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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES

JOÃO VITOR ARAUJO FLORÊNCIO


KEVIN LUVISON
ROQUE DE SOUZA TEIXEIRA
YGOR CHAGAS DE VASCONCELOS

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ESPORTE E LAZER DOS


IDOSOS NA CIDADE DE SANTOS

Santos - SP
2018
UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES

JOÃO VITOR ARAUJO FLORÊNCIO


KEVIN LUVISON
ROQUE DE SOUZA TEIXEIRA
YGOR CHAGAS DE VASCONCELOS

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ESPORTE E LAZER DOS


IDOSOS NA CIDADE DE SANTOS

Trabalho de conclusão de curso apresen- tado


à Faculdade de Educação Física e Esportes
da Universidade Santa Cecília para obtenção
do título de Bacharel em Educação Física.
Orientação: Professor Ms. Marco Antônio
Ferreira Alves

Santos - SP
2018
Dedico à minha esposa Valdeci, minha filha Natália e meus pais Roque e Pedrina,
que sempre me apoiaram e auxiliaram, cada um do seu jeito, para a conclusão desse
importante ciclo em minha vida.
Dedicamos este trabalho de conclusão de curso às nossas famílias, professores,
amigos e todas as pessoas que direta ou indiretamente participaram da nossa formação
pessoal e acadêmica.
Agradecimentos

Agradeço à Deus por toda a capacidade que me dá, e também à minha família
por todo o suporte que sempre me deu, aos professores pelos ensinamentos e também à
Universidade Santa Cecília pela ótima estrutura que nos foi dada.
Agradeço à Deus, primeiramente, que me deu força para concluir esta etapa da
minha vida. Gostaria de agradecer às seguintes pessoas: minha família, minha mãe, meu
pai, meus irmãos. À todos os amigos que direta ou indiretamente participaram da minha
formação, o meu eterno agradecimento.
Agradeço à Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades, e
também permitir que eu tivesse uma segunda chance para realizar meu sonho de obter a
graduação em Educação Física. Também a Universidade Santa Cecília e ao ProUni que
permitiram meu retorno à faculdade.
Agradeço à minha família, minha namorada, amigos, professores, orientadores e
todos aqueles que me ajudaram a concluir a minha monografia. Sou grato à todos que
tiveram paciência nos momentos de tensão e empenho. Obrigado por fazerem parte da
minha vida.
Agradecemos ao nosso orientador Professor Ms. Marco Antônio Ferreira Alves pela
atenção e gentileza com que nos transmitiu seu conhecimento e ao Professor Ms. Marcos
Rafael Lozano por toda a ajuda para concluirmos nosso trabalho.
Para ganhar conhecimento, adicione coisas
todos os dias.
Para ganhar sabedoria, elimine coisas todos os
dias.
(Lao Tsé)
Resumo

O aumento da população idosa é inexorável e acontece em um ritmo cada vez


maior. O objetivo desse trabalho foi conhecer as políticas públicas relacionadas a pessoa
idosa nas esferas federal, estadual e municipal, mais especificamente na cidade de Santos,
São Paulo. Também conhecer o perfil do gestor público municipal e verificar se ele está
qualificado e preparado para enfrentar essa situação. Utilizamos uma pesquisa documental
para conhecermos a história das políticas públicas voltadas para o idoso no Brasil e como
elas se desenvolveram ao longo do tempo. Para avaliar o gestor público recorremos a uma
pesquisa qualitativa onde foi utilizado um questionário validado (VALENTE, 2011), sendo
que as gestoras da COPPI (Coordenadoria de Políticas da Pessoa Idosa) e da SETERID
(Seção de Esportes para a Terceira Idade) também foram entrevistadas. O nosso trabalho se
propõe a mostrar as políticas públicas existentes em nível nacional e mais especificamente
na cidade de Santos, em São Paulo, além de conhecer o perfil dos gestores públicos.

Palavras chaves: idoso, políticas públicas, qualidade de vida.


Abstract

The increase in the elderly population is inexorable and happens at an ever-increasing


pace. The objective of this study was to know the public policies related to the elderly in the
federal, state and municipal spheres, more specifically in the city of Santos, São Paulo. Also
know the profile of the municipal public manager and verify if he is qualified and prepared to
face this situation. We used a documentary research to know the history of the public policies
focused on the elderly in Brazil and how they developed over time. In order to evaluate the
public manager, we used a qualitative survey where a validated questionnaire was used
(Valente, 2011), and the managers of COPPI (Coordinator of Policies for the Elderly Person)
and SETERID (Sports Section for the Elderly) were also interviewed. Our work intends to
show the existing public policies at the national level and more specifically in the city of
Santos, in São Paulo, besides knowing the profile of municipal public managers related to
the elderly population.

Keywords: elderly, public policies, quality of life.


Lista de quadros

Quadro 1 – Porcentagem de idosos no mundo em 2014 e projeção para 2050 . . . 15


Quadro 2 – Capacidade funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Quadro 3 – Organograma do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania . . 24
Quadro 4 – Organograma da Coordenadoria de Atividades Esportivas . . . . . . . 25
Quadro 5 – Respostas das gestoras ao questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.1 Capacidade funcional da pessoa idosa . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3 Hipótese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1 Aplicação de questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 Instrumentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3 Procedimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.4 Delineamento e análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3 Políticas públicas para a pessoa idosa . . . . . . . . . . . . . . . . . 19


3.1 Breve histórico sobre o início das políticas públicas para o idoso no
Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Conselho Nacional dos Direitos do Idoso . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3 Conselho Estadual do Idoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3.1 Jogos Regionais do Idoso e Jogos Abertos do Idoso . . . . . . . . . . . 22
3.4 Conselho Municipal do Idoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

4 As políticas públicas para a pessoa idosa na cidade de Santos . . . 23


4.1 Espaço do Idoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1.1 Atividade Rítmica Cognitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.1.2 Aula Coreografada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.1.3 Aula Inclusiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.1.4 Ginástica Geriátrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.1.5 Método Mindfulness . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.2 Equipamentos Recreativos e Esportivos da Prefeitura de Santos . . 26
4.2.1 Associação Beneficente Oswaldo de Rosis . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2.2 Centro Esportivo Manoel Nascimento Júnior . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2.3 Centro Esportivo e Recreativo da Zona Noroeste . . . . . . . . . . . . . 27
4.2.4 Complexo Recreativo e Esportivo EngJosé Rebouças . . . . . . . . . . 27
4.2.5 Ginásio Poliesportivo Arena Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2.6 Vila Criativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.3 Projeto Vovô Sabe Tudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.4 Academias ao Ar Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.5 Ginástica na Praia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.6 Centro de Convivência de Idosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.7 Oficinas Livres Culturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.8 Programas da Secretaria Municipal de Saúde para os idosos . . . . 30
4.8.1 Movimente-se com Música e a Dança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.8.2 Programa Hiperdia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.8.3 Terapia Comunitária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.9 Escola Radical de Surfe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

5 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5.1 Coordenadoria de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa . . . . . . 33
5.2 Seção de Esportes da Terceira Idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

6 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
10

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho mostra as atuais políticas públicas relacionadas com o esporte e lazer
dos idosos na cidade de Santos, bem como os programas desenvolvidos.
Porém, antes de abordarmos as políticas públicas para o esporte e lazer, é
necessário discorrer sobre algumas definições para podermos entender o que são políticas
públicas.
Vamos começar com política. Afinal, o que é política? Qual a sua origem?
Pelo Dicionário Michaelis (2004), política é a arte ou ciência de governar, con- junto
de princípios ou opiniões públicas.
Política teve origem na Grécia Antiga, quando Aristóteles começou a formular a
filosofia política grega e que serviu de referência para outros países.
A palavra política tem origem na palavra pólis (cidade estado).
Políticas públicas são ações governamentais dirigidas a resolver determinadas
necessidades públicas. Podem ser: sociais (saúde, assistência, habitação,
educação, emprego, renda e previdência). macroeconômicas (fiscal, monetária,
cambial, industrial) ou outras (cientîfica e tecnológica, cultural, agrícola, agrária).
Usualmente o ciclo das políticas públicas é concebido como o processo de
formulação, implementação, acompanhamento e avaliação. (GELINSKI; SEIBEL,
2008, p.228)

Segundo Souza (2006), em sua revisão da literatura sobre políticas públi- cas,
existem diversas definições, que variam de um autor para outro.
Para Mead (1995), é definida como um campo dentro do estudo da política que
analisa o governo à luz de grandes questões públicas.
Lynn (1980), define como um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos
específicos.
Peters (1986) segue o mesmo pensamento: política pública é a soma das atividades
dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida
dos cidadãos.
Dye (1984) sintetiza a definição de política pública como “o que o governo escolhe
fazer ou não fazer”.
Apesar de optar por abordagens diferentes, segundo Souza (2006), as definições
de políticas públicas assumem uma perspectiva de que o todo é mais importante do que
a soma das partes, e que indivíduos, instituições (atores sociais), interações, ideologias
e interesses contam, mesmo que existam diferenças sobre a importância relativa destes
fatores.
Segundo Souza apud Frey (2000) as políticas públicas podem ser classificadas em
quatro tipos: Políticas distributivas - beneficiam um grande número de pessoas, em escala
relativamente pequena e com reduzido grau de conflito; Políticas redistributivas - impõem
restrições ou perdas a determinados grupos, tendo um elevado grau de conflito; Políticas
regulatórias - envolvem burocracia, grupos de interesse na definição das ordens, proibições
11

e regulamentações, o grau de conflito depende de como se configura a política; Políticas


constitutivas ou estruturadoras - definem as condições para aplicação dos outros três tipos.
Assim como as definições de política pública variam de um autor para outro, o
ciclo de políticas públicas também varia. Para Wildavsky (1992), ele é composto de mais
estágios: definição de agenda, identificação de alternativas, avaliação das opções, seleção
das opções, implementação e avaliação.
As políticas públicas para o esporte no Brasil começaram alguns anos depois que as
práticas desportivas foram gradualmente introduzidas pela elite socioeco- nômica brasileira,
a partir do século XIX.
As atividades desportivas logo se popularizaram, atingindo todas as camadas da
pirâmide social.
As primeiras intervenções do governo para organizar o setor datam de 1904, quando
foi estimulado a prática do futebol em substituição à capoeira, que era considerada crime.
Entre 1910 e 1917, nova intervenção do governo com ações que incentivaram a
expansão do futebol, com o objetivo de desviar a atenção para a grande quantidade de
greves dos operários que surgiam por todo o Brasil.
[. . . ] os dirigentes públicos começaram, assim, a identificar o caráter utilitário
do esporte como instrumento de negação e substituição de conflitos sociais.
[. . . ] Inaugura-se um novo quadro para a relação que se estabelece ao redor
do fenômeno esportivo, capaz de transformar a autonomia da sociedade em
instrumento de composições e barganhas (LINHALES, 1996, p.74).

Em 1941, o Decreto Lei nº 3199 criou a Conselho Nacional de Desportos, a


Confederação Brasileira de Desportos (futebol, tênis, atletismo, remo, natação, saltos
ornamentais, pólo aquático, vôlei, handebol) e mais cinco confederações brasileiras
específicas (basquete, pugilismo, vela, esgrima e xadrez).
Esse decreto contemplava somente o esporte de alto rendimento e visava apenas a
regulamentação dos desportos.
Decretos posteriores que complementaram o anterior, citaram o esporte educacional,
mas o objetivo do mesmo era encontrar talentos que pudessem representar o Brasil em
competições no exterior.
Leis que regulamentassem o esporte recreacional e lazer, nessa época, se resumem
ao instituido pela C.L.T. (Consolidação das Leis Trabalhistas). Segundo Starepravo e Marchi
(2012), o trabalhador teve o seu direito ao lazer garantido através do descanso semanal
remunerado e férias.
Segundo Linhales (1996), o esporte foi institucionalizado, ganhou legislação própria,
foi oferecido pelo Estado como um bem coletivo, recebeu investimentos públicos.
Resumindo, ele foi estatizado, sendo tirado a autonomia da sociedade civil de se organizar
esportivamente.
Em 1971, surge o primeiro Plano de Educação Física e Desporto (PED) e
posteriormente a Lei Federal nº 6251/75 e Decreto Lei nº 80228/77, responsáveis pela
Política Nacional de Desenvolvimento da Educação Física e Desporto (PNDE), onde serão
12

constatados progressos, mas permanecendo o forte caráter nacionalista das políticas


públicas do regime militar.
Isso começou a mudar com a aprovação da Constituição Federal Brasileira (CFB)
em 1988, onde foi destacado a importância do lazer.
Artigo 217 Inciso 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção
social (BRASIL, 1988, p.140).

O artigo 6º também destaca o lazer como direito “São direitos sociais a educação,
a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança [. . . ] na forma desta
Constituição ”[. . . ] (BRASIL, 1988, p.20).
Em 1991, foi criada a Secretaria de Desportos da Presidência da República, onde
foi priorizado uma nova legislação para o esporte de alto rendimento.
Em 1995, com a nova administração federal foi tentado mudar um pouco mais o
rumo das políticas públicas para o esporte e lazer, dando um aspecto mais abrangente e
social.
Instituir a Boa Governança; ação pública como fixação de regras do jogo estáveis
e universalistas; primado da pobreza absoluta sobre a desigualdade no debate
público que se tem por efeito esperado a focalização, seletividade e redefinição do
mix público-privado das políticas; restaurar as bases fiscais das políticas; políticas
compensatórias dos custos sociais da estabilização (MELO, 1998, p.12).

Foi criado o Ministério Extraordinário do Esporte, tendo como ocupante do cargo o


ex-atleta Edson Arantes do Nascimento.
Segundo Zotovici et al (2013), foi notado que nesse período, a agenda pública do
esporte de alto rendimento esteve centrada em políticas que atendiam prioritariamente as
necessidades do futebol, deixando de lado outros esportes (Lei Zico e Lei Pelé).
Entre 2001 e 2003 foram aprovadas a Lei Agnelo Piva e o Estatuto do Torcedor.
A primeira ampliou os percentuais destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e
Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e a segunda estabeleceu normas de proteção e defesa
com procedimentos e regras para os clubes, donos dos estádios, dirigentes e torcedores
(BRASIL, 2005, p.14).
Finalmente, em 2003 foi instaurado o Ministério do Esporte, um marco da relação
esporte/Estado, já que pela primeira vez na história, o esporte alcançou status de ministério
permanente e autônomo (STAREPRAVO, 2011, p.21).
O Ministério do Esporte foi dividido em: Secretaria Nacional de Esporte Educacional
(SNEED); Secretaria Nacional de Desenvolvimento do Esporte e do Lazer (SNDEL) e
Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR).
Nessa época surgiu a constatação de que era necessário colocar em prática a
intersetorialidade.
A intenção de garantir o esporte e lazer como direito social a toda população
remete ao fato de que o esporte, de forma isolada, não fazia sentido, o que levou
à tentativa de integração das políticas públicas de esporte e lazer às políticas
públicas de saúde, educação, assistência social, segurança, entre outras, por meio
de ações intersetoriais (ZOTOVICI et al. 2013, p.9).
13

Nos anos de 2004, 2006 e 2010 foram organizadas as Conferências Nacionais do


Esporte (CNE) que discutiram a intersetorialidade, além de outras propostas.
A Rede Cedes (Centros de Desenvolvimento de Esporte Recreativo e de Lazer)
foi implantada como ação programática do Ministério do Esporte em 2003. Essa iniciativa
estava voltada, para o fomento da pesquisa integrada ao Programa Brasil Potência Esportiva
- “Estudos e pesquisas científicas e tecnológicas para o desenvolvimento do esporte” e
contribuiu muito para a formação de conteúdo que foi exposto nas conferências, através de
pesquisas que foram conduzidas nas principais universidades do Brasil.
Quanto as políticas públicas para os idosos, segundo Rodrigues (2001), a im-
plantação de uma política nacional para os idosos é recente, iniciou em 1994. Antes houve
alguns artigos do Código Civil (1916), do Código Penal (1940) e Código Eleitoral (1965),
além de alguns decretos e portarias.
A Lei Federal 8842/94, regulamentou a criação do Conselho Nacional dos Direitos
do Idoso. Através dessa lei foi definido a finalidade “assegurar os direitos sociais do idoso,
criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na
sociedade“. Apesar de estar prevista a criação do CNDI, o mesmo só foi efetivamente criado
em 13 de maio de 2002.
Mais um avanço no processo ocorreu através da Lei Federal 10741/03 que dispôs
sobre o Estatuto do Idoso.
Todos os Estados e o Distrito Federal possuem Conselho Estadual do Idoso e
acreditamos que quase todos os municípios possuam o Conselho Municipal do Idoso.
Infelizmente não encontramos pesquisa em termos de Brasil sobre isso. Apenas uma
pesquisa de 2011 do Ministério Público do Paraná afirmando que 32% das cidades
paranaenses não possuíam Conselho do Idoso.
Em 1998, foi criado o Conselho Municipal do Idoso em Santos, em acordo com a Lei
Municipal nº 1.615/1997.
Santos (cidade situada no estado de São Paulo, Brasil) é conhecida por sua vocação
esportiva, o fato de ser uma cidade litorânea, além do clima favorável na maior parte do
ano, permite que a atividade desportiva e de lazer seja praticada em ambientes abertos,
como a praia, parques e praças (SANTOS, 2018).
Mas Santos possui características que atraem as pessoas após se aposentarem,
além do clima. Tem a infraestrutura que as cidades grandes oferecem, aliada a tranquilidade,
principal característica das pequenas cidades.
Segundo o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade, criado pela
Fundação Getúlio Vargas, através da sua Escola de Administração de Empresas de São
Paulo - EAESP, juntamente com o Instituto Mongeral Aegon, uma organização não
governamental, Santos é a cidade brasileira com melhor qualidade de vida para os idosos.
Foram analisadas 498 cidades brasileiras (com mais de 100 mil habitantes) sendo
utilizados mais de 60 critérios diferentes (saúde, educação, cultura, transporte, finanças,
14

trabalho, entre outros indicadores gerais).


Segundo informações do IBGE (2016) Santos tem uma população de 434.359
habitantes, sendo que destes, 80.353 estão acima de 60 anos, isso representa 18,5%. Bem
acima da média brasileira, que fica em 14%.
Segundo pesquisa realizada pela ONG HelpAge international, em colaboração com
a Universidade de Southampton, no Reino Unido em 2015, o Brasil ocupa o 56º lugar entre
os países que reúnem melhores condições para a vida dos idosos. A pesquisa foi realizada
em 96 países. Segundo os autores do estudo, a lista representa 91% da população mundial
com mais de 60 anos, o que equivale a 901 milhões de pessoas.
Apesar do Brasil ocupar uma posição intermediária, é de extrema necessidade
implementarmos políticas públicas mais eficientes e eficazes, com maior esforço não
somente do poder público, mas de toda a sociedade, através da priorização do tema.
Segundo projeção do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Nações Unidas
(UNDESA) com base em dados de 2014, o Brasil terá entre 25% e 29% de sua população
total formada por idosos em 2050 (quadro 1). Temos que aumentar o esforço na busca por
melhores condições aos idosos, para nos aproximarmos o máximo possível da senescência
(processo natural de envelhecimento) e nos afastarmos da senilidade (processo patológico
do envelhecimento).
15

Quadro 1 – Porcentagem de idosos no mundo em 2014 e projeção para 2050

1.1 Capacidade funcional da pessoa idosa

Apesar de não ser o foco desse trabalho, é importante até para facilitar a
compreensão das políticas públicas para o idoso, conhecer sobre a capacidade funcional
da pessoa idosa.
16

Quadro 2 – Capacidade funcional

Capacidade funcional é a resultante da relação harmônica entre saúde física,


mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e indepen- dência
econômica, interagindo de forma multidimensional (quadro 2). Qualquer dese- quilíbrio em
um desses universos pode afetar a capacidade funcional e todas as outras dimensões
relativas à vida do idoso (RAMOS, 2003).
Dois fatores que podem causar desequilíbrio são: a Iatrogenia, que é definida como
o estudo de algumas doenças originadas a partir de outras e/ou doença causada pelo uso
errado de medicamentos ou pelo tratamento médico incorreto; e a Insuficiência Familiar, que
se caracteriza como um processo de interação psicossocial de estrutura complexa, fundado
especialmente no baixo apoio social da pessoa idosa e no vínculo familiar prejudicado
(SOUZA, 2015).
Para mensurar a capacidade funcional foi criado o termo Atividades da Vida Diária
que engloba um conjunto de atividades e tarefas comuns que são realizadas na vida diária
de uma pessoa. Elas estão divididas em: Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD) que
representam atividades como alimentar-se, vestir-se, ir ao banheiro, deslocar-se de um
cômodo para outro da casa; Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) que equivalem
as tarefas domésticas como cozinhar, lavar a roupa, arrumar a casa, deslocar-se na rua,
fazer pagamentos, utilizar o telefone; Atividades Avançadas da Vida Diária (AAVD) que são
relativas à vida profissional, praticar esportes, viajar, dirigir, efetuar trabalhos manuais que
17

envolvem destreza neuromotora.


Segundo Spirduso (2005) a capacidade funcional do idoso é dividida em cinco níveis:
Nível I - Fisicamente Incapaz, não realiza nenhuma AVD e tem total depen- dência de outras
pessoas; Fisicamente Dependente, realiza algumas ABVD, mas precisa do auxílio parcial
de outras pessoas. Nível II - Fisicamente Frágil, realiza todas as ABVD e algumas AIVD que
podem variar para cada indivíduo. Nível III - Fisicamente Independente, todas as AIVD e
algumas AAVD que exijam baixo gasto calórico (caminhadas, jardinagem, dirigir automóveis,
etc), mas que podem variar de uma pessoa para outra. Está sujeito a passar para o nível II
caso ocorra alguma intercorrência na saúde, pois possui baixas reservas físicas. Nível IV -
Fisicamente Apto/Ativo, efetua todas as AAVD. Nível V - Atletas, além de todas as AAVD, é
capaz de participar de competições e praticar esportes de alto risco.

1.2 Objetivo

Identificar o perfil de duas gestoras públicas e mostrar as políticas públicas para o


esporte e o lazer dos idosos em Santos, São Paulo.

1.3 Hipótese

As gestoras públicas têm a qualificação necessária para o cargo e o município de


Santos tem políticas públicas e projetos para o esporte e lazer da população idosa.
18

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Quanto a finalidade é uma pesquisa básica estratégica. Em termos de abordagem


é uma pesquisa qualitativa. Em relação aos objetivos é uma pesquisa exploratória. No
aspecto procedimentos é uma pesquisa bibliográfica e documental em âmbito nacional e
com ênfase na cidade de Santos.

2.1 Aplicação de questionário

Foi aplicado questionário a duas gestoras públicas: da COPPI (Coordenadoria de


Políticas da Pessoa Idosa) e da SETERID (Seção de Esportes para a Terceira Idade).

2.2 Instrumentos

Foi utilizado um questionário validado na literatura (VALENTE, 2011) com questões


fechadas e abertas, sendo adicionado três questões elaboradas pelos autores do presente
estudo.

2.3 Procedimentos

Foi enviado o questionário ao pesquisado através de correio eletrônico e foi


estipulado uma semana para responder ao mesmo. Os pesquisadores fica- ram à
disposição para esclarecer qualquer dúvida que pudesse surgir quanto alguma questão
através de email e telefone fornecidos no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Também foi agendada uma entrevista com a pessoa pesquisada.

2.4 Delineamento e análise

As questões relacionadas ao perfil do profissional foram abordadas em um ca- pítulo


e a apresentação dos programas existentes foi efetuada nos demais capítulos.
19

3 Políticas públicas para a pessoa idosa

3.1 Breve histórico sobre o início das políticas públicas para o idoso no Brasil

Antes mesmo do poder público colocar em prática políticas públicas para a pessoa
idosa, já havia uma entidade que foi pioneira na valorização e melhoria da qualidade de
vida dos idosos. O SESC - Serviço Social do Comércio, iniciou um trabalho na década de
60 em uma de suas filiais no estado de São Paulo, o SESC Carmo. Os idosos procuravam
atividades de lazer que ocupassem o tempo livre. Logo foi surgindo um programa específico
para os mesmos. Esse programa foi incorporado por outras unidades do SESC. Foram
criados grupos que desenvolviam diversas atividades interativas entre idosos, também entre
idosos e pessoas de outras faixas etárias.
Por seu trabalho social com idosos, o SESC foi convidado a participar de duas
Assembleias Mundiais sobre o Envelhecimento da ONU: em Viena, 1982 e em Madrid, 2002.
No Brasil, participou a partir de 2002 do Conselho Nacional de Direito do Idoso. Também
colaborou na formulação da Política Nacional do Idoso (1994) e do Estatuto do Idoso (2003).
Mas foi somente na década de 70, após a constatação de que a expectativa de vida
estava aumentando e consequentemente o número de idosos também aumentava, que o
poder público na esfera federal, começou a elaborar políticas públicas específicas para os
idosos. Até os anos 70 o trabalho realizado com os idosos se resumia ao aspecto caritativo,
desenvolvido por ordens religiosas e entidades leigas filantrópicas.
Segundo Rodrigues (2001), a implantação de uma política nacional para os idosos
é recente, iniciou em 1994. Antes houve alguns artigos do Código Civil (1916), do Código
Penal (1940) e Código Eleitoral (1965), além de alguns decretos e portarias.
Em 1976, foram realizados três seminários regionais (São Paulo, Belo Horizonte
e Fortaleza), e um nacional em Brasília, o que resultou em um documento: Políticas para
a 3ª Idade - Diretrizes Básicas. Foi considerado por Rodrigues, um marco nas políticas
públicas para o idoso. Um ano antes foi criado o primeiro grupo de convivência para idosos
nas dependências do INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), esses grupos, que
tiveram algumas alterações ao longo do tempo e mais tarde passaram a ser chamados de
Centros de Convivências (CECON) serão abordados em uma seção específica.
O Ministério da Saúde criou o Programa Saúde do Idoso na década de 80 que visava
promoção da saúde e estímulos de auto-cuidado. Em 1987 é lançado o Projeto Viva Bem a
Idade que Você Tem, tratava-se de um pequeno jornal que abordava diversos aspectos do
envelhecimento. Apesar de sua curta duração (1987/1990) foi muito útil. Em 1989, o M.S.
lançou as normas para funcionamento de instituições geriátricas, que tinha o objetivo de
padronizar e manter um nível mínimo de qualidade entre as mesmas.
Também na década de 80, foi criado um programa semanal pela Fundação Roquete
Pinto através da TV Educativa, chamado Realidade que abordava aspectos jurídicos, de
saúde, cultura e lazer para os idosos.
20

Em 1990, o governo federal lançou o Projeto Vivência que tinha o objetivo de


desenvolver ações nas áreas da: Saúde, Educação, Cultura, Lazer e Assistência Social ao
Idoso, envolvendo os respectivos ministérios. As propostas foram elaboradas e apresentadas
em 1991, resultando no documento preliminar Política Nacional do Idoso.

3.2 Conselho Nacional dos Direitos do Idoso

Segundo a Lei Federal 8842/94 sancionada pelo Presidente Itamar Franco, foi
regulamentado a criação do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, sendo definido
a finalidade: “assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover
sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade“ e também estabelecido
principios e diretrizes para que fosse alcançada essa finalidade.
Posteriormente, ele foi denominado como Conselho Nacional dos Direitos da
Pessoa Idosa. Orgão superior de natureza e deliberação colegiada, permanente, paritário e
deliberativo, integrante da estrutura regimental do Ministério dos Direitos Humanos, cabe a
ele elaborar as diretrizes para a formulação e implementação da Política Nacional da
Pessoa Idosa.
Apesar de estar prevista a sua criação na Lei Federal 8842/94, o mesmo só foi
efetivamente criado em 13 de maio de 2002.
Mais um avanço no processo ocorreu através da Lei Federal 10741/03 que dispôs
sobre o Estatuto do Idoso.
O CNDI teve ainda um papel fundamental na articulação do Compromisso Nacional
para o Envelhecimento Ativo, em 2013. Coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos,
o Compromisso foi implementado a partir de ações de 17 ministérios, além de Estados,
Distrito Federal e Municípios para a valorização, promoção e defesa dos direitos das pessoas
idosas. As ações implementadas no âmbito do Compromisso são desenvolvidas a partir
de três diretrizes: 1) emancipação e protagonismo; 2) promoção e defesa de direitos; e 3)
informação e formação.
O objetivo é reverter o quadro de violações de direitos e assegurar os direitos
das pessoas idosas. Dados do Disque Direitos Humanos mostram que em 2017 foram
registradas 33.133 denúncias de violação dos direitos das pessoas idosas - em 2012,
houve 23.548 registros. Os tipos de violações mais recorrentes são negligência, violência
psicológica, abuso financeiro e violência física.

3.3 Conselho Estadual do Idoso

Cada estado deve seguir os princípios estipulados pela Constituição Brasileira e


pelas leis federais relacionadas com as políticas públicas da pessoa idosa, mas por outro
lado, cada Estado tem autonomia para criar suas próprias políticas públicas, desde que não
contrarie o que foi determinado na esfera federal.
21

O Conselho Estadual do Idoso de São Paulo é um orgão deliberativo e paritário,


formado por 26 integrantes, 13 representantes da sociedade civil (70% devem ser idosos)
e 13 representantes do poder público, está vinculado a SEDS - Secretaria Estadual de
Desenvolvimento Social, baseado na Lei nº 12548/2007.
Segundo o artigo 22, compete ao Conselho Estadual do Idoso: articular, mobilizar,
estimular, apoiar, fiscalizar e deliberar projetos, questões relativas à Política Estadual do
Idoso em todas as suas instâncias, em consonância com a Política Nacional do Idoso e do
Estatudo do Idoso.
O CEI efetuou diversas parcerias para otimizar o processo de políticas públicas,
visando abranger os diversos aspectos necessários para o aumento e manutenção da
qualidade de vida do idoso.
Em 2016, o Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria de
Desenvolvimentos Social, e as Organizações da Sociedade Civil, efetuaram diversas
parcerias em decorrência do Edital de Chamamento Público nº 01 SEDS/CEI/2016. Entre
as instituições podemos destacar Fundação Faculdade de Medicina de São Paulo,
Associação do Sanatório Sírio, Hospital do Coração São Paulo, Instituto Beneficente
Israelita Ten Yad, Fundação Pio XII - Hospital do Câncer de Barretos, além de mais 07
organizações não governamentais.
O Estado de São Paulo possui 1.836 serviços socioassistenciais direcionados ao
atendimento da população idosa. Esses serviços são ofertados nos Centros de Referência
da Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado de Assistência Social
(CREAS), Centros de Convivência do Idoso (CCI), Centros Dia do Idoso (CDI), Instituições
de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e Entidades Sociais.
- Estimativa de atendidos pela rede: 560 mil idosos.
Foi instituído pelo Decreto nº 58.047 de 15 de maio de 2012, o Programa SP Amigo
do Idoso e o Selo Amigo do Idoso.
O programa propõe ações intersecretariais voltadas à proteção, educação, saúde e
participação da população idosa do Estado.
São 11 Secretarias de Estado envolvidas e o Fundo Social de Solidariedade (FUSSESP),
sob a coordenação da Secretaria de Desenvolvimento Social. Ações em curso: Programa
VidAtiva e Jogos Regionais do Idoso (Esporte); Melhor Viagem (Turismo); Centros de
Referência do Idoso, Hospitais de Cuidados Continuados e Ambulatórios Especializados no
Idoso (Saúde); Projeto Viva Mais: Praça de Exercício (FUSSESP); Universidade Aberta à
Terceira Idade, Inclusão Digital, cursos de graduação e pós-graduação em Gerontologia
(Educação).
22

3.3.1 Jogos Regionais do Idoso e Jogos Abertos do Idoso

São promovidos anualmente pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado de


São Paulo, em parceria com a Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude, Secretaria de
Desenvolvimento Social, Secretaria da Educação e Secretaria da Saúde. Iniciou em 1994,
sendo denominado de “Caras e Coroas” e aconteceu em São Paulo (capital), no Ginásio
do Ibirapuera. Em 1995 ocorreu a segunda edição, já com o nome de Jogos Regionais do
Idoso. Em 2001 os organizadores decidiram considerar o primeiro JORI a partir de 1997. É
por isso que em 2018 foi realizado o XXII Jogos Regionais do Idoso.
O Estado de São Paulo é dividido em oito regiões esportivas, cada uma delas sedia
uma etapa dos Jogos Regionais do Idoso. A nona etapa (etapa final) tem os dois primeiros
atletas ou equipes classificados nas oito etapas anteriores, nas 14 modalidades existentes
(Atletismo, Bocha, Buraco, Coreografia, Damas, Dança de Salão, Dominó, Malha, Natação,
Tênis, Tênis de Mesa, Truco, Voleibol Adaptado, Xadrez). Essa etapa final é chamada de
Jogos Abertos do Idoso, JAI. Homens e mulheres participam de todas as modalidades e
existem sete categorias por faixa etária. Em 2018, a etapa da região esportiva a que Santos
pertence foi sediada em São Vicente, sendo que a delegação santista foi formada por 98
atletas, com idades entre 62 e 91 anos. Santos terminou em quinto lugar na classificação
geral. Nos Jogos Abertos do Idoso de 2018, realizado em Praia Grande, a Delegação da
Cidade de Santos contou com 39 atletas em cinco modalidades (Atletismo, Bocha, Natação,
Tênis e Vôlei).

3.4 Conselho Municipal do Idoso

O Conselho Municipal do Idoso é um orgão de caráter público, autônomo, sem


vínculo hierárquico com o poder executivo do munícipio. Sua função é criar mecanismos de
controle social das políticas públicas. CMI de Santos foi criado em 1998, em acordo com a
Lei Municipal nº 1.615/97.
Em Santos é um Conselho tripartite constituído por 39 membros denominados
conselheiros e seus respectivos suplentes: há 13 representantes da população
idosa, 13 representantes da sociedade civil organizada e 13 representantes do
poder público. Atua como uma estrutura horizontalizada de tomada de decisões
sendo a plenária da Assembléia Geral Ordinária (AGO) o local de debate
democrático. Na estrutura do Conselho, as câmaras temáticas são compostas
pelos conselheiros, que têm a função de subsidiar os encaminhamentos para
serem votados na plenária da AGO (SANTOS, 2016).

Atua na fiscalização das instituições que oferecem serviços para a pessoa idosa;
atende a população na orientação das demandas recebidas.
23

4 As políticas públicas para a pessoa idosa na cidade de Santos

A atual administração municipal denominou todo o seu programa de políticas públicas


para a pessoa idosa como “Vida Plena”. É coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento
Social, através da COPPI - Coordenadoria de Políticas da Pessoa Idosa. A mesma está
fundamentada nas referências dispostas na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
na Constituição da República do Brasil, na Lei Federal 8842/94 (que regulamentou os
conselhos de idosos), Lei Federal nº 10741/03 (Estatuto do Idoso), na Lei Federal 8742/93
(Lei Orgânica da Assistência Social). Também se baseia no Conceito de Envelhecimento
Ativo Desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e na Lei 12548/07 (Política
Estadual do Idoso em São Paulo).
Também foi utilizado como referência o Plano de Ação Internacional para o
Envelhecimento, que foi elaborado em 2002, durante a Segunda Assembleia Mundial das
Nações Unidas sobre o envelhecimento realizada em Madrid. Objetivando de- senvolver
uma política internacional para o envelhecimento para o século XXI. O Plano de Ação pedia
mudanças de atitudes, políticas e práticas em todos os níveis para satisfazer as enormes
potencialidades do envelhecimento no século XXI. Suas recomendações específicas para
ação dão prioridade às pessoas mais idosas e desenvolvimento, melhorando a saúde e o
bem-estar na velhice, e assegurando habilitação e ambientes de apoio.
Uma sociedade para todas as idades possui metas para dar aos idosos a
oportunidade de continuar contribuindo com a sociedade. Para trabalhar neste
sentido é necessário remover tudo que representa exclusão e discriminação
contra eles (ESPANHA, 2002, parágrafo 19).

A estratégia de atuação da Prefeitura de Santos parte da articulação e integração


entre as secretarias municipais, em parceria com lideranças idosas, conselhos de cidadania,
universidades, terceiro setor (entidades sem fins lucrativos), mídia, Ordem dos Advogados
do Brasil seção São Paulo, promotoria pública e sociedade civil em geral, tomando como
metas o fortalecimento e a expansão de ações direcionadas à promoção dos direitos da
população idosa residente no município.
Abaixo temos o organograma do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania
que está subordinado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (quadro 3) e o
organograma da Coordenadoria de Atividades Esportivas que está subordinada à Secretaria
Municipal de Esportes (quadro 4), onde se concentram a maior parte dos projetos, mas
existem projetos também na Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Cultura
e na Companhia de Engenharia de Tráfego.
24

Quadro 3 – Organograma do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania

PMS - Prefeitura Municipal de Santos


SEDS - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social
DEPACID - Departamento de Direitos Humanos e Cidadania
SAAF - Secretaria de Apoio Administrativo e Financeiro
COMULHER - Coordenadoria de Políticas para a Mulher
CODEP - Coordenadoria de Defesa de Políticas para as Pessoas com Deficiência
COPIRE - Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial Étnica
COPPI - Coordenadoria de Políticas da Pessoa Idosa
CADOJ - Coordenadoria de Assistência Gratuita e Orientação Jurídica
SEADISE - Seção de Apoio a Diversidade Sexual
SEPIJUV - Seção de Políticas para a Infância e Juventude
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Quadro 4 – Organograma da Coordenadoria de Atividades Esportivas

PMS - Prefeitura Municipal de Santos

SEMES - Secretaria Municipal de Esportes

COAE - Coordenadoria de Atividades Esportivas

SEERA - Seção de Esportes Radicais

SETERID - Seção de Esportes para Terceira Idade

SEEESP - Seção de Escolas de Esportes

SESPAD - Seção de Esportes Adaptados

4.1 Espaço do Idoso

Situado na R. Com. Alfaia Rodrigues nº 260, no Bairro Aparecida em Santos, a-


tende mais de 1700 idosos, das 08:00 às 17:00. Oferece 20 opções, entre cursos e
atividades diversas (Aula Coreografada, Aula Inclusiva, Alongamento, Atividade Rítmica
Cognitiva, Dança de Salão Acadêmica, Yoga, Dança Flamenca, Pilates, Tai Chi Chuan,
Ritmos, Ginástica Geriátrica, Dança Alternativa, Meditação, Fotografia, Culinária, Educação
Financeira, Inglês, Método Mindfulness, Fisioterapia e Cine Pipoca).
26

4.1.1 Atividade Rítmica Cognitiva

Utilização de diferentes ritmos musicais para promover estímulos cognitivos da


memória, que tragam à consciência movimentos necessários para a melhoria no
desempenho da pessoa idosa nas atividades diárias.

4.1.2 Aula Coreografada

Utilização de uma diversidade de estilos musicais, visando trabalhar a coor- denação


motora, biomotricidade e estimulação da área cognitiva. Exercício cardio- rrespiratório
moderado e adaptado à terceira idade.

4.1.3 Aula Inclusiva

Mistura de danças e ritmos variados que une uma parcela de alunos da terceira idade
com outra parcela de deficientes intelectuais adultos, promovendo interação e sociabilização
para ambas as partes.

4.1.4 Ginástica Geriátrica

A partir da disponibilidade motora de cada idoso, é realizada a prática de exercícios


físicos adequando as atividades propostas individualmente, com atenção especial ao ritmo
de execução e amplitude de movimento. Previne o aparecimento de algumas manifestações
naturais do envelhecimento, melhora a parte motora, postural e corrige hábitos motores
incorretos à realidade das exigências da vida em idades avançadas.

4.1.5 Método Mindfulness

Técnica de meditação por meio do método de “Atenção Plena”, Trata-se de um


estudo da Unifesp aplicado à um grupo de idosos inscritos no Espaço do Idoso e que
alimentará uma pesquisa cientîfica conduzida pelo Dr. Marcelo Demarzo.

4.2 Equipamentos Recreativos e Esportivos da Prefeitura de Santos

Todos possuem atividades exclusivas para os idosos (Ginástica da 3ª idade e Vôlei


adaptado), mas as demais atividades são abertas para o público em geral, tendo uma
grande participação da população idosa.
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4.2.1 Associação Beneficente Oswaldo de Rosis

Fundada em 1999 pelos irmãos Rui e Marcos de Rosis, realizando um antigo desejo
de seu pai Oswaldo de Rosis de criar uma instituição beneficente. Possui uma piscina de 25
metros, quadra poliesportiva, campo de futebol e espaço para atividades físicas e eventos
diversos. A prefeitura de Santos firmou convênio com a entidade disponibilizando
educadores físicos lotados na Secretaria Municipal de Esportes para atendimento à
população em suas instalações. Oferece aos munícipes: Dança de Salão, Dança do Ventre,
Zumba, Pilates, Capoeira, Judô, Caratê, Jiu Jitsu, Basquete, Futsal, Futebol Society,
Natação Adulta e Infantil. Em outubro de 2018, a entidade firmou convênio com a Unip
(Universidade Paulista) para oferecer Avaliação Física e Fisioterapia para a população.

4.2.2 Centro Esportivo Manoel Nascimento Júnior

Oferece 20 modalidades, como por exemplo vôlei, handebol, futsal, caratê, judô,
pilates, alongamento, boxe, natação, hidroginástica, ginástica artística, dança, yoga, entre
outras, são 3 mil atendidos.

4.2.3 Centro Esportivo e Recreativo da Zona Noroeste

Situado na área ocupada anteriormente pelo Ginásio do Conjunto Habitacional Dale


Coutinho. Tem a disposição do público dez modalidades: basquete, caminhada monitorada,
futebol society, futsal, ginástica localizada, handebol, hidroginástica, judô, natação e tênis
de mesa.

4.2.4 Complexo Recreativo e Esportivo EngJosé Rebouças

Maior praça esportiva da cidade, atende mensalmente cerca de 4 mil pessoas nas
escolas de esportes e quase 5 mil nas demais atividades. Tem três quadras poliesportivas
cobertas, duas piscinas, pista de cooper, ginásio poliesportivo com arquibancada para 1.500
pessoas, sala multiuso, sala de lutas e academia de musculação.

4.2.5 Ginásio Poliesportivo Arena Santos

Inaugurado em 2010, ocupa uma área de 11 mil metros quadrados e área construída
de 5 mil metros quadrados. Possui ginásio multiuso com capacidade para 5 mil pessoas,
sendo duas arquibancadas retráteis, que retiradas dão lugar a um palco com 370 metros
quadrados. Além das competições e eventos diversos realizados nesse local, oferece as
seguintes atividades para a comunidade: Pilates Solo, Condicionamento Físico, Caratê, Tai
Chi Chuan, Yoga, Muay Thai, Judô, Lambaeróbica, Dança do Ventre, Zumba, Dança de
Salão, Dança Circular e Ginástica Rítmica.
28

4.2.6 Vila Criativa

Inaugurada em 30 de junho de 2018 na Praça Rui Ribeiro Couto s/nº, está situada em
um dos bairros com maior vulnerabilidade social da cidade e representa um antigo anseio
dos moradores daquela região em ter um equipamento recrea- tivo, esportivo e cultural.
O prédio possui quatro pavimentos (térreo e mais três andares) acessíveis por escada e
elevador. Em seus mais de 1,6 mil metros quadrados, conta com ginásio poliesportivo para
futsal, vôlei, basquete e handebol; brinquedoteca; academia para musculação; espaços
para ginástica e balé, além de cursos de qualificação profissional. Possui uma cozinha
industrial que oferece aulas de panificação e confeitaria, além de salão de eventos e cinema.
Também possui uma academia ao ar livre.

4.3 Projeto Vovô Sabe Tudo

Ideia veio de projetos desenvolvidos em países da Europa, onde os idosos dividem


a sua experiência de vida, ofícios e profissões com os mais jovens, resultando em uma
interação entre as gerações. O Projeto Vovô Sabe Tudo iniciou em 1998 onde profissionais
aposentados das mais diversas áreas transmitiam seus conhecimentos em oficinas nas
escolas e instituições conveniadas com a prefeitura de Santos. Com os bondes circulando
pelas ruas do Centro Histórico de Santos novamente a partir de 23 de setembro de 2000
o projeto expandiu através da contratação de motorneiros aposentados (condutores dos
bondes antes da sua desativação em 1971). Eles acompanham todo o percurso turístico do
bonde contando particularidades do trabalho, curiosidades da época e explicando sobre
os pontos turísticos. Mais de 200 “vovôs e vovós” já passaram pelo projeto. Foram abertas
inscrições no primeiro semestre de 2018 para o preenchimento de 25 vagas. Os aprovados
terão compromisso de 20 horas semanais por 18 meses, com auxílio de um salário mínimo
mensal. Em 2009 foi o vencedor do prêmio de Tecnologia Social da Fundação Banco do
Brasil, como o melhor programa da Região Sudeste neste quesito.
Para a inscrição, é preciso apresentar RG e CPF (original e cópia), além de
comprovantes de renda e de residência originais. Se a inscrição for para contação de
histórias do bonde, é preciso levar carteira profissional ou similar, que comprove
experiência como motorneiro. Além disso, os candidatos precisam ter mais de 60 anos,
renda mensal de até cinco salários mínimos, além de morar em Santos e ter boa
comunicação (boa dicção, domínio da linguagem, capacidade de organização), experiência
em contação de histórias e habilidades manuais ou de jardinagem.

4.4 Academias ao Ar Livre

A instalação das academias ao ar livre em Santos, foi um convênio com a Secretaria


de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo e a Prefeitura de Santos. Cada
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academia é composta por 12 equipamentos e teve início em 2013.


O horário de funcionamento é das 07 horas às 10 horas e das 17 horas às 20 horas
e contam com o acompanhamento de educadores físicos lotados na Secretaria Municipal
de Esportes em todos os doze locais da cidade que possuem esses equipamentos.
Também existem 18 estações de equipamentos na orla da praia compostos por
barra fixa, barras paralelas, prancha para exercícios abdominais e painel pedagógico para
orientação quanto ao modo correto de executar os exercícios. O acesso é livre em qualquer
horário.

4.5 Ginástica na Praia

Esse projeto foi criado há 36 anos e teve vários ajustes ao longo do tempo.
Atualmente tem capacidade para atender 840 alunos. Não há restrição de idade para
participar, mas a grande maioria dos alunos é composta por idosos. As aulas acontecem
nos Postos de Salvamento 2, 3, 4, 5 e 6, além do Parque Roberto Mário Santini.
Para facilitar a rotina dos alunos e atrair mais praticantes, o programa foi reformulado
em 2017. Os usuários contam com carteirinha que permite fazer as aulas de ginástica em
qualquer um dos pontos disponíveis e em horário diferente do especificado na matrícula.

4.6 Centro de Convivência de Idosos

Em 1975, os primeiros grupos de convivência surgiram nas dependências do INPS.


Com a reforma da previdência em 1977, a Legião Brasileira de Assistência se tornou
responsável por esses grupos que foram mantidos nas dependências do INAMPS (Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, antigo INPS) e também efetuou
convênio com asilos. Os idosos eram selecionados e enviados as instituições conveniadas
onde eram supervisionados por assistentes sociais da LBA.
Na década de 80, os grupos de convivências continuam se expandindo por todo o
Brasil, e instituições que desejavam trabalhar com idosos também fizeram convênio com o
governo para criação de novos grupos. O atendimento nas dependências do INAMPS foi
diminuindo enquanto os grupos nas intituições conveniadas aumentaram.
Vale salientar que final dos anos 80 e início dos anos 90, houve um aumento
nas políticas públicas para a pessoa idosa nos estados e munícipios com a criação dos
conselhos estaduais e municipais para o idoso e a criação de mais grupos de convivência.
Nessa época já eram denominados de centros de convivência. Alguns ainda como parte do
Projeto Conviver do Ministério da Previdência e Assistência Social e outros bancados pelos
estados e munícipios.
Em Santos, existem três centros de convivência (nos Bairros Gonzaga, Encruzilhada
e Caneleira), além do Espaço do Idoso (Bairro Aparecida) e são específicos para as pessoas
idosas. Mas todos os doze centros esportivos possuem atividades voltadas para a terceira
30

idade. Uma tendência que aumentou em 2017 foi unir centros de convivência para idosos
com os centros de convivência para crianças. Com brincadeiras e atividades interativas o
retorno foi muito positivo para ambas as partes.

4.7 Oficinas Livres Culturais

A Secretaria de Cultura, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social e


Fundo Social de Solidariedade elaboraram e colocaram em prática vários projetos exclusivos
para o público idoso: Entre eles estão as Oficinas Livres Culturais: Dança do Ventre, Coral,
Dança de Salão, Teclado e Desenho. Elas são exclusivas porque muitos idosos ficam
constrangidos inicialmente de participarem de atividades com pessoas mais jovens devido
o seu desempenho. Também existem oficinas que são inclusivas, exatamente para haver
a interação entre as diferentes faixas etárias, depois que os idosos se sentirem mais a
vontade.
Há também o Projeto Chorinho no Aquário que acontece todos os sábados ao lado
do Aquário Municipal de Santos, na orla da praia. onde os músicos e amantes do estilo
musical se encontram. No domingo, o encontro acontece na Fonte do Sapo, também na orla
da praia de Santos, onde ocorre o Projeto Baile na Praia, e o público idoso pode relembrar
as músicas que fizeram parte de sua juventude.
Seis bibliotecas distribuídas pela cidade de Santos, permitem que os idosos leiam
com tranquilidade, sem se distanciarem demais de suas residências. Uma delas fica no
Posto de Salvamento 6, onde podem ser encontrados, além de livros, revistas diversas e
jornais. É uma ótima opção para quem vai fazer sua caminhada pelo calçadão e jardins da
praia.

4.8 Programas da Secretaria Municipal de Saúde para os idosos

4.8.1 Movimente-se com Música e a Dança

Projeto da Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com a Secretaria de


Esportes e Secretaria de Desenvolvimento Social. Segundo a Organização Mundial de
Saúde, podemos definir saúde como um estado de completo bem estar físico, mental e
social, não somente a ausência de doença ou enfermidade. Pensando nisso, todas as
unidades de saúde e policlínicas municipais possuem aulas no período da manhã,
orientadas por educadores físicos, onde os idosos se movimentam ao ritmo da música com
o objetivo de atingir a reabilitação funcional. Somente para pessoas acima de 60 anos.
31

4.8.2 Programa Hiperdia

Atividades físicas para grupo de pessoas com hipertensão e diabetes, sendo que
boa parte é composta por idosos. Acontecem nas próprias unidades de saúde ou em
espaços comunitários próximos. Santos possui dez centros comunitários.

4.8.3 Terapia Comunitária

São rodas de conversa entre pessoas da comunidade, entre elas há uma boa parcela
de idosos, e facilitadores (profissionais da saúde) realizadas nas Unidades de Saúde com o
objetivo de partilhar sentimentos que causam sofrimentos.

4.9 Escola Radical de Surfe

Criada em 1991 pela Secretaria de Esportes em parceria com a Sthill (empresa


especializada em equipamento para o surfe), a Escola Radical de Surfe atende cerca de
duas mil pessoas por ano entre alunos, projetos e parcerias, no surfe e no bodyboard. Em
1997, o primeiro aluno idoso começou a participar das aulas. Em 2018, são duzentos alunos,
sendo que 20% são idosos de ambos os sexos e os mais variados níveis de condicionamento
físico. A combinação de mar, areia, sol e surfe traz uma grande melhora cognitiva e da
coordenação motora dos mesmos. O local é também referência no atendimento a pessoas
com deficiência com o Projeto Sonhando Sobre as Ondas, onde é utilizado uma prancha
multifuncional, equipamento desenvolvido pelo professor Cisco Araña. As aulas acontecem
em frente ao Posto de Salvamento 2.
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5 Resultados

Valente (2011), em sua tese de mestrado, elaborou um questionário para ser


aplicado nos gestores públicos da cidade de Manaus. O mesmo foi utilizado por nós para
conhecermos o perfil de duas gestoras ligadas às politicas públicas para a pessoa idosa em
Santos.

Quadro 5 – Respostas das gestoras ao questionário


33

5.1 Coordenadoria de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa

Além de coordenadora da COPPI e vice presidente do Conselho Municipal do Idoso,


ela administra o Espaço do Idoso.
Ela ocupa esse cargo há dois anos, sendo indicada para o mesmo pelo gestor
principal por livre provimento (não é concursada), devido a sua experiência nessa área.
Ela concluiu sua graduação em Dança na Unimes (Universidade Metropolitana de
Santos) em 1997 e trabalhou como professora no SESC-Santos, tendo como foco principal
o atendimento de idosos.
Não possui especialização em Gestão Pública ou em qualquer outra área.
Também foi assessora na Prodesan, Semes e Seduc.
Foi coordenadora do Instituto Teotônio Vilella, orgão que tem o objetivo de formular
políticas públicas.
Idealizadora do Projeto Vibra Vida, que utiliza a dança e terapias corporais para a
melhoria da qualidade de vida dos idosos.

5.2 Seção de Esportes da Terceira Idade

É chefe da SETERID há seis anos. É professora de Educação Física há 34 anos e


atualmente trabalha no Complexo Recreativo e Esportivo Rebouças, na Praça Eng. José
Rebouças.
Começou a trabalhar na Prefeitura de Santos através de concurso exercendo o
cargo de professora de Educação Física, sendo indicada para o cargo de gestora.
Não possui especialização em Gestão Pública, mas possui especialização em
Atividades Aquáticas.
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6 Considerações finais

Produzir o presente trabalho de pesquisa foi de suma importância para ampliar


os conhecimentos dos autores sobre o tema, tão presente na realidade profissional do
educador físico e porque não dizer, na realidade de todas as pessoas. Afinal o processo de
envelhecimento é inerente à todos os seres vivos.
Discutir aspectos relacionados aos impactos sociais e econômicos causados pelo
aumento da população idosa e a necessidade de ajustes para acolhê-la é muito relevante
para a compreensão e realização das mudanças, para que isso ocorra de modo a manter o
equilíbrio da sociedade e o bem estar do idoso.
Foi observado um esforço do poder público na constatação da necessidade de
políticas públicas para os idosos, na elaboração e execução de programas que elevem e
mantenham a qualidade de vida do idoso. Mas infelizmente, ficou evidente a morosidade
no processo, além da descontinuidade de alguns programas que obtinham sucesso, no
momento de mudança dos gestores principais, não havendo um substituto a altura para o
mesmo.
Em relação a Santos, os programas que prosseguem são eficientes, mas ao longo
do tempo foram perdendo eficácia, pois não acompanharam a crescente demanda, sendo
necessário maiores investimentos para redimensioná-los e alcançarem maior número de
pessoas. As listas de espera, apesar de não serem divulgados números, são extensas e
comuns a todos os programas executados na cidade. Somente 10% a 15% dos idosos
santistas são assistidos pelos programas.
Santos possui uma infraestrutura bem sólida, com diversos equipamentos públicos
que oferecem diversas atividades voltadas para a pessoa idosa. E está sempre buscando
algo novo para implementar. Um exemplo é que em 2018 foi iniciado um projeto que incentiva
o uso de bicicletas pelos idosos, através de oficinas, palestras, onde são mostrados regras
de trânsito e até mesmo como se equilibrar na mesma.
Além da necessidade de expansão dos programas existentes, também se faz
necessário a abertura de novas opções. Uma tendência que foi apontada durante as
pesquisas foi o trabalho do educador físico em condomínios e nas residências dos idosos.
Isso é algo necessário devido a falta de espaço nos equipamentos públicos para ampliação
dos serviços e também porque muitos idosos não podem se locomover sozinhos até o local
das atividades, além de não terem alguém que possa acompanhá-los. Quanto a ampliação
dos equipamentos, constatamos a iniciativa do poder público municipal em melhorar a
situação. Em 3 de setembro de 2018, foi públicado no Diário Oficial de Santos, o edital de
licitação para reforma do Posto de Salvamento 3, que fica na orla da praia, para a
implantação da Escola de Surf Inclusiva, que deverá ampliar o atendimento ao público com
deficiência, o qual já era atendido no Posto de Salvamento 2, mas devido a grande procura
e a necessidade de instalações específicas, terá um local somente para o mesmo.
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Quanto as gestoras pesquisadas e entrevistadas, as mesmas possuem formação na


área de Educação Física, porém não possuem especialização em Gestão Pública, sendo
que uma delas possui pós graduação em Atividades Aquáticas. Uma já tinha experiência
em gestão pública (gestão ambiental) e a outra não possuia. Uma delas é concursada e foi
indicada para o cargo de gestão, a outra entrou na categoria de livre provimento, também
sendo indicada para o cargo.
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