizar material medieval diferenciado do original para
realizar complementos de partes deterioradas; 4. Obras de consolidação
deveriam ser facultativas e limitar-se ao estritamente necessário; 5. Respeitar
as várias fases pictografadas do monumento, sendo retirado todo o novo,
sendo somente se notório a inferioridade em relação ao conjunto; 6. Registrar
as obras tanto com fotografias e com desenhos, como documentalmente; 7.
Colocar uma lápide apontando a origem e as obras de restauro que foram
realizadas; 8. Notoriedade. (BOITO, III Conferência de Arquitetos e
Engenheiros Civis de Roma, 1883).

Este autor defendia três tipos de intervenção: o restauro arqueológico (referente à


conservação de monumentos da antiguidade), o restauro pictórico (no tocante a edifícios medievais
mantido como aspecto original) e o restauro arquitetônico (de obras a partir do renascimento).
Em seus entendimentos, Boito enfatiza o fato de que restauração e conservação não
são a mesma coisa, sendo, com muita frequência, antônimas. Para ele, os conservadores eram
“homens necessários e beneméritos”, enquanto os restauradores eram “supérfluos e perigosos”.
23

Desta forma, podemos entender um pouco mais seu pensamento, que considera a priorização
da conservação sobre a restauração e a limitação desta ao mínimo necessário.

Podemos dizer que Boito contribuiu de forma direta para a formulação dos
princípios modernos de restauração, na medida em que defendia o respeito à
matéria original da pré-existência, a reversibilidade e distinção das intervenções,
o interesse por aspectos conservativos e de mínima intervenção, a manutenção
dos acréscimos de épocas passadas entendendo-as como parte da história da
edificação, assim como, buscou harmonizar as arquiteturas do passado e do
presente a partir da distinção de sua materialidade. (OLIVEIRA, 2009. Disponível
em: https://www.vitruvirus.com.br/revistas/read/resenhasonline/08.086/3049.
Acesso em: 09 Out 2020)

Outro respeitável teórico que também trouxe valores importantes para as teorias atuais
foi Alois Riegl (1858-1905). Era um historiador de artes austríaco. Contribuiu fortemente para
a distinção entre monumento e monumento histórico, observando-os e atribuindo valores
históricos, considerando sua rememoração e contemporaneidade.
Sua obra caracteriza-se como “um conjunto de reflexões destinadas a fundar uma
prática, a motivar as tomadas de decisão, a sustentar uma política” (WIECZOREK, 1984, p.23)
Seu livro “O Culto Moderno dos Monumentos”, divide-se em 3 capítulos: valor da
antiguidade: defende a continuidade ordenada, onde os aspectos antigos se mantenham (em
uma visão menos fatalista que Ruskin); valor histórico: representa a fase de criação humana e
se manifesta enquanto documento relacionado a sua originalidade, respeitando a pátina do
tempo; e valor evocativo intencionado: tem como finalidade a manutenção do monumento
presente e vivo na consciência para a posteridade. Precede a prática da intervenção em
monumentos, ainda que minimamente.
Em relação à atualidade, ele destaca ainda o valor de uso prático (o monumento
deve atender às solicitações materiais do homem) e o valor de arte (atende às necessidades
do espírito).
E temos ainda o valor de novidade, que nesse trecho Sanches (2011, p. 15) constata
que “a obra moderna deve lembrar o mínimo possível das obras anteriores, tanto na concepção,
quanto no tratamento de pormenores formais e das cores”.

[...] o valor artístico relativo só pôde, ao menos depois do início da época


moderna, ser apreciado por aqueles que possuem cultura estética. A multidão
sempre foi seduzida pelas obras cujo aspecto novo estava claramente afirmado
[...]. Ao olhar da multidão, só o que é novo e intacto é belo. O velho, o
desbotado, os fragmentos de objetos são feios” (RIEGL, 1959, p. 98).
24

Podemos dizer que a grande contribuição de Riegl foi a observação de diferentes tipos
de valor, impondo ao restaurador a necessidade de um juízo crítico diante de uma obra, como
afirma Cunha no trecho a seguir:

A grande contribuição dessa obra do historiador da arte vienense reside no fato


de se apresentarem, através dos diferentes tipos de valor atribuídos aos
monumentos, decorrentes das distintas formas de percepção e recepção dos
monumentos históricos em cada momento e contexto específicos, os
contrastantes meios para sua preservação. E, ao indicar essas múltiplas
possibilidades, impor ao sujeito da preservação a necessidade de fazer escolhas,
as quais devem ser, necessariamente, baseadas num juízo crítico. Dessa forma,
o pensamento riegliano insere definitivamente as práticas da restauração no
debate sobre a cultura, considerando-a deliberadamente como “ato de cultura”,
antecipando-se às propostas defendidas a partir do segundo pós-guerra europeu
pelo chamado “restauro crítico”, que tem nas figuras de Roberto Pane, Renato
Bonelli e Agnoldomenico Pica seus protagonistas, e, paralelamente, a marca da
contribuição teórica de Cesare Brandi. (REIS e CUNHA, 2006. Disponível em:
https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/05.054/3138.
Acesso em: 03 Out 2020)

Outro teórico que não devemos esquecer é Gustavo Giovannoni (1873-1947), que veio
para alinhavar as teorias existentes e a importância da relação dos monumentos com o seu entorno.
Engenheiro, arquiteto e historiador da arte italiana, ele entendia a cidade como um organismo
complexo a ser trabalhado em sua totalidade, abordando as relações existentes com sua expansão e
zonas de interesse de preservação. Nessa difícil equação, ele estabeleceu uma base para ações de
preservação baseadas no pensamento de cunho cultural e reconheceu conflitos contemporâneos em
relação à preservação dos centros urbanos e sendo contrário à especulação. Publicou centenas de
textos abordando temas como a transformação urbana, ampliação, adensamento, circulação,
coordenação entre a cidade velha e a cidade nova, trabalhando as exigências da modernização, a
expansão e a necessidade de preservar. Fundamentou a teoria do restauro e estabeleceu métodos
para restauro de obras arquitetônicas que tiveram repercussão internacional.

Giovannoni desempenhou papel fundamental para as teorias urbanísticas, em


especial para relações entre urbanismos, arquitetura e preservação do
patrimônio, mostrando sua contribuição para estabelecer a fundamentação
teórico-metodológica da atuação prática, para estruturação da profissão do
arquiteto e do urbanista, e para questões legislativas. (KÜHL, 2013, p. 20 e 21)

Seus textos deram origem à carta de Atenas, em 1931, um dos mais importantes
documentos que teoriza os princípios da restauração científica. Ele considerava a formação do
25

arquiteto insuficiente para trabalhar com restauração, pois lhe faltava uma formação mais
humanista e chegou a discutir o ensino e a formação profissional, pensando um arquiteto
integral, com domínio da técnica, histórica e artística, capaz de abordar até os aspectos
econômicos e jurídicos.
Estes preceitos, consolidam-se de forma lenta, apenas na Conferência Internacional de
Atenas (CIAM), em 1931, onde são reunidas, em um único documento, com princípios e
recomendações para a manutenção e consolidação de monumentos antigos.

Qualquer que seja a diversidade dos casos específicos - e cada caso pode
comportar uma solução própria -, a conferência constatou que nos diversos
Estados representa uma tendência geral a abandonar as reconstituições
integrais, evitando assim seus riscos, pela adoção de uma manutenção regular
e permanente, apropriada para assegurar a conservação dos edifícios. Nos
casos em que uma restauração pareça indispensável devido à deterioração ou
destruição, a conferência recomenda que se respeite a obra histórica e artística
do passado, sem prejudicar o estilo de nenhuma época. (CIAM, 1931, p.1)

Este trecho da Carta de Atenas, de 1931, deixa uma clara indicação do caminho a não
ser seguido, ao recomendar a não repristinação, conceito esse tão valorizado por Violet-Le-Duc,
porém ela não direciona a apenas uma pratica de intervenção, ficando evidente que tem que ter
um juízo crítico para avaliar cada caso. Passam a surgir diversas cartas, que não são normativas,
porém, devem ser interpretadas, aprofundadas e adaptadas à realidade de cada cultura.
Ainda no final da mesma década e com o advento da Segunda Guerra Mundial, eram
necessárias medidas mais eficientes em relação à preservação do patrimônio histórico, pois
ocorriam grandes perdas e nesse contexto surge um dos teóricos mais evidentes na atualidade,
Cesare Brandi (1906-1988). Italiano, crítico de Arte e professor de História da Arte Medieval
e Moderna na Universidade de Roma, na de Palermo, na de Sapienza em Roma.
Fundou o Instituto Central de Restauração (ICR), o qual dirigiu de 1939 até 1960. O
ICR foi criado em um contexto em que se faziam necessárias novas soluções práticas, com o
objetivo de recuperar a identidade da população destruída no pós-Guerra. Brandi se destaca por
dois momentos principais do restauro: o do reconhecimento da obra de arte e a prática do
restauro propriamente dita. Através de sua teoria, cujo foco era a simplificação e a recuperação
do cenário, com menor custo de tempo e recursos. A estética e história eram consideradas com
igual peso e a restauração deveria buscar a o reestabelecimento da unidade potencial. Para
entender melhor esse conceito, devemos conhecer melhor a teoria de Brandi.
26

Sobre esta teoria, podemos dizer que um dos principais objetivos era excluir a
experimentação do processo de restauração das obras de arte. Existia a necessidade de transformar
o restauro em ato científico que seguisse princípios e métodos cientificamente estabelecidos,
respeitando os monumentos enquanto documentos históricos, devendo ficar aos cuidados de um
estudioso da temática. A partir disso, Brandi criou dois axiomas e princípios a serem seguidos.
O primeiro axioma: “Restaura-se somente a matéria da obra de arte” (BRANDI, 2013.
p. 31), “que se refere aos limites da intervenção restauradora, levando em conta que a obra de
arte, em sua acepção, é um ato mental que se manifesta em imagem através da matéria e é sobre
esta matéria – que se degrada - que se intervém e não sobre esse processo mental, no qual é
impossível agir.” (CUNHA, 2006. Disponível em: https://www.vitruvius.com.br/revistas/
read/resenhasonline/03.032/3181. Acesso em: 09 Out 2020). Devem existir limites até onde a
intervenção deve ir, sem se colocar no lugar de quem a concebeu e sem imaginar um estado
ideal que pode nunca ter existido.
O segundo axioma decorre sobre o reestabelecimento da obra de arte que afirma que
“A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que
isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum
traço da passagem da obra de arte no tempo.” (BRANDI, 2013, p. 33). “Ainda que se busque
com a restauração a unidade potencial da obra (conceito de todo distinto de unidade estilística),
não se deve com isso sacrificar a veracidade do monumento, seja através de uma falsificação
artística, seja de uma falsificação histórica” (CUNHA, 2006. Disponível em:
https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/03.032/3181. Acesso em: 09 Out
2020). Podemos dizer que a unidade potencial é uma referência unidade original, que jamais
poderá ser recuperada de fato.
No que diz respeito aos princípios criados por Brandi, podemos destacar primeiramente o
princípio da distinguibilidade, que afirma “a integração deverá ser sempre e facilmente reconhecível;
mas sem que por isto se venha a infringir a própria unidade que se visa a reconstruir” (BRANDI,
2013, p. 47). Ele relata sobre a importância em destacar as novas intervenções, tornando-as destacadas
da obra original, porém ele ressalta a importância de harmonia entre elas.
O segundo princípio diz respeito à reversibilidade, “que qualquer intervenção de restauro
não torne impossível mas, antes, facilite as eventuais intervenções futuras” (BRANDI, 2013. p. 48).
Reflete a preocupação em relação às futuras intervenções, de modo que as intervenções realizadas
possam ser desfeitas sem grandes prejuízos à obra de arte. Este mesmo princípio tem sido tratado mais
recentemente como “retrabalhabilidade”, segundo Kühl (2007).
27

Para Brandi, o que deve conduzir as intervenções em bens patrimoniais é um juízo


crítico de valor, retomando uma necessidade já apresentada por Alois Riegl, em seu livro,
intitulado “O culto Moderno aos monumentos: a sua essência e sua origem” (RIEGL, 2014) e
retomado também na Carta de Veneza, em seu artigo 11° “O julgamento do valor dos elementos
em causa e a decisão quanto ao que pode ser eliminado não podem depender somente do autor
do projeto” (ICOMOS, 1964).
Devemos citar ainda um outro princípio destacado por Brandi, no qual “é necessário
ter em mente a mínima intervenção, pois se deve provar a necessidade das intervenções [pelo
processo crítico], e a restauração não pode desnaturar o documento histórico nem a obra como
imagem figurada” (KÜHL, 2007, p. 208).
Um princípio fundamental que não podemos esquecer é o da autenticidade - já citado
anteriormente e contido no preâmbulo da Carta de Veneza em 1964 - é hoje um dos pilares que
regem o restauro. Talvez uma das qualidades mais essências de um bem, muitas vezes reflexo
do seu tempo, tem a ver com sua origem (não necessariamente no surgimento do bem em si,
mas com cada uma das partes que o compõe) e com a verdade.

A noção de autenticidade é indissociável das discussões teóricas e das ações


realizadas na área de Conservação e Restauro, e guarda relação direta com a
percepção dos valores associados a determinado bem cultural – sejam eles de
natureza tangível ou intangível. A autenticidade se constitui como um
princípio basilar e estruturante da ética que sustenta e alinha critérios,
conceitos e justificativas pertinentes ao universo da preservação. Como todo
processo de construção cultural, a autenticidade não pode ser compreendida
ou definida em termos absolutos e preestabelecidos, e seu reconhecimento está
intrinsecamente ligado ao contexto a que se refere – a um determinado
momento e a um determinado lugar. (GONÇALVES, Cristiane Souza.
IPHAN. Dicionário do Patrimônio Cultural. Autenticidade. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/88/autenticidade
Acesso em: 09 Out 2020)

Mais recentemente devemos citar Salvador Muñoz Viñas (1963 -), professor titular e
atual diretor do Departamento de Conservação e Restauração da Universidade Politécnica de
Valência, na Espanha. Ele acredita que as teorias clássicas são limitadas para o desígnio da cultura
atual, chegando a considerar que nem todos os objetos sujeitos ao restauro são obras de arte. A
restauração desses bens pode relacionar-se a outros valores além do histórico e do artístico –
sejam estes ideológicos, afetivos, religiosos etc. – não sendo, portanto, inerentes ao próprio
objeto. Alguns dos princípios citados anteriormente, como autenticidade, por exemplo, ou mesmo
os de mínima intervenção, distinguibilidade e reversibilidade. Para Muñoz Viñas, o diálogo, a
interdisciplinaridade e a sustentabilidade são caminhos fundamentais que devem ser seguidos.
28

Munôz Viñas faz uma leitura profunda sobre o pensamento e as teorias de diversas áreas
da restauração, buscando inconsistências e contradições. Mas além disso, o seu texto aprofunda
discursões e questiona alguns pontos até então tidos como certo. Para ele, “restauração se faz para
os usuários presentes ou futuros dos objetos (isto é, para os sujeitos) e não para os próprios
objetos.”( MUÑOZ VIÑAS, 2021,p.113).
Ao analisar o contexto atual, trazemos à luz dessa discussão as definições de Carbonara
(2005) para as três principais posturas de atuação: “a “crítico-conservativa e criativa”, que se
fundamenta fortemente no restauro crítico e teoria brandiana; a “pura conservação” ou
“conservação integral”, onde a instância histórica é privilegiada; e, finalmente, a “manutenção-
repristinação”, onde retomam-se formas e técnicas do passado para superar o “estado
fragmentário do bem” (ARAÚJO, 2014. p.04). Além dessas posturas já descritas, a autora
relaciona outras posturas que veremos a seguir.

As noções de “justaposição contextual” e “uniformidade contextual”,


primeiramente propostas por Richard Rogers (ROGERS, 1998 apud
TIESDELL, OC, HEATH, 1996) e posteriormente desenvolvidas e ampliadas
por Tiesdell, Oc e Heath (1996), ao incorporarem também a ideia de uma
postura intermediária entre ambas, a de “continuidade contextual”, são
bastante representativas do leque de opções que se colocam e sobre as quais
se desenvolvem eloquentes discursos teóricos a respeito das possibilidades de
intervenção sobre a preexistência de valor patrimonial.” (ARAÚJO, 2014, p.05)

Deste modo com base nas correntes italianas abordadas por Carbonara (2005) e nas
noções acima apresentadas a autora Araújo (2014) desenvolve o seguinte quadro que auxilia no
entendimento das correntes mais aceitas na atualidade.

Figura 4: ESCALA ENTRE POSTURAS INTERVENCIONISTAS APRESENTADAS POR TIESDELL, OC E


HEATH, E ADAPTADO POR ARAÚJO, 2014.

FONTE: ARAÚJO, 2014, p. 06


29

Onde a “justaposição conceitual” diz respeito a intervenções que deixam mais evidente
“as coisas novas”, a “continuidade contextual” seria um meio termo onde as novas intervenções são
demarcadas sem agredir drasticamente “as coisas antigas” e, por fim, teremos a “uniformidade
contextual” onde “as coisas novas” não são distintas em relação “as coisas antigas”.
Foram muitos os teóricos, além dos principais já citados, mas devemos entender que em seu
tempo e com base nos seus conhecimentos, todos tiveram um único objetivo: a preservação do
Patrimônio. A contradição que sempre existiu ao longo dos tempos enriquece grandemente a
discussão sobre o tema e reflete a diversidade de pensamento do ser humano. Existe algo que é
indiscutível na atualidade, independente da teoria: Compreender o bem como um todo, documentar e
ter um embasamento teórico é indispensável e um consenso comum entre todos os estudiosos.
As técnicas que envolvem repristinação não são bem vistas e sempre são polêmicas. Não
é um caminho que pretendemos adotar. Esse intermédio entre “justaposição contextual” e
“continuidade contextual”, é algo que parece muito favorável às práticas atuais e que pretendemos
seguir, sendo mais tendenciosa a “justaposição contextual”. Outros princípios como a autenticidade,
retrabalhabilidade e distinguibilidade também deverão ser contemplados nesta proposta de projeto.
30

3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA

Com o objetivo de ampliar o repertório para auxiliar as decisões projetuais a serem tomadas,
foram analisadas algumas edificações que se identificam ou exemplificam soluções adotadas, para
projetos similares ao objeto de estudo desse relatório. Deste modo, foram analisadas diversas
referências e em algumas, aprofundamos os estudos com o objetivo de analisar as soluções adotadas
e se, podem ou devem, ser aplicadas no projeto em questão. O foco inicial foi a análise de intervenções
em ruínas, que garantiram a autenticidade da edificação e os princípios da reversibilidade. No segundo
momento, analisamos as soluções com usos próximos e com intervenções cênicas, através das quais
se ressalta a importância histórica da edificação. Em um terceiro momento vamos ver uma edificação
restaurada que foca nos cenários para criar atrativos e fomentar a cultura local.

3.1 Cinema na Praça/ Paraty –RJ

O Cinema na Praça, localizado na cidade histórica de Paraty, no Rio Janeiro, foi escolhido
como estudo de caso por adotar soluções favoráveis à preservação da autenticidade e por estar em
estado de arruinamento. Outro fato importante é que o “2genius loci” foi mantido e, nesse caso, o
próprio uso principal, mas o programa foi ampliado e adaptado para as atuais necessidades.
Projeto do escritório Arquipélago Arquitetos, foi comandado por Luís Tavares e
Marinho Velloso, com cerca de 475.0 m2 e com obra iniciada em 2016, o cinema foi aberto ao
público em julho de 2018. Em 1930, o casarão passou pela primeira reforma, com o objetivo
de transformar o sobrado em um espaço para abrigar o Cine São Jorge. Ficando mais conhecido
como o “cinema do seu Pedro”, funcionou até meados dos anos 1970. Após esse período, o
cinema foi fechado e o prédio teve outras destinações durante as décadas seguintes, sendo
adquirido pela Prefeitura de Paraty que, em 2015, iniciou o processo de revitalização.

O interior do sobrado tombado do antigo cinema da cidade de Paraty encontrava-


se em ruínas, porém livre de divisórias, tal qual uma casca vazia, inacabada e aberta
à livre ocupação. As marcas do tempo, das sucessivas reformas e modificações,
todas à mostra revelando parte da história do lugar. Como uma obra aberta, tratava-
se de um convite às novas possibilidades, mas também de uma forte memória e
identidade à preservar. O projeto de arquitetura se orienta, portanto, a partir da
percepção de que a história deste prédio tombado não está congelada no tempo, mas
aberta à sua continuidade como espaço vivo de cultura e memória em permanente
construção. (ARQUIPÉLAGOS ARQUITETOS, 2018)

2
Se refere ao “espirito do lugar”. A essência ou a vocação daquele espaço.
31

Nesse trecho descrito pelo Arquipélagos Arquitetos (2018) vê-se o cuidado dos
arquitetos para preservar a memória e identidade do lugar. O prédio foi restaurado e adaptado
aos novos condicionantes e necessidades, sem perder sua forte identidade colonial, conforme
podemos verificar nas figuras 05 e 06 a seguir.

Figura 5: CINEMA NA PRAÇA Figura 6: IMPLANTAÇÃO CINEMA NA PRAÇA

Situado em plena praça da Igreja Matriz, no centro histórico tombado, segue a linha de
preservação proposta para o lugar. Sua localização é estrategicamente adequada para sua função.

Figura : BILHETERIA Figura 7: ELEVADOR E ACESSO AO CINEMA

FONTE: www.archdaily.com, 2019 FONTE: www.archdaily.com, 2019

A metodologia adotada pelos arquitetos, foi de preservar ao máximo o que estava em


bom estado de uso, fazendo o mínimo de intervenções e conservando os principais elementos
32

existentes. Alguns elementos originais, como a laje do segundo pavimento, foi substituída por
estrutura metálica, devido ao seu mal estado de conservação. Onde se fez necessário intervir
com novos elementos a demarcação entre o novo e o preservado, é visível.
Outra solução extremamente criativa, curiosa e que, nesse caso, retoma à historicidade
da edificação e sua relação com o entorno, foi a solução adotada para anunciar o filme em
cartaz. Foi feita na fachada uma reinterpretação dos antigos altares que ficavam
tradicionalmente expostos para as ruas de Paraty, um display com um monitor e que pode ser
removido, caso seja necessário.

Figura 9: DETALHE "CARTAZ" ELETRÓNICO DOS FILMES

FONTE: www.archdaily.com, 2019

A fachada frontal foi completamente preservada sendo repintada para ganhar o “valor
de novidade”. Ao longo dos anos sofreu diversas transformações, mas a última alteração,
manteve os traços simétricos e coloniais, precisando de algumas adaptações para atender às
normas atuais, como a acessibilidade.
33

Figura 10: FACHADA FRONTAL

FONTE: www.archdaily.com, 2019

O ambiente principal nessa edificação é a sala de exibição. Além disso, conta com outros
ambientes que podem ser vistos nas plantas mais adiante. Sobre a sala de exibição, fica muito evidente
as alterações sofridas pelo tempo, onde é possível ver nas paredes os diferentes tipos de tijolos e
argamassas, mostrando antigas intervenções. Outro fato interessante são os “elementos
modificadores” do espaço, nesse caso, a própria iluminação artificial proporciona sensações diferentes
ao espaço. Foi utilizada iluminação direta e indireta e toda as instalações ficaram aparentes.

Figura 12: SALA DE PROJEÇÃO COM FILME Figura 11: Sala de projeção sem filme

FONTE: www.archdaily.com, 2019 FONTE: www.archdaily.com, 2019


34

Em relação ao caminhar nesse espaço de acesso ao público, se imaginarmos uma linha


reta a partir do eixo da praça, podemos observar que a intenção era realmente manter o nível
existente, elevando apenas o palco e criando um declínio para as cadeiras, com a intenção de
acomodar melhor o público e valorizar o visual de cada fila de cadeiras na sala de projeção.
Tentando manter apenas os desníveis necessários, os quais foram superados com rampas ou
plataformas, um detalhe curioso é o acesso a plateia por cadeira de rodas, que não é feito pelo
acesso principal, e sim por uma entrada lateral, também utilizada como saída de emergência e
que não segue às recomendações atuais de acessibilidade.

Figura 13: CORTE CINEMA- PRAÇA

FONTE: Adaptado de www.archdaily.com, 2019

Nesse corte observamos melhor os níveis existentes, onde o pé-direito da caixa cênica
acompanha o mesmo nível disponível para a plateia, provavelmente para preservar a volumetria
original da edificação. E na área de foyer, foi feita uma nova laje sobre estrutura metálica para
manter a dois pavimentos originais do sobrado.

Figura 14: CORTE Cinema- Rua

FONTE: www.archdaily.com, 2019

Quando se trata de intervenção no pré-existente, a questão estrutural é bastante


importante. Em seu passado, ela era de fato definidora dos espaço, porém essa não foi a
35

realidade encontrada pelos arquitetos, que demonstraram, no trecho acima, se tratar de um


espaço aberto, onde apenas a caixa do cinema estava fechada entre paredes. Para isso, foi criada
uma nova estrutura que fosse capaz de se destacar do original mantendo a autenticidade da
edificação e viabilizando as adaptações necessárias. Essas imagens mostram o contraste com a
nova realidade, onde vigas e colunas metálicas são as novas sustentadoras do piso e da
cobertura, permitindo vãos livres e independentes.

Figura 26: ESTRUTURA Figura 37: ESCADA FIGURA 15: BILHETERIA E RAMPA DE
ACESSO

FONTE: www.archdaily.com, 2019 FONTE: www.archdaily.com, 2019

Observando a planta baixa, nas tabelas 20 e 21 a seguir, podemos entender melhor o


programa criado
36

Figura 18: PLANTA BAIXA_ TÉRREO

LEGENDA:
1- Foyer 4- Depósito
2- Bilheteria 5- Sala De Projeção
3- Banheiros 6 –Caixa Cênica
FONTE: Adaptado de www.archdaily.com, 2019

Figura 19: PLANTA BAIXA_ _ PAVTO. SUPERIOR


37

LEGENDA:
1-Sala multiuso 3- Administração
2- Biblioteca 4- Banheiro
FONTE: Adaptado de www.archdaily.com, 2019

O fato do prédio se encontrar de frente para a praça foi algo considerado pelos
arquitetos, que demonstraram isso em sua planta baixa. A transição da via pública para a
edificação é feita de forma abrupta pela inexistência de recuos, não permitindo criar uma área
de ambiência ao visitante, esse papel coube à recepção (foyer), que também funciona como
bilheteria. Em relação à área de banheiros, foi feita de modo mais reservado, através de um
corredor lateral que também abriga um depósito estrategicamente posicionado. Os espaços da
sala multiuso e da biblioteca se integram através das grande aberturas existentes, mantendo o
uma característica de open espaço aberto original da ruína.

Figura 20: BIBLIOTECA Figura 24: SALA MULTIUSO

FONTE: www.archdaily.com, 2019 FONTE: www.archdaily.com, 2019

Do “Cinema da Praça” adotam-se muitas referências para esse estudo, a começar por
sua escala de intervenção adotada, que vai da “continuidade contextual” à “justaposição
contextual”. A ideia de se preservar ao máximo a ruína, rememorando sua história através dos
elementos simbólicos inseridos no contexto da cidade, é uma estratégia que pretendemos adotar.
A própria estrutura e adaptações que se destacam da edificação, deixando claramente marcada
a inserção dos novos elementos e valorizando a autenticidade da edificação.
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3.2 Parque das Ruínas/ Santa Tereza- RJ

Localizado em um bairro que, por ter sido esquecido durante os processos de


urbanização da “Cidade Maravilhosa”, teve a oportunidade de manter suas característica de ruas
sinuosas e muitas das suas edificações intactas, Santa Tereza, no Rio de Janeiro, guarda muito
dos seu traços originais.
O Parque das Ruínas, projetado por Ernani Freire e Sônia Lopes, trouxe para o lugar um
parque público com centro cultural, mantendo assim o “Genius Loci” mesmo que alterando o uso,
pois originalmente a casa era uma residência, Palacete Murtinho Nobre, mas sua vocação cultural
era presente, pois a sua proprietária era Laurinda Santos Lobo, uma reconhecida mecenas. O
Palacete foi erguido entre 1898 e 1902, quando ainda era apenas um chalé para ser residência
do médico Homeopata Murtinho Nobre, posteriormente foi doado à sua sobrinha Laurinha,
herdeira de uma abastada e poderosa família. Já na década de 1930, a edificação foi reformada
para melhor abrigar a sua proprietária. Era uma edificação imponente de estilo neocolonial.
O casarão foi, no fervor do modernismo carioca, um ponto de encontro durante a década
de 1920, e um dos pontos mais badalados da vida cultural do Rio de Janeiro, até a década de
40, sendo um local de festas e reunião de famosos e figuras relevantes da época, como Villa-
Lobos, Tarsila do Amaral e a bailarina Isadora Duncan, até a morte da sua anfitriã. Laurinda
morreu em 16 de julho de 1946 e não deixou filhos. Deixando a casa em testamento para a
Sociedade Homeopática, que, porém, nunca chegou a tomar posse do bem.

Figura 22: PALACETE MURTINHO NOBRE

FONTE: https://www.efarquitetos.com.br/1996-PARQUE-DAS-RUINAS

O local ficou abandonado por anos e foi invadido e saqueado, ficando em ruínas. No ano
de 1993, o governo do estado do Rio de Janeiro tombou e, em 1997, foi inaugurado, no local, o
Parque das Ruínas que, na verdade faz parte de uma proposta a nível de micro-organismo, pois está
39

integrado a um outro terreno vazio e ao Museu Chácara do Céu, que em diferentes níveis
topográficos, fez com que a necessidade de interligá-lo o fosse visto dessa forma.

Figura 23: IMPLANTAÇÃO PARQUE DAS RUÍNAS

FONTE: Adaptado do Google Earth. https://www.efarquitetos.com.br

O Conceito adotado para o projeto foi o de valorização das ruínas. Como explica o
próprio Ernani Freire no trecho a seguir:

A exploração da estrutura como ruína, levando-se em conta que a ruína foi


considerada melhor que a casa que a produziu". "Procurou-se, na medida das
possibilidades, preservar o clima de ruína, a atmosfera, o mistério, enfim, não
espantar os fantasmas." (FREIRE, E. Disponível em: http://arqfigurinhas.
blogspot.com/2012/03/centro-cultural-parque-das-ruinas-rio.html.
Acesso em: 10 Out 2020)
40

Figura 24: PRAÇA DO CAFÉ Figura 5: RUÍNA DO PALACETE

FONTE: https://catracalivre.com.br

O Palacete virou um local de passagem. Foram criadas várias passarelas e escadas que
levam a um mirante no alto da edificação. Ao caminhar pelo espaço, o visitante pode descobrir
novas cenas com paisagens deslumbrantes do Rio. Toda intervenção foi feita com estruturas
metálicas e vidros, para preservar a autenticidade e a luz natural presente na ruína.

Figura 6: IMAGENS DO PARQUE DAS RUÍNAS

FONTE: https://mejogueinomundo.com/brasil/rio-de-janeiro/parque-das-ruinas/

Em relação à estrutura adotada para as intervenções, foi escolhida estrutura metálica que
tem grande aplicabilidade em intervenções de valor patrimonial pela praticidade e por seu material
se destacar muito em relação ao pré-existente. Nesse caso, ajudou inclusive na estabilização da
41

ruína. Sua fundação foi cuidadosamente escavada para abrigar parte do programa, como pode-se
ver nesse trecho destacado por Moraes e Ribeiro (2010), em seu artigo “Intervenções metálicas em
edificações de valor histórico e cultural: estudos de caso de interfaces.”

O antigo porão de onde se via parte da fundação original, sofreu uma


intervenção corajosa (por parte dos arquitetos e engenheiro calculista) para
que o edifício pudesse abrigar o programa de utilidades. Foi feito um
trincheiramento em que se utilizou o concreto armado como principal
ferramenta estrutural. Tal procedimento foi feito aos poucos e com muito
cuidado, pois na medida em que se desaterrava a área da fundação e abaixo
dela, era necessário escorá-la e preenchê-la com concreto armado que também
tinha a função de estabilizar a ruína para as próximas etapas da escavação.
(MORAES e RIBEIRO, 2010, p. 09).

Um detalhe que devemos destacar é que algumas partes da estrutura são apenas
parafusadas, permitindo a reversibilidade, que as cartas de restauro mais recentes recomendam.
É importante atentar e ressaltar que a estrutura não consiste apenas de partes metálicas, em
alguns pontos foi necessária a utilização de concreto para completude do sistema.

[...] a viga central composta de berço de concreto armado entre dois perfis
metálicos dobrados em forma de U. Essa viga recebe grande parte das cargas
do mirante e sua circulação vertical, direcionando-as para as paredes laterais
do vão central. Dessa forma a parede de alvenaria que se encontra logo abaixo
foi protegida. (MORAES e RIBEIRO, 2010, p. 40).

Figura 7: VISTA DA VIGA NO VÃO CENTRAL

FONTE: MORAES, MOREIRA. 2010

Para entender melhor o projeto que foi dividido em vários níveis, veja as plantas e
cortes a seguir onde podemos perceber também o programa adotado.
42

Tabela 1: DETALHE VIGA DO VÃO CENTRAL


Figura 8: ESQUEMA DE DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA
EM SEUS PAVIMENTOS

FONTE 1:MORAES, MOREIRA. 2010

FONTE: https://www.mariliaarruda.com.br/parque-
das-ruinas

Figura 9: PLANTA BAIXA DO NÍVEL Figura 10: PLANTA BAIXA DO


DO AUDITÓRIO TÉRREO

FONTE:https://deslimites.wordpress.com FONTE:
/2010/08/25/planta-baixa-do-parque- https://contateoceu.wixsite.com/gaiaviva/
das-ruinas/ manual-do-expositor?lightbox=dataItem-
jalzdez6
43

Figura 11: CORTE ENTRADA- AUDITÓRIO Figura 12: CORTE SALA DE EXPOSIÇÕES

FONTE: www.efarquitetos.com.br/1996-PARQUE-DAS-RUINAS

Podemos observar que no pavimento do terraço, encontra-se um amplo pátio ao ar livre e


uma cafeteria. Nesse mesmo pavimento estão instaladas parte das passarelas que permeiam o
palacete. Nos pavimentos mais altos da edificação, temos o mirante e logo acima o terraço, que foi
coberto por uma estrutura metálica e vidro. De lá, é possível se ter uma panorâmica do Rio de Janeiro.
Já no pavimento semienterrado existem: um auditório (capacidade para 100 lugares), sala
de exposições temporária, copa, administração, depósito e banheiros públicos. Existe ainda um
nível inferior que comporta a praça e o palco. O próprio espaço permite inúmeras possibilidades,
comportando diferentes usos. O programa flexível que possa atender tanto ao turista, quanto a
população local, e de fato, o local acabou se tornando um lugar de referência para a comunidade.

Figura 13: VISTA DO PATIO DO CAFÉ Figura 14: VISTAS DAS JANELAS

FONTE: FONTE:
https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review- https://www.cariocadna.com/agenda/1703-
g303506-d7235026-Reviews-Cafe_Das_Ruinas- cantora-gaucha-lizza-dias-homenageia-elis-
Rio_de_Janeiro_State_of_Rio_de_Janeiro.html regina-no-teatro-do-parque-das-ruinas/

Nesta imagem é possível ver a circulação criada por todo o palacete, até a chegada no terraço.
44

Figura 15: ESQUEMA DA CIRCULAÇÃO Figura 16: DETALHE CIRCULAÇÃO

FONTE2:
https://www.cariocadna.com/agenda/1703-cantora-
gaucha-lizza-dias-homenageia-elis-regina-no-teatro-
do-parque-das-ruinas/

Figura 17: DETALHE ESCADA

FONTE: https://br.pinterest.com FONTE:


https://www.cariocadna.com/agenda/1703-cantora-
gaucha-lizza-dias-homenageia-elis-regina-no-teatro-
do-parque-das-ruinas/

Desse estudo adotam-se muitas referências para esse trabalho, como a escala de
intervenção, que fica entre a “continuidade contextual “e a “justaposição contextual”. Outra
referência seria destacar a ruína, rememorando sua história através dos elementos simbólicos
inseridos, como na própria imagem de Laurinda, gravada em um vidro. Em relação à estrutura
para as novas intervenções, que foi a metálica, destaca-se do pré-existente e garante a
autenticidade, mesmo tipo de estrutura que pretendemos adotar em boa parte da intervenção,
principalmente na parte da ruína. O critério importante que também pretendemos seguir é o
cuidado com alguns elementos que foram aplicados, de modo a garantir a reversibilidade dos
mesmos. Outro conceito que também buscamos adotar é a flexibilização no uso dos espaços,
que permitirá um programa variado.
45

3.3 Paço do Frevo/ Recife-PE


O paço do Frevo localizado no bairro do Recife, em Recife é um centro de referência
de ações, projetos e atividades de documentação, transmissão, salvaguarda e valorização do
Frevo que é reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco. É um lugar
para vivenciar a cultura do Frevo

O Edifício da Western Telegraph Company Ltda é um dos raros exemplos


construído em Pernambuco do neoclássico tardio inglês, de inspiração
francamente renascentista. Construído em 1906, o edifício funcionou
unicamente como sede da multinacional Western Telegraph Company Ltda no
Brasil até o ano de 1976. Durante o período que esteve abandonado, sofreu todas
as consequências decorrentes da falta de uso, como perda das esquadrias e dos
pisos em madeira, oxidação das ferragens estruturais e de suporte dos
ornamentos e principalmente o desmoronamento da coberta em estrutura
metálica com telhas tipo francesa. Foi desapropriado pela Prefeitura do Recife
que executou recentemente a coberta. [...] Apesar do abandono, o edifício
manteve íntegras as suas largas paredes em alvenaria de tijolo maciço, rejuntada
com argamassa rica em cal, e grande parte da sua ornamentação externa. Esta
forte resistência ao tempo deve-se a excelência de sua construção e alta
qualidade dos materiais construtivos utilizados. [...] O edifício está inserido em
um sítio de relevância histórica e cultural, tombado pelo IPHAN sob portaria
federal nº 263/98 e pela Prefeitura do Recife mediante lei nº 16.290/97. É
também de importância fundamental na história das comunicações do Brasil,
pois dele partia um cabo submarino que durante 65 anos conectou o nosso país
a Europa.”
Plano Museológico do Paço do Frevo – Recife 2013

O Paço do Frevo surgiu com a intenção de ser referência cultural, arquitetônico e


histórico e contribuir para perpetuar a cultura e riquezas do Frevo. Anexo à praça do Arsenal
da Marinha, o projeto da edificação contribui para a conservação da memória, e ocupa uma área
de área de cerca de 2.270 m2, outro fato interessante é que a edificação situa-se dentro do
perímetro tombado pelo IPHAN em 1998.
46

Figura 18: FACHADA DO PAÇO DO FREVO

FONTE: Aniversário de seis anos do Paço do Frevo é comemorado com programação musical | Carnaval
2020 em Pernambuco | G1 (globo.com). Disponível em: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/
carnaval/2020/noticia/2020/01/31/seis-anos-do-paco-do-frevo-sera-comemorado-com-muita-
musica.ghtml. Acesso em: 24 Ago 2020.

Além das exposições permanentes o edifício abriga diversos usos que fomentam atividades
distintas de formação, preservação e difusão da memória do Frevo. O programa foi distribuído nos
quatro pavimentos e contem, um café, sanitários, espaço para exposição permanente, exposição de
média duração, centro de documentação, administração, sala técnica, sala de projeção/ dança, sala de
projeção/ música, Diretoria da escola de música e dança, sala dos professores, vestiários, salas de
dança, estúdio de gravação, salas de ensaio, depósitos, sala de exposição temporária, sala do programa
educativo, entre outros. Além disso o prédio oferece acessibilidade com elevadores e rampas para que
todos possam circular por toda a edificação. Que estão distribuídos da seguinte forma:

Figura 19: QUADRO DE ÁREA PAÇO DO FREVO

FONTE: Plano Museológico do Paço do Frevo – Recife, 2013


47

Figura 20: PLANTA DO TÉRREO

FONTE: Plano Museológico do Paço do Frevo – Recife, 2013

Figura 21: PRIMEIRO PAVIMENTO

FONTE: Plano Museológico do Paço do Frevo – Recife, 2013


48

Figura 22: SEGUNDO PAVIMENTO

FONTE: Plano Museológico do Paço do Frevo – Recife, 2013

Figura 23: TERCEIRO PAVIMENTO

FONTE: Plano Museológico do Paço do Frevo – Recife, 2013


49

Fechado a partir de 1973, apresentava todas as consequências do abandono e


necessitava de obras para a recuperação de fachadas, substituição de
infraestrutura e requalificação dos interiores, marcados por pés-direitos altos,
divisórias de tijolos e janelas com caixilhos de madeira, com veneziana e
vidro, mas sem postigo interno. “Procuramos manter as características
originais da edificação. Também não havia espaço para ampliações, o
programa tinha que caber no prédio”, conta Ronaldo L’ Amour, um dos
arquitetos responsáveis pelo projeto. A intervenção mais significativa foi feita
no reforço das lajes, estruturadas por perfis metálicos a cada 60 centímetros e
com vãos preenchidos por concreto. Como os perfis estavam oxidados, foram
estudadas possibilidades para reparo e reforço dessa estrutura. O sistema
escolhido foi o que emprega manta de fibra de carbono, ainda pouco difundido
no mercado. “Essa manta é flexível e aplicada diretamente sobre a laje com
um líquido reagente. Quando ela endurece, a superfície ganha a mesma
resistência do concreto armado”, explica L’ Amour.

DESIGN - PROJETO DESIGN ABR ‘14

Figura 24: PAÇO DO FREVO

FONTE: Leandro de Santana/Esp.DP

Com fachada branca, o projeto arquitetônico foi desenvolvido pelo Grau - Grupo de
Arquitetura e Urbanismo, escritório recifense comandado por Felipe Campelo e Ronaldo L’
Amour e a museografia e expografia que foi tratada de forma cênica e interativa, onde o público
passa a interagir com a exposição, foi comandada por Bia Lessa.
50

Bia relata que uma das demandas para o projeto era a de que fosse possível existir a
permeabilidade visual entre o exterior e interior, consentindo que a paisagem urbana também
fizesse parte do paço. “Transpor uma expressão das ruas para um ambiente fechado foi o maior
desafio do projeto, mas tentamos transformar essa dificuldade em conteúdo”, explica Bia.

Figura 25: GRANDES JANELAS PROPORCIONANDO PERMEABILIDADE VISUAL

FONTE: Fernanda Bragatto. Disponível em: https://thesummerhunter.com/timing-perfeito-gol-recife/.


Acesso em: 20 Ago 2020.

3.4 Rebatimento no Projeto

Em relação aos estudos de caso apresentados e seu rebatimento no projeto, podemos


dizer que todos contribuíram de forma significativa para a composição desse projeto. Vejamos
a tabela a seguir que sintetiza as características e o rebatimento no projeto.

Tabela 2:ESTUDOS DE CASO


QUADRO COMPARATIVO DOS ESTUDO DE CASO E DIRETRIZES PARA O PROJETO
CINEMA Ano PARQUE DA PAÇO DO A
NA PRAÇA RUÍNA FREVO SAMARITANA
CONCEITO Ruína Historicidade
ESTADO DE Ruína Ruína Estado Estado
CONSERVAÇÃO de arruinamento de arruinamento
51

PORTE 475.0 m2 - 2.261m2 418,00m2


(464,20m2)
USUÁRIO Aberto ao Aberto ao Aberto ao Aberto ao
público em geral público em geral público em geral público em geral

PROPRIEDADE Poder público Poder público Poder público Propriedade


particular
RELAÇÃO COM O Relação com a Sistema de Relação com a Instalado em
ENTOR\NO praça e Microurbanismo, praça e uma via simples,
edificações uma vez que o edificações apresenta a
próximas palacete faz parte próximas relação com a rua
importantes de um complexo importantes tipicamente
maior. comercial de
forma direta,
intensa e
favorável.
GENIUS LOCI Manteve Manteve Modificada Manter
ESCALA DE Entre Entre “Justaposição Entre
INTERVENÇÃO “justaposição “justaposição contextual” “justaposição
contextual” e contextual” e contextual” e
“continuidade “continuidade “continuidade
contextual”. contextual”. contextual”.
PRINCÍPIOS Autenticidade Autenticidade Autenticidade Autenticidade
Distinguibilidade Distinguibilidade Distinguibilidade Distinguibilidade
Integridade Reversibilidade Reversibilidade Reversibilidade
ACESSIBILIDADE Priorizou Não priorizou Priorizou Priorizar
INTERVENÇÕES Novas divisões Toda a parte Toda parte Toda parte
MODIFICADORAS e laje metálica e de interna interna da ruína e
DOS ESPAÇOS vidro. Os novos o bloco novo
anexos
ESTRUTURA Metálica e Metálica e Concreto Metálica e
concreto concreto concreto
ELEMENTOS DE -Forro - Passarelas -Fachada, - Fachada
EFEITO -Escada e estruturas ambientes -Rooftop
IMPACTANTE -Iluminação metálicas cênicos -Área de
artificial - Mirante transição
52

- a própria ruína
ANALOGIA DE Na fachada foi Foto de Laurinda Vários elemen- Escultura com a
REFERÊNCIA feita uma impressa em um tos nos ambien- árvore na
reinterpretação dos vidros, tes de exposição, fachada, que
dos antigos rememorando os rememorando toda possui grande
altares que fantasmas da a cultura do valor simbólico.
ficavam ruína. Frevo.
tradicionalmente
expostos para as
ruas de Paraty.

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2021.


53

4 CARACTERIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO

Esta caracterização e diagnóstico do bem é de suma importância para uma real


compreensão de sua relevância, bem como do seu real estado de conservação e preservação e
um melhor entendimento da própria edificação. A seguir passaremos a entender o local de
inserção da edificação, seu contexto histórico e seu estado atual.

4.1 Entorno/ Local de Intervenção

De fato, falar do bairro da Ribeira é falar da história da cidade de Natal, das memórias,
do comércio e, principalmente, da cultura. Foi o segundo bairro a se constituir na cidade e teve
uma enorme importância durante o período da Segunda Guerra Mundial. Atualmente, possui
umas das melhores infraestruturas urbanas da cidade. É, por muitas vezes, abandonado pelos
gestores da nossa cidade. É um bairro com forte vocação comercial e cultural.
Segundo Anna Grabriela Cordeiro, “A Ribeira, geograficamente, localiza-se ao norte do
núcleo urbano inicial, era uma área alagada pelas marés do rio Potengi. Sua ocupação deve-se
primeiramente por encontrar-se no meio do caminho entre a cidade e a Fortaleza dos Reis Magos.”
(2011, p. 2). O bairro evoluiu de forma lenta, do século XVIII até meados do século XIX. A Ribeira
caracterizava-se por seu caráter geográfico, por ser uma região pantanosa e frequentado, até então,
pelas classes mais baixas. A partir desse momento passa a existir uma preocupação, tanto da
população quanto dos governantes, em relação à região alagadiça que estava no “meio do caminho”,
primeiro pelas questões de salubridade e em segundo, pela locomoção.
Os interesses dos governantes pelo bairro eram evidentes, e a ideia era aterrar o alagadiço
e transformá-lo no centro comercial da capital, como de fato aconteceu, a partir das obras de
Figueiredo Junior, o primeiro a realizar obras no local. Em seu livro Cascudo relata:

A Ribeira estava sendo o bairro comercial, dinheiroso, materializado. A rua


do Comércio já estadeava prédios e armazéns repletos de açúcar, algodão, sal,
peles, embarcados pelas sumacas e barcaças bojudas para Pernambuco, o
grande comprador. A cidade se alastrava, lenta, dos dois núcleos.
(CASCUDO, 2007, p. 43)
54

Já com sua vocação comercial consolidada durante o século XIX, o bairro vê sua
população saltar de cerca de 300 habitantes para quase 10 vezes maior, acompanhando o
crescimento da cidade. Devemos lembrar de dois grandes articuladores e favorecedores da
expansão do bairro: o Porto, que se instala no bairro e é, até hoje, um importante meio de
escoamento e, na época também de comunicação com o resto do país e com o mundo. O outro
grande articulador é a rede ferroviária, que também facilita o escoamento de produtos e o
transporte de pessoas.
“O crescimento da Ribeira se deu no final do século XIX para o início do século XX.
Em 1905, o bairro foi o primeiro a receber iluminação pública. Posteriormente, teve hotéis,
casas comerciais, clubes de dança e o primeiro cinema, Politheama (1911)”. (CONHEÇA
MELHOR SEU BAIRRO, SEMURB, 2007, p. 7)

Figura 26: RUA DR BARATA ANTES DE 1916

FONTE: https://tokdehistoria.com.br/2013/10/03/401-fotos-antigas-de-natal/

O ápice do bairro ocorreu durante a década de 1940, com a Segunda Guerra Mundial e a
instalação da base militar americana, “Parnamirim Field”, que trouxe muitos soldados para a cidade
e a efervescência do centro comercial se dava principalmente na rua Dr. Barata, onde chegavam
novidades vindas do exterior diretamente para a cidade, sendo palco para muitas novidades que
eram tão incomuns aos natalenses, como a Gilette, Coca-Cola, chiclete e tantas outras inovações.
Com o fim da Guerra, o bairro começa a esvaziar- se e ocorre uma migração do centro
comercial para a Cidade Alta e Alecrim, começando a história de abandono e esquecimento do bairro.
55

Existiram algumas ações com o objetivo de alavancar a Ribeira. Uma das primeiras
intervenções foi a implantação da balsa da Redinha ainda na década de 60. E apenas trinta anos
depois, na década de 90, tem-se uma retomada mais efetiva de práticas para impulsionar a local,
com o projeto de Revitalização de fachadas da Rua Chile, que estimulou muitos comerciantes
a instalar seus negócios, principalmente da área de economia criativa, como as agências de
publicidade e também os estabelecimentos de lazer, promovendo um fomento à vocação
cultural e boêmia do bairro.
O cenário atual é bem diferente. Passa uma imagem de abandono, insegurança e
degradação. De fato, aquele tão desejado olhar que os governantes tinham para o bairro ainda
no século XVIII e XIX, não existe mais. Apesar de, em 2014 ter sido autorizado o tombamento
do centro histórico de Natal, que abrange os bairros da Ribeira e Cidade Alta, onde passaram a
existir algumas ações isoladas que favoreceram a Ribeira, mas não alavancaram de forma mais
enérgica a retomada do mesmo. Falta um plano de ação efetivo que seja capaz de desenvolver
o bairro, que é tão bem dotado de infraestrutura.

4.2 Histórico e Reconhecimento do Bem Cultural

Figura 27: A SAMARITANA VISTA DA PRAÇA AUGUSTO SEVERO, DÉCADA DE 40.

FONTE: ROSTAND MEDEIROS. Arquivo pessoal. Década de 40.

Construído com o objetivo de abrigar uma loja de tecidos, o proprietário e empresário


Serquiz Elias, de origem libanesa, ergue o prédio no ano de 1916, tendo em sua fachada o
letreiro com o nome da loja “A SAMARITANA”. Isso se torna algo marcante e simbólico como
56

referência nos dias atuais. Certamente a fachada que resiste ao tempo e nela cresce uma árvore,
é um verdadeiro símbolo do lugar. Prédio de estilo eclético, com características muito
marcantes, destaca-se diante de outras construções existentes na sua época. Algumas
características são peculiares como o fato das bandeirolas serem separadas das portas e as 3
esquadrias centrais do pavimento superior, que juntas formam, um arco. Seriam estes detalhes
provenientes de sua origem libanesa?
O fato é que, naquela época, eram poucas as construções na cidade que carregavam
esses detalhes. Podemos comprovar isso através da tese de Viegas (2018), que chegou a fazer
o inventário do centro histórico com mais de 1600 edificações, onde apenas cerca de 5 prédios
constavam com essas mesmas características. No interior do prédio podemos encontrar ainda
algumas referências que resistiram ao tempo e, provavelmente, tem a ver com a origem do
proprietário, como o piso original, ainda conservado em parte da caixa da escada, um ladrilho
hidráulico nas cores vermelhas e creme e as bandeirolas da esquadrias do pavimento superior,
que são voltadas para os fundos do prédio e que apresentam um muxarabi em madeira.

Figura 28: RUA DR BARATA

FONTE: https://tokdehistoria.com.br/2013/10/03/401-fotos-antigas-de-natal/

No n° 232 existia uma papelaria, da firma R. Dourado, que foi destruída por um incêndio,
sendo construído no local, pelo Sr. Serquiz Elias, o prédio hoje existente, onde instalou a
sua loja A Samaritana, passando a ser administrada, com o seu falecimento, pelo seu genro
Sr. Neif H. Chalita, tendo pouca duração porque o Sr. Chalita faleceu poucos anos depois.
O local veio a ser ocupado pelas Loja Paulista, vinda do N° 104, da Tavares de Lira. Hoje
denominam-se Casas Pernambucanas e funcionam em prédio recentemente construído e
em alto desenvolvimento. [...] Neste número, encontra-se a firma Laete Gaspar Costa,
especializada em prestação de serviço Consul.” (ANDRADE, 1989, p. 86)
57

Segundo Andrade (1989), a loja logo passou a ser alugada para famosa Loja Paulista,
que mais tarde se tornou a conhecida Casas Pernambucanas. A Loja Paulista ocupava o térreo
e vendia o mesmo seguimento de produtos da loja “A SAMARITANA”: tecidos. Não foram
encontrados registros de alteração da estrutura da loja para esse segundo uso. No pavimento
superior existiam diversas salinhas, no livro de Augusto Severo Neto (1985) “ONTEM
VESTIDO DE MENINO”, podemos comprovar a existências de várias salas que eram locadas
para as mais diversas finalidades. Vejam o trecho a seguir, onde o autor descreve a lembrança
de uma experiência vivenciada no prédio, a época de sua infância.

Atingia-se o primeiro andar das “lojas paulistas” por uma comprida escada de
madeira rangedeira que, acredito, ainda existe. Pé direito violentamente alto.
Degrau a não mais acabar. Lá em cima, Sylvio de Souza, dentista. [...]
Nas outras salas do sobrado da Paulistas estavam os consultórios do Dr José
Maria Neves, Antônio Muniz, Alfredo Bahia Monteiro e o outro dentista,
Giuseppi Leite. [...] Havia ainda o estúdio de Rubens, fotografo da moda, que
morreu no naufrágio do Baependi, primeiro navio brasileiro torpedeado em
nossas costas, no início da Guerra. Entre outras coisas, havia no estúdio de
Rubens um retrato colorido e muito expressivo de um velho alquebrado, de
olhar mortiço e triste.
Debrucei-me à sacada daquele primeiro andar, ouvindo o ruído dos
instrumentos de Sylvio de Souza como um retinir de espadas em duelo, o zunir
da broca do Giuseppi, sincronizado com os gemidos do paciente/ vítima e
olhando do alto a velha Doutor Barata. [...] (SEVERO NETO, 1985, p. 50 – 52)

Por essa descrição, podemos perceber que existiam pelo menos 7 salas no pavimento
superior para locação para as mais diferentes finalidades sendo, em sua grande maioria, para
prestação de serviços. Foram encontrados registros da década de 20 até a década de 60. Era
muito pouco provável coexistir com aluguel para habitação, mas existem registros que relatam
a existência de um “pensionato para gente simples”.
Segundo registro fotográfico de Eduardo Alexandre Garcia (postando em seu Facebook
em 06/04/2013) da década de 60 em que destaca a fachada da edificação, podemos perceber a
fachada muito bem conservada e muito provavelmente ainda em seu estado original. Percebemos
ainda a existência de portas almofadadas e bandeirolas por trás do gradil da bandeirola no primeiro
pavimento. Identificamos também a existência da quinta porta, hoje fechada. As portas também
foram alteradas, sendo substituídas por esquadrias mais simples do tipo fichas.
58

Figura 29: FACHADA DA SAMARITANA DÉCADA DE 60

FONTE 3: Eduardo Alexandre Garcia (Postando em seu Facebook em 06/04/2013)

Ainda durante o advento da II Guerra, período em que a cidade de Natal fervilhava de


novidades e de americanos, vindos para cá junto com a base aérea “Parnamirim Field”, a rua Dr.
Barata era o endereço nobre da cidade e o comércio chique se encontrava lá. A Loja Paulista era
endereço certo para adquirir as “melhores fazendas com o mais delicado toque”, no pavimento
superior renomados médicos, advogados, fotógrafos entre outros ocupavam o nobre endereço para
prestar seus serviços e uma dessas salas foi locadas para os jovens Djalma Maranhão, Aderbal de
França, Rivaldo Pinheiro e Waldemar Araújo que, por ocasião da II Guerra, resolveram criar um
jornal independente e instalaram a redação do seu jornal nessa pequena sala.
Todo o jornal era escrito e editado lá, mas com a ajuda de Edilson Varela que era, na
ocasião, diretor de “A REPÚBLICA”, o jornal oficial do governo. Lá eles imprimiam seu jornal
para ser distribuído na cidade. O nome era “O DIÁRIO”. Permaneceram na mesma sala até o
ano de 1941, quando o jornal adquiriu mais notoriedade e foi vendido a Ruy Moreira Paiva, por
cinco mil cruzeiros e, mais tarde, ao Grupo Chateaubriand, quando passou a ser chamado de
“O Diário de Natal”.
59

Figura 30: NATAL DÉCADA DE 40

FONTE: Eduardo Alexandre Garcia (Postando em seu Facebook)

Foram encontrados apontamentos da permanência da Loja Paulista até a década de 60.


No ano de 1967 já existem apontamentos da loja DISMACOL, que vendia material de
construção. Já no ano de 1972, existem publicações de dívidas da loja com o estado e no ano
de 1980, de um leilão de materiais de construção com o endereço do prédio. Nesse período não
foram encontrados registros sobre o pavimento superior, podendo ter sido locado à loja
DISMACOL ou ter sido destinado a outros usos desconhecidos.
Teria acontecido um incêndio no prédio e destruído boa parte de sua estrutura. De fato,
durante o levantamento, foram encontradas algumas das madeiras ainda existentes na
edificação, de aparência retorcida e escurecida, muito parecido com madeiras queimadas. Esse
incêndio, segundo relato do Sr. Lula Belmont (funcionário do Café Teatro, em entrevista no dia
20.08.2020), que trabalhou com o Sr. Arruda Sales e inaugurou no prédio o FRENEZZI CAFÉ
TEATRO, que teria sido o primeiro espaço para eventos voltado ao público LGBT na cidade,
que teria ocorrido alguns anos depois do café ter fechado.
Muito provavelmente, a reforma para adequação da edificação ao Café Teatro, foi um
dos motivos que mais ocasionou alterações na edificação, tendo boa parte do seu piso original
modificado entre várias outras descaracterizações, no tocante à integridade da edificação,
prejudicando sua preservação. O empreendimento fez bastante sucesso, mas teve vida curta.
Segundo Costa “O Empreendimento, porém, não durou muito tempo. Fechou em 1983, devido
a problemas de infraestrutura e também, é claro, devido à falta de incrementos por parte dos
órgãos públicos ligados a questões do Patrimônio Histórico e Cultural”. (1998, p. 140)
60

Nesse mesmo período foi identificado na entrevista com o Sr. Lula Belmont, que no
pavimento superior funcionou uma espécie de motel, que era administrado pelo Sr. Francisco 3
e que até o ano de 2020, possuía estabelecimento de uso similar no prédio ao lado.
Segundo Júlio Cesar de Andrade, o último registro de funcionamento do prédio
registrado no seu livro ao ano de 1989, foi da firma especializada em serviço Consul, Laete
Gaspar Costa. (ANDRADE, 1989. p. 86)

3
Infelizmente o Sr. Francisco morreu duas semanas antes da descoberta dessa informação, em decorrência da
COVID-19, o que impossibilitou uma entrevista com mesmo e com ele se foi mais um pouco da história da
Ribeira.
61

Figura 31: LINHA DO TEMPO

FONTE: A AUTORA, 2020


62

4.3 Estado de Conservação e Preservação (Diagnóstico)

Com base nos levantamentos realizados in loco, no mapa de danos produzido a partir
disso e do levantamento histórico, é possível avaliar o estado de conservação e preservação da
edificação. Os principais danos encontrados dizem respeito à falta de manutenção e ao
abandono da edificação por cerca de 30 anos. Muitas das patologias poderiam ter sido evitadas
se houvesse manutenção periódica, já outras patologias, como a umidade proveniente do
próprio solo, ocorrem devido ao próprio sistema construtivo adotado.
O mapa de danos tem como objetivo representar graficamente os danos existentes e
identificados na edificação, relacionando-os aos seus agentes e causas. São considerados danos
todos os tipos de lesões e perdas materiais e estruturais, tais como: fissuras, degradações por
umidade e ataque de xilófagos, abatimentos, deformações, destacamento de argamassas,
corrosão e outros. Seguem a seguir tabela com os principais danos encontrados. Para melhor
compreensão das patologias e como elas se apresentam na edificação, ver mapa de danos e
anexo no volume II. A seguir apresento as patologias identificadas, bem como suas causas e
possíveis soluções.

Tabela 3: PATOLOGIAS
DIAGNÓSTICO DAS PATOLOGIAS
PATOLOGIAS CAUSAS SOLUÇÕES
Fissura parcial -
Rachadura estrutural Devido à presença da Remover a vegetação e
vegetação estabilizar alvenaria
Sujidade Poeira externa Limpeza
Umidade Porosidade e falta de A definir
impermeabilização
Vegetação Falta de manutenção Remoção
Pichação Ação humana Limpeza e pintura
Elementos espúrios Ação humana Remoção
Ataque xilófago Abandono e falta de Limpeza e dedetização
dedetização
Deslocamento de Falta de manutenção Manutenção
revestimento
63

Desgaste da camada Intempéries Manutenção


superficial
Rejuntamento danificado Falta de manutenção Refazer
Peça quebrada Desgaste Remoção
Peça trincada/fissurada Ação do tempo Manutenção
Peça solta ou ausente Desgaste Manutenção
Apicoamento de Ação humana - Manutenção
superfície
Ferragem do concreto Desgaste Manutenção
exposta
Afundamento de bloco Desgaste Manutenção
Descolamento de reboco Falta de manutenção Manutenção
Queda do reboco com Falta de manutenção Manutenção
exposição da alvenaria
Alvenaria em Falta de manutenção Remoção
desmoronamento
Quebra de alvenaria Ação do tempo Manutenção
Desagregação de Ação do tempo Manutenção
elementos cerâmicos
Telhas danificadas Intempéries Manutenção
e/ou deslocadas
Entupimento de Intempéries Manutenção
calhas/canais
Deterioração da estrutura Intempéries Manutenção
da cobertura
Deterioração do forro Intempéries Manutenção
Instabilidade dos encaixes Intempéries Manutenção
da cobertura
Remoção ou ausência de Intempéries Manutenção
cobertura
Entaipamento Ação humana A definir
64

Deterioração das Intempéries A definir


esquadrias
Ferragem deteriorada Ação do tempo Manutenção
Deterioração do gradil em Intempéries Manutenção
ferro
Peça substituída Ação humana A definir
Deterioração de ornato ou Ação do tempo Manutenção
elemento integrado
Perda de ornato ou elem. Ação do tempo Manutenção
integrado
Rede elétrica em risco Falta de manutenção Manutenção
Ataque animais Ação não humana Manutenção
Tubulação aparente Ação do tempo Manutenção
Piso irregular e/ou Ação do tempo Manutenção
danificado
Entulho Ação humana Limpeza
Intervenção realizada Ação humana A definir
Intervenção Ação humana A definir
descaracterizadora
Lacuna Intemperes A definir
Instalação elétrica Ação humana e ação do Manutenção
inadequada e/ou tempo
danificada
Instalação hidrossanitária Ação humana e ação do Manutenção
inadequada e/ou tempo
danificada
Fungos, bolores e mofo Falta de manutenção Manutenção
Laje danificada Intempéries Manutenção

FONTE: A AUTORA, 2020

Analisando separadamente cada estrutura, podemos ilustrar melhor e facilitar a


compreensão do estado de conservação da edificação. Serão analisadas a estrutura, fundação,
alvenarias, pisos, coberta, escadas, esquadrias e outros pontos específicos que mereçam atenção.
65

Em relação à estrutura e fundação da edificação, podemos dizer que foi utilizado o meio
mais comum na época. Não foram realizadas escavações de prospecção em relação ao alicerce,
mas muito provavelmente eram sempre alvenaria de pedra, podendo ser seca, com barro ou
apenas rejuntada com calda, que é um líquido barroso que preenche os vazios entre pedras.
A própria parede tem função estrutural além da função de vedação, as paredes da caixa
mural da edificação principal são de alvenaria de tijolos de barro branco, aglutinados por uma
argamassa provavelmente de cal e barro. Existem vestígios que mostram a existência de reboco
em sua construção original, em toda edificação, porém atualmente só existe no pavimento
superior, sendo o pavimento térreo todo em tijolo aparente pintado (ver foto 43). Existem outras
adições, nas quais o sistema estrutural é diferente e a técnica adotada para vedação das paredes
foi a utilização de tijolos vermelhos de 8 furos. Essas adições provavelmente foram feitas na
década de 1980 para dar apoio ao teatro.

Figura 32: IMAGENS DURANTE O LEVANTAMENTO

FONTE: A AUTORA, 2019

O piso existente em grande parte da edificação é do tipo lajota cerâmica ou um


cimentado e, muito provavelmente, foram inseridos na reforma na década de 80 para “melhor
66

comportar” o teatro. Porém, foram encontrados fragmentos do piso provavelmente original no


quintal e uma parte intacta na caixa da escada. Esse piso original da edificação é do tipo ladrilho
hidráulico, feito à base de cimento pigmentado e costumam ter longa duração. Esse exemplar
provavelmente tem mais de 100 anos.

Figura 33: IMAGENS DETALHES DOS PISOS

Figura 34: DETALHE DO PISO

FONTE: A AUTORA, 2019

Já no pavimento superior existia um piso do tipo taboado corrido apoiado sobre barrotes,
como é possível perceber nas primeiras imagens feitas em visita a edificação. Esse sistema de
piso estava bastante danificado e apodrecido após tanto tempo de abandono e foi necessária a
remoção, devido ao risco de queda do mesmo. Vale salientar que, em boa parte do piso e dos
barrotes, estavam bastante danificados pela ação do fogo (o prédio sofreu um incêndio) e da
umidade (uma vez que não existia mais cobertura para proteger das intempéries).
67

Figura 35: DETALHE DO ANTIGO PISO DE TABOADO

FONTE 4: A AUTORA, 2019

A coberta era composta por tesoura do tipo “QUEEN” e telhas em barro do tipo colonial
(ou canal). Boa parte dessa estrutura já tinha ido ao chão, restando apenas três tesouras
incompletas, mas possíveis de serem remontadas e algumas poucas telhas. Um detalhe
interessante é que o forro ficava alinhado na face superior da linha inferior da tesoura. Veja
marcação na figura 47.

Figura 36: DETALHE DA COBERTURA

FONTE 5: A AUTORA, 2020

Das esquadrias encontradas na edificação, algumas se encontram em bom estado sendo


possível seu reaproveitamento, outras já estão completamente degradadas, sendo necessária a
substituição. Como vemos na figura 13, as esquadrias da fachada frontal do pavimento inferior
encontram-se em bom estado de conservação, sendo necessária a manutenção e substituição de
poucas partes, assim como a dobradiça e as fechaduras. Destaco ainda, que uma das cinco
68

aberturas existentes anteriormente, foi entaipada. Ainda na mesma fachada e no pavimento


superior, as esquadrias encontram deteriorando-se, sendo possível o aproveitamento apenas de
algumas bandeirolas. A parte inferior da abertura dessas esquadrias foram entaipadas, não
permitindo acesso ao balcão.

Figura 37: DETALHE DAS ESQUADRIAS DA FACHADA FRONTAL

FONTE: A AUTORA, 2020

Já na fachada posterior e no pavimento térreo, as aberturas encontram-se completamente


sem esquadrias, restando apenas algumas caixas de porta e parte dos antigos arcos foram
entaipados, reduzindo o vão da esquadria. Em uma delas ficou espaço apenas para uma pequena
janela. Já no pavimento superior, as esquadrias encontram-se bem preservadas, a central está
sem a bandeirola e a da lateral esquerda foi cortada, devido ao entaipamento na parte inferior.

Figura 38: IMAGENS DAS ESQUADRIAS DA FACHADA POSTERIOR

FONTE: A AUTORA, 2020


69

As escadas de madeira são um detalhe peculiar da edificação e muito rememorada por


quem utilizava a edificação, feita em madeira com escoras laterais também em madeira, fixada às
paredes, possui um detalhe peculiar que são varões em aço, auxiliando no apoio, provavelmente
algo colocado posteriormente. Ainda encontram-se em bom estado de conservação, tendo apenas
alguns degraus apodrecidos ou sofridos danos com ataque xilófago. São cerca de 23 degraus sem
patamar, em uma caixa que chega a ter 1,20m de largura. Na caixa da escada, feita em tijolo branco
e argamassa, muito provavelmente de barro e cal, material mais comum na época, ainda existe o
reboco da parede, diferente do restante do pavimento. Esse é o único trecho que mantém mais as
características originais, pois também preserva o piso, como dito anteriormente.

Figura 39: DETALHES DA ESCADA

FONTE: A AUTORA, 2019

A calçada externa é feita com ladrilho de cimento na cor natural e com pigmento vermelho,
usados de modo intercalado, formando um xadrez. Um detalhe interessante são as soleiras em pedra
com cor cinza e cor avermelhada, muito provavelmente originais da construção do edifício.
70

Figura 40: DETALHE SOLEIRA DE ENTRADA

FONTE: A AUTORA, 2019

Outro detalhe interessante é esse gancho em aço fixado na parede, provavelmente era onde
a cortina do palco teatro era fixada, uma vez que o palco existente fica no mesmo alinhamento.

Figura 41: DETALHE GANCHO DA CORTINA

FONTE: A AUTORA, 2019

4.4 Análise da fachada

Sobre a fachada, podemos dizer que claramente representa o estilo eclético e tem
algumas características que são peculiares. Observe a imagem a seguir que destaca uma clara
separação das partes da fachada, muito comumente utilizada em fachadas ecléticas. São elas: o
coroamento, o corpo e o embasamento.
71

Figura 42: DIVISÃO DA FACHADA

FONTE: AUTORA, 2021

Existem ainda algumas características que são peculiares a esta fachada, tornando o
desenho único e com elementos pouco reproduzidos no CHN, como foi dito anteriormente. As
esquadrias centrais do pavimento superior formam juntas um único arco acima delas fica o
letreiro com o nome da loja “A SAMARITANA”. Outra característica pouco comum são as
bandeirolas separadas por uma verga das portas, como pode ser visto no destaque abaixo.

Figura 43: DETALHES PECULIARES DA FACHADA

FONTE: AUTORA, 2021


72

A seguir podemos observar em destaque alguns elementos existentes e seu atual estado
de conservação.
Figura 44: DETALHES DOS ADORNOS DA FACHADA

FONTE: AUTORA, 2021


73

Figura 456: DETALHES DAS ESQUADRIAS E MOLDURA

FONTE: AUTORA, 2021

4.5 Simbolismo da Edificação

Muitas vezes a importância de determinada edificação não é definida por si só, mas pelo que
aconteceu nela (por sua história) ou pelo seu significado. No caso da “A Samaritana”, podemos dizer
que esses três fatores remetem à importância da edificação. O “prédio em si”, devido às poucas
descaracterizações da fachada, pelo fato de ser um belo exemplar eclético. A história da edificação,
uma vez que durante a pesquisa histórica descobrimos que nela foi fundado o primeiro jornal
independente do governo, para ser a voz do povo durante a II Guerra. E por fim, pelo seu simbolismo,
podemos dizer que esta é certamente a fachada mais fotografada do bairro da Ribeira.
Ao ver a fachada em ruínas com uma grande árvore encravada e resistindo à ação do
tempo, é algo que causa grande comoção nas pessoas que tem apreço pelo Patrimônio. Basta fazer
uma pesquisa rápida pela Internet, e perceber o quanto essa fachada está presente na memória das
pessoas que a replicam. Podemos encontrar facilmente a mesma fachada em várias datas da década
de 90 para cá, já com essa árvore na fachada, um pé de fícus que insiste em sobreviver, tendo sido
arrancada diversas vezes, o mesmo renasce em locais diferentes por estar com suas raízes encrustadas
dentro da alvenaria de tijolo branco e argamassa de barro e cal, mostrando a força da natureza.
Veja algumas imagens a seguir:

Tabela 4: POSTAGENS SOBRE A SAMARITANA


IMAGENS DA FACHADA
DÉCADA DE 1998 2007 2008 2011
60
74

Eduardo SEMURB ReHabitar olhares.com Fotonarua.co


Alexandre Garcia
m
Facebook Trabalho de Publicação da Blog Blog
Gilmar SEMURB
Siqueira

IMAGENS DA FACHADA
201? 2012 2015 2018 2018

Kählan A.S Eduardo Potiguariano Alex Regis para @mauricea_araujo


Alexandre Tribuna do Norte
Garcia
Pinterest Facebook Blog Site da Tribuna Instagram
do Norte
FONTE: A AUTORA, 2020.

Certamente é uma edificação muito lembrada e o pé de fícus torna-se uma referência


para muitos, que lembram do prédio com uma “árvore na fachada”. Esses são alguns exemplos
de uma busca rápida em sites e redes sociais que mostram o quanto essa fachada é
simbolicamente lembrada pela população.
75

5 CONDICIONANTES PROJETUAIS

Podemos dividir os condicionantes projetuais em dois seguimentos: os ambientais


e os legais. Atender esses condicionantes é de suma importância na elaboração de qualquer
projeto. Observar os aspectos do entorno, de conforto e os aspectos legais é algo básico que
deve ser observado.

5.1 A área e o terreno/Local de Intervenção

A edificação em questão está situada na rua Dr. Barata, 232, no bairro da Ribeira, em
Natal-RN. Próxima ao rio Potengi, à praça Augusto Severo e à estação de trem. Para a definição
da área de estudo, foi considerada a recomendação da SEMURB para delimitação do universo
desse estudo, adotando um raio de 150m a partir da edificação. Ver Mapa 53.

Figura 46: MAPA DE LOCALIZAÇÃO

FONTE 6: A AUTORA, 2020

É importante analisar o entorno e o contexto atual de onde a edificação está inserida.


Com base nessa delimitação passaremos a fazer alguns estudos e análises para melhor
compreender esse universo.
76

5.2 Uso do solo

Tomando por base o universo de estudo apresentado na figura 19, vamos analisar os usos
do entorno da edificação. Com base no mapa de usos dos solos, figura 20, podemos perceber que
existe uma grande predominância de comércio na região, vocação inicial da rua Dr. Barata. Outro
fator importante que podemos observar é a grande quantidade de edificações sem uso, algumas
em avançado estado de degradação, como o exemplo da “A SAMARITANA”.

Figura 47: MAPA DE USO DO SOLO

FONTE: A AUTORA, 2020.

5.3 Ocupação do solo

Em relação à ocupação do solo, serão analisados os cheios e vazios que as construções


apresentam no trecho avaliado, bem como o domínio do público e privado.
Através do mapa de cheios e vazios (figura 21), podemos perceber visualmente o
impacto do atual adensamento ocorrido nesse trecho do bairro da Ribeira. A grande maioria dos
lotes é ocupado densamente pelas edificações, não apresentando recuos e são lotes estreitos,
resultando em construções do tipo fita. Como o bairro foi o segundo a ser construído na cidade,
77

quase todas as edificações são resultados de uma ocupação espontânea, anterior à


regulamentação atual. Na verdade, a regulamentação atual deveria proteger o traçado original,
uma vez que o sítio histórico é tombado, porém esta encontra-se bastante desatualizada sendo,
inclusive, objeto de apreciação para o novo plano diretor que está sendo constituído na cidade.
Em relação ao domínio público-privado, podemos observar que (figura 22), apesar da
grande ocupação de área privada, existe muito espaço público, seja proveniente de empresas
públicas, algumas de transporte (RFFSA E PORTO), seja de espaços públicos como as praças.

Figura 48: MAPA DE CHEIOS E VAZIOS E DOMÍNIOS

FONTE: A AUTORA, 2020


78

5.4 Gabarito

Em relação à área analisada, o gabarito é predominantemente de um pavimento. Vale


ressaltar que a área em questão, encontra-se na Subzona de Predominância Institucional – SZ-
04 – estabelecida pela Lei Municipal nº 3.942 de 1990, que determina gabarito máximo de sete
metros e meio (7,5m). Como dito no item de ocupação do solo, é provável que as construções
que ultrapassem esse gabarito sejam anteriores à década de 1990.

Figura 49: MAPA DE GABARITOS

FONTE 7: A AUTORA, 2020.

5.5 Aspectos físicos e ambientais

Em relação aos aspectos ambientais que condicionam a construção devemos,


primeiramente, observar o clima da região onde a edificação encontra-se inserida. Para o
desenvolvimento de qualquer projeto, é necessária essa compreensão e o conhecimento das
possíveis estratégias mais adequadas àquele clima, podendo assim, utilizá-lo de modo favorável
na edificação para proporcionar conforto térmico e uma maior eficiência energética.
79

Devemos ressaltar que a análise do contexto onde a edificação encontra-se inserida,


observando o próprio ambiente construído, é de suma importância. Precisamos lembrar que
trata-se de edificação patrimonial e que suas fachadas devem ser preservadas.
Para isso, aproveitaremos o clima estabelecido para a cidade de Natal e a as estratégias
recomendadas para a região determinada pela NBR-15.220-3, que estabelece o Zoneamento
Bioclimático brasileiro e as recomendações para suas zonas. Natal, assim como boa parte do litoral do
Brasil, está inserida na Zona Bioclimática 8 e as principais recomendações são grandes aberturas para a
ventilação e sombreadas, além disso recomenda que as paredes e coberturas sejam leves e refletoras.
O clima da cidade apresenta temperaturas amenas durante o ano inteiro, com
precipitação média de 143 mm e com ventos fortes. Ao longo do ano, em geral, a temperatura
varia de 22 °C a 31 °C e raramente é inferior a 21 °C ou superior a 32 °C. A umidade é
considerada abafada, opressiva ou extremamente úmida, variando em torno dos 77,25%. Sendo
que o período chuvoso do ano dura 8,9 meses, de 19 de dezembro a 16 de setembro, com
precipitação de chuvas de 31 dias contínuos, mínima de 13 milímetros.
Usaremos também a análise realizada através do gráfico psicrométrico para Natal, obtido
utilizando do software Climate Consultant com o arquivo climático para nossa cidade. Esse tipo de gráfico
relaciona diversas informações, como as propriedades do ar com a umidade e a temperatura e apresenta
como resultado parâmetros de conforto. Nesse caso foi analisado ao longo do ano. Nele podemos perceber
que, na maior parte do período analisado no gráfico, a cidade apresenta 58% em conforto térmico.

Figura 50: GRAFICO

FONTE: CLIMATE CONSULTANT


80

A seguir, serão analisadas de forma mais detalhada os seguintes itens: insolação,


sombreamento e fator de visão do céu, iluminação, ventilação e análises relativas às
propriedades térmicas dos elementos construtivos.

5.5.1 Insolação, sombreamento e fator de visão do céu

Para analisar esses tópicos é necessária a compreensão do entorno, que interferem


diretamente nos resultados. Para isto, foi elaborada uma maquete eletrônica deste entorno
imediato, sendo adotado um raio bem menor do que o já apresentado, e foram feitas análises no
software desenvolvido por Andrew Marsh e disponibilizado em seu site
http://andrewmarsh.com/software. O software utilizado é o que mede a ofuscação dinâmica.
Nele podemos avaliar o fator de visão de céu, sombreamento e as cartas solares de alguns pontos
específicos da proposta.
Por se tratar de um lote estreito, com paredes conjugadas nas laterais, a edificação
possui apenas duas fachadas para serem analisadas, a fachada frontal, que chamaremos de
fachada LESTE e a posterior, que chamaremos de fachada OESTE. Para essa análise, também
é importante saber o azimute de cada uma dessas fachadas. Observe a imagem a seguir.

Figura 51: AZIMUTE DAS FACHADAS FRONTAIS E POSTERIOR

FONTE 8: A AUTORA, 2020

Ao observarmos a figura 72, percebemos a fachada frontal totalmente colada no limite


do lote, que fica em uma via estreita, com outras edificações com um ou mais de um pavimento
ao seu redor. O tempo de sombra incidente na mesma é bem pequeno devido às suas condições
81

do entorno. O ponto analisado pode ser observado na imagem a seguir. Encontra-se a nível da
calçada logo à frente do eixo central da edificação.

Figura 52: ANÁLISE DA FACHADA FRONTAL

FONTE 9: http://andrewmarsh.com/software/

A carta solar resultante desta análise, presente na figura 73, nos mostra que serão
apenas cerca de 3h de incidência direta de luz solar nessa fachada, em média das 10h até as 13h.

Figura 534: CARTA SOLAR DA FACHADA FRONTAL

FONTE 101: http://andrewmarsh.com/software/

Na fachada posterior, o ponto de análise foi posicionado no eixo central da edificação,


na altura do piso e um pouco à frente da fachada, como mostra a imagem 62 (75 ?).
82

Figura 54: ANÁLISE DA FACHADA POSTERIOR

FONTE 11: http://andrewmarsh.com/software/

A carta solar resultante desta análise nos mostra que a incide radiação direta nesta
fachada em média a partir do meio dia, até cerca de 17h. Nesta fachada, o tempo de sol é um
pouco maior, mas devemos observar que existe uma varanda nos dois pavimentos desta
fachada, que ajudam na proteção das paredes internas. Ver imagem 63.

Figura 55: CARTA SOLAR DA FACHADA POSTERIOR

FONTE: http://andrewmarsh.com/software/
83

5.5.2 Iluminação

Em relação à iluminação, fizemos análises considerando que exista uma cobertura em


toda a edificação e mantendo apenas as aberturas existentes como fonte de luz natural. Para
isso, usaremos o software Daysim, onde pudemos simular a quantidade de lux incidente no
interior da edificação. Para isso, avaliamos uma variação de 100 a 1500 lux. Alguns pontos
apresentam incidência de 1500 lux, considerando as horas de incidência direta do sol. Esse
estudo foi realizado avaliando o dia 21 de Março às 10h.

Figura 56: ANÁLISE DA ILUMINAÇÃO PRIMEIRO PAVIMENTO

FONTE: SIMULAÇÃO DAYSIM

Através dele podemos perceber que a maior parte do ambiente encontra-se com cerca
de 100 lux apenas que, segundo a ABNT ISO/CIE 8995-1, estabelece a quantidade de lux
necessária para o desempenho eficiente de certas atividades, podemos perceber que será
necessário adotar estratégias que otimizem a iluminação natural.

5.5.3 Ventilação

Com base nos arquivos climáticos disponíveis para Natal, podemos identificar que
existe uma predominância de ventilação proveniente do sudeste, de acordo com a imagem 30,
contudo, não devemos nos basear apenas nesses dados para melhor analisar a incidência de
ventilação na edificação, é necessário observar o entorno.
84

Figura 57: VENTOS DOMINANTES NATAL

FONTE: CLIMATE CONSULTANT

Em relação ao entorno, foram realizadas simulações no software Flow Design, onde


foi possível identificar a velocidade e a pressão ocasionada pela ventilação. Para que exista
uma boa ventilação, recomenda-se a utilização de ventilação cruzada 4, sendo necessário, além
de grande aberturas, para que esta ventilação ocorra de modo satisfatório, que exista também
diferença de pressão entre aberturas. Outro fenômeno que pode ser observado nesse software
é a presença de esteira de vento.
Segundo análise realizada, podemos perceber que a pouca velocidade presente no
entorno da edificação é baixa e a pressão existente é zero, devido a mesma encontrar-se em
uma esteira de vento. Nessa análise, foi considerada a ventilação predominante para a cidade
de Natal, que tem direção sudeste. Na imagem 66 a seguir vamos analisar a velocidade do
vento na altura do pedestre. Na imagem seguinte 67, podemos perceber a existência de
esteira de vento contornando toda a edificação.

4
A ventilação natural cruzada ocorre quando em um mesmo ambiente as aberturas são dispostas em paredes
opostas ou adjacentes, permitindo a entrada e saída do ar.
85

Figura 58: SIMULAÇÃO VENTILAÇÃO SUDESTE Figura 59: SIMULAÇÃO VENTILAÇÃO SUDESTE
VELOCIDADE DO AR VELOCIDADE DO AR

FONTE: SIMULAÇÃO FLOWDESIGN

Figura 60: SIMULAÇÃO VENTILAÇÃO SUDESTE

FONTE: SIMULAÇÃO FLOWDESIGN

Na próxima imagem, passaremos a analisar a pressão no entorno da edificação e


podemos perceber na figura 68 a baixa pressão existente no entorno da mesma. Nas imagens
69 e 70, podemos analisar a pressão existente na fachada frontal e na fachada posterior.
Na imagem 71 foi analisada em corte a ventilação proveniente do sentido sul e ficou
ainda mais perceptível a existência de esteira de ar.
86

Figura 61: PRESSÃO DO AR NA FACHADA Figura 62: PRESSÃO DO AR NA FACHADA


POSTERIOR FRONTAL

FONTE: SIMULAÇÃO FLOWDESIGN FONTE: SIMULAÇÃO FLOWDESIGN


Figura 63: CORTE MOSTRANDO ESTEIRA DE VENTO

FONTE: SIMULAÇÃO FLOWDESIGN

5.5.4 Recomendações de estratégias bioclimáticas

A NBR 15.220 traz algumas recomendações de estratégia para a ZB-08 (Zona


Bioclimática 08), que devem ser adotadas e adequadas à realidade da edificação.
A primeira recomendação seria o sombreamento das aberturas, protegendo da
insolação direta. Neste caso, onde apenas a fachada frontal e posterior recebem insolação
direta, há uma maior necessidade de proteção. Porém, a coberta receberá grande carga
térmica e precisará de uma atenção especial, falaremos sobre ela um pouco mais à frente.
Em relação às aberturas existentes e que serão preservadas, a preocupação maior é com a
fachada frontal, pois na fachada posterior já existe uma varanda que proporciona
sombreamento nas aberturas, conforme pode ser observado na figura 72.
87

Figura 64: CARTA SOLAR FACHADA POSTERIOR Figura 65: CARTA SOLAR FACHADA POSTERIOR
TÉRREO PRIMEIRO PAVIMENTO

FONTE: http://andrewmarsh.com/software/

Renovação passiva de ar é a segunda estratégia que pretendemos adotar e, como visto


anteriormente nas simulações, a oferta de ar é pouca, existindo esteira de ar que provoca pressão
negativa no entorno da edificação. Além disso, outra dificuldade encontrada é o tamanho das
aberturas que não podem ser modificadas, uma vez que as mesmas compõem a fachada de uma
edificação de destaque. Em relação a elas, o que pode ser feito é abrir uma das portas que foi
entaipada, aumentando assim a área de ventilação.
Outro problema é a tipologia da edificação onde um ambiente passa por dentro do
outro, devido a isto, será necessário a criação de ventilação ativa em alguns ambientes, a
depender do uso, uma vez que é impossível fazer aberturas laterais.
Outro fator importante nessa edificação, por suas características construtivas é a
análise relativas às propriedades térmicas dos elementos construtivos. Sobre isso é perceptível
que o fato de o bloco histórico ter sido construído em tijolo branco vai ajudar muito a manter a
temperatura interna do ambiente. Além da questão do material, devemos ressaltar que as
paredes laterais são bastante espessas, chegando a ter 70cm em um dos lados, quando somada
à parede do vizinho que é conjugada.

5.6 Aspectos legais

Na proposta projetual, devem-se observar os aspectos legais envolvidos e atendê-los é


essencial para qualquer projeto, de modo que foi elaborada uma análise aprofundada da
legislação pertinente. Levando em consideração que a mesma é uma edificação de destaque e
encontra-se inserida dentro da poligonal de tombamento, recaindo sobre a mesma uma
legislação ainda mais restritiva, como veremos a seguir.
A edificação em questão, como citada anteriormente, encontra-se dentro da poligonal de
tombamento (ver figura 76), instituída pela Portaria nº 072 de 2014, que estabelece o tombamento do
Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico do Município de Natal, no Estado do Rio Grande
88

do Norte, a que se refere o Processo nº 1.558-T-08 (nº 01408.003336/2008-70). Apesar de não


existirem orientações objetivas sobre como intervir, deve-se avaliar cada caso, existem
recomendações, que ressaltam a importância da volumetria dos prédios, das fachadas das edificações
principalmente as de destaque e mais recentemente das cobertas.
Existe ainda na legislação federal, o Decreto-lei nº 25 de 30 de novembro de 1937, que
“ORGANIZA A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL”,
sobre essa legislação vamos destacar o artigo 17, que incide diretamente sobre o bem.

Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas, demolidas
ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de
multa de cinquenta por cento do dano causado. (BRASIL, 1937, p. 4)
89

Figura 66: POLIGONAL DE TOMBAMENTO

FONTE 12: A AUTORA ADAPTADO DO ESTUDO DE TOMBAMENTO DO CHN

Em nível municipal, vamos analisar a legislação que concerne ao imóvel, observando


primeiramente o plano diretor do município de Natal, Lei Complementar nº 082, de 21 de Junho
de 2007. A qual estabelece a Zona Especial de Preservação Histórica (ZEPH) através da Lei
Municipal nº 3.942 de 1990 (figura 77). Essa legislação traz alguns condicionantes que eram
90

contemplados no plano diretor da época, a Lei 3.175 de 1984, que definia usos específicos por
regiões e prescrições de acordo com cada uso.

Figura 67: ZONAS DA ZEPH

FONTE: SEMURB, 1990


91

A edificação em questão se insere SZ-04, e obedeceria aos condicionantes descritos no


quadro abaixo, figura 78. Porém, como dito anteriormente, essa lei foi revogada e a edificação deve
obedecer ao exigido pelo atual plano diretor, Lei Complementar nº 87/ 2007, exceto em relação ao
gabarito, que é delimitado pela Lei Municipal nº 3.942 de 1990. Esse gabarito é de 7,5m.

Figura 68: QUADRO DE PRESCRIÇÕES PARA SZ-4 DA ZEPH

FONTE: SEMURB, 1990

De modo que os índices urbanísticos que devem ser obedecidos são os estabelecidos
pelo disposto na Lei Complementar Nº 082, de 21 de Junho de 2007. Deve-se primeiramente
considerar que a edificação encontra-se no bairro da Ribeira, Zona Adensável, com coeficiente
de aproveitamento de acordo com anexo I, quadro 1, desta mesma lei, que estabelece o Índice
de 3 para todo o bairro da Ribeira, sabendo-se que a área do terreno é de 396,21m2 o proprietário
pode construir livremente até 1,2 e pagando a outorga onerosa5 até 3, ou seja 1.173,6 m2 é a
área máxima que pode ser construída nesse terreno.
Em relação à permeabilidade o Artigo 31, diz que a “Taxa de Impermeabilização
máxima permitida no Município será de 80% (oitenta por cento) do lote”.
E para a taxa de ocupação do solo, devemos observar o seguinte artigo desta mesma
legislação.

5
Segundo Lei Complementar nº 87/ 2007: Art. 62 - Considera- se outorga onerosa a autorização para construção
acima do coeficiente de aproveitamento básico de que trata esta Lei Complementar no artigo 10, nas zonas
adensáveis, até os parâmetros máximos constantes no Mapa 1 do Anexo II e Quadro 1 do Anexo I, para cada
bairro.
92

Art. 30 - A Taxa de Ocupação máxima permitida para todos os terrenos do Município,


ressalvadas as regulamentações especiais são:
I – subsolo, térreo e 2º pavimento – 80% (oitenta por cento);
II - acima do 2º pavimento, a taxa de ocupação será em função da área resultante da
aplicação dos recuos previstos no Quadro 3 do Anexo I desta Lei.”
“§3º - Não serão computados, para efeito de ocupação, pergolados, beirais, marquises
e caramanchões.

Em relação aos recuos, devemos observar o artigo 32, que constitui que todos os recuos
deve obedecer o Quadro 3 do Anexo I desta Lei, ver figura 79. Que estabelece 3 metros de
recuo frontal e 1,5m para lateria e fundo, sendo obrigatório apenas no pavimento superior, em
uma das laterais. Mas devemos observar que trata-se de uma edificação tombada, devendo
portanto, ser preservada a pré-existência.

Figura 69: QUADRO DE RECUOS

FONTE: SEMURB, 2007

Em relação aos usos permitidos para este lote, devemos observar o artigo 33, que libera
todos os usos para o território do município de Natal, diferente do plano diretor anterior, já
citado que restringia os usos para determinadas áreas.
Em relação ao Código de Obras do Município, Lei Complementar Nº 055, de 27 de
Janeiro de 2004, devemos observar primeiramente o artigo 124, em seu inciso VI, que diz “pode
ser dispensada a reserva de área para estacionamento e guarda de veículos” para imóveis
tombados ou de interesse histórico, cultural e artístico, independente do uso pretendido.
Em relação ao dimensionamento mínimo dos ambientes e suas aberturas, ele
estabelece a distinção entre os ambiente de uso prolongado, artigo 141 e uso transitório no
artigo 142, para os quais são obrigatórios segundo o artigo 150, as aberturas para ventilação e
93

iluminação de 1/6 da área de piso dos ambientes prolongados e 1/8 para os ambientes
transitórios. Ressalta-se que no artigo 152, permite-se a ventilação mecânica, desde que
apresentada a “Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, registrada no CREA/RN, para
a concessão do licenciamento da obra”. No caso do dimensionamento mínimo, devemos
observar a figura 80 a seguir.

Figura 70: QUADRO DE DIMENSÕES MÍNIMAS

FONTE: SEMURB, 2007

Em relação à acessibilidade e ainda no Código de Obras do Município de Natal, que


em seu artigo 158, diz que toda edificação privadas de uso coletivo, deve garantir o acesso,
circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida,
atendendo as seguintes condições e de conformidade com as normas da ABNT, porém em seu
parágrafo único, faz a seguinte observação “Tratando-se de prédios históricos ou tombados pelo
patrimônio público, a adaptação ou alteração da estrutura para a compatibilização das
exigências contidas no caput deste artigo só é permitida com a prévia aprovação do órgão
municipal de licenciamento e controle’. No artigo 163, estabelece largura mínima de circulação
de 1,20m. Já no artigo 164, inciso I, estabelece o seguinte:

Art. 164 - Em qualquer hipótese, a circulação vertical e horizontal, por


qualquer meio, deve atender às normas estabelecidas pela ABNT, incluindo
as indicações relacionadas com a segurança em caso de incêndio, para as
pessoas portadoras de deficiência e com mobilidade reduzida.
Parágrafo único - Excetuam-se das exigências contidas no caput deste artigo:
I - Os mezaninos e o primeiro pavimento acima do térreo com área igual ou
inferior a cinquenta metros quadrados (50,00m²); utilizados exclusivamente
para atividades secundárias e sem acesso aberto ao público;

Outra observação importante é a estabelecida no artigo 165, sobre os banheiros acessíveis e


em seu parágrafo 1°. Sendo admitido banheiro unissex em algumas situações, como se ver a seguir.
94

Art. 165 - Os edifícios públicos ou os edifícios privados de uso público, devem


dispor de banheiros masculino e feminino, nos quais são instalados peças
sanitárias, equipamentos e acessórios adequados as pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, conforme estabelecido na NBR
especifica e em norma técnica administrativa complementar.
§ 1º - Em obras de reforma ou em construções novas de pequeno porte, não
sendo possível ou não se fazendo necessário a implantação de banheiros
masculino e feminino, e admitido a instalação de um único banheiro para
atender ambos os sexos, desde que atenda os critérios de acessibilidade

Em relação à acessibilidade, deve-se observar a legislação federal que recai sobre essa
temática, podendo citar as principais, por exemplo NBR 9050/2020, NBR 16537/2016, Lei
13.146 de 06 de Julho de 2015 , e por se tratar de uma edificação com proteção patrimonial,
devemos observar ainda a Instrução Normativa N°1 do IPHAN, de 25 de Novembro de 2003,
que dispõe sobre acessibilidade aos bens culturais imóveis acautelados em nível federal e outras
categorias, devemos ainda analisar o item 3.4, letra “b”, que diz que quando for inviável ou
restrita a adaptação deve ser feita, ainda que de maneira virtual, através de informação visual,
auditiva ou tátil.
Sobre a NBR 9050/2020, merece destaque o item 10.2.1 e 10.2.2 ambos para bens
tombados, que assim estabelece:

10.2.1 Todos os projetos de adaptação para acessibilidade de bens tombados


devem obedecer às condições descritas nesta norma, compatibilizando
soluções com os critérios estabelecidos por órgãos legisladores, e sempre
garantindo os conceitos de acessibilidade.
10.2.2 No caso de sítios, áreas ou elementos considerados inacessíveis ou com
visitação restrita, deve-se garantir o acesso por meio de informação visual,
auditiva ou tátil das áreas ou dos elementos cuja adaptação seja impraticável,
com divulgação das condições de acessibilidade do bem patrimonial
informadas com antecedência ao visitante e vinculadas a todo material
publicitário. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2020, p. 121)

De modo que devemos observar que em relação as reformas e a bens tombados, existe
um olhar diferenciado, devendo ser observado cada caso com o objetivo de atender as
legislações vigentes, sem sobretudo degradar o bem de valor patrimonial.
A seguir um quadro das principais prescrições:
95

Tabela 5:QUADRO DE PRESCRIÇÕES


QUADRO DE PRESCRIÇÕES
PRESCRIÇÃO EXISTENTE
Coeficiente de 3x 391,20m2 542,37
=
Aproveitamento (3) 1.173,6m2
Permeabilidade 20% 0%
Ocupação 80% 77,28%
Recuo frontal 3m 0
Recuo lateral 1,5m 0
Recuo de fundo 1,5m 12,20m sem edícula
Gabarito 7,5 11,60
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2020.
96

6 CONCEPÇÃO E PROCESSO PROJETUAL

6.1 Conceito e partido

Após o estudo da problemática, foi desenvolvido o conceito baseado em algumas


palavras chaves: a autenticidade, o simbolismo da edificação, a veracidade das informações
(durante as pesquisas sobre o histórico da edificação foram encontrados vários fatos inverídicos,
tanto referente ao uso, quanto às intervenções sofridas pela edificação) e a importância histórica
da edificação, com base nesses aspectos chegou-se ao conceito de “historicidade”. Desta
forma, foram desenvolvidos alguns princípios que deverão conduzir o projeto e materializar o
conceito adotado.
Partindo do princípio de que todas as novas intervenções deverão ser destacadas do
pré-existente para garantir a autenticidade e desta forma a verdade histórica, o sistema estrutural
adotado será o misto com estrutura metálica, pela leveza (sistema mais delgado) e a facilidade
em destacar essas novas peças dos elementos existentes. Porém, é um material pouco utilizado
em nossa região, com custo mais elevado e menos recomendado devido ao “salitre”. Por isso
será adotado esse sistema, onde o concreto armado servirá de base para os pilares.
Outro princípio que visa destacar o simbolismo da edificação é a adoção de uma
escultura que deverá ser adicionada à fachada, simbolizando a árvore com quase 6m de
diâmetro, que nasceu na estrutura do imóvel e fez com que a edificação se destacasse em relação
a outros prédios, sendo certamente o prédio mais fotografado do bairro da Ribeira.
Em muitas edificações históricas, o mais importante muitas vezes não é o prédio em
si, mas os fatos ocorridos nele. Nesse caso, a “Unidade Potencial” (BRANDI, 2013) é
importante, o simbolismo da edificação também e descobriu-se que os fatos históricos também
são. Deste modo, outro aspecto que deve ser destacado e concretizado no prédio, é a verdade
histórica dos usos da edificação. Por anos acreditou- se que o prédio serviu de pensão e que boa
parte de sua descaracterização interna teria sido devido a um incêndio.
Durante as pesquisas sobre os usos, foi descoberto que essas afirmações eram
inverídicas e que outros fatos não abordados eram de maior importância histórica, como o
surgimento do jornal “O Diário”, criado por Djalma Maranhão e mais três amigos, por ocasião
da II Guerra, com o objetivo de ser um jornal independente da administração pública local
(MELO, 1987). Serão inseridos elementos cênicos para destacar o histórico da edificação e esse
importante fato ocorrido na edificação.
97

6.2 Dilemas projetuais

Em relação aos principais dilemas projetuais, a tabela 06 a seguir aponta quais são as
metas de projeto a serem atingidas.
Tabela 6: DILEMAS E METAS DE PROJETO

FONTE: Elaboração própria, 2020.

6.3 A postura intervencionista adotada

A postura de intervenção adotada ficará entre a “justaposição contextual” e a


“continuidade contextual”, conceitos já vistos no item 2.2 deste estudo, como podemos ver na
tabela desenvolvida por Araújo (2014), que incorporou essa noção de escala com base nas
categorias propostas por Tiesdell, Oc e Heath.

Figura 71: ESCALA DE INTERVENÇÃO PRETENDIDA

FONTE 13: Adaptado de ARAÚJO, 2014


98

Deste modo poderemos permear entre intervenções mais marcadas e outras mais
próximas ao original da edificação, sem agredir a sua volumetria. A proposta tenderá mais para
a justaposição contextual, uma vez que as novas intervenções na ruína serão muito distintas do
pré-existente, a começar pela estrutura metálica que será inserida por dentro da ruína e dará
sustentação ao primeiro pavimento, ao rooftop e a coberta. Todas as novas intervenções serão
feitas de modo a garantir a autenticidade da edificação.
Os princípios de retrabalhabilidade, e distinguibilidade irão permear toda a proposta.
Buscando fazer com que as novas intervenções possam ser desfeitas não prejudicando futuras
intervenções. E o segundo princípio adotado terá como objetivo deixar evidente as novas
intervenções realizadas na edificação.

6.4 Programa de necessidades e pré-dimensionamento

6.4.1 Definição do programa

A definição do programa partiu do princípio que o mesmo deveria abrigar um uso que
fosse capaz de tornar o edifício sustentável financeiramente, ou seja, que gerasse lucro capaz
de se manter, não tendo como objetivo inicial um lucro maior, e que o edifício não gerasse
prejuízo financeiro. A princípio, o único uso dado como certo seria abrigar o museu da Água
Mineral Santa Maria, um espaço para que os visitantes possam conhecer a história da empresa.
E a ideia de se fazer um Centro Cultural de Fazeres, onde retomando seu uso inicial, existiriam
sala para locação de prestadores de serviço, principalmente os comerciantes locais de pequenos
comércios, como relojoeiros, sapateiros, etc. Porém, essa ideia foi abortada após conversa do
proprietário com alguns desses comerciantes locais, que não demonstraram interesse em mudar
suas empresas de pontos já estabelecidos a longa data. E passou-se a pensar na ideia de espaços
para locação de eventos, tanto eventos comerciais, quanto eventos corporativos. E por fim
configura-se a ideia de um centro cultural de um modo mais amplo, retomando à ideia inicial
da vocação cultural que o bairro onde a edificação está inserida apresenta; agregando outros
usos de apoio, como um café. Por fim, temos o “Centro Cultural A Samaritana”, a ideia de
manter os espaços para locação, porém com destinações culturais mais frequentemente.
Sendo definido que seria um espaço para um Café, onde qualquer pessoa poderia
frequentar sem convites, um espaço para abrigar o museu também aberto ao público, e na
cobertura o terceiro espaço de acesso livre ao público, um espaço para reverenciar o pôr do sol
99

do Potengi, tão desprestigiado pelas edificações que o rodeiam, não permitindo acesso visual
ao rio, que será um Rooftop, palavra da moda para solário (piso sem cobertura, nesse caso no
último pavimento, mais conhecido popularmente como laje). Os outros espaços seriam voltados
para eventos particulares, tanto para eventos sociais e/ ou culturais (batizados, casamentos,
apresentações de bandas para pequenos públicos, exposições de obras de arte, exposições
teatrais, etc), como para eventos corporativos e/ou culturais (treinamento, palestras, ações de
educação patrimonial, entre outros) e os devidos apoios de copa, depósito e banheiros.

Figura 72: QUADRO DE ATIVIDADES E QUESTÕES PROJETUAIS

FONTE 14: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2020

A seguir passaremos a analisar cada ambiente individualmente.

6.4.1.1 CAFÉ / ÁREA DE TRANSIÇÃO

Em um zoneamento inicial, ficou definido que o café seria localizado no pavimento


superior, para priorizar o museu, que deveria ficar logo na entrada, permitindo que todos os
visitantes passassem por ele, porém essa ideia foi abandonada pelo fato do café ser mais atrativo
ao transeunte do que o próprio museu, e o espaço destinado foi a área mais nobre da edificação
a parte frontal do térreo. Na arquitetura comercial é interessante criar uma área de recepção para
100

os clientes que permita que o próprio visitante se desconecte da vida “lá fora” e viva a
experiência que lhe é proporcionada naquele momento.
Para vivenciar ambientes patrimoniais esse mesmo conceito também pode ser aplicado e
direcionado à passagem do tempo, permitindo ao usuário fazer essa transição do tempo e conectar-
se ao passado. Por isso, chamaremos esse ambiente inicial de área de transição. Esse ambiente de
transição também foi resultado das necessidades de adequação da edificação para melhores
condições de conforto e salubridade, devido à criação do mezanino no segundo pavimento.

Figura 73: CONCEPTBOARD ÁREA DE TRANSIÇÃO E CAFÉ

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA - A PARTIR DE IMAGENS DO PINTEREST, 2020

Para este ambiente, a ideia é criar um jardim vertical, na parede da caixa da escada,
trazendo essa sensação de jardim para dentro da edificação, será criada também uma segunda
fachada recuada em vidro, permitindo uma melhor iluminação nos ambientes e abertura de
esquadrias maiores que as existentes, quando for necessário. No ambiente do café, que será
anexo à área de transição, serão necessários alguns equipamentos para o seu funcionamento
como mesas, cadeiras, sofá, balcão, geladeira, cooktop (ou chapa), armários, pia, sistema de
101

som, entre outros. O ambiente ainda contará com uma bancada e balcão para auxiliar no
atendimento e um grande banco para otimizar os espaços de mesa.
Outro elemento importante que teremos nesse espaço é uma escultura de árvore, que
será símbolo da representatividade desta edificação para o bairro da Ribeira. A árvore que
existiu por anos na fachada e ajudou a compor a fachada em ruinas se tornou um verdadeiro
elemento simbólico do bairro e por isso ela será rememorada através dessa escultura de árvore,
sendo também um elemento importante nesse espaço de transição, ajudando nas conexões com
memorias afetivas.

6.4.1.2 SALÃO SOCIAL/ JARDIM E BLOCO DE APOIO

Para o ambiente do salão de eventos sociais, a ideia era realmente que o visitante se
sentisse em um ambiente diferenciado dos outros salões de eventos existentes na cidade, um
ambiente mais ligado à memória e sensação de tranquilidade, um espaço com características
que permeiam entre o “vintage” e o “estilo industrial”, tão em alta atualmente e replicado por
vários espaços comerciais que tem a intenção de parecer “descolado”, mas que na verdade são
o resultado de decisões arquitetônicas para garantir a autenticidade da edificação e não uma
simples recriação de um estilo pretendido.

Figura 74: CONCEPT BOARD SALÃO SOCIAL

FONTE : ELABORAÇÃO PRÓPRIA - A PARTIR DE IMAGENS DO PINTEREST, 2020


102

Este espaço também tem que permitir a flexibilização dos usos, podendo atender
diferenciados layouts, inclusive trocando a iluminação, permitindo diferentes decorações nos
eventos. Veja a seguir alguns layouts propostos e suas capacidades. Se o espaço fosse utilizado
para uma exposição de obras de arte com coquetel em pé a capacidade seria de cerca de 100
pessoas e para uma apresentação musical com público em pé de 150 folgado.

Figure 1: LAYOUT SALÃO SOCIAL

JANTAR C/ BUFFET CERIMÔNIA/ TEATRO DEGUSTAÇÃO DE VINHOS

74 pessoas 120 pessoas 36 pessoas

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2020

Após esse espaço existe uma área ao ar livre que chamaremos de jardim. Esse espaço
será uma área com grama por dois motivos principais: primeiro, para garantir a permeabilidade
ao terreno e segundo, para dar essa sensação de jardim, uma vez que o espaço não é um jardim
propriamente dito e sim uma área gramada. Essa área também será destinada a eventos sociais
podendo se conectar com o salão coberto em uma mesma festa ou abrigar eventos mais
informais e ao ar livre, em tempos de pandemia, espaços como esses são disputados. Veja a
seguir 3 opções de layouts possíveis.
103

Figura 75: ESTUDO DOS LAYOUTS JARDIM


PALCO E PÚBLICO EM PÉ CERIMÔNIA/ SARAU MESAS JANTAR

200 pessoas 117 pessoas 60 pessoas

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2021

Ao fundo ficará o bloco de apoio com baterias de banheiros, copa e depósito.


A princípio a ideia era fazer apenas bateria de banheiros e copa, mas em espaços como
esses se faz necessário um grande espaço para armazenamento e, por isso, o depósito foi
incorporado ao bloco ficando no pavimento superior. E por ser menor que 50m2 é permitido
por parte da legislação que não tenha elevador ou rampa de acesso.
A copa será pequena, apenas para aquecer e servir os alimentos, tendo como equipamentos
apenas: bancada, balcão, geladeira, fogão, freezer, armários, pia e microondas, veja na figura 46 o
croqui esquemático do espaço. E para a bateria de banheiros foi pensado em dois banheiros acessíveis,
sendo um masculino, outro feminino e dois banheiros coletivos, masculino e feminino. A quantidade
de peças foi baseada na capacidade de público do espaço do salão e do jardim.

Figura 76: BLOCO NOVO

FONTE: A AUTORA, 2020


104

6.4.1.3 MUSEU E SALÃO CORPORATIVO

Esses espaços vão, por fim, ocupar o primeiro pavimento, sendo museu na parte da
frente, logo acima do café e na parte posterior e com acesso à varanda existente, o salão para
eventos corporativos. O museu vai abrigar algumas peças pequenas e uma moto, que seria a
peça maior do acervo. Esses dois ambientes vão ser ambientes mais sóbrios e atemporais.

Figura 77: CONCEPT BOARD DO MUSEU E SALÃO CORPORATIVO

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA - A PARTIR DE IMAGENS DO PINTEREST 2020

Para o salão de eventos corporativos também foram feitos estudos de layout com o
objetivo de avaliar a capacidade real do espaço. Esse espaço também poderá ser utilizado para
exposições.

Figura 78: LAYOUTS POSSÍVEIS PARA O SALÃO CORPORATIVO


REUNIÃO COM VÍDEO PALESTRA WORKSHOP
105

24 pessoas 108 pessoas 40 pessoas


FONTE: A AUTORA, 2020

6.4.1.4 ROOFTOP

Por fim, temos o último ambiente, o rooftop. Esse último pavimento não existia e foi
criado principalmente por dois motivos, primeiro pelo fato da edificação não ter mais o telhado,
o que nos permite uma intervenção como está, que não agride o bem ou o sítio, nem a volumetria
da própria edificação. O segundo motivo é permitir o visual do pôr do sol do Potengi. Por isso
no lugar de parte da cobertura será feita uma laje que vai permitir esse novo uso ao espaço e
com isso, pelo menos esse prédio não irar voltar-se de costas para o majestoso Potengi.

Figura 79: CONCEPTBOARD DO ROOFTOP

FONTE: A AUTORA, 2020


106

6.5 Matriz DE RELAÇÃO E FLUXOGRAMA

Como dito anteriormente, cada etapa do processo é preciosa e nos ajuda na construção do
resultado final, auxiliando diretamente na elaboração e definição dos espaços e do que os cerca.
Por isso o entendimento da relação entre os espaços facilita o ato projetual, além de direcionar
para um resultado mais efetivo. Por isso uma simples tabela como uma matriz de ralação dos
ambientes pode facilitar o entendimento dos fluxos entre eles, para em seguida se construir um
fluxograma definitivo do programa. Nesta matriz os ambientes com relação indesejada
encontram-se assinalados em vermelho e os desejados em azul.

Figura 80: MATRIZ DE RELAÇÃO DOS AMBIENTES

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2020

Alguns ambientes como depósito ou banheiros aparecem em momentos diferentes, pois são
ambientes que podem existir mais de um e são desejados para determinados espaços como apoio.
107

Figura 81: FLUXOGRAMA

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2020

6.6 Zoneamento

Com base no que foi visto anteriormente o zoneamento inicial foi elaborado com base
nas premissas já traçadas e resultou que seria mais convidativo colocar o café no térreo na parte
inferior, como já foi dito anteriormente. Veja zoneamento volumétrico no item a seguir.

Figura 82: ZONEAMENTO VOLUMÉTRICO-ESQUEMA DE DISTRIBUIÇÃO


DOS AMBIENTES
INICIAL FINAL

LEGENDA
CAFÉ SALÃO SOCIAL
MUSEU ROOFTOP
SALÃO COORPORATIVO BLOCO DE APOIO
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2020
108

7 DETALHAMENTO DA PROPOSTA FINAL

A partir desse capítulo passaremos a conhecer melhor o trabalho proposto em si, será
apresentada cada um dos aspectos que compõe a proposta final.

7.1 Os aspectos sustentáveis / de conforto

Em relação aos aspectos sustentáveis uma das premissas desse projeto era garantir
melhores condições de conforto e salubridade, uma vez que trata-se de uma edificação tombada
e no tocante a sua envoltória não poderia ser modificado. Algumas soluções já foram
apresentadas anteriormente, outras passaremos a apresentar a seguir.
Em relação à fachada frontal, a estratégia adotada será a de criar uma segunda fachada
por trás da primeira, com o objetivo de melhorar a ventilação e a iluminação nos espaços,
favorecendo assim, a renovação de ar nos ambientes que será a segunda estratégia abordada.
Na imagem 104, podemos observar que com essa segunda fachada, a proteção solar
proporcionada pela fachada frontal da edificação foi quase que total, deixando apenas uma
pouca insolação direta e em alguns períodos do ano.

Figura 83: IMAGEM DO ESTUDO DE INSOLAÇÃO SEGUNDA FACHADA

FONTE: http://andrewmarsh.com/software/

7.1.1 Proteção solar da segunda fachada

Vimos anteriormente que será criada uma segunda fachada e que em sua carta solar incidirá
durante um curto período do dia o sol diretamente, o que apesar de ser por pouco tempo, não é favorável,
nem muito menos pelo uso destinado principalmente ao pavimento superior que será um museu.
109

Para suprir essa necessidade e também a necessidade da representatividade simbólica


da edificação a ideia é criar uma escultura de árvore, relembrando a arvore que existia na
fachada. Para isto foram feitos alguns estudo e comparados os resultados obtidos. Veja a seguir.
110

Figura 84 :ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DA ÁRVORE

PROPOSTA 1
FACHADA VISTA INTERNA CARTA SOLAR

PROPOSTA 2
FACHADA VISTA INTERNA CARTA SOLAR

PROPOSTA 3
FACHADA VISTA INTERNA CARTA SOLAR

FONTE: A AUTORA, 2020


111

Podemos perceber que os modelos mais satisfatórios são a proposta 1 e proposta 2, que
apresentaram maior capacidade de proteção solar. A proposta 1 será a escolhida, pois além de
proteger da insolação direta, ter a representatividade da árvore na fachada, ainda vai auxiliar na
composição do jardim do pavimento térreo.
Esse projeto será de fato executado e por isso a necessidade de submeter a análise dos
órgãos competentes. Após submissão essa segunda fachada não foi aprovada em uma análise
prévia do IPHAN-RN, devido a isto a coberta vai avançar fechando na frente e sem o recuo
frontal, mas a segunda fachada será mantida para permitir o uso da climatização no museu e a
área de transição ao ar livre no mesmo tempo. Além de manter esse pé direito duplo e
impactante no primeiro contato do usuário.
Ainda se tratando da fachada frontal e em relação as aberturas existentes e que não
podem ser modificadas, o que pode ser feito é abrir uma das portas que foi entaipada,
aumentando assim a área de ventilação.
Em relação a propriedade térmica dos materiais, além dos fatores já ressaltados
anteriormente sobre as envoltórias do bloco histórico que propiciam e favorecem uma economia
no uso da ventilação passiva, por exemplo, devemos observar que sabe-se da grande carga
térmica que será recebida pela coberta, uma vez que será criada uma segunda laje para abrigar
um rooftop, deixando assim, parte da edificação sem coberta tradicional de telhas. Sabendo que
essa segunda laje receberá uma grande carga térmica e afim de diminuir o impacto negativo
que essa possa causar no conforto térmico do ambiente, será inserida uma manta térmica entre
o forro e a laje. Como demonstrado na imagem a seguir.
Figura 85: CORTE FALADO

FONTE 15: A AUTORA, 2020


112

Vale observar que no lugar da segunda fachada, teremos apenas um mezanino, já que
não teremos o céu aberto como representado na imagem acima. Veja a imagem a seguir já com
essa frente fechada.

Figura 86: CORTE ESQUEMÁTICO COM SOLUÇÕES PROJETUAIS ADOTADAS

FONTE: Autora do projeto 2021.

Nesta imagem algumas das soluções finais adotadas no projeto

7.2 Estudos volumétricos iniciais

A volumetria pretendida visa impactar o mínimo necessário no sítio e na fachada da


edificação. Manter o gabarito existente, que atualmente ultrapassa os 7,50 permitido para a área.
A edificação tem 11,60m atualmente, em sua cumeeira. A ideia, é mesmo com rooftop não
ultrapassar essa medida nem o volume em sí. Para entender melhor essa relação da volumetria
com o entorno foi realizado um estudo, já visto anteriormente.
Outro item importante e que pode impactar fortemente na edificação, é a caixa d’água
e as circulações verticais, circulações essa que foram localizadas do lado esquerdo próximo a
escada existente e que será reaproveitada. Veja o esquema da planta baixa que apresentaremos
a seguir.
113

Figura 87: DISTRIBUIÇÃO INICIAL DOS AMBIENTES

Como pode ser visto, nesse esquema inicial a torre do elevador ficava próxima a caixa
da escada, e o banheiro estava no lado oposto e desencontrado do pavimento superior. Esses
dois elementos foram modificados, bem como todo o pavimento do Rooftop, decidiu-se que
seria necessário ter um banheiro no pavimento térreo, uma vez que seria o café e não mais o
museu, como estava no esquema acima.
FONTE: De modo que
ELABORAÇÃO teríamos
PRÓPRIA 2020um banheiro acessível em cada
pavimento no bloco antigo e que estes seriam sobrepostos para facilitar as instalações.
114

Em relação às instalações a ideia é fazer todas aparente nas paredes antigas, e o que
for construído de novo será embutido. O elevador seria deslocado para frente dando espaço ao
banheiro. Assim todos esses elementos ficariam juntos e permitiriam um visual mais amplo do
ambiente. E o Rooftop seria dividido em dois níveis e com uma segunda plataforma, desta
forma o espaço comportaria um núm ero menor de pessoas e seria instalado um balcão para
atendimento, além de uma área de apoio maior na parte coberta, com área técnica para as
máquinas de ar Figura 88: DISTRIBUIÇÃO FINAL DOS AMBIENTES condicionado.

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA 2020

E ainda teria um mezanino para o museu.

Um problema gerado com essa solução foi o impacto visual na visadas de entorno da
edificação, porém essa distribuição espacial era a mais adequada até então. A solução seria
115

buscar recursos tecnológicos para diminuir o impacto visual com equipamento mais compactos
e distribuir a caixa d`água acima dos banheiros. Vejam no tópico a seguir o estudo das visadas
de entorno da edificação.
Sobre o bloco dos fundos a bateria de banheiros também fio ampliada e o pavimento
superior passou a abrigar um depósito. Veja esquema abaixo.

Figura 89: BLOCO NOVO _ TÉRREO E SUPERIOR


TÉRREO SUPERIOR

COPA/ BATERIA DE BANHEIROS DEPÓSITO


FONTE: A AUTORA 2020

Para este bloco também foram feitos estudos volumétricos principalmente devido à
sua vedação externa das paredes, a ideia, a princípio, era utilizar blocos de concreto e reboco
emassado e pintado na cor branca, com o objetivo de deixar a construção discreta. Porém,
visando reduzir os custos e tornar as aberturas mais eficientes, uma vez que a janela do depósito
recebe luz do sol diretamente por todo o período da manhã, a ideia é substituir toda a vedação
da fachada frontal por cobogó em concreto, evitando sol direto, manutenção periódica e o
sistema estrutural será todo em concreto aparente.
116

Figura 90: BLOCO NOVO FACHADA FINAL


- Proposta inicial do bloco novo Proposta atual do bloco novo

FONTE: A AUTORA, 2020

Vejam a seguir alguns dos estudos realizados até chegar no resultado final.

Figura 91: ESTUDO DA FACHDA DODO BLOCO NOVO


PROPOSTA INICIAL PROPOSTA 2

PROPOSTA 3 PROPOSTA FINAL

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA 2020


As prescrições urbanísticas ficaram da seguinte forma:
Tabela 7:QUADRO DE PRESCRIÇÕES
117

QUADRO DE PRESCRIÇÕES
PRESCRIÇÃO PROJETO FINAL
Coeficiente de 3x 391,20m2 593,90
=
Aproveitamento (3) 1.173,6m2
Permeabilidade 20% (87,98m2) 22,48%
Ocupação 80% 77,52%
Recuo frontal 3m 0m
Recuo lateral 1,5m 0m
Recuo de fundo 1,5m 12,20m sem edícula
Gabarito 7,5 11,60
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2020.

7.2.1 Estudo das visadas de entorno da edificação

Este estudo tem como objetivo identificar possíveis impactos no entorno gerados pela
volumetria proposta. No mapa a seguir, veja o caminho percorrido e os pontos analisados. O
caminho percorrido segue o mesmo fluxo obrigatório da via.
118

Figura 92: MAPA COM MARCAÇÃO DA VISADAS

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA- A PARTIR DO GOOGLE EARTH, 2020


119

FIGURA: QUADRO COM AS VISADAS


VISADA 01 VISADA 02

VISADA 03 VISADA 04

VISADA 05 VISADA 06

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2020


120

Fazendo uma análise destas imagens percebe-se claramente a abertura feita na parte
frontal ficará imperceptível do lado direito, sentido de fluxo da via. E do lado esquerdo o que
mais estava impactando era a caixa d`água e caixa do elevador. Por isso será utilizado um
sistema de bombeamento, apenas com um caixa pequena acima do banheiro e o elevador será
utilizado um modelo de tração por cabos laterais que permite sua altura final com 2,30m de
altura do piso do último pavimento. Deste modo teremos a coberta em destaque e nenhum
desses elementos indesejados irá aparecer. Veja o comparativo abaixo.

Figura 93: COMPARATIVO DA VOLUMETRIA


ANTES DEPOIS

FONTE: A AUTORA, 2020

7.2.2 Sobre o Rooftop

Atualmente a coberta é inexististe devido ao estado de arruinamento em que se


encontrava a edificação, o que nos fez pensar em outras possibilidades para a edificação. Em
meus projetos sempre busco um olhar para o Rio Potengi, como uma reverência ao mesmo e a
sua importância para nossa cidade. Porém nesse projeto, não existia essa possibilidade de
visualizar o rio, uma vez que as edificações do entorno são mais altas e impediam este visual,
por isso foi pensada nessa possibilidade de se criar um ROOFTOP, que é uma tendência atual
e proporcionaria a visualização do pôr do sol do Potengi. Como o intuito de diminuir o impacto
que possa causar a ausência de parte dessa coberta, a ideia é manter o máximo possível coberto
na parte frontal e deixar a memória de uma das tesouras ao fundo da edificação, onde hoje existe
a empena na fachada posterior.
Nesta foto cedida pelo historiador Rostand Medeiros, podemos observar a edificação
na década de 40, durante o período da II Guerra Mundial, na imagem é possível observar que a
121

coberta fica visível quase que completamente em uma de suas águas, quando observada de
longe e neste ângulo. Atualmente neste mesmo ângulo existe uma parada de ônibus que impede
visualizar a mesma.

Figura 94: Vista da praça na década de 40.

FONTE: ROSTAND MEDEIROS. Arquivo pessoal. Década de 40.

Nesta imagem apresentada na nota técnica nº 37/2021/DIVTEC/ IPHAN-RN, a


imagem foi feita mais próxima da edificação e quando ainda existia parte da coberta, é possível
perceber que a mesma se apresenta muito fininha, quase que imperceptível.
Figura 95: Imagem na nota técnica nº 37/2021/DIVTEC/ IPHAN-RN

Figura 96: Estado da coberta

FONTE: IPHAN , 2020


122

Em nosso estudo apresentamos a seguinte imagem onde a coberta aparece apenas na


parte frontal, de fato para fazer uma nova coberta que abranja toda a área, iria inviabilizar um
dos atrativos da edificação, o ROOFTOP. Fizemos alguns estudos que mostraremos a seguir.

Figura 97: Proposta final da coberta do ROOFTOP

FONTE: AUTORA, 2021

Nessa opção seria feito um avanço de 2 metros em direção ao fundo do lote e uma
segunda coberta, porém iria ultrapassar o gabarito permitido e a intervenção ficaria muito mais
evidente, como pode se ver na imagem.
123

Figura 98: ESTUDO DA COBERTA

FONTE: Autora do relatório, 2021

Para permitir que o ROOFTOP fosse possível, teria que ter uma área mínima (entenda-
se área de público) ou não se justificaria o investimento de mais uma laje. Nessa opção
avançamos 2 metros da coberta em direção ao fundo do lote, deixando uma área mínima de
público. Esta imagem lembra um pouco a imagem apresentada na nota técnica, na qual a coberta
está em parte inexistente, porém é na parte frontal.

Figura 99: ESTUDO DA COBERTA AVANÇO 2M

FONTE: Autora do relatório, 2021


124

Vale salientar que esta coberta é valorizada e rememorada em toda a edificação,


permitindo a reversibilidade das intervenções e apresentando a distinguibilidade dos novos
elementos através da cor, todos os novos elementos serão pintados em grafite e existirá uma
placa identificando essa solução na edificação. Assim como também existirá uma placa
identificando a tesoura que será restaurada e colocada na empena da fachada posterior. O
projeto sempre visou respeitar a originalidade da edificação e destacar seus elementos,
valorizando-os da melhor forma para tornar a edificação o mais atrativa possível.
Por fim após a realização de uma análise prévia no IPHAN_RN, o Rooftop, apesar de
ser uma exceção foi aprovado, pois foi entendido como imprescindível para a manutenção da
edificação, incentivando não apenas a reabilitação da edificação, mas também para a colher
novos usos e incentivar uma dinâmica de atrações já implementada na área, a exemplo da
Galeria de Artes B-612. Em relação ao jardim frontal, aqui chamado de área de transição o
recuo da coberta não foi aprovado, apesar de seu objetivo ser de promover melhores índices de
salubridade e conforto para o bloco histórico como um todo, foi entendido como não sendo
imprescindível para a manutenção da edificação. Deste modo teremos a coberta toda fechada
na frente, mas não vamos alterar o pé direito duplo existente e proporcionando esse espaço
lúdico e aberto, criando um grande impacto nos usuários.

7.3 Sistema construtivo proposto

As intervenções serão divididas em dois blocos. O bloco histórico, que será inserido
dentro da ruina existente, e um bloco anexo novo, que servirá de apoio aos serviços oferecidos
no bloco histórico. É importante destacar que o sistema escolhido vai obedecer alguns
princípios como, autenticidade e reversibilidade.

7.3.1 Bloco histórico

O bloco histórico, no térreo, irá constar um café, banheiro acessível unissex e um salão
para eventos sociais. Já no segundo pavimento, o Museu da Água Mineral Santa Maria,
banheiro acessível e o segundo salão para eventos corporativos. Como não existe coberta
atualmente, será criado um terceiro pavimento, sem coberta para abrigar o rooftop, que será um
espaço para eventos sociais e contemplação do rio Potengi.
125

A estrutura utilizada será mista de concreto armado e estrutura metálica. A ideia é garantir
o mínimo de intervenção necessária na edificação, onde a parte frontal que irá abrigar o café e o
museu, será composta por colunas e vigas metálicas e laje treliçada com EPS. Ver figura 100, onde
a parte vermelha será esse sistema descrito com colunas afastadas das paredes. E na parte azul
escura, será utilizado outro sistema estrutural com vigas engastadas na parede, visando reduzir
custos e a utilização de estrutura metálica que não é utilizada comumente na região.

Figura 100: PLANTA BAIXA COM MARCAÇÃO DAS COLUNAS EM VERMELHO.

Fonte: A AUTORA, 2020.

Nesta segunda parte do bloco histórico, a própria alvenaria será cortada e embutida
uma viga metálica (para que o dano a alvenaria seja menor, uma vez que a secção da viga
metálica é menor) Ver imagem 101.

Figura 101: DETALHE DA VIGA EMBUTIDA NA PAREDE.

Fonte: A AUTORA, 2020


126

Porém após uma segunda analise do engenheiro mais especializado em restauro de edificações
históricas, ficou decido que o mesmo sistema construtivo adotado na parte frontal do bloco histórico
servirá para todo o bloco histórico, preservando ainda mais os princípios adotados nesse projeto.
O terreno onde a construção foi instalada é uma área úmida e isso pode danificar a
base das colunas, por isso a ideia é criar uma base em concreto elevando a coluna e afastando
do piso, eliminando os riscos da umidade (ver imagem 102).

Figura 102: ESTUDO PARA BASE EM CONCRETO DAS COLUNAS

Opção 01 Opção 02 Opção 03

Fonte: A AUTORA, 2020

Outro ponto importante é preservar os pedaços das madeiras que compunham o piso e
ainda se encontram engastadas na parede. Para isso, a ideia é afastar cerca de 30cm toda a nova
estrutura e instalar um vidro para fazer o fechamento do piso, permitindo a visualização dessas
linhas, como pode ser vista nas figuras 103 e 104.
Figura 103: DETALHE DO LAJE SOLTA DA Figura 104: DETALHE DO LAJE SOLTA DA
PAREDE_ VISTA POR BAIXO PAREDE_ VISTA POR CIMA

Fonte: A AUTORA, 2020. Fonte: A AUTORA, 2020.


127

Isso irá se repetir em todo o bloco histórico, veja as imagens abaixo que ilustram como
ficará a estrutura final.

Figura 105: ESTRUTURA FINAL

FONTE: A AUTORA 2021

7.3.2 Bloco novo

Para o bloco novo de apoio, o sistema estrutural será simples e o mais utilizado na
região, que são vigas e colunas em concreto amado e laje treliçada com EPS. Esse bloco novo
irá contar no térreo, com uma pequena copa de apoio, e bateria de banheiros acessível e coletivo.
No pavimento superior, terá um depósito que será acessado por uma escada metálica na lateral
do bloco. Não será necessário elevador, pois o depósito possui menos de 50m2, o que é
permitido pela legislação municipal.

Figura 106: PLANTA BAIXA TÉRREA DO BLOCO NOVO

Fonte: A AUTORA, 2020.


128

7.4 Composição da fachada

A ideia inicial para a fachada era manter a pátina do tempo presente na edificação,
porém devido a fatores culturais, manter a fachada em ruínas sem um fator de novidade, não
seria bem visto. Por isso está sendo proposto o uso da cor branca predominando em quase toda
a fachada e apenas uma parte dela irá manter a pátina do tempo.

Figura 107: FACHADA FINAL

FONTE: A AUTORA, 2020

Porém esse local para manter a pátina do tempo ainda será definido através de estudos
e definições técnicas com o engenheiro da obra. Veja alguns estudos de composição da fachada
já realizados a seguir:

Figura 108: ESQUEMA DE OPÇÕES DE PRESERVAÇÃO DA PÁTINA DO


TEMPO
129

FONTE: A AUTORA, 2020

Também foram feitas algumas análises cromáticas de possibilidades para a fachada e suas
aplicações, veja estudo abaixo

7.5 Estudo cromático da fachada

Para se aprofundar um pouco mais sobre esse assunto, vamos entender a definição de cor.
“A cor é uma percepção visual provocada pela ação de um feixe de fótons sobre células
especializadas da retina, que transmite através de informação pré-processada ao nervo óptico,
impressões para o sistema nervoso” (NUNES, 2020)
Com esta definição podemos entender que não existe cor sem luz, a sensação ótica
transmitida através da luz refletida é que nos proporcionam essa percepção da cor. Podemos
dizer que a cor branca seria a reunião de todas as cores, observação comprovada através da
experiência do disco de Newton, em 1666, por Isaac Newton. E a cor preta seria a ausência de
cor. No nosso dia a dia podemos observar que ao iluminar determinado objeto branco com a
luz branca ele refletirá a cor branca e perceberemos aquele objeto como sendo de cor branca,
mas se iluminarmos o mesmo objeto com a luz verde a cor refletida será o verde, pois será
refletido apenas a cor que está presente na luz. E assim ocorreria para qualquer outra cor, onde
um objeto branco irá refletir a cor corresponde a luz que o iluminou. Já se o mesmo objeto for
pintado na cor preta esse poderá ser iluminado por qualquer cor de luz que ele sempre será
preto.
A cor não é o único elemento necessário para se perceber um objeto, a luz emitida
também proporciona uma sobra que em muitas vezes ajuda na percepção dos volumes. Sendo
130

a sombra, também, um dos elementos fundamentais na percepção da linguagem visual. Podendo


assim, criar efeitos que possam favorecer a percepção do volume, do desenho da fachada.
Para uma fachada eclética, a percepção dos adornos presentes na decoração da fachada
deve ficar evidentes e não deve ser usada uma pintura, que dificulte a leitura da mesma. Como
os exemplo que temos abaixo, no qual a pintura fica muito mais evidente que os volumes
existentes na própria fachada, são passados para segundo plano.

Figura 109: Arte de rua em Berlim

FONTE: Mediateca | DW | 16.09.2020

Uma forma de destacar os elementos presentes nessa fachada seria atravez do destaque
por cor e para isso foram feitas algumas análises cromáticas de possibilidades para a fachada e
suas aplicações, veja esquema abaixo.

Figura 110: ESQUEMA DO ESTUDO DE CORES


131

FONTE: Autora do relatório 2021

Porém, um dos fatores que guiou esse projeto é a facilidade de conservação na vida útil
do prédio e a redução de custos em sua manutenção, e uma pintura com duas cores já gera um
certo grau de dificuldade nessa manutenção. Outro fator importante foi a busca pela história e
origens do prédio, como vimos anteriormente esse prédio foi construído pelo senhor Serquiz
Elias de origem Libanesa e um dos significados do nome Líbano é branco. O uso da cor branca
nesta edificação também seria uma “referência/ homenagem” à suas origens e ao seu criador, o
primeiro proprietário. Com base nisso, buscamos outras referências que não utilizam o contraste
da cor em fachadas ecléticas e sim a cor branca para dar um respaldo maior a decisão do uso
desta cor.
132

Referência local:
Figura 111: CASA DA RIBEIRA

FONTE: www.casadaribeira.com.br

Referência Nacional:

Figura 112: Paço do Frevo – Recife/PE

FONTE: Paço do Frevo | IDG. Disponível em: https://www.idg.org.br/pt-br/paco-do-frevo. Acesso em:


04 Out 2020
133

Figura 113: Escola Libanesa no RJ

FONTE: Rio de Janeiro terá escola libanesa - Agência de Notícias Brasil-Árabe (anba.com.br). Disponível
em: https://anba.com.br/rio-de-janeiro-tera-escola-libanesa/. Acesso em: 04 Out 2020

Figura 114: Faculdade de Direito do Recife - UFPE

FONTE: ARPEN-PE » Cultura jurídica nacional é resgatada na Faculdade de Direito do Recife


(arpenpe.org). : http://arpenpe.org/?p=5036. Acesso em: 04 Out 2020
134

Figura 115: Prédio histórico da UFPR

FONTE: História do prédio histórico da UFPR, que já foi cor-de-rosa (gazetadopovo.com.br). Disponível
em: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo-cultura/ufpr-palacio-do-saber/. Acesso em: 04
Out 2020
135

Figura 116: Praça das Artes / Brasil Arquitetura

FONTE: NELSON KON

Figura 117: Museu Rodin – Salvador/BA

FONTE: LAZARO MENEZES


136

Exemplos internacionais:

Figura 118: PAÇO DAS ESCOLAS, EM COIMBRA. PORTUGAL

FONTE: Embarque na Viagem. Disponível em: https://embarquenaviagem.com/2017/09/23/o-palacio-


mais-antigo-de-portugal/. Acesso em: 04 Out 2020

Figura 119: TORRE E CATEDRAL DE PISA, ITÁLIA

FONTE: Por que a Torre de Pisa é inclinada? | Super (abril.com.br). Disponível em:
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/por-que-a-torre-de-pisa-e-inclinada/. Acesso em: 04 Out
2020
137

Todos os exemplos apresentados utilizam a monocromia em sua fachada, alguns possuem


distinção de matérias, aplicados de forma muito suave tornando a palheta monocromática.
A decisão final é realmente manter a cor branca, a exemplo das edificações aqui citadas,
destacando o fator de novidade da edificação e dando mais ênfase a pátina do tempo que será
preservada em um trecho da fachada. Porém o letreiro que dá nome a edificação ficará em
destaque na cor dourada.

7.5.1 Energia fotovoltaica

Também estão sendo feitos estudos para aplicação de placas de energia fotovoltaica
com o objetivo de aproveitar melhor os recursos disponíveis. A ideia é aplicar essas placas na
cobertura do bloco novo, ao fundo do terreno. Ainda serão feitos mais estudos para comprovar
a viabilidade econômica da instalação do equipamento.

7.6 Piso

Como foi apresentado anteriormente o piso original encontra-se apenas em uma


pequena área e este será conservado, a ideia é que no restante seja utilizado um revestimento
neutro e que não chame mais atenção do que o piso original, com está ideia em mente a solução
adotada foi o piso em porcelanato, que é um material contemporâneo de alta resistência e com
aparência de cimento queimado, como na imagem ilustrativa abaixo. Na área do café será
utilizado um piso em porcelanato imitando madeira, no formato de réguas.
138

Figura 121: exemplo de opção de piso cimento Figura 120: exemplo de opção de piso madeira

FONTE: Portobello

7.7 Instalações elétricas e iluminação

As instalações elétricas do bloco histórico será toda externa e vai seguir o princípio da
retrabalhabilidade e da autenticidade, sendo toda aparente. Nos espaços de eventos e no museu
a iluminação será móvel e poderá ser modificada a qualquer tempo, sendo toda feita em trilhos
do sistema “Do-it” de sobrepor, que é um sistema avançado de iluminação linear, integrando
diversos tipos de iluminação, como os módulos iluminação pontual, difusa, assimétrica, dentre
diversas opções de fachos, potências, temperatura de cor e até integração de luminárias
pendentes e projetores.
No bloco novo deverá ser utilizada instalações embutidas mais tradicionais e mais
baratas.

FONTE: Como fazer instalação elétrica aparente e 15 exemplos (vaicomtudo.com). Disponível em:
https://www.vaicomtudo.com/1062-como-fazer-instalacao-eletrica-aparente-e-15-exemplos.html.
Acesso em: 04 Out 2020
139

7.8 Forro

Boa parte do bloco novo terá laje e coberta aparente, porém na área do café será
recriado o desenho do piso no forro fazendo com que esse seja um atrativo e um dos gatilhos
para conexões com a memória da edificação. Será uma chapa em MDF cortado a laser e
aplicado abaixo da laje com iluminação embutida, destacando o desenho vazado. Veja imagem
abaixo. Abaixo da laje do ROOFTOP também será necessário ter o forro para esconder a manta
térmica que irá auxiliar na diminuição da transmitância térmica da laje impermeabilizada.

Figura 122: FORRO COM DESENHO DO PISO

FONTE: A AUTORA, 2020

7.9 Esquadrias

Para as esquadrias a ideia é aproveitar ao máximo o que for possível, restaurando o


que encontra-se em parte deteriorado e todo o restante terá esquadrias em vidro, demarcando
claramente as novas intervenções, a única esquadria nova que será em madeira, porém pintada
em grafite, cor escolhida para demarcar todas as novas intervenções em madeira é a porta de
passagem da área de transição para a caixa da escada. Essa esquadria terá um design mais
trabalhando com almofadas e gradil, lembrando portas antigas. A escolha desta porta ser assim
140

é para ajudar a compor o ambiente lúdico da área de transição que junto com a árvore e o
balanço vai ajudar a compor um ambiente “instagramável”.

Figura 123: ESQUADRIA NOVA

FONTE: A AUTORA, 2020

7.10 Escultura da Árvore

Um dos elementos mais simbólicos desta edificação é a árvore que por anos resistiu
na fachada, e contribuiu para o simbolismo da mesma. Rememorá-la através de uma escultura
foi uma forma encontrada para que ela se faça presente na memória de todos, porém não seria
instalada na fachada, para não ofuscar a bela fachada eclética. Será instalada na área de transição
e vai utilizar o sistema de estrutura metálica em sua sustentação sendo recoberta por pedaços
de ferro retorcido. Criando o aspecto de árvore e vai ter alguns galhos saindo pelas bandeirolas
das janelas na fachada frontal. Ainda será criado um balanço criando assim, um espaço
instagramável para ajudar na divulgação espontânea da Casa de Cultura A Samaritana.

7.11 Segurança e acessibilidade da construção

Este certamente é um aspecto fundamental a ser observado em qualquer projeto e se


tratando de projetos em edificações de valor patrimonial é certamente um calo na mão de
qualquer projetista. Porém nesse projeto foi relativamente simples as soluções encontradas.
141

Uma plataforma será implanta no bloco antigo com 3 paradas, atendendo desata forma os três
pavimentos. No Rooftop que terá dois níveis, será instalada uma segunda plataforma e todo o
guarda corpo será em vidro para não impactar na fachada e permitir que um cadeirante tenha
um ângulo visual maior. Além disso toda a circulação foi tratada de modo a garantir
acessibilidade. No acesso principal existe um desnível em um dos lados de 6 cm e no outro 10
cm, será feita uma elevação sutil na calçada de 5cm com o objetivo de reduzir esse desnível do
acesso facilitando a entrada e atendendo as exigências de acessibilidade.
Em relação aos aspectos de segurança, mesmo não sendo necessário um projeto de
combate a incêndio, serão instalados extintores, sinalização de saída, e na fachada terá uma
porta a mais o que além de devolver essa abertura existente, auxiliar no escoamento do público
no caso de uma necessidade.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como já foi dito anteriormente, projetos de intervenções patrimoniais são por si só,
projetos complexos e exigem amplo conhecimento técnico para que as melhores decisões
arquitetônicas possam ser tomadas. Com este estudo, buscou-se apresentar as etapas do
processo de projeto e toda evolução da proposta até o presente momento. As etapas de leitura
da edificação (levantamento físico) e levantamento histórico são premissas fundamentais para
definições de soluções de projeto. A revisão bibliográfica também consiste numa etapa
importante na definição de projeto, assim como os estudos de casos similares. A intervenção
em ruína torna as decisões arquitetônicas ainda mais difíceis, se fazendo necessário um
embasamento teórico ainda maior.
As soluções aos dilemas apontados foram atendidas, sendo a adequação dos
condicionantes legais as mais complexas, como a questão referente a acessibilidade. Vale
salientar que todas as exigências legais foram atendidas.
Outro grande impasse nesse tipo de edificação, tombada e com tipologia em fita (lote
estreito e comprido geralmente com as duas laterais conjugadas aos lotes vizinhos e sem
aberturas laterais), é promoção de conforto ambiental e salubridade nos ambientes. Por possuir
poucas aberturas e fachadas que não podem ser modificadas, muitas vezes esse tipo de prédio
acaba ficando à mercê de climatização ativa e iluminação artificial, o que muitas vezes pode
tornar o ambiente prejudicial à saúde. Com o objetivo de proporcionar maior iluminação e
ventilação natural, foi proposta uma segunda fachada permitindo outra área de jardim na frente
do edifício, o qual chamamos de área de transição. Esta segunda fachada possui aberturas
142

maiores e esquadrias de vidro, que permitem a entrada da luz natural em maior abundância que
as aberturas existentes anteriormente. Apesar disto, quando submetido a uma análise prévia foi
considerado que está abertura não seria imprescindível para o funcionamento da edificação e
que iria impactar na volumetria da mesma na paisagem do CHN e devido a isso essa abertura
foi fechada.
Outro grande desafio foi manter a memória e o simbolismo da edificação ainda
pulsante na lembrança de quem habita o bairro da Ribeira, para isso, a ideia é utilizar uma
escultura em forma de árvore, fazendo alusão ao pé de fícus que foi retirado da fachada frontal.
Além disso, ainda serão utilizadas instalações artísticas ou memoriais, com o objetivo de
rememorar a história da edificação e sua importância histórica ao abrigar no período da Segunda
Guerra o jornal criado para ser a voz independente do povo.
Todas essas intervenções propostas tem como princípio a preservação da autenticidade
do prédio, a retrabalhabilidade (reversibilidade) do edifício, estando entre a continuidade
contextual e a justaposição contextual.
O reaproveitamento de materiais sem condições de uso, como as linhas dos barrotes
que sustentavam o piso, parte do taboado do piso e outras madeiras, serão reaproveitadas no
edifício em outros formatos possíveis. Como banco, painéis, caramanchão, etc.
Por fim, ressaltamos que todas as decisões tomadas para esse projeto têm como o
objetivo a preservação do patrimônio edificado e sua valorização através de intervenções que
obedecem aos princípios do restauro.
A seguir algumas imagens da proposta.
143

Figura 124: JARDIM MONTADO PARA CERIMÔNIA DE CASAMENTO

FONTE: A AUTORA, 2020

Figura 125: ROOFTOP COM VISTA PARA O PÔR DO SOL DO POTENGI

FONTE: A AUTORA, 2020


144

FONTE: A AUTORA, 2021

Figura 126: ÁREA DE TRANSIÇÃO E CAFÉ

FONTE: A AUTORA, 2021


145

Figura 127 ÁREA DE TRANSIÇÃO E CAFÉ

FONTE: A AUTORA, 2021


Figura 128: CAFÉ

FONTE: A AUTORA, 2021


146

Figura 129: SALÃO PARA EVENTOS SOCIAIS

FONTE: A AUTORA, 2021

Figura 130: SALÃO PARA EVENTOS SOCIAIS

FONTE: A AUTORA, 2021


147

Figura 131: SALÃO PARA EVENTOS SOCIAIS

FONTE: A AUTORA, 2021

Figura 132:VISTA DO JARDIM PARA O BLOCO NOVO

FONTE: A AUTORA, 2021


148

Figura 133: FACHADA POSTERIOR

FONTE: A AUTORA, 2021

Figura 134: FACHADA FRONTAL Figura 135: VISTA SEM A FACHADA


FRONTAL

FONTE: A AUTORA, 2020 FONTE: A AUTORA, 2020


149

Figura 136: VISTA DO ROOF TOP

FONTE: A AUTORA, 2020

Figura 137: ROOFTOP

FONTE: A AUTORA, 2020


150

Figura 138: JARDIM ENTRE BLOCO HISTÓRICO E BLOCO NOVO

FONTE: A AUTORA, 2020

Figura 139: MUSEU DA ÁGUA MINERAL

FONTE: A AUTORA, 2020


151

Figura 140: VISTA ÁREA EM FRENTE AO ELEVADOR NO ÚLTIMO PAVIMENTO

FONTE: A AUTORA, 2020

Figura 141: SALÃO DE EVENTOS 01 COM DETALHE PARA ALATERAL EM VIDRO

FONTE: A AUTORA, 2020


152

Figura 142: VISTA SALÃO DE EVENTOS 02 COM LATERAIS EM VIDRO/ LAJE SOLTA DA CAIXA MURAL

FONTE: A AUTORA, 2020

Figura 143: DETALHE DO FECHAMENTO EM VIDRO PRESERVANDO AS LINHAS EM MADEIRA

FONTE: A AUTORA, 2020


153

Figura 144: ROOFTOP

FONTE: A AUTORA, 2020


154

REFERÊNCIAS

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____. O tratamento das superfícies arquitetônicas como problema teórico da restauração.


Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, v. 12, n. 1, p. 309- 330, 1 dez. 2004.
Disponível em: < https://doi.org/10.1590/S0101-47142004000100021>. Acesso em: 20 Ago 2020.

LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F.O.R. Eficiência energética na arquitetura. 3.ed.
Rio de Janeiro: 2014.

LAWSON, Bryan. Como arquitetos e designers pensam. São Paulo: Oficina de textos, 2011.

LEMOS, Carlos A.C. O que é patrimônio histórico. São Paulo: Brasiliense. 1981.

MEDEIROS, Renato. Um olhar sobre o patrimônio histórico-arquitetônico de Assú/RN:


Análise com base na percepção dos usuários e no ponto de vista técnico. Dissertação
(Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo da UFRN. Natal, 2006.

MELO, Manoel Rodrigues de. Dicionário da Imprensa no Rio Grande do Norte 1909- 1987.
São Paulo -SP. Ed. Cortez. Natal-RN. Fundação José Augusto, 1987

MORAES, Carolina de/ RIBEIRO, e Luiz. Intervenções metálicas em edificações de valor


histórico e cultural: estudos de caso de interfaces. CONSTRUMETAL. SÃO PAULO- SP. 2010.

NATAL. Decreto nº 5.661 de 15 de maio de 1995. Disponível em:


https://www.natal.rn.gov.br/semurb/planodiretor/paginas/menu/aba5/pagina1.php. Acesso em
25 set. 2020.

____. Lei Complementar nº 087 de 21 de junho de 2007. Instrumentos do ordenamento urbano


de Natal. Natal: SEMURB, 2013.

____. Lei Complementar nº 3.942 de 09 de julho de 1990. Instrumentos do ordenamento urbano


de Natal. Natal: SEMURB, 2013.

____. Lei Complementar nº 055, de 27 de janeiro de 2004. Instrumentos do ordenamento urbano


de Natal. Natal: SEMURB, 2013.

____. Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. Anuário de Natal 2016. Natal:
SEMURB, 2016. Disponível em: https://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-102.html.
Acesso em: 25 set. 2020.

____. ____. Manual de Arborização Urbana de Natal. Natal: SEMURB, 2009. Disponível em:
https://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-102.html. Acesso em: 25 set. 2020

____. ____. Conheça melhor seu bairro: Ribeira: SEMURB, 2009. Disponível em:
https://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-102.html. Acesso em: 25 set. 2020
157

NESI, Jeanne Fonseca Leite. Natal Monumental. 1. ed. Natal: 1994.

NETO, Augusto Severo. Ontem Vestido de Menino. Natal-RN: Nossa Editora,1985.

OLIVEIRA, Rogério P. D. de. O equilíbrio em Camillo Boito. Disponível em:


https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/08.086/3049. Acesso em: 11 Out 2020.

PANOSSO, A. & GAETA, C. Turismo de Experiência. (2010). São Paulo: Editora Senac SP.

PARQUE das Ruínas. Disponível em: https://www.cariocadna.com/agenda/1703-cantora-gaucha-


lizza-dias-homenageia-elis-regina-no-teatro-do-parque-das-ruinas/. Acesso em: 21 mar. 2019.

PEDRINI, Aldomar. Propriedades térmicas de sistemas construtivos: Livro texto da


disciplina de Conforto Ambiental 2. Natal: 2017.

SANCHES, Pedro Luís Machado. Caracterização e Origens do Culto Moderno dos


Monumentos. Revista Memória em Rede, Pelotas, v.2, n.5, abr. / jul. 2011.

____. Ventilação natural no ambiente construído: Apostila didática do Laboratório de


Conforto Ambiental da UFRN (em desenvolvimento). Natal: 2015.

RIEGL, Alois. Arte tardo-romana (Trad. de Licia Collobi Ragghianti). Torino: Giulio
Einaudi, 1959.

____. O culto moderno dos monumentos: a sua essência e sua origem. trad. Werner
Rothschild Davidsohn eAnat Falbel. São Paulo: Perspectiva, 2014.

VASCONCELOS, Sylvio de. Arquitetura do Brasil: sistemas construtivos. Belo Horizonte:


UFMG, 1979. 5. ed.

VIEGAS, Cíntia C. L. Em busca de uma ambiência histórica: transformações na forma


urbana e percepção a historicidade do sítio histórico de Natal RN. Dissertação (Doutorado em
Arquitetura e Urbanismo) ‒ Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018. Disponível
em: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/25891. Acesso em: 21 mar. 2019.

VIOLLET-LE-DUC, Eugène Emmanuel. Restauração. São Paulo, Ateliê, 2001.

WIECZOREK, Daniel. Introduction du traducteur. In: Riegl, Aloïs. Le culte moderne des
monuments. Son essence et sa genèse. Traduit par Daniel Wieczorek. Paris: Seuil, 1984. niel
Wieczorek. Paris: Seuil, 1984.
158

ANEXO

ANEXO A – TÍTULO DO ANEXO

ESTUDO DOS AMBIENTES

AMBIENTE: METAS A ATENDER:

CAFÉ - Ambiente agradável e acolhedor,


com ventilação natural.
OCUPANTES (fixo/não fixos):
- Utilizar criatividade para incluir
VISITANTES(CLIENTES), GARÇON, histórico da edificação de forma física dentro
COZINHEIRO, desse ambiente.

MOBILIÁRIO/EQUIPAMENTOS -Espaço para refeições, que seja

ESSENCIAIS: prático e higiênico.

MESAS, CADEIRAS, SOFÁ, BALCÃO,


GELADEIRA, COOKTOP, ARMÁRIOS, PIA,
SISTEMA DE SOM...

CONDICIONANTES (iluminação, LAYOUT


ventilação, ...):

VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO
NATURAL.

PROXIMIDADES/AFASTAMENTOS:

Este ambiente pode ficar próximo de todos


(ambiente/dimensionamento)
os outros

FONTE DE INFORMAÇÕES:

ESTUDOS DE REFERÊNCIAS/
LEGISLAÇÕESRELACIONADAS

ESTUDO DOS AMBIENTES

AMBIENTE: METAS A ATENDER:

JARDIM (ÁREA DE TRANSIÇÃO)


159

- Ambiente agradável e acolhedor,


OCUPANTES (fixo/não fixos):
com ventilação natural.
Visitantes(clientes), garçom, cozinheiro,
- Utilizar criatividade para incluir
MOBILIÁRIO/EQUIPAMENTOS histórico da edificação de forma física dentro
ESSENCIAIS: desse ambiente.

Mesas, cadeiras, sofá, balcão, geladeira,


cooktop, armários, pia, sistema de som...

CONDICIONANTES (iluminação, LAYOUT


ventilação, ...): (ambiente/dimensionamento)

Ventilação e iluminação natural.

PROXIMIDADES/AFASTAMENTOS:

Este ambiente pode ficar próximo de todos


os outros

FONTE DE INFORMAÇÕES:

Estudos de referências/ legislações


relacionadas

ESTUDO DOS AMBIENTES

AMBIENTE: METAS A ATENDER:

Salão térreo/ jardim -

OCUPANTES (fixo/não fixos):

Visitantes(clientes), garçons, músicos

MOBILIÁRIO/EQUIPAMENTOS
ESSENCIAIS:

Mesas, cadeiras, móveis decorativos,


sistema de som

CONDICIONANTES (iluminação, LAYOUT


ventilação, ...): (ambiente/dimensionamento)
160

Ventilação, iluminação natural e


ventilação mecânica.

PROXIMIDADES/AFASTAMENTOS:

Ver matriz de relação

FONTE DE INFORMAÇÕES:

ESTUDO DOS AMBIENTES

AMBIENTE: METAS A ATENDER:

DEPÓSITO/ COPA -

OCUPANTES (fixo/não fixos):

GARÇON, COZINHEIRO,
FUNCIONÁRIOS

MOBILIÁRIO/EQUIPAMENTOS
ESSENCIAIS:

BANCADA, BALCÃO, GELADEIRA,


FOGÃO, FREZER, ARMÁRIOS, PIA, ...

CONDICIONANTES (iluminação, LAYOUT


ventilação, ...): (ambiente/dimensionamento)

VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO
NATURAL.

PROXIMIDADES/AFASTAMENTOS:

VER MATRIZ DE RELAÇÃO

ESTUDO DOS AMBIENTES


161

AMBIENTE: METAS A ATENDER:

MUSEU -

OCUPANTES (fixo/não fixos):

VISITANTES(CLIENTES)

MOBILIÁRIO/EQUIPAMENTOS
ESSENCIAIS:

EXPOSITÓRES A DEFINIR, SISTEMA


DE SOM

CONDICIONANTES (iluminação, LAYOUT


ventilação, ...): (ambiente/dimensionamento)

VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO
NATURAL E ARTIFICIAL

PROXIMIDADES/AFASTAMENTOS:

VER MATRIZ DE RELAÇÃO

FONTE DE INFORMAÇÕES:

ESTUDO DOS AMBIENTES

AMBIENTE: METAS A ATENDER:

SALÃO PARA EVENTOS -


CORPORATIVOS

OCUPANTES (fixo/não fixos):

VISITANTES(CLIENTES)

MOBILIÁRIO/EQUIPAMENTOS
ESSENCIAIS:

MESAS, CADEIRAS, PULPITO,


SISTEMA DE SOM, PROJETOS, TELA, ...
162

CONDICIONANTES (iluminação, LAYOUT (ambiente/dimensionamento)


ventilação, ...):

VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO
NATURAL E ARTIFICIAL

PROXIMIDADES/AFASTAMENTOS:

VER MATRIZ DE RELAÇÃO

FONTE DE INFORMAÇÕES:

ESTUDO DOS AMBIENTES

AMBIENTE: METAS A ATENDER:

ROOFTOP -

OCUPANTES (fixo/não fixos):

VISITANTES(CLIENTES), GARÇON,
COZINHEIRO,

MOBILIÁRIO/EQUIPAMENTOS
ESSENCIAIS:

MESAS, CADEIRAS, SOFÁ, BALCÃO,


GELADEIRA, COOKTOP, ARMÁRIOS, PIA,
SISTEMA DE SOM, ...

CONDICIONANTES (iluminação, LAYOUT


ventilação, ...): (ambiente/dimensionamento)

VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO
NATURAL.

PROXIMIDADES/AFASTAMENTOS:

VER MATRIZ DE RELAÇÃO

FONTE DE INFORMAÇÕES:
D

H
E

F
C

A A

B B
C

H
E

F
D

PLANTA BAIXA_TÉRREO

A SAMARITANA PATOLOGIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
CARACTERÍSTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
HISTÓRICO bairro da Ribeira

01
D

H
E

F
C

A A

B B
C

H
E

F
D

PLANTA BAIXA_1° PAVIMENTO

A SAMARITANA PATOLOGIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
CARACTERÍSTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
HISTÓRICO
bairro da Ribeira

02
CORTE AA

A SAMARITANA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PATOLOGIAS
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

03
CORTE BB
A SAMARITANA

PATOLOGIAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

04
A SAMARITANA

PATOLOGIAS

VISTA EXTERNA VISTA INTERNA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

05
QUADRO DE LEGENDAS A SAMARITANA

PATOLOGIAS

CORTE EE CORTE FF

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

06
QUADRO DE LEGENDAS A SAMARITANA

PATOLOGIAS

CORTE GG CORTE HH

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

07
VISADA 02
IV

MAPA_PERCURSO VISUAL
I

VISADA 05
VIII
VISADA 04
VI

VISADA 05
VII

MAPA_PERCURSO VISUAL
II

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
VISADA 01
III CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

08
VISADA 06
IX

VISADA 03
V
ESQ. TIPO DIMENSÃO PEITORIL MATERIAL QUANT. LOCAL ESPECIFICAÇÕES
larg. alt.

PORTAS RESTAURADAS
P1 Giro 1.20 2.78 Madeira 01 Fachada Térreo 02 Folhas

P3 Giro 1.58 2.78 Madeira 01 Fachada Térreo 02 Folhas

Madeira Fachada Térreo


P4 Giro 1.06 2.78 01 02 Folhas

P5 Giro 1.15 2.78 Madeira 01 Fachada Térreo 02 Folhas

P9 Giro 1.15 3.90 Madeira


02 Fachada 1Pavimento 02 Folhas

Madeira
P10 Giro 1.51 3.70 01 Fachada 1Pavimento 02 Folhas

P12 Giro 1.38 2.88 Madeira


01 Fachada 1Pavimento 02 Folhas

Madeira
P13 Giro 1.01 2.80 02 Fachada 1Pavimento 02 Folhas

PORTAS NOVAS
P2 Giro 1.02 2.78 Vidro 01 Fachada 01 Folha

P6 Giro 1.30 4.00 Vidro e madeira 01 Acesso escada 02 Folhas

Banheiros
P7 Giro 0.85 2.10 Madeira 01 01 Folha

P8 Giro 2.40 3.00 Vidro 01 Salão de eventos 01,02 02 Folhas

P9 Giro 1.20 3.72 Vidro 01 Museu 01 Folha

P14 Giro 0.90 2.00 Vidro 01 Área técnica 01 Folha

P15 Giro 0.90 1.65 VIdro 04 Box Banheiros 01 Folha

P16 Giro 0.90 2.10 Madeira 01 Cozinha, Déposito, 01 Folha

P17 Correr 1.00 2.10 Madeira 03 WC 02,03 e 04 01 Folha

P18 Giro 1.05 2.98 VIdro 01 Salão de eventos 01 01 Folha

P19 Giro 1.16 2.98 VIdro 01 Salão de eventos 01 01 Folha

P20 Giro 1.38 2.98 VIdro 02 Salão de eventos 01 02 Folhas

ESQ. TIPO DIMENSÃO PEITORIL MATERIAL QUANT. LOCAL ESPECIFICAÇÕES


larg. alt.

JANELAS
J1 Giro 1.15 2.25 1.00 Madeira/Vidro 02 Fachada 02 Folhas

J2 Pivotante 3.385 1.70 0.90


Vidro e aço
01 Museu 05 Folhas

J3 Pivotante 1.50 1.70 0.90 Vidro e aço 01 Museu 02 Folhas

J4 Correr 2.50 1.40 1.20 Vidro e aço 01 Museu 04 Folhas

J5 Cobogó 2.76 2.30 0.00 Concreto 01 Depósito


-

J6 Correr 2.15 1.00 1.10 Vidro e aço 01 Depósito


04 Folhas

PLANTA BAIXA_TÉRREO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

PLANTA BAIXA_1° PAVIMENTO 09


C
ESQ. TIPO DIMENSÃO PEITORIL MATERIAL QUANT. LOCAL ESPECIFICAÇÕES

F
larg. alt.

PORTAS RESTAURADAS
P1 Giro 1.20 2.78 Madeira 01 Fachada Térreo 02 Folhas

P3 Giro 1.58 2.78 Madeira 01 Fachada Térreo 02 Folhas

Madeira Fachada Térreo


P4 Giro 1.06 2.78 01 02 Folhas

P5 Giro 1.15 2.78 Madeira 01 Fachada Térreo 02 Folhas

P9 Giro 1.15 3.90 Madeira


02 Fachada 1Pavimento 02 Folhas

Madeira
P10 Giro 1.51 3.70 01 Fachada 1Pavimento 02 Folhas

P12 Giro 1.38 2.88 Madeira


01 Fachada 1Pavimento 02 Folhas
I P13 Giro 1.01 2.80
Madeira
02 Fachada 1Pavimento 02 Folhas

PORTAS NOVAS
P2 Giro 1.02 2.78 Vidro 01 Fachada 01 Folha

P6 Giro 1.30 4.00 Vidro e madeira 01 Acesso escada 02 Folhas

A A P7 Giro 0.85 2.10 Madeira 01


Banheiros
01 Folha

P8 Giro 2.40 3.00 Vidro 01 Salão de eventos 01,02 02 Folhas

P9 Giro 1.20 3.72 Vidro 01 Museu 01 Folha

P14 Giro 0.90 2.00 Vidro 01 Área técnica 01 Folha

P15 Giro 0.90 1.65 VIdro 04 Box Banheiros 01 Folha

P16 Giro 0.90 2.10 Madeira 01 Cozinha, Déposito, 01 Folha

P17 Correr 1.00 2.10 Madeira 03 WC 02,03 e 04 01 Folha

P18 Giro 1.05 2.98 VIdro 01 Salão de eventos 01 01 Folha


1

P19
H Giro 1.16 2.98 VIdro 01 Salão de eventos 01 01 Folha

3
PLANTA DE SITUAÇÃO P20 Giro 1.38 2.98 VIdro 02 Salão de eventos 01 02 Folhas

B B
ESQ. TIPO DIMENSÃO PEITORIL MATERIAL QUANT. LOCAL ESPECIFICAÇÕES
larg. alt.

JANELAS
J1 Giro 1.15 2.25 1.00 Madeira/Vidro 02 Fachada 02 Folhas

J2 Pivotante 3.385 1.70 0.90


Vidro e aço
01 Museu 05 Folhas

J3 Pivotante 1.50 1.70 0.90 Vidro e aço 01 Museu 02 Folhas

J4 Correr 2.50 1.40 1.20 Vidro e aço 01 Museu 04 Folhas

G G J5 Cobogó 2.76 2.30 0.00 Concreto 01 Depósito


-

J6 Correr 2.15 1.00 1.10 Vidro e aço 01 Depósito


04 Folhas

D
IMPLANTAÇÃO/LOCAÇÃO E COBERTURA

F
C
C

F
I

A A
1

H UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

3
2
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
B B
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
G G
bairro da Ribeira

10
D

F
PLANTA BAIXA_TÉRREO
C
C

F
ESQ. TIPO DIMENSÃO PEITORIL MATERIAL QUANT. LOCAL ESPECIFICAÇÕES
larg. alt.

PORTAS RESTAURADAS
P1 Giro 1.20 2.78 Madeira 01 Fachada Térreo 02 Folhas

P3 Giro 1.58 2.78 Madeira 01 Fachada Térreo 02 Folhas

Madeira Fachada Térreo


P4 Giro 1.06 2.78 01 02 Folhas

P5 Giro 1.15 2.78 Madeira 01 Fachada Térreo 02 Folhas

P9 Giro 1.15 3.90 Madeira


02 Fachada 1Pavimento 02 Folhas

Madeira
P10 Giro 1.51 3.70 01 Fachada 1Pavimento 02 Folhas

P12 1.38 2.88 Madeira Fachada 1Pavimento


I P13
Giro

Madeira
01

02 Fachada 1Pavimento
02 Folhas

02 Folhas
Giro 1.01 2.80

PORTAS NOVAS
P2 Giro 1.02 2.78 Vidro 01 Fachada 01 Folha

P6 Giro 1.30 4.00 Vidro e madeira 01 Acesso escada 02 Folhas

A A P7 Giro 0.85 2.10 Madeira 01


Banheiros
01 Folha

P8 Giro 2.40 3.00 Vidro 01 Salão de eventos 01,02 02 Folhas

P9 Giro 1.20 3.72 Vidro 01 Museu 01 Folha

P14 Giro 0.90 2.00 Vidro 01 Área técnica 01 Folha

P15 Giro 0.90 1.65 VIdro 04 Box Banheiros 01 Folha

P16 Giro 0.90 2.10 Madeira 01 Cozinha, Déposito, 01 Folha

P17 Correr 1.00 2.10 Madeira 03 WC 02,03 e 04 01 Folha

P18 Giro 1.05 2.98 VIdro 01 Salão de eventos 01 01 Folha


1

H P19 VIdro 01 Salão de eventos 01 01 Folha

3
Giro 1.16 2.98

P20 Giro 1.38 2.98 VIdro 02 Salão de eventos 01 02 Folhas

B B
ESQ. TIPO DIMENSÃO PEITORIL MATERIAL QUANT. LOCAL ESPECIFICAÇÕES
larg. alt.

JANELAS
J1 Giro 1.15 2.25 1.00 Madeira/Vidro 02 Fachada 02 Folhas

J2 Pivotante 3.385 1.70 0.90


Vidro e aço
01 Museu 05 Folhas

J3 Pivotante 1.50 1.70 0.90 Vidro e aço 01 Museu 02 Folhas

J4 Correr 2.50 1.40 1.20 Vidro e aço 01 Museu 04 Folhas

G G J5 Cobogó 2.76 2.30 0.00 Concreto 01 Depósito


-

J6 Correr 2.15 1.00 1.10 Vidro e aço 01 Depósito


04 Folhas

F
C

PLANTA BAIXA_1° PAVIMENTO


C

F
I

A A
1

3
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
B B DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
G G Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

11
D

F
C

PLANTA BAIXA_ROOFTOP
CORTE AA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

CORTE BB 12
CORTE GG

CORTE CC CORTE DD

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

CORTE EE CORTE FF
13
HOMEM MULHER

FACHADA 03

CORTE HH

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

FACHADA 01 FACHADA 02
14
B
C

A A

B B

VISTA FRONTAL

C A A

CORTE AA_WC FEMININO

B
PLANTA BAIXA_WC MASCULINO PLANTA BAIXA_WC FEMININO

VISTA LATERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

15
CORTE AA_WC MASCULINO CORTE BB_WC MASCULINO CORTE CC_WC MASCULINO CORTE BB_WC FEMININO
A
B B

WC 02 WC 03
3,82m² 3,82m²

ALCANCE
C C

FAIXA DE

VISUAL
HOMEM MULHER

CORTE AA_WC PNE 02 CORTE BB_WC PNE 02 CORTE CC_WC PNE 02 VISTA FRONTAL
PLANTA BAIXA_WC PNE 02 E 03

HOMEM

DETALHE 01_SINALIZAÇÃO TÁTIL


ESCALA: _________________1/10
A A

B B
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

16
C CORTE CC_WC PNE 01
CORTE AA_WC PNE 01 CORTE BB_WC PNE 01
PORTA PNE
PLANTA BAIXA_WC PNE 01,04,05
C

A A

B B

CORTE AA_COZINHA

C
PLANTA BAIXA_COZINHA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

CORTE BB_COZINHA CORTE CC_COZINHA


17
CORTE CORRIMÃOS
SEM ESCALA

DET. ESCADA ROOFTOP

DET. ESCADA 1° PAV

CORTE ESCADAS

DETALHAMENTO DAS
ESCADAS E CORRIMÃOS
DET. ESCADA TÉRREO
SEM ESCALA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
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CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA,
PROLONGAMENTO DE CORRIMÃOS BARRA DE APOIO
PROJETO E MEIO-AMBIENTE
A SAMARITANA: SIMBOLISMO, MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no

MÍN. 30cm Alvenaria bairro da Ribeira

Barra de

18
apoio Alvenaria

CORTE VISTA SUPERIOR


SEM ESCALA SEM ESCALA
D
D
PLANTA BAIXA_1° PAV.

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PROJETO E MEIO-AMBIENTE
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Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

19
CORTE DD
DETALHE VIDRO
PLANTA BAIXA_TÉRREO

DEPÓSITO 1° PAV.

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PROJETO E MEIO-AMBIENTE
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Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

PLANTA BAIXA_1° PAVIMENTO PLANTA BAIXA_ROOFTOP 20


PLANTA BAIXA_TÉRREO

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Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

PLANTA BAIXA_1° PAVIMENTO 21


PLANTA BAIXA_ROOFTOP

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PROJETO E MEIO-AMBIENTE
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Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

PLANTA BAIXA_TÉRREO
22
PLANTA BAIXA_1° PAVIMENTO

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Uma proposta de reúso para um edifício de valor patrimonial no
bairro da Ribeira

PLANTA BAIXA_ROOFTOP 23
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