Você está na página 1de 191

0

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - PPGEOG

RAFAEL CÉSAR COSTA SILVA

“VAI DIMINUINDO A CIDADE, VAI AUMENTANDO A SIMPATIA”: as cidades


pequenas da Região Imediata de São João del-Rei/MG e suas funções

SÃO JOÃO DEL-REI/MG


MAIO/2023
1

RAFAEL CÉSAR COSTA SILVA

“VAI DIMINUINDO A CIDADE, VAI AUMENTANDO A SIMPATIA”: as cidades


pequenas da Região Imediata de São João del-Rei/MG e suas funções

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Geografia da Universidade
Federal de São João del-Rei, como requisito à
obtenção do título de Mestre em Geografia.

Área de concentração: Análise Ambiental e


Territorial

Linha de pesquisa: Dinâmica do Espaço Rural


e Urbano

Orientador: Prof. Dr. Márcio Roberto Toledo

SÃO JOÃO DEL-REI/MG


MAIO/2023
Ficha catalográfica elaborada pela Divisão de Biblioteca (DIBIB)
e Núcleo de Tecnologia da Informação (NTINF) da UFSJ,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

SILVA, RAFAEL CÉSAR COSTA.


S586? “VAI DIMINUINDO A CIDADE, VAI AUMENTANDO A
SIMPATIA” : as cidades pequenas da Região Imediata de
São João del-Rei/MG e suas funções / RAFAEL CÉSAR
COSTA SILVA ; orientador MÁRCIO ROBERTO TOLEDO. --
São João del-Rei, 2023.
191 p.

Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em


Geografia) -- Universidade Federal de São João del
Rei, 2023.

1. Cidades Pequenas. 2. Rede Urbana. 3. Geografia


Urbana. 4. Funções. 5. São João del-Rei. I. TOLEDO,
MÁRCIO ROBERTO, orient. II. Título.
3

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - PPGEOG

“VAI DIMINUINDO A CIDADE, VAI AUMENTANDO A SIMPATIA”: as cidades


pequenas da Região Imediata de São João del-Rei/MG e suas funções

Autor: Rafael César Costa Silva

Orientador: Márcio Roberto Toledo

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta dissertação:

_______________________________________________________________
Prof. Dr. Márcio Roberto Toledo – Orientador
Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ

_______________________________________________________________
Prof. Dr. Ivair Gomes
Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ

_______________________________________________________________
Profª. Drª. Sandra de Castro de Azevedo
Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL
4

Dedicatória:

À minha família, por todo amor e amparo;

Aos meus antepassados pelas memórias e identidades;

Aos meus avós Maria e José, Lúcia e Fernando pelas bênçãos constantes;
5

AGRADECIMENTOS

“A gratidão é o melhor sentimento que um ser humano pode ter.” (Cláudia Raia)

“Dizer que alguém é importante vai te fazer bem e, tenha certeza, pode mudar o momento –
ou até a vida – de quem ler e/ou ouvir.” (Xuxa Meneghel)

Acredito que com esta experiência do mestrado, por ora, encerro um ciclo virtuoso de
formação acadêmica, iniciado há muito tempo. E durante todo esse período, inúmeros me
acompanharam em incontáveis momentos. Inúmeros foram os que, nesse caminhar, trilharam
outros caminhos e tantos outros vieram, junto a mim, caminhar. Os sujeitos que aqui estão
agradecidos são aqueles que permaneceram ou juntaram-se a mim nesse compartilhar infinito
de experiências que formam o presente autor.

Agradeço primeiramente a Deus, que tem sido o guia e sustentáculo em minha vida, tanto
pessoal quanto profissional. Em todos os momentos, reconheço que Ele é o maior mestre que
alguém pode conhecer. Sua presença e direção têm sido fundamentais para minha jornada, e
sou profundamente grato por Sua orientação constante. Obrigado, Deus, por tudo o que tem
feito por mim.

À minha amada família, que ocupa um lugar especial em meu coração, gostaria de
expressar minha profunda gratidão. Aos meus queridos pais, Carlos e Valéria, e aos meus
amados irmãos, Ana Carla e Carlos Vilmar, agradeço pelo exemplo de vida que vocês
representam, pela força que sempre me sustentou e pelas orações constantes. Vocês são meu
porto seguro, meu suporte incondicional. Obrigado por tudo! Meu esforço será dedicado
eternamente a ver cada um de vocês felizes e realizados. ♥

Ao meu passado, memória e ancestralidade, quero expressar minha profunda gratidão aos
meus parentes falecidos de Oliveira, Morro do Ferro, Engenho e Matinha. Suas histórias e
legados permeiam meu ser, conectando-me com as raízes familiares e enriquecendo minha
compreensão do presente. Através das memórias transmitidas e dos laços de sangue, carrego
comigo uma herança preciosa que moldou minha identidade. Agradeço por suas presenças em
minha linhagem, honrando-os ao preservar e transmitir essa história para as gerações futuras.
Que suas almas descansem em paz, sabendo que suas influências e amor permanecem vivos
dentro de mim.

À Universidade Federal de São João del-Rei, expresso minha imensa gratidão pela
oportunidade de cursar a instituição que sempre almejei. Foi por meio dessa universidade que
6

pude abrir uma janela que hoje me permite vislumbrar um horizonte acadêmico superior. Sou
profundamente grato pela qualidade de ensino, infraestrutura e apoio oferecidos pela
instituição, que foram fundamentais para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pela bolsa


concedida durante o período da pós-graduação. Ter tido a possibilidade de ser bolsista em plena
pandemia contribuiu para o êxito do processo.

Ao meu orientador Prof. Márcio Roberto Toledo, pela orientação, amizade, apoio е
confiança, desde as Iniciações Científicas até o Mestrado, cujo seu empenho dedicado à
elaboração do trabalho foi valioso.

Às professoras Carla Juscélia de Oliveira Souza e Tatiane Marina Pinto de Godoy, pelo
carinho, empatia e contribuição emocional durante todo o período como universitário. O
respeito, amizade e gratidão por vocês duas serão eternos.

Aos demais professores da pós-graduação, Francielle Cardozo, Iola Boëchat, Múcio


Figueiredo, da UFSJ e Wagner Batella, da UFJF. Vocês contribuíram para o êxito desta
dissertação por todo o empenho dedicado durante às aulas.

À professora Iara Soares de França (UNIMONTES) pela valiosa contribuição e


participação na banca de qualificação. Suas colocações e sugestões foram de extrema
grandiosidade para a versão final da pesquisa.

Aos professores Ivair Gomes (UFSJ) e Sandra de Castro de Azevedo (UNIFAL) por terem
participado da minha banca de defesa. Suas presenças e contribuições foram essenciais para a
conclusão deste importante marco em minha jornada acadêmica. Agradeço por compartilharem
seu conhecimento, expertise e tempo para avaliar meu trabalho e oferecer valiosas sugestões e
críticas construtivas.

À secretária, “mãezona” e amiga confidente de todos da Geografia, Wânia Longatti. O


período da faculdade não seria o mesmo sem nosso café da tarde, conversas, conselhos e
amizade. Tenho certeza que ganhei uma amiga pelo resto da vida. Obrigado por todo amor e
carinho!

À minha melhor amiga, Raquel Alves, expresso minha imensa gratidão. Ao longo dos
últimos 8 anos, nossa parceria foi marcada por confidencialidade, intimidade, lealdade,
fidelidade, compartilhamento de momentos em novelas, relatórios e trabalhos de campo juntos.
Em vários momentos, éramos apenas nós dois, desfrutando do laboratório e do CTAN,
7

proporcionando companhia mútua, mesmo aos finais de semana. Você é uma pessoa perfeita,
guerreira, carinhosa e atenciosa. Admiro tudo o que você faz e a alegria que sinto por tê-la
conhecido é imensa. Muito obrigado por tudo!

Ao Marcos Ribeiro, meu companheiro de estudos sobre as cidades pequenas e a relação


campo-cidade, expresso minha sincera gratidão. Nossas conversas e o compartilhamento de
livros e artigos foram de extrema importância para minha vida acadêmica. O carinho que sinto
por você só cresce a cada momento.

Aos meus amigos e colegas que sempre estiveram comigo durante o mestrado, seja para
uma conversa, auxílio, um bate-papo qualquer, um carinho, companhia e apoio na imersão da
pós-graduação: Alícia Moreira, Gustavo Zanin, Igor Silvério, Lucas Giarola, Lucas Rodrigues,
Maria Clara Franco e Thiago Fantini.

Aos alunos e alunas, professores e professoras das escolas Dr. Garcia de Lima e
Governador Milton Campos, expresso minha profunda gratidão. Cada pergunta, curiosidade,
demonstração de carinho e apoio em relação à minha pesquisa reforçou a certeza de que não
estava sozinho neste caminho profissional. Vocês demonstraram empatia em todos os desafios
enfrentados durante o mestrado. Amo todos vocês!
8

“Eu quero estar na cidade pequena

No fim da vida, pela vida inteira”

Cidade Pequena - Marcelo Perdido


9

RESUMO

A necessidade de avançar nas discussões sobre as cidades pequenas brasileiras na Geografia é


notória. Atualmente, apesar do aumento de trabalhos acadêmicos apresentados em congressos
da área, ainda existe uma lacuna na análise dessas cidades, tanto em termos quantitativos quanto
qualitativos. Nesse sentido, o objetivo desta dissertação é contribuir para o debate teórico e
metodológico sobre as cidades pequenas, utilizando como base a realidade urbana brasileira, a
fim de destacar a importância de seu estudo. A pesquisa revela a diversidade de definições sobre
o tema e suas variáveis, apresentando as tendências dos estudos atuais, suas áreas de
concentração e as definições relacionadas às cidades pequenas. No contexto da área de estudo
escolhida, que é a Região Imediata de São João del-Rei/MG, a hipótese central é de que, durante
o período Técnico-Científico-Informacional, as cidades analisadas se especializaram e
espacializaram de maneiras distintas, mesmo tendo uma origem comum na mineração. Dessa
forma, foi realizada uma investigação sobre as cidades pequenas integrantes da rede urbana do
município de São João del-Rei, destacando suas funções e potencialidades, com o intuito de
reforçar sua importância no contexto regional, abrangendo aspectos econômicos,
populacionais, culturais, agrícolas, religiosos, industriais, turísticos e de memória.

Palavras-chave: Cidades Pequenas; Rede Urbana; Geografia Urbana; Funções; São João del-
Rei.
10

ABSTRACT

The need to move forward in discussions about small Brazilian cities in Geography is notorious.
Currently, despite the increase in academic papers presented at conferences in the area, there is
still a gap in the analysis of these cities, both in quantitative and qualitative terms. In this sense,
the objective of this dissertation is to contribute to the theoretical and methodological debate
on small towns, using the Brazilian urban reality as a basis, in order to highlight the importance
of its study. The research reveals the diversity of definitions on the subject and its variables,
presenting trends in current studies, their areas of concentration and definitions related to small
cities. In the context of the chosen study area, which is the Immediate Region of São João del-
Rei/MG, the central hypothesis is that, during the Technical-Scientific-Informational period,
the analyzed cities specialized and spatialized in different ways, even having a common origin
in mining. In this way, an investigation was carried out on the small towns that are part of the
urban network of the municipality of São João del-Rei, highlighting their functions and
potential, with the aim of reinforcing their importance in the regional context, covering
economic, population, cultural, agricultural aspects. , religious, industrial, tourist and memory.

Keywords: Small Towns; Urban Network; Urban Geography; Functions; São João del-Rei.
11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Vovô Fernando e seu café ......................................................................................... 16


Figura 2: Estrela do Sul ............................................................................................................ 21
Figura 3: Cotidiano .................................................................................................................. 30
Figura 4: Variação de busca do termo ‘cidade pequena’ no Brasil – 2004/2020 ..................... 44
Figura 5: Dissertações brasileiras sobre cidades pequenas (2000-2020) .................................. 47
Figura 6: Teses brasileiras sobre cidades pequenas (2000-2020) ............................................. 48
Figura 7: Discussões das dissertações sobre cidades pequenas no Brasil – 2000/2020 ........... 52
Figura 8: Discussões das teses sobre cidades pequenas no Brasil – 2000/2020 ....................... 53
Figura 9: Quantidade de trabalhos por eixos do SINAPEQ – 2020 ......................................... 56
Figura 10: O vendedor de lenhas .............................................................................................. 58
Figura 11: Hierarquia dos centros urbanos brasileiros ............................................................. 65
Figura 12: Lugares centrais de Minas Gerais pertencentes às diferentes redes urbanas regionais
brasileiras em 1960 .................................................................................................................. 71
Figura 13: Hierarquia das cidades médias em Minas Gerais – 1980 ........................................ 72
Figura 14: Novas áreas de centralidades das cidades mineiras, em 1993 ................................. 73
Figura 15: Festividades ............................................................................................................ 77
Figura 16: Região Intermediária de Barbacena-MG ................................................................. 79
Figura 17: Região Imediata de São João del-Rei-MG .............................................................. 79
Figura 18: Conceição da Barra de Minas .................................................................................. 83
Figura 19: Coronel Xavier Chaves ........................................................................................... 84
Figura 20: Lagoa Dourada ........................................................................................................ 85
Figura 21: Madre de Deus de Minas ......................................................................................... 86
Figura 22: Nazareno ................................................................................................................. 87
Figura 23: Piedade do Rio Grande ............................................................................................ 88
Figura 24: Prados ..................................................................................................................... 89
Figura 25: Resende Costa ......................................................................................................... 90
Figura 26: Ritápolis .................................................................................................................. 91
Figura 27: Santa Cruz de Minas ............................................................................................... 92
Figura 28: São Tiago ................................................................................................................ 93
Figura 29: São Vicente de Minas .............................................................................................. 94
Figura 30: Tiradentes ............................................................................................................... 95
Figura 31: Aspectos rurais flagrados nas cidades pesquisadas ............................................... 100
Figura 32: População urbana, rural e total em 1991 ................................................................ 106
Figura 33: População urbana, rural e total em 2000 ................................................................ 106
Figura 34: População urbana, rural e total em 2010 ................................................................ 107
Figura 35: São Sebastião em Santa Cruz de Minas ................................................................. 116
Figura 36: Santos padroeiros das cidades ............................................................................... 117
Figura 37: Café e lanche após as missas ................................................................................. 118
Figura 38: Festividades religiosas em Conceição da Barra de Minas ..................................... 120
Figura 39: Festividades religiosas em Coronel Xavier Chaves ............................................... 121
Figura 40: Festividades religiosas em Lagoa Dourada ........................................................... 122
Figura 41: Festividades religiosas em Madre de Deus de Minas ............................................ 123
Figura 42: Festividades religiosas em Nazareno .................................................................... 124
12

Figura 43: Festividades religiosas em Piedade do Rio Grande ............................................... 125


Figura 44: Festividades religiosas em Prados ......................................................................... 126
Figura 45: Festividades religiosas em Resende Costa ............................................................ 127
Figura 46: Festividades religiosas em Ritápolis ..................................................................... 128
Figura 47: Festividades religiosas em Santa Cruz de Minas ................................................... 129
Figura 48: Festividades religiosas em São Tiago .................................................................... 130
Figura 49: Festividades religiosas em São Vicente de Minas ................................................. 131
Figura 50: Cachoeira do Flavito ............................................................................................. 133
Figura 51: Festival Internacional de Escultura em Pedra ........................................................ 135
Figura 52: Rocambole em Lagoa Dourada ............................................................................. 136
Figura 53: Calendário Cultural em Lagoa Dourada ................................................................ 136
Figura 54: Calendário Cultural em Prados ............................................................................. 137
Figura 55: Casa Torta ............................................................................................................. 138
Figura 56: Artesanato em Resende Costa ............................................................................... 139
Figura 57: Ruínas da Fazenda do Pombal ............................................................................... 140
Figura 58: Santa Cruz de Minas e seus produtos ..................................................................... 141
Figura 59: Festa do Café com Biscoito ................................................................................... 142
Figura 60: Circuito Turístico "Caminhos de São Tiago" ........................................................ 143
Figura 61: Maria Fumaça ....................................................................................................... 144
Figura 62: Eventos em Tiradentes .......................................................................................... 145
Figura 63: Produtos do Laticínio Madre Deus ........................................................................ 149
Figura 64: Produtos do Laticínio Nazareno ............................................................................ 150
Figura 65: Mineração em Nazareno ....................................................................................... 151
Figura 66: Queijos São Vicente .............................................................................................. 152
Figura 67: Laticínios Santiago ............................................................................................... 153
Figura 68: Silos de armazenamento de grãos e plantações ..................................................... 158
Figura 69: O horizonte ........................................................................................................... 161
Figura 70: Atrás da Matriz ...................................................................................................... 164
Figura 71: Morro do Ferro ...................................................................................................... 174
13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de cidades mineiras de acordo com sua população (2000-2020) ......... 34
Tabela 2 - Universidades a que estão vinculadas as dissertações de geografia sobre cidades
pequenas no Brasil (2000/2020) ............................................................................................... 48
Tabela 3 - Universidades a que estão vinculadas as teses de geografia sobre cidades pequenas
no Brasil (2000/2020) .............................................................................................................. 49
Tabela 4 - Orientadores das dissertações sobre cidades pequenas no Brasil no âmbito da
geografia (2000/2020) .............................................................................................................. 50
Tabela 5 - Orientadores das teses sobre cidades pequenas no Brasil no âmbito da geografia
(2000/2020) ............................................................................................................................. 51
Tabela 6 - Artigos sobre cidades pequenas presentes nos anais do SIMPURB (2015, 2017, 2019)
.................................................................................................................................................. 54
Tabela 7 - População dos municípios da região imediata de São João del-Rei (2022) ............ 80
Tabela 8 – PIB das regiões imediatas de Minas Gerais (2018) ................................................ 80
Tabela 9 - Tipologia urbano-rural .......................................................................................... 101
Tabela 10 - Caracterização urbana/rural dos municípios ........................................................ 102
Tabela 11 – PIB dos municípios estudados (2019) ................................................................. 104
Tabela 12 – Recursos advindos do governo federal (2020) .................................................... 111
Tabela 13 - Quantidade de católicos na região imediata de São João del-Rei (2010) ............ 114
Tabela 14 – Produções agrícolas em toneladas das cidades analisadas (2021) ....................... 156
Tabela 15 - Dados completos das dissertações sobre cidades pequenas no Brasil (2000/2020)
................................................................................................................................................ 175
Tabela 16 - Dados completos das teses sobre cidades pequenas no Brasil (2000/2020) ........ 185
Tabela 17 - Dados completos dos trabalhos apresentados no SIMPURB em 2015 ................ 189
Tabela 18 - Dados completos dos trabalhos apresentados no SIMPURB em 2017 ................ 190
Tabela 19 - Dados completos dos trabalhos apresentados no SIMPURB em 2019 ................ 190
14

LISTA DE ABREVIATURAS

ABRASEL - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

FJP – Fundação João Pinheiro

FLONA – Floresta Nacional

FPM – Fundo de Participação dos Municípios

GASPERR - Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais

GEPeq - Grupo de Estudos sobre Pequenas Cidades

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES - Instituto de Ensino Superior

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LAPUR - Laboratório de Planejamento Urbano e Regional

Mikripoli - Rede de Pesquisadores de Pequenas Cidades e Localidades

PIB – Produto Interno Bruto

PNLD - Programa Nacional do Livro e do Material Didático

PROMADRE - Produtores Associados de Madre de Deus Ltda

ReCiMe - Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias

REDBCM - Rede Brasileira de Estudos sobre Cidades Médias

REGIC - Regiões de Influência das Cidades

SIMPURB - Simpósio Nacional de Geografia Urbana

SINAPEQ - Simpósio Nacional sobre Pequenas Cidades

UFSJ - Universidade Federal de São João del-Rei


15

SUMÁRIO

PREFÁCIO - VOLTA AO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO: MEMÓRIAS E


IDENTIDADE ........................................................................................................................ 16

INTRODUÇÃO: TRILHANDO OS PASSOS DA PESQUISA ......................................... 21


CAPÍTULO 1 - AS PRINCIPAIS TEORIAS SOBRE AS CIDADES PEQUENAS:
CRÍTICAS E APONTAMENTOS ....................................................................................... 30
1.1 Análises sobre o conceito de cidade ................................................................................. 33
1.2 Cidades pequenas: teorias e noções ................................................................................. 36
1.3 Dificuldades na busca por uma definição do conceito ................................................... 40
1.4 Tendências do Século XXI sobre cidades pequenas ....................................................... 43
1.4.1 A cidade pequena nas pesquisas da pós-graduação brasileira ..................................... 47
1.4.2 A produção sobre cidades pequenas nos anais de eventos acadêmicos brasileiros ..... 54

CAPÍTULO 2 - A REDE URBANA MINEIRA E SUA HIERARQUIA ........................... 58


2.1 Caracterização de redes: o caso das urbanas brasileiras .............................................. 61
2.2 A rede urbana mineira ..................................................................................................... 68

CAPÍTULO 3 - A REGIÃO GEOGRÁFICA IMEDIATA DE SÃO JOÃO DEL-REI:


COMPOSIÇÃO, ESPAÇO URBANO E FUNÇÕES .......................................................... 77
3.1 Caracterização da área de estudo .................................................................................... 78
3.1.1 Conceição da Barra de Minas ........................................................................................ 83
3.1.2 Coronel Xavier Chaves ................................................................................................... 84
3.1.3 Lagoa Dourada ............................................................................................................... 85
3.1.4 Madre de Deus de Minas ................................................................................................ 86
3.1.5 Nazareno ........................................................................................................................ 86
3.1.6 Piedade do Rio Grande ................................................................................................... 87
3.1.7 Prados ............................................................................................................................. 88
3.1.8 Resende Costa ................................................................................................................. 89
3.1.9 Ritápolis .......................................................................................................................... 90
3.1.10 Santa Cruz de Minas .................................................................................................... 91
3.1.11 São Tiago ...................................................................................................................... 92
3.1.12 São Vicente de Minas ................................................................................................... 93
3.1.13 Tiradentes ..................................................................................................................... 94
3.2 Espaço urbano e ruralidades ........................................................................................... 95
3.2.1 Campo-cidade, rural-urbano ......................................................................................... 98
3.2.2 Migrações e êxodo rural ............................................................................................... 105
3.2.3 Políticas públicas .......................................................................................................... 108
3.3 Funções na rede urbana ................................................................................................. 112
3.3.1 Religiosas ...................................................................................................................... 114
3.3.2 Culturais/turísticas ....................................................................................................... 132
3.3.3 Industriais .................................................................................................................... 147
3.3.4 Agrícolas ....................................................................................................................... 153

CONSIDERAÇÕES (NÃO) FINAIS .................................................................................. 161

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 164


ANEXOS ............................................................................................................................... 174
Figura 1: Vovô Fernando e seu café. (Fonte: Hélcio Laranjo, 2022).

PREFÁCIO - VOLTA AO PRETÉRITO MAIS-QUE-


PERFEITO: MEMÓRIAS E IDENTIDADE

"Jamais se envergonhe de sua cultura. Ela é a sua raiz e identidade"


(BETTO, 2019, p. 94)
17

“Eu sou apenas um rapaz latino-americano


Sem dinheiro no banco, sem parentes importantes
E vindo do interior”
(Apenas Um Rapaz Latino Americano – Belchior)

Os três versos anteriores proporcionam uma breve introdução sobre minha pessoa.
Aqueles que nascem no interior trazem consigo uma riqueza de identidades e memórias
singulares. Portanto, gostaria de me apresentar. É importante ressaltar que meu objetivo é
compartilhar os caminhos que moldam-me: um nativo da cidade pequena de Oliveira/MG,
alguém ligado ao campo, um geógrafo e professor na escrita desta dissertação.

O nome escolhido para este prefácio é baseado em um trocadilho. A expressão "pretérito


mais-que-perfeito" possui um duplo significado, sendo interpretada tanto de maneira
gramatical, relacionada aos tempos verbais passados, quanto de forma figurativa, transmitindo
a ideia de perfeição e idealização.

Utilizando os fundamentos teórico-metodológicos da abordagem (auto)biográfica, por


meio da escrita narrativa, recorro à técnica que permite, por meio da delineação e registro das
lembranças que surgem a partir de questões de interesse, desenvolver uma forma de
"autoconhecimento". Esse processo está alinhado com a perspectiva de Souza (2006), que
destaca a importância de "organizar e construir a narrativa pessoal para entrar em contato com
as experiências que nos moldam" (SOUZA, 2006, p. 95), revelando as diferentes formas de
existir (CERTEAU, 2001) que emergem das experiências espaciais únicas, nas quais a vida se
desenrola em relação onde, como e com quem.

Assim, os eventos históricos que compõem as "Geo(bio)travessias" (OLIVEIRA, 2017)


que serão compartilhadas neste contexto fornecem uma perspectiva do "valor atribuído ao que
é experimentado" (JOSSO, 2010, p. 47), às atividades, influências e redes de suporte
estabelecidas ao longo da vida que permitem explorar novos e diversos caminhos, ampliando
as vivências no mundo.

Nessa jornada empreendida de "[...] identificar as marcas deixadas ao longo do percurso,


para decifrar as indicações que elas podem sugerir" (PINEAU, 2011, p. 29), fundamentado nas
"memórias que se expressam" (DELGADO, 2006, p. 44), darei início a esta narrativa de vida,
e nada seria mais apropriado do que começar minha “geo(BIO)grafização”1 (PORTUGAL,

1 A geo(BIO)grafização é um “[...] modo singular, particular de historicizar as experiências e as vivências pessoais,


formativas e profissionais a partir da apropriação dos lugares onde a vida e as histórias são narradas.” (p. 229).
Ainda segundo a referida autora, o movimento de geo(BIO)grafizar-se possibilita a construção de uma “[...] grafia
da vida, modo de apreensão, narração e interpretação das experiências vividas a partir da concepção, percepção e
apropriação do lugar, cenário-referência, onde são construídas as cartografias das experiências, singulares e
plurais, cuja narração dos enredos das histórias acontecem [...]” (PORTUGAL, 2013, p. 230).
18

2013) a partir do momento em que essa existência começa a ser vivida. Desta maneira, “tenho
comigo as lembranças do que eu era”, parafraseando a música ‘Nos Bailes da Vida’ de Milton
Nascimento.

No dia seguinte às festividades de Nossa Senhora de Oliveira, padroeira de nossa cidade,


e adentrando a segunda metade do mês de agosto, em uma sexta-feira memorável, eu vim ao
mundo (16/08/1996), sendo o primogênito do casal camponês formado por Carlos Alberto da
Silva e Valéria Lúcia Costa Silva.

Minhas raízes estão profundamente entrelaçadas em duas comunidades rurais. Por um


lado, meus avós paternos, Maria José Silva e José Maria da Silva, criados e nascidos no
Engenho, sempre me fascinando com o fato de seus nomes serem opostos um ao outro. Por
outro lado, meus avós maternos, Fernando Lúcio Costa e Lúcia Helena Silveira Costa, eram
moradores da Matinha do Jacaré.

Dois anos após meu nascimento, minha irmã Ana Carla Costa Silva veio ao mundo, e
nove anos depois, recebemos a alegria de receber em nossas vidas o caçula, Carlos Vilmar Costa
Silva. Cada um de nós possui sua própria maneira de ser, viver e enxergar o mundo, mas
compartilhamos uma característica comum: o amor incondicional pela nossa família.

Durante minha infância e adolescência, tive o privilégio de vivenciar uma conexão direta
com a zona rural, mesmo residindo na cidade. Essa experiência enriquecedora permitiu que eu
mergulhasse nas atividades campestres e me encantasse com a imensidão dos campos. Em
companhia da minha irmã, desfrutávamos dos momentos emocionantes com cavalos, bois e
vacas, sempre acompanhados de perto pela sabedoria do meu tio Valdir e a experiência
inigualável do meu avô Fernando. Essas interações rurais despertaram em mim um amor
profundo pela natureza e uma compreensão das tradições e valores que permeiam a vida no
campo.

Durante as férias escolares, nos meses de janeiro e julho, não havia passatempo melhor
do que ir para a casa de meus avós. Fazia de tudo: plantava milho e feijão, ia para as colheitas
de café, lavava chiqueiro, cuidava das galinhas, buscava bezerros nos pastos, subia nas
goiabeiras com meus primos, assistia meu avô tirando leite das vacas, ajudava na preparação
de linguiças caseiras e olhava se havia caído algum abacate maduro do pé. A rotina era
simplesmente a mesma, passando anos e anos.
19

Nas minhas andanças pela zona rural, gostava de sair pelas estradas enquanto vovó
preparava o delicioso almoço de domingo, com a maioria dos filhos e netos reunidos. Saía com
meu pai e alguns primos e passávamos sob as árvores. Eu as chamava de “floresta”. No pequeno
riacho, a gente ficava assentado sobre a “pinguela”, observando o barulho e o caminhar daquela
água cristalina. Eu gostava também de subir na porteira, após vencer a comprida e profunda
cava da estrada.

Na pacata cidade de Oliveira, a tranquilidade reinava até o momento em que o trem de


ferro atravessava o bairro em frente ao meu. Sempre que ouvia seu apito característico, eu saía
correndo em direção à janela para observá-lo passar, mesmo que estivesse distante. A
curiosidade sobre seu destino final permanece viva em minha mente até os dias de hoje.

Quando dizem que a religiosidade vem desde o "berço", é uma afirmação totalmente
verídica. Com apenas cinco anos de idade, eu não perdia uma única missa nos finais de semana.
Levava meus carrinhos como distração na igreja, mas na maioria das vezes acabava
adormecendo no colo da minha mãe, que fazia um esforço extra para acomodar tanto eu quanto
minha irmãzinha, que também pegava no sono.

Meu pai, na condição de ministro extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística,


apenas observava de longe no presbitério, sem poder interferir. Com o passar dos anos, minha
irmã e eu nos tornamos coroinhas, assumindo um papel mais ativo na celebração religiosa.

Quando me deparo com fotografias antigas, uma onda de emoção e nostalgia toma conta
de mim. Nelas, posso ver momentos preciosos ao lado dos meus saudosos bisavós maternos,
que guardo com carinho em minhas memórias. Uma imagem que se destaca é a de mim ao lado
do querido vô Bentinho, caminhando e deslizando sobre os grãos de café espalhados para secar
ao brilho do sol, juntamente com minha bisavó, “Sá” Marieta.

Outra fotografia traz à tona a imagem do vô Mário e da vó Elza, bisavós paternos,


sentados no banco em frente à casa deles, localizada bem no coração da praça central de Morro
do Ferro2 . É uma imagem que representa a essência da minha ancestralidade e das raízes que
me conectam a essa terra.

Sempre gostei de estudar, seja na pré-escola, ensino fundamental e médio. O gosto pelo
ensino já começava a aparecer na infância e adolescência, tendo meus irmãos como meus
“alunos”, ao ajudá-los nas tarefas escolares.

2Distrito de Oliveira onde meus avós paternos cresceram. Atualmente, alguns parentes ainda continuam morando
por lá.
20

No fim do ano de 2014, finalizado meu ensino médio, escolho o curso de Geografia pela
UFSJ para a realização de um dos meus sonhos: o ingresso na faculdade. Sem sequer conhecer
São João del-Rei como turista, saio do meu conforto familiar para morar sozinho pela primeira
vez.

Sempre tive a sensação que fiz a escolha certa, referente ao curso e à cidade. A saudade
de Oliveira, família e amigos foram amenizados pelos ciclos sanjoanenses que foram sendo
criados. O que permanecia e que valorizo muito atualmente é meu reconhecimento e gratidão
para com minhas origens. Assim, estudar as cidades pequenas e a relação campo-cidade foi
“imposta” pelo meu passado.

Em 2018 termino meu bacharelado; em 2021 minha licenciatura. Posso afirmar com todas
as letras que entrar em um programa de pós-graduação, em 2020, para cursar o mestrado foi a
coisa mais estrombótica3 de toda a minha vida. A dedicação acadêmica se resume, na maioria
das vezes, na seriedade, comprometimento, abrir mão de inúmeros hobbies para entrar de
cabeça na imersão da leitura e escrita.

Durante o trajeto de mestrando, percebo o mix de sentimentos que vivenciei: nos


deparamos com a pandemia; perdi minha avó Maria e meus avôs Fernando e José; sofremos
com o negacionismo científico e passei no concurso público de professor do estado de Minas
Gerais. A gratidão e a tristeza foram visíveis. Hoje, “carrego” o fardo (e sem reclamar) de
representar meus antepassados e memórias na educação pública e de qualidade ao qual
vislumbro.

Embora possa ter inspiração na bem diversificada biblioteca física e virtual, não é com
olhar do homem culto que enxergo as ruralidades e as cidades pequenas, mas com a alma caipira
que carrego lá de Oliveira, onde nasci.

Termino este prefácio com o verbete Matrioska, escrito por Betto (2019):

“Somos como bonecas russas, conhecidas como Matrioska, que cabem uma na outra, disse
minha avó: -Filho, você não é só você. Dentro do seu coração, do seu sentimento, de sua
memória e de suas entranhas, há uma legião de pessoas. Portanto, nunca se sinta só, a menos
que levado pela ignorância. E jamais se feche às pessoas que o povoam. Ore pelos que já
partiram e se abra aos que ainda vivem. Cada um de nós é um feixe de relações”

3 Termo usado por minha avó Maria para designar algo complicado, estranho, difícil, assustador.
Figura 2: Estrela do Sul (Fonte: Hélcio Laranjo, 2021).

INTRODUÇÃO - TRILHANDO OS PASSOS DA


PESQUISA

"Porque sonho não é mentira, é viagem, é o deslocar-se de si para a


realidade que confunde a razão." (BETTO, 2019, p. 18)
22

Durante muito tempo, as pesquisas em Geografia Urbana privilegiaram a escala


metropolitana como objeto de análise, a partir de escolhas que enfatizavam aspectos
demográficos, econômicos e locacionais. Tal acontecimento se justifica, segundo Corrêa
(1989), no fato de que nessas cidades aconteceu um salto qualitativo traduzido em uma maior
complexidade de funções, estrutura social, dinâmica espacial e organização interna. Logo, a
visibilidade de seus problemas é maior em comparação com outros centros.

A partir da década de 1990, no entanto, este panorama vem sendo modificado graças
aos esforços de estudiosos dos diversos campos das Ciências Humanas, Sociais e da Arquitetura
e Urbanismo, que passaram a enfocar, em suas pesquisas, as cidades médias e pequenas.

Vale dizer que tal abertura não se deu por acaso. Ao contrário, busca responder às
transformações ocorridas no Brasil contemporâneo (e, de igual modo, em outros países),
geradoras de novas dinâmicas e configurações nos papéis desempenhados pelas cidades
pequenas, seja no âmbito do intraurbano ou na escala urbano-regional.

Assim, podemos observar que o aumento de pesquisas sobre essas cidades foi por causas
das transformações na organização do nosso espaço geográfico, que trouxe mudanças para as
redes urbanas. Permitindo, portanto, novos papéis e relações perante tais cidades, possibilitando
visibilidades que contribua na inserção das cidades pequenas nas escalas nacionais (FRESCA,
2010).

Como consequência da modernização do/no campo, ampliação e difusão da produção e


do consumo, crescimento populacional e surgimento de novos fluxos de migração, tivemos
alterações nas dinâmicas sociais. Dentre esses fatores que incidiram na intensificação da
urbanização da sociedade em espaços até então pouco densos em técnicas e pessoas, as cidades
pequenas e médias passaram a ser cada vez mais importantes em seus contextos regionais e, em
alguns casos, até mesmo em escalas e circuitos nacionais e internacionais.

Por outro lado, diante de tão profundas transformações, questões tipicamente ligadas às
grandes cidades e regiões metropolitanas, começaram a aparecer nas cidades pequenas.
Exemplo disso, são as questões socioambientais, ampliação das diferenças e desigualdades
do/no espaço, incremento das funções urbanas, complexificação das relações entre cidades,
apropriação e ressignificação de culturas e deslocamentos intra e interurbanos. Assim,
suscitando maior atenção dos pesquisadores.
23

No entanto, é preciso ressaltar que, a despeito dos inegáveis avanços já conquistados,


os estudos e pesquisas sobre cidades pequenas sofrem, ainda, de certa carência quanto à
formulação de análises que lhes deem robustez teórica, metodológica e conceitual.

As políticas públicas, a imprensa e a sociedade em geral devem destacar essas cidades


no intuito de demonstrar sua expressiva quantidade, diversidade e, principalmente, seus
problemas. Portanto, “não contemplar as pequenas cidades é esquecer uma parte da realidade
urbana. (...) Trata-se, então, de reconhecer a existência das cidades menores” (ENDLICH, 2009,
p. 31).

Essas cidades apresentam dinâmicas singulares, espacialidades específicas, mantendo


relações particulares na rede urbana que fazem parte, bem como apresentam conteúdos urbanos
próprios. Algumas possuem estruturas e economia industrial, outras agrícolas e outras turísticas
ou de serviços. Estas cidades potencializam o desenvolvimento local e estão vivas no processo
de urbanização, apresentando potencialidades e entraves.

Isto posto, esta pesquisa está dividida em duas partes. A primeira vai ao encontro de
demonstrar os caminhos que as cidades pequenas percorreram e percorrem no âmbito da
Geografia brasileira, dentro do universo acadêmico. Logo, destacaremos suas possibilidades e
tendências de estudos no Século XXI.

A realização do debate proposto no início é justificada pela necessidade de entendermos


a dinamicidade da temática na academia, com enfoque na Geografia, cuja área do conhecimento
é a que favorece maior gama de análises e estudos diante do que foi proposto. Além disso, o
tema abrange a maioria das cidades existentes no Brasil.

Na segunda parte, materializamos nosso tema de estudo. Assim, a dissertação visa


abordar a rede urbana na escala do território mineiro, mais especificamente na Região
Geográfica Imediata de São João del-Rei (IBGE, 2017), entendendo as interações e funções de
suas cidades pequenas, bem como os espaços urbanos presentes.

Desta forma, para entendermos a produção do espaço urbano nessas cidades, devemos
sempre levar em consideração fatores, como os sociais, políticos, culturais e econômicos.
Santos (1985) enumera algumas características de produção espacial: processos, estruturas,
formas, dinâmicas e funções. Essa última subsidiará nossa pesquisa.

Analisar a função de uma cidade, segundo Corrêa (1987, p.80), pode permear “dar conta
da totalidade social em sua espacialização, podem-se, sem receio de cair no empirismo, iniciar
24

o estudo da organização espacial de uma sociedade em um dado momento de sua história pelas
suas formas”.

Definir a funcionalidade de uma cidade requer estabelecer a qual atividade, tarefa ou


papel ela se propõe no momento da reprodução do espaço urbano por seus agentes
remodeladores. Assim sendo, é possível observar a vida humana ali presente em diversas
vertentes, seja material ou imaterial, sempre se inserindo em sua rede urbana, já que está se
envolvendo em diversas relações.

Para isso, nossas análises compreendem as seguintes cidades pequenas que compõe a
Região Imediata de São João del-Rei: Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves,
Lagoa Dourada, Madre de Deus de Minas, Nazareno, Piedade do Rio Grande, Prados, Resende
Costa, Ritápolis, Santa Cruz de Minas, São Tiago, São Vicente de Minas e Tiradentes.

O termo utilizado para defini-las é, em muitos casos, “pequena(s) cidade(s)”, porém,


neste estudo4 , optou-se por utilizar a terminologia cidade(s) pequena(s) (já que na Língua
Portuguesa, usualmente o adjetivo – pequena – acompanha o substantivo – cidade –
diferentemente do inglês onde o adjetivo aparece antes do substantivo, a exemplo de small city),
como proposto por Sposito e Silva (2013).

A presente dissertação inicia com a hipótese de que mesmo um grupo de cidades tenha
se originado pelo mesmo motivo, a divisão territorial do trabalho, ou seja, suas funções urbanas,
não serão, obrigatoriamente, iguais. Esse fenômeno pode ser justificado pelos processos da
globalização capitalista vigente; caminhos escolhidos culturalmente por seus habitantes e pelos
novos e alternativos fluxos da atual hierarquia urbana.

Assim, o objetivo geral desta pesquisa é analisar os municípios da Região Imediata de


São João del-Rei quanto ao seu papel e contribuição à rede urbana mineira. Os objetivos
específicos são: analisar as formulações teóricas sobre as cidades pequenas no Brasil, levantar
o quantitativo de pesquisas sobre cidades pequenas do período (2000/2020), e desmistificar que
todas elas são insignificantes e sem importância para a compreensão do urbano contemporâneo.

Para que nossas indagações fossem sanadas, no que tange ao domínio da presente
dissertação, partimos, a priori, na busca por conceitos e definições pré-existentes sobre as
cidades pequenas e redes urbanas. Tal recorte espacial, que por muitas vezes foi negligenciado

4Em algumas partes desta dissertação aparecem a expressão ‘pequenas cidades’, porém, são citações de autores,
descrição de eventos ou o título de livros e artigos .
25

academicamente, carece de aprofundamento teórico e metodológico atualizado, já que o


‘esquecimento’ “homogeneizou e simplificou o assunto” (ANDRADE e ALVES, 2021, p.62).

A escolha pelo tema se justifica por dois motivos, científico e pessoal. O primeiro pelo
fato de haver poucos estudos sobre as cidades pequenas no Brasil, sua definição e
caracterização. Desse modo, buscamos contribuir para o necessário debate sobre a temática no
país e na região abordada, já que, segundo o IBGE, 84,4% das cidades brasileiras são
consideradas pequenas, demograficamente (abaixo de 50 mil habitantes), representando 34,6%
da população brasileira, reforçando a ideia da construção de uma agenda de pesquisa nacional
sobre o assunto (BELL e JAYNE, 2009; MOREIRA JUNIOR, 2013).

O segundo aspecto motivacional é de ordem afetiva, carinhosa e pessoal com as cidades


pequenas, bem como a área de atuação, que é a Geografia Urbana, perpassada pelo autor. Tal
fato se baseia em suas origens do interior, como relatado no tópico que inicia a presente
dissertação. Assim, a escolha pela região se justifica pela inserção do mesmo desde o período
da graduação quando aqui chegou, além de suas potencialidades e influências na rede urbana.

É necessário, portanto, investigarmos as cidades pequenas, construindo um suporte


teórico que permita aprofundar o conhecimento sobre essas aglomerações para oferecer
subsídios que possibilitem repensar das políticas públicas a elas destinadas ou mesmo para
contribuir com as reflexões sobre a própria divisão político administrativa vigente no Brasil
(SILVA, 2019).

Como metodologia de estudo, para fazermos a análise do espaço urbano


consideraremos, a partir da noção de espaço como um conjunto de sistemas de objetos e ações
(SANTOS, 1999), as categorias internas e relacionais deste objeto de nossa ciência. Assim, a
população, as empresas, a divisão territorial do trabalho, os fluxos (materiais e imateriais), etc.
foram contemplados nesta pesquisa.

Utilizamos o materialismo histórico-dialético que busca interpretar a realidade do


mundo segundo as transições humanas e históricas. É necessário destacar que a expressão
“materialismo” vai ao encontro da conjuntura material da realidade humana, e “histórico”
indica a percepção do ser humano ao longo da história. Já o termo “dialético” é a ação da
discordância realizada na respectiva história (LEITE, 2019).

Sendo assim, o tripé temporal passado-presente-futuro foi colocado em prática durante


o processo de elaboração da pesquisa. A contextualização histórica remete aos estudos já feitos
sobre o tema das cidades pequenas no Brasil. O presente aborda a realidade encontrada nos
26

centros urbanos investigados, em diversas vertentes, sobretudo demográfica e funcional. E o


futuro são as potencialidades encontradas, reforçando seu papel na rede urbana local, podendo
trazer benefícios, a fim de resolver possíveis problemas, sejam eles econômicos, de turismo ou
da invisibilidade social por serem do interior.

Sendo assim, reconhecemos que a performance espacial das cidades pequenas se


vislumbra na interface entre o rural e o urbano, já que as singularidades se manifestam
exatamente na conexão de aspectos característicos desses dois processos. Essa dissertação
defende a ruralidade como fator chave, peculiar e singular para a caracterização de uma cidade
pequena, exposta pela forte atuação que componentes rurais envolvem na configuração do
espaço urbano dessas localidades.

Considerando tal defesa, o elo entre a cidade pequena e suas adjacências rurais está
associado ao processo campo-cidade, já que um aspecto depende do outro para sua
sobrevivência, exemplificados pelos setores primários, secundários e terciários. Logo, é uma
“via de mão dupla”, com forte relação de dependência para ambos os espaços.

Após a definição do método científico, a pesquisa se estruturou em três etapas: busca


pelo referencial teórico que fortalecesse e sanasse nossas indagações; investigação e tabulação
de dados estatísticos, demográficos e econômicos; e um trabalho de campo para visualizarmos,
in loco, nosso objeto de estudo.

Na primeira etapa apoiamos na perspectiva crítica, amparados nas leituras de referências


da Geografia Urbana brasileira como Milton Santos, Maria Encarnação Beltrão Spósito, Eliseu
Savério Spósito, Paulo Fernando Jurado da Silva, Ana Fani Alessandri Carlos, entre outros. A
metodologia consiste numa análise qualitativa e quantitativa a partir do levantamento das
pesquisas sobre cidades pequenas para embasar nossas interpretações e traçar rumos sobre a
inquietação com relação ao tema aqui estabelecido.

A segunda etapa foi articulada a partir de informações sobre a realidade local, regional
e nacional, disponibilizadas por alguns órgãos públicos, a saber: IBGE, FJP, CAPES, Ministério
da Economia e Prefeituras.

Já a terceira etapa consistiu em visitar as 13 cidades pequenas pesquisadas, com o intuito


de registrar através de fotografias e anotações as dinâmicas dos espaços urbanos, suas
estruturas, formas, funções e componentes presentes. Vale destacar que para tal processo houve
o cuidado ético e moral para resguardar a identificação de alguns elementos, como placas de
carros, determinados imóveis e principalmente as pessoas.
27

Durante o processo de pesquisa, as visitas às diferentes cidades foram realizadas de


maneiras variadas, em 2021 e 2022. Algumas delas foram feitas de forma independente,
utilizando o transporte público, principalmente ônibus. Em outras ocasiões, em viagens de
carro. Essa flexibilidade permitiu explorar tanto uma cidade por dia quanto até três cidades em
uma única jornada, geralmente no período da manhã.

Além da documentação fotográfica, foram estabelecidas conversas informais com os


moradores locais, com o objetivo de compreender suas perspectivas e experiências. A análise
do espaço urbano, incluindo ruas, praças, casas, igrejas e até a presença de animais, possibilitou
uma reflexão sobre o significado de ser morador de uma cidade pequena e as sutilezas que
moldam a identidade dos indivíduos nesse contexto.

Nesse contexto, privilegiar as cidades pequenas como tema de estudo da produção


acadêmica de pós-graduação, em nosso entendimento, é contribuir com a discussão, a
compreensão e a proposição de cenários frente às transformações urbanas que impactam a vida
de milhões de brasileiros (NEVES e FARIA, 2020).

Longe de esgotar o assunto, espera-se que os dados e as reflexões expostos nessa


dissertação possam colaborar com outras produções que venham abordar as cidades pequenas
como tema de pesquisas, auxiliando na compreensão das dinâmicas urbanas próprias desse ente
federado que representa o lugar do cotidiano de milhões de brasileiros.

No capítulo 1 é apresentado e discutido as principais definições de cidades e cidades


pequenas. Teve-se como intuito mostrar a complexidade do termo, resultado de novas e
divergentes ideias diante da perspectiva contemporânea que foram aparecendo. Além do
arcabouço teórico, mostramos a frequência de estudo atualmente no Brasil sobre o tema, com a
catalogação de artigos e pesquisas em eventos nacionais.

No capítulo posterior, número 2, é destacado o debate sobre redes urbanas, com foco
em Minas Gerais. Desta forma, é mostrada a atual divisão da hierarquia urbana do estado,
salientando as principais cidades e redes. O objetivo é evidenciar o papel das cidades pequenas
nas redes urbanas que fazem parte.

Já no capítulo 3, são ressaltados os resultados principais da dissertação. Com a tabulação


das funções de nossas cidades, as mesmas são caracterizadas de acordo com sua importância
em sua rede urbana. Com a presença de imagens e gráficos, destacamos os pontos principais
em que tais cidades são importantes para a população local e adjacente, mostrando que são
primordiais para a realização de diversos fatores.
28

Por fim, e não menos importante, julga-se necessário e fundamental contextualizar a


pesquisa com o espaço-tempo em que ela foi iniciada e executada: o ápice da Pandemia de
COVID-19. Peço licença para escrever o final dessa introdução em primeira pessoa, a fim de
deixar registrado tal momento histórico.

Por um momento achei que minha pesquisa não seria finalizada. Como seria estar no
mestrado sem acesso às bibliotecas? Livros físicos? Sem poder visitar as cidades que compõem
minha área de estudo? E as fotografias? Seria tudo à distância e virtual até quando? As reuniões
às pressas com o orientador em sua sala na universidade seriam uma utopia?

Essas perguntas me atormentaram por longos meses. Ao sair de São João del-Rei para
passar a quarentena inicial em minha cidade natal, Oliveira, vi que não seria nada fácil. De um
lado o conforto e segurança de estar em família. Do outro, o medo e a angústia sobre os estudos.

Tudo foi se ajeitando durante o ensino remoto. Ainda cursava as disciplinas que
valeriam como créditos do Programa. Foi horrível, infelizmente. Aulas cansativas, corpo já não
estava aceitando o computador pela frente. Porém, a resiliência chegou. Eu não era o único que
estava passando por aquele problema. Coube, então, adaptar-se à realidade.

Novas ideias foram surgindo. Estar em casa o dia todo me possibilitou tempo para
investigar novas metodologias de estudo, possibilidades na área pesquisada e o contato com
profissionais da temática. Afinal, estávamos todos na mesma situação, no marasmo e no tédio
sem ir para lugar algum.

A pandemia, por outro lado, me viabilizou a aproximação dos meus estudos com minha
família. O que antes eu contava com os colegas da faculdade para me auxiliar, estava sendo
feito, nesse período, por meus pais e irmãos. Revisões, tabulações de dados, separação de livros
e um ombro amigo durante as crises de ansiedade e bloqueio criativo.

“Minhas”5 cidades também não ficaram alheias à COVID-19, logicamente. Assim,


durante esse período turbulento, novas variáveis de estudo foram surgindo, como os repasses
financeiros do Governo Federal para as cidades se adaptarem e reforçarem no combate ao vírus.
Se a vida me deu os limões, não desperdiçaria de fazer uma limonada.

E eis que chego até aqui, com a pesquisa finalizada. O sentimento que fiz meu melhor
diante as possibilidades que eu obtinha prevalece. Porém, no fundo do coração, tem aquele
resquício que poderia ter feito mais, aquela inquietação eterna do pesquisador, mas foi o que

5 Sentido carinhoso de possessividade que construí durante o caminho do mestrado com as cidades estudadas.
29

consegui dentro do meu limite e espero ter atingido um degrau que jamais poderia imaginar
anos atrás.

Espero que minha pesquisa vá ao encontro da música Frete, de Chitãozinho e Xororó,


que me faça, juntamente com os leitores que porventura aceitarem mergulhar o interesse na
dissertação, relembrá-la sobre a melodia: "Eu conheço todos os sotaques; Desse povo todas as
paisagens; Dessa terra todas as cidades".

A primeira parte do título de minha dissertação é um verso da música “Simplicidade”.


A frase transmite a ideia de que, à medida que a cidade ou o ambiente externo se tornam menos
relevantes ou menos importantes, a simpatia ou o sentimento de conexão com os outros está
aumentando. Pode ser interpretado como uma valorização das relações humanas e da empatia,
sugerindo que à medida que a atenção se desloca da agitação da cidade para as pessoas e suas
experiências, há um aumento na compreensão e no carinho em relação aos outros.

As imagens que ilustram as aberturas dos capítulos são pinturas de Hélcio Laranjo.
Jornalista aposentado, é natural de Oliveira, sendo conterrâneo do autor deste trabalho, cujo
tema das cidades pequenas é bastante presente em suas obras, retratando paisagens urbanas e
rurais em seus quadros.

Juntamente com as imagens, encontram-se fragmentos do livro “Minha vó e seus


mistérios”, escrito por Frei Betto6 . Na obra, o autor evoca lições de vida de sua avó Maria Zina,
com um lirismo especial e toques de realismo fantástico. Assim, ressalto alguns trechos que
considero úteis e valiosos.

6 Frade dominicano, jornalista graduado e escritor brasileiro. Nascido em Belo Horizonte/MG, recebeu diversos
prêmios por suas obras. Militante de movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a fu nção de assessor especial
do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva entre 2003 e 2004.
Figura 3: Cotidiano (Fonte: Hélcio Laranjo, 2019).

CAPÍTULO 1 - AS PRINCIPAIS TEORIAS SOBRE


AS CIDADES PEQUENAS: CRÍTICAS E
APONTAMENTOS

"Crescer interiormente significa tornar-se experiente na área que


escolhemos. Não importa o que você faz, mas como você faz." (BETTO,
2019, p. 89)
31

"Vai diminuindo a cidade


Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha, ai
Mais sincero o bom dia
Quanto mais simplicidade, ai ai
Melhor o nascer do dia"
(Simplicidade – Pato Fu)

No campo da Geografia Urbana, seja internacional ou brasileira, há um tema que


desponta como necessário para entendermos as particularidades de um país, que é a discussão
sobre as cidades pequenas. Tanto em estudos acadêmicos como nas escolas básicas, as cidades
pequenas devem ser analisadas, já que seu estudo ajuda a desvendar as realidades sociais
existentes, nas esferas políticas, econômicas, culturais, entre outros (FRESCA, 2001).

Logo, as cidades pequenas revelam características singulares, como fluxos


diferenciados em sua rede urbana e conteúdos internos próprios, apresentando estruturas
industriais, turísticas, agrícolas, de serviços ou estudantis. São protagonistas de diversas
regiões, com destaque em sua população e economia, sendo capazes de influenciar municípios
vizinhos a atendê-los em diversas necessidades, mostrando suas potencialidades.

A maior parte das pesquisas relacionadas à Geografia e ao espaço urbano enfoca as


grandes e médias cidades, por causa de sua importância para o país e por uma tradição histórica
de pesquisa, auxiliando outros pesquisadores sobre os problemas urbanos das cidades e
propondo soluções. Corroborando a este fato, as cidades pequenas estão à margem dos estudos,
justificado pela “insignificância demográfica destas cidades, pelo fraco poder político que
apresentam e também pela incapacidade de promover o autodesenvolvimento em decorrência
da própria escassez populacional” (FIGUEIREDO, 2008, p. 44).

Corrêa (1989), por exemplo, já nos alertava: “[...] os esforços de reflexão empreendidos
sobre o espaço urbano e a cidade têm preferencialmente, privilegiado as grandes cidades”
(CORRÊA, 1989, p.45). E Milton Santos destaca “[...] vemos perfilar-se outro fenômeno
urbano, o das cidades locais que, a nosso ver, merece tanto interesse quanto o precedente”
(SANTOS, 1982, p.69). Para Andrade (2001), “[...] umas das dificuldades em discutir cidades
pequenas é sua própria conceituação. O critério quantitativo deve ser usado com bastante
cautela devido à complexa organização territorial e urbana do espaço brasileiro” (ANDRADE,
2001, p.2).
32

Corroborando com Juanico (1976), as pesquisas tendem a deixar de lado este tema
periférico no campo da Geografia Urbana, para colocar em evidência apenas as cidades mais
reconhecidas nacionalmente. Para o autor, é feita uma suposição de que os problemas
encontrados nas cidades pequenas não são relevantes, não necessitando de estudos e discussões.
No entanto, embora apresentem diversos problemas, a sua intensidade está em uma escala local
e não em proporção aos das metrópoles, fato que as fazem serem menos estudadas pela
Geografia.

No Brasil, como ficará demonstrado mais adiante na exemplificação quantitativa de


trabalhos realizados sobre a temática, é notório que na virada do século XX para o XXI as
pesquisas começam a ter mais evidência, sendo a década de 1990 considerada um marco, já que
pesquisadores começaram a abordar outra realidade urbana: as cidades pequenas e médias.
Mesmo escassas, as pesquisas conseguem demonstrar de forma sucinta e concisa as diferentes
realidades das regiões do país, abarcando múltiplos povos, culturas e redes urbanas.

Para Brandão (2019), o motivo dessa nova vertente de pesquisa busca responder às
mudanças políticas que estavam acontecendo no Brasil. Segundo ele, tais transformações eram
articuladoras para a criação de novas dinâmicas no espaço urbano, sobretudo na escala regional,
abarcando as cidades pequenas.

Considera-se o estudo das cidades pequenas importante ao levarmos em conta que é


possível conhecer e solucionar as “necessidades humanas”, existentes em todo o território, de
forma mais específica e clara, mesmo com sua complexidade de conceituação, contribuindo
para a interpretação da realidade, podendo adaptar a metodologia das análises para as cidades
grandes e metrópoles.

Outro aspecto aponta a própria função das cidades pequenas como incentivadoras da
descentralização das atividades produtivas, principalmente as indústrias, permitindo a criação
de polos alternativos para atração de migrantes e, dessa forma, aliviando a pressão migratória
sobre os grandes centros.

A literatura existente mostra que o assunto carece de debate e as primeiras discussões


demonstram que o tema é complexo, principalmente pela dificuldade em classificar e conceituar
as cidades deste porte.

Muitas são as cidades que abrigam poucos habitantes e tem menor expressão econômica
e política, configurando-se como pequenas, no território brasileiro. Devido às suas variadas
características, consideradas algumas vezes como “cidades do interior” ou “cidades rurais”,
33

elas, porém, não deixam de ser urbanas, pois existe uma estrutura urbana como edificações,
casas, ruas, avenidas, praças; entre outras inúmeras características que agregam singularidades
às cidades pequenas (SNICER, 2015).

Sendo assim, analisar e entender as cidades pequenas vai além de um trabalho que
agrega articulação em escalas geográficas e que exige um posicionamento consciente do
pesquisador sobre a realidade a ser observada e descrita, bem como um critério justo sobre a
classificação hierárquica de cidades.

Esta dissertação caminha no sentido de mostrar que a Geografia estudou e debateu


pouco os espaços periféricos da hierarquia urbana brasileira, privilegiando os estudos sobre
metrópoles e, mais recentemente, as cidades médias. Parece não ter havido, ao longo do tempo,
uma preocupação em entender o grande poder de atração que essas cidades exercem sobre
outras de ainda menor porte. Todavia, merece destaque que a referida situação está mudando,
com a presença do tema em eventos, periódicos e nas investigações de pós-graduação.

1.1 Análises sobre o conceito de cidade

Esse sub-tópico se inicia com uma inquietação: o que é uma cidade? Diante da
complexidade de uma resposta, entende-se a relevância de discutir criticamente tal indagação.
Os teóricos que se comprometem a respondê-la percorrem inúmeras esferas para fundamentar
sua resposta. Alguns se concentram nas dinâmicas populacionais, outros nos fluxos de
comunicação, bens e serviços e uns no campo de lutas e reivindicações.

O termo cidade é discutido e analisado em diferentes vertentes, como a arquitetura,


sociologia, economia e demografia. Entretanto, é a Geografia que consegue buscar e entender
os métodos que vislumbram no espaço-tempo que vivenciamos. Desta forma, podemos
considerar a cidade como um sujeito histórico que apresenta características intrínsecas com
identidades fortes atuantes no espaço urbano.

Antes de estudar cidades de qualquer porte, julga-se necessário compreender o que seria
uma cidade no sentido teórico. Sendo assim, é importante relacionar o recorte espacial e
temporal, além da experiência acadêmica e profissional percorrida pelo pesquisador que se
compromete a explicar o que é uma cidade. É importante ter em mente que não existem
respostas erradas, já que as cidades são dinâmicas, transformando-se a todo instante e com
novas teorias sendo desenvolvidas a respeito do fenômeno urbano.
34

Figueiredo (2008) evidencia duas abordagens contemporâneas para a definição de


cidades. Segundo a autora,

Uma, dentro de uma perspectiva mais tradicional, é uma visão material da cidade do
ponto de vista de seus níveis de concentração, adensamento, aglomeração, aspectos
que constituem a preocupação principal desse tipo de abordagem. A outra,
independentemente do perfil anterior, com ideias mais recentes, considera a cidade do
ponto de vista de suas funções, sua dinâmica e suas contradições, levando em conta
dados relativos ao comércio, à disseminação de informações e ao seu papel na
qualidade de vida dos moradores (FIGUEIREDO, 2008, p. 31).

Assim sendo, enquanto algumas teorias compreendem a cidade no sentido de forma,


outras a veem no sentido de suas funções aos seus habitantes. Ressalta-se, porém, que ambas
as teorias são importantes para o entendimento crítico do que seria uma cidade, cuja relação das
duas nos fornece maior campo de visão do fenômeno, corroborando com Santos (1985).

A forma considerada oficial no Brasil se baseia no quesito político-administrativo.


Conforme Decreto-Lei nº 311, de 2 de março de 1938, em seu Art. 3º, “a sede do município
tem a categoria de cidade e lhe dá o nome”, ou seja, apenas a parte urbana é considerada cidade.

Desta forma, conseguimos entender a imensa diversidade das cidades no Brasil, com
diferenças exponenciais de população e, ainda assim, todas consideradas cidades, já que a
demografia não é limite para a definição, mas apenas o critério político-administrativo. Em
Minas Gerais, objeto de estudo da presente dissertação, é possível visualizar a gama de cidades
e suas respectivas populações, em diferentes épocas, conforme tabela abaixo. Vale destacar a
grande maioria na primeira classe de divisão.

TABELA 1 - QUANTIDADE DE CIDADES MINEIRAS DE ACORDO COM SUA


POPULAÇÃO (2000-2020)

(Fonte: IBGE, 2021. Elaborado pelo autor, 2023).

Segundo Paul Singer, economista e professor, independente se existem várias definições


de cidade, há sempre uma questão equivalente: “trata-se de uma aglomeração humana, de um
conjunto de pessoas vivendo próximas umas das outras” (SINGER, 1985, p.137). Porém, pouco
35

é falado sobre o limite mínimo para ser considerado uma cidade, que varia de autor para autor,
demonstrando incertezas para uma definição geral sobre o que é uma cidade.

Contudo, as cidades se encontram no viés de sua localização, podendo divergir de uma


para outra nos âmbitos territoriais, arquitetônicos, econômicos, populacionais e funcionais, mas
não se perde a característica de abrigar pessoas e serviços, locais e regionais. Para Figueiredo
(2008), a cidade fornece seus serviços com a finalidade de sanar as necessidades das pessoas,
sejam habitantes próprios ou não, podendo aumentar seus fluxos comerciais e estabelecendo
novas ligações de poder, a fim de dinamizar seu papel econômico em sua rede urbana.

Segundo Andrade (1981), a cidade “é um centro de relações de pessoas de outras áreas


– do campo e de outras cidades – e que vêm a ela a fim de adquirir bens expostos à
comercialização e usar serviços que nela são fornecidos” (ANDRADE, 1981, p. 277). Logo, é
visível que as cidades também sejam centros que polarizam serviços e informações, com
finalidades múltiplas, provocando intensidade de novos fluxos, como migratórios e de renda.

Continuando na esfera demográfica, George (1983) salienta que a população de uma


cidade é uma variável de extrema relevância para sua conceituação. Segundo ele, a “cidade
constitui uma unidade demográfica e, como tal, deve ser definida e analisada” (GEORGE, 1983,
p.137), pelo fato que estudando a população é ofertado o subsídio de relacionar dados sobre a
infraestrutura urbana, tendo como referência a força de trabalho ofertada e mercado
consumidor, além de serem moradores dessa mesma área, reforçando seu papel da dinamicidade
local.

Por outro lado, há uma definição sobre cidades focada em sua função, sendo
caracterizada por ideias mais recentes, conforme demonstra Oliven (1987). Segundo o autor,
“as cidades se constituem nos centros mais dinâmicos de sociedades complexas e, portanto,
representam também espaços nos quais as contradições deste tipo de sociedade se tornam mais
evidentes” (OLIVEN, 1987, p. 13). Tais contradições podemos interpretar como as
desigualdades sociais dentro de um mesmo aglomerado urbano, com classes ricas e pobres.

No mesmo sentido, Sposito (1997) enfoca que:

A cidade é o lugar onde se concentra a força de trabalho e os meios necessários à


produção em larga escala – a industrial –, e, portanto, é o lugar da gestão, das decisões
que orientam o desenvolvimento do próprio modo de produção, comandando a divisão
territorial do trabalho e articulando a ligação entre as cidades da rede urbana e entre
as cidades e o campo (SPOSITO, 1997, p.64).

Já para Cavalcanti (2001) uma cidade pode ser interpretada de acordo com alguns
acontecimentos, a saber: criação de comércios, bancos, hospitais, escolas, cinemas,
36

supermercados, entre outros equipamentos ligados ao capital. Desta forma, “a cidade é um


espaço geográfico, é um conjunto de objeto e de ações, mas entendendo que ela expressa esse
espaço, como lugar de existência das pessoas, não apenas como um arranjo de objetos,
tecnicamente orientado.” (CAVALCANTI, 2001, p. 15)

Seguindo a mesma linha, Silva (2004) destaca que a cidade é o produto da “atuação
constante dos agentes produtores do espaço urbano, sendo o local que possibilita a maximização
da reprodução capitalista” (SILVA, 2004, p.56). Logo, a incessante produção do espaço urbano
vai determinar as características de tais espaços, levando em consideração o poder econômico
dos atores espaciais.

Permeando pelas duas abordagens, Carlos (2009) apresenta sua teoria. Para a autora, ao
qual nos baseamos, a cidade é “o locus da produção, concentração dos meios de produção, do
capital, da mão de obra, mas é também concentração de população e bens de consumo coletivo”
(CARLOS, 2009, p.73). Ou seja, a cidade vai ser a responsável por ter para si os bens e serviços
e difundi-los para sua população. Já Scarlato (1995, p. 400) reforça que “a cidade é um lugar
de trocas”, seja de bens materiais ou de experiências e sentimentos.

Por fim, as cidades, com suas singularidades, são capazes de construir futuros diferentes
e, assim, serem modificadas de acordo com sua função, por seus habitantes e pelo governo
local. Muitas conseguem se manter pelo turismo, outras por fluxos industriais, estudantis, saúde
ou até mesmo por sua importância política na região que está inserida.

1.2 Cidades pequenas: teorias e noções

Nesta perspectiva da categoria cidade, percebe-se a dimensão ampla que está intrínseca
ao conceito, possibilitando a observação que qualquer cidade, independentemente de sua
extensão territorial, irá apresentar formas e funções distintas, que merecem discussão. As
diferenças, portanto, podem ser demográficas, econômicas e funcionais, variando, assim,
qualitativa e quantitativamente.

Este subcapítulo tratará das principais abordagens sobre o conceito de cidade pequena,
nos olhares de pesquisadores brasileiros e estrangeiros da Geografia. Salienta-se que é
necessário levar em consideração o recorte temporal das ideias antes de traçarmos
interpretações, a fim de evitarmos críticas inoportunas, já que por trás de cada teoria está
presente uma época diferente, com vivências variadas de autor para autor.
37

No Brasil, especificamente, não existe conceituação demográfica fixa para a


classificação de cidades, seja ela grande, média ou pequena. Entretanto, a maior parte das
definições internacionais limita a população entre 20 mil habitantes e 50 mil habitantes. Tal
variação no tamanho populacional deixa demonstrada a imprecisão de autor para autor; uma
indefinição não acontece somente no Brasil, mas também em outros países.

Entretanto, uma ampliação das pesquisas sobre a cidade pequena pode ser observada,
no caso brasileiro especificamente, a partir da década de 1990. Isso representou uma renovação
da Geografia por meio da adoção do enfoque crítico-analítico de orientação marxista, sendo
acompanhado, em contrapartida, pela diminuição das pesquisas de cunho estatístico-
demográfico (SPOSITO e SILVA, 2013).

Esse período foi classificado como um momento da construção dos estudos sobre as
cidades pequenas brasileiras na Geografia. Isso porque passou-se a observar um maior
crescimento das análises referentes a esse tipo de cidades, realizadas de forma mais sintética,
ganhando sentido ao confrontar as bibliografias sobre o assunto com a interpretação mais
aguçada das obras.

Para Pierre George, geógrafo francês precursor da Geografia crítica, seu critério não
abrange aspectos demográficos e sequer econômicos ou funcionais e sim o deslocamento
interno. Em seu entendimento, George (1968) evidencia o espaço interno limitado nessas
cidades no tocante às relações sociais e econômicas, facilitando-as, gerando pouca
complexidade de sua compreensão. Nas palavras do autor, uma cidade pequena é identificada
como um

Agrupamento denso de habitações no interior do qual todos os deslocamentos, aí


incluídos os deslocamentos funcionais, se fazem a pé, cujos limites podem ser
atingidos, de um ponto qualquer da superfície edificada, em menos de 20 minutos de
marcha e onde o recurso para os transportes públicos diz respeito às relações com o
exterior (GEORGE, 1968, p.745, apud FIGUEIREDO, 2008, p.37).

Com base nessa definição, constata-se que o critério utilizado por este autor não é o
número de pessoas que a cidade contém, mas sim, o tempo gasto com o deslocamento e a forma
como ele é feito. No entendimento do autor, esta categoria de cidade ocupa um espaço bastante
limitado, o que facilita as relações econômicas, além das relações sociais.

Azevedo (1970) debruçou-se sobre os estudos relacionados a hierarquia urbana. O autor


utilizou a demografia para justificar suas três divisões de cidades brasileiras: as pequenas
possuíam população mínima de 5 mil habitantes e máxima de 30 mil; as médias variando entre
38

30 mil e 100 mil habitantes; já as grandes com população superior a 100 mil habitantes. Nota-
se, entretanto, a exclusão das cidades que continham número inferior a 5 mil habitantes. 7

Amorin Filho e Serra (2001) mencionam que em 1979, por iniciativa de Andrade e
Lodder, diversas pesquisas foram feitas no Brasil sobre centros urbanos. Para eles, as cidades
pequenas seriam aquelas que obtinham menos de 50 mil habitantes.

Ruckert (1981), em suas pesquisas sobre o estado do Rio Grande do Sul, afirma que as
cidades pequenas eram aquelas que tinham como moradores a marca de no mínimo 10 mil
habitantes registrados no último censo demográfico, em 1970.

Isso posto, evidencia-se a dificuldade na afirmação de uma expressão para designar as


cidades de porte pequeno, tema central desta dissertação. Santos (1982) utilizou a expressão
“cidade local” ao invés de cidade pequena. Para ele, “a pequena cidade, que preferimos chamar
de cidade local, torna-se o centro funcional, mas não dinâmico da região circundante”
(SANTOS, 1982, p.51).

Santos (1982) ainda exemplifica que “a cidade local é a dimensão mínima a partir da
qual as aglomerações deixam de servir às necessidades da atividade primária para servir às
necessidades inadiáveis da população, com verdadeira especialização do espaço” (SANTOS,
1982, p. 71).

No entanto, de acordo com Fresca (2010), é importante destacar que cidades pequenas
e cidades locais não devem ser vistas enquanto expressões iguais. Cidade local seria o menor
escalão das cidades brasileiras, que atendem apenas as necessidades mais imediatas de seus
habitantes (SANTOS, 1982). Já a cidade pequena seria aquela com complexidade de atividades
urbanas que extrapola o denominado nível mínimo, mas que tal complexidade de atividades
urbanas não gera processos necessários para que as mesmas possam ser analisadas como
cidades intermediárias (FRESCA, 2010).

Dessa maneira, os centros locais precisam de cidades com níveis urbanos mais
desenvolvidos para sanarem suas demandas, tendo a cidade pequena adjacente como o alvo
imediato de procura. O fato reforça a proximidade do centro local e da cidade pequena, não
sendo necessária a busca por uma cidade média ou grande, já que a complexidade das
necessidades é mínima.

7A exclusão das cidades com menos de 5 mil habitantes mencionada na frase pode ser uma decisão metodológica
adotada para se concentrar nas características e padrões das áreas urbanas maiores e mais representativas em um
contexto de estudo da Geografia Urbana.
39

Ainda sobre as cidades pequenas tratadas por Santos (1982), ele reitera que a
comunidade internacional, em sua maioria, estabeleceu como marca máxima dessas cidades a
população de 20 mil habitantes. No entanto, chama a atenção que usar somente a demografia é
uma generalização perigosa, já que o mais importante são os fluxos funcionais,
complementando seu desenvolvimento e dinâmica.

Todavia, alguns pesquisadores optam por utilizar apenas o critério demográfico. Alba
(1984), em estudos no México, estabeleceu que as cidades de menor nível hierárquico eram
aquelas que possuíam a população entre 15 e 50 mil habitantes. Por outro lado, não justificou a
exclusão das cidades com população inferior a 15 mil habitantes. Em suma, “conhecer como
estas pessoas vivem e quais são suas necessidades é tão importante quanto conhecer a realidade
das demais cidades, pois não se pode esquecer que as pequenas cidades fazem parte de um
contexto maior: um estado, uma região, um país” (FIGUEIREDO, 2008, p. 39).

Ainda na América Latina, Jordan e Simioni (1998) afirmavam, à época, que as cidades
pequenas eram as que tinham população inferior a 50 mil moradores, em suas pesquisas no
México e Chile. Já para Gohn (2004), em contextos mundiais, destaca que a marca ainda
continua em 50 mil habitantes, reforçando que elas fazem parte de um “ideal utópico de moradia
feliz no imaginário de milhares de pessoas” (GOHN, 2004, s/p).

Vallega (1995) faz distinções para as cidades de pequeno porte na Itália. O autor propôs
a seguinte divisão: cidades pequenas seriam aquelas com população entre 25 e 100 mil
habitantes. Já as cidades com população inferior a 25 mil seriam denominadas de muito
pequenas.

Para Corrêa (1999), as cidades pequenas – “pequenos centros” e “pequenos núcleos”


outras expressões utilizadas por ele – são aquelas que possuem, no máximo, cinquenta mil
habitantes. Bernardelli (2004) considera cidades pequenas aquelas com menos de trinta mil
habitantes. Pereira (2007) acredita que o patamar máximo para ser uma pequena cidade é de
vinte mil habitantes – esse patamar é utilizado pelas estatísticas internacionais para classificar
esse tipo de cidade.

Julga-se necessário, também, apresentar as noções dos órgãos públicos que possuem o
objetivo de traçar políticas públicas com base em dados, subsidiando as várias esferas de gestão
pública e privada. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) usa a nomenclatura
“pequenos centros”, e os divide em três grupos, por população. O primeiro é constituído por
cidades de até 10.000 habitantes, o segundo em cidades de 10.001 a 20.000 habitantes e o
40

terceiro, de 20.001 a 50.000 habitantes. E, por fim, a classificação do IBGE (2000) define
pequena cidade como aquelas que possuem até cem mil habitantes.

A questão do patamar demográfico associado às cidades pequenas também é utilizada


para alguns repasses financeiros, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Segundo Mendes, Miranda e Cosio (2008, p. 30), ele é uma “transferência redistributiva, paga
pela União a todos os municípios do País. Ela é de uso incondicional, obrigatória e sem
contrapartida”, assunto aprofundado no decorrer da dissertação no último capítulo.

Logo, frente ao referencial teórico que subsidia esta pesquisa, constata-se que não há
consenso quanto a uma definição definitiva do que seja uma cidade pequena. No entanto, apesar
das pesquisas privilegiarem os grandes centros para, de certo modo, formularem teorias e
explicações sobre o urbano contemporâneo, é necessário um olhar mais atento para cidades de
menor porte.

1.3 Dificuldades na busca por uma definição do conceito

Analisando as pesquisas já realizadas pudemos constatar que o critério demográfico é o


mais utilizado para definição do tamanho de uma cidade. O critério demográfico é importante,
porém, utilizar exclusivamente o número de habitantes como base, como fizeram alguns países
para classificar diferentes tipos de cidades, é criar uma generalização perigosa (SOARES,
2003).

Amorim Filho e Serra (2001) destacam que o critério demográfico também passa por
reformulações ao longo do tempo. Em estudo enfocando as cidades médias, os autores
reforçam:

Embora não haja um acordo absoluto quanto aos limiares demográficos máximo e
mínimo que podem conter o conjunto das cidades médias, há, em cada período
histórico, coincidentes patamares demográficos definidores desse conjunto de cidades
nas mais variadas regiões do mundo (AMORIM FILHO E SERRA, 2001, p. 13)

Para Lefebvre, a indefinição pode ser comparada à uma torre de babel8 no meio
acadêmico, visto que “mesmo quando existem inovações conceituais produtivas, a
fragmentação das realidades urbanas na prática política, econômica e cultural cotidiana é

8 A narrativa da Torre de Babel é o mito bíblico fundador que explica a razão de existirem diferentes línguas , ideias
e pensamentos.
41

replicada sem demasiado sentido crítico dentro do terreno discursivo da teoria urbana”
(LEFEBVRE, 2003, p.54 apud BRENNER, 2018, p. 273).

De acordo com Sposito (2001), atualmente há uma incessante busca pela elaboração de
um conceito, já que existe uma noção do que seria uma cidade pequena, utilizando bases de
sustentação empírica, seja por critérios demográficos ou funcionais.

Ainda, segundo Sposito (2001), uma distinção merece ser feita sobre as nomenclaturas
utilizadas e que não representam a mesma noção: cidade de pequeno porte e cidade pequena. A
primeira expressão indica, majoritariamente, a quantidade; o aspecto demográfico, variando
entre 20, 50, 100 mil habitantes como limite máximo. Uma cidade pequena, por sua vez, deve
ser entendida no que respeita a sua função, exercida no conjunto de sua rede urbana,
influenciando e apresentando fluxos com outras cidades, em níveis menores em comparação
com as cidades médias. Assim, só é possível analisar sua conjuntura quando comparamos com
outros centros.

Consequentemente, Sposito (2001) afirma que, basear-se apenas em uma variável, seja
demografia ou funcional, pouco contribuiria para a elaboração do conceito de cidade pequena.
Para ela, “não há correspondência direta entre o tamanho demográfico de uma cidade e seu
papel na rede urbana ou, em outras palavras, cidades de mesmo porte populacional podem
desempenhar papéis que diferem em sua natureza e importância” (SPOSITO, 2001, p.613-614).

O número reduzido de trabalhos sobre a temática retrata, consequentemente, que as


variáveis mais usadas para a classificação de cidades, demográficas e funcionais, carecem de
robustez para se firmarem como fixas na busca da elaboração conceitual. Isto é, na maioria dos
casos, é levado em consideração apenas uma variável nas classificações hierárquicas urbanas,
o que não é recomendável, tendo em vista que cada cidade apresenta uma realidade regional,
necessitando de ambas para uma conceituação completa.

Para Faissol (1972), caracterizar uma cidade perpassa na análise de não apenas
especificar a quantidade numérica de sua população, mas observar seu tamanho funcional
perante sua rede urbana. Apesar de haver predominância da demografia nos estudos sobre
cidades pequenas, é fundamental que as pesquisas sejam situadas no tempo; na época e local
em que foram feitas. Figueiredo (2008) enfatiza a importância de se analisar outras variáveis.
Segundo a autora,

A compreensão da dinâmica da população é indispensável para conhecer os demais


atributos que a caracterizam, tais como: taxas de crescimento, estrutura etária e por
sexo, nível de escolaridade, expectativa de vida ao nascer, dentre outros. É através do
42

conhecimento destas variáveis que é possível fazer um planejamento administrativo


que contemple as reais necessidades da população visando à melhoria da sua
qualidade de vida (FIGUEIREDO, 2008, p.37).

No Brasil, há bastante tempo, usa-se as funções urbanas para caracterizar um centro


urbano, tendo como alicerce a base de estudos de Walter Christaller, com sua teoria dos lugares
centrais, que será discutida de forma aprofundada no Capítulo 2. Essa teoria abarca a seguinte
ideia:

Os centros de níveis elevados e melhor equipados oferecem mais bens e serviços, têm
maior número de estabelecimentos e tipos de negócios, maior volume de população,
influenciando centros menores. Por outro lado, os centros de níveis inferiores, mesmo
equipados, fornecem somente bens e serviços de baixa o rdem que são,
frequentemente, procurados apenas pelos consumidores locais (FIGUEIREDO, 2008,
p. 42).

Assim sendo, Monbeig (1957) ao se referir aos estudos sobre as cidades pequenas,
reforçou a importância de se analisar a função que tais cidades exercem. Para ele,

A função urbana não é menos interessante numa cidade pequena do que numa capital;
é aí menos difícil de estudar, e seus diferentes elementos decompõem-se mais
facilmente. É a função comercial, ligada à presença dos meios de transportes, mais
frequentemente, a razão de ser das pequenas cidades do interior: fazendeiros, colonos,
sitiantes, trazem suas colheitas e compram as roupas e os instrumentos de trabalho de
que necessitam (MONBEIG, 1957, p. 56-57).

Scarlato (1995) afirma que a caracterização urbana de uma cidade não se resume à
demografia, mas, sim, pelas funções urbanas que executam. Quanto mais importante e maior
categoricamente são essas funções na rede urbana para essa cidade, maior será sua
caracterização urbana, oscilando entre três esferas de grandeza: pequena, média ou grande.
Logo, seu papel estará atrelado ao seu aspecto funcional.

Fresca (2001) assevera que somente o critério demográfico não estabelece a


caracterização, mas, principalmente, o papel da cidade em sua área, rede urbana ou região no
viés socioeconômico. A autora, que se dedica a debater a importância das cidades pequenas
dentro do Ensino de Geografia, revela que os livros didáticos se importam em apenas destacar
as áreas metropolitanas, deixando o interior em segundo plano, fato comprovado pela pesquisa
sobre as cidades pequenas no Guia Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2018
realizada por Silva e Azevedo (2021)9 .

Para além do quesito educacional, é válido salientar que quando se pesquisa as cidades
pequenas, deve-se, de antemão, analisá-las separadas em dois grupos: as que estão próximas

9Interessante destacar que Fresca traz em 2001 e Silva e Azevedo comprovam 20 anos depois que a fragilidade
permanece.
43

aos centros de hierarquias urbanas maiores e aquelas distantes, já que isso influencia nas
observações propostas. Logo,

As primeiras tendem a apresentar crescimento pelo envolvimento que possuem com


centros mais dinâmicos do ponto de vista econômico, ao passo que as segundas
permanecem estagnadas pelo isolamento em que se encontram e também pela falta de
atrativos econômicos que possam atrair população. Neste sentido, a atividade
industrial tem um grande poder de atrair pessoas, pois indústria atrai indústria,
formando assim um mercado de trabalho que, consequentemente, atrai populaç ão,
contribuindo para o crescimento das cidades (FIGUEIREDO, 2008, p. 43).

Entretanto, na literatura investigada, foi possível observar que existem tópicos em


comum ao comparar uma cidade pequena com uma outra de mesma hierarquia. Os estudiosos
da temática destacam que os principais são: diminuição da população urbana; economia frágil;
saída dos jovens para cidades maiores em busca de qualificação profissional e ausência de
infraestrutura local. Logo, percebe-se que, apesar de cada cidade ter uma singularidade, elas
possuem aspectos que as assemelham e se relacionam entre si, fazendo parte “das múltiplas
faces do urbano brasileiro” (ENDLICH, 2009, p.182).

Isto posto, para que uma cidade seja analisada é necessário compará-la com outra
perante sua rede urbana, ressaltando sua importância dentro da hierarquia urbana. Sendo assim,
o resultado das análises possibilitará entender quais as funções, papéis e centralidade tais
cidades ocupam, determinando, por conseguinte, sua posição dentro daquela hierarquia
(ENDLICH, 2009).

1.4 Tendências do Século XXI sobre cidades pequenas

Neste subcapítulo mostraremos como as buscas sobre cidade pequena vêm aumentando
no Brasil no século XXI. O recorte temporal dessa investigação, 2000 até 2020, se justifica pelo
desenvolvimento tecnológico do país, período em que a sociedade começa a solidificar e
intensificar o uso da internet e as pesquisas sobre o tema passam a ser divulgadas online.

Em consulta à plataforma Google Trends, portal responsável por divulgar os assuntos


mais pesquisados no mundo, foi possível garimpar a busca pelo termo “cidades pequenas” no
Brasil. Ressalta-se que os dados começaram a ser disponibilizados em 2004 e seguem sendo até
2020. Sendo assim, percebemos, conforme Figura 4, que a busca pelo termo está crescendo com
o passar dos anos, com oscilações, após um pico de 100 pesquisas em abril de 2004.
44

Figura 4: Variação de busca do termo ‘cidade pequena’ no Brasil – 2004/2020. (Fonte: Google Trends, 2021).

No tocante ao estado de origem dos pesquisadores, a plataforma organiza o número de


acessos em forma decrescente de buscas: Piauí, Tocantins, Maranhão, Rondônia, Minas Gerais,
Mato Grosso, Paraíba, Bahia, Mato Grosso do Sul, Ceará, Alagoas, Pará, Sergipe, Rio Grande
do Norte, Goiás, Pernambuco, Amazonas, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Distrito
Federal, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo.

É possível perceber que os estados do Norte e Nordeste do Brasil tendem a se preocupar


mais com a temática, ao contrário dos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo que
aparecem nas últimas colocações.

Ao contrário de São Paulo, estado mais rico do país, possuidor de nove regiões
metropolitanas (São Paulo, Vale do Paraíba e Litoral Norte, Ribeirão Preto, Baixada Santista,
Sorocaba, Campinas, Piracicaba, Jundiaí e Rio Preto), com muitas cidades com mais de 500
mil habitantes, cuja a prioridade de busca acaba sendo outra. Entretanto, destaca-se que em São
Paulo também existem cidades com população inferior a 50 mil habitantes, totalizando 501,
porém, fazem parte de outra rede urbana, com maiores benefícios, diferente do Piauí.

Sobre as dúvidas mais recorrentes ligadas às cidades pequenas brasileiras, enumeramos


as mais procuradas10 , também de acordo com o Google Trends: Como ganhar dinheiro em
cidade pequena?; Franquias para cidade pequena?; O que montar em uma cidade pequena?;

10Na maioria das vezes, são pessoas de cidades médias e grandes que fazem tais indagações, com o intuito de
saberem mais sobre as cidades pequenas.
45

Abastecimento de água em cidade pequena?; Segredos de uma cidade pequena?; Quanto ganha
um prefeito de cidade pequena?; Como planejar uma orgia em cidade pequena? 11 .

Sobre este fenômeno, portanto, percebe-se que a população de tais cidades preocupa-se
principalmente com as dificuldades econômicas, logo, recorre-se à internet com o intuito de
procurar alternativas frente ao mundo dos negócios. E, também, a dificuldade de relações
sociais nessas cidades, já que o universo de possibilidades é reduzido.

Com a finalidade de entendermos as tendências e perspectivas que os estudos sobre as


cidades pequenas tem no âmbito geográfico brasileiro, foi realizada uma investigação sobre as
dissertações e teses que tratam da temática, além de artigos no Simpósio Nacional de Geografia
Urbana (SIMPURB), principal evento sobre Geografia Urbana no país e também do Simpósio
Nacional sobre Pequenas Cidades (SINAPEQ). O recorte temporal foi de 2000/2020, como
destacado no primeiro parágrafo do presente tópico.

A justificativa por pesquisas da esfera “estado da arte” se dá por permitir que


compreendamos o recente fluxo de determinado assunto, podendo orientar e potencializar o que
está sendo discutido e estudado. Consequentemente, a opção por uma revisão bibliográfica vai
propiciar a identificação da vertente que a temática está se dirigindo ou até mesmo corrigir
eventuais omissões de abordagens, naquilo que entendemos como base de um conhecimento
qualquer, “direcionando esforços para o avanço em direção a novas contribuições científicas”
(NEVES e FARIA, 2020, p.4).

À vista disso, o próximo passo foi procurar qual plataforma de bancos de dados
eletrônicos direcionar a investigação, que ofertaria a maior eficiência no tocante à produção
científica no âmbito da pós-graduação brasileira. Nesse ínterim, nosso foco de abordagem foi
o Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), pertencente ao Ministério da Educação e integrado à Plataforma Sucupira,
ferramenta originada em 2014 de coleta de informações dos Programas de Pós-Graduações que
permite a anexação do trabalho final.

A ideia de analisar dissertações e teses se baseia “pelo reconhecimento que tais


publicações gozam de relativo ineditismo, rigor científico e diversidade dos seus temas de

11
De antemão, ressalta-se que a exposição dessa última dúvida não vai ao encontro de esquecer o teor sério e
comprometido aqui da pesquisa para a ciência geográfica, mas, sim, evidenciar as realidades locais em seu ponto
mais fidedigno e atual.
46

estudo considerando a dispersão territorial dos Instituições de Ensino Superior (IES)


(FERREIRA, 2002, p. 261)”. Sobre esse último aspecto da territorialidade das IES, corroboram-
se as ideias de Sposito e Jurado da Silva (2013), cujos autores ressaltam que

Esse interesse de estudo emerge como um processo conjunto da recente expansão de


unidades e dispersão territorial das universidades públicas, antes concentradas nas
capitais e regiões metropolitanas, e a inserção na academia de estudantes de cidades
interioranas que buscam desenvolver pesquisas sobre suas realidades (SPOSITO;
JURADO DA SILVA, 2013, p. 24-25).

Já a opção pelos anais do SIMPURB e do SINAPEQ vai ao encontro do que é


demonstrado por Moreira Júnior (2013), evidenciando que a

Opção pelos anais se justifica por duas motivações básicas. Primeiramente, a


continuidade, ou seja, revela tanto a ocorrência do tema no pensamento geográfico
brasileiro quanto a permanência progressiva de questionamentos sobre a temática sob
o olhar do geógrafo. Em segundo lugar, por ser um evento de nível nacional, o que
permite a exposição de variados cenários e possibilidades diversas de leituras acerca
das cidades pequenas (MOREIRA JUNIOR, 2013, p.20).

A pesquisa12 no catálogo da CAPES se consistiu na busca pelas palavras-chaves:


“cidade local”; “centro local”; “município pequeno” e “cidade pequena”. Ressalta-se que cada
termo tem características diferentes entre si, entretanto, é comum serem usados para retratar a
mesma situação, por isso a escolha dos quatro. Além disso, nos títulos das pesquisas que
ofertavam dúvida sobre a temática abordada, foi analisado, além do título, seu resumo, palavras-
chaves e sumário, com o intuito de observarmos se o termo “cidade pequena” foi discutido ao
longo trabalho.

Sobre o recorte temporal, foi delimitado o período entre 2000 e 2020, já que o ano
vigente no momento (2021) ainda não se findou e levando em consideração que pesquisas ainda
podem ser divulgadas até o último mês do ano. Fora isso, tal período ainda favorece a
possibilidade do acesso aos arquivos, já que com a Plataforma Sucupira os trabalhos são
divulgados simultaneamente no momento da busca, agilizando seu acesso.

No entanto, ressalta-se que o recorte temporal escolhido foi justificado para analisar a
produção acadêmica da temática a partir do início do Século XXI, além de ser a mesma época
da modernização tecnológica que vivemos, já que antes dos anos 2000 poucos trabalhos são
encontrados na forma digital.

O campo de busca foi configurado da seguinte forma, além das palavras-chaves


supracitadas: não foi colocada nenhuma especificação nos campos “autor”, “orientador”, “nome

12 Ressalta-se que trabalhos sobre a temática podem ter ficado de fora de nossas análises, pelo fato das pesquisas
serem sobre alguma cidade pequena e não haver a menção do termo ou terem usado outro semelh ante durante a
dissertação/tese, no título, resumo ou nas palavras-chaves.
47

do programa”, “instituição”, já que a ideia era abordar todo o acervo disponível. Todavia, no
campo “grande área do conhecimento” foi destinado apenas para as Ciências Humanas e no
filtro “área do conhecimento” foi estipulado apenas para a Geografia.

Na pesquisa dos artigos presentes nos anais do SIMPURB foi feita a seleção dos últimos
três eventos, ocorridos em 2015, 2017 e 2019, já que foram os únicos que mantiveram os anais
disponíveis na internet até 2021. E do SINAPEQ foi catalogado apenas os anais da última
edição disponível, em 2020.

1.4.1 A cidade pequena nas pesquisas da pós-graduação brasileira

Após a realização da investigação sobre a supracitada temática no Catálogo da CAPES,


chegou-se ao número total de 108 trabalhos brasileiros, sendo 78 dissertações e 32 teses, no
período de vinte anos. Ao passar dos anos é visível o aumento do número de pesquisas,
conforme demonstram as Figuras 5 e 6.

Dissertações brasileiras em Geografia sobre cidades


pequenas (2000-2020)
10

8
Quantidade

0
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020

Anos
Figura 5: Dissertações brasileiras sobre cidades pequenas (2000-2020). Fonte: CAPES, 2021. (Elaborado pelo
autor, 2022).
48

Teses brasileiras em Geografia sobre cidades pequenas


(2000-2020)
10

8
Quantidade

0
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020

Anos
Figura 6: Teses brasileiras sobre cidades pequenas (2000-2020). Fonte: CAPES, 2021. (Elaborado pelo autor,
2022).

É possível inferir a oscilação presente em ambos os gráficos, ora diminuindo, ora


aumentando a frequência. No entanto, nos últimos anos a tendência é de aumento, mostrando
que a temática é alvo de estudo por pesquisadores brasileiros, apesar da frequência baixa ao
compararmos com cidades de hierarquia maiores, como deduzimos.

Sendo assim, no intuito de analisar a distribuição locacional da origem dessas pesquisas


e reforçar a importância desses estudos, serão mostrados aqui os autores, orientadores e
universidades que vêm se dedicando aos estudos das cidades pequenas. Ressalta-se que os
dados completos das dissertações e teses garimpadas durante o processo de investigação
encontram-se no tópico “ANEXOS” presente no final da dissertação.

A Tabela 2 sintetiza, a seguir, quais instituições acadêmicas as pesquisas de mestrado


estão vinculadas. Nota-se que a gama é variada, com a presença de trinta e duas universidades,
abarcando todas as regiões brasileiras, porém, a maioria se localizando na Sudeste.

TABELA 2 - UNIVERSIDADES A QUE ESTÃO VINCULADAS AS DISSERTAÇÕES


DE GEOGRAFIA SOBRE CIDADES PEQUENAS NO BRASIL (2000/2020)

UNIVERSIDADES QUANTIDADE DE PESQUISAS

Universidade Estadual Paulista (UNESP) 10


Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) 6
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) 6
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 5
Universidade Federal de Roraima (UFRR) 5
49

Universidade Estadual de Maringá (UEM) 4


Universidade Estadual de Londrina (UEL) 3
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) 3
Universidade Federal do Paraná (UFPR) 3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
3
(UFRN)
Universidade de Brasília (UnB) 2
Universidade Estadual do Centro-Oeste
2
(UNICENTRO)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
2
(UNIOESTE)
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) 2
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) 2
Universidade Federal de Goiás (UFG) 2
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 2
Universidade Federal do Pará (UFPA) 2
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
1
(PUC Minas)
Universidade de São Paulo (USP) 1
Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) 1
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) 1
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) 1
Universidade Federal da Bahia (UFBA) 1
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) 1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) 1
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 1
Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) 1
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 1
Universidade Federal do Tocantins (UFT) 1
(Fonte: CAPES, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).

No tocante às teses brasileiras, foi possível identificar quinze universidades de origem,


conforme Tabela 3 abaixo. Corroborando com as dissertações, a UNESP é a universidade que
mais possui vínculo com os doutorandos da temática. Logo, conclui-se que a referida instituição
superior é a que mais está atrelada às pesquisas de pós-graduação sobre a questão das cidades
pequenas no Brasil.

TABELA 3 - UNIVERSIDADES A QUE ESTÃO VINCULADAS AS TESES DE


GEOGRAFIA SOBRE CIDADES PEQUENAS NO BRASIL (2000/2020)
UNIVERSIDADES QUANTIDADE DE PESQUISAS

Universidade Estadual Paulista (UNESP)


7
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) 5
50

Universidade Estadual de Maringá (UEM) 4


Universidade de São Paulo (USP) 3
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 2
Universidade Federal Fluminense (UFF) 2
Universidade de Brasília (UnB) 1
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) 1
Universidade Estadual de Londrina (UEL) 1
Universidade Estadual do Ceará (UECE) 1
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 1
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 1
Universidade Federal de Sergipe (UFS) 1
Universidade Federal do Ceará (UFC) 1
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 1
(Fonte: CAPES, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).

Com relação ao tipo de universidade, a hegemonia da produção acadêmica sobre o tema


está concentrada nas públicas, com 98,2%. As exceções se enquadram apenas quanto às
dissertações, com duas provenientes de instituições privadas: PUC Minas e UNIVAP.

No que se referem aos orientadores, ajudando a fomentar o tema nacionalmente,


destacam-se, no mestrado, a Profª. Drª. Angela Maria Endlich, da UEM, e o Prof. Dr. Artur
Rosa Filho, da UFRR, ambos com três dissertações orientadas cada um. No doutorado, se
sobressai a Profª. Drª. Beatriz Ribeiro Soares, da UFU, e a Profª. Drª. Maria Encarnação Beltrão
Sposito, da UNESP, com três trabalhos orientados cada uma.

Além dos professores nominalmente supracitados, a grande maioria dos docentes possui
um trabalho orientado, tanto em dissertações quanto em teses, conforme as Tabelas 4 e 5
revelam.

TABELA 4 - ORIENTADORES DAS DISSERTAÇÕES SOBRE CIDADES PEQUENAS


NO BRASIL NO ÂMBITO DA GEOGRAFIA (2000/2020)
ORIENTADORES QUANTIDADE
Ângela Maria Endlich; Artur Rosa Filho 3
Anieres Barbosa da Silva; Beatriz Ribeiro Soares; Cicilian Luiza
Löwen Sahr; Clarice Cassab Torres; Eliseu Savério Sposito;
Fernando Luiz Araújo Sobrinho; Gilda Maria Cabral Benaduce; 2
Karla Rosário Brumes; Maria Jose Martinelli Silva Calixto; Pompeu
Figueiredo Carvalho; Sandra Ana Bolfe; Tania Maria Fresca
Adão Francisco de Oliveira; Ademir Araújo da Costa; Alexandre
Magno Alves Diniz; Ana Emília de Quadros Ferraz; Antônia Neide
Costa Santana; Antônio Tolrino de Rezende Veras; Auro Aparecido
Mendes; Beatriz Maria Soares Pontes; Carlos Augusto de Amorim 1
Cardoso; Cassio Arthur Wollmann; Claudete de Castro Silva Vitte;
Denise Labrea Ferreira; Dimas Moraes Peixinho; Doralice Sátyro
Maia; Edima Aranha Silva; Elói Martins Senhoras; Elson Manoel
51

Pereira; Fabio de Oliveira Neve; Fernanda Viana de Alcântara;


Fernando dos Santos Sampaio; Henrique Manoel da Silva; Janete
Marília Gentil Coimbra de Oliveira; Janine Gisèle Le Sann; Júlio
Cesar de Lima Ramires; Luiz Fernando Mazzini Fontoura; Marcio
Douglas Brito Amaral; Márcio Roberto Toledo; Margarete Cristiane
de Costa Trindade Amorim; Maria da Graça Barros Sartori; Maria
de Fátima Ferreira Rodrigues; Maria Del Carmen Matilde Huertas
Calvente; Maria do Carmo Galvão; Maria Encarnação Beltrão
Sposito; Marinete Covezzi; Nécio Turra Neto; Odeibler Santo
Guidugli; Ralfo Edmundo da Silva Matos; Rildo Aparecido Costa;
Rita de Cassia da Conceição Gomes; Roberto Rosa; Sandra Maria
Fonseca da Costa; Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza; Sony
Cortese Caneparo; Sylvio Bandeira de Mello e Silva; Vitor Ribeiro
Filho; Wagner Barbosa Batella; Wagner Costa Ribeiro
(Fonte: CAPES, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).

TABELA 5 - ORIENTADORES DAS TESES SOBRE CIDADES PEQUENAS NO


BRASIL NO ÂMBITO DA GEOGRAFIA (2000/2020)
ORIENTADORES QUANTIDADE
Beatriz Ribeiro Soares; Maria Encarnação Beltrão Sposito 3
Ângela Maria Endlich; Odeibler Santo Guidugli 2
Ana Maria Marques Camargo Marangoni; Auro Aparecido Mendes;
Bruno Luiz Domingos de Angelis; Carlos Augusto de Amorim
Cardoso; Denise de Souza Elias; Fernando Luiz Araújo Sobrinho;
Gisela Aquino Pires do Rio; Humberto Tetsuya Yamaki; João Cleps
Júnior; Júlio Cesar Suzuki; Leila Christina Dias; Márcio Piñon de
1
Oliveira; Marcos Aurélio da Silva; Margarete Cristiane de Costa
Trindade Amorim; Maria Adélia Aparecida de Souza; Maria Elisa
Zanella; Nécio Turra Neto; Ralfo Edmundo da Silva Matos; Regina
Célia Bega dos Santos; Ruy Moreira; Tânia Maria Fresca; Vera
Lúcia Alves França; Vitor Ribeiro Filho
(Fonte: CAPES, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).

Atualmente, os grupos de estudos com mais notoriedade no país são aqueles que estão
preocupados na sistematização sobre os grandes centros e regiões metropolitanas, cujos alguns
professores citados nas tabelas fazem parte, como a Rede Brasileira de Estudos sobre Cidades
Médias (REDBCM), Observatório das Metrópoles e a Rede de Pesquisadores sobre Cidades
Médias (ReCiMe).

Entretanto, recentemente, nota-se maior engajamento e articulação de novos grupos de


estudos voltados ao estudo das cidades pequenas. Sendo assim, julga-se necessário apontá-los
nesta oportunidade: Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais
(GASPERR), da UNESP; Laboratório de Planejamento Urbano e Regional (LAPUR), da UFU;
Grupo de Estudos sobre Pequenas Cidades (GEPeq), da Universidade Estadual do Norte do
Paraná (UENP) e a Rede de Pesquisadores de Pequenas Cidades (Mikripoli), sendo os últimos
52

organizadores do SINAPEQ, em 2020 e 2022, respectivamente, cujo evento é o mais importante


sobre a temática no país.

Recentemente, observou-se um aumento no surgimento de grupos de estudos sobre


cidades pequenas no Brasil. A criação de grupos dedicados às cidades pequenas reflete o
reconhecimento de sua relevância e a busca por soluções para suas demandas específicas,
contribuindo para o desenvolvimento mais equitativo e sustentável do país.

Durante as pesquisas foi possível observar a ampla diversidade de variáveis estudadas


tendo as cidades pequenas como recorte espacial, apresentando realidades próprias e/ou
características distintas de uma para a outra, dentro da imensidão de possibilidades do campo
geográfico. A seguir, as Figuras 7 e 8 mostram a diversidade de variáveis que são a base das
pesquisas sobre cidades pequenas na pós-graduação do Brasil, nos últimos vinte anos
completos.

Discussões das dissertações de Geografia sobre cidades


pequenas no Brasil – 2000/2020
30
Quantidade

25
20
15
10
5
0

Discussões

Figura 7: Discussões das dissertações sobre cidades pequenas no Brasil – 2000/2020. (Fonte: CAPES, 2021.
Elaborado pelo autor, 2022).
53

Discussões das teses de Geografia sobre cidades pequenas


no Brasil – 2000/2020
12
10
Quantidade

8
6
4
2
0

Discussões

Figura 8: Discussões das teses sobre cidades pequenas no Brasil – 2000/2020. (Fonte: CAPES, 2021. Elaborado
pelo autor, 2022).

As inquietações sobre espaço urbano lideram a lista dos temas das pesquisas no âmbito
de mestrado. Já no doutorado, as buscas por rede urbana em cidades pequenas se sobressaem
às demais. As dissertações supracitadas possuem o recorte temporal a partir de 2005, porém,
outros temas foram discutidos no início dos anos 2000, mas em menor frequência. Quanto às
teses, as maiores preocupações científicas que são sobre rede urbana datam já no ano 2000,
apresentando oscilação até 2017, ano da divulgação da última pesquisa sobre o assunto regional.

Por conseguinte, podemos observar que os estudos sobre espaço urbano e rede urbana,
na esfera da pós-graduação no Brasil, são os mais discutidos e problematizados, justificado pela
busca incessante de entender as recorrentes transformações e mutações do espaço geográfico.
Além disso, a rede urbana corrobora ao fenômeno citado também, no tocante que os centros
urbanos estão se desenvolvendo e novos fluxos sendo criados, alimentando e atualizando a
função urbana de cada localidade.

Detectamos que quase todas as pesquisas analisadas (por títulos, resumos e palavras-
chaves) estão focadas em estudos de casos específicos e não na busca pelo aprofundamento
teórico para fundamentar os estudos sobre a temática, mas sempre reservando uma parte do
trabalho para uma conceituação, mesmo que breve.

Sendo assim, as principais noções alicerçadas para a caracterização de uma cidade


pequena perpassam pela demográfica, em sua maioria, alternando nos conhecidos limites
máximos, como 20, 30, 50 ou 100 mil habitantes. Porém, houve também embasamentos
qualitativos, reforçando o papel de cada centro urbano em sua rede de cidades e também
pesquisas utilizando os dois critérios simultaneamente.
54

É possível perceber, ainda, que os estudiosos do tema se debruçam sobre as principais


bases teóricas da Geografia Urbana, porém, apresentam certa dificuldade na conceituação das
relações empíricas que essas cidades apresentam, justificado pela ausência de critérios
qualitativos e/ou quantitativos oficiais que definem as cidades (RÉ e BOVO, 2016). Esse é um
dos motivos que entendemos ser o porquê de as pesquisas sobre cidades pequenas estarem à
margem das discussões urbanas na geografia brasileira.

1.4.2 A produção sobre cidades pequenas nos anais de eventos acadêmicos brasileiros

Analisando os anais do SIMPURB foi possível observar o número ínfimo de pesquisas


sobre cidades pequenas. Como foi possível explorar somente os três últimos anais deste evento,
os dados serão mostrados de forma conjunta.

Foram catalogadas apenas sete pesquisas que discutiam a temática de cidades pequenas
na Geografia Urbana, conforme Tabela 6. Os dados completos das pesquisas, como autores,
títulos e universidades, estão divulgados no tópico “ANEXOS”, presente no final desta
dissertação.

TABELA 6 - ARTIGOS SOBRE CIDADES PEQUENAS PRESENTES NOS ANAIS DO


SIMPURB (2015, 2017, 2019)

2015 2017 2019

Expansão Urbana; Espaço Segregação socioespacial; Espaço Urbano


Urbano e Lazer Habitação e Espaço Urbano

(Fonte: SIMPURB, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).

Merece destaque a presença de três artigos provenientes da Universidade do Vale do


Paraíba (UNIVAP), sob orientação da Prof.ª Dr.ª Sandra Maria Fonseca da Costa. A professora,
que faz parte da Rede de Pesquisadores de Pequenas Cidades (Mikripoli), atua há pelo menos
10 anos com o estudo de cidades pequenas do Delta do Rio Amazonas, sendo uma referência
na área.

Analisando os anais do SINAPEQ, evento totalmente voltado para as pesquisas sobre


cidades pequenas e, consequentemente, com todos os trabalhos voltados para a temática, foram
elencados os GT’s e suas especificidades que se repetem em todas as edições do evento,
55

diferenciando um ou outro eixo temático. São apresentados aqui os existentes na última edição,
em 2020, e o único que tinha os anais disponíveis na internet:

Eixo 1 - Cidade, município, elites econômicas/políticas e poder local: Destaca-se o


debate das relações de poder presentes nas pequenas cidades, tanto do ponto de vista
do papel das tradicionais elites locais, como também das elites empres ariais e dos
movimentos sociais, relacionando suas ações e estratégias com o desenvolvimento
local a partir das políticas públicas e experiências de governança, seja na escala da
cidade ou do município.

Eixo 2 - Cultura, lugar, patrimônio e identidade: Objetiva-se debater as interações


entre as diferentes manifestações culturais (artes, religião, festas, etc.) e a produção
do espaço urbano, enfocando temas como a constituição de laços identitários com o
lugar, o patrimônio, a (des)territorialização de grupo s sociais e as distintas
representações e imaginários urbanos.

Eixo 3 - Dinâmicas ambientais e desenvolvimento socioespacial: Direciona-se aos


estudos que compreendam as dinâmicas ambientais nas cidades a partir de abordagens
teóricas, metodológicas e empíricas, além de reflexões que contribuam para o debate
sobre desenvolvimento em suas variadas dimensões, visto que a intensificação do
processo de urbanização e os impactos dele decorrentes acentuam as preocupações
sobre as questões ambientais contemporâneas e o desenvolvimento socioespacial.

Eixo 4 - Políticas públicas, planejamento e gestão urbanos: Busca-se congregar


trabalhos que discutam o papel das políticas públicas articuladas às ações de
planejamento e gestão urbanos, no sentido de promover reflexõe s acerca das
potencialidades, lacunas e desafios da intervenção estatal nas cidades, tratando de
aspectos como: instrumentos de participação popular, parcerias público -privadas,
função social da cidade, plano diretor, meio ambiente, mobilidade e acessibilidade,
entre outros.

Eixo 5 - Produção do espaço, dinâmicas urbanas e regionais: Pretende-se debater as


dinâmicas urbanas e regionais no contexto da produção do espaço, contemplando
estudos que focam sobre esta relação e suas repercussões na cidade e na reg ião, haja
vista que a constante atuação dos diferentes agentes sociais na produção da cidade, a
partir de interesses e lógicas variadas, gera uma conjuntura de transformações tanto
na escala da cidade quanto em âmbito regional.

Eixo 6 - Questões teórico-metodológicas sobre pequenas cidades: A preocupação com


os estudos de pequenas cidades não é recente na Geografia, mas não esteve presente
nos debates de forma significativa nas últimas décadas, dando lugar a outras análises
da dinâmica urbana no território, sendo este debate retomado no início dos anos 1990.
Pequenas cidades, cidades locais, centros locais são algumas denominações utilizadas
para fundamentar uma categoria da análise urbana. Mas o que define a cidade como
pequena? Seu tamanho populacional? Sua dimensão territorial? Sua posição na rede
urbana? Seu modo de vida? Suas atividades econômicas? Pode-se considerar o
município? Pequenos municípios implicam em pequenas cidades? A questão é o que
se estuda: pequenas cidades ou municípios? Temos então, um entrave teórico-
metodológico, pois se faz pertinente delimitar, conceituar, definir pequenas cidades
para que se entendam as diferentes escalas da urbanização nos territórios.

Eixo 7 - Relação campo-cidade e desenvolvimento local/territorial: Propõem-se


discutir as relações entre as cidades e o campo e suas implicações no desenvolvimento
local (urbano e/ou municipal) e territorial, considerando, para isso, a revolução
científico-tecnológica iniciada a partir da segunda metade do século XX, que
imprimiu uma nova complexidade nos estudos da relação campo -cidade, que é
produto dos processos de urbanização e industrialização, do desenvolvimento do
capitalismo no campo e da consequente modernização da agricultura, redefinindo,
assim, os espaços urbanos e rurais, imprimindo-lhes uma nova dinâmica.

Eixo 8 - A cidade e o urbano no ensino: Objetiva-se fomentar o debate sobre o estudo


da cidade na educação escolar, tanto no âmbito geográfico, quanto de forma
interdisciplinar. O ensino da cidade e do urbano inserido no currículo escolar é
56

fundamental para a formação cidadã, para a vida na cidade, para uma postura crítica,
participativa e propositiva diante dos desafios urbanos tanto nas grandes, quanto nas
pequenas cidades. A partir do contexto da cidade em que se vive, o Ensino de
Geografia pode contribuir na teoria, na metodologia e na prática nos estudos das
cidades, com reflexões importantes sobre a dinâmica urbana e a vida na cidade, o
direito à cidade e a relação campo-cidade. Além disso, as ações realizadas pela
comunidade escolar, influenciam na realidade local, possibilitando avanços sociais,
políticos, ambientais, culturais e econômicos (SINAPEQ, 2020).

Desta maneira, observando a quantidade de trabalhos em cada eixo temático é possível


confirmar que o número de trabalhos que dialogam criticamente sobre as questões teórico-
metodológicas sobre cidades pequenas é pequeno. O evento apresentou apenas quatro pesquisas
que fazem esta discussão teórica. Nos demais eixos são citados estudos de casos, com breve
discussão teórica.

Todavia, as pesquisas em torno do espaço urbano permanecem em primeiro lugar nos


artigos, com a presença de vinte e dois trabalhos, conjugando o tema com dinâmicas urbanas e
regionais. Na Figura 913 é possível observar a quantidade de trabalhos em cada eixo temático
do SINAPEQ, com total de 89.

Quantidade de trabalhos por eixos do SINAPEQ - 2020


25

20
Quantidade

15

10

0
EIXO 1 EIXO 2 EIXO 3 EIXO 4 EIXO 5 EIXO 6 EIXO 7 EIXO 8

Figura 9: Quantidade de trabalhos por eixos do SINAPEQ - 2020. (Fonte: SINAPEQ, 2021. Elaborado pelo
autor, 2022).

No Brasil, podemos perceber como a discussão está atrelada em várias vertentes e rumos
de estudos. Para chegarem aos resultados de caracterização destas cidades, observamos que
houve variação na utilização de critérios quantitativos, qualitativos, ou o uso dos dois critérios.

13
A ordem numérica dos eixos segue a relação da citação direta utilizada na página anterior com a definição de
cada um.
57

Entretanto, a maior parte dos trabalhos utiliza a definição oficial do IBGE, por meio da Regiões
de Influência das Cidades (REGIC), sobre as funções de cada uma, principalmente.

Esses são alguns dos desafios e tendências encontrados nos diversos trabalhos
acadêmicos mencionados. O conjunto de estudos sobre cidades pequenas possibilita avançar na
construção de um conceito mais bem delineado, demonstrando as possibilidades, perspectivas
e desafios teórico e metodológicos sobre o tema.

Esses estudos, direta ou indiretamente, são alicerces para outras formas de divulgação
do saber científico, em forma de trabalhos em congressos, livros, artigos em periódicos,
dissertações, teses, entre outras (MOREIRA JUNIOR, 2013).
Figura 10: O vendedor de lenhas (Fonte: Hélcio Laranjo, 2022).

CAPÍTULO 2 - A REDE URBANA MINEIRA E SUA


HIERARQUIA

"Não somos humanos desafiados a viver uma aventura espiritual. Somos


seres espirituais chamados a viver a aventura humana." (BETTO, 2019, p.
75)
59

Conforme o Capítulo 1, para realizarmos a análise e definirmos as características das


cidades pequenas é necessário observarmos suas dinâmicas internas e as externas,
exemplificadas aqui pela rede urbana que tais cidades fazem parte.

Para isso, este capítulo analisa o caráter de uma rede urbana. Na sequência, é
apresentada a rede urbana mineira, com o intuito de explicar as peculiaridades de Minas Gerais
onde se situa a área de estudo.

O estudo sobre redes não é novo no âmbito da Geografia. De acordo com Dias (2001),
pesquisas revelam que a preocupação em torno do conceito se destinou a construir metodologias
interpretativas para enfocar o quesito das distâncias e suas relações de fixos e fluxos na
organização do território.

Para Corrêa (2012), a categoria de redes abrange toda uma espacialização, no entanto,
não deixam de ser sociais. Segundo o autor,

As redes geográficas são redes sociais espacializadas. São sociais em virtude de serem
construções humanas, elaboradas no âmbito de relações sociais de toda ordem,
envolvendo poder e cooperação, além daquelas de outras esferas da vida” (CORRÊA,
2012, p.200).

No espaço geográfico é comum nos depararmos com vários tipos de redes, como as de
transportes, as urbanas e as digitais, por exemplo. Desta maneira, em uma elucidação mais
extensiva, entendem-se as redes geográficas como um composto de pontos do espaço
geográfico operantes e relacionados mutuamente. Esses vínculos podem ser concretos, virtuais,
simbólicos e culturais, promovendo a troca de informações, materiais, conhecimentos ou
valores humanos, dentre outras coisas.

Dias (2001) afirma não existir apenas uma rede, mas várias que estão sobrepostas e
interligadas, mesmo apresentando diferenças. Para a autora, todas as redes pertencem à mesma
origem estrutural, apenas divergindo pelo espaço. “Ao interagir umas com as outras, as redes
realizam interações/doações espaciais e se beneficiam entre si, multiplicando, cruzando,
cobrindo e se sobrepondo em todas as direções, formando uma trama na superfície terrestre”
(PEREIRA, 2015, p.5).

No período da globalização, é notório que o alcance dessas redes aumentou


exponencialmente em todo o globo, mostrando que a sociedade, no geral, precisa das redes para
realizar-se. Porém, “quando esses serviços são afetados e/ou interrompidos por uma greve, por
exemplo, a população percebe a dependência que se tem das redes” (PEREIRA, 2015, p.4).
60

Entretanto, seu uso não é considerado democrático, haja vista que sua difusão está
intrinsicamente interligada a interesses das classes privilegiadas, com forte poder político e
econômico. O avanço e modernização das redes consolidam o meio técnico-científico-
informacional (SANTOS e SILVEIRA, 2001), meio geográfico atual do mundo globalizado.

Já no século XIX, as variações resultantes das revoluções industriais possibilitaram o


progresso das redes de comunicação e transportes. Assim sendo, lugares longínquos
conseguiram ficar articulados entre si.

O processo de modernização das redes assegurou o avanço do mundo digital,


consequentemente, fazendo-se assim um marco do período da globalização. Por resultado,
atualmente, a complexidade das transações financeiras, as notícias, negócios e meteorologia,
por exemplo, são baseadas em redes e virtualidade. Em outras palavras, “a rede aparece como
o instrumento que viabiliza exatamente essas duas estratégias: circular e comunicar” (DIAS,
2001, p. 147).

As redes também contribuíram para o desenvolvimento e avanço do capitalismo por


toda a superfície do planeta. Corrêa (2012) denomina tal fenômeno como “rede geográfica de
corporação”, já que faz presente importantes corporações globais. No entanto, o mesmo autor
salienta que “na rede geográfica da corporação em questão, há uma divisão territorial do
trabalho. Cada centro especializa-se em um dado papel. A rede da corporação é constituída por
múltiplos circuitos, controlados, no entanto, pela metrópole” (CORRÊA, 2012, p.213).

Portanto, é fundamental que as redes continuem a ser estudadas devido ao seu papel nas
novas configurações do espaço geográfico (urbano ou rural), pois apresentam fixos e fluxos de
diferentes proporções, representando assim a realidade de cada local.

As redes geográficas, por sua vez, sendo uma construção da sociedade, pode remeter-se
a diferentes variáveis, já que são portadoras de ordem (DIAS, 2001). Corrêa (2012) sugere três
dimensões para explicar uma rede geográfica: organização, tempo e espaço.

Sobre a organização, considera-se:

Os agentes sociais (Estado, empresas, instituições e grupos sociais), a origem


(planejada ou espontânea), a natureza dos fluxos (mercadorias, pessoas, informações),
a função (realização, suporte), a finalidade (dominação, acumulação, solidariedade),
a existência (real, virtual), a construção (material, imaterial), a formalização (formal,
informal) e a organicidade (hierárquica e complementaridade) (CORRÊA, 2012, p.
205).

A variável temporal, no que lhe diz respeito,


61

Envolveria o conhecimento da duração (longa, curta), da velocidade dos fluxos (lenta,


instantânea) e da frequência (permanente, periódica, ocasional). Finalmente, a
dimensão espacial abrangeria o conhecimento da escala (local, regional, nacional,
global), da forma espacial (solar, dendrítica, circuito, barreira) e das conexões (interna
e externa) (CORRÊA, 2012, p. 205).

Nos arranjos do espaço,

A literatura sobre redes geográficas aponta alguns de seus arranjos espaciais. São eles,
solar, dendrítico, christalleriana, axial, circular e de múltiplos circuitos. Estas
configurações devem ser vistas como tipos ideais, não tendo nenhum sentido
explicativo, normativo ou preditivo, mas contribuindo para tornar inteligível a
sociedade, por meio de uma de suas mais significativas construções (CORRÊA, 2012,
p. 205).

A Geografia tem se debruçado sobre a influência exercida pelas redes atualmente, já que
elas são reconstituídas o tempo todo, dinamicamente, sejam as de transportes, de comunicações,
comércio ou até mesmo a rede urbana. Busca-se compreender a lógica dos fluxos existentes no
espaço geográfico, com suas origens e tendências dentro da globalização.

No entanto, é necessário evidenciar que o estudo sobre as redes não é recente e nem
limitado ao âmbito da Geografia, mas também de outras áreas de conhecimento, como:
“Sociologia, Antropologia, História, Medicina, Biologia, Matemática, Engenharia Civil,
Engenharia Elétrica, Engenharia de Telecomunicações, Arquitetura, Sistemas de Informação,
Economia, Administração, Psicologia, dentre outras” (PEREIRA, 2014, p.4).

Vale ressaltar que o termo é utilizado de modo informal na sociedade, ou seja, nas
conversas entre pessoas, indo ao encontro do que Santos (1999) salienta, que por conta dessa
proximidade do termo com a sociedade, ele acaba gerando oscilações e indecisões sobre o uso
correto da palavra rede.

2.1 Caracterização de redes: o caso das urbanas brasileiras

Uma rede urbana, a mais significativa demonstração de uma rede geográfica e,


consequentemente, parte crucial da espacialidade humana, é onde acontece o compartilhamento
e transferência de inúmeros fluxos, tendo a cidade como foco de análise. Para Corrêa (2012, p.
204), a rede urbana é “um conjunto de centros urbanos articulados entre si. Considerada como
uma síntese, senão de todas, de muitas e muitas redes geográficas cujos nós e fluxos específicos
iniciam-se, finalizam ou passam pelas cidades”.

Pereira (2009) afirma que as redes existentes dentro de tais centros urbanos têm seu
papel interligado às pessoas, informações e objetos em seu interior. Com isso, conseguem
promover uma complexa comunicação de variáveis entre diferentes pontos do espaço
62

geográfico, beneficiando a todos que dela necessitam, com destaque para as grandes
multinacionais em suas decisões de negócios difundidos por todo o planeta.

Sendo assim, a rede urbana tem sido foco de estudos há anos. Um divisor de águas dos
estudos ligados a essa temática acontece quando Walter Christaller, em 1933, publica sua tese
de doutorado. Nela, o autor aprofunda a discussão sobre a teoria dos lugares centrais, tendo
como área de estudo o sul da Alemanha e que, posteriormente, se torna um modelo para futuras
pesquisas sobre as redes urbanas.

A proposta de Christaller destaca os centros urbanos como lugares centrais, ou seja,


“lugares de distribuição de produtos industrializados e prestação de serviços para uma
população residente na sua hinterlândia”14 (CORRÊA, 2012, p.208). Para o autor, a hierarquia
urbana se articulava apenas em procedimentos de alcance mínimo e máximo no tocante ao
mercado de consumo.

Todavia, como com qualquer teoria, recebeu críticas. Ao longo do tempo, foi observado
que tal estudo é resultado parcial das relações sobre rede urbana, tendo em vista que Christaller
não considerou as particularizações de produção dos centros urbanos, já que a complexidade
das funções de cada centro urbano se origina das várias hipóteses que cada local oferece para o
surgimento dos aspectos econômicos desse lugar.

As críticas também corroboram com o fato de que no período da globalização, cada


centro urbano consegue se situar em múltiplas redes geográficas, podendo desempenhar, em
cada uma, funções diferentes, associadas às especialidades da rede de sua origem. Um centro
urbano se inserir em várias redes geográficas é a mais pura marca do mundo capitalista
moderno.

À vista disso, Corrêa (2012) justifica como a teoria dos lugares centrais de Christaller
não é a melhor escolha para analisar uma rede urbana:

A inserção de um centro urbano em diversas redes geográficas traz à tona o problema


de suas posições relativas em cada rede. Assim, um dado centro constitui um centro
local na rede de lugares centrais, com pequena hinterlândia, e um importante centro
produtor de máquinas agrícolas, dotado de espaço de atuação que abrange vastíssima
área. Mas, como centro industrial, mantém relações com outros centros, onde adquire
as matérias-primas de que necessita, centros para os quais pouco ou nada vende. A
posição desse centro em cada rede é diferente. Nesse sentido, a teoria dos lugares
centrais não descreve uma rede urbana, mas apenas a rede de centros enquanto locais
de distribuição varejista de produtos industriais e prestação de serviços (CORRÊA,
2012, p.210).

14
Regiões adjacentes influenciadas pelos centros urbanos.
63

Porém, sendo alvo de críticas ou não, a teoria christalleriana influenciou tanto países
capitalistas quanto socialistas, à época, no direcionamento de construção de planejamentos
regional e urbano e de políticas públicas sociais. Com o Brasil não foi diferente. O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se baseia, desde 1972, passando pelas edições dos
anos de 1987, 1993 e 2007, na teoria dos lugares centrais para a elaboração da REGIC.

Como exemplo de sua aplicabilidade, a REGIC serve para subsidiar a implantação de


unidades administrativas de órgãos públicos, a criação de critérios para fomento de
investimentos, a decisão de onde instalar uma filial de empresa, ou ainda a identificação de
locais mais adequados para o atendimento de serviços de saúde e educação (REGIC, 2020).

Mas, antes de realizarmos um aprofundamento sobre a rede urbana brasileira


recentemente proposta pela REGIC, faremos uma breve contextualização histórica para
observarmos a evolução do conceito.

Corrêa (1967) destaca que, no Brasil, os estudos urbanos se iniciaram na década de


1940. Tais estudos foram importantes, já que iniciaram, também, os debates sobre redes, mesmo
que indiretamente. Entretanto, já nesta época, as pesquisas eram diretamente influenciadas pela
Escola de Geografia Francesa, tendo Pierre Monbeig como principal articulador das pesquisas
realizadas sobre o urbano.

Ainda na década de 1940, Monbeig ressaltou a necessidade de mais pesquisas sobre as


cidades, principalmente as consideradas centrais, já que em função de sua posição, relações
comerciais foram sendo criadas e, consequentemente, condicionaram o desenvolvimento da
malha rodoviária brasileira. Em 1949, o autor, amplia seus estudos, enfocando a divisão
regional do estado de São Paulo.

Estudiosos brasileiros também divulgaram suas pesquisas, como Oliveira e Costa


Pinto. O primeiro, em 1950, estudou o estado do Paraná dando subsídios à divisão
regional do mesmo. O segundo, um sociólogo, foi de fato o primeiro brasileiro a fazer
um estudo de rede urbana propriamente dita, em 1953, ao estudar a Região
Metropolitana do Rio de Janeiro (ALVIM, 2009, p. 59).

Estudos específicos e mais detalhados só foram divulgados em 1963 com a obra de


Pedro Pinches Geiger, “Evolução da Rede Urbana Brasileira”, quando o autor apresentou uma
classificação hierárquica das cidades segundo suas funcionalidades urbanas

Já em 1968, o IBGE lançou a pesquisa “Subsídios à Regionalização”. A obra tinha o


objetivo de estudar diferentes variáveis do território nacional, como seus aspectos humanos e
físicos. A rede de cidades foi tratada na mesma obra, com enfoque nos serviços centrais.
64

Quatro anos depois, Corrêa e Loykasek (1972) analisaram a Teoria dos Lugares Centrais
com o objetivo de analisar a rede urbana paranaense para identificar funcionalidades centrais
exercidas pelas cidades desse estado. Ainda no mesmo ano o IBGE propôs uma nova
regionalização do Brasil, desta vez elencando as regiões funcionais urbanas, tendo em vista o
desenvolvimento econômico regional em expansão.

Já no Século XXI, em 2002, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA),


juntamente com o IBGE e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) lançaram a obra
“Caracterização e tendências da rede urbana do Brasil”. O estudo relacionou processos da
economia brasileira divulgando impactos sobre a rede urbana do país. Logo, foram detectadas
áreas desprovidas de desenvolvimento. No entanto, novas pesquisas específicas dessas áreas
foram elaboradas para mitigarem a configuração da rede de cidades da época.

Em 2020, foi lançada a versão mais atualizada da REGIC, com estudos realizados em
2018. Como metodologia para a obtenção dos dados sobre a influência das cidades brasileiras,

A REGIC utiliza a aplicação de questionários nos Municípios brasileiros,


representando o deslocamento dos habitantes no território em busca dos centros
urbanos ofertantes de bens e serviços, com os dados secundários levantados sobre a
hierarquia dos centros e as ligações imateriais entre as Cidades (REGIC, 2020, p.9).

Logo, é possível visualizar a rede urbana brasileira em duas vertentes: como a hierarquia
dos centros urbanos, agrupada em cinco categorias; e as regiões de influência determinadas pela
relação das cidades de menor para as de maior hierarquia urbana.

Desse modo, as cidades brasileiras foram classificadas, hierarquicamente, a partir das


funções de gestão que exercem sobre outras cidades, considerando tanto seu papel de comando
em atividades empresariais quanto de gestão pública, e, ainda, em função da sua atratividade
para suprir serviços e bens para outras cidades. O alcance desse comando e atratividade no
território corresponde à delimitação de sua área de influência, ou seja, quais cidades estão
subordinadas a cada centralidade classificada na pesquisa, exemplificada na Figura 11.
65

Figura 11: Hierarquia dos centros urbanos brasileiros. (Fonte: REGIC, 2020).

Desta maneira, no tocante às redes e a hierarquia urbana, o Brasil atualmente conta com
cinco grandes divisões: metrópoles, capitais regionais, centros sub-regionais, centros de zona e
centros locais (REGIC, 2020).

As metrópoles são as 15 principais capitais estaduais do país, mais o município de


Campinas, influenciando diretamente quase todas as cidades do país, sendo uma ou mais
metrópoles ao mesmo tempo.

A área de influência desses locais é extensa e alcança todo país, com áreas de
justaposição em alguns pontos. As metrópoles se dividem em três esferas:

a) Grande Metrópole Nacional - o Arranjo Populacional de São Paulo/SP ocupa,


isoladamente, a posição de maior hierarquia urbana do País, concentrando em seu
Arranjo Populacional 21,5 milhões de habitantes em 2018 e 17,7% do Produto Interno
Bruto - PIB nacional em 2016;

b) Metrópole Nacional - os Arranjos Populacionais de Brasília/DF e Rio de Janeiro/RJ


ocupam a segunda colocação hierárquica, também com forte presença nacional. O
Arranjo Populacional de Brasília/DF contava, em 2018, com 3,9 milhões de
habitantes, enquanto o do Rio de Janeiro/RJ somava 12,7 milhões na mesma data; e
66

c) Metrópole - os Arranjos Populacionais de Belém/PA, Belo Horizonte/MG,


Campinas/SP, Curitiba/PR, Florianópolis/SC, Fortaleza/CE, Goiânia/GO, Porto
Alegre/RS, Recife/PE, Salvador/BA, Vitória/ES e o Município de Manaus (AM) são
as 12 Cidades identificadas como Metrópoles. São formadas por nove Capitais que
receberam classificação 1 na centralidade de gestão do território mais Belém (PA),
Campinas (SP) e Manaus (AM) que, embora estejam na classe 2, contam com
contingente populacional relevante, superior a 2 milhões de habitantes. A média
populacional das Metrópoles é de 3 milhões de habitantes, sendo, a mais populosa,
Belo Horizonte (MG) com 5,2 milhões e, as menos populosas, Florianópolis (SC) e
Vitória (ES), com respectivamente 1,0 milhão e 1,8 milhão de pessoas residentes em
seus Arranjos Populacionais em 2018 (REGIC, 2020, p. 11).

São capitais regionais os municípios com alta capacidade de aglutinar atividades de


gestão pública, porém, com relevância menor que as metrópoles. No geral, são 97 municípios,
divididos em três categorias:

a) Capital Regional A - composta por nove Cidades, em geral Capitais Estaduais das
Regiões Nordeste e Centro-Oeste com exceção do Arranjo Populacional de Ribeirão
Preto/SP. Apresentam contingente populacional próximo entre si, variando de 800 mil
a 1,4 milhão de habitantes em 2018. Todas se relacionam diretamente a Metrópoles;

b) Capital Regional B - reúne 24 Cidades, geralmente, centralidades de referência no


interior dos Estados, exceto pelas Capitais Estaduais Palmas/TO e Porto Velho (RO).
Caracterizam-se por possuírem, em média, 530 mil habitantes, apenas com o Arranjo
Populacional de São José dos Campos/SP em um patamar populacional superior (1,6
milhão de habitantes em 2018). São numerosas na Região Sul, onde se localizam 10
das 24 Capitais Regionais dessa categoria; e

c) Capital Regional C - possui 64 Cidades, dentre elas três Capitais Estaduais: os


Municípios de Boa Vista (RR), Rio Branco (AC) e o Arranjo Populacional de
Macapá/AP, todas pertencentes à Região Norte. As demais Cidades localizam-se,
principalmente, na Região Sudeste, onde 30 das 64 Capitais Regionais C se
encontram. A média nacional de população das Cidades dessa categoria é de 300 mil
habitantes em 2018, sendo maior na Região Sudeste (360 mil) e menor na Região Sul
(200 mil) (REGIC, 2020, p. 11).

Por sua vez, os centros sub-regionais são a categoria para 352 municípios com atividades
menos complexas, com menos influência em relação às capitais regionais. São cidades com
pouca demografia, tendo média de 85 mil habitantes. Este terceiro grupo hierárquico é dividido
em duas classes:

a) Centro Sub-Regional A - composto por 96 Cidades presentes em maior número nas


Regiões Sudeste, Sul e Nordeste, e média populacional de 120 mil habitantes; e

b) Centro Sub-Regional B - formado por 256 Cidades com grande participação das
Regiões Sudeste e Nordeste, apresenta média nacional de 70 mil habitantes, maiores
no Sudeste (85 mil) e menores no Sul (55 mil) (REGIC, 2020, p. 11).

As cidades classificadas como centro de zona se caracterizam por menores variáveis de


projetos de gestão, influenciando poucas cidades adjacentes nos tópicos de comércio e serviços.
São 398 cidades, apresentando como média populacional a marca de 30 mil residentes, que são
divididas em dois grupos:

a) Centro de Zona A - formado por 147 Cidades com cerca de 40 mil pessoas, mais
populosas na Região Norte (média de 60 mil habitantes) e menos populosas nas
Regiões Sul e Centro-Oeste (ambas com média de pouco mais de 30 mil pessoas). Em
67

termos de gestão do território, foram classificadas, em sua maioria, nos níveis 3 e 4;


e

b) Centro de Zona B - este subnível soma 251 Cidades, todas classificadas nos níveis
4 e 5 de gestão territorial. São de menor porte populacional que os Centros de Zona A
(média inferior a 25 mil habitantes), igualmente mais populosas na Região Norte (35
mil, em média) e menos populosas na Região Sul (onde perfazem 15 mil habitantes).
Os Centros de Zona B são mais numerosos na Região Nordeste, onde localizam-se
100 das 251 Cidades nesta classificação (REGIC, 2020, p. 12).

Em conclusão, a última categoria hierárquica são os centros locais, cidades que


desempenham ação reduzida aos seus próprios habitantes, tendo potencial de atração com
alguma população adjacente de cidades vizinhas para fins singulares, mas não sendo destino
dominante de nenhuma outra cidade.

Ao mesmo tempo, esses centros locais oferecem fraca habilidade de execução de suas
atividades comerciais e de controle público, tendo, geralmente, centros urbanos maiores mais
próximos como referência política, pública e comercial.

São a maioria das cidades do país, totalizando 4.037 centros urbanos, o equivalente a
82,4% das unidades urbanas analisadas na presente pesquisa. Sobre sua média populacional,

Os números chegam à marca de apenas 12,5 mil habitantes, com maiores médias na
Região Norte (quase 20 mil habitantes) e menores na Região Sul (7,5 mil pessoas em
2018). Essa diferença regional das médias demográficas repete o padrão apresentado
pelos Centros de Zona, inclusive tendo também a Região Nordeste com o maior
número Cidades neste nível hierárquico (REGIC, 2020, p. 12).

Analisando o perfil regional de cada nível hierárquico, a maior parte das metrópoles
encontra-se na Região Sudeste, bem como os dois níveis seguintes (capitais regionais e centros
sub-regionais). Essa concentração ocorre tendo em vista que a Região Sudeste sedia grande
parte das funções de gestão do país, bem como porção substancial da renda nacional. Essa
renda, estando distribuída em diversas cidades presentes na Região Sudeste, propicia a
existência de mercados de nível intermediário para atender ao grande número de consumidores
com renda mais elevada.

Já os centros de zona e locais são mais numerosos na Região Nordeste, evidenciando a


preponderância das relações de proximidade na organização da rede urbana dessa região. A
média da renda gerada tem níveis inferiores às da Região Sul e Sudeste e a viabilidade de
manutenção de mercados intermediários é reduzida, devido ao menor poder de compra dos
consumidores.

A rede urbana brasileira se caracteriza por centros urbanos de menor hierarquia se


ligando a centros maiores até convergirem nas 15 metrópoles, que são nós terminais da
articulação reticular. Também existem ligações entre as metrópoles que não estão representadas
68

na rede final, mas que existem e são hierárquicas em sua forma. As conexões entre as
metrópoles representam o agregado das ligações entre as atividades que geram fluxo. Essas
atividades, localizadas em um conjunto “x” de cidades, podem envolver hierarquia, como a
sede de uma instituição pública e suas agências, mas também podem ser uma ligação entre
iguais ou mesmo de complementares.

Isso faz com que a ligação entre as cidades não seja, a priori, hierárquica, porém, o
resultado agregado das ligações do conjunto de atividades no conjunto de cidades, evidencia a
existência de centros urbanos de maior importância, onde há concentração dos fluxos, sendo
possível, a partir de seu mapeamento, estabelecer uma hierarquia entre as cidades.

Logo, é possível averiguar como a rede urbana brasileira é complexa e dinâmica. Vale
ressaltar isso se deve aos processos de industrialização e de urbanização que
acontecem/aconteceram no país, assim como fluxos migratórios e novas relações espaciais tanto
quantitativa quanto qualitativamente.

2.2 A rede urbana mineira

No estado de Minas Gerais, a rede urbana atual passou por diversas reformulações ao
longo do tempo. Para uma melhor compreensão, julga-se necessário uma contextualização
histórica, perpassando pelos primórdios da ocupação territorial no estado, já que os processos
políticos e econômicos, como industrialização, urbanização e migração, por exemplo,
moldaram a rede urbana.

No passado, Minas Gerais apresentava a produção concentrada em poucos locais,


principalmente na região central do estado (ligada à mineração), deixando à margem outras
regiões, que ficaram “atrasadas” economicamente em comparação a ela.

O processo de ocupação mineiro está relacionado fortemente à busca de riquezas


naturais e povos indígenas para a escravidão. Todavia, os exploradores e bandeirantes paulistas
que se deslocavam para as terras mineiras no século XVII encontraram ouro nos caminhos rumo
ao estado da Bahia e outras localidades mais ao norte do Brasil, dando início a uma colonização
situada ao Norte e Nordeste.

Inicialmente comandado pelas atividades mineradoras, o estado de Minas Gerais se


desenvolveu em “função da atividade comercial intensa, do combate aos quilombolas e da
expansão da fronteira agrícola” (COSTA, 2018, p. 5). Porém, os trajetos percorridos por aqueles
69

que estavam em busca do ouro, primordialmente, apresentaram papel fundamental na formação


do território mineiro, destaca Costa (2018).

Nos caminhos percorridos, eram instalados roças, capelas, vilas, arraiais e pousadas.
Logo, essas estruturas ajudaram e auxiliaram no processo da mineração, dando origem às
primeiras cidades mineiras.

Segundo Furtado (2005), as contínuas movimentações no interior do estado mineiro


foram incentivadas pelo governo. Esse movimento de pessoas em direção aos locais ricos em
ouro foi baseado no fato de que não era necessário grande aporte financeiro para iniciar a
exploração aurífera. Portanto, muitos exploradores se arriscaram território adentro.

Porém, na segunda metade do século, verificou-se certo declínio da mineração, gerando


tensões econômicas na então província de Minas Gerais. Salvo a agricultura, o território não
havia desenvolvido outras atividades econômicas que trouxessem certa garantia de lucros na
região.

Com isso, tinha início certa articulação para uma futura industrialização no território.
Observa-se que, mesmo restrito a uma pequena parte da província, foi a produção de café que
proporcionou as bases para a industrialização mineira, seguindo os passos de São Paulo.

Todavia, de acordo com Costa (2018, p.7), “mesmo com esse pequeno avanço da
indústria em Minas Gerais, no início do século XX, o atraso econômico em relação a São Paulo
levou a elite econômica mineira a defender um projeto de industrialização” no qual o Estado
desempenhava papel central e que, majoritariamente, ocorreu na região central do estado.

Exemplo deste investimento seletivo do estado em regiões específicas foi a implantação


da Usiminas, empresa do setor siderúrgico, instalada em 1962, financiada por capitais públicos
nacionais e capital estrangeiro. Segundo Diniz (1978), a localização da empresa foi definida
levando em conta alguns fatores: localização de matéria-prima, transportes, energia elétrica,
mão de obra e proximidade com indústrias maiores. Todos estes fatores estavam disponíveis na
região central do estado, diferentemente de outras regiões.

Portanto, considerando o processo histórico de ocupação do território mineiro, podemos


analisar que a concentração de indústrias no centro de Minas Gerais foi baseada na exploração
do minério de ferro, abrindo portas para as demais atividades econômicas, atrelado ao fato da
influência de São Paulo no tocante às concentrações industriais naquele estado.
70

Ressalta-se, contudo, que a ocupação do território mineiro foi atrelada às dinâmicas


históricas, como o período aurífero, destacando que neste período algumas cidades surgiram e
outras, após findarem as expedições mineradoras, perderam relevância.

Contudo, a rede urbana de Minas Gerais está atrelada à rede urbana da Região Sudeste
e à do Brasil. Ainda no início do Século XX, duas cidades se despontavam como modernas e
importantes, devido ao poder de atrair população de sua hinterlândia e permitindo que o estado
conseguisse avançar com sua industrialização, mesmo que em processo lento comparado aos
estados vizinhos: Belo Horizonte e Juiz de Fora.

A primeira, hoje metrópole nacional, por sua função política, já que foi planejada e
inaugurada no ano de 1897. E a segunda pela influência do café, à época, dinamizada pelo
desenvolvimento econômico, industrial e de serviços, sendo caracterizada nesse período e
atualmente como capital regional ou cidade média.

Ainda, outras cidades se destacavam na rede urbana porque possuíam posição


privilegiada, sendo encruzilhada com destino a várias regiões do estado. Tais cidades eram:
“Barbacena, Governador Valadares, Montes Claros, Poços de Caldas, Teófilo Otoni, Uberaba
e Uberlândia” (GEIGER, 1963, p. 239).

Em contrapartida, outras cidades foram categorizadas como de segunda ordem:


“Caratinga, Cataguases, Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Lavras, Ouro Preto, Ponte Nova,
São João del-Rei, Sete Lagoas e Ubá” (GEIGER, 1963, p. 239).

É possível perceber que as cidades mineiras já obtinham papel de destaque, tanto na


rede urbana mineira, quanto na brasileira. Alvim (2009) destaca que a região da Zona da Mata
mantinha relações estreitas com o Rio de Janeiro, assim como as cidades do Triângulo Mineiro
e Sul de Minas estavam polarizadas com São Paulo, cidade global brasileira que crescia cada
vez mais.

Em 1960, o Brasil foi marcado pela alta concentração demográfica e econômica na


região Sudeste, com Minas Gerais chegando à marca de 39,8% de sua população sendo urbana,
mas, ainda não superava a rural, fato que aconteceu somente na década de 1970.

De acordo com Corrêa (1968, apud ALVIM, 2009), ainda em 1960, a rede urbana do
Brasil era constituída por redes geográficas regionais, algumas organizadas, outras não. “Foram
consideradas desorganizadas as redes de Belém, Recife, Salvador, Fortaleza, São Luís, Brasília
e Goiânia, e organizadas as de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto
71

Alegre” (ALVIM, 2009, p.78). Na Figura 12, abaixo, é demonstrado os centros locais de Minas
Gerais e suas regiões de influência.

Figura 12: Lugares centrais de Minas Gerais pertencentes às diferentes redes urbanas regionais brasileiras em
1960. (Fonte: ALVIM, 2009).

É importante destacar que as redes urbanas da Região Sudeste não eram formadas por
cidades pertencentes ao mesmo estado em que elas estão localizadas. Algumas cidades
mineiras, conforme a Figura 8, estavam associadas às redes geográficas urbanas de São Paulo
e Rio de Janeiro e não de sua própria capital estadual, Belo Horizonte. Tal fato mostra a
amplitude de uma rede urbana que se desenvolve por questões de proximidade e relevância e
não necessariamente por limites territoriais estaduais.

Na década de 1960, a rede urbana mineira, então, deixou de apresentar uma estrutura
simples, já que passou a possuir cidades com diferentes funcionalidades e relevância. Assim, o
fato corrobora com o desenvolvimento da economia, industrialização em processo de
concentração, o êxodo rural e a modernização dos transportes e comunicações.

Já em 1980, Baeninger (1998, apud ALVIM, 2009) relata que no contexto nacional, a
rede urbana passa por uma multiplicação, já que várias cidades foram criadas. Segundo a autora,
em 1950 o país possuía 1.889 cidades e em 1980 apresentava 3.991. Entretanto, apesar da
reconfiguração da rede urbana brasileira, ela possuía, em sua maioria, cidades pequenas, em
comparação com as médias e grandes, mostrando que a realidade do país perpassa pelos centros
de pequeno porte até os dias de hoje.

No ano de 1982, Minas Gerais possuía 722 municípios e suas sedes municipais,
denominadas por cidades pelo Decreto-Lei 311. Havia níveis hierárquicos diversificados, sendo
72

algumas caracterizadas por cidades médias, além da metrópole e das cidades pequenas, de
acordo com Amorim Filho, Bueno e Abreu (1982). A Figura 13 apresenta a organização da rede
urbana da década de 1980, com foco nas cidades médias.

Figura 13: Hierarquia das cidades médias em Minas Gerais - 1980. (Fonte: ALVIM, 2009).

É possível analisar que o estado já apresentava maior complexidade, quanto à sua rede
urbana, denotando certa diversificação e aumentando a área de influência, ou hinterlândia, de
cada cidade. Logo,

Tinha-se então além da cidade primaz, 103 cidades médias, cidades que mantinham
relações externas com outras inferiores ou mesmo superiores a elas, cidades que já
tinham centralidades que lhe imprimiam diferentes raios de influência confirmando
assim uma maior articulação dos centros urbanos no território estadual (ALVIM,
2009, p.90).

Na década seguinte, em 1993, o IBGE destaca que a área de influência da metrópole


mineira, bem como a centralidades das cidades do estado passaram por uma renovação. O fato
se baseia na perda de atrativos de bens na região metropolitana, fazendo que cidades médias e
pequenas começassem a atrair tais investimentos, além da desconcentração da indústria, do
agronegócio e da urbanização periférica, gerando, assim, uma nova rede urbana mineira,
exemplificada na Figura 14.
73

Figura 14: Novas áreas de centralidades das cidades mineiras 15 , em 1993. (Fonte: ALVIM, 2009).

Ações do governo federal, como a implementação de infraestruturas de transportes,


contribuíram para solucionar diversas demandas do estado, fortalecendo cidades e articulando-
as fortemente às redes urbanas em que são inseridas. Como exemplos, podem ser destacados “a
duplicação da Rodovia Fernão Dias, a modernização da Ferrovia Pirapora–Belo Horizonte–

15 Em tempo: atualmente, a grafia correta da cidade presente na tabela é Piumhi e não Piuí.
74

Vitória e a construção do ramal ferroviário ligando o Distrito Federal à Unaí–Pirapora”


(ALVIM, 2009, p.94).

Em 2002, conforme demonstrado pelo IPEA, IBGE e UNICAMP, o sistema urbano de


Minas Gerais ainda era encabeçado por Belo Horizonte e sua hinterlândia composta por cidades
médias e pequenas, predominantemente, com média de população em torno de 20 mil
habitantes.

Algumas cidades, antes consideradas médias, melhoraram sua posição na hierarquia


urbana. Uberlândia, por exemplo, alcançou níveis de grande centro regional. Amorim Filho e
Arruda (2002) acrescentam:

Alfenas, Araguari, Ipatinga, Ituiutaba, Lavras, Patos de Minas e Passos também


assumiram melhor posição, foram classificadas como cidades médias de nível
superior e Patrocínio, Frutal, Paracatu e Pará de Minas passaram a fazer parte do nível
de cidades médias propriamente ditas. Mas algumas cidades retrocederam no que se
refere à sua estrutura funcional em relação a outras, São Lourenço e Caxambu
deixaram de ser consideradas cidades médias de nível superior passando a ser médias
propriamente ditas, e Nanuque e Campo Belo de médias propriamente ditas se
tornaram centros emergentes. Além disso, novos centros emergentes surgiram: Carmo
do Paranaíba, Salinas, Oliveira, Ibiá, São Gotardo, Ouro Branco e Nova Serrana são
exemplos. Essas cidades foram classificadas por apresentarem rápido crescimento
econômico e demográfico em função de suas especializações (AMORIM FILHO;
ARRUDA, 2002, p.203).

No estudo mais recente sobre hierarquia e rede urbana, proposto pela REGIC em 2018
e lançado em 2020, a configuração mineira é a seguinte, levando como base a região de
influência da capital mineira:

● Metrópole: Belo Horizonte;


● Capitais Regionais B: Juiz de Fora, Montes Claros e Uberlândia;
● Capitais Regionais C: Ipatinga, Sete Lagoas, Divinópolis, Governador
Valadares, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Teófilo Otoni, Uberaba e Varginha;
● Centros Sub-Regionais A: Alfenas, Além Paraíba, Barbacena, Lavras, Passos,
São João del-Rei, São Lourenço, Ubá, Manhuaçu, Muriaé e Patos de Minas;
● Centros Sub-Regionais B: Almenara, Araçuaí, Araguari, Araxá, Caxambu -
Baependi, Conselheiro Lafaiete, Curvelo, Itajubá, Itaúna, Janaúba, João
Monlevade, Nova Serrana, Pirapora-Buritizeiro, Ponte Nova, Viçosa, Bom
Despacho, Campo Belo, Caratinga, Cataguases, Diamantina, Formiga, Frutal,
Guanhães, Guaxupé, Itabira, Ituiutaba, Iturama, Januária, Monte Carmelo,
Oliveira, Ouro Preto, Pará de Minas, Paracatu, Patrocínio, Santa Rita do Sapucaí,
São Sebastião do Paraíso, Três Corações e Unaí;
75

● Centros de Zona A: Abaeté, Andradas, Arcos, Cambuí, Lagoa da Prata, Boa


Esperança, Bocaiúva, Capelinha, Carangola, João Pinheiro, Leopoldina,
Machado, Nanuque, Ouro Fino, Salinas, São Gotardo, Taiobeiras e Três Pontas;
● Centros de Zona B: Águas Formosas, Aiuruoca, Bambuí, Bom Sucesso, Borda
da Mata, Brasília de Minas, Capinópolis, Coluna, Corinto, Cruzília, Divino,
Dom Silvério, Dores do Indaiá, Espera Feliz, Inhapim, Ipanema, Itabirinha,
Itamarandiba, Itaobim, Itapecerica, Jequitinhonha, Lambari, Luz, Malacacheta,
Mato Verde, Medina, Minas Novas, Montalvânia, Monte Azul, Padre Paraíso,
Paraisópolis, Peçanha, Piumhi, Porteirinha, Resplendor, Rio Pomba, Santa
Maria do Suaçuí, São Francisco, São João do Paraíso, São João Evangelista,
Serro, Turmalina, Várzea da Palma, Varzelândia, Virginópolis e Visconde do
Rio Branco.

A hierarquia apresentada compreende as principais cidades de cada categoria. O


restante, majoritariamente, encontra-se na categoria centro local, o menor nível perante a
hierarquia urbana de uma rede.

Segundo o IBGE, a metrópole de Belo Horizonte é a maior rede urbana do país em


número de cidades, sendo composta de 752 centros urbanos. Esse número pode ser decomposto
em 12 Capitais Regionais, 52 Centros Sub-Regionais e 65 Centros de Zona, caracterizando uma
rede complexa com diversos centros de hierarquia intermediária. Em termos populacionais e
econômicos, corresponde à terceira maior rede, com pouco mais de 21 milhões de habitantes e
um PIB de R$ 547 bilhões anuais.

A rede de Belo Horizonte apresenta importantes Capitais Regionais, cada qual com sua
rede própria. No norte mineiro, Montes Claros exerce uma atratividade significativa para toda
a região, sendo a grande referência em termos de oferta de bens e serviços. Na região do
Triângulo Mineiro, a oeste, Uberlândia apresenta também uma rede com importante
complexidade interna, adentrando o estado de Goiás e sendo um conhecido polo logístico de
caráter nacional.

Outra cidade que se destaca na rede urbana mineira é Juiz de Fora, Capital Regional da
Zona da Mata Mineira, que atrai o arranjo populacional de Além Paraíba, Ubá e Muriaé,
municípios mineiros, e também Sapucaia, no Rio de Janeiro. Todas elas são Centros Sub-
Regionais com sua própria área de influência sobre Centros de Zona e Centros Locais em suas
redes.

Podemos aferir, portanto, que


76

O quadro da estrutura urbana de Minas Gerais atualmente, é resultado de sua herança


histórica reforçada ou remodelada pela dinâmica desigual do desenvolvimento recente
da economia mineira. Dinâmica esta que combina coesão territorial de sua parte mais
virtuosa e fragmentação territorial de sua parte mais desarticulada, efetivamente
excluída dos frutos do progresso econômico brasileiro dos últimos quarenta anos
(SIMÕES, et al, 2010, p. 4).

Logo, urge a necessidade de pensarmos os impactos nas esferas públicas por conta da
complexidade das redes urbanas mineiras, de modo a observar e considerar as amplitudes de
novos centros urbanos, requerendo investimentos, tanto produtivos quanto em infraestrutura,
alicerçando a influência em sua hinterlândia e contemplando novas gamas de redes e fluxos.
Figura 15: Festividades. (Fonte: Hélcio Laranjo, 2019).

CAPÍTULO 3 - A REGIÃO GEOGRÁFICA


IMEDIATA DE SÃO JOÃO DEL-REI:
COMPOSIÇÃO, ESPAÇO URBANO E FUNÇÕES

"Felicidade é saber casar razão com afeição." (BETTO, 2019, p. 50)


78

Em 2017, o IBGE realizou uma nova proposta16 de divisão regional do estado de Minas
Gerais. O que antes era denominado por Microrregiões e Mesorregiões foi reclassificado para
Regiões Geográficas Imediatas e Intermediárias, respectivamente.

As Regiões Geográficas Imediatas, que têm como referência a rede urbana, são
estruturadas a partir de centros urbanos próximos para suprir necessidades imediatas das
populações (compras de bens de consumo, emprego, serviços de saúde, educação e prestação
de serviços públicos etc.). São limitadas a uma estrutura composta por, no mínimo, 5 municípios
e, no máximo, 25 municípios, além de ter uma população mínima aproximada de 50 mil
habitantes (IBGE, 2017).

Já as Regiões Geográficas Intermediárias articulam as Regiões Geográficas Imediatas


através de um polo urbano de hierarquia superior (que pode ser, preferencialmente uma
Metrópole ou Capital Regional, de acordo com a REGIC), cujas funções urbanas são de maior
complexidade, a exemplo de serviços médicos especializados ou universidades, e apresentam
fluxos de gestão privada significativos. As Regiões Geográficas Intermediárias são a escala
intermediária entre as Unidades da Federação (Estados) e as Regiões Geográficas Imediatas
(IBGE, 2017).

O presente capítulo trata das dinâmicas da Região Imediata de São João del-Rei, bem
como seu contexto histórico de formação. Além disso, destacaremos o espaço urbano
geográfico dos municípios em questão, reforçando e trazendo para discussão o motivo de ser
uma das variáveis mais abordadas em cidades pequenas, tais quais suas funções perante a rede
urbana local.

3.1 Caracterização da área de estudo

A Região Imediata de São João del-Rei, juntamente com a de Barbacena e Conselheiro


Lafaiete, são integrantes da região Intermediária de Barbacena, conforme ilustra Figura 16.

16
Ao longo do século XX, foram elaboradas as seguintes divisões regionais principais: Zonas Fisiográficas (1942),
Microrregiões e Mesorregiões Homogêneas (1968 e 1976) e Mesorregiões e Microrregiões Geográficas (1989).
Dessa forma, a divisão regional do Brasil não passava por atualizações significativas em quase três décadas, sendo
assim, já era necessário rever suas classificações, para uma melhor compreensão das dinâ micas da rede urbana
brasileira.
79

Figura 16: Região Intermediária de Barbacena-MG. (Elaborado pelo autor, 2021).

Os municípios analisados fazem parte da região supracitada, totalizando 14, em


concordância com a Figura 17.

Figura 17: Região Imediata de São João del-Rei-MG. (Elaborado pelo autor, 2021).
80

Sua população total é de 190.338 habitantes, assim dividida por municípios na Tabela
7, de acordo com os resultados preliminares do Censo Demográfico de 2022.

TABELA 7 - POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO IMEDIATA DE SÃO


JOÃO DEL-REI (2022)

MUNICÍPIO POPULAÇÃO
Conceição da Barra de Minas 3.588
Coronel Xavier Chaves 3.474
Lagoa Dourada 12.611
Madre de Deus de Minas 5.191
Nazareno 8.192
Piedade do Rio Grande 4.560
Prados 8.964
Resende Costa 11.004
Ritápolis 4.984
Santa Cruz de Minas 8.074
São João del-Rei 93.778
São Tiago 11.741
São Vicente de Minas 6.669
Tiradentes 7.508
(Fonte: IBGE, 2022. Elaborado pelo autor, 2023).

No âmbito econômico, ao olhar o PIB (201817 ) das outras Regiões Imediatas de Minas
Gerais, que totalizam 70, a região estudada se encontra na 35ª posição, exatamente na metade
da lista, conforme a Tabela 8. Essas arrecadações que contribuem para o PIB contêm
participação de alguns distritos, além das cidades que são sedes da zona urbana.

TABELA 8 – PIB DAS REGIÕES IMEDIATAS DE MINAS GERAIS (2018)

REGIÃO IMEDIATA PIB – 2018 (R$ mil correntes)


Belo Horizonte 184.990.481,10
Uberlândia 47.137.457,66
Pouso Alegre 25.838.794,98
Ipatinga 20.290.602,37
Uberaba 20.284.323,35
Juiz de Fora 20.092.494,58
Divinópolis 19.827.403,72
Santa Bárbara-Ouro Preto 16.653.016,60
Patos de Minas 15.820.377,50
Montes Claros 13.800.939,93
Sete Lagoas 12.333.825,18
Conselheiro Lafaiete 10.605.513,91
Poços de Caldas 9.604.446,12
Araxá 9.293.409,77
Governador Valadares 8.004.106,34
João Monlevade 7.983.451,50
Itabira 7.100.046,31
Varginha 6.878.873,05

17 Último ano com os dados divulgados, segundo a Fundação João Pinheiro.


81

Passos 6.354.140,92
Teófilo Otoni 6.191.106,52
Alfenas 6.023.320,78
Ubá 5.931.398,32
Manhuaçu 5.813.282,62
Unaí 5.358.220,54
Curvelo 5.201.831,40
Lavras 5.012.147,44
Ituiutaba 4.807.944,16
Formiga 4.774.472,41
Patrocínio 4.608.624,80
Itajubá 4.537.381,48
Barbacena 4.532.678,48
São Lourenço 4.166.024,54
Guaxupé 4.112.064,78
Frutal 4.097.292,60
São João del-Rei 4.001.107,24
Pará de Minas 3.860.652,97
Pirapora 3.702.164,23
Dores do Indaiá 3.445.975,99
Cataguases 3.284.057,73
Caratinga 3.280.125,18
Ponte Nova 3.256.965,04
Três Corações 3.238.417,86
Muriaé 3.153.877,43
Iturama 3.101.620,25
Janaúba 2.890.806,27
Viçosa 2.742.621,21
Três Pontas-Boa Esperança 2.646.555,56
São Sebastião do Paraíso 2.596.724,72
Guanhães 2.407.225,75
Capelinha 2.349.100,98
Oliveira 2.337.291,59
Monte Carmelo 2.292.971,16
Salinas 2.010.635,25
Diamantina 1.697.644,21
Almenara 1.667.605,17
Campo Belo 1.595.496,12
Carangola 1.574.301,49
Além Paraíba 1.519.860,70
Piumhi 1.415.012,52
Januária 1.349.571,14
Caxambu-Baependi 1.124.341,75
São Francisco 1.104.419,09
Pedra Azul 1.091.208,72
São João Nepomuceno-Bicas 1.079.467,07
Araçuaí 997.690,08
Abaeté 925.309,74
Aimorés-Resplendor 895.139,10
Espinosa 887.081,58
Mantena 771.246,39
Águas Formosas 520.033,08
(Fonte: Fundação João Pinheiro, 2022. Elaborado pelo autor, 2023).
82

Vale mencionar que a cidade considerada polo na região estudada e, consequentemente,


a mais importante é São João del-Rei, dando nome à região. Nesse sentido, São João del-Rei é
a possuidora dos melhores equipamentos urbanos, nos aspectos de saúde, serviços, estudantis e
econômicos.

Oliveira (2017) relata que, depois da criação da UFSJ, a cidade começa a se inserir
fortemente como um centro emergente regional. Desta forma, foi possível perceber a criação
de novos serviços no local, bem como o aumento de fluxos de pessoas ligadas à universidade
(professores, técnicos administrativos e estudantes), redefinindo o espaço urbano são-joanense.

A UFSJ teve sua origem na antiga Fundação de Ensino Superior de São João del-Rei
(FUNREI), que foi criada em 1987 como uma instituição de ensino superior. Ao longo dos
anos, a FUNREI desempenhou um papel fundamental no processo de centralidade de São João
del-Rei. Em 2002, a FUNREI foi federalizada e passou a se chamar UFSJ, tornando-se uma
instituição de ensino superior de caráter público e federal.

A federalização da UFSJ representou um marco importante na história da cidade de São


João del-Rei. A presença de uma universidade federal trouxe investimentos, recursos e ampliou
o leque de cursos e programas acadêmicos oferecidos. Essa expansão educacional atraiu
estudantes de diferentes regiões do país, impulsionando o crescimento populacional e
contribuindo para o desenvolvimento cultural, social e econômico da cidade. A criação e
federalização da UFSJ foram fatores determinantes para o processo de centralidade que ocorreu
em São João del-Rei, consolidando-o como um importante polo educacional e intelectual na
região.

Além disso, a região estudada é cortada pela rodovia BR-265, sendo próximas às outras
duas importantes que ligam São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, que são as BR-381 e
BR-040. Além das rodovias, a região possui proximidade com aeroportos, mostrando a fácil
disposição de locomoção para seus habitantes e mercadorias.

A contextualização história da região perpassa pela mesma atividade econômica: a


busca por minérios para a exploração. Será mostrado, a seguir, uma breve síntese do processo
de formação de nossa área de estudo, segundo a origem de cada município, de acordo com a
ordem alfabética.

Julga-se necessário salientar que como temos uma amostra ampla (treze cidades) para
nossas análises, optamos por nos basear, no contexto histórico, por uma visão panorâmica. O
objetivo não é aprofundar o debate sobre a fundação das cidades, com datas históricas
83

específicas e detalhadas, mas sim de mostrar o motivo, geral, da existência de tais centros
urbanos, a fim de nossa interpretação ser baseada na divisão territorial do trabalho
posteriormente. Salientamos que São João del-Rei foi retirado das análises posteriores por não
se enquadrar como uma cidade pequena ou centro local.

3.1.1 Conceição da Barra de Minas

O município de Conceição da Barra de Minas, ilustrado na Figura 18, foi desbravado


pelo bandeirante Fernão Dias Paes, em 1674, que à cata de esmeraldas, chegou até o lugar
denominado à época de Cassiterita, ligado à extração do mineral, muito comum naquelas
paragens.

Figura 18: Conceição da Barra de Minas. (Elaborado pelo autor, 2021).

Lá se fixou, dando-se início aos trabalhos da pecuária e do tamanho da terra, formando-


se assim um pequeno núcleo populacional. Em 1725, foi erigida a capela de Nossa Senhora da
Conceição, em torno da qual surgiram as primeiras casas.

A principal atividade econômica local gira em torno da agropecuária. Principalmente na


pecuária leiteira. O município não possui indústria, por isso a principal fonte de renda de seus
84

moradores vem da terra. Plantações de milho, feijão e principalmente do leite retirados nos
inúmeros sítios e fazendas da cidade.

A ocupação e fixação dos primeiros moradores teve como principal causa as atividades
da pecuária e da agricultura, crescendo e se desenvolvendo paulatina e progressivamente o
povoado, elevado a município em 1962.

3.1.2 Coronel Xavier Chaves

Coronel Xavier Chaves, ilustrado no mapa da Figura 19, se constituiu nos primeiros
anos do século XVIII, quando paulistas e portugueses, atraídos pelas possibilidades de
descoberta de ouro, fixaram-se às margens do Rio Grande, corpo hídrico importante da região.

Figura 19: Coronel Xavier Chaves. (Elaborado pelo autor, 2021).

A região permaneceu estagnada em suas atividades econômicas até o fim do século XIX.
Nesse mesmo período, chegou à região, procedente da fazenda do Jacaré, município de Lagoa
Dourada, o Coronel Francisco Rodrigues Xavier Chaves, denominado como Comendador. Deu
início à formação da povoação para a região trazendo muitas famílias, fixando-as ao meio
através de trabalho nas lavouras, engenhos e na fabricação de manteiga.
85

Coronel Xavier Chaves se elevou à categoria de município em 1962, quando foi


desmembrado de Prados. Os trabalhos na agricultura, na pecuária, em vários engenhos de cana
e fabricação de laticínios foram a causa da ocupação, fixação, dos primeiros habitantes. A
origem do nome é uma homenagem que os munícipes prestaram ao seu eminente e emérito
patrono.

3.1.3 Lagoa Dourada

O início da povoação desse município está relacionado ao período colonial,


especificamente nos séculos XV e XVI, quando os portugueses desbravaram o território
brasileiro para catequização de povos e na procura de pedras preciosas.

Lagoa Dourada, ilustrada na Figura 20, foi denominada como Alagoas, pelos
bandeirantes que lá passaram. Mais tarde, Alagoas passou a ter o nome de Lagoa Dourada, por
haver nesta localidade uma lagoa que tinha grande quantidade de ouro e o ouro refletia na
superfície da água.

Figura 20: Lagoa Dourada. (Elaborado pelo autor, 2021).

Somente em 1912, em virtude da Lei Estadual nº 556, foi elevada à categoria de


município, pelo decreto de 30 de agosto de 1911, desmembrando-se do município de Prados.
86

3.1.4 Madre de Deus de Minas

Forte pelo seu potencial agropecuário atualmente, Madre de Deus de Minas (Figura 21),
se constituiu motivado pelas constantes buscas de minério existentes na localidade, mais
especificamente de Cianita, cujo município foi batizado por esse nome antes do atual.

Figura 21: Madre de Deus de Minas. (Elaborado pelo autor, 2021).

A Lei Estadual nº 1.039, de dezembro de 1953, elevou o distrito à categoria de


município, que por ora pertencia à Andrelândia. Com inúmeros mananciais, o Rio Grande é o
que mais se destaca, ajudando no setor agropecuário. Este desemboca na grande Represa de
Camargos, outro importante ponto turístico da microrregião, dada a sua beleza natural e
propriedades de pesca e esportes aquáticos.

3.1.5 Nazareno

Conhecida na região como a “Cidade da Fé”, Nazareno, Figura 22, segue à risca o
contexto histórico de onde se encontra. Originada pelas escavações do ouro datadas do início
do Século XVIII, o município, até hoje, apresenta valas e escavações resultantes desse processo
econômico. Este acontecimento põe à prova que o fator básico e preponderante do início da
povoação foi a riqueza do subsolo do atual município.
87

Figura 22: Nazareno. (Elaborado pelo autor, 2021).

O topônimo do município é em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, que foi elevado


a esta categoria em 1953.

3.1.6 Piedade do Rio Grande

Presume-se tenham sido os bandeirantes os primeiros homens civilizados que habitaram


a região, no período de buscas por ouro e pedras preciosas. Piedade do Rio Grande, Figura 23,
apresenta tal nome por motivos religiosos e fisiográficos, no que diz respeito à padroeira Nossa
Senhora da Piedade e à presença do corpo hídrico que corta o local, o Rio Grande.
88

Figura 23: Piedade do Rio Grande. (Elaborado pelo autor, 2021).

Em virtude da Lei Estadual nº 1.039, de 12 de dezembro de 1953, o distrito foi elevado


à categoria de município, com a denominação já atual. Hoje a formação administrativa é
constituída pelos distritos: Paraíso da Piedade e Santo Antônio do Porto.

3.1.7 Prados

O atual município de Prados, Figura 24, data de 1704, quando, segundo a tradição, ali
se fixaram dois sertanistas irmãos, membros da família Prado, de Taubaté, iniciando a
exploração do ouro, então abundante naquele local.
89

Figura 24: Prados. (Elaborado pelo autor, 2021).

A povoação que logo surgiu teve como primeiro templo uma humilde capelinha coberta
de sapé, consagrada a Nossa Senhora da Conceição. Se tornou município em 1892, após se
desmembrar de Tiradentes.

3.1.8 Resende Costa

O antigo arraial da Lage, hoje Resende Costa, Figura 25, teve seu aparecimento ligado
a três acontecimentos: A) O cruzamento de duas estradas - uma que ligava Goiás ao Rio e outra
que vinha do Sul da Província em direção ao Norte para a mineração. B) Três grandes fazendas,
localizadas na região, a dos Campos Gerais, a do Pinto e a da Lage. Foram também elementos
de grande importância para o desenvolvimento do primitivo aglomerado. C) A fé e a índole
religiosa dos primeiros habitantes exerceram também destacável influência na formação da
antiga povoação (IBGE, 2017).
90

Figura 25: Resende Costa. (Elaborado pelo autor, 2021).

Em 1912 virou município e seu nome é uma homenagem àquele que lá nasceu, José de
Resende Costa Filho, que teve participação honrosa na Conjuração Mineira. Resende Costa
possui o distrito de Jacarandira. O artesanato é a principal atividade econômica do município,
fortalecendo a economia e fomentando o turismo.

3.1.9 Ritápolis

O arraial, anteriormente denominado São Sebastião do Rio Abaixo e depois Santa Rita
do Rio Abaixo, tem hoje o topônimo 'Ritápolis', em homenagem à Santa Rita de Cássia,
conforme localização da Figura 26.
91

Figura 26: Ritápolis. (Elaborado pelo autor, 2021).

A povoação no local se originou pelo fato que a região era cortada por estradas, que
ligavam Goiás ao Rio. Por lá passavam tropeiros, procedentes de outras regiões. Esses primeiros
habitantes construíram no local pousadas e capelas, onde descansavam de longas e penosas
jornadas. Aos poucos, foram construindo ranchos de sapé, dando início ao aparecimento do
antigo arraial de São Sebastião do Rio Abaixo.

Além disso, a ocupação, a fixação e o desbravamento têm seus motivos nos trabalhos
relacionados com a agricultura e, mais tarde, com a extração mineral. Ritápolis apresenta em
seu solo minério de manganês, minério de cassiterita, de ouro e columbita. Foi elevado à
categoria de município em 1963.

3.1.10 Santa Cruz de Minas

Conhecido como o menor município em extensão territorial do Brasil, Santa Cruz de


Minas se desmembrou de Tiradentes em 1995, mesmo estando intrinsecamente conturbado ao
território sanjoanense, ilustrado na Figura 27.
92

Figura 27: Santa Cruz de Minas. (Elaborado pelo autor, 2021).

Os primeiros povoadores da região foram os Bandeirantes. A região é cortada pelo Rio


das Mortes (nome recebido devido às inúmeras lutas travadas na região), na época da
exploração do ouro, fato que deram origem aos municípios de São João del-Rei, Tiradentes e
Santa Cruz de Minas, consequentemente.

3.1.11 São Tiago

Conta-se que, em 1708, foi descoberto ouro na região, no local então denominado
Vargem Alegre, na Fazenda das Gamelas, de propriedade do Padre José Manoel. Na ocasião,
já lá habitavam proprietários de terras e, segundo a tradição oral, foi lá erigida, em 1760, uma
capela frequentada, por ocasião de festas religiosas, pelos fazendeiros e proprietários de terras.

Segundo a sistemática e mecânica na formação de nossos povoados e sua transformação


em arraial, vila e cidade, pode-se concluir que os primeiros habitantes da região edificaram as
suas casas ao redor da capela. Assim foi paulatina e progressivamente desenvolvendo as
atividades socioeconômicas do arraial em formação.

São Tiago, nome atual do município, ilustrado na Figura 28, teve como base de seu
povoamento as atividades agropecuárias, também, já que havia várias propriedades agrícolas
na região.
93

Figura 28: São Tiago. (Elaborado pelo autor, 2021).

O topônimo tem a sua origem perdida no passado e admite-se que seja o mesmo em
homenagem a São Tiago, santo da devoção dos primitivos moradores da povoação, após virar
município em 1948.

3.1.12 São Vicente de Minas

A exemplo de grande número de municípios mineiros, São Vicente de Minas, Figura


29, originou-se da devoção por uma imagem encontrada à margem de um pouso ou trilha de
tropeiros no século XIX.
94

Figura 29: São Vicente de Minas. (Elaborado pelo autor, 2021).

Assim sendo, o arraial ganhou o nome de São Vicente Férrer. Em maio de 1856, São
Vicente Férrer foi elevado à freguesia e consequentemente também a distrito, pela Lei
provincial número 762. O Decreto Lei Estadual número 148, de 17 de dezembro de 1938,
alterou o topônimo para Francisco Sales, elevando-o à categoria de município. A Lei 1.039, de
dezembro de 1953, alterou novamente o nome do município para São Vicente de Minas.

3.1.13 Tiradentes

Os primeiros povoadores das terras do atual município de Tiradentes, Figura 30, foram
paulistas, atraídos pelos cascalhos e manchas de ouro nos montes e na Bacia do Rio das Mortes,
como São João del-Rei, no século XVIII.
95

Figura 30: Tiradentes. (Elaborado pelo autor, 2021).

O primeiro nome do município foi São José del-Rei, mais tarde substituído por São José
do Rio das Mortes, até chegar ao nome atual. Com a exploração do ouro em grande escala, sua
população cresceu provocando um aumento rápido de moradias, construção de igrejas, bom
número de comerciantes, surgindo então a cidade, em 1860, se desmembrando de São João del-
Rei.

Portanto, debater sobre o desenvolvimento das cidades pequenas, ressaltando desde sua
formação até os dias atuais, requer um trabalho atencioso para entendermos de forma séria
como as relações foram construídas. As características analisadas, como a produção do espaço
urbano, o crescimento dos setores cultural, econômico, social, entre outros, evidenciam de
forma detalhada as dinâmicas da região pesquisada, já que é abordado o cotidiano da sociedade
com os atores remodeladores do espaço.

3.2 Espaço urbano e ruralidades

Para compreendermos uma cidade, é necessário analisarmos o conceito de espaço


urbano, primeiramente. Segundo Corrêa (1999), o espaço urbano se configura como o local das
atividades de comércio, saúde, gestão, indústrias e residências. Este espaço é fragmentado e
articulado, um complexo de símbolos, lutas e reivindicações. Logo, o espaço urbano é
96

desenvolvido segundo as necessidades da população ali inserida, sendo produto social das
interações nas esferas políticas, culturais e econômicas.

De acordo com Corrêa (1989), existe um conjunto de agentes sociais que fazem e
refazem a cidade. São eles: a) Os proprietários do meio de produção, sobretudo os grandes
industriais; b) Os proprietários fundiários; c) Os promotores imobiliários; d) O Estado e e) Os
grupos sociais excluídos (CORRÊA, 1989). Sendo assim, podemos dizer que o espaço urbano
é economicamente produzido, mas socialmente vivenciado, ou seja, apropriado e transformado
com base em ações racionais e também afetivas.

Estudar as cidades pequenas pode subsidiar inúmeras pesquisas, já que elas são maioria
no país, necessitando de suporte de políticas públicas para seu desenvolvimento (BOVO;
SANTANA; OLIVEIRA, 2016). Essas cidades estão se modificando diariamente em virtude
da dinâmica de sua população e economia, e acompanhando as demandas de seus citadinos.

Santos (2008) pontua as modificações presentes nas cidades pequenas enquanto um


local dinâmico e passível de transformações em todos os quesitos. Segundo o autor,

Antes, eram as cidades dos notáveis, hoje se transformam em cidades econômicas. A


cidade dos notáveis, onde as personalidades notáveis eram o padre, o tabelião, a
professora primária, o juiz, o promotor, o telegrafista, cede lugar à cidade econômica,
onde são imprescindíveis o agrônomo (que antes vivia nas capitais), o veterinário, o
bancário, o piloto agrícola, o especialista em adubos, o responsável pelos comércios
especializados (SANTOS, 2008, p.56).

Assim, nota-se, também, a intensificação de relações das cidades pequenas com o


campo, tendo em vista que os trabalhadores rurais são, agora, residentes urbanos: “o agrônomo,
o veterinário, o administrador tal qual o trabalhador volante e o bóia-fria residem na cidade”
(JUNIOR, 2011, p.6). Tal fato se justifica pela necessidade de atender as demandas do mundo
rural.

As cidades pequenas possuem intensa relação com o rural, produzindo as denominadas


“ruralidades”. Sobre essa conexão:

A ruralidade é resultado das ações econômicas, políticas e culturais dos sujeitos de


forma específica, distinta da experiência urbana. As pequenas e médias cidades se
inserem neste estudo; graças à sua dinâmica, as mesmas são compostas por formas
urbanas, porém com atuação e vivências próprias do ambiente rural. Cabe neste
momento deixar claro que podemos encontrar cidades médias e pequenas com
características primordialmente urbanas, justificável, entre outros aspectos, por sua
localização regional e dinâmica de estruturação urbana (CASTRO, 2016, p. 239).

A influência desse processo nas cidades menores auxilia para a reprodução do espaço
urbano desses locais, com vestígios presentes no meio da sociedade. É muito comum você
encontrar criações de animais, plantações, feiras, paisagens e símbolos remetendo ao rural. Isso
97

acontece porque os hábitos foram trazidos para a cidade pelos moradores que saíram do campo,
independente do motivo. Desta forma, houve a criação da identidade cultural relacionado ao
modo de vida rural, mesmo morando nos centros urbanos.

A ruralidade também desempenha um papel importante na qualidade de vida das


pessoas que vivem em cidades pequenas. A conexão com a natureza, a tranquilidade do
ambiente rural e o senso de comunidade fortalecido pela proximidade entre as pessoas são
aspectos valorizados por muitos moradores dessas cidades. Esses elementos contribuem para a
sensação de pertencimento e identidade local, tornando as cidades pequenas espaços atrativos
para aqueles que buscam uma vida mais próxima da natureza e com menor ritmo de vida urbano.

A relação direta entre cidades pequenas e ruralidades é um fator central na definição


desses espaços como pequenos. A dependência econômica, os aspectos culturais e a qualidade
de vida influenciados pela ruralidade são elementos que permeiam a identidade das cidades
pequenas. Valorizar e compreender essa relação é essencial para promover o desenvolvimento
sustentável e preservar as características que tornam essas cidades únicas.

Por outro lado, é na praça central da cidade pequena onde tudo acontece. Ali estão
localizadas as moradias da elite local18 , os principais comércios, igreja principal e outros
serviços primordiais à população. Ainda na praça, é bem comum a concentração de pessoas em
eventos, encontros de socialização e de festas religiosas, reunindo diversas classes sociais da
cidade. Portanto, essa apropriação do espaço é reforçada pelas relações de seus habitantes
(SILVA, 2000).

Todavia, os bairros das cidades pequenas possuem uma identificação própria aos
habitantes. Essa caracterização, muitas vezes, não é perceptível aos turistas, mas somente pelas
pessoas que conhecem o lugar. É habitual denominar bairros de acordo com símbolos
intrínsecos da área. Por exemplo: lugares com fortes tradições rurais são denominados como
“bairro do povo da roça”, cujos moradores são conhecidos como “caipiras”. Ainda há aqueles
bairros mais violentos, conhecidos como “bairro do povo de briga” e também o “bairro do povo
sério”, “bairro de gente pão-dura” e “bairro dos pobres”, evidenciado por Silva (2000).

Neste sentido, considera-se que a produção desse espaço urbano é o resultado das
próprias ações da sociedade capitalista, que Lefebvre (2008) salienta que tal fenômeno é um
produto histórico, sendo fundamental entender enquanto particularidades sociais e políticas.

18 Fato que está mudando aos poucos, com a mudança dessas famílias de elite para os condomínios fechados mais
distantes do centro municipal.
98

Contemplando a metodologia de Junior (2011), foi possível analisar o espaço urbano


das cidades pesquisadas perante três variáveis: o vínculo do rural com o urbano; o êxodo rural
e as políticas públicas presentes.

3.2.1 Campo-cidade, rural-urbano

Corroborando com o fato mostrado em capítulos anteriores que o espaço urbano é a


vertente mais pesquisada nas cidades pequenas, pontuamos aqui o que pode ser considerada
como uma das justificativas para o fenômeno analisado:

O argumento de que a compreensão da dinâmica do espaço nas cidades pequenas


perpassa, também, a perspectiva de considerar a existência de ruralidades no urbano.
Entendemos que a leitura da pequena cidade no âmbito da ciência geográfica não pode
dispensar o acionamento de categorias que confiram geograficidade à interpretação e
que se apresentam como possibilidade para compreensão deste fenômeno de tamanha
expressividade na realidade brasileira (PAYAYÁ, et al, 2021, p. 384)

No Brasil, segundo o IBGE (2017), o critério utilizado para definir áreas como rurais
ou urbanas passa, exclusivamente, pela divisão administrativa, através do Decreto de Lei nº
311, de 1938, como reforçado no início desta dissertação. Em outros países, há outras variáveis,
como tamanho da população, densidade demográfica, oferta de serviços, participação da
agricultura e/ou aglomeração de habitações.

É fundamental salientar que toda cidade pequena dispõe de sua sede administrativa, já
que é um ente federado. Desta maneira, não existe cidade pequena exclusivamente rural, mas
podendo ser predominantemente, já que ela possui oferta de produtos e serviços, mesmo que
seja pequena e precária.

Todavia, em grandes casos, os crescimentos, econômico e social, alteram em grande


escala a configuração do espaço urbano das cidades, sem acompanhar a legislação local. Assim,
novas estruturas e dinâmicas são construídas e remodeladas, tendo a população um papel chave
neste processo.

É possível destacar, também, nessa discussão, que os limites entre uma zona rural e uma
urbana seguem uma tendência de definição, que são através de objetivos fiscais, enquadrando
apenas os domicílios e não considerando o seu entorno, no que tange dados territoriais e sociais.
Não obstante, esse fato atende diretamente às prefeituras, porém dificultam uma série de
políticas públicas que visam atender outras variáveis no regime rural-urbano.

Tipicamente, duas análises norteiam a discussão sobre a ligação campo-cidade: “a


primeira é a perspectiva dicotômica e a segunda é a perspectiva denominada de continuum”
(PAYAYÁ, 2021, p.387).
99

A primeira concepção debate o campo em contradição à cidade, destacando as


diferenças e oposições que tais espaços apresentam. Segundo Coelho Neto (2013):

Diversos textos ilustram os termos que dominaram essa perspectiva, concedendo


elementos para a dualidade-dicotomia: o rural relacionado ao velho, ao tradicional, ao
atrasado, ao passado, um espaço periférico onde se realiza atividades agrícolas; o
urbano relacionado ao novo, ao moderno, ao adiantado, ao futuro, um espaço central
onde se desenvolve atividades industriais, do comércio e dos serviços (COELHO
NETO, 2013, p. 155).

A ideia do continuum, de acordo com Marques (2002), se baseia a partir do Século XX,
no período dos processos de urbanização e industrialização. Tal noção vai ao encontro que no
avanço dos dois fenômenos citados anteriormente acontece uma maior interação entre o campo
e a cidade. Assim, nota-se maior predomínio do segundo perante o primeiro, de modo que a
área rural ganha características do urbano.

A análise dos fluxos de bens, pessoas, dinheiro, informações etc. entre os espaços rurais
e os espaços urbanos é outra dimensão promissora e em voga. As relações urbano-rurais,
segundo Rosa e Ferreira (2010), permitem observar as continuidades e as descontinuidades
entre o rural e o urbano e repensar o conceito do continuum, buscando compreender o rural e o
urbano como partes de uma mesma estrutura. São capazes também de ressaltar vantagens
comparativas e diferenças desses espaços, mas que só podem ser avaliadas quando consideradas
a articulação e a contiguidade dessas duas categorias em permanente transformação.

Ainda sobre o termo, Wanderley (2002) avança nas discussões. A concepção do


continuum se desmembra em dois aspectos: o “urbano-centrada” e o “continuum rural-urbano”.
Payayá (2021) detalha:

O “urbano-centrada”, que está fundada em uma homogeneização espacial e social que


indicaria o fim do rural; e a chamada de “continuum rural-urbano”, que aponta uma
integração, continuidade e uma aproximação nas relações entre os dois espaços, sem
ignorar as particularidades de cada um e nem advogar o fim do rural (PAYAYÁ, 2021,
p.388).

Fim do rural? Urbanidades no rural? Foram indagações constantes encontradas em


pesquisas sobre o tema, todavia, em nossa área de estudo foi constatada a presença da ruralidade
no urbano, confirmando sua existência forte em cidades pequenas na Região Intermediária de
São João del-Rei. Foi possível detectar as marcas singulares na paisagem de tais cidades, como
animais nas ruas, plantações, festividades religiosas, feiras agrícolas, que movimentam a
economia da cidade e consequentemente interação entre seus habitantes.

A Figura 31 exemplifica esses traços já discutidos: a plantação de milho em Nazareno;


o uso turístico da charrete com um cavalo em Tiradentes; o forno usado para a fabricação de
100

biscoitos em São Tiago; e cavalos e porcos até mesmo em São João del-Rei, que não é
considerado um centro local, mas apresenta tais características rurais.

Figura 31: Aspectos rurais flagrados nas cidades pesquisadas. (Fontes: Arquivo pessoal, 2021; Portal Pop News,
2021).

As imagens mostradas na figura 31 nos ajudam a entender a ruralidade nas cidades


pequenas pesquisadas. Assim sendo, é possível salientar a relação forte entre o rural e a cidade,
justificando todo o conteúdo empírico já discutido: a presença de um fenômeno embutido no
outro.

O estudo do cotidiano de uma cidade pequena e também das pessoas que ali vivem e se
relacionam revelam algo mais sobre suas dinâmicas. O senso comum evidencia que essas
cidades se caracterizam por serem pacatas, agradáveis e tranquilas, um lugar sem violência.
Durante o trabalho de campo realizado, foi possível observar fatos que justificam tal ideia 19 :

19Apesar do senso comum dizer que as cidades pequenas são pacatas, sabe-se que isso nem sempre é verdadeiro.
Não devemos generalizar e nem romantizar.
101

portas e janelas das casas abertas, crianças brincando na rua, pessoas sentadas no banco da praça
dialogando.

De acordo com Melo (2008), é importante reconhecer que nelas também existe uma
rotina ativa, com relações de trabalho, afazeres nas ruas e outras atividades diárias. Embora o
ritmo possa ser descrito como "lento" e sereno, isso não significa que não haja obrigações ou
responsabilidades. Pelo contrário, as pessoas se envolvem em suas tarefas diárias, como ir ao
trabalho, à escola ou à igreja, ainda que tudo esteja relativamente próximo e não haja a mesma
agitação encontrada em cidades maiores.

Em estudo20 divulgado e organizado pelo IBGE (2017), é destacada a caracterização


desses espaços em nosso país. Por meio de análises de todos os municípios, foi possível
classificar os centros urbanos com base nas definições de rurais e urbanos.

Seguindo a metodologia proposta pelo órgão federal, um município para ser


considerado urbano, rural ou intermediário deve apresentar as seguintes características,
conforme a Tabela 9.

TABELA 9 - TIPOLOGIA URBANO-RURAL

(Fonte: IBGE, 2017. Elaborado pelo autor, 2022).

20 “Classificação e Caracterização dos Espaços Rurais e Urbanos do Brasil | Uma primeira aproximação – 2017”.
102

A Tabela 9 revela que quanto menor a população, maior é a conexão com o rural21 . Ao
analisar os municípios com população maior que 50 mil habitantes, são denominados
predominantemente urbanos, pois não existem cidades com zero relação com o rural. Por mais
que o processo de urbanização seja intenso em comparação à vida rural, haverá sempre a
dependência agrícola, por meios de ofertas de alimentos e animais. Portanto, campo e cidade
se relacionam, mas com formas diferenciadas.

Há, também, alguns municípios que não se encaixam nesses dois extremos. Assim, são
denominados como intermediários e apresentam as seguintes variáveis:

• Municípios em Unidades Populacionais que possuem entre 25 000 e 50 000 habitantes


em área de ocupação densa com grau de urbanização entre 25 e 50%;
• Municípios em Unidades Populacionais que possuem entre 10 000 e 25 000 habitantes
em área de ocupação densa com grau de urbanização entre 50 e 75%;
• Municípios em Unidades Populacionais que possuem entre 3 000 e 10 000 habitantes
em área de ocupação densa com grau de urbanização superior a 75%.

Além disso, os municípios que estão a uma distância relativa acima da média nacional,
simultaneamente, em relação a maiores hierarquias próximas (metrópole, capital regional,
centro sub-regional) são classificados como remotos. Já os municípios cuja distância for igual
ou inferior à média nacional em relação a pelo menos um dos centros anteriormente citados são
classificados como adjacentes.

Assim, conforme o estudo do IBGE, traçamos as definições dos municípios estudados


nesta dissertação, ao qual trazemos na Tabela 10 os resultados, identificando os seguintes tipos:
município rural adjacente, município intermediário adjacente e município urbano.

TABELA 10 - CARACTERIZAÇÃO URBANA/RURAL DOS MUNICÍPIOS

MUNICÍPIO CARACTERIZAÇÃO
Conceição da Barra de Minas Município Rural Adjacente
Lagoa Dourada Município Urbano
Madre de Deus de Minas Município Rural Adjacente
Nazareno Município Rural Adjacente
Piedade do Rio Grande Município Intermediário Adjacente
Prados Município Rural Adjacente
Resende Costa Município Rural Adjacente
Ritápolis Município Intermediário Adjacente
Santa Cruz de Minas Município Rural Adjacente
São Tiago Município Urbano

21 Há uma exceção em nossa área de estudo. Mesmo o município de Santa Cruz de Minas não apresentar zona
rural, há a presença de ruralidades, aspecto herdado de São João del-Rei.
103

São Vicente de Minas Município Rural Adjacente


Tiradentes Município Intermediário Adjacente
(Fonte: IBGE, 2017. Elaborado pelo autor, 2022).

Isto posto, uma cidade pequena apresenta em sua morfologia a configuração urbana
contrastada, ou seja, aspectos que negam o urbano presente no próprio meio urbano. Em nossa
área de estudo foi possível observar várias situações e atividades que por ora nos remetem ao
rural, porém, visíveis no meio urbano, indicando que uma cidade reverbera e presencia uma
exuberância de contradições e vivências.

O fato acima é ainda mais nítido nos espaços periurbanos dessas cidades, tendo em vista
a dificuldade na delimitação campo-cidade, já que apresentam com maior facilidade a presença
de animais, plantações agrícolas e lotes ainda sem construções, nos remetendo ao aspecto rural.

Do ponto de vista econômico, verifica-se que o setor primário, conjuntamente com o


terciário, predomina o conjunto das atividades aí desenvolvidas. A estrutura dos municípios é
essencialmente agrícola, atividade que absorve grande percentual da mão de obra e que
impulsiona a vida comercial das cidades. A Tabela 11 revela detalhadamente a divisão por
setores sobre o PIB.
104

TABELA 11 – PIB DOS MUNICÍPIOS ESTUDADOS (2019)


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
AGROPECUÁRIA (%) INDÚSTRIA (%) SERVIÇOS (%)
(%)
Ano Ano Ano Ano
Município
2002 2008 2011 2014 2019 2002 2008 2011 2014 2019 2002 2008 2011 2014 2019 2002 2008 2011 2014 2019
Conceição da Barra de Minas 27,44 21,62 23,71 28,87 28,69 3,4 5,06 5,84 4,31 4,51 43,92 45,58 43,09 41,41 39,41 25,23 27,73 27,37 25,41 27,4
Coronel Xavier Chaves 28,3 23,75 30,15 27,1 27,44 5,69 5,59 10,3 8,49 6,47 38,21 40,61 31,95 35,74 37,64 27,8 30,06 27,6 28,67 28,46
Lagoa Dourada 24,17 24,5 28,38 30,24 28,74 5,78 7,99 7,4 5,79 4,51 35,34 33,34 31,92 32,01 22,87 34,71 34,17 32,3 31,96 43,88
Madre de Deus de Minas 25,45 39,05 38,57 38,51 44,62 5,12 6,45 8,79 10,91 16,05 37,01 24,72 23,61 20,94 13,77 32,42 29,78 29,02 29,65 25,56
Nazareno 21,48 12,92 13,96 11,91 10,6 47,52 46,72 51,08 51,28 49,68 14,94 19,54 15,25 14,6 14,37 16,06 20,82 19,7 22,21 25,35
Piedade do Rio Grande 8,18 13,03 7,01 25,16 27,86 2,51 2,06 14,81 9,35 11,19 26,41 13,81 11,31 23,73 28,88 62,9 71,11 66,87 41,76 32,07
Prados 11,08 11,44 12,31 8,89 17,25 11,76 20,59 30,65 32,7 28,97 39,23 33,97 26,43 25,07 21,76 37,93 34 30,61 33,33 32,02
Resende Costa 22,78 20,61 16,29 15,67 21,9 5,02 6,56 9,47 7,92 9,48 35,49 33,64 32,75 32,71 28,24 36,71 39,2 41,49 43,71 40,38
Ritápolis 23,01 20,48 20,76 16,88 21,68 5,49 5,57 10,6 11,92 14,01 43,41 43,47 38,21 37,95 33,02 28,09 30,48 30,42 33,24 31,29
Santa Cruz de Minas 0,08 0,09 0,07 0,09 0,05 19,19 7,46 10,42 10,89 6,96 38,12 46,01 42,59 38,56 39,26 42,61 46,45 46,93 50,46 53,73
São Tiago 26,39 22,58 23,21 19,25 20,95 13 10,62 13,54 14,06 11,41 30,08 32,82 30,23 28,99 28,14 30,53 33,99 33,02 37,69 39,49
São Vicente de Minas 13,19 20,55 13,25 31,22 19,85 15,02 18,87 22,61 17,42 15,88 32,09 24,25 26,63 19,85 23,37 39,7 36,32 37,51 31,5 40,91
Tiradentes 2,7 3,03 2,15 1,59 1,83 23,73 9,77 16,04 14,24 7,73 21,54 27,92 21,56 21,83 22,38 52,03 59,28 60,25 62,33 68,06
(Fonte: IBGE, 2022. Org.: o autor, 2022).

OBS.: em vermelho, os setores que possuem as maiores contribuições de cada cidade.


105

Assim, considera-se que nas cidades pequenas o espaço urbano deve ser entendido a
partir do campo e vice-versa, ao ponto que modificações em geral na dinâmica agropecuária
acarretam transformações no conteúdo e configuração da cidade.

Portanto, a articulação entre o urbano, o rural e o agrícola é um desafio a ser enfrentado


teórica e metodologicamente, adquirindo ainda mais complexidade ao relacionar as escalas intra
e interurbana, a fim de melhor compreender suas transformações e configurações espaciais,
pois não estamos tratando de uma cidade, mas de cidades diversas com suas respectivas
especificidades, que muitas vezes denunciam a sua negação enquanto cidade.

3.2.2 Migrações e êxodo rural

Como mencionado no tópico anterior, o espaço urbano das cidades pequenas está
fortemente ligado ao âmbito rural, estando vinculados em várias escalas espaciais. Todavia, por
motivos do processo de urbanização brasileiro, há mudanças no campo, seja pela “entrada” do
urbano no meio rural ou pelo aumento desordenado de aglomerados nos centros urbanos.

Além do processo de urbanização que interveio na realidade urbana no final do Século


XX, a industrialização também foi um componente forte para a saída de pessoas do campo para
as cidades, já que as dinâmicas rurais foram alteradas perante à mecanização, poder, renda22 e
concentração de terra.

A consequência desse fenômeno é exatamente a expulsão do pequeno produtor de suas


terras, partindo, na maioria das vezes, para as cidades pequenas adjacentes ou para as capitais.
Assim, as pequenas podem crescer, porém, não se desenvolvendo tanto e apresentando
pequenos contextos de urbanidade.

Na região estudada foi constatado que a dinâmica não segue uma tendência única.
Cidades como Lagoa Dourada, Nazareno, Resende Costa, São Tiago, São Vicente de Minas e
Tiradentes possuíram, no recorte temporal dos últimos três censos demográficos, acréscimo e
decréscimo de sua população rural. As demais cidades apresentam apenas diminuição. As
Figuras 32, 33 e 34 mostram os números.

22 Embora cidades pequenas possam enfrentar desafios em termos de renda, emprego e infraestrutura, existem
vários fatores que podem influenciar essa relação de forma positiva ou negativa. A análise do contexto local, das
indústrias predominantes, dos investimentos e das políticas adotadas é fundamental para compreender a dinâmica
específica entre cidade pequena e renda em cada caso.
106

DIVISÃO POR POPULAÇÃO URBANA, RURAL E GERAL DOS MUNICÍPIOS


ANALISADOS - 1991

12.000
10.000
Quantidade

8.000
6.000
4.000
2.000
0

URBANA
RURAL
TOTAL

*Distrito ainda
Figura 32: População urbana, rural e total em 1991. (Elaborado pelo autor, 2021).

DIVISÃO POR POPULAÇÃO URBANA, RURAL E TOTAL DOS MUNICÍPIOS


ANALISADOS - 2000
14.000
12.000
10.000
Quantidade

8.000
6.000
4.000
2.000
0

URBANA
RURAL
TOTAL

Figura 33: População urbana, rural e total em 2000. (Elaborado pelo autor, 2021).
107

DIVISÃO POR POPULAÇÃO URBANA, RURAL E GERAL DOS MUNICÍPIOS


ANALISADOS - 2010
14.000
12.000
10.000
Quantidade

8.000
6.000
4.000
2.000
0

URBANA
RURAL
TOTAL

Figura 34: População urbana, rural e total em 2010. (Elaborado pelo autor, 2021).

Um dos fatores que intensificam esse processo é o êxodo rural, em que há um intenso
fluxo migratório de pessoas em busca de melhores condições de vida e/ou expulsos,
especialmente aquelas que saem do campo com destino à cidade devido a vários processos,
dentre eles, a mecanização do campo, que expulsa a população do campo para a cidade. A
cidade influencia a criação de uma nova expectativa nesses indivíduos que são atraídos pelo
processo de industrialização, sendo disseminada a ideia de que com a chegada das indústrias
haverá a consolidação de novos postos de trabalho.

Tais transformações atingem as cidades e, consequentemente, as redes urbanas, pois há


um novo processo de intensificação dos fluxos de pessoas, capital e mercadorias. Com isso, as
regiões metropolitanas e cidades médias são as mais beneficiadas nesse quesito. Porém, isso
não significa que as cidades pequenas não são importantes na formação das redes urbanas.

Como a maioria da população do campo se configura como desterritorializada ao chegar


no meio urbano, outro fenômeno se materializa: a reterritorialização (CORRÊA, 1997). Sendo
de forma precária ou não, essas populações se concentram mais nas periferias das cidades
pequenas, podendo apresentar dificuldades em sua adaptação ao novo meio de moradia. Então,
o laço com o meio rural ainda permanece, dedicando-se a ele com atividades agrícolas e
animais, porém, no meio urbano, entregando-se às ações e práticas que carregam desde a
infância.
108

Isso ocorre porque os costumes do campo foram trazidos pelas pessoas que migraram
para as cidades, muitas delas forçadas e que até hoje não se identificam com o modo de vida
urbano, pois criaram uma identidade cultural do modo de vida rural que agora se entrelaça com
as características do modo de vida urbano. A influência das ruralidades nas cidades pequenas
contribui para a reprodução socioespacial destes locais, trazendo heranças desse processo.

Comunidades, ocupações em áreas de risco e cortiços são evidências de um fluxo


migratório direcionado às cidades. Entretanto, relacionar este fato apenas com a chegada de
imigrantes urbanos não demonstra a realidade atual, porém acentua a cidade vista como uma
mercadoria, ou seja, a mercantilização do espaço.

Ao mesmo tempo que a produção do espaço urbano está atrelada ao seu uso, como
hábitos e práticas de vida trazidas do rural, as moradias fazem parte dessa categoria de análise
também, já que novos lares são criados para suportar a demanda da sociedade urbana.

Assim, essas populações fazem parte de uma rede funcional que apresenta conexões do
urbano e rural simultaneamente. Porém, em muitos casos, acabam se encontrando em condições
precárias, tanto de emprego quanto de moradia. O fato corrobora com Júnior (2011, p.10), ao
destacar que “a mudança do campo para a cidade não acarreta, portanto, em melhorias nas
condições de vida, pois os recursos que a cidade possui, nem sempre são desfrutados por eles;
moram na cidade, mas não participam da vida da mesma”.

Outro fator típico de cidade pequena em relação às maiores por perto é a presença de
universitários indo estudar. Assim, o alvo é São João del-Rei por causa da UFSJ, fortalecendo
os fluxos de carros e ônibus entre as cidades. Essa migração pendular, com deslocamento
temporário ou diário de pessoas por motivos de estudo, trabalho, saúde ou lazer, contribui para
fortalecer a organização da rede urbana regional estruturada a partir de São João del-Rei.

3.2.3 Políticas públicas

O Estado, em si, é um forte articulador e remodelador do espaço urbano das cidades


pequenas, com investimentos e ações. Todavia, deve-se ressaltar o desarranjo entre as normas
do urbano e como ele se materializa nessas cidades.

A conduta que o Estado exerce em tais cidades é fundamental para garantir diversos
fatores para seus habitantes, como o bem-estar social, desassistido pelo capitalismo.
Consequentemente, o Estado é um meio importante para a aplicação de políticas públicas que
objetivam assegurar nossos direitos como moradores dos centros urbanos.
109

Maricato (2000) nos alerta sobre dois fenômenos que não devem ser esquecidos nesta
análise: o aumento exponencial da urbanização, bem como seu planejamento. A atual fase do
mundo urbano, que nos remete ao crescimento acelerado das cidades, acontece sem uma
supervisão de políticas rigorosas no que tange ao desenvolvimento urbanístico, além de sua
gestão.

Além disso, um planejamento urbano eficaz deve se comprometer a não possuir


descompassos com a realidade de cada município, apresentando práticas concretas e plausíveis,
respeitando sua identidade, memória e contribuindo para o desenvolvimento local. Logo,
concluímos que “a produção de legislação é a principal forma de interferência da esfera pública
na produção do espaço urbano” (JÚNIOR, 2011, p.15), pois qualquer lugar está passível de
receber intervenções advindas do poder público.

Atrelado ao fato de as cidades pequenas estarem sujeitas às ajudas de gestão municipal,


estadual ou federal, muitas delas precisam de repasses da federação. É possível constatar que
majoritariamente as receitas são oriundas de recursos do governo federal, mediante o Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), cuja “a distribuição dos recursos é feita de acordo com o
número de habitantes, onde são fixadas faixas populacionais” (SEF, 2022).

É de fundamental importância destacar que o FPM segue as estimativas populacionais


feitas pelo IBGE. Sendo assim, o auxílio beneficia, predominantemente, as cidades com
menores índices demográficos. Portanto, “fica claro que quanto menor o tamanho populacional
do município, menor a participação das receitas próprias e maior a dependência do FPM na
composição total da receita” (JÚNIOR, 2011, p.18).

Além disso, foi constatado, via Tabela 12, que as cidades estudadas também recebem
subsídios atrelados a outros fatores23 , além do FPM, como: COVID-19, potencial hidráulico do

23 Apoio/Auxílio Financeiro aos Estados, Municípios e Distrito Federal; PFEC INCISO I e II: Objetivo é
compensar entes federados pela diminuição de repasses federais durante a crise econômica causada pela pa ndemia
de Covid-19.
Royalties - ITA: Royalties são a compensação financeira que os governos brasileiro e paraguaio recebem pela
utilização do potencial hidráulico do Rio Paraná para a produção de energia elétrica na Itaipu.
Royalties - CFH: Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Hídricos para Geração de Energia
Elétrica.
Royalties - CFM: Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais.
FUNDEB: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação.
Royalties - ANP / PEA / FEP: Royalties pela Produção de Petróleo e Gás Natural - Cota-Parte Especial dos
Royalties pela Produção de Petróleo e Gás Natural - Fundo Especial do Petróleo.
Imposto Territorial Rural - ITR: O imposto sobre a propriedade territorial rural.
CIDE - Combustíveis: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico relativa às atividades de importação
ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool.
LC 176/2020 (ADO25): Institui transferências obrigatórias da União para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, por prazo ou fato determinado.
110

Rio Paraná, exploração de recursos hídricos para geração de energia elétrica, exploração de
recursos minerais, educação, exploração de petróleo e gás natural e imposto sobre propriedade
rural.
111
TABELA 12 – RECURSOS ADVINDOS DO GOVERNO FEDERAL (2020)
FUNDEB -
Apoio/Auxílio Distribuição das
FPM - Fundo
Financeiro aos Retenções da Imposto
de Royalties CIDE - LC
Estados, PFEC Royalties Royalties - Royalties - União (Fundo de PFEC Territorial
Municípios Participação - ANP / Combustíve 176/2020 TOTAL
Municípios e INCISO II - ITA CFH CFM Manutenção e INCISO I Rural -
dos PEA / FEP is (ADO25)
Distrito Desenvolviment ITR
Municípios
Federal o da Educação
Básica)
Conceição
da Barra de 7.494.712,33 718.471,95 378.020,37 0,00 0,00 303.707,31 260.820,39 135.470,34 57.131,52 8.977,86 7.489,84 0,00 9.364.801,91
Minas
Coronel
Xavier 7.494.712,33 716.024,49 328.638,10 0,00 0,00 1.012.474,46 307.049,91 135.470,34 49.668,13 7.239,48 7.256,49 0,00 10.058.533,73
Chaves
Lagoa
9.992.949,58 1.002.830,88 1.245.631,86 0,00 0,00 2.376.108,84 2.001.658,45 180.627,10 188.256,21 11.112,36 13.417,82 72.112,92 17.084.706,02
Dourada
Madre de
Deus de 7.494.712,33 670.471,95 487.899,46 141.051,76 366.111,63 2.725.133,41 359.828,29 135.470,34 73.737,82 21.161,02 7.995,95 0 12.483.573,96
Minas
Nazareno 7.494.712,33 745.564,56 824.616,64 56.219,67 471.581,59 1.659.547,37 761.018,35 135.470,34 124.626,80 16.281,35 9.551,12 0 12.299.190,12
Piedade do
7.494.712,33 722.093,51 429.412,20 * * * 322.394,23 135.470,34 64.898,64 14.665,17 7.734,45 32.182,40 9.223.563,27
Rio Grande
Prados 7.494.712,33 747.979,57 865.006,32 * * 749.969,36 749.235,82 135.470,34 130.731.03 8.461,36 9.739,37 0 10.760.574,47
Resende
9.992.949,58 994.215,51 1.100.958,61 * * 1.390.631,09 1.071.808,89 180.627,10 166.391,32 24.663,88 12.748,89 51.616,05 14.986.610,92
Costa
Ritápolis 7.494.712,33 722.704,41 439.385,15 * * 368.731,90 319.925,49 135.470,34 66.405,92 22.491.43 7.783,79 0 9.555.119,33
Santa Cruz
7.494.712,33 745.541,72 824.424,54 * * 6.345,99 536.543,25 135.470,34 124.597,73 12 9.547,93 0 9.877.195,83
de Minas
São Tiago 9.992.949,58 991.023,99 1.046.988,77 * * 72.123,96 686.570,27 180.627,10 158.234,79 14.108,75 12.503,33 52.783,33 13.207.913,87
São Vicente
7.494.712,33 740.683,08 743.071,65 15.470,19 40.154,16 823.105,02 633.434,84 135.470,34 112.302,60 30.041,26 9.169,15 0 10.777.614,62
de Minas
Tiradentes 7.494.712,33 741.984,13 765.570,90 * * 2.621,07 633.672,89 135.470,34 115.702,85 8.631,57 9.266,71 45.349,11 9.952.981,90
(Fonte: Tesouro Nacional, 2021. Org.: o autor)
112

Contudo, é necessário pensarmos que é inviável um município crescer e se desenvolver


apenas com uma eficiente gestão, já que eles necessitam de recursos do governo federal. Além
disso, vale salientar que várias cidades pequenas ainda apresentam grande subordinação
funcional com o município ao qual pertencia quando era um distrito, por necessidade de sanar
deficiências básicas de seus habitantes.

Para Henrique (2010), as presentes discussões entre esses dois processos são
norteadoras para entendermos melhor a problemática dos diferentes tipos de cidades no mundo
contemporâneo. Destaca também que essa relação será sempre entendida por discussões e
resultados, supressões e inserções, mas nunca na exclusão do rural pelo urbano, apenas trazendo
singularidades e particularidades às cidades pequenas.

Portanto, ao pesquisar, observar e vivenciar o cotidiano de uma cidade pequena,


percebemos o forte laço dos conjuntos articulados entre o rural e o urbano. Assim é, todavia, o
pilar básico de definição para esse tipo de cidade como um lugar simples mundialmente, que é
sustentado pela sua hinterlândia rural e urbana.

3.3 Funções na rede urbana


Após a análise histórica e quantitativa sobre os municípios, em relação à economia e
demografia, apresentamos, neste subtópico, os resultados relacionados à cada função exercida
na rede urbana das cidades estudadas.

Tal processo de analisar a função de um centro local ainda é pouco observada, bem
como a temática em si, porém, fundamentais para tornar inteligíveis os fatores das grandes
alterações na urbanização do Brasil nos séculos XX e XXI.

Debater a especialização desse tipo de cidade coloca em evidência inúmeros aspectos


multivariados, “como os processos econômicos, sociais, turísticos, políticos; como a
desconcentração da indústria; a ampliação e diversificação dos complexos agroindustriais e sua
articulação com a concentração fundiária” (FRESCA e VEIGA, 2011, p. 388).

Por consequência, além de investigar o aparecimento de recentes ou desenvolvimento


de atividades já existentes, procuramos entender os complexos rumos de sua realização e
conexões variadas no que tange à especialização produtiva deste local. Assim sendo, é possível
destacar as potencialidades urbanas que justificam seu papel na rede urbana, mediante a
participação de grupos locais/regionais inseridos ali.
113

Sobre as transformações do processo de urbanização do Brasil na década de 1990, é


necessário reafirmar alguns pontos que passaram a influenciar a dinâmica das cidades pequenas
de forma mais intensa. Dentre estes fatores, a desconcentração industrial, de forma geral, a
partir das metrópoles. Na lógica capitalista de aumentar seus lucros e dinamizando custos, veem
nos pequenos núcleos a possibilidade de fazer parte de uma rede urbana mais próspera e
estratégica para sua instalação.

Ao se especializar em alguma vertente do trabalho, as cidades pequenas assumem


inúmeras possibilidades de se sobressair em sua rede urbana, no sentido econômico. Vejamos
alguns exemplos:

Como ser a maior geradora de empregos locais; a maior geradora de impostos


municipais; sem que para tal a amplitude produtiva a coloque como importante
controladora do mercado nacional ou regional. A especialização pode assumir
volumes produtivos que coloca a pequena cidade como a responsável por parcela
significativa da produção nacional e regional (FRESCA e VEIGA, 2011, p. 390).

Portanto, a divisão territorial do trabalho que observamos nas cidades pequenas tem seu
grau pautado exatamente nas possibilidades e potencialidades que se fazem presentes em sua
rede urbana. Assim, no atual período que vivenciamos, o Técnico-Científico-Informacional
(SANTOS e SILVEIRA, 2001), tais cidades começam a fazer parte de um processo conduzido
por novas formas de tecnologia, economia, política e social, dando suporte para novas redes de
capital, pessoas e mercadorias, alçando as cidades pequenas para patamares do local para o
nacional.

Com isso, é possível vislumbrar novos cenários para elas, já que começam a ter nova
visibilidade em variados aspectos. Assim, estão sujeitas a estarem recebendo investimentos,
públicos/privados, nacional/internacional, para se aproveitar da mão de obra barata que ali se
encontram, além de isenção de impostos e outros suportes que acabam atraindo novos olhares
empreendedores para as cidades pequenas, que antes não existiam, reconfigurando as dinâmicas
de seu espaço urbano e de seus habitantes.

Vale destacar que no trabalho etnográfico24 realizado por todas as cidades, foi possível
perceber as dinâmicas dos habitantes de cada uma com todas as outras cidades da rede urbana
analisada. Seja por motivos de saúde, trabalho, fé, educação, compras ou lazer, é comum se
deslocarem de sua cidade natal e ir para outra vizinha, por carro, moto ou ônibus, devido à
facilidade de locomoção e proximidade de todas elas.

24A etnografia é o método utilizado pela antropologia na coleta de dados. Baseia -se no contato intersubjetivo entre
o pesquisador e o seu objeto. A base de uma pesquisa etnográfica é o trabalho de campo.
114

Entretanto, quando a necessidade se torna complexa e São João del-Rei, principal cidade
da região, não consegue sanar, o destino acaba sendo alguma cidade fora da rede urbana,
principalmente Barbacena, Juiz de Fora e Belo Horizonte, caracterizadas pela REGIC como
Centro Sub-Regional, Capital Regional e Metrópole, respectivamente.

Para melhor visualização e entendimento do processo, houve a catalogação de quatro


funções na rede urbana de São João del-Rei, que apresentaremos, por divisão, as cidades
representadas por tais funções. Salientamos que uma mesma cidade não necessariamente
apresenta apenas uma função, mas podendo ter duas ou mais.

3.3.1 Religiosas

Até mesmo pelo senso comum, automaticamente ao pensarmos em cidade pequena,


nosso pensamento já as relacionam com a religiosidade, respeitando às devidas proporções e
escalas. Tal fato se justifica pela forte aproximação da Igreja, especialmente a Católica, na
formação do espaço urbano dessas cidades há anos.

Em nossa área de estudo, é possível estabelecer a forte presença de pessoas


autodeclaradas como católicas, em comparação com a população total de cada município.
Entretanto, merece destaque que há a presença de outras religiões na área de estudo, porém
enfatizamos a predominante. A Tabela 13, em ordem alfabética, revela os números, segundo o
Censo Demográfico feito pelo IBGE, em 2010.

TABELA 13 - QUANTIDADE DE CATÓLICOS NA REGIÃO IMEDIATA DE SÃO


JOÃO DEL-REI (2010)
MUNICÍPIOS CATÓLICOS POPULAÇÃO TOTAL
Conceição da Barra de Minas 3.653 3.954
Coronel Xavier Chaves 3.062 3.301
Lagoa Dourada 11.356 12.256
Madre de Deus de Minas 4.737 4.904
Nazareno 7.220 7.954
Piedade do Rio Grande 4.400 4.709
Prados 7.719 8.391
Resende Costa 9.672 10.913
Ritápolis 4.532 4.925
Santa Cruz de Minas 5.868 7.865
São João del-Rei 72.048 84.469
São Tiago 9.729 10.561
São Vicente de Minas 6.090 7.008
Tiradentes 5.327 6.961
(Fonte: IBGE, 2022. Organizado pelo autor, 2022).
115

Segundo Rosendahl (2008), é aceitável constatar o sagrado como um dos elementos


produtores do espaço urbano. Para ela, há ideias e pensamentos moldados visando formas de
organização social e econômica por trás das Igrejas, fazendo surgir novas atividades,
construções e valores preponderantes em nossa sociedade, tanto a passada quanto a atual.

A religião católica, no Brasil, chegou através dos portugueses apresentando duas


vertentes: a elitizada e a popular (ROSENDAHL, 2008). A primeira simbolizava a nobreza de
Portugal, classe que detinha os poderes políticos e econômicos e com forte relação com o
Estado.

A segunda forma veio caracterizada pelas classes mais pobres, principalmente dos
provenientes da zona rural, mais tradicional e forte que a primeira. É marcada pela fé dos
antigos “colonos pobres, índios destribalizados, os escravos e todos os tipos de mestiços. Com
o tempo, essa forma de catolicismo se torna a mais comum no Brasil” (TAVARES, 2015, p.
546).

Sendo assim, é possível afirmar, segundo Tavares (2015), que o catolicismo faz parte
da formação de pilares da nossa sociedade, ainda mais no meio rural ou do interior, já que a
religiosidade católica é caracterizada pela relação intimista e familiar entre os santos e seus
devotos, devido à simplicidade e humildade intrínseca nesse meio.

Desta maneira, é perceptível a relação pessoal entre a imagem santa e o fiel: há conversa,
adoração, enfeites e velas acesas em forma de agradecimento e proteção. Nas casas há sempre
um local apropriado para deixá-la, sempre com amor e zelo. Nas festas dos santos padroeiros
das paróquias, o santo “sai” às ruas, recebe e faz visitas. Na Figura 35, quadro e imagem de São
Sebastião exposto na janela de uma casa em Santa Cruz de Minas, em virtude das
comemorações de seu dia.
116

Figura 35: São Sebastião em Santa Cruz de Minas. (Fonte: Paróquia de São Sebastião , 2022).

A Figura 36 mostra imagens de alguns padroeiros das cidades analisadas, dentre eles
Nossa Senhora da Conceição, em Conceição da Barra de Minas; Santo Antônio em Lagoa
Dourada; Nossa Senhora Mãe de Deus em Madre de Deus de Minas; São Vicente Ferrer em
São Vicente de Minas e Nossa Senhora da Piedade em Piedade do Rio Grande.
117

Figura 36: Santos padroeiros das cidades. (Fonte: Arquivo pessoal, 2021).

A principal característica da religiosidade em cidades pequenas é a coletividade. As


pessoas levam consigo relações íntimas que perpassam pelo parentesco, atingindo a vizinhança
e laços de amizade da rua, bairro ou até mesmo da cidade no geral. Essas conexões nos dão
suporte para entendermos a empatia, solidariedade e reciprocidade em abundância que há nestas
localidades, podendo permanecer mesmo após a morte, para quem acredita.

Tavares (2015) aborda outro aspecto das relações de comunidade. Segundo o autor, não
se reza nem festeja sozinho, há a necessidade da conversa e “colocar o papo em dia” após as
celebrações religiosas, acompanhados de um bom café e quermesses locais, mobilizando a
fraternidade e ação coletiva.

Em Piedade do Rio Grande e Madre de Deus de Minas foi possível fazer o registro
fotográfico desses momentos. Por trás das mesas de café, biscoitos e bolos há um simbolismo
intrínseco, uma mistura da simplicidade e empatia em dividir o lanche com pessoas que sequer
118

são conhecidas, quando são oriundas de cidades vizinhas e que estão em romarias, mas
compartilham da mesma fé, que é o mais importante. A Figura 37 ilustra o fato supracitado.

Figura 37: Café e lanche após as missas. (Fonte: Arquivo pessoal e Paróquias locais, 2022).

Deffontaines (1948) e Rosendahl (2008) fizeram o esforço de nomear essas cidades. O


primeiro denominou-as de “cidades de domingo”. Para a segunda, podemos chamá-las de
cidades-santuários ou hierópolis25 , pelo valor sagrado forte atribuído ali. Assim,

Cidades-santuários são centros de convergência de peregrinos que com suas práticas


e crenças materializam uma peculiar organização funcional e social do espaço. Este
arranjo singular e repetitivo pode ser de natureza permanente ou apresentar uma
periodicidade marcada por tempos de festividades, próprios de cada centro de
peregrinação (ROSENDAHL, 2008, p.72).

Essas festividades ao proporcionarem alegria e lazer para os habitantes da cidade


também aquecem a economia local. O setor de serviços é totalmente alterado durante o período

25 De origem grega que significa cidade sagrada.


119

das festas, com a instalação de barraquinhas de comida, shows com artistas da terra e alguns
jogos, como o bingo, conhecido em alguns lugares como víspora.

Na área de estudo estipulada para a presente dissertação, excluindo das análises São
João del-Rei, por não se encaixar como cidade pequena/centro local, é possível observar que
doze das trezes cidades possuem a religiosidade como uma função urbana. A exceção vai para
Tiradentes, considerada como profana26 (não há o desrespeito com o sagrado, aqui neste caso
especificamente, já que é muito usada essa ideia), cujo a predominância de suas outras funções
se sobressai ao sagrado, ou seja, o “carro-chefe27 ” da cidade não está relacionado aos eventos
religiosos.

Em Conceição da Barra de Minas a principal festa religiosa se dá nas comemorações de


Nossa Senhora da Conceição. A novena começa no dia 29 de novembro e termina em 08 de
dezembro, dia oficial da padroeira municipal. A Semana Santa também merece destaque, com
a presença de devotos de outras cidades da região. A Figura 38 nos mostra alguns registros das
comemorações.

26 Que não tem a religião como propósito.


27 Sentido figurado. Elemento que se destaca em um conjunto, obra ou empreendimento qualq uer, por ser o
principal, o mais significativo, o mais apreciado.
120

Figura 38: Festividades religiosas em Conceição da Barra de Minas. (Fonte: Paróquia local, 2022).

Em Coronel Xavier Chaves, a Semana Santa e a Festa da Padroeira Nossa Senhora da


Conceição são as celebrações que têm o maior fluxo de fiéis. Além das missas tradicionais, há
leilões de prendas e animais, procissões luminosas, pelas comunidades urbanas e rurais,
coroações, folias de reis e bênçãos variadas ao entorno da Matriz e outras igrejas, como
mostrada na Figura 39.
121

Figura 39: Festividades religiosas em Coronel Xavier Chaves. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

Já em Lagoa Dourada, seu padroeiro é comemorado no dia 13 de junho. A devoção por


Santo Antônio atravessa séculos, com destaque para as comemorações da Semana Santa, São
Sebastião e Nossa Senhora Aparecida, também. Há alvoradas, fogueiras e missas pela manhã.
A Figura 40 ilustra um pouco sobre as comemorações.
122

Figura 40: Festividades religiosas em Lagoa Dourada. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

Ao começar um ano novo, Madre de Deus de Minas se prepara para as festas para sua
padroeira, Nossa Senhora Mãe de Deus. Comemorada em 01 de janeiro, os fiéis fazem vigília
em pleno réveillon para saudar a santa. Porém, na cidade as comemorações oficiais são no dia
08 de setembro, data do nascimento da Virgem Maria.

Seguindo a tradição, há missas e procissões em vários horários do dia, bem como


“desfile” de tratores, colheitadeiras e plantadeiras, leilão de gado, presença de banda de música
local e inúmeras bênçãos próprias da comunidade. As festividades incluem bailes em todas as
noites no Salão Paroquial, atraindo visitantes das cidades vizinhas. A Figura 41 ilustra um
pouco as festividades.
123

Figura 41: Festividades religiosas em Madre de Deus de Minas. (Fonte: Paróquia local, 2022).

Em Nazareno, a festa principal é o Jubileu de Nossa Senhora de Nazaré, que celebra a


padroeira da paróquia. A data conta com o Novenário Solene, iniciado no dia 30 de agosto,
além dos três dias de Jubileu, sendo o dia maior, 8 de setembro, que conta com as celebrações
da Santa Missa, durante todo o dia, e procissão à tarde, momento em que acontece a tocante
cerimônia da descida da imagem da Virgem de Nazaré. A Figura 42 revela a alta participação
de pessoas nas comemorações.
124

Figura 42: Festividades religiosas em Nazareno. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

O dia 15 de setembro marca as festividades em honra à Nossa Senhora da Piedade, em


Piedade do Rio Grande. O dia dedicado à padroeira é inaugurado com a alvorada festiva fogos,
orações e almoço. As atividades são realizadas com grande participação da população que se
organiza em diversas comissões, como demonstra a Figura 43.
125

Figura 43: Festividades religiosas em Piedade do Rio Grande. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

Em Prados, a festa da padroeira da cidade Nossa Senhora da Conceição é celebrada no


mês de dezembro como em outras localidades. Os nove dias que precedem à festa, realizam-se
a missa vespertina, novenas com participação do coro e orquestra executando música própria
em latim.

A Figura 44 ilustra as celebrações. A cidade que possui várias igrejas antigas recebe
devotos de outras cidades, seja pela religiosidade na Semana Santa ou pelo turismo religioso
no geral.
126

Figura 44: Festividades religiosas em Prados. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

De 23 a 31 de agosto, celebra-se a festa da padroeira de Resende Costa, Nossa Senhora


da Penha de França. O dia dedicado à padroeira inicia-se com alvorada festiva – repique de
sinos, banda de música e fogos. A procissão luminosa ocorre após a missa festiva, organizada
pelos membros das irmandades e comissão de festa, ilustrada na Figura 45.
127

Figura 45: Festividades religiosas em Resende Costa. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

Em Ritápolis, as festividades são em honra da padroeira Santa Rita de Cássia. No dia


22 de maio há alvorada festiva. Após a missa, realiza-se o leilão de gado e de prendas e depois
a procissão luminosa, amplamente prestigiada, percorrendo uma grande extensão da cidade.

Os devotos, então, cumprem promessas durante a festa com peregrinação a pé, missas,
transportes de andores, ofertas de dinheiro, velas e prendas para o leilão. Com a chegada da
procissão, há um grande foguetório, tradição sustentada por várias gerações de uma mesma
família. Há a atuação de bandas, corais, com a participação efusiva da população, mostrada na
Figura 46.
128

Figura 46: Festividades religiosas em Ritápolis. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

Na menor cidade brasileira em extensão territorial, Santa Cruz de Minas se prepara todo
mês de janeiro para comemorar seu padroeiro: São Sebastião. Com cavalgadas, missas,
procissões e shows, a cidade se concentra ao redor da Matriz, na praça principal, para as
festividades. Celebrado no dia 20 de janeiro, a atração reúne devotos e fiéis das cidades vizinhas
para intercederem ao santo contra a peste, fome e guerra, demonstrado na Figura 47.
129

Figura 47: Festividades religiosas em Santa Cruz de Minas. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

Já em São Tiago, acontece a festa de São Tiago Maior e Sant’Ana. Seguindo a tradição
das outras cidades, há missas, procissões e shows locais. Destaque para as crianças vestidas
com roupa em alusão à São Tiago pelas ruas da cidade, com repiques de sino e muita alegria na
missa campal, mostrada na Figura 48.
130

Figura 48: Festividades religiosas em São Tiago. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

Por fim, São Vicente de Minas tem as festividades de São Vicente Ferrer, devoção
surgida desde os primeiros tempos de formação da localidade. Celebrado no dia 02 de maio, a
festa é antecedida pela novena preparatória. No dia maior, há bênção de animais, forró,
quermesses, leilões e feiras, com a participação de munícipes das localidades vizinhas. No local,
são vendidos folhetos, quadros e santinhos. A Figura 49 ilustra as festividades.
131

Figura 49: Festividades religiosas em São Vicente de Minas. (Fonte: Arquivo pessoal e paróquia local, 2022).

Ao analisar as ações das cidades religiosas aqui elencadas28 , é necessário destacar dois
fatores: a organização interna do espaço geográfico, com os preparativos nas ruas, calçadas e
nas casas e a função dos agentes transformadores, no caso aqui os devotos, por meio da
participação das comemorações ligadas à Igreja Católica. Além disso, o deslocamento de fiéis
de cidades vizinhas retrata o ir e vir no espaço urbano, na busca pelo exercício de sua religião.

Essas hierópolis que conseguem atrair um fluxo contínuo de devotos são aquelas que
recebem pessoas durante todo o ano e não por ocasião das festas de seus padroeiros. Na região
estudada, percebemos que tal fenômeno não é presente. Por outro lado, são notórios os fluxos
periódicos, ou seja, as visitas que são geralmente uma ou duas vezes por ano nas datas religiosas

28Todas as cidades analisadas fazem parte da Diocese de São João del-Rei, exceto São Tiago, que pertence à de
Oliveira.
132

mais importantes, de forma muito acentuada. Rosendahl (2008) pontua que é ao redor das
igrejas que a vida urbana acontece neste período. Tudo se concentra ali.

3.3.2 Culturais/turísticas

Neste tópico, agruparemos aspectos culturais com os turísticos, já que o turismo se


entrelaça com a cultura de um povo, cidade, região, e sendo alvo de visitas corriqueiramente.
Assim, é notório que essas atividades têm ganhado grande importância nos âmbitos econômicos
e sociais, já que partimos do pressuposto que em toda cidade há uma cultura.

Assim sendo, novos produtos turísticos são criados para atender um público mais
exigente e para movimentar a economia, desenvolvendo, desta maneira, os setores de serviços,
econômicos, hotelaria e cultural. Desta forma, as cidades começam a ser impulsionadas por
melhorias cada vez mais, com o intuito de estarem sempre prontas para as visitas da população
de outras localidades.

Cavaco (2001) salienta que o turismo em cidades pequenas é peculiar, já que apresenta,
em sua maioria, espaços humanizados, contemplativos, aspectos históricos, entrelaçados com a
cultura local. Segundo Trigueiro (2001), o turismo bem planejado e articulado nas cidades
pequenas pode trazer, já que há exceções, inúmeros benefícios, como a geração de empregos,
diretos e indiretos, melhoria na mobilidade urbana, preservação ambiental e desenvolvimento
do PIB municipal. Sendo assim, a movimentação dos turistas nestes espaços reverbera a
necessidade de sempre inovar nos produtos locais, já que é habitual a compra de
“lembrancinhas” nas viagens.

Adiantando o que exemplificaremos ao mencionar cidade por cidade, na região estudada


é muito comum a cultura sertaneja, seja nas tradições religiosas, festas agropecuárias, shows e
festivais. Ao adotar tal característica é observado que as origens e identidades não são
esquecidas, mesmo nos momentos de lazer, mostrando os valores e costumes da população ali
inserida. Cada centro urbano possui uma peculiaridade, uma singularidade que o torna
diferenciado quanto aos demais.

Marujo (2014) explica que a cultura é o principal fator para o desenvolvimento do


turismo. Segundo ele, através da cultura é que vai ocorrer o crescimento do lazer e do consumo
pelos turistas. Logo, o simples ato de viajar para observar a cultura de um povo é denominado
turismo.
133

Com a “virose29 ” de globalização de nosso mundo contemporâneo, há o início de se


preservar nossa identidade cultural. Ou seja, passamos a valorizar nossas origens de onde
estamos, pois agora conseguimos guardar nossas memórias para outras gerações, graças à
tecnologia vigente. Na região imediata de São João del-Rei, observamos três formas de turismo
cultural, as quais Marujo (2014) destaca:

a) As formas de cultura inanimada como, por exemplo, a visita a monumentos


históricos; b) As formas de cultura retratadas na vida cotidiana do destino turístico e
que, em muitos casos, constituem uma das motivações principais para muitos turistas;
c) As formas de cultura especialmente animadas e que podem envolver
acontecimentos especiais como, por exemplo, as feiras , festivais ou festas com
tradições culturais (MARUJO, 2014, p.4).

Em Conceição da Barra de Minas o aspecto natural é muito procurado, assim como em


toda a região, pelas suas trilhas, serras e recursos hídricos. No centro local supracitado, com
suas cachoeiras grandes e bonitas, os turistas podem apreciá-las para um bom momento de lazer.
As principais são as Cachoeiras do Buzuca e do Flavito, ilustrada na Figura 50.

Figura 50: Cachoeira do Flavito. (Fonte: Instituto Estrada Real, 2022).

No aspecto urbano, a cidade é reconhecida por festivais e encontros, entre eles o de


Sanfoneiros. O evento reúne apreciadores e tocadores do acordeom (sanfona, popularmente
chamado) com shows, barracas, vísporas, apresentações de danças, participação do grupo de
congada e missa ao final.

29Termo usado pelo professor Wagner Batella (UFJF) em suas aulas sobre cidades pequenas e médias, ao se referir
que todos os processos atuais podem ser explicados pelo fenômeno da globalização.
134

O artesanato é bem popular também. Com feirinhas pelas ruas durante os eventos da
cidade, a população se organiza para a confecção e venda de produtos que remetem ao local,
sendo indicados para turistas guardarem de lembrança das viagens à região.

Em Coronel Xavier Chaves, o principal evento que reúne turistas e curiosos até mesmo
fora do Brasil é pela realização do Festival Internacional de Escultura em Pedra, com ateliês
abertos, montados em praça pública.

A cidade, que é famosa pela cantaria30 , aproveita a ocasião para conseguir visibilidade
internacional. O evento consiste na elaboração de um tema central, cujos escultores vão elaborar
seus produtos a partir da ideia estabelecida pelos organizadores. Ao final, os artistas têm suas
esculturas expostas ao público, com os melhores recebendo premiação em dinheiro. Há também
programação especial para o público, com exposição de peças em argila, confeccionadas em
oficinas e shows. A Figura 51 detalha um pouco sobre as obras.

30Arte que remonta há mais de 8.000 anos no entalhe da pedra para a produção de peças a serem utilizadas nas
edificações.
135

Figura 51: Festival Internacional de Escultura em Pedra. (Fonte: Prefeitura M unicipal, divulgação internet, 2020).

Lagoa Dourada é nacionalmente conhecida como a “Capital Nacional do Rocambole 31 ”.


A tradicional receita que perdura por mais de 100 anos aquece a economia local, sendo atração
na cidade, já que muitos turistas vão para lá apenas para a degustação ou compra do produto.

É comum as lojas terem nomes sugestivos referentes ao produto, como “Legítimo


Rocambole”, “o Melhor Rocambole”, entre outros. A Figura 52 vem para atiçar nossa vontade
de saboreá-lo.

31Rocambole, torta ou rolo suíço é um bolo em forma cilíndrica. Feito com massa comum de bolo, a cobertura é
passada sobre o bolo, para que este seja então enrolado sobre si mesmo. Diferente de um bolo de camadas, o
rocambole é feito de uma única peça de bolo. Os recheios podem ser diversos, desde carnes a doces.
136

Figura 52: Rocambole em Lagoa Dourada. (Fonte: Divulgação internet, 2021).

Na parte sociocultural, a prefeitura sempre divulga o calendário das festividades do ano


referentes à cultura da cidade, conforme ilustrada na Figura 53. Podemos observar a variedade
dos eventos tradicionais que só acontece aqui, que compreende feiras, shows, desfiles,
exposições e concertos. Com grande adesão do público e local e visitantes de outras cidades da
região.

Figura 53: Calendário Cultural em Lagoa Dourada. (Fonte: Prefeitura Municipal, 2022).
137

Em Madre de Deus de Minas, Nazareno e Piedade do Rio Grande, são comuns as


Exposições Agropecuárias, com a realização de rodeios, leilões de gados e shows. Como hábito,
a população sempre fica aguardando a divulgação dos eventos, já que eles sempre contam com
a presença de bandas e cantores renomados nacionalmente, atraindo pessoas das cidades
adjacentes e de outras regiões.

Merece destaque que em Piedade do Rio Grande ainda há dois eventos tradicionais que
remetem às origens da cidade. A Festival da Canção e o Rural Fest Piedade trazem para os ares
piedadenses a verdadeira cultura local, sempre com atividades e concursos na zona rural, com
animais, trilhas e ações. Desta forma, reforça-se, ainda mais, a relação cidade-campo que
analisamos aqui.

Na cidade de Prados, que circunda a formação rochosa da Serra de São José, os eventos
culturais são os mais diversos. No calendário disponibilizado pela Prefeitura Municipal,
percebemos que tais festividades abrangem todos os públicos, desde os infantis até a terceira
idade. Além disso, há disputas na modalidade aventureira, aproveitando os aspectos naturais da
cidade. Merecem destaque, também, eventos que acontecem na zona rural. A Figura 54 revela
os principais eventos.

Figura 54: Calendário Cultural em Prados. (Fonte: Prefeitura Municipal, 2022).


138

O distrito de Vitoriano Veloso, popularmente conhecido como Bichinho, pertencente à


Prados, recebe anualmente milhares de turistas também por ser um povoado boêmio e cultural.
Com shows, exposições e vivendo um forte processo de gentrificação32 , Bichinho é mais
conhecido por conta de sua principal atração turística: a Casa Torta 33 , sinalizada na Figura 55.

Figura 55: Casa Torta. (Fonte: Arquivo pessoal, 2021).

O processo de gentrificação também pode afetar cidades pequenas, embora de forma


distinta em comparação às grandes metrópoles. A gentrificação em cidades pequenas pode
ocorrer quando áreas anteriormente negligenciadas ou subdesenvolvidas começam a atrair
investimentos e atenção devido a fatores como paisagens naturais encantadoras, herança
cultural ou mesmo preços mais baixos de imóveis.

Isso pode resultar em um aumento nos preços dos imóveis, expulsão de moradores de
baixa renda e uma transformação gradual do caráter original da cidade pequena, podendo levar
à perda de identidade e desequilíbrios socioeconômicos. É importante que as cidades pequenas
estejam atentas aos efeitos da gentrificação e adotem políticas e estratégias que promovam o

32 Processo de segregação socioespacial vivenciado em áreas urbanas, caracterizado pela valorização acentuada de
determinada área, que culmina na saída de moradores antigos em razão do aumento local do custo de vida.
33 A Casa Torta é um espaço de recordações lúdico, interativo que propõe um diá logo sensível e uma quebra de

tabu: Fazer adultos brincarem novamente como nos tempos de infância. Jogos, poesia, cenários para fotografar,
adereços, brinquedos antigos e um roteiro com 25 atividades lúdicas.
139

desenvolvimento inclusivo, preservando a diversidade social e cultural que as tornam lugares


especiais.

Em Resende Costa, o artesanato têxtil é o charme cultural centenário. Seja em lojas,


barraquinhas ou feiras, há sempre a venda de tapetes, colchas, almofadas e outros produtos que
são derivados dos famosos teares34 . Turistas de outras cidades e até de outros estados vão a
Resende Costa apenas para comprarem tais produtos, mostrando a força cultural existente. Na
Figura 56, é possível observarmos produtos expostos para a venda e o manusear de um tear.

Figura 56: Artesanato em Resende Costa. (Fonte: Arquivo pessoal, divulgação internet, 2021).

Duas cidades que são parecidas culturalmente são Ritápolis e São Vicente de Minas, já
que ambas possuem festivais relacionados à música e à identidade local, como carnaval e
exposições agropecuárias.

34 Aparelho manual ou mecânico para a tecelagem dos fios, formando um tecido.


140

Vale destacar que a biografia do inconfidente Tiradentes relata que ele nasceu em
territórios ritapolitanos, na famosa Fazenda do Pombal35 (Figura 57). O local, hoje, atrai turistas
pelo seu contexto histórico, pois as ruínas da antiga fazenda ainda permanecem por lá, além de
universitários e pesquisadores por sua vasta área botânica e hídrica do Rio das Mortes.

Figura 57: Ruínas da Fazenda do Pombal. (Fonte: Arquivo pessoal, 2022).

No espaço, é comum grupos de pessoas fazerem piquenique, frequentarem as trilhas (de


bicicleta ou a pé) da fazenda, tendo a possibilidade de acampar no gramado ou reservarem
quartos. Atualmente, o local faz parte da Floresta Nacional de Ritápolis (FLONA), sendo uma
área federal com monitoramento do Exército Brasileiro.

Já na menor cidade do Brasil (territorialmente), Santa Cruz de Minas, a cultura é


bastante restrita aos festivais e ao artesanato de madeira, fato já anunciado no pórtico de entrada

35 Hoje pertencente ao território de São João del-Rei.


141

do centro urbano. A cidade que possui relevância por ser um polo moveleiro, consegue atrair
turistas de várias regiões do país para comprarem seus móveis, muitos também exportados para
outros países. A Figura 58 demonstra os produtos e também o pórtico de entrada.

Figura 58: Santa Cruz de Minas e seus produtos. (Fonte: Arquivo pessoal, divulgação internet, 2022).

Ainda em Santa Cruz de Minas, há festivais de raízes gastronômicas e musicais no


sentido de valorizar a identidade local. Destacamos dois: Fest Vita e o Festival da Viola,
Torresmo e Angu. De acordo com o site pertencente à Secretaria de Cultura do Estado de Minas
Gerais, os eventos têm as seguintes finalidades:

Buscar a valorização identitária do município, essa é uma iniciativa que visa agregar
aspectos próprios da “mineiridade” com propósito de celebrar nossas raízes e valorizar
o sentimento de pertencimento local. Com este evento a pequena Santa Cruz de Minas
apresenta o “torresmo e angu” como seu principal produto gastronômico e une a ele a
moda de viola, relembrando e valorizando assim as “rodas de viola” das antigas
fazendas mineiras, origem bucólica de nosso território. Em Minas, unir gastronomia
e roda de viola é convite certeiro para o sucesso! Todos os dias, há barracas com
142

comidas típicas e exposição sobre a história da cidade e da Viola Caipira (MINAS


GERAIS, 2020, s/p).

Em São Tiago, a principal atração cultural turística são os famosos cafés com biscoitos.
A renomada “Festa do Café com Biscoito” acontece uma vez ao ano, no segundo final de
semana de setembro, quando a acolhedora Praça da Matriz fica repleta de barracas de biscoitos,
artesanatos e produtos da agroindústria local. São servidos gratuitamente aproximadamente seis
toneladas de biscoitos (mais de 150 tipos) e três mil litros de café, ilustrada na Figura 59.

Figura 59: Festa do Café com Biscoito. (Fonte: Arquivo pessoal, 2022).

Milhares de turistas vão a São Tiago exatamente para essa finalidade: gastronômica.
Assim, além de aquecer a economia local, a cidade ganha evidência nacionalmente, já que os
produtos são vendidos além do território mineiro e têm grande adesão das pessoas.

Recentemente, houve o lançamento do circuito turístico de São Tiago. O projeto tem


por objetivo criar uma rota turística, valorizando os caminhos percorridos no passado pelos
143

tropeiros e pelos inconfidentes, fomentando o turismo e dando visibilidade aos municípios


pequenos no cenário turístico regional e nacional.

Atualmente, fazem parte do roteiro onze cidades, incluindo cidades citadas na presente
dissertação: Casa Grande, Conselheiro Lafaiete, Coronel Xavier Chaves, Entre Rios de Minas,
Lagoa Dourada, Ouro Branco, Ouro Preto, Queluzito, Resende Costa, Ritápolis e São Tiago. O
projeto está sendo gerido pelos três Circuitos Turísticos dos quais fazem parte os municípios
integrantes: Trilha dos Inconfidentes, Vilas e Fazendas e Circuito do Ouro. A Figura 60 revela
o trajeto do roteiro cultural, além do detalhe da placa que fica inserida nos postes de todas as
cidades indicando a rota correta para os turistas.

Figura 60: Circuito Turístico “Caminhos de São Tiago”. (Fonte: Divulgação, 2022).
144

Os aproximadamente 250 quilômetros são sinalizados e podem ser percorridos a pé, a


cavalo, de bicicleta, moto ou automóvel. Inspirado nos Caminhos de Santiago de Compostela,
na Espanha, o trajeto evidencia a cultura e a religiosidade das regiões Central e Campos das
Vertentes, onde vivem cerca de 400 mil pessoas.

Por fim, na cidade com o maior valor turístico cultural dentre as citadas e sendo
reconhecida nacionalmente, Tiradentes respira cultura durante todo o ano. Recheada com
festivais, eventos, festas, exposições, concertos e palestras, a cidade é procurada por turistas
brasileiros e estrangeiros para momentos de lazer, descanso, conhecimento e tranquilidade.
Além disso, conta com a luxuosa Maria-Fumaça36 , ligando até São João del-Rei e passando por
inúmeras paisagens naturais, mostrada na Figura 61.

Figura 61: Maria Fumaça. (Fonte: Divulgação, 2021).

Tiradentes conta com vasto casario de época colonial, ruas de pedras e o simbolismo
intrínseco construído há vários séculos. Os principais eventos estão organizados na Figura 62,
distribuídos ao longo do ano e contando com setores gastronômicos, de cinema, literário, em
memória à Tiradentes e aventureiros, já que conta com a exuberante paisagem da Serra de São
José ao fundo da cidade.

36 A locomotiva (trem) a vapor propulsionada por um motor que se compõe de três partes principais: a caldeira,
produzindo o vapor usando a energia do combustível, a máquina térmica, transformando a energia do vapor em
trabalho mecânico.
145

Figura 62: Eventos em Tiradentes. (Fonte: Divulgação, 2021. Org.: Hugo Rodrigues, 2022).

É digno de destaque que em Tiradentes é notório que o turismo se preocupa mais com
os turistas, deixando de lado os próprios munícipes. Hoje se pode caracterizar Tiradentes, como
uma cidade partida, em que os turistas têm acesso a muitas coisas (e efetivamente a cidade
oferece muito), mas a maioria dos habitantes pouco pode desfrutar. Nesse processo, o cidadão
dissocia-se da cidade, não a reconhece e não se identifica completamente com ela.

A população local contenta-se com serviços de charretes e limpeza e baixos salários.


Esses trabalhadores moram, na maior parcela, em bairros afastados do centro, num processo de
favelização, e vivem em condições desfavoráveis e sem conforto. Toda a infraestrutura da
cidade é voltada para os turistas, turismo de elite, deixando assim, a população fora das
atividades de lazer oferecidas na mesma

Um dos significativos aspectos culturais que se pode destacar é a culinária. Em Minas


Gerais, com forte relação aos hábitos rurais e passando de gerações em gerações, a gastronomia
merece destaque. É possível identificar um povo por aquilo que ele come, em um fogão à lenha,
panela de barro, colher de pau e toalhas de "chitão " (DAMATTA, 1986).

Christo (2006) salienta que a culinária mineira típica tem sua origem na senzala, ou seja,
as receitas que classificam a comida como sendo típica de Minas Gerais, surgiram na
escravidão. Segundo a Associação de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (ABRASEL), a
culinária típica compreende ingredientes, preparo e utensílios peculiares de uma região.
146

Na área de estudo, é comum encontrarmos inúmeros produtos típicos mineiros


camponeses, como o queijo minas, canastra, pequi, mandioca, rapadura, milho, cachaça
mineira, galinha caipira, cortes de porco, ora-pro-nóbis, taioba, castanha-de-baru, batata baroa,
jabuticaba e café) e também pelos seus utensílios (fogão à lenha, tacho de cobre, panela de
pedra, pratos, canecas e bule de alumínio esmaltado, dentre outros) (BOMFIM, GOUVÊA E
VICENTE, 2016).

Dentre eles, podemos citar os seguintes oriundos de carne suína:

Cozida, frita ou armazenada na própria gordura do porco caipira, que sofria apenas o
processo de aquecimento antes do consumo, possibilitando um sabor muito peculiar;
o chouriço, feito do sangue cozido e ervas finas; a costelinha frita e preparada com a
famosa canjiquinha mineira; o mocotó (joelhos cozidos com a pele); o suã cozida e
frita (parte óssea da coluna vertebral do porco junto à carne); a linguiça suína com
temperos caseiros (pimentas, cebolas, salsa, etc.), defumada com a fumaça oriunda do
fogão a lenha, dentre outros pratos (LOPES, et al., 2020, p.4-5).

Na parte de doces, destaca-se o "doce de figo, abobora, marmelada, goiabada, casca de


laranja, mamão, batata doce, pé de moleque, de leite, pessegada, cidra e marolo (fruta típica do
Cerrado sul mineiro) com leite" (LOPES, et al., 2020, p.4-5). São produzidos, na maioria das
vezes, em tachos de cobre em fogão à lenha.

Durante um café, as merendas e/ou quitandas têm seu apreço, feitos em fornos de barros,
por exemplo. Enfatizamos a fabricação de "biscoito de polvilho, broas de fubá de milho com
amendoim, bolachas, roscas e pães, ambos produzidos com material prima própria (ovos
caipiras, banha de porco, manteiga e/ou nata caseira, rapadura e/ou melaço, fermento natural e
polvilho)" (LOPES, et al., 2020, p.4-5).

Deste modo, o turismo relacionado com a cultura ganha ainda mais força em cidades de
porte menor, já que suas singularidades e peculiaridades aguçam a curiosidade e interesses dos
turistas. Assim, conhecer uma cultura que não seja a sua, ajuda tais cidades a serem
reconhecidas e ganhando visibilidade, gerando a deslocação de pessoas para terem ganho de
novas experiências e realidades com outros povos e cultura.

Entretanto, a presente pesquisa reforça a importância que a produção e consumo do


turismo cultural devem ser planejados e construídos com a participação da população local,
tendo em vista que eventuais mudanças locais visando somente os turistas podem alterar a
dinâmica dos próprios habitantes, que são os principais atores do espaço urbano. Logo, as
especificidades locais devem ficar em primeiro lugar no tocante ao setor turístico de cada
cidade.
147

3.3.3 Industriais

Com mudanças no capitalismo e nas forma de produzir, novas relações espaciais vão se
construindo. À vista disso, o processo de globalização do capital gerou divisões territoriais do
trabalho nos países, contribuindo para o aumento e desenvolvimento das empresas
multinacionais, sobretudo nos países subdesenvolvidos, que por ora não tinham visibilidade no
aspecto econômico mundial. Assim, novas formas de produção foram aparecendo, com
destaque para a produção flexível.

Esses novos fatores, impulsionados no Brasil a partir do Século XX, acarretaram


grandes desconcentrações industriais, ou seja, o foco agora seria o interior do país e não as
metrópoles, mesmo possuindo as melhores infraestruturas e densa rede de fixos e fluxos. Tais
características se justificam pelos circuitos espaciais da produção, bem como os círculos de
cooperação (LOVADINI, 2017).

Assim, a ida da indústria para o interior do território se baseia no processo de novas


estruturas do capital, agora nas adjacências das metrópoles, possuidoras de redes de
comunicação e transporte que vão sustentar e manter as indústrias neste novo local: as cidades
médias e/ou pequenas.

Em função dessas mudanças, as cidades pequenas, conseguem atrair as indústrias de


diversos ramos econômicos, ofertando vantagens cooperativas para ali se instalarem. O
fenômeno é explicado pela necessidade da reprodução fixada e heterogênea do capital, fazendo
com que as cidades pequenas fossem requisitadas para sediar as unidades industriais. Saboia
(2001) enumera tais vantagens:

A guerra fiscal entre as várias unidades da Federação, os salários mais baixos nas
regiões menos desenvolvidas, a proximidade de fontes de matérias -primas, o nível da
infraestrutura local e o desenvolvimento do Mercosul têm provocado o deslocamento
da indústria em direção a diferentes regiões. Alguns estados e regiões têm se
destacado, beneficiando-se do processo de descentralização industrial. (SABOIA,
2001, p.85).

Agora, os centros urbanos que antes faziam parte da rede econômica apenas como meros
exportadores de matérias-primas, reservas de mão de obra ou cidades-dormitórios, possuem
nova função, que é sediar as multinacionais, complexificando a divisão internacional do
trabalho. Este fenômeno se baseia na necessidade de acumular vantagens comparativas no
território.

Entretanto, as decisões continuam a ser nos países desenvolvidos e nas metrópoles, nas
matrizes industriais. Apenas as filiais, com algumas exceções, se encontram no interior do
território, formando uma “centralização desconcentrada” (SPOSITO; SANTOS, 2012, p.36).
148

Essa relativa desconcentração industrial das metrópoles para o interior do país e,


consequentemente, dos estados foi provocado por alguns aspectos. Lovadini (2017), em estudos
sobre o território paulista, ao qual também se enquadra no mineiro, enumera os fatores destes
fenômenos, a saber:

Saturação da capacidade da metrópole em atender as necessidades de novas indústrias,


tendo em vista o estrangulamento de infraestruturas e as dificuldades com trânsito,
poluição, altos custos com impostos e mão de obra mais cara e altamente sindicalizada
(LOVADINI, 2017, p. 108).

Sendo assim, essas condições estabeleceram uma “deseconomia de aglomeração”


(LOVADINI, 2017, p.109), ou seja, incentivou a ida das indústrias para o interior, porém a
distância não passava de 200 quilômetros de seu mercado consumidor, sendo interligadas por
sistemas de transporte e comunicação.

Vale destacar que as cidades começam a ter um novo papel neste processo, justificado
pelas avançadas tecnologias, bem como o desenvolvimento de pesquisas e capital. Assim, vão
se adequando aos alicerces organizacionais econômicos, atraindo o interesse das indústrias, sem
ter relação direta com as metrópoles, apenas se localizando próximas às principais rodovias do
país.

As cidades pequenas vão estabelecer fluxos com os mercados estrangeiros devido a


globalização, se fortalecendo e investindo em seus circuitos espaciais de produção e nos
círculos de cooperação, que é bastante comum nestas cidades. Logo, vão atrair e dinamizar o
processo de produção, sempre levando em conta suas heterogeneidades e singularidades.

Segundo Fresca (2010), é importante interpretar as conexões que cada cidade com seu
processo de divisão territorial do trabalho, para avaliarmos sua contribuição e inserção em sua
rede urbana, para não cairmos em classificações simplistas quando formos analisar suas
funções.

Em nossa área de estudo, foi possível observar três cidades com a presença de indústrias,
resguardando, sempre, às devidas proporções quando comparadas às cidades maiores, a fim de
evitar análises equivocadas. Tais cidades são: Madre de Deus de Minas, Nazareno e São Vicente
de Minas.

Os Laticínios Madre Deus contam com 25 anos de existência na região, situada entre os
distritos de Emboabas e São Miguel e pertencentes ao município de Madre de Deus de Minas.
É a terceira geração de empresários laticinistas e lidera, na região, a produção de queijos
tradicionais.
149

O site da empresa salienta os motivos da escolha do local da fabricação dos queijos:

A região do Sul de Minas e Campos das Vertentes, notadamente a região


compreendida entre os rios Campo Lindo, Aiuruoca e Rio Grande, assim como a
região localizada aos pés das serras de Minduri, Carrancas e São José, desde o século
passado, havia sido identificada como terra propícia para a produção de queijos. Os
pioneiros na fabricação de queijos especiais dinamarqueses , que chegaram ao Brasil,
no início do século XX, com uma vasta experiência, encontraram aqui características
especiais, tanto na riqueza da flora natural do leite, como em clima e altitudes próprias
para a produção de queijos nobres (LATICÍNIOS MADRE DEUS, 2022).

A indústria é especializada, na região, nos seguintes tipos de queijos: ricota, minas,


mussarela, prato, provolone, parmesão, minas frescal (lático e fermento). Devido à alta
produção, diversos trabalhadores da região são atraídos para a cidade, a fim de conseguirem um
emprego. Em muitos casos, acabam fixando moradia por lá. A Figura 63 ilustra tais produtos.

Figura 63: Produtos do Laticínio Madre Deus. (Fonte: Divulgação Laticínio Madre Deus, 2022).

Os produtos são vendidos na região. Porém, a maior parte dos estoques vão para o estado
do Rio de Janeiro, sendo comercializado na capital fluminense e em Niterói. Dos ares madre-
deusenses para a Região Sudeste do país.

Em Nazareno, cujo PIB majoritariamente advém do setor industrial, a cultura dos


derivados do leite permanece. Os Laticínios Nazareno já atuam no mercado há 40 anos,
fabricando queijos de qualidade e de origem familiar. Merecem destaque os requeijões (com
amido, cheddar e cremoso) e os queijos mussarela, parmesão, minas fresco e do tipo gouda37 .
A Figura 64 mostra os produtos supracitados.

37Derivado do leite de vaca pasteurizado, este queijo possui uma massa semi-cozida, consistência macia e aroma
doce e frutado.
150

Figura 64: Produtos do Laticínio Nazareno. (Fonte: Divulgação, 2022).

Além dos laticínios, Nazareno também possui uma indústria de mineração. A


multinacional AMG Brasil atua em três segmentos: minerais críticos, materiais especiais e
energia, que inclusive alimenta as atividades administrativas da empresa no município de São
João del-Rei.

Atualmente, é reconhecida por todo o país com seu alto valor de investimento e lucro
anual. Com aporte financeiro de sua subsidiária, a empresa holandesa Advanced Metallurgical
Group, o grupo está investindo R$ 650 milhões nas duas fases do projeto de lítio no complexo
industrial da mina de Volta Grande, na divisa dos municípios de Nazareno e São Tiago, em
nossa área de estudo.

Com isso, a empresa pretende não só trazer a nova estrutura para a exploração de lítio
no estado, mas também expandir as suas operações que já estão em franca atividade no estado,
como forma de proporcionar um forte crescimento no mercado nacional. A Figura 65 revela a
grande ocupação da mineração em terras nazarenenses.
151

Figura 65: Mineração em Nazareno. (Fonte: Divulgação AMG Brasil, 2022).

Em São Vicente de Minas, a cultura do queijo predomina também, como em toda a


Região Intermediária, desde o Século XIX (GONZAGA, 2019). Os Laticínios São Vicente
possuem fábricas em Ritápolis, Perdões e em São Vicente de Minas, a principal. Seu escritório
encontra-se em Belo Horizonte, saindo de lá as demandas e orientações burocráticas.

Com experiência e tradição de três gerações na produção de derivados do leite, em 1994


nasceu a São Vicente, única empresa gerida por descendentes de dinamarqueses que ainda
desenvolvem a arte de produzir queijos especiais e finos no Brasil.

Essa tradição, aliada às condições favoráveis da região, como topografia, clima, altitude,
além da fácil adaptação do gado para a produção de leite, proporcionou a criação de um polo
pioneiro para a produção deste tipo de queijo na região.

As técnicas trazidas da Europa, aliadas à vocação queijeira do povo mineiro, foram


fundamentais para o início da produção de queijos especiais. A empresa, atualmente, produz
duas linhas de queijos, a saber: tradicional e spécialité.

A primeira linha compreende os queijos Brie, Camembert, Cheddar, Emmental, Estepe,


Fondues, Gouda, Gruyère, Maasdam, Montanhês, Azul, Ervas de Provence e Tomate Seco e
Manjericão. Já a segunda possui os queijos Azul, Brie Duplo Creme, Camembert e Bleu de
Bresse. A Figura 66 ilustra todos os tipos produzidos da empresa.
152

Figura 66: Queijos São Vicente. (Fonte: Divulgação Queijos São Vicente, 2022).

Em São Tiago, há os Laticínios Santiago. Fundada em 2001, a indústria leiteira se


destaca pela alta qualidade e sabor de seus produtos, com foco de venda na região. A matéria-
prima de seus produtos advém de 200 produtores, localizados ao longo da mesorregião mineira
do Campo das Vertentes.

Segundo o catálogo de produção da empresa, os produtos feitos são: Queijo Minas


Frescal (corte e light), Ricota, Minas Padrão (inteiro e fracionado), Requeijão cremoso (plástico
e vidro), Queijo Prato (lanche e lanchinho), Mussarela e Iogurte (morango e salada de frutas).
A Figura 67 ilustra alguns produtos.
153

Figura 67: Laticínios Santiago. (Fonte: Divulgação, 2022).

Tendo como base o que foi mostrado sobre tais indústrias, fica exposta a importância
que as cidades pequenas tem nos circuitos espaciais de produção da região estudada. Assim,
podemos considerar que há um rompimento com as atividades tradicionais, ou seja, a simples
relação do mercado consumidor e produtor, já que agora as cidades pequenas conseguem uma
atração para seus produtos sem uma conexão com cidades maiores adjacentes. Logo, fica
destacado uma nova hierarquia urbana para essas cidades, com novas funções de produção.

3.3.4 Agrícolas

As cidades pequenas, que estão inseridas ao sistema do agronegócio, possuem funções


importantes em suas redes urbanas. Com a localização das diversas parcelas do processo de
produção em seu território (plantio, circulação, distribuição e consumo) a relação cidade-campo
tem sua complexidade e dinamismo se desenvolvendo.

Assim, analisando as produções agrícolas das cidades da região estudada, seja em escala
local, regional, nacional e global, podemos compreender o uso do território e o lugar ocupado
pela cidade na rede urbana e na divisão territorial do trabalho. Esse processo denominado como
especialização produtiva (SANTOS, 2013), fazem com que esses centros urbanos possam ser
caracterizados como:

Produtores e/ou exportadores agrícolas; fornecedores de mão de obra; polos de ciência


e tecnologia; cidades agroindustriais e/ou núcleos de gestão, comercialização e
regulação da produção, ressaltando que uma mesma cidade pequena pode acumular
múltiplas funções (GOMES, 2018, p. 24).
154

Intrinsicamente, as paisagens das plantações nos revelam traços do meio técnico-


científico-informacional (SANTOS e SILVEIRA, 2001), regulando o uso e manejo dos espaços
urbanos e agrícolas. Desta forma, faz presente nesta relação cidade-campo a mão de obra,
prestação de serviços (financeiros, administrativos e jurídicos) que vão atender a demanda da
produção. Assim, essas cidades inferiores na hierarquia urbana conseguem assumir novos
encargos que vão estar relacionados aos circuitos espaciais agrícolas.

Desta forma, nessas cidades, os setores econômicos permeiam pela produção agrícola,
de maneira geral, representando a conexão da atividade do capital no campo com a cidade
(GOMES, 2018). Então, podemos caracterizar um exemplo da dinâmica econômica urbana
desta maneira, seguindo os três setores:

O setor terciário é responsável pelos insumos agropecuários, comércio de fertilizantes,


aquisição de mudas, prestação de serviços especializados, escritórios e consultorias,
assistência técnica, lojas de equipamentos e aluguel de máquinas agrícolas e pelo
fluxo de capitais controlado pelos bancos e pelas empresas funcionais ao agronegócio .
O setor primário apresenta produção de frutas, silvicultura, criação de gado bovino,
criação de aves, produção de ovos e leite e cafeicultura, principal atividade agrícola e
exportadora, enquanto a produção de laticínios e derivados, aguardente e a torrefação
de café são as atividades secundárias do município (GOMES, 2018, p.30).

Com isso, o território ganha novas dinâmicas e fluxos, sendo relevante para
entendermos sua organização, uso e regulação (CASTILLO e FREDERICO, 2010; GOMES,
2018).

Frederico (2012, p.6) vai denominar esses espaços como regiões competitivas, ou seja,
“compartimentos no espaço geográfico caracterizado pela reunião de fatores produtivos de
ordem técnica e normativa e pela inserção proeminente nos mercados internacionais, ganhando
notoriedade em todo o mercado, principalmente estrangeiro”.

Desta maneira, essas regiões denominadas como competitivas vão consolidar suas
especializações nas cidades consideradas pequenas e/ou médias. A sua inserção na rede urbana
local é o que irá caracterizar sua identidade funcional perante todas as demais, já que “elas
deixam de ser cidades no campo para se tornarem cidades do campo” (XAVIER, 2018, p.140).

No conjunto dos cenários geográficos que são passíveis de análises, as cidades


dedicadas ao agronegócio conseguem se apresentar como exemplos do recente uso hierárquico
e seletivo do território do Brasil. Assim sendo, vai abranger a modernização do campo, bem
como a urbanização recente da sociedade, que são originadas das atividades do capitalismo
interiorano do país, aos quais são locais de um novo Brasil não metropolitano que merece ser
observado.
155

Como resultado da consolidação dessas especializações, acaba surgindo um novo perfil


da agricultura brasileira. Gonzaga (2019) destaca tal processo:

Os lugares passam a se especializar e investir em monoculturas, como a da soja e do


trigo, que são uma das commodities com grande rentabilidade no Brasil, e abandonam
a diversificação de culturas, que, antes, eram comercializadas apenas para o mercado
interno, como, por exemplo, da mandioca e batata. Isso ocorre porque com as
tecnologias, a ciência e a informação não são mais necessárias contar apenas com o
clima, com a topografia e a disponibilidade hídrica, já que o campo conta com projetos
de irrigação, correção dos solos e colheitadeiras. Além disso, é possível comercializar
a produção com mais facilidade, graças às melhorias nos sistemas de transportes
(GONZAGA, 2019, p.13-14).

Em nossa área de estudo, percebemos que o perfil agrícola tradicional está perdendo
espaço para as culturas consideradas como modernas, voltadas ao agronegócio (GONZAGA,
2019).

Para justificar nossas análises das cidades e produções agrícolas escolhidas,


apresentamos, na Tabela 14, todos os tipos de plantações da região, seja temporária ou
permanente, de acordo com o IBGE (2021).
156

TABELA 14 – PRODUÇÕES AGRÍCOLAS EM TONELADAS DAS CIDADES ANALISADAS (2021)


Madre Santa São
Coronel Piedade
Conceição da Lagoa de Deus Resende Cruz São Vicente
Xavier Nazareno do Rio Prados Ritápolis Tiradentes
Barra de Minas Dourada de Costa de Tiago de
Chaves Grande
Minas Minas Minas
Abacate * * 60 * * 56 * * * * * 88 *
Alho * * 110 * * * * * * * * * *
Arroz * * * * * * 90 * * * 4 1 *
Banana * 15 60 * * * * * * * 100 90 *
Batata-doce 9 2.400 800 * * 300 280 * * * 180 *
Batata-inglesa * * * * * * * 30 * * * 165 *
Café 424 * 132 * 3.150 * 1 * 339 * 570 * *
Cana de açúcar * 4.680 * * * 1.750 8.120 1.210 1.500 * 3.500 2.250 250
Caqui * * * * * 192 * * * * * * *
Cebola * * 50 * * * * * * * * * *
Feijão 648 80 4.820 5.544 1.080 1.476 2.429 110 185 * 192 930 360
Figo * * * 14 * * * * * * * * *
Goiaba * * * * * 348 140 * * * * 36 *
Laranja * * * 7.175 * 715 * * * * * 5.000 *
Limão * * 35 * * * * * * * * 120 *
Maçã * * * * * 1.000 * * * * 840 * *
Mamão * * 25 * * * * * * * * * *
Mandioca * 1.980 10 * * * 540 36 13 * 2.190 225 100
Manga * * * * * * * * * * 25 130 *
Maracujá * * 90 60 60 * * * * * * 880 18
Milho 6.735 600 49.000 69.450 13.040 17.790 14.750 2.784 1.960 * 10.400 13.000 3.000
Pera * * * * * 6 * * * * * * *
Pêssego * * * * * 390 27 * * * 22 * *
Soja 660 1.262 7.800 39.000 4.680 4.465 900 1.239 150 * * 7.560 *
Tangerina * 7.800 40 * * 264 69 8 * * 72 720 1.375
Tomate * 1.000 14.000 * * 90 * 420 * * * 275 400
Trigo * * 3.720 17.400 * 360 * * * * * 2.700 *
Uva * * * * 7 40 * * * * * * *
(Fonte: IBGE, 2021. Org.: o autor, 2022)
157

A tabela revela que as maiores produções são as seguintes commodities, em ordem


decrescente: milho, soja, trigo, cana de açúcar e feijão. Já as cidades que mais produzem38 são,
também em ordem decrescente: Madre de Deus de Minas e Lagoa Dourada, possuindo, assim,
função agrícola na rede urbana e apresentando traços do agronegócio brasileiro.

Como as características das duas cidades são semelhantes, apresentaremos em conjunto


os detalhes dos plantios, colheita, armazenamento e exportação, contribuindo para a agilidade
da leitura e entendimento do processo.

Gonzaga (2019) analisa as atuais produções agrícolas na região de São João del-Rei,
aqui já mencionadas nos parágrafos anteriores. A autora valoriza o fato que o local sempre teve
plantio e colheita de inúmeros produtos, porém o atual processo de desenvolvimento teve início
a partir de 1990, quando ocorreu a migração de agricultores vindos de São Paulo e do sul
mineiro.

O milho sempre foi de suma importância para a região, sendo voltado para
agroindústrias, como a Produtos Loredo39 , Zanfa’s40 e Espadeiro41 (GONZAGA, 2019).
Entretanto, vale ressaltar o grande número de agricultores tradicionais/familiares nessa
produção, objetivando o mercado interno também, direcionado à fabricação de fubá artesanal,
seja para consumo humano ou animal.

Mesmo com a produção do milho em destaque, a soja e o trigo se relevam nessas cidades
por conta de seu rápido crescimento na economia local, ganhando cada vez mais espaço e
atraindo o interesse de produtores.

O trigo é voltado para o mercado interno, ao contrário da soja, que é exportada. Porém,
ambos os produtos fazem parte de um modelo capitalista, cuja a produção é concentrada nas
mãos de poucos. Madre de Deus de Minas é considerado como o cinturão da agricultura da
região, já que possui alta produção dos grãos citados, favorecidos pela topografia plana e solos
pertinentes para a agricultura contemporânea.

Podemos aferir, portanto, que a agricultura aqui na região, de modo geral, está ligada às
características do agronegócio do atual período, pois possui máquinas de plantio e de colheita,

38 Somando todas as produções e não somente as maiores.


39 A empresa trabalha com a moagem e a fabricação de produtos de origem vegetal para consumo animal, como
Fubá Grosso, Fubá de Sorgo, Fubá de Trigo, Milho Quebrado, Canjiquinha, Canjicão e Concentrado de Polpa
Cítrica. Além disso, conta também com a fabricação e beneficiamento de produtos para consumo humano, como
Fubá de Moinho D’água e Feijão.
40 Empresa especializada na compra, seleção, empacotamento e distribuição de produtos alimentícios para

atacadistas, supermercadistas e mercearias em geral.


41 Fabricação de farinha de milho e derivados.
158

sementes transgênicas, silos de armazenagem e pivôs centrais para irrigação. A Figura 68 exibe
alguns silos em Madre de Deus de Minas, da empresa Kepler Weber, além de algumas
plantações.

Figura 68: Silos de armazenamento de grãos e plantações. (Fonte: Arquivo pessoal, 2021).

Atualmente, os círculos de cooperação são essenciais para o crescimento das produções


já citadas. Para esse fim, entram em destaque alguns agentes, como os bancos, associações de
produtores e cooperativas locais, que vão subsidiar o plantio até a circulação das vendas.

Castillo e Frederico (2010) reforçam a importância dessa rede de colaboradores, que vai
permitir o vínculo das várias fases produtivas que acontecem separadamente no território,
articulando os fixos e fluxos. Além disso, os círculos de cooperação vão garantir a organização
necessária para que a produção se consolide na região.
159

Localizada em Madre de Deus de Minas, mas influenciando outras cidades adjacentes,


a PROMADRE (Produtores Associados de Madre de Deus LTDA), é a principal cooperativa
que possibilita a inserção dos produtores rurais ao agronegócio.

Suas articulações permitem que a produção local alcance a comercialização nacional e


internacional, por meio das seguintes empresas que mantém relação com a cooperativa, seja no
mercado de grãos ou não: “ADM (Archer Daniels Midland Company), nos Estados Unidos; a
Cutrale, que atua no Porto do Guarujá/SP; a Bunge; e a empresa Vilma, que é especializada em
farinha de trigo e possui centros de distribuição em todo Brasil” (GONZAGA, 2019, p. 38).

Há também outras empresas privadas que prestam serviços para os produtores das
cidades agrícolas citadas, bem como aluguel de silos, máquinas, comercialização de produtos e
sementes, que são a Melo Agronegócios, Richard Fachini Agronegócios e a multinacional
Monsanto.

Assim, essas empresas conseguem conectar tais produtores rurais com a globalização
vigente, já que são multinacionais na maioria das vezes e acabam dando visibilidade para a
região no contexto internacional. Desta forma, cria-se possibilidades para sistemas e objetos
locais alcançarem o mundo, gerando novas dinâmicas e influências.

É digno de destaque também a forte presença do gado leiteiro na região, sendo a base
dos produtos lácteos referidos no tópico anterior, desempenhando um papel essencial na
economia agrícola local. Essas atividades leiteiras não apenas fornecem alimentos de qualidade
para a população, mas também geram oportunidades econômicas significativas.

Os produtores de leite nessas cidades desempenham um papel vital, contribuindo para


a economia local por meio da venda de seus produtos para indústrias de laticínios e também
diretamente para os consumidores. Além disso, a produção leiteira cria empregos nas áreas de
ordenha, processamento e distribuição, impulsionando ainda mais a economia local. O gado
leiteiro, portanto, desempenha um papel fundamental nessas cidades pequenas, sustentando a
economia agrícola e fornecendo uma base sólida para a produção e comercialização de produtos
lácteos de alta qualidade.

Sobre essas cidades agrícolas de nossa área de estudo, é possível interpretar a forte
relação do campo com o urbano, tendo em vista a necessidade de buscar serviços que regem o
sistema produtivo rural, como:

Lojas de insumos agropecuários, feiras de produtos agrícolas, serviços de transporte,


armazéns, vendas e/ou aluguéis de máquinas agrícolas, bancos, institutos de pesquisa,
filiais e/ou sedes de empresas, agroindústrias e cooperativas, incorporando ao
160

município uma logística territorial planejada pelos agentes hegemônicos que regula m
a produção no campo (GOMES, 2018, p. 25).

Com isso, vai ampliando e reconfigurando os centros urbanos, que agora adaptam-se de
acordo com as demandas do campo em cada etapa produtiva. Portanto, as cidades do
agronegócio são consideradas como “nós” da rede urbana agroindustrial, ou seja, lugares onde
acontecem a regulação e desenvolvimento da agricultura científica globalizada, integrando os
seguintes fenômenos: circuitos espaciais produtivos e os círculos de cooperação.
Figura 69: O horizonte. (Fonte: Hélcio Laranjo, 2020).

CONSIDERAÇÕES (NÃO) FINAIS

"Na vida não existem fracassos, mas resultados, e é sempre possível


recomeçar a partir dos resultados." (BETTO, 2019, p. 42)
162

CONSIDERAÇÕES (NÃO) FINAIS


Buscou-se, no desenvolvimento desta dissertação, contribuir para a ciência geográfica
sobre a temática das cidades pequenas. Muitas vezes negligenciado na academia, devido à
complexidade e outras prioridades de pesquisa, o assunto mostra que requer aprofundamentos
em torno de sua conceituação, definição e estudos empíricos.

Deste modo, o referencial teórico aqui presente acentua tal fenômeno, ressaltando que
os avanços teórico-conceituais-metodológicos podem ser referência para outros estudiosos
sobre o tema, já que há uma necessidade e escassez de estudos sobre a região abordada, também.

Diante dos resultados e análises obtidos sobre a importância da compreensão das


cidades pesquisadas sobre suas dinâmicas e formação espacial, foi possível visualizar as
relações que marcam a Região Imediata de São João del-Rei, que simboliza a inserção das
cidades pequenas na rede urbana local.

Assim sendo, o modo de vida de seus habitantes é/foi alterado pela globalização,
influenciando na cultura, turismo, agricultura, religiosidade e indústria. Podendo, assim,
impactar o modo de vida dessa população, já que agora há características globais ali mesmo na
cidade pequena.

Mesmo com sinais globais em seu meio, ainda é notório a relação de tais cidades com
o polo da região, que é São João del-Rei. Desta maneira, os fluxos da rede urbana mostram essa
conexão forte. Porém, entre as próprias cidades pequenas há bastante laços, com os turistas
locais frequentando cidades vizinhas pelos mais diversos motivos, mas sobretudo pelas funções
que elas apresentam.

Sobre a nomenclatura e posição na hierarquia urbana, reforça-se que podemos


caracterizá-las de três formas: cidade de pequeno porte, cidade pequena e centro local. É
importante ressaltar que os conceitos são diferentes, já que são escalas distintas. São cidades de
pequeno porte por suas demografias pequenas, já que esse conceito tem como variável o número
de habitantes, ou seja, refere-se ao aspecto quantitativo.

Na vertente qualitativa, podemos usar cidade pequena ou centro local, mas atentando-
se às situações e escalas. As características das duas definições permeiam-se sobre a função na
rede urbana, influenciando e apresentando fluxos com outras cidades, em níveis menores em
comparação com as cidades médias.
163

Desta forma, são cidades pequenas ao se analisar o modo clássico, como grande, média
e pequena, já que estão na base da pirâmide, pois são cidades simples, sem infraestrutura
complexa e dependente de cidades maiores em diversos fatores.

Seguindo a REGIC, uma proposta de análise da hierarquia urbana atual, são


configuradas como centros locais pois desempenham ação reduzida aos seus próprios
habitantes, tendo potencial de atração com alguma população adjacente de cidades vizinhas
para fins singulares, mas não sendo destino dominante de nenhuma outra cidade.

Foi constatado que a divisão territorial do trabalho presente nas cidades pesquisadas é
regulada de acordo com suas singularidades, potencialidades e possibilidades de se inserir na
rede urbana local. Com o período Técnico-Científico-Informacional, elas passam a incorporar
o processo tecnológico vigente, com novos modos de vida e novos fluxos de produtos e capital,
dando visibilidade para a região, já que houve o desenvolvimento das relações locais, regionais,
nacionais e globais.

Assim, entendemos que a hipótese de trabalho foi confirmada, pois ao mostrar que essas
cidades pequenas tiveram a mesma origem de fundação, por motivos minerários, cada uma se
especializou e espacializou de um jeito próprio. Consequentemente, ao contribuir para a rede
urbana local com diversas funções, tais cidades conseguem se reestabelecer e se reinventar para
atraírem turistas, empresas e investimentos para se desenvolverem nas mais diversas vertentes
e afastarem o senso comum de serem atrasadas, antiquadas, antigas, mal vistas e julgadas.

Logo, é evidente que a simplicidade e falta de um ritmo urbano acelerado, como em


cidades maiores, esconde as relações complexas e existentes nesses locais, adquirindo
importância apenas para as pessoas que fazem parte deste processo no interior. Assim, exaltar
e reforçar as cidades pequenas é mostrar o Brasil no seu mais íntimo e profícuo fenômeno da
identidade cultural, com suas raízes, origens, memórias e ancestralidade, cabendo ao
pesquisador materializar essas histórias para não ficarem no esquecimento de nossa sociedade
contemporânea.
Figura 70: Atrás da Matriz. (Fonte: Hélcio Laranjo, 2022).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

"O poder não muda ninguém. Faz com que a pessoa se revele." (BETTO,
2019, p. 65)
165

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBA, L. G. G.; Las ciudades pequeñas y medianas dentro del sistema urbano nacional: el
caso de México. Revista Interamericana de Planificación, v. 15, n. 71. p. 84-95, set. 1984.

ALVIM, A. M. M.; Análise da rede urbana de Minas Gerais a partir dos fluxos migratórios
nos períodos 1986-1991 e 1995-2000. Tese de Doutorado em Tratamento da Informação
Espacial; Pontícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais; Belo Horizonte, 189p. 2009.

AMORIM FILHO, O. B.; BUENO, M. E. T.; ABREU, J. F.; Cidades de porte médio e programa
de ações sócio-educativo-culturais para as populações carentes do meio urbano de Minas
Gerais. Boletim de Geografia Teorética, Rio Claro, v. 12, n. 23/24, p. 33-46, 1982.

AMORIN FILHO, O. B.; SERRA, R. V.: Evolução e perspectivas do papel das cidades médias
no planejamento urbano e regional. In: ANDRADE, T. A.; SERRA, R. V. (Org.). Cidades
médias brasileiras. Rio de Janeiro: IPEA, 2001. p. 1-34.

ANDRADE, A. C.; ALVES, F. D.; A Geografia das pequenas cidades no Sul de Minas Gerais:
uma proposta classificatória. In A geografia das pequenas cidades: estudos teóricos e
práticos. Orgs.: MANFIO, V.; BENADUCE, G. M. C.; Rio de Janeiro. Editora Libroe, 286p.
2021.

ANDRADE, M. A. A.; Transformações em curso no perfil econômico e sócio espacial de


cidades de pequeno porte: o exemplo de Bom Jesus de Itabapoana no Noroeste Fluminense.
2001. 114f. (Dissertação de Mestrado). Instituto de Geociências, Programa de Pós-graduação
em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, 2001.

ANDRADE, M. C.; Geografia econômica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1981. 288 p.

AZEVEDO, A.; Brasil a terra e o homem: a vida humana. v. 2. São Paulo: Cia. Editora
Nacional, 1970. 490 p.

BELL, D.; JAYNE. M.; Small cities? Towards a research agenda. International Journal of
Urban and Regional Studies, vol.33, p.683-99. 2009.

BETTO, F.; Minha avó e seus mistérios: memórias inspirativas. 1ª edição. Rio de Janeiro/RJ.
Editora Rocco, 2019.

BOMFIM, F. M. A.; GOUVÊA, L. V.; VICENTE, V. C.; A culinária mineira: signo da


identidade cultural de Minas Gerais; Revista Razón y Palabra, vol. 20, núm. 94, 2016, pp.
487-512, Universidad de los Hemisferios. Quito, Equador.
166

BOVO, M. C.; SANTANA, V. B. P.; OLIVEIRA, M. A.; Produção do espaço urbano em


pequenas cidades: reflexões acerca dos loteamentos urbanos em Peabiru (PR), Brasil; Revista
Caminhos de Geografia; Uberlândia/MG; v. 18, n. 59, Set/2016, p. 65–83.

BRANDÃO, P. R. B.; Cidades médias e pequenas: reflexões sobre dinâmicas espaciais


contemporâneas. Curitiba: Editora Appris, 2019. 300p.

BRENNER, N.; Espaços da urbanização: o urbano a partir da Teoria Crítica. Rio de Janeiro:
Letra Capital/Observatório das Cidades, 2018, p. 261-309.

CARLOS, A. F. A.; A cidade. 9ª ed. 1ª reimpressão. São Paulo-SP. Editora Contexto. 2009.

CASTELLS. M.; A questão urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

CASTILLO, R.; FREDERICO, S.; Dinâmica Regional e Globalização: espaços competitivos


agrícolas no território brasileiro. Mercator, Fortaleza, v. 9, n. 18 jan./abr., 17-26, 2010.

CAVACO, C.; Turismo rural e desenvolvimento local. In: RODRIGUES, B. A. A.; Turismo e
Geografia. São Paulo: Hucitec, 2001. p.94-121.

CAVALCANTI, L. S.; Uma geografia da cidade – elementos da produção do espaço urbano.


In: CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia da Cidade. Goiânia: Editora Alternativa, 2001.
p. 11-32.

CERTEAU, M.; A invenção do cotidiano: as artes de fazer. 3. ed. Tradução Ephraim Ferreira
Alves Petrópolis: Vozes, 2001.

CHRISTO, M. S. L.; Fogão de lenha: quitandas e quitutes de Minas Gerais. Rio de Janeiro:
Garamond, 2006.

COELHO NETO, A. S.; Política de desenvolvimento territorial rural no Brasil: limites da


concepção de ruralidade e de territórios rurais. Campo-Território: Revista de Geografia
Agrária, Uberlândia, v. 8, n. 16, p. 152-169, ago. 2013.

CORRÊA, R. L.; A rede urbana. 1. ed. São Paulo: Ática, 1989.

CORRÊA, R. L.; LOYKASEK, V. S.; Uma Definição Estatística de Hierarquia Urbana.


Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro, v. 34, n. 3, p. 154-171, julho-setembro 1972.

CORRÊA, R. L.; O espaço urbano. 1. ed. São Paulo: Ática, 1989.

CORRÊA, R. L.; Os Estudos de Redes Urbanas no Brasil. Revista Brasileira de Geografia.


Rio de Janeiro, v. 29, n. 4, p. 93-116, 1967.
167

CORRÊA, R. L.; Redes Geográficas - Reflexões sobre um Tema Persistente. Revista Cidades
- Universidade Estadual Paulista, v. 9, n. 16, p. 199-218, 2012.

CORRÊA, R. L.; Região e Organização Espacial. 2. ed. São Paulo: Ática, 1987.

CORRÊA, R. L.; Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

COSTA, J. G.; O Processo de Ocupação do Vale do Mucuri e os Condicionantes Históricos do


Desenvolvimento Econômico da Região; Revista Multiface; Belo Horizonte/MG; v. 6; n. 1;
2018.

DAMATTA, R.; O que faz o brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Rocco, 1986.

DEFFONTAINES, P.; Geographie et Religions. Paris: Gallimard, 1948.

DELGADO, L. A. N.; História oral: memória, tempo e identidade. Belo Horizonte: Autêntica,
2006.

DIAS, L. C.; Redes: emergência e organização. In: CASTRO, Iná Elias; GOMES, Paulo César
da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato (org.). Geografia: Conceitos e temas. 3 ed., Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. p. 141-162.

DINIZ, C. C.; Estado e Capital Estrangeiro na Industrialização Mineira; Dissertação de


Mestrado em Ciências Econômicas; Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); 1978;
233p.;

ENDLICH, A. M.; Pensando os papéis e significados das pequenas cidades; São Paulo, Ed.
UNESP, 2009.

FAISSOL, S.; A estrutura urbana brasileira: uma visão ampliada no contexto do processo
brasileiro de desenvolvimento econômico. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, n.
3, p. 19-123, jul./set. 1972.

FERREIRA, N. S. A.; As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade.


Ano XXIII, nº. 79, agosto, 2002.

FERREIRA, S. G.; Os impactos do turismo nas pequenas cidades: um estudo em Itapecerica


- Minas Gerais; Dissertação de Mestrado; Universidade Federal de Lavras (UFLA);
Lavras/MG, 92p. 2005.

FIGUEIREDO, V. D. M.; Pequenos municípios e pequenas cidades do estado do Rio


Grande do Sul: contrastes, perfil do desenvolvimento e de qualidade de vida, 1980–2000; Tese
de Doutorado em Geografia; Universidade Estadual Paulista, 265p. 2008;
168

FREDERICO, S.; Imperativo das exportações e especialização agrícola do território brasileiro:


das regiões competitivas à necessidade de regiões cooperativas. Revista Geografia (Rio Claro.
Impresso), v. 37, p. 5-18, 2012.

FRESCA, T. M.; Centros locais e pequenas cidades: diferenças necessárias. Mercator


(Fortaleza. Online), v. 9, p. 75-81, 2010.

FRESCA, T. M.; Em Defesa dos Estudos das Cidades Pequenas no Ensino de Geografia.
Geografia, Londrina, v. 10, n. 1, p. 27-34, jan./jun. 2001.

FRESCA, T. M.; VEIGA, L. A.; Pequenas cidades e especializações funcionais: o caso de Santa
Fé-PR; Revista Sociedade & Natureza, Uberlândia/MG, ano 23, n° 3, págs. 387-396, set/dez,
2011.

FURTADO, C.; Formação econômica do Brasil. 32ª ed. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 2005.

GEIGER, P. P.; Evolução da Rede Urbana do Brasil. Rio de Janeiro: Centro Brasileiro de
Pesquisas Educacionais, MEC, 1963. 457 p.

GEORGE, P.; Geografia Urbana. São Paulo: Difel, 1983. 236p.

GOHN, M. G.; O futuro das cidades. Nas redes da educação, revista eletrônica. Disponível
em: < http://www.lite.fe.unicamp.br/revista/art03.htm >. Acesso em 27 ago. 2021.

GOMES, L. C.; As cidades pequenas do agronegócio e seu papel na rede urbana regional: o
caso de Santo Antônio do Amparo-MG; Revista Geofronter, Campo Grande, n. 4, v. 2, p. 23-
46, 2018.

GONZAGA, J. C. S.; Transformações no perfil agrícola na microrregião de São João del-


Rei: as dinâmicas da produção de soja e trigo; Dissertação de Mestrado em Geografia;
Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), 82p. 2019.

HEGEL, G. W. F.; Fenomenologia do espírito. Petrópolis, Vozes; 1992.

HENRIQUE, W.; Diferenças e repetições na produção do espaço urbano de cidades pequenas


e médias. In: LOPES, D. M. F.; HENRIQUE, W. (orgs). Cidades médias e pequenas: teorias,
conceitos e estudos de caso. Salvador: SEI, 2010. Parte I, 1º cap. p.45-58.

IBGE; Classificação e caracterização dos espaços rurais e urbanos do Brasil: uma primeira
aproximação; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Coordenação de Geografia, Rio de
Janeiro; 2017, 84.
169

JORDAN, M. I.; SIMIONI, D.; Ciudades intermedias en América Latina y el Caribe:


propuesta para la gestión urbana. Santiago do Chile: CEPAL, 1998. 460 p.

JOSSO, M. C.; Experiências de vida e formação. Tradução de José Cláudio e Júlia Ferreira.
2. ed. Natal, EDUFRN; São Paulo: PAULUS, 2010.

JUANICO, M. B. O.; O desenvolvimento de pequenas cidades no Terceiro Mundo. Boletim


Geográfico, Rio de Janeiro, v. 35, n. 252, p. 24-35, jan./mar. 1997.

JUNIOR, O. M.; Produção do espaço urbano em cidades pequenas: alguns apontamentos a


partir de um estudo de caso; Anais do XIV Encontro Nacional da ANPUR. Rio de Janeiro,
2011.

LATICÍNIOS MADRE DEUS. O laticínio. Disponível em:


<https://www.laticiniosmadredeus.com.br/laticinios>. Acesso em: 06 dez. 2022.

LEFEBVRE, H.; Espaço e política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

LEITE, E. X.; et al. Materialismo histórico dialético: Contribuições para a realização da


pesquisa científica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04,
Ed. 11, Vol. 05, pp. 47-54. Novembro de 2019.

LOPES, P. R.; et al.; Memória e sabores da culinária mineira camponesa - sul de Minas Gerais;
Anais do XI Congresso Brasileiro de Agroecologia, São Cristóvão, Sergipe - v. 15, n° 2,
2020.

LOVADINI, M.; Indústrias em pequenas cidades: os circuitos espaciais da produção e os


círculos de cooperação: o caso da aglomeração urbana de Piracicaba-SP; Revista Estudos
Geográficos – XIII Seminário da Pós-Graduação em Geografia, Rio Claro, 15(0):101-120,
jan./jun. 2017.

MARICATO, E.; As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias. In: ARANTES, O.; VAINER,
C.; MARICATO, E. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis:
Vozes, 2000, p. 121-192.

MARQUES, M. I. M.; O conceito de espaço rural em questão. Terra Livre, São Paulo, ano 18,
n. 19, p. 95-112, jul./dez. 2002.

MARUJO, N.; A cultura, o turismo e o turista: que relação? Revista de Investigación en


turismo y desarrollo local; Vol. 7, nº 16, 2014.
170

MENDES, M.; MIRANDA; R. B.; COSIO, F. B.; Transferências intergovernamentais no


Brasil: diagnósticos e proposta de reforma. In: Textos para discussão. Consultoria
Legislativa do Senado Federal, nº 40, 2008. 111 p.;

MINAS GERAIS; II Fest Vita - Festival de Viola, Torresmo e Angu. Disponível em:
<https://www.minasgerais.com.br/pt/eventos/santa-cruz-de-minas/ii-fest-vita-festival-de-
viola-torresmo-e-angu>. Acesso em: 30 dez. 2022.

MONBEIG, P.; O estudo geográfico das cidades. Novos estudos de geografia humana
brasileira. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1957. p. 33-77.

MOREIRA JUNIOR, O.; As cidades pequenas na Geografia brasileira: a construção de uma


agenda de pesquisa. GEOUSP: espaço e tempo, v. 35, p. 19-33, 2013.

MOREIRA JUNIOR, O.; As Cidades Pequenas na Geografia Brasileira: a construção de uma


agenda de uma agenda de pesquisa. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), [S. l.], v. 17, n. 3, p.
19-33, 2013.

NEVES, R. M.; FARIA, T. J. P.; O estado da questão da produção acadêmica recente sobre o
urbano nas cidades pequenas: análise de teses e dissertação (2009-2018); Revista Geografia,
Ensino & Pesquisa (REGEP), Santa Maria-RS, v. 24, ed. 11, 2020.

OLIVEIRA, J. T.; Educação, Expansão das Universidades Federais e o Processo de


Valorização do Espaço Urbano em São João del-Rei (MG); 90p; Dissertação (Mestrado em
Geografia) – Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), 2017.

OLIVEIRA, P. A. R.; Expressões religiosas populares e liturgia. Revista Eclesiástica


Brasileira, Petrópolis, v. 43, n. 172, p. 909-948, 1983.

OLIVEIRA, S. S.; “Travessias” de aluno de escola da roça a professor de universidade:


percursos de vida e trajetórias de formação. 2017. 304f. Tese (Doutorado). Programa de Pós-
Graduação em Educação e Contemporaneidade – PPGEduC. Departamento de Educação.
Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Salvador, 2017.

OLIVEN, R. G.; A antropologia de grupos humanos. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1987. 53p.

PAYAYÁ, J. S. L; et al; Espaço e lugar, urbano e rural: demarcando conceitos necessários à


investigação da cidade pequena. Revista Ciência Geográfica - Bauru - XXV - Vol. XXV -
(1): Janeiro/Dezembro – 2021.
171

PEREIRA, L. A. G.; Redes e fluxos em Geografia: uma abordagem teórica; Revista


Tocantinense de Geografia, Araguaína (TO); Ano 04, nº 01, 2015;

PEREIRA, M. F. V.; Redes, sistemas de transportes e as novas dinâmicas do território no


período atual: notas sobre o caso brasileiro. Revista Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 21,
n. 1, p. 121-129, 2009.

PINEAU, G.; Histórias de vida e alternância. In: SOUZA, Elizeu Clementino de (Org.).
Memória, (auto)biografia e diversidade: questões de método e trabalho docente. Salvador:
EDUFBA, 2011, p. 25-40.

PORTUGAL, J. F.; “Quem é da roça é formiga!”: histórias de vida, itinerâncias formativas e


profissionais de professores de Geografia de escolas rurais. 2013. 352f. Tese (Doutorado).
Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade – PPGEduC. Departamento
de Educação. Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Salvador, 2013.

RÉ, T. M.; BOVO, M. C.; Pequenas cidades: uma análise dos referenciais e dos parâmetros
conceituais utilizados nas teses e dissertações produzidas entre 2000 e 2010. In: Simpósio
Nacional sobre Pequenas Cidades, 2016, Ituiutaba. Cidades Pequenas: dinâmicas, escalas e
redes. Ituiutaba: UFU, 2016. v. 1. p. 1-20.

REGIC; Regiões de Influência das Cidades - 2018. Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE); Rio de Janeiro, 192p. 2020.

ROSENDAHL, Z.; O sagrado e o urbano: gênese e função das cidades. Espaço e Cultura,
UERJ, RJ, p. 67-79, 1993-2008.

RUCKERT, A. A.; As pequenas cidades coloniais do norte do Rio Grande do Sul. Boletim
Gaúcho de Geografia, AGB – Seção Porto Alegre, n. 9, p. 25-30, 1981.

SABOIA, J.; Descentralização industrial no Brasil na década de noventa: um processo dinâmico


e diferenciado regionalmente. Revista Nova Economia, Belo Horizonte/MG; v.11, n.2, 38p.
2001.

SANTOS, M.; A natureza do espaço: Técnica e tempo, razão e emoção. 3ª ed. São Paulo:
HUCITEC, 1999. 308 p.

SANTOS, M.; A urbanização brasileira. 5 ed. 1. reimpr. São Paulo: Edusp, 2008. 176 p.

SANTOS, M.; Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985. 88 p.

SANTOS, M.; Espaço e sociedade: ensaios. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1982.


172

SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L.; O Brasil: Território e Sociedade no início do século XXI.
Rio de Janeiro: Record, 2001, 473 p.

SANTOS, M.; Técnica, Espaço, Tempo: globalização e meio técnico-científico-


informacional. 5º ed. 1º reimpr. São Paulo: Edusp, 2013.

SCARLATO, F. C.; População e urbanização brasileira. In: ROOS, J.L.S. (Org.). Geografia
do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995. p. 381-463.

SEF; Secretaria de Estado de Fazenda. Disponível em:


<http://www.fazenda.mg.gov.br/governo/assuntos_municipais/repasse_receita/informacoes/fp
m.html>. Acesso em: 28 jun. 2022.

SILVA, A. P.; AZEVEDO, S. C.; As cidades pequenas e o ensino de geografia: uma análise a
partir do Guia do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Revista Geomae, Campo
Mourão, v.12, ed. especial SINAPEQ, p.549-564, 2021.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M.; Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação; –


4. ed. rev. atual. – Florianópolis: UFSC, 2005. 138p.

SILVA, J. M.; Cultura e territorialidades urbanas - uma abordagem da pequena cidade; Revista
de História Regional, vol 5, 9-37, 2000.

SILVA, O. A.; Cidade pequena: possibilidades de definição. In Cidades médias e pequenas:


reflexões sobre dinâmicas espaciais contemporâneas. Org.: BRANDÃO, P. R. B.; Curitiba:
Editora Appris, 2019. 300p.

SILVA, W. R.; Novos centros, novas centralidades, novas diferenças. A fragmentação do


espaço urbano de Londrina. Geografia, Rio Claro, v. 29, n. 1, p. 55-70, jan./abr. 2004.

SIMÕES, R. F.; et al; Centralidades e Hierarquia Urbana em Minas Gerais: Uma Visão
Prospectiva; In Anais do XIV Seminário sobre a Economia Mineira; Cedeplar -
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2010.

SINGER, P.; Economia política da urbanização. 10. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985, 156 p.

SNICER, F.; O Espaço Urbano e o Desenvolvimento das Pequenas Cidades : uma reflexão
a partir de um estudo de caso realizado na cidade de Paula Freitas, Paraná; Trabalho de
Conclusão de Curso em Geografia; Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR); União da
Vitória-PR, 2015.
173

SOARES, B. R.; As relações sócio/espaciais entre cidades pequenas e médias do interior do


Brasil: um estudo sobre as áreas de cerrado em Minas Gerais. In: 9 Encuentro de Geógrafos
de América Latina, 2003, Mérida-México. Reflexiones y responsabilidades de la Geografia
en América Latina en el siglo XXI. Cidade do México: UNAM, 2003. p. 1-16.

SOUZA, E. C.; O conhecimento de si: estágio e narrativas de formação de professores. Rio de


Janeiro: DP&A – Salvador, BA: UNEB, 2006.

SPOSITO, E. S.; SANTOS, L. B.; O Capitalismo industrial e as multinacionais brasileiras.


São Paulo: Expressão Popular, 2012.

SPOSITO, E. S.; SILVA, P. F. J.; Cidades Pequenas: Perspectivas Teóricas e Transformações


Socioespaciais; Jundiaí-SP; Paco Editorial: 2013; 146p;

SPOSITO, E.; Redes e cidades. São Paulo: Editora Unesp, 2008.

SPOSITO, M. E. B.; As cidades médias e os contextos econômicos contemporâneos. In:


SPOSITO, M. E. B.; (Org.) Urbanização e cidades: perspectivas geográficas. Presidente
Prudente: GAsPERR, 2001, v. 1, p. 609-643.

TAVARES, T. R.; Religiosidade e devoção em uma pequena cidade do interior de Minas


Gerais; Revista Eclesiástica Brasileira, Petrópolis, volume 75, número 299, p. 545-567,
Jul./Ago. 2015.

TAVARES, T. R.; Rituais funerários no Vale do Jequitinhonha: a vivência popular do


catolicismo e as transformações nas atitudes dos homens frente a morte. Dissertação de
Mestrado; Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), 118p. 2014.

VALLEGA, A.; Geografia degli anni novanta. Milano: le Monnier – Telespazio, 1995.

XAVIER, M.; Cidades de pequeno porte e comando do agronegócio cooperativo no oeste


paranaense; Geosul, Florianópolis, v. 33, n. 68, p.137-163, set./dez. 2018.
Figura 71: Morro do Ferro. (Fonte: Hélcio Laranjo, 2021).

ANEXOS

"As perguntas mais importantes não têm respostas. Se têm, não são
importantes." (BETTO, 2019, p. 56)
175

TABELA 15 - DADOS COMPLETOS DAS DISSERTAÇÕES SOBRE CIDADES PEQUENAS NO BRASIL (2000/2020)

ANO QUANTIDADE TÍTULO AUTOR UNIVERSIDADE ORIENTADOR


2000 0 * * * *

A CIDADE LOCAL NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO: NÁDIA CRISTINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL BEATRIZ RIBEIRO
O EXEMPLO DE MACHADO/MG SILVA DE UBERLÂNDIA SOARES

TRANSFORMAÇÕES EM CURSO NO PERFIL


ECONÔMICO E SÓCIO ESPACIAL DE CIDADES DE MARIA ALICE UNIVERSIDADE FEDERAL MARIA DO CARMO
2001 3 PEQUENO PORTE: O EXEMPLO DE BOM JESUS DE ALKMIM ANDRADE DO RIO DE JANEIRO GALVÃO
ITABAPOANA NO NOROESTE FLUMINENSE
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS PARA
AUXILIAR NO DESENVOLVIMENTO LOCAL, MÁRCIO MARQUES UNIVERSIDADE FEDERAL JANINE GISÈLE LE
ENDÓGENO E SUSTENTÁVEL DE MUNICÍPIOS DE MACHADO DE MINAS GERAIS SANN
PEQUENO PORTE: O CASO DE JABOTICATUBAS
2002 0 * * * *
DO SONHO À REALIDADE: CÓRREGO FUNDO-MG-
GEORGES JOSÉ UNIVERSIDADE FEDERAL BEATRIZ RIBEIRO
2003 1 FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL E CRIAÇÃO DE
PINTO DE UBERLÂNDIA SOARES
MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE
UNIVERSIDADE EST.
MARIANA POMPEU
PLANEJAMENTO AMBIENTAL PARA CIDADES PAULISTA JÚLIO DE
2004 1 ALVARENGA DO FIGUEIREDO
PEQUENAS: O CASO DE PERDÕES, MG MESQUITA FILHO/RIO
NASCIMENTO CARVALHO
CLARO
PLANO DIRETOR: UMA METODOLOGIA DE VIVIANE DOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DENISE LABREA
ELABORAÇÃO PARA MUNICÍPIOS DE PEQUENO GUIMARÃES ALVIM
DE UBERLÂNDIA FERREIRA
PORTE NUNES
2005 4
O CONCEITO DE URBANO E AS CIDADES DE
DIVA MARIA FERLIN UNIVERSIDADE FEDERAL
PEQUENO PORTE NO SEMIÁRIDO BAIANO: NOVO SYLVIO BANDEIRA
LOPES DA BAHIA
TRIUNFO, SANTA BRÍGIDA E SÍTIO DO QUINTO DE MELLO E SILVA
176

UNIVERSIDADE FEDERAL
A PRODUÇÃO DO ESPAÇO DAS PEQUENAS CIDADES MARIA SUELY DA
DO RIO GRANDE DO BEATRIZ MARIA
DO SERIDÓ POTIGUAR SILVA MEDEIROS
NORTE SOARES PONTES
FRANCISCO UNIVERSIDADE FEDERAL
CIDADES PEQUENAS, GRANDES PROBLEMAS: PERFIL ADEMIR ARAÚJO DA
EDNARDO DO RIO GRANDE DO
URBANO DO AGRESTE POTIGUAR COSTA
GONÇALVES NORTE
POLÍTICAS PÚBLICAS E PEQUENOS MUNICÍPIOS: MÁRCIO MIGUEL UNIVERSIDADE FEDERAL CICILIAN LUIZA
UMA AVALIAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ TAVARES DO PARANÁ LÖWER SAHR
UNIVERSIDADE EST.
ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO EM POMPEU
ANDRÉ RIANI COSTA PAULISTA JÚLIO DE
MUNICÍPIOS PEQUENOS SEGUNDO UMA FIGUEIREDO DE
PERINOTTO MESQUITA FILHO/RIO
PERSPECTIVA REGIONAL: O CASO DE ANALÂNDIA-SP CARVALHO
CLARO
2006 4
O TERRITÓRIO COMO UM TRUNFO: UM ESTUDO MARIA DE FÁTIMA
JOSINEIDE DA SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL
SOBRE A CRIAÇÃO DE MUNICÍPIOS NA PARAÍBA FERREIRA
BEZERRA DA PARAÍBA
(ANOS 1990) RODRIGUES

GESTÃO E GERENCIAMENTO INTEGRADOS DOS


UNIVERSIDADE DE SÃO WAGNER COSTA
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS -ALTERNATIVAS PARA LUCIANA LOPES
PAULO RIBEIRO
PEQUENOS MUNICÍPIOS
PEQUENA CIDADE DA REDE URBANA NORTE-
LÉIA APARECIDA UNIVERSIDADE ESTADUAL TÂNIA MARIA
PARANAENSE ESPECIALIZADA NA PRODUÇÃO
VEIGA PINTO DE LONDRINA FRESCA
INDUSTRIAL DE MESAS PARA BILHAR
2007 3 UNIVERSIDADE EST.
OS ESPAÇOS DE MEDO E OS DE CASTIGOS NAS
PAULISTA JÚLIO DE ODEIBLER SANTO
PEQUENAS CIDADES DO ESTADO DE SÃO PAULO: O ERICO SORIANO
MESQUITA FILHO/RIO GUIDUGLI
CASO ITIRAPINA
CLARO
177

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O TURISMO NO BRASIL E FABIANE DE MARIA DEL


UNIVERSIDADE ESTADUAL
SUAS INFLUÊNCIAS EM UM PEQUENO MUNICÍPIO: O OLIVEIRA CARMEN MATILDE
DE LONDRINA
CASO DE ROLÂNDIA - PR DOMINGOS HUERTAS CALVENTE

A CIDADE DE COREMAS - PB: GEOGRAFIA HISTÓRICA RITA DE CÁSSIA UNIVERSIDADE FEDERAL DORALICE SÁTYRO
DE UMA PEQUENA CIDADE GREGÓRIO DE DA PARAÍBA MAIA
ANDRADE
ESPAÇO VIVIDO, COTIDIANO E QUALIDADE DE VIDA SÉRGIO HENRIQUE
UNIVERSIDADE ESTADUAL CLAUDETE DE
EM PEQUENOS MUNICÍPIOS. CASO: MUNICÍPIO DE REZENDE
DE CAMPINAS CASTRO SILVA VITTE
URUPÊS (SP) CRIVELARO

DA MIGRAÇÃO À NÃO-MIGRAÇÃO: O EXEMPLO DE SEVERINA SARAH UNIVERSIDADE FEDERAL RALFO EDMUNDO


2008 5 PEQUENAS CIDADES DA ZONA DA MATA MINEIRA LISBOSA DE MINAS GERAIS DA SILVA MATOS

UNIVERSIDADE EST.
MARIA
SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM CIDADES CLÁUDIA MARQUES PAULISTA JÚLIO DE
ENCARNAÇÃO
PEQUENAS ROMA MESQUITA FILHO/PR.
BELTRÃO SPOSITO
PRUDENTE
DESENVOLVIMENTO E PLANEJAMENTO URBANO NA
DEISIANE DOS UNIVERSIDADE FEDERAL ELSON MANOEL
CIDADE DE JAGUARUNA/SC: REPRESENTAÇÃO E
SANTOS DELFINO DE SANTA CATARINA PEREIRA
ATUAÇÃO DOS ATORES LOCAIS

CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO URBANO DA PEQUENA FABIANO BOLZAN UNIVERSIDADE FEDERAL GILDA MARIA
CIDADE: UM ESTUDO SOBRE SÃO SEPÉ - RS SCHERER DE SANTA MARIA CABRAL BENADUCE
2009 2
PEQUENOS MUNICÍPIOS RURAIS E
UNIVERSIDADE FEDERAL CICILIAN LUIZA
DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: REFLEXÕES A CLOTILDE ZAI
DO PARANÁ LÖWEN SAHR
PARTIR DO MUNICÍPIO DE MATO RICO - PR
178

O SISTEMA TERMODINÂMICO DO CLIMA URBANO


PAULA SAVEGNAGO UNIVERSIDADE FEDERAL MARIA DA GRAÇA
DE NOVA PALMA, RS: CONTRIBUIÇÃO AO CLIMA
ROSSATO DE SANTA MARIA BARROS SARTORI
URBANO DE CIDADES PEQUENAS

EM TERRAS PRECÁRIAS QUEM TEM POUCO É


JANETE MARÍLIA
CENTRO – O PAPEL DAS PEQUENAS CIDADES NA MARCEL RIBEIRO UNIVERSIDADE FEDERAL
GENTIL COIMBRA
REDE URBANA AMAZÔNICA: UMA ANÁLISE A PARTIR PADINHA DO PARÁ
DE OLIVEIRA
DE CAMETÁ-PA

OS PAPÉIS URBANOS NAS PEQUENAS CIDADES DA UNIVERSIDADE FEDERAL


SILVANE SPOLAOR SANDRA ANA BOLFE
2010 REGIÃO DA QUARTA COLÔNIA-RS DE SANTA MARIA
DA VIDA NO CAMPO À VIDA NA CIDADE:
UNIVERSIDADE ESTADUAL ANGELA MARIA
TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAIS NO MUNICÍPIO JOSUÉ CARNEIRO
DE MARINGÁ ENDLICH
DE QUINTA DO SOL

CARLOS AUGUSTO
NOVA CRUZ: SUA DINÂMICA E AS RELAÇÕES COM SEVERINO ALVES UNIVERSIDADE FEDERAL
DE AMORIM
AS CIDADES DE MONTANHAS E LAGOA D'ANTA - RN COUTINHO DA PARAÍBA
CARDOSO

AS RELAÇÕES DO ESPAÇO URBANO DO MUNICÍPIO


CASSIANA ELISA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE DONA FRANCISCA, RS COM A REGIÃO DA SANDRA ANA BOLFE
VENDRUSCOLO DE SANTA MARIA
QUARTA COLÔNIA

O PAPEL DA CAMNPAL NA (RE)ESTRUTURAÇÃO DO UNIVERSIDADE FEDERAL GILDA MARIA


VANESSA MANFIO
ESPAÇO URBANO DE NOVA PALMA-RS DE SANTA MARIA CABRAL BENADUCE
2011 7
A REPRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO DE ITAPORÃ: CLÁUDIO MARIA JOSÉ
UNIVERSIDADE FEDERAL
UMA ANÁLISE A PARTIR DAS CRISTHIANO DA MARTINELLI SILVA
DA GRANDE DOURADOS
RELAÇÕES/ARTICULAÇÕES COM DOURADOS-MS SILVA NOGUEIRA CALIXTO
179

NOS CAMINHOS DA PEQUENA CIDADE: RELAÇÕES SELTON EVARISTO


UNIVERSIDADE FEDERAL
INTERURBANAS E COM O MEIO RURAL EM BARÃO DE ALMEIDA MARINETE COVEZZI
DE MATO GROSSO
DE MELGAÇO - PANTANAL-MT CHAGAS
UNIVERSIDADE EST.
A INSERÇÃO DAS PEQUENAS CIDADES NA REDE
CARLA DE SOUZA PAULISTA JÚLIO DE ELISEU SAVÉRIO
URBANA: O CASO DAS CIDADES DA REGIÃO DE
LEÃO MESQUITA FILHO/PR. SPOSITO
GOVERNO DE DRACENA-SP
PRUDENTE

PEQUENAS CIDADES DA REDE URBANA DE PATO KARIM BORGES DOS UNIVERSIDADE ESTADUAL FERNANDO DOS
BRANCO – PR SANTOS DO OESTE DO PARANÁ SANTOS SAMPAIO
UNIVERSIDADE EST.
CIDADES PEQUENAS E INDÚSTRIA: CONTRIBUIÇÃO
PAULO FERNANDO PAULISTA JÚLIO DE ELISEU SAVÉRIO
PARA A ANÁLISE DA DINÂMICA ECONÔMICA NA
JURADO DA SILVA MESQUITA FILHO/PR. SPOSITO
REGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE-SP
PRUDENTE

LUIZ FERNANDO
DOM PEDRITO, CIDADE E CAMPO: A VITOR ÂNGELO UNIVERSIDADE FEDERAL
MAZZINI
MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA E A CIDADE LOCAL VILLAR BARRETO DO RIO GRANDE DO SUL
FONTOURA

DINÂMICA TERRITORIAL DA REDE URBANA NA PATRICIA HELENA UNIVERSIDADE FEDERAL EDIMA ARANHA
MESORREGIÃO LESTE DE MATO GROSSO DO SUL MILANI DE MATO GROSSO DO SUL SILVA
DILEMAS E PERSPECTIVAS DAS PEQUENAS E NOVAS
CIDADES: UMA ANÁLISE DA PAISAGEM COMO
VANESSA MARIA UNIVERSIDADE FEDERAL SONY CORTESE
SUBSÍDIO AO ORDENAMENTO TERRITORIAL,
LUDKA DO PARANÁ CANEPARO
CONDIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS E CULTURAIS DE
2012 4
BELA VISTA DO TOLDO, SC
SOCIABILIDADE E SENTIMENTO DE INSEGURANÇA PEDRO HENRIQUE
UNIVERSIDADE ESTADUAL ANGELA MARIA
URBANA EM PEQUENAS CIDADES: O NORTE DO CARNEVALLI
DE MARINGÁ ENDLICH
PARANÁ FERNANDES
AS TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAIS DE FRUTAL- ADRIANO REIS DE UNIVERSIDADE FEDERAL VITOR RIBEIRO
MG PAULA E SILVA DE UBERLÂNDIA FILHO
180

A CENTRALIDADE DE MAMANGUAPE (PB) E SUA


RAQUEL SOARES DE UNIVERSIDADE FEDERAL ANIERES BARBOSA
RELAÇÃO COM AS CIDADES PEQUENAS DO LITORAL
FARIAS DA PARAÍBA DA SILVA
NORTE PARAIBANO
2013 2
UMA PEQUENA CIDADE, UMA GRANDE RELAÇÃO: THIAGO HENRIQUE UNIVERSIDADE ESTADUAL KARLA ROSARIO
PIRAJU (SP) E A IMPORTÂNCIA DO CAFÉ VALERIO PEREIRA DO CENTRO-OESTE BRUMES
DINÂMICA ESPACIAL EM PEQUENAS CIDADES:
PRODUÇÃO DO ESPAÇO E A EXPANSÃO E HELISSON DE PAIVA UNIVERSIDADE FEDERAL CLARICE CASSAB
2014 1
REESTRUTURAÇÃO DO INSTITUTO FEDERAL DO MIRANDA DE JUIZ DE FORA TORRES
SUDESTE DE MINAS GERAIS, CAMPUS RIO POMBA

A SINGULARIDADE DO URBANO DE BARCARENA, MONIQUE BRUNA UNIVERSIDADE DO VALE SANDRA MARIA


COMO CIDADE RIBEIRINHA DA REGIÃO AMAZÔNICA SILVA DO CARMO DO PARAÍBA FONSECA DA COSTA

PERMANÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO


IZABELLE TRAJANO UNIVERSIDADE FEDERAL ANIERES BARBOSA
COMERCIAL DA PEQUENA CIDADE DE JUAZEIRINHO-
DA SILVA DA PARAÍBA DA SILVA
PB: DA FEIRA LIVRE ÀS REDES DE NEGÓCIOS
A PRODUÇÃO DO ESPAÇO NA PEQUENA CIDADE DE
2015 5 ALEXANDRA DE UNIVERSIDADE FEDERAL CLARICE CASSAB
MATIPÓ-MG: UM ESTUDO SOBRE A DINÂMICA DAS
JESUS MEDINA DE JUIZ DE FORA TORRES
RELAÇÕES CIDADE E CAMPO, URBANO E RURAL
DINÂMICAS DE REPRODUÇÃO DO COMÉRCIO E OS
UNIVERSIDADE FEDERAL
NOVOS PAPÉIS URBANOS DE PEQUENAS CIDADES JOMARA DANTAS RITA DE CASSIA DA
DO RIO GRANDE DO
NORTE-RIO-GRANDENSES: UM OLHAR A PARTIR DAS PESSOA CONCEIÇÃO GOMES
NORTE
REDES ASSOCIATIVISTAS DE SUPERMERCADOS
A (RE) PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO NAS
TANIA MARIA SENA UNIVERSIDADE FEDERAL
PEQUENAS CIDADES DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL: ARTUR ROSA FILHO
BARBOSA DE RORAIMA
UM ESTUDO SOBRE BONFIM-RR
181

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA


PATRICIA SOARES UNIVERSIDADE FEDERAL
VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: ESTUDO DA ROBERTO ROSA
REZENDE DE UBERLÂNDIA
CIDADE DE PARACATU (MG)
O CLIMA DE CIDADES PEQUENAS: CONFIGURAÇÃO
JONATHAN JULIO UNIVERSIDADE FEDERAL CASSIO ARTHUR
URBANO-RURAL COM USO DE TRANSECTOS MÓVEIS
KEGLER DE SANTA MARIA WOLLMANN
EM AGUDO/RS

CIDADES PEQUENAS E REDE URBANA: INTERAÇÕES MARIA JOSE


IGOR RONYEL UNIVERSIDADE FEDERAL
ESPACIAIS A PARTIR DO SUDOESTE DO ESTADO DE MARTINELLI SILVA
PAREDES GOMES DA GRANDE DOURADOS
MATO GROSSO DO SUL CALIXTO

ESPACIALIDADES EM ESVAZIAMENTO
CINTIA SILVIA UNIVERSIDADE ESTADUAL ÂNGELA MARIA
DEMOGRÁFICO DA MESORREEGIÃO NOROESTE
CARVALHO DE MARINGÁ ENDLICH
PARANAENSE E A OFERTA DE SERVIÇOS PÚBLICOS
2016 8
AGRUPAMENTOS DE CIDADES DE PEQUENO PORTE:
ALEXANDRE UNIVERSIDADE FEDERAL DIMAS MORAES
UM ESTUDO SOBRE BARRA DO GARÇAS- MT,
EDUARDO SANTOS DE GOIÁS PEIXINHO
PONTAL DO ARAGUAIA - MT E ARAGARÇAS - GO

DINÂMICA URBANA DA CIDADE DE FRONTEIRA: RAFAEL CARDOSO UNIVERSIDADE FEDERAL ELÓI MARTINS
BONFIM - RR DA SILVA NETO DE RORAIMA SENHORAS

INTERAÇÕES ESPACIAIS ENTRE CIDADE MÉDIA E


PEQUENAS CIDADES: UM ESTUDO DE ARAGUAÍNA- REGES SODRE DA UNIVERSIDADE FEDERAL JÚLIO CESAR DE
TO, CAMPOS LINDOS-TO, CAROLINA-MA E SÃO LUZ SILVA DIAS DE UBERLÂNDIA LIMA RAMIRES
GERALDO DO ARAGUAIA-PA
CLIMA URBANO SOB O OLHAR DAS PEQUENAS
CIDADES: INFLUÊNCIA DOS FATORES GEOGRÁFICOS FRANCIELLE DE UNIVERSIDADE FEDERAL RILDO APARECIDO
NAS VARIAÇÕES CLIMÁTICAS EM LAGOA FORMOSA SIQUEIRA CASTRO DE GOIÁS COSTA
(MG)
182

UNIVERSIDADE EST. MARGARETE


O CLIMA URBANO EM PIRAPOZINHO/SP: EVENTOS
LILIANE PIMENTEL PAULISTA JÚLIO DE CRISTIANE DE
DE ILHA DE CALOR URBANAS EM EPISÓDIOS DE
DA SILVA MESQUITA FILHO/PR. COSTA TRINDADE
VERÃO
PRUDENTE AMORIM

A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E TERRITORIAL


NOS MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE DO
MARCOS JORGE UNIVERSIDADE DE FERNANDO LUIZ
ENTORNO DO LAGO DE FURNAS (MG):
GODOY BRASÍLIA ARAÚJO SOBRINHO
(RE)FUNCIONALIZAÇÃO, TRANSFORMAÇÕES E
NOVAS DINÂMICAS
A INSERÇÃO DAS PEQUENAS CIDADES DE
FABIO DE SOUZA UNIVERSIDADE ESTADUAL TANIA MARIA
SERTANÓPOLIS E JATAIZINHO NA REGIÃO
2017 6 OLIVEIRA DE LONDRINA FRESCA
METROPOLITANA DE LONDRINA-PR
CIDADE (S) PEQUENA (S) E REDES URBANAS: UMA
ANÁLISE DOS PAPÉIS E SIGNIFICADOS DE JANDAIA TIAGO SOARES DE UNIVERSIDADE ESTADUAL KARLA ROSÁRIO
DO SUL NA REDE URBANA DO NORTE CENTRAL OLIVEIRA DO CENTRO-OESTE BRUMES
PARANAENSE
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E A INTEGRAÇÃO DE
ADRIELLY GRAVA UNIVERSIDADE ESTADUAL FÁBIO DE OLIVEIRA
CATADORES EM CIDADES PEQUENAS: OS CASOS DE
COSTA DO OESTE DO PARANÁ NEVE
ASSIS CHATEAUBRIAND E PALOTINA, PR
UNIVERSIDADE EST.
AS FRANQUIAS EM CIDADES PEQUENAS: SILVIA APARECIDA
KARLISE KLAFKE PAULISTA JÚLIO DE
ESTRATÉGIAS LOCACIONAIS DO COMÉRCIO E GUARNIERI
BALDONI MESQUITA FILHO/RIO
PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO ORTIGOZA
CLARO
MOBILIDADE COTIDIANA ENTRE ESPAÇOS URBANOS
JOSCIMARA NUNES UNIVERSIDADE ESTADUAL FERNANDA VIANA
2018 5 E RURAIS: DINÂMICA DA RELAÇÃO CIDADE/CAMPO
LEMOS DO SUDOESTE DA BAHIA DE ALCÂNTARA
EM BARRA DO CHOÇA/BA
183

DINÂMICA URBANA DE CARACARAÍ: UMA PEQUENA TALITA ALVES DA UNIVERSIDADE FEDERAL


ARTUR ROSA FILHO
CIDADE DA AMAZÔNIA SETENTRIONAL SILVA DE RORAIMA
A ORGANIZAÇÃO SOCIO-ESPACIAL DO MUNICÍPIO
DE PORTEIRINHA (MG) SOB A PERSPECTIVA DAS FRANCIELLE DE UNIVERSIDADE ESTADUAL ANA IVANIA
RURALIDADES: O ENTENDIMENTO DOS FEIRANTES FRANÇA MENDES DE MONTES CLAROS FONSECA
NO MERCADO
A DEPENDÊNCIA FISCAL DE PEQUENOS MUNICÍPIOS DEIVID DENER
UNIVERSIDADE FEDERAL MARCIO ROBERTO
EM MINAS GERAIS NOS ANOS 2000 NO CONTEXTO PEREIRA COELHO
DE SÃO JOÃO DEL-REI TOLEDO
DO FEDERALISMO BRASILEIRO FAVATO
PAOLLO
DA RIA À ESTRADA: O PAPEL E O SIGNIFICADO DAS
SCHMUELLERMANN UNIVERSIDADE FEDERAL MARCIO DOUGLAS
PEQUENAS CIDADES NO NORDESTE AMAZÔNICO, O
KYPRIANOUS DE DO PARÁ BRITO AMARAL
CASO DE MARAPANIM, PARÁ
OLIVEIRA

POTENCIALIDADE DE CRIAÇÃO DE NOVOS


CAROLINE FERREIRA UNIVERSIDADE FEDERAL ANTÔNIO TOLRINO
MUNICÍPIOS EM RORAIMA: ESTUDO DE CASO DA
MEDEIROS DE RORAIMA DE REZENDE VERAS
REGIÃO DO APIAÚ

A LUTA POR MORADIA NA CIDADE PEQUENA: JOSE MARIA FELIX UNIVERSIDADE ESTADUAL ANTÔNIA NEIDE
COREAÚ (CE) EM DISCUSSÃO MACHADO VALE DO ACARAÚ COSTA SANTANA
2019 4
O USO DO TERRITÓRIO E AS NOVAS DINÂMICAS UNIVERSIDADE EST.
LOCACIONAIS DA INDÚSTRIA: A IMPLANTAÇÃO DA MAURICIO PAULISTA JÚLIO DE AURO APARECIDO
MERCEDES-BENZ NA PEQUENA CIDADE DE LOVADINI MESQUITA FILHO/RIO MENDES
IRACEMÁPOLIS (SP) CLARO

PAISAGEM, LUGAR, MEMÓRIA E IMAGEM: DO DIEGO DE MELO UNIVERSIDADE ESTADUAL HENRIQUE MANOEL
DISTRITO DE PINHALÃO À CIDADE DE FAROL - PR OLIVEIRA DE MARINGÁ DA SILVA
184

UNIVERSIDADE EST.
KARIN GABRIEL
JOVENS DE CIDADES PEQUENAS NO INTERIOR PAULISTA JÚLIO DE
SILVA MORENO DE NECIO TURRA NETO
PAULISTA: PRÁTICAS ESPACIAIS E TEMPO LIVRE MESQUITA FILHO/PR.
SOUZA
PRUDENTE
RONDINELLE
PEQUENOS MUNICÍPIOS NA AMAZÔNIA: UNIVERSIDADE FEDERAL
HUDSON PEREIRA ARTUR ROSA FILHO
POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES NO CANTÁ-RR DE RORAIMA
DE ALBUQUERQUE

A (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO NA PORÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL ADÃO FRANCISCO


RENATO SILVA REIS
SUL DE PARAÍSO DO TOCANTINS-TO DO TOCANTINS DE OLIVEIRA

PRODUÇÃO DO ESPAÇO NA CIDADE PEQUENA: DAS


MAIARA CERQUEIRA UNIVERSIDADE ESTADUAL ANA EMÍLIA DE
REPRESENTAÇÕES SOCIOESPACIAIS À APROPRIAÇÃO
LEANDRO DO SUDOESTE DA BAHIA QUADROS FERRAZ
DAS PRÁTICAS COTIDIANAS EM SÃO FELIPE - BA
2020 7 O URBANO E RURAL NA PERIFERIA METROPOLITANA
DE GOIÂNIA: UM ESTUDO DAS RELAÇÕES DE
DEPENDÊNCIA E FUNCIONALIDADE ENTRE AS NATALIA MULLER UNIVERSIDADE DE FERNANDO LUIZ
PEQUENAS CIDADES DA ZONA LESTE E NORDESTE DE DEUS BRASÍLIA ARAÚJO SOBRINHO
DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA COM A
METRÓPOLE
CIDADES PEQUENAS NO CONTEXTO
METROPOLITANO: A RELAÇÃO ENTRE A POSIÇÃO PONTIFÍCIA ALEXANDRE
KLECIA GONCALVES
GEOGRÁFICA E A DINÂMICA FUNCIONAL DAS UNIVERSIDADE CATÓLICA MAGNO ALVES
DE PAIVA FARIAS
CIDADES PEQUENAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE MINAS GERAIS DINIZ
DE BELO HORIZONTE/MG

SIMÃO PEREIRA: TRANSFORMAÇÕES E INSERÇÃO DE TALISON PAULO UNIVERSIDADE FEDERAL WAGNER BARBOSA
UMA CIDADE LOCAL NA ZONA DA MATA MINEIRA FERREIRA DE JUIZ DE FORA BATELLA
(Fonte: CAPES, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).
185

TABELA 16 - DADOS COMPLETOS DAS TESES SOBRE CIDADES PEQUENAS NO BRASIL (2000/2020)
ANO QUANTIDADE TÍTULO AUTOR UNIVERSIDADE ORIENTADOR
ANA MARIA
TRANSFORMAÇÕES DA REDE URBANA DO NORTE DO TANIA MARIA MARQUES
2000 1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
PARANÁ: ESTUDO COMPARATIVO DE TRÊS CENTROS FRESCA CAMARGO
MARANGONI
MARIA ADÉLIA
A CONQUISTA DO TERRITÓRIO: PEQUENOS MUNICÍPIOS E JULEUSA MARIA
2001 1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO APARECIDA DE
EMPRESAS EM REGIÃO DE CAMPINAS/SP THEODORO TURRA
SOUZA
2002 0 * * * *
2003 0 * * * *
MARIA
PEQUENAS CIDADES NA REGIÃO DE CATANDUVA-SP: MARA LÚCIA UNIVERSIDADE EST.PAULISTA
ENCARNAÇÃO
2004 1 PAPÉIS URBANOS, REPRODUÇÃO SOCIAL E PRODUÇÃO DE FALCONI DA HORA JÚLIO DE MESQUITA
BELTRÃO
MORADIAS BERNARDELLI FILHO/PR.PRUDENT
SPOSITO
2005 0 * * * *
MARIA
UNIVERSIDADE EST.PAULISTA
PENSANDO OS PAPÉIS E SIGNIFICADOS DAS PEQUENAS ANGELA MARIA ENCARNAÇÃO
2006 1 JÚLIO DE MESQUITA
CIDADES DO NOROESTE DO PARANÁ ENDLICH BELTRÃO
FILHO/PR.PRUDENT
SPOSITO
CIDADE-CAMPO, URBANO-RURAL: UMA CONTRIBUIÇÃO
MARIA HELENA UNIVERSIDADE FEDERAL DO GISELA AQUINO
2007 1 AO DEBATE A PARTIR DE PEQUENAS CIDADES EM MINAS
PALMER LIMA RIO DE JANEIRO PIRES DO RIO
GERAIS
PEQUENAS CIDADES DA MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE BEATRIZ
NÁGELA APARECIDA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
2008 3 CATALÃO (GO): ANÁLISES DE SEUS CONTEÚDOS E RIBEIRO
DE MELO UBERLÂNDIA
CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS SOARES
186

A PEQUENA CIDADE NA TEIA DA ALDEIA GLOBAL: AS WINSTON KLEIBER BEATRIZ


UNIVERSIDADE FEDERAL DE
RELAÇÕES SÓCIO-POLÍTICAS E ESPECIFICIDADES DE DE ALMEIDA RIBEIRO
UBERLÂNDIA
ESTRELA DO SUL, GRUPIARA E CASCALHO RICO – MG BACELAR SOARES

PEQUENOS MUNICÍPIOS E PEQUENAS CIDADES DO


VILMA DOMINGA UNIVERSIDADE EST.PAULISTA ODEIBLER
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: CONTRASTES, PERFIL
MONFARDINI JÚLIO DE MESQUITA FILHO/RIO SANTO
DO DESENVOLVIMENTO E DE QUALIDADE DE VIDA, 1980-
FIGUEIREDO CLARO GUIDUGLI
2000
TERRITÓRIO E CRIAÇÃO DE MUNICÍPIOS NO BRASIL: UMA
ADILAR ANTÔNIO UNIVERSIDADE FEDERAL DE LEILA
2009 1 ABORDAGEM HISTÓRICA-GEOGRAFICA SOBRE A
CIGOLINI SANTA CATARINA CHRISTINA DIAS
COMPARTIMENTAÇÃO DO ESPAÇO
MARIA
UNIVERSIDADE EST.PAULISTA
SANCLERLÂNDIA-GO: DO POVOADO DO CRUZEIRO ÀS ELSON RODRIGUES ENCARNAÇÃO
JÚLIO DE MESQUITA
NOVAS CENTRALIDADES OLANDA BELTRÃO
FILHO/PR.PRUDENT
SPOSITO
REGINA CÉLIA
2010 3 PLANEJAMENTO, ESTATUTO DA CIDADE E O ESPAÇO MARIO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
BEGA DOS
URBANO DE MOGI GUAÇU - SP MARANGONI FILHO CAMPINAS
SANTOS

A (DES)CONSTRUÇÃO DA DICOTOMIA RURAL-URBANO NO CELBO ANTÔNIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JOÃO CLEPS


EXTREMO NOROESTE PAULISTA FONSECA ROSAS UBERLÂNDIA JÚNIOR

RELAÇÃO CAMPO-CIDADE NA PEQUENA AGLOMERAÇÃO RONI MAYER JULIO CESAR


UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
URBANA DE CAARAPÓ-MS LOMBA SUZUKI
PEQUENAS CIDADES DO CEARÁ NO (DES)ENCONTRO DO
ANTONIA NEIDE UNIVERSIDADE FEDERAL MÁRCIO PIÑON
2011 3 URBANO E DO RURAL: GROAÍRAS E MERUOCA EM
COSTA SANTANA FLUMINENSE DE OLIVEIRA
DISCUSSÃO
AGLOMERAÇÃO ITABUNA-ILHÉUS: CIDADE, REGIÃO E GILMAR ALVES UNIVERSIDADE FEDERAL DE VERA LÚCIA
REDE URBANA TRINDADE SERGIPE ALVES FRANÇA
187

2012 0 * * * *
BRUNO LUIZ
A PRAÇA NO CONTEXTO DE PEQUENAS CIDADES NA VANESSA MEDEIROS UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
2013 1 DOMINGOS DE
MICRORREGIÃO DE CAMPO MOURÃO - PR CORNELI MARINGÁ
ANGELIS

AS CIDADES PEQUENAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE UNIVERSIDADE EST.PAULISTA ODEIBLER


ORLANDO MOREIRA
CAMPINAS-SP: DINÂMICA DEMOGRÁFICA, PAPÉIS JÚLIO DE MESQUITA FILHO/RIO SANTO
JUNIOR
URBANOS E (RE) PRODUÇÃO DO ESPAÇO CLARO GUIDUGLI
2014 2
PEQUENAS CIDADES DA REGIÃO DE CÁCERES - MT: PAPÉIS
JOSÉ CARLOS DE UNIVERSIDADE FEDERAL
E SIGNIFICADOS NA DINÂMICA SOCIOECONÔMICA RUY MOREIRA
OLIVEIRA SOARES FLUMINENSE
REGIONAL
GÊNESE E DINÂMICA DE TRÊS CIDADES NA REDE URBANA
GILMAR APARECIDO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE TÂNIA MARIA
2015 1 DE MARINGÁ: PARANAVAÍ, NOVA ESPERANÇA E NOVA
ASALIN MARINGÁ FRESCA
ALIANÇA DO IVAÍ
A CIDADE-REGIÃO DE PAU DOS FERROS: POR UMA
JOSUÉ ALENCAR UNIVERSIDADE ESTADUAL DO DENISE DE
GEOGRAFIA DA DISTÂNCIA EM UMA REDE URBANA
BEZERRA CEARÁ SOUZA ELIAS
INTERIORIZADA
KELTON LUIZ HUMBERTO
PAISAGEM FURUSATO - DESASTRES NATURAIS E UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
2016 3 GABRIEL DE TETSUYA
RECONSTRUÇÃO DE PEQUENAS CIDADES LONDRINA
OLIVEIRA YAMAKI
MARCOS
A INDÚSTRIA NOS PEQUENOS MUNICÍPIOS DO SUL DE LEILA MARIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
AURÉLIO DA
SANTA CATARINA VASQUEZ BELTRAO SANTA CATARINA
SILVA
MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE EM PEQUENAS CIDADES:
NADIA CRISTINA
PROPOSIÇÕES PARA A INCLUSÃO DOS PEQUENOS UNIVERSIDADE FEDERAL DE VITOR RIBEIRO
2017 4 DOS SANTOS
MUNICÍPIOS NA ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE UBERLÂNDIA FILHO
SUDARIO
MOBILIDADE URBANA
188

PEQUENAS CIDADES NO CONTEXTO METROPOLITANO: O FERNANDO


GESSILDA DA SILVA
CASO DA REGIÃO METROPOLITANA DE MARINGÁ, UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA LUIZ ARAÚJO
VIANA
PARANÁ SOBRINHO

UNIVERSIDADE EST. PAULISTA


PEQUENAS CIDADES DO NORDESTE DO PARÁ: ROGERIO SOUZA NÉCIO TURRA
JÚLIO DE MESQUITA FILHO/PR.
MARITIMIDADES DA AMAZÔNIA MARINHO NETO
PRUDENTE

PEDRO HENRIQUE
UM ESPECTRO RONDA AS PEQUENAS CIDADES: O UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ANGELA MARIA
CARNEVALLI
AUMENTO DA VIOLÊNCIA E DA INSEGURANÇA OBJETIVA MARINGÁ ENDLICH
FERNANDES

A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES INDÚSTRIAS DE CAPITAIS UNIVERSIDADE EST. PAULISTA AURO


ELIAS MENDES
NACIONAIS E INTERNACIONAIS NA CIDADE PEQUENA DE JÚLIO DE MESQUITA FILHO/RIO APARECIDO
OLIVEIRA
EXTREMA (MG): PROCESSOS, FATORES E AGENTES CLARO MENDES
2018 2
O TURISMO E SUAS IMPLICAÇÕES EM MUNICÍPIOS DE
LARISSA DE MATTOS UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ANGELA MARIA
PEQUENO PORTE DEMOGRÁFICO DA REGIÃO TURÍSTICA
ALVES MARINGÁ ENDLICH
NOROESTE DO PARANÁ

MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE DO SUDESTE RALFO


NAYHARA FREITAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE
BRASILEIRO: DINÂMICA MIGRATÓRIA E ASPECTOS EDMUNDO DA
MARTINS GOMES MINAS GERAIS
ECONÔMICOS SILVA MATOS

2019 2 MARGARETE
O CLIMA URBANO DAS CIDADES DE PEQUENO PORTE DO
UNIVERSIDADE EST. PAULISTA CRISTIANE DE
OESTE PAULISTA: ANÁLISE DO PERFIL TÉRMICO DE DANIELLE CARDOZO
JÚLIO DE MESQUITA FILHO/PR. COSTA
PRESIDENTE VENCESLAU, SANTO ANASTÁCIO E ÁLVARES FRASCA TEIXEIRA
PRUDENTE TRINDADE
MACHADO, BRASIL
AMORIM
189

CARLOS
UMA AGORDAGEM GEOGRÁFICA DO ENSINO SUPERIOR E ANA LUCIA DO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA AUGUSTO DE
TECNOLÓGICO NAS CIDADES PEQUENAS DE AREIA, NASCIMENTO
PARAÍBA AMORIM
BANANEIRAS E GUARABIRA – PB PEREIRA
CARDOSO

2020 3 O CLIMA URBANO EM CIDADE DE PEQUENO PORTE NO JORGE RICARDO UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARIA ELISA
SEMIÁRIDO CEARENSE: O CASO DE CRATEÚS FELIX DE OLIVEIRA CEARÁ ZANELLA

BEATRIZ
ESPACIALIDADES DO ENVELHECIMENTO LGBT’S NAS ALEMAR MOREIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
RIBEIRO
CIDADES PEQUENAS DE GOIÁS DE SOUSA UBERLÂNDIA
SOARES
(Fonte: CAPES, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).

TABELA 17 - DADOS COMPLETOS DOS TRABALHOS APRESENTADOS NO SIMPURB EM 2015


TEMAS TÍTULO AUTORES UNIVERSIDADE
EXPANSÃO URBANA EM PEQUENAS
CIDADES: O PARCELAMENTO DO SOLO FRANCISCO ARACILDO DE MOURA; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
EXPANSÃO URBANA
COMO AGENTE MODELADOR DA ADEMIR ARAÚJO DA COSTA GRANDE DO NORTE (UFRN)
CIDADE AO URBANO
A UNIVERSIDADE PÚBLICA NA
MARIA VERÔNICA DE AZEVEDO GOMES; UNIVERSIDADE FEDERAL DE
ESPAÇO URBANO PEQUENA CIDADE: VALORIZAÇÃO
JOSIAS CASTRO GALVÃO CAMPINA GRANDE (UFCG)
REGIONAL E NOVAS DEMANDAS
A ESPACIALIDADE DO LAZER URBANO EUSTÓGIO WANDERLEY CORREIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
LAZER NA CIDADE PEQUENA SERRANA: OS DANTAS; PAULO ROBERTO ABREU DE
CEARÁ (UFC)
FESTIVAIS DE GUARAMIRANGA/CE OLIVEIRA
(Fonte: SIMPURB, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).
190

TABELA 18 - DADOS COMPLETOS DOS TRABALHOS APRESENTADOS NO SIMPURB EM 2017


TEMAS TÍTULO AUTORES UNIVERSIDADE
IMPLICAÇÕES SOCIOESPACIAIS DA
IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA
SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL PÚBLICAS HABITACIONAIS NAS MARIA DA PAZ DE JESUS RODRIGUES
BAHIA (UNEB)
PEQUENAS CIDADES DO TERRITÓRIO
DE IDENTIDADE DO SISAL/BA

O LOTE URBANO EM UMA PEQUENA


CIDADE NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO E
JULIANO VIEIRA; SANDRA MARIA UNIVERSIDADE DO VALE DO
HABITAÇÃO A CONSTRUÇÃO AO CADASTRO
FONSECA DA COSTA PARAÍBA (UNIVAP)
MULTIFINALITÁRIO: UMA
ABORDAGEM METODOLÓGICA

OS DIFERENTES URBANOS EM UM
PEQUENO MUNICÍPIO DA MONIQUE CARMO; SANDRA MARIA UNIVERSIDADE DO VALE DO
ESPAÇO URBANO
AMAZÔNIA: UM ESTUDO DE FONSECA DA COSTA PARAÍBA (UNIVAP)
BARCARENA/PA

(Fonte: SIMPURB, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).

TABELA 19 - DADOS COMPLETOS DOS TRABALHOS APRESENTADOS NO SIMPURB EM 2019


TEMAS TÍTULO AUTOR UNIVERSIDADE
OS DIFERENTES URBANOS DO DELTA
DO AMAZONAS: UMA ABORDAGEM MONIQUE BRUNA SILVA DO CARMO; UNIVERSIDADE DO VALE DO
ESPAÇO URBANO
SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS SANDRA MARIA FONSECA DA COSTA PARAÍBA (UNIVAP)
PEQUENAS CIDADES
(Fonte: SIMPURB, 2021. Elaborado pelo autor, 2022).

Você também pode gostar