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ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS

MESTRADO EM ESTUDOS POPULACIONAIS E PESQUISAS SOCIAIS

DANIELA SANTOS GOMES DA SILVA

CONSTRUÇÃO DE INDICADORES DE CONDIÇÕES DE VIDA ATRAVÉS DA ANÁLISE


MULTICRITÉRIO: ESTUDO APLICADO AOS MUNICÍPIOS DA BAIXADA FLUMINENSE

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado


em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais, como
requisito parcial para obtenção de Grau de Mestre.
Área de concentração: População, Sociedade e
Território.

Orientador: Prof. Dr. Paulo de Martino Jannuzzi

Rio de Janeiro
2007
DANIELA SANTOS GOMES DA SILVA

CONSTRUÇÃO DE INDICADORES DE CONDIÇÕES DE VIDA ATRAVÉS DA ANÁLISE


MULTICRITÉRIO: ESTUDO APLICADO AOS MUNICÍPIOS DA BAIXADA FLUMINENSE

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado


em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais, como
requisito parcial para obtenção de Grau de Mestre.
Área de concentração: População, Sociedade e
Território.

Orientador: Prof. Dr. Paulo de Martino Jannuzzi

Rio de Janeiro
2007

ii
BANCA EXAMINADORA

______________________________
Prof. Dr. Paulo de Martino Jannuzzi
Orientador – ENCE/IBGE

_____________________________________
Prof. Dr. Paulo Gonzaga Mibielli de Carvalho
ENCE/IBGE

___________________________________________
Profa. Dra. Inês Emília de Moraes Sarmento Patrício
Faculdade de Economia/UFF

iii
O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as
pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram
terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou
desafinam. Verdade maior. Viver é muito perigoso; e não é
não. Nem sei explicar estas coisas. Um sentir é o do
sentente, mas outro é do sentidor. A gente quer passar um
rio a nado, e passa: mas vai dar na outra banda é um ponto
muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se
pensou.

Fragmentos do livro "Grande sertão Veredas”


Guimarães Rosa

iv
Dedico esse trabalho a Matheus e Gabriel, onde a partir de
sua essência e pureza de crianças espero poder
homenagear a população de que tanto vai se falar nesse
trabalho. Trata-se de milhões de pessoas que a cada dia
constroem um Brasil melhor, apesar de todas as
dificuldades, esquecimentos e mazelas a que são
submetidas.

v
AGRADECIMENTOS

Um trabalho de pesquisa nos reserva momentos de muita solidão, angústias e incertezas, trata-se de um
trabalho individual, onde, muitas vezes você se depara sozinho com seu tema em meio a vários autores,
que naquele momento são seus únicos companheiros. Além disso, ao escrever uma dissertação,
certamente, você doa elementos de sua vivencia familiar, social e institucional, por isso, afirmo que nesse
trabalho de algum modo tem influência dos vários momentos que eu vivi até hoje, de maneira que não
teria espaço para agradecer a todos, então, diante da homenagem que farei aqui espero contemplar
todos com meu muito obrigado!

Dentre os agradecimentos que desejo fazer encontra-se minha família, base, inspiração e incentivo para
minha busca incansável em alcançar a evolução como ser humano. Sendo assim, agradeço minha mãe
Diva Café, a quem admiro muito, minha irmã Danielle, minha madrinha Rose e meus primos Renata e
Pedro.

Agradeço também á Escola Nacional de Ciências Estatísticas ENCE e ao Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística IBGE pelo apoio institucional, pela disponibilização de recursos humanos, material e
financeiro que contribuíram para o desenvolvimento desse trabalho.

Quero agradecer ao Prof. Paulo Jannuzzi por me acolher com sua orientação, muito obrigada pela
compreensão, dedicação e persistência, que me ajudaram a desvelar os mistérios da pesquisa científica
e do saber acadêmico, contribuindo para minha evolução profissional e humana. Obrigado ainda, por me
ajudar a enfrentar e superar os obstáculos encontrados ao longo do caminho.

Aos professores que tive a oportunidade de conhecer no curso de mestrado da ENCE, só tenho a
agradecer pelos ensinamentos seja em sala de aula, pelos corredores ou em seus gabinetes, todos
sempre foram muito atenciosos.

Do mesmo modo, quero agradecer aos funcionários, em especial, à Sueli Alves - que sempre foi uma
grande amiga acima de tudo -, que estavam sempre prontos a nos ajudar com atenção, presteza e
carinho, colaborando para o bom andamento administrativo de nossa trajetória no mestrado.

Ao meu amigo, pai, tio, padrinho... Ranulfo Café gostaria de registrar minha admiração e agradecer por
você ter contribuído não só com esse trabalho, mas, essencialmente, na construção da minha formação,
por você ter acreditado em mim e estendido à mão sempre que precisei, muito obrigada!

Ao meu companheiro inseparável que foi um dos maiores incentivadores desse trabalho, que sempre
acreditou em mim até mesmo quando eu não acreditava. Sempre com muita atenção e carinho, agradeço
a você Marcelo Vieira por dividir comigo os momentos bons e os momentos difíceis, seja revisando,
auxiliando, amparando, inspirando ou ainda com a palavra de ordem “você vai conseguir”. É, eu
consegui.

Nesse curso de mestrado fiz amizades valiosas, vivenciei momentos enriquecedores, pude compartilhar
de experiências inovadoras, sempre acompanhada por grandes amigos. Nesse momento, quero dizer
muito obrigada a todos os meus companheiros de turma, em especial, a dedicada e sempre companheira
Edilma Desidério, a atenciosa e divertida Taiana Jung, a Aline Miranda que tivemos a chance de nos
reencontrar e reconstruir nossa valiosa amizade relembrando os tempos de faculdade, aos inesquecíveis
Vanessa de Souza, Raquel Vasconcellos, Vanderson Berbat, Leonardo Mello e Salomão Soares.

Aos amigos queridos que não poderia deixar de lembrar, pois, cada um, a seu modo, direta ou
indiretamente, contribuíram, incentivaram, apoiaram e, mesmo de longe, sempre torceram por mim, quero
aqui registrar o meu muito obrigado a Diogo, Demetrius, Adeilton, Luciana, Cristiano, Patrícia, Daniele,
Mônica, Cláudio Felipe, Fernando, Silvano, Simone, Adelmo, Tânia, Aguinaldo, Regina e Manoel.

vi
Existe ainda uma amiga que gostaria de destacar, pois sempre acreditou no meu potencial, incentivando,
ouvindo, compreendendo e mostrando que vale a pena prosseguir na busca dos nossos objetivos. A você
Lia quero registrar minha admiração, carinho e dizer muito obrigada!

Aos meus três tios Jorge, Sebastião e Messias presentes que ganhei ao longo da minha vida, sempre
acreditaram em mim, sem deixar de mencionar outro gratificante presente, a amiga Lourdinha, quero
dizer meu muito obrigado a todos vocês.

Aos professores José Eustáquio, Neide Patarra, Nelson Senra, Paulo Mibielli, José Francisco, Narcisa
Santos, Regina Lanzilloti, Inês Patrício, pois através deles pude vivenciar diferentes experiências tanto
sobre a ciência, a pesquisa e a sociedade quanto sobre a conduta profissional e até mesmo pessoal.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para meu desenvolvimento profissional e também como
ser humano, pois, sem dúvida, hoje eu sou uma pessoa melhor graças a todas as experiências que pude
de alguma forma compartilhar com vocês, seja em meio à lágrimas ou em meio a grandes sorrisos, muito
obrigada por cada uma das palavras e dos gestos de carinho, muito obrigada pelas sugestões e críticas,
muito obrigada pela atenção. Quero dizer a todos vocês que para mim, esse trabalho, não se trata
apenas de mais uma etapa cumprida em minha trajetória profissional, para mim, a realização e conclusão
desse trabalho representam a conquista do mérito da vida.

vii
RESUMO

Esse estudo busca construir um indicador que permita identificar e comparar as


condições de vida de uma população, - sendo adotada neste caso, a população dos
municípios da Baixada Fluminense no Estado do Rio de Janeiro -, através de uma
análise baseada no Apoio Multicritério à Decisão (AMD), a fim de tentar extrapolar as
diferentes possibilidades do método Prométhée II. Para tanto, é adotada como forma
de operacionalização do referido método, o aplicativo PRADIN – Programa para Apoio
à Tomada de Decisão Baseada em Indicadores –, desenvolvido sob a referência
metodológica da escola francesa de apoio multicritério à tomada de decisão, onde a
partir da utilização de um conjunto de diferentes simulações de uso da técnica,
fazendo-se modificações no grupo de indicadores considerados, nos seus pesos, nas
funções de preferência, seus parâmetros e no conjunto de decisores envolvidos, para
que se possa com base nesses resultados avaliar a robustez do indicador multicritério
final. Com isso, espera-se observar limites e possibilidades do método adotado, bem
como, a situação da Baixada Fluminense (cenário utilizado convenientemente como
pano de fundo para aplicação da metodologia) através da avaliação de seus
municípios quanto aos indicadores sociais. Quanto à estrutura, o estudo está dividido
em quatro capítulos. O capítulo 1 apresenta uma discussão sobre conceito e
mensuração de condições de vida, passando em seguida para a questão dos
indicadores sociais no apoio à decisão no âmbito da gestão pública. Ademais, este
capítulo é encerrado com a descrição de alguns esforços metodológicos na
mensuração das condições de vida. No capítulo 2, tem-se uma caracterização das
condições de vida da Baixada Fluminense através dos indicadores sociais municipais,
sendo que inicialmente se faz um resgate sobre o processo de formação da Região.
Quanto ao capítulo 3, refere-se à metodologia aplicada no estudo, apresentando uma
discussão que vai desde as etapas do processo decisório até exemplos de aplicações
do AMD no ciclo das políticas públicas, passando pelos métodos que compõem a
análise multicritério, bem como, conceitos e aspectos metodológicos. O capítulo 4
apresenta os resultados para a Baixada Fluminense segundo o indicador multicriterial,
e no qual, além disso, são apresentados ainda os resultados e efeitos das simulações
testadas no estudo, assim como uma análise de sensibilidade. O estudo é finalizado
com a apresentação dos principais resultados e considerações pertinentes aos limites
e possibilidades percebidos durante seu desenvolvimento.

Palavras-chave: análise multicritério; condições de vida; Baixada Fluminense;


indicadores sociais; déficit social; indicadores sintéticos.

viii
ABSTRACT

This study search to build an indicator that allows to identify and to compare the
conditions of life of a population, - being adopted in this case, the population of the
municipal districts of the Baixada Fluminense in the State of Rio de Janeiro -, across
an analysis based on the Multi-Criteria Analysis (MCA), in order to try to extrapolate the
different possibilities of the method Prométhée II. For so much, it is adopted as form of
operating of the referred method, the application PRADIN - it Programs for Support to
Decision Based on Indicators -, developed under the methodological reference of the
French school of Multi-Criteria Analysis, where begin from the use of a group of
different simulations use to the technique, being made modifications in the group of
considered indicators, in your weights, in the functions preferably, your parameters and
in the group of involved manager, for that with base in those results can to evaluate the
robustness of the final Multi-Criteria indicator. Like this, we hopes to observe limits and
possibilities of the adopted method, as well as, the situation of the Baixada Fluminense
(scenery used conveniently as backdrop for application of the methodology) through
the evaluation of your municipal districts with relationship to the social indicators. With
relationship to the structure, the study is divided in four chapters. The chapter 1
presents a discussion about concept and measurable of life conditions, passing soon
after for the subject of the social indicators in the support to the decision in the ambit of
the public administration. This chapter is contained with the description of some
methodological efforts in the measurable of the life conditions. In the chapter 2, a
characterization of the conditions of life of the Baixada Fluminense is had through the
municipal social indicators, and initially it is made a ransom on the process of formation
of the Area. The chapter 3, it refers to the applied methodology in the study, presenting
a discussion that is going from the stages of the decision process to examples of
applications of AMD in the cycle of the public politics, going by the methods that
compose the Multi-Criteria Analysis, as well as, concepts and methodological aspects.
The chapter 4 presents the results for the Baixada Fluminense according to the Multi-
Criteria indicator, and in which, besides, also are presented the results and effects of
the simulations still tested in the study, likewise a sensibility analysis. The study is
concluded with presentation of the principal results and pertinent considerations to the
limits and possibilities noticed during your development.

Keywords: Multi-Criteria indicator; condition of life; Baixada Fluminense; social


indicators; social deficit; summary index.

ix
SUMÁRIO

Lista de quadros e figuras........................................................................................................ xi


Lista de tabelas e gráficos....................................................................................................... xii

Introdução................................................................................................................................... 1

Capítulo 1 - Condições de Vida na Baixada Fluminense: aspectos conceituais para um


diagnóstico para políticas públicas.......................................................................................... 4

1.1. Condições de Vida: uma revisão conceitual..................................................................... 4


1.2. Indicadores Sociais como instrumento de apoio à Gestão Pública................................ 11
1.3. Indicadores Sociais na análise das Condições de Vida................................................. 18

Capítulo 2 – Caracterização demográfica e Condições de Vida da Baixada Fluminense. 24

2.1. Breve histórico da Baixada Fluminense.......................................................................... 24


2.2. Caracterização demográfica........................................................................................... 28
2.3. Caracterização socioeconômica dos municípios da Baixada......................................... 34
2.4. Uma síntese dos Indicadores Sociais dos municípios.................................................... 41

Capítulo 3 - Análise multicritério para apoio à tomada de decisão..................................... 44

3.1. O processo de tomada de decisão: complexidade e etapas.......................................... 44


3.2. Processo decisório com base nos métodos multicritério................................................ 48
3.3. Apoio Multicritério à Decisão (AMD): conceitos e aspectos metodológicos................... 55
3.4. Aplicações do Apoio Multicritério à Decisão no ciclo das Políticas Públicas.................. 66

Capítulo 4 – Indicador Multicriterial para municípios da Baixada Fluminense: análise dos


efeitos das diferentes escolhas metodológicas.................................................................... 71

4.1. O uso do PRADIN para cômputo do Indicador Multicriterial.......................................... 71


4.2. Aplicação do PRADIN na simulação do cômputo do Indicador Multicriterial................. 75
4.3. A pergunta que não quer calar: qual dos Indicadores Multicriteriais representa a melhor
escolha? ............................................................................................................................... 91

Considerações Finais............................................................................................................... 97

Bibliografia............................................................................................................................... 101

Anexos...................................................................................................................................... 105

x
LISTA DE QUADROS E FIGURAS

QUADRO 1: Alguns exemplos de indicadores segundo a área temática.................................. 16

QUADRO 2: Etapas de Construção do Indicador Multicriterial para seleção de público-alvo de


programas sociais usando o PRADIN........................................................................................ 74

QUADRO 3: Sumário das simulações realizadas para cômputo do Indicador Multicriterial


utilizando o PRADIN................................................................................................................... 79

FIGURA 1: Indicadores Sociais classificados segundo critério de avaliação............................ 17

FIGURA 2: Estado do Rio de Janeiro e a localização da Baixada Fluminense......................... 27

FIGURA 3: Municípios da Baixada Fluminense......................................................................... 27

FIGURA 4: Municípios da Baixada Fluminense segundo ano de criação e origem.................. 29

FIGURA 5: O Processo Decisório.............................................................................................. 46

FIGURA 6: Organização da estrutura do multicritério................................................................ 51

FIGURA 7: Contextualização dos atores no processo decisório............................................... 53

FIGURA 8: Procedimentos para construção de um critério de decisão..................................... 57

FIGURA 9: Representação gráfica da função de preferência Verdadeiro Critério ou Critério


Usual.......................................................................................................................................... 62

FIGURA 10: Representação gráfica da função de preferência de um Critério de Nível............ 63

FIGURA 11: Representação gráfica da função de preferência Critério Gaussiano (Monotônica


Contínua) ................................................................................................................................... 64

FIGURA 12: Déficit social na Baixada Fluminense, segundo o Indicador Multicriterial............. 95

xi
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

TABELA 1 - População residente, por anos de referência, segundo os municípios da Baixada


Fluminense - 1991-2000............................................................................................................. 30

TABELA 2 - População residente percentual por grupos de idade, segundo os municípios da


Baixada Fluminense – 1991....................................................................................................... 32

TABELA 3 - População residente percentual por grupos de idade, segundo os municípios da


Baixada Fluminense – 2000....................................................................................................... 32

TABELA 4 - Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, por sexo,


segundo os municípios da Baixada Fluminense – 1991 e 2000................................................ 34

TABELA 5 - Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes com rendimento


de até 2 salários mínimos, segundo os municípios da Baixada Fluminense – 1991 e 2000..... 35

TABELA 6 - Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, por grupos de


anos de estudos do responsável, segundo os municípios da Baixada Fluminense – 2000..... 37

TABELA 7 - Domicílios particulares permanentes, por forma de abastecimento de água,


segundo os municípios da Baixada Fluminense – 1991 e 2000................................................ 38

TABELA 8 - Domicílios particulares permanentes, por tipo de esgotamento sanitário, segundo


os municípios da Baixada Fluminense – 1991 e 2000............................................................... 39

TABELA 9 - Domicílios particulares permanentes, por destino do lixo, segundo os municípios


da Baixada Fluminense – 1991 e 2000...................................................................................... 40

TABELA 10 – Síntese dos Indicadores de Déficit Social, segundo os municípios da Baixada


Fluminense - 2000...................................................................................................................... 42

TABELA 11 – Indicadores de Déficit Social utilizados como critério de avaliação para o


cômputo do Indicador Multicriterial no PRADIN, segundo os municípios da Baixada Fluminense
– 2000......................................................................................................................................... 75

TABELA 12 – Indicador Multicriterial obtido a partir dos resultados da 1ª simulação, segundo


os municípios da Baixada Fluminense....................................................................................... 80

TABELA 13 – Correlação entre o Indicador Multicriterial e os indicadores analíticos............... 80

TABELA 14 – Indicador Multicriterial por simulações realizadas no PRADIN, segundo os


municípios da Baixada Fluminense - 2000................................................................................. 83

TABELA 15 – Posição dos municípios da Baixada Fluminense segundo o Indicador


Multicriterial - 2000..................................................................................................................... 84

GRÁFICO 1 – Densidade Demográfica dos municípios da Baixada Fluminense – 1991-2000.. 30

GRÁFICO 2 – População residente percentual por grupos de idade – Baixada Fluminense –


1991-2000.................................................................................................................................. 33

GRÁFICO 3 – Percentual de Responsáveis por Domicílios com até 2 SM - Baixada Fluminense


– 1991-2000............................................................................................................................... 36

xii
GRÁFICO 4 – IQM-Carências dos municípios da Baixada Fluminense em 2000..................... 43

GRÁFICO 5 – Indicador Multicriterial da 1ª simulação obtido no PRADIN................................ 81

GRÁFICO 6 – Indicador Multicriterial 2ª simulação versus 1ª simulação.................................. 85

GRÁFICO 7 – Indicador Multicriterial 5ª simulação versus 2ª simulação.................................. 87

GRÁFICO 8 – Indicador Multicriterial 7ª simulação versus 5ª simulação.................................. 88

GRÁFICO 9 – Indicador Multicriterial 8ª simulação versus 7ª simulação.................................. 89

GRÁFICO 10 – Indicador Multicriterial 12ª simulação versus 7ª simulação.............................. 90

GRÁFICO 11 – Indicador Multicriterial 12ª simulação versus 13ª simulação.............................91

xiii
INTRODUÇÃO

O debate sobre a mensuração de condições e qualidade de vida ganhou


fôlego a partir da retomada do planejamento público, com a finalidade de agregar
maior transparência à gestão pública. Assim, identificar e medir o nível de acesso da
população a bens e serviços sociais tornou-se essencial para monitorar e avaliar as
ações dos gestores, bem como, o resultado efetivo dos programas e das políticas
sociais. A necessidade de planejamento, transparência e ampliação da participação
social junto à gestão pública vêm se consolidando cada vez mais a partir da Agenda
Político-Social estabelecida com a Constituição de 1988.
A gestão pública no país vem sendo alvo de transformação, uma vez que
dada necessidade global de prestar contas à sociedade como um todo, o
planejamento público ressurge com a finalidade de contribuir para uma distribuição
mais equânime dos recursos, bem como, cumprir compromissos sóciopolíticos
estabelecidos. Essa necessidade gerou uma crescente demanda por informações
sobre o modo de vida da população, os gastos públicos, a abrangência e o impacto da
ação pública, buscando propiciar aos gestores e à sociedade elementos que propiciem
subsídios necessários à elaboração de políticas públicas mais eficientes, eficazes e
efetivas.
Desse modo, os indicadores sociais são potenciais instrumentos de apoio ao
processo de tomada de decisão, principalmente, no tocante ao planejamento público
estratégico. Os indicadores possibilitam monitorar e avaliar a atuação governamental
no âmbito das políticas públicas, orientando o processo decisório baseado em critérios
técnico-científicos, e apresentando ainda a possibilidade de instrumentalizar a
participação social nesse processo. Através desses indicadores também é possível
construir diagnósticos das condições de vida da população, abrindo um universo de
possibilidades para avaliação do impacto das políticas públicas, identificando assim,
avanços e retrocessos gerados a partir dessas políticas.
A avaliação das condições de vida da população de um município através de
indicadores sociais pode revelar situações importantes na identificação de carências e
deficiências quanto ao acesso a bens e serviços públicos, além disso, é possível
também identificar, no caso de uma comparação entre municípios, por exemplo,
regiões críticas, apontado as que apresentam situações mais precárias.
Através de uma análise baseada no Apoio Multicritério à Decisão (AMD), esse
trabalho busca construir um indicador que permita identificar e comparar as condições
de vida de uma população, sendo adotada no caso desse estudo a população dos

1
municípios da Baixada Fluminense no Estado do Rio de Janeiro. Para isso, baseia-se
na avaliação das diferentes possibilidades do método Prométhée II que pertence à
família AMD. Assim sendo, esse estudo tem por objetivo tentar extrapolar as diferentes
possibilidades do método Prométhée II, implementado no aplicativo PRADIN –
Programa para Apoio à Tomada de Decisão Baseada em Indicadores, onde seja
possível identificar as diferentes escolhas metodológicas oferecidas pelo método, bem
como, do aplicativo de sua implementação no processo de construção de um Indicador
Multicriterial.
Com isso, espera-se observar limites e possibilidades do método adotado,
bem como, a situação da Baixada Fluminense (cenário utilizado convenientemente
como pano de fundo para aplicação da metodologia) através da avaliação de seus
municípios quanto aos indicadores sociais.
A adoção da Baixada Fluminense como cenário tem uma característica
singular para esse estudo em função da observância e indignação forjadas em minha
experiência de vida. No entanto, muito mais do que uma reflexão individual, pode-se
notar também que são alarmantes as demandas sociais dos municípios que compõem
a Baixada Fluminense. Isto é, trata-se de uma região que, atualmente, faz parte da
Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro e que ao longo de sua formação foi
constituída como periferia da Capital, o que contribuiu, em boa medida, com o déficit
social apresentado durante seu processo de formação, e que ainda hoje vem se
apresentando em alguns aspectos. Assim, com intuito de observar as possíveis
variações existentes entre municípios é que se baseia a avaliação das condições de
vida da Baixada Fluminense, visando apresentar subsídios que possam orientar as
prioridades socioeconômicas da Região, a partir da identificação de situações críticas,
permitindo uma aplicação mais adequada dos programas e políticas sociais.
O Apoio Multicritério à Decisão (AMD) apresenta, em boa medida, elementos
metodológicos que permitem uma análise das condições de vida no nível municipal,
por meio da avaliação simultânea de diferentes critérios (indicadores), uma vez que,
trata-se de uma técnica que busca solução mais adequada para um problema com
vários objetivos a serem alcançados. Em outras palavras, através da identificação de
regiões críticas, o método permite chegar a um diagnóstico social dos municípios
analisados.
Quanto à estrutura, o estudo está dividido em quatro capítulos. O capítulo 1
apresenta uma discussão sobre conceito e mensuração de condições de vida,
passando em seguida para a questão dos indicadores sociais no apoio à decisão no

2
âmbito da gestão pública; este capítulo é encerrado com a descrição de alguns
esforços metodológicos na mensuração das condições de vida. No capítulo 2, tem-se
uma caracterização das condições de vida da Baixada Fluminense através dos
indicadores sociais municipais, sendo que inicialmente se faz um resgate sobre o
processo de formação da Região. Quanto ao capítulo 3, refere-se à metodologia
aplicada no estudo, apresentando uma discussão que vai desde as etapas do
processo decisório até exemplos de aplicações do AMD no ciclo das políticas públicas,
passando pelos métodos que compõem a análise multicritério, bem como, conceitos e
aspectos metodológicos. O capítulo 4 apresenta os resultados para a Baixada
Fluminense segundo o indicador multicriterial, e no qual, além disso, são apresentados
ainda os resultados e efeitos das simulações testadas no estudo, assim como uma
análise de sensibilidade. O estudo é finalizado com a apresentação dos principais
resultados e considerações pertinentes aos limites e possibilidades percebidos durante
seu desenvolvimento.

3
CAPÍTULO 1

CONDIÇÕES DE VIDA NA BAIXADA FLUMINENSE: ASPECTOS CONCEITUAIS PARA UM


DIAGNÓSTICO EM POLÍTICAS PÚBLICAS

Este capítulo apresenta uma abordagem histórico-conceitual de condições e


qualidade de vida. Na seqüência tem-se um debate sobre a importância dos conceitos
mencionados para o Movimento dos Indicadores Sociais, suas aplicações, seus
diferentes aspectos e propriedades, e sua relevância para a Gestão Pública. Por fim,
lança mão de uma análise mais aprofundada da aplicação dos indicadores sociais no
que diz respeito à mensuração de condições de vida.

1.1. Condições e qualidade de Vida: uma revisão conceitual

A necessidade de obter conhecimento mais claro e aprofundado sobre os


problemas da população, proveniente do retorno do planejamento público à agenda
dos governos, assim como, pelas imposições da Lei de Responsabilidade Fiscal e
também, por conta da ampliação dos canais de controle social, tem gerado subsídios
fundamentais à compreensão das condições que contribuem para a qualidade de vida
dessa população.
A caracterização das carências e necessidades da população leva luz ao
debate sobre condições de vida, no sentido de discutir conceito, mensuração e
apresentação de estratégias que forneçam subsídios à proposição de políticas sociais
voltadas à melhoria das condições de vida da população.
O debate sobre o conceito de condições de vida é marcado pelo dissenso
entre os autores, sobretudo por conta do elevado nível de subjetividade que envolve o
tema, além do imenso volume de incertezas sobre conceitos como as necessidades
humanas, as demandas sociais e, ainda a escassez dos recursos. Mas, no campo da
gestão pública é preciso cada vez mais conhecer as especificidades das situações em
que a população se encontra para que seja possível obter informações relevantes e,
assim, instrumentalizar o planejamento da atuação do poder público, permitindo a este
agir de modo que possa otimizar a utilização dos recursos públicos, e direcioná-los de
acordo com as necessidades da população.
Nos anos 1990 ocorreu uma intensificação de esforços metodológicos
voltados à reflexão e ao debate sobre conceito e mensuração de condições de vida

4
para fins de planejamento, dimensionamento e monitoramento da eficiência das
políticas implementadas, a fim de possibilitar a avaliação da atuação do ator público.
Isto ocorre devido à intensificação de fatores como aumento da criminalidade,
pobreza, déficit de habitações, de transporte, entre outros, e no caso brasileiro, mais
especificamente, pelo fato da Constituição de 1988 gerar uma demanda por parte dos
municípios em busca de conhecimento sobre as condições de vida da população local,
como veremos mais detalhadamente no item 1.2.
Entretanto, definir ou delimitar as necessidades mínimas de sobrevivência de
uma população seja conceitual, política ou normativamente não é algo simples. Há
que se considerar os contextos sociais, econômicos e culturais dessa população,
assim como a carga de subjetividade que está implícita em seu modo de vida. Além
disso, trata-se de uma questão que muitas vezes se refere especificamente à
determinada parcela da população que irá utilizar os “benefícios” das políticas
implementadas, a fim de possibilitar a satisfação de tais necessidades humanas, ou
seja, o efeito dessas políticas deveria impactar na melhoria das condições de vida da
população. Por exemplo, em um programa de habitação popular, espera-se que
famílias que não têm casa própria ou que vivem em condições habitacionais precárias
possam, a partir desse programa, viver em habitações consideradas adequadas.
Porém, há quem defenda que o debate sobre a mensuração e a
caracterização da pobreza a partir das condições de vida da população deva estar
apenas vinculado à renda (linha de pobreza) ou ao consumo de bens e serviços.
Entretanto, a questão operacional dessas metodologias é discutível, uma vez que é
muito difícil estabelecer uma cesta básica de bens e serviços que atenda
minimamente às necessidades de uma população dadas suas especificidades. E no
caso do rendimento é possível dizer que um mesmo nível de renda poderia
representar diferentes condições de vida, já que vários fatores poderiam influenciar
positiva ou negativamente nessas condições de vida da população, tais como:
diferentes situações e condições de moradia; acesso à saúde e à educação; bem
como a manutenção de uma regularidade no rendimento. (TROYANO et al., 1990, p.
33)
A questão central que permeia o debate em torno da conceituação de
condições de vida está em determinar quais são as condições mínimas ou básicas que
podem satisfazer as carências e necessidades da população. Ao pensar condições de
vida a partir do eixo das necessidades pode-se dizer que “freqüentemente,
necessidades sociais são consideradas como: falta ou privação de algo (tangível ou

5
intangível); (...) demanda, como procura por satisfação econômica, social ou
psicológica de alguma carência” (PEREIRA, 2002, p. 39, 40).
Apesar da forte subjetividade que envolve o tema não se pode esquecer que
além das necessidades individuais existem as necessidades coletivas, ou seja, as que
são vivenciadas em grupos sociais e funcionam como parâmetro para a formulação e
implementação de políticas públicas. Sendo assim, pode-se dizer que a noção de
condições de vida vem se construindo historicamente a partir construções teóricas e
constatações empíricas sobre as necessidades, carências sociais, pobreza,
desigualdades sociais, além da exclusão social.
Ao voltar atenção para o debate internacional sobre pobreza pautado nas
condições em que uma população vive, onde muitas vezes as condições de vida da
população brasileira é comparada com a de populações de países bem menos
desenvolvidos, técnicos e especialistas brasileiros, nos últimos anos, se empenharam
em

“construir um modelo de pesquisa que pudesse incorporar o


aspecto multifacetado da pobreza e ao mesmo tempo captasse
as diferentes carências e formas de acesso a bens e serviços
considerados essenciais, assim como os mecanismos que
(re)produzissem a situação de pobreza no país, o que poderia
ser representado, em parte, pela renda”. (TROYANO et al.,
1990, p. 33)

O papel das políticas sociais deveria ser o de contribuir com o melhoramento


do padrão de vida minimamente adequado dessa parcela da população que
efetivamente necessita da ação do Estado para complementar ou em muitas vezes
garantir a satisfação de suas necessidades. No caso brasileiro, sabe-se que essa
parcela da população que será atendida pela ação pública através das políticas sociais
é bem grande, e que a má distribuição de renda, associada ao baixo nível de
escolaridade, e às condições precárias de habitação são fatores preponderantes nas
condições de vida da população. Deste modo, o acesso à água tratada, ao
saneamento, à educação (inclusive o aumento no nível de alfabetização de adultos), à
habitação, à saúde, à cultura e ao lazer, à alimentação e ao mercado de trabalho,
assim como às políticas de redistribuição de renda, são fatores que influenciam
diretamente nas condições de vida, o que conseqüentemente conduz o debate à
questão da qualidade de vida da população.
É no sentido de avaliar em que medida as políticas públicas atendem as
necessidades da população e até que ponto elas contribuem para a melhora de suas
condições de vida, que se pauta o debate sobre monitoramento e avaliação de

6
políticas públicas. É necessário para tanto, investigar o modo de vida da população e
seu acesso aos programas sociais disponibilizados pelo poder público. Desta forma,
Troyano et al. afirmam que

“(...) a avaliação das condições de vida da população a partir


da abordagem direta tem um caráter predominantemente
estrutural, uma vez que carências habitacionais, sobretudo em
educação e saúde, são resultados de processos que ocorreram
no passado, em prazo mais dilatado, e dificilmente refletem
problemas de natureza conjuntural”. (TROYANO et al., 1990,
p. 35)

Em outras palavras, a noção do nível de carência das condições de vida da


população está diretamente ligada ao déficit de serviços sociais direcionados a essa
mesma população, ou melhor, à deficiência no acesso a serviços e bens públicos ou
privados que são necessários à sua existência, seja no campo educacional, da saúde
pública, habitacional, trabalho e renda, cultural, entre outros.
Assim como condições de vida, déficit social também está intrinsecamente
ligado à questão da qualidade de vida, uma vez que pode ser entendido como a
“parcela da demanda populacional não atendida adequadamente em termos de
programas sociais ou de bens públicos e privados, segundo um padrão normativo
desejável de bem-estar” (JANNUZZI, 2006, p. 3). Pois, se há lacunas de serviços
sociais no atendimento à população, certamente algum aspecto das condições de vida
dessa população estará comprometendo à sua qualidade de vida.
Além da complexidade implícita na conceituação de condições de vida, existe
uma variedade de denominações para o termo como, por exemplo, as que Jannuzzi
(1998, p. 55) relaciona a partir de um levantamento bibliográfico: “nível de vida”;
“padrão de vida e nível de pobreza”; “qualidade de vida”; “grau de desenvolvimento
humano”, entre outros. Portanto, déficit social é mais uma denominação dentre as que
constam do debate sobre condições e qualidade de vida, já que está se tratando da
deficiência dos serviços sociais prestados a sociedade.
Dados os aspectos que envolvem as dificuldades conceituais e normativas
em definir condições de vida, devido seu grau de complexidade, vale lembrar que não
se deve discutir qualidade de vida de uma população sem antes identificar e refletir
sobre as condições que permitem satisfazer as necessidades de bem-estar social
dessa população.
Ainda baseado na abordagem do tema qualidade de vida, deve-se levar em
consideração a diversidade de aspectos que estão envoltos nesse conceito, conforme,
por exemplo, os que foram descritos por Nahas (2002, p. 27):

7
“(...) o uso da expressão ‘qualidade de vida’ remete à demanda
por melhores condições de saúde e bem-estar, face aos
impactos e desigualdades sociais geradas pelo crescente
processo de urbanização, mas remete sobretudo a
componentes de caráter imaterial, imprimindo ao conceito o
enfoque do indivíduo, da pessoa, vinculado a aspirações por
felicidade, bem-estar e satisfação pessoal”.

No que tange a qualidade de vida, pode-se perceber que cada vez mais o
tema ocupa espaço na agenda político-social do país, provocando debates sobre as
propostas, metas e objetivos de programas sociais, bem como, sobre a atuação
pública evocando a necessidade de diagnósticos, monitoramento e avaliação das
políticas públicas. O termo qualidade de vida tem um sentido bastante genérico não
sendo de fácil definição nem de fácil compreensão, trata-se de um conceito subjetivo
extremamente complexo que está relacionado às necessidades individuais e sociais
da população. (VITTE et al., 2002, p. 40)
O debate sobre qualidade de vida engloba ainda diferentes dimensões, dentre
elas, pode-se destacar a social, que abarca saúde, educação, trabalho e renda, infra-
estrutura urbana, cultura, entre outras. Assim, a questão da pobreza e do bem-estar
humano, por exemplo, surge a partir do debate sobre da qualidade de vida balizando
discussões sobre o planejamento para ação pública.
Ao fazer um resgate contextual do tema Vitte et al. (2002, p. 40) diz que “a
qualidade de vida, principalmente a partir da década de 1970, tem se tornado uma
referência nas discussões do planejamento do desenvolvimento e dos padrões de
intervenção do Estado, principalmente no nível local”, logo, o conhecimento das
condições de vida e das necessidades individuais e coletivas contribui em muito para
que se possa organizar a ação pública, tendo no planejamento referência para
instrumentalizar tal ação.
Mas se a qualidade de vida é tão importante para os propósitos de
planejamento no setor público, como fazer para medir questões tão singulares da
dinâmica social? È difícil construir um modelo que possa captar o nível de
necessidades individuais e coletivas, levando em conta o contexto social e cultural dos
indivíduos. É nessa perspectiva que os debates e reflexões sobre o tema têm buscado
contribuir para a proposta de diferentes métodos na tentativa de medir alguns
aspectos da qualidade de vida.
Nesse sentido, os indicadores têm apresentado importante papel na tentativa
de identificar e medir o grau de desigualdades sociais, econômicas e culturais da

8
sociedade, construindo ferramentas que auxiliem no processo de elaboração de
estratégias para melhorar o bem-estar.
No Brasil as desigualdades se manifestam de diferentes maneiras, seja de
oportunidades, de renda, de cidadania, de direitos etc, o que per se contribui para que
as condições de vida da população se apresentem de modo bastante particular e
complexo.
Pode-se dizer que, do ponto de vista do desenvolvimento, a noção de
qualidade de vida passou por certa evolução, pois se antes (até anos 1950) quando os
estudos que falavam sobre desenvolvimento abordavam a qualidade de vida segundo
a perspectiva econômica (renda, produto interno bruto - PIB, nível de emprego), a
partir dos anos 1960 foi agregada à noção de qualidade de vida o conceito de bem-
estar. Mas, somente nos anos 1970 esse conceito de bem-estar passou a ter
conotação mais abrangente, saindo da lógica totalmente econômica e determinística e
incorporando um significado mais social. (VITTE et al., 2002)
Antes a qualidade era vista a partir do nível de consumo de bens e serviços,
passa a ter agregado em seu conceito componentes da dimensão social como
escolaridade, saúde e emprego. Ademais, nos anos 1980, é incorporada também a
questão ambiental, trazendo à discussão sobre desenvolvimento alguns aspectos
determinantes das condições de vida de uma dada população.

“(...) Nesse contexto o debate sobre qualidade de vida ficou


mais marcante. Seguiu-se, então, um esforço por construir um
indicador que integrasse aspectos múltiplos da vida social,
econômica e ambiental, que são os que participam da
qualidade de vida dos indivíduos (associado à idéia de ser)”.
(VITTE et al., 2002, p. 41).

Nesse sentido, pode-se citar a proposta de construção do Índice de


Desenvolvimento Humano (IDH), nos anos 1990, realizada pelo PNUD – Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que visa medir o nível da qualidade de
vida entre os países, como um dos exemplos do resultado das reflexões sobre
desenvolvimento e qualidade de vida, na tentativa de sintetizar a complexidade
referente ao tema.
No âmbito da mensuração das condições e da qualidade de vida é importante
destacar que mais do que medir o nível de acesso a bens e serviços é necessário
buscar captar a qualidade da satisfação de necessidades elementares do indivíduo,
como: o acesso à educação, saúde, água potável, alimentação, habitação, trabalho,
cultura e lazer. Minayo et al. alertam ainda para uma questão mais global dizendo que,

9
“(...) no mundo ocidental atual, por exemplo, é possível dizer
também que desemprego, exclusão social e violência são, de
forma objetiva, reconhecidos como a negação da qualidade de
vida. Trata-se, portanto, de componentes passíveis de
mensuração e comparação, mesmo levando-se em conta a
necessidade permanente de relativizá-los culturalmente no
tempo e no espaço”. (MINAYO et al., 2000, p. 10)

Ao falar em qualidade de vida não se pode deixar de considerar que este é


um assunto peculiar à percepção do indivíduo que traz consigo toda uma construção
psicossocial de suas necessidades. Portanto, em estudos sobre a temática aqui
apresentada não se deve considerar apenas a composição normativa de uma agenda
ao analisar seus resultados, sobretudo, deve-se levar em conta a questão estrutural da
população e da localidade que está sendo analisada, para que se possa mais do que
cumprir metas, exercer um compromisso efetivo de responsabilidade social. Por
exemplo, “todas as crianças devem freqüentar a escola”, deve-se garantir o acesso de
todas as crianças à escola, tanto quanto uma educação de qualidade, com base sólida
e eficaz, não priorizando assim apenas o quantitativo de crianças que vão a escola,
mas a qualidade do ensino se torna fator significativo no processo de avaliação do
desempenho escolar que, é muito mais do que apenas desempenho do aluno, mas da
Unidade de Ensino, do Sistema de Educação etc.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) define qualidade de vida como
sendo "a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e
sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações" (WHOQOL GROUP, 1994, p. 23)
Dada a multiciplidade e a complexidade do tema, torna-se importante pensá-
lo a partir do âmbito local no sentido de gerar subsídios, tanto para o setor público
quanto para a sociedade, para que possa permitir a discussão e o planejamento da
atuação pública orientada pela percepção da população local sobre suas
necessidades satisfeitas e também as insatisfeitas.
Quanto à mensuração, pode-se afirmar que é muito difícil medir as condições
de vida a partir de um enfoque quantitativo devido à complexidade de sua
conceituação (JANNUZZI, 1998). Porém, vários esforços têm sido apresentados no
sentido de tentar medir/caracterizar as condições de vida da população, visando de
um lado, instrumentalizar o poder público para que possa realizar o planejamento
necessário ao cumprimento de compromissos já estabelecidos como a Lei de
Responsabilidade Fiscal, o Planejamento Plurianual, Lei de Responsabilidade Social,
entre outros, já mencionados anteriormente, além de buscar estratégias para melhor

10
distribuir os recursos, para otimizar as condições que possam levar ao
desenvolvimento e a sustentabilidade local. De outro lado, esses esforços levam à
sociedade subsídios que fundamentam sua participação direta no exercício do controle
social, a partir de reivindicações quanto ao melhoramento do bem-estar, a igualdade
de oportunidades etc.
Em suma, existe atualmente uma demanda voltada ao planejamento no setor
público que se intensifica cada vez mais no nível local, o que aumenta a busca por
informações mais detalhadas sobre condições e qualidade de vida da população nos
municípios. Assim sendo, identificar e caracterizar o modo, condições e estilo de vida,
aliado a projetos de desenvolvimento e direitos humanos e sociais, constituem
ferramentas que permitem monitorar o desenvolvimento desses municípios.

1.2. Indicadores Sociais como instrumento de apoio à Gestão Pública

Pode-se dizer que o marco conceitual do movimento de indicadores sociais,


datado de meados da década de 1960, foi fruto da crescente insatisfação com o
volume e a qualidade das informações sociais disponíveis aos agentes
governamentais, ou seja, os tomadores de decisão. Esse movimento foi visto como
uma reação à ênfase exagerada que era dispensada às medidas de desempenho
econômico, e que eram retratadas como medidas indicativas do bem-estar social.

“Em poucos anos, o termo indicadores sociais passou a


abarcar uma vasta variedade de tentativas diversificadas de
especificar indicadores de bem-estar socioeconômico, desde
medidas muito específicas, tais como as de qualidade de
habitação, até as mais amplas sobre a qualidade de vida”.
(CARLEY, 1985, p. 1)

A partir do início da década de 1970, os indicadores sociais tiveram um


impulso gerado pelo entusiasmo ilimitado que, visava grandes progressos na
mensuração e na contabilidade social, inspirado na concepção de um planejamento
social quase utópico para uma nova e aprimorada qualidade de vida. No entanto,
Carley adverte que esse otimismo exacerbado acabou por insuflar o que se chamou
de “ceticismo com relação às atividades de planejamento público e, portanto com
relação à finalidade e utilidade do Sistema de Indicadores Sociais” (JANNUZZI, 2003,
p. 14).

“Ao final da década de 70, o clima se havia alterado. As


promessas feitas pelos indicadores sociais permaneciam não

11
realizadas em sua maior parte, especialmente no tocante aos
requisitos de dados para a formulação de medidas de políticas
e para o planejamento. Em alguns casos, as informações
apresentadas sob a rubrica de ‘indicadores sociais’ foram
rejeitadas como inúteis ou até mesmo como enganosas pelos
burocratas e administradores”. (CARLEY, 1985, p. 21)

Não obstante essa aparente queda da credibilidade e do interesse pelos


indicadores sociais, na passagem dos anos 1980 para 1990, o ambiente criado pela
globalização econômica e financeira, trazia em seu quadro de princípios a abertura
dos mercados e a impositiva disciplina da política monetária. O Welfare State já não
atendia tão bem às necessidades dos estados nacionais, já que as políticas sociais
contidas no seu quadro de ação, já não se sustentavam, principalmente por conta das
crises econômicas do mercado internacional e, por conseguinte no mercado interno.
(FARIA, 2005)
Dessa forma, a globalização gerou efeitos que se resvalaram no movimento
que pressupõe o seguimento de uma agenda normativa, onde os governantes
passaram a demandar uma série de informações a respeito de suas realizações, a fim
de prestar contas e cumprir as metas estabelecidas, quer pela necessidade de
comprovação ante a agenda global, ou quer pela necessidade de monitorar e avaliar
sua atuação com a finalidade de analisar o impacto de programas e políticas públicas
implementadas.
A importância de uma gestão mais transparente e participativa tem criado
uma demanda crescente por informações a respeito das múltiplas dimensões
referentes às condições e à qualidade de vida da população, o que torna os
indicadores sociais um instrumento de apoio à gestão pública. Assim, a necessidade
por informações sociais, econômicas e demográficas se intensificou com o advento da
Constituição Federal de 1988, quando o cenário sócio-político brasileiro passou por
uma sensível e profunda transformação, principalmente, no que diz respeito à re-
estruturação institucional da administração pública.
As transformações trazidas pela Constituição de 1988 vão desde a retomada
do planejamento público em âmbito local como instrumento para a atuação dos
gestores até a geração de necessidades como a descentralização e maior
transparência na gestão pública, em especial nas áreas administrativa, tributária e
fiscal, sobretudo no tocante aos municípios. Há que se considerar ainda que, a
Constituição se constituiu num importante instrumento quando trouxe em seu conjunto
de princípios normativos, uma série de mecanismos para a ampliação da participação
da sociedade civil no exercício do controle social.

12
A partir de então, diversos municípios passaram a demandar com maior
freqüência uma série de indicadores às instituições ligadas ao planejamento público,
com o intuito de fundamentar tecnicamente a elaboração de planos diretores de
desenvolvimento urbano, de planos plurianuais de investimentos, com o propósito da
avaliação de impacto de projetos, na perspectiva de justificar a alocação de recursos
federais em programas sociais no nível local, ou mesmo a fim de responder demandas
específicas oriundas de grupos sociais minoritários, por exemplo, disponibilizar
equipamentos ou serviços sociais para públicos específicos (para pessoas com
deficiência) ou por pressão política da sociedade local (melhoria dos serviços de
transporte urbano). (JANNUZZI, 2003)
Esse cenário nos permite afirmar que a administração pública no país vem
passando por uma fase de transformação devido à regulamentação de leis que exigem
planejamento, gestão eficaz e transparência no cumprimento de metas fiscais, o que
leva os gestores públicos a assumirem uma postura diferenciada quanto a sua
atuação, pois, torna-se necessário estabelecer um diálogo mais direto com a
sociedade, especialmente, no que diz respeito à comprovação de seus planos e
programas de governo.
No entanto, os indicadores sociais não podem e não devem ficar reservados
apenas aos especialistas, pois se eles têm a função de realçar os gastos públicos,
permitindo a comparação, o monitoramento e a avaliação do impacto das ações
governamentais, mais do que nunca deveriam ir além dos especialistas, sendo
difundidos para a sociedade a fim de fornecer mecanismos que possam auxiliar no
exercício do controle social. (JANNUZZI, 2003)
Devido a essas mudanças institucionais municípios, instituições ligadas ao
planejamento público e agências estatísticas passam a investir tempo, recursos
humanos e financeiros na organização de sistemas de informações estatísticas
municipais. Isso tem contribuído para que a informação que antes arquivada em
armários se transforme em informação estruturada, permitindo assim, seu uso e
disseminação tanto por parte de técnicos e pesquisadores quanto por parte de
políticos e imprensa, enfim, para uso da sociedade.
Dado esse quadro é necessário identificar qual é o conceito de indicadores
sociais, a fim de melhor compreender seu significado. Jannuzzi (2005, p. 138) define
que “(...) os indicadores sociais são medidas usadas para permitir a operacionalização
de um conceito abstrato ou de uma demanda de interesse programático”, em outras
palavras, trata-se de uma ferramenta que pode ser utilizada para identificar, entender

13
e monitorar os problemas sociais, buscando assim identificar aspectos que possam
apontar a necessidade de formulação e reformulação de programas e políticas
públicas, a fim de fornecer subsídio ao processo decisório.
Para tentar evitar com que ocorra a substituição do conceito pela medida é
necessário que ao selecionar um indicador social se busque avaliá-lo segundo suas
propriedades (JANNUZZI, 2005). Não se pode deixar de ressaltar a dificuldade de um
indicador social em satisfazer todas as propriedades consideradas importantes quando
do seu emprego, deste modo será o analista quem irá realizar uma avaliação crítica a
respeito do indicador, a fim de melhor empregar seu uso.
Sempre que possível é fundamental que o indicador social apresente
relevância para fins de formulação e avaliação dos programas sociais aos quais se
destinam. Por exemplo, a taxa de mortalidade infantil e a proporção de domicílios com
saneamento adequado são medidas relevantes para o acompanhamento de
programas de saúde pública.
A validade é outra propriedade importante a ser considerada no momento de
escolha do indicador, uma vez que a medida selecionada deve representar (o mais
próximo possível) o conceito que está sendo indicado ou a demanda política que lhe
deu origem. Pode-se citar como exemplo de validade de um indicador a utilização de
indicadores antropométricos ou do padrão de consumo familiar de alimentos para fins
de monitoramento e avaliação de programas de combate à fome, pois se trata de uma
medida diretamente ligadas a questão nutricional.
A confiabilidade da medida adotada é outro critério fundamental a ser
considerado ao escolher os indicadores no sentido de legitimar seu uso. Nesse caso,
por exemplo, um estudo sobre vitimização pode ser mais confiável e mais válido para
fins de avaliação da violência em uma dada comunidade do que os dados oriundos de
registros de ocorrência policial ou ainda a mortalidade por causas violentas, já que o
indivíduo que sofreu a agressão pode por motivos de constrangimento omitir alguma
informação. Nesse caso, a pesquisa de vitimização tende ser menos constrangedora.
Existe ainda, a necessidade de que o indicador apresente cobertura
populacional, isto é, a medida adotada deverá apresentar abrangência territorial e
populacional a fim de melhor representar a realidade empírica em questão. Por
exemplo, medidas produzidas a partir de Censos Demográficos e de bases de dados
administrativos cumprem bem o critério mencionado.
Além disso, um indicador deve apresentar sensibilidade e especificidade às
ações do programa que será monitorado e avaliado, de modo que possa responder o

14
quanto antes o resultado da intervenção realizada. Ao tomar como referência um
programa de transferência de renda, taxas como evasão escolar e freqüência escolar
são, em boa medida, sensíveis e até mesmo específicas ao avaliar os efeitos da
intervenção realizada.
Outros critérios importantes a serem considerados na seleção de indicadores
sociais dizem respeito à transparência metodológica ou inteligibilidade quanto à
construção da medida, justificando de modo claro e objetivo as escolhas realizadas a
fim de que esse indicador apresente legitimidade técnica, social e política;
comunicabilidade dessa medida ao público de maneira que permita maior
transparência técnica às decisões tomadas; factibilidade operacional para sua
obtenção; periodicidade na sua atualização; desagregabilidade populacional e
territorial se referindo ao público ou regiões específicas de interesse do programa e,
por fim, comparabilidade da medida, ou seja, que possibilite a comparação dos
resultados ao longo do tempo. (JANNUZZI, 2005, p. 139-142)
Com base nas propriedades apresentadas anteriormente é possível afirmar
que, tratam-se de critérios fundamentais para determinar a adequação dos indicadores
sociais que irão compor o sistema de avaliação e monitoramento das políticas ou
programas públicos. Entretanto, na prática fica evidente a dificuldade em se obter
indicadores que satisfaçam todos os critérios apresentados. Operacionalmente a
seleção de um indicador pode não ser adequada devido à complexidade em seu
processo de coleta ou mesmo ao alto custo, ou ainda, mesmo que o indicador
satisfaça todos os critérios de seleção possa ser que não esteja disponível na escala
territorial ou com a periodicidade desejada.
Em outras palavras, deve-se tentar adequar da melhor maneira possível os
objetivos a serem alcançados com a abordagem teórico-conceitual, as possibilidades
operacionais, os recursos disponíveis, entre outros, a fim de viabilizar a melhor
conduta a ser adotada na aplicação do estudo.
Numa abordagem prática é muito difícil para os municípios, seja pela falta de
recursos, estruturação ou ainda pelo compromisso com a periodicidade de seus
cadastros, disponibilizar informações municipais mais atualizadas e detalhadas. Em
geral, os estudos que utilizam informações municipais se baseiam em informações
oriundas dos Censos Demográficos, o que dificulta um pouco a dinâmica desses
estudos já que tais informações só são atualizadas a cada dez anos.
Já no tocante à classificação, a literatura apresenta diferentes formas para
classificar os indicadores sociais que podem ser definidos de acordo com a área

15
temática na qual está sendo aplicado, ou melhor, podem ser classificados como
indicadores demográficos e de saúde, educacionais e culturais, de mercado de
trabalho, de renda e pobreza, habitacionais e de infra-estrutura urbana, entre outros.
Um outro tipo de classificação refere-se a uma área temática mais agregada, por
exemplo, os indicadores econômicos constituem-se de um conjunto de indicadores
que apontam questões sobre a situação econômica de uma determinada região, do
mesmo modo, ocorre com os indicadores de qualidade vida, ambientais e de
desenvolvimento humano.

QUADRO 1: Alguns exemplos de indicadores segundo a área temática:

ƒ Demografia → taxa de crescimento demográfico, de urbanização, de natalidade;


ƒ Saúde → taxa de mortalidade infantil, nº de leitos hospitalares por mil habitantes;
ƒ Educação → taxa de desempenho escolar, escolaridade média, anos de estudo;
ƒ Cultura → percentual de domicílios com rádio, TV ou telefone, tiragem de jornal por
mil habitantes;
ƒ Mercado de trabalho → taxa de desemprego, proporção de empregados com
carteira assinada;
ƒ Renda e pobreza → renda familiar per capta, proporção de indigentes ou pobres;
ƒ Habitação e infra-estrutura urbana → proporção de domicílios adequados,
percentual de domicílios com acesso à água tratada e com coleta de lixo; e
ƒ Segurança pública → taxa de homicídios, roubos à mão armada por cem mil
habitantes.

Os indicadores sociais também podem ser classificados quanto à natureza do


que está sendo indicado por eles, mais especificamente, no que tange o ciclo das
políticas públicas, assim, tem-se:

¾ Indicadores-insumo → indicam aspectos referentes aos recursos disponíveis para


fins de execução das políticas públicas, ou seja, trata-se de medidas relacionadas à
disponibilidade de recursos humanos e financeiros, além da alocação de
equipamentos (ex. número de professores por quantidade de estudantes).

16
¾ Indicadores-produto → referem-se às dimensões empíricas da realidade social no
que tange as variáveis resultantes de processo sociais mais complexos, podem
retratar as condições de vida (ex. esperança de vida ao nascer).

¾ Indicadores-processo → são medidas intermediárias que permitem quantificar o


esforço de alocação dos recursos disponíveis a fim de possibilitar o atendimento de
algumas necessidades básicas (merendas escolares distribuídas diariamente por
aluno).

A partir da lógica de classificação de indicadores sociais no ciclo de avaliação


das políticas públicas, é possível qualificá-los segundo três aspectos de avaliação das
políticas públicas: 1) indicadores para avaliação da eficiência dos meios e recursos
empregados; 2) indicadores para avaliação da eficácia no cumprimento das metas; 3)
indicadores para avaliação da efetividade social do programa, ou melhor, avalia os
efeitos do programa no tocante ao bem-estar da sociedade. O quadro abaixo
apresenta esquematicamente essa classificação para os indicadores sociais segundo
o critério de avaliação.

FIGURA 1: Indicadores Sociais classificados segundo critério de avaliação

Eficiência no uso
dos recursos

Eficácia no Efetividade social


atingimento metas da política pública

Fonte: Jannuzzi, 2003, p. 25.

Para melhor compreender essa noção de eficiência, eficácia e efetividade no


processo de avaliação das políticas públicas Costa e Castanhar (2003, p. 973)
definem de acordo com o manual da Unicef que eficiência é um termo que tem origem
nas ciências econômicas, por conseqüência disso carrega o significado da menor
relação custo/benefício possível, a fim de otimizar os recursos disponíveis na
distribuição por programas. No que se refere à eficácia, os autores definem como uma
maneira de captar o grau de resposta do programa no cumprimento de seus objetivos
e metas e, no que tange a efetividade, conceituada por muitos autores como impacto,
refere-se aos efeitos positivos gerados no ambiente externo à intervenção do

17
respectivo programa. Esses efeitos podem ser compreendidos em termos técnicos,
sociais, econômicos, culturais e ambientais.
Por fim, pode-se afirmar que o movimento dos indicadores sociais tem
contribuído no sentido de gerar instrumentos de apoio à tomada de decisão no que se
refere ao planejamento público local, fortalecendo assim, o processo de
monitoramento, avaliação e diagnósticos sociais dos municípios, além de garantir a
participação e o controle social sobre todo processo de gestão das políticas públicas.

1.3. Indicadores Sociais na análise das Condições de Vida

Os indicadores sociais são ferramentas utilizadas para conhecer de modo


mais estruturado as condições de vida de uma comunidade, as cifras apontadas pelos
indicadores permitem identificar as tendências e movimentos da dinâmica social.
Assim, o uso de indicadores sociais para medir condições de vida requer uma
compreensão das relações existentes na sociedade, de modo que sua utilização
ocorra adequadamente para que seja possível apreender o sentido efetivo de seus
resultados para o conceito que está sendo representando.

“... os conceitos de pobreza ou de necessidades básicas (que


estão estreitamente ligadas ao âmbito da qualidade de vida)
têm um caráter normativo, isto é, são conceitos explícita ou
valorativamente orientados. Portanto os indicadores que
objetivam medir a pobreza ou o grau de satisfação das
necessidades básicas apenas têm sentido quando inseridos
num modelo de referência – de política ou de desenvolvimento
social – que explicite o conteúdo de cada um deles”.
(CARMO, 1993, P. 51)

A utilização de indicadores permite o conhecimento das condições de vida da


população e até da qualidade dessas condições, proporcionando a administração
pública subsídios para o monitoramento das situações empíricas observadas. Além
disso, os indicadores também contribuem para um melhor conhecimento por parte da
comunidade acadêmica dos fenômenos e transformações sociais. Através dos
indicadores sociais é possível avaliar os avanços e limites registrados, a partir do
conhecimento de importantes aspectos socioeconômicos das condições de vida da
população, de acordo com o contexto sócio-espacial em questão, apontando a eficácia
das políticas públicas quanto ao cumprimento de seus objetivos e metas.
Com o objetivo de atender a crescente demanda por indicadores sociais,
observa-se na literatura a confluência de vários esforços metodológicos (nacionais e

18
internacionais) no sentido construir um sistema amplo de indicadores ou ainda
medidas-síntese que pudessem apreender importantes aspectos da realidade social.
Entretanto,

“(...) não se deve superestimar o papel e a função dos


Sistemas de Indicadores Sociais neste processo, como se a
formulação e implementação de políticas públicas
dependessem exclusiva ou prioritariamente da qualidade dos
insumos informacionais. Na realidade, esse processo de
planejamento no setor público ou em qualquer outra esfera
está longe de ser uma atividade técnica estritamente objetiva e
neutra, conduzida por tecnocratas iluminados e insuspeitos.”
(JANNUZZI, 2003, p. 33)

Esta afirmação nos leva a refletir sobre o movimento de utilização dos índices
e dos sistemas de indicadores sociais na avaliação de políticas públicas, onde a
interpretação equivocada do uso dessas medidas muitas vezes contribui para o
excesso na aplicação do indicador, substituindo o conceito pela medida.
Internacionalmente, um dos esforços metodológicos na área de indicadores
sociais mais referenciados na imprensa de modo geral, seja por argumentos a favor ou
contra, é sem dúvida o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) proposto pelo PNUD
- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - em 1990 no lançamento do
Relatório sobre Desenvolvimento Humano 1.
O IDH foi idealizado na tentativa de medir o desenvolvimento, que até então
era muitas vezes representado pela renda per capita, propôs uma medida simples que
fosse capaz de captar os aspectos sociais da vida humana, o que Amartya Sen 2
criticou contundentemente. Contudo, em 1999 Sen rendendo-se à proposta de
Mahbud ul Haq aportou uma importante contribuição ao Relatório do PNUD “Sen
argumentava que o elevado poder de atração e comunicação do IDH estimularia seus
usuários a também consultar o vasto sortimento de tabelas estatísticas e análises mais
aprofundadas constantes nos relatórios anuais do PNUD”. (SCANDAR NETO, 2006, p.
20-21)
Trata-se de um indicador sintético de desenvolvimento humano relativamente
simples, que considera três aspectos da dinâmica social relacionados ao
desenvolvimento, que são: saúde, educação e renda. A saúde é medida através da
esperança de vida ao nascer, a educação é mensurada a partir da taxa de
alfabetização das pessoas com 15 anos de idade ou mais e pela taxa de matrícula
bruta nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior), e, por fim, a renda é

1
Publicação anual.
2
Prêmio Nobel de Economia em 1998.

19
medida pelo PIB real per capita do país ajustado pelo PPC (paridade do poder de
compra). Calcula-se índices parciais para cada uma das dimensões apresentadas,
depois de calculados os três índices é computada uma média aritmética entre eles,
gerando o IDH 3 propriamente dito.
Na discussão sobre a utilização adequada dos indicadores sociais para medir
condições de vida o IDH configura um cenário controverso, uma vez que é bastante
utilizado como referência em estudos e pesquisas que tratam sobre desenvolvimento
humano, condições de vida, dentre outros. Por outro lado, há um certo fascínio no
sentido de se crer que a medida per se garantiria uma melhor gestão dos recursos e
programas sociais, conforme alerta Jannuzzi (2002). Em outras palavras, isso quer
dizer que não é possível captar a essência do conceito que se tenta medir, -
desenvolvimento -, a partir, apenas, dos três aspectos considerados na
operacionalização do indicador. O IDH deveria ser utilizado com o propósito de
apontar qual seria a tendência do desenvolvimento de determinada região, ou seja, se
haveria tendência de melhorar ou não. Mas isso seria algo mais superficial, cabendo
ao “usuário” buscar evidências mais contundentes para confirmar ou não a indicação
revelada pelo indicador, tal como idealizou Amartya Sen.
No caso do Brasil, também é possível destacar algumas das iniciativas que
abordam a temática aqui apresentada a partir de indicadores sociais. Por exemplo,
instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que é o órgão
responsável pela coleta, sistematização e disseminação de estatísticas públicas no
país, dada sua experiência com os Censos Demográficos - o primeiro foi realizado em
1872 e desde os anos 1940 é publicado a cada dez anos - vem cada da vez mais
elaborando estudos metodológicos a fim de possibilitar meios de mensurar as
condições de vida da população.
Ao fazer um resgate histórico dos Censos verifica-se inicialmente que eles
compunham o quadro operativo das estratégias militares. No entanto, ao longo do
tempo, sua contribuição foi sendo ampliada, sobretudo, a partir da expansão do
temário de 1960, apontando a possibilidade da ampliação da participação social,
inclusive no tocante às comissões de planejamento do Censo, quer pela defesa de
direitos de grupos específicos ou de populações marginalizadas. Ao longo da história,
o Censo tornou-se um dos mais importantes instrumentos de apoio ao planejamento
público. Outra relevante contribuição dos censos consiste na efetivação do eixo
constitucional da descentralização, onde permitem uma abordagem de suas

3
A metodologia detalhada para o cálculo do IDH, encontra-se disponível nos relatórios anuais do PNUD.

20
informações num nível de desagregamento bastante peculiar, passando do nível de
unidades da federação e chegando no nível de distrito, além de ter um vasto temário.
Ademais, contribui para o apoio na elaboração de políticas e programas sociais que
levam em conta a singularidade, possibilitando assim que, seja considerado também o
princípio da equidade. (JANNUZZI, 2003, p.39-40)
Os Indicadores Sociais Municipais (IBGE) constituem outro esforço
metodológico que pode contribuir no processo de caracterização das condições de
vida de uma população. Essa é uma publicação do IBGE, que apresenta uma síntese
de indicadores sociais sobre a população e os domicílios do país, o que permite por
conseqüência um conhecimento mais detalhado de alguns aspectos socioeconômicos
da população. Pode ser vista como mais uma ferramenta que focaliza a dinâmica
social dos municípios brasileiros. O que por conseqüência, contribui para a
identificação das necessidades no nível de municípios, ao passo que em boa medida,
pode orientar os governos no processo de tomada de decisão.
Nessa perspectiva, de mensuração das condições de vida, pode-se destacar
o Índice de Condições de Vida (ICV) da Fundação João Pinheiro e do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada, que tem como novidade a comparação das condições
de vida entre municípios, ao passo que a pobreza e a situação da criança marcam o
foco do trabalho. Vale lembrar ainda esforços como a construção do Sistema de
Indicadores Urbanos em Belo Horizonte, através da junção do Índice de
Vulnerabilidade Social (IVS) com o Índice de Qualidade de Vida Urbana (IQVU),
orientado pela possibilidade de mensurar a demanda por condições de bem estar,
considerando ainda os efeitos das desigualdades sociais junto com o crescimento
desregrado do perímetro sócio urbano para gestão e monitoramento da qualidade de
vida municipal. (NAHAS, 2002 p. 38)
A Fundação SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados do
Estado de São Paulo, apresenta como contribuição ao tema a Pesquisa de Condições
de Vida (PCV) 4. Que além de abordar um conjunto de dados sócio demográficos,
enfoca também a caracterização das famílias; condições habitacionais; situação
educacional; inserção no mercado de trabalho; renda e patrimônio familiar; acesso a
serviços de saúde; portadores de deficiência; e vítimas de crimes.
Um outro exemplo que vale ressaltar no que diz respeito aos indicadores
municipais é o Índice de Qualidade dos Municípios (IQM) da Fundação CIDE – Centro
de Informações e Dados do Rio de Janeiro, que foi publicado pela primeira vez em

4
Para mais informações consultar: www.seade.gov.br.

21
1998. Trata-se de um indicador que tem como proposta identificar os municípios que
apresentam potencial para o desenvolvimento econômico, bem como, àqueles que
apresentam situação de deficiência quanto às condições consideradas necessárias ao
desenvolvimento da economia.
Deste modo, busca identificar os municípios com melhores condições para
novos investimentos e/ou empreendimentos com a finalidade de promover o
desenvolvimento no nível local. Para isso, realiza uma classificação dos municípios do
Estado do Rio de Janeiro de acordo com sua potencialidade de crescimento e
desenvolvimento, de modo a subsidiar um planejamento estratégico dos municípios e
do estado.
Assim, no tocante à classificação, o IQM apresenta um conjunto de temas os
quais abordam diferentes aspectos da dinâmica social:

ƒ IQM-Sutentabilidade Fiscal – voltado para a área de finanças públicas apresenta


uma classificação dos municípios de acordo com seu nível de sustentabilidade
fiscal e financeira;

ƒ IQM-Verde – apresenta uma discussão sobre o processo de precarização das


florestas e suas implicações, fundamenta-se a partir de um estudo comparativo da
distribuição arbórea no Estado do Rio de Janeiro;

ƒ IQM-Habitação – revela as condições de moradia da população dos municípios


segundo o tipo;

ƒ IQM-Carências – trata-se de um indicador sintético que busca apreender a


distância existente entre a realidade dos municípios e o “modelo” mais apropriado
para se chegar a uma condição de bem-estar social, ou pelo menos o mais
próximo possível.

Em sua estrutura, o IQM-Carências aborda o seguinte temário: educação;


saúde; habitação e saneamento; mercado de trabalho; rendimento do trabalho;
comércio; segurança; transportes; comunicações; esporte, cultura e lazer; participação
comunitária; descentralização administrativa. E quanto à operacionalização o IQM-
Carências é obtido a partir de uma média ponderada de indicadores agrupados em
três diferentes níveis (indicadores de 1º, 2º e 3º níveis), assim cada um desses níveis
recebe um valor de peso diferente, onde o indicador de 1º nível recebe peso 5 e a
classificação necessidades básicas; o indicador de 2º nível é classificado como
aumento de oportunidades de ascensão social, sendo-lhe atribuído peso 3; e ao

22
indicador de 3º nível é atribuído peso igual a 1 e, é classificado como
autodesenvolvimento e auto-satisfação. Assim, o resultado dessa operação seria a
revelação das carências sociais medidas a partir de diferentes graus de necessidades.
Vale lembrar ainda, que da mesma maneira em que a demanda por
indicadores sociais aumenta, nasce ou reacende também um conjunto de criticas
referentes a essas metodologias e à aplicação delas, o que por conseqüência leva ao
aprimoramento ou aperfeiçoamento desse conjunto de metodologias que se atém à
mensuração das condições de vida da população.

23
CAPÍTULO 2

CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA E CONDIÇÕES DE VIDA DA BAIXADA FLUMINENSE

A organização deste capítulo está estruturada em quatro pontos, sendo que


inicialmente propõe um resgate da história de ocupação da Região da Baixada
Fluminense, indo desde os primórdios de sua formação, vilas do Ciclo Cafeeiro, até os
dias atuais. Em seguida, têm-se como dois pontos consecutivos a caracterização
demográfica e a socioeconômica da Região. Por fim, na seqüência é apresentada
ainda uma análise dos indicadores sociais dos treze municípios que compõem a
Baixada Fluminense.

2.1. Breve histórico da Baixada Fluminense

Para melhor compreender as atuais condições de vida da população dos


municípios da Baixada, faz-se necessário realizar um breve resgate histórico e
conjuntural do seu processo de composição populacional.
A ocupação populacional da Baixada tem como marcos o ciclo da cana de
açúcar que se servia de mão-de-obra escrava na produção e o ciclo do ouro que
utilizava a região como caminho/passagem para facilitar o escoamento da produção e
o abastecimento de Minas Gerais, propiciando a conexão entre Minas Gerais (interior)
e Rio de Janeiro (litoral). Nessa fase de ligação do interior com o litoral, os rios que
cortavam a Região eram de fundamental importância por fazerem conexão com a
Bahia de Guanabara e conseqüentemente com o porto. (TÔRRES, 2004)
No final do século XIX o ciclo do café – apesar de não chegar a substituir a
produção de cana de açúcar – propiciou também o surgimento/construção das
primeiras vias férreas, que tinham como objetivo o transporte do café além de outros
tipos de mercadorias. A principal estrada de ferro a fazer o “trajeto do café” cortando a
Região, foi a Estrada de Ferro Central do Brasil que partia do porto do Rio de Janeiro
até o Vale do Paraíba, passando pelas estações de Maxambomba (Nova Iguaçu),
Queimados e Belém (Japeri). (TÔRRES, 2004)
As primeiras fábricas instaladas na Baixada Fluminense foram: uma fábrica
de pólvora (primeira metade do século XIX) e uma indústria Têxtil (segunda metade do
século XIX), onde esta última proporcionou a criação de vilas operárias, escolas,
igrejas, armazéns e o desenvolvimento de atividade agrícola. Além disso, cabe

24
destacar que o final do século XIX foi marcado ainda pelo início cultivo da laranja. .
(FIGUERÊDO, 2004)
No final da década de 1920, alguns investimentos públicos foram
direcionados para a Região gerando, por exemplo, a expansão do sistema de
transportes a partir da abertura da rodovia Washington Luiz, da antiga rodovia Rio-São
Paulo e da Avenida Automóvel Clube. Pode-se ainda destacar como exemplos de tais
investimentos a expansão da rede elétrica; a implantação do programa de saneamento
da Baixada Fluminense em 1934 no governo de Getúlio Vargas; e a eletrificação da
ferrovia ramal Central do Brasil-Japeri em 1938 até Nova Iguaçu e, mais tarde em
1943 até Japeri, os quais contribuíram para o desenvolvimento da Região.
(FIGUERÊDO, 2004, p.12)
A Região da Baixada Fluminense apresentou ao longo da história uma
importante contribuição no fornecimento de mão de obra, principalmente, para a
cidade do Rio de Janeiro, uma vez que a população saía de seus municípios, em
geral, para trabalhar e/ou estudar na Capital. Tal fenômeno caracterizou esses
municípios como “cidades dormitórios” durante as décadas de 1940 a 1970. No
entanto, segundo alguns estudiosos esse conceito foi superado, apesar do movimento
continuar ocorrendo, onde atualmente, apresenta outras características como, por
exemplo, o deslocamento de trabalhadores da Capital para municípios da Baixada
Fluminense, bem como, o deslocamento de trabalhadores entre municípios.
Em geral, as áreas procuradas pelos migrantes na periferia da Capital foram
transformadas em cidades dormitórios e a via férrea (Central do Brasil-Japeri) foi a
principal forma de acesso ao Rio de Janeiro, o que contribuiu para maior concentração
populacional nestas áreas. “Assim, o período entre o final da década de 1940 até 1960
caracterizou-se numa expansão urbana acentuada que se direcionou pelo eixo
ferroviário e deu origem a uma periferia próxima ao núcleo do Rio de Janeiro“
(FIGUERÊDO, 2004, p.14). A partir da segunda metade do século XX a Baixada
Fluminense apresenta um processo significativo na configuração da população em seu
espaço, tendo o fenômeno da “periferização” 5 como sua especificidade.
Trata-se de uma Região que teve um importante papel perante a cidade do
Rio de Janeiro, que foi o de absorver o excedente populacional da capital durante o
auge do movimento migratório, devido sua facilidade de ligação com a metrópole, bem
como pelos baixos custos de moradia, se comparados com os da capital.
Ao longo de sua trajetória a Baixada Fluminense apresenta um déficit
5
O sentido de periferização que é atribuído ao conceito neste texto, é o de ocupação do entorno da cidade do Rio de
Janeiro (a Baixada Fluminense), quer pelo baixo preço da moradia, quer pela facilidade de acesso à capital.

25
histórico quanto às decisões político-administrativas, onde, em geral, os serviços e
programas sociais, assim como, equipamentos de cultura e lazer – grandes hospitais,
universidades, pólos comerciais, meios de transporte, salas de teatro, cinema, etc. –
eram instalados e/ou concentrados primordialmente na Capital do Estado, não
obstante o significativo percentual de habitantes representado pela população da
Baixada Fluminense.
O cotidiano e a “marginalização social 6” dos municípios que compõem a
Baixada Fluminense têm, tradicionalmente, como aspectos comuns de sua própria
realidade empírica, a precariedade na oferta de serviços sociais públicos ou privados
em setores básicos como educação, saúde pública, habitação popular, trabalho e
renda, cultura, transporte, entre outros. Vale ressaltar que tais serviços sociais fazem
parte de uma agenda de compromissos político-sociais definida seja pela Constituição
Federal ou por fóruns da própria sociedade, estabelecendo normativamente
prioridades e compromissos a cumprir.
Atualmente a Baixada Fluminense é composta por treze municípios 7 que
juntos representam potencial parcela da população da Região Metropolitana (RM) do
Rio de Janeiro, onde de acordo com o Censo Demográfico 2000 (IBGE), representava
cerca de 33% do contingente populacional da RM e 25% da população do Estado.
Com o objetivo de sistematizar informações que pudessem retratar as
condições de vida da população da Baixada Fluminense na última década, buscou-se
descrever o perfil sócio-demográfico dos municípios que compõem a Região com base
nos indicadores dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 (população residente, taxa
de crescimento anual, densidade demográfica, responsável pelo domicílio por sexo,
rendimento do responsável, anos de estudo do responsável, abastecimento de água,
esgotamento sanitário, coleta de lixo).

6
Para fins de entendimento deste estudo, o conceito de marginalização social tem o sentido de “esquecimento”, de
supressão quanto aos setores básicos de prestação de serviços à população.
7
Divisão adotada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Baixada e da Região Metropolitana (SEDEBREM):
Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi,
Queimados, São João de Meriti, Seropédica.

26
FIGURA 2: Estado do Rio de Janeiro e a localização da Baixada Fluminense

Fonte: Elaboração própria com apoio do aplicativo Tabwin/Tabnet/DATASUS/MS.

FIGURA 3: Municípios da Baixada Fluminense

Guapimirim

Magé
Paracambi Duque de
Nova Iguaçu
Japeri Caxias

Queimados Belford
Roxo
Seropédica
São João de Meriti
Mesquita
Nilópolis
Itaguaí

Fonte: Elaboração própria com apoio do aplicativo Tabwin/Tabnet/DATASUS/MS.

27
2.2. Caracterização Demográfica

A análise dos indicadores demográficos revela que a Região da Baixada


Fluminense representa um importante aglomerado territorial e populacional tanto para
o Estado do Rio de Janeiro quanto para sua Região Metropolitana, onde a área total
dos treze municípios que compõem a Baixada Fluminense corresponde cerca de 61%
da área total da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e 33% de sua população,
conforme dito anteriormente. No entanto, o acesso a bens e serviços sociais ocorre de
maneira diferenciada e, até mesmo privilegiada nos espaços sócio-geográficos do
Estado.
Dentre os municípios que compõem a Baixada Fluminense, Nova Iguaçu, um
dos mais antigos da Região, chegou a ter no início da década de 1990 cerca de 700
mil habitantes, representando 25,4% das pessoas residentes na Baixada. Em 2000, o
município também apresentou grande contingente populacional na Região cerca de
753.892 habitantes 8 (22%) distribuídos em 558Km2. Guapimirim era o município com
menor tamanho populacional tanto em 1991 quanto em 2000, tendo aproximadamente
28 e 38 mil pessoas residentes, indicando 0,9% e 1,1% da população,
respectivamente.
Duque de Caxias, outro município histórico da Região, é o segundo com
maior contingente populacional nos dois períodos de análise, representando em 1991
cerca de 22% da população da Baixada e em 2000 aproximadamente 23%. O terceiro
município da Região com maior população é São João de Meriti que em 1991 tinha
aproximadamente 14% da população da Baixada, já em 2000 esse percentual era de
13%. Além disso, São João de Meriti se destaca como o município que apresentou
maior concentração populacional, no ano de 2000 o município tinha aproximadamente
12,9 mil hab/Km2. Por sua vez, Nilópolis tinha neste ano cerca de 8.027 pessoas por
quilômetro quadrado sendo o segundo maior em concentração populacional.
Em 1991, Itaguaí tinha uma extensão territorial de 523 Km2 e em 2000, devido
ao desmembramento do distrito de Seropédica em 1997, passou a ter 277,59 Km2 de
área, apresentando no ano de 2000 uma população de aproximadamente 82.000
habitantes (2,4% da população da Baixada). Na Região, esse foi um dos municípios
que apresentou menor concentração populacional, cerca de 295 hab/Km2, do mesmo
modo Paracambi também apresentou baixa densidade demográfica dentre os
municípios da Baixada, em torno de 226 hab/Km2, ocupando o 12º lugar.

8
Na última década a cidade de Nova Iguaçu sofreu quatro desmembramentos, Belford Roxo, Queimados, Japeri e
Mesquita, sendo este o mais recente, tornaram-se municípios emancipados.

28
Quanto ao crescimento populacional, Duque de Caxias, por exemplo,
apresentou um histórico de crescimento populacional que atingiu mais 10% ao ano
entre as décadas de 40 e 50. Entretanto, a partir dos anos 60, o ritmo de crescimento
arrefeceu e nas últimas duas décadas o crescimento populacional se manteve estável
com aproximadamente 1,7% ao ano. Já Magé cresceu 2,6% ao ano em 2000,
enquanto que no período entre 1960 e 1980 registrou taxas médias de crescimento em
torno de 6% aa. Vale lembrar que Nova Iguaçu foi um município que sofreu
desmembramento devido à emancipação de Mesquita em 2001, apresentando uma
taxa de crescimento populacional negativa para o período de 1991 a 2000, outro
município que também apresentou taxa de crescimento populacional negativa foi
Nilópolis. Uma possível explicação para a diminuição na taxa de crescimento
populacional dos municípios mencionados pode ser atribuída, por exemplo, a
dificuldades de acesso às informações, inclusive pelas fontes primárias.
Na tentativa de contribuir para melhor leitura das informações acima e de
ilustrar o movimento de criação dos municípios da Baixada Fluminense, segundo o
ano e origem é que se apresenta a Figura 4.

FIGURA 4: Municípios da Baixada Fluminense segundo ano de criação e origem

Guapimirim
1990

Magé
Paracambi Nova Iguaçu Duque de 1789
1960 1833 Caxias
Japeri 1943
1990
Queimados Belford
Seropédica 1990 Roxo
1997 1990

Mesquita São João de Meriti


2001 1947
Itaguaí Nilópolis
1818 1947

Fonte: Elaboração própria com apoio do aplicativo Tabwin/Tabnet/DATASUS/MS; SEDEBREM/ RJ e IPAHB.

29
TABELA 1 - População residente, por anos de referência, segundo os municípios da Baixada
Fluminense - 1991-2000

Estado, Regiões e População residente Taxa de


municípios crescimento
1991 % 2000 % 2000/1991

Estado 12.807.706 - 14.391.282 - 1,30


Região Metropolitana 9.214.363 - 10.725.274 - 1,70
Baixada Fluminense 3.038.085 100,0 3.367.706 100,0 1,15
Belford Roxo 360.699 11,9 434.113 12,9 2,08
Duque de Caxias 667.821 22,0 774.811 23,0 1,66
Guapimirim 28.076 0,9 37.920 1,1 3,40
Itaguaí 63.394 2,1 81.935 2,4 2,89
Japeri 65.783 2,2 83.209 2,5 2,65
Magé 163.658 5,4 205.659 6,1 2,57
Mesquita 147.478 4,9 165.942 4,9 1,32
Nilópolis 158.092 5,2 153.584 4,6 -0,32
Nova Iguaçu 772.399 25,4 753.892 22,4 -0,27
Paracambi 36.427 1,2 40.441 1,2 1,17
Queimados 98.823 3,3 121.892 3,6 2,36
São João de Meriti 425.772 14,0 449.102 13,3 0,59
Seropédica 49.663 1,6 65.206 1,9 3,07

Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991 e 2000.

GRÁFICO 1 – Densidade Demográfica dos municípios da Baixada Fluminense – 1991-2000

14.000

12.000
Densidade Demográfica Km2

10.000

8.000
1991
6.000
2000

4.000

2.000

0
i

m
ta

é
is

os
u

bi

ca
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ag

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N

D
S.

Se

G
Q

Municípios

Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1991 e 2000.

30
Com relação à estrutura etária da população da Baixada Fluminense (Tabela
3), os dados do Censo mostraram que o contingente de crianças de 0 a 6 anos, em
2000, representava aproximadamente 14% do total da população, quanto ao
percentual de pessoas em idade escolar básica (7 a 14 anos), este ficou em torno de
15%. Já no que diz respeito aos considerados potencialmente ativos ou disponíveis
para atividades econômicas (população de 15 a 64 anos), a cifra era de
aproximadamente 66% da população residente na Região. E no tocante à proporção
de idosos (pessoas a partir de 65 anos), esse percentual representava a menor parte
da população da Região, ou seja, cerca de 5%.
Numa análise comparativa da estrutura etária da população entre os
municípios que apresentaram informações sobre a população segundo os grupos
etários, tanto para o ano de 1991 quanto para o ano de 2000, observa-se que o
segmento representado pelas pessoas com 60 anos ou mais vem aumentando sua
participação, inclusive num ritmo maior que a população infantil. Esta, por sua vez,
apresentou uma diminuição no compasso de seu crescimento, conforme os resultados
apresentados nas Tabelas 2 e 3, fenômeno registrado em todos os municípios da
Baixada.
Ao fazer uma análise detalhada dos municípios quanto à estrutura etária, é
possível observar que no tocante ao grupo com idade entre 0 e 6 anos, os municípios
de Japeri e Belford Roxo, em 2000, destacaram-se por apresentar maior percentual de
população nesse grupo etário sendo 16% e 15%, respectivamente. Enquanto que em
Nilópolis e Paracambi cerca de 12% dos habitantes tinham idade entre 0 e 6 anos,
sendo estes, os municípios que apresentaram menor percentual populacional nesse
segmento etário.
Quanto à população considerada potencialmente ativa ou disponível para
atividades econômicas, verificou-se que os municípios de Paracambi e Nilópolis foram
os que apresentaram maiores cifras, ficando em torno de 68%. Já o município com
menor índice de habitantes pertencentes a esse grupo etário foi Japeri com 63%.
E no que diz respeito à população com 65 anos ou mais de idade, os
municípios de Nilópolis e Paracambi foram os que apresentaram maiores percentuais,
cerca de 7% dos habitantes destes municípios eram idosos no ano de 2000. Ao passo
que Queimados e Japeri foram os municípios com os percentuais mais baixos de
população idosa em torno de 5%.

31
TABELA 2 - População residente percentual por grupos de idade, segundo os municípios da
Baixada Fluminense – 1991

População residente – 1991


Região e municípios Grupos de idade (%)
65 anos ou
0 a 6 anos 7 a 14 anos 15 a 64 anos
mais
Baixada Fluminense 14,4 17,4 64,1 4,1
Duque de Caxias 14,6 17,4 64,1 3,9
Itaguaí 15,1 18,2 62,5 4,2
Magé 15,4 18,2 61,7 4,7
Nilópolis 12,4 15,6 66,6 5,3
Nova Iguaçu 14,5 17,7 63,8 3,9
Paracambi 12,9 15,5 66,4 5,2
São João de Meriti 13,8 16,8 65,2 4,2

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991.


Nota: não foi possível encontrar dados desagregados por grupos etários para os seguintes municípios: Belford Roxo; Guapimirim; Japeri; Mesquita;
Queimados; Seropédica, uma vez que estes municípios ainda não eram emancipados na ocasião do Censo Demográfico de 1991.

TABELA 3 - População residente percentual por grupos de idade, segundo os municípios da


Baixada Fluminense – 2000

População residente – 2000


Região e municípios Grupos de idade (%)
65 anos ou
0 a 6 anos 7 a 14 anos 15 a 64 anos
mais
Baixada Fluminense 13,9 14,7 66,0 5,4
Belford Roxo 14,7 15,1 65,5 4,7
Duque de Caxias 14,1 14,8 65,9 5,2
Guapimirim 14,1 16,0 64,1 5,8
Itaguaí 14,4 14,8 65,8 5,1
Japeri 15,7 16,3 63,1 4,9
Magé 14,5 15,2 64,5 5,7
Nilópolis 11,6 12,7 68,4 7,3
Nova Iguaçu 13,8 14,6 66,3 5,3
Paracambi 11,8 13,3 68,2 6,8
Queimados 14,8 15,7 64,7 4,8
São João de Meriti 13,2 13,8 67,2 5,7
Seropédica 14,1 15,4 64,7 5,7

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.


Nota: não foi possível encontrar dados desagregados por grupos etários para o município de Mesquita, uma vez que este município ainda não era
emancipado na ocasião do Censo Demográfico de 2000.

32
GRÁFICO 2 – População residente percentual por grupos de idade – Baixada Fluminense –
1991-2000

100,0

90,0

80,0

70,0 66,0
64,1

60,0
(%)

50,0

40,0

30,0

20,0 17,4
14,4 13,9 14,7

10,0 5,4
4,1

0,0
0 a 6 anos 7 a 14 anos 15 a 64 anos 65 anos ou mais
Grupos de idade

1991 2000

Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1991 e 2000.

Ao longo da última década a parcela de domicílios chefiados por mulheres


aumentou em todos os municípios da Região. Em Duque de Caxias, por exemplo,
praticamente dobrou o número de mulheres responsáveis pelos domicílios no período
entre 1991 e 2000, passando de 36 mil (21%) para 64 mil (29%) mulheres
responsáveis pelos domicílios. Nilópolis continuou sendo o município com o maior
percentual de mulheres como chefes de domicílios, passando de 25% em 1991 para
34% em 2000. Guapimirim foi o município que apresentou menor percentual de
domicílios sob a responsabilidade feminina tanto em 1991 quanto em 2000, entretanto,
este município também registrou aumento considerável de mulheres chefes de
domicílios. Magé, Seropédica e Queimados foram os municípios que registraram maior
crescimento, em pontos percentuais, de domicílios chefiados por mulheres.
Em uma análise macro é possível observar que em 2000 cerca de 30% dos
domicílios da Baixada Fluminense eram de responsabilidade feminina, o que
representa um crescimento de aproximadamente 41%, passando de 21% para 30% o
percentual de domicílios que se encontrava sob responsabilidade feminina durante a
década de 1990.

33
TABELA 4 - Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, por sexo,
segundo os municípios da Baixada Fluminense – 1991 e 2000

Pessoas responsáveis pelos domicílios


Região e Tx. Var. Tx. Var.
1991 2000
municípios Homem Mulher
Homem Mulher Homem Mulher
Total Total
(%) (%) (%) (%)
Baixada
Fluminense 936.109 79,0 21,0 953.609 70,3 29,7 -11,0 41,3
Belford Roxo 85.807 79,4 20,6 121.619 70,1 29,9 -11,7 45,1
Duque de Caxias 173.565 78,9 21,1 219.977 70,6 29,4 -10,5 39,5
Guapimirim 7.107 82,7 17,3 10.622 76,3 23,7 -7,7 36,7
Itaguaí 28.902 82,1 17,9 22.969 74,6 25,4 -9,2 42,2
Japeri 16.101 80,8 19,2 22.987 73,0 27,0 -9,7 40,9
Magé 48.685 81,0 19,0 58.097 70,7 29,3 -12,8 54,6
Mesquita 37.048 77,3 22,7 47.659 68,3 31,7 -11,6 39,7
Nilópolis 42.082 75,2 24,8 44.428 66,0 34,0 -12,2 36,9
Nova Iguaçu 330.352 79,2 20,8 212.994 70,5 29,5 -10,9 41,6
Paracambi 11.284 74,4 25,6 11.419 71,7 28,3 -3,7 10,6
Queimados 30.520 80,7 19,3 33.334 71,4 28,6 -11,5 48,0
São João de Meriti 111.298 77,6 22,4 129.390 69,2 30,8 -10,8 37,5
Seropédica 13.358 81,9 18,1 18.114 72,6 27,4 -11,3 51,3

Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991 e 2000.

2.3. Caracterização socioeconômica dos municípios da Baixada

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-


Econômicos (DIEESE), o salário mínimo real no Brasil em 1991 era de R$ 268,96 e
em 2000 era de R$ 242,70 para média anual, o que permite realizar uma análise
comparativa entre o rendimento dos responsáveis pelos domicílios em 1991 e em
2000, pois em termos reais os valores do salário mínimo nesses dois períodos são
equiparáveis. (Anuário dos Trabalhadores, 2005, p. 55)
Deste modo, é possível observar que em todas as cidades da Baixada
Fluminense praticamente a metade dos responsáveis pelos domicílios apresentava
baixa renda. Em outras palavras, o total de responsáveis com renda inferior a dois
salários mínimos ou sem rendimento, apesar de ter diminuído em 2000 quando
comparado ao ano de 1991 (66%), ainda era bastante alto na Região, cerca de 52%
dos responsáveis pelos domicílios se encontrava nesta situação.
Em Duque de Caxias, o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios
que recebiam até 2 salários mínimos em 1991 era de 63% e em 2000 esta cifra ficou
em torno de 52%. Belford Roxo, Guapimirim, Japeri, Magé, Paracambi e Queimados

34
foram os municípios com maior percentual de responsáveis por domicílios que
recebiam até 2SM ou se encontravam sem rendimento no ano de 1991 (Tabela 5). Em
2000 estes municípios apresentaram uma diminuição em seus percentuais, porém,
ainda assim, continuaram representando os maiores índices de chefes com
rendimento até 2SM. Já Nilópolis foi o município da Baixada Fluminense que
apresentou menor percentual de chefes recebendo até 2SM ou sem rendimento tanto
em 1991 quanto em 2000, apesar de em 2000 apresentar uma cifra de 40%.

TABELA 5 - Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes com rendimento


de até 2 salários mínimos, segundo os municípios da Baixada Fluminense – 1991 e 2000

Pessoas responsáveis pelos domicílios


1991 2000 Tx. Var.
Região e Municípios
Responsáveis por Responsáveis por 1991/2000
Total de Total de
domicílios com domicílios com
domicílios domicílios
até 2 SM (%) até 2 SM (%)
Baixada Fluminense 906.493 66,1 953.609 51,6 -21,9
Belford Roxo 85.471 69,7 121.619 55,6 -20,3
Duque de Caxias 172.858 63,2 219.977 52,1 -17,6
Guapimirim 18.434 90,3 10.622 56,3 -37,7
Itaguaí 28.850 66,3 22.969 49,9 -24,7
Japeri 16.002 73,2 22.987 64,8 -11,5
Magé 48.611 73,3 58.097 55,8 -23,8
Nilópolis 41.941 52,7 44.428 39,8 -24,4
Nova Iguaçu 328.777 66,0 260.653 50,1 -24,1
Paracambi 11.201 75,3 11.419 52,3 -30,6
Queimados 30.288 71,3 33.334 57,7 -19,0
São João de Meriti 110.726 62,6 129.390 48,0 -23,4
Seropédica 13.334 66,4 18.114 52,8 -20,4
Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991 e 2000.
Nota: Até 2SM representa o somatório da variável renda dos chefes de família “sem rendimento”, “até meio salário mínimo”, “mais de meio a um salário
mínimo”, “mais de um a dois salários mínimos”.
Não foi possível obter dados desagregados para Mesquita, pois o município ainda não era emancipado no período estudado.

35
GRÁFICO 3 – Percentual de Responsáveis por Domicílios com até 2 SM - Baixada Fluminense
– 1991-2000

90,3 1991 (%) 2000 (%)

75,3
73,2 73,3
71,3
69,7
66,3 66,0 66,4
64,8
63,2 62,6
57,7
55,6 56,3 55,8
52,1 52,7 52,3 52,8
49,9 50,1
48,0

39,8

iti
o

m
s

é

lis

s
ri

bi

a
ia

o
ox

ag
pe

ic
er
am
gu
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B.

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ro
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N
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N

Pa
D

S.

Se
G

Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1991 e 2000.


Nota: não foi possível obter dados desagregados para Mesquita, pois o município ainda não era emancipado no período estudado.

De acordo com o último Censo, ao analisar a escolaridade das pessoas


responsáveis pelos domicílios da Baixada, verifica-se que cerca de 45% apresentavam
baixos níveis de escolaridade. Isto é, o percentual de pessoas que se encontravam
sem instrução e/ou com até 4 anos de estudos constituía quase a metade do total dos
responsáveis pelos domicílios da Região. Assim, pode-se afirmar que o nível de
escolaridade das pessoas responsáveis pelos domicílios da Baixada Fluminense era
precário (Tabela 6).
Japeri e Guapimirim, por exemplo, foram os municípios que apresentaram
maior percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios sem instrução ou com
menos de um ano de escolaridade, cerca de 16% e 15%, respectivamente. Os
municípios de Magé, Seropédica e Itaguaí também apresentaram um índice
considerável de pessoas responsáveis pelos domicílios sem instrução ou com menos
de um ano de escolaridade, aproximadamente 12% dos chefes de domicílios. Vale
lembrar que os municípios mencionados possuem área e população rurais, o que pode
contribuir para possível explicação das cifras apresentadas acima devido à dificuldade
de acesso as unidades de ensino, necessidade precoce de atividades laborativas em

36
função do alto índice de carências encontradas na maioria das áreas rurais do Brasil,
ausência de política pública de caráter universal e inclusivo, entre outros.
Além disso, é possível destacar ainda Nilópolis como município que
apresentou melhor situação, uma vez que, dentre os municípios analisados, este foi o
que teve menor percentual de responsáveis pelos domicílios na situação descrita
anteriormente, quase 5%.
A maioria dos municípios analisados tinha seus responsáveis pelos
domicílios, em 2000, com apenas a primeira metade do Ensino Médio (1 a 4 anos de
estudo), onde na maior parte desses municípios cerca de 40% dos chefes de
domicílios se encontravam nessa situação.

TABELA 6 - Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, por grupos de


anos de estudos do responsável, segundo os municípios da Baixada Fluminense – 2000

Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes em 2000


Grupos de anos de estudo do responsável (%)
Municípios Sem
Total instrução ou 1a4 5a8 9 a 11 12 anos
menos de 1 anos anos anos ou mais
ano
Baixada Fluminense 920.275 9,7 35,7 31,5 18,7 4,3

Belford Roxo 121.619 10,4 37,9 33,7 15,7 2,3


Duque de Caxias 219.977 10,2 35,8 32,3 17,8 3,9
Guapimirim 10.622 15,2 42,5 25,3 12,3 4,4
Itaguaí 22.969 11,9 37,6 28,0 17,2 5,2
Japeri 22.987 15,7 41,0 30,9 10,9 1,5
Magé 58.097 12,0 39,3 28,9 16,5 3,4
Mesquita 47.659 6,9 31,8 31,1 24,4 5,8
Nilópolis 44.428 4,8 29,6 28,9 28,2 8,5
Nova Iguaçu 212.994 9,9 34,4 31,4 19,5 5,0
Paracambi 11.419 9,9 37,9 29,3 18,4 4,5
São João de Meriti 129.390 7,1 35,1 32,8 21,1 3,9
Seropédica 18.114 12,0 38,4 28,4 15,5 5,8

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.


Nota: Exclusive os anos de estudo não-determinados. Não havia informação disponível para Queimados.
Não foi possível obter dados com o mesmo nível de desagregamento dos grupos etários para o ano de 1991. Além disso, não havia informação
disponível para os seguintes municípios: Belford Roxo; Guapimirim; Japeri; Mesquita; Queimados; Seropédica, uma vez que estes municípios ainda
não eram emancipados na ocasião do Censo Demográfico de 1991.

A análise das condições de infra-estrutura urbana revela que, dos 953.609


domicílios particulares permanentes existentes na Região da Baixada Fluminense em
2000, cerca de 76% destes tinha nas suas instalações de água ligadas ao Sistema de

37
Abastecimento por rede geral, e em torno de 21% apresentavam como forma de
abastecimento ligação por poço ou nascente.
Cabe ressaltar que esse indicador representa o número de domicílios ligados
a essas formas de abastecimento de água, o que não garante o real acesso destes
domicílios ao abastecimento de água, ou seja, para isso deveria ser realizado um
estudo sobre a qualidade dos serviços prestados.
Pode-se destacar Nilópolis e São João de Meriti como municípios que
apresentaram melhor situação quanto ao abastecimento de água, pois tanto em 1991
quanto em 2000 estes municípios apresentaram maior percentual de domicílios com
acesso à rede geral de água, ficando em torno dos 96% nos dois períodos
referenciados. Enquanto que Magé foi o município que apresentou o menor índice de
domicílios com acesso à rede geral de água em ambos os períodos analisados, sendo
que Guapimirim, no ano de 2000, foi o município com menor índice, cerca de 45%.

TABELA 7 - Domicílios particulares permanentes, por forma de abastecimento de água,


segundo os municípios da Baixada Fluminense – 1991 e 2000

Domicílios particulares permanentes

Municípios 1991 2000


Poço ou Outra Poço ou Outra
Rede (1) Rede (1)
Total nascente forma Total nascente forma
geral (%) geral (%)
(%) (%) (%) (%)
Baixada
Fluminense 740.382 79,8 16,8 3,4 953.609 76,2 20,8 3,0
Belford Roxo - - - - 121.619 72,2 23,3 4,5
Duque de Caxias 172.658 79,8 16,8 3,4 219.977 69,4 27,9 2,7
Guapimirim - - - - 10.622 45,5 48,9 5,6
Itaguaí 28.646 73,4 24,4 2,2 22.969 75,4 22,1 2,5
Japeri - - - - 22.987 63,2 33,5 3,3
Magé 48.265 51,1 42,0 6,9 58.097 46,7 47,6 5,7
Mesquita - - - - 47.659 95,0 3,2 1,8
Nilópolis 41.989 98,8 0,7 0,5 44.428 96,2 3,2 0,6
Nova Iguaçu 328.984 77,2 19,0 3,8 212.994 77,7 19,3 3,0
Paracambi 9.044 69,4 29,4 1,2 11.419 67,5 27,1 5,4
Queimados - - - - 33.334 66,4 30,8 2,8
São João de
Meriti 110.796 95,8 2,0 2,2 129.390 95,4 2,8 1,8
Seropédica - - - - 18.114 85,7 12,6 1,7

Fonte: IBGE, Indicadores Sociais Municipais e Censo Demográfico 2000.


Nota: não foi possível encontrar dados desagregados por grupos etários para os seguintes municípios: Belford Roxo; Guapimirim; Japeri; Mesquita;
Queimados; Seropédica, uma vez que estes municípios ainda não eram emancipados na ocasião do Censo Demográfico de 1991.
(1) domicílio servido de água de reservatório (ou caixa), abastecido com água das chuvas, por carro-pipa ou, ainda, por poço ou nascente localizado
fora do terreno ou da propriedade onde estava construído.

38
Em relação às condições de esgotamento sanitário, os dados censitários
revelam que no ano de 2000, aproximadamente 52% dos domicílios apresentavam o
sistema de esgotamento ligado à rede geral e 27% dos domicílios encontrava-se
ligados à fossa séptica.
Ao comparar os municípios que compõem a Baixada, verifica-se que
Paracambi, Nilópolis e Itaguaí apresentaram uma melhora na situação quanto ao
esgotamento sanitário, passando de menos de 4% dos domicílios com rede geral de
esgotamento sanitário, em 1991, para cerca de 80% dos domicílios em Nilópolis, 60%
em Paracambi e 41% em Itaguaí no ano de 2000. Contudo, nove dos treze municípios
da Baixada Fluminense ainda tinham, em 2000, 20% ou mais de seus domicílios com
formas inadequadas de esgotamento sanitário, ficando apenas Nilópolis e São João
de Meriti com menos de 10% dos domicílios apresentando outra forma de
esgotamento sanitário, em torno de 3% e 8 %, respectivamente.

TABELA 8 - Domicílios particulares permanentes, por tipo de esgotamento sanitário, segundo


os municípios da Baixada Fluminense – 1991 e 2000

Domicílios particulares permanentes


1991 2000
Municípios Sem Sem
Rede Fossa Outra Rede Fossa Outra
(1) instalação (1) instalação
Total geral séptica forma Total geral séptica forma
sanitária sanitária
(%) (%) (%) (%) (%) (%)
(%) (%)
Baixada
Fluminense 740.382 20,3 39,1 38,2 2,4 953.609 52,43 26,81 19,71 1,05
Belford Roxo - - - - - 121.619 53,5 25,4 19,9 1,2
Duque de
Caxias 172.658 32,1 27,8 37,4 2,7 219.977 56,4 20,7 21,7 1,2
Guapimirim - - - - - 10.622 21,4 46,3 30,7 1,6
Itaguaí 28.646 1,9 63,5 30,9 3,6 22.969 40,9 29,4 28,8 0,9
Japeri - - - - - 22.987 27,5 32,6 37,6 2,3
Magé 48.265 0,5 41,4 53,1 5,0 58.097 29,4 32,5 36,7 1,4
Mesquita - - - - - 47.659 56,9 29,8 12,7 0,6
Nilópolis 41.989 3,1 40,1 55,5 1,2 44.428 79,5 17,2 2,9 0,4
Nova Iguaçu 328.984 4,9 50,9 42,1 2,2 212.994 50,1 28,8 20,1 1,0
Paracambi 9.044 0,2 79,5 15,9 4,4 11.419 59,7 11,3 28,3 0,7
Queimados - - - - - 33.334 34,5 46,7 17,3 1,5
São João de
Meriti 110.796 69,4 10,7 18,6 1,3 129.390 66,7 25,1 7,6 0,6
Seropédica - - - - - 18.114 11,3 47,7 39,7 1,3

Fonte: IBGE, Indicadores Sociais Municipais e Censo Demográfico 2000.


Nota: não foi possível encontrar dados desagregados por grupos etários para os seguintes municípios: Belford Roxo; Guapimirim; Japeri; Mesquita;
Queimados; Seropédica, uma vez que estes municípios ainda não eram emancipados na ocasião do Censo Demográfico de 1991.
(1) Domicílios particulares permanentes com seguintes tipos de esgotamento sanitário: fossa rudimentar, vala, rio, lago ou mar e/ou outro escoadouro.

39
Já no tocante ao serviço de coleta de lixo é possível observar que 89% dos
domicílios da Região apresentavam como forma destino do lixo a coleta domiciliar, e
11% desses domicílios apresentavam outras formas de destino para o lixo
(queimavam, enterravam, jogavam em terrenos baldios, entre outros). A Tabela 9
revela que houve uma melhora, já que registrou um aumento percentual de domicílios
com coleta regular de lixo na Baixada Fluminense. Em 1991, cerca de 53% dos
domicílios da Região tinha o lixo coletado, e em 2000 esse percentual passou para
quase 89% dos domicílios, como observado anteriormente.
No caso dos municípios, de acordo com o Censo Demográfico de 1991,
Itaguaí apresentava o menor índice de domicílios com coleta de lixo, em torno de 25%.
Ao passo que Nilópolis era praticamente o oposto tendo quase 94% de seus domicílios
com o lixo sendo coletado. Já em 2000 essas cifras passaram para 89% e 99%,
respectivamente. No entanto, para o ano de 2000 cabe destacar o município de Japeri,
pois apresentou cerca de 58% dos domicílios com lixo coletado e os outros 42% dos
domicílios tinham o lixo queimado ou enterrado, ou ainda, adotava outra forma para o
destino do lixo.

TABELA 9 - Domicílios particulares permanentes, por destino do lixo, segundo os municípios


da Baixada Fluminense – 1991 e 2000

Domicílios particulares permanentes


1991 2000
Municípios Queimado Queimado
Outra Outra
Coletado ou (1) Coletado ou (1)
Total forma Total forma
(%) enterrado (%) enterrado
(%) (%)
(%) (%)
Baixada Fluminense 740.382 52,6 25,0 22,4 953.609 88,9 7,4 3,7
Belford Roxo - - - - 121619 88,4 6,5 5,1
Duque de Caxias 172.658 57,0 22,0 21,0 219.977 88,9 6,9 4,2
Guapimirim - - - - 10 622 78,4 19,9 1,7
Itaguaí 28.646 24,9 53,5 21,6 22.969 88,6 9,5 1,9
Japeri - - - - 22.987 57,6 31,0 11,4
Magé 48.265 32,5 47,3 20,2 58.097 84,1 12,6 3,3
Mesquita - - - - 47.659 96,0 1,6 2,4
Nilópolis 41.989 93,6 1,7 4,7 44.428 99,0 0,3 0,7
Nova Iguaçu 328.984 45,1 29,5 25,4 212.994 86,5 9,0 4,5
Paracambi 9.044 77,4 16,6 6,0 11.419 89,6 7,8 2,6
Queimados - - - - 33.334 86,7 10,0 3,3
São João de Meriti 110.796 66,4 8,9 24,7 129.390 97,7 0,9 1,4
Seropédica - - - - 18.114 80,2 17,8 2,0

Fonte: IBGE, Indicadores Sociais Municipais e Censo Demográfico 2000.


Nota: não foi possível encontrar dados desagregados por grupos etários para os seguintes municípios: Belford Roxo; Guapimirim; Japeri; Mesquita;
Queimados; Seropédica, uma vez que estes municípios ainda não eram emancipados na ocasião do Censo Demográfico de 1991.
(1) Domicílios particulares permanentes com seguintes tipos de destino do lixo: jogado em terreno baldio ou logradouro; jogado em rio, lago ou mar e/ou
outro destino.

40
2.4. Uma síntese dos Indicadores Sociais dos municípios

Através da Tabela 10 é possível identificar a situação dos municípios da


Baixada Fluminense de acordo com o grau de déficit social observado para cada um
deles, com base nos indicadores que revelam a deficiência na abrangência de
serviços públicos básicos prestados à população, tais como: percentual de domicílios
particulares permanentes sem acesso a rede geral de esgoto ou fossa séptica (PSE);
percentual de domicílios particulares permanentes sem acesso a rede geral de água
(PSA); percentual de domicílios particulares permanentes sem acesso a coleta de lixo
domiciliar (PSCL); percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes sem rendimento ou que recebem até um salário mínimo (PR_1SM);
percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem
instrução ou com até 4 anos de estudo (PR_4AE); percentual de pessoas de 7 a 14
anos de idade não alfabetizadas (PNA); e densidade demográfica (hab/Km2). Além
disso, essa tabela apresenta ainda o Índice de Qualidade dos Municípios-Carências
(IQMc) para os treze municípios da Baixada.
Pode-se observar com base nos indicadores aqui estabelecidos para medir o
grau de déficit social dos municípios, que Japeri apresenta situação mais crítica, uma
vez que o município se destaca com elevados índices em praticamente todos os
indicadores analisados. Guapimirim, Magé, Queimados e Seropédica também
apresentaram índices elevados em pelo menos dois dentre os seis indicadores de
déficit social analisados. Ao passo que Nilópolis apresentou menores índices em todos
os indicadores, e os municípios de São João de Meriti, Paracambi, Nova Iguaçu e
Seropédica apresentaram baixas cifras em pelo menos dois dos indicadores
analisados.

41
TABELA 10 – Síntese dos Indicadores de Déficit Social, segundo os municípios da Baixada
Fluminense - 2000

Indicadores déficit social Densidade Posição


Municípios Demográfica IQMc
2
(hab/km ) IQMc
PSE PSA PSCL PR_1SM PR_4AE PNA

Belford Roxo 21,13 27,77 11,58 33,29 48,35 10,88 5.446 55,0 6º

Duque de Caxias 22,94 30,65 11,05 30,66 45,96 10,56 1.669 45,9 11º

Guapimirim 32,26 54,46 21,61 31,84 57,74 10,93 105 63,5 2º

Itaguaí 29,67 24,62 11,42 29,89 49,43 10,76 295 52,4 8º

Japeri 39,87 36,79 42,43 41,49 56,66 13,25 1.008 64,0 1º

Magé 38,11 53,33 15,94 33,69 51,24 9,76 534 59,6 4º

Nilópolis 3,31 3,82 1,00 23,27 34,28 6,00 8.027 45,3 12º

Nova Iguaçu 19,63 19,09 11,75 29,47 43,22 10,05 1.650 48,2 9º

Paracambi 29,00 32,46 10,43 29,89 47,82 6,61 226 54,8 7º

Queimados 18,75 33,59 13,26 36,22 49,23 13,24 1.568 58,3 5º

São João de Meriti 8,18 4,58 2,30 27,20 42,24 8,69 12.909 47,5 10º

Serópedica 41,02 14,26 19,75 32,39 50,39 8,46 244 61,4 3º

Fonte: IBGE, Indicadores Sociais Municipais e Censo Demográfico 2000. CIDE, Índice de Qualidade dos Municípios – Carências IQMc, 2001.
Nota: Não havia informação disponível para Mesquita.

Ao analisar os municípios da Baixada segundo o IQMc de 2000 é possível


observar que Nilópolis foi o município que apresentou a menor cifra com 45,3%,
ocupando o 12º lugar dentre os municípios, neste caso, pode-se dizer que este
município foi o que apresentou situação menos crítica quanto aos problemas sociais,
seguido de Duque de Caxias, São João e Nova Iguaçu. Em contrapartida, Japeri foi o
que apresentou maior índice de carência na Região com 64%, o que representa um
dos municípios com situação mais crítica em relação às carências sociais, seguido de
Guapimirim, Seropédica e Magé, conforme apresentado no Gráfico 4.

42
GRÁFICO 4 – IQM-Carências dos municípios da Baixada Fluminense em 2000

Nilópolis 45,3

Duque de Caxias 45,9

São João de Meriti 47,5

Nova Iguaçu 48,2

Itaguaí 52,4
Municípios

Paracambi 54,8

Belford Roxo 55,0

Queimados 58,3

Magé 59,6

Serópedica 61,4

Guapimirim 63,5

Japeri 64,0

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0


IQMc

Fonte: CIDE, Índice de Qualidade dos Municípios – Carências IQMc, 2001.

Em resumo, pode-se dizer que a Baixada é uma região de grande porte


populacional e, também, no que diz respeito à extensão territorial, onde a maioria de
seus municípios apresenta altos níveis de urbanização. Contudo, é uma Região em
que praticamente a metade dos responsáveis pelos domicílios ganha até 2 salários
mínimos e apresenta um nível de escolaridade precário, uma vez que a maioria possui
até 4 anos de estudos. E no tocante aos indicadores de infra-estrutura urbana
(abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo) estes revelam certa
abrangência, porém quando se trata de uma Região com as dimensões da Baixada
Fluminense é possível dizer que é pertinente ainda hoje, a necessidade de expandir o
alcance desses serviços. Além disso, faz-se necessário avaliar a qualidade e
acessibilidade dos mesmos. É claro que condições precárias de vida não podem ser
explicadas apenas a partir das constatações aqui apresentadas, mas essencialmente
com base em um estudo mais detalhado, a respeito da qualidade do acesso aos
serviços fundamentais às condições de vida.
Por fim, conforme já mencionado, os municípios de Japeri e Nilópolis
destacam-se por serem os extremos, ao passo que Japeri foi o município que
apresentou maior carência em relação aos indicadores avaliados, já Nilópolis foi o que
mais se destacou insinuando melhores condições de vida, assim como Duque de
Caxias e Nova Iguaçu.

43
CAPÍTULO 3

ANÁLISE MULTICRITÉRIO PARA APOIO À TOMADA DE DECISÃO

No primeiro momento deste capítulo será abordado o universo que gira em


torno do processo de tomada de decisão, indo desde a complexidade do cenário em
questão, até a possibilidade da existência de múltiplos decisores, o que per se tende
aumentar o nível de complexidade do processo. Além disso, será apresentado uma
introdução conceitual da Análise (ou Apoio) Multicritério à Decisão (AMD), abordando
a noção de modelagem das preferências do decisor. Na seqüência, segue uma
discussão dos antecedentes da AMD identificando as principais referências e seus
aspectos metodológicos. Por fim, este capítulo apresenta algumas aplicações da
técnica em áreas próximas a pretendida nesse estudo.

3.1. O processo de tomada de decisão: complexidade e etapas

A tarefa de fazer escolhas pode ser mais árdua do que se imagina,


principalmente, quando se trata de problemas empíricos, uma vez que tomar decisão,
especialmente, no que diz respeito ao planejamento como instrumento de ação no
setor público é, em boa medida, extremamente difícil. Em geral, trata-se de um cenário
complexo, onde nem sempre é possível contar com a precisão, a periodicidade, a
confiabilidade, entre outros, das informações disponíveis. Há que se considerar que
sua dinâmica é crescente e irregular, além de se tratar de um processo que envolve
um conjunto de decisores que possuem diferentes visões e, ainda assim, têm
simultaneamente que tomar decisões diante de várias alternativas (Ensslin, 2001).
Outro aspecto importante que envolve o processo decisório é o fato de que a
mensuração quantitativa nem sempre pode ser aplicada ao parâmetro em questão, ou
seja, existem casos em que não é possível medir de maneira quantitativa o que se
deseja, por exemplo, a imagem de um produto, a qualidade, o conforto (GOMES et al.,
2004). No caso de indicadores de condições de vida é possível citar como exemplo de
dificuldade de mensuração, a captação da qualidade e da eficiência de um programa
implementado.
O processo decisório já traz em si uma carga de complexidade, pois o fato de
ter que se escolher algo de maneira racional não é fácil, principalmente quando se têm
vários critérios de julgamento a serem considerados. Quando se opta por determinada

44
coisa, em geral, está se abrindo mão de uma outra na tentativa de atender aos
objetivos estipulados. Mas nem sempre, a partir da escolha realizada (da decisão
tomada) é possível garantir plena satisfação desses objetivos.
A Figura 5 busca ilustrar de maneira sucinta os principais fatores que
envolvem o processo decisório, a fim de melhor representar a carga de complexidade
da qual tanto se refere quando se fala em tomada de decisão.
As situações que permeiam a realidade quando se deseja resolver algum
problema podem ser compreendidas a partir de diferentes visões, ou seja, um mesmo
problema é percebido a partir de diferentes dimensões por vários atores. Por exemplo,
a questão da baixa escolaridade da população de uma determinada região pode ser
percebida a partir da observação do rendimento ou da situação de ocupação das
pessoas em idade economicamente ativa; ou segundo o nível de incidências de
doenças infecto-contagiosas registradas; ou a partir da utilização de equipamentos
culturais como cinemas, teatros, museus etc; ou ainda dentro do enfoque ambiental,
se aquela população tem pouca escolaridade muito provavelmente também haverá
pouca preocupação com a questão de meio ambiente. De fato, muitas vezes rios que
cortam áreas residenciais são assolados por lixo, assim também como acontece com
as encostas. Isso não quer dizer que o baixo nível de escolaridade é o único fator para
as situações aqui mencionadas, mas estas situações podem também ser reflexo do
baixo nível de escolaridade.
Essas situações poderiam apontar indícios da condição educacional daquela
população, onde o gestor público na condição de agente tomador de decisão teria que
estipular os tipos de ações a serem executadas ponderando a viabilidade das
mesmas, ou ainda, de modo racional teria que adequar, por exemplo, a proporção de
pessoas atendidas com o recurso disponível, verificando a necessidade e/ou
possibilidade de estipular uma distribuição mais equânime dos recursos com a
finalidade de solucionar o problema identificado.
Tomar uma decisão implica em considerar alguns fatores e desconsiderar
outros, para que seja possível determinar um quadro futuro, esperando assim que este
seja melhor que o anterior e, que se cometa o mínimo de erros possíveis e o máximo
de acertos, tentando chegar a um cenário “ótimo”. Mas não se pode desconsiderar que
os cenários são dinâmicos e mutáveis o que per se já agrega uma carga de
complexidade.

45
FIGURA 5: O Processo Decisório

Vários Conflitantes /
Solucionar
Situações Decisor Racionalidade objetivos alcançados
problema
simultaneamente

Fonte: Elaboração própria, baseada em Ensslin, 2001.

O quadro exposto acima se traduz no objetivo de todos nós quando nos


deparamos com o momento de decidir algo, de fazer escolhas, o que ocorre também
nos setores empresarial e governamental, entre outros.
Ainda no caso do setor governamental, por exemplo, podem surgir dúvidas
em relação à tomada de decisão, tais como: aplicar recursos em políticas de
redistribuição de renda ou em políticas de geração de emprego e renda; melhorar as
condições das instalações das unidades de saúde ou ampliar a rede de serviços;
melhorar as condições de infra-estrutura urbana e de educação ou aumentar o volume
de incentivos fiscais para atrair novas empresas objetivando uma política de geração
de emprego e renda etc.
De modo geral, quando as propostas de planejamento são apresentadas à
sociedade, visando discutir em conjunto as políticas, programas e planos, antes que
se realize a tomada de decisão, está se assegurando ao processo decisório um passo
importante no âmbito da negociação e da garantia do controle social.
Nessa perspectiva, instrumentos de apoio à decisão como, por exemplo, os
indicadores têm contribuído muito no sentido de instrumentalizar processos de
diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais. Isto é, fornece auxilio
para que seja possível conhecer a viabilidade desses programas, permitindo se
necessário o redirecionamento de seus objetivos e até mesmo a reformulação de suas
propostas (JANNUZZI 2006). Deste modo, é possível afirmar que metodologias de
apoio à decisão se apresentam como importantes ferramentas no auxilio à gestão,
fornecendo elementos efetivos para que os gestores públicos possam tomar decisões.
Os métodos de apoio à decisão permitem o acesso ao conhecimento de
informações sobre as dimensões sociais, desvelando assim situações da dinâmica
social que nem sempre são concretas e precisas. O acesso a tais informações
possibilita à atuação pública agir de modo mais eficaz. Vale lembrar que não se está
falando aqui da técnica pela técnica, mas sim de posições estabelecidas previamente
seja por escolhas teóricas e/ou por definições políticas, mas que estão buscando nos

46
métodos de apoio à tomada de decisão sustentação fundamentada para a formulação
e até mesmo implementação de políticas públicas.
O processo decisório não é um sistema linear com uma única direção,
tratando-se de um ciclo constituído por etapas que vão desde a constatação do
problema até a definição dos critérios de decisão, passando pelas relações intrínsecas
à realidade empírica. De acordo com Gomes et al. (2004, p. 1), a tomada de decisão
apresenta sete aspectos que podem caracterizar a complexidade de um processo
decisório, que são:

1. Os critérios de resolução do problema são, no mínimo, dois que conflitam entre si.

2. Tanto os critérios como as alternativas não estão claramente definidos, e as


conseqüências da escolha de uma determinada alternativa, com relação a pelo
menos um critério, não são devidamente compreendidas.

3. Os critérios e as alternativas podem estar interligados, de forma que um dado


critério parece refletir parcialmente um outro critério, enquanto a eficácia em optar
por uma alternativa específica depende de que uma outra seja ou não escolhida,
no caso das alternativas não serem mutuamente excludentes.

4. A solução do problema depende de um conjunto de pessoas, cada uma com seu


próprio ponto de vista, muitas vezes conflitante com o das demais pessoas.

5. As restrições do problema não estão bem definidas, podendo existir dúvidas a


respeito do que é critério e do que é restrição.

6. Alguns dos critérios são quantificáveis, ao passo que outros somente o são por
meio de juízos de valor efetuados sobre uma escala.

7. A escala para um determinado critério pode ser cardinal, verbal ou ordinal,


dependendo dos dados disponíveis e da própria natureza dos critérios.

Na verdade, em qualquer área a tomada de decisão será sempre, no mínimo,


dicotômica, isto do ponto de vista dos objetivos e/ou interesses. No caso da área
governamental, há que se considerar ainda a influência da classe social, do segmento,
do objetivo político, entre outros, nos quais quem decide se encontra inserido.
Segundo Cavassin (2004), qualquer que seja a decisão, ela sempre irá
representar uma ação efetiva, portanto, um compromisso real e difícil, já que por mais

47
planejada que seja, não existem decisões perfeitas, pois ao decidir por uma
alternativa, tem-se que renunciar a outras, o que pode gerar um sentimento de
frustração ou incerteza.
O processo seja ele para apoiar a decisão ou para tomar a decisão envolve
um conjunto de etapas e procedimentos que devem ser considerados e analisados,
pois é necessário ter uma definição clara e objetiva do problema em questão, listar
todas as alternativas de solução possíveis e, assim, avaliar as mais adequadas ao
cenário, determinar uma linha a ser seguida (Ensslin, 2001). Sendo assim,
metodologias como Apoio Multicritério à Decisão (AMD), Análise Envoltória de Dados
(DEA), mapas cognitivos, método Delphi, árvores de decisão ou diagrama de árvore,
vêm sendo cada vez mais utilizadas como auxílio à tomada de decisão.

3.2. Processo decisório com base nos Métodos Multicritério

O método Multicritério de Apoio à Tomada de Decisão surgiu na década de


1970 e compõe um dos braços da Pesquisa Operacional (PO) contemporânea. Como
coloca Cavassin 2004:

“A Pesquisa Operacional - PO surgiu da experiência da Forças


Aliadas, durante a Segunda Guerra Mundial, na abordagem de
problemas logístico-militares. Com o término da guerra, muitos
desses pesquisadores foram absorvidos pela iniciativa privada
e pública em geral, e perceberam que seus estudos poderiam
ser adaptados a problemas relacionados às mais diversas
áreas, principalmente em engenharia, nos diversos níveis da
administração pública e empresarial, na economia, nas ciências
sociais e ambientais, entre outras. Em geral, tais ferramentas
são utilizadas quando existe a necessidade de alocação de
recursos limitados a atividades diversas, como designação de
tarefas, percurso mínimo, otimização de estoques e
minimização de custos”. (Cavassin, 2004, p. 9)

O Apoio Multicritério à Decisão (AMD) tem como proposta o enfrentamento de


situações específicas, apresentando caráter científico e subjetivo, capacidade de
agregar características consideradas importantes, inclusive não quantitativas, onde um
decisor deve atuar com racionalidade para solucionar problemas em que vários
objetivos precisam ser alcançados simultaneamente. (GOMES et al., 2002, p. 64)
A análise multicritério consiste auxiliar pessoas e/ou organizações em
situações nas quais é necessário identificar prioridades, considerando ao mesmo
tempo diversos aspectos (LINS et al., 2002), e assim, apresentar recomendações

48
estratégicas a quem de fato irá decidir. Não é intenção da metodologia multicritério
solucionar o problema através de uma única verdade.
O decisor ou “sujeito das decisões” ou “agente de decisões” ou ainda
“tomador de decisões”, pode ser um indivíduo, um grupo de indivíduos, um comitê,
entre outros, que de maneira direta ou indireta executará o ato de tomar decisão. Ou
seja, trata-se de quem exercerá o julgamento de valor na etapa final do processo
decisório, buscando identificar a escolha mais adequada a partir da avaliação das
alternativas existentes. No AMD o decisor é considerado um dos elementos que
compõem o modelo, sendo um elemento real ou um elemento não real. (GOMES et
al., 2004, p. 8-9)
Uma das finalidades do AMD é permitir a transparência e a sistematização no
que diz respeito aos problemas envolvidos no processo decisório, dando um enfoque
diferenciado a esses problemas de acordo com as especificidades de cada um,
respeitando individualidades, sem ter como propósito a solução do problema. Ao
contrário, visa identificar as informações/regiões críticas, possibilitando ser a tomada
de decisão uma ação, sobretudo, humana e não apenas do sistema. Em outras
palavras, trata-se de um processo metodológico que não se condiciona apenas à
busca de uma única função ótima e, sim, satisfazer vários objetivos. (GOMES et al.,
2002)
O enfoque multicriterial no auxílio à decisão está potencialmente ligado a uma
visão mais abrangente do problema, mais equânime e mais participativa em relação a
outros métodos que buscam sintetizar a informação, sem deixar de considerar a
especificidade e essência de cada realidade em questão, o que em geral acontece
quando se utiliza métodos de aglutinação para padronizar e “ranquear” realidades tão
complexas e dinâmicas. Portanto, torna-se possível transcender a lógica da soberania
da técnica, levando em conta a posição de diferentes atores, ou seja, considera o
conjunto e suas singularidades, a totalidade dos resultados a partir de diferentes
visões. (GOMES et al., 2004)
Neste contexto a técnica multicriterial vem contribuir com a crescente
necessidade que os governantes têm em dar maior transparência à atuação pública e,
por outro lado, pode propiciar à sociedade maior “controle” dos recursos aplicados.
O procedimento multicritério de apoio à decisão considera mais de um
aspecto no que diz respeito à avaliação de uma alternativa (ação potencial). Com base
em um conjunto de critérios, busca-se medir o desempenho das ações potenciais no
que se refere a um determinado aspecto, tentando otimizar os indicadores-critérios

49
simultaneamente. Trata-se de uma abordagem que tem como objetivo o Apoio à
Decisão e não a Tomada de Decisão em si.
A otimização na perspectiva da análise multicriterial é diferente da otimização
utilizada classicamente, uma vez que, no processo multicritério pode haver
necessidade de tanto maximizar quanto minimizar, por exemplo, dois indicadores-
critérios ao mesmo tempo, sem que necessariamente tenha que desconsiderar um
deles para realizar a avaliação, embora eles possam ser conflitantes. Isso quer dizer
que, por exemplo, tomando como referência o processo de avaliação do setor
educacional de determinados municípios, pode ser necessário minimizar o quanto
possível o custo com educação e, por outro lado, maximizar o quanto possível o
acesso de pessoas de 7 a 14 anos de idade à escola.
O processo decisório com análise pautada em métodos multicritério
apresenta questões relevantes e parâmetros operacionais (Figura 6) a serem
considerados, dentre os quais se destacam os atores envolvidos no processo;
definição clara e objetiva da situação (problema) a ser resolvida; as alternativas
(ações) possíveis e como estas podem ser analisadas; os objetivos que influenciarão
na análise das ações; o modo de medir o desempenho das ações potenciais segundo
cada um dos objetivos e como considerar este desempenho para cada um dos
objetivos; a análise de sensibilidade dos resultados (ou seja, tenta perceber o
comportamento dos resultados caso ocorra pequenas variações nos parâmetros
considerados no modelo); e, finalmente, as considerações e orientações finais através
da geração de estratégias que visem o melhoramento das ações potenciais.

50
FIGURA 6: Organização da estrutura do multicritério

Especificar o problema


Definir os objetivos


Identificar os atores


Estabelecer as ações potenciais


Selecionar os indicadores-critérios


Definir pesos dos indicadores-critérios


Determinar o método multicritério


Aplicar o indicador multicriterial


Gerar estratégias de apoio decisão

Fonte: Elaboração própria, baseada em Ensslin, 2001.

Ao se discutir as etapas que envolvem o processo de apoio multicritério à


tomada de decisão, torna-se imprescindível considerar a importância da participação
dos agentes tomadores de decisão e ainda de outros atores envolvidos direta ou
indiretamente no processo decisório.
De acordo com Ensslin (p. 18-20, 2001), numa revisão de trabalhos na área,
o processo decisório segundo o AMD compreende dois grupos de atores envolvidos
direta ou indiretamente nesse processo, que são os atores agidos e os atores
intervenientes. Estes atores influenciam o processo a partir sistemas individuais de
valores, ou seja, num cenário complexo em que se constrói todo um procedimento

51
para apoio a tomada de decisão, apesar de existirem diferentes pontos de vista deverá
haver uma negociação em busca do consenso.
Por mais que se baseie em procedimentos metodológicos necessários ao
processo decisório, não há como desconsiderar o julgamento de valor, pois seria como
desconsiderar a trajetória, a experiência acumulada de cada ator envolvido no
processo.
Os atores agidos têm participação indireta no processo decisório, uma vez
que esta participação acontece de modo passivo, isto é, eles apenas sofrem as
conseqüências positivas ou negativas de cada decisão tomada. Já os atores
intervenientes têm participação direta na tomada de decisão (o decisor), ou seja, são
aqueles que vão utilizar seus sistemas de valores e/ou de interesses institucionais
para realizar suas escolhas no momento de decidir.
O grupo de atores intervenientes se subdivide em decisores, representantes e
facilitadores. Como mostra a Figura 7, o decisor diz respeito a quem formalmente ou
moralmente é responsável pela escolha realizada, ou seja, segue uma preferência,
assumindo ônus e bônus conseqüentes de sua decisão. Já o representante é aquele
ator que tem a função de representar o decisor no processo decisório, função esta,
designada pelo próprio decisor. A função do facilitador nesse processo consiste em
apresentar ferramentas (modelos) e elementos que possam contribuir para a
estruturação do problema de modo geral e, assim, apoiar o decisor no momento de
decidir. (Ensslin, 2001)

52
FIGURA 7: Contextualização dos atores no processo decisório

Ambiente do processo de tomada de decisão

P P
a a
r i r
t n t d
i d i i
c
Atores envolvidos no processo AMD c r
i
i r i e
p e p t
a t a a
ç a ç
ã ã
o o

Atores agidos Atores intervenientes

Decisor Facilitador Representante

“Sofrem” diretamente o Responsável pelo Apresenta ferramentas Representante


impacto positivo ou ato de decidir e elementos que legítimo do decisor
negativo da escolha auxiliem a tomada de
realizada decisão

Fonte: Elaboração própria, baseada em Ensslin, 2001.

Gomes et al. (2002) classificam os atores envolvidos no processo decisório


como sendo decisor, facilitador e analista, ressaltando que muitas vezes esses termos
são utilizados como sinônimos, uma vez que, em algumas situações podem ser
representados pelo mesmo indivíduo no exercício das três funções.
De acordo com os autores o decisor nem sempre será aquele responsável
por tomar a decisão, o que deverá ser ponderado no momento de se estabelecer o
grau de influência do decisor no processo de tomada de decisão. Assim, o julgamento
de valor do decisor, bem como, as relações estabelecidas por ele, deverá influenciar o
processo, principalmente se o decisor tiver poder de veto.
Nessa perspectiva os autores colocam que, a partir do estabelecimento do
grau de influência dos decisores no processo, será, então, determinado dois grupos de

53
decisores envolvidos neste processo decisório, que são os agidos e os
intervenientes.
É possível dizer que os agidos, apesar de serem aqueles que não irão tomar
decisões, mas apenas participar do programa, não são pessoas passivas durante todo
o processo de decisão, assim como os intervenientes, a quem é destinada a função de
tomar decisão sobre os programas, também não são pessoas ativas durante todo o
processo. Embora os agidos não tomem decisão sobre o programa, é possível que
este grupo de indivíduos possa influenciar através de pressão e/ou reivindicação,
mesmo que indiretamente, para que determinada escolha seja realizada. (Gomes et
al., 2002)
O facilitador, segundo Gomes et al. (2002) seria uma espécie de coordenador
do programa que tem como função possibilitar a resolução do problema a partir da
modelagem do processo de avaliação, buscando administrar os diversos pontos de
vista do decisor e trazer ao processo informações que possam contribuir para uma
solução mais adequada aos objetivos. Entretanto, o facilitador deve tentar se isentar o
quanto possível de seu sistema de valores, na tentativa de não influenciar o processo.
Já ao analista cabe fazer a análise do problema de modo a estruturá-lo e, assim,
identificar fatores que possam influenciar o processo quanto à evolução, solução e
configuração do problema.
Outro importante fator no processo decisório é o problema a ser resolvido
que, pode ser percebido a partir de dois olhares conforme indica Ensslin (2001), o
racionalista e o construtivista.
O primeiro olhar se baseia no total objetivismo, isto é, parte da idéia de que
todos os decisores têm a mesma visão em relação a um mesmo problema numa
situação decisória. Em outras palavras, nenhuma outra dimensão que não a racional é
levada em consideração, principalmente, no que diz respeito aos valores, aos
objetivos, aos pré-conceitos, às instituições do decisor, enfim, sua subjetividade não é
considerada.
Quanto ao olhar construtivista do problema, pode-se dizer que os aspectos
subjetivos dos decisores assumem importante papel no contexto decisório, uma vez
que o decisor e sua percepção enquanto sujeito, suas crenças pessoais, suas
hipóteses, seus pré-conceitos, seus valores e objetivos, certamente influenciarão o
processo decisório a partir do Ensslin chamou de “filtro”, tanto na captação quanto no
desprezo das informações que melhor lhes convêm. Em outras palavras, pode-se
dizer que a partir desse olhar do problema e da subjetividade a ele intrínseca, os

54
diversos decisores vão perceber o mesmo problema de diferentes maneiras. Nesse
sentido, as técnicas multicriteriais lançam mão do olhar construtivista no processo de
apoio à tomada de decisão.

3.3. Apoio Multicritério à Decisão (AMD): conceitos e aspectos metodológicos

O Apoio à Decisão Multicritério pode ser compreendido como uma situação,


onde, objetiva-se encontrar uma função que permita a comparação de um par de
alternativas e que esta função possa refletir a preferência do agente de decisão no que
se refere às alternativas quanto a um determinado atributo. O que pode ser
representado pelo seguinte modelo matemático:
Max F (x)

x∈ X
onde x é o vetor [ x1 , x 2 ,..., x n ] das n variáveis de decisão.

F (x) é o vetor [ f 1 ( x), f 2 ( x),..., f p ( x)] de p funções objetivo que representam os


objetivos simultâneos do problema.
Deste modo, as técnicas de apoio multicritério à decisão podem ser
apresentadas como um problema de otimização que tem em si, de modo
concomitante, diferentes funções-objetivo.
Em outras palavras, numa situação como a descrita anteriormente é muito
difícil que haja uma única solução ótima para o problema, ao passo que, todas as
funções-objetivo alcancem simultaneamente seu valor ótimo. Ao contrário, é bem
provável que dependendo do objetivo uma solução ótima se apresente melhor em
determinados objetivos ou pior em outros objetivos, superando ou sendo superada por
outra solução ótima, principalmente, devido ao nível de conflito que existe entre os
objetivos. Ficando a critério do decisor escolher dentre o conjunto de alternativas
satisfatórias a mais adequada.
Dentre os conceitos e princípios básicos da decisão com apoio multicritério,
tem-se os seguintes elementos:

¾ Conjunto de Escolhas ou Conjunto de Alternativas (A) – trata-se de um


conjunto de opções que um decisor terá à disposição para realizar sua escolha,
esse conjunto é chamado de conjunto A. No caso específico desse estudo o
conjunto A, refere-se a um conjunto finito de municípios.

55
As alternativas devem ser diferentes, exaustivas e excludentes. A
exaustividade é dada no sentido de que, a cada alternativa inserida ao conjunto A o
modelo será reformulado com um novo conjunto A, sendo garantida a não entrada de
“alternativas intermediárias” ao conjunto que se apresenta constituído. As alternativas
são excludentes quando existe a garantia de não haver possibilidade de se optar por
uma solução mista. (Gomes et al., 2004, p. 9)

¾ Atributos – quanto aos atributos, pode-se dizer que são características que
representam propriedades ou capacidades das alternativas em satisfazer as
necessidades e/ou desejos do agente de decisão, embora em diferentes
“quantidades” ou “intensidades”. No caso da compra de um carro, por exemplo,
pode-se destacar preço, segurança, conforto, tamanho etc, como atributos a serem
considerados entre os diferentes modelos/alternativas.

¾ Indicadores-Critérios – já os indicadores-critérios, referem-se ao conjunto de


regras onde é possível afirmar algo sobre as preferências do decisor entre um par
de alternativas qualquer em relação ao atributo em questão, tendo assim um
“critério de decisão”. No exemplo do carro esse critério de decisão pode ser o
menor preço possível.

¾ Peso ou Ponderação (Wj) – corresponde à medida da importância relativa (maior


ou menor) que o decisor dá a alguns atributos.

O conceito de critério pode ser interpretado como uma função que, em


relação a um atributo, faz corresponder o conjunto de todos os pares ordenados de
alternativas, em uma partição desse mesmo conjunto, como é possível perceber na
Figura 8. (GOMES et al., 2004, p. 10)

56
FIGURA 8: Procedimentos para construção de um critério de decisão

Conjunto finito de alternativas

Atributos – características das alternativas

Permite afirmar
Conjunto de regras algo quanto a um
Preferências do
par de alternativas
decisor
segundo ao
atributo em
questão

Critério de decisão

Fonte: Elaboração própria, baseada em Gomes et al., 2004.

A noção que se tem ao falar sobre modelagem de preferências é a de que há


uma possibilidade de mensurar/captar a opinião do decisor que, certamente, estará
carregada de subjetividade.
Diante de duas alternativas possíveis x1 e x 2 , a fim de garantir uma
representação real das preferências do agente de decisão, existem quatro situações
fundamentais ao processo decisório, que são:

¾ Preferência estrita ( P) , ocorre quando o decisor tem preferência clara em relação

a uma das alternativas x1 e x 2 , realiza sua escolha sem nenhuma dúvida em

relação às alternativas. Esse tipo de escolha é representado por x1 Px 2 , que

significa dizer que x1 é “estritamente preferido” a x 2 . Em outras palavras, é

possível dizer que existem fatores que provam o favorecimento do município x1

sobre o município x 2 .

57
¾ Indiferença (I ) , significa dizer que ambas as alternativas são equivalentes e
existem justificativas plausíveis para explicar essa equivalência. Pode-se dizer que
o agente decisor é “indiferente”a x1 e x 2 , o que é representado por x1 Ix 2 .

¾ Preferência fraca (Q) , essa situação pode ser detectada em casos onde o agente

tomador de decisão não tem certeza se prefere x1 a x 2 , ou ainda, quando as duas

alternativas-municípios x1 e x 2 parecem ser indiferentes à preferência do decisor.

Neste caso, diz-se que x1 é “preferível ou indiferente” a x 2 , o que pode ser

representado por x1Qx 2 .

¾ Incomparabilidade ( R) , trata-se de uma situação que registra a

incomparabilidade entre as alternativas-municípios ( x1 e x 2 ) consideradas no


processo, isto é, quando não há razões suficientes para legitimar uma das três
situações anteriores ( x1 Px 2 , x1 Ix 2 , x1Qx 2 ) se diz que existe uma

incomparabilidade entre as alternativas x1 e x 2 , que é representada por x1 Rx 2 .

Ao pensar num critério que integrará o processo decisório, faz-se necessário


ter bem definido o poder discriminatório desse critério e, para isso, diversos modelos
podem ser aplicados. A partir da aplicação desses modelos o critério poderá ser
chamado de verdadeiro-critério, quase-critério ou pseudocritério. Nesse trabalho será
utilizado o pseudocritério.
Na verdade, quando se trata do mundo real, imbuído de imprecisão e
incerteza, não é possível garantir total fidelidade quanto à expressão de um modelo
proposto em relação ao que se tem na prática. Assim, a definição de um dado critério
em relação às alternativas não pode estar baseada somente na diferença apresentada
entre a avaliação das alternativas x1 e x 2 , expressando uma preferência de x1 em

relação a x 2 , por exemplo.


É preciso estabelecer alguns parâmetros que possam definir os limites entre
as situações de preferência. Em outras palavras, quando se tem duas ações
comparáveis, esses parâmetros podem ser entendidos como limites de tolerância para
a transição/passagem de uma determinada situação de preferência para outra.
Quando estes limites de tolerância são estabelecidos para um critério, diz-se que este
critério é um pseudocritério. (GOMES et al., 2002)

58
No modelo pseudocritério, para cada critério serão estabelecidos dois limites
de tolerância que, deverão estabelecer as diferenças a serem alcançadas numa
situação de preferência. Os limites de tolerância se dividem em limite de indiferença,
representado por q e, em limite de preferência estrita, representado por p , ambos
podem ser constante ou variáveis.
A região existente entre os limites de tolerância q e p é denominada de

região de preferência fraca, representada por (Q j ) . Esta região representa a incerteza

existente entre a indiferença ( I j ) e a preferência estrita ( Pj ) .

Ao considerar que x1 e x 2 são duas alternativas que fazem parte do


processo decisório e estão associadas ao atributo j , a partir da comparação entre

dois números reais u j ( x1 ) e u j ( x 2 ) , e sendo u j ( x1 ) ≥ u j ( x 2 ) , tem-se o seguinte


modelo chamado de pseudocritério:

x1 Pj x2 ⇔ u j ( x1 ) − u j ( x2 ) > p (u j ( x2 ))

x1Q j x2 ⇔ q(u j ( x2 )) < u j ( x1 ) − u j ( x2 ) ≤ p (u j ( x2 ))

x1 I j x2 ⇔ u j ( x1 ) − u j ( x2 ) ≤ q(u j ( x2 ))

No processo de auxílio à tomada de decisão baseado em técnicas


multicriteriais, existem duas grandes linhas de atuação que desenvolveram um
conjunto de métodos de aplicação multicritério, essas linhas de atuação se dividem em
escola americana e escola francesa de apoio multicritério à tomada de decisão. Vale
ressaltar que atualmente, as duas abordagens tanto a americana quanto a francesa
são bastante utilizadas, sendo que cada uma delas é mais apropriada para um
determinado tipo de situação.
O Método de Análise Hierárquica (Analytic Hierarchy Process – AHP) é um
dos principais métodos da escola americana 9 e foi criado em 1980. O método
consiste em decompor o problema em níveis hierárquicos definindo uma medida
global para cada alternativa, a partir da sintetização dos valores atribuídos pelos
decisores, e assim classifica e prioriza as alternativas. Um outro importante método
dessa escola é a Teoria da Utilidade Multiatributo (MultiAttribute Utility Theory - MAUT)

9
Busca otimizar uma única função objetivo construída a partir das preferências do agente de decisão
agregando todos os diferentes pontos de vista considerados.

59
que foi criado em 1976, que admite a preexistência de um sistema de preferências,
transitividade e independência das preferências do decisor. Os métodos da escola
americana possuem uma abordagem racionalista (normativa) do processo. (GOMES
et al., 2004)
Os métodos da escola francesa “admitem um modelo mais flexível do
problema já que não pressupõe, necessariamente, a comparação de alternativas e
não impõe ao analista de decisão uma estrutura hierárquica dos critérios” (GOMES et
al., 2004, p. 93). Esse grupo se baseia em relações que representam as preferências
que foram colocadas pelo decisor, a fim de propiciar ao tomador de decisão subsídios
necessários ao processo de tomada de decisão. O grupo de métodos da escola
francesa surge da necessidade de incorporar a incomparabilidade entre ações em que
não eram consideradas, numa contraposição aos métodos da escola americana. A
escola francesa possui uma abordagem construtivista, parte do princípio de que a
preferência do decisor pode ser construída ao longo do processo.
Os principais métodos da abordagem francesa são a família ELECTRE
(Elimination Et Choix Traduisant la Réalité), criada em 1968. O método utiliza critérios
de peso para a construção de matrizes de concordância e de discordância, faz a
comparação com pseudocritérios através de relações hierárquicas nebulosas,
considerando aspectos de aceitação, de rejeição e/ou estimando a credibilidade da
informação. Uma outra família da escola francesa é a família Prométhée (Preference
Ranking Organization Method for Enrichment Evaluations), proposta em meados dos
anos de 1980. Atualmente, a família Prométhée é constituída por seis métodos, a
saber, Prométhée (I, II, III, IV, V e VI).
Trata-se de um método que faz parte da categoria dos métodos de relação de
superação. Foi desenvolvido para tratar problemas multicritério discretos, comparando
o desempenho das alternativas critério a critério, e assim, dispõe estas em ordem de
prioridade. É possível variar o grau de preferência entre as alternativas, uma vez que
permite estabelecer menor preferência para as pequenas diferenças e maior
preferência para as grandes diferenças, a partir do conceito de pseudocritério.
No caso específico desse estudo, por opção metodológica e simplicidade
analítica, será utilizado o método Prométhée II implementado em um aplicativo de
domínio público PRADIN – Programa para Apoio à Tomada de Decisão Baseada em
Indicadores. O aspecto de maior relevância para adoção do método é o fato desse
considerar a subjetividade, a partir do conjunto de valores/interesses de cada decisor,
já que não tem como propósito a hierarquização das alternativas e, sim, uma

60
ordenação decrescente das alternativas, de acordo sua eficiência. Trata-se de uma
ferramenta que visa gerar uma ordenação das alternativas em ordem de prioridades,
ou seja, busca resolver problemas do tipo γ ( Pγ ) .
O método Prométhée II consiste em realizar uma ordenação de prioridades
das alternativas aplicadas a um sistema de preferência nebuloso (P ~) , isto é, um
conjunto que apresenta fronteira indefinida, não tem seus limites bem definidos, que é
caracterizado por um índice de preferência C ik e reflete a confiabilidade da afirmação

x1 Px 2 . Esse método consiste ainda, em confrontar o desempenho das alternativas


critério a critério, a partir de comparações binárias e utiliza o conceito do
pseudocritério associando a eles limites de indiferença (q) e limites de preferência

estrita ( p) , o que permite ao agente de decisão a possibilidade variar o grau de


preferência entre as alternativas de acordo com o desempenho delas. (GOMES et al.,
2004, p. 124)
A partir de comparações do desempenho das alternativas critério a critério,
segundo uma dada função de preferência, o Prométhée II busca examinar a afirmação
de que a alternativa x i é estritamente preferível à alternativa x k , ( x i Px k )

É possível estabelecer uma certa hierarquização entre as alternativas


(gerando dois grupos), buscando evidenciar seu desempenho positiva e
negativamente, sendo menor preferência para pequenas diferenças e maior
preferência para as grandes diferenças e, assim, mostrar como determinada
alternativa se destaca em relação às outras. O grau de preferência varia com valores
entre zero (0) que indica indiferença, e um (1) que indica preferência estrita. Gomes et
al. (2004) apresentam, de forma didática, os passos necessários à
operacionalização do Prométhée II:

1. O primeiro passo consiste em calcular para cada par de alternativas (critério a


critério) as diferenças existentes entre os pares, segundo o critério em questão.
Essas diferenças são representadas por δ ik . Em outras palavras, o cálculo de δ ik

tem como finalidade identificar a diferença de desempenho da alternativa x i com a

alternativa x k em relação ao critério j , ou seja, tenta medir o quanto x i supera x k

( x i Sx k ) .

δ ik = u j ( x i ) − u j ( x k ) (1)

61
2. Já na segunda etapa de operacionalização do Prométhée II, têm-se um processo
de avaliação da função de preferência relativa P (representa o grau de preferência
do decisor quando este escolhe uma alternativa em relação a outra) para cada
critério j , de acordo com o modelo de critério de decisão adotado, a fim de definir
o poder discriminatório do critério:

Pj ( x i , x k ) = Pj ( u j ( x i ) − u j ( x k ) ) = Pj (δ ik ) (2)

Para fins de aplicação prática, apresenta-se abaixo os modelos utilizados


nesse estudo, o primeiro, definido como “Verdadeiro Critério ou Critério Usual” (figura
9) não requer a determinação de parâmetros; já o segundo, “Critério de Nível com
Preferência Linear e Área de Indiferença” (figura 10) utiliza os limites de indiferença
(q) e de preferência ( p) para definir o poder discriminatório do critério; e, por último,
o “Critério Gaussiano” que também não requer a definição de parâmetros (figura 11),
porém considera as distâncias entre os critérios e não apenas o seu posto.
Graficamente esses modelos podem ser representados como segue:

FIGURA 9: Representação gráfica da função de preferência Verdadeiro Critério ou


Critério Usual
Pj (δ ik )

0 δ ik

Fonte: (GOMES et al., 2004, p. 127)

62
A função de preferência desse modelo é dada por:

⎧0 se δ ik = 0 Indiferença
Pj (δ ik ) = ⎨
⎩1 se δ ik ≠ 0 Preferência estrita

FIGURA 10: Representação gráfica da função de preferência Critério de Nível


Pj (δ ik )

1
Área de
preferência fraca

0 q p δ ik

Fonte: (GOMES et al., 2004, p. 130)

A função de preferência desse modelo é dada por:

⎧0
⎪1 se δ ik ≤ q

Pj (δ ik ) = ⎨ se q < δ ik ≤ p
⎪2 se δ ik > p
⎪⎩1

63
FIGURA 11: Representação gráfica da função de preferência Critério Gaussiano
(Monotônica Contínua)
Pj (δ ik )

0 δ ik

Fonte: (GOMES et al., 2004, p. 130)

⎛ −δ ik2 ⎞
⎜ ⎟
⎜ 2σ 2 ⎟
A função de preferência desse modelo é dada por: Pj (δ ik ) = 1 − e ⎝ ⎠

Assim, se x i e x k ∈ A (conjunto das alternativas), ao comparar as


alternativas duas a duas o resultado será dado pela função de preferência P , onde:

P ( x i , x k ) = 1 ⇒ u j ( x1 ) − u j ( x 2 ) > p existe preferência estrita entre as

alternativas

1
P( xi , x k ) = ⇒ q < u j ( x1 ) − u j ( x 2 ) ≤ p há preferência fraca entre as alternativas
2

P ( x i , x k ) = 0 ⇒ u j ( x1 ) − u j ( x 2 ) ≤ q não existe preferência entre as alternativas

3. O terceiro passo diz respeito ao cálculo do índice de preferência relativa da


alternativa x i quando comparada com a alternativa x k , é representado por S ik , e

é calculado para todos os pares de alternativas. Esse índice representa a

64
intensidade de preferência de x i sobre x k , considerando simultaneamente todos

os indicadores-critérios, bem como, os pesos atribuídos a cada um deles.

∑ w P (δ
j j ik )
S ik =
j
(3)
∑w
j
j

Onde, w j representa o peso de cada critério, ou seja, a importância de cada

um dentro do processo. Cada critério pode ter pesos diferentes ou o mesmo peso,
caso tenha a mesma importância para o agente de decisão. De modo geral, a
definição dos pesos é realizada pelo agente de decisão.

4. O próximo passo refere-se à representação dos fluxos de superação que, podem


ser positivos (entrada) (Φ i+ ) ou negativos (saída) (Φ i− ) . Trata-se da representação

da média de preferência de uma alternativa x i em relação as demais alternativas,

onde, esses fluxos de superação é dado por:

Φ i+ = ∑ S ik ⇒ (4)
k

Expressa o quanto x i supera as demais alternativas, e quanto maior for o

valor de Φ i+ , melhor será a alternativa.

Φ i− = ∑ S ki ⇒ (5)
k

Expressa o quanto x i é superada pelas demais alternativas, e quanto menor

for o valor de Φ i− , melhor será a alternativa.

5. Finalmente, o quinto e último passo diz respeito à definição de uma ordenação das
alternativas. Ou melhor, neste passo será obtida uma ordenação total das
alternativas através de um índice resumo chamado de fluxo de superação neto ou
fluxo líquido φ i . Este índice é dado pela diferença entre os fluxos positivos e

negativos. Com base nos valores obtidos de φ i é possível obter uma ordenação

decrescente das alternativas, partindo da alternativa mais eficiente para a menos

65
eficiente. O Prométhée II gera uma ordenação completa das alternativas, uma vez
que não admite a relação de incomparabilidade entre as alternativas.

(φ i+ − φ i− )
φi = (6)
m −1

onde, m é o número total de alternativas envolvidas no processo.


O Prométhée II modela as alternativas a partir da relação ≥ (pelo menos tão
bom quanto), gerando uma ordenação total das alternativas.
O Prométhée II foi implementado no software PRADIN “Programa para Apoio
à Tomada de Decisão baseada em Indicadores” desenvolvido como um módulo do
Sistema de Indicadores para Apoio à Tomada de Decisão em Políticas Públicas, a
partir de demanda da SEI-BA – Superintendência de Estudos Econômico e Sociais da
Bahia e pela ANIPES – Associação Nacional das Instituições de Planejamento,
Pesquisa e Estatística. O software foi desenvolvido para possibilitar a implementação
estruturada da análise multicritério segundo o algoritmo Prométhée II. O programa
apresenta um cardápio de uso num estilo bastante inteligível, isto é, o típico passo a
passo.

3.4. Aplicações do Apoio Multicritério à Decisão no ciclo das Políticas Públicas

Ao fazer um breve levantamento na literatura sobre as áreas e os trabalhos


em que as ferramentas de apoio multicritério à decisão têm sido aplicadas, observa-se
que estas técnicas são utilizadas nos mais diferentes campos. Além disso, é possível
destacar o uso das ferramentas no planejamento e na avaliação de
projetos/programas quanto à identificação de públicos-alvo. Nesse sentido, alguns
trabalhos que adotam métodos de auxílio multicritério à decisão podem ser vistos
como relevantes contribuições na abordagem da tomada de decisão.
Cavassin (2004) desenvolveu um estudo sobre o uso das técnicas de AMD na
avaliação de municípios segundo o IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal. O estudo (dissertação de mestrado da UFPR) buscou discutir o uso das
ferramentas multicritério como alternativa ao IDH-M, para fins de avaliação dos
municípios do Estado do Paraná, apontando vantagens e desvantagens de ambas as
ferramentas.
A autora apresenta um breve resgate sobre desenvolvimento humano,
passando pela discussão das desigualdades sociais e condições de vida, chamando

66
atenção para a necessidade de identificar áreas que demandam maior atenção do
poder público, a fim de melhor conhecer as regiões críticas. Nesse sentido, ela coloca
que as técnicas de análise multicritério têm contribuído bastante, principalmente,
quando se tem vários critérios em análise.
O estudo apresenta ainda um debate sobre o processo de tomada de decisão
ressaltando seus principais aspectos e conceitos, discorre também sobre a
fundamentação teórica das técnicas de AMD, bem como, sobre a metodologia do IDH-
M. Além da análise do IDH-M para os municípios paranaenses foram aplicadas as
seguintes metodologias de apoio multicritério à decisão: Prométhée II, Electre III e
AHP. Através dos métodos de análise utilizados nesse trabalho, buscou-se ordenar os
municípios de modo a identificar as áreas consideradas potencialmente críticas
segundos os indicares utilizados.
Para efetuar a aplicação dessas ferramentas e garantir a possibilidade de
comparação entre elas foram utilizados os mesmos indicadores que compõem o IDH-
M (esperança de vida, freqüência escolar, alfabetização e log renda). Na
implementação do Electre III foram estabelecidos os limites indiferença q e
preferência p , além do veto v para esses indicadores. Já no que diz respeito a
operacionalização do Prométhée II foi definida a utilização da função de preferência
com limite de indiferença e limite de preferência estrita para todos os critérios,
parâmetros q e p , respectivamente. Enquanto que para utilizar o AHP não é
necessário definir parâmetros, mas sim, estruturar o problema em hierarquias. A
autora construiu matrizes de comparação par-a-par para cada critério, e assim
computou autovetores correspondentes a cada critério, realizando a soma ponderada
pelos pesos dos critérios.
Nos dois primeiros métodos de análise multicritério utilizados no estudo,
realizou-se análise de sensibilidade de modo a testar a consistência dos resultados.
Para implementar esses métodos foram utilizados aplicativos em ambiente MATLAB.
Por fim, Cavassin coloca que devido as diferentes características existentes
entre os métodos multicritério, faz-se necessário realizar uma análise da situação em
questão antes de optar por um método. Por exemplo, os métodos de
sobreclassificação são parcialmente compensatórios e utilizam informações adicionais,
por exemplo, quando se tem avaliação alta demais para um determinado critério, esta
pode ser compensada em outro critério que não possui uma avaliação tão boa assim,
logo um método compensatório seria bem aplicado. A autora coloca ainda que “o
método ELECTRE TRI poderia ser utilizado para gerar uma classificação ordenada

67
dos municípios, podendo assim, agrupá-los por faixas, de acordo com o grau de
desenvolvimento humano, assim, seria possível identificar aqueles em situação mais
difícil”. (CAVASSIN, 2004, p. 59)
Um outro exemplo de utilização de AMD no tocante à qualidade de vida pode
ser observado no trabalho de Lins; Gomes; Mello (2002), “Seleção do Melhor
Município: integração SIG-Multicritério”. Trata-se de um estudo que tem como
proposta apresentar de forma didática a metodologia de integração SIG-Multicritério.
Para isso, buscou-se selecionar o melhor município do Estado do Rio de Janeiro em
termos de qualidade de vida urbana.
Nesse artigo, os autores apresentam as características da análise
multicriterial – auxilia analistas e decisores em situações de identificação de
prioridades segundo diferentes critérios e interesses conflitantes – e dos Sistemas de
Informação Geográfica (SIG) – fornece suporte à solução de problemas espaciais
complexos – com o objetivo de promover a integração de ambas as técnicas e, assim,
fornecer aos decisores subsídios que permitam avaliar várias alternativas, com base
em critérios e objetivos múltiplos e conflitantes. Uma característica importante na
integração SIG-multicritério é o fato do SIG auxiliar o decisor a definir os pesos de
prioridade dos indicadores de análise, avaliar as alternativas-municípios viáveis, além
de permitir a visualização dos resultados da escolha realizada, possibilitando a
seleção de alternativas que satisfaçam os valores limiares mínimos. (LINS, et al.,
2002, p. 61, 62)
Após as considerações sobre as metodologias apresentadas pelos autores, o
estudo segue com a descrição dos passos necessários à aplicação do método
proposto, definindo os critérios e as alternativas de análise que serão considerados no
estudo, discute-se também qual método de avaliação multicritério será utilizado no
estudo sendo adotado o método multiobjetivo Pareto Race.
Após a análise dos resultados os autores puderam observar, por exemplo,
que os três municípios que apresentaram os melhores desempenhos pertencem à
Região Serrana dos Estado. Eles sugerem que uma análise inversa também poderia
ser realizada com o auxílio da integração SIG-multicritério, ou seja, uma avaliação dos
municípios com os piores desempenhos em termos de qualidade de vida, onde a
técnica se apresenta bastante adequada para no auxílio à escolha de áreas de
investimento para fins de planejamento local.
Jannuzzi (2005) apresenta como alternativa para o planejamento público e
avaliação de projetos/programas o software intitulado de “Programa para Apoio à

68
tomada de Decisão baseada em Indicadores” (PRADIN). Trata-se de uma ferramenta
baseada no método Prométhée II de apoio multicritério à decisão que tem por objetivo
oferecer aos gestores um instrumento que permita identificar públicos-alvo de
programa sociais.
É possível citar como exemplo de estudo baseado no AMD a proposta de
construção de um Indicador Multicriterial de Déficit Social, que apresenta como
objetivo a construção de indicadores de priorização de programas sociais e, para isso,
promove uma reflexão em torno do conceito de déficit social, o qual pode ser
estabelecido segundo a agenda de compromissos político-social (JANNUZZI, 2006).
Para construir a medida proposta, o autor descreve a técnica de AMD apresentando
os principais resultados obtidos com o aplicativo PRADIN. Não é objetivo do estudo
chegar a uma medida única e sintética, mas sim apresentar um indicador de déficit
social que possa ser utilizado pelos agentes decisores (gestores) no ciclo das políticas
públicas.
A implementação do AMD no PRADIN foi abordada a partir da descrição dos
passos necessários para construção do indicador multicriterial no software segundo a
definição de déficit social adotada para construção da medida

“(...) demanda social não atendida de ensino básico para


crianças e adolescentes, de programas de assistência social de
transferência de renda e proteção ao risco de desemprego de
chefes de família, de serviços básicos de prevenção à saúde
pública (minimamente garantidos pelo acesso a serviços de
infraestrutura urbana como abastecimento de água,
saneamento básico adequado, coleta de lixo) e programas de
habitação popular”. (JANNUZZI, 2006, p. 61)

Depois de ter estabelecido o conjunto de indicadores-critérios a ser utilizado


para todos os municípios-alternativas do país, realizou-se simulações através da
mudança de ponderação e de parâmetros, apresentando seus resultados por meio de
cartograma. Baseado nesses resultados o autor observa que é considerável a parcela
de deficiências apresentadas pelos municípios brasileiros para o ano de 2000.
Entretanto, ressalta para o fato de que se os indicadores forem correlacionado entre si
a proposta de simulação, ou seja, variação nos pesos, parâmetros e até mesmo
retirada de municípios, não tem muito efeito no cálculo do indicador final.
Ainda como exemplo de aplicações do AMD, vale destacar o estudo realizado
por Freitas et al. (2005), intitulado Emprego do método ELECTRE TRI na Classificação
de Hotéis, onde os autores apresentam uma abordagem alternativa ao sistema oficial
de classificação dos meios de hospedagem, baseada no uso da ferramenta de apoio

69
multicritério à decisão ELECTRE TRI. Para isso, adotou-se a realização de um
experimento, bem como, a investigação dos métodos pré-existentes de classificação
dos hotéis no município de Campos dos Goytacases/RJ. Assim, a aplicação do AMD
obedeceu às seguintes etapas: definição do conjunto de hotéis (alternativas); definição
do conjunto de critérios; desempenho dos hotéis (alternativas); definição das
categorias e fronteiras; definição dos parâmetros utilizados; análise multicriterial;
classificação dos hotéis; identificação de incomparabilidade; graus de credibilidade;
visualização das alternativas e fronteiras.
Segundo os autores a aplicação do AMD contribuiu para a obtenção
satisfatória da classificação dos hotéis, identificando, além disso, eventuais relações
de incomparabilidade, sem falar que permitiu a visualização de desempenhos dos
hotéis em relação aos padrões da categoria.

70
CAPÍTULO 4

INDICADOR MULTICRITERIAL PARA MUNICÍPIOS DA BAIXADA FLUMINENSE: ANÁLISE


DOS EFEITOS DAS DIFERENTES ESCOLHAS METODOLÓGICAS

O objetivo deste capítulo é apresentar as etapas de construção de um


indicador multicriterial para comparar as condições gerais de vida nos municípios da
Baixada Fluminense. Para isso, inicialmente apresenta-se a forma de
operacionalização do aplicativo PRADIN – Programa para Apoio à Tomada de Decisão
Baseada em Indicadores –, desenvolvido sob a referência metodológica de um dos
métodos da escola francesa de apoio multicritério à tomada de decisão, o Prométhée
II. Em seguida desenvolvem-se diferentes simulações de uso da técnica, fazendo-se
modificações no conjunto de indicadores considerados, nos seus pesos, nas funções
de preferência e seus parâmetros e no conjunto de decisores envolvidos. Com base
nesses resultados avalia-se a robustez do indicador multicritério final. É importante
destacar que nesta etapa do estudo foram considerados apenas doze municípios, uma
vez que, devido ao recente desmembramento de Mesquita não havia dados
disponíveis para o município de acordo com os indicadores selecionados.

4.1. O uso do PRADIN para cômputo do Indicador Multicriterial

O Quadro 2 e a seqüência de figuras no Anexo 1 apresentam


esquematicamente as etapas de construção do indicador multicriterial utilizando o
PRADIN.
Como primeira etapa é preciso definir claramente o objetivo - no caso, a
busca de um indicador comparativo de condições de vida para os municípios da
Baixada Fluminense. Ainda nesta etapa requer-se a definição dos agentes decisores e
seus graus de influência/poder na determinação do indicador, lembrando que para
efeito de exercício prático, nesse estudo, os decisores foram hipotéticos. Ou melhor,
não foi consultado nenhum gestor ou pesquisador, uma vez que o objetivo da
aplicação prática era testar as diferentes escolhas metodológicas que foram
realizadas, de modo a desenvolver várias simulações como uma espécie de
laboratório para possíveis desmembramentos da técnica numa aplicação prática.
A etapa seguinte consiste na definição dos critérios a serem considerados no
processo de avaliação dos municípios. Refere-se aos indicadores selecionados, onde,

71
especificamente adotou-se como critério de auxílio à tomada de decisão, o conjunto de
indicadores sociais considerados numa proposta de dimensionamento do déficit das
necessidades sociais da população referido no capítulo 1. O grau de importância
atribuído pelo agente de decisão a cada um dos indicadores é o passo seguinte dessa
etapa; por exemplo, para um determinado agente, os indicadores de infra-estrutura
urbana podem ter maior importância do que indicadores de educação, de acordo com
seus objetivos. Já para um outro agente de decisão, os indicadores de educação e
saúde podem ter maior grau de importância do que os indicadores de infra-estrutura
urbana, levando em conta seus objetivos. Por isso, é importante que logo após a
definição dos indicadores que deverão compor o estudo se estabeleça o grau de
importância destes para cada agente participante do processo de avaliação.
Na terceira etapa, após a definição dos critérios é necessário estabelecer os
parâmetros utilizados para comparação dos municípios (alternativas) de acordo com
estes mesmos critérios. Isto quer dizer que será determinado um padrão para efetuar
tais comparações entre os municípios. Em outras palavras, quando se escolhe a
função de preferência a ser utilizada, assim como os níveis de indiferença e de
preferência, o que está se fazendo é definir qual será a regra de comparação entre os
municípios. É importante destacar que no PRADIN é escolhida uma única função de
preferência, bem como, seus limiares de preferência para todos os indicadores, não
sendo possível escolher funções diferentes para cada um dos indicadores, como em
outros programas.
O nível de indiferença pode ser entendido como um parâmetro relacionado ao
erro amostral, à confiabilidade do indicador, isto é, em quanto será possível admitir
uma diferença significativa entre os municípios para um determinado indicador. Por
exemplo, se q = 5% e ao comparar dois municípios para o indicador taxa de
analfabetismo, se o resultado desta comparação apresentar uma diferença inferior a
5%, é possível dizer que não há diferenças significativas entre os municípios de
acordo com o limite de indiferença estabelecido; caso contrário, pode-se afirmar que
um município se encontra numa situação melhor ou pior que o outro.
O limite de preferência estabelece um critério para avaliação mais apurado
das diferenças entre os indicadores. Trata-se de avaliar não apenas se a diferença
entre os indicadores de dois municípios é significativa, mas se é expressiva.
Assim sendo, o limite de preferência pode estar relacionado com os critérios
normativamente estabelecidos para melhor adequação das condições de vida da
população, ou seja, pode-se tratar do padrão que se espera atingir de acordo com as

72
normas estabelecidas por compromissos sócio-político. Ao se definir, por exemplo,
p = 10% para a taxa de analfabetismo, significa dizer que na comparação entre as
taxas, entre dois municípios, àquele que apresentar taxa superior a essa teria
preferência em relação ao outro, superando-o no critério estabelecido. É importante
lembrar que como esse indicador representa uma situação de déficit, o município que
superar o outro estaria em situação mais crítica.
Após esses procedimentos, a etapa seguinte (etapa 4) consiste no cálculo do
Indicador Multicriterial através do uso do algoritmo do Prométheé II implementado no
aplicativo PRADIN. Os resultados são apresentados de forma ordenada, ou seja, os
municípios são hierarquizados de acordo com o resultado líquido entre superações e
subordinações que são definidas pela comparação dois a dois dos municípios de
acordo com função de preferência utilizada. Com o cômputo do Indicador Multicriterial
será obtido um indicador-síntese a partir dos indicadores e dos parâmetros
previamente estabelecidos.
Vale observar que como se está trabalhando com a noção de déficit, então o
município que apresentar maior cifra quanto ao Indicador Multicriterial será aquele
município que se destacar com a situação mais crítica.
Ainda nesta etapa, após a análise dos resultados é possível realizar
simulações (etapa recorrente) através de mudanças quanto aos indicadores
selecionados, retirando, trocando ou inserindo indicadores e alternativas, além de
variações quanto à função de preferência e seus limiares, e quanto ao peso dos
indicadores. Deste modo, é possível realizar a simulação de soluções quanto às
alternativas avaliadas.
A penúltima etapa refere-se à realização de uma análise de sensibilidade do
Indicador Multicriterial de modo a avaliar a robustez do indicador. A validação do
indicador, ou seja, da solução encontrada, pode ser realizada através da avaliação do
impacto de variações realizadas nos pesos dos indicadores, no grau de influência dos
decisores, ou ainda na retirada de alternativas que se encontram nas extremidades,
isto é, aquelas que tiverem apresentado melhor ou pior situação.
A sexta e última etapa permite realizar agrupamentos de soluções baseando
os grupos pelos quantis ou de acordo com a proximidade do Indicador Multicriterial, o
que permite uma solução além da hierarquização dos municípios, oferecendo soluções
que apresentem grupos de municípios com características semelhantes de acordo
com a avaliação realizada.

73
QUADRO 2: Etapas de Construção do Indicador Multicriterial para seleção de público-
alvo de programas sociais usando o PRADIN

1a.etapa
Definição do programa, agentes envolvidos e poder de
influência dos mesmos (com base na posição hierárquica,
recursos aportados etc)

2a.etapa
Explicitação dos indicadores que serão tomados como
critérios para decisão, bem como a importância que cada
agente confere ao mesmo

Etapa
3a.etapa recorrente
Definição dos parâmetros do algoritmo de comparação das Simulações
alternativas segundo os critérios como a função de segundo avaliação
preferência, níveis de indiferença e preferência coletiva dos
resultados

4a.etapa
Cômputo do Indicador Multicriterial

5a.etapa
Análise de Sensibilidade para validação do Indicador
Multicriterial

6a.etapa
Geração dos Agrupamentos de Soluções

Fonte: Jannuzzi (2006, p.10)

74
4.2. Aplicação do PRADIN na simulação do cômputo do Indicador Multicriterial

Após a descrição das etapas relacionadas à utilização do PRADIN será


apresentado, detalhadamente, neste item o processo de elaboração das simulações
realizadas no aplicativo para o cômputo do Indicador Multicriterial. Naturalmente, pelo
que foi exposto acima, dependendo do grau de influência dos decisores, do conjunto e
peso dos indicadores, da função de preferência usada pode-se chegar a diferentes
resultados com relação ao Indicador Multicriterial.
Sendo assim, tendo o propósito de construir um indicador baseado na técnica
multicritério que fosse representativo do déficit social dos municípios da Baixada
Fluminense, baseado no que foi exposto nos capítulos anteriores, selecionou-se um
conjunto de sete indicadores, apresentados na Tabela 11, que pudesse representar as
deficiências no atendimento de serviços e bens públicos prestados à população
desses municípios.
Historicamente, no Brasil a densidade demográfica pode ser um indicador
representativo de déficit social, portanto ao inserir esse indicador no conjunto dos
indicadores de déficit social há um pressuposto implícito de que regiões mais
adensadas incorreriam em um déficit social maior, pela complexidade urbana e
deseconomias que a aglomeração urbana traz em si, como mostram as metrópoles
brasileiras. Além disso, optou-se pela inserção da densidade demográfica devido ao
baixo grau de associação (Anexo 3) desse indicador com os demais indicadores
utilizados no conjunto critério de decisão, já que os outros indicadores apresentaram
forte correlação entre si.
Para representar tais deficiências no atendimento de serviços e bens públicos
prestados à população foram realizadas diferentes escolhas metodológicas no sentido
de testar os limites e potencialidades da técnica implementada no aplicativo PRADIN.

75
TABELA 11 – Indicadores de Déficit Social utilizados como critério de avaliação para o
cômputo do Indicador Multicriterial no PRADIN, segundo os municípios da Baixada Fluminense
- 2000

Indicadores déficit social


Municípios Densidade
PSE PSA PSCL PR_1SM PR_4AE PNA Demográfica
2
(hab/km )

Belford Roxo 21,13 27,77 11,58 33,29 48,35 10,88 5.446

Duque de Caxias 22,94 30,65 11,05 30,66 45,96 10,56 1.669

Guapimirim 32,26 54,46 21,61 31,84 57,74 10,93 105

Itaguaí 29,67 24,62 11,42 29,89 49,43 10,76 295

Japeri 39,87 36,79 42,43 41,49 56,66 13,25 1.008

Magé 38,11 53,33 15,94 33,69 51,24 9,76 534

Nilópolis 3,31 3,82 1,00 23,27 34,28 6,00 8.027

Nova Iguaçu 19,63 19,09 11,75 29,47 43,22 10,05 1.650

Paracambi 29,00 32,46 10,43 29,89 47,82 6,61 226

Queimados 18,75 33,59 13,26 36,22 49,23 13,24 1.568

São João de Meriti 8,18 4,58 2,30 27,20 42,24 8,69 12.909

Serópedica 41,02 14,26 19,75 32,39 50,39 8,46 244

Fonte: IBGE, Indicadores Sociais Municipais e Censo Demográfico 2000.


Nota: Não havia informação disponível para Mesquita.

Legenda:
PSE ⇒ percentual de domicílios particulares permanentes sem acesso a rede geral de esgoto ou fossa séptica;
PSA ⇒ percentual de domicílios particulares permanentes sem acesso a rede geral de água;
PSCL ⇒ percentual de domicílios particulares permanentes sem acesso a coleta domiciliar de lixo;
PR_1SM ⇒ percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem rendimento ou que recebem até um salário mínimo;
PR_4AE ⇒ percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo;
PNA ⇒ percentual de pessoas de 7 a 14 anos de idade não alfabetizadas;
DENSI ⇒ densidade demográfica (hab/Km2).

A fim de avaliar o efeito de cada uma das escolhas realizadas nas etapas
metodológicas acima apresentadas no cômputo do indicador multicritério, realizou-se
um conjunto de simulações conforme mostrado no Quadro 3, usando-se os
indicadores de déficit social (critérios) apresentados na Tabela 11.
Foram construídas efetivamente treze simulações, tendo como finalidade a
observação do efeito de algumas variações nas escolhas metodológicas. As
simulações sintetizadas no Quadro 3 estão agrupadas por diferentes grupos de cores,
sendo que na primeira simulação no cômputo do indicador multicriterial – grupo
marrom -, foi definido apenas um decisor, e foram utilizados os sete indicadores
descritos na Tabela 11, todos com pesos iguais e função de preferência critério usual.
Após a avaliação dos resultados dessa primeira simulação, decidiu-se pela realização

76
de novas simulações adotando os parâmetros utilizados nesta primeira como
referência para as seguintes.
Assim, no segundo grupo de escolhas metodológicas – grupo verde –,
buscou-se analisar o efeito da retirada de cinco indicadores e do uso de diferentes
funções de preferência, utilizando apenas os indicadores mais bem correlacionados
com o Indicador Multicriterial da primeira simulação, a saber: percentual de pessoas
responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem rendimento ou que
recebem até um salário mínimo e percentual de pessoas responsáveis pelos
domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo. A
segunda simulação foi realizada com os mesmos parâmetros da primeira, sendo
utilizado apenas esses dois indicadores, a fim de observar, a partir dos resultados
obtidos, o efeito dessa modificação.
No terceiro momento, realizou-se uma troca na função de preferência,
passando da função critério usual para a função critério de nível com área de
indiferença e preferência, lembrando que esta função utiliza os limiares p e q . Essa
mudança tem como intenção observar o impacto de uma flexibilização na função de
preferência em relação aos parâmetros da segunda simulação. Na quarta simulação,
que é a última do grupo verde, também foi realizada uma troca na função de
preferência, passando a utilizar a função de preferência: monotônica contínua que leva
em conta as distâncias dos indicadores e não apenas seus postos.
No próximo grupo de escolhas metodológicas – grupo lilás – considerou-se,
além dos dois indicadores usados nas simulações do grupo verde, também a
densidade demográfica. Portanto, na quinta simulação e primeira deste grupo, utilizou-
se todos os parâmetros da segunda simulação, porém, considerando agora três
indicadores. O objetivo foi analisar o efeito da inclusão de um indicador não
correlacionado com os demais.
Quanto à sexta simulação foram adotados os mesmos parâmetros da quinta,
trocando apenas a função de preferência de critério usual para critério de nível com
área de indiferença e preferência. Buscou-se analisar qual seria o resultado dessa
mudança no que diz respeito à quinta simulação. A sétima simulação também é
marcada pela troca da função de preferência em relação à quinta, onde, optou-se pela
função monotônica contínua, a fim de observar o comportamento dos resultados
quando se é levado em conta, ainda, à distância entre os indicadores.

77
No que diz respeito ao grupo azul de simulações – 8ª, 9ª, 10ª, e 11ª -, o
objetivo foi testar o impacto de variações nos pesos dos indicadores a partir dos
resultados obtidos, tomando como referência os parâmetros da sétima simulação.
Por fim, no grupo amarelo – simulações 12ª e 13ª – tomando como base os
parâmetros da sétima simulação, utilizou-se dois decisores, onde, para cada decisor
foi atribuído um grau de influencia e cada um deles determinou pesos diferentes para
os indicadores. O objetivo dessas simulações foi analisar o efeito da utilização de mais
de um decisor com diferentes graus de influência, bem como, os diferentes pesos
atribuídos para cada um dos indicadores.

78
QUADRO 3: Sumário das simulações realizadas para cômputo do Indicador Multicriterial utilizando o PRADIN

Etapas 1ª simulação 2ª simulação 3ª simulação 4ª simulação 5ª simulação 6ª simulação 7ª simulação 8ª simulação 9ª simulação 10ª simulação 11ª simulação 12ª simulação 13ª simulação

Decisores e
Decis.1 = 10 Decis.1 = 10
grau de 1 decisor 1 decisor 1 decisor 1 decisor 1 decisor 1 decisor 1 decisor 1 decisor 1 decisor 1 decisor 1 decisor
Decis.2 = 1 Decis.2 = 1
influência

PR_1SM PR_1SM PR_1SM PR_1SM PR_1SM PR_1SM PR_1SM PR_1SM PR_1SM


Indicadores PR_1SM PR_1SM PR_1SM
Todos os 7 PR_4AE PR_4AE PR_4AE PR_4AE PR_4AE PR_4AE PR_4AE PR_4AE PR_4AE
usados PR_4AE PR_4AE PR_4AE
DENSI. DENSI. DENSI. DENSI. DENSI. DENSI. DENSI. DENSI. DENSI.

Decisor 1: Decisor 1:
PR_1SM = 1 PR_1SM = 5
PR_4AE = 1 PR_4AE = 4
PR_1SM = 9 PR_1SM = 1 PR_1SM = 1 PR_1SM = 1 DENSI. = 8 DENSI. = 1
Pesos dos
Iguais Iguais Iguais Iguais Iguais Iguais Iguais PR_4AE = 1 PR_4AE = 9 PR_4AE = 8 PR_4AE = 1
indicadores
DENSI. = 0 DENSI. = 0 DENSI. = 1 DENSI. = 8 Decisor 2: Decisor 2:
PR_1SM = 5 PR_1SM = 1
PR_4AE = 4 PR_4AE = 1
DENSI. = 1 DENSI. = 8

Critério de nível Critério de nível


com área de com área de
Função de indiferença e Monotônica indiferença e Monotônica Monotônica Monotônica Monotônica Monotônica Monotônica Monotônica
Critério usual Critério usual preferência Critério usual preferência
preferência contínua contínua contínua contínua contínua contínua contínua contínua
q = 5% q = 5%
p = 20% p = 20%

Troca da função Troca da função


de preferência de preferência Decisores com Decisores com
Retirada de Flexibilização Inclusão de um Flexibilização Atribuição de Atribuição de Atribuição de Atribuição de
em relação à 2ª em relação à 5ª diferentes graus diferentes graus
indicadores já da função de indicador não da função de pesos pesos pesos pesos
simulação, simulação, de influência e de influência e
Efeito analisado --- correlacionados preferência em correlacionado preferência em diferentes em diferentes em diferentes em diferentes em
considerando considerando pesos em pesos em
em relação à 1ª relação à 2ª em relação à 2ª relação à 5ª relação à 7ª relação à 7ª relação à 7ª relação à 7ª
as distâncias e as distâncias e relação à 7ª relação à 12ª
simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação
não apenas os não apenas os simulação simulação
postos postos

Fonte: Elaboração própria.

79
Os resultados de cada simulação estão detalhados no Anexo 2, onde são
apresentados o valor do indicador multicritério, o escore de 0 a 100, a posição relativa
dentre os doze municípios observados e os fluxos de superação positivos e negativos,
além da correlação dos indicadores analíticos originais com o indicador multicritério. A
título de ilustração apresentam-se, nas Tabelas 12 e 13, os resultados da 1ª simulação
conforme pode ser obtido no PRADIN. É importante observar que quanto maior o valor
do Indicador Multicriterial maior é o déficit social no município.

TABELA 12 – Indicador Multicriterial obtido com a 1ª simulação, segundos os municípios da


Baixada Fluminense

QUADRO GERAL 1ª SIMULAÇÃO


Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,1429 59,6 8 57,1 42,8


Duque de Caxias -0,065 45,6 6 46,7 53,2
Guapimirim 0,4287 78,9 11 71,4 28,5
Itaguaí -0,0779 44,7 5 45,4 53,2
Japeri 0,7405 100,0 12 87,0 12,9
Magé 0,3767 75,4 10 68,8 31,1
Nilópolis -0,7405 0,0 1 12,9 87,0
Nova Iguaçu -0,2728 31,5 4 36,3 63,6
Paracambi -0,3637 25,4 3 31,1 67,5
Queimados 0,2728 68,4 9 63,6 36,3
São João de Meriti -0,5066 15,7 2 24,6 75,3
Serópedica 0,065 54,3 7 53,2 46,7

Fonte: Elaboração própria com uso do PRADIN.

TABELA 13 – Correlação entre o Indicador Multicriterial e os indicadores analíticos

Correlação entre IMC e indicadores analíticos


Ind Analítico Média D. Padrão Correlação
PSE 25,322 11,472 0,752
PSA 27,951 15,518 0,772
PSCL 14,376 10,192 0,856
PR_1SM 31,608 4,35 0,919
PR_4AE 48,046 6,042 0,907
PNA 9,932 2,144 0,798
DENSI 2806,75 3826,185 -0,585
Ind Multicritério 0 0,407 ---

Fonte: Elaboração própria com uso do PRADIN.

80
GRÁFICO 5 – Indicador Multicriterial da 1ª simulação obtido no PRADIN

Fonte: Elaboração própria com uso do PRADIN.

Na Tabela 12 é possível observar que o município de Nilópolis foi o que


apresentou o menor Indicador Multicriterial (IMC = -0,74), enquanto que Japeri se
destaca apresentando maior indicador (IMC = 0,74). Com isso, de acordo com o que
foi exposto, tem-se que Japeri é o município com maior déficit social quando
comparado com os demais municípios analisados; em contrapartida, Nilópolis é o que
apresenta menor déficit social de acordo com os critérios considerados, o que pode
ser confirmado no Gráfico 5.
Com os resultados apresentados na Tabela 12 pode-se, ainda, identificar a
posição do município segundo o Indicador Multicriterial, numa escala de 0 a 100. Além
disso, o aplicativo apresenta os municípios segundo uma ordem decrescente (posição
ordinal) do IMC, por exemplo, Guapimirim e Japeri tiveram os maiores valores quanto
ao IMC ocupando as posições 11 e 12, respectivamente, sendo estas as cidades que
apresentam maior déficit social. Enquanto que Nilópolis e São João de Meriti que
tiveram as menores cifras quanto ao IMC ocupam as posições 1 e 2, respectivamente,
representando no grupo analisado os municípios com menor déficit social.

81
Os fluxos de superação são representados por Flx+ (superação positiva) e
Flx- (superação negativa). Eles indicam o percentual de comparações de indicadores
(duas a duas) em que o município superou ou foi superado pelos demais conforme a
função de preferência definida. Por exemplo, Japeri que apresentou o maior fluxo de
superação positiva quando comparado com cada um dos outros municípios, superou-
os em 87% das comparações e foi superado em aproximadamente 13 %. Em outras
palavras, isto quer dizer que se tratando de déficit social, Japeri não se encontra em
situação favorável, uma vez que seus indicadores superaram os demais municípios na
grande maioria das comparações.
O segundo grupo de resultados gerado pelo PRADIN, neste caso a Tabela
13, apresenta a média e o desvio padrão para cada um dos indicadores utilizados,
possibilitando assim uma avaliação mais detalhada desses indicadores. Assim,
fornece condições para se realizar alterações (ou não) no conjunto de indicadores
(critério) considerado na avaliação dos municípios. Além disso, traz também a
correlação do Indicador Multicriterial com cada um dos indicadores utilizados o que
permite observar o grau de relação existente entre eles e, conseqüentemente, a
coerência na utilização dos indicadores.
Os valores dos IMC's computados nas treze simulações são apresentados na
Tabela 14, e a posição ordinal dos municípios é apresentada na Tabela 15.

82
TABELA 14 – Indicador Multicriterial por simulações realizadas no PRADIN, segundo os municípios da Baixada Fluminense - 2000

Indicador Multicriterial - IMC


Municípios
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª
simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação
Belford Roxo
0,143 0,182 0,159 0,057 0,333 0,318 0,113 0,092 0,023 0,044 0,191 0,181 0,089
Duque de Caxias
-0,065 -0,273 -0,182 -0,077 -0,030 -0,015 -0,084 -0,061 -0,093 -0,093 -0,093 -0,091 -0,078
Guapimirim
0,429 0,546 0,364 0,232 0,030 -0,091 0,078 0,058 0,407 0,339 -0,138 -0,110 0,137
Itaguaí
-0,078 -0,046 -0,023 -0,019 -0,182 -0,182 -0,084 -0,086 0,048 0,020 -0,175 -0,163 -0,059
Japeri
0,741 0,909 0,796 0,496 0,576 0,500 0,280 0,573 0,420 0,364 -0,023 0,019 0,399
Magé
0,377 0,636 0,250 0,137 0,333 0,076 0,027 0,127 0,146 0,112 -0,128 -0,107 0,082
Nilópolis
-0,741 -1,000 -0,977 -0,570 -0,394 -0,379 -0,232 -0,513 -0,626 -0,518 0,242 0,178 -0,397
Nova Iguaçu
-0,273 -0,636 -0,318 -0,176 -0,333 -0,106 -0,150 -0,138 -0,215 -0,202 -0,114 -0,119 -0,159
Paracambi
-0,364 -0,318 -0,091 -0,057 -0,485 -0,318 -0,111 -0,094 -0,020 -0,041 -0,187 -0,177 -0,088
Queimados
0,273 0,455 0,341 0,166 0,333 0,288 0,075 0,254 0,077 0,061 -0,051 -0,033 0,131
São João de Meriti
-0,507 -0,818 -0,500 -0,267 -0,212 0,000 0,109 -0,265 -0,269 -0,156 0,635 0,564 -0,082
Serópedica
0,065 0,364 0,182 0,078 0,030 -0,091 -0,021 0,053 0,103 0,070 -0,159 -0,141 0,027

Fonte: Elaboração própria com uso do PRADIN.

83
TABELA 15 – Posição dos municípios da Baixada Fluminense segundo o Indicador Multicriterial - 2000

Posição do município segundo o IMC


Municípios
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª
simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação simulação
Belford Roxo 8 7 7 7 11 11 11 9 6 7 10 11 9

Duque de Caxias 6 5 4 4 6 7 5 6 4 4 7 7 5

Guapimirim 11 10 11 11 7 5 9 8 11 11 4 5 11

Itaguaí 5 6 6 6 5 3 4 5 7 6 2 2 6

Japeri 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 9 9 12

Magé 10 11 9 9 10 9 7 10 10 10 5 6 8

Nilópolis 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 11 10 1

Nova Iguaçu 4 3 3 3 3 4 2 3 3 2 6 4 2

Paracambi 3 4 5 5 1 2 3 4 5 5 1 1 3

Queimados 9 9 10 10 9 10 8 11 8 8 8 8 10

São João de Meriti 2 2 2 2 4 8 10 2 2 3 12 12 4

Serópedica 7 8 8 8 8 6 6 7 9 9 3 3 7

Fonte: Elaboração própria com uso do PRADIN.

84
Segundo o plano de análise comparativa apresentado no Quadro 3, observa-
se que, na comparação da 2ª simulação com a 1ª a retirada de cinco dos sete
indicadores considerados não influenciou a ordem relativa dos municípios. Isto pode
ser atribuído ao fato dos indicadores utilizados serem fortemente correlacionados com
o Indicador Multicriterial e entre si, o que pode ser observado no gráfico abaixo o qual
revela a existência de uma relação linear entre os indicadores multicritério obtidos na
2ª simulação e os obtidos na 1ª. A correlação dos indicadores entre si pode ser
constatada na tabela apresentada no Anexo 3.

GRÁFICO 6 – Indicador Multicriterial 2ª simulação versus 1ª simulação

1,5

2
R = 0,9368
1
Japeri

Magé
Guapimirim
0,5
Queimados
Seropédica
IMC 2ª simulação

Belford Roxo

0
Itaguaí
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Duque de Caxias
Paracambi

-0,5
Nova Iguaçu

São João de Meriti

Nilópolis -1

-1,5
IMC 1ª simulação

Fonte: Elaboração própria

Na seqüência de simulações (3 e 4), em que se dá mudança na função de


preferência, é possível observar que o efeito das alterações realizadas também é
pequeno em relação ao posicionamento ordinal dos municípios, onde, não há registro
de mudança significativa quanto a posição dos municípios (Tabela 15) quando
comparada com a ordenação obtida na 2ª simulação. Entretanto, deve-se ressaltar
que houve uma diminuição na variabilidade do Indicador Multicriterial ao trocar as
funções de preferência, sendo que quando se utiliza a função monotônica contínua
essa redução se torna mais explícita do que quando se utiliza a função critério de nível

85
com área de indiferença e preferência. Neste último caso, os limiares de preferência
não parecem interferir muito no resultado da classificação ordinal. Vale observar que
os fluxos de superação positiva e negativa são bem menores, em geral, que os da 1ª
simulação.
Na 5ª simulação, com a inclusão da densidade demográfica - indicador dentre
os sete selecionados inicialmente que apresentou menor correlação com o Indicador
Multicriterial da 1ª simulação e o que está menos correlacionados com os demais - no
conjunto de indicadores avaliados a partir da 2ª simulação, observou-se alterações
quanto à ordenação dos municípios.
Três municípios tiveram troca em suas posições relativas, uma vez que
Guapimirim passou da 10ª para a 7ª posição, Belford Roxo da 7ª para a 11ª posição e
Paracambi da 4ª para 1ª posição, resultados obtidos na 5ª simulação quando
comparado com a 2ª simulação.
O Indicador Multicriterial apresentou uma correlação positiva e forte com os
indicadores PR_1SM e PR_4AE e negativa com a densidade, porém nos dois
primeiros casos houve certa diminuição entre o grau de relação dos indicadores
quando comparado com os resultados da 2ª simulação. Ocorreu ainda uma redução
na dispersão do novo indicador. O Gráfico 7 mostra que há uma associação entre os
indicadores obtidos na 5ª simulação e os indicadores da 2ª, embora o R2 (0,716) agora
seja menor que o R2 (0,937) da comparação entre a 2ª e a 1ª simulação. Ou seja, se a
retirada de indicadores correlacionados (2ª simulação) teve pouco efeito no IMC, a
inclusão de um indicador não correlacionado com os demais, provocou uma alteração
significativa nessa ordenação.

86
GRÁFICO 7 – Indicador Multicriterial 5ª simulação versus 2ª simulação

0,8

0,6
Japeri

2
R = 0,716
0,4
Belford Roxo Queimados
Magé

0,2
IMC 5ª simulação

Seropédica
Guapimirim
0
Duque de Caxias
-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5

São João de Meriti -0,2 Itaguaí

Nova Iguaçu
Nilópolis -0,4

Paracambi

-0,6

-0,8
IMC 2ª simulação

Fonte: Elaboração própria

Ao testar a influência que a mudança de função de preferência exerceria


sobre os resultados da simulação 5, pode-se observar que praticamente não houve
alteração na posição dos indicadores como é possível verificar na Tabela 15. Na
simulação 7 apenas o município de São João de Meriti apresenta alteração
significativa na ordem de sua posição, passando da 4ª para a 10ª posição quando
comparado com o resultado da 5ª simulação. Isto pode ser explicado pelo fato de que
a função escolhida agora monotônica contínua considera também as distâncias entre
os indicadores e não apenas os postos conforme acontece com a função critério usual,
o que no caso de São João de Meriti exerce muita influência devido ao fato deste
município apresentar alta densidade demográfica em torno de 13 mil habitantes por
quilômetro quadrado, muito mais que a dos demais municípios analisados.

87
GRÁFICO 8 – Indicador Multicriterial 7ª simulação versus 5ª simulação

0,4

0,3
Japeri

2
R = 0,661
0,2

São João de Meriti Belford Roxo


0,1
Guapimirim Queimados
IMC 7ª simulação

Magé
0
-0,6 -0,4 -0,2 0 Seropédica 0,2 0,4 0,6 0,8

Itaguaí Duque de Caxias


-0,1
Paracambi

Nova Iguaçu

-0,2
Nilópolis

-0,3

-0,4
IMC 5ª simulação

Fonte: Elaboração própria

Atribuindo-se pesos aos indicadores utilizados na 7ª simulação conforme


acontece nas simulações 8, 9, 10 e 11 é possível notar, no caso desses indicadores,
que o efeito desta alteração só tem destaque quando a densidade tem peso muito
baixo (simulações 8, 9 e 10) ou quando tem peso muito alto (simulação 11) em relação
aos demais indicadores, o que acontece devido ao fato desse indicador não ser tão
bem correlacionado com os demais. São João de Meriti é o município que apresenta
maior oscilação no tocante ao posicionamento quando comparado com a simulação 7.
Nos momentos em que a densidade é praticamente nula (simulações 8, 9, e 10) São
João de Meriti ocupa uma das três primeiras posições, revelando-se como um
município com baixo déficit social, já no momento em que a densidade tem o maior
peso (simulação 11), e, este é bem distante dos demais, o município volta a ocupar a
12ª posição, indicando que São João é o que apresenta maior déficit social dentre os
municípios. É importante destacar que a função utilizada foi monotônica contínua.
Quanto aos demais municípios, estes não apresentaram mudanças relevantes em
suas posições conforme é possível observar no Gráfico 9.

88
GRÁFICO 9 – Indicador Multicriterial 8ª simulação versus 7ª simulação

0,8

0,6
Japeri

2
R = 0,6262
0,4

Queimados
IMC 8ª simulação

0,2

Magé
Belford Roxo
Seropédica Guapimirim
0
-0,3 -0,2 -0,1 Duque de Caxias0 0,1 0,2 0,3 0,4
Itaguaí
Paracambi
Nova Iguaçu
-0,2
São João de Meriti

-0,4

Nilópolis

-0,6
IMC 7ª simulação

Fonte: Elaboração própria

Ao realizar um outro exercício (simulação 12), no qual se utilizou dois


decisores com graus de influência bem distantes, em que, o decisor com maior poder
de influência concentra 80% do peso atribuído aos indicadores na densidade, tem-se
que, apesar do outro decisor distribuir 90% de seus pesos nos indicadores de renda e
educação, a maioria dos municípios fica com valores negativos quanto ao Indicador
Multicriterial, sugerindo que em boa parte da Baixada Fluminense o déficit social é
pequeno. Também foi utilizado como base os parâmetros da 7ª simulação, entretanto,
o fato de concentrar maior peso na densidade influenciou para que os valores do
Indicador Multicriterial fossem reduzidos. A relação entre esses resultados (simulação
12 com 7) pode ser observada com mais detalhes no Gráfico 10.

89
GRÁFICO 10 – Indicador Multicriterial 12ª simulação versus 7ª simulação

0,7

São João de Meriti


0,5

0,3

Nilópolis Belford Roxo


2
R = 0,0795
IMC 12ª simulação

0,1

Japeri
-0,3 -0,2 -0,1 0 Queimados
0,1 0,2 0,3 0,4
Duque de-0,1
Caxias Magé
Nova Iguaçu Guapimirim
Seropédica
Itaguaí
Paracambi

-0,3

-0,5

-0,7
IMC 7ª simulação

Fonte: Elaboração própria

O Gráfico 11 revela que quando o exercício realizado na simulação 12 é


invertido (simulação 13), no que diz respeito ao peso aplicado aos indicadores
atribuindo maior influência ao decisor que valoriza os indicadores PR_1SM e PR_4AE,
o Indicador Multicriterial volta apresentar comportamento semelhante ao da maioria
das outras simulações. Este fato pode ser observado em detalhes no Gráfico 11, o
qual apresenta a relação existente entre os resultados da 13ª simulação com os
resultados da 12ª simulação, onde, pode-se notar que a associação entre os
indicadores obtidos nos dois modelos é fraca apresentando um R2 = 0,026.

90
GRÁFICO 11 – Indicador Multicriterial 13ª simulação versus 12ª simulação

0,5

0,4 Japeri

0,3

0,2

Guapimirim
Queimados
0,1 Belford Roxo
IMC 13ª simulação

Magé

Seropédica
0
-0,3 -0,2 Itaguaí -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
Paracambi Duque de Caxias São João de Meriti
-0,1 2
R = 0,026
Nova Iguaçu
-0,2

-0,3

-0,4 Nilópolis

-0,5
IMC 12ª simulação

Fonte: Elaboração própria

Com a finalidade de testar a consistência do indicador obtido nas simulações


apresentadas, elegeu-se a 11ª simulação para realizar análise de sensibilidade de
seus resultados, já que esta foi a última simulação que utilizou apenas um decisor e
concentrou 80% do peso na densidade demográfica. O resultado dessas avaliações
está no Anexo 2 e refere-se as simulações 14, 15, 16, 17 e 18.
A primeira avaliação (simulação 14) consistiu na variação em 20% no peso
dos indicadores, esta alteração não registrou influência significativa no resultado
obtido, onde, a correlação de Pearson entre o indicador original e o calculado na
análise de sensibilidade foi bastante forte, aproximadamente igual a um, indicando que
a solução encontrada originalmente pode ser considerada válida.
No exercício seguinte (15ª simulação) optou-se por uma análise diferente,
retirando o município que apresentou escore mais elevado, neste caso, o município
retirado foi São João de Meriti. A retirada deste município influenciou um pouco mais
nos resultados obtidos do que a alteração anterior, mas, ainda assim, a relação entre
os indicadores original e calculado é representativa (correlação de Pearson foi de
0,567), onde, a variação dos resultados foi um pouco menor que a original, com um
desvio padrão igual a 0,1. Na 16ª simulação Belford Roxo, Nilópolis e São João de

91
Meriti foram excluídos da análise por serem municípios que apresentaram os maiores
valores do Indicador Multicriterial. A partir dessa análise foi possível observar que a
variabilidade do indicador calculado foi menor que a do indicador original e que a
relação entre eles também diminui quando comparada aos casos anteriores,
apresentando um coeficiente de correlação igual a 0,191.
Outra possibilidade de análise de sensibilidade que o aplicativo permite com
base na técnica multicritério implementada é a retirada de k unidades com cifras mais
baixas, no caso desse estudo, representa a retirada dos municípios com menor déficit
social. Ao excluir o município com menor indicador, Paracambi, os resultados não
apresentaram grandes diferenças, pelo contrário, a dispersão do Indicador Multicritério
calculado na análise de sensibilidade ficou bem próxima da dispersão do indicador
original, e, eles apresentaram ainda forte grau de associação com 0,97. Ao excluir da
análise os três municípios que apresentaram menor valor para o Indicador Multicriterial
(Itaguaí, Paracambi e Seropédica) é possível dizer que os resultados calculados são
próximos dos resultados originais, já que a correlação entre eles é bem forte (0,90).
De modo geral, pode-se afirmar que a solução obtida é válida, pois, o impacto
das variações realizadas foi pequeno, registrando tímidas alterações no resultado final,
sendo assim, a análise de sensibilidade confirmou a solidez do indicador.

4.3. A pergunta que não quer calar: qual dos Indicadores Multicriteriais representa a
melhor escolha?

Para tentar responder esta pergunta, ilustrou-se o resultado de cada uma das
simulações apresentadas no item 4.2 em cartogramas do déficit social na Baixada
Fluminense, de acordo com o Indicador Multicriterial conforme mostra a Figura 12.
Basicamente a conclusão que se chega é que para o cômputo do Indicador
Multicriterial, não há necessidade de uma grande quantidade de indicadores/critérios,
uma vez que, ao analisar o efeito das simulações realizadas foi possível constatar que
não houve diferenças significativas no resultado final do indicador. Assim, tanto na
simulação que utilizou 7 indicadores quanto nas simulações que consideraram 2 e 3
indicadores, os resultados ficaram bem próximos, levando em conta a quantidade de
indicadores pertencentes ao sistema de critérios.
Outro aspecto importante que pode ser observado a partir das simulações
realizadas é o fato de que ao se atribuir pesos diferentes aos indicadores não foram

92
captadas grandes influências nos resultados obtidos, a não ser quando se atribuiu boa
parcela do peso ou se retirou boa parte dele a um indicador não correlacionado.
Hagerty e Land (2004, p. 23) mostram que, de fato, mais importante que o
peso atribuído aos indicadores é o conjunto de indicadores usado, mais
correlacionados ou menos correlacionados, que pode influenciar o cômputo final de
um indicador sintético.
A utilização dos parâmetros q e p também não apresentou interferência
explícita nos resultados, ficando estes muito próximos dos resultados obtidos sem a
necessidade de especificar os limiares de preferência.
As simulações 11 e 12 evidenciam de forma bem clara a questão do peso
colocada acima, pois ao observar os referidos cartogramas, verifica-se que o déficit
social na Baixada Fluminense praticamente não existe, o que oculta ou disfarça a
dinâmica social apontada nas demais simulações.
Como foi visto no debate sobre mensuração de condições e qualidade de vida
– capítulo 1 -, bem como no capítulo 3 quando da apresentação da metodologia, a
subjetividade que tanto se falou nesses momentos sem dúvida há que ser
considerada, uma vez que ela é parte integrante do processo de tomada de decisão.
Nesse sentido, por exemplo, quando se deseja implementar um programa social numa
determinada região, é necessário identificar o público alvo, só neste primeiro
momento, já se tem uma subjetividade intrínseca a essa escolha, sem falar que cada
decisor além de diferentes interesses traz consigo uma carga de experiência tanto no
campo de conhecimento ao qual se despenderá aquela decisão quanto da sua própria
base empírica.
Assim, se o objetivo for a implementação de um programa que busque reduzir
o déficit social na Baixada Fluminense, por exemplo, e quando se pensa em medir
esse déficit, a fim de se constituir parâmetros ou eleger áreas prioritárias, muito
provavelmente não se deve levar em conta apenas indicadores puramente
econômicos, tal como, o caso do PIB; a densidade demográfica é um outro caso que
pode ser mencionado, entre outros. Isso porque se o objetivo é dimensionar o déficit
social, então, deve-se buscar indicadores que permitam captar o nível desse déficit.
Com isso, como seria possível fazer tal escolha? Pode-se utilizar indicadores
que possibilitem a captação do acesso da população a bens e serviços públicos,
através do uso de indicadores de infra-estrutura urbana, habitação, educação, saúde
etc. Outra possibilidade de contribuição na mensuração do déficit social seria a
realização agregada de um estudo qualitativo, onde seria possível confrontar os

93
resultados apontados pelos indicadores através de relatos, reportagens, ou imagens
que retratassem de maneira empírica o nível de acesso a esses bens e serviços,
levantados a partir de estudos de campo.
Buscou-se com o exemplo acima apresentar uma tentativa de ilustração de
como a subjetividade, o juízo de valor e o bom senso dos agentes envolvidos no
processo de tomada de decisão influenciam no resultado que se quer chegar, o que
está exemplificado nos cartogramas 11 e 12, onde, mostram um déficit social bastante
reduzido. Essa proposta visa mostrar que o indicador multicriterial em relação a outros
indicadores sintéticos é uma técnica mais flexível, porque não tem um modelo único o
que permite inúmeras variações do modelo, e, como a tomada de decisão é um ato
humano, a técnica deve ser vista como instrumento de apoio e nunca substituir o
decisor.
Por fim, a partir desse cenário é possível dizer que não se chega a uma
melhor escolha, uma vez que os resultados estão variando muito pouco e quase
sempre estão variando dentro dos mesmos níveis. Entretanto, se fossem adotados
apenas indicadores correlacionados, a partir de cada simulação realizada, pode-se
dizer que o modelo 4 responderia como a melhor alternativa para retratar o déficit
social na Baixada Fluminense. E, quanto à possibilidade de se considerar a inclusão
de um indicador não correlacionado (densidade demográfica) a opção que melhor
retrataria os bolsões de déficit social naquela Região seria a simulação 7, uma vez que
o contraste desse cartograma é o que mais se aproxima da freqüência geral dos
indicadores correlacionados.

94
FIGURA 12: Déficit social na Baixada Fluminense, segundo o Indicador Multicriterial

1ª Simulação 2ª Simulação

3ª Simulação 4ª Simulação

5ª Simulação 6ª Simulação

95
7ª Simulação 8ª Simulação

9ª Simulação 10ª Simulação

11ª Simulação 12ª Simulação

13ª Simulação

Fonte: Elaboração própria com apoio do aplicativo Tabwin/Tabnet/DATASUS/MS.

96
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa parte final do trabalho o objetivo consiste em apresentar as principais


descobertas da metodologia utilizada, de modo a verificar a validade da mesma. Os
resultados obtidos para os municípios da Baixada Fluminense são de grande
importância no estudo, pois além de possibilitar a verificação da validade da escolha
metodológica realizada, contribui com mais um olhar sobre a Região.
Ademais, espera-se que as considerações apresentadas ao longo desse
estudo, apoiadas no movimento de retomada do planejamento público e no crescente
apreço pelos indicadores sociais, quer pelos governantes e quer pela própria
sociedade no exercício do controle social, tenha utilidade no processo de avaliação
dos municípios, fornecendo informações sobre seu desenvolvimento, as quais
permitam auxiliar de maneira eficaz a tomada de decisão visando atender às
necessidades da população e, assim, quem sabe melhorar suas condições de vida.
Nessa perspectiva, a utilização de métodos e técnicas voltadas à avaliação
das práticas dos governos e ao dimensionamento das condições de vida da
população, tal como o próprio AMD, tem um importante papel no processo evolutivo da
sociedade, porém, como se buscou mostrar aqui são muitas as possibilidades, e, a
técnica utilizada não é a única possível. Mas, é uma das que permitem ao processo de
tomada de decisão a condição de se realizar uma avaliação mais transparente através
das diferentes escolhas plausíveis.
Assim sendo, buscou-se aqui mostrar criteriosamente os passos para
construção de um indicador multicriterial, de modo que permitisse retratar
comparativamente as condições de vida de uma população, neste caso, da Baixada
Fluminense, numa tentativa de desvelar seus bolsões de déficit social. E foi assim, a
partir do exercício de algumas das diferentes possibilidades aportadas com o uso do
AMD, com base no aplicativo PRADIN, que se pôde chegar a importantes
considerações sobre os efeitos da operacionalização do AMD, e, porque não dizer da
importância do reconhecimento de que a tomada de decisão é uma ação
essencialmente humana, e que a técnica é um significativo instrumento que subsidia
essa decisão.
Um dos primeiros passos na tentativa de construir um modo de captar e
representar a dinâmica social consiste na escolha do conceito representativo do
fenômeno que se deseja apreender, no caso desse estudo, utilizou-se a noção de
condições de vida através da avaliação do déficit social. Tanto um conceito quanto o
outro apresentam em sua essência uma carga de complexidade, uma vez que tratam

97
de questões empíricas da sociedade, onde, em boa medida, buscam retratar sua
realidade.
Após essa etapa é importante definir quais serão os critérios tomados como
parâmetros para realizar as análises desejadas, tratando-se de um importante passo,
onde, em muito, deve-se contar com o bom senso do pesquisador na construção de
um sistema lógico para o conceito adotado, isto é, a seleção de critérios que
apresentem relação com o conceito estabelecido, o que em geral tem a ver com o
conhecimento do pesquisador sobre o tema e com o levantamento de propostas
semelhantes já realizadas.
É importante ressaltar que o conjunto de indicadores selecionados para
construção de uma medida que pudesse representar o déficit na Baixada Fluminense
não está fechado, e que tão somente esses indicadores são representativos do déficit
social. Portanto indicadores como, por exemplo, de transporte público, de segurança
entre outros, poderiam integrar o conjunto de indicadores utilizado, também chamado
de conjunto critério de decisão. É claro que outros pesquisadores então poderiam
desejar incluir, retirar ou até mesmo mudar todo o conjunto de indicadores aqui
utilizado, mas, trata-se de uma escolha metodológica que lançou mão do que se
encontrava disponível e do que era possível realizar de acordo com os recursos.
A técnica utilizada na construção do Indicador Multicriterial se mostrou
bastante eficiente no que se refere aos objetivos propostos, podendo se destacar
como potencialidades do método a possibilidade de flexibilizar o modelo utilizado,
além, de permitir a análise da consistência e validade do resultado encontrado,
conforme foi constatado no capítulo 4. Como limites é possível destacar, diante do que
aqui foi observado, o fator humano através das diferentes escolhas e decisões que
podem ser tomadas, o que não seria uma limitação do método em si, mas uma
questão de coerência dos agentes envolvidos no processo decisório.
Em relação ao aplicativo PRADIN 2.0, o qual se operacionalizou o método,
pode-se dizer que atende bem ao seu propósito em ser uma ferramenta pública para
capacitação em análise multicritério, uma vez que possui uma linguagem bastante
acessível, além de gerar os resultados numa disposição clara, oferecer análise gráfica,
de sensibilidade e agrupamento das alternativas por clusters. Na tentativa de colaborar
com o aperfeiçoamento do aplicativo para melhor uso, é sugerido, caso seja possível,
que se colocasse uma breve explicação de cada função de preferência e seus limiares
no momento em que o usuário selecionasse a função desejada, de modo que ao
selecionar a função ele pudesse identificar que tipo de tratamento seria dado aos

98
indicadores, a fim de melhor compreender os resultados obtidos. Outra sugestão é a
inserção de uma opção para construir cartogramas dos resultados obtidos, pois esse
tipo de recurso para os objetivos de aplicação do PRADIN contribui em boa medida
para melhor apreensão e ilustração dos resultados.
O Indicador Multicriterial em relação a outros indicadores sintéticos como, por
exemplo, o IDH e o IQM, oferece a possibilidade de flexibilização do modelo a partir da
incorporação de aspectos que melhor se ajustem a cada situação analisada. Além
disso, como os próprios agentes envolvidos é que irão determinar os parâmetros de
análise e, em muitas vezes, possuem alguma familiaridade com o objeto e/ou região
de estudo, é possível usar desse conhecimento empírico para melhor adequar a
técnica, o que não é permitido em outras técnicas.
No debate sobre o uso de indicadores sociais no apoio à gestão pública, não
se pode deixar de fazer uma observação constatada nesse trabalho, onde, de acordo
com os indicadores especificados como de déficit social São João de Meriti é um dos
municípios que apresentam as melhores cifras quanto à infra-estrutura urbana, por
exemplo, segundo o Censo 2000 cerca de 95% dos domicílios da cidade tinham
acesso à rede geral de água, no entanto, é sabido que nos últimos anos e em muitos
bairros a água não chegava às casas. Ao levantar essa questão não se tem como
intenção discutir a metodologia dos Censos, até porque isso não foi de competência
desse trabalho, mas sim, alertar para o uso e aplicação dos indicadores, cabendo ao
pesquisador “desconfiar” dos dados que têm em mãos e procurar confrontá-los através
de outros meios de levantamento de dados como, por exemplo, o registro fotográfico
ou a pesquisa de campo.
O debate realizado e os resultados encontrados neste estudo evidenciaram
algumas das possibilidades e algumas das limitações quanto ao tema abordado e
também quanto ao método utilizado, deste modo, espera-se que estudos futuros
possam ser realizados a fim de contrapor os resultados aqui obtidos e, assim,
contribuir para o aprimoramento da técnica.
O exercício empírico sobre os dados relativos a Baixada Fluminense revelou,
através do Indicador Multicriterial - IMC, que as condições de vida nos municípios, de
modo geral, apresentam situação crítica em boa parte deles. Os municípios de Japeri,
Magé, Guapimirim, Queimados, Seropédica foram os que, na maioria das simulações,
apresentaram maiores IMC apontando que o déficit social é maior nestes municípios,
já Nilópolis, São João de Meriti e Paracambi ocuparam os melhores lugares na
ordenação segundo o IMC com as menores cifras para o indicador, sugerindo que o

99
déficit social é menor nestes municípios. Cabe ressaltar ainda que a representação do
déficit social da Baixada Fluminense por meio de cartogramas permitiu, em boa
medida, atentar para o fato de que o uso da técnica requer interação com o conceito
analisado, assim como com os fatores empíricos relacionados à situação em questão,
uma vez que não se pode nem deve dogmatizar o conhecimento da técnica, pois não
existe verdade única e a dinâmica social é bastante complexa.

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Paulo em Perspectiva. São Paulo, SP: Fundação SEADE vol. 4 n. 2, abr/jun 1990.

VITTE, Claudete de Castro Silva; JANNUZZI, Paulo de Martino; KEINERT, Ruben


César; KEINERT, Tânia Margarete Mezzomo. Novas abordagens de desenvolvimento
e novas formas de gestão de cidades In Qualidade de vida: observatórios,
experiências e metodologias. São Paulo: AnnaBlumme: Fapesp, 2002.

103
HEMEROGRAFIA

www.euro.who.int/ageing/quality/20020710_1 - Consultado em 17/09/2006

www.pnud.org.br/idh - Consultado em 08/11/2006

www.seade.gov.br – Consultado em 11/01/2007

http://www.fjp.gov.br – Consultado em 22/10/2006

104
ANEXOS

105
ANEXO 1: Construção do Indicador Multicriterial usando o PRADIN

Primeira fase – quanto ao decisor

1. Consiste em definir qual é o problema a ser resolvido.

2. O segundo passo desta fase diz respeito à definição de quais serão os decisores
que participarão do processo.

106
3. Na etapa seguinte, deve-se determinar o grau de influência de cada um dos
decisores que atuarão no processo.

Segunda fase – quanto aos critérios

4. Este passo consiste em especificar quais serão os indicadores-critérios (por


exemplo, percentual de pessoas de 7 a 14 anos que não freqüentam a escola,
percentual de domicílios sem acesso a rede geral de água, percentual de
responsáveis por domicílios que ganham até 1SM) utilizados como critério de
avaliação das alternativas-municípios.

107
5. Diz respeito à especificação do valor de cada indicador para cada alternativa-
município como mostra o exemplo anterior.

6. Determinar o peso que cada agente de decisão dará para cada indicador.

108
Terceira fase – quanto aos parâmetros de comparação

7. Neste passo, deve-se escolher a função de preferência a ser utilizada.

8. Após a escolha da função de preferência é necessário determinar os parâmetros


q (limite de indiferença) p (limite de preferência) desta função quando
necessário.

109
Quarta fase – quanto os resultados

9. Nesta etapa, tem-se o resultado da operacionalização do Prométhée II através do


Pardin, gerando uma hierarquização das alternativas segundo o resultado líquido
entre superações e subordinações que as comparações (duas a duas) das
alternativas (para cada indicador) definem.

110
10. Nesse passo o PRADIN irá gerar um conjunto de alternativas - a partir do
indicador multicriterial (indicador-síntese) calculado -, segundo os critérios e os
pesos estabelecidos, ordenando-as daquela que apresenta menor potencial para
aquela que apresenta maior potencial.

111
Quinta fase – quanto à validação dos resultados

11. Para fins de validação do processo, a partir da verificação da robustez do resultado


obtido, é possível realizar diferentes simulações alterando funções e parâmetros
de comparação, os pesos dos indicadores e/ou até mesmo retirando ou
acrescentando determinados indicadores e alternativas. Ao se realizar essas
simulações tem-se como intenção verificar se haverá grandes variações nos
resultados apresentados, a fim de confirmar ou não a confiabilidade da solução
final. Além disso, o programa permite realizar uma análise de sensibilidade através
da qual é possível retirar as alternativas com maior e/ou menor escore, bem como
realizar variações percentuais nos pesos dos indicadores e no poder atribuído aos
decisores.

112
12. Por fim, é possível também realizar uma avaliação segundo a definição de clusters,
buscando a partir da análise de agrupamentos grupos de alternativas que
apresentem semelhança de acordo com os critérios utilizados.

113
114
ANEXO 2: Simulações do Indicador Multicriterial no PRADIN

1ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q, P, Função: 0, 0, 1

Obs: função de preferência critério usual com q = 0 em termos relativos.

QUADRO GERAL 1ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,1429 59,6 8 57,1 42,8

Duque de Caxias -0,065 45,6 6 46,7 53,2

Guapimirim 0,4287 78,9 11 71,4 28,5

Itaguaí -0,0779 44,7 5 45,4 53,2

Japeri 0,7405 100,0 12 87,0 12,9

Magé 0,3767 75,4 10 68,8 31,1

Nilópolis -0,7405 0,0 1 12,9 87,0

Nova Iguaçu -0,2728 31,5 4 36,3 63,6

Paracambi -0,3637 25,4 3 31,1 67,5

Queimados 0,2728 68,4 9 63,6 36,3

São João de Meriti -0,5066 15,7 2 24,6 75,3

Serópedica 0,065 54,3 7 53,2 46,7

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PSE 25,322 11,472 0,752

PSA 27,951 15,518 0,772

PSCL 14,376 10,192 0,856

PR_1SM 31,608 4,35 0,919

PR_4AE 48,046 6,042 0,907

PNA 9,932 2,144 0,798

DENSI 2806,75 3826,185 -0,585

Ind Multicritério 0 0,407 ---

115
2ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q, P, Função: 0, 0, 1

Obs: função de preferência critério usual com q = 0 em termos relativos. Foi considerado
somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem
rendimento ou que recebem até 1SM e o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios
particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo.

QUADRO GERAL 2ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,1818 61,9 7 59,0 40,9

Duque de Caxias -0,2727 38,0 5 36,3 63,6

Guapimirim 0,5455 80,9 10 77,2 22,7

Itaguaí -0,0455 49,9 6 45,4 50,0

Japeri 0,9091 100,0 12 95,4 4,5

Magé 0,6364 85,7 11 81,8 18,1

Nilópolis -1 0,0 1 0,0 100,0

Nova Iguaçu -0,6364 19,0 3 18,1 81,8

Paracambi -0,3182 35,7 4 31,8 63,6

Queimados 0,4545 76,1 9 72,7 27,2

São João de Meriti -0,8182 9,5 2 9,0 90,9

Serópedica 0,3636 71,4 8 68,1 31,8

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,35 0,889

PR_4AE 48,046 6,042 0,908

Ind Multicritério 0 0,588 ---

116
3ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q, P, Função: 5, 20, 8

Obs: função de preferência critério de nível com área de indiferença e preferência com q = 5 e
p = 20 em termos relativos. Foi considerado somente o percentual de pessoas responsáveis
pelos domicílios particulares permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM e o
percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem instrução
ou com até 4 anos de estudo.

QUADRO GERAL 3ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,1591 64,1 7 29,5 13,6

Duque de Caxias -0,1818 44,8 4 15,9 34,0

Guapimirim 0,3636 75,6 11 45,4 9,0

Itaguaí -0,0227 53,8 6 18,1 20,4

Japeri 0,7955 100,0 12 79,5 0,0

Magé 0,25 69,2 9 36,3 11,3

Nilópolis -0,9773 0,0 1 0,0 97,7

Nova Iguaçu -0,3182 37,1 3 11,3 43,1

Paracambi -0,0909 50,0 5 15,9 25,0

Queimados 0,3409 74,3 10 40,9 6,8

São João de Meriti -0,5 26,9 2 6,8 56,8

Serópedica 0,1818 65,3 8 29,5 11,3

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,35 0,945

PR_4AE 48,046 6,042 0,944

Ind Multicritério 0 0,442 ---

117
4ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs: função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 em termos relativos. Foi


considerado somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM e o percentual de pessoas
responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de
estudo.

QUADRO GERAL 4ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford R oxo 0,0574 58,8 7 13,3 7,6

Duque de Caxias -0,0769 46,2 4 6,9 14,5

Guapimirim 0,2323 75,2 11 27,6 4,4

Itaguaí -0,0193 51,6 6 9,1 11,1

Japeri 0,4961 100,0 12 49,8 0,2

Magé 0,1366 66,2 9 18,5 4,8

Nilópolis -0,5697 0,0 1 0,0 56,9

Nova Iguaçu -0,1762 36,9 3 4,0 21,6

Paracambi -0,0567 48,1 5 7,3 13,0

Queimados 0,1656 68,9 10 21,6 5,0

São João de Meriti -0,267 28,4 2 2,5 29,2

Serópedica 0,0779 60,7 8 14,3 6,5

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,35 0,944

PR_4AE 48,046 6,042 0,952

Ind Multicritério 0 0,256 ---

118
5ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q, P, Função: 0, 0, 1

Obs: função de preferência critério usual com q = 0 em termos relativos. Foi considerado
somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem
rendimento ou que recebem até 1SM; o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios
particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo e a densidade
demográfica hab/km2.

QUADRO GERAL 5ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,3333 77,1 11 66,6 33,3

Duque de Caxias -0,0303 42,8 6 48,4 51,5

Guapimirim 0,0303 48,5 7 51,5 48,4

Itaguaí -0,1818 28,5 5 39,3 57,5

Japeri 0,5757 100,0 12 78,7 21,2

Magé 0,3333 77,1 10 66,6 33,3

Nilópolis -0,3939 8,5 2 30,3 69,6

Nova Iguaçu -0,3333 14,2 3 33,3 66,6

Paracambi -0,4848 0,0 1 24,2 72,7

Queimados 0,3333 77,1 9 66,6 33,3

São João de Meriti -0,2121 25,7 4 39,3 60,6

Serópedica 0,0303 48,5 8 51,5 48,4

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,35 0,868

PR_4AE 48,046 6,042 0,644

DENSI 2806,75 3826,185 -0,241

Ind Multicritério 0 0,322 ---

119
6ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q, P, Função: 5, 20, 8

Obs: função de preferência critério de nível com área de indiferença e preferência com q = 5 e
p = 20 em termos relativos. Foi considerado somente o percentual de pessoas responsáveis
pelos domicílios particulares permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM; o
percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes sem instrução
ou com até 4 anos de estudo e a densidade demográfica hab/km2.

QUADRO GERAL 6ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,3182 79,3 11 46,9 15,1

Duque de Caxias -0,0152 41,3 7 30,3 31,8

Guapimirim -0,0909 32,7 5 30,3 39,3

Itaguaí -0,1818 22,4 3 19,6 37,8

Japeri 0,5 100,0 12 68,1 18,1

Magé 0,0758 51,7 9 36,3 28,7

Nilópolis -0,3788 0,0 1 30,3 68,1

Nova Iguaçu -0,1061 31,0 4 27,2 37,8

Paracambi -0,3182 6,8 2 13,6 45,4

Queimados 0,2879 75,8 10 45,4 16,6

São João de Meriti -0,0001 43,0 8 37,8 37,8

Serópedica -0,0909 32,7 6 24,2 33,3

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,35 0,855

PR_4AE 48,046 6,042 0,523

DENSI 2806,75 3826,185 -0,059

Ind Multicritério 0 0,249 ---

120
7ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q, P, Função: 0, 0, 4

Obs: função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 em termos relativos. Foi


considerado somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM; o percentual de pessoas responsáveis
pelos domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo e a
densidade demográfica hab/km2.

QUADRO GERAL 7ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,1132 67,4 11 18,7 7,4

Duque de Caxias -0,0836 28,9 5 6,4 14,7

Guapimirim 0,0782 60,5 9 18,4 10,6

Itaguaí -0,0842 28,8 4 6,2 14,6

Japeri 0,2796 100,0 12 34,0 6,1

Magé 0,0265 50,4 7 12,6 10,0

Nilópolis -0,2315 0,0 1 15,9 39,1

Nova Iguaçu -0,1504 15,8 2 4,4 19,5

Paracambi -0,1111 23,5 3 4,9 16,0

Queimados 0,0752 60,0 8 16,0 8,5

São João de Meriti 0,1089 66,6 10 30,3 19,4

Serópedica -0,0209 41,2 6 9,6 11,7

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,4 0,787

PR_4AE 48,046 6,0 0,683

DENSI 2806,75 3826,2 0,023

Ind Multicritério 0 0,1 ---

121
8ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Peso atribuído ao indicador: PR_1SM = 9
Peso atribuído ao indicador: PR_4AE = 1
Peso atribuído ao indicador: DENSI = 0

Peso efetivo atribuído ao indicador: PR_1SM = 0,9


Peso efetivo atribuído ao indicador: PR_4AE = 0,1
Peso efetivo atribuído ao indicador: DENSI = 0

Cálculo do Indicador Multicritério


Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs: função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 em termos relativos. Foi


considerado somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM; o percentual de pessoas responsáveis
pelos domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo e a
densidade demográfica hab/km2.

QUADRO GERAL 8ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,092 55,7 9 15,3 6,1

Duque de Caxias -0,0608 41,6 6 6,8 12,8

Guapimirim 0,0575 52,5 8 13,7 8,0

Itaguaí -0,0861 39,3 5 5,7 14,3

Japeri 0,5725 100,0 12 57,2 0,0

Magé 0,127 58,9 10 17,8 5,1

Nilópolis -0,5133 0,0 1 0,0 51,3

Nova Iguaçu -0,1377 34,5 3 4,1 17,9

Paracambi -0,0937 38,6 4 5,3 14,7

Queimados 0,254 70,6 11 28,5 3,1

São João de Meriti -0,2646 22,9 2 2,0 28,5

Serópedica 0,053 52,1 7 12,6 7,3

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,4 0,997

PR_4AE 48,046 6,0 0,837

DENSI 2806,75 3826,2 -0,537

Ind Multicritério 0 0,3 ---

122
9ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Peso atribuído ao indicador: PR_1SM = 1
Peso atribuído ao indicador: PR_4AE = 9
Peso atribuído ao indicador: DENSI = 0

Peso efetivo atribuído ao indicador: PR_1SM = 0,1


Peso efetivo atribuído ao indicador: PR_4AE = 0,9
Peso efetivo atribuído ao indicador: DENSI = 0

Cálculo do Indicador Multicritério


Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs: função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 em termos relativos. Foi


considerado somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM; o percentual de pessoas responsáveis
pelos domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo e a
densidade demográfica hab/km2.

QUADRO GERAL 9ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,0228 62,0 6 11,4 9,1

Duque de Caxias -0,093 50,9 4 7,0 16,3

Guapimirim 0,4071 98,8 11 41,5 0,8

Itaguaí 0,0476 64,4 7 12,6 7,9

Japeri 0,4196 100,0 12 42,3 0,3

Magé 0,1461 73,8 10 19,2 4,6

Nilópolis -0,6261 0,0 1 0,0 62,6

Nova Iguaçu -0,2148 39,3 3 3,8 25,3

Paracambi -0,0198 57,9 5 9,4 11,3

Queimados 0,0771 67,2 8 14,7 6,9

São João de Meriti -0,2694 34,1 2 2,9 29,9

Serópedica 0,1028 69,7 9 16,0 5,8

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,35 0,833

PR_4AE 48,046 6,0 0,998

DENSI 2806,75 3826,2 -0,651

Ind Multicritério 0 0,3 ---

123
10ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Peso atribuído ao indicador: PR_1SM = 1
Peso atribuído ao indicador: PR_4AE = 8
Peso atribuído ao indicador: DENSI = 1

Peso efetivo atribuído ao indicador: PR_1SM = 0,1


Peso efetivo atribuído ao indicador: PR_4AE = 0,8
Peso efetivo atribuído ao indicador: DENSI = 0,1

Cálculo do Indicador Multicritério


Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs: função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 em termos relativos. Foi


considerado somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM; o percentual de pessoas responsáveis
pelos domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo e a
densidade demográfica hab/km2.

QUADRO GERAL 10ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,0438 63,6 7 13,2 8,9

Duque de Caxias -0,093 48,1 4 6,8 16,1

Guapimirim 0,339 97,1 11 37,0 3,1

Itaguaí 0,0198 60,9 6 11,3 9,3

Japeri 0,3643 100,0 12 38,5 2,1

Magé 0,1119 71,3 10 17,4 6,2

Nilópolis -0,5176 0,0 1 4,7 56,5

Nova Iguaçu -0,2022 35,7 2 4,0 24,2

Paracambi -0,0407 54,0 5 8,4 12,4

Queimados 0,0611 65,6 8 13,9 7,8

São João de Meriti -0,1564 40,9 3 11,2 26,9

Serópedica 0,07 66,6 9 14,4 7,4

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,4 0,836

PR_4AE 48,046 6,0 0,991

DENSI 2806,75 3826,2 -0,564

Ind Multicritério 0 0,2 ---

124
11ª Simulação:

Atribuição simples de pesos para indicadores


Peso atribuído ao indicador: PR_1SM = 1
Peso atribuído ao indicador: PR_4AE = 1
Peso atribuído ao indicador: DENSI = 8

Peso efetivo atribuído ao indicador: PR_1SM = 0,1


Peso efetivo atribuído ao indicador: PR_4AE = 0,1
Peso efetivo atribuído ao indicador: DENSI = 0,8

Cálculo do Indicador Multicritério


Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs: função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 em termos relativos. Foi


considerado somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM; o percentual de pessoas responsáveis
pelos domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo e a
densidade demográfica hab/km2.

QUADRO GERAL 11ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,1914 46 10 26,3 7,2

Duque de Caxias -0,0929 11,4 7 5,7 15,0

Guapimirim -0,1377 6,0 4 5,5 19,3

Itaguaí -0,175 1,4 2 2,0 19,5

Japeri -0,0234 19,9 9 12,0 14,3

Magé -0,1276 7,2 5 4,4 17,1

Nilópolis 0,2419 52,1 11 38,3 14,1

Nova Iguaçu -0,1141 8,8 6 5,1 16,5

Paracambi -0,1873 0,0 1 1,5 20,2

Queimados -0,0514 16,5 8 8,2 13,4

São João de Meriti 0,6352 100,0 12 69,3 5,8

Serópedica -0,1591 3,4 3 2,9 18,8

Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,35 -0,365

PR_4AE 48,046 6,042 -0,522

DENSI 2806,75 3826,2 0,984

Ind Multicritério 0 0,232 ---

125
12ª Simulação:

Poder atribuído ao Decisor: Decisor 1 = 10


Peso atribuído ao indicador: PR_1SM = 1
Peso atribuído ao indicador: PR_4AE = 1
Peso atribuído ao indicador: DENSI = 8

Poder atribuído ao Decisor: Decisor 2 = 1


Peso atribuído ao indicador: PR_1SM = 5
Peso atribuído ao indicador: PR_4AE = 4
Peso atribuído ao indicador: DENSI = 1

Peso efetivo atribuído aos indicadores:


ƒ PR_1SM = 0,1363
ƒ PR_4AE = 0,1273
ƒ DENSI = 0,7364

Cálculo do Indicador Multicritério


Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs: função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 em termos relativos. Foi


considerado somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM; o percentual de pessoas responsáveis
pelos domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo e a
densidade demográfica hab/km2.

QUADRO GERAL 12ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,1811 48,3 11 25,3 7,2

Duque de Caxias -0,0914 11,5 7 5,8 15,0

Guapimirim -0,1102 9,0 5 7,1 18,1

Itaguaí -0,1634 1,8 2 2,5 18,8

Japeri 0,0188 26,4 9 15,1 13,2

Magé -0,1067 9,5 6 5,5 16,2

Nilópolis 0,178 47,9 10 35,3 17,5

Nova Iguaçu -0,1186 7,9 4 5,0 16,8

Paracambi -0,1773 0,0 1 1,9 19,7

Queimados -0,0331 19,4 8 9,4 12,7

São João de Meriti 0,5635 100,0 12 64,0 7,6

Serópedica -0,1406 4,9 3 3,8 17,9

126
Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,35 -0,286

PR_4AE 48,046 6,0 -0,45

DENSI 2806,75 3826,2 0,965

Ind Multicritério 0 0,2 ---

127
13ª Simulação:

Poder atribuído ao Decisor: Decisor 1 = 10


Peso atribuído ao indicador: PR_1SM = 5
Peso atribuído ao indicador: PR_4AE = 4
Peso atribuído ao indicador: DENSI = 1

Poder atribuído ao Decisor: Decisor 2 = 1


Peso atribuído ao indicador: PR_1SM = 1
Peso atribuído ao indicador: PR_4AE = 1
Peso atribuído ao indicador: DENSI = 8

Peso efetivo atribuído aos indicadores:


ƒ PR_1SM = 0,4637
ƒ PR_4AE = 0,3727
ƒ DENSI = 0,1636

Cálculo do Indicador Multicritério


Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs: função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 em termos relativos. Foi


considerado somente o percentual de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes sem rendimento ou que recebem até 1SM; o percentual de pessoas responsáveis
pelos domicílios particulares permanentes sem instrução ou com até 4 anos de estudo e a
densidade demográfica hab/km2.

QUADRO GERAL 13ª SIMULAÇÃO

Municípios Ind MC Esc 0-100 Posição Flx + Flx -

Belford Roxo 0,0887 61,0 9 16,2 7,3

Duque de Caxias -0,0783 40,0 5 6,6 14,4

Guapimirim 0,1368 67,1 11 21,5 7,9

Itaguaí -0,0587 42,5 6 7,3 13,2

Japeri 0,3985 100,0 12 42,9 3,0

Magé 0,0815 60,1 8 15,5 7,4

Nilópolis -0,3973 0,0 1 7,8 47,5

Nova Iguaçu -0,1591 29,9 2 4,2 20,1

Paracambi -0,0876 38,9 3 5,9 14,7

Queimados 0,1313 66,4 10 19,6 6,5

São João de Meriti -0,0822 39,5 4 16,1 24,3

Serópedica 0,0266 53,2 7 11,8 9,1

128
Correlação entre IMC e critérios/indicadores analíticos

Ind Analítico Média D. Padrão Correlação

PR_1SM 31,608 4,35 0,951

PR_4AE 48,046 6,0 0,893

DENSI 2806,75 3826,2 -0,413

Ind Multicritério 0 0,2 ---

129
14ª Simulação:

Análise de Sensibilidade
Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs:. função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0

QUADRO GERAL 14ª SIMULAÇÃO – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE


Municípios Dif IMC Dif Esc Pos Sim
Belford Roxo 0,0014 0,2 10 10
Duque de Caxias -0,0001 0,0 7 7
Guapimirim -0,0038 -0,4 4 4
Itaguaí -0,0016 -0,2 2 2
Japeri -0,0054 -0,6 9 9
Magé -0,0027 -0,3 5 5
Nilópolis 0,0084 1,0 11 11
Nova Iguaçu 0,0006 0,0 6 6
Paracambi -0,0013 -0,1 1 1
Queimados -0,0022 -0,2 8 8
São João de Meriti 0,0093 1,2 12 12
Serópedica -0,0024 -0,3 3 3

Comparação entre IMC original e o calculado


Ind Multicritério Média D.Padrão Unidades Variação
Original – 11ª simulação 0 0,232 12 ---
Calculado Análise Sensibilidade 0 0,233 12 10

Correlação de Person entre os IMCs = 0,999

Poder de Influência X Peso especificado


Original Simulação
10 10,4
10 10,4
80 79,1

130
15ª Simulação:

Análise de Sensibilidade
Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs:. função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 .

QUADRO GERAL 15ª SIMULAÇÃO – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

Municípios Dif IMC Dif Esc Pos Sim

Belford Roxo -0,037 -4,5 10 10

Duque de Caxias -0,0606 -7,4 7 7

Guapimirim -0,0644 -7,8 4 4

Itaguaí -0,0675 -8,2 2 2

Japeri -0,0549 -6,6 9 9

Magé -0,0636 -7,7 5 5

Nilópolis -0,0328 -4,0 11 11

Nova Iguaçu -0,0624 -7,6 6 6

Paracambi -0,0686 -8,3 1 1

Queimados -0,0573 -6,9 8 8

São João de Meriti Excluído 12 ---

Serópedica -0,0662 -8,0 3 3

Comparação entre IMC original e o calculado

Ind Multicritério Média D.Padrão Unidades Variação

Original 0 0,232 12 ---

Calculado Análise Sensibilidade 0 0,121 11

Correlação de Person entre os IMCs = 0,567


Poder de Influência X Peso especificado
Original Simulação
10 10
10 10
80 80

131
16ª Simulação:

Análise de Sensibilidade
Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs: função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 .

QUADRO GERAL 16ª SIMULAÇÃO - ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

Municípios Dif IMC Dif Esc Pos Sim

Belford Roxo Excluído 10 ---

Duque de Caxias -0,1122 -13,7 7 7

Guapimirim -0,1235 -15,0 4 4

Itaguaí -0,1328 -16,2 2 2

Japeri -0,0949 -11,5 9 9

Magé -0,1209 -14,7 5 5

Nilópolis Excluído 11 ---

Nova Iguaçu -0,1176 -14,3 6 6

Paracambi -0,1359 -16,5 1 1

Queimados -0,1019 -12,4 8 8

São João de Meriti Excluído 12 ---

Serópedica -0,1288 -15,6 3 3

Comparação entre IMC original e o calculado

Ind Multicritério Média D.Padrão Unidades Variação

Original 0 0,232 12 ---

Calculado Análise Sensibilidade 0 0,033 9 0

Correlação de Person entre os IMCs = 0,191


Poder de Influência X Peso especificado
Original Simulação
10 10
10 10
80 80

132
17ª Simulação:

Análise de Sensibilidade
Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs:. função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 .

QUADRO GERAL 17ª SIMULAÇÃO – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

Municípios Dif IMC Dif Esc Pos Sim

Belford Roxo 0,0316 3,800 10 10

Duque de Caxias 0,0079 0,900 7 7

Guapimirim 0,0041 0,5 4 4

Itaguaí 0,001 0,1 2 2

Japeri 0,0137 1,7 9 9

Magé 0,005 0,6 5 5

Nilópolis 0,0358 4,3 11 11

Nova Iguaçu 0,0061 0,7 6 6

Paracambi Excluído 1 ---

Queimados 0,0113 1,4 8 8

São João de Meriti 0,0686 8,4 12 12

Serópedica 0,0023 0,3 3 3

Comparação entre IMC original e o calculado

Ind Multicritério Média D.Padrão Unidades Variação

Original 0 0,232 12 ---

Calculado Análise Sensibilidade -0,001 0,206 11 0,0

Correlação de Person entre os IMCs = 0,969


Poder de Influência X Peso especificado
Original Simulação
10 10
10 10
80 80

133
18ª Simulação:

Análise de Sensibilidade
Cálculo do Indicador Multicritério
Parâmetros Q,P,Função: 0; 0; 4

Obs:. função de preferência monotônica contínua com q = 0 e p = 0 .

QUADRO GERAL 18ª SIMULAÇÃO – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

Municípios Dif IMC Dif Esc Pos Sim

Belford Roxo 0,0913 11,100 10 10

Duque de Caxias 0,0202 2,400 7 7

Guapimirim 0,009 1,1 4 4

Itaguaí Excluído 2 ---

Japeri 0,0376 4,6 9 9

Magé 0,0115 1,4 5 5

Nilópolis 0,1039 12,6 11 11

Nova Iguaçu 0,0149 1,8 6 6

Paracambi Excluído 1 ---

Queimados 0,0306 3,7 8 8

São João de Meriti 0,2023 24,6 12 12

Serópedica Excluído 3 ---

Comparação entre IMC original e o calculado

Ind Multicritério Média D.Padrão Unidades Variação

Original 0 0,232 12 ---

Calculado Análise Sensibilidade 0 0,157 9 0,0

Correlação de Person entre os IMCs = 0,901


Poder de Influência X Peso especificado
Original Simulação
10 10
10 10
80 80

134
ANEXO 3: Tabela da correlação de Pearson entre os indicadores analíticos

Correlação de Pearson
Indicadores
PSE PSA PSCL PR_1SM PR_4AE PNA DENS
- - - - -
PSE 1,00 -
- - - - -
PSA 0,64 1,00
- - - -
PSCL 0,77 0,53 1,00
- - -
PR_1SM 0,68 0,59 0,87 1,00

PR_4AE 0,84 0,79 0,81 0,80 1,00 - -

PNA 0,34 0,49 0,62 0,80 0,64 1,00 -

DENSI -0,79 -0,67 -0,56 -0,51 -0,65 -0,34 1,00

135

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