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Ministério da Saúde
2017
Rua Abrão Dib, 4
CEP 04004-060 - Paraíso
São Paulo - SP
Tel +55(11) 3053-6611 - Ramal 3575
equipeligress@hcor.com.br
Laboratório de Inovação em Planejamento, Gestão,
Avaliação e Regulação de Políticas, Sistemas, Redes e
Serviços de Saúde do Hospital do Coração - HCor/LIGRESS
São Paulo
2017
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional
do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS)
Projeto: Capacitação dos Profissionais da Atenção Básica sobre
a Saúde da Pessoa Idosa
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa, Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde
(COSAPI/DAPES/SAS)
Coordenação Executiva
Bernardete Weber – superintendente de Qualidade e Responsabilidade Social
Armando De Negri Filho – gestor HCor/LIGRESS
Gizelda Monteiro da Silva – gerente HCor/LIGRESS
Enilda Maria de Sousa Lara – coordenadora de Projetos HCor/LIGRESS
Equipe Executora
Flávia Renata Fratezi
Jeane Roza Quintans
Assessoria Pedagógica
Otília Maria Lúcia Barbosa Seiffert
Maria Cecília Sonzogno
4
SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
O Envelhecimento Populacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
O Envelhecimento Humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Condições Frequentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Dados Antropométricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Hábitos de Vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5
Módulo 3: Identificação da Pessoa Idosa Vulnerável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Capacidade Funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Fragilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Síndromes Geriátricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Vacinação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Saúde Bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Sexualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Violência e Maus-Tratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
6
Apresentação
Prezado profissional,
É com grande satisfação que apresentamos este Caderno de Formação – Ação para Capaci-
tação dos Profissionais da Atenção Básica sobre a Saúde da Pessoa Idosa, desenvolvido com
os textos básicos do curso.
Com este curso, esperamos que os profissionais de saúde da Atenção Básica possam oferecer um
acompanhamento diferenciado à população idosa. O conhecimento das especificidades do
processo do envelhecimento, juntamente com o conteúdo da Caderneta de Saúde da Pessoa
Idosa, será importante recurso no processo de transformação do atendimento às necessidades
dos idosos no Brasil.
Desejamos que você tenha uma excelente formação e que possa aprender, ensinar, trocar e
compartilhar informações, conhecimentos e experiências.
Boa formação!
Bernardete Weber
Módulo 1
Este módulo tem como foco a importância do uso da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa
no contexto da Atenção Básica, como um instrumento de acompanhamento longitudinal das
condições de saúde, sociais e familiares da pessoa idosa.
O Envelhecimento Populacional
10
Figura 1. O envelhecimento populacional e os seus componentes
i proporção
de crianças
na
população
ENVELHECIMENTO
POPULACIONAL
proporção
i
de idosos
na
população
Fonte: Adaptado de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Censo demográfico 2010. Características da população e
dos domicílios. Rio de Janeiro: IBGE; 2011. Disponível em: www.ibge.gov.br [Acesso em 16 abr. 2012].
Nesse cenário, dados estatísticos indicam que a população mundial está envelhecendo
rapidamente: 4, 5
• Entre 2000 e 2050, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais passará de 11% para 22%.
• Em 2015, havia cerca de 900 milhões de idosos no mundo (12,3% da população total).
• Em 2030, estima-se que haverá 1,4 bilhão de idosos (16,5% da população mundial total).
• Em 2050, serão 2 bilhões de idosos no mundo (21,5% da população total).
• Dentro do grupo de idosos, há o aumento expressivo dos idosos muito idosos, aqueles com
idade igual ou superior a 80 anos, cujo número poderá totalizar 400 milhões em todo o mundo
em 2050.
11
No Brasil, no ano de 2010, os idosos representavam 10,8% da população total, aproximadamente
19,6 milhões de pessoas. A previsão é de que, em 2025, seremos o sexto país em número
de idosos, com aproximadamente 32 milhões de pessoas nessa faixa etária, devendo atingir
41,5 milhões em 2030. Esse fato levará à transformação da pirâmide etária do país de um formato
triangular, com base alargada, para um com topo mais largo, típico de sociedades envelhecidas
(Figura 2). 1,2,3,7,8
90
80
Homens 70 Mulheres
60
50
40
30
20
10
0
10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00
Censo 1940 Censo 1970 Censo 1980 Censo 1991 Censo 2000
Projeção 2020 Projeção 2050 Projeção 2010 Projeção 2010
Fonte: Simões CCS. Breve histórico do processo demográfico. In: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Brasil: uma
visão geográfica e ambiental no início do século XXI. Rio de Janeiro: IBGE; 2016. p.39-73.
De acordo com essa estimativa, no ano de 2030, o número de idosos ultrapassará o de crianças
e adolescentes na faixa etária entre 0 e 14 anos, com uma proporção de 18,62% de idosos e
de 17,59% de crianças e adolescentes na população total. No ano de 2050, esse volume será
29,36% de idosos e 14,07% de crianças e adolescentes.1,3
12
A transição epidemiológica é a alteração nos padrões de morbidade, invalidez e morte que
caracterizam uma população e que ocorre em conjunto com outras mudanças demográficas
e sociais.
Envolve, basicamente, três mudanças:
1) Doenças não transmissíveis e causas externas como primeiros fatores de morte
(em detrimento das doenças transmissíveis);
2) Maior carga de morbimortalidade entre os idosos, e não mais entre os jovens;
3) Predomínio da morbidade sobre a mortalidade.10
Esses fatos indicam que o manejo adequado da atenção ao idoso deve enfatizar a manutenção e/
ou melhoria da capacidade funcional, incluindo ações de promoção do envelhecimento saudável
e ativo, prevenção de agravos, recuperação da saúde e reabilitação física e cognitiva.14
O Envelhecimento Humano
O envelhecimento humano é um processo natural, heterogêneo, dinâmico e multidimensional.
Ele é acompanhado por alterações que afetam a capacidade intrínseca e as interações do
indivíduo com o ambiente em que vive. 15-18
É importante destacar que o ritmo e os efeitos dessas mudanças não são iguais para todos,
pois variam de acordo com as diferenças individuais e de grupos etários e dependem de
eventos de natureza genético-biológica, sócio-histórica e psicológica, vivenciados por cada
indivíduo. 16
13
As capacidades e necessidades da pessoa idosa dependem dos eventos vivenciados ao longo do
curso de vida.
Lembre-se...
Envelhecimento
humano
Fonte: Adaptado de Neri AL. Envelhecimento. In: Neri AL. Palavras-chave em gerontologia. Campinas: Editora Alínea; 2014. p.135-40; Pereira
SRM. Fisiologia do envelhecimento. In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML, organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia.
3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2013. p.947-58.
14
As transformações presentes no processo de envelhecimento são significativas, não sendo
apenas marcadas por mudanças biológicas e presença ou não de doenças.18
SENESCÊNCIA SENILIDADE
Nomeada também de envelhecimento patológico, é
Denominada também de envelhecimento normal,
caracterizada por alterações decorrentes de doenças,
atinge a todos os seres humanos de maneira gradual
como consequência de hábitos de vida não saudáveis
e acumulativa.
e fatores genéticos e ambientais.
A saúde possui atributos importantes que ultrapassam o fator biológico, como a interação do indivíduo
com o seu ambiente e a sua capacidade intrínseca. Esses atributos contribuem com a valorização,
o bem-estar e cooperam com a disposição da pessoa idosa para realização de atividades
que as aproximam da dinâmica social. Portanto, é importante que a pessoa idosa tenha
identidade, relações sociais, autonomia, segurança, potencial de crescimento e capacidade de
desfrutar a vida. 18
Importante:
15
Nesse sentido, é fundamental que as equipes de saúde avaliem a capacidade funcional das
pessoas idosas, para além das doenças que possam apresentar. Os profissionais devem avaliar
o grau de autonomia e independência dos idosos, para planejar como mantê-las ou recuperá-
las, construindo, assim, um plano de cuidados ou projeto terapêutico singular.
Para identificar essas necessidades de saúde da pessoa idosa, sua capacidade funcional e
suas vulnerabilidades, surge a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa como um instrumento
de rastreio, que auxilia o profissional de saúde na realização da avaliação multidimensional da
pessoa idosa, identificando suas vulnerabilidades e necessidades de saúde para a construção
de um plano terapêutico singular, tendo como meta a independência e a autonomia da pessoa
idosa pelo maior tempo possível. 22
A Capacidade
funcional será um
tema abordado no
Módulo 3.
Você sabia?
1º Considerar que todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa são devido
ao processo de envelhecimento normal e que podem prejudicar a detecção e o
tratamento de algumas doenças.
16
Figura 4. Linha do tempo de ações e políticas públicas de atenção à pessoa idosa
Estatuto do Idoso
(Lei nº 10.741, de outubro de 2003)
2003 Regulamenta os direitos assegurados às pessoas idosas,
reconhecendo os direitos individuais, políticos, civis, sociais e
econômicos.29
17
Pacto pela Saúde 2006
(Portaria MS/GM nº 399, de 23 de fevereiro de 2006)
Considera a saúde do idoso uma das seis prioridades acorda-
das entre as três esferas de governo.31
18
Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social
(Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007)
O benefício, no valor de um salário mínimo mensal, é assegu-
rado à pessoa com deficiência e à pessoa idosa com idade de
65 anos ou mais, que não recebe nenhum benefício previ-
19
Revisão e atualização da Caderneta de Saúde da Pessoa
Idosa
2012
A revisão e atualização ocorreu a partir de sugestões dos
coordenadores da atenção à saúde do idoso das diversas
regiões do Brasil, em um evento realizado em Brasília, no mês
de outubro.
20
Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos
Humanos dos Idosos
Essa convenção ocorreu nos dias 15 e 16 de junho de 2015,
com o objetivo de promover, proteger e assegurar os direitos
humanos e liberdades fundamentais da pessoa idosa, con-
tribuindo para a sua inclusão, integração e participação na
sociedade.43
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2017.
21
De acordo com a trajetória no processo de construção de políticas públicas de atenção ao idoso,
no ano de 2015, a OMS apresentou o Informe Mundial sobre o Envelhecimento e Saúde,
direcionado para as questões relacionadas à saúde. Esse relatório apresentou o conceito de
envelhecimento saudável, que destaca a importância das capacidades funcional e intrínseca
e a interação do indivíduo com o seu ambiente.18
A avaliação das capacidades funcional e intrínseca da pessoa idosa é importante, pois está
diretamente relacionada ao processo de envelhecimento saudável.18
Essa política assume que o principal problema que pode afetar o envelhecimento é a perda
da capacidade funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para a
realização de atividades básicas e instrumentais da vida diária.26
22
A finalidade da PNSPI é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos
idosos, por meio de ações individuais ou coletivas.26
A PNSPI levou a uma mudança de paradigma, pois reconheceu os idosos como agentes ativos
do seu processo de envelhecimento, considerando-os como corresponsáveis na participação
política e na vida em comunidade. 45
Essa política destaca que o processo de envelhecimento deve ser vivenciado com saúde, de
forma ativa, sem dependência, o que remete à necessidade de ações de promoção da saúde
em todas as faixas etárias. 26
A PNSPI alerta para a necessidade de respostas e ações específicas para os indivíduos que
não tiveram acesso aos recursos necessários para a promoção de um envelhecimento ativo e
saudável, devido à falta de recursos e de cuidados de promoção e prevenção de saúde.26
Esses fatores remetem à necessidade de ações fundamentais que visam a melhoria da atenção
à pessoa idosa. No âmbito da Atenção Básica, a PNSPI propôs a incorporação de ações para
favorecer a qualidade e a resolutividade da atenção à pessoa idosa, com o envolvimento de
profissionais da Atenção Básica, equipes da Estratégia Saúde da Família, atenção domiciliar e
ambulatorial. 26
De acordo com uma abordagem baseada em direitos, que reconhece os idosos como agentes
ativos do seu processo de envelhecimento, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é uma
ferramenta que se articula com os princípios da PNSPI, objetivando a recuperação, manutenção
e promoção da autonomia e independência, além de incentivar a participação e a segurança da
pessoa idosa. 26, 28
23
A Caderneta é um instrumento estratégico de identificação das necessidades de saúde da pessoa
idosa, valorizando os aspectos da vida em comunidade. Esse recurso possibilita o reconhecimento
do potencial deste indivíduo para o bem-estar físico, social e mental, favorecendo dessa forma,
o levantamento das necessidades de saúde, o rastreio das vulnerabilidades, a estratificação dos
idosos do território e a identificação do grau de comprometimento da capacidade funcional.28
Nessa direção, a Caderneta é uma ferramenta que contribui com a implementação da PNSPI,
para o desenvolvimento de uma atenção integral e integrada centrada no usuário, que orienta
a utilização de instrumentos baseados em levantamentos de dados sócio-familiares da pessoa
idosa, estratificação individual e coletiva, para a otimização dos recursos existentes no território,
colaborando com a melhoria da qualidade e o aumento da resolutividade da atenção a esses
indivíduos. 26
Lembre-se...
Para o fortalecimento da atenção à pessoa idosa na prática de cuidados, será exigida uma
abordagem global, interdisciplinar e multidimensional, o que demanda a integração de diferentes
setores do território. 26
24
Diretrizes para o Cuidado das Pessoas Idosas no Sistema Único de Saúde
A proposta de Modelo de Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa, elaborada pela Coordenação
de Saúde da Pessoa Idosa/DAPES/SAS/MS, tem por objetivo orientar a organização do cuidado
ofertado no âmbito do SUS, potencializando as ações já desenvolvidas, propondo estratégias para
fortalecer a articulação, a qualificação do cuidado e a ampliação do acesso desses indivíduos
aos pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde.26, 42
As diretrizes nacionais do Modelo de Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa destacam que:42
• A atenção deve ser baseada nas necessidades da população, centrada no indivíduo,
considerando o seu contexto familiar e comunitário;
• As etapas de organização do cuidado devem incluir a garantia do acesso, o acolhimento
e a humanização;
• O cuidado deve ser orientado a partir da funcionalidade global da pessoa idosa, abordando
a capacidade funcional e o risco de fragilidade existente;
A atenção à saúde da pessoa idosa deve incluir ações de promoção da saúde, prevenção de doenças
e agravos, aconselhamento, identificação e acompanhamento nas situações de quedas e fraturas;
violência, fragilidade, riscos e vulnerabilidades; detecção e tratamento precoce de problemas de
saúde; reabilitação, levantamento e acompanhamento dos idosos na comunidade; imunização; e
avaliação da capacidade funcional, para definição de projetos terapêuticos singulares.47
Nesse contexto, para potencializar essas ações e serviços é importante incluir na organização do
cuidado etapas que objetivam a garantia do acesso, acolhimento, humanização, recuperação,
manutenção e a promoção da autonomia e independência.26, 42
O modelo de atenção integral à saúde da pessoa idosa visa contribuir com a organização e a
ampliação do acesso, tendo a Atenção Básica como coordenadora, ordenadora e integradora
do cuidado, com o intuito de garantir a continuidade da atenção à saúde, considerando as
especificidades desse grupo populacional e suas necessidades de cuidado. A Figura 5 apresenta
as particularidades do cuidado ao idoso.42
25
Figura 5. Particularidades do cuidado à pessoa idosa.
Fonte: Adaptado de Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática.
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa. Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS: proposta de modelo de atenção
integral. XXX Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
A atenção à pessoa idosa exige a concepção de um novo modelo de práticas de saúde, pois as
especificidades presentes no processo de envelhecimento requerem ações multidimensionais
e multissetoriais. 42
A PNSPI destaca a relevância da atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa, que deve
ser construída centrada no usuário, considerando os seus direitos, necessidades, preferências
e habilidades. 26
Essa política apresenta orientações atuais e adequadas para a atenção à saúde do idoso.
Contudo, é necessária a consciência das lacunas existentes entre as ofertas prioritárias da
Atenção Básica e as demandas de cuidado da pessoa idosa, por exemplo, rede de suporte social
adequada, integração e acesso aos serviços necessários e a identificação da violência ao idoso.48
Esses fatores demonstram o desafio que deve ser enfrentado pelos diferentes setores
governamentais e sociais, para a concientização sobre essas demandas e fortalecer o cuidado
integral da população idosa. 26
26
Figura 6. Componentes do modelo de atenção à saúde integral da pessoa idosa no SUS
Acolhimento – cuidado
humanizado
Apoio e inclusão
Educação continuada família / cuidadores
Redes
temáticas
Acessibilidade
Atenção
hospitalar
especializada
Pessoa idosa –
capacidade funcional
Segurança do paciente
Atenção
ambulatorial Controle social
especializada Alimentação saudável
atividade física
Integração na
comunidade
Atenção básica
ordenadora do cuidado
Fonte: Adaptado de Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática.
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa. Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS: proposta de modelo de atenção
integral. XXX Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
A partir da figura acima, podemos destacar alguns aspectos da atenção à saúde da pessoa idosa
que podem auxiliar no enfrentamento das demandas existentes no cuidado a essa população,
como: integralidade e intersetorialidade, acolhimento, avaliação da capacidade funcional,
alimentação saudável, atividade física e ordenação do cuidado a partir da Atenção Básica. Nesse
sentido, o Ministério da Saúde implantou a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que pode ser
uma ferramenta para implementar o modelo de atenção à saúde integral da pessoa idosa no SUS.
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa visa instrumentalizar as equipes de saúde para atuar na
Atenção Básica de maneira qualificada, identificando as necessidades de saúde dessa população,
que é essencial para a elaboração de um projeto terapêutico singular e o acompanhamento na
atenção para contribuir com a continuidade do cuidado.42
O Projeto Terapêutico
Singular será um tema abordado
no Módulo 5.
27
Introdução à Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa
Para planejar ações voltadas para a população idosa é necessário saber quantos idosos vivem
no território de abrangência e conhecer suas diferentes necessidades. Uma forma de planejar
o cuidado a partir dessas necessidades é classificar as pessoas idosas de acordo com sua
capacidade funcional e com os cuidados de que necessitam.
Esses critérios podem ser identificados durante as visitas domiciliares e nas avaliações propostas na
3ª Edição da Caderneta da Saúde da Pessoa Idosa, que foi estruturada pelo Ministério da Saúde
(MS) para ser um instrumento estratégico de acompanhamento longitudinal das condições de
saúde da população idosa nos serviços de saúde (Figura 7).49
Favorece
Permite
Colabora
Qualificação da atenção
ao idoso
28
Assim, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa:46, 49, 50
• Permite aprofundar o conhecimento em relação à população idosa cadastrada pela Estratégia
Saúde da Família;
• Permite o acompanhamento longitudinal da pessoa idosa, por um período de cinco anos;
• Possibilita o monitoramento das condições crônicas de saúde e de outros fatores que podem
interferir no bem-estar da pessoa idosa;
• Possibilita a identificação do idoso frágil, por meio da avaliação multidimensional (clínica,
psicossocial e funcional);
• Alerta o idoso e os profissionais de saúde sobre o uso de medicamentos potencialmente de
risco;
• Fornece orientações sobre o autocuidado;
• Auxilia no manejo da saúde da pessoa idosa, podendo ser usada pelas equipes de saúde,
pelos idosos, pelos familiares e pelos cuidadores;
• Compõe o plano de cuidado, que deve ser desenvolvido em conjunto com os profissionais de
saúde.
De acordo com a condição funcional da pessoa idosa identificada a partir da avaliação realizada
com uso da Caderneta, será elaborado o plano de cuidados. A elaboração desse plano,
coordenado e integrado, em curto, médio e longo prazo, visa especialmente à recuperação e/ou
à manutenção da capacidade funcional da pessoa idosa. O sucesso do plano de ação depende
do envolvimento do usuário, dos familiares e da equipe de saúde.
Importante:
Todo profissional de saúde deve procurar promover a qualidade de vida da pessoa idosa. É
importante viver muito, mas é fundamental viver bem. Preservar e/ou recuperar a autonomia
e a independência funcional das pessoas idosas devem ser as metas em todos os níveis de
atenção, bem como estabelecer intervenções que melhorem a qualidade de vida daquelas
que já tiveram esta capacidade atingida.
Capacidade funcional e
Fragilidade serão temas
abordados no Módulo 3.
29
Lembre-se...
Oriente o idoso a: 46
• Levar a Caderneta a todos os atendimentos
realizados em serviços de saúde e nas campanhas
de vacinação;
• Apresentar a Caderneta ao profissional de saúde
quando for visitado em sua residência;
• Conversar com o profissional de saúde, solicitar
o esclarecimento de dúvidas e a atualização da
Caderneta, quando necessário.
• O preenchimento da Caderneta deve ser realizado por meio de informações cedidas pelo próprio
idoso, por seus familiares e/ou cuidadores e pode ocorrer tanto durante visitas domiciliares
quanto na Unidade Básica de Saúde (UBS). 46
• A forma de preenchimento deve ser planejada pela equipe de saúde, não precisa ocorrer em
um único encontro, desde que seja registrada a data em que as informações foram coletadas.
O importante é que todas as informações relevantes sejam obtidas.
• O preenchimento da Caderneta e sua verificação deve fazer parte da rotina dos profissionais
de saúde.
30
Você sabia?
• A primeira edição da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa foi lançada pelo Ministério
da Saúde (MS) em 2006.
• Em outubro de 2012, ela foi revista e atualizada, a partir de sugestões dos
coordenadores da atenção à saúde do idoso das diversas regiões do Brasil, em um
evento realizado em Brasília
• A terceira edição da Caderneta foi lançada no Congresso Nacional de Secretários
Municipais de Saúde (CONASEMS), em junho de 2014, e sua reformulação foi
amplamente discutida com gestores, profissionais e pesquisadores da área.
Importante:
Cada um dos itens presentes na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa tem uma função. Nós
vamos apresentá-los ao longo do curso, para você compreender a importância de cada um deles.51
Os dados para identificação das pessoas de referência indicam quem são as pessoas que devem
ser comunicadas em caso de necessidade ou emergência. A ausência dessas pessoas é um
marcador de vulnerabilidade social e familiar, pois pode indicar que o idoso possui baixa rede
de suporte social. 52
A seguir, a Figura 8 ilustra algumas razões para se obter essas informações do idoso.
31
Figura 8. Algumas razões para o preenchimento de dados pessoais na Caderneta de Saúde
da Pessoa Idosa
Foto
Apelido/nome social
Qual? Especificar
auditiva visual intelectual/cognitiva física outra
Fonte: Adaptado de: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e
Temática. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. 3 ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014; Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria
de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Série A, normas e manuais técnicos. Caderneta de
Saúde da Pessoa Idosa – Manual de Preenchimento. Brasília: Ministério da Saúde; 2008; Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual para utilização da Caderneta de Saúde da Pessoa
Idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2016. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/maio/02/2015-105-
Miolo-Manual-Normalizado-2.pdf [Acesso em: 18 abr. 2016].
Lembre-se...
33
Preenchimento da Ficha Espelho
A ficha espelho deve ser utilizada para registro das informações constantes na Caderneta,
podendo ser adaptada conforme a necessidade da UBS.50
• Informações sociais e familiares;
• Pessoas de referência;
• Condições de saúde:
➙ Diagnósticos, internações e quedas;
➙ Cognição e humor;
➙ Uso de tabaco e álcool;
➙ Prática de atividade física;
➙ Dor;
➙ Polifarmácia;
➙ Avaliações odontológicas.
Você sabia?
34
Considerações Finais
Para refletir...
• Com base na sua experiência profissional, quais os desafios que o envelhecimento
populacional traz para o cuidado ao idoso na Atenção Básica?
• Qual o seu papel como profissional no enfrentamento desses desafios para atender às
necessidades dessa população?
• A longevidade é considerada um grande desafio para as políticas públicas no país, mas
quais são as oportunidades que ela agrega para a sociedade?
35
Referências
1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Mudança demográfica no Brasil no início do século XXI:
subsídios para as projeções das populações. Rio de Janeiro: IBGE; 2015.
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Brasil: uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI. Rio de Janeiro: IBGE; 2016. p.39-73.
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Ministério da Saúde; 2006.
23. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento
e saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
36
24. Organização Mundial da Saúde, OMS. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: Organização Pan-
Americana de Saúde; 2005.
25. International Longevity Centre Brazil, ILC-BR. Active Ageing: A Policy Framework in Response to the Longevity
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26. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Lei nº 8.842, de janeiro de 1994. Dispõe sobre
a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. In: Brasil. Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional do Idoso. Brasília; 1994.
27. Brasil. Gabinete do Ministro. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 1.395, de 10 de dezembro de 1999. Aprova
a Política Nacional de Saúde do Idoso. Brasília: Ministério da Saúde; 1999.
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29. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 10.74, de 1º de outubro
de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília: Presidência da República; 2003.
30. Brasil. Ministério da Justiça e Cidadania. Secretaria Especial de Direitos Humanos. Plano de Ação para o
Enfrentamento da Violência Contra a Pessoa Idosa. Brasília: Ministério da Justiça e Cidadania; 2005.
31. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pela Saúde 2006 –
Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
32. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas.
Área Técnica de Saúde do Idoso. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa. In: Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília; 2006.
33. Brasil. Gabinete do Ministro. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 648, de 29 de março de 2006. Estabelece
a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para o Programa de Saúde da Família
(PSF) e para o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
34. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 11.433, de 28 de dezembro
de 2006. Dispõe sobre o Dia Nacional do Idoso. Brasília: Presidência da República; 2006.
35. Brasil. Presidência da República. Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007. Regulamenta o benefício de
prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei nº
8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, acresce parágrafo ao art. 162 do
Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências. In: Presidência da República. Brasília; 2007.
36. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas.
Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Série B, Textos Básicos de Saúde. Série Pactos pela Saúde
2006, v. 12. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.
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http://www.who.int/ageing/publications/AF_PHC_Centretoolkit.pdf [Cited 2017 mar. 06].
38. Organización Panamericana De La Salud. Organización Mundial De La Salud. Plan de acción sobre la salud de
las personas mayores incluído el envejecimiento activo y saludable. 49º Consejo Directivo, 61ª Sesión Del Comité
Regional.Washington DC; 2009.
39. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 12.213, de 20 de janeiro
de 2010. Institui o Fundo Nacional do Idoso e autoriza deduzir do imposto de renda devido pelas pessoas físicas
e jurídicas as doações efetuadas aos Fundos Municipais, Estaduais e Nacional do Idoso; e altera a Lei nº 9.250,
de 26 de dezembro de 1995; Brasília: Presidência da República; 2010.
40. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1.498, de 19 de julho de 2013. Redefine o Calendário
Nacional de Vacinação, o Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas e as Campanhas Nacionais
de Vacinação, no âmbito do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em todo o território nacional. Brasília:
Ministério da Saúde; 2013.
41. Brasil. Presidência da República. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 8.114, de 30 de setembro de
2013. Estabelece o Compromisso Nacional para o Envelhecimento Ativo e institui Comissão Interministerial para
monitorar e avaliar ações em seu âmbito e promover a articulação de órgãos e entidades públicos envolvidos em
sua implementação. Brasília: Presidência da República; 2013.
37
42. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática.
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa. Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS: proposta de
modelo de atenção integral. XXX Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Brasília: Ministério da
Saúde; 2014.
43. Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos. Quadragésimo quinto período ordinário
de sessões.Tema 14 da agenda. Acordado pelo Conselho Permanente na sessão realizada em 9 de junho de
2015. Washington DC; 2015.
44. Frasão G. Cuidados de longa duração para pessoas idosas é tema de seminário internacional promovido pelo
ministério da saúde. Portal da Saúde - Ministério da Saúde [internet]. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.
br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/sas/sas-noticias/20328-cuidados-de-longa-duracao-para-pessoas-
idosas-e-tema-de-seminario-internacional-promovido-pelo-ministerio-da-saude [Acesso em 06 mar. 2017].
45. Drumond CH, Borges NL, Machado CH, Horta PM. Transição demográfica e atenção à saúde da pessoa idosa no
âmbito da atenção primária à saúde: um estudo de revisão sobre o cenário brasileiro. Rev APS. 2013;16(3):320-27.
46. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática.
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. 3 ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
47. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 841, de 02 de maio de 2012. Relação Nacional de Ações e Serviços
de Saúde (RENASES) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e dá outras providências. In: Brasil. Ministério
da Saúde. RENASES. Brasília; 2012.
48. Quintans JR. Percepção de idosos atendidos em uma unidade de Estratégia Saúde da Família: abordagem
etnográfica [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2016.
49. Brasil. Portal da Saúde. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/
sas/daet/saude-da-pessoa-idosa [Acesso em 28 out. 2015].
50. Conselho Nacional de Secretários de Saúde, CONASS. Disponível em: http://www.conass.org.br/index.
php?option=com_content&view=article&id=4246:ministerio-da-saude-lanca-3o-edicao-da-caderneta-de-saude-
da-pessoa-idosa&catid=3:noticias&Itemid=12 [Acesso em 16 abr. 2016].
51. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas.
Série A, normas e manuais técnicos. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa – Manual de Preenchimento. Brasília:
Ministério da Saúde; 2008.
52. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.
Manual para utilização da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2016. Disponível em:
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/maio/02/2015-105-Miolo-Manual-Normalizado-2.pdf [Acesso
em 18 abr. 2016].
38
Módulo 2
Avaliação Multidimensional
da Pessoa Idosa
Introdução
Este módulo tem como foco a avaliação multidimensional da pessoa idosa, nos âmbitos
clínico, psicossocial e funcional.
Essa avaliação possibilita um olhar global e integrado acerca da saúde da pessoa idosa,
possibilitando o desenvolvimento de um plano de intervenção adequado às suas necessidades.
• Neste módulo, você irá conhecer as condições de saúde da pessoa idosa que podem estar
associadas a um maior risco de desfechos adversos.
• Ao ter essas informações registradas na Caderneta, você e os demais membros da sua
equipe poderão propor intervenções capazes de evitar o declínio funcional, a hospitalização
ou o óbito da pessoa idosa.
Os temas abordados serão:
• Avaliação multidimensional da pessoa idosa.
• Uso de medicamentos pelos idosos.
• Condições sensíveis à atenção primária.
• Condições frequentes:
➙ Depressão;
➙ Declínio cognitivo;
➙ Incontinência urinária e fecal;
➙ Cirurgias realizadas.
• Dados antropométricos.
• Hábitos de vida.
Os componentes a serem avaliados em cada uma dessas dimensões variam de acordo com a
composição e a capacitação técnica da equipe, os recursos existentes e o local de realização.1
A dimensão clínica se relaciona à saúde física e envolve o exame clínico tradicional, somado a
outras condições subjacentes que, geralmente, não são identificadas. Exemplos de componentes
que podem ser investigados nessa avaliação são: histórico de doenças, internações e cirurgias
prévias, uso de medicamentos, dor crônica, vacinação e saúde bucal.1-4
40
A dimensão psicossocial inclui a saúde mental, os recursos sociais e econômicos, e pode
ser exemplificada pelos componentes: apoio social e familiar, cognição, humor, hábitos de vida,
renda e aposentadoria, interesse social e lazer, violência e maus-tratos.1-4
Fique atento:
Os componentes da avaliação multidimensional podem ser alterados pela equipe, conforme
a necessidade.
Avaliação multidimensional
Sistemas Sistemas
Funcionalidade Fatores Medicamentos História
funcionais fisiológicos
global contextuais pregressa
principais principais
Avaliação Nutrição
ABVD Cognição sócio-
AIVD familiar Saúde bucal
Humor
Avaliação Sono
Visão,
do cuidador
Comunicação audição e
motricidade Pele/Anexos
orofacial Avaliação
Mobilidade ambiental Sistema
cardiovascular
Sistema
respiratório
Sistema
Alcance, preensão, digestivo
pinça, postura,
marcha, Sistema
transferência, gênito-urinário
capacidade Sistema
aeróbica e nervoso
continência
Sistema músculo-
esfincteriana esquelético
Sistema endócrino-
metabólico
Fonte: Adaptado de Moraes EN, Moraes FL. Avaliação multidimensional do idoso. Belo Horizonte: Folium; 2016.
41
Os principais benefícios da avaliação multidimensional do idoso são:5
• Maior probabilidade de sobrevida após seis meses;
• Diminuição do número de institucionalização;
• Menor risco de declínio funcional;
• Melhor desempenho cognitivo.
Essa gestão deve ser planejada por meio de um Plano de Cuidado, que possibilita realizar um
cuidado integrado e sem fragmentação, direcionado às reais necessidades do idoso e com foco
na melhoria e/ou manutenção da capacidade funcional.3, 10
O Plano de Cuidado
será um tema abordado
no Módulo 5.
42
Lembre-se...
A avaliação multidimensional requer a realização de uma entrevista, que deve ser baseada
na confiança, no respeito, no profissionalismo e na ética. A entrevista possibilita identificar os
problemas, desenvolver um relacionamento com o paciente e elaborar um plano de cuidado
compartilhado. 9
Durante a entrevista, os profissionais devem estar preparados para lidar com possíveis dificuldades,
como:
• Diversidade sociocultural;
• Problemas de comunicação;
• Questões específicas do processo de envelhecimento.9
43
Importante:
Na Atenção Básica, a avaliação multidimensional da pessoa idosa tem ênfase na sua
capacidade para desempenhar as atividades do cotidiano.7
A partir dessa avaliação, a Atenção Básica, como coordenadora, ordenadora e integradora
do cuidado deve implementar o plano de cuidado.11
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é uma ferramenta de avaliação multidimensional
do idoso.
44
Uso de Medicamentos pelos Idosos
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016.
45
Figura 2. Processos da farmacocinética
Absorção
Passagem do fármaco desde o local
de aplicação até a corrente
sanguínea
Distribuição
Transferência do fármaco da
corrente sanguínea para os
diferentes tecidos do organismo
Metabolismo
Excreção
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016, com base em Gorzoni M, Passareli MC. Farmacologia e terapêutica.
In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML, organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan; 2013. p.1046-54.
46
Lembre-se...
As reações adversas decorrentes do uso de medicamentos podem ser confundidas com novas
doenças ou atribuídas ao processo de envelhecimento. Por isso, a prescrição de medicamentos
deve ter uma indicação precisa e ser realizada somente quando os benefícios superarem os
possíveis prejuízos. A avaliação desses riscos somente deve ser realizada por profissionais
habilitados para a prescrição. 9, 26
47
Ao avaliar a qualidade do tratamento medicamentoso, é importante observar:12, 27
A polifarmácia pode ser definida como o uso concomitante de cinco ou mais medicamentos;12, 20, 28
Consequências: 29
• Aumento do risco de reações adversas e interações medicamentosas;
• Baixa adesão ao tratamento;
• Aumento dos custos do tratamento;
• Aumento de doenças e/ou óbitos.
Importante:
48
Você sabia?
• Existem medicamentos que são inapropriados para idosos, pois o risco de evento adverso
é superior aos benefícios. 30,31
• As prescrições inapropriadas são mais frequentes em idosos com 80 anos ou mais ou
quando há polifarmácia. 9
• A Lista de Beers-Fick apresenta os medicamentos que são potencialmente inapropriados
aos idosos com 65 anos ou mais. A relação desses medicamentos pode ser dividida em:
➙ medicamentos ou classes que devem ser evitados independentemente do diagnóstico
ou condição clínica;
➙ medicamentos ou classes que não devem ser utilizados em certos casos clínicos.31, 32
• Se você quiser conhecer a Lista de Beers-Fick, consulte as referências complementares
do módulo 2.
49
Nessa direção, o acompanhamento do uso de medicamentos por idosos deve se tornar uma
rotina dos profissionais da Atenção Básica, podendo ser estruturado da seguinte maneira:9
• Revisão periódica da lista de todos os medicamentos utilizados (prescritos e não prescritos);
• Análise da adesão, das possíveis interações medicamentosas e da presença de efeitos adversos;
• Ações para executar possíveis ajustes, pactuar expectativas e preferências da pessoa idosa;
• Monitoramento da adesão ao tratamento e seus desfechos.
Importante:
• Oriente o idoso a levar para a consulta médica os medicamentos que costuma utilizar
frequentemente e ocasionalmente. 12
• Utilize recursos que auxiliem na identificação dos medicamentos e que ajudem a lembrar
dos horários e doses, como por exemplo, uso de etiquetas nos frascos com símbolos que
indiquem o horário, colocar os frascos na ordem de utilização, entre outros.33
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa contribui com a melhor gestão dos medicamentos
utilizados pelo idoso. Nos campos destacados nas páginas 10 e 11 da Caderneta, seção
2.1 Medicamentos, fitoterápicos, suplementos e vitaminas em uso (Figura 3), deve-se anotar
o nome do medicamento, a concentração, o intervalo entre as doses e o período de uso. Nessa
seção, é possível identificar se os medicamentos foram prescritos por um profissional de saúde.
O item Polifarmácia, na página 10 da Caderneta, indica se o idoso faz uso de cinco ou mais
medicamentos. Esse registro deve ser realizado anualmente. Caso seja identificado o uso de cinco
ou mais medicamentos diariamente, marcar um “X” em “S”; se negativo, marcar um “X” em “N”.26
50
Fique atento:
Nome do medicamento, do
Data de início ou
fitoterápico, do suplemento ou Dose e frequência
tempo de uso
da vitamina e sua concentração
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Caderneta
de Saúde da Pessoa Idosa. 3 ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
51
O preenchimento dessas informações de forma correta e completa é muito importante, pois
contribui, principalmente para: 7, 12, 20, 22, 27, 29, 30
As condições sensíveis à atenção primária são problemas de saúde para os quais ações
efetivas da atenção primária poderiam diminuir o risco de internações.
Em uma população, altas taxas de internações por essas condições podem indicar problemas
de acesso ou de desempenho do sistema de saúde.
Assim, a atenção primária oportuna e de boa qualidade pode diminuir ou evitar a hospitalização
por algumas condições de saúde. 34
52
Quadro 2. Condições Sensíveis à Atenção Primária presentes na Caderneta de Saúde da
Pessoa Idosa.
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016.
53
Lembre-se...
Importante:
Muitas vezes, as doenças nos idosos têm manifestações atípicas. Fique atento às queixas
dos idosos e não as subestime! Informe ao médico sobre qualquer alteração que você tenha
percebido ou que o idoso tenha relatado!
A Atenção Básica deve estar preparada para conduzir o diagnóstico e o tratamento destas
condições de saúde. 26
Os registros de controle da
pressão arterial e da glicemia podem ser
realizados nas páginas 28 e 32 da Caderneta.
54
Condições Frequentes
Além das Condições Sensíveis à Atenção Primária, na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa,
há um espaço reservado para relatar a presença de outras condições frequentes: depressão,
declínio cognitivo (demência), incontinência urinária, incontinência fecal e cirurgias realizadas.
Essas condições serão descritas abaixo. Veja a página 12 da Caderneta.
Depressão
Fique atento!
Os sintomas depressivos em idosos podem ser negligenciados ao serem associados com
sintomas de outras doenças ou como alterações próprias do processo de envelhecimento.53
Importante:
55
Declínio Cognitivo (Demência)
Fique atento!
Na fase inicial da demência, o idoso pode apresentar dificuldades para a realização das
AIVDs, como uso de aparelhos domésticos e gerenciamento financeiro.55
Os tipos de demências mais comuns são: Doença de Alzheimer, demência vascular, demência por
corpúsculo de Lewy e demência frontotemporal. Essas demências são doenças degenerativas,
progressivas e irreversíveis (Quadro 3). 56-60
56
Os registros de declínio
cognitivo (demência) podem ser
realizados na página 12 da Caderneta.
Você sabia?
Existem instrumentos de avaliação que podem ser utilizados para o rastreio cognitivo
e estão disponibilizados no Caderno de Atenção Básica nº 19.7
São eles:
Importante:
Respostas positivas podem indicar a presença de algum fator que esteja afetando a função
cognitiva do idoso.
57
Incontinência Urinária
Fique atento!
A incontinência urinária tem consequência para os idosos, seus familiares e cuidadores e
para o sistema de saúde, pois:
• aumenta a morbidade e reduz a autoestima;
• pode levar ao isolamento social e à depressão;
• sobrecarrega familiares e cuidadores;
• aumenta a possibilidade de institucionalização do idoso.71
Incontinência Fecal
Fique atento!
A incontinência fecal é um problema médico e social, sendo uma importante causa de
constrangimento social, de alto custo para o paciente e comunidade. Pode ser física e
psicologicamente incapacitante e causar isolamento progressivo e depressão.74, 76, 77
58
Importante:
Ao anotar sobre a presença dessas condições de saúde na Caderneta, registre:
• Ano de diagnóstico - ano em que o usuário recebeu o diagnóstico;
• Ano de internação - ano em que o usuário foi internado pela condição de saúde (caso houver).
Para manter o acompanhamento longitudinal das condições de saúde da pessoa idosa, é
importante repetir a avaliação anualmente.26
Cirurgias Realizadas
Dados Antropométricos
• Distúrbio nutricional: problemas decorrentes do consumo inadequado de alimentos,
seja por escassez ou por excesso. 79, 80
A avaliação antropométrica pode predizer doenças futuras, declínio funcional e mortalidade.26
Importante:
Os principais fatores de risco de desnutrição em idosos são: medicamentos, depressão, má
dentição, demência, doenças, dificuldade de deglutição, diminuição do paladar, diarreia e
disfunção cognitiva. 79
59
O Quadro 4 descreve os dados antropométricos que são coletados na Caderneta de Saúde da
Pessoa Idosa.
Medidas Definição
• O acompanhamento do peso da pessoa idosa permite determinar perda de peso recente ou crônica;
• O idoso deve ser pesado no centro da balança, descalço, com o mínimo de roupa possível;
• A perda de peso maior que 1% a 2% por semana, maior que 5% em um mês, superior a 7,5% em três meses ou acima
Peso / Controle de 10% em seis meses é considerada grave;80
de peso • O controle de perda de peso é mensurado pelo autorrelato de perda de peso não intencional de 4,5Kg ou 5% do peso
corporal no último ano. Essa variável é um componente para diagnóstico de fragilidade no idoso;12, 81
• A redução do peso com o envelhecimento tem como principais causas a perda de água corporal, a diminuição do
tecido muscular e alterações na quantidade e distribuição do tecido adiposo.6, 82
• Indica o tamanho corporal e o comprimento dos ossos;
• Para medi-la, o idoso deve ser posicionado em pé, descalço, distribuindo igualmente o peso do corpo entre os dois
pés e com o corpo erguido em extensão máxima;
• Idosos que utilizam cadeira de rodas, acamados, que não conseguem ficar em pé ou possuem grandes deformidades
Altura
na coluna vertebral, devem ser medidos pela altura do joelho;80, 83, 84
• Em geral, há uma diminuição da altura com o avançar da idade, em decorrência de achatamento das vértebras,
diminuição dos discos intervertebrais, arqueamento dos membros inferiores, achatamento do arco plantar, cifose/
escoliose.82
• Avalia a massa corporal em relação à altura;
• Devido às alterações de peso e altura que acontecem com o envelhecimento, o uso do IMC tem restrições no idoso,
por isso, deve ser utilizado juntamente com outras medidas antropométricas;80, 82
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016.
Você sabia?
60
Hábitos de Vida
Manter hábitos de vida saudáveis, como alimentação adequada, prática regular de atividade
física, cessação do tabagismo e não consumir bebidas alcóolicas em excesso, favorece o
envelhecimento com autonomia e independência, além de diminuir o risco de desenvolver
doenças e agravos não transmissíveis. 26, 93
• Oriente o idoso sobre os programas existentes na sua Unidade de Saúde que promovam
hábitos de vida saudáveis!
• Nas páginas 46 e 52 da Caderneta, você pode encontrar orientações sobre alimentação
saudável e atividade física.
Fique atento!
O idoso deve ser estimulado a participar de atividades que favoreçam a interação social,
como as socioculturais e educativas. 97
A participação do idoso em atividades sociais e de lazer é um fator protetor para depressão,
tristeza e isolamento, 98 sendo um componente importante da qualidade de vida.
61
Importante:
Na Caderneta, há três questões sobre interesse social e lazer:
• Você frequenta centros dia, clubes ou grupos de convivência?
• Você realiza algum trabalho voluntário?
• Você tem alguma atividade de lazer? 12
A nível individual, essas informações auxiliam na elaboração do Plano de Cuidado, para que
a equipe possa encaminhar o usuário para as atividades disponíveis.
A nível de serviço, permite à Unidade de Saúde planejar e organizar atividades que promovam
a interação social e o lazer das pessoas idosas, considerando as necessidades específicas
da população do seu território.
Identifique os recursos existentes na comunidade, para direcionar os usuários, conforme
seus interesses e disponibilidades. 26
Atividade Física
A atividade física é definida como ações voluntárias da musculatura, que geram gastos
calóricos maiores do que quando o organismo está em repouso.99
Exercícios físicos são atividades físicas planejadas, sistemáticas e que promovem ou
mantém o condicionamento físico. 99
A prática regular de atividade física tem como objetivo melhorar a capacidade funcional da
pessoa idosa. 100
Algumas orientações são essenciais para a realização de atividade física:
• somente realizar exercícios quando houver bem-estar físico;
• utilizar roupas e sapatos adequados;
• evitar o consumo de tabaco e de sedativos;
• alimentar-se até duas horas antes;
• respeitar seus limites e informar qualquer sintoma;
• ajustar os exercícios à temperatura ambiental;
• iniciar a atividade de forma lenta e gradativa, para adaptação;
• diminuir o ritmo quando a atividade for mais intensa;
• ingerir líquido durante e após a realização do exercício.100
Fique atento!
Antes de realizar atividade física, o idoso deve ser avaliado por um médico, que irá observar os
seguintes fatores: história e exame clínico, fatores de risco cardiovasculares, acuidade auditiva
e visual, funções cognitivas, aptidão física, capacidade funcional e estado emocional.100
62
Importante:
Na Caderneta, há duas questões sobre atividade física:
• Você pratica algum tipo de atividade física como caminhadas, natação, dança, ginástica, etc, pelo
menos três vezes por semana?
• Você gostaria de começar algum programa de atividade física?12
A nível individual, essa informação auxilia na elaboração do Plano de Cuidado, para que a
equipe possa estimular o usuário a praticar atividades físicas orientadas;
A nível de serviço, permite à Unidade de Saúde planejar e organizar atividades físicas para
as pessoas idosas do seu território.
Para viabilizar a prática de atividades físicas, é possível estabelecer parcerias locais com
outros serviços comunitários, sempre com a orientação de um profissional de saúde.
Alimentação
Fique atento!
A ingestão regular de alimentos naturais ou minimamente processados e preparados com
pequenas quantidades de óleos, gorduras, sal e açúcares deve ser recomendada aos idosos.
Por outro lado, o consumo de alimentos processados e ultraprocessados deve ser evitado.102
63
Tabagismo
Fique atento!
Os idosos podem perder a motivação para a cessação do tabagismo, pois os benefícios
dessa interrupção são menos perceptíveis nessa população.102
Procure conhecer os programas do Ministério da Saúde para cessação do tabagismo, como
o Programa Nacional de Controle do Tabagismo.
Álcool
O alcoolismo é causado pelo consumo de álcool que resulta em um ou mais eventos clínicos
de grave dano à saúde, dependência, estado de privação ou psicopatológicos.105
Fique atento!
O uso abusivo de álcool é pouco diagnosticado e tratado em idosos.105
Procure conhecer os programas do Ministério da Saúde sobre uso de álcool e/ou outras
drogas.
64
Lembre-se...
Saiba mais...
Ao longo deste módulo, nós vimos os conceitos delírio e delirium. Você sabe a diferença
entre eles?
Considerações Finais
• A avaliação multidimensional é um recurso essencial para o planejamento da atenção ao idoso, a
adequação do cuidado às suas necessidades e o acompanhamento longitudinal dessa população;
• Fatores como: uso de medicamentos, presença de doenças, histórico, estado nutricional e
hábitos de vida devem ser investigados e criteriosamente avaliados;
• Os dados coletados na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa permitem a prevenção de danos
à saúde, retardando a progressão de doenças e a dependência e possibilitam a manutenção
da autonomia da pessoa idosa;
• Os profissionais devem estar atentos aos sinais, sintomas e manifestações atípicas dos agravos
à saúde nos idosos.
65
Para refletir...
• Com base na sua experiência profissional, quais os desafios para a realização da avaliação
multidimensional da pessoa idosa?
• Na sua prática profissional, quais os fatores mais comuns que levam ao agravamento da
condição de saúde dos idosos?
• Qual o seu papel como profissional no desenvolvimento de estratégias para estimular a
adoção de hábitos de vida saudáveis pelos idosos?
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u r l T i t l e = n o t a - t e c n i c a - e x c e s s o - d e - v i t a m i n a s & r e d i r e c t = h t t p % 3 A % 2 F % 2 F n o v o p o r t a l . a n v i s a . g o v.
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103. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para
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Brasília: Ministério da Saúde; 2015.
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106. Barbosa MT, Machado JCB, Vieira MC. Outras causas de demências/demências potencialmente reversíveis. In:
Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML, organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3ª ed.
Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2013. p.238-50.
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108. Lôbo RR, Silva Filho SRB, Lima NKC, Ferriolli E, Moriguti JC. Delirium. Medicina (Ribeirão Preto). 2010;43(3):
249-57.
70
Módulo 3
Identificação da
Pessoa Idosa Vulnerável
Introdução
Este módulo tem como foco os aspectos relacionados à vulnerabilidade física da pessoa
idosa, a qual considera a possibilidade da exposição das pessoas a situações ou condições
que podem levar ao adoecimento.
Importante:
72
Você sabia?
Importante:
• Fatores como: idade, autoavaliação de saúde ruim, limitação física e incapacidade funcional
estão associados ao aumento da vulnerabilidade, declínio funcional e morte, em idosos;
• Os idosos classificados como vulneráveis apresentam risco 4,2 vezes maior de declínio
funcional e morte em dois anos, quando comparados aos não vulneráveis;6, 7
• O reconhecimento da dependência funcional e/ou da fragilidade não é feito rotineiramente
por grande parte dos profissionais de saúde e, muitas vezes, tais alterações são atribuídas
ao processo normal do envelhecimento. A identificação do idoso vulnerável deve ser um
processo pro ativo, ou seja, não se deve esperar a pessoa idosa desenvolver a dependência
funcional para reconhecê-la como frágil.
73
Você sabia?
O VES-13 foi desenvolvido nos Estados Unidos, em 2001, com o objetivo de rastrear
idosos na comunidade com risco de diminuição da saúde.4
No Quadro 1 você poderá identificar os itens que compõem o VES-13 e a pontuação atribuída
a eles.
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016, com base em: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria
de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. 3ª ed. Brasília:
Ministério da Saúde; 2014.
74
Lembre-se...
Você encontra o
VES-13 na página 18
da Caderneta.
Capacidade Funcional
A OMS (2015) definiu capacidade funcional como os atributos relacionados com a saúde
que permitem a uma pessoa ser e fazer o que é importante para ela.8
Assim, a capacidade funcional consiste na capacidade intrínseca da pessoa, nas características
do ambiente e na interação entre esses fatores.8
Capacidade intrínseca refere-se a todas as capacidades físicas e mentais que um indivíduo
pode apoiar-se durante o seu curso de vida.8
Você sabia?
75
A interação do indivíduo com o ambiente está relacionada com as atividades de vida diária (AVDs)
básicas e instrumentais: 9,10
• Atividades básicas de vida diária (ABVDs) - são aquelas relacionadas ao autocuidado, como
banho, alimentação, troca de roupa, mobilidade;
• Atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) - favorecem a vida independente e ativa na
comunidade, como arrumar a casa, usar o telefone, fazer compras, preparar refeições,
administrar as finanças, gerenciar o uso de medicamentos.
Importante:
Nessa direção, é necessário, para a sua prática profissional, conhecer as principais terminologias
relacionadas ao conceito de capacidade funcional (Quadro 2).
Você sabia?
Importante:
76
Lembre-se...
Fragilidade
De acordo com Fried et al. (2001), a fragilidade é uma síndrome geriátrica multidimensional,
compreendida como um processo fisiopatológico resultante de alterações de múltiplos
sistemas que afetam o equilíbrio das funções corporais.
23-25
Ela ocasiona condições de maior vulnerabilidade e impactos clínicos que levam a quedas,
doenças crônicas, declínio funcional, incapacidade, hospitalização, institucionalização e morte.25, 26
O fenótipo da fragilidade é constituído por cinco critérios, sendo que a existência de um ou dois
constitui a condição pré-frágil e a presença de três ou mais caracteriza fragilidade (Figura 1).23
Fenótipo da fragilidade
Classificação Critério
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016, com base em: Fried LP et al. Frailty in older adults: evidence
for a phenotype. J Geront. 2001;56(3):146-56.
77
A síndrome da fragilidade envolve um ciclo composto pelo decréscimo de energia dos sistemas
corporais e progressão das manifestações clínicas.23
Lembre-se...
• Idade ≥ 80 anos;
• Sexo masculino;
• Baixa atividade física;
• Existência de múltiplas doenças;
• Déficits sensoriais;
• Circunferência da panturrilha menor que 31 cm;
• Dependência nas AIVDs;
• Alterações na marcha e no equilíbrio;
• Autoavaliação de saúde ruim.
• Risco: menor
habilidade de resposta
aos estressores.
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016, com base em: Fried LP et al. Frailty in older adults:
evidence for a phenotype. J Geront. 2001;56(3):146-56; Daurte YAO, Lebrão ML. Fragilidade e envelhecimento. In: Freitas EV, Py L,
Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML, organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan;
2013. p.1285-98.
78
Na identificação da fragilidade deve-se atentar, além dos fatores funcionais, para aspectos
como: cognição, humor, comunicação, presença de comorbidades, medicamentos inadequados,
polifarmácia, cirurgias, hospitalização recente, idade avançada e insuficiência familiar. 22, 28
Quando algum desses fatores é identificado, é fundamental realizar a avaliação multidimensional
da pessoa idosa, considerando que o reconhecimento dos idosos frágeis é essencial para o
planejamento das ações em saúde. 22
Nesse contexto, outro conceito de fragilidade, proposto por Moraes (2016), é a fragilidade
multidimensional. 29
A partir dessa definição, o autor apresentou a classificação clínico-funcional da pessoa idosa (Figura 3).29
Em risco de
Robusto Frágil
fragilização
Com declínio
De alta Em fase final
funcional
complexidade de vida
estabelecido
Possui
independência e Possui Possui Possui alto nível
Possui autonomia, com dependência dependência de dependência
independência e limitações para realizar as para realizar as para realizar
funcionais ou AVDs, mas com AVDs e condições as AVDs e
autonomia
doenças crônicas quadro clínico de saúde de difícil baixa estimativa
que podem levar a estável manejo clínico de sobrevida
desfechos adversos
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016, com base em: Moraes EN, Moraes FL. Avaliação
multidimensional do idoso. Belo Horizonte: Folium; 2016.
Importante:
O idoso frágil tem maior vulnerabilidade a reações adversas, medicamentos, procedimentos
médicos invasivos e hospitalização. 30 Fique atento!
79
Além dos conceitos já apresentados, destaca-se que existem outras definições de fragilidade e
possibilidades de estratificação do idoso por esse critério. Por exemplo, a Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) apresenta as seguintes classificações:31
• Idoso Independente: é aquele que tem sua capacidade funcional preservada, que é capaz de
realizar sem dificuldades e sem ajuda as atividades de vida diária, como alimentar-se, vestir-
se, fazer sua higiene.
• Idoso com potencial para desenvolver fragilidade: é independente, mas apresenta algumas
dificuldades na realização de atividades instrumentais da vida diária. Esse grupo necessita de
um acompanhamento mais frequente das equipes de saúde.
• Idoso frágil:
• Idosos que apresentam doenças causadoras de incapacidade (acidente vascular encefálico,
síndromes demenciais e outras doenças neurodegenerativas, etilismo, neoplasia terminal,
amputações de membros);
• Idosos com pelo menos uma incapacidade funcional básica;
• Idosos que vivem em Instituições de Longa Permanência (ILPs);
• Idosos acamados;
• Idosos que estiveram hospitalizados recentemente, por qualquer razão;
• Idosos que vivem em situação de violência doméstica;
• Idosos com mais de 75 anos, independentemente da sua capacidade funcional; também
são considerados em situação de fragilidade.
Importante:
Fique atento a outras condições locais, não descritas, mas que também possam indicar
situação de fragilidade.
Esses critérios podem ser identificados durante as visitas domiciliares e nas avaliações propostas na
3ª Edição da Caderneta da Saúde da Pessoa Idosa.
Lembre-se...
80
Síndromes Geriátricas
São prevalentes em idosos, especialmente naqueles frágeis, e têm grande impacto na dependência
e qualidade de vida. 33, 34
Síndromes Geriátricas
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016.
81
Importante:
Nos idosos com vários agravos crônicos de saúde e necessidades de cuidado complexas,
é comum que as abordagens sejam fragmentadas e incompletas. Fique atento!32
Considerações Finais
• Alterações na funcionalidade afetam o autocuidado, a participação social e o desempenho de
papéis sociais da pessoa idosa, podendo levar ao risco de vulnerabilidade e fragilidade;
• A identificação dos idosos vulneráveis e frágeis deve ser realizada precocemente, antes do
surgimento dos desfechos adversos;
• A avaliação dessa população deve incluir familiares, cuidadores e a equipe de saúde para
possibilitar a realização de intervenções adequadas em tempo hábil.
Para refletir...
Como profissional de saúde, quais as estratégias que você pode utilizar para reconhecer
a fragilidade no idoso e realizar intervenções que possam maximizar sua independência e
autonomia e minimizar os desfechos adversos?
82
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análise crítica da literatura. Ver Bras Enferm. 2015;68(6):1176-85.
84
Módulo 4
Este módulo apresenta temas importantes no cuidado à pessoa idosa, com o intuito de
contribuir com a melhor atenção à saúde dessa população no contexto da Atenção Básica.
Nessa direção, serão destacados assuntos que, muitas vezes, são negligenciados ou
abordados de maneira inadequada pelos profissionais de saúde e familiares.
86
Fique atento!
• Muitas vezes, os idosos preferem alterar sua rotina, por exemplo, diminuir a frequência do
banho, fazer lanches em vez de refeições, restringir-se a determinado cômodo, do que
modificar o ambiente. 2
• A maioria das quedas ocorre no domicílio ou próximo a ele. Oriente o idoso quanto aos
riscos para quedas existentes em sua casa, como: escadas, degraus, corrimãos, má
iluminação, tapetes ou pisos escorregadios.10
• O uso de roupas muito compridas ou calçados inadequados, como chinelos, sapatos
desamarrados ou com solado escorregadio, pode favorecer a ocorrência de queda.11
Você sabia?
O ambiente deve ser seguro e amigável aos idosos, ou seja, ajustado às suas limitações
e preferências, permitindo o senso de controle, autoeficácia e pertencimento. Ambientes
amigáveis favorecem a independência, diminuem a apatia, o desinteresse, a ansiedade, a
tristeza, a solidão e as queixas de saúde, como fadiga e dor. 9
Importante:
• Verifique a segurança do ambiente domiciliar do idoso e identifique possíveis riscos.
• Oriente acerca das modificações necessárias para proporcionar maior segurança.11
Aproveite a visita domiciliar para fazer essa avaliação!
Na página 23 da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, você pode identificar e listar os
fatores protetores para quedas existentes ou não no domicílio da pessoa idosa, quanto a:
• Área de locomoção;
• Iluminação;
• Banheiro;
• Cozinha e quarto;
• Escada. 11
Lembre-se...
87
Oriente o idoso sobre
prevenção de quedas.
Informações nas páginas
50 e 51 da Caderneta.
A dor crônica está relacionada a condições crônicas de saúde e, muitas vezes, é a principal
queixa desses quadros. 14
• As dores mais comuns em idosos são: musculoesqueléticas, neuropáticas e oncológicas;
• Os locais mais frequentes são: região dorsal, membros inferiores e/ou superiores;14
• Fatores relacionados com a dor incluem: maior limitação nas atividades de vida diária,
redução da mobilidade, depressão, ansiedade, isolamento social, problemas com o sono,
prejuízo na autoavaliação de saúde, sexualidade, problemas financeiros e mudanças na
situação conjugal. 14-16
A avaliação da dor deve incluir os impactos físicos e psicossociais para o idoso. O tratamento
contempla abordagens farmacológicas e não farmacológicas.13
Você sabia?
O desconhecimento das condições clínicas que mais causam dor em idosos leva ao
subdiagnóstico e ao tratamento inadequado.13
Fique atento!
Condições como depressão, demência ou sequela de acidente vascular cerebral dificultam
a expressão e a comunicação da dor. 13
No idoso, a tolerância à dor e aos mecanismos de supressão da dor estão diminuídos.11, 13
88
Você sabia?
Vacinação
Os idosos têm risco acentuado de adquirir doenças infecciosas, em comparação aos adultos
jovens, o que pode levar ao aumento do número de hospitalizações, da morbidade e da
mortalidade. 17
• A vacinação no idoso protege contra doenças infecciosas e previne descompensações de
doenças crônicas.
18
Outras vacinas também são importantes, como hepatite B, herpes-zoster e vírus H1N1.
Imunizações para sarampo, caxumba, rubéola, varicela e febre amarela podem ser indicadas
pelo médico. 18, 19
Fique atento!
Anualmente, o Ministério da Saúde (MS) divulga o calendário de vacinação para a população idosa.
Não se esqueça de verificar a situação vacinal dos idosos do seu território e encaminhá-los
para a Unidade de Saúde para atualização das vacinas.16
89
Você sabia?
Saúde Bucal
Lembre-se...
Oriente o idoso a:
• Visitar regularmente os serviços odontológicos.24
• Realizar a higiene bucal após as refeições e uso de medicamentos,
independentemente de possuir ou não dentes e próteses.22
• Observar se há lesões na gengiva, bochechas, lábios e embaixo
da língua, prevenindo o câncer de boca.22
90
Você sabia?
Importante:
A avaliação da saúde bucal descrita na página 34 da Caderneta de Saúde da Pessoa
Idosa possibilita o acompanhamento longitudinal de todos os aspectos da saúde do idoso,
favorecendo o planejamento de ações clínicas individuais ou coletivas.11
91
Sexualidade
Envelhecer não significa tornar-se assexuado, pois a sexualidade existe na velhice, como
em qualquer outra fase da vida. 25, 27
• A sexualidade na velhice vai além das questões biológicas e inclui fatores psicológicos
e sociais, porque mesmo com as alterações biológicas do envelhecimento, o indivíduo
mantém sua capacidade de sonhar e de desejar;25
• O sexo e o amor na velhice, muitas vezes, manifestam-se como ternura, carinho, valorização
de pequenos gestos e contatos físicos, como toque, olhar e voz.25
Problemas como diabetes, hipertensão, artrite, fadiga, medo de infarto, sintomas depressivos,
efeitos adversos de medicamentos, uso de álcool, mudanças nos papéis sociais e dificuldades
conjugais podem afetar o desempenho e o interesse sexual ou levar a distúrbios sexuais.10, 27, 28
Fique atento!
A prática sexual na velhice, muitas vezes, é ignorada pelos profissionais de saúde, dificultando
a prevenção e o tratamento de problemas como disfunção erétil, vaginismo, dispareunia,
Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, bem como a orientação quanto ao uso
de preservativos, lubrificantes e medicamentos que podem interferir na sexualidade.27
Lembre-se...
92
Direitos das Pessoas Idosas
Os direitos das pessoas idosas são assegurados pela legislação brasileira, representados,
principalmente, pelas seguintes leis e portaria:
• Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/1994): visa a garantir os direitos sociais dos idosos
e a criação de condições para a promoção da autonomia, integração e participação;29
• Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003): descreve os direitos relacionados a: saúde, vida,
alimentação, educação, cultura, esporte, lazer, trabalho, cidadania, liberdade, dignidade,
respeito, convivência familiar e comunitária;30
• Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria 2.528/2006): objetiva a atenção
integral ao idoso por meio das seguintes diretrizes:31
➙ Promoção do envelhecimento ativo e saudável;
➙ Atenção integrada e ações intersetoriais;
➙ Qualidade da atenção à saúde;
➙ Participação e controle social;
➙ Formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS e apoio ao
desenvolvimento de estudos e pesquisas;
➙ Cooperação nacional e internacional das experiências na atenção ao idoso.
Você sabia?
No ano de 2006, a Política Nacional de Atenção Básica definiu a saúde da pessoa idosa
como uma das estratégias para a operacionalização da Atenção Básica.32
93
Violência e Maus-Tratos
A violência é qualquer ato ou omissão que acarreta danos ou sofrimentos físico, psicológico
ou morte. É um problema de saúde pública mundial crescente, que afeta pessoas de
diferentes faixas etárias. 30, 33
• De acordo com a Política Nacional do Idoso e o Estatuto l do Idoso, os maus-tratos a esse
grupo etário são uma violação aos seus direitos;29, 30, 34
• As consequências visíveis da violência aos idosos são as lesões e a morte; as invisíveis
incluem sofrimento, depressão, desesperança e medo.33, 34
Os tipos mais frequentes de violência ao idoso são: física, psicológica, financeira e negligência.33, 35
• Física: mais comum no ambiente familiar, seguido pelas ruas e instituições (de saúde,
assistência social ou longa permanência), pode ser identificada como lesões causadas
por beliscões, empurrões ou objetos;34
• Psicológica: ocasionada por palavras ou ações de desprezo e discriminação, levando a
sentimentos de tristeza, depressão, isolamento e solidão;34
• Financeira: é expressa, muitas vezes, pela exigência, por parte de familiares ou instituições,
da posse do cartão de recebimento de benefício da pessoa idosa e empréstimos bancários
realizados em nome do idoso; 36
• Negligência: menosprezo e abandono, identificados no domicílio ou em instituições, por
meio de instalações inadequadas, isolamento social, falta de acesso aos serviços e aos
cuidados necessários. 34
Você sabia?
Fique atento!
A identificação da violência contra a pessoa idosa, muitas vezes é negligenciada pelos
serviços de saúde.
Comunique a sua equipe quando desconfiar de situações de violência aos idosos do seu
território!
Situações de violência podem ser denunciadas pelo Disque 100, da Secretaria Especial de
Direitos Humanos.
O artigo 19 do Estatuto do Idoso prevê a notificação obrigatória de casos de suspeita ou
confirmação de violência contra o idoso em um dos seguintes órgãos: Delegacia de Polícia,
Ministério Público, Conselho Municipal, Estadual ou Nacional do Idoso.30
A Portaria nº 204/2016 estabelece que a violência contra pessoas idosas é de notificação
compulsória. Assim, casos confirmados ou suspeitos de violência devem ser notificados
pelos serviços de saúde e a Ficha de Notificação de Agravos deve ser preenchida.37
94
Considerações Finais
• Os temas apresentados neste módulo são importantes para viabilizar a avaliação multidimensional
da pessoa idosa e auxiliar na identificação da vulnerabilidade e fragilidade;
• Muitos desses temas são negligenciados pelos profissionais de saúde e familiares ou são
abordados de forma inadequada, comprometendo a qualidade do cuidado ao idoso.
Para refletir...
• Qual deve ser a sua postura como profissional de saúde para evitar que os temas discutidos
neste módulo sejam negligenciados no cuidado ao idoso?
• Quais estratégias você pode utilizar para estimular o conhecimento dos direitos e participação
social dos idosos do seu território?
95
Referências
1. Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT. NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços
e equipamentos urbanos. ABNT; 2015. Disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/
files/arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_164.pdf [Acesso em 07 jul. 2016].
2. Perracini MR. Planejamento e adaptação do ambiente para pessoas idosas. In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX,
Doll J, Gorzoni ML, organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan;
2013. p.1311-23.
3. Jahana KO, Diogo MJD. Quedas em idosos: principais causas e consequências. Saude Colet. 2007;4(17):148-53.
4. Paixão Júnior CM, Heckman MF. Distúrbios da postura, marcha e quedas. In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll
J, Gorzoni ML, organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan;
2013. p.1062-74.
5. Lopes MCL, Violin MR, Lavagnoli AP, Marcon SS. Fatores desencadeantes de queda no domicílio em uma
comunidade de idosos. Cogitare Enferm. 2007;4(12):472-6.
6. Cruz HMF, Pimenta CAM, Dellarozza MS, Braga PE, Lebrão ML, Duarte YAO. Quedas em idosos com dor crônica:
prevalência e fatores associados. Rev Dor. 2011;12(2):108-14.
7. Gonçalves LGS. Prevalência de quedas em idosos asilados do município de Rio Grande, RS. Rev Saude Publ.
2008;42(5):938-45.
8. Ribeiro AP, Souza ER, Atie S, Souza AC, Schilithz AO. A influência das quedas na qualidade de vida de idosos.
Cienc Saude Colet. 2008;13(4):1265-73.
9. Prado ARA,Perracini MR. A construção de ambientes favoráveis aos idosos. In: Neri AL, organizadora. Qualidade
de vida na velhice: enfoque multidisciplinar. Campinas: Alínea; 2007. p.221-9.
10. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento
e saúde da pessoa idosa. Série A, Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica n°19. Brasília:
Ministério da Saúde; 2006.
11. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.
Manual para utilização da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2016. Disponível em:
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/maio/02/2015-105-Miolo-Manual-Normalizado-2.pdf [Acesso
em 18 abr. 2016].
12. Merskey H, Bogduk N, editors. Classification of chronic pain. 2nd ed. Seatle: IASP Press; 1994.
13. Chiba T, Ashmawi H. Diagnóstico e tratamento da dor. In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML,
organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2013. p.1214-25.
14. Dellaroza MSG, Pimenta CAM , Duarte YA, Lebrão ML. Dor crônica em idosos residentes em São Paulo, Brasil:
prevalência, características e associação com capacidade funcional e mobilidade (Estudo SABE). Cad Saude
Publ. 2013;29(2):325-34.
96
15. Cunha LL, Mayrink WC. Influência da dor crônica na qualidade de vida em idosos. Rev Dor. 2011;12(2):120-4.
16. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
17. Nikolaus T, Baethe M. Influenza, pneumococci, tetanus: the most important vaccinations in old age. MMW Fortschr
Med. 2001;15;143(46):39-41.
18. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, SBGG. Sociedade Brasileira de Imunizações, SBIm. Guia de
vacinação geriatria 2013/14. Disponível em: http://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2014/10/guia-de-vacinas.pdf
[Acesso em 25 jul. 2016].
19. Toniolo Neto J, Flora R, Kairalla MC. Vacinas. In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML, organizadores.
Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2013. p.904-17.
20. Narvai PC. Saúde bucal e incapacidade bucal. Jornal do site odonto. 2001;(45). Disponível em: http://www.
jornaldosite.com.br/arquivo/anteriores/capel/artcapel10.htm [Acesso em 26 jul. 2016].
21. Moreira RS, Hugo FN, Hilgert JB, Harmitt DDS, Sousa MLR. Saúde bucal dos idosos. In: Freitas EV, Py L, Cançado
FAX, Doll J, Gorzoni ML, organizadores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-
Koogan; 2013. p.1392-403.
22. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde. Guia prático do cuidador. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.
23. Medeiros WR. Edentulismo funcional e seus fatores de risco em adultos [dissertação]. Natal: Centro de Ciências
da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2007.
24. Tinos AMFG, Peres SHCS, Rodrigues LCR. Acesso da população idosa aos serviços de saúde bucal: uma revisão.
RFO UPF. 2013;18(3):351-60.
25. Santos SS. Sexualidade e velhice. In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorzoni ML, organizadores. Tratado
de Geriatria e Gerontologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2013. p.1542-6.
26. Moura I, Leite MT, Hildebrandt LM. Idosos e sua percepção acerca da sexualidade na velhice. RBCEH. 2008;5(2):
132-40.
27. Gradim CVC, Sousa AMA, Lobo JM. A prática sexual e o envelhecimento. Cogitare Enferm. 2007;12(2):204-13.
28. Lopes G, Cabral R. Sinais e sintomas em transtornos sexuais. In: Guimarães RM, Cunha UGV. Sinais e sintomas
em geriatria. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2004. p.229-35.
29. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Lei nº 8.842, de janeiro de 1994. Dispõe sobre
a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. In: Brasil. Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional do Idoso. Brasília; 1994.
30. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estatuto do Idoso. 3ª ed. Brasília: Ministério da
Saúde; 2013.
31. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas.
Área Técnica Saúde do Idoso. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde
da Pessoa Idosa. In: Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília; 2006.
32. Brasil. Gabinete do Ministro. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM nº 648 de 29 de março de 2006. Estabelece
a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para o Programa de Saúde da Família
(PSF) e para o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
33. Organización Panamericana de la Salud, Organización Mundial de la Salud. Informe mundial sobre la violencia y
la salud. Washington DC: WHO; 2003.
34. Brasil. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Brasil: manual de enfrentamento à violência
contra a pessoa idosa. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2014.
35. World Health Organization, WHO. Elder abuse. Genebra: WHO; 2015. Avaiable from: http://www.who.int/
mediacentre/factsheets/fs357/en/ [Cited 2016 apr. 20].
36. Quintans JR. Percepção de idosos atendidos em uma unidade de Estratégia Saúde da Família: abordagem
etnográfica [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2016.
37. Brasil. Gabinete do Ministro. Ministério da Saúde. Portaria nº 204 de 17 de fevereiro de 2016. Define a Lista Nacional
de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos
e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Brasília: Ministério da
Saúde; 2016.
97
Módulo 5
Aplicação da Caderneta de
Saúde da Pessoa Idosa
Introdução
Este módulo tem como foco a aplicação prática da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa para
um acompanhamento longitudinal adequado das condições de saúde, sociais e familiares
da pessoa idosa.
• Plano de cuidado ao idoso;
• Aplicação prática da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa;
• Dificuldades e facilidades da equipe quanto ao preenchimento da Caderneta de Saúde da
Pessoa Idosa;
• Acompanhamento longitudinal da pessoa idosa por meio da Caderneta de Saúde da Pessoa
Idosa.
A elaboração do plano de cuidado pode ser voltada para o indivíduo ou para o coletivo.
O Plano de Cuidado Individual ou Plano Terapêutico Singular (PTS) é elaborado nas reuniões
de equipes, principalmente para a pessoa idosa que apresenta maiores riscos ou necessidades
de saúde mais complexas. 6
100
• Para os idosos independentes e autônomos, o objetivo principal do plano de cuidados é
manter sua capacidade funcional por meio de atividades de promoção da saúde e prevenção
de agravos;
• Para idosos com alguma limitação funcional ou em risco de fragilização, o objetivo do PTS
deve estar focado na promoção e recuperação da sua capacidade funcional, evitando que se
transforme em um idoso frágil;
• No caso dos idosos frágeis ou dependentes, o PTS também deve estar focado na recuperação
da sua capacidade funcional de acordo com suas possibilidades, envolvendo atividades de
reabilitação; cuidados paliativos, entre outros, conforme a necessidade de cada idoso;
• O profissional responsável pela gestão do PTS é aquele que possui maior vínculo com o
paciente;
• O PTS deve ser elaborado de forma compartilhada com o idoso, seus familiares/cuidadores
e a equipe da Unidade de Saúde;
• Os serviços de apoio existentes na comunidade devem ser avaliados para integrarem o PTS;
• A equipe deve trabalhar de forma integrada e as ações devem ter uma abordagem interdisciplinar.
Para isso, é essencial que a equipe desenvolva uma boa comunicação entre seus membros,
possibilitando o desenvolvimento de uma avaliação/intervenção composta pelos saberes de
diferentes profissionais;
• A pessoa idosa e seus familiares/cuidadores devem compreender as suas responsabilidades
na implantação do plano, como atores ativos no processo de cuidado.
Importante:
A elaboração do plano de cuidado requer avaliação multidimensional da pessoa idosa.5
Assim, os temas aprendidos nos módulos 2, 3 e 4 deste curso deverão ser investigados.
101
O Plano de Cuidado Coletivo é uma ferramenta para estruturar as ações da Atenção Básica
na comunidade.
• Esse plano deve ser elaborado em conjunto por toda a equipe da Unidade de Saúde/Estratégia
Saúde da Família e usuários;
• O Plano de Cuidado Coletivo deve ser desenvolvido com base em uma avaliação que envolve
o diagnóstico das necessidades de saúde dos usuários idosos do território de abrangência;
• O planejamento das intervenções deve considerar os recursos existentes na Unidade de
Saúde e na comunidade, a partir do estabelecimento de metas de curto, médio e longo prazos
e o desenvolvimento de ações de promoção da saúde e prevenção de agravos;
• A implementação das ações é a fase de execução do planejamento, que deve considerar
as preferências do coletivo, mas sem deixar de ter um olhar individualizado para cada usuário
envolvido;
• É importante realizar um monitoramento contínuo dessas intervenções para readequá-las,
quando necessário, e avaliar os resultados por meio de indicadores e satisfação dos usuários.
Importante:
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa pode ser um instrumento de identificação das
necessidades coletivas. Nesse sentido, as informações sintetizadas na ficha espelho podem
ser utilizadas para preparar o diagnóstico da realidade do território e, assim, apoiar o
desenvolvimento do Plano de Cuidado Coletivo.
A Figura 1 ilustra o uso da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa como uma ferramenta para a
elaboração do plano de cuidado.
102
Figura 1. Uso da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa como uma ferramenta para a elaboração
do plano de cuidado.
Possibilita
Permite
Colabora
Qualificação da atenção
ao idoso
Fonte: Elaborado pela equipe executora: Fratezi FR, Quintans JR, 2016.
Lembre-se...
103
Considerações Finais
• Diante do cenário do envelhecimento populacional e da heterogeneidade das necessidades
dos idosos, são necessários ferramentas e instrumentos que possibilitem um cuidado integral,
integrado e continuado;
• Nesse sentido, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa permite o acompanhamento longitudinal
de idosos, disponibilizando, aos profissionais de saúde, informações sobre importantes aspectos
do cuidado;
• A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é um recurso para direcionar os profissionais de saúde
no planejamento e no monitoramento das ações voltadas ao idoso, possibilitando, assim, o
desenvolvimento de um plano de cuidado adequado.
Para refletir...
• Com base nos temas que você aprendeu durante o curso, qual aspecto do cuidado ao
idoso considera mais difícil abordar? Por quê?
• Quais estratégias você poderia utilizar para abordar esse aspecto?
• Como a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa pode auxiliá-lo nesse sentido?
104
Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática.
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. 3 ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
2. Brasil. Portal da Saúde. Disponível em <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/
secretarias/sas/daet/saude-da-pessoa-idosa> [Acesso em 28 out. 2015].
3. Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Conass. Disponível em: <http://www.conass.org.br/index.
php?option=com_content&view=article&id=4246:ministerio-da-saude-lanca-3o-edicao-da-caderneta-de-saude-
da-pessoa-idosa&catid=3:noticias&Itemid=12> [Acesso em 16 abr. 2016].
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional
de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.
5. Moraes EN. Atenção à saúde do idoso: aspectos conceituais. Brasília: Organização Pan-Americana de
Saúde; 2012.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento
e saúde da pessoa idosa. Série A, Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica n° 19. Brasília:
Ministério da Saúde; 2006.
7. Carmo JA. Proposta de um índice de vulnerabilidade clínico-funcional para a Atenção Básica: um estudo comparativo com
a avaliação multidimensional do idoso [dissertação]. Belo Horizonte: Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas
Gerais; 2014.
105
Lista de Siglas e Abreviações
EA Envelhecimento Ativo
MS Ministério da Saúde
VES-13
Vulnerable Elders Survey (Protocolo de Identificação da Pessoa Idosa Vulnerável)
106
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional
do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS)
Ministério da Saúde
2017
Rua Abrão Dib, 4
CEP 04004-060 - Paraíso
São Paulo - SP
Tel +55(11) 3053-6611 - Ramal 3575
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