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"A Sociedade dos Sonhadores Involuntários" na Perspectiva Crítica Social e

Política

Resumo: Esta obra, explora a obra A SOCIEDADE DOS SONHADORES INVOLUNTÁRIOS,


analisamos a ficção que Agualusa utiliza como ferramenta para examinar a sociedade
angolana contemporânea, representando os sonhadores involuntários como indivíduos
que recorrem aos sonhos como forma de resistência ou escapismo. "A Sociedade dos
Sonhadores Involuntários" é reconhecida como uma obra-prima que vai além dos
limites literários, desafiando normas sociais e políticas angolanas. Agualusa, com sua
prosa exímia, convida os leitores a uma profunda contemplação das complexidades de
Angola e da condição humana global
José Eduardo Agualusa, por meio de sua obra magistral "A Sociedade dos Sonhadores
Involuntários," transcende a mera narrativa, proporcionando uma profunda reflexão que
se estende por diversas áreas do saber, desde a crítica social até considerações
filosóficas e psicológicas.

Agualusa, habilmente, utiliza a ficção como lente para examinar a sociedade angolana
contemporânea. Os sonhadores involuntários, representados na trama, podem ser
interpretados como indivíduos que, diante das adversidades sociais e políticas,
encontram nos sonhos uma forma de resistência ou escapismo. Esta abordagem ressoa
não apenas na realidade angolana, mas em um contexto global onde as pessoas buscam
refúgio na imaginação para lidar com desafios sociais.

"A sociedade dos sonhadores involuntários pode ser vista como um espelho das
pressões sociais, onde o ato de sonhar se torna uma forma sutil de resistência contra as
imposições do mundo real."

A simbologia da figueira e do vento cria uma atmosfera poética que transcende a mera
representação física. Essas dualidades sociais, expressas na natureza, refletem a
complexidade das estruturas sociais em Angola e em muitos lugares ao redor do mundo.
A figueira, inicialmente ameaçadora e depois acolhedora, pode simbolizar a
transformação social e a esperança emergente em meio a desafios.

"A figueira, ora ameaçadora ora acolhedora, assemelha-se à sociedade em constante


evolução, onde as dualidades são elementos essenciais para a compreensão das
complexidades sociais."
A afirmação de que o tempo é "uma mentira necessária" transcende a crítica social e
penetra na esfera filosófica. Agualusa desafia a concepção convencional do tempo,
questionando sua natureza e seu papel nas narrativas políticas. Isso ressoa com
pensadores como Martin Heidegger, que exploraram a temporalidade como uma
construção humana.

"Ao desafiar a concepção convencional do tempo, Agualusa nos convida a refletir sobre
como a percepção temporal molda nossa compreensão da história e da política,
sugerindo que, por vezes, as 'mentiras necessárias' são fundamentais para a construção
de narrativas políticas."

A presença de temas políticos intrínsecos na obra revela a habilidade de Agualusa em


entrelaçar a ficção com a realidade política angolana. A escolha de representar a
resistência de maneiras não convencionais destaca a complexidade das dinâmicas
políticas, reforçando a ideia de que as narrativas de resistência muitas vezes assumem
formas inesperadas.

"Ao representar os sonhadores como uma forma de resistência não convencional,


Agualusa nos instiga a questionar as normas políticas estabelecidas, sugerindo que a
verdadeira resistência muitas vezes surge de maneiras não esperadas."

A profunda reflexão sobre identidade e resistência enriquece a trama, oferecendo uma


visão intrincada da experiência angolana. Os sonhos, além de serem uma forma de
escapismo, emergem como espaços de resistência, onde a verdadeira essência da
identidade é explorada e preservada.

"Os sonhos, nesse contexto, tornam-se não apenas um refúgio, mas um espaço sagrado
de resistência, onde a verdadeira identidade pode florescer, resistindo às pressões
sociais e políticas."
Conclusão:

"A Sociedade dos Sonhadores Involuntários" não é apenas uma obra literária, mas uma
obra-prima que transcende fronteiras, desafiando não apenas as normas sociais e
políticas angolanas, mas também oferecendo reflexões profundas sobre a natureza
humana. Agualusa, com sua prosa exímia, nos conduz por um labirinto de imaginação e
pensamento crítico, deixando-nos imersos em uma profunda contemplação das
complexidades de Angola e, por extensão, da condição humana global. A reflexão sobre
identidade e resistência emerge como um ponto crucial, destacando os sonhos como não
apenas um refúgio, mas como espaços de resistência onde a verdadeira essência da
identidade pode florescer, desafiando as pressões sociais e políticas.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUALUSA, José. A sociedade dos sonhadores voluntários.Quetzal Editores, 2017.
SERRANO, Carlos. Angola, nascimento de uma nação: um estudo sobre a construção
de identidade nacional. Luanda: Edições Kilombelembe, 2008.
ARAUJO, Susylene Dias de | BOTOSO, Altamir. Estudos de literatura angolana.
Editora: Pontes editores, 2020

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