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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO


MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE

Carolina F. Melo Cysneiros

PROJETO ARQUITETÔNICO DE UM EDIFÍCIO CORPORATIVO COM ÊNFASE NA


SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Natal, Julho de 2014


Carolina Faria Melo Cysneiros

PROJETO ARQUITETÔNICO DE UM EDIFÍCIO CORPORATIVO COM ÊNFASE NA


SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Dissertação submetida ao Mestrado Profissional em


Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente do Programa
de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito para obtenção do Título de Mestre.

Orientadora: Professora Dra. Bianca Carla Dantas


de Araújo
Coorientadora: Professora Dra. Natália Miranda
Vieira de Araújo

Natal, Julho de 2014


Carolina Faria Melo Cysneiros

PROJETO ARQUITETÔNICO DE UM EDIFÍCIO CORPORATIVO COM ÊNFASE NA


SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Dissertação submetida ao Mestrado Profissional em


Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente do Programa
de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito para obtenção do Título de Mestre.
Orientadora: Professora Dra. Bianca Carla Dantas
de Araújo
Coorientadora: Professora Dra. Natália Miranda
Vieira de Araújo

Dissertação aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________
Dra. Bianca Carla Dantas de Araújo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________
Dra. Natália Miranda Vieira de Araújo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________
Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________
Dra. Maria Lúcia Gondin da Rosa Oiticica
Universidade Federal de Alagoas
AGRADECIMENTOS

A Fernando Cysneiros pelo incentivo, companheirismo, amor, dedicação, paciência e


sobretudo, pela compreensão dos momentos de ausência. Por estar ao meu lado sempre
neste e em outros momentos das nossas vidas.
À Leila Hardman, que foi meus braços, quando eu não pude mais agir e minha
cabeça, quando eu não pude mais pensar. E acima de tudo, a minha força e coragem para
seguir em frente na reta final. O seu nome deveria constar, merecidamente, junto ao meu na
capa deste trabalho.
Às minhas orientadoras Bianca Dantas e Natália Vieira pela dedicação, incentivo,
conselhos, disponibilidade e exemplo a ser seguido.
Aos colegas de turma, por dividirem comigo suas experiências, dúvidas, anseios e
expectativa, e principalmente, pelo companheirismo durante toda a caminhada e pelos
momentos de comemoração em cada etapa vencida.
Aos Professores do Mestrado Profissional em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente,
que dividiram conosco seus conhecimentos com respeito e dedicação.
A minha família, por me ensinarem o valor do estudo e pela compreensão nos
momentos de ausência.
A Lucas, meu filho, que mesmo antes de vim ao mundo foi o meu maior incentivo
para seguir em frente.
Sobretudo a Deus, pela a sua capacidade de misericórdia infinita, que me sustenta e
preenche com um amor que só tu Pai pode me dar.
RESUMO

Com o objetivo principal de elaborar um projeto arquitetônico de um edifício corporativo


com ênfase na sustentabilidade ambiental consubstanciada na aplicação de critérios
decorrentes de um método de avaliação de desempenho, foram definidos como princípios
norteadores da concepção arquitetônica a sustentabilidade, a flexibilidade e a
conectividade. A metodologia do projeto consistiu na identificação de ações de
sustentabilidade ambiental reunidas numa agenda específica para a edificação corporativa
proposta a serem seguidas durante as etapas do processo de concepção da mesma. Para
definir as ações de sustentabilidade foram usados como referências os critérios de avaliação
do Manual Selo Casa Azul. O universo de estudo foi o bairro de Tirol na cidade de Natal/RN,
onde se situa o local escolhido para a implantação do projeto. Como a intenção não foi de
alcançar um alto nível de detalhamento técnico, mas representar o projeto de modo a ser
compreendido, detalhando os pontos necessários ao entendimento principalmente das
soluções sustentáveis empregadas, este exercício projetual foi desenvolvido no nível de
anteprojeto de arquitetura. Ao final do processo pode-se concluir que não existe um
caminho definido ou uma fórmula para projetar um edifício sustentável e que cabe a figura
do arquiteto definir as ações de sustentabilidade relacionadas ao tipo e características da
edificação projetada e transformar essas ações em soluções projetuais distribuídas durante
todo o processo de concepção arquitetônica.

Palavras Chaves: Arquitetura Corporativa; Sustentabilidade Ambiental; Projeto de


Arquitetura
ABSTRACT

With the main objective of developing the architectural project of a corporate building with
emphasis on environmental sustainability embodied in the application of criteria derived
from a performance evaluation method, three guiding principles to the design were defined:
sustainability, flexibility and connectivity. The project methodology consisted in identifying
environmental sustainability actions for this specific corporate building agenda and to follow
them through the stages of its design process. The Manual Selo Casa Azul was used as
reference to define sustainability actions. The universe of study was the Tirol district, in
Natal, Rio Grande do Norte, Brazil, where the implementation of the project shall take place.
The design exercise was developed as an end product of the draft proposal. This is so,
because the intention was not to achieve a high level of technical detail, but to represent the
draft proposal in order to be understood, detailing only the necessary matter to ensure the
understanding of the solutions employed. At the end of this process, it can be concluded
that there is neither a set path nor a formula to design a sustainable building, and that it fits
the architect to define the sustainability actions in relation to the type and characteristics of
the building, as well as to transform these actions in design solutions throughout the process
of architectural design.

Key words: Enterprise Architecture; Environmental Sustainability; Architecture Project


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Predio vertical de uso corporativo exemplar da escola de Chicago- First


Leiter building (1879), de William Lebaron Jenney ........................................................... 17
Figura 2 - Edifício da escola de chicago - Guaranty building (1894), Louis Sullivan
and Dankmar Adler, Bufalo, NY ....................................................................................... 18
Figura 3- Exemplo de torre corporativa do estilo internacional - Seagram Building
(1958), Mies Van der Rohe, Nova York, NY ....................................................................... 19
Figura 4 Embaixada da França em Pequim. Planta baixa do térreo ................................... 62
Figura 5 Embaixada da França em Pequim. Vista do jardim central e da fachada sul ......... 63
Figura 6 Embaixada da França em Pequim. Fachada de vidro serigrafado, brises
horizontais voltados para o exterior da edificação e vista do jardim central ..................... 63
Figura 7 Jatobá green building. Fachada e vista aérea da edificação ................................. 65
Figura 8 Jatobá green building. Pavimento tipo ................................................................ 66
Figura 9 Jatobá Green Building. Detalhes dos revestimentos e elementos de
proteção ......................................................................................................................... 67
Figura 10 - Eldorado Bussines Tower - Vista aérea ............................................................ 69
Figura 11 - Eldorado Bussines Tower - Implantação .......................................................... 70
Figura 12 - Eldorado Bussines Tower- Praça elevada e ponte de conexão ao
shopping ......................................................................................................................... 70
Figura 13 - Bussines Tower- Guichê de triagem de visitantes e hall dos elevadores ........... 71
Figura 14 - Bussines Tower- Pavimento Tipo 4º ao 10º ..................................................... 72
Figura 15 - Eldorado Bussines Tower- Pavimento Tipo 15 º ao 19º .................................... 72
Figura 16 - Localização do terreno escolhido .................................................................... 77
Figura 17 - Vista da Hermes da Fonseca do terreno escolhido........................................... 78
Figura 18 - Vista da Afonso Pena das edificação desconsideradas ..................................... 78
Figura 19 - Mapa de uso e ocupação do entorno do terreno (abaixo ampliação do
trecho estudado) ............................................................................................................. 79
Figura 20 - Relação do terreno com o oceano e o Parque das Dunas ................................. 80
Figura 21 - Frequência de ocorrência das temperaturas de bulbo seco para Natal ............ 81
Figura 22 - Frequência mensal de direção dos ventos para Natal ...................................... 81
Figura 23 - Geometria solar dos limites do terreno ........................................................... 82
Figura 24 - Plano de massas no entorno da edificação ...................................................... 82
Figura 25 - Entorno da edificação com predominância de superfícies pavimentadas ......... 83
Figura 26 - Carta bioclimática com o ano climático de referência de Natal ........................ 84
Figura 27 - Cálculo do número de pavimentos .................................................................. 87
Figura 28 - Evolução do Partido........................................................................................ 93
Figura 29 - Evolução do Partido........................................................................................ 94
Figura 30 - Evolução do Partido........................................................................................ 94
Figura 31 - Evolução do Partido........................................................................................ 95
Figura 32 - Evolução da volumetria .................................................................................. 95
Figura 33 - Maquete Física ............................................................................................... 96
Figura 34 - Referencia formal de sistemas de pontes e escadas pré-fabricadas em
estrutura metálica: Advice House .................................................................................... 97
Figura 35 - Pavimento tipo inicial ..................................................................................... 99
Figura 36 -Referencia formal: Manchester Civil Justice Center incorporada no
projeto .......................................................................................................................... 101
Figura 37 -Diagrama da morfologia do pavimento .......................................................... 101
Figura 38 -Estudos formais ............................................................................................. 102
Figura 39 - Pavimentos tipos – proposta 1 (inicial) ......................................................... 103
Figura 40 - Elementos de sombreamento ....................................................................... 104
Figura 41 - Pavimento tipo – proposta 2 ......................................................................... 105
Figura 42 - Diagramas das quatro possibilidades de plantas tipo – proposta 2 ................ 106
Figura 43 - Elementos de sombreamento ....................................................................... 106
Figura 44 - Pavimento tipo 01 – proposta 3 (final) .......................................................... 108
Figura 45 - Pavimento tipo 02 – proposta 3 (final) .......................................................... 108
Figura 46 - Detalhamento do sistema de abertura tipo guilhotina .................................. 109
Figura 47 - Dimensionamento dos elementos de sombreamento das janelas
contínuas das faces Norte da edificação......................................................................... 110
Figura 48 - Dimensionamento dos elementos de sombreamento das janelas
contínuas das faces Leste da edificação ......................................................................... 111
Figura 49 - Dimensionamento dos elementos de sombreamento das janelas
contínuas das faces Sul da edificação ............................................................................. 111
Figura 50 - Estudo do sombreamento da vedação externa envidraçada das faces
Leste e Norte pelas jardineiras e projeção do pavimento superior .................................. 112
Figura 51 - Percentual da velocidade dos ventos gradientes ........................................... 113
Figura 52 - Simulação da ventilação na edificação desconsiderando a vedação das
aberturas ...................................................................................................................... 113
Figura 53 - Simulação da ventilação na edificação considerando a área efetiva de
fluxo de ventos.............................................................................................................. 114
Figura 54 - Perspectivas internas dos pavimentos tipo................................................... 114
Figura 55 - Implantação do pavimento tipo no lote ........................................................ 115
Figura 56 – Implantação – proposta 1 ............................................................................ 116
Figura 57 - Diagrama da setorização vertical da edificação ............................................. 116
Figura 58 - Estudo para o pavimento térreo ................................................................... 118
Figura 59 - Planta baixa do pavimento térreo ................................................................. 119
Figura 60 - Planta baixa do pavimento térreo ................................................................. 120
Figura 61 - Perspectivas da implantação ........................................................................ 120
Figura 62 - Perspectivas do pavimento térreo ................................................................ 122
Figura 63 - Subsolo 01 .................................................................................................... 124
Figura 64 - Subsolo 03 .................................................................................................... 125
Figura 65 - Pavimento técnico ........................................................................................ 126
Figura 66 - Heliponto ..................................................................................................... 126
Figura 67 - Placas de Alumínio e sistema de fixação ....................................................... 130
Figura 68 - Placas cerâmicas e sistema de fixação ........................................................... 130
Figura 69 - Sistema de vedação externa ......................................................................... 131
Figura 70 - Esquema do recolhimento das águas pluviais nas áreas ajardinadas.............. 133
Figura 71 - Diagrama do método adotado para definir a agenda sustentável do
edifício corporativo ....................................................................................................... 138
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Sistema de avaliação do AQUA: famílias e categorias ....................................... 29


Tabela 2 - Categorias, critérios de avaliação e classificação do "Manual Selo Casa
Azul" ............................................................................................................................... 34
Tabela 3- critérios de avaliação da categoria qualidade urbana ........................................ 41
Tabela 4- Critérios de avaliação da categoria projeto e conforto ...................................... 43
Tabela 5- Critérios de avaliação da categoria eficiência energética ................................... 48
Tabela 6- Critérios de avaliação da categoria conservação de recursos materiais .............. 51
Tabela 7- Critérios de avaliação da categoria gestão da água............................................ 54
Tabela 8- Critérios de avaliação da categoria práticas sociais............................................ 57
Tabela 9- Quadro resumo da adoção dos critérios na agenda sustentável da
edificação proposta ......................................................................................................... 59
Tabela 10- Agenda sustentável da edificação ................................................................... 60
Tabela 11- Ações de sustentabilidade da embaixada da França em Pequim ...................... 64
Tabela 12- Ações de sustentabilidade do Jatobá Green Building ....................................... 68
Tabela 13- Ações de sustentabilidade do Eldorado Bussiness Tower................................. 74
Tabela 14- Ações de sustentabilidade nos edifícios estudados.......................................... 75
Tabela 15 - Cálculo do Valor do Empreendimento ............................................................ 86
Tabela 16 - Programação por setores ............................................................................... 87
Tabela 17 - Pré-dimensionamento dos ambientes ............................................................ 88
Tabela 18- Quadro resumo das precisões normativas atendidas ..................................... 127
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13

2. REFERÊNCIAS TEÓRICAS E CONCEITUAIS ................................................................... 16

2.1. Arquitetura corporativa ..................................................................................... 16

2.2. Princípios arquitetônicos ................................................................................... 21

2.2.1. Sustentabilidade ................................................................................................. 22

2.2.2. Flexibilidade ........................................................................................................ 24

2.2.3. Conectividade ..................................................................................................... 25

3. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS ..................... 28

3.1. AQUA ................................................................................................................ 29

3.2. LEED .................................................................................................................. 30

3.3. BREEAM ............................................................................................................ 31

3.4. Selo Casa Azul .................................................................................................... 32

3.5. Considerações sobre os sistemas de certificação ambiental ................................ 36

4. AGENDA SUSTENTÁVEL DO EDIFÍCIO CORPORATIVO ................................................. 38

4.1. Discussão dos critérios de avaliação ................................................................... 40

4.1.1. Categoria 1 - Qualidade Urbana ......................................................................... 40

4.1.2. Categoria 2 - Projeto e Conforto ........................................................................ 43

4.1.3. Categoria 3 - Eficiência Energética ..................................................................... 48

4.1.4. Categoria 4 - Conservação de Recursos Materiais ............................................. 50

4.1.5. Categoria 5 - Gestão da Água ............................................................................. 54

4.1.6. Categoria 6 - Práticas Sociais .............................................................................. 56

4.2. Agenda sustentável do edifício coorporativo ...................................................... 59

5. ESTUDOS DE REFERÊNCIA ......................................................................................... 61

5.1. Embaixada da França em Pequim ....................................................................... 61

5.2. Jatobá Green Building ........................................................................................ 65


5.3. Eldorado Bussiness Tower .................................................................................. 68

5.4. Resultados ......................................................................................................... 75

6. CONDICIONANTES PROJETUAIS................................................................................. 76

6.1. Área de Intervenção .......................................................................................... 76

6.1.1. Infraestrutura ................................................................................................... 78

6.1.2. Impactos ............................................................................................................ 80

6.1.3. Clima ................................................................................................................... 81

6.2. Aspectos Bioclimáticos....................................................................................... 83

6.3. Aspectos Normativos ......................................................................................... 85

6.4. Aspectos Financeiros ......................................................................................... 85

6.5. Aspectos Funcionais........................................................................................... 87

7. PROPOSTA PROJETUAL ............................................................................................. 90

7.1. Definição e evolução do partido arquitetônico ................................................... 90

7.1.1. Princípios e premissas ........................................................................................ 90

7.1.2. Definição do partido arquitetônico da torre corporativa .................................. 92

7.1.3. Evolução do partido arquitetônico da torre corporativa ................................... 93

7.2. Desenvolvimento da concepção projetual .......................................................... 97

7.2.1. Pavimento tipo inicial ......................................................................................... 97

7.2.2. Torre corporativa e pavimentos tipo finais (1 e 2) ........................................... 100

7.2.3. Implantação e pavimento térreo...................................................................... 115

7.2.4. Subsolos, cobertura e heliponto ...................................................................... 122

7.1. Materiais, componentes construtivos e equipamentos..................................... 127

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 137

APÊNDICES .................................................................................................................... 144


1. INTRODUÇÃO

Os edifícios de escritório surgiram a partir do final do século XIX em consequência da


atividade mercantilista, porém, foi somente com evolução da tecnologia aplicada à
construção civil, que passam a apresentar estrutura semelhante a que conhecemos hoje. A
incorporação dessas tecnologias - estrutura independente, elevadores mecânicos, sistema
de condicionamento de ar e iluminação artificial - eliminou restrições quanto à altura e à
profundidade das edificações o que propiciou mais liberdade de criação aos projetistas.
Segundo Andrade (2007), muitos arquitetos que utilizavam métodos e técnicas
específicos para projetar ambientes que atendessem a todas as condições de conforto dos
usuários passaram a se aproveitar da facilidade de controlar essas condições através de
sistemas artificiais. Um exemplo disto é o da utilização dos sistemas de iluminação e
climatização artificiais que, segundo Lamberts, Dutra e Pereira (1997), foram largamente
empregados, consistindo em uma posição bastante cômoda para os projetistas diante dos
problemas de adequação do edifício ao clima, o que implicou, por um lado, em maior
liberdade de criação e, por outro, em aumento persistente do gasto energético do edifício e
dos impactos da utilização desses sistemas no meio ambiente.
A resposta a este panorama foi a retomada da preocupação de entender e projetar o
edifício em consonância com o meio ambiente através da adoção dos conceitos do
desenvolvimento sustentável à arquitetura corporativa.
O desenvolvimento sustentável trouxe para a construção civil o desafio de melhorar
o seu desempenho ambiental. Várias edificações foram construídas com a preocupação de
reduzir o consumo de recursos naturais e de emissão de poluição ao meio ambiente.
Entretanto, com a proliferação destas edificações, surge o questionamento: que
desempenho um edifício deve atingir para ser considerado sustentável?
Com a intenção de responder a esse questionamento e avaliar quantitativa e
qualitativamente o desempenho das edificações, a partir da década de 1990, começam a ser
elaborados os sistemas de avaliação ambiental para edificações.
A partir deste contexto, identificou-se o desafio criativo que envolve a aplicação do
princípio da sustentabilidade à tipologia do edifício corporativo ao que foi apresentado
como resposta, e consistiu no objetivo principal deste trabalho: a elaboração de um projeto
14

arquitetônico de um edifício corporativo com ênfase na sustentabilidade ambiental


consubstanciada na aplicação de critérios decorrentes de um método de avaliação de
desempenho. Durante os estudos sobre as características tipológicas foram delimitados
outros dois princípios que nortearam, assessoriamente, a concepção arquitetônica -
flexibilidade e conectividade. Verificou-se, desse modo, a necessidade de estabelecer
objetivos específicos, quais sejam: a) reduzir o consumo energético através de alternativas
passivas de conforto ambiental; b) reduzir o consumo de recursos renováveis e não
renováveis; c) diminuir os impactos negativos no entorno; e d) elevar a qualidade de
trabalho dos ocupantes através da flexibilidade e adaptabilidade da edificação aos diferentes
tipos de corporações.
Para definir o caráter sustentável da edificação, a metodologia de projeto utilizada foi
adaptada a partir do estudo de sistemas de avaliação de sustentabilidade: AQUA (Sistema de
Alta Qualidade Ambiental); LEED (Leadership in Energy and Environmental Desing); BREEAM
(Building Research Establishment - Environmental Assessment Method); e o Selo Casa Azul.
Este último foi o adotado como fonte principal dente as certificações estudadas pela sua
clareza na apresentação dos critérios de avaliação e principalmente por ser desenvolvido
para as edificações habitacionais do Brasil e, por conseguinte, considera as realidades físicas
e construtivas do país. Desse modo, a metodologia do projeto foi baseada na identificação
de critérios de sustentabilidade ambiental, reunidos em um documento específico
denominado agenda sustentável da edificação corporativa, que foi seguida durante as
etapas do processo de concepção projetual.
Os sistemas de avaliação de desempenho ambiental de edifícios funcionam como
uma espécie de atestado, identificando com "selos" ou "certificados", em níveis de
hierarquia ou não, as construções que atendam a parâmetros predefinidos que visem à
sustentabilidade. Esses sistemas buscam abranger todo o processo construtivo, desde a
concepção do projeto, passando pela construção da edificação, até o seu uso.
Como universo de estudo tem-se o bairro de Tirol na cidade de Natal, estado do Rio
Grande do Norte, onde se situa o local escolhido para a implantação do projeto.
Como a intenção deste trabalho não foi de alcançar um alto nível de detalhamento
técnico para o projeto arquitetônico, mas representa-lo de modo a ser compreendido,
detalhando os pontos necessários ao entendimento principalmente das soluções
15

sustentáveis empregadas, este exercício projetual foi desenvolvido no nível de anteprojeto


de arquitetura.
O volume I contém a parte textual com a descrição da pesquisa realizada e as
definições derivadas desta. O volume II consiste na apresentação gráfica do anteprojeto de
arquitetura descritos em 22 pranchas e quatro perspectivas.
O volume I está organizado em 07 capítulos. Inicia-se com a presente introdução,
seguida das referências teórico-conceituais sobre o tema do trabalho - arquitetura
corporativa - e traça diretrizes projetuais através da definição dos princípios arquitetônicos
incorporados ao projeto (Capítulo 02). O terceiro capítulo compreende os estudos dos
sistemas de avaliação ambiental mais utilizados no Brasil. O capítulo 04 expõe a agenda
sustentável da edificação, baseada no Manual Selo Casa Azul, com a delimitação das ações
de sustentabilidades incorporadas ao projeto e os desdobramentos destas no processo de
concepção projetual. O capítulo 05 traz os estudos de referências realizados que foram mais
relevantes para o desenvolvimento da proposta. No sexto capítulo são expostos os
condicionantes limitantes da elaboração do projeto e o sétimo capítulo descreve o processo
projetual apontando a tomada de decisões a partir dos princípios definidos para o projeto e
das ações sustentáveis elencadas na agenda. Por fim, são apresentadas as considerações
finais sobre as contribuições, as limitações e os desdobramentos do trabalho.
16

2. REFERÊNCIAS TEÓRICAS E CONCEITUAIS


2.1. Arquitetura corporativa
As atividades típicas de escritório existem desde os primórdios da sociedade
organizada e eram destinadas prioritariamente a atividades da administração pública.
Segundo Fialho (2007), os edifícios de escritório para administração comercial, surgiram
como consequência da atividade mercantilista.
Somente a partir do final do século XIX, com a necessidade da estruturação das
atividades administrativas e financeiras, em consequência do crescimento da indústria,
surgiram as grandes organizações e a estruturação dos escritórios, semelhantes aos que se
conhecem hoje (ANDRADE, 2007, p.17).
Os primeiros prédios comerciais de escritórios e sedes administrativas foram
erguidos nos países europeus, pioneiros da industrialização, mas a torre vertical de
escritórios só aparece de fato, nos Estados Unidos, após a Guerra de Secessão (FIALHO,
2007).
Os primeiros edifícios verticais de escritórios utilizavam como técnica construtiva
paredes de alvenaria portante, limitando desta forma, a altura desses prédios em dez
pavimentos. Para suportar grandes alturas, as paredes do pavimento térreo precisavam ser
muito espessas, o que reduzia a área útil dos pavimentos inferiores e tornava o prédio
economicamente inviável. Por essas razões, segundo Andrade (2007, p.17), as primeiras
edificações destinadas a escritórios eram de pequeno porte e divididas em pequenas salas,
similares às residências, exceto pela ausência de cozinhas e espaços para banho.
As torres corporativas encontraram solo fértil na cidade americana de Chicago, que
exercia importante papel como terminal de comércio internacional. Surgia então a Escola de
Chicago (Figura 1) responsável por um conjunto de inovações arquitetônicas, sobretudo da
estrutura em aço, que levaram à racionalização dos espaços e a construção industrializada.
As janelas e os fechamentos em alvenaria têm o mesmo desenho em cada
piso, indicando a natureza repetitiva da arquitetura do pavimento-tipo e do
sistema estrutural independente, em oposição ao sistema tradicional de
paredes portantes, no qual as paredes se tornam mais espessas perto do
solo. (FIALHO, 2007, p.26)
17

Neste mesmo período, a Otis Elevator Company inventou o elevador de uso de


passageiro e a ocupação dos pavimentos dos edifícios de escritório passou a ser mais
relacionada a status do que a localização (ANDRADE, 2007, p.18).
Figura 1 - Predio vertical de uso corporativo exemplar da escola de Chicago- First Leiter building (1879), de
William Lebaron Jenney

Fonte: Structurae (2014)


O surgimento da estrutura independente de ferro ou o concreto armado, o elevador
elétrico e a valorização dos terrenos na cidade, fizeram surgir edifícios cada vez mais altos,
como resposta à intenção dos construtores de alcançar maiores lucros (FIALHO, 2007).
O elevado nível de tecnologia e industrialização dos EUA já permitia a
aplicação de alguns processos industriais e um mínimo de racionalização da
produção no canteiro de obras. Configurando o processo que faria do país o
mais avançado e inovador no setor da indústria da construção civil. As
novas técnicas proporcionavam maior rapidez e precisão de execução,
implicando em prazos menores e redução do custo total da obra (FIALHO,
2007, p. 28-29).
Neste momento os pavimentos dos prédios verticais de escritórios caracterizavam-se
por um espaço único, com janelas moduladas e uniformes, de modo a garantir uma melhor
penetração de iluminação e ventilação natural nos pavimentos, que possuíam entre 15 e 20
metros de profundidade (ANDRADE, 2007, p.19). As janelas e os fechamentos tinham o
mesmo desenho em cada piso, indicando, desta forma, a natureza repetitiva da arquitetura
do pavimento-tipo (Figura 2).
Os resultados obtidos pela Escola de Chicago ainda são referências pela sua
economia e elegância. Os projetos visavam atender as necessidades funcionais de forma
racional, através de uma construção industrializada. Apesar disso, os arquitetos de Chicago
18

não exploraram todas as possibilidades espaciais oferecidas pela estrutura independente,


que seriam utilizadas posteriormente, pelo movimento moderno.
Figura 2 - Edifício da escola de chicago - Guaranty building (1894), Louis Sullivan and Dankmar Adler, Bufalo,
NY

Fonte: Enciclopédia britânica


Somente a partir do aprimoramento dos sistemas de iluminação artificial e ventilação
mecânica é que restrições quanto à profundidade deixaram de existir. Somando-se a isso, a
introdução de forros modulares acústicos, como forma de reduzir o ruído do ambiente,
permitiu a construção de grandes espaços internos (ANDRADE, 2007, p.19). Essas evoluções
tecnológicas possibilitaram, no final da década de 1940, o surgimento do estilo
internacional.
Segundo Fialho (2007, p. 37-38), as torres corporativas foram as primeiras a
incorporar a racionalização estrutural e gestão de resíduos, tecnologia desenvolvida durante
a Segunda Guerra, e permanecem, desde então, na vanguarda das soluções estruturais na
construção civil. Os Estados Unidos, que já possuíam a mais avançada indústria da
construção, naturalmente, partiu na frente na construção deste novo modelo de torre
corporativa.
Com alicerce no racionalismo moderno, as novas torres prismáticas de pele de vidro
(Figura 3), com circulação e serviços localizados nos centros dos pavimentos, deixando a
periferia para livre ocupação, tornaram-se modelo de edificação corporativa, que se
perpetua até os dias atuais.
19

Figura 3- Exemplo de torre corporativa do estilo internacional - Seagram Building (1958), Mies Van der Rohe,
Nova York, NY

Fonte: Enciclopédia britânica


Na Europa, segundo Andrade (2007), há uma cultura distinta em relação aos edifícios
corporativos da existente nos Estados Unidos. As grandes empresas europeias, quando
necessário, preferem contratar um arquiteto e construir um prédio específico para as suas
necessidades a alugar ou comprar parte ou a totalidade de um edifício que supostamente
poderia atendê-las. Essa postura diferencia os edifícios corporativos americanos dos
europeus, que possuem, por consequência, maior diversidade tipológica.
Os edifícios europeus, desta forma, tendem a ser mais baixos; localizados no
subúrbio; mais estreitos, de modo que todos os usuários usufruam da vista externa e da
iluminação natural; orgânicos, de forma a favorecer a ocupação por salas fechadas, em
detrimento da planta livre; naturalmente ventilados, não dependendo exclusivamente do
sistema de ar-condicionado; e por fim, seus ambientes refletem uma maior preocupação
com a saúde e segurança dos funcionários (ANDRADE, 2007).
Segundo Lamberts, Dutra e Pereira (1997), os sistemas de iluminação e climatização
artificial passaram a ser largamente utilizados nos edifícios, dando ao projetista uma posição
bastante cômoda perante os problemas de adequação do edifício ao clima. Em
contrapartida, o gasto energético, aumentava cada vez mais, bem como os impactos da
utilização desses sistemas ao meio ambiente.
A partir da década de 1980, passam a surgir na Europa, os edifícios projetados com
ênfase na questão energética. Surgiram então os edifícios conhecidos como Higth Tech,
frutos de projetos que tiravam partido das questões energéticas para uma arquitetura
inovadora, apoiada nas novas tecnologias. Assim, a imagem das grandes corporações
20

deveria ser refletida na eficiência de recursos energéticos, presentes em seus edifícios -


símbolos da essência de seus processos e atividades (SERRADOR, 2008, p.26-27).
Porém, foi na Ásia que a arquitetura High Tech encontrou campo fértil. As décadas de
1980 e 1990 viram surgir torres corporativas que agregavam qualidades tecnológicas em
seus desenhos e sistemas com o objetivo de racionalizar recursos naturais. Surgem então os
"edifícios inteligentes", que incorporam em seus projetos as últimas tecnologias de
automação predial e de informação. Segundo Fialho (2007, p.48), os edifícios precisam ser
dinâmicos, adaptáveis e flexíveis de forma a atender às frequentes demandas de alteração
dos modos de uso e apropriação das novas tecnologias.
No Brasil, o processo de verticalização dos edifícios comerciais iniciou-se no começo
do século XX. Mas foi a partir das décadas de 1920 e 1930, que se intensifica a construção de
edifícios de escritórios nos centros das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A década de
1970 caracterizou-se por um grande crescimento do mercado imobiliário de edifícios de
escritórios, impulsionados pela intensificação da vinda de multinacionais para o país e pela
expansão do setor de serviços (ANDRADE, 2007).
Ainda segundo Andrade (2007), a partir da década de 1980, com o surgimento nos
chamados "edifícios inteligentes" nos Estados Unidos, começa a configurar-se uma nova
categoria de edifícios de escritórios no Brasil, com um melhor padrão construtivo,
empregando materiais mais sofisticados e utilizando sistemas de automação, voltados
inicialmente para o controle e gerenciamento do sistema de ar-condicionado. Esses edifícios
possuem fachadas quase sempre inspiradas nos padrões americanos, com revestimento em
granito e vidro laminado em uma proporção que, segundo Romero apud Andrade (2007),
para um país tropical, prejudica o desempenho dos edifícios e gera uma elevação no
consumo de energia.
Os edifícios corporativos, principalmente os de alto padrão, experimentaram grande
avanço, tanto no que se refere aos aspectos construtivos, quanto à estrutura e sistemas
prediais. Os ambientes internos empregam materiais de acabamento de alta qualidade,
como pisos elevados mais resistentes e menos ruidosos, carpete em placas em poliamida,
forros com propriedades termoacústicas, luminárias com aletas anti-reflexivas, entre outros.
No entanto, suas fachadas continuam atendendo ao modelo da arquitetura internacional,
com grandes superfícies envidraçadas que se mostram incompatíveis com o clima local e
21

ineficientes em reduzir o seu impacto no entorno, no uso racional de água e economia de


energia elétrica.
Quanto aos ambientes internos, mudanças no cenário político e econômico mundial,
aliadas à rapidez das inovações tecnológicas, transformaram a forma de organização dos
espaços físicos das empresas nos últimos 100 anos (ANDRADE, 2010).
Em resposta a essas mudanças, existem hoje vários padrões de layouts para
ambientes de trabalho: espaço-colmeia, espaço-célula, espaço-recanto e espaço-clube
(DUFFY, 1997), que são determinados pelo tipo de organização e o padrão de trabalho dos
usuários. Os escritórios ainda podem ser classificados como territoriais e não territoriais1
(ANDRADE, 2007).
Esses novos padrões refletem, segundo Andrade (2007), uma grande transformação
nos ambientes de trabalho. Segundo a referida autora, a evolução dos conceitos de
ocupação passou por dois momentos de quebra de paradigma: o primeiro, após a Segunda
Guerra Mundial, quando o Escritório Panorâmico2 substituiu o modelo taylorista3, tornando-
o menos hierarquizado e mais humano e o segundo momento, que teve início na década de
1990, com a criação dos escritórios Não-territoriais, que se estende até os dias de hoje.
Neste novo momento, o trabalho de base intelectual e a mobilidade das pessoas faz do
escritório um espaço cada vez mais dinâmico, inspirador e voltado para as relações sociais.
Os escritórios hoje podem ser abertos ou fechados, com estações de trabalho fixas
ou não, neutros ou excessivos, com soluções individualizadas ou padronizadas. O que vai
determinar qual o tipo de escritório é a atividade e a identidade da organização. As decisões
são tomadas de forma a otimizar o trabalho realizado.

2.2. Princípios arquitetônicos


O princípio de projeto de arquitetura é como uma linha mestra, que irá balizar e
integrar todas as etapas do processo projetual, e sob a qual todas as decisões tomadas pelo
projetista estarão apoiadas. A determinação de um ou mais princípio para o projeto, ao

1
Caracteriza-se pela inexistência de uma estação de trabalho individualizada e o trabalho não é necessariamente realizado dentro do
espaço físico da empresa(Andrade,2007).
2
Espaços Totalmente abertos, livres de paredes, divisórias e corredores. Não havia distinção entre as chefias e demais trabalhadores
através de salas fechadas ou semifechadas(Andrade, 2007).
3
O layout é reflexo de uma organização extremante rígida, baseada no modelo fabril.
22

mesmo tempo em que cria uma base segura para o desenvolvimento da proposta, mantém a
unidade do trabalho a ser desenvolvido.
A partir da revisão teórica-conceitual sobre o tema escolhido foram definidos alguns
princípios que servirão como elementos indutores do processo de projeto, que são:
sustentabilidade, flexibilidade e conectividade.
Para a escolha destes princípios, muitos outros foram elencados e estudados, porém,
foram esses três que melhor traduziram a intenção do projetista para uma edificação
corporativa vertical definida a partir do recorte teórico realizado.
Embora tenham sido definidos três princípios para o projeto aqui desenvolvido,
percebe-se que o principio de sustentabilidade se sobressai aos outros dois, uma vez que o
objetivo dessa dissertação é elaborar um projeto de uma edificação de uso corporativo com
ênfase na sustentabilidade ambiental.

2.2.1. Sustentabilidade
O desenvolvimento sustentável surgiu como resposta ao modelo de desenvolvimento
delineado após a Revolução Industrial nos países ocidentais, que embora tenha permitido
inúmeros ganhos em termos de qualidade e expectativa de vida aos seres humanos,
provocou alterações significativas no equilíbrio do planeta.
Segundo Lomardo (2001), em resposta ao modelo de desenvolvimento pós-
sociedade industrial, no ano de 1992, foi realizada a conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco-92, a qual teve como objetivo,
discutir o desenvolvimento dos países frente aos impactos causados ao meio ambiente.
Como produto final da conferência, foi elaborada a Agenda 21 e a Declaração do Rio,
documentos que endossaram o conceito fundamental de desenvolvimento sustentável, que
combina as aspirações ao progresso econômico e material com a necessidade de uma
consciência ecológica.
Anterior à Eco-92, existiram algumas tentativas de modificar o modelo de
desenvolvimento pós-industrialização, como o conceito do ecodesenvolvimento4, formulado

4 A proposta do ecodesenvolvimento busca orientar os esforços humanos de crescimento para a satisfação das necessidades materiais e
imateriais de toda a população, sem submeter-se à lógica da produção como um fim em si mesma. Valoriza o planejamento participativo
para aplicação de políticas públicas de harmonização de interesses econômicos, sociais e ecológicos (LOMARDO, 2011)
23

em 1972 por M. Strong em Estocolmo e o relatório Nosso Futuro Comum5 elaborado em


1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU. Contudo, foi
somente em 1992 que o enfoque do desenvolvimento sustentável firmou-se e foi difundido
na sociedade civil, governos, empresas, organismos internacionais e organizações não
governamentais.
O desenvolvimento sustentável é entendido hoje como um modelo de
desenvolvimento capaz de atender as necessidades da geração atual, sem comprometer os
recursos necessários à satisfação das necessidades futuras e tem escala de atuação nas
esferas ambiental, social e econômica (JOHN e PRADO, 2010).
Segundo Lomardo (2001), na esfera ambiental, deve-se buscar o equilíbrio entre a
proteção ao meio ambiente físico e seus recursos e a utilização destes dentro do suporte do
planeta; na esfera social, pretende-se o desenvolvimento de sociedades justas, onde todos
tenham acesso aos recursos extraídos da natureza, que proporcionem oportunidades ao
desenvolvimento humano; e na esfera econômica, o acesso aos recursos e às oportunidades
indispensáveis à prosperidade da sociedade, de forma responsável e equilibrada. "O desafio
é, na verdade, a busca de um equilíbrio entre proteção ambiental, justiça social e a
viabilidade econômica" (JOHN e PRADO, 2010).
Esses três aspectos devem coexistir em equilíbrio, no chamado desenvolvimento
sustentável, que de forma simples pode ser definido como o modelo de desenvolvimento
que conduz à sustentabilidade.
O desenvolvimento sustentável trouxe para a construção civil o desafio de melhorar
o seu desempenho, uma vez que este é o setor, entre as atividades humanas, que mais
impacta no meio ambiente (BUSSOLOTI, 2008). As edificações brasileiras, durante a sua vida
útil consomem 50% da energia elétrica e são responsáveis por 50% dos resíduos sólidos
urbanos (BRASIL, 2013). Desta forma, desde a sua construção, ao longo de sua vida útil e sua
demolição, as edificações provocam impactos no meio ambiente, exigindo recursos naturais
e emitindo poluição para o ar, terra e águas.
Em resposta a essa demanda, a arquitetura sustentável surgiu a partir de uma
gênese rústica, associada a uma cultura de estilo de vida alternativa que, por sua vez,

5
O Relatório Nosso Futuro ecodesenvolvimento Comum criou o conceito de desenvolvimento sustentável, propondo aplicação dos termos
do, com ênfase no caráter sincrônico e diacrônico da solidariedade humana. Esta proposta baseia-se na autonomia da população na busca
de modelos apropriados para cada contexto histórico, cultural e ecológico, estabelecendo harmonia entre o homem e o ambiente, e
pretende que o progresso possa ser compartilhado entre todos os países do mundo. (LOMARDO, 2001)
24

espelhava um movimento político contracultural (KELLER, 2010). Hoje, porém, entende-se


como uma arquitetura sustentável aquela que, entre outras ações, busca potencializar ao
máximo os recursos naturais em iluminação, ventilação e vegetação; leva em consideração o
sítio em que está inserido; minimiza o impacto da construção no entorno; racionaliza o uso
da água; utiliza os materiais de forma consciente, dando prioridade aos disponíveis no local;
faz uso de técnicas construtivas vernaculares e/ou eficientes, levando em consideração o seu
impacto ambiental a partir do início da sua cadeia de produção; estabelece o controle da
qualidade do ar e preocupa-se com a eficiência energética durante a construção e,
principalmente, na pós-ocupação (PORTO, 2009).
Assim podemos definir como sustentável uma arquitetura que avalie suas
etapas – Projeto, construção uso e/ou ocupação – através de quatro itens:
entorno, edificação em si, materiais e aspectos humanos e culturais
(PORTO, 2009).
Percebe-se, no entanto, que não existe um caminho definido ou uma fórmula para
projetar um edifício sustentável. Na realidade, o que se conhece hoje como arquitetura
sustentável, não envolve somente a concepção do projeto arquitetônico, mas sim o domínio
de toda a cadeia construtiva, tornando-se um campo multidisciplinar.
Cabe aos diferentes agentes da construção civil decidir, de acordo com o uso, o sítio,
a cultura, entre outros aspectos, como ações, métodos e/ou técnicas serão adotados para
garantir a sustentabilidade da edificação projetada (PORTO, 2009).
Ao arquiteto, por ser responsável pela concepção do edifício através do projeto de
arquitetura, é dado o papel de integrador e articulador de todas as etapas do processo de
implementação de um empreendimento sustentável.
Desta forma, foi adotada a sustentabilidade como principio do projeto de arquitetura
aqui desenvolvido, na intenção de propor uma edificação que melhor aproveite os recursos
naturais e evite desperdícios a partir da análise das características do lugar de implantação.

2.2.2. Flexibilidade
Segundo D’Amore (2013, p.13), mudanças no cenário político-econômico mundial,
inovações tecnológicas e novas ideologias administrativas, afetam as culturas das empresas
e fazem surgir novas necessidades organizacionais e novas formas de trabalho, que geram
25

novas necessidades espaciais. Essas mudanças são traduzidas em novos padrões e diagramas
de trabalho dentro dos escritórios.
A tecnologia de informação aplicada ao setor corporativo ao mesmo tempo age como
combustível na busca de uma maior competitividade e promove mudanças na forma que o
usuário se apropria do local de trabalho. Segundo Andrade (2007), o uso contínuo de
tecnologia promoveu o nascimento de novas culturas, com novos padrões de atitude,
valores e relações organizacionais. Surge, então, a necessidade de propor espaços físicos que
possam ser facilmente modificados e adaptados, com a intenção de atender as diferentes
dinâmicas profissionais e portes de empresas.
Criado para atender determinadas atribuições, os espaços são projetados em função
das necessidades e condicionantes apresentadas no momento da concepção. Estes espaços
e suas funções deverão interagir por meio da ocupação dos usuários, podendo estar sujeito
a ter suas necessidades alteradas. Uma inovação tecnológica, um novo produto no mercado
ou uma política de desenvolvimento poderão estar entre as diversas causas de alterações
súbitas das necessidades. Segundo Hertzberger (1999, p 146): "O plano flexível tem seu
ponto de partida na certeza de que a solução correta não existe, já que o problema que
requer solução está em um estado de permanente fluxo".
Visando a flexibilidade das edificações, as técnicas construtivas têm evoluído
sobretudo com a descoberta de novos materiais, porém, esta flexibilidade desejada nos
ambientes requer, além de novas tecnologias, condições projetuais para serem alcançadas
com eficiência.
Uma arquitetura flexível seria então "uma forma que persiste a diversos usos sem
que ela própria tenha que sofrer mudanças" (Hertzberger, 1999, p.147).
Desta forma, o conceito de flexibilidade é inserido neste trabalho, como forma de
congregar a tecnologia de informações e da construção civil às soluções projetuais, na
intenção de criar uma edificação flexível e, por consequência, adequada a diferentes tipos e
tamanhos de empresas e que possa ser facilmente adaptada a modificações futuras.

2.2.3. Conectividade
O estudo “The Generative Officer” (SAILER, 2012), trabalho exposto no oitavo
simpósio mundial de sintaxe espacial, de autoria de seis pesquisadores britânicos, trata da
26

análise de uma amostra de 62 escritórios do Reino Unido, na tentativa de identificar


características morfológicas que possam estar relacionadas ao desempenho e produtividade
dos seus usuários.
Segundo os autores, baseados em Hiller e Penn (1981), os edifícios generativos são
aqueles que propiciam novas relações, ideias, produtos e conhecimentos, maximizando
encontros aleatórios entre as pessoas, enquanto os edifícios conservadores são aqueles que
conservam e espelham as relações, ideias e conhecimentos existentes, reforçando a
interface já consolidada entre as pessoas.
Neste estudo, os autores buscam estabelecer relações entre o layout de escritórios e
a produtividade e desempenho de uma empresa, acreditando que a maior conexão dos
ambientes da edificação permite a inter-relação entre os usuários, aumentando a produção
deles.
Ao final, o estudo chegou às seguintes considerações, traduzidas em diretrizes
projetuais:
• Promoção de escritórios que possibilitem a adoção de plantas com altos níveis de
integração, com a finalidade de promover o movimento e encontros aleatórios;
• Posicionamento de espaços com alto poder de atração em locais integrados, para
ampliar o caráter naturalmente conectado do espaço e promover o encontro
aleatório de usuários;
• Altos níveis de visibilidade local, visando proporcionar a maior visibilidade possível
dentro dos locais de trabalho e áreas comuns, principalmente a partir dos acessos
principais e saída de circulações verticais, na tentativa de que os usuários possam
entender melhor e assim se deslocar pelo prédio;
• Criar espaços com “identidade” e “personalidade” para que os usuários se
identifiquem e se apropriem do espaço a eles destinado.
A partir das diretrizes projetuais apontadas por este estudo, foi extraído o princípio de
conectividade para o projeto aqui proposto, com a intenção de promover a conexão e, por
consequência, a integração das diversas partes do edifício. O que resultaria, segundo o
estudo, em uma maior produtividade para o ambiente de trabalho.
Embora o estudo “The Generative Officer”, que influenciou a escolha deste conceito,
tratar somente da integração dos ambientes internos da edificação, será também
27

considerada, para este trabalho, a conectividade entre o espaço público (da calçada) e o
privado (o terreno), de forma a permitir a expansão do espaço público para dentro do lote,
com a intenção de minimizar o impacto do empreendimento na fração urbana e a integração
entre os espaços da edificação, viabilizando as inter-relações entre usuários e entre eles e os
visitantes.
Desta forma, o conceito de conectividade está relacionado diretamente com a
morfologia da edificação e busca estabelecer a conexão entre as suas partes e entre a
edificação e seu entorno.
28

3. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS


O desenvolvimento sustentável trouxe para a construção civil o desafio de melhorar
o seu desempenho ambiental. A partir deste novo panorama, várias edificações foram
construídas com a preocupação de reduzir o consumo de recursos naturais e de emissão de
poluição ao meio ambiente. Porém, à medida que essas edificações foram se proliferando
surgiu o questionamento sobre que desempenho um edifício deve atingir para ser
considerado sustentável.
Com a intenção de responder a esse questionamento e avaliar quantitativa e
qualitativamente o desempenho das edificações, a partir da década de 1990, começam a
surgir os sistemas de certificação ambiental para edificações.
Os sistemas de avaliação de desempenho ambiental de edifícios funcionam como
uma espécie de atestado, garantindo que as construções atendem a parâmetros
predefinidos que visam à sustentabilidade. A partir das certificações, todo o processo
construtivo, desde a concepção do projeto passando pela construção da edificação até o seu
uso, é avaliado com o intuito de responder como aquele elemento construído está
interferindo no meio ambiente.
Esses sistemas são desenvolvidos para serem absorvidos com facilidade, geralmente
através de uma lista de itens para a verificação, durante o processo de projetação e
planejamento do empreendimento (SILVA, V, G; SILVA, M, G; AGOPYAN, V, 2003).
Para esta dissertação foram estudados quatro sistemas de avaliação de desempenho
ambiental de edificações com a intenção de, a partir do conhecimento destes, eleger um
para incorporar à metodologia de projetação utilizada, foram eles: AQUA (Sistema de Alta
Qualidade Ambiental); LEED (Leadership in Energy and Environmental Desing); BREEAM
(Building Research Establishment - Environmental Assessment Method); e o Selo Casa Azul.
Cada certificação possui um método específico para classificar ou categorizar um
projeto ou obra quanto ao seu desempenho ambiental.
Não é intenção deste trabalho, apontar qual é a melhor, tão pouco a mais apropriada
certificação para ou este ou aquele tipo de edificação, exatamente por acreditar que não é a
escolha do tipo de certificação utilizada que será determinante para a qualidade ambiental
de um projeto. O que se pretende é utilizar os critérios de avaliação existentes na
29

metodologia de aplicação das certificações como referência para a tomada de decisões


projetuais.

3.1. AQUA
O Sistema de Alta Qualidade Ambiental - AQUA foi criado por professores do
departamento de engenharia de produção da Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo (USP) em parceria com a Fundação Vanzolini no ano de 2007. Foi o primeiro sistema
de certificação de construções sustentáveis adaptados à realidade brasileira, e é baseado na
metodologia de certificação francesa Haute Qualité Envirnnemental - HQE.
O sistema de certificação avalia, a partir de diferentes referenciais técnicos, os
seguintes tipos de empreendimentos: habitacionais; edifícios de escritórios e escolares;
hospedagem, lazer, bem estar e cultura e bairros.
O sistema subdivide o empreendimento em cinco fases: programa; concepção;
realização; programação da operação e operação e usos. Ao final de cada etapa, a edificação
recebe um certificado parcial equivalente à fase analisada (FUNDAÇÂO VANZOLINI, 2007).
O processo de certificação AQUA está estruturado em dois documentos, o Sistema de
Gestão do Empreendimento – SGE - no qual é definida a qualidade ambiental pretendida, e a
Qualidade Ambiental do Edifício - QAE que avalia o desempenho arquitetônico e técnico da
construção de acordo com os parâmetros definidos no SGE.
O referencial da QAE está organizado em 14 categorias que representam os desafios
ambientais do empreendimento e se agrupam em quatro famílias como mostra a Tabela 1.
Tabela 1 - Sistema de avaliação do AQUA: famílias e categorias
PROCESSO AQUA - ALTA QUALIDADE AMBIENTAL
FAMÍLIAS CATEGORIAS
Categoria 01: Relação do edifício com o seu entorno
Eco-construção Categoria 02: Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos
Categoria 03: Canteiro de obra de baixo impacto ambiental
Categoria 04: Gestão da energia
Categoria 05: Gestão da água
Gestão
Categoria 06: Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício
Categoria 07: Manutenção: permanência do desempenho ambiental
Categoria 08:Conforto higrotérmico
Categoria 09: Conforto acústico
Conforto
Categoria 10: Conforto visual
Categoria 11: Conforto olfativo
Categoria 12: Qualidade sanitária dos ambientes
Saúde Categoria 13: Qualidade sanitária do ar
Categoria 14: Qualidade sanitária da água
Fonte: FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2007
30

Essas 14 categorias são desmembradas em subcategorias, que representam as


principais preocupações associadas a cada desafio ambiental e depois em preocupações
elementares. Portanto a avaliação da QAE é evolutiva obedecendo à estrutura: família –
categoria – subcategoria – preocupações.
A partir da análise e qualificação dessas etapas, perfis de desempenho ambiental são
definidos para cada uma de suas cinco fases, os quais definirão se edificação receberá a
certificação AQUA. Não há classificação ou graduação na certificação AQUA, apenas o
empreendimento é ou não tido como certificado.

3.2. LEED
O Sistema LEED (Leadership in Energy and Environmental Desing) é uma norma
nacional americana, de utilização voluntária, desenvolvida pelo U.S. Green Building Council
organização que reune reprepresentantes dos segmentos da insdústria da construção civil
Americana.
O sistema de avaliação LEED é constituído de checklist que atribui créditos para o
atendimento de critérios pré-estabelecidos, alguns voluntários e outros obrigatórios, em
ações de projeto, construção ou gerenciamento que contribuam para reduzir os impactos
ambientais dos edifícios (SILVA, V, G; SILVA, M, G; AGOPYAN, V, 2003). Os critérios são
divididos em categorias com estratégias para seu atendimento.
Para melhor atender às especificidades do que se pretende certificar, o LEED possui
nove tipos de certificação, para diferentes tipologias edilícias. Cada tipo de certificação
possui mesma base de avaliação e que se diferenciam pela pontuação dos créditos, dos
requisitos e das estratégias para alcançá-los. São elas: (1) novas construções; (2) edificações
existentes; (3) interiores comerciais; (4) envoltória e estrutura principal; (5) escolas; (6) lojas
de varejos; (7) residências; (8) desenvolvimentos de bairros e (9) hospitais.
Os critérios são divididos em 07 categorias:
• Sítio sustentável: encoraja estratégias que minimizam o impacto no ecossistema
durante a implantação da edificação e aborda questões de grandes centros urbanos,
como redução do uso do carro e da ilha de calor;
31

• Uso eficiente da água: promove inovações para o uso racional da água com foco na
redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento com reuso dos
recursos;
• Energia e atmosfera: promove eficiência energética nas edificações por meio de
estratégias simples e inovadoras;
• Materiais e recursos: encoraja o uso de materiais de baixo impacto ambiental e reduz
a geração de resíduos;
• Qualidade ambiental interna: promove a qualidade interna do ar, conforto térmico,
controlabilidade de sistemas e priorização de espaços com vistas externas e luz
natural;
• Inovação no projeto: incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildingn,
assim como a criação de soluções projetuais não descritas nas categorias do LEED;
• Prioridade regional: Incentiva os créditos definidos como prioridades regionais para
cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes
em cada região.
Há hierarquia na certificação conforme a pontuação: 40 a 49 pontos, edificação é
apenas certificada; de 50 a 59 pontos, recebe selo/categoria prata. De 69 a 79 pontos,
selo/categoria ouro; e acima de 80 pontos, selo/categoria platina.
No Brasil a certificação LEED chegou em 2007, e atualmente, de acordo com a GBC
Brasil (2014) o LEED é o selo mais utilizado no Brasil com 143 empreendimentos já
certificados no país, e 840 em processo de análise ou construção. A certificação está na
quarta versão (LEED v4), sendo esta última apresentada oficialmente em 2012.

3.3. BREEAM
O primeiro e mais conhecido sistema de avaliação de desempenho ambiental no
mundo é o BREEAN, o BRE Environmental Assessment Method desenvolvido no Reino Unido
por pesquisadores do BER - Building Research Establishmente e do setor privado (SILVA, V,
G; SILVA, M, G; AGOPYAN, V, 2003). Apesar de ser o pioneiro entre os sistemas de
certificação ambiental o BREEAM ainda é pouco utilizado no Brasil.
32

O BREEAM cobre várias tipologias de edifícios, tais como: escritórios, habitações,


indústrias, lojas e prédios voltados para o ensino e é baseado na legislação nacional local e
em critérios de desempenho.
O método de avaliação utiliza um checklist pelo qual se verifica o atendimento de
itens mínimos de desempenho, projeto e operação dos edifícios, para os quais são emitidos
créditos ambientais (SILVA, V, G; SILVA, M, G; AGOPYAN, V, 2003). Esses créditos são
posteriormente ponderados para chegar-se em um número único (BRE, 2014). A partir daí é
emitida ou não a certificação que se divide nos diferentes níveis de classificação: bom,
muito bom, excelente e excepcional.
O BREEAM avalia o desempenho de edifícios nas seguintes áreas:
• Gestão: aspectos globais da política e procedimentos ambientais;
• Uso de energia: questões de energia operacional e emissão de dióxido de carbono;
• Saúde e bem estar: ambientes internos e externos do edifício, afetando a saúde e o
bem estar;
• Poluição: Poluição do ar e da água;
• Transporte: Transporte relacionado com a emissão de CO2 e fatores relacionados
com o local;
• Uso do solo: evita o desenvolvimento de locais inapropriados e reduz o impacto
ambiental ao implantar um edifício, principalmente em fração urbana não
desenvolvida ou que ainda não tenha sido impactada pela ação humana. Reabilitar
locais danificados;
• Ecologia: conservação do valor ecológico e melhoramento do local;
• Materiais: implicação ambiental dos materiais de construção utilizados, considerando
o impacto do ciclo de vida útil;
• Água: consumo e eficiência do uso da água.

3.4. Selo Casa Azul


O Selo Casa Azul é um sistema de certificação brasileiro adotado pela Caixa
Econômica Federal-CEF para a classificação socioambiental de projetos de empreendimentos
habitacionais. Em sua metodologia, o Selo busca reconhecer os empreendimentos que
adotam soluções mais eficientes aplicadas à construção, ao uso, à ocupação e à manutenção
33

das edificações, objetivando incentivar o uso racional de recursos naturais e a melhoria da


habitação e de seu entorno.
A certificação só pode ser aplicada em empreendimentos habitacionais apresentados
à Caixa para financiamento ou nos programas de repasse. O método usado para a concessão
do Selo consiste em verificar, durante a análise de viabilidade técnica do empreendimento, o
atendimento aos pré-requisitos e critérios estabelecidos pelo "Manual Selo Casa Azul" - Boas
Práticas para a Habitação mais Sustentável", instrumento que, em sua definição, reconhece
e estimula projetos que demonstrem suas contribuições para a adoção de práticas voltadas
para a sustentabilidade (JONH e PRADO, 2010).
Como o “Manual Selo Casa Azul” foi desenvolvido para ser aplicado somente a
empreendimentos apresentados à CEF para contratos de financiamento ou de repasse, há
uma conexão entre os critérios necessários para o financiamento pelo Banco e os pré-
requisitos para a adoção do Selo. Desta forma, os pré-requisitos são de caráter documental.
A justificativa para a adoção destes pré-requisitos baseia-se na proposição de que,
empreendimentos que atendem à legislação e normas vigentes, promovem a geração formal
de empregos, arrecadação de tributos, a regularização fundiária e a ocupação ordenada do
solo urbano, e por isso, são fundamentais para o desenvolvimento sustentável das cidades.
Os empreendimentos que visam à obtenção do Selo devem atender a uma série de
pré-requisitos documentais e burocráticos. Para melhor compreensão dos pré-requisitos,
neste estudo, eles foram agrupados e classificados em quatro blocos:
1- Os documentos que comprovem a legalização do empreendimento: o atendimento
às regras dos programas operacionalizados pela caixa e a aprovação dos projetos nos
órgãos competentes como prefeituras, órgãos ambientais, corpo de bombeiros,
concessionárias de água e energia e demais documentos necessários à legalização do
empreendimento.
2- Todos os projetos candidatos ao Selo devem atender às regras da Ação Madeira Legal
e apresentar, até o final da obra, o Documento de Origem Florestal (DOF) e a
declaração informando o volume, as espécies e a destinação final das madeiras
utilizadas na obra.
3- O projeto deve atender às normas de acessibilidade contidas na NBR 9050 bem como
as específicas nas legislações estaduais e municipais.
34

4- Na elaboração dos projetos e respectivos memoriais descritivos o proponente deverá


atender as normas técnicas vigentes tanto para a apresentação dos documentos
quanto para especificação de materiais e serviços.
Além dos pré-requisitos, o "Manual Selo Casa Azul" possui 53 critérios de avaliação,
distribuídos em seis categorias de preocupações socioambientais a serem consideradas na
avaliação do empreendimento, que são: (1) qualidade urbana, (2) projeto e conforto, (3)
eficiência energética, (4) conservação de recursos materiais, (5) gestão da água e (6) prática
social (JONH e PRADO, 2010). As seis categorias bem como os critérios a elas pertinentes e a
classificação encontram-se na Tabela 2.
Tabela 2 - Categorias, critérios de avaliação e classificação do "Manual Selo Casa Azul"
QUADRO RESUMO - CATEGORISA, CRITÉRIOS E CLASSIFICAÇÃO
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
BRONZE PRATA OURO
1-Qualidade do entorno - infraestrutura obrigatório
CATEGORIA 01
Qualidade

2-Qualidade do entorno - impactos obrigatório


Urbana

3-Melhoria no entorno
4-Recuperação de áreas degradadas
5-Reabilitação de imóvel
6-Paisagismo obrigatório
7-Flexibilidade de projeto
8-Relação com a vizinhança
Projeto e Conforto

9-Solução Alternativa de Transporte


CATEGORIA 02

10-Local para Coleta seletiva obrigatório


11-Equipamentos de lazer, sociais e esportivos obrigatório
12-Desempenho térmico - vedações obrigatório
13-Desempenho térmico - Orientação ao sol e ventos obrigatório
14-Iluminação Natural
15-Ventilação e iluminação natural de banheiros
16-Adequação às condições físicas do terreno
17-Lâmpadas de baixo consumo obrigatório
+ 6 itens de
Eficiência Energética

18-Dispositivos Economizadores + 12 itens


livre escolha
CATEGORIA 03

19-Sistema de aquecimento solar de livre


20-Sistema de aquecimento a gás escolha
21-Medição individualizada - gás obrigatório
22-Elevadores eficientes
23-Equipamentos eficientes
24-Fontes alternativas de energia
25-Coordenação modular
26-Qualidade de materiais e componentes obrigatório
Conservação de Recursos

27-Competentes industrializados ou pré-fabricados


CATEGORIA 04

28-Formas e escoras reutilizáveis obrigatório


Materiais

29-Gestão de resíduos de construção (RCD)


30-Concreto com dosagem otimizada
31-Cimento de Alto-forno (CPIII) e Pozolânico (CP IV)
32-Pavimentação com RCD obrigatório
33-Facilidade de manutenção das fachadas
34-Madeira plantada ou certificada
35-Medição individualizada - água obrigatório
CATEGORIA

Gestão da

36-Dispositivos economizadores - Sistema de descarga obrigatório


Água
05

37-Dispositivos economizadores - Arejadores


38-Dispositivos economizadores - Registro regulador de vazão
35

39-Reaproveitamento de água pluvial


40-Retenção de águas pluviais
41-Infiltração de águas pluviais + 6 itens de + 12 itens
42- Áreas Permeáveis livre escolha de livre
43-Educação para gestão de RCD escolha
44-Educação ambiental dos empregados
45- Desenvolvimento Pessoal dos Empregados
46- Capacitação Profissional dos empregados
Práticas Sociais
CATEGORIA 06

47-Inclusão de trabalhadores locais


48-Participação da comunidade na elaboração do projeto
49-Orientação aos usuários obrigatório
50-Educação ambiental dos usuários
51-Capacitação para a gestão do empreendimento
52-Ação para mitigação dos riscos sociais
53-Ações para geração de emprego e renda
Fonte: JONH e PRADO, 2010

Dos 53 critérios, 19 são obrigatórios, pois são considerados fundamentais para


diminuir o impacto ambiental, aumentar os benefícios sociais, dar suporte a políticas
públicas e melhorar a qualidade de vida dos usuários. O atendimento destes 19 critérios
obrigatórios classifica o empreendimento na categoria bronze, porém, essa categoria é
destinada para empreendimentos de baixo custo financeiro, cujos valores da unidade
habitacional são pré-definidos de acordo com a localização do empreendimento6. Acima
destes valores, os empreendimentos só podem ser classificados dentro das categorias prata
e ouro. Para atender as categorias prata, além dos 19 critérios obrigatórios, devem atender a
mais 06 critérios de livre escolha e para a categoria ouro, 12 critérios a mais que os
obrigatórios devem ser atendidos.
No instrumento de orientação para a obtenção do Selo, o "Manual Selo Casa Azul" é
enfatizado que, apesar da metodologia permitir uma escolha aleatória dos critérios a serem
atendidos, maiores benefícios socioambientais serão obtidos se houver uma forte relação
entre os critérios selecionados e as características do empreendimento (JONH e PRADO,
2010). Para que isso seja alcançado é proposto, em sua metodologia, a elaboração de uma
agenda sustentável do empreendimento, documento que tem por finalidade embasar a
decisão de quais dos 34 critérios de livre escolha serão atendidos no projeto do
empreendimento.
Para obter o Selo, o proponente deverá manifestar o interesse de adesão ao Selo
Casa Azul e apresentar os projetos, a documentação e informações técnicas referentes aos

6
Para a classificação na categoria bronze, além de atender aos 19 critérios obrigatórios, os empreendimentos devem ter o valor da
unidade habitacional dentro do limite estabelecido que varia de R$ 80.000, (oitenta mil Reais) a R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais),
dependendo da localização deste no território Nacional.
36

critérios a serem atendidos pelo projeto durante a análise de viabilidade técnica do


empreendimento realizada pela Caixa Econômica Federal- CEF.
O atendimento aos itens propostos em projetos será verificado também no curso do
acompanhamento da obra, durante as medições mensais, ou em vistorias técnicas
específicas.
Após aprovação do projeto, a CEF informará ao proponente a gradação alcançada
pelo projeto. Será então emitido um certificado de concessão do Selo Casa Azul Caixa
contendo a classificação alcançada: bronze, prata ou ouro.
Os projetos de empreendimentos que receberem o Selo poderão fazer o uso da
logomarca em material publicitário e placa da obra. Após a conclusão da obra, o
empreendimento poderá instalar placa metálica com o nível de gradação do selo atingindo
pelo empreendimento.

3.5. Considerações sobre os sistemas de certificação ambiental


Como forma de comprovar a sustentabilidade de um projeto ou edifício surgiram os
sistemas de certificação ambiental de edificações que pretendem atestar o desempenho
sustentável através de uma série de critérios a serem satisfeitos. A análise destes critérios
podem auxiliar na compreensão dos elementos existentes em uma edificação que a tornam
sustentável, auxiliando, desta forma, o projetista na tomada de decisões no momento da
concepção projetual.
Desta forma, esses instrumentos podem ser usados pelo arquiteto como base para
elaboração de projetos, fornecendo diretrizes sustentáveis que, quando traduzidas em ações
projetuais, implementem o caráter sustentável da edificação, sem contudo, suprimir as
demais etapas de projeto.
Neste sentido, o presente trabalho buscou através da análise das certificações
ambientais utilizar a metodologia destas, mais especificamente, dos seus critérios de
avaliação, como referência para a metodologia de projeto aqui aplicada.
Cabe mais uma vez resaltar que não é objetivo do estudo a aplicação destas
metodologias para atestar o desempenho sustentável da edificação pela obtenção de uma
certificação, mas simplesmente utilizar alguns critérios de avaliação das certificações
estudadas no método do processo projetual.
37

Desta forma, o "Manual Selo Casa Azul" foi escolhido para a definição de quais ações
de sustentabilidade são adotadas no empreendimento por ser uma certificação
desenvolvida no Brasil e para a realidade e prática da construção do país e por apresentar
metodologia objetiva e direta, com clareza e simplicidade na apresentação dos critérios
sustentáveis e a sua forma de avaliação, apresentando, desta forma, facilidade de
assimilação dos seus critérios de avaliação como ações sustentáveis incorporadas à proposta
arquitetônica.
Como o Selo Casa Azul é uma certificação dirigida para classificar quanto à qualidade
ambiental apenas edificações habitacionais, a análise de outros sistemas de certificação
aplicados a edifícios corporativos, tipologia projetada neste trabalho, teve grande
aplicabilidade na proposta, uma vez que ratificou os critérios de avaliação relacionados à
arquitetura corporativa existentes no "Manual Selo Casa Azul", e identificou outros que não
foram apontados neste documento e que, por terem afinidade ao tipo de edificação
projetada, foram incorporados à proposta.
Segundo John e Prado (2010), uma forma de usar o método da certificação como
referência para o projeto de uma edificação sustentável é a elaboração da agenda
sustentável da edificação proposta. Isso se dá devido ao fato de que na elaboração da
agenda, os critérios de avaliação da certificação são analisados considerando as
características locais e regionais, como clima, água, sol, ventos, usuários, sítio, entre outros.
Desta forma, são escolhidos e registrados os critérios que efetivamente vão contribuir para o
caráter sustentável da edificação projetada.
No Capítulo 4 desta dissertação é apresentada a agenda sustentável do edifício
corporativo elaborada para o projeto aqui desenvolvido, além da análise dos critérios do
"Manual Selo Casa Azul" de forma justificar as decisões tomadas na concepção projetual do
edifício corporativo.
Cabe ainda destacar que os itens elencados para agenda são derivados diretamente
dos critérios de avaliação existentes no "Manual Selo Casa Azul", porém alguns desses
critérios foram analisados e complementados considerando os critérios de avaliação
existentes em outras certificações estuda.
38

4. AGENDA SUSTENTÁVEL DO EDIFÍCIO CORPORATIVO


As decisões projetuais devem ser resultados da compatibilização das ações da equipe
de projeto, gerenciadores, consultores, fornecedores, executores e usuários. Desta forma, a
elaboração de uma agenda que sistematize todas as ações que devem ser consideradas
durante as fases de projeto, obra e utilização da edificação é essencial para balizar todas as
etapas do processo.
Com a intenção de definir que ações de sustentabilidade foram adotadas no
anteprojeto do edifício corporativo, foi elaborada a agenda sustentável da edificação a partir
dos critérios estabelecidos no "Manual Selo Casa Azul". Esta agenda deu subsídio a todas as
etapas do projeto.
A agenda do empreendimento tem por objetivo identificar os aspectos
socioambientais relevantes para o empreendimento em questão, servindo de guia para
selecionar as ações a serem adotadas, considerando também os recursos disponíveis e as
características dos usuários.
O “Manual” de obtenção do Selo Casa Azul elenca uma série de parâmetros que
devem ser considerados para a escolha dos critérios que irão compor a agenda e
posteriormente atendidos no projeto, como: condições sociais e ambientais regionais,
características funcionais, vizinhança, exigências legais, usuários e suas características,
custos, entre outros. Por fim, o manual ainda ressalta que determinados parâmetros a serem
considerados para a definição dos critérios de avaliação que irão compor a agenda
sustentável da edificação têm relações de interdependência e que as soluções adotadas,
derivadas dos critérios selecionados para o empreendimento, devem ser coerentes entre si.
A partir da análise dos 53 critérios de avaliação proposto pelo manual de obtenção
do Selo Casa Azul, agrupados em seis categorias, foram eleitos os que fazem parte da
agenda sustentável da edificação coorporativa.
Embora o manual de obtenção do Selo classifique 19 dos 53 critérios de avaliação
como obrigatórios, a escolha de quais critérios de avaliação foram incorporados ou não da
agenda não levou em consideração a obrigatoriedade da adoção deles para obtenção do
Selo, uma vez que não é objetivo deste trabalho elaborar um projeto capaz de obter
nenhum tipo de certificação ambiental. Ainda mais, que existem critérios obrigatórios para
39

obtenção do selo que tem forte correspondência com a tipologia residencial, e o objeto de
estudo deste trabalho é uma edificação de tipologia comercial.
Desta forma, quantos e quais critérios foram adotados na proposta projetual aqui
desenvolvida foram determinados pela capacidade de cada critério contribuir para o caráter
sustentável da edificação corporativa proposta.
Ao final deste capítulo e como resultado dele, ter-se-á a agenda sustentável do
edifício corporativo, que como já dito, fundamentou todas as etapas do processo de
projetação, desde a escolha dos estudos empíricos até as especificações técnicas do projeto.
No manual de obtenção do Selo Casa Azul, as informações referentes às categorias e
critérios são expostas obedecendo a uma estrutura única, o que facilita a compreensão e o
entendimento destas. Ao início de cada categoria é feita uma introdução sobre ela e logo
após são expostos os critérios de avaliação explanados, segundo os seguintes tópicos: (1)
objetivo, (2) indicador, (3) documentação, (4) ressalva, (5) avaliação, (6) benefícios
socioambientais,(7) recomendações técnicas e (8) bibliografia adicional.
O objetivo (1) trata do resultado que o atendimento do critério pretende alcançar no
empreendimento. O indicador (2) aponta como o objetivo aspirado pode ser alcançado; o
tópico documentação (3) informa ao proponente quais documentos entregues, durante a
etapa de avaliação, irão comprovar o atendimento daquele critério na proposta; a ressalva
(4) tem a função de informar, quando couber, algumas restrições na avaliação, como por
exemplo, se o atendimento de algum critério só será considerando na avaliação mediante o
atendimento de outro critério que tenha correlação direta com este; a avaliação (5) informa
se o critério é de atendimento obrigatório ou não; os benefícios socioambientais (6) são
objetivados com o atendimento do critério em questão; e as recomendações técnicas (7)
fazem um apanhado teórico e técnico para auxiliar o atendimento do critério por parte do
proponente que pode ser complementado com a bibliografia adicional (8).
Antes da elaboração da agenda propriamente dita, foi realizada uma discussão dos
critérios de avaliação do manual de obtenção do Selo Casa Azul para um melhor
entendimento destes e a justificativa da escolha ou não de cada um dos critérios de
avaliação como ações de sustentabilidade que compõe a agenda sustentável do edifício
corporativo. Essa discussão por ser muito extensa, tendo sido inclusive elaborada antes do
início da concepção projetual, encontra-se em sua totalidade no apêndice deste volume. No
40

corpo desta dissertação (item 4.1) foi apenas resumida a descrição de cada critério. Cabe
ressaltar a importância desta etapa de discussão dos critérios antes do início do processo
projetual, constituindo-se como uma etapa metodológica adotada e adaptada por esta
autora, e que teve rebatimento direto em todas as etapas e decisões do processo de
projeto.
Embora a concepção de uma edificação sustentável exija a compatibilização das
ações da equipe de projeto, gerenciadores, consultores, fornecedores, executores e
usuários, considerando as fases de projeto, obra e utilização da edificação, as ações de
sustentabilidade elencadas para a agenda sustentável do edifício corporativo foram
definidas considerando somente aquelas relacionadas ao projeto de arquitetura. Desta
forma, na agenda sustentável do edifício corporativo, dos critérios de avaliação contidos no
"Manual Selo Casa Azul" (JONH e PRADO, 2010) foram destacados aqueles que possuem
rebatimento direto na concepção projetual do arquiteto.

4.1. Discussão dos critérios de avaliação


Com a intenção de melhor entendimento da influência de cada ação de
sustentabilidade elencada na agenda do edifício corporativo na concepção do projeto de
arquitetura, cada um dos critérios de avaliação incorporados a agenda foi associado com a
etapa do processo de projetação percorridas neste exercício projetual: (1) escolha e análise
do terreno; (2) programação, (3) implantação, (4) projeto e (5) especificação técnica. Nos
itens a seguir, são apresentadas as categorias do manual com seus respectivos critérios
resumidos, com os detalhes de adoção destes ou não no projeto, e a etapa do processo no
qual o mesmo tem rebatimento.

4.1.1. Categoria 1 - Qualidade Urbana


Esta categoria compõe-se de 05 critérios de avaliação relacionados ao planejamento
e à escolha da área de intervenção/implantação dos quais 03 integram a agenda sustentável
do edifício corporativo (Tabela 3).
41

Tabela 3- critérios de avaliação da categoria qualidade urbana


QUALIDADE URBANA
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO ADOÇÃO NO ETAPA DO PROCESSO
(para obtenção do PROJETO
Selo Casa Azul)
Qualidade do entorno- Infraestrutura Obrigatório Sim Escolha e análise do terreno e
entorno
Qualidade do entorno- Impactos Obrigatório Sim Escolha e análise do terreno e
entorno
Melhoria do entorno Livre escolha Não -
Recuperação de áreas degradadas Livre escolha Não -
Reabilitação de imóvel Livre escolha Sim Escolha e análise do terreno e
entorno
Fonte: Elaborado pelo autor com base no manual de obtenção do "selo casa azul"

Os dois primeiros critérios são específicos de cada sítio e devem ser considerados
para a escolha do local do empreendimento. Os demais se relacionam com os elementos de
projeto do sítio e de seu entorno.
Qualidade do entorno - infraestrutura
Critério que almeja maior qualidade de vida aos usuários, a partir da existência, no
entorno imediato, de: a) infraestrutura básica (rede de abastecimento de água,
pavimentação, energia elétrica, iluminação pública, esgotamento sanitário com tratamento,
drenagem); b) serviços (transporte público regular com parada de ônibus em rota acessível,
c) equipamentos comunitários (escola pública de ensino fundamental, equipamento de
saúde e equipamento de lazer); e d) comércio.
A disponibilidade de infraestrutura básica, serviços, equipamentos comunitários e
comércio nas proximidades do empreendimento proposto, proporciona uma melhor
qualidade de vida aos usuários. Somando-se a proximidade de comércio e serviços com o
transporte público regular, cria condições para a redução dos impactos ao uso de transporte
individual e ao consumo de combustível e como consequência, a redução dos
congestionamentos, ruídos e emissão de gases tóxicos.
Verifica-se o atendimento desse critério pela apresentação de um mapa de
localização do empreendimento com a identificação das infraestruturas mais relevantes,
contendo as distâncias destas ao centro geométrico do terreno e o traçado de rotas
acessíveis entre este e os serviços, comércio e equipamentos existentes. Deve-se ainda
cumprir as exigências legais referentes ao parcelamento e à ocupação do solo.
O diagnóstico da fração urbana apontado nesse critério foi adotado de modo
simplificado, mas preciso, na escolha e análise da área de implantação. Ele possibilitou o
42

conhecimento das características do local para minimizar (conter e/ou reduzir) os impactos
negativos do empreendimento na realidade existente.
Qualidade do entorno - impactos
O bem estar, a segurança e a saúde dos usuários é o que objetiva este critério através
da verificação da existência de fatores que possam ser prejudiciais aos usuários do
empreendimento. Portanto, recomenda-se descartar lotes em áreas: vulneráveis a desastres
naturais como inundações e escorregamentos de terra e/ou à contaminação do ar, da água e
do solo; com a presença de fontes de ruídos acima do permitido pela norma; próximas a
linhas de transmissão em alta tensão, subestação ou qualquer outro tipo de fonte emissora
de ondas eletromagnéticas; ou qualquer outro fator negativo.
A incorporação desse critério na agenda do empreendimento, além de permitir que a
escolha da área observe a segurança, o bem-estar e a saúde dos usuários, elimina fatores
que possam causar prejuízo ao seu funcionamento ou os mitiga (na fase de projeto).
Melhorias no entorno
Critério que procura incentivar ações para melhorias estéticas, funcionais,
paisagísticas e de acessibilidade ao entorno do empreendimento, com a intenção de
implementar a qualidade de vida, auto estima e identificação pessoal do usuário com o
espaço urbano.
Recuperação de áreas degradadas
Recuperar áreas degradadas por ocupações irregulares e/ou informais ou em áreas
de proteção ambiental é o objetivo deste critério.
Reabilitação de imóvel
Critério que incentiva a reabilitação de edificações e a ocupação de vazios urbanos
com a intenção de devolver ao meio ambiente, ao ciclo econômico e à dinâmica urbana,
uma edificação ou uma área antes em desuso ou subutilizada. Tratam-se de estratégias de
adensamento que otimizam o uso do solo e de infraestrutura, protegendo e preservando
habitats e recursos naturais.
Durante o estudo de viabilidade do empreendimento, deve ser elaborado o
mapeamento dos vazios urbanos e das edificações com potencial para recuperação, com a
intenção de considerar esses elementos na seleção de área definitiva para implantar o
empreendimento.
43

O Manual do Selo Casa Azul não traz uma definição clara de vazio urbano, portanto
será utilizada a de Magalhães (2005), que traz o vazio urbano em um conceito amplo que
envolve os terrenos vagos, terras especulativas, terras devolutas e terrenos
subaproveitados.
Este critério foi observado na agenda do empreendimento face à escolha de um lote
desocupado dentro da malha urbana consolidada da cidade e, desse modo, se fez uso da
infraestrutura existente e se evitou a sobrecarga de áreas ainda não estruturadas e o
espalhamento urbano.

4.1.2. Categoria 2 - Projeto e Conforto


Categoria que trata das ações de sustentabilidade relacionadas à adaptação da
edificação às condições climáticas, às características físicas e geográficas locais, bem como a
previsão de espaços na edificação destinados a usos e fins específicos. Totalizam 11
critérios, dos quais 09 integram a agenda do empreendimento (Tabela 4).
Tabela 4- Critérios de avaliação da categoria projeto e conforto
PROJETO E CONFORTO
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO ADOÇÃO NO ETAPA DO PROCESSO
(para obtenção PROJETO
do Selo Casa Azul)
Paisagismo Obrigatório Sim Projeto e
especificação técnica
Flexibilidade de projeto Livre escolha Sim Programação e
projeto
Relação com a vizinhança Livre escolha Sim Implantação
Solução alternativa de transporte Livre escolha Sim Programação e
projeto
Local para coteta seletiva Obrigatório Sim Programação e
projeto
Equipamentos de lazer, sociais e esportivos Obrigatório Não -
Desempenho térmico - vedações Obrigatório Sim Projeto e
especificação técnica
Desempenho térmico - orientação ao sol e ventos Obrigatório Sim Implantação e projeto
Iluminação natural Livre escolha Sim Projeto e
especificação técnica
Ventilação e iluminação natural dos banheiros Livre escolha Não -
Adequação às condições físicas do terreno Livre escolha Não -
Fonte: Elaborado pelo autor com base no manual de obtenção do Selo Casa Azul

Paisagismo
Critério que se propõe auxiliar no conforto térmico e visual do empreendimento,
mediante o controle da umidade, sombreamento vegetal e uso de elementos paisagísticos.
Desse modo, é imperativa a existência de cobertura vegetal e/ou demais elementos
paisagísticos que propiciem adequadas interferências às partes da edificação, onde se deseja
44

melhorar o desempenho térmico. A utilização do paisagismo também favorece a


sustentabilidade econômica do empreendimento e contribui para a diminuição do efeito ilha
de calor, uma vez que pode promover alterações positivas no microclima e contribuir para o
resgate e/ou manutenção da flora e da fauna urbana.
Na agenda do edifício, o paisagismo consta como ação sustentável e pode ser
observado atrelado ao reuso da água, na relação entre a massa verde e superfície
impermeável, na criação de um microclima na implantação, como elemento estético de
apelo visual principalmente nas fachadas e como elemento de sombreamento
complementar à forma do edifício.
Flexibilidade de projeto
Esse critério estabelece que o projeto deve contemplar a possibilidade de
modificações e ampliações futuras e que estas sejam de fácil implementação. Deve-se
considerar os diferentes perfis de usuários e as implicações das alterações nos sistemas
estrutural, elétrico e hidrossanitário do empreendimento.
Embora não seja um critério de atendimento obrigatório, essa ação pode ser
classificada como muito relevante, uma vez que aumenta a satisfação dos usuários e
aumenta a vida útil da edificação, promove economia de material e da energia necessária
para construção e diminui, sensivelmente, a quantidade de resíduos de construção e
demolição. Desta forma, uma única ação é responsável por incremento do caráter
sustentável da edificação nas esferas social, ambiental e econômica.
Relação com a vizinhança
Observar e mitigar influências negativas do empreendimento às condições
adequadas de insolação, luminosidade, ventilação e visual da vizinhança são ações a serem
seguidas neste critério para que o projeto de arquitetura e/ou implantação respeite as
condições atuais da vizinhança propiciando harmonia e tranquilidade entre os mesmos.
Esse critério consta na agenda do edifício e foi considerado para a seleção da área e
implantação da proposta, bem como foi obedecido através da previsão de equipamentos e
serviços que atendem não só aos usuários como também à demanda da região (praça,
restaurante, ambientes destinados a eventos e estacionamento com número de vagas
superdimensionado em relação às exigências do Código de Obras municipal).
45

Solução Alternativa de Transporte


Critério que promove o uso de transportes menos poluentes que visam reduzir o
impacto produzido pelo uso de veículos automotores: previsão de bicicletário, ciclovia e
transporte coletivo privado (este último por se tratar de empreendimento de grande porte).
Recomenda-se que o bicicletário esteja próximo à entrada da edificação, seguro e protegido
das intempéries e dimensionado para atender a demanda.
A proposta seguiu esse critério na implantação de bicicletário, associado à existência
de vestiários. Estes são necessários, numa edificação de uso comercial, pois são ambientes
que propiciam a higiene pessoal e a troca de roupa.
Local para Coleta seletiva
Existência de local adequado no projeto do empreendimento, para a coleta, seleção e
armazenamento de material reciclável. Este critério procura reduzir a quantidade de lixo
produzido e, por consequência, o seu depósito em aterros sanitários (segundo o Manual Selo
Casa Azul, 35% dos resíduos sólidos urbanos coletados podem ser reciclados). Deve estar
associado à campanha de conscientização dos usuários7.
Trata-se de critério com medidas simples, de fácil aplicação e eficazes, uma vez que o
percentual de resíduos recicláveis provenientes dos descartes em edificações corporativas é
bem superior aos de resíduos orgânicos.
Equipamentos de lazer, sociais e esportivos
Esse critério busca incentivar as práticas saudáveis de convivência e entretenimento
dos usuários, a partir da implantação de equipamentos de lazer, sociais e esportivos nos
empreendimentos.
Por se tratar de uso corporativo e de uma única edificação, e não de um conjunto
edificado, não integrou a agenda, pois o número de usuários da edificação não gera
demanda que viabilize estes equipamentos. Entretanto, foram incorporados à proposta,
espaços que propiciam o encontro e o descanso dos usuários, tais como, módulos
conectores quando funcionam como espaço de contemplação, restaurante, mirante e praça.

7
Embora Manual Selo Casa Azul permita que a separação seja feita de acordo com o sistema adotado pelo município em que o
empreendimento está localizado, utilizou-se o sistema definido pela resolução CONAMA (resolução no. 275), uma vez que a normatização
federal sobrepõe-se à municipal.
46

Desempenho térmico - vedações


O critério, ora exposto, propicia condições adequadas de conforto térmico aos
usuários mediante a observância das diretrizes para projeto correspondente à zona
bioclimática do local do empreendimento, controlando-se a ventilação e radiação solar que
ingressa pelas aberturas ou que é absorvida pelas vedações externas da edificação.
A eficiência energética das edificações depende, em grande parte, das soluções
construtivas e materiais utilizados na sua envoltória. Projetos arquitetônicos com
desempenho térmico adequado às necessidades climáticas do local de implantação, tendem
a um menor consumo de energia pela minimização ou anulação do uso de sistemas de
climatização artificial, além de proporcionar maior conforto ao usuário da edificação.
Procurou-se atender esse critério com decisões projetuais que incorporam soluções
passivas de economia de energia no desenho da edificação, em seu entendimento mais
amplo, que compreende sua orientação, forma e organização interna. Também foi aplicado
quando das especificações técnicas. Tudo sempre tendo como referência a norma NBR
15220, parte 3 (ABNT, 2005), que fornece parâmetros para a correta especificação de
paredes e coberturas, de acordo com cada zona bioclimática.
Desempenho térmico - Orientação ao sol e ventos
O critério que objetiva proporcionar condições adequadas de conforto térmico aos
usuários mediante a observância das diretrizes para projeto correspondente à zona
bioclimática do local do empreendimento, considerando a implantação da edificação em
relação à orientação solar, aos ventos dominantes e à interferência de elementos físicos do
entorno, construídos ou naturais.
Para atender esse critério, foram utilizadas estratégias projetuais passivas que se
consubstanciaram na implantação, na localização das aberturas e demais componentes, as
quais, além do conforto aos usuários, diminuem gastos com o resfriamento da edificação.
Tudo sempre tendo como referência a norma NBR 15220, parte 3 (ABNT, 2005), que fornece
parâmetros para a correta especificação de paredes e coberturas, de acordo com cada zona
bioclimática.
Iluminação Natural
Existência de abertura voltada para o exterior, que permita iluminação satisfatória do
ambiente é o critério que tem por finalidade melhorar a salubridade do ambiente,
47

contribuindo para a sensação de bem-estar do usuário, além de reduzir o consumo de


energia elétrica mediante a iluminação natural. Quando bem utilizada, a iluminação natural
fornece uma luz mais homogenia, com índice ideal de reprodução de cores e com
temperatura de cor adequada ao ciclo biológico dos usuários.
Na agenda da edificação, este critério consta como importante indicador de soluções
projetuais que procuram a independência face à iluminação artificial no período diurno.
Para tanto, foram considerados os seguintes fatores: o posicionamento, tamanho e tipo das
aberturas; a localização dos ambientes; o tipo de esquadria e o material utilizado; a
interferência das edificações vizinhas, os acabamentos e as cores das superfícies internas.
Procurou-se dotar a edificação de um perímetro amplo que criasse mais possibilidades de
entrada de luz. Foram também considerados obstáculos e construções vizinhas que
pudessem bloquear a entrada de luz natural nos ambientes. A iluminação natural foi
combinada com parâmetros de sombreamento, para manter um equilíbrio entre a luz
natural e o calor admitido. Por fim, guarde-se as ressalvas no tocante às escadas que
observaram as diretrizes da legislação de prevenção e combate a incêndio.
Ventilação e iluminação natural de banheiros
Esse critério tem como objetivo melhorar a salubridade do ambiente e reduzir o
consumo de energia elétrica. A adoção deste critério tem relevância para edificações de uso
residencial, uma vez que para este uso, o banheiro é utilizado por períodos mais longos e
com maior frequência do que nos locais de trabalho. Portanto, este critério não foi
incorporado à agenda sustentável da edificação.
Adequação às condições físicas do terreno
O impacto causado pela implantação do empreendimento na topografia e em relação
aos elementos naturais do terreno pode ser minimizado se observado este critério através
da verificação do grau da movimentação de terra utilizado. A adequação do projeto ao
terreno existente minimiza a remoção ou o fornecimento de terra para a implantação do
conjunto edificado, o que traz maior segurança em relação à estabilidade do terreno e
garante uma otimização dos custos.
Pela necessidade de abrigar um grande número de vagas no estacionamento exigido
pelo Código de Obras municipal teve-se que tomar a decisão entre fazer um grande volume
edificado na superfície do terreno (o que criaria uma ilha de calor, sombras de vento no
48

entorno da edificação e um efeito estético não desejado) e sua locação no subsolo. Adotou-
se esta última solução principalmente para poder atender o princípio da conectividade no
que diz respeito à relação da edificação com a fração urbana. Portanto, este critério não
constou na agenda.

4.1.3. Categoria 3 - Eficiência Energética


A presente categoria elenca medidas que devem ser adotadas no empreendimento
que permitem a redução do consumo e a otimização da quantidade de energia elétrica
gasta, através da utilização de equipamentos mais eficientes, do uso de fontes alternativas
de energia, de dispositivos economizadores e de medições individualizadas. São 08 critérios,
dos quais foram utilizados 04 na agenda da edificação (Tabela 5).
Tabela 5- Critérios de avaliação da categoria eficiência energética
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO ADOÇÃO NO ETAPA DA PROPOSTA
(para obtenção PROJETO
do Selo Casa Azul)
Lâmpadas de baixo consumo Obrigatório Sim Especificação Técnica
Dispositivos Economizadores Livre escolha Sim Especificação Técnica
Sistema de aquecimento solar Livre escolha Não -
Sistema de aquecimento a gás Livre escolha Não -
Medição individualizada -gás Obrigatório Não -
Elevadores eficientes Livre escolha Sim Projeto e
especificação técnica
Equipamentos eficientes Livre escolha Sim Projeto e
especificação técnica
Fontes alternativas de energia Livre escolha Não -

Fonte: Elaborado pelo autor com base no manual de obtenção do Selo Casa Azul

Lâmpadas de baixo consumo


Esse critério estabelece a previsão, para todo o empreendimento, de lâmpadas de
baixo consumo e potência adequada no sistema de iluminação da edificação e tem como
finalidade reduzir o consumo de energia elétrica, principalmente nos ambientes de uso
prolongado. Sua obrigatoriedade para obtenção do Selo Casa Azul se refere apenas aos
projetos de habitação de interesse social, uma vez que nestes empreendimentos, a
edificação deverá ser entregue com as lâmpadas necessárias à iluminação de todos os
ambientes, incluindo aqueles das unidades privativas.
Como há uma diferença entre o uso a que se dirige o Selo Casa Azul (residencial) e o
da edificação proposta (comercial), para poder integrar sua agenda, este critério foi
adaptado para se limitar a especificação de lâmpadas eficientes.
49

Dispositivos Economizadores
Também contribui para a redução do consumo de energia elétrica, a utilização de
dispositivos economizadores (sensores de presença e minuterias) e/ou lâmpadas eficientes
nas áreas comuns, que, em geral, são aquelas de curta permanência. O presente critério foi
adotado na agenda da edificação e se encontra aplicado nas especificações técnicas da
proposta..
Sistema de aquecimento solar
Critério que tem o objetivo de reduzir o consumo de energia elétrica ou de gás para o
aquecimento de água, a partir da adoção de um sistema de aquecimento solar de água. Nas
edificações residenciais, a observância deste critério é bastante justificável em virtude do
alto gasto de energia elétrica para aquecimento de água destinada ao banho. Entretanto,
como a edificação proposta neste trabalho é de uso comercial, esse critério não foi
incorporado à sua agenda sustentável do edifício corporativo.
Sistema de aquecimento a gás
Esse critério tem o objetivo de reduzir o consumo de gás, a partir da especificação de
aquecedores de água de passagem à gás, com selo Ence/Conpet ou classificados na
categoria “A” do Conpet/Inmetro. Pela mesma justificativa utilizada no item anterior, essa
medida não foi incorporada à agenda sustentável da edificação.
Medição individualizada - gás
O objetivo desse critério é permitir aos usuários o gerenciamento e, por
consequência, a redução do consumo de gás. Assim como os dois itens anteriores, este
critério se mostra eficiente para o uso residencial, porém, não há justificativa para a sua
adoção no projeto proposto uma vez que se trata de edificação de uso comercial.
Elevadores eficientes
O critério que estabelece a existência de sistema com controle inteligente de tráfego
ou outro sistema de melhor eficiência, tem como finalidade reduzir o consumo de energia
elétrica com a operação e manutenção dos elevadores.
No projeto, procurou-se observar este critério na especificação de um elevador cujo
sistema também constasse de controle tráfego (conexão com as catracas e autorização
prévia de deslocamento).
50

Equipamentos eficientes
Esse critério prevê que a edificação possua equipamentos que sejam eficientes
quanto ao consumo de energia. Esse critério traduzido em ação sustentável na agenda
sustentável da edificação foi utilizado quando da especificação e previsão de espaços
adequados para equipamentos de maior impacto no consumo energético final da edificação
(ar condicionado, elevadores, sistema de iluminação das áreas comuns e geradores para co-
geração de energia nos horários de pico).
Fontes alternativas de energia
Como a utilização de fontes alternativas de geração de energia, como painéis
fotovoltaicos e gerador eólico, não possuem eficiência comprovada para sua aplicação em
pequena escala no nordeste brasileiro, esse critério não foi considerado para a agenda
sustentável da edificação.

4.1.4. Categoria 4 - Conservação de Recursos Materiais


A presente categoria se relaciona com ações voltadas a minimizar a extração de
recursos naturais e em reduzir a geração de resíduos sólidos e o desperdício de recursos. Os
seus critérios são baseados na escolha dos materiais a serem empregados na edificação e na
redução e descarte consciente de resíduos. Como o projeto de arquitetura contempla o
detalhamento e especificação de materiais, os critérios desta categoria têm forte relação
com o caráter sustentável da edificação projetada.
Práticas de construção sustentável devem ter como objetivo, reduzir o consumo de
materiais na construção civil e minimizar o impacto destes materiais no meio ambiente. Para
tanto, deve-se selecionar os métodos construtivos que garantam o desempenho adequado,
com a utilização de menor quantidade de materiais e energia, reduzir perdas e reposição de
produtos de baixa qualidade.
Na Tabela 6 estão compilados os 10 critérios de avaliação desta categoria dos quais
03 integram a agenda sustentável da edificação.
51

Tabela 6- Critérios de avaliação da categoria conservação de recursos materiais


CONSERVAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO ADOÇÃO NO ETAPA DA PROPOSTA
(para obtenção PROJETO
do Selo Casa Azul)
Coordenação modular Livre escolha Não -
Qualidade de materiais e componentes Obrigatório Sim Projeto e
especificação técnica
Componentes industrializados ou pré-fabricados Livre escolha Sim Projeto e
especificação técnica
Formas e escoras reutilizáveis Obrigatório Não -
Gestão de resíduos de construção e demolição (RCD) Obrigatório Não -
Concreto com dosagem otimizada Livre escolha Não -
Cimento de alto forno (CP III) e pozolânico (CP IV) Livre escolha Não -
Pavimentação com RCD Livre escolha Não -

Facilidade de manutenção das fachadas Livre escolha Sim Projeto e


especificação técnica
Madeira plantada ou certificada Livre escolha Não -
Fonte: Elaborado pelo autor com base no manual de obtenção do Selo Casa Azul

Coordenação modular
O objetivo desse critério é reduzir as perdas de materiais pela necessidade de cortes,
ajustes de componente e uso de material de enchimento. Como consequência do
atendimento deste critério tem-se o aumento da produtividade da obra bem como a
redução do volume de resíduo de construção e demolição.
A coordenação modular é uma ferramenta de organização espacial da construção.
Para cada componente modular é alocado um espaço e uma localização e nenhum
componente pode ocupar espaço maior que o número de módulos que lhe foi destinado.
Portanto, embutido no conceito de coordenação modular está o de montagem sem cortes,
viabilizado pela presença da junta modular entre dois componentes adjacentes.
A adoção desse critério como ação de sustentabilidade tem forte influência na
diminuição do impacto ambiental e econômico da edificação, porém a coordenação modular
é uma peça integrante do projeto executivo da edificação, e neste trabalho é apresentado o
anteprojeto da edificação, portanto apesar da sua eficiência caráter sustentável da
edificação aqui proposta, por se tratar de etapa posterior a que está sendo realizada, esse
critério não foi adotado na agenda sustentável da edificação.
Qualidade de materiais e componentes
Critério que exige a comprovação da utilização de produtos fabricados por empresas
classificadas como qualificadas pelo Ministério das Cidades através do Programa Brasileiro
de Qualidade e Produtividade no Hábitat (PBQP-H) com a finalidade de evitar o uso de
52

produtos de baixa qualidade, e assim, melhorar o desempenho e reduzir o desperdício de


recursos naturais e financeiros.
A qualidade do edifício depende da qualidade de uma cadeia de ações, que se inicia
na concepção do projeto, na seleção dos materiais e fornecedores, passando pela atividade
de construção e finalizando na educação dos usuários e operadores.
Na agenda da edificação, este critério foi observado na especificação de materiais e
componentes de desempenho adequado. Embora o Manual Selo Casa Azul mencione a
importância da avaliação do ciclo de vida dos materiais adotados, esta não é incorporada à
qualidade de materiais e componentes e nem a nenhum outro critério. A mencionada
avaliação é baseada na quantificação de todos os fluxos de matéria e energia estabelecidos
por cada produto ao longo do seu ciclo de vida. Trata-se de uma informação relevante para
o projetista na hora de definir sistemas e métodos construtivos e da especificação de
materiais, portanto foi considerada na elaboração do projeto e nas especificações técnicas.
Componentes industrializados ou pré-fabricados
O presente critério promove a adoção de sistemas construtivos de componentes
industrializados, produzidos de acordo com as normas ou com a aprovação técnica no
âmbito do SINAT (Sistema Nacional de Aprovação Técnica), do Ministério das Cidades, com o
objetivo de reduzir as perdas de materiais e a geração de resíduos. Além disso, eleva a
produtividade, reduz as incertezas de projeto e o prazo da obra.
Desse modo, este critério, constante na agenda da edificação, foi obedecido pela
utilização de estrutura metálica pré-fabricada nos elementos conectores entre os
pavimentos, alvenaria interna em sistema de dray-wall, alvenaria externa em blocos pré-
fabricados de concreto e pelo sistema de revestimento externo das fachadas.
Formas e escoras reutilizáveis
Esse critério tem o objetivo de reduzir o emprego de madeira em aplicações de baixa
durabilidade e incentivar o uso de materiais reutilizáveis, reduzindo assim o desperdício na
obra. Embora essa ação de sustentabilidade tenha efetivo rebatimento no caráter
sustentável da tipologia edilícia apresentada, ela não foi incorporada à agenda sustentável
da edificação, uma vez que esta tem a sua aplicação na etapa da execução do
empreendimento e esse trabalho restringe-se à etapa de projeto do mesmo.
53

Gestão de resíduos de construção (RCD)


Reduzir a quantidade de resíduos de construção civil e demolição tem impacto
positivo no meio ambiente urbano, nas finanças do empreendimento e do poder público.
Porém essa ação está relacionada à etapa de execução do empreendimento e este trabalho
limita-se ao projeto do mesmo, portanto essa ação não foi incorporada à agenda sustentável
da edificação.
Concreto com dosagem otimizada
Este critério tem o objetivo de otimizar o uso de cimento na produção de concretos
estruturais. Esta ação influi no projeto estrutural, que não é objeto deste trabalho e
portanto esse critério não foi incorporado à agenda.
Cimento de Alto-forno (CPIII) e Pozolânico (CP IV)
O presente critério tem o objetivo de reduzir as emissões de CO2 associadas à
produção do clínquer de cimento Portland e redução de recursos naturais não renováveis
através da sua substituição por resíduos (escórias e cinzas volantes) ou materiais abundantes
(pozolana produzida com argila calcinada). Como essa ação está associada à etapa de
projeto de estruturas, que não é objeto deste trabalho, ela não foi incorporada à agenda.
Pavimentação com resíduos de construção e demolição utilizados como agregados
reciclados
Esse critério tem a intenção de reduzir a pressão sobre os recursos naturais não
renováveis por meio de uso de materiais reciclados. A adoção deste critério na agenda
sustentável da edificação tem justificativa para projetos que tenham grande demanda de
pavimentação, e, para aqueles com pouca demanda de pavimentação como ora proposto,
acredita-se que essa ação de sustentabilidade foi atendida com a incorporação do critério
qualidade de materiais e componentes.
Facilidade de manutenção das fachadas
A especificação de um sistema de revestimento de fachada com vida útil elevada
reduz as atividades de manutenção das fachadas e, em consequência, ocorre redução nos
custos de manutenção, de resíduos e economia de recursos naturais. Portanto, esse critério
de avaliação do "Manual Selo Casa Azul" traduzido em ação sustentável consta na agenda
sustentável da edificação e foi atendido nas especificações técnicas.
54

Madeira plantada ou certificada


A adoção desse critério na agenda sustentável da edificação tem justificativa para
projetos que tenham grande demanda do uso de madeiras, para o projeto aqui apresentado,
essa ação de sustentabilidade foi atendida com a incorporação do critério qualidade de
materiais e componentes.

4.1.5. Categoria 5 - Gestão da Água


Os critérios dessa categoria têm a intenção de avaliar medidas que promovam a
redução no consumo de água potável e a gestão das águas pluviais. Embora nessa categoria
não tenha nenhuma ação que tenha por objetivo a gestão dos efluentes sanitários, o selo
justifica que a diminuição do volume de água utilizado gera um impacto positivo na redução
do volume de esgoto. São 07 critérios dos quais 03 compõem a agenda sustentável do
edifício corporativo (Tabela 7).
Tabela 7- Critérios de avaliação da categoria gestão da água
GESTÃO DA ÁGUA
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO ADOÇÃO NO ETAPA DA PROPOSTA
(para obtenção PROJETO
do Selo Casa Azul)
Medição individualizada Obrigatório Não -
Dispositivos economizadores - sistemas de descargas Obrigatório Sim Projeto e
especificação técnica
Dispositivos economizadores - arejadores Livre escolha Sim Projeto e
especificação técnica
Dispositivos economizadores - registros regulador de Livre escolha Não -
vazão
Aproveitamento de águas pluviais Livre escolha Sim Projeto e
especificação técnica
Retenção de águas pluviais Livre escolha Não -
Infiltração de águas pluviais Livre escolha Não -
Fonte: Elaborado pelo autor com base no manual de obtenção do Selo Casa Azul

Medição individualizada água


Possibilitar aos usuários o gerenciamento do consumo de água com a intenção de
incentivar a redução do consumo. A adoção de medição individualizada de água tem
impacto no caráter sustentável da edificação, porém é uma ação implementada pelo projeto
hidráulico da edificação que não é objeto deste trabalho e, portanto, esse critério não foi
Dispositivos economizadores - Sistema de descarga
Esse critério estabelece a existência, em todos os banheiros e lavabos, de bacia
sanitária dotada de sistema de descarga com volume nominal inferior ou igual a seis litros e
com duplo acionamento com a finalidade de reduzir o consumo de água. Esta medida
55

também contribui para a redução do volume de esgoto, preservando a qualidade das águas
da superfície o que também implica em redução de custos financeiros com o tratamento dos
efluentes.
Trata-se de medida simples e eficaz para diminuir o impacto ambiental da edificação
além de promover a economia de recursos financeiros, portanto esse critério foi
incorporado na agenda sustentável da edificação e atendido nas especificações técnicas.
Dispositivos economizadores - Arejadores
Esse critério estabelece a existência de torneiras com arejadores ou outros
dispositivos economizadores a fim de proporcionar a redução do consumo de água e maior
conforto aos usuários, propiciado pela melhor dispersão do jato em torneiras. Observa-se
ainda a diminuição do volume de esgoto gerado pelo empreendimento e redução dos custos
financeiros.
Trata-se de medida simples e eficaz para diminuir o impacto ambiental da edificação
além de promover a economia de recursos financeiros, portanto esse critério foi
incorporado na agenda sustentável da edificação e atendido nas especificações técnicas.
Dispositivos economizadores - Registro regulador de vazão
O uso de registros reguladores de vazão, proporcionam a redução do consumo de
água, principalmente nos pontos em que a rede de abastecimento apresenta alta pressão. A
especificação desses registros tem impacto no caráter sustentável da edificação, porém é
uma ação implementada pelo projeto hidráulico da edificação que não é objeto deste
trabalho, e portanto esse critério não foi incorporado à agenda sustentável da edificação.
Reaproveitamento de água pluvial
Esse critério tem como objetivo reduzir o consumo de água potável para
determinados usos tais como, em bacia sanitária, irrigação de áreas verdes, lavagem de
pisos e espelhos d'agua, através da adoção de sistemas de aproveitamento de águas pluviais,
independente do sistema de abastecimento de água potável, para coleta, armazenamento,
tratamento e distribuição de água não potável.
O aproveitamento de águas pluviais além de promover a redução de vazão de
descarga para o sistema de drenagem urbana, promove a redução do consumo de água
potável, portanto a agenda sustentável da edificação traz esse critério que foi atendido no
projeto quando da previsão de espaços para sua implementação.
56

Retenção de águas pluviais


A retenção das águas pluviais tem o objetivo de permitir o escoamento das águas de
modo controlado, através da retenção das águas em reservatório nos períodos de chuva,
para que estas sejam liberadas para infiltração no solo ou para rede pública quando houver
menor demanda.
A adoção deste critério como ação de sustentabilidade, visa prevenir o risco de
inundações e desonerar as redes públicas de drenagem. Uma vez que a implementação de
sistema de reuso das águas pluviais já faz essa retenção, não há necessidade de
implementação desse sistema na edificação.
Infiltração de águas pluviais
Esse critério tem o objetivo de avaliar soluções projetuais que permitam o
escoamento de águas pluviais de modo controlado ou favorecer a sua infiltração no solo
com a intenção de prevenir os riscos de inundações, amenizar a solicitação das redes
públicas de drenagem e propiciar a recarga do lençol freático.
Uma vez que a edificação irá reaproveitar as águas pluviais através de um sistema de
coleta e abastecimento, a infiltração destas águas não se faz necessário. Desta forma esse
critério não foi incorporado à agenda sustentável da edificação.

4.1.6. Categoria 6 - Práticas Sociais


A categoria práticas sociais busca identificar ações que promovam a sustentabilidade
do empreendimento por meio da abrangência dos diversos agentes envolvidos na
elaboração do projeto, construção e ocupação da edificação. Essas ações devem buscar a
ampliação da consciência ambiental, além de contribuir para a redução da desigualdade
social.
Segundo o Manual Selo Casa Azul, essa categoria tem o objetivo de incentivar que as
construtoras e incorporadoras deixem de ser apenas fornecedores de bens e serviços e
passem a ser um agente de transformação social.
São 11 critérios de avaliação (Tabela 8) que a compõe dos quais 09 têm
implementação nas etapas de execução e ocupação da edificação (educação para a gestão
de RCD, educação ambiental dos empregados, desenvolvimento pessoal dos empregados,
capacitação profissional dos empregados, inclusão de trabalhadores locais, educação
57

ambiental dos moradores, capacitação para a gestão do empreendimento, ações para


mitigação dos riscos sociais, ações para geração de emprego e renda). Como o trabalho aqui
exposto limita-se à etapa de projeto, esses critérios não serão incorporados à agenda
sustentável da edificação.
Os outros dois critérios - participação da comunidade na elaboração do projeto e
orientação aos moradores - também não serão incorporados.
A participação da comunidade na elaboração do projeto fica inviabilizada, pois não há
a definição exata de quem irá ocupar a edificação. Para a elaboração do projeto é traçado o
perfil dos usuários com suas necessidades e demandas se pretendem atender.
A orientação aos moradores é uma ferramenta importante para o caráter sustentável
da edificação, uma vez que orienta o uso e manutenção adequados dos elementos e
sistemas projetados. Porém, uma cartilha ou manual de orientação só podem ser elaborados
de forma precisa a partir de informações técnicas existentes no projeto executivo da
edificação. Como este trabalho limita-se ao anteprojeto arquitetônico da proposta, há desta
forma, impossibilidade de implementação desta ação.
Tabela 8- Critérios de avaliação da categoria práticas sociais
PRÁTICAS SOCIAIS
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO ADOÇÃO NO ETAPA DA PROPOSTA
(para obtenção PROJETO
do Selo Casa Azul)
Educação para a gestão de RCD Obrigatório Não -
Educação ambiental dos empregados Obrigatório Não -
Desenvolvimento pessoal dos empregados Livre escolha Não -
Capacitação profissional dos empregados Livre escolha Não -
Inclusão de trabalhadores locais Livre escolha Não -
Participação da comunidade na elaboração do projeto Livre escolha Não -
Orientação aos moradores Obrigatório Não -
Educação ambiental dos moradores Livre escolha Não -

Capacitação para a gestão do empreendimento Livre escolha Não -


Ações para mitigação dos riscos sociais Livre escolha Não -
Ações para geração de emprego e renda Livre escolha Não -
Fonte: Elaborado pelo autor com base no manual de obtenção do Selo Casa Azul

Educação para gestão de RCD


Realizar com os empregados envolvidos na construção, atividades educativas e de
mobilização para a execução das diretrizes do Plano de Gestão de resíduos de construção e
demolição.
58

Educação ambiental dos empregados


Prestar informações e orientar os trabalhadores sobre a utilização dos itens de
sustentabilidade do empreendimento.
Desenvolvimento pessoal dos empregados
Promover educação aos trabalhadores, visando à melhoria das suas condições de
vida e inserção social.
Capacitação profissional dos empregados
Prover os trabalhadores de capacitação profissional, com o objetivo de melhorar seu
desempenho e das suas condições socioeconômicas.
Inclusão de trabalhadores locais
Promover a ampliação da capacidade econômica dos moradores da área de
intervenção e entorno.
Participação da comunidade na elaboração do projeto
Promover a participação e o envolvimento da população alvo da implementação do
empreendimento e na consolidação deste como sustentável, desde a sua concepção, como
forma de estimular a permanência dos usuários no imóvel.
Orientação aos usuários
Prestar informações e orientar os moradores quanto ao uso e manutenção adequada
do imóvel considerando os aspectos de sustentabilidade previstos no projeto.
Educação ambiental dos usuários
Prestar informações e orientar os moradores sobre as questões ambientais e os
demais eixos que compõe a sustentabilidade.
Capacitação para a gestão do empreendimento
Fomentar a organização dos usuários e capacitá-los para a gestão do
empreendimento.
Ação para mitigação dos riscos sociais
Propiciar a inclusão social de população em situação de vulnerabilidade social, bem
como desenvolver ações socioeducativas para os demais moradores da área do entorno com
vistas a reduzir o impacto do empreendimento e favorecer a resolução de possíveis conflitos
gerados pela construção e inserção de novos usuários na comunidade já instalada.
59

Ações para geração de emprego e renda


Promover o desenvolvimento socioeconômico dos moradores através de um plano
de geração de trabalho e renda que contemple atividades de profissionalização para a
inserção no mercado de trabalho.

4.2. Agenda sustentável do edifício coorporativo


Após análise de todos os critérios de sustentabilidade, foi elaborada a Tabela 9 com a
relação de todos os critérios de avaliação existentes no "Manual Selo Casa Azul", a indicação
de sua adoção ou não como ação de sustentabilidade e em caso positivo, em que etapa do
processo projetual a implementação desta ação teve rebatimento.

Tabela 9- Quadro resumo da adoção dos critérios na agenda sustentável da edificação proposta
QUADRO RESUMO DA ADOÇÃO DOS CRITÉRIOS NA AGENDA SUSTENTÁVEL DA EDIFICAÇÃO PROPOSTA
ADOÇÃO ETAPA DA PROPOSTA
NO
PROJETO
CATEGORIA 01

1-Qualidade do entorno - infraestrutura Sim Escolha e análise do terreno


Qualidade

2-Qualidade do entorno - impactos Sim Escolha e análise do terreno


Urbana

3-Melhoria no entorno Não -


4-Recuperação de áreas degradadas Não -
5-Reabilitação de imóvel Sim Escolha e análise do terreno
6-Paisagismo Sim Projeto e especificação técnica
7-Flexibilidade de projeto Sim Projeto e especificação técnica
8-Relação com a vizinhança Sim Projeto e especificação técnica
Projeto e Conforto
CATEGORIA 02

9-Solução Alternativa de Transporte Sim Projeto e especificação técnica


10-Local para Coleta seletiva Sim Projeto e especificação técnica
11-Equipamentos de lazer, sociais e esportivos Não -
12-Desempenho térmico - vedações Sim Projeto e especificação técnica
13-Desempenho térmico - Orientação ao sol e ventos Sim Projeto e especificação técnica
14-Iluminação Natural Sim Projeto e especificação técnica
15-Ventilação e iluminação natural de banheiros Não
16-Adequação às condições físicas do terreno Naõ -
17-Lâmpadas de baixo consumo Sim Especificação técnica
Eficiência Energética

18-Dispositivos Economizadores Sim Especificação técnica


CATEGORIA 03

19-Sistema de aquecimento solar Não -


20-Sistema de aquecimento a gás Não -
21-Medição individualizada - gás Não -
22-Elevadores eficientes Sim Projeto e especificação técnica
23-Equipamentos eficientes Sim Projeto e especificação técnica
24-Fontes alternativas de energia Não -
25-Coordenação modular Não -
Conservação de Recursos

26-Qualidade de materiais e componentes Sim Projeto e especificação técnica


27-Competentes industrializados ou pré-fabricados Sim Projeto e especificação técnica
CATEGORIA 04

28-Formas e escoras reutilizáveis Não -


Materiais

29-Gestão de resíduos de construção Não -


30-Concreto com dosagem otimizada Não -
31-Cimento de Alto-forno e Pozolânico Não -
32-Pavimentação com RCD Não -
33-Facilidade de manutenção das fachadas Sim Projeto e especificação técnica
34-Madeira plantada ou certificada Não -
60

35-Medição individualizada água Não -


Gestão da Água 36-Dispositivos economizadores - Sistema de descarga Sim Projeto e especificação técnica
CATEGORIA 05

37-Dispositivos economizadores - Arejadores Sim Projeto e especificação técnica


38-Dispositivos economizadores - Registro regulador Não -
39-Reaproveitamento de água pluvial Sim Projeto e especificação técnica
40-Retenção de águas pluviais Não -
41-Infiltração de águas pluviais Não -
42- Áreas Permeáveis Não -
43-Educação para gestão de RCD Não -
44-Educação ambiental dos empregados Não -
45- Desenvolvimento Pessoal dos Empregados Não -
Práticas Sociais
CATEGORIA 06

46- Capacitação Profissional dos empregados Não -


47-Inclusão de trabalhadores locais Não -
48-Participação da comunidade no projeto Não -
49-Orientação aos usuários Não -
50-Educação ambiental dos usuários Não -
51-Capacitação para a gestão do empreendimento Não -
52-Ação para mitigação dos riscos sociais Não -
53-Ações para geração de emprego e renda Não -
Fonte: Elaborado pelo autor com base no manual de obtenção do Selo Casa Azul
A seguir é exposta na Tabela 10 a agenda sustentável da edificação, nela são
elencadas as 21 ações que têm forte relação com o caráter sustentável do projeto de
arquitetura da edificação corporativa proposta. Esses critérios, traduzidos em ações
sustentáveis, têm rebatimento direto na concepção projetual do arquiteto, nas diversas
fases de elaboração da proposta como: montagem do programa; implantação da edificação
ou especificação técnica.
Tabela 10- Agenda sustentável da edificação

AGENDA SUSTENTÁVEL
1-Qualidade do entorno - infraestrutura
2-Qualidade do entorno - impactos
3-Reabilitação de imóvel
4-Paisagismo
5-Flexibilidade de projeto
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE

6-Relação com a vizinhança


7-Solução Alternativa de Transporte
8-Local para Coleta seletiva
9-Desempenho térmico - vedações
10-Desempenho térmico - Orientação ao sol e ventos
11-Iluminação Natural
12-Lâmpadas de baixo consumo
13-Dispositivos Economizadores
14-Elevadores eficientes
15-Equipamentos eficientes
16-Qualidade de materiais e componentes
17-Competentes industrializados ou pré-fabricados
18-Facilidade de manutenção das fachadas
19- Dispositivos economizadores - Sistema de descarga
20-Dispositivos economizadores - Arejadores
21-Reaproveitamento de água pluvial
Fonte: Produção própria (2014)
61

5. ESTUDOS DE REFERÊNCIA
Após a definição dos princípios e das ações de sustentabilidade incorporadas ao
projeto, foram realizados estudos empíricos em edificações preexistentes, também
chamados de estudos de referência. Esses estudos têm a intenção de identificar
características que possam ter influência na proposta arquitetônica desenvolvidas quanto
aos seguintes pontos: programa arquitetônico; funções e fluxos; soluções formais e
estéticas, definição de partido arquitetônico e materiais e sistemas construtivos, e ainda
observar, como a concepção arquitetônica dos projetos estudados absorveram as premissas
de sustentabilidade.
Os estudos de referência podem ser divididos em diretos e indiretos e funcionais e
formais. Os estudos ora apresentados serão os três estudos funcionais que mais tiveram
rebatimentos na proposta arquitetônica. Os dois primeiros são estudos indiretos e o terceiro
trata-se de um estudo direto. Frações dos outros estudos realizados serão apresentadas,
quando couber, durante explanação da evolução da proposta.
Ao final de cada estudo são apontadas quais as características do projeto analisado
foram assimilada no desenvolvimento da proposta. É também apresentada uma tabela na
qual são apontadas quais ações de sustentabilidade elencadas para a agenda sustentável
podem ser identificadas no projeto estudado na intenção de verificar como a edificação
estudada implementou estas ações.

5.1. Embaixada da França em Pequim


O projeto do escritório Sarea Alain Sarfati e Sechau & Bossuyt, a embaixada da França
em Pequim, teve sua obra concluída em setembro de 2011. O prédio que possui área de
construída de 19.500m2 está localizado na zona urbana da cidade de Pequim, no distrito de
Chaoyang, que apresenta clima continental com invernos frios e verões quentes sujeitos a
tempestades de areia.
O prédio foi projetado para abrigar a chancelaria, o consulado, a residência
diplomática e o apartamento do embaixador, tendo desta forma, áreas abertas ao público e
outras de acesso restrito.
62

O projeto integrou características da cultura e simbologia japonesa, pela adoção dos


conceitos do feng shui, à abordagem bioclimática, através da utilização de elementos da
natureza, o sol e o vento, como principais variáveis consideradas à sua concepção projetual.
As aberturas foram locadas de forma a receber o sol nos meses frios e serem
seletivas e sombreadas nos meses quentes através de brises fixos e móveis (Figura 5). Os
materiais de acabamento foram escolhidos pelo seu resultado estético e seu desempenho
térmico. A iluminação natural penetra nos ambientes através de aberturas e chaminés,
elementos coloridos ( Figura 5), ou dutos de iluminação.
O vento foi uma grande preocupação dos projetistas, pois a edificação deveria ser
permeável à ventilação natural de forma seletiva, evitando assim os ventos frios do inverno
e as tempestades de areia do verão, para tanto sistema de controle da ventilação foram
incorporados às aberturas.
Quanto ao zoneamento e implantação, a chancelaria (Sul), o consulado (Leste) e a
residência diplomática (Oeste) ocupam três lados do complexo, enquanto no quarto lado há
estufas de plantas (Norte), espaços de exposição e jardins de inverno. A área residencial e a
chancelaria estão acima das salas de recepção e de reuniões, respectivamente, todos os
setores do prédio voltam-se para o jardim central, que funciona como um pátio ( Figura 4).
Figura 4 Embaixada da França em Pequim. Planta baixa do térreo

Fonte: PAIVA (2012)


Para atender ad diretrizes bioclimáticas para a região as fachadas voltadas para as
vias públicas (Sul e Leste) são mais fechadas, e as para o interior do lote, mais permeáveis,
tornando a volumetria interna da edificação e o jardim, a paisagem mais destacada ao
ocupante, como pode ser observado na Figura 5. Os elementos mais singulares da
63

edificação, tanto pela sua forma quanto pelos materiais utilizados, foram intencionalmente
projetados nas faces interior da edificação. Entre esses, elementos o de maior destaque é a
pele de vidro serigrafado na cor dourada (Figura 6), que além da função estética
desempenha importante papel no desempenho bioclimático da edificação.
Figura 5 Embaixada da França em Pequim. Vista do jardim central e da fachada sul

Fonte: PAIVA (2012)

A fachada envolvida por uma pele de vidro laminado serigrafado de baixa


emissividade térmica, exerce o papel de conservar ou dissipar energia (Figura 6). Ela possui
um sistema de placas móveis, instaladas nas partes superior e inferior, ligadas a sensores
internos e externos que informam o ângulo de abertura mais adequado em função da
temperatura. Elas podem estar abertas no verão, fechadas no inverno ou semiabertas nas
estações amenas. No verão, a posição aberta ativa a circulação natural por efeito chaminé. O
ar quente sai pela parte superior, enquanto o ar fresco do jardim é absorvido pela porção
inferior. No inverno, o espaço entre as fachadas tem o efeito de um tampão térmico.
Figura 6 Embaixada da França em Pequim. Fachada de vidro serigrafado, brises horizontais voltados para o
exterior da edificação e vista do jardim central

Fonte: PAIVA (2012)

O projeto se destaca por ter abordagem bioclimática como um dos principais


orientadores durante toda a sua concepção, guiando as escolhas formais e abrindo espaço
para soluções técnicas criativas e inovadoras. Segundo Sarea Alain Sarfati e Sechau &
Bossuyt (2013, p.27) "Deixamos o sol e o vento serem nossos guias e indicativos para a
64

orientação do edifício desde o início da discussão do projeto". Elementos arquitetônicos que


tiveram desdobramentos da abordagem bioclimática podem ser elencados como referência
para o projeto desenvolvido, são eles: a utilização de elementos reguladores do
desempenho térmico da edificação como elementos estéticos, como a pele de vidro
serigrafado, os brises de sombreamento das aberturas e os dutos de iluminação e a
definição de materiais e elementos construtivos adequados às características bioclimáticas
do sítio em que o prédio está inserido. Das ações de sustentabilidade elencadas na agenda
sustentável da edificação pode se verificar o atendimento de seis quesitos no projeto
analisado (Tabela 11). Porém, por se tratar de um estudo indireto, não foi possível identificar
no material disponível, se as demais ações de sustentabilidade estão apresentes ou não na
edificação estudada.
Tabela 11- Ações de sustentabilidade da embaixada da França em Pequim
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE NA EMBAIXADA DA FRANÇA EM PEQUIM
Verificação no projeto Elementos Projetuais
Sim Não Não
identificado
1-Qualidade do entorno -
X
infraestrutura
2-Qualidade do entorno -
X
impactos
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE DA AGENDA SUSTENTÁVEL DA EDIFICAÇÃO

3-Reabilitação de imóvel X
4-Paisagismo X Presença do jardim central e das estufas
5-Flexibilidade de projeto X
6-Relação com a vizinhança X
7-Solução Alternativa de
X
Transporte
8-Local para Coleta seletiva X
9-Desempenho térmico - Definição das camadas e materiais de acordo
X
vedações com as diretrizes bioclimáticas para o local
10-Desempenho térmico - Posicionamento, definição dos materiais e
X
Orientação ao sol e ventos sombreamento seletivos das aberturas
11-Iluminação Natural X
12-Lâmpadas de baixo consumo X
13-Dispositivos Economizadores X
14-Elevadores eficientes X
15-Equipamentos eficientes X
16-Qualidade de materiais e
X
componentes
17-Competentes industrializados Utilização de estrutura em aço e elementos de
X
ou pré-fabricados vedação pré-fabricados
18-Facilidade de manutenção das
X
fachadas
19- Dispositivos economizadores -
X
Sistema de descarga
20-Dispositivos economizadores -
X
Arejadores
21-Reaproveitamento de água
X
pluvial
Fonte: Produção própria (2014)
65

5.2. Jatobá Green Building


Localizado na cidade de São Paulo o edifício vertical de uso corporativo teve a sua
obra concluída no ano de 2010. O projeto de autoria de Aflalo&Gasperini Arquitetos, está
implantando na zona bioclimática 3 e possui de clima subtropical com invernos brandos e
verão com temperatura moderadamente alta.
Segundo a NBR 15220-3 (ABNT, 2005) as diretrizes para construir na zona
bioclimática 03 são:
• Aberturas para ventilação média, possibilitando a penetração do sol no
inverno
• Paredes leves e refletoras e coberturas leves e isoladas
• Ventilação cruzada no verão e aquecimento solar e inércia térmica no inverno
Segundo os arquitetos autores do projeto, na definição do partido arquitetônico, a
visibilidade do edifício foi a premissa fundamental. Tal intenção resultou em um edifício de
oito andares com recuos de 7 e 5 metros das ruas lindeiras, os recuos abriram espaço para a
criação de uma praça na entrada da edificação (Figura 7).
Figura 7 Jatobá green building. Fachada e vista aérea da edificação

Fonte: ANTUNES (2010)

O Jatobá Green Building dá a impressão que é formado por 2 blocos separados, mas é
um único bloco formado por dois volumes em formatos diferentes, um curvo e outro
retangular, interligados pela circulação vertical, que se comunica com o exterior, recebendo
iluminação natural (Figura 8).
A edificação tem como programa básico, oito pavimentos tipos flexíveis de 1.600m2,
podendo ser dividido em até quatro escritórios (Figura 8), e dois escritórios de 300m2 no
66

térreo. O pavimento tipo possui ainda sanitários, copas, escadas e elevadores. O prédio
ainda possui: recepção para o público, recepção para expedição (motoboys), auditório com
espaço para cofee break (pav. terreo), café (Cobertura), 350 vagas de garagem, distribuídas
em quatro subsolos, com acesso distinto para condôminos e visitantes, 54 vagas de
bicicletas com vestiário integrado, heliponto e praças.
O corpo de circulação vertical que interliga os dois volumes da edificação que se abre
para o exterior por um pano de vidro que é protegido pela projeção do heliporto e por brises
que se projetam por 10 m e são apoiados por uma coluna metálica recuada (Figura 8).
Figura 8 Jatobá green building. Pavimento tipo

Fonte: ANTUNES (2010)

Nas faces leste e oeste, que recebem maior incidência solar, as aberturas foram
limitadas a 1,4m de altura. As superfícies opacas ganharam revestimento de vidro branco
leitoso com alto poder reflexivo, aplicados sobre a alvenaria e estrutura (Figura 9).
Na fachada Norte, que recebe insolação durante todo o dia em menor intensidade, as
aberturas tem o dobro da altura. As faichas de vidro incolor se alternam com a de vidro
marrom ( Figura 9) e as aberturas são protegidas por duplos brises horizontais dispostos 70
cm a partir do piso e 70 cm abaixo do forro. A faixa superior dos brises se projeta para
dentro da edificação e por possuir pintura na face superior na cor branca, funciona como
uma bandeja de luz.
67

Figura 9 Jatobá Green Building. Detalhes dos revestimentos e elementos de proteção

Fonte: ANTUNES (2010)

Segundo os autores, todo o desenvolvimento do projeto foi conduzido visando a


sustentabilidade, principalmente nas questões referentes e a eficiência energética e
economia de recursos naturais. Para tanto, foi incorporada à proposta, o controle da
incidência solar, mecanismos de reflexão da luz natural para os ambientes internos da
edificação, sistemas de ar condicionado setorizados e individualizados (Sistema VRV, volume
de refrigeração variável) e o reuso das águas pluviais. O prédio foi certificado pelo sistema
Leed, sendo enquadrado na categoria gold.
O projeto do edifício Jatobá Green Building foi destacado entre os estudos empíricos
realizados por ser da mesma tipologia da edificação projetada e por ter elementos que
objetivam a sustentabilidade da edificação. Desta forma, foram extraídas informações
relevantes quanto ao programa de necessidades, dimensionamento dos ambientes,
distribuição morfologia dos ambientes na edificação, soluções projetuais aplicadas aos
conceitos de sustentabilidade.
Como pontos de maior destaque pode se citar: a flexibilidade no layout dos
pavimentos, o uso de brises como elementos estéticos de destaque, incorporação de
tecnologias eficientes à edificação.
Na Tabela 12 estão resumidas as ações de sustentabilidade elencadas para compor a
agenda sustentável da edificação proposta que foram identificadas ou não no edifício Jatobá
Green Building. Como este é um estudo de referência indireto não foi possível identificar, no
material disponível, se algumas ações de sustentabilidade estão presentes ou não na
edificação estudada.
68

Tabela 12- Ações de sustentabilidade do Jatobá Green Building


AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE DO JATOBÁ GREEN BUILDING
Verificação no projeto Elementos Projetuais
Sim Não Não
identificado
1-Qualidade do entorno - -
X
infraestrutura
2-Qualidade do entorno - -
X
impactos
3-Reabilitação de imóvel X -
4-Paisagismo Presença da praça de entrada e de elementos
X
paisagísticos na cobertura
5-Flexibilidade de projeto Pavimentos tipo flexíveis que podem abrigar
X
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE DA AGENDA SUSTENTÁVEL DA EDIFICAÇÃO

uma ou quatro empresas


6-Relação com a vizinhança X -
7-Solução Alternativa de -
X
Transporte
8-Local para Coleta seletiva X -
9-Desempenho térmico - Embora tenha sido especificado vidros de
vedações baixa emissividade e opacos para as vedações,
X esse material não apresenta desempenho
térmico eficiente para as paredes que
recebem insolação direta.
10-Desempenho térmico - Aberturas em alturas diferentes de acordo
Orientação ao sol e ventos X com a orientação e elementos de
sombreamento
11-Iluminação Natural Uso de aberturas generosas e bandeja de luz
X
em algumas fachadas
12-Lâmpadas de baixo consumo X -
13-Dispositivos Economizadores X -
14-Elevadores eficientes X -
15-Equipamentos eficientes Sistema de condicionamento de ar com
X
equipamentos VRV
16-Qualidade de materiais e -
X
componentes
17-Competentes industrializados -
X
ou pré-fabricados
18-Facilidade de manutenção das O uso do vidro em todas as fachadas dificulta e
X
fachadas onera a manutenção desta
19-Dispositivos economizadores - -
X
Sistema de descarga
20-Dispositivos economizadores - -
X
Arejadores
21-Reaproveitamento de água Sistema de reuso das águas pluviais
X
pluvial

Fonte: Produção própria (2014)

5.3. Eldorado Bussiness Tower


Localizado na cidade de São Paulo, o edifício vertical de uso corporativo teve a sua
obra concluída no ano de 2007. Idealizado pela construtora e incorporadora Gafisa, o
projeto de autoria do escritório Aflalo&Gasperini Arquitetos está implantando em zona
bioclimática 3, de clima subtropical com invernos brandos e verão com temperatura
moderadamente alta.
69

Segundo a NBR 15220-3


3 as diretrizes para
para construir na zona bioclimática 03 são:
• Aberturas para ventilação média, possibilitando a penetração do sol no
inverno
• Paredes leves e refletoras e coberturas leves e isoladas
• Ventilação cruzada no verão e aquecimento solar e inércia térmica no inverno
A visita foi realizada ao prédio e ao andar corporativo ocupado pela construtora
Gafisa, na qual se pode observar tanto a estrutura comum da edificação quanto o layout
desenvolvido para empresa. Durante a visita teve-se
teve se acesso a todos os ambientes da
edificação
ficação com exceção do heliponto, pois as condições meteorológicas não permitia
visibilidade no local.
Durante a visita, foi explanado pelo gerente de operação da Gafisa, o Sr. Luis
Fernando Ciniello Bueno, o processo de concepção projetual e construção do
d prédio. Muitas
das informações contidas neste trabalho são provenientes deste discurso e do material
impresso fornecido na visita.
Localizado na marginal do rio Pinheiros,
Pinheiros dentro do complexo do Shopping Eldorado,
E o
prédio de 140 m de altura possui lajes
laj corporativas de 2.000 m² e 32 andares (Figura 10 e
Figura 11).
Figura 10 - Eldorado Bussines Tower - Vista aérea

Fonte:(http://www.arcoweb.com.br/)
Os conceitos que balizaram a proposta arquitetônica foram: ser conectável, flexível,
ecologicamente correto e ter baixo custo de utilização.
Segundo o diretor de operações da Gafisa,
Gafisa inicialmente tinha-se
se a intenção apenas
ape de
se construir um prédio ecologicamente correto, mas à medida que a proposta arquitetônica
70

foi evoluindo houve o interesse pela certificação ambiental Leed. O prédio foi o primeiro a
ter a certificação Leed no Brasil, recebeu a classificação Platinum, que na época só havia sido
concedida a apenas dois prédios comerciais no mundo.
Figura 11 - Eldorado Bussines Tower - Implantação

Fonte:(http://www.arcoweb.com.br/)
O Prédio pode ser dividido em três setores: torre corporativa, edifício garagem e
auditório que se conectam pela denominada praça elevada. Esta por sua vez liga o complexo
às vias públicas e ao shopping (Figura 12).
Figura 12 - Eldorado Bussines Tower- Praça elevada e ponte de conexão ao shopping

Fonte:(http://www.arcoweb.com.br/)

O volume corporativo se destaca pela grade formada pelas aberturas que são
demarcadas pelo revestimento de vidro com pintura cerâmica branca. A grade é
71

interrompida pelo que os arquitetos denominaram de sanduíche de vidros transparentes,


que ganham destaque na fachada.
O prédio tem sistema automatizado de controle de fluxo de usuários e visitantes com
catracas inteligentes integradas aos elevadores no qual só é permitido acesso aos andares
previamente autorizados. O mesmo ocorre para o auditório e para os estacionamentos
(Figura 13).
Figura 13 - Bussines Tower-
Tower Guichê de triagem de visitantes e hall dos elevadores

Fonte: Produção própria (2014)

Do ponto de vista técnico, o prédio revela outros aspectos interessantes. Por


exemplo, no sistema de ar condicionado inovador,, que dispensa centrais individuais
in nos
pavimentos-tipo
tipo (todo equipamento fica nos
no entreforros), aumentando a área útil dos
escritórios. A estrutura, que não tem vigas,, apenas capitéis em alguns pilares é travada
somente pelas lajes protendidas, que possuem 27 centímetros.
Os andares
res corporativos são flexíveis e podem ser ocupados por até três escritórios.
Os elevadores divididos em 03 blocos atendem a andares distintos. O primeiro
primeir bloco atende
os pavimentos 01 ao 15, o segundo dos pavimentos 16 ao 24, e o terceiro do 24 ao 31. À
medida
edida que os blocos dos elevadores não servem mais os pavimentos, a área antes
ocupadas por ele se tornam área útil para o pavimento (Figura 14, Figura 15).
72

Figura 14 - Bussines Tower- Pavimento Tipo 4º ao 10º

Fonte: (http://www.arcoweb.com.br/)
Figura 15 - Eldorado Bussines Tower- Pavimento Tipo 15 º ao 19º

Fonte:(http://www.arcoweb.com.br/)

Dentre as ações de sustentabilidade do projeto pode-se destacar:


• Coleta seletiva na obra e na operação do empreendimento;
• Prevenção da poluição na construção
• Utilização de madeira certificada;
• Cogeração de energia (geradores);
• Sistema de controle centralizado;
73

• Elevadores com regeneração de energia;


• Lâmpadas e luminárias eficientes e sensores de presença nas áreas de curta
permanência.
• Vidros com alta eficiência (transmitem 75% da luminosidade e 28% do calor);
• Reaproveitamento da água de chuva e do ar-condicionado para irrigação e bacias
sanitárias;
• Uso racional de água por acionamento automático, arejadores nas torneiras e
válvulas sanitárias econômicas;
• Medição individual dos consumos de água, energia e ar condicionado por unidade
autônoma.
• Bicicletários e vestiários para possibilitar o uso das bicicletas;
• Vagas para veículos que utilizam combustíveis menos poluentes.
• Acesso ao transporte público;
• Proximidade de serviços básicos como farmácia, alimentação, supermercados,
cinema, entre outros.
• Formação e educação ambiental dos trabalhadores
Com essas ações chegou-se a 50% da economia de água, 30% da economia de
energia e desvio de 75% dos resíduos sólidos do aterro sanitário.
Dos estudos aqui apresentados, o realizado no Eldorado Bussines Tower foi o único
presencial, a edificação foi escolhida por ser da mesma tipologia do objeto de estudo deste
trabalho, por ter conceitos projetuais semelhantes aos aqui elencados e por ter elementos
que objetivam a sustentabilidade da edificação.
Por ser um estudo presencial, as informações extraídas foram em maior número e
mais precisas, uma vez que se pode entrar em contato direto com o objeto estudado. Foram
extraídas informações relevantes quanto ao programa de necessidades, dimensionamento
dos ambientes, distribuição morfologia dos ambientes na edificação, conexões e fluxos
dentro e fora da edificação e soluções projetuais aplicadas aos conceitos de
sustentabilidade.
Como pontos de maior destaque pode se citar: a adoção de soluções projetuais que
objetivam ou possibilitam a sustentabilidade da edificação; integração entre a edificação e o
contexto urbano em que está inserido, divisão da edificação em setores, soluções de
74

conexões e controle de fluxos entre os setores da edificação; flexibilidade nos pavimentos e


equipamentos eficientes.
Na Tabela 13 estão compiladas as ações de sustentabilidade elencadas para compor a
agenda sustentável da edificação proposta e a verificação se estas foram identificadas ou
não no Eldorado Bussines Tower.
Tabela 13- Ações de sustentabilidade do Eldorado Bussiness Tower
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE ELDORADO BUSSINESS TOWER
Verificação no projeto Elementos Projetuais
Sim Não Não
identificado
1-Qualidade do entorno - Proximidade de serviços básicos como
infraestrutura X farmácia, alimentação, supermercados,
cinema, entre outros.
2-Qualidade do entorno - -
X
impactos
3-Reabilitação de imóvel X Implantação da edificação em vazio urbano
4-Paisagismo X Presença da praça de entrada
5-Flexibilidade de projeto X Pavimentos tipo flexíveis
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE DA AGENDA SUSTENTÁVEL DA EDIFICAÇÃO

6-Relação com a vizinhança X -


7-Solução Alternativa de Bicicletário e vestiários
X
Transporte
8-Local para Coleta seletiva X -
9-Desempenho térmico - Embora tenha sido especificado vidros de
vedações baixa emissividade e opacos na cor branca
X para as vedações, esse material não apresenta
desempenho térmico eficiente para paredes
que recebem insolação direta.
10-Desempenho térmico - As aberturas são as mesmas para todas as
Orientação ao sol e ventos X fachadas e não recebem nenhum tipo de
sombreamento
11-Iluminação Natural X Uso de aberturas generosas
12-Lâmpadas de baixo consumo X -
13-Dispositivos Economizadores X -
14-Elevadores eficientes Uso de elevadores integrados a automação
X predial e com sistema de regeneração de
energia
15-Equipamentos eficientes Sistema de condicionamento de ar com
X
equipamentos VRV
16-Qualidade de materiais e -
X
componentes
17-Competentes industrializados Dray Wall
X
ou pré-fabricados
18-Facilidade de manutenção das O uso do vidro em todas as fachadas dificulta
X
fachadas e onera a manutenção desta
19-Dispositivos economizadores - -
X
Sistema de descarga
20-Dispositivos economizadores - -
X
Arejadores
21-Reaproveitamento de água Uso das águas de chuva e dos aparelhos de ar-
X
pluvial condicionado para os vasos sanitários
Fonte: Produção própria (2014)
75

5.4. Resultados
Como resultado dos estudos de referência foi feita uma comparação entre os estudos
a partir das ações de sustentabilidade elencadas para a agenda sustentável da edificação
(Tabela 14). No estudo realizado no Eldorado Bussiness Tower pode-se identificar o maior
número de soluções projetuais associadas às ações da agenda, o que ressalta a importância
deste estudo para este trabalho.
Tabela 14- Ações de sustentabilidade nos edifícios estudados
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE NOS EDIFÍCIOS ESTUDADOS
EMBAIXADA JATOBÁ ELDORADO
DA FRANÇA
1-Qualidade do entorno - infraestrutura X
AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE DA AGENDA SUSTENTÁVEL DA

2-Qualidade do entorno - impactos


3-Reabilitação de imóvel X
4-Paisagismo X X X
5-Flexibilidade de projeto X X
6-Relação com a vizinhança
7-Solução Alternativa de Transporte X
8-Local para Coleta seletiva X
9-Desempenho térmico - vedações X
EDIFICAÇÃO

10-Desempenho térmico - Orientação ao sol e ventos X X X


11-Iluminação Natural X X X
12-Lâmpadas de baixo consumo X
13-Dispositivos Economizadores X
14-Elevadores eficientes X X
15-Equipamentos eficientes X
16-Qualidade de materiais e componentes X
17-Competentes industrializados ou pré-fabricados X X
18-Facilidade de manutenção das fachadas
19- Dispositivos economizadores - Sistema de descarga X
20-Dispositivos economizadores - Arejadores X
21-Reaproveitamento de água pluvial X X
Fonte: Produção própria (2014)
Nos estudos realizados foram também observadas outras soluções projetuais com
rebatimento no caráter sustentável da edificação que não foram elencadas na agenda, mas
que serão incorporadas ao projeto aqui desenvolvido: bicicletários associados a vestiários,
vagas para veículos que utilizam combustível menos poluente e reuso da água dos drenos do
sistema de ar-condicionado.
Das 21 ações de sustentabilidade da agenda sustentável do edifício corporativo
apenas 4 não foram identificadas nos estudos realizados, apesar de que, conforme explicado
anteriormente, não significa que não foram utilizadas. Sete ações foram identificados como
comuns a pelo menos dois estudos; e três ações foram identificadas em todos eles: (1)
paisagismo; (2) desempenho térmico das vedações; (3) orientação ao sol e ventos e (4)
iluminação natural.
76

6. CONDICIONANTES PROJETUAIS
Esta etapa do processo aborda as limitações e características que influenciam o
projeto do edifício proposto. O capítulo foi dividido em cinco tópicos tratando dos diferentes
condicionantes para o projeto.
O primeiro tópico trata da escolha e análise da área de intervenção quanto à
infraestrutura e os impactos positivos e negativos existentes no entorno, que devem ser
aproveitados, mitigados ou atenuados no projeto. Esse tópico ainda contém a análise do
clima da região sob a ótica de duas escalas, a global e a local. Na escala global é estudada a
radiação solar incidente sobre o lote, a geometria solar, a altitude, e o regime de ventos. Na
escala local são identificados fatores que podem alterar o clima local, como as superfícies
que compõe o entorno, que podem influenciar tanto na temperatura quanto na umidade do
ar, obstáculos que possam obstruir ou mudar a direção ou velocidade dos ventos, a
topografia e o recobrimento do solo.
No tópico aspectos bioclimáticos é identificada em que zona bioclimática a edificação
projetada está inserida e apontadas as diretrizes projetuais para esta zona.
No terceiro tópico, a legislação e normas pertinentes à tipologia e ao local de
implantação da edificação foram compiladas.
No tópico aspectos financeiros, é traçado o perfil do público alvo e analisado os
custos da edificação na intenção de se comprovar a sua viabilidade econômica.
Por ultimo, nos aspectos funcionais, são definidos o programa de necessidades e o
pré-dimensionamento dos ambientes da edificação.

6.1. Área de Intervenção


A cidade de Natal tem passado por um intenso processo de expansão urbana
impulsionada pelo aquecimento do setor imobiliário. Inicialmente o foco principal foram os
empreendimentos habitacionais, mas, nos últimos 5 anos, houve um acréscimo significativo
na oferta de empreendimentos comerciais na cidade.
Segundo informações colhidas em propagandas e site de construtoras e
incorporadoras, nove torres corporativas foram ou estão com entregas programadas até o
ano de 2016, são elas: Corporate Tower Center (CTC), empreendimento entregue,
Internacional Trade Center (ITC), com entrega prevista para 2014, Shin Plaza Tower, previsto
77

para 2016, esses três empreendimentos estão localizados


loca ados no bairro de Lagoa Nova; o Office
Tower, no bairro de Candelária,
andelária, já em funcionamento; no bairro de Tirol tem-se
tem cinco
empreendimentos, o Tirol Way Officer,
Offic com entrega prevista para 2014, o complexo
Manhattan, previsto para 2016, o Tirol Business Center,
nter, entrega em 2014,
2014 Hermes 880, com
entrega prevista para 2015 e Hermes Businnes Center, com entrega para 2015.
Observa-se
se maior vocação dos bairros de Tirol e Lagoa Nova para receber prédios
comerciais.. A predileção por esses dois bairros ocorre
ocor por eles serem polos de prestação de
serviço e comércio,
rcio, principalmente nos trechos em que são cortados pelas avenidas Hermes
da Fonseca/Salgado
o Filho e Prudente de Morais e suas adjacências,
adjacências vias que também
concentram maior fluxo de veículos da cidade.
O terreno escolhido
colhido foi no bairro de Tirol.
Tirol O lote está localizado na Av. Hermes da
Fonseca no meio da quadra e também tem frente para Av. Afonso Pena.
Pena O terreno, que
m2, é um quadrilátero com dimensões
possui área de 5013,00m ões aproximadas de 52m de
largura com 95
5 m de profundidade e topografia plana ( Figura 16, Figura 17 e Figura 18).
Na face do terreno voltada para Av. Afonso Pena existem
existem algumas edificações que
serão desconsideradas para o desenvolvimento do projeto (Figura
Figura 16). Essa decisão foi
tomada para liberar toda a testada do lote voltada para a via, com a intenção de possibilitar
o melhor gerenciamento de acesso de pedestres e veículos, uma vez que esta via deverá dar
acesso ao estacionamento
ionamento haja vista que é a de menor fluxo.
Figura 16 - Localização do terreno escolhido

Fonte: Google Erath


78

Figura 17 - Vista da Hermes da Fonseca do terreno escolhido

Fonte: Google maps (2013)


Figura 18 - Vista da Afonso Pena das edificação desconsideradas

Fonte: Google maps (2013)


A escolha do terreno se deu pela a sua localização, tamanho e por ser um vazio
urbano, uma vez que é um lote de grande área que ocupa uma área central e estruturada da
cidade. Quanto à localização é de fácil acesso para veículos de passeio e transporte público,
de grande visibilidade, possui infraestrutura e é próximo a serviços e comércio. Quanto ao
tamanho se mostrou compatível com os lotes de edificações semelhantes analisadas nos
estudos de referência.

6.1.1. Infraestrutura
O terreno está inserido em malha urbana existente, é ligado à rede de abastecimento
de água, coleta de esgoto e drenagem das águas pluviais. Possui coleta de lixo regular, pode
receber, segundo a concessionária de energia local, abastecimento elétrico em baixa ou em
alta tensão e todas as vias do seu entorno são pavimentadas e iluminadas.
79

Para a análise do entorno imediato foi elaborado o mapa de uso e ocupação da área
(Figura 19),, na intenção de verificar quais os tipos de uso predominante e a infraestrutura
in
existente no local.
Figura 19 - Mapa de uso e ocupação do entorno do terreno (abaixo ampliação do trecho estudado)

Fonte: Produção própria (2014)

A partir da análise do mapa pode-se


pode constatar que a fração urbana na qual está
inserido o terreno possui predominância
predom dos usos de comércio
rcio e serviços como, escolas
escola de
ensino fundamental e ensino médio, clínicas
cl nicas e hospital, parque municipal, quartel da polícia
80

militar, farmácias, padarias, restaurantes, salão de beleza, lojas, repartições públicas e


correios.
erreno é de fácil acesso para veículos particulares e usuários de transporte
O terreno
coletivo, existindo próximo ao lote, e nas duas vias de acesso, pontos de ônibus da rede
municipal.

6.1.2. Impactos
Como impactos positivos do entorno, além da infraestrutura existente apontada no
tópico anterior, pode-se
se citar a proximidade do parque das dunas, área de proteção
permanente formada por dunas vegetadas que divide a fração urbana do oceano,
proximidade do oceano, que pode ser visualizado tanto da face Sul quanto da face Norte
No do
terreno (Figura 20).
Figura 20 - Relação do terreno com o oceano e o Parque das Dunas

Fonte: Google Erath


O único impacto negativo da fração urbana no lote é a poluição sonora gerada pelo
fluxo intenso de veículos de passeios e ônibus nas vias de acesso ao lote. Essa poluição pode
ser observada principalmente
ente na Av. Hermes da Fonseca, onde além do fluxo de veículos ser
mais intenso, a existência de semáforo próximo ao lote promove muito ruído pela
pel frenagem
e aceleração dos veículos (Figura
Figura 19).
81

6.1.3. Clima
A cidade de Natal, que está à 49m de altitude média, possui clima quente e úmido
com temperatura de bulbo seco média entre 25,10C e 28,10C (Figura 21), umidade relativa
entre 69% e 92% e ventilação predominante (Figura 22), na direção Sul e Sudeste com
velocidade entre 3,6 à 5,7m/s (GOULART, LAMBERTS E FIRMINO, 1998, p. 155-184)
Figura 21 - Frequência de ocorrência das temperaturas de bulbo seco para Natal

Fonte: GOULART, LAMBERTS E FIRMINO, 1998)


Figura 22 - Frequência mensal de direção dos ventos para Natal

Fonte: GOULART, LAMBERTS E FIRMINO, (1998)


Para a análise da insolação do terreno foi simulado no software SOL-AR a carta solar
para a latitude 5047', coordenada geográfica do centro do lote, de cada testada do terreno,
de forma a possibilitar o estudo zoneamento e as intervenções quanto a forma do edifico.
Na Figura 23 pode-se identificar o período de insolação de cada testada do terreno. A
face Norte recebe insolação durante todo o dia principalmente nos meses de inverno, na
face Leste recebe insolação no período da manhã durante todo ano, a face Sul recebe
insolação nos dois turnos principalmente nos meses de verão e a face voltada para o oeste
recebe insolação durante todo o ano no período da tarde.
82

Figura 23 - Geometria solar dos limites do terreno

Fonte: Elaborado pelo autor


auto com informações do software Sol-AR
Sol
O terreno, como se pode observar na Figura 20 fica próximo ao Parque das Dunas e
ao mar, desta forma,, os ventos
vent que penetram na direção Sudeste
Su (ventilação
predominante).
Embora o Parque das Dunas seja um obstáculo existente na direção dos ventos
dominantes, este não provoca sombra de vento no lote estudado. Também não foram
verificados outros obstáculos à ventilação
ventilação e insolação, uma vez que as edificações que
compõe o entorno do terreno são predominantemente de um ou dois pavimentos (Figura
24).
Figura 24 - Plano de massas no entorno da edificação

Fonte: Produção própria (2014)


83

Embora o terreno receba os ventos frescos e úmidos provindos do Parque das Dunas,
a existência no seu entorno de grande massa pavimentada no recobrimento do solo,
formada pelo asfalto das vias e da impermeabilização dos lotes, e a pouca vegetação,
existente somente nos canteiros centrais e em alguns lotes, faz com que haja o aumento na
temperatura do ar no entorno da edificação proposta.
Figura 25 - Entorno da edificação com predominância de superfícies pavimentadas

Fonte: Google maps (2013)

6.2. Aspectos Bioclimáticos


Com a intenção de auxiliar o desenvolvimento de projetos de arquitetura de maneira
mais adequada às características climáticas, a NBR 15220, norma brasileira de desempenho
térmico para edificações (ABNT, 2005), na sua parte 3, dividiu o Brasil em oito zonas
bioclimáticas. Para o zoneamento bioclimático brasileiro, a distribuição das zonas se deu em
função das características de temperatura, umidade e altitude das cidades. Para cada zona
formulou-se um conjunto de recomendações técnico-construtivas que buscam otimizar o
desempenho térmico das edificações através de sua melhor adequação climática. Para isso,
são usadas cartas bioclimáticas (Figura 26), que definem a zona de conforto com base na
temperatura e na umidade relativa do ar e mostram como é possível ampliar a zona de
conforto com o uso de estratégias passivas e de baixo consumo de energia; São elas: o
aquecimento solar passivo, a ventilação natural, a massa térmica, a ventilação noturna de
massas térmicas e o resfriamento evaporativo (KEELER e BURKE, 2010, p. 124-125)
Ainda segundo o referido autor, as técnicas de projeto passivo requerem
conhecimento do clima, das condições do terreno, do movimento solar e do formato e
materiais da edificação, visando aproveitar as energias naturais existentes. A integração de
técnicas passivas podem oferecer conforto e ao mesmo tempo reduzir a necessidade de
calefação ou refrigeração.
84

Figura 26 - Carta bioclimática com o ano climático de referência de Natal

Fonte: GOULART, LAMBERTS E FIRMINO, 1998)

As recomendações técnico-construtivas abordam os seguintes parâmetros e


condições de conforto: Tamanho das aberturas para ventilação, proteção das aberturas,
vegetação externa e estratégias de condicionamento térmico passivo.
Segundo a NBR 15220 (ABNT, 2005) a cidade de Natal está inserida dentro da zona
bioclimática 8. Para esta zona, são sugeridas as seguintes diretrizes:
• Aberturas para ventilação grandes ( Maior que 40% da área do piso)
• Sombreamento das aberturas
• Paredes leves e refletoras (Transmitância térmica menor ou igual a 3,6 W/m2.K,
Atraso térmico menor ou igual a 4,3 horas e fator solar menor ou igual a 4%)8
• Coberturas leves e refletoras (Transmitância térmica menor ou igual a 2,3.FT W/m2.K,
Atraso térmico menor ou igual a 3,3 horas e fator solar menor ou igual a 6,5%)9
• Ventilação cruzada permanente

8
Transmitância térmica: fluxo de calor transferido por um sistema construtivo quando há diferenças de temperatura do ar
entre o ambiente interno e externo; Atraso térmico: tempo transcorrido entre uma variação térmica em um meio e a sua
manifestação na superfície oposta de um componente construtivo submetido a um regime periódico de calor; Fator solar:
razão entre o ganho de calor que entra em um ambiente através de uma superfície e a radiação solar incidente na
superfície.
9
FT: Fator de correção da transmitância relacionada com a altura dos beirais
85

6.3. Aspectos Normativos


Para os condicionantes legais, foram tomados como referência o Plano Diretor de
Natal (NATAL, 2007); Código de Obras e Edificações do Município de Natal (NATAL, 2004);
Código de segurança e prevenção contra incêndio e pânico do RN (RIO GRANDE DO NORTE,
1974); NBR 9050 - Acessibilidade à edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos
(ABNT, 2004); e NBR 9077- Saída de emergência em edifícios (ABNT, 2001). A explanação das
condicionantes normativas usadas como referência para o desenvolvimento da edificação
proposta nesta dissertação são apontadas durante a descrição da evolução da proposta
quando forem pertinentes.

6.4. Aspectos Financeiros


Para o estudo de viabilidade financeira foi usado o método cálculo utilizado por
(PEÑA, et al., 2001) em seu livro Problem Seeking. Para o calculo, por esse método, são
necessários: o valor do terreno e o valor do metro quadrado construído e o valor de venda
do metro quadrado das salas comerciais.
Para determinar o valor de venda foi definido o público alvo do empreendimento
formado por pequenas e médias empresas ou braços de grandes empresas instaladas na
cidade de Natal ou região, que necessitem de área superior a 100m2 para a sua acomodação.
Foi definido esse perfil de usuário, uma vez que já existe a oferta de vários
empreendimentos com unidades comerciais até 60m2 na cidade de Natal e somente um
empreendimento com salas de 120m2 ou 240m2.
A partir dos estudos de referência funcionais, foi elaborado um programa de
necessidades e pré-dimensionamento prévio, com a intenção de estimar a área construída
da edificação para calcular o valor estimado do edifício que se encontra resumido na Tabela
15. A área estimada para edificação foi de uma área construída de 23.000m2.
86

Tabela 15 - Cálculo do Valor do Empreendimento


CALCULO DO VALOR DO EMPREENDIMENTO
A Custos do Edifício CUB10 x A. Construída R$ 28.332.150,00
B Equipamentos Fixos 8% de A R$ 2.266.572,00
C Desenvolvimento do Lugar 15% de A R$ 4.249.822,00
D Total da construção A+B+C R$ 34.848.545,00
E Aquisição do terreno R$ 5.000.000,00
F Equipamentos móveis 8% de A R$ 2.266.572,00
G Custos de projeto 6% de D R$ 2.090.912,00
H Contingências 10% de D R$ 3.484.854,00
I Custos administrativos 1% de D R$ 348.485,00
J Valor Total estimado D+E+G+H+I R$ 48.039.396,00
Fonte: Elaboração própria com base no método proposto por (PEÑA, et al., 2001)

Tem-se o valor final do custo do empreendimento de (R$ 48.039.396,00), que


somado ao valor do lucro do incorporador, estimado em 20%, determinou o valor de venda
do empreendimento de R$ 57.647.275,00.
A partir deste dado e considerando-se o metro quadrado de venda, retirado de uma
pesquisa de mercado, no valor de R$ 10.500,00 (Dez mil e quinhentos reais), chega-se ao
número de 5.490,00 m² de área a ser vendida (área de salas comerciais) dividido por 100m2
(valor retirado dos estudos de referência) obteve-se então o número de 55 salas comerciais,
número esse que pode ser diminuído pela existência de outros equipamentos geradores de
lucro no empreendimento como: restaurantes, lojas, auditórios e estacionamento rotativo.
Como o Código de Segurança e prevenção contra incêndio e pânico do RN determina
uma área de pavimento máxima de 500m² para cada escada de emergência optou-se colocar
3 salas comerciais a cada andar. Desta forma tem-se determinado 18 andares corporativos,
devendo-se locar uma sala em outros pavimentos da edificação ou propor outras fontes
geradoras de lucro.
O método para o cálculo do número de pavimentos encontra-se resumido na Figura
27.

10 Valor do CUB para edificações comerciais de alto padrão com plantas livres: 1210,00 (ref. Mar/2014) Sinduscon
RN
87

Figura 27 - Cálculo do número de pavimentos

Valor de Venda Valor do metro


Salas com 100m²
R$57.647.275,00 quadrado de 5.490,00 m² de
em média 55 salas sendo 3 18 andares
venda de salas áreas de salas
(para lucro de (estudos de salas por andar corporativos
corporativas R$ (área vendida)
20%) referência)
10.500,00

Fonte: Produção própria (2014)

6.5. Aspectos Funcionais


A partir da definição do número de pavimentos e do público alvo e observando as
normativas prescritas e os dados dos estudos de referência, deu-se início à programação
arquitetônica. Para tanto a edificação foi dividida em três setores: setor corporativo, que
reúne os ambientes onde efetivamente irão se desenvolver as atividades corporativas ou
que são diretamente ligado a estas; setor de eventos com ambientes destinados a pequenos
e grandes eventos, servem tanto aos usuários da torre corporativa quanto à população da
cidade; e o setor de serviço, composto por ambientes que dão apoio e são imprescindíveis
para os setores corporativos e de eventos.
Nas Tabela 16 e Tabela 17 estão compiladas as informações do programa de
necessidade e o pré-dimensionamento dos ambientes da edificação. Para a definição desses
elementos foram extraídas informações da agenda sustentável da edificação, dos estudos de
referencia e das condicionantes projetuais.
Tabela 16 - Programação por setores
SETOR AMBIENTES
Corporativo Praça de entrada, loby, recepções, salas comerciais
Eventos Auditório com foyer, salas de múltiplos usos e restaurante
Serviço Estacionamento, heliponto, bicicletário, administração, drive Thru, triagem e
expedição para documentos e correspondencias, sala técnica para TI, sala de
segurança, banheiros nas salas comerciais, banheiros adaptados, vestiários,
elevadores, hall dos elevadores, escada enclausurada pressurizada,
antecâmara pressurizada, DML, condensadores do sistema de ar-
condicionado, plataforma de resgate, reservatórios de água, subestação de
energia, gerador, sistema de reaproveitamento de água pluvial, depósitos,
centro de medição, centro lógico e casa de lixo
Fonte: Produção própria (2014)
88

Tabela 17 - Pré-dimensionamento dos ambientes

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DOS AMBIENTES


AMBIENTE OBSERVAÇÃO ÁREA FONTE REPETIÇÃO ÁREA
2
(m ) TOTAL
2
(m )
Praça de entrada - Estudos de 1 -
Referência
Lobby 100 Estudos de 1 270
SETOR CORPORATIVO

Referência
Recepção Térreo e 3 subsolos 10 Estudos de 4 40
Referência
Hall no pavimento 3 subsolos, térreo, mezanino, 18 30 Estudos de 24 720
andares corporativos e pavimento Referência
técnico
Sala comercial 3 salas por pavimento, 1 sala no 100 Estudos de 54 5400
térreo e 1 no mezanino Referência
Espaço para 150 Estudos de 1 150
contemplação Referência
Auditório Capacidade para 160 pessoas 240 Meel, 1 240
2
considerando 1,5m por assento) Martense
Ree (2012)
SETOR DE EVENTOS

Sala de múltiplos usos Capacidade para 30 pessoas 60 Meel, 1 120


2
considerando 2m por assento) Martense
Ree (2012)
Foyer 70 Estudos de 1 70
Referência
Espaço para Cofee 50 Estudos de 1 50
Break Referência
Restaurante 120 Estudos de 1 120
Referência
2
Estacionamento Área de referência (8877m ) 30 Layout 1 vaga a 6660
2
elaborado a cada 40m
partir de de área
diretrizes construída
Código de (222 vagas)
Obras
Heliponto 144 Portaria 1 144
18GM5
Ministério
da
Aeronáutica
2
Bicicletário 1,15m por bicicleta 46 Plano 1 46
(40 bicicletas) diretor
SETOR DE APOIO

cicloviário
de Porto
Alegre
Administração 25 Estudos de 1 25
Referência
Drive Thru para 15 Estudos de 1 15
documentos Referência
Sala técnica para TI 25 Estudos de 1 25
Referência
Banheiro do setor de Femininos e masculinos 25 Estudos de 2 50
eventos Referência
Banheiro adaptado Térreo, mezanino e 18 andares 2,6 NBR 9050 20 52
corporativos
Vestiário Feminino e masculino 25 Estudos de 2 50
Referência
Elevador 3 subsolos, térreo, mezanino, 18 6 NBR 119 750
andares corporativos e pavimento 5665/1983
89

técnico
(5 elevadores por andar)
Antecâmara 3 subsolos, térreo, mezanino, 18 5 NBR 24 125
pressurizada andares corporativos e pavimento 9077/2011
técnico
Escada enclausurada 3 subsolos, térreo, mezanino, 18 16 NBR 24 384
andares corporativos e pavimento 9077/2011
técnico
DML 2 Estudos de 6 12
Referência
Local para 2 Especificaçã 60 120
condensador o técnica
Plataforma de resgate Cada escritório tem capacidade para Código de
2
30 pessoas (1 pessoa à cada 4m ) Combate a
Área de resgate: 30% da capacidade incêndio e
da edificação 0,5 por pessoa pânico do
RN
Reservatório de água Inferiores e superiores 20 Especificaçã 3 60
o técnica
Subestação de energia 50 Estudos de 1 50
Referência
Gerador 50 Estudos de 1 50
Referência
Reservatório de água 20 Especificaçã 1 20
pluvial o técnica
Depósito 20 Estudos de 4 80
Referência
Centro de medição 50 Estudos de 1 50
Referência
Centro lógico 25 Estudos de 1 25
Referência
Casa de lixo Lixo comum e reciclável 6 Código de 2 12
Obras de
Natal
Fonte: Produção própria (2014)
90

7. PROPOSTA PROJETUAL
Após definidas as diretrizes do projeto, elaborada a agenda sustentável da edificação
e determinadas as condicionantes projetuais foi iniciada a concepção do projeto
arquitetônico do edifício vertical de uso corporativo.
O exercício projetual desenvolvido neste trabalho não apresenta o projeto básico ou
executivo da proposta, com todos os detalhamentos e especificações técnicas
correspondentes a essas etapas. Isso porque a intenção do trabalho não foi a de alcançar
um alto nível de detalhamento técnico de toda a proposta, mais sim representa-la de modo
a ser compreendida, detalhando os pontos necessários ao entendimento das soluções
empregadas. Desse modo, será apresentado, como produto final, o anteprojeto da proposta
desenvolvida.
Segundo a NBR 6492 (ABNT, 1994), entende-se como anteprojeto a representação
gráfica suficiente para representar o partido arquitetônico definido e os elementos
construtivos da proposta permitindo a compreensão geral da solução adotada.
Para melhor assimilação do processo de desenvolvimento do projeto, este será
exposto obedecendo a seguinte estrutura: inicialmente será apresentada a definição e
evolução do partido arquitetônico, "a síntese das características principais do projeto"
(SILVA, 1998, p.100); e, em seguida, será descrita a evolução da concepção do projeto. Esta
última foi dividida em tópicos com o propósito de obter mais clareza e objetividade na sua
exposição, quais sejam: pavimento tipo; torre corporativa e pavimentos tipo finais (1 e 2);
implantação e pavimento térreo; subsolos, pavimento técnico e heliponto; e especificações
técnicas. Essa divisão não obedeceu de forma precisa a setorização da edificação proposta,
ela buscou ser mais fiel a cronologia em que o desenvolvimento do projeto evoluiu.

7.1. Definição e evolução do partido arquitetônico

7.1.1. Princípios e premissas


Para a definição do partido arquitetônico foram considerados os princípios
arquitetônicos da sustentabilidade, flexibilidade e conectividade constantes no Capítulo 2. O
princípio da sustentabilidade foi o que recebeu o maior enfoque, posto que a intenção do
trabalho é projetar um edifício corporativo com ênfase na sustentabilidade. Para tanto foi
91

elaborada a agenda sustentável para edificação (Capítulo 4) e a partir dela extraida diretrizes
para todas as etapas de projeto. Os demais princípios, flexibilidade e conectividade, têm
importância e influenciaram também a concepção e o desenvolvimento da proposta,
entretanto, seu emprego é secundário em comparação ao princípio da sustentabilidade.
Dos princípios foram retiradas premissas projetuais a serem cumpridas pelo partido
arquitetônico, são elas:
Premissa da sustentabilidade
O edifício deve contemplar soluções arquitetônicas passivas que impliquem na
redução de energia. Para tanto o partido arquitetônico procurou seguir as ações de
sustentabilidade elencadas na agenda sustentável da edificação (Capítulo 4). Desse modo, o
partido arquitetônico teve forte influência da observância das diretrizes projetuais
apontadas pelo zoneamento bioclimático brasileiro.
Os estudos de referência, que observaram as mencionadas diretrizes, também
contribuíram para a definição do partido observando a premissa da sustentabilidade,
principalmente o estudo da Embaixada da França em Pequim (Capítulo 5), onde se observa
propostas de ventilação e iluminação naturais.
Os aspectos bioclimáticos estudados no Capítulo 6 também atenderam essa premissa
e influenciaram a determinação do partido arquitetônico, mormente aqueles referentes às
estratégias para construir no Nordeste brasileiro, as quais, por sua vez, segundo Holanda
(1976), são sombrear e ventilar. Estas estratégias são ratificadas pela NBR 15220 (ABNT,
2005), quando elenca entre as suas diretrizes projetuais para Natal: aberturas grandes para
ventilação cruzada e sombreamento das aberturas. Contribuíram, neste sentido, os estudos
da trajetória solar e da direção dos ventos.
Premissa da flexibilidade
O edifício deve permitir que diferentes tipos e tamanhos de empresa possam se
adaptar com facilidade à morfologia proposta.
O partido foi influenciado pelo estudo constante no referencial teórico conceitual
(Capítulo 2) em que foram identificados diversos padrões de layouts para ambientes de
trabalho, os quais derivam das diferentes identidades organizacionais das empresas. Isto
posto, o partido considerou a facilidade da adaptação das salas às diferentes disposições de
mobiliário, bem como a possibilidade de expansão e divisão das mesmas.
92

Premissa da conectividade
Os ambientes e setores da edificação devem: a) facilitar e incentivar o fluxo das
pessoas; e b) promover a integração visual entre os ambientes.
A conectividade, segundo o estudo “The Generative Officer” (SAILER, 2012), aumenta
as inter-relações entre os usuários e, por consequência, a produtividade deles. Considerou-
se na adoção do partido a ligação entre volumes distintos, quer por um volume central, quer
por módulos conectores.
Como já dito, para descrição da proposta foi obedecida a cronologia em que as
decisões projetuais foram tomadas. Desta forma, será expostos nos tópicos seguintes a
definição e evolução do partido da torre corporativa, uma vez que foram essas as primeiras
decisões projetuais tomadas.
O partido arquitetônico definido para a implantação será apresentado
posteriormente, porém esse ultimo também teve como referência os mesmos princípios
arquitetônicos aqui apontados.

7.1.2. Definição do partido arquitetônico da torre corporativa


Considerando as mencionadas premissas, a concepção projetual partiu da
acomodação no terreno escolhido de quatro volumes: três deles paralelepípedos,
segregados entre si e periféricos (hachura verde); e um volume central de seção quadrada
que se justapõe aos demais (hachura cor de rosa) – Figura 28. Os primeiros abrigam as salas
comerciais e o último tem a função de possibilitar o acesso (escadas, elevadores e ligação
entre os blocos).
A seção retangular dos volumes destinados às salas comerciais foi escolhida para que
a disposição do volume estivesse alinhada ao eixo Leste/Oeste, e desse modo, dois deles
recebem, em suas faces menores a incidência solar do nascente e do poente. Apenas um dos
volumes foi orientado segundo o eixo Norte/Sul, com suas fachadas maiores recebendo a
insolação nascente/poente, entretanto, a fachada poente está em grande parte protegida
pela colocação do volume central. Por sua vez, o volume central, por ter todas as suas faces
com dimensões equivalentes, recebe insolação nascente/poente em duas delas, mas a face
leste está sombreada por um dos volumes periféricos, o que ocorre também com suas faces
norte e sul.
93

Optou-se por segregar os volumes periféricos com a finalidade de gerar vazios entre
eles. Esses vazios tem a função de aumentar a área da superfície da envoltória submetidas a
zonas de alta e baixa pressão de ventos, permitindo a ventilação cruzada e aumentando o
fluxo de ventilação no interior das salas.
O aumento do perímetro da envoltória também possibilita uma maior e mais
homogênea penetração da iluminação natural nos blocos das salas comerciais e circulação. A
iluminação natural homogênea nas salas permite que estas recebam diferentes layouts, sem
que seja necessário recorrer a sistemas de iluminação artificial, o que contribui para a
flexibilidade sem causar perdas no caráter sustentável da edificação.
O conjunto de blocos, como um todo, foi posicionado na direção leste-oeste,
independente da inclinação do terreno, e verificou-se que os recuos mínimos estavam
dentro das prescrições urbanísticas vigentes.
Figura 28 - Evolução do Partido

Fonte: Produção própria (2014)


7.1.3. Evolução do partido arquitetônico da torre corporativa
Para aumentar as regiões de sombreamento e alta pressão de ventos, e também por
questões estéticas em relação à volumetria da proposta, o volume central foi rotacionado
em 45 graus, tendo as suas extremidades subtraídas na interseção com os blocos
corporativos (Figura 29).
Foram criados módulos conectores - pontes de ligação (hachura amarela - Figura 29) -
entre os volumes periféricos com a intenção de aumentar a flexibilidade e a conectividade,
pois uma corporação pode ser instalada em salas vizinhas ou sobrepostas e utilizar as pontes
94

como conectores horizontais ou verticais, pois há possibilidade destes módulos receberem


escadas.
Os módulos conectores também promovem o sombreamento das fachadas situadas
nos vazios entre os volumes, funcionando como protetores horizontais.
Figura 29 - Evolução do Partido

Fonte: Produção própria (2014)


Em seguida foi feita a distribuição dos ambientes internos do pavimento tipo
definidos no programa de necessidade, tudo seguindo o pré-dimensionamento (Capítulo 6).
Houve, neste momento, uma grande dificuldade de compatibilizar os ambientes e suas
dimensões com a forma até então traçada, principalmente no bloco da circulação vertical.
Foram estudadas alterações formais nos volumes, como se pode observar na Figura 30.
Figura 30 - Evolução do Partido

Fonte: Produção própria (2014)


95

Durante a realização destes estudos, percebeu-se que as formas resultantes se


distanciavam do partido e, mantendo o mesmo, procurou-se trabalhar com a reorganização
e subtração dos ambientes internos do pavimento tipo. Obteve-se sucesso e o programa se
encaixou na forma inicial (Figura 29) e não houve necessidade de mudança do partido.
O heliponto foi locado no topo do bloco central o qual, por suas dimensões e forma
(segue a seção retangular do bloco central), possibilita o sombreamento dos vazios entre os
blocos e funciona esteticamente como coroamento do prédio (Figura 31).
Figura 31 - Evolução do Partido

Fonte: Produção própria (2014)


Um resumo visual da evolução volumétrica pode ser observado na Figura 32.
Figura 32 - Evolução da volumetria
96

Fonte: Produção própria (2014)


O passo seguinte foi a construção de uma maquete física da volumetria desenvolvida
(Figura 33). Para tanto, foi utilizado o software Pepakura Designer que transforma em
polígonos planos as volumetrias criadas virtualmente em 3D. Estes polígonos foram
impressos em impressora a laser, que corta as arestas e marca as dobras, facilitando a
montagem da maquete. O desenvolvimento da maquete de concepção foi importante para o
processo projetual, pois auxiliou na percepção de escala e proporção das partes da
edificação em relação ao seu conjunto.
Figura 33 - Maquete Física

Fonte: Produção própria (2014)


Concomitante ao desenvolvimento do partido, foi realizada pesquisa sobre os
sistemas estruturais e materiais que melhor poderiam traduzir a concepção formal da
proposta desenvolvida até então.
97

Como sistema estrutural principal, fez-se a opção pelo concreto armado com vigas,
pilares e laje portantes, deixando o sistema de vedação sem a função estrutural. Essa
decisão proporcionou uma maior liberdade na escolha dos materiais de vedação externa e,
por consequência, possibilitou que esta fosse pautada na adequação das propriedades
térmicas dos materiais que compõe a envoltória da edificação.
No que diz respeito aos módulos conectores, fez-se a opção pela estrutura metálica
por ser um sistema pré-fabricado com leveza e plasticidade (Figura 34), uma vez que estas
funcionam como módulos encaixados no corpo da edificação, que podem funcionar como
conectores horizontais, quando funcionam apenas como pontes, ou conectores verticais,
quando possuem escada acoplada a sua estrutura.
Figura 34 - Referencia formal de sistemas de pontes e escadas pré-fabricadas em estrutura metálica: Advice
House

Fonte: (LEE, et al.)

7.2. Desenvolvimento da concepção projetual

7.2.1. Pavimento tipo inicial


Ao final da evolução do partido arquitetônico, tinha-se o zoneamento do pavimento
tipo da edificação, a partir dele, deu-se a divisão interna dos ambientes (Figura 35).
Neste tópico serão relatados os estudos e soluções adotados para a organização do
pavimento tipo inicial da edificação, dando ênfase àquelas direcionadas a sua morfologia
interna, porém, sempre considerando o rebatimento destas soluções na volumetri. Também
serão apontadas as soluções tomadas quanto a especificação técnica de materiais e
componentes construtivos a medida em que a definição destes for acontecendo durante a
evolução da proposta.
98

Todos os blocos que compõem as salas possuem largura fixa de 6,11m. Foram
adotadas salas com pouca profundidade pois, segundo Brown e DeKay (2004), se a largura
do ambiente ultrapassa 2,5 vezes o seu pé direto não se obtém bons níveis e
homogeneidade de iluminação natural. Ainda com a intenção de possibilitar a utilização de
iluminação natural independente do layout de distribuição interna das salas, foram
colocadas janelas contínuas, que se prolongam, sem interrupção, ao longo de quase todo o
perímetro das salas. Desta forma é garantida uma iluminação homogenia para layouts sem
divisões internas e, caso a ocupação seja do tipo celular, todas as faces internas das salas
têm acesso às janelas.
Para testar a eficiência desta solução projetual, foram feitas proposições fortuitas de
diferentes tipos de layouts para os escritórios.
As janelas contínuas também permitem criar um maior número de pontos de entrada
e saída de ar, favorecendo a ventilação natural dentro das salas.
As salas possuem diferentes comprimentos (14,70 m, 17,30 m e 19,80 m), o que
resulta em diferentes áreas. Essa solução procurou assim oferecer diferentes tamanhos de
sala, para abrigar diferentes tamanhos de empresas.
Em cada sala existem dois lavabos. Os banheiros adaptados foram locados no bloco
central, uma vez que a NBR 9050 (ABNT, 2004) exige um banheiro adaptado por andar, não
sendo, desta forma, obrigatória a colocação de banheiros adaptados dentro das salas
comerciais.
99

Figura 35 - Pavimento tipo inicial

Fonte: Produção própria (2014)

Os módulos conectores entre as salas podem funcionar tanto como escadas, ligando
salas de um mesmo bloco situadas em pavimentos diferentes, ou como pontes, ligando as
salas adjacentes de um mesmo pavimento, aumentando assim a conectividade e
flexibilidade do projeto.
Para melhor entendimento de como seriam os dois tipos de solução para os módulos
conectores, na Figura 35, há uma ponte e uma escada, apenas a título de exemplificação,
pois o que irá determinar o tipo de conector é a necessidade da empresa que irá ocupar o
espaço.
Nos pavimentos em que os módulos conectores não funcionam como ligação entre
as salas de uma mesma empresa, devem funcionar com espaços ajardinados de
contemplação e descanso que servirão às duas salas adjacentes.
No volume central, foram locados os elementos de circulação vertical: uma escada,
quatro elevadores sociais e um elevador de segurança. Foram observadas as determinações
100

do Código de Combate a Incêndio e Pânico do RN (1974) e a NBR 9077 (ABNT, 2001), que
trata das saídas de emergência: a edificação deve possuir escada pressurizada e elevador de
segurança, ambos com acesso por antecâmara também pressurizada. A escada deve estar
posicionada de modo que, a maior distância percorrida a partir das portas das salas até a
antecâmara, deve ser inferior à 15 m.
Próximo aos elementos de circulação vertical, formando assim um setor de serviço no
pavimento, foram locados o banheiro adaptado, as áreas técnicas para as unidades
condensadores de ar-condicionado tipo split e os shafts para as tubulações das redes elétrica
e lógica.
A área do bloco central, que tem ligação com as salas comerciais, é ocupada por um
grande hall social, que é iluminado e ventilado naturalmente pelos vazios formados entre os
blocos. O mesmo pode servir de espera comum para as salas corporativas, ou assumir a
função de recepção quando todo o pavimento for ocupado por uma única corporação.

7.2.2. Torre corporativa e pavimentos tipo finais (1 e 2)


Procurou-se trabalhar a dimensão estética do edifício através dos módulos
conectores e do deslocamento dos pavimentos.
A adoção dos módulos conectores em estrutura metálica e a morfologia de blocos
segregados possibilitou o movimento horizontal dos diferentes pavimentos de escritórios
como se fossem lâminas sobrepostas desencontradas. Solução formal semelhante à adotada
no projeto do Manchester Civil Justice Center (Figura 36).
101

Figura 36 -Referencia formal: Manchester Civil Justice Center incorporada no projeto

Fonte (DURAN, et al., 2010)


Esse movimento horizontal dos pavimentos possibilitou um resultado estético
interessante, mas, em determinadas situações, o recuo do bloco Norte, para Oeste, fez com
que ele ficasse alinhado com o bloco Leste, e que a face voltada para Leste do bloco Norte
ficasse posicionada em uma sombra de vento, considerando a ventilação sudeste dominante
(Tópico 6.1.3). Para evitar uma situação desfavorável, considerando que para ocorrer
ventilação cruzada é necessário que esta face receba pressão positiva dos ventos, o bloco de
escritórios Norte, foi aumentado em dois módulos (2,50 m) de modo a evitar a sombra de
vento, como exposto no diagrama da Figura 37.
Figura 37 -Diagrama da morfologia do pavimento

Fonte: Produção própria (2014)


102

Foi então elaborado um estudo volumétrico com a finalidade de analisar como essa
movimentação se comportaria na fachada da edificação (Figura 38). A partir desse estudo,
percebeu-se que a movimentação de dois blocos da edificação proporcionou muita
irregularidade na volumetria desta. Em estudo posterior, foi feita a movimentação horizontal
dos pavimentos em apenas um dos blocos periféricos. Neste estudo chegou-se a resultados
estéticos mais interessante. Fez-se a opção por movimentar apenas o bloco Norte, por essa
solução aproximar-se mais do estudo formal realizado no Manchester Civil Justice Center.
Figura 38 -Estudos formais

Fonte: Produção própria (2014)


Assim foi desenvolvido um segundo pavimento tipo (pavimento tipo 2) para a torre
de escritórios (Figura 39), na qual pode se encontrar os três escritórios flexíveis, cada
escritório com dois banheiros privativos. A área situada no volume central continuou com a
mesma disposição do primeiro pavimento tipo desenvolvido (pavimento tipo 1): circulação
vertical, banheiros adaptados, áreas técnicas e shaft.
103

Figura 39 - Pavimentos tipos – proposta 1 (inicial)

Fonte: Produção própria (2014)

Seguiu-se o estudo de estratégias para sombreamento das aberturas e paredes


externas do pavimento tipo, com três soluções principais (Figura 40): a) as janelas contínuas
dos blocos receberam elementos de sombreamento horizontal, que tem a função de
sombrear as aberturas e vedações externas; b) o bloco Norte, que apresenta o
deslocamento horizontal nos pavimentos, recebeu elementos de sombreamento vertical
paralelo as faces da fachada, em estrutura metálica vazada formando um elemento
rendilhado, estratégia de sombreamento que se integra e valoriza o movimento das
fachadas; por fim, c) as faces dos blocos Leste e Sul, que recebem maior radiação solar,
contam com vedação espessa sem aberturas ou com aberturas em tamanho reduzido. A
espessura destas paredes é de 30 cm para que possam acomodar câmaras de ar com
barreira radiante (material de baixa emissividade térmica) em sua estrutura. As câmaras de
ar têm a função de aumentar a resistência e, por consequência, diminuir a transmitância
térmica do sistema de vedação e, com isso, diminuir a quantidade de calor que é transmitido
para o interior.
104

Figura 40 - Elementos de sombreamento

Fonte: Produção própria (2014)


Neste momento, diante dos estudos realizados, pode-se fazer as seguintes
considerações: a) o volume da torre central ficou desproporcional em relação aos
periféricos, devendo-se tentar diminuí-lo, para se chegar a uma torre central mais esbelta; b)
os elementos de sombreamento do bloco Norte deveriam ser revistos, uma vez que 2/3 das
faces voltadas para Norte estão desprotegidas; c) os elementos estruturais e de vedação
não obedeceram a modulação proposta inicialmente.
Em resposta a esses pontos, o pavimento tipo foi revisto e adotou-se: a) a modulação
de 2,5m, que se mostrou compatível com a forma proposta e com as dimensões necessárias
para o gerenciamento do fluxo e locação de vagas no estacionamento, locado no subsolo; b)
a diminuição do bloco central com a redução do hall social que perdeu a função de espera
comum e com a retirada das áreas técnicas para os condensadores de ar-condicionado do
tipo split.
A retirada das áreas técnicas para as unidades condensadores de ar-condicionado
tipo split foi possível pela adoção do sistema de condicionamento de ar por VRV - Variable
Refrigerant Flow. Esse sistema, além de ser energeticamente mais eficiente do que os
sistema de condicionamento de ar comuns, permite que as máquinas evaporadoras sejam
105

locadas à longa distância das unidades condensadoras que passaram a ocupar áreas técnicas
na cobertura da edificação.
Quanto aos elementos de sombreamento, foram mantidas as soluções para os blocos
Leste e Sul. Para o bloco Norte, os elementos verticais rendilhados foram posicionados nas
faces Leste e Oeste e as faces Norte e Sul receberam brises horizontais e paredes cegas
espessas.
O novo pavimento tipo (segunda proposta) pode ser observado na Figura 41.
Figura 41 - Pavimento tipo – proposta 2

Fonte: Produção própria (2014)


Nesta segunda proposta, os pavimentos do bloco Norte permaneceram com o
movimento horizontal no sentido Leste/Oeste e alguns pavimentos também aumentaram a
sua profundidade, se projetando em um módulo no sentido Norte. Deste modo, a edificação
passou a ter 04 pavimentos tipo que obedecem aos diagramas da Figura 42.
106

Figura 42 - Diagramas das quatro possibilidades de plantas tipo – proposta 2

Fonte: Produção própria (2014)

As modificações ocorridas no pavimento tipo e nos elementos de sombreamento


provocaram mudanças significativas na volumetria da edificação (Figura 43).
Figura 43 - Elementos de sombreamento

Fonte: Produção própria (2014)


107

Embora essa solução tenha respondido às considerações feitas à proposta inicial, a


volumetria da edificação ficou com uma movimentação indesejada esteticamente, e foi
verificada a necessidade de criar uma maior unidade formal entre seus blocos, portanto,
foram feitos novos estudos que resultaram numa terceira proposta.
A terceira e final proposta manteve as configurações do bloco central e dos blocos
corporativos Leste e Sul decorrentes da proposta 02. As alterações se concentraram no
bloco corporativo Norte (Figura 44 e Figura 45). Os pavimentos não mais "deslizam" uns
sobre os outros, mas se projetam ou não nas direções Norte e Leste. Com essa modificação,
a solução formal de referência do Manchester Civil Justice Center continua presente na face
Leste, porém na face Oeste não há mais movimento.
Foram retiradas as aberturas da face Oeste do bloco Norte e passou a ter câmara de
ar com barreira radiante em seu sistema de vedação externa, solução semelhante à adotada
na face Oeste do bloco Sul. Como elementos de sombreamento das aberturas e vedação das
demais faces, foram utilizados brises horizontais, seguindo o padrão utilizados nos outros
blocos.
Com essa alteração, os pavimentos que projetam-se para as faces Norte e Leste, por
terem sua área de sala aumentada, ultrapassam o limite de 500 m2 para serem atendidos
por uma única escada de segurança. Destarte, nestes pavimentos, foram subtraídos os
módulos conectores que interligam os blocos Norte ao Leste, e assim foi atendida a
exigência do pavimento com área inferior a 500 m2.
Os elementos de proteção vertical rendilhado foram usados para a proteção dos
conectores verticais, com a função de sombreamento e estética, uma vez que tem a função
de evitar a descontinuidade na volumetria da edificação gerada pelos diferentes tipos e pela
inexistência dos elementos de conexão.
Os jardins criados pelo desencontro dos blocos foram incorporados em todos os
pavimentos, uma vez que a projeção do jardim de um pavimento é responsável pelo
sombreamento da vedação externa do pavimento inferior. Com essa solução, os pavimentos
que não tem a sua área aumentada receberam fachada envidraçada, criando uma proporção
entre cheios e vazios interessante na volumetria da edificação e permitindo uma visualização
panorâmica do Parque das Dunas e do mar.
108

Figura 44 - Pavimento tipo 01 – proposta 3 (final)

Fonte: Produção própria (2014)


Figura 45 - Pavimento tipo 02 – proposta 3 (final)

Fonte: Produção própria (2014)


109

Definiu-se então que as vedações das aberturas dos pavimentos serão através de
janelas e peles de vidro locadas de acordo com a orientação das fachadas.
Nas paredes voltadas para o átrio (espaço vazio) formado pelas salas corporativas,
bloco de circulação vertical e os elementos conectores, por serem completamente
sombreadas pela própria edificação, foram locadas peles de vidro contínuas na fachada. As
outras paredes receberam janelas que tem a suas dimensões definidas pela quantidade de
radiação solar direta que recebem. Todas as salas possuem grandes janelas contínuas, na
intenção de permitir iluminação natural homogênea, para possibilitar liberdade na definição
do layout das salas. As janelas contínuas (Figura 46) tem peitoril de 70 cm, altura do plano de
trabalho, e altura de 2,00m, prolongando-se até o forro na intenção que a luz natural
penetre mais profundamente nas salas.
As janelas possuem na sua parte mais alta folhas fixas e na parte inferior folhas com
abertura guilhotina por contrapeso. Esse tipo de abertura foi escolhido por permitir
ventilação na altura do plano de trabalho e próximo ao forro, para garantir conforto térmico
aos usuários e promover a renovação do ar. A abertura por guilhotina ainda garante uma
distribuição homogênea e com menor velocidade, evitando sombras de ventos ou ventilação
excessiva.
Figura 46 - Detalhamento do sistema de abertura tipo guilhotina

Fonte: Produção própria (2014)


Os elementos de sombreamento foram dimensionados com base na geometria solar.
Para tanto foram elaboradas as máscaras de sombras para as aberturas do pavimento tipo
com o auxílio do software Solar Tool (Figuras Figura 47, Figura 48, Figura 49 e Figura 50).
110

As janelas contínuas recebem três protetores horizontais para propiciar seu


sombreamento. Para cada orientação de fachada, em que esse tipo de vedação de abertura
foi adotado, foram feitos estudos com simulações de brises de profundidades de 1,00 m e de
1,20 m, com o intuito de identificar quais dessas duas profundidades melhor atenderia a
necessidade de sombreamento. Concluiu-se que somente os brises com 1,20 m de
profundidade permitiram o sombreamento a partir das 08 horas na face Leste (Figura 49) e
até as 17 horas nas faces Norte (Figura 47) e Sul (Figura 48).
As vedações externas que não recebem elemento de sombreamento são mais
espessas para abrigar na sua estrutura câmara de ar com barreira radiante. As aberturas
destas paredes devem ser sombreadas por elementos internos - persianas. As jardineiras e
projeções dos pavimentos desencontrados no bloco Norte promovem sombreamento nas
paredes envidraçadas (Figura 50), porém esses apenas atenuam a incidência solar direta, . O
sombreamento destes ambientes será complementado pela vegetação das jardineiras, que
também tem função estética para os observadores internos e externos da edificação.
Figura 47 - Dimensionamento dos elementos de sombreamento das janelas contínuas das faces Norte da
edificação

Fonte: Produção própria (2014) a partir do software Solar Tool


111

Figura 48 - Dimensionamento dos elementos de sombreamento das janelas contínuas das faces Leste da
edificação

Fonte: Produção própria (2014) a partir do software Solar Tool


Figura 49 - Dimensionamento dos elementos de sombreamento das janelas contínuas das faces Sul da
edificação

Fonte: Produção própria (2014) a partir do software Solar Tool


112

Figura 50 - Estudo do sombreamento da vedação externa envidraçada das faces Leste e Norte pelas
jardineiras e projeção do pavimento superior

Fonte: Produção própria (2014) a partir do software Solar Tool

Após a definição das aberturas e dos elementos de sombreamento, foram feitas


simulações no software Vasari (2014) para verificar se as soluções projetuais adotadas foram
eficientes quanto a ventilação natural das salas corporativas.
Foram feiras duas simulações, uma na altura no terceiro pavimento, na qual foi
utilizada a velocidade dos ventos de 5 m/s, velocidade média dos ventos para Natal/NR
segundo condicionante definida no tópico 6.1.3, e no último pavimento, onde foi utilizada a
velocidade de 7 m/s. Foram escolhidas duas alturas com duas velocidades distintas pois,
segundo Brown e DeKay (2004), a medida que se distancia do solo o fluxo e velocidade dos
ventos é alterada (Figura 51).
113

Figura 51 - Percentual da velocidade dos ventos gradientes

Brown e DeKay (2004)


Para a primeira simulação foi utilizado a volumetria da edificação desconsiderando os
elementos
ntos de vedação das aberturas (Figura
( 52).
). O software Vasari representa a velocidade
do vento através de uma gradação de cor que vai do amarelo ao azul. O amarelo indica a
maior velocidade atingida pelo vento enquanto a azul indica
indica a menor velocidade.
Figura 52 - Simulação da ventilação na edificação desconsiderando a vedação das aberturas

Fonte: Produção própria (2014) a partir do software Vasari


A partir da análise dos diagramas simulados verifica-se
verifica umaa situação de ventilação
ótima, na qual todas as salas possuem
poss grandes áreas de alta pressão
são de ventos, o que
garante o fluxo de ventos no interior destas, uma vez que foram colocadas aberturas nas
zonas de baixa pressão.
Porém, verificou-se
se que retirar a vedação das aberturas não necessariamente
forneceria resultados verossímeis, uma vez que, para o sistema de abertura das janelas
projetadas, somente 1/3 da área das janelas efetivamente permitiria a entrada e saída de
ventilação da edificação. Desta forma,
forma, foi realizada uma outra simulação, considerando
como área de abertura somente aquela que permite a passagem da ventilação (Figura
( 53).
114

Figura 53 - Simulação da ventilação na edificação considerando a área efetiva de fluxo de ventos

Fonte: Produção própria (2014) a partir do software Vasari


Com a diminuição das áreas das aberturas percebeu-se
percebeu se a diminuição da velocidade
dos ventos, porém todas as salas ainda permanecem com zonas de alta pressão, garantindo
garant
o fluxo de ventos dentro das salas. O decréscimo na velocidade dos ventos é um resultado
positivo, uma vez que se pretende que o vento entre em baixa velocidade nos ambientes,
sendo responsável pela renovação do ar interno, sem causar transtornos, como
co o
deslocamento de folhas de papel e objetos, comuns em ambientes de escritório.
Desta forma foram comprovadas as soluções adotadas para o pavimento tipo
definidas na proposta 03 desenvolvida. A seguir são expostas na Figura 54 as perspectivas
internas para os dois tipos de pavimento.
Figura 54 - Perspectivas internas dos pavimentos tipo

Fonte: Produção própria (2014)


115

7.2.3. Implantação e pavimento térreo


Após a definição do pavimento tipo e concomitantemente aos estudos da torre
corporativa, foi feita a locação da edificação no lote. Inicialmente, posicionou-se a torre
corporativa no centro daquele para distanciá-la das duas vias de rolamento lindeiras, com a
intenção de atenuar os ruídos provenientes do tráfego de veículos.
Essa solução garantiu espaço para o gerenciamento do acesso e circulação de
veículos e pessoas dentro do lote e para a locação do setor de eventos no recuo frontal da
edificação. Porém, foi identificado que os recuos mínimos estabelecidos pela legislação
municipal foram invadidos, desta forma, foi necessário girar a edificação em 8 graus no
sentido horário, com a intenção de deixa-la mais paralela aos limites do lote, e assim, foram
atendidos os limites definidos pela norma. A rotação da edificação não causou prejuízos ao
seu posicionamento em relação a geometria solar e ventilação dominante, uma vez que os
blocos das salas corporativas ainda ficaram dispostos no eixo Leste/Oeste (Figura 55).
Figura 55 - Implantação do pavimento tipo no lote

Fonte: Produção própria (2014)

Num primeiro estudo (Figura 56), o setor de eventos foi posicionado em prédio
segregado à torre corporativa e conectado à mesma por uma cobertura de estrutura
metálica e vidro. Nele foram abrigados um auditório, com foyer, as salas de múltiplos usos e
os banheiros que atendem a esses ambientes.
116

Figura 56 – Implantação – proposta 1

Fonte: Produção própria (2014)


Embora tenha resolvido o programa de necessidades definido, essa solução não
incorporou o princípio conectividade definido para o projeto, uma vez que o bloco de
eventos e o acesso de veículos para embarque e desembarque criaram obstáculo para o
fluxo de pessoas dentro do lote. Com a intenção de solucionar esse problema, o setor de
eventos foi deslocado para o subsolo 03 como mostra o diagrama da Figura 57.
Figura 57 - Diagrama da setorização vertical da edificação

Fonte: Produção própria (2014)


Essa decisão foi tomada uma vez que os ambientes que compõe o setor de eventos,
auditório, salas múltiplos usos e banheiros são, pelo seu uso, iluminados e condicionados
artificialmente. Sendo assim, a locação deste setor no subsolo não traz prejuízos ao conforto
117

dos seus usuários, uma vez que foram previstas soluções para iluminação e renovação de ar
destes ambientes através de poços de iluminação e ventilação
Com a locação do setor de eventos no subsolo abriu espaço para o gerenciamento
dos recuos frontais do lote. Foi proposta uma praça na porção lindeira à Av. Hermes da
Fonseca, que tem a função de convidar o transeunte a cruzar o lote, pois este permite a
conexão pedonal entre aquela via e a Av. Afonso Pena, na porção oposta do lote. Com essa
nova configuração, o princípio da conectividade entre o espaço púbico e privado foi
incorporado ao projeto (Figura 58).
A praça possui aberturas que tem a função de iluminar e ventilar naturalmente o
subsolo. Quatro dessas aberturas também tem a função de integrar visualmente os subsolos
com o nível da rua. Essa solução partiu do estudo de referência realizado no setor de locação
de veículos do aeroporto de Amsterdam (Figura 58).
Um eixo de conexão entre as vias de acesso foi demarcado por jardineiras e bancos
na face Sul do terreno. O muro desta face foi afastado do limite do lote para criar um duto
de ventilação dos subsolos. Esse muro é formado por paredes curvas desencontradas que
abrigam jardineiras elevadas. Essa solução foi adotada para criar um jardim vertical que
rompe com a aridez da alvenaria do muro, criando uma solução estética interessante. Por
permitir a passagem de ventilação entre suas aberturas, a parede não cria uma sombra de
vento na passagem dos pedestres.
A pavimentação apresenta uma área de transição entre si e o jardim através da
alternância aleatória de módulos da paginação o que cria um efeito de dissolução entre os
elementos artificial e natural.
118

Figura 58 - Estudo para o pavimento térreo

Fonte: Planta e perspectivas: produção própria (2014);


O térreo e o mezanino da torre corporativa abrigam o lobby com recepção,
restaurante e dois escritórios corporativos. O lobby e o restaurante possuem pé direito
duplo e ocupam os blocos Norte e Leste. As duas salas estão locadas na torre Sul. O
restaurante possui conexão diretamente com a praça, essa solução foi tomada para que ele
atendesse, além do púbico da edificação, os usuários da fração urbana em que a edificação
está inserida. Deste modo, ocorre aumento da interação da edificação com a comunidade e
garante a viabilidade econômica para o restaurante.
Por fim, foi posicionada uma baia de embarque/desembarque no limite com a Av.
Hermes da Fonseca, sendo que o acesso dos veículos é feito pela Av. Afonso Pena.
Embora as soluções adotadas nesta proposta tenham aumentado a conexão da
edificação com a fração urbana que ela está inserida, o conceito de urbanidade expresso na
previsão de uma praça é tímido, uma vez que todo o fluxo de pedestres que não tem a
intenção de entrar na edificação é segregado à lateral Sul do lote. Outro ponto de fragilidade
identificado é a locação do restaurante, que está na face oposta ao do fluxo de pedestres.
119

Com a intenção solucionar a essas questões, foi estabelecido um eixo de conexão


entre a face Norte e Sul no recuo da porção leste do lote (Figura 59 e Figura 60), esse eixo
promove uma secção na edificação nos pontos em que há interseção entre ele e os
pavimentos térreo e mezanino (formados pelo lobby). Destarte, fica claro que,
hierarquicamente, a conexão entre o meio público da rua e passeios tem maior peso do que
a própria edificação, uma vez que ela é seccionada por esse eixo. Essa relação também é
marcada pela adoção de revestimento em tonalidade mais escura para esse eixo, em
comparação aos escolhidos para as outras pavimentações e materiais da praça, criando uma
relação de figura/fundo onde a figura é o eixo de conexão e o fundo são os outros elementos
da praça (Figura 61).
Figura 59 - Planta baixa do pavimento térreo

Fonte: Produção própria (2014)


120

Figura 60 - Planta baixa do pavimento térreo

Fonte: Produção própria (2014)


Figura 61 - Perspectivas da implantação

Fonte: Produção própria (2014)


Assim como na solução anterior, elementos do mobiliário da praça, como bancos e
jardineirass marcam os eixos de conexão entre as duas vias de confinantes ao lote. As
jardineiras são elevadas do piso para possibilitar o plantio de árvores para o sombreamento
da praça, uma vez que, com o estacionamento locado no subsolo, há uma lâmina fina de
substrato
trato para o plantio de gramíneas e arbustos de pequeno porte na área ajardinada no
nível da rua.
A paginação do piso que “se dissolve” na área do jardim, presente na solução
anterior, foi mantida e aplicada em outras áreas da praça, que também teve a sua superfície
121

de jardim aumentada, ficando o pavimento somente nas regiões onde haverá o fluxo de
pedestres.
A área de jardim também foi aumentada para criar um microclima agradável à praça,
uma vez que, segundo Lamberts, Dutra e Pereira (p. 35, 1990), " em locais arborizados, a
vegetação pode interceptar entre 60% a 90% da radiação solar, causando uma redução
substancial da temperatura da superfície do solo".
A baia de embarque e desembarque foi posicionada em paralelo com a Av. Hermes
da Fonseca, e, dessa maneira, o acesso de veículos integra-se a paisagem da via pública, não
interfere no desenho da praça e são eliminadas as zonas de conflito entre pedestres e
automóveis (faixa de pedestres) da proposta anterior.
O restaurante foi deslocado para o bloco Sul e tem acesso ao púbico somente pela
praça. Essa solução foi tomada para gerenciar o fluxo de pessoas entre as áreas públicas e
privadas da edificação. A sua conexão com o restante da edificação ocorre somente por um
monta-cargas entre a cozinha do restaurante no térreo e seu depósito no subsolo 01.
As aberturas na laje para ventilação e conexão visual com os subsolos passaram a ter
seção circular o que promoveu uma relação mais harmônica destas com o desenho da praça,
e o peitoril, que era de alvenaria, passou a ser em chapas de vidro laminado, garantindo
maior integração visual e leveza à implantação destes elementos.
Os acessos à torre corporativa são controlados por catracas associadas aos
elevadores pelo sistema de tecnologia de informação. Desta forma, os acessos aos
elevadores sociais são controlados por crachás fornecidos aos usuários cadastrados e
visitantes. Informações existentes nos crachás só permitem parada dos elevadores em
andares previamente autorizados. Essa tecnologia gerencia o fluxo de pessoas dentro da
torre.
Ainda para gerenciar o fluxo de pessoas entre as áreas públicas e privadas da
edificação, foram acrescentados dois elevadores que interligam os pavimentos dos subsolos
com o térreo. Assim, o visitante da edificação tem acesso livre ao estacionamento e ao setor
de serviço para depois passar pela triagem. Essa solução permite que as vagas de
estacionamento da edificação, que foram superdimensionadas em relação às exigências da
legislação, sejam ocupadas por usuários que se destinam a outros locais na fração urbana
em que está inserida a edificação proposta. Trata-se de um impacto positivo no meio
122

circundante ao lote, pois foi constatada carência de vagas de estacionamento através de um


levantamento feito na área.
Na Figura 62 são expostas perspectiva
p do acesso principal, recepção, restaurante e
praça de entrada do pavimento térreo da edificação corporativa.
Figura 62 - Perspectivas do pavimento térreo

Fonte: Produção própria (2014)

7.2.4. Subsolos, cobertura e heliponto


A proposta consta com 03 pavimentos de subsolo,, totalmente abaixo do nível da rua,
destinados à acomodação do setor de eventos, do setor de serviço e do estacionamento. Os
subsolos foram projetados com o intuito de melhor servir às especificidades técnicas e a
extrair o máximo de aproveitamento das finalidades de uso aos quais os ambientes neles
situados exigem. Desse modo, se optou por concentrar aqueles de uso prolongado e de
abrigo de maquinário na área central - núcleo - que corresponde aproximadamente à
projeção da torre corporativa, onde também é encontrada a circulação vertical. Na
periferia, foram distribuídas as vagas de estacionamento e as vias de circulação de veículos.
Foram previstos 02 elevadores exclusivamente para fazer a ligação dos pavimentos
de subsolo com o térreo, possibilitando maior controle de acesso aos pavimentos superiores
feita através de outra bateria de elevadores e do elevador
elevado de segurança. Além disso, os
elevadores subsolos-térreo
térreo também
também têm a função de mitigar o impacto na circulação vertical
de um evento realizado no setor de eventos do complexo.
123

O setor de eventos foi posicionado no terceiro subsolo (Figura 64), o mais profundo,
para facilitar o gerenciamento dos fluxos de veículos e pessoas, bem como a ocupação do
estacionamento, uma vez que as vagas situadas no primeiro e segundo subsolo terão maior
procura para quem quer acessar o térreo ou os andares da torre corporativa. As vagas no
terceiro subsolo terão maior procura nos dias em que estarão programados eventos.
No subsolo 01 (Figura 63) encontram-se os ambientes de permanência prolongada
do setor de serviço (como administração e sala de segurança) e os vestiários para que
possam receber iluminação natural do poço de iluminação locado entre a torre corporativa e
a rampa de acesso. A inclinação da rampa faz com que as janelas desses ambientes recebam
iluminação natural.
Nesse subsolo também foi posicionado o drive thru para documentos com a
finalidade de que o acesso dos veículos a ele destinados seja rápido e eficiente. Associado ao
drive thru está o setor de triagem e expedição de documentos e correspondências da
edificação. As entregas do correio ou outros sistemas de correspondências, também deverá
ser realizada diretamente neste setor, para evitar acúmulo de função nas recepções.
Ainda no subsolo 01, encontra-se a sala de tecnologia da informação que abriga os
equipamentos responsáveis pela automação predial da edificação. Estes equipamentos têm
importante papel na eficiência energética da edificação, uma vez que gerenciam os sistemas
de elevadores, de ar-condicionado, de iluminação, de reaproveitamento da água, de co-
geração de energia e de controle do fluxo de pessoas dentro da edificação.
124

Figura 63 - Subsolo 01

Fonte: Produção própria (2014)


No subsolo 02, foram locados o centro de medição de energia elétrica para onde
convergem também o cabeamento de controle dos sistemas de condicionamento de ar
referente a cada sala, de telefonia e internet e de triagem dos resíduos sólidos recicláveis -
centro lógico.
Como já dito, o setor de eventos está locado no subsolo 03 (Figura 64) e é composto
por auditório com capacidade para 154 lugares, 02 salas múltiplos usos, que podem se
transformar em uma única sala maior, uma vez que foi adotado um sistema de divisórias
móveis, banheiros masculinos e femininos, espaço para coffee break, copa e recepção. Neste
subsolo ainda foram locadas a sala dos geradores, a subestação de energia elétrica e 04
reservatórios de água enterrados no solo, sendo 02 para água potável e 02 para água do
sistema de reaproveitamento de água.
Com a instalação do setor de eventos no subsolo 03 foi necessário colocar mais uma
escada para evacuação da área em caso de incêndio e pânico. Esta escada, externa a
edificação, conecta o subsolo 03 com a praça no pavimento térreo.
125

Figura 64 - Subsolo 03

Fonte: Produção própria (2014)


No último pavimento da edificação estão as lajes técnica, mirante e heliponto (Figura
65) O piso das lajes técnicas e do mirante recebem uma camada de isolante térmico e
acústico para evitar transmissão de calor e ruídos nos escritórios do pavimento 22 (último
pavimento de salas). As lajes técnicas recebem as máquinas condensadoras do sistema de
ar-condicionado e a escada metálica de acesso ao heliporto. O mirante é um espaço para
eventos, descanso e contemplação que permite a visualização do Parque das Dunas e do
mar. Acima da escada enclausurada foi locado o reservatório superior e entre a laje do hall
dos elevadores e do heliponto foi locada a casa de máquinas nos elevadores.
126

Figura 65 - Pavimento técnico

Fonte: Produção própria (2014)


O heliponto locado no topo da edificação (Figura 66), promove sobreamento nas
reentrâncias e pontes entre os pavimentos e tem a função de coroamento da torre
corporativa funcionando como elemento formal importante na volumetria da proposta. Para
a definição do heliponto foram utilizadas as diretrizes projetuais contidas na Portaria N-18
GM5 da ANAC.
Figura 66 - Heliponto

Fonte: Produção própria (2014)


127

Durante o processo de projetação da edificação foi verificado se as prescrições das


condicionantes normativas foram atendidas. Para o calculo foi considerado: área do lote:
5.013,36m2, área construída (para calculo do coeficiente de aproveitamento na qual se
excluem garagens, casa de lixo, casa de máquina e subestações): 9.443,50m2 e área
construída total da edificação: 21.637,57 m2. A Tabela 18 trás o resumo das principais
prescrições urbanística do resultado final da proposta .
Tabela 18- Quadro resumo das precisões normativas atendidas
PRECISÕES NORMATIVAS ATENDIDAS
CONDICIONANTE INSTRUMENTO PRESCIÇÃO ROJETO
Coeficiente de aproveitamento Plano Diretor de Natal 3,5 (máximo) 1,9
Taxa de ocupação Plano Diretor de Natal
Térreo 80% (máxima) 8%
Segundo Pavimento 80% (máxima) 8%
Subsolo 01 80% (máxima) 79%
Subsolo 02 80% (máxima) 78%
Subsolo 03 80% (máxima) 77%
Taxa permeável Plano Diretor de Natal 20% (mínima) 36%
Recuos Plano Diretor de Natal
Frontal Hermes da Fonseca 11,10 m 51,37
Frontal Romualdo Galvão 11,10 m 23,81
Lateral Norte 9,60m 9,71
Lateral Sul 9,60m 11,24
Vagas para veículos Código de Obras de Natal 2 287
237 vagas(1 vaga por 40m )
Vagas portador de necessidades especiais NBR 9050 6 vagas(2% das vagas) 11
Vagas para idosos Lei federal nº 10.741 15 vagas (5% das vagas) 18
Fonte: Produção própria (2014)

7.1. Materiais, componentes construtivos e equipamentos


Este tópico consta de indicações, justificativas e sugestões de diretrizes projetuais
relacionadas à escolha dos sistemas construtivos, de gestão de água e energia elétrica da
edificação que não foram apontados ou suficientemente detalhados nos tópicos anteriores.
As informações ora apresentadas não estão imbuídas da finalidade de abarcar todas
as especificações técnicas necessárias para a construção da edificação, uma vez que o
objetivo deste trabalho é elaborar um anteprojeto de uma edificação corporativa. Destarte,
são feitos os apontamentos necessários para compreensão da concepção arquitetônica.
Sistemas de vedações internas
Para a divisão interna entre os ambientes é proposto dois sistemas:
a) Alvenaria em bloco de concreto pré-moldados, para as paredes que limitam os
poços dos elevadores e escadas. Esse sistema foi escolhido para atender as
exigências prescritas na NBR 9077 - Saída de emergência em edifícios (ABNT, 2001);
128

b) Para as demais paredes foi escolhido o sistema drywall. Sistema composto por
estrutura de aço galvanizado perfilado em "U" revestidos em chapas de gesso
acartonado. O vazio formado entre os perfis metálicos da estrutura é preenchido por
camada de isolamento acústico quando o uso dos ambientes assim exigir.
Sistema de vedação externa
Segundo Mahfuz (2009), a fachada pode ser entendida como algo mais que uma
manifestação bidimensional do limite vertical dos edifícios, abrangendo toda sua espessura
e todos os elementos usados para defini-la. Desse modo, foram tratados como elementos
de vedação externa a alvenaria e os revestimentos externos.
O sistema de vedação externa de uma edificação tem uma importância bastante
significativa no resultado do conforto interno, pois é por ele que acontece a troca de calor
entre o ambiente interno e externo. Os parâmetros para o conforto interno utilizados neste
projeto foram extraídos dos critérios para obtenção da certificação LEED para edifícios
comerciais e da norma de desempenho NBR 15575-1 (ABNT, 2008), são eles: (1) conforto
térmico; (2) qualidade do ar; (3) conforto lumínico; (4) conforto acústico; (5) conforto
antropodinâmico (referente à ergonomia e à acessibilidade).
As quatro primeiras categorias têm grande influência no sistema de vedação externa
adotado na edificação. Segundo Lio (2010), a influência da vedação externa no conforto
acústico em edifícios de escritórios refere-se ao isolamento do ambiente interno de ruídos
provenientes de fontes externas da edificação. Esse isolamento pode ser obtido de forma
que a composição dos materiais da envoltória considere a transmissão e absorção do som e
evite frestas no seu sistema.
O conforto lumínico e qualidade do ar estão relacionados a proporção entre as
superfícies opacas e as transparentes da envoltória, e entre as aberturas para entrada e
saída de ar nos ambientes internos.
A envoltória pode funcionar como solução passiva para garantir o conforto térmico
dos ambientes internos da edificação. A diminuição do consumo de energia elétrica para
prover o conforto térmico está diretamente relacionado à questão da sustentabilidade do
edifício em sua operação, pois, quanto menos energia elétrica um edifício consome mais
sustentável ele é.
129

Para o sistema de vedação externa do edifício proposto foi escolhido o sistema de


multicamadas com câmara de ar também conhecida no mercado brasileiro como fachada
ventilada. Trata-se de um sistema de proteção e revestimento exterior de edifícios
caracterizada pelo afastamento entre a parede do edifício e o revestimento, criando uma
câmara de ar em movimento. A câmara de ar entre a parede e o revestimento permite a
ventilação natural e contínua da alvenaria externa, diminuindo, assim, o ganho de carga
térmica pela envoltória e a umidade na alvenaria externa.
O sistema de fachada ventilada possui montagem fácil e possibilita a instalação dos
dutos elétricos e hidrossanitários no espaço criado entre a parede e o revestimento. Suas
multicamadas são compostas por:
a) revestimento exterior com função estética e de proteção. Tem várias opções
sendo as mais comuns: placas cimentícias, pedra natural, chapas metálicas, madeira,
cerâmica, vidros, polímeros e compostos fenólicos;
b) câmara de ar;
c) estrutura de fixação na alvenaria da edificação e sobre a qual é aplicada o
revestimento. Pode ser de metal ou madeira, e sua principal função é dar
estabilidade ao sistema. Determina a espessura da câmara de ar;
d) capa isolante aplicada na parede da edificação com função de regulador térmico.
Nas paredes externas com 30cm de espessura, a alvenaria externa recebe uma
cobertura com camada de material com baixa emissividade (barreira radiante) sobre a qual
são fixados os montantes em alumínio criando uma câmara de ar de 06 cm. Nos montantes
são fixadas chapas de alumínio na cor branco perolado. O sistema de fixação e o material de
acabamento podem ser visualizados na Figura 67.
130

Figura 67 - Placas de Alumínio e sistema de fixação

Fonte: Alucobond, 2014


Nas paredes de maior espessura, paredes que recebem maior radiação solar direta, a
alvenaria externa também recebe camada de material de baixa emissividade. Os montantes
em alumínio formam uma câmara de ar de 20 cm. Nos montantes são fixados placas de
cerâmica de 05 mm de espessura. O sistema de fixação e o material de acabamento podem
ser visualizados na Figura 68.
Figura 68 - Placas cerâmicas e sistema de fixação

Fonte: Hunterdouglas, 2014


A alvenaria de vedação externa é em blocos pré-moldados de concreto e espuma de
poliestireno expandida com dimensões de 55 x 45 x 08 cm. Esse bloco pré-moldado é
fabricado por uma empresa local e foi escolhido para a vedação externa da edificação pelos
motivos listados abaixo:
a) tem bom desempenho térmico e acústico devido ao material isolante na sua
composição (espuma de poliestireno expandida);
131

b) proporciona maior rapidez da execução e evita desperdícios por ser um


componente pré-fabricada;
c) reduz o consumo de cimento na sua fabricação, que é em parte substituído pela
espuma de poliestireno expandida;
d) utiliza material reciclado (espuma de poliestireno expandida).
Na Figura 69, abaixo, pode-se observar um esquema do sistema de vedação externa
aplicado na edificação corporativa.
Figura 69 - Sistema de vedação externa

Fonte: Produção própria (2014)


Esquadrias e elementos de sombreamento
As esquadrias serão compostas de estrutura com caixilhos em alumínio anodizado na
cor bronze e vedação em vidros laminados de baixa emissividade. Os elementos de
sombreamento, brises e peles rendilhadas, também serão executados em alumínio
anodizado na cor bronze.
O alumínio anodizado foi escolhido por ser um material facilmente reciclável, com
boa resistência mecânica, maleável, leve (o que diminui os esforços e necessidade de reforço
estrutural para seu suporte na alvenaria) e durável (apresenta alta resistência à corrosão).
Revestimentos e pavimentos
Neste tópico é feita a indicação dos materiais de acabamento que não foram
discutidos ao longo do processo projetual.
Para a praça locada no pavimento térreo, elementos de conexão entre os blocos e o
mirante localizado no último pavimento da edificação foi especificado piso em granito com
acabamento levigado (antiderrapante). Esse piso foi escolhido pelo seu desempenho
132

estético, durabilidade e por possuir superfície regular com juntas secas, oferecendo conforto
no deslocamento de pedestres e cadeirantes. Foram aplicados placas de granitos em
diferentes padrões e dimensões na paginação desses ambientes.
As jardineiras elevadas são em placas duplas de granito levigado.
O muro da face Norte e as paredes de proteção da rampa de acesso do
estacionamento, recebem revestimento em pedra natural calcária cortadas em diferentes
tamanhos e aplicadas artesanalmente no local. Essa pedra foi usada na intenção de aplicar
um material regional na edificação e pelo seu resultado estético.
As paredes curvas que formam o jardim vertical ventilado recebem revestimento em
granito levigado e placas cerâmica terracota.
Nos acessos de veículos foi proposto concreto texturizado. Esse revestimento foi
proposto uma vez que essa pavimentação é aplicada sobre laje de concreto do subsolo.
Desse modo, será necessário aplicar uma fina camada de concreto, para dar o acabamento
antiderrapante, na superfície superior da laje do subsolo.
Para o piso do estacionamento, o concreto da laje do pavimento inferior será
regularizado e recebe tinta epóxi na cor amarela para delimitação das vagas de
estacionamento e sinalização horizontal.
O piso das áreas de circulação, hall dos elevadores e setor de eventos é em granito
polido pelo seu resultado estético, durabilidade e por possuir superfície regular com juntas
secas oferecendo conforto no deslocamento de pedestres e cadeirantes.
Os demais ambientes da edificação receberam placas de porcelanato ultrafino com
resistência para alto tráfego.
As paredes dos acessos dos estacionamentos e do setor de eventos devem receber
revestimento em chapas de alumínio branco perolado. As paredes do hall do elevadores
recebem granito polido. As demais paredes da edificação, bem como os forros de gesso,
recebem tinta acrílica na cor branca.
Dispositivos economizadores de água
Para reduzir o consumo de água na edificação foi especificado o uso de torneiras com
arejadores e acionamento automático nos banheiros. As torneiras dos depósitos, copa e
cozinhas são de acionamento manual com arejadores. As bacias sanitárias são dotadas de
133

sistema de descarga com volume nominal inferior ou igual a 06 litros e com duplo
acionamento.
Sistema de reaproveitamento de água
O sistema de reaproveitamento de água reutiliza as águas pluviais e dos drenos do
sistema de ar-condicionado. As águas pluviais reaproveitadas são recolhidas nos jardins dos
pavimentos, na área ajardinada da praça (que recolhe também a água que escoa dos
passeios), das lajes técnicas, do mirante, do heliponto e da área de resgate. O sistema de
recolhimento das águas dos jardins pode ser visualizado no esquema da Figura 70, as demais
áreas tem suas águas recolhidas por ralos com sistema de filtros.
Figura 70 - Esquema do recolhimento das águas pluviais nas áreas ajardinadas

Fonte: Produção própria (2014)

As águas recolhidas são filtradas e armazenadas em dois dos quatro reservatórios


instalados no subsolo 03. Se a quantidade de água armazenada ultrapassar a capacidade dos
reservatórios essas são infiltradas no solo pelos poços de infiltração também localizados no
subsolo 03.
Os pontos de utilização que recebem água pluvial reaproveitada devem ser
instalados somente em áreas técnicas e ser de uso restrito. Devem ser previstas medidas
que impeçam o contato da água pluvial com a água potável e previstos monitoramento e
análise da água conforme a NBR 15527 (ABNT,2007).
Equipamentos eficientes
No projeto de arquitetura, as soluções empregadas por muitas vezes dependem de
componentes e equipamentos não construtivos que são necessários para o seu
funcionamento. Muitos desses equipamentos podem, quando bem especificados,
134

economizar recursos naturais, evitar o desperdícios e energia elétrica e aumentar o conforto


dos usuários.
O papel do arquiteto soma-se, neste momento, ao de outros profissionais envolvidos
no processo de projeto da edificação, com o objetivo de otimizar a instalação desses
sistemas. Isto posto, foram feitas indicações e diretrizes, considerando as ações sustentáveis
definidas na agenda sustentável do edifício corporativo e outros sistemas de certificação
estudados, sobre alguns equipamentos e sistemas de modo a integrar as soluções projetuais
adotadas nesta etapa com as que seriam utilizadas no desenvolvimento do projeto, nas
etapas de projeto básico e executivo.
a) Iluminação
A iluminação da praça deverá ser instalada com iluminância adequada para o
deslocamento das pessoas e a segurança do local. Devem ser, destacados com iluminação
cênica, os elementos paisagísticos como as árvores e o jardim vertical ventilado. A edificação
também deve ser destacada com iluminação cênica, com ênfase aos elementos construtivos,
tais como o rendilhado da marquise, dos elementos de proteção vertical dos pavimentos e
do restaurante. Devem ser instaladas luminárias embutidas no solo balizando os caminhos
principais (eixos de conexão e entrada da edificação). A iluminação deverá ser
preferencialmente indireta, podendo ser instalados postes, caso a iluminação cênica e dos
elementos balizadores não atinjam a iluminância adequada. Toda a iluminação da praça e
dos elementos construtivos externos deverá ser feita por lâmpadas, fitas e emissores de
LED.
Os ambientes internos devem ser iluminados por sistemas eficientes que especifique
o tipo de fonte luminosa e a quantidade de iluminação adequada para as atividades
desenvolvidas.
Quanto aos sistemas de acionamento, nos estacionamentos, corredores de serviço e
acessos dos estacionamentos, devem ser instalados sistemas duplos de acionamento manual
e de sensor de presença, para que fora do horário de grande movimento o sistema de
iluminação seja acionado somente quando necessário.
Nas escadas e antecâmaras devem ser instalados sensores de presença e a
iluminação externa deve ser acionada por fotocélulas.
135

No hall dos elevadores devem ser instalados sistemas duplos de acionamento manual
e de sensor de presença, para que o sensor só seja acionado quando necessário, uma vez
que a iluminação natural é suficiente para iluminar os ambientes em caso de dia de céu
claro.
Os demais ambientes devem ter acionamento manual do sistema de iluminação. Os
controles manuais devem ser facilmente acessíveis e localizados de tal forma que seja
possível ver todo o sistema de iluminação que está sendo controlado
b) Ar- condicionado
Foi definido o sistema VRV (volume de refrigeração variável) para a climatização dos
ambientes da edificação. O VRV é um sistema tipo split em que o fluxo de gás refrigerante
pode ser direcionado para os locais que a necessidade de refrigeração é maior. O sistema
permite que as máquinas evaporadoras sejam locadas à longa distância das unidades
condensadoras, o que possibilitou a instalação destas no pavimento técnico da edificação.
Este sistema permite a medição individualizada de energia de cada máquina ou conjunto de
máquinas e é mais eficiente comparado a outros sistemas do tipo split.
c) Elevadores
Foram adotados sistemas de elevadores eficientes que são integrados pelo sistema
de TI às catracas de acesso à torre corporativa. Essa solução otimiza o tráfego e o
gerenciamento de filas nos halls, antecipando as chamadas através de terminais inteligentes
acionados pelas catracas, que só permite que o passageiro siga para o andar previamente
autorizado. Com informação prévia do destino, o sistema indica para o usuário qual elevador
irá atendê-lo e pode agrupar, num único elevador, pessoas que vão para o mesmo andar ou
próximos, reduzindo o tempo de operação dos equipamentos e, consequentemente, o
consumo de energia em até 30%. Além disso, é possível diminuir o tempo de espera nos
andares e de viagem da cabina, garantindo mais conforto ao usuário.
Os elevadores possuem sistemas mecânicos modernos sem engrenagem, diminuindo
a necessidade de manutenção, e sistema ou técnica de inversão de frequência que faz com
que a energia dispensada para o elevador funcionar varie de acordo com o peso da carga,
gastando menos quando há um número menor de pessoas.
Os elevadores especificados ainda possuem sistema regenerativo de energia que é
uma tecnologia aplicada pelos fabricantes que permite a utilização de parte da energia
136

devolvida pelo elevador durante seu funcionamento para a rede elétrica interna da
edificação, resultando em economia em torno de 25% a 35%. No sistema convencional,
parte da energia da rede elétrica devolvida pelo elevador é dissipada num banco de
resistores e transformada em calor. Isso acontece porque o elevador devolve parte da
energia consumida em dois momentos: quando sobe com a cabina abaixo da metade da sua
capacidade ou quando desce com a capacidade acima de 50%. Com o novo sistema, a
energia é devolvida a partir da instalação de mais um inversor e, de forma simplificada, tanto
pode ser usada para o sistema de elevadores (um consome a energia devolvida pelo outro),
ou para a utilização do prédio como um todo (quando todos os elevadores estiverem
devolvendo energia ao mesmo tempo).
d) Geradores de energia
Os geradores de energia têm a função de suprir a necessidade de energia elétrica da
edificação quando houver interrupção do fornecimento e também têm a função de
cogeração de energia nos períodos de pico de fornecimento. Essa solução diminui a
demanda da rede pública de abastecimento e, por isso, a concessionária de energia fornece
descontos consideráveis para edifícios que adotam essa solução.
O ambiente indicado no projeto destinado para abrigar os geradores de energia
devem ser isolados acusticamente.
e) Subestação de energia
No projeto de arquitetura foi previsto local para instalação de uma subestação de
energia elétrica, para que a edificação receba energia em alta tensão. Edificações que
recebem energia em alta tensão são sujeitas a tarifas de valor mais baixo, desta forma, a
mudança de tarifa tem como consequência redução significativa no custo da energia elétrica
consumida pela edificação.
O ambiente indicado no projeto destinado para abrigar a subestação de energia
devem ser isolados acusticamente.
137

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática da arquitetura sustentável, dentro do campo de atuação do arquiteto, tem


vários propósitos: potencializar ao máximo os recursos naturais em iluminação e ventilação;
minimizar o impacto da construção no entorno ao considerar o sítio em que será inserida a
construção; racionalizar o uso da água; utilizar os materiais de modo consciente; estabelecer
o controle da qualidade do ar; propiciar a eficiência energética durante a construção e,
principalmente, na pós-ocupação.
Assim podemos definir como sustentável uma arquitetura que avalie suas
etapas – Projeto, construção uso e/ou ocupação – através de quatro itens:
entorno, edificação em si, materiais e aspectos humanos e culturais
(PORTO, 2009).
A questão da sustentabilidade foi abordada, neste trabalho, dentro do processo de
concepção arquitetônica e relativa à tipologia do edifício corporativo. Para tanto,
inicialmente, foram estabelecidos princípios norteadores extraídos e delimitados de um
recorte teórico-conceitual (Capítulo 02) - sustentabilidade, flexibilidade e conectividade.
Procurou-se, no processo de concepção do projeto, consubstanciá-los nas dimensões formal,
construtiva e operativa da edificação, entretanto, esta última se deu apenas em sugestões,
uma vez que a proposta se limitou ao anteprojeto.
Estes princípios mostraram o caminho a ser percorrido, enquanto as ações de
sustentabilidade, definidas na agenda sustentável da edificação, foram as ferramentas
utilizadas para percorrê-lo. Esta agenda foi empregada como metodologia de projeto e sua
elaboração foi uma construção própria a partir do estudo dos sistemas de avaliação de
desempenho ambiental das construções, especialmente o estabelecido pelo Manual de
obtenção do Selo Casa Azul, certificação ambiental desenvolvida por pesquisadores
brasileiros para a prática e realidade da construção no Brasil.
Esse estudo, por sua vez, corroborou o entendimento da importância da posição do
arquiteto como profissional responsável por criar a base para nortear todo o processo de
projeto e construção de uma edificação sustentável, uma vez que lhe compete, em atuação
isolada ou em conjunto com outros agentes, grande número de ações que contribuem para
o caráter sustentável de uma edificação.
138

Os 53 critérios de avaliação constantes no Manual de obtenção do Selo Casa Azul


foram analisados e traduzidos em diretrizes sustentáveis incorporadas ao projeto de
arquitetura do edifício corporativo ora desenvolvido desde a sua concepção, organizadas na
já mencionada agenda em que se fez a relação entre a ação sustentável adotada e a etapa
do processo de projetação em que seria aplicada, tudo conforme o diagrama da Figura 71.
Figura 71 - Diagrama do método adotado para definir a agenda sustentável do edifício corporativo

Fonte: Produção própria (2014)


Do emprego do Manual Selo Casa Azul na presente dissertação, chegou-se às
seguintes considerações: observou-se que seu ponto forte é o incentivo à observação das
características do lugar onde o empreendimento irá ser implantado a partir da adoção de
critérios como qualidade do entorno (infraestrutura, impactos, relação com a vizinhança e
desempenho térmico) e vedações e desempenho térmico (orientação ao sol e ventos).
Diferentes sítios exigem distintas estratégias de projeto para solucioná-las. Como ponto de
fragilidade do Manual, pode ser apontado a falta de pesos à pontuação dos critérios de
avaliação. Na metodologia da certificação, cada critério corresponde a 01 ponto. Desta
forma, ações com baixo impacto no caráter sustentável da edificação como a utilização de
formas e escoras reutilizáveis em detrimento das formas em madeira, têm o mesmo peso
do critério desempenho térmico - vedações, no qual todos os sistemas de vedação da
edificação são definidos a partir das diretrizes estabelecidas pelo zoneamento bioclimático
brasileiro contido na NBR 15220-3 (ABNT, 2005).
Os estudos de referência realizados, sobretudo o estudo presencial, no Eldorado
Bussiness Tower, foram importantes para perceber como as ações de sustentabilidade
elencadas na agenda foram traduzidas em soluções projetuais nas edificações estudadas e
forneceram informações que subsidiaram as definições do perfil dos usuários e do programa
139

de necessidades e subsidiou o pré-dimensionamento dos ambientes, etapas dos


condicionantes projetuais, em que foram abordadas as limitações e as características que
influenciam o projeto do edifício proposto.
O partido arquitetônico definido para o edifício corporativo procurou traduzir, em
uma solução formal, os princípios e as diretrizes projetuais ambicionadas para o projeto.
A partir da análise de todo o processo percorrido para elaborar o projeto de um
edifício corporativo com ênfase na sustentabilidade ambiental pode-se perceber que
algumas das ações de sustentabilidade, como a indicação de equipamentos eficientes
energeticamente, embora estivessem associadas ao trabalho do arquiteto, não possuem
rebatimento nas expressões formal e construtiva do edifício, estando mais relacionadas ao
seu funcionamento e operação. E ainda: que não existe um caminho definido ou uma
fórmula para projetar um edifício sustentável. Na realidade, o que se conhece hoje como
arquitetura sustentável não envolve somente o conhecimento necessário à concepção do
projeto arquitetônico, mas sim o domínio de toda a cadeia construtiva. Cabe ao arquiteto
definir as ações de sustentabilidade relacionadas ao tipo e às características da edificação
projetada, as especificidades do local da implantação e do entorno, os condicionantes
projetuais, especialmente a legislação, e transformar essas ações em soluções projetuais
durante todo desenvolvimento da concepção arquitetônica. Seu papel é também o de
integrar e articular todas as etapas do processo de implementação de um empreendimento
sustentável.
140

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