Você está na página 1de 54

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MARINA DANTAS DO Ó PAIVA

CENTRO DE ATENÇÃO AO IDOSO:


DOS CUIDADOS COM A SAÚDE À HUMANIZAÇÃO DO ESPAÇO

Natal/RN
2021.1
MARINA DANTAS DO Ó PAIVA

CENTRO DE ATENÇÃO AO IDOSO:


DOS CUIDADOS COM A SAÚDE À HUMANIZAÇÃO DO ESPAÇO

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso


de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, para a obtenção do grau de
Arquiteta e Urbanista.

Orientadora: Prof. Dra. Eunádia Silva Cavalcante

Natal/RN
2021.1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT

Paiva, Marina Dantas do Ó.


Centro de atenção ao idoso: dos cuidados com a saúde à
humanização do espaço / Marina Dantas do Ó Paiva. - 2021.
54f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Tecnologia, Departamento de Arquitetura e
Urbanismo. Natal, RN, 2021.
Orientadora: Eunádia Silva Cavalcante.

1. Lar para idoso - Monografia. 2. Envelhecimento -


Monografia. 3. Acessibilidade - Monografia. 4. Conforto -
Monografia. 5. Humanização - Monografia. I. Cavalcante, Eunádia
Silva. II. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 725.56

Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344


MARINA DANTAS DO Ó PAIVA

CENTRO DE ATENÇÃO AO IDOSO:


DOS CUIDADOS COM A SAÚDE À HUMANIZAÇÃO DO ESPAÇO

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso


de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, para a obtenção do grau de
Arquiteta e Urbanista.

Aprovação em 14 de setembro de 2021.

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________
Prof. Drª Eunádia Silva Cavalcante
Professora Orientadora - UFRN

____________________________________
Prof. Drª Luciana de Medeiros
Examinador Interno - UFRN

____________________________________
Raíssa Mafaldo Oliveira
Examinador Externo – Arquiteto Convidado
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Márcia e Márcio, por serem meus maiores incentivadores e se fazerem
sempre presentes em todos os aspectos da minha vida, por me mostrarem o caminho e me
ensinarem que com esforço e dedicação, posso alcançar todos os meus sonhos. Por serem meu
porto seguro e me fazerem sentir a pessoa mais amada do mundo.
À minha irmã Mariana, por dividir comigo as alegrias da vida, mas também por ser colo
nos momentos difíceis.
Ao meu irmão Márcio, que mesmo estando longe sempre torceu pelas minhas conquistas.
Ao meu avô Do Ó e minha avó Socorro, por sempre incentivarem os estudos e olharem para
seus netos como extensões de seus filhos, sempre querendo ensinar e educar.
À minha avó Da Paz e ao meu avô Zezinho, que inspiraram o tema deste trabalho.
À Jardilho, por todo o companheirismo, carinho e amor.
Aos meus professores, sobretudo à minha orientadora Eunádia, que talvez não tenha ideia
do quanto sou grata por ter sido sua orientanda. Obrigada por estar sempre presente, por todas as
observações feitas, indicações de bibliografias e correções. Obrigada por não ter desistido de mim.
Cada um destes, foram partes fundamentais para que eu chegasse até aqui.
RESUMO

Quando se fala em moradia para idosos, existe um cenário que vem em mente: isolamento,
ambientes impessoais, sem iluminação adequada, pouco organizados e com baixo conforto
térmico, familiares que lidam com planos de saúde burocráticos, administram escala de cuidadores
e controle de remédios. Além disso, com o passar dos anos, as necessidades desse grupo de pessoas
se tornam mais complexas, e a cada dia fica mais difícil de cuidar deles em casa. Sendo neta de
pessoas idosas, pude ver de perto a necessidade de existirem locais pensados especificamente para
as necessidades da terceira idade, com pessoas especializadas em cuidá-la, para que, além de ter o
melhor envelhecimento possível, possa desfrutar com suas famílias de bons momentos. As
estimativas populacionais mostram que essa é uma dificuldade que mais famílias terão que
enfrentar nos próximos anos, com o aumento da população de idosos. Por isso, este trabalho
objetiva a elaboração de um anteprojeto de um Centro de Atenção ao Idoso, na modalidade
Atendimento Integral Institucional (Portaria nº 73/2001), trazendo os requisitos de acessibilidade
e conforto ambiental, a questão da humanização do ambiente e a promoção da convivência social,
promovendo, dessa forma, uma melhor qualidade de vida para esse público. Para alcançar o
objetivo proposto, foram realizadas pesquisas teóricas pertinentes às especificidades dos longevos,
incluindo os conceitos de acessibilidade e desenho universal, de humanização e ambiência, e de
Instituições de Longa Permanência para Idosos, bem como estudos relativos às condicionantes do
terreno e seu entorno. A proposta final, delineia espaços e ambiências que emitem estímulos de
bem-estar, conforto e segurança, ao passo que considera as necessidades físicas e cognitivas
advindas do processo de envelhecimento, aplicando as estratégias de conforto e de acessibilidade,
não como um requinte construtivo, mas como elementos necessários na qualidade de vida e na
condição de autonomia dos idosos.

Palavras-Chave: idosos; envelhecimento; acessibilidade, conforto, humanização.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. População do Barro Vermelho por idade .............................................................. 20


Figura 2. Área e dimensões do terreno .................................................................................. 20
Figura 3. Curvas de nìvel no terreno ..................................................................................... 21
Figura 4. Recuos recomendados para Zonas Adensáveis ...................................................... 22
Figura 5. Prescrições Urbanísticas aplicadas ao Barro Vermelho ........................................ 23
Figura 6. Dimensionamento de rampas ................................................................................. 24
Figura 7. Dimensionamento de portas de correr ou sanfonadas .......................................... 25
Figura 8. Meios de acessibilidade para tanque de piscina .................................................... 25
Figura 9. Dimensionamento de escadas para piscinas........................................................... 26
Figura 10. Dimensões mínimas para dormitórios em locais de hospedagem ....................... 26
Figura 11. Programa de necessidades e pré-dimensionamento ............................................ 29
Figura 12. Lar e casa .............................................................................................................. 33
Figura 13. Croqui mostrando a influência da insolação e ventos no terreno ....................... 34
Figura 14. Simulação dos ventos vindos de Sul ..................................................................... 34
Figura 15. Simulação dos ventos vindos de Sudeste .............................................................. 35
Figura 16. Simulação dos ventos vindos de Leste .................................................................. 35
Figura 17. Unidade habitacional mínima individual ............................................................. 37
Figura 18. Unidade habitacional mínima dupla .................................................................... 37
Figura 19. Dormitório acessível individual ............................................................................ 38
Figura 20. Dormitório acessível duplo ................................................................................... 38
Figura 21. Primeira implntação dos dormitórios em planta baixa ....................................... 39
Figura 22. Evolução da implantação dos dormitórios em planta baixa ............................... 39
Figura 23. Corte esquemático ................................................................................................ 40
Figura 24. Setorização ............................................................................................................ 41
Figura 25. Primeira proposta para o setor de atividades ...................................................... 41
Figura 26. Primeira proposta para o setor administrativo e de serviços .............................. 42
Figura 27. Quadro de prescrições urbanísticas ..................................................................... 43
Figura 28. Tipo de esquadria proposta para dormitórios ..................................................... 45
Figura 29. Vista do pátio central a partir do espaço de estar ............................................... 46
Figura 30. Vista das áreas de convivência para a piscina ..................................................... 47
Figura 31. Vista da piscina ..................................................................................................... 48
Figura 32. Àrea de mesas externas......................................................................................... 49
Figura 33. Vista do redário e caramanchão........................................................................... 49
Figura 34. Classificação dos edifícios e aplicabilidades dos sistemas ................................... 51
Figura 35. Tipos de sistemas e vazão do jato de água ........................................................... 51
Figura 36. Fachada frontal..................................................................................................... 52
SUMÁRIO

1. ARQUITETURA PARA IDOSOS ..................................................................................... 11

1.1. ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL .............................................................. 12


1.2. HUMANIZAÇÃO E AMBIÊNCIA ................................................................................... 15
1.3. INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS ..................................... 17

2. PROCESSO DE PROJETO .............................................................................................. 19

2.1. CONDICIONANTES DO TERRENO ............................................................................... 19


2.2. CONDICIONANTES AMBIENTAIS ................................................................................ 21
2.3. CONDICIONANTES LEGAIS .......................................................................................... 21

2.3.1. Plano Diretor de Natal ............................................................................................ 22

2.3.2. Código de Obras de Natal ....................................................................................... 23

2.3.3. NBR 9050/2020 ...................................................................................................... 23

2.3.4. Código de Segurança e Prevenção de Incêndio e Pânico do RN .............................. 27

2.3.5. RDC 502/2021 ........................................................................................................ 27

2.4. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO............................... 28


2.5. PARÂMETROS PARA AMBIÊNCIA ............................................................................... 30

3. PROPOSTA ARQUITETÔNICA ..................................................................................... 32

3.1. CONCEITO ....................................................................................................................... 32


3.2. PARTIDO FORMAL ......................................................................................................... 33
3.3. ESTUDOS PRELIMINARES ............................................................................................ 36

3.3.1. Dormitórios ............................................................................................................ 36

3.3.2. Áreas comuns e evolução da proposta ..................................................................... 36

3.4. PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS E IMPLANTAÇÃO .................................................... 43


3.5. SETOR PRIVATIVO......................................................................................................... 44
3.6. SETOR DE ATIVIDADES ................................................................................................ 45
3.7. SETOR ADMINISTRATIVO E DE SERVIÇOS ............................................................... 50
3.8. CAIXA D’ÁGUA .............................................................................................................. 50
3.9. FACHADA ........................................................................................................................ 52

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 53


REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 53
1. ARQUITETURA PARA IDOSOS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018), o Brasil tende a ter
sua população atual de 30 milhões de idosos dobrada dentro de algumas décadas, entrando num
processo de Envelhecimento Populacional, que ocorre quando há uma redução no número de
crianças e jovens de um país e os grupos mais velhos tomam uma proporção maior.
Considerando que o papel do ser humano na sociedade atual, capitalista e ocidental, está
comumente relacionado ao seu potencial produtivo (MENDES, 2005, p. 424), e esse modelo faz
com que o envelhecimento seja visto como uma passagem para um estado de baixo rendimento,
logo, pouco valorizado. Ao se aposentar, o idoso sai de um núcleo de atividades e ocupa um lugar
marginalizado, pouco a pouco perde o vínculo com a sociedade e sua existência deixa de fazer
sentido perante esse grupo. No entanto, o real papel do idoso está relacionado à sua sabedoria e
história, adquiridas ao longo de anos de vida e produtividade, e isso deve ser exaltado, como
acontece entre povos e comunidades tradicionais.
Assim sendo, a aposentadoria, isto é, o afastamento do idoso da sua atividade produtiva,
traz consigo uma ruptura com o passado e uma adequação a esta nova condição. Apesar de trazer
consigo o descanso e o lazer, traz também a sensação de inutilidade e desvalorização, além da
queda do nível de renda, afetando sua qualidade de vida e saúde (MENDES, 2005, p. 424).
Sabe-se que o envelhecimento é parte integrante e fundamental no curso de vida de todo
indivíduo, por isso, a Constituição Brasileira (1988) prevê o amparo ao idoso, através da Política
Nacional do Idoso (PNI), que assegura os direitos sociais desse grupo, sua autonomia, integração
e participação na sociedade. Entretanto, a ação governamental ainda é muito escassa, e daí a enorme
importância da atuação da família nesse cenário.
Para cada família o envelhecimento assume diferentes valores, entretanto, é certo que esse
processo traz consigo uma eventual inversão de papéis entre pais e filhos, estes últimos tornando-
se responsáveis pelos primeiros. Isso ocorre devido às dificuldades cognitivas e/ou funcionais que
a idade acarreta, e cabe a família dispor do apoio necessário em cada caso.
Contudo, por mais que haja uma mobilização da família, nem sempre as condições de
moradia dos filhos ou do próprio idoso atendem às suas necessidades, sendo primordial a
adequação do ambiente construído. Não obstante, a vida urbana trouxe a redução dos espaços de
11
moradia, o aumento do custo de vida e um ritmo frenético de trabalho, ou seja, os idosos ficam
abandonados, muitas vezes em recintos pequenos que não comportam pessoas com mobilidade
reduzida ou com dificuldades cognitivas.
Paralelo a isto, as mudanças de perfil dos idosos brasileiros se desenvolvem muito rápido e
mostram a necessidade de se realizar um planejamento em serviços psicogerontológicos que
contemplem o novo perfil de velhos longevos que apresentam dificuldades funcionais, cognitivas
e emocionais (ARAÚJO, 2011, p. 45). A psicogerontologia (o estudo da psicologia do
envelhecimento) traz uma abordagem de processos interdisciplinares e interrelacionados que
compõem essa fase da vida, cuja compreensão é fundamental para o acolhimento dos idosos e de
suas necessidades particulares.
Araújo (2011) também discorre sobre a necessidade do entendimento, pela sociedade, de
que a velhice é um processo de contínuas mudanças, e os longevos merecem cuidados específicos
que promovam uma existência digna e saudável.

A longevidade e o envelhecimento populacional devem ser objetos de novas propostas


projetuais, de novos investimentos sociais e de uma nova postura da sociedade, pois traça
o perfil de uma realidade complexa que precisa ser pesquisada estudada e divulgada.
(CÔRTE, 2005 apud ARAUJO, 2011, p. 46).

Quando se fala em projetar para idosos, essa abordagem se torna pertinente pois o processo
de envelhecimento modifica as relações do indivíduo com o seu ambiente.

(...) as transformações e modificações restritivas e limitadoras da velhice provocam a


emergência de algumas questões que assumem uma importância relativa bem maior do
que em outras fases do desenvolvimento humano. Um aspecto que ganha relevância no
período do envelhecimento refere-se à questão do local de moradia. É na velhice que o
local de moradia atua como uma dimensão que intervém e que pode atender, ou não, às
novas necessidades emergentes. (CUPERTINO, 1996, apud TOMASSINI, 2005).

Segundo Cupertino (1996, apud TOMASSINI, 2005) o ambiente, para a realidade do idoso,
surge como um ponto de desenvolvimento e manutenção de uma condição que promova a
satisfação com a vida, a preservação da capacidade funcional e a autonomia. Por isso, faz-se
necessário o entendimento acerca dos conceitos de acessibilidade e desenho universal, que serão
discutidos a seguir.

1.1. ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL

12
Pode parecer óbvio falar em acessibilidade para idosos, uma vez que este é um direito
garantido por lei. A Lei nº 10.098/2000 estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Esta lei, entende por acessibilidade a

(...) possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de


espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona
urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. (Lei nº
10.098/2000, Art. 2º, Inciso I).

O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) também define normas para preservar o direito à
acessibilidade, determinando a eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, considerando
as especificidades dos idosos.
Além destas leis, a Portaria n° 73/2001 que dispõe sobre as normas de funcionamento de
serviços de atenção ao idoso no Brasil, salienta que:

(...) as exigências de conforto e de acessibilidade não podem ser consideradas um requinte


construtivo, mas sim devem ser entendidas como elementos de qualidade de vida e
condição de autonomia para os idosos - mais vulneráveis e com limitações de mobilidade
advindas do processo de envelhecimento - bem como elementos de prevenção de quedas
e outros acidentes domésticos. As propostas espaciais devem orientar-se no sentido de
estimular as aptidões e capacidades próprias dos idosos, melhorando as comunicações e a
manipulação de objetos do cotidiano. (Portaria nº 73/2001).

Sabendo que a acessibilidade deve estar presente quando se fala em espaços geriátricos,
nota-se igualmente importante disseminar o conceito de Desenho Universal.
Inicialmente adotado nos Estados Unidos, o conceito de Desenho Universal é uma evolução
do conceito de desenho livre de barreiras. Entende-se por universal o acesso destinado a qualquer
pessoa, o que é fundamental para possibilitar a realização de ações essenciais praticadas na vida
cotidiana, consolidando os pressupostos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
(CAMBIACHI, 2012 apud DANTAS, 2018). A respeito disto, existem sete princípios, descritos a
seguir, que, segundo Cambiachi (2012, apud DANTAS, 2018), norteiam o desenho universal e
que, uma vez atendidos, garantem o pleno acesso a qualquer usuário.
O primeiro princípio refere-se ao uso igualitário e equiparável: espaços, objetos e
produtos devem poder ser utilizados por pessoas com diferentes capacidades, devem evitar a

13
segregação ou estigmatização de qualquer usuário e deve oferecer privacidade e proteção para
todos.
O segundo, aborda o uso flexível: criação de ambientes ou sistemas construtivos que
permitam atender às necessidades de usuários com diferentes habilidades e preferências
diversificadas, admitindo adequações e transformações.
Já o princípio número três compete o uso simples e intuitivo: permitir fácil compreensão
e apreensão do espaço, independente da experiência do usuário, de seu grau de conhecimento,
habilidade de linguagem ou nível de concentração.
O próximo preceito diz respeito à informação de fácil percepção, quando são utilizados
diferentes meios de comunicação, como símbolos, informações sonoras, táteis, entre outras, para
compreensão de usuários com dificuldade de audição, visão, cognição ou estrangeiros.
Ademais, o ambiente deve ser seguro, tolerante ao erro. Isto significa que a segurança foi
prevista na concepção do espaço e na escolha dos materiais de acabamento e demais produtos -
como corrimãos, equipamentos eletromecânicos, entre outros - a serem utilizados nas obras,
minimizando, assim, os riscos de acidentes.
O sexto princípio, diz respeito ao esforço físico mínimo: os elementos e equipamentos
devem ser dimensionados para que sejam utilizados de maneira eficiente, segura, confortável e
com o mínimo de fadiga, minimizando ações repetitivas e esforços físicos que não podem ser
evitados.
Por fim, o último conceito trata sobre espaços abrangentes, ou seja, que permitam acesso,
uso, alcance e manipulação, independentemente do tamanho do corpo, da postura ou da mobilidade
do usuário.
Em termos práticos, todos esses conceitos mencionados, considerando tanto a
acessibilidade quanto o desenho universal, deverão estar presentes na edificação a partir do uso de
estratégias que além de facilitar a circulação de pessoas com mobilidade reduzida, garantam a
segurança destes e de pessoas com dificuldades cognitivas, como é o caso dos idosos. Algumas
dessas estratégias envolvem o uso de circulações de tamanho adequado, a implantação de
elevadores e rampas que rompam as barreiras de nível, barras de apoio nos banheiros, guarda-
corpos de alturas apropriadas, escolha de revestimentos de superfície regular, não trepidante e
estável, iluminação correta, e dentre outros pontos, todos respaldados pela NBR 9050/2020 – que
14
estabelece os critérios e parâmetros técnicos a serem observados durante o projeto de edificações.
Todos esses parâmetros devem ser considerados a fim de proporcionar bem-estar e
estimular o protagonismo dos usuários na edificação. Conjugar esses conceitos para efetivar e
promover o acolhimento, não seria possível sem antes entender a influência subjetiva do espaço
nas relações sociais. São incluídos, então, os conceitos de Humanização e Ambiência, descritos no
próximo tópico.

1.2. HUMANIZAÇÃO E AMBIÊNCIA

Segundo Maria Luisa Bestetti (2014) a arquitetura é a arte de construir para atender aos
desejos da sociedade, buscando seu bem-estar, conforto e segurança. Assim, a arquitetura dos
espaços pode também despertar sentimentos.

O ambiente onde estamos inseridos, seja ele construído ou não, emite estímulos que
podem nos agradar ou desagradar, gerando sensação de desconforto se houver grande
disparidade com os limites do nosso corpo. Além disso, a bagagem cultural do indivíduo
determinará o que lhe é agradável ou não, pois as escolhas dependem da história de cada
um (BESTETTI, 2014, p. 602).

Ao falar em ambiência, pensamos em humanização através do equilíbrio de elementos do


espaço físico, ao considerar fatores que valorizem o protagonismo e a participação. Nesse contexto,
o espaço é entendido como local onde se constroem relações sociais, políticas, econômicas,
incluindo diferentes culturas e valores. O estudo da ambiência, portanto, ajuda a entender as
condições físicas e emocionais do bem-estar subjetivo, considerando os estímulos ao
comportamento dos usuários inseridos neste cenário (BESTETTI, 2014).
Um dos princípios da ambiência é a percepção ambiental, que depende de fatores
subjetivos, como experiências vividas, valores culturais e seleção de códigos de referência
significativos para a interpretação da realidade (BESTETTI, 2014). A autora caracteriza essa
percepção em seletiva, pois absorve apenas uma parte dos estímulos recebidos, e afetiva, uma vez
que depende de uma experiência vivida positiva ou negativa.
Segundo Okamoto (apud BESTETTI, 2014), os sentidos podem ser caracterizados em
espacial, perceptivo e proxêmico. Neste pensamento, o ambiente físico define o primeiro sentido
mencionado, já que é composto pelas pessoas e equipamentos que lhes permitem desenvolver
atividades. Os outros dois, referem-se aos cinco sentido básicos (visão, audição, olfato, paladar e
15
tato), e à distância física que as pessoas estabelecem em seu convívio social, respectivamente.
A fim de complementar esse raciocínio, a autora destaca a Cartilha de Ambiência, do
programa Humaniza SUS, da Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional
de Humanização do Ministério da Saúde. Neste documento, o conceito de ambiência segue três
eixos: o espaço que visa à confortabilidade focada na privacidade e individualidade dos sujeitos
envolvidos; o espaço que possibilita a produção de subjetividades (relações sociais); e o espaço
como ferramenta facilitadora do processo de trabalho, favorecendo a otimização de recursos, o
atendimento humanizado, acolhedor e resolutivo (BRASIL, Ministério da Saúde, 2011). É a partir
desses eixos, que será possível atingir, na arquitetura, um avanço qualitativo na humanização dos
espaços, para além da composição técnica, simples e formal dos ambientes.
A Cartilha de Ambiência, determina que ao conceber uma nova Ambiência, existe um
processo de reflexão das práticas e dos modos de se operar naquele espaço, o que contribui para a
construção de novas situações.

Entendemos que a construção do espaço deve propiciar a reflexão e garantir que as ações
sejam construídas com integralidade do cuidado, a inclusão das pessoas e de suas
singularidades, na perspectiva da equidade. (BRASIL, Ministério da Saúde, 2011, p. 15).

O projeto, portanto, deve incorporar também as necessidades dos profissionais que atuam
na edificação, neste caso, da área de saúde, como médicos, enfermeiros e cuidadores. Essas pessoas
podem contribuir expondo mais detalhes sobre o que funciona e o que atrapalha as atividades no
espaço construído (BRASIL, Ministério da Saúde, 2011).
A cartilha aponta que a adoção de um espaço que visa à confortabilidade traz a visão de que
apesar do conforto ser um conceito subjetivo, existem parâmetros que podem ser observados e que
qualificam os ambientes tanto no seu desempenho térmico, acústico e de iluminação, quanto nas
sensações que provocam nas pessoas a respeito de suas formas, cores e texturas.
Dentre esses parâmetros, podemos citar a morfologia, a luz, a cor, o cheiro, o som, a
sinestesia, a arte, a implantação, o tratamento das áreas externas, a privacidade e a individualidade
como agentes que conduzem a construção de uma ambiência acolhedora e harmônica.
Esses pontos são rebatidos no projeto ao considerar valores culturais, ambientais, sociais e
ainda, a experiência das pessoas, e serão apresentados mais à frente como norteadores das escolhas
feitas na concepção da Instituição de Longa Permanência para Idosos, foco deste trabalho.
16
1.3. INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

Instituições asilares são comumente vistas de forma negativa e preconceituosa. A palavra


“asilo” era designada para um local de atendimento de idosos, crianças, mendigos, inválidos ou
doentes mentais, que visava ajudar de forma humanitária os mais carentes, afastando-os, porém,
do ambiente social (ARAÚJO, 2011).
O primeiro asilo no Brasil surgiu em 1790, com a construção da Casa dos Inválidos, no Rio
de Janeiro, cuja função era acolher idosos portugueses que haviam lutado na Guerra dos Sete Anos
e necessitavam de cuidados especiais (LIMA, 2005, apud ARAÚJO, 2011). Em 1808, com a
chegada da família real portuguesa ao Brasil, a Casa dos Inválidos tornou-se residência do médico
real e os idosos foram transferidos para a Santa Casa de Misericórdia, que era usada nos cuidados
aos enfermos carentes (ARAÚJO, 2011). Segundo Groisman (1999 apud Araújo, 2011), apenas
em 1841, foi instituída a construção do Asilo dos Inválidos da Pátria, utilizado por velhos, soldados
e deficientes físicos.
Nesse contexto, ainda sob o olhar de Araújo (2011), observamos que a trajetória dos asilos
no Brasil atendia ao problema da pobreza e das doenças, na medida em que acolhia velhos,
mendigos, criminosos e prostitutas com tratamento igualitário, pouco pertinente à diversidade dos
abrigados. Só a partir do século XIX, com os avanços da medicina, novas práticas de atendimento
especializado surgiram para os diferentes grupos de indivíduos que eram acolhidos nos asilos.
Neste momento, as instituições voltadas para o atendimento de idosos passaram a se denominar
Asilo de Mendicidade (ARAÚJO, 2011).
Conforme Rezende (2004 apud XIMENES e CÔRTE, 2007), no Brasil e países de língua
portuguesa, asilos são conhecidos por serem instituições destinadas a abrigar pessoas idosas,
necessitadas de lugar para morar, alimento e cuidado por período integral. O que se percebe,
segundo as autoras, é que a palavra ‘asilo’ contém uma carga negativa ao remeter à pobreza e à
rejeição, sendo geralmente empregada ao se referir a instituições destinadas a idosos carentes.
Essas instituições são geralmente mantidas por associações religiosas ou outras
organizações beneficentes, com visão filantrópica e caritativa. Sem infraestrutura adequada e sem
profissionais qualificados para atender os residentes, são instituições privadas, algumas
clandestinas, que oferecem mínimas condições de tratamento (MENDONÇA, 2006 apud

17
XIMENES; CÔRTE, 2007).
Born e Boechat (2002, apud XIMENES; CÔRTE, 2007) afirmam que falar do idoso
institucionalizado faz referência a imagens negativas, relacionadas à tristeza e abandono,
associadas a entidades que o abrigam, para os quais a denominação ‘asilo’ continua em uso.
Entretanto,

(...) no século XX, a velhice passou a associar-se às instituições não somente relacionadas
ao tratamento dos idosos desamparados, mas também aos velhos com recursos financeiros.
Surgiram residências para idosos, casas de repouso, casas geriátricas, entre outros
estabelecimentos particulares com fins lucrativos, além de uma série de prestadores de
serviços especializados e centros-dia. (GROISMAN, 1999, apud ARAÚJO, 2011).

Costa (2004, apud ARAUJO, 2011) explica que, com base nessa proliferação de
estabelecimentos para cuidados com os idosos, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
sugeriu a adoção do termo Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI).
Segundo Sérgio Tomassini e Simone Alves (2007), com as atuais projeções estatísticas
apontando para o envelhecimento da população brasileira, é possível prever um considerável
aumento na demanda por instituições de longa permanência nas próximas décadas. Os autores
ressaltam, ainda, os prejuízos trazidos pela institucionalização dos idosos, como a perda de
autonomia e identidade e a segregação geracional - realidade esta que traz a necessidade de se
refletir sobre o papel das Instituições de Longa Permanência, no sentido de reduzir esses prejuízos,
mas também de promover a qualidade de vida e o crescimento pessoal de seus residentes.
A respeito disto, Tomassini e Alves (2007) discorrem ainda sobre a influência do ambiente
físico para o envelhecimento bem-sucedido. Assim, oferecer condições ambientais adaptadas às
condições dos idosos - tanto para os que envelhecem sem doenças quanto para os que, por qualquer
motivo, tornam-se frágeis e dependentes - para que possam funcionar no ambiente físico e social,
é uma das providências que a sociedade deveria tomar para que os idosos pudessem atingir uma
velhice mais satisfatória (NERI, 1995 apud TOMASSINI; ALVES, 2007).

Permitir que os idosos interajam com o ambiente, dentro dos limites de suas
potencialidades, permite que desenvolvam um senso de eficácia pessoal e que se sintam
envolvidos, condições essas que têm efeitos positivos sobre sua adaptação global (NERI,
1995 apud TOMASSINI; ALVES, 2007, p. 97)

Isto posto, o projeto de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos deve conter

18
soluções que promovam o bem-estar, a autonomia e o acolhimento dos residentes, trazendo um
ambiente que negue o mito da segregação que foi historicamente construído.

2. PROCESSO DE PROJETO

A proposta arquitetônica que será apresentada a seguir leva em consideração, além dos
conceitos teóricos discutidos até aqui, as condicionantes referentes à área de implantação do Centro
de Atenção ao Idoso, ponderando as questões físicas, bioclimáticas e legais que envolvem o terreno
e o entorno escolhido. O processo constou de estudos acerca do bairro, visando atender a população
da região e as normas construtivas locais, o estudo do terreno, considerando a topografia irregular
da área, além do programa de necessidades e o pré-dimensionamento.

2.1. CONDICIONANTES DO TERRENO

Devido à motivação afetiva com a área, o interesse inicial era implantar o Centro de Atenção
ao Idoso na R. Meira e Sá, localizada no bairro Barro Vermelho, Natal – RN. A confirmação do
local se deu após um estudo aprofundado do bairro, por meio do qual pôde-se verificar uma
demanda por este tipo de instituição.
Com base nos dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB,
2012), é possível perceber que 16,5% do total da população do Barro Vermelho tem idade igual ou
superior a 60 anos, e 27,8% possuem entre 40 e 59 anos (Figura 1) Isso mostra que, além de ser
uma localidade que atualmente já possui uma população expressiva de idosos, esse número tende
a aumentar nas próximas décadas – necessitando uma maior atenção para esse público.
Além disso, o lote de intervenção é beneficiado pelo seu entorno, formado majoritariamente
por tipologias de uso residencial e pelo baixo fluxo de veículos – trazendo uma atmosfera mais
acolhedora e com menos ruídos.
A escolha do terreno é resultante da junção de 5 lotes, juntos formando uma área total de
1.686,6m², conforme demonstrado a seguir (Figura 2).

19
Figura 1. População do Barro Vermelho por idade.

Fonte: SERMURB, 2012.

Figura 2. Área e dimensões do terreno.

Fonte: produzido pela autora (2021).

Apesar do terreno ser bastante íngreme, possuindo uma diferença de nível de cerca de 3m
(Figura 3), e levando em consideração que ele abrigará uma instituição para idosos, o projeto conta
com o desafio de trazer um desenho livre de barreiras e completamente acessível para o público
em questão, considerando as normativas já mencionadas no capítulo 1, sobretudo as diretrizes
20
projetuais da NBR 9050.

Figura 3. Curvas de nível no terreno.

Fonte: produzido pela autora (2021).

2.2. CONDICIONANTES AMBIENTAIS

Quanto aos aspectos bioclimáticos de Natal, a análise desse condicionante teve a NBR
15220/2003 como ponto de partida, uma vez que esta estabelece definições projetuais acerca do
desempenho térmico de edificações de acordo com a localidade.
De acordo com a norma citada, Natal é classificada como Zona Bioclimática 8, assim, a fim
de melhorar o conforto térmico na edificação, sugere-se a implementação de três diretrizes: uso de
grandes aberturas sombreadas, de vedações externas (paredes e cobertura) leves e refletoras, e da
ventilação cruzada permanente. À vista disso, foi feita uma análise acerca da direção dos ventos
predominantes e da incidência de raios solares no terreno nos diferentes horários do dia, para um
melhor aproveitamento da corrente de ar e para posicionar e sombrear corretamente o edifício,
respectivamente.

2.3. CONDICIONANTES LEGAIS

No tocante às condicionantes legais, foram observadas as recomendações e restrições da

21
legislação vigente aplicadas às Instituições de Longa Permanência para Idosos. Esse conjunto de
normativas compreende o Plano Diretor de Natal, o Código de Obras de Natal e a NBR 9050/2020.

2.3.1. Plano Diretor de Natal

O Plano Diretor de Natal (Lei Complementar nº 082 de 21 de junho de 2007) define o bairro
do Barro Vermelho como Zona Adensável, ou seja, quando as condições do meio físico, a
disponibilidade de infraestrutura e a necessidade de diversificação de uso, possibilitam um
adensamento maior do que o correspondente aos parâmetros básicos do coeficiente de
aproveitamento (NATAL, 2007).
Essa normativa também estabelece prescrições urbanísticas que consideram os recuos
mínimos, limite de gabarito, coeficiente de aproveitamento, taxa de ocupação máxima e taxa de
permeabilidade mínima, conforme quadro a seguir (Figuras 4 e 5).

Figura 4. Recuos recomendados para Zonas Adensáveis.


Acima do 2º
Recuo Térreo 2º Pavimento
Pavimento
Frontal 3,0 3,0 3,0 + H/10
Zonas
Adensáveis 1,5 em um dos
Lateral Não obrigatório 1,5 + H/10
lados
Fundos Não obrigatório Não obrigatório 1,5 + H/10

Onde:
1. H – distância entre a laje de piso do 2º pavimento e a laje de piso do último pavimento útil.
2. 2º pavimento – primeiro pavimento elevado.
3. Considerem-se todas as medidas em metros.

Fonte: Natal, 2007 (adaptado pela autora).

22
Figura 5. Prescrições Urbanísticas aplicadas ao Barro Vermelho
Limite de
90 metros
Gabarito
Coeficiente de
3,5
Aproveitamento
Taxa de
80%
Ocupação
(até o 2º pavimento)
Máxima
Taxa de
Permeabilidade 20%
Mínima
Fonte: Natal, 2007 (adaptado pela autora).

2.3.2. Código de Obras de Natal

O Código de Obras de Natal (Lei Complementar nº 055, de 27 de janeiro de 2004) define


critérios técnicos sobre toda e qualquer obra de construção, ampliação, reforma ou demolição,
garantindo a segurança e a salubridade das edificações e de seu entorno.
A fim de contribuir com a ventilação, insolação e iluminação, determina que todos os
compartimentos da edificação devem dispor de abertura direta para logradouro, pátio ou recuo, não
podendo haver aberturas voltadas para a divisa do lote com distância inferior a 1,5m. Essas
aberturas devem conter no mínimo uma superfície de 1/6 e 1/8 da área do compartimento, quando
se tratar de ambiente de uso prolongado e transitório, respectivamente.
Quanto aos acessos ao edifício, o código traça considerações no sentido de não criar
problemas de tráfego nas vias de entrada e saída de veículos. Além disso, todo projeto deverá prever
área destinada a estacionamento, cujas vagas devem possuir dimensão mínima de 2,40m por 4,50m
e apresentar número de vagas segundo o tipo de edificação e o tipo da via de acesso.

2.3.3. NBR 9050/2020

Essa norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto
de edificações às condições de acessibilidade, visando proporcionar a utilização de maneira
autônoma, independente e segura do ambiente, edificações e mobiliário à maior quantidade de
pessoas possível, independentemente da idade, estatura, limitação de mobilidade ou percepção.
Dentre as recomendações, destacam-se as mais relevantes para o Centro de Atenção ao Idoso.

23
No que diz respeito aos acessos e circulações, o projeto deverá conter ao menos uma rota
acessível, com trajeto contínuo desobstruído e sinalizado, conectando ambientes externo e interno
dos espaços, e as circulações verticais deverão atender a pelo menos duas formas de deslocamento
vertical, sempre dotadas de um patamar de 1,20m quando houver mudança direcional. No caso de
rampas, deverão ter uma inclinação máxima de 8,33%, e, assim como escadas, serem dotadas de
corrimão, guarda corpo e guia de balizamento (Figura 6). Quanto aos corredores de uso comum,
devem possuir no mínimo 1,20m de largura para extensões de até 10m; e 1,50m para extensões
maiores que 10m. Portas deverão ter vão livre igual ou maior que 0,80m.

Figura 6. Dimensionamento de rampas.

Fonte: NBR 9050, 2020.

Os materiais de revestimento e acabamento das rotas acessíveis devem ter superfície


regular, firme, estável, não trepidante para dispositivos com rodas e antiderrapante, sob qualquer
condição (seco ou molhado).
No tocante às calçadas, deverão possuir um passeio (faixa livre) mínima de 1,20m e faixa
de serviço (destinada a inserção de mobiliário, canteiros, postes de iluminação) mínima de 0,70m.
O estacionamento, deve prever vagas para pessoas com deficiência e para pessoas idosas próximas
das entradas, garantindo o menor percurso de deslocamento.
Quanto aos sanitários, banheiros e vestiários, devem estar localizados em rotas acessíveis
próximas à circulação principal, devidamente sinalizados, recomendando-se que a distância
máxima a ser percorrida até eles seja de 50m. Deverá haver, também, no mínimo um banheiro

24
acessível para cada sexo por pavimento. No que se refere às dimensões e posicionamento das peças
sanitárias, é necessário garantir circulação que possibilite rotação de 360º (círculo de 1,50m de
diâmetro). Portas de giro devem abrir para o lado externo e possuir um puxador horizontal no lado
interno do ambiente, enquanto portas de correr ou sanfonadas devem permitir um vão livre de
0,80m após abertas (Figura 7).

Figura 7. Dimensionamento de portas de correr ou sanfonadas).

Fonte: NBR 9050, 2020.

A norma também estipula que as piscinas de locais de hospedagem também deverão ser
acessíveis. Para tanto, o piso do entorno deve atender às condições do Desenho Universal e as
bordas, degraus de acesso à água corrimãos e barras de apoio devem ter acabamento arredondado.
Os meios de entrada e saída para o tanque da piscina deve atender ao quadro abaixo (Figura 8).

Figura 8. Meios de acessibilidade para tanque de piscina

Tipo de Piscina Opção Rampa Equipamento Banco de Escada


de Acesso Transferência

Piscinas com tanque com a obrigatório opcional opcional opcional


perímetro de até 90m
(adequar conforme a ou b) b opcional obrigatório opcional opcional

Fonte: NBR 9050, 2020 (adaptado pelo autora).

Quando o acesso à água for feito por escada sua largura deve ser de 0,80m a 1,00m, os
degraus submersos devem ter o piso variando de 0,35 m a 0,46 m e espelho de no máximo 0,20m,
além da instalação dos corrimãos nos dois lados e em três alturas conforme Figura 9.

25
Figura 9. Dimensionamento de escadas para piscinas.

Fonte: NBR 9050, 2020.

A norma também estabelece dimensões mínimas para dormitórios em locais de


hospedagem, devendo seu mobiliário atender as condições de alcance manual (utilizando os
parâmetros antropométricos), e permitir uma faixa mínima de circulação interna de 0,90m e área
que possibilite giro de 360° de 1,50m de diâmetro mínimo, conforme o exemplo a Figura 10.

Figura 10. Dimensões mínimas para dormitórios em locais de hospedagem.

Fonte: NBR 9050, 2020.

26
2.3.4. Código de Segurança e Prevenção de Incêndio e Pânico do RN

Essa normativa tem como objetivo estabelecer critérios básicos para a segurança contra
incêndio nas edificações de todo o Estado do Rio Grande do Norte, visando garantir os meios
necessários ao combate ao incêndio, evitar ou minimizar a propagação do fogo, facilitar as ações
de socorro e assegurar a evacuação segura das edificações (NATAL, 1974).
Segundo essa lei, o proposto Centro de Atenção ao Idoso é classificado como uma ocupação
residencial, e, sendo ele com altura inferior a nove metros e área construída superior a 750m²,
deverá atender às exigências de dispositivos de proteção contra incêndio com a implementação de
hidrantes, extintores de incêndio, sinalização e escada convencional.

2.3.5. RDC 502/2021

Essa resolução estabelece o padrão mínimo de funcionamento para Instituições de Longa


Permanência para Idosos, governamentais ou não, destinadas à moradia coletiva de pessoas com
idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, objetivando diminuir riscos à saúde
e garantir a segurança sanitária e a qualidade dos serviços ofertados.
Entre os requisitos gerais para este tipo de instituição, estão o dever de propiciar o exercício
dos direitos humanos a seus residentes, promover uma ambiência acolhedora, promover a
convivência mista entre os residentes de diversos graus de dependência e a integração destes nas
atividades desenvolvidas pela comunidade local, favorecer o desenvolvimento de atividades
conjuntas com pessoas de outras gerações, incentivando a participação da família e da comunidade,
desenvolver atividades que estimulem a autonomia dos idosos e promover condições de lazer como
atividades físicas, culturais e recreativas.
Essa norma também define a quantidade de funcionários e profissionais cuidadores por
número de residentes e grau de dependência destes. Determina, também, que a instituição poderá
terceirizar os serviços de alimentação, limpeza e lavanderia, estando, nesse caso, dispensada de
manter quadro de pessoal próprio e área física específica para os respectivos serviços.
Além disso, a RDC discorre sobre a infraestrutura mínima necessário ao funcionamento da
ILPI, com algumas exigências específicas como possuir no mínimo duas portas de acesso (sendo
uma exclusivamente de serviço), pisos externos e internos de fácil limpeza e conservação,
27
uniformes e com mecanismo antiderrapante, e rampas e escadas dimensionadas conforme
especificações da NBR 9050 (já mencionada anteriormente).
No que diz respeito aos dormitórios, estes deverão ser separados por sexo, para no máximo
04 pessoas, dotados de banheiros e em conformidade com a NBR 9050.
Já as áreas voltadas para o desenvolvimento de atividades dos residentes devem abranger:
sala para atividades coletivas para no máximo 15 residentes, com área mínima de 1m² por pessoa;
sala de convivência com área mínima de 1,3m² por pessoa, sala para atividades de apoio individual
e sociofamiliar com área mínima de 9m²; banheiros coletivos separados por sexo; espaço
ecumênico e/ou para meditação; sala administrativa/reunião; refeitório com área mínima de 1m²
por pessoa, acrescido de lavatório para higienização das mãos e luz de vigília; local para guarda de
roupa de uso coletivo; local para guarda de material de limpeza; almoxarifado com área mínima de
10m²; banheiro para funcionários; lixeira ou abrigo externo à edificação para armazenamento de
resíduo até a coleta; e área externa descoberta para convivência e desenvolvimento de atividades
ao ar livre – podendo os ambientes serem compartilhados de acordo com a afinidade funcional e a
utilização em horários ou situações diferenciadas.

2.4. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

O programa de necessidades foi elaborado com base na RDC 502/2021 e na Portaria nº


73/2001 do Ministério da Previdência e Assistência Social, considerando a modalidade II para
Atendimentos Integrais Institucionais, destinada a idosos dependentes e independentes que
necessitam de auxílio e de cuidados especializados e que exijam controle e acompanhamento
adequado de profissionais de saúde, não sendo aceitos idosos portadores de dependência física
acentuada e de doença mental incapacitante.
A capacidade máxima recomendada deste tipo de instituição é de 22 pessoas, e a portaria
da previdência social prevê a destinação de 50% dos quartos para 4 idosos e 50% para 2 idosos.
Entretanto, pelo anteprojeto alvitrado se tratar de uma proposta privada, sem a necessidade de
financiamento do governo, optou-se pelo uso de dormitórios individuais e duplos, a fim de trazer
maior conforto aos residentes.
Foi considerado, ainda, que o serviço de lavanderia seria terceirizado, conforme permitido
pela RDC 502/2021. O programa de necessidades completo e pré-dimensionamento mínimo é
28
ilustrado a seguir pela abaixo (Figura 11).

Figura 11. Programa de necessidades e pré-dimensionamento.

SETOR AMBIENTE ÁREA (m²) QUANT. ÁREA TOTAL (m²)

Dormitório individual:
PRIVATIVO

Quarto 8 6 48
Banheiro 3,6 6 21,6
Dormitório duplo:
Quarto 11 8 88
Banheiro 3,6 8 28,8
Recepção 8 1 8
Ambulatório 8 1 8
Sala de atividades coletivas 25 2 50
Sala de atividades individuais 9 1 9
ATIVIDADES

Academia 20 1 20
Espaço ecumênico 20 1 20
Piscina 22 1 22
Refeitório 25 1 25
Pátio para atividades recreativas 44 1 44
Banheiro feminino 3,6 1 3,6
Banheiro masculino 3,6 1 3,6
Sala da direção 12 1 12
TRATIVO
ADMINIS

Sala de técnicos/reuniões 12 1 12
Banheiro feminino com vestiário 5 1 5
Banheiro masculino com vestiário 5 1 5
Sala de descanso para funcionários 9 1 9
Refeitório para funcionários 12 1 12
Cozinha 16 1 16
SERVIÇOS

Guarda de Roupa Suja 8 1 8


Rouparia 8 1 8
Almoxarifado 10 1 10
Casa de lixo 4 1 4
Casa de gás 5 1 5
Circulação 25% do total - 126,65
ÁREA TOTAL PREVISTA 633,25
Fonte: acervo da autora, 2021.

29
2.5. PARÂMETROS PARA AMBIÊNCIA

A ambiência tratada na Cartilha da Política Nacional de Humanização – Humaniza SUS, já


mencionada anteriormente, refere-se ao tratamento dado ao espaço físico, entendido como espaço
social, profissional e de relações interpessoais, que deve proporcionar atenção acolhedora,
resolutiva e humana. Os parâmetros elencados por essa diretriz serviram de norteadores do projeto.
São eles:

PARÂMETRO ESTRATÉGIA EXEMPLO

Utilização de formas mais


alongadas, com elementos
da arquitetura vernacular,
MORFOLOGIA como a alvenaria
convencional e a cobertura
em telha colonial com
grandes beirais.

Utilização da luz natural de


forma controlada e indireta,
LUZ evitando o ofuscamento e o
aumento da temperatura do
ambiente.

30
Criação de jardins,
canteiros, espaços de
convivência com pergolados
CHEIRO E
com cobertura verde, e
SINESTESIA
atualização da vegetação
para criar diferentes
texturas.

Criação de espaços flexíveis


que permitam diversos usos,
como dança, música,
ARTE
pintura, artesanato, de
maneira individual ou
coletiva.

Utilização de cores quentes,


com nuances mais suaves
para os dormitórios,
proporcionando maior
COR tranquilidade e leveza, e
nuances mais vibrantes para
espaços que envolvem
atividades, injetando mais
energia nesses ambientes.

31
Dormitórios que atendam
aos requisitos de
CONFORTA-
acessibilidade, promovendo
BILIDADE
o protagonismo e a
autonomia dos usuários.

Circulações externas aos


PRIVACIDADE E dormitórios que façam a
INDIVIDUALIDADE transição entre estes e o meio
externo.

3. PROPOSTA ARQUITETÔNICA

Uma vez traçado todo o referencial teórico e reconhecidas as condicionantes projetuais,


sucedeu-se o desenvolvimento do estudo preliminar da proposta. Os parâmetros iniciais que
direcionaram a concepção do anteprojeto serão contemplados a seguir.

3.1. CONCEITO

O processo de busca por um conceito para nortear o projeto baseou-se nas características
que se esperava serem alcançadas com a concepção da proposta. As noções de humanização,
integração, simplicidade, acolhimento e lar permeavam algumas dessas características, e a partir
delas, chegou-se ao conceito de LAR.
Mais que uma casa, mais do que um edifício para habitar, o LAR é um local onde permeiam
as sensações se segurança, pertencimento e conforto. É o local de convívio, de acolhimento, cenário
dos almoços de domingo com família e amigos. Um lar carrega história, memórias e cultura, ao
mesmo tempo que oferece amparo, proteção e amor. Tem vida, sentimento e alma, e por isso foi

32
escolhido como conceito norteador desta proposta arquitetônica.

Figura 12. Lar e casa.

Fonte: PINTEREST. Disponível em: <https://br.


pinterest.com/pin/692498880203451852/>. Acesso em
03/09/2021.

3.2. PARTIDO FORMAL

Para a concepção do partido formal foram considerados os aspectos bioclimáticos no


terreno, sobretudo a ventilação, adotando, assim, uma volumetria em dois L’s como ponto de
partida e formando um pátio central no interior do terreno, para o qual toda a edificação ficaria
voltada, conforme esquema a seguir (figura 13).
O partido levou em consideração o L a sudeste como área de implantação do setor privativo
(dormitórios), na face norte do terreno o setor administrativo e de atividades, e a oeste o setor de
serviços, deixando o pátio central para as atividades ao ar livre. Dessa maneira, o acesso principal
se daria pela Rua Meira e Sá, e o acesso de serviços pela rua Cel. João Gomes. Esse zoneamento
inicial buscou priorizar a ventilação predominante de sudeste nos dormitórios, locais de maior
permanência.

33
Figura 13. Croqui mostrando a influência da insolação e
ventos no terreno.

Fonte: acervo da autora, 2021.

A partir daí, foi feito um levantamento dos prédios do entorno, para verificar a interferência
destes na ventilação do terreno. Essa análise foi possível com a ajuda do Professor Aldomar
Pedrini, que fez a simulação da esteira de vento no software Flow Design a partir do levantamento
previamente feito pela autora no SketchUp.

Figura 14. Simulação dos ventos vindos de Sul.

Fonte: Flow Design, adaptado por Aldomar Pedrini, 2021.


34
Figura 15. Simulação dos ventos vindos de Sudeste.

Fonte: Flow Design, adaptado por Aldomar Pedrini, 2021.

Figura 16. Simulação dos ventos vindos de Leste.

Fonte: Flow Design, adaptado por Aldomar Pedrini, 2021.

35
Com os resultados obtidos da simulação, percebeu-se que o edifício (destacado pela cor
rosa nas imagens) recebe ventilação e tem diferença de pressão nas fachadas, ratificando a forma e
implantação inicialmente pensadas.

3.3. ESTUDOS PRELIMINARES

Com o partido formal e o zoneamento definidos, foi o momento de dar início à execução
da planta baixa, levando em consideração o programa de necessidades e o pré-dimensionamento.

3.3.1. Dormitórios

Conforme foi apresentado no referencial teórico, a institucionalização pode trazer consigo


problemas relacionados a perda de identidade, privacidade e autonomia. Com isso, visando
minimizar esses efeitos, e baseando-se no conceito Lar, os primeiros ambientes a serem pensados
com cautela foram os dormitórios, locais mais íntimos e de maior permanência, onde deve haver
uma maior afinidade por parte dos residentes – o que contribui para o envelhecimento saudável e
para a humanização do espaço.
O primeiro ponto a ser observado foi a dimensão mínima estabelecida pela RDC 502/2021,
que define que a área mínima de um dormitório individual deve ser de 7,5m², enquanto os
dormitórios duplos devem possuir 5,5m² por pessoa – já considerando a área para guarda de roupas
e pertences dos residentes. Também deverão ser separados por sexo e dotados de banheiros, em
conformidade com a NBR 9050.
Entretanto, analisando o estudo feito por Dianna Dantas (2018) para o Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN, o qual considera as dimensões mínimas
estabelecidas pela Portaria nº 73/2001, RCD 283/2005 (atualmente RDC 502/2121) e Decreto
Municipal nº 8.553/2008, conclui-se que mesmo os dormitórios estando dentro dos parâmetros
mínimos estabelecidos pelas legislações, estes não oferecem condições mínimas de habitabilidade,
mal comportando o mobiliário mínimo exigido.

36
Figura 17. Unidade babitacional mínima individual.

Fonte: DANTAS, 2018.

Figura 18. Unidade habitacional mínima dupla.

Fonte: DANTAS, 2018.


37
Diante desse estudo, considerou-se a NBR 9050/2020 para direcionar a elaboração do
dormitório, atentando para as medidas mínimas de circulação interna em dormitório acessível para
locais de hospedagem, resultando nas plantas a seguir.

Figura 19. Dormitório acessível individual.

Fonte: acervo da autora (2021).

Figura 20. Dormitório acessível duplo.

Fonte: acervo da autora (2021).

O dormitório individual, portanto, possui 17,3m² de área útil, além da área do banheiro,
com 4,6m². O dormitório duplo possui uma área útil de 23,4m², além do banheiro de 4,6m². Uma
vez que os dormitórios projetados de acordo com a NBR 9050/2020 se mostraram satisfatórios
para o programa, visando o conforto, privacidade e autonomia dos residentes, esses módulos foram
dispostos no terreno de acordo com o partido formal e zoneamento inicialmente propostos.

38
Figura 21. Primeira implantação dos dormitórios em planta baixa.

Fonte: acervo da autora (2021).

Figura 22. Evolução da implantação dos dormitórios em planta baixa.

Fonte: acervo da autora (2021).


39
À leste do terreno, foram dispostos os seis dormitórios individuais, enquanto a sul, os oito
dormitórios duplos. Conforme a figura 22, os dormitórios para duas pessoas ficaram ordenados em
dois blocos separados por uma abertura de 1,5m, a fim de favorecer a ventilação no pátio interno.

3.3.2. Áreas comuns e evolução da proposta

Após definidos os dormitórios, partiu-se para a implantação dos demais ambientes. Para
tanto, foi ponderada a ideia de manter toda a edificação térrea, em favor da acessibilidade. Por se
tratar de uma edificação destinada a pessoas idosas, o uso da circulação vertical poderia ser
encarado como um obstáculo. Entretanto, ao considerar a topografia do terreno, cuja diferença de
nível chega a 3m entre as duas ruas que lhe dão acesso, optou-se por aproveitar a altura do desnível
para fazer um pavimento superior, que fosse ao mesmo tempo térreo, considerando a rua mais
elevada.

Figura 23. Corte esquemático.

Fonte: acervo da autora (2021).

A intenção foi deixar no segundo pavimento apenas os ambientes destinados ao setor de


serviços e administrativo (cujo acesso é exclusivo para funcionários), deixando o setor de
atividades (destinado aos residentes) no mesmo pavimento que os dormitórios, a fim de facilitar o
acesso dos moradores a esses espaços.
Os primeiros esforços para encaixar os ambientes do setor de atividades no primeiro
pavimento, resultaram numa disposição linear dos espaços, a fim de favorecer a ventilação cruzada
nos mesmos. A entrada se daria pela recepção, em prol do controle de fluxo, e as circulações seriam
mais simples e retilíneas, tornando o senso de direcionamento mais intuitivo.

40
Figura 24. Setorização.

Fonte: acervo da autora (2021).

Figura 25. Primeira proposta para o setor de atividades.

Fonte: acervo da autora (2021).

41
No pavimento superior, ficaram dispostas as salas administrativas (sala da direção, sala para
reuniões e sala de técnicos) e ambientes de apoio de serviços (DML, almoxarifado, rouparia, guarda
de roupa suja, refeitório de funcionários e cozinha). Além disso, fez-se um segundo acesso ao
edifício, destinado à entrada de funcionários, cargas e insumos.

Figura 26. Primeira proposta para o setor de administrativo e de serviços.

Fonte: acervo da autora (2021).

O primeiro problema encontrado nessa disposição, é que faltava uma segunda forma de
circulação vertical interligando o primeiro e segundo pavimentos, além da escada. Outro ponto, é

42
que o arranjo não favorecia de maneira segura a integração social dos residentes com a comunidade
do entorno, fator que contribui para um envelhecimento saudável e para a humanização do espaço,
conforme já explanado anteriormente. Ademais, havia uma incompatibilidade em dispor o espaço
ecumênico e a academia lado a lado, uma vez que o primeiro demanda um ambiente silencioso,
enquanto o segundo, estímulos musicais que podem afetar a prática religiosa.
Com isto em mente, sucederam-se novas tentativas de solucionar os problemas encontrados
no primeiro arranjo, resultando na proposta final deste trabalho.

3.4. PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS E IMPLANTAÇÃO

Destaca-se aqui o cumprimento das prescrições urbanísticas relativas tanto à cidade de


Natal e, mais especificamente, ao bairro do Barro Vermelho, conforme tabela a seguir:

Figura 27. Quadro de prescrições urbanísticas.

Área do Terreno 1.686,78m²


Área Construída 1.123,79m²
Taxa de Permeabilidade 21,34%
Taxa de Ocupação 56,08%
Fonte: acervo da autora (2021).

O anteprojeto contempla dois acessos, sendo um pela Rua Meira e Sá, destinado a entrada
de residentes e visitantes, e outro pela Rua Coronel João Gomes, destinado a funcionários e
serviços. Ambos as vias que possuem ligação direta com o terreno e dispõem de estacionamento,
sendo um voltado para visitantes e outro para funcionários.
Para o estacionamento, uma vez que não há parâmetros de cálculo de número de vagas para
instituições asilares no Código de Obras de Natal (2004), foi considerada a lógica de vagas para
serviços de hotelaria, resultando em 12 vagas de estacionamento e em um local para carga e
descarga, que também poderá servir de embarque e desembarque de ambulâncias em situações
emergenciais.
O número de vagas total foi divido nos dois acessos à edificação, ficando 6 vagas que
atendem aos visitantes com acesso direto para a R. Meira e Sá (sendo duas delas acessíveis), e
43
outras seis vagas destinadas a funcionários, com acesso pela R. Cel. João Gomes.
A distribuição dos ambientes em planta baixa considerou, além do macrozoneamento dos
setores feito a partir das condições de ventilação e insolação explicadas anteriormente, a análise de
relação dos ambientes, de acordo com o tipo de uso, e serão descritas a seguir.

3.5. SETOR PRIVATIVO

O Setor Privativo é composto por 14 dormitórios, sendo 06 individuais e 08 duplos, com


capacidade máxima para 22 idosos.
Por se tratar de ambientes de maior permanência, eles estão dispostos na região mais
privilegiada do terreno no que diz respeito à ventilação e insolação. Assim, ordenados de maneira
linear e formando um grande bloco em “L”, eles se beneficiam dos ventos de sul, sudeste e leste,
aproveitando a ventilação cruzada por diferença de pressão nas fachadas.
Entretanto, visto que essa estratégia de conforto necessita de uma entrada e de uma saída
de ar para fazê-lo circular dentro do ambiente, optou-se pelo uso de bandeirolas nas portas para a
saída do ar, uma vez que o layout do dormitório só permitia o uso de janelas em uma das fachadas
do bloco.
As esquadrias utilizadas foram pensadas de maneira a tornar o ambiente bem iluminado e
arejado, mas também seguro e privativo, uma vez que os quartos individuais possuem janelas que
se abrem para a R Meira e Sá. Assim, foram adotadas de grandes aberturas de 1,60m x1,60m
(largura x altura) para os quartos individuais, e 1,80m x 1,60m para os duplos, utilizando “portas”
em venezianas que se abram para o lado externo, e “portas” em vidro que abram para o lado interno,
permitindo ventilar e iluminar o ambiente mesmo com a janela fechada (Figura 28).

44
Figura 28. Tipo de esquadria proposta para
os dormitórios.

Fonte: Google (2021).

Outro ponto importante para o conforto térmico da edificação, foi a criação de corredores
a cada quatro ou seis dormitórios, permitindo a passagem da corrente de ar entre eles, e assim
beneficiando a entrada de vento para o pátio central.
A criação desses corredores culminou na concepção de um pequeno jardim entre os
dormitórios duplos e o muro do terreno, que cria uma ambiência bastante acolhedora para estes
residentes, podendo eles próprios cuidarem dessa vegetação que é vista da janela de seus quartos.
No que diz respeito a acessibilidade, foram utilizados os parâmetros da NBR 9050 para
dormitórios em locais de hospedagem. Dessa forma, foram mantidas as circulações mínimas
internas de 0,90m, e resguardada uma área para giro de 360º de pelo menos 1,50m. O acesso até os
dormitórios é linear e resguarda uma largura mínima de 1,50m.
A cobertura deste setor é dotada de grandes beirais de 1,50m, a fim de proteger as esquadrias
e a circulação externa aos dormitórios. Possui 04 águas em telhas coloniais, com inclinação de
25%, e são conectadas por um rincão e espigão, mantendo o padrão formal em “L”.

3.6. SETOR DE ATIVIDADES

O Setor de Atividades contempla os serviços oferecidos pela instituição relacionados ao

45
lazer, a saúde e a cultura dos residentes, dessa forma, está disposto no mesmo pavimento que os
dormitórios a fim de facilitar o acesso a esses espaços, tendo em vista a questão da acessibilidade,
dado que qualquer deslocamento vertical pode ser entendido como uma barreira.
A entrada principal do edifício, destinada a residentes e visitantes, se dá pela recepção, para
um maior controle de fluxo. A partir daí, tem-se acesso a um espaço de estar que faz a transição
para o pátio central, onde é possível receber visitas sem comprometer a privacidade do todo (figura
29). Além deste, a recepção também dá acesso para o espaço ecumênico, posicionado desta maneira
a fim de permitir a integração social da vizinhança com os longevos, sem afetar a segurança destes.

Figura 29. Vista do pátio central a partir do espaço de estar.

Fonte: Elaborado por Ricardo Cortez, a pedido da autora (2021).

Os demais espaços deste setor foram dispostos de maneira que “conversassem” com o pátio
central, voltados para essa grande área com vegetação para compor uma ambiência de
tranquilidade, sempre que possível priorizando a ventilação cruzada e a composição de jardins
próximos às janelas.
O refeitório, academia, sala de atividades individuais e ambulatório, foram dispostos à
46
oeste, resguardados, porém, dos raios solares do poente em virtude da topografia do terreno (estes
recintos ficaram justapostos ao muro de arrimo). Apesar disso, não foi possível abrir esquadrias
nas paredes opostas à porta de entrada para promover a ventilação cruzada, e por isso, houve um
esforço para solucionar a falta de circulação de ar nestas salas.
Na academia e refeitório, por serem ambientes cujo uso permite maior integração com o
lado externo, optou-se por utilizar um pé direito duplo e portas amplas com bandeirolas, além de
esquadrias com acesso direto ao lado externo formando um mezanino com o pavimento superior.
Esta solução, além de trazer maior conforto térmico, traz uma estética interessante e uma ambiência
mais agradável, como consequência de um espaço mais amplo.
Já a sala de atividades individuais e o ambulatório, o tipo de uso requer mais privacidade,
sendo possível, e até mesmo mais adequado, a utilização de condicionadores de ar para resfriar
estes ambientes. O pé direito, dessa maneira, se manteve com a altura padrão de 2,50m.
Já a definição do pátio central teve como ponto de partida a implantação da piscina,
buscando posicioná-la de acordo com a orientação solar, com o propósito de que recebesse
insolação na maior parte do dia tanto no inverno como no verão.

Figura 30. Vista das áreas de convivência para a piscina.

Fonte: Elaborado por Ricardo Cortez, a pedido da autora (2021).


47
O formato orgânico buscou romper com a ortogonalidade da edificação, e ao seu redor foi
proposto um deck de madeira, nivelado com a circulação principal, e a adoção de um gradeado
como proteção da área do deck, a fim de evitar acidentes, tendo em vista o público da Terceira
Idade. A área de jardim que envolve a piscina, além de garantir a ambiência desejada para este
espaço, tenta disfarçar a grade de proteção.

Figura 31. Vista da piscina.

Fonte: Elaborado por Ricardo Cortez, a pedido da autora (2021).

Ainda no que diz respeito ao pátio, ao lado da piscina, frente ao refeitório, optou-se por uma
área de mesas externas, que podem ser utilizadas tanto como extensão do refeitório, como área de
jogos de tabuleiro, cartas, entre outros.

48
Figura 32. Área de mesas externas.

Fonte: Elaborado por Ricardo Cortez, a pedido da autora (2021).

Os demais espaços do pátio foram concebidos a fim de criar espaços de convivência


agradáveis, sempre visando promover a integração social dos idosos e o seu bem-estar. Foi criada,
também, uma área de descanso com redário, sombreada por um caramanchão de madeira,
aproveitando os pilares onde as redes se sustentam. A vegetação está presente delimitando os
espaços e caminhos, e trazendo uma estética mais agradável.

Figura 33. Vista do redário e caramanchão.

Fonte: Elaborado por Ricardo Cortez, a pedido da autora (2021).


49
3.7. SETOR ADMINISTRATIVO E DE SERVIÇOS

Os setores de serviços e administrativo foram dispostos juntos uma vez que ambos
consolidam o apoio logístico de toda a edificação. Localizados no pavimento superior, contam com
cozinha, refeitório de funcionários, sala de descanso para funcionários, rouparia, guarda de roupa
suja, banheiros com vestiários, almoxarifado, sala de técnicos e reuniões, e sala da direção.
Os banheiros desse pavimento foram replicados a partir dos banheiros do setor de
atividades, ficando localizados próximos ao acesso de funcionários, permitindo com que troquem
de roupa ao iniciar o expediente de trabalho, sem que seja necessário adentrar o local com trajes
pessoais, formalizando esse serviço.
A circulação desse pavimento foi estudada para que se mantivesse linear, da forma que o
pavimento térreo, facilitando o fluxo de pessoas, insumos e materiais, e por este mesmo motivo,
dimensionada com 1,50m de largura.
A posição da cozinha considerou o alinhamento vertical desta com o refeitório do
pavimento térreo, tornando possível a inclusão de um passa-volumes que simplificasse a
movimentação de insumos e louças entre os dois ambientes. Adjacente à cozinha, ficou localizado
o refeitório de funcionários, conectados por um passa-pratos – mais uma vez visando simplificar o
trânsito das refeições que são servidas.
Já a rouparia e a guarda de roupa suja ficaram lado a lado, ambas próximas ao acesso de
serviços, a fim de que o trajeto de roupas que vão e voltam da lavanderia fosse minimizado.
É importante ressaltar que houve a adição de dois ambientes não previstos pelo programa
de necessidades, mas que trouxeram maior qualidade estética e funcional ao projeto. O primeiro,
trata-se de uma varanda descoberta de 22,2m², com visibilidade para o pátio central e destinada aos
funcionários, aproveitando a laje de cobertura do ambulatório e da sala de atividades individuais.
Já o segundo é uma área de 62,3m² destinada à expansão futura, estruturado a partir de uma laje
impermeabilizada que compõe a cobertura do espaço ecumênico, recepção e sala de estar, no térreo.

3.8. CAIXA D’ÁGUA

O dimensionamento da caixa d’água considerou o cálculo do consumo diário baseado na


tabela de CREDER (1991) , que determina a taxa de ocupação de acordo com a natureza de uso.
50
Utilizando a fórmula Cd = P x q, onde Cd é o consumo diário (litros/dia), P é a população
que ocupará a edificação e q o consumo per capita (litros/dia), considerando a população de 22
idosos e ainda, um consumo de água per capita de 150 litros/dia¹, temos que Cd = 22 x 150 =
3.300 litros.
A partir desde dado, e tendo em vista a intermitência do abastecimento da rede pública, a
capacidade do reservatório (CR) foi dimensionada para suprir dois dias de consumo, através da
fórmula CR = 2 x Cd. Portanto, CR = 6.600 litros.
Além disso, foi considerado o cálculo da reserva incêndio, conforme previsto pela NBR
13714/2000, que discorre sobre os sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate à incêndio.
A norma estabelece que para qualquer sistema de hidrante ou de mangotinho, o volume mínimo de
água da reserva de incêndio deve ser determinado conforme a fórmula V = Q x t, onde V é o volume
da reserva técnica em litros; Q é a vazão de duas saídas do sistema aplicado em litros por minuto;
e t é o tempo de 60 min para sistemas dos tipos 1 e 2, e de 30 min para sistema do tipo 3 (figuras
34 e 35).

Figura 34. Classificação dos edifícios e aplicabilidades dos sistemas.

Fonte: NBR 13714/2000.

Figura 35. Tipos de sistemas e vazão do jato de água.

Fonte: NBR 13714/2000.


51
Portanto, considerando que os serviços de hospedagem se enquadram no sistema do tipo 1²
, temos que V = (100 + 100) x 60 = 12.000 litros.
A partir desses cálculos, foi estimada uma caixa d’água de 20.000 litros, situada acima dos
banheiros de uso comum do edifício.

3.9. FACHADA

O resultado da fachada trouxe o uso de materiais e elementos que firmassem a ambiência


desejada para a instituição. A escolha da madeira para as esquadrias e caramanchão, da alvenaria
rebocada e pintada na cor goiaba, dos tijolinhos cerâmicos, da telha colonial para a cobertura e da
vegetação, trazem para a instituição proposta a estética de casa, de lar.

Figura 36. Fachada frontal

Fonte: Elaborado por Ricardo Cortez, a pedido da autora (2021).

52
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Centro de Atenção ao Idoso foi desenvolvido sob a ótica da humanização, tentando


delinear espaços e ambiências que emitissem estímulos de bem-estar, conforto e segurança, ao
passo que considera fatores físicos que valorizam o protagonismo e a participação para um
envelhecimento saudável. Para tanto, a solução pondera as necessidades físicas e cognitivas
advindas do processo de envelhecimento, aplicando estratégias de conforto e de acessibilidade, não
como um requinte construtivo, mas como elementos necessários na qualidade de vida e na condição
de autonomia dos idosos.
A estética da edificação foi trabalhada para que despertasse a sensação de pertencimento, a
partir do uso de materiais construtivos, revestimentos e cores que trouxessem o aspecto de casa
para a ILPI. Nesse sentido, o emprego da vegetação também se fez muito importante para
desenvolver a ambiência almejada.
Destaca-se, ainda, as dificuldades impostas pela pandemia, que restringiu a realização de
visitas técnicas e de levantamentos de dados in loco, dada a vulnerabilidade das pessoas atendidas
por essas instituições.
Por fim, diante do exposto, do contexto atual de pandemia da COVID-19 e da segregação
social resultante desse contexto, espera-se mais do que nunca, que este trabalho possa contribuir
para a valorização dos longevos, e alertar os leitores sobre as necessidades e limitações desse
público.

53
REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Eliana Novaes Procópio de. Gestão em Serviços Psicogerontológicos em uma


instituição de Longa Permanência: a sistematização de uma ação profissional ocorrida de 1993
a 2009. São Paulo, 2011. 155 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a


edificações, mobiliário, espaços, e equipamentos urbanos. 3 ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

BESTETTI, Maria Luiza. Ambiência: espaço físico e comportamento. Revista Brasileira de


Geriatria e Gerontologia. Vol. 17, n. 3, pp. 601-610. Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2014.

BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Seção 1, p. 1 (Publicação Original).

BRASIL. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Seção 1, Eletrônico, p. 2 (Publicação
Original).

BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social. Secretaria de Estado de Assistência


Social. Portaria nº 73, de 10 de maio de 2001: Normas de Funcionamento de Serviços de Atenção
Ao Idoso no Brasil. Brasília: MPAS/SEAS, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Textos: Cartilhas da Política Nacional de


Humanização. Brasília: MS, 2011.

DANTAS, Dianna Claudine Bezerra. Complexo Residencial Bosque das Algarobas: um novo
conceito de instituição de longa permanência para idosos. (Dissertação de Mestrado)
PPAPMA/UFRN. Natal, 2018. 154 p.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Desenho Universal: Habitação de Interesse Social.


São Paulo, 2010. 100 p.

TOMASINI, Sérgio Luiz Valente. Envelhecimento e planejamento do ambiente construído: em


busca de um enfoque multidisciplinar. RBCEH: Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento,
Passo Fundo, v. 2, n. 1, p.76-88, 2005.

TOMASINI, Sérgio Luiz Valente; ALVES, Simone. Envelhecimento bem-sucedido e o


ambiente das instituições de longa permanência. Revista Brasileira de Ciências do
Envelhecimento Humano, Passo Fundo, v. 4, n. 1, p.88-102, 2007.

54

Você também pode gostar