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NATAL / RN
2022
LETÍCIA CRUZ VIEIRA
NATAL / RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Gabrielle Francinne de Souza Carvalho Tanus – Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
___________________________________________________________________
Profa. Ma. Maria da Conceição Davi – Membro interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Marília de Abreu de Paiva – Membro externo
Universidade Federal de Minas Gerais
Dedico esse trabalho a Leide Jane Cruz Vieira
(minha irmã, amiga e minha inspiração), por me
acompanhar e ajudar em todos os momentos de
minha vida. Eu te amo!
AGRADECIMENTOS
O momento de agradecer é bem especial porque nos recordamos de todas as pessoas que
nos ajudaram de alguma forma durante a grande trajetória que é a graduação.
Agradeço à minha irmã, Leide Jane, que sempre esteve ao meu lado, me ajudando em
tudo que é possível, especialmente na minha vida acadêmica, desde o ensino fundamental. Esse
TCC também é seu porque você sempre vai fazer parte de quem eu sou e minhas conquistas
sempre serão suas também. Eu te amo.
À minha mãe, dona Luzinete, que teve uma vida difícil desde criança. É uma guerreira
que mesmo em situações difíceis, sempre esteve pronto para apoiar seus filhos. Agradeço pelas
batalhas que a senhora enfrentou durante a vida para nos proteger. Te amo, mainha.
Ao meu irmão mais velho, Leandro, que assim como mainha, foi essencial para eu
chegar onde estou atualmente. Por muitas vezes, ele foi mais do que um irmão, foi um pai
também.
À Heytor que se tornou meu melhor amigo e tanto me ajudou nesses últimos anos. Eu
sou muito grata por ele ter surgido e permanecido em minha vida e não consigo nem imaginar
como teria sido a minha trajetória nos últimos anos sem ele ao meu lado. Sou extremamente
grata por você e todos os nossos momentos de amizade. Te amo.
Ao meu grupo favorito, meus amigos do ensino médio, também conhecidos como
“Pigs” (nome dado ao grupo dos amigos no WhatsApp). Eles fazem parte de quem eu sou e
sempre serei agradecida por nossas amizades. Sempre serei agradecida pela presença deles em
minha vida, mesmo que não seja fisicamente. Eu amo vocês.
À Paula, minha companheira de curso e dupla oficial dos trabalhos acadêmicos. Com
certeza ela foi um dos presentes mais especiais que eu recebi na vida desde o início da
graduação. Mais do que uma colega, ela se tornou amiga de vida. Nos apoiamos em vários
momentos e vivemos muitas coisas juntas. Eu te admiro muito e me sinto grata por ter tido você
ao meu lado desde 2017.1. Eu te amo, mulher.
À Malu, companheira especial que formava um trio comigo e Paula. Mesmo mudando
de curso bem no início da graduação, ela se tornou muito especial pra mim, se tornou uma
amiga também. Sou grata pelos momentos que vivemos e obrigada por ter me ajudado a estudar
para aquela prova de Lógica quando a minha vida estava uma bagunça no início da graduação.
A ajuda deu certo, fui bem na prova. Tenho orgulho do ser humano lindo que você é.
À Mónica Andrade que também foi uma colega especial durante a graduação, uma
pessoa com energia muito boa. Tivemos muitos momentos juntas, em específico nos trabalhos
em grupo e conversas entre as aulas. Tivemos até um trabalho, junto com Paula, premiado no
VIII ENEGI.
À Élen e Hariana, nos estressamos com os trabalhos em grupo, mas foi muito bom ter
vocês por perto durante o curso. Tivemos muitos momentos leves e engraçados. Obrigada.
Às pessoas de bom coração que me acolheram em suas casas durante o primeiro ano da
graduação enquanto eu esperava o resultado para entrar na Residência Universitária da UFRN.
Obrigada à Samita, Laíse e ao meu primo Lucas e seus pais. Grata pela ajuda de vocês.
Por último, mas não menos importante, agradeço à minha orientadora Gabrielle
Francinne de Souza Carvalho Tanus por ter embarcado nessa pesquisa comigo e por ter me
acalmado em momentos de agonia e por ter acreditado em mim.
The school library is an important device of Librarianship, as well as a fundamental part in the
constitution of schools that responsibly aim, above all, at the intellectual, informational,
cultural, and social formation of their students. It is a fundamental tool that should be available
as a support for the students. With the intention of outlining a panorama in which the school
libraries are insert in the city of Touros in Rio Grande do Norte, this research had as its general
objective to analyze the school libraries of the public system of the city. To meet the general
objective, the specific objectives were: discuss the importance of school libraries in the
educational and social development of students; and highlight the importance of the school
librarian in the school library space; identify the number of public schools in the city of Touros
and identify the resources (physical space, collection, computers with internet access,
cataloging and organization of the collection, services and activities, and human resources) that
the library has to serve its public, relating them to the parameters of the Grupo de estudos em
Biblioteca Escolar (GEBE) of the Universidade federal de Minas Gerais (UFMG) and whether
they develop social activities to encourage reading. The study is characterized as an applied
research, being exploratory and descriptive, fitting into a qualitative/quantitative approach. The
technique used for data collection was the questionnaire, built according to GEBE's evaluation
and planning instrument. The sample collected through the questionnaire was 14 responses
from principals of public schools in the city. In conclusion, it was possible to verify the absence
of libraries in most of the schools participating in the research, going against the Lei nº
12.244/2010; it was verified the absence of librarians in the libraries and none of them even
reach the full basic level of the indicators proposed by GEBE, as well as do not develop
activities to encourage reading.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 14
1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivos específicos ...................................................................................................... 16
1.2 Justificativa .................................................................................................................... 16
2 BIBLIOTECA ESCOLAR NO BRASIL: UM ENFOQUE HISTÓRICO .............. 19
3 O PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO NA BIBLIOTECA ESCOLAR ......................... 25
3.1 Requisitos e competências dos bibliotecários escolares ............................................. 29
4 PARÂMETROS PARA AS BIBLIOTECAS ESCOLARES .................................... 32
4.1 A biblioteca escolar na teoria e na prática .................................................................. 32
4.2 Recorte de situações das bibliotecas escolares no Brasil ........................................... 34
4.3 Diretrizes e Padrões para biblioteca escolar ............................................................... 37
5 METODOLOGIA ......................................................................................................... 42
5.1 O município de Touros/RN .......................................................................................... 43
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................................. 46
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 82
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 85
APÊNDICE A – LISTA DAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL E
ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE TOUROS/RN CEDIDA PELA SECRETARIA
DE EDUCAÇÃO ........................................................................................................... 91
APÊNDICE B – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS PARA O RETRATO
DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE
TOUROS DO RIO GRANDE DO NORTE ................................................................ 93
14
1 INTRODUÇÃO
1
Termo original em inglês: International Federation of Library Associations and Institutions.
15
Dessa forma, é possível observar a importância das bibliotecas escolares e como elas
são “instrumento de ação e aplicação dos valores humanos da sociedade” (SILVA, 2011, p.
490), entretanto, a realidade mostra que muitas vezes a Biblioteca Escolar não tem à sua
disposição espaço apropriado para desenvolver um atendimento de qualidade para os seus
usuários, tanto a estrutura física como a parte de recursos humanos especializado, catalogação,
organização e disponibilização adequada do acervo, sem esquecer que a falta de algum desses
instrumentos pode ser em decorrência de verba insuficiente para a manutenção e melhorias da
biblioteca. Os fatores em cada biblioteca podem variar dependendo do contexto em que elas
estão inseridas e geridas.
Tendo em vista os variados contextos em que as bibliotecas escolares estão inseridas no
Brasil, a partir disso, a presente pesquisa, analisa o panorama das Bibliotecas Escolares do
Município de Touros, situado no litoral leste do Rio Grande do Norte (RN). Deste modo, o
projeto traz a problemática das bibliotecas escolares da rede pública do município de
Touros/RN, como questionamento de que se essas bibliotecas dispõem de espaço físico, acervo,
computadores com acesso à internet, catalogação e organização do acervo, serviços, atividades
e recursos humanos especializados que contribuem para o desenvolvimento e enriquecimento
educacional e social dos alunos.
Para utilizar como parâmetros nestas bibliotecas, a pesquisa terá o auxílio do documento
“Biblioteca escolar como espaço de produção do conhecimento: Parâmetros para bibliotecas
escolares”, elaborado pelo Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar (GEBE) da Escola de
Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que “constitui um
referencial para a qualidade das bibliotecas escolares do país” (GEBE, 2010, p. 7), analisando
também se essas bibliotecas desenvolvem atividades sociais, em especial, que incentivam à
leitura. Após apresentar esses parâmetros, o livro conta com um instrumento de avaliação e
ampliação na busca de estender os pontos trabalhados anteriormente.
Com base nos pontos apresentados, a hipótese inicial da pesquisa é de que as Bibliotecas
Escolares da rede pública de Touros/RN possuem uma insuficiência na promoção de incentivo,
disponibilização de espaço físico, acervo, computadores com acesso à internet, organização do
acervo, serviços e atividades e recursos humanos que são essenciais na organização,
oferecimento de informação e atividades desenvolvidas em prol da formação educacional e
16
A partir do problema da pesquisa e de sua hipótese inicial, o projeto tem como objetivo
geral analisar as bibliotecas escolares da rede pública do município de Touros/RN.
1.2 Justificativa
especialmente em lugares fora das grandes cidades, expondo as dificuldades na sua realidade,
principalmente quando se trata da rede pública de ensino no Brasil, na tentativa de uma possível
melhoria de um ambiente que deve ter um potencial rico em informação e conhecimento de
forma acessível e estruturado para atender o seu público.
Residindo no município de Touros/RN desde 2000/2001 até o presente, estudei todo o
ensino fundamental na cidade, mais precisamente em uma escola pública municipal, a Escola
Municipal Dr. Orlando Flávio Junqueira Ayres. Tenho em memória poucos momentos dirigidos
exatamente à biblioteca e em alguns deles são de um espaço relativamente pequeno, em muitos
momentos não disponível para os alunos, possivelmente sem uma organização/catalogação
adequada dos materiais que ela possuía, empréstimos de livros registrados em um caderno.
É fundamental ressaltar a ausência de um bibliotecário no espaço e o prejuízo que isso
acarreta no âmbito individual e social. Professores eram/são designados a serem responsáveis
pela biblioteca, o que além de ser uma ilegalidade e um desrespeito com a profissão, a atuação
do professor não abarca toda a potencialidade que requer o ambiente da biblioteca escolar que
deve sempre prover serviços e produtos para a comunidade escolar.
A referida biblioteca escolar não possuía atividades exatamente voltadas para à leitura,
nos momentos que utilizei o espaço, lembro-me de ler algumas histórias em quadrinhos (HQs)
que eram os meus favoritos, ir à biblioteca buscar livro no horário da disciplina “língua
portuguesa”, o que era raro, ou em algum momento de horário vago pela falta de certo professor
no dia. Outra memória de visita à biblioteca é de uma aula de ciências que o professor
necessitava que assistíssemos a um documentário e o espaço que possuía uma TV e um aparelho
DVD era a biblioteca. Tais reminiscências demonstram um uso pouco efetivo e planejado da
biblioteca escolar, contrariando o que dispõe o manifesto da biblioteca escolar da
UNESCO/IFLA.
Apesar da biblioteca possuir bons livros infantis entre outras obras, possivelmente não
na quantidade adequada para atender ao seu público, o que poderia ser em razão das verbas
repassadas para uso em prol da biblioteca, falta de interesse por parte da gestão da escola, como
também a falta de um profissional que realizasse um planejamento adequado para tal ambiente
e lutasse para o desenvolvimento e melhor aproveitamento de um ambiente tão importante na
vida dos estudantes e de toda a comunidade escolar.
Ao relembrar esses momentos, hoje, tendo consciência da grande contribuição que uma
biblioteca escolar pode ter na vida de um aluno, tenho a sensação de querer contribuir para que
esses espaços sejam desenvolvidos da melhor forma possível, atendendo de forma qualificada
os seus usuários. Na intensão de que os alunos dessas escolas tenham uma biblioteca de
18
qualidade com serviços, atividades, ambiente com suporte adequado, uma estrutura que
contribua para a sua evolução intelectual e social, que eles possam olhar para trás e perceberem
como esse espaço foi fundamental para a sua admiração pela leitura, o seu desenvolvimento
educacional, como também para a sua construção social, na esperança de que, mesmo com as
dificuldades da vida, eles tenham orgulho dessa parte de sua trajetória.
A escolha da temática deste projeto se deu em decorrência da biblioteca escolar ser o
ambiente em que mais me surgiu o interesse em aprofundar os estudos e é a tipologia de
biblioteca que mais me agrada para que, em um futuro próximo, tenha a possibilidade de exercer
a profissão. Na realidade, até o presente momento, é o único espaço em que me vejo exercendo
a profissão. Assim, é interessante e facilitador que o trabalho de conclusão de curso seja sobre
a parte da Biblioteconomia que fez a minha expectativa e esperança surgir.
19
a biblioteca escolar, [...] em muitos casos, entre o século XVI e XIX, parecia
mais uma biblioteca especializada, por ser mais utilizada para estudos
20
Ainda no caminho para mudanças, um exemplo dessas ações foi em 1940/50 com “o
discurso da importância da composição do acervo e da participação direta dos usuários
discentes e dos pais na construção da biblioteca escolar por meio de ações pedagógicas”
(SILVA, 2011, p. 496).
“A partir da década de 1990, começam a serem observadas algumas políticas em nível
nacional que começam a apresentar, mesmo que de forma ainda tímida, alguns parâmetros para
o desenvolvimento da biblioteca escolar do país” (SALA; MILITÃO, 2017, p. 4671), como as
propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 1997 mencionadas por Campello
(2008, p. 17-18):
Essas políticas não eram exclusivas para tratar do desenvolvimento das bibliotecas
escolares, todavia se tratava da educação nas escolas, planos para que a qualidade dos serviços
prestados fossem satisfatórios e atendessem as necessidades dos alunos, desenvolvendo
cidadãos leitores, conscientes e críticos, o que para acontecer deveria ser um plano que
abarcasse as ações das escolas, em especial, as ações das bibliotecas.
Os PCN foram desenvolvidos pelo governo federal e entregues aos educadores em 1997,
com o propósito de nortear os educadores através dos principais aspectos nas disciplinas que a
escola abordaria para os estudos de seus alunos, assim auxiliando “na execução de seu trabalho,
compartilhando seu esforço diário de fazer com que as crianças dominem os conhecimentos de
que necessitam para crescerem como cidadãos plenamente reconhecidos e conscientes de seu
papel em nossa sociedade” (BRASIL, 1997, v. 1, p. 4).
Tendo em vista a construção do olhar sobre a importância das bibliotecas escolares no
Brasil através dos séculos, fica visível que a educação e a biblioteca escolar passaram por fases
e processos de crescimento e desenvolvimento. Assim, é necessária uma visão assertiva e
concreta do que é a biblioteca escolar e como ela contribui para a sociedade, é preciso dar
22
suporte e incentivar o sucesso das bibliotecas, deixando claro a sua identificação, o seu papel
social. Nesse sentido, para esclarecer de forma ampla, Lemos (2005, p. 101) destaca que:
Nem toda coleção de livros é uma biblioteca, do mesmo modo que nem toda
biblioteca é apenas uma coleção de livros. Para haver uma biblioteca, no
sentido de instituição social, é preciso que haja três pré-requisitos: a
intencionalidade política e social, o acervo e os meios para sua permanente
renovação, o imperativo de organização e sistematização; uma comunidade de
usuários, efetivos ou potenciais, com necessidades de informação conhecidas
ou pressupostas, e, por último, mas não menos importante, o local, o espaço
físico onde se dará o encontro entre os usuários e os serviços da biblioteca.
Após uma definição clara exposta por Lemos (2005) do que é a biblioteca, independente
da sua tipologia, as Diretrizes da IFLA para biblioteca escolar (2015, p. 19) declaram que:
Dessa forma, de acordo com o Manifesto IFLA/UNESCO para biblioteca escolar (1999,
p. 1), ela tem como missão a promoção de “serviços de apoio à aprendizagem e livros aos
membros da comunidade escolar, oferecendo-lhes a possibilidade de se tornarem pensadores
críticos e efetivos usuários da informação, em todos os formatos e meios”. E no mesmo plano,
para a biblioteca pôr em prática a sua missão, trabalhando com a promoção da leitura, escrita,
uso de informação, cultura, elas possuem alguns objetivos a serem seguidos, como:
a quantidade de um título por aluno matriculado, também sendo obrigatório orientações para as
formas de manuseio desses materiais, preservando-os, pondo um prazo máximo de dez anos
para que fosse efetivada, respeitando as Leis nº 4.084, de 30 de junho de 1962, e Lei nº 9.674,
de 25 de junho de 1998, que dispõem sobre a profissão do bibliotecário (BRASIL, 2010).
Em seu Art. 2, a Lei da universalização das bibliotecas escolares, como ficou conhecida,
em uma consideração simplista, definiu a biblioteca escolar como “coleção de livros, materiais
videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa,
estudo ou leitura” (BRASIL, 2010, p. 3).
Atentando para o fato de que a biblioteca é um espaço que vai além de apenas um
depósito para acervo, a Deputada Federal Laura Carneiro do Movimento Democrático
Brasileiro do Rio de Janeiro (MDB/RJ), teve a iniciativa, agora intitulada Projeto de Lei nº 5656
de 2019, anteriormente Projeto de Lei nº 9484 de 2018, que tem como propósito alterar a
definição de biblioteca escolar na Lei nº 12.244, redefinindo-a como “o equipamento cultural
obrigatório e necessário ao desenvolvimento do processo educativo” (BRASIL, 2019, p. 1),
criar o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares (SNBE) e, também, estender o prazo máximo
para que a lei seja efetivada até 25 de junho de 2024, de acordo com “o prazo máximo de
vigência do Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014”
(BRASIL, 2019, p. 3). Atualmente o Projeto se encontra ainda em tramitação no Senado
Federal.
Passados os dez anos do prazo máximo para efetivação da Lei nº 12.244, de 24 de maio
de 2010, é notório que muitas instituições ainda não apresentam uma biblioteca que esteja de
acordo com artigos da Lei e uma porcentagem bastante considerável sequer possui uma
biblioteca.
De acordo com o Censo de Educação Básica, o Censo Escolar 2019, se tratando do
número de escolas de educação básica no Brasil, foram contabilizadas um total de 180.610
(INEP, 2020), sendo a rede pública encarregada por aproximadamente 60% desse número e a
privada por 22,9%. Dentro do número total, “o percentual de escolas de ensino fundamental
com biblioteca ou sala de leitura é de 41,4% na rede municipal, praticamente a metade do valor
observado nas redes privada (80,5%) e estadual (81,4%)” (INEP, 2020, p. 13). Atentando para
a observação de que, segundo Caderno de Conceitos e Orientações do Censo Escolar (INEP,
2020), a sala de leitura é um “espaço reservado aos alunos para consultas, leituras e estudos”,
localizada fora da biblioteca, é perceptível que a sala de leitura não abarca o total de ações e
disposições que a biblioteca tem para oferecer ao seu público.
Em contrapartida, a disponibilização desses recursos nas escolas de ensino médio chega
24
Bibliotecas não são e não devem ser consideradas apenas espaços em que se concentram
livros e outros documentos disponibilizados para consulta e empréstimos, especialmente se
estamos tratando da biblioteca escolar. Além de dar acesso a um mundo de conhecimentos, ela
tem o papel de “estimular, coordenar e organizar o processo de leitura para que, por meio dela,
a criança/adolescente/jovem aumente seus conhecimentos, sua capacidade crítica e reflexiva
que lhe permitam atuar melhor na sociedade” (CALDIN, 2005, p. 163). Evidentemente, a
biblioteca escolar tem um papel educacional, social e cultural, auxiliando na construção de
cidadãos com um suporte intelectual digno e, possivelmente, mais crítico.
Visto sobre a significativa importância das bibliotecas escolares na construção social
dos alunos, qual profissional trabalha com vistas a demonstrar efetivamente a importância da
biblioteca na vida dos cidadãos? O bibliotecário. O bacharel em Biblioteconomia, além de
entender a biblioteca escolar como um espaço educativo, também têm o papel de se atentar para
“transformar a biblioteca em um mecanismo real para a formação da consciência crítica do
educando” (CALDIN, 2005, p. 163).
Pela visão do Manifesto da IFLA para biblioteca escolar aprovado pela UNESCO em
1999:
Dessa forma, ele tem a sua disposição um leque maior para desenvolver os seus deveres
na biblioteca da melhor forma para o seu público alvo, e melhor ainda, se ele puder contar com
uma equipe que possa contribuir para a promoção desses afazeres na biblioteca. Outra parte das
atribuições do papel do bibliotecário nesse tipo de biblioteca é observar/interagir com o seu
público e entender as necessidades dele, dessa forma, fazer a seleção de materiais com
responsabilidade e conhecimento acerca do corpo docente e discente, na perspectiva de um
acervo de qualidade.
Contudo, o seu papel varia de acordo com fatores externos que estão fora de seu alcance,
como “orçamentos, currículos e metodologias de ensino das escolas, dentro do quadro legal e
financeiro” (IFLA, 1999, p. 3), mas “se a biblioteca é um organismo vivo, dinâmico, seus
profissionais têm de agir com dinamismo, driblando as dificuldades financeiras e entraves
burocráticos das bibliotecas escolares, principalmente as da rede pública” (CALDIN, 2005, p.
165).
Diante dos pontos expostos é evidente o papel que os bibliotecários podem desenvolver
nas bibliotecas escolares contribuindo efetivamente para a sua construção e prosperidade do
corpo discente, ou seja, o bibliotecário deve ser reconhecido e se reconhecer como agente de
transformação social (ALMEIDA JÚNIOR, 2018, p. 77).
Para assegurar e dar direito ao graduado em Biblioteconomia, devidamente registrado
em um dos Conselhos Regionais de Biblioteconomia, através de um reconhecimento legal da
profissão, o Brasil conta com as seguintes legislações principais: a Lei nº 4.084, de 30 de junho
27
Todavia, mesmo com as leis citadas, com a profissão regulamentada e com órgão de
fiscalização profissional, ainda é considerável os casos de bibliotecas escolares que não contam
com o bibliotecário, esse fato foi confirmado no estudo “Avaliações de Bibliotecas Escolares
no Brasil” realizado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2011 e por diagnósticos que foram
publicados e realizados entre 1979 a 2011 (CAMPELLO, et al., 2012). Também há o fato da
Lei nº 12.244/2010 não ter sido efetivada inicialmente nos últimos dez anos, contando, de
acordo com o Censo Escolar 2019, com 41,4% das escolas municipais com biblioteca ou sala
de leitura e 81,4% nas estaduais e os números são maiores em escolas de ensino médio. A Lei
seria uma “garantia” que assegura a profissão do bibliotecário, mas na prática a realidade ainda
está distante do que é definido por lei.
Nesse cenário contemporâneo brasileiro, de trajetória para a universalização das
bibliotecas escolares, a importância e necessidade do profissional bibliotecário inserido nesses
28
nas escolas brasileiras, especialmente na rede pública, tanto na esfera municipal quanto na
esfera estadual do país.
com a instituição a qual ela está inserida, de acordo com Camilo e Castro Filho (2018, p. 207),
a biblioteca escolar como:
Desse modo, é visível que a biblioteca escolar é uma ferramenta que disponibiliza mais
de um benefício, que tem o dever de afetar positivamente as vidas dos estudantes, visto que, ela
deve ser trabalhada em conjunto com estudos desenvolvidos em sala de aula, propicia um
ambiente acolhedor para o seu público, que incentive a leitura, aspecto deveras importante na
vida acadêmica e social dos indivíduos.
Ao realizar as pesquisas para desenvolver esse estudo, foi possível observar que o
aspecto da leitura/ incentivo à leitura/ formação de leitores é uma das características recorrentes
quando se fala das bibliotecas escolares, visto que realmente é um ponto importante na atuação
de uma biblioteca escolar. Tratando de outro aspecto, um item essencial no discurso da
importância das bibliotecas escolares é de que ela é fundamental no processo de ensino
aprendizagem. Como dito por Santos et al (2017, p. 774), “uma biblioteca com acervo
atualizado e profissionais especializados pode contribuir de forma efetiva para o contexto
educacional e na produção de novos conhecimentos”. Isto posto, é interessante olhar para os
fatos de que provam essa realidade.
No livro “Biblioteca escolar: conhecimentos que sustentam a prática” de Campello
(2012), é abordado o “estudo de Ohio”, estudo realizado por Ross Todd e Carol Kuhlthau, no
estado de Ohio, nos Estados Unidos. Um dos objetivos da pesquisa foi “levantar evidências
empíricas detalhadas de como a biblioteca escolar ajuda na aprendizagem dos estudantes”
(CAMPELLO, 2012, p. 20-21). Com a participação de 13.123 alunos, conforme os
pesquisadores,
Como já relatado nessa pesquisa, a situação das bibliotecas escolares no Brasil é algo
essencial a ser analisado, principalmente por já existir uma Lei (Lei nº 12.244/2010) que
promulga a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino. Lei, essa, que contém
uma definição simplista do que é uma biblioteca, todavia, foi uma conquista considerável para
a área biblioteconômica brasileira, tendo em vista o histórico das bibliotecas escolares desde a
formação do país; a Lei também vai de acordo com as Leis nº 4.084, de 30 de junho de 1962, e
9.674, de 25 de junho de 1998, respeitando os profissionais bibliotecários.
Entretanto, é observado, também, as pesquisas que constatam a falta do profissional nas
bibliotecas escolares brasileiras, principalmente quando falamos da rede pública de ensino.
Com isso, é pertinente apresentar informações colhidas no campo nacional por pesquisadores
da área, tendo assim, uma visão recente da situação.
O relatório técnico elaborado por Sena (2021), em cooperação com o Conselho Regional
de Biblioteconomia da 14ª Região (CRB-14) e Ministério Público do Estado de Santa Catarina
(MPSC), intitulado “Retrato das bibliotecas da rede de ensino estadual de Santa Catarina” que
35
contém os dados colhidos durante 2020, buscou conhecer a situação das bibliotecas escolares
da rede de ensino estadual de Santa Catarina, na intenção de colaborar para as melhorias nos
ambientes aos quais essas bibliotecas estão inseridas.
A pesquisa contou com uma amostra de 412 escolas, com a partir de 500 matrículas.
Das 412 escolas, foram obtidas 225 respostas ao instrumento de pesquisa, um questionário
estruturado. Em relação a existência das bibliotecas nessas instituições 181 escolas
responderam que não possuem biblioteca, 16 que a biblioteca está desativada e 28 não
classificaram as suas respostas, mas deram uma justificativa para isso. Como por exemplo:
“Não temos biblioteca por falta de espaço físico”, “Temos uma ótima biblioteca, mas sem
ninguém responsável por ela”, “Devido a Pandemia encontra-se fechada” (SENA, 2021, p. 13-
15).
Metade das respostas verificaram que as bibliotecas possuem pelo menos 50m², valor
mínimo ideal, de acordo com o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) na Resolução CFB
nº 220/2020. Entre outras características que ainda possuem déficits nas bibliotecas, foi
contatado que, com base nas respostas, a maioria dos responsáveis pelas bibliotecas são
professores, grande parte readaptados, especialmente das áreas de Língua Portuguesa,
Pedagogia e Letras e constou na pesquisa apenas 1 bibliotecário e 2 auxiliares de biblioteca
(SENA, 2021, p. 29-30).
Assim, Sena (2021, p. 35), constatou que “em geral essas bibliotecas estão aquém de
respaldarem uma educação de excelência e a geração de leitores críticos, cidadãos autônomos
munidos de informação e conhecimento para estarem e adentrarem contextos diversos com
igualdade de direitos e oportunidades”.
Da mesma maneira, foi elaborada a pesquisa “Retrato das bibliotecas da rede de ensino
municipal de Santa Catarina” por Ohira et al (2021). Nessa, a amostra de escolas selecionada
com mais de 400 estudantes matriculados foi de 416, entre essas foi possível coletar 101
respostas, equivalente a 24% da amostra, vindas de 34 municípios. As respostas foram coletadas
através de um questionário on-line, respondido pelas diretorias das escolas (OHIRA et al, 2021,
p. 3).
Com os dados coletados, foi possível pontuar que em relação a existência de bibliotecas,
79 responderam que possuem e estão em funcionamento, 9 estão desativadas e 13 nenhuma das
alternativas (OHIRA, 2021, p. 4), desviando-se do que está previsto pela Lei 12.244/2010, que
prevê uma biblioteca para cada instituição de ensino e também o bibliotecário responsável pela
biblioteca e um acervo constituído com, pelo menos, um título por aluno matriculado na
instituição (BRASIL, 2010), pois na pesquisa foi contatado que apenas 4 municípios dos 34
36
como aplicar tarefas aos alunos, auxiliar os alunos com maiores dificuldades”. Havendo assim
uma desvalorização do profissional bibliotecário.
Se tratando de projetos e atividades de leitura, segundo o autor, nessas escolas eram
desenvolvidas atividades simples de leitura na tentativa de estimular seus alunos. Entretanto,
elas não desenvolviam projetos mais elaboras para fazer com que esse público frequentasse
mais os espaços das “bibliotecas”, não era ensinado como procurar os livros, como utilizá-los,
a prática de pesquisa (CHAGAS, 206, p. 677).
Visto isso, tendo conhecimento dos aspectos incorretos presentes nesses ambientes, é,
infelizmente, compreensível se houver desinteresse dos estudantes por esses espaços que, para
eles, são repassados como sendo uma “biblioteca” ou até mesmo uma sala de leitura, todavia,
nem um, nem outro é um espaço de depósito de livros, não sendo confortável para a prática de
leitura, pesquisa, criatividade.
A falta de estrutura física, tecnológica, organizacional, informacional e falta de um
profissional qualificado causa um apagamento do que é realmente a biblioteca escolar e os
benefícios que elas trazem para os seus usuários e para a sociedade. Como Chagas (2016, p.
679) disse, a presença desses fatores é essencial para alcançar mudanças na realidade qual essas
escolas estão inseridas, sendo importante também envolver a comunidade em seus projetos,
buscar apoio aos órgãos municipais e estaduais.
Tendo conhecimento sobre demais pesquisas que relatam a realidade de grande parte
das bibliotecas escolares no Brasil, foram e são necessários padrões/documentos oficiais que
norteiem essas pesquisas para ser possível gerar uma análise das situações em que as bibliotecas
estão inseridas, e parâmetros para biblioteca escolar podem e contribuem como diretrizes para
políticas educacionais (CAMPELLO et al, 2011, p. 108).
Abordando inicialmente diretrizes internacionais, temos a Federação Internacional de
Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) que foi fundada em 1927 e começou os seus
trabalhos, oficialmente, em 1929. Sendo a voz global das bibliotecas e dos profissionais da
+informação, a entidade trabalha para melhorar os serviços em todo o mundo, fornecendo
direção e inspiração, sendo referência na área da informação, contribuindo para o campo
biblioteconômico, advoga em prol das bibliotecas, defende o desenvolvimento sustentável, um
ambiente favorável para bibliotecas e uma comunidade conectada através da cooperação a nível
internacional (IFLA, 2017). A IFLA trabalha visando um campo de bibliotecas fortes e unidas,
38
papel para o ensino aprendizagem oferendo um programa que converge com o que é estudado
na escola, serviços que englobam as necessidades da biblioteca, visão para que a biblioteca se
torne, “um espaço de aprendizagem multifuncional” (IFLA, 2015, p 22).
Em enquadramento legal e financeiro da biblioteca, capítulo 2, é abordado as questões
políticas e éticas que influenciam na estruturação das bibliotecas. Consequentemente acaba
abordando também o planejamento e financiamento dessas unidades e “a fim de manter e
responder continuamente a um ambiente educacional e cultural em evolução, as bibliotecas
escolares devem ser apoiadas por legislação e financiamento sustentado” (IFLA, 2015, p. 25),
o que deve ser garantido pelas autoridades locais, regionais e nacionais (IFLA, 1999, p. 2).
Já no capítulo 3, recursos humanos para a biblioteca escolar, é apresentado que para
biblioteca escolar, o bibliotecário deve usar o advocacy para aumentar o conhecimento dos
decisores sobre a biblioteca.
As Diretrizes da IFLA para biblioteca escolar é um documento bem desenvolvido por
profissionais da área de vários países. Nele, são apresentados aspectos que as bibliotecas podem
e devem possuir para ter um pleno funcionamento, cumprir o seu dever social, acadêmico,
influenciar o máximo possível na vida dos estudantes e comunidade ao redor. Tendo
consciência das diferentes situações das bibliotecas pelo mundo, as Diretrizes vieram para dar
uma visão mais completa à comunidade biblioteconômica, que possuía inicialmente o
Manifesto para biblioteca escolar.
Considerando os cenários a qual estão inseridos, os bibliotecários devem desenvolver
um trabalho de qualidade, e as autoridades, seja local ou nacional, devem tomar conhecimento
dos variados benefícios e importância que a biblioteca escolar desenvolve para a sociedade.
Voltando para o cenário nacional, a partir do Projeto Mobilizador: biblioteca escolar
construção de uma rede de informação para o ensino público, desenvolvido pelo Conselho
Federal e Regional de Biblioteconomia (CFB/CRBs), em 2008, que teve o intuito de mobilizar
a sociedade nacional, em especial os dirigentes governamentais, em prol de promover um
ensino público de melhor qualidade, expor a necessidade que o país vinha possuindo de obter
bibliotecas nas escolas brasileiras (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA,
2008), e, para desenvolver isso, foi necessário buscar por parcerias.
Dessa forma, dispostos a trabalharem em prol das propostas elaboradas pelo Projeto
Mobilizador, o GEBE da Escola de Ciência da UFMG ficou encarregado de desenvolverem
parâmetros para as bibliotecas escolares, assim como também uma forma de avaliar a
bibliotecas brasileiras.
No artigo de Campello et al (2011), que fala sobre os relatos da pesquisa que foi base
para a elaboração dos padrões, nele “para apoiar decisões sobre aspectos quantitativos dos
padrões, dados empíricos foram coletados em bibliotecas de escolas localizadas em todas as
regiões do país”.
Com o intuído de construir padrões objetivos “apenas os seguintes aspectos foram
selecionados para compô-lo: espaço físico, acervo, computadores com acesso à internet,
organização do acervo, serviços e atividades, pessoal” (CAMPELLO et al, 2011, p. 110). Após
todo o processo do tratamento e análise dos dados coletados, foram definidos dois níveis de
indicadores para as bibliotecas: nível básico e exemplar. O nível básico representa “um ponto
de partida, servindo para orientar a maioria das escolas que desejem criar sua biblioteca ou
reformular espaços que ali já existem, mas que ainda não podem ser considerados como
41
biblioteca” e o exemplar é um objetivo mais ideal a ser alcançado (CAMPELLO et al, 2011, p.
110).
O documento do GEBE possui duas partes que representam os níveis já mencionados.
A primeira parte do documento trata dos indicadores de: a) espaço físico; b) acervo; c)
computadores com acesso à internet; d) serviços e atividades; e) pessoal (recursos humanos
especializado). Na segunda parte foi elaborado um instrumento de avaliação e planejamento
que as escolas podem utilizar para traçar metas para ampliar e aperfeiçoar as suas bibliotecas.
Os parâmetros para biblioteca escolar desenvolvido pelo GEBE em parceria com o
CFB/CRBs foi publicado em 2010, sendo o primeiro a ser desenvolvido no país, respeitando e
definindo de forma clara o que é uma biblioteca escolar, com o início do seu desenvolvimento
em 2010, ano em que a Lei nº 12.244 foi promulgada, dispondo sobre a universalização das
bibliotecas nas instituições de ensino no país, que, segundo Campello et al (2011, p. 107),
também é um dos resultados do Projeto Mobilizador.
Ainda em 2011, o CFB publicou a Resolução CFB nº 119/2011, dispondo sobre os
parâmetros para as bibliotecas escolares. Nessa resolução além de considerar, obviamente, a
Lei nº 12.244/2010, também considerou a relevância do documento produzido pelo GEBE,
estabelecendo-o em seu artigo Art.1º “como padrão para bibliotecas da rede de ensino
fundamental e médio, sejam elas públicas ou privadas” (CFB, 2011).
A resolução de 2011 foi revogada em 2018 pela Resolução CFB nº 199/2018 dispondo
também sobre os parâmetros a serem adotados para estruturação e o funcionamento das
Bibliotecas Escolares, mas considerando em seu Art. 1º estabelecer como padrão a Lei nº 9.394
de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), considerou a Lei nº 4.084/62 e o
Decreto nº. 56.725 de 16 de agosto de 1965 que regulamenta a lei anterior e, também, a Lei nº
12.244/10 (CFB, 2018). Todavia, ela também foi revogada pela Resolução atual de 2020.
A Resolução CFB nº 220 de 13 de maio de 2020, como a anterior, “dispõe sobre os
parâmetros a serem adotados para a estruturação e o funcionamento das bibliotecas escolares”
(CFB, 2020). Ela se apoia na Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, mas apresenta conteúdo
mais robusto sobre a estruturação e funcionamento das bibliotecas escolares, do que a própria
Lei da universalização dessas bibliotecas. A resolução CFB nº 220/2020 possui um conceito
mais completo do que a Lei 12.244, quando publicada em 2010 com um conceito simplista e
vago do que é uma biblioteca escolar. A referida Resolução também discorre sobre a estrutura,
serviços desenvolvidos na unidade, a acessibilidade do local de acordo com a as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da legislação vigente (CFB, 2020).
42
5 METODOLOGIA
considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números
e informações para classificá-las e analisá-las. [...] No desenvolvimento da
pesquisa de natureza quantitativa, devemos formular hipóteses e classificar a
relação entre as variáveis para garantir a precisão dos resultados, evitando
contradições no processo de análise e interpretação.
Essa abordagem estará presente nas análises dos dados coletados, tendo em vista que
trataram de questões fechadas referentes à disponibilidade de objetos, espaço, serviços,
atividades e recursos humanos na biblioteca. A abordagem qualitativa “é menos formal do que
a análise quantitativa, pois nesta última seus passos podem ser definidos de maneira
relativamente simples” (GIL, 2002, p. 133). Prodanov e Freitas (2013, p. 70) “considera que há
uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o
mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números”.
Essa abordagem, assim como a anterior, trabalhará na análise e interpretação dos dados,
no que se refere as informações sobre serviços e atividades da biblioteca para o
desenvolvimento educacional e social dos alunos levando em conta as informações dos
43
entrevistados, se baseando nos parâmetros para biblioteca escolar do GEBE para realizar a
análise tanto quantitativa como qualitativa.
Como já relatado, o instrumento de coleta de dados escolhido foi o questionário, que na
sua finalidade, visa “[...] obter, de maneira sistemática e ordenada, informações sobre as
variáveis que intervêm em sua investigação, em relação à uma população ou amostra
determinada” (FONSECA, 2012, p. 38). A escolha pela utilização do questionário também se
deu por motivos de segurança, ressaltando que a pesquisa está sendo realizada durante a
pandemia da COVID-19 e pela facilidade de entrar em contato de forma online (E-mail e
aplicativo de mensagens de texto) com os diretores das escolas, pois a maioria delas estão
espalhadas pelo município em seus distritos (uma parcela em área rural), o que dificultaria o
desenvolver da coleta de dados caso outro instrumento fosse utilizado.
Antes da aplicação do questionário, foi necessário realizar o levantamento do número
de escolas da rede pública do município de Touros no estado do Rio Grande do Norte,
constatando um total de 39 escolas (36 municipais e 3 estaduais). A lista com os nomes das
escolas e os contatos dos seus diretores foi disponibilizada pela Secretaria Municipal de
Educação do município. O questionário foi aplicado entre os dias 13 a 28 de janeiro de 2022,
sendo enviado a todos os gestores das escolas, conforme Apêndice A.
Desse modo, de acordo com os objetivos da pesquisa, o questionário foi fundamentado
com base nos Parâmetros para Biblioteca Escolar do GEBE. Assim, o questionário está disposto
em sete sessões, a saber: espaço físico; acervo; computadores com acesso à internet;
organização do acervo; serviços e atividades; e o pessoal (recursos humanos), adicionando na
primeira seção a identificação das escolas e a existência da biblioteca. Em cada seção estão as
questões retiradas da parte 2 dos Parâmetros, utilizados como um instrumento de avaliação,
capazes de ampliar e explanar os indicadores da parte 1. O questionário possui 48 questões,
divididas entre perguntas fechadas de múltipla escolha e com respostas escalonadas, perguntas
abertas (não obrigatórias) contando ao final com um espaço para comentários e/ou sugestões
dos respondentes. O questionário pode ser conferido na integra no Apêndice B. Ao final do
tempo da coleta de dados pré-estabelecido registramos um total de 14 respostas e suas análises
estão dispostas na próxima seção.
Em 2022, o município completa 187 anos de emancipação política, que antes fazia parte
do município de Ceará-Mirim. Conforme informações disponibilizadas no IBGE (2022a), o
desenvolvimento territorial de Touros se deu em decorrência da expansão agrícola dos
municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, entre o século XVII e XVIII . O seu crescimento
populacional se deu entre 1792 a 1796, devido ao período de seca que o Rio Grande do Norte
estava enfrentando. Dessa forma, trabalhadores rurais procuraram a região na tentativa de que
pudessem criar seus animais e trabalhar com a terra.
A região possui “um clima do tipo tropical chuvoso com verão seco” (MINISTÉRIO
DE MINAS E ENERGIA, 2005, p. 3) e tem como principais atividades econômicas a
“agropecuária, pesca, extração vegetal e silvicultura” (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA,
2005, p. 3) e sua população está em maior quantidade na área rural do município, equivalente
a 74,5% (IBGE, 2022c). Segundo o IBGE (2022b), o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade,
em 2019, foi de R$20.431,35, sendo o 29 entre os 167 municípios do estado. Já o seu Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), no senso de 2010, foi de 0,572, considerado
baixo.
Em conformidade com os dados disponibilizados pelo IBGE (2022b), o Índice de
Desenvolvimento de Educação Básica (IDEB) dos alunos nos anos iniciais do ensino
45
fundamental, estudantes da rede pública, referente ao ano de 2019, foi de 4,1, maior em
comparação ao IDEB dos alunos dos anos finais do ensino fundamental, que foi 3,1.
Destacando, respectivamente, o índice dos anos iniciais e finais em comparação às demais
cidades do estado, Touros ocupou a posição 118 de 167 e 131 de 167.
A respeito da taxa de escolarização de pessoas entre 6 a 14 anos de idade, referente
Censo de 2010, Touros possuiu o percentual de 99,2%, ocupando a posição 12 de 167 entre os
municípios do estado e 427 de 5570 em relação aos demais cidades do país. Em 2020, o número
de matrículas no ensino fundamental foi de 5.560 e no ensino médio foi 1.005 matrículas,
contando com 36 escolas mais 2 de ensino médio (IBGE, 2022b).
46
A partir do contato feito com os(as) diretores(as) das escolas através do envio de
questionário por E-mail e aplicativo de mensagem de texto, a amostra de respostas alcançada
foi de 14 entre 39 instituições de ensino da rede pública de Touros/RN (lista de instituições
disponibilizada pela Secretaria de Educação da cidade, disponível no Apêndice A). As escolas
em destaque no Quadro 1 – Amostra das escolas participantes e suas localidades, são as que
possuem biblioteca.
Os dados a seguir exibem a situação das bibliotecas escolares existentes nas instituições
de ensino da rede pública do município.
De acordo com as respostas recebidas sobre a existência de biblioteca ou sala de leitura
nas escolas, entre as 14 respostas, apenas 4 foram respondidas que possuem uma biblioteca e 1
delas também possuem sala de leitura, juntamente com outras 5 escolas. Ou seja, como nota-se
no Gráfico 1- Existência de biblioteca e/ou sala de leitura, um total de 3 com biblioteca, 5 com
sala de leitura e 1 com os dois espaços, segundo os participantes. Nas 5 restantes, foi registrado
47
0
Possui biblioteca Possui sala de Possui os dois Não possui os
leitura espaços espaços
0
Regular (durante Regular (menos Irregular (pedende Nenhuma
todo o tempo) durante o recreio) da disponibilidade alternativa
do pessoal)
0
Adequada Inadequada Não se aplica
Nesse ponto, foi pedido que aos participantes respondessem sobre a localização que a
biblioteca e/ou sala de leitura está inserida na escola. Conforme Gráfico 4 – Localização dentro
da escola, metade dos gestores consideram adequada, sendo 3 respostas positivas de escolas
que possuem biblioteca e 1 negativa, enquanto a outra parcela considera inadequada. É válido
ressaltar que o entendimento sobre a adequação desse espaço pode mudar dependendo da
concepção do que é “adequado” por parte dos gestores.
O participante 4, mesmo afirmando, de acordo com o Gráfico 1- Existência de biblioteca
e/ou sala de leitura, haver sala de leitura em sua escola, na questão sobre a localização, Gráfico
4, respondeu que “não se aplica”, existindo assim uma contradição.
As respostas acerca da localização do espaço na escola demonstram uma realidade nos
cenários das escolas públicas, o que não é raro de ocorrer tendo em vista que muitas vezes a
biblioteca é inserida em ambientes que não atendem as necessidades do seu público, bem como
as necessidades internas; também são remanejadas dentro da escola caso ela esteja necessitando
de mais espaços para salas de aula.
50
0
Menor de 50 m² Igual ou maior a 50m² Não se aplica
Ao que se trata das dimensões do espaço físico das bibliotecas, Gráfico 5 – Área física,
5 participantes responderam que o local é inferior a 50 m², 1 respondente representa escola com
biblioteca, e 2 responderam que são iguais ou maiores a 50 m², sendo duas escolas que possuem
biblioteca. O participante 8, representante de uma escola com biblioteca e sala de leitura,
respondeu “não se aplica”, possivelmente porque não tinha conhecimento sobre as dimensões
do local.
De acordo com Os Parâmetro do GEBE, para o espaço físico da biblioteca, com menos
de 50 m² estão abaixo até mesmo do seu nível básico que toma como referência um ambiente
de 50 m² até 100 m², que é o caso das 2 escolas com biblioteca mencionadas anteriormente,
estando em consonância com um dos tópicos abordados pelo GEBE.
Para a biblioteca se desenvolver como instituição social, um dos pré-requisitos é o
espaço físico, pois é nele que acontece o encontro dos usuários com os serviços disponíveis na
biblioteca (LEMOS, 2005, p. 101). Com isso, é essencial que o ambiente destinado para as
bibliotecas seja capaz de atender o seu público de forma suficiente e confortável, tendo as
condições de desenvolver as atividades e serviços no ambiente.
51
0
Tem e sei o Tem, mas não sei Não tem Não se aplica
tamanho do espaço especificar o
tamanho do local
Em relação aos espaços dedicados aos usuários, 5 respostas foram positivas no Gráfico
7 - Espaço para atendimento ao público, sendo 1 delas referentes a escola com biblioteca, 4
entre eles não sabiam especificar as dimensões desse espaço e 1 respondeu que tinha
conhecimento das dimensões. Na questão seguinte, foi pedido para que se especificasse o
tamanho. Coletou-se a seguinte resposta:
a) “56 metros quadrados” (participante 13).
Possivelmente essa resposta está ligada a totalidade do espaço que a biblioteca possui,
presente no Gráfico 5 – Área física. Com isso, o participante 13 também respondeu as questões
posteriores referentes aos Gráficos 8, 9, 11, e 13 da mesma forma.
Ainda sobre as respostas do Gráfico 7 – Espaço para atendimento ao público, foram
identificadas algumas contradições. Os participantes 1 e 6 que não possuem os ambientes
(biblioteca e sala de leitura) em sua instituição, responderam de forma positiva para a questão.
Já os participantes 8 e 10, possuem biblioteca, mas optaram pela alternativa “não tem” e “não
se aplica”.
De acordo com o documento “Biblioteca escolar como espaço de produção do
conhecimento: parâmetros para bibliotecas escolares”, é especificado as dimensões sobre o
espaço físico total da biblioteca, se se encaixa no nível básico ou nível exemplar, as dimensões
dos espaços internos na biblioteca não são especificadas. Entretanto, a existência desses
ambientes é um ponto positivo para a experiência dos usuários.
53
Nas respostas presentes no Gráfico 9 – Espaço específico para leitura infantil, constatou-
se a existência em 4 escolas participantes, 2 delas com biblioteca, tendo assim a oportunidade
54
12
10
0
Não tem Não se aplica
10
0
Tem e sei o tamanho Tem, mas não sei Não tem Não se aplica
do espaço especificar o
tamanho do espaço
Ao responderem sobre o espaço para acervo (Gráfico 13), 7 afirmaram existir o espaço
57
(sendo 2 de bibliotecas), entre eles, o participante 6 referente a uma das escolas que não possui
biblioteca, responde positivamente, entende-se então que a escola possui um local a qual
mantém seus itens, mas não é uma biblioteca.
0
Tem e atende bem Tem e atende Tem, mas não Não tem
às necessidades razoavelmente às atende bem às
necessidades necessidades
10
0
Funcional Nada funcional Não tem Não se aplica
Gráfico 16 – Estantes
6
0
Acomodam bem o Acomodam Acomodam mal o Não se aplica
acervo razoavelmente o acervo
acervo
Não se aplica
Nenhum
Quadro negro (lousa)
Tefefone
Filmadora
Máquina fotográfica
Scanner
Tocador de CD
Tocador de DVD
Impressora
Quadro mural
Mapoteca
Televisão
Arquivos
Estantes expositoras
Guarda volumes
Mesas para acomodar usuários
Assentos para acomodar usuários
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Entre todas as escolas da pesquisa, foi possível observar que é considerável, de acordo
com as respostas dos diretores, que as escolas estão com materiais em sua maioria insuficientes
e alguns inexistentes, como pode ser visto no Gráfico 18.
materiais suficientes em comparação com as demais escolas que possuem biblioteca, possuindo
defasagem em relação aos jornais e material audiovisual.
Conforme as respostas na Tabela 3 – Número total de computadores com acesso à
internet para uso administrativo dentro do espaço da biblioteca, é observado que cinco escolas
possuem computadores para esse fim. Entre elas, apenas 2 possuem biblioteca (participantes 9
e 10). Possuir pelo menos “um computador com acesso à internet, para uso exclusivo do (s)
funcionário (s)” (GEBE, 2010, p. 12) faz parte de um de seus níveis básicos.
0
Boas Razoáveis Não se aplica
0
Bom Razoável Ruim Não sei
De acordo com o Gráfico 21 – Equilíbrio entre séries ou faixa etária dos alunos, metade
das respostas foram afirmativas para um equilíbrio razoável. Entre 4 escolas que dispõem de
biblioteca, 2 apresentam equilíbrio razoável, enquanto as outras 2 apresentam um bom, segundo
as respostas dos seus gestores. O que deixa as respostas dos Gráficos 20 e 21 sob reflexão é ao
pensar sobre o nível de entendimento desses respondentes sobre os assuntos e sobre o ideal para
as faixas etárias.
0
Bom Razoável Ruim Não sei
0
Bom Razoável Ruim Não sei
Para conservar o acervo de uma biblioteca, alguns cuidados podem ser adotados de
forma preventiva, tendo em vista os possíveis agentes de deterioração no ambiente e em sua
volta, como por exemplo: ação humana, insetos, fungos entre outros. Para isso, esses cuidados,
ou melhor, técnicas
Foi questionado a frequência de utilização da biblioteca por parte dos alunos. Todas as
respostas estão disponíveis no Gráfico 23, sendo visível que o uso é considerado razoável.
Entretanto, apenas as 4 respostas referentes à biblioteca analisadas. Com isso, conforme as
respostas dos respondentes, 2 bibliotecas possuem uma frequência razoável de alunos, enquanto
as outras 2 são muito usadas.
66
0
Muito usada Razoavelmente Pouco usada Não sei
usada
Para o incentivar os alunos, os professores devem ter uma relação de proximidade com
a biblioteca, assim como o bibliotecário deve trabalhar em conjunto com os docentes. Esse
conjunto visa a complementação do que está sendo estudado em sala de aula, como também os
objetivos da instituição. É importante estimular os alunos e os mostrar que a biblioteca é um
espaço seguro, criativo, interessante, ao qual esses podem e devem recorrer constantemente.
No Gráfico 24 – Frequência de utilização pelos professores, estão os dados referentes
as respostas dos diretores. Das quais, as respostas dos participantes possuidores de biblioteca,
resultaram em 2 respostas para muito usada e as outras 2 para razoavelmente usada.
0
Menos de 30 31-61 Não sei
0
Realizado de vez em Não realizado Não sei
quando
Com relação a presença de livros didáticos no acervo da biblioteca (Gráfico 27), tanto
diretores das escolas sem e com sala de leitura e/ou biblioteca responderam. Certamente, na
maioria das escolas respondentes, livros didáticos ficam mantidos em suas dependências, sendo
biblioteca, sala de leitura ou não. Contudo, acerca das escolas com biblioteca, 2 respostas foram
positivas afirmando que mantém alguns exemplares para consulta, enquanto as 2 restantes
afirmaram que a questão não se aplica a realidade das bibliotecas, ou seja, não mantém livros
didáticos.
Não se aplica
0 1 2 3 4 5 6 7
alunos em sala de aula, eles não se constituem como parte do acervo das bibliotecas e não deve
ser contabilizado como tal (BELO HORIZONTE, 2009, p. 11).
Em relação a questão do Gráfico 28, os participantes 10 e 13 afirmaram que suas
bibliotecas possuem uma comissão de formação e desenvolvimento de coleções, mas se reúne
raramente, enquanto os demais responderam que não existe.
12
10
0
Existe e se reúne raramente Não existe
0
Todo o acervo é Parte do acervo é O acervo não é
tombado/registrado tombado/registrado tombado/registrado
Acerca da classificação dos materiais (Gráfico 30), 3 escolas com biblioteca classificam
seu acervo, enquanto 1 tem parte do classificado. Participantes que não possuem apenas sala de
aula também afirmaram que seus acervos são classificados e o participante 6, representante de
uma escola sem biblioteca e sala de leitura, afirmou que o acervo da biblioteca é todo
classificado.
0
Todo o acervo é Parte do acervo é O acervo não é
classificado classificado classificado
Um ponto abordado pelo GEBE (2010, p. 15) é como o acervo está organizado para que
as informações sejam encontradas com facilidade. Assim, dois níveis são apresentados:
1) Nível básico: o catálogo da biblioteca inclui pelo menos os livros do acervo, permitindo
recuperação por autor, título e assunto.
2) Nível exemplar: o catálogo da biblioteca é informatizado e possibilita o acesso remoto
a todos os itens; permite – além da recuperação por autor, título e assunto – recuperação
por outros pontos de acesso.
Dessa forma, pode-se dizer que 2 bibliotecas estão em conformidade com o nível básico
desse indicador. Enquanto 2 não alcança o mesmo.
Apenas 2 diretores afirmaram que suas unidades possuem acervo catalogado
informatizado (ver Gráfico 32). O 1º foi o participante 2 que representa uma das escolas com
sala de leitura e o segundo, participante 13, que possui biblioteca. Enquanto os respondentes 12
e 14, representantes de escolas apenas com sala de leitura, responderam positivos para parte de
72
10
0
Todo o acervo está Parte do acervo está Não há catálogo
inserido em catálogo inserido em catálogo informatizado
informatizado informatizado
0 2 4 6 8 10 12
Apenas o participante 13 afirmou que sua escola possui catálogo total do acervo com
acesso remoto (ver Gráfico 33), em conjunto com as informações anteriores do Gráfico 32 –
Informatização do acervo, essa biblioteca se encaixa no nível exemplar se a recuperação pelo
autor, título, assuntos e outros pontos de acesso forem possíveis de realizar. Ao passo que os
73
participantes 2 e 14 afirmaram que suas escolas apresentam parte do catálogo remoto. Todas
as escolas que possuem biblioteca desenvolvem consulta no local. Juntamente estão 4 escolas
que possuem sala de leitura. (ver Gráfico 34)
0
Sim Não Não se aplica
0
Sim Não Não se aplica
Assim, foi pedido caso a respostas fosse “sim” para a questão anterior, especificar se os
empréstimos são realizados de forma manual ou automatizada. O total de respostas foi para a
74
opção manual.
Ao observar o Gráfico 36 – Serviços e atividades desenvolvidas, abaixo, o serviço mais
presente entre as respostas foi a orientação individual à pesquisa e a atividade foi a contação de
histórias, isso em uma visão geral entre as escolas da amostra.
De acordo com os indicadores propostos pelo GEBE (2010, p. 16), os serviços que as
bibliotecas devem oferecer regularmente são:
• Nível básico: consulta no local de empréstimo domiciliar, atividades de incentivo à
leitura e orientação à pesquisa;
• Nível exemplar: consulta no local, empréstimo domiciliar, atividades de incentivo à
leitura e orientação à pesquisa, além de serviços de divulgação de novas aquisições e
serviços específicos para os professores tais como levantamento bibliográfico e boletim
de alerta.
Analisando as respostas referentes aos Gráfico 34 – Realiza consulta no local, Gráfico
35 – Realiza empréstimo domiciliar e Quadro 2 – Parte das respostas colhidas sobre serviços e
atividades desenvolvias, conclui-se que as escolas com bibliotecas não atingem completamente
sequer o nível básico de serviços e atividades do GEBE e não desenvolvem atividades de
incentivo à leitura.
Foi questionado a existência de um profissional responsável. Enquanto 50% das
respostas foram positivas, 50% negativas. Entre as representantes das escolas com biblioteca,
3 afirmaram conter um responsável, enquanto 1 nega a existência de um profissional
responsável (ver Gráfico 37).
76
0
Sim Não
Não se aplica
5 a 4 horas diárias
8 a 6 horas diárias
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Para o GEBE (2010, p. 17), a biblioteca deve ter um bibliotecário como responsável da
biblioteca, atendendo os usuários em todos os turnos em que a escola está aberta e seu indicador
de nível básico diz: ter um bibliotecário-supervisor (responsável por um grupo de bibliotecas),
caso a biblioteca faça parte de um sistema, e possuir também outros funcionários para auxiliar
em cada turno de funcionamento. Ou seja, nenhuma escola com biblioteca atende a esse
indicador dos parâmetros do GEBE.
Em relação ao nível de formação dos responsáveis pelas bibliotecas, os participantes
destacados no Quadro 4 – Nível de formação do responsável, 2 consideram pouco adequado,
por outro lado, 1 considera adequado mesmo o profissional responsável não sendo um
bibliotecário. Essa última resposta mostra desconhecimento acerca da importância do trabalho
desenvolvido pelos bibliotecários nas bibliotecas e que outros profissionais não têm
conhecimento e competência para gerir e desenvolver os deveres nas nessas unidades de
informação.
78
O profissional habilitado e assegurado por lei para gerir uma biblioteca é o bibliotecário
e o exercício da sua profissão é exclusivo “aos Bacharéis em Biblioteconomia, portadores de
diplomas expedidos por Escolas de Biblioteconomia de nível superior, oficiais, equiparadas, ou
oficialmente reconhecidas” (BRASIL, 1962).
Entre os participantes destacados na Tabela 5 – Número de funcionários/auxiliares na
biblioteca, 3 afirmaram que as bibliotecas possuem funcionários, ao contrário de 1 representante
que afirmou não ter. Possuir funcionários além do responsável pela biblioteca é essencial para
auxiliar os trabalhos realizados no espaço.
0
Adequado Pouco adequado Não tem Não se aplica
Por último, foi deixado um espaço para comentários e sugestões resultando nas
seguintes respostas:
80
Quadro 5 – Comentários
Participantes COMENTÁRIOS
"Nossa escola não possui biblioteca nem sala
Participante 1 de leitura, possui alguns livros que as crianças
tem acesso através da professora".
"Seria muito importante que todas as escolas
Participante 4 tivessem uma biblioteca, adequada para os
seus estudantes".
"O ideal seria que nossas escolas fossem
construídas pensando na formação de futuros
leitores, mais as condições não são adequadas
a realização de um trabalho com mais
Participante 11 frequência dentro do ambiente escolar, assim
elaboramos projetos de leitura, onde os pais
são nossos parceiros, incentivando e levando
livros para casa dentro do organograma feito
pela escola".
Participante 14 "Foi excelente o questionário".
Fonte: Elaborado pela autora (2022).
Foi possível observar que entre as 4 escolas que possuem biblioteca. 3 delas são públicas
administradas pelo Estado, enquanto 1 é administrada pelo poder municipal.
O participante 8 representou a Escola 8 que é estadual. Ao observar os dados referentes
as respostas do diretor, foi possível ver que a escolar não alcançou os indicadores de nível
básico do GEBE.
O participante 9 representou a Escola 9 que é estadual. Observou-se que ela alcança
apenas o nível básico do indicador de organização do acervo por possui seu acervo todo
catalogado e atende o nível básico referente tamanho do espaço que a biblioteca possui.
O participante 10 representou a Escola 10 que também é estadual. Nela, foi possível
constatar que, de acordo com as respostas obtidas, a sua biblioteca alcança pelo menos o nível
básico do indicador de computador ligado a internet. E um detalhe interessante é que ela não
alcança o nível básico por não desenvolver atividade de incentivo à leitura, mas possui dois
serviços que se encaixam no nível exemplar, que são serviços de novas aquisições e exposições
na biblioteca).
Por último, o participante 13, representante da Escola 13 que é municipal. A biblioteca
dessa escola, de acordo com as respostas do diretor, foi a que se saiu melhor em relação aos
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indicadores. Alcança parte uma parte do Indicador de espaço físico, sendo nível básico pois
apresenta o tamanho suficiente em m². Alcançou o indicador de acervo no nível básico pois
possui um acervo com pelo menos um título para cada aluno. Foi respondido que possui 25
computadores, atendendo assim o nível básico do indicador de computadores ligados à internet.
Entretanto, analisando as suas repostas durante o questionário, possivelmente esses
computadores não se encontram na biblioteca. A biblioteca alcança o nível básico do indicador
de organização do acervo, possuindo o seu acervo todo catalogado e ainda também é
informatizado. Por outro lado, a biblioteca não alcança os níveis básicos dos indicadores de
serviços e atividades e de pessoal (recursos humanos) que são extremamente importantes para
o sucesso de uma biblioteca escolar.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve seu ponta pé inicial nas reflexões acerca das condições
disponíveis para as bibliotecas nas escolas da rede pública no Brasil, principalmente pensando
nas bibliotecas de escolas em localidades que não são consideradas cidades grandes, tendo em
mente que as circunstâncias que envolvem as bibliotecas escolares em cidades menores são
possivelmente mais precárias e sua importância como instrumento social é menos reconhecido
na prática.
Dessa forma, através do conhecimento empírico sobre as dificuldades dessas bibliotecas
e tendo a experiência de uma vida estudando em escola pública em uma cidade com menos de
40 mil habitantes, maioria sendo em área rural, foi concluída a intenção de desenvolver a
pesquisa na cidade de Touros/RN.
A biblioteca escolar além de ser um espaço que disponibiliza informações através de
seus acervos, nela também deve ser desenvolvidos serviços que contribuam ativamente com a
aprendizagem dos alunos, serviços que os introduza as atividades de pesquisa, atividades que
envolvam leituras. Que nela, os alunos podem enxergar um ambiente seguro, interessante,
aconchegante, um espaço de criatividade, incentivo ao conhecimento de forma leve e à leitura,
complementam o que é estudado nas salas de aula, apresentam tecnologias atuais, um local ao
qual os estudantes possam recorrer constantemente. Para isso acontecer, as bibliotecas
necessitam ter os meios para desenvolver esse espaço, como também necessita de um
profissional bibliotecário para geri-la e desenvolver serviços e atividades adequadas ao seu
propósito.
Assim, para produzir um panorama das bibliotecas das escolas da rede pública do
município de Touros/ RN, foi utilizado como base Os Parâmetros do GEBE para biblioteca
escolar. Com a aplicação do questionário, e a análise de seus resultados, foi possível verificar
a ausência de bibliotecas em várias escolas do município, mais precisamente em 10 entre as 14
escolas que fizeram parte da amostra da pesquisa, indo contra o que dispõe a Lei nº 12.244/2010
e a ausência de bibliotecários nessas bibliotecas. Foi possível observar que nenhuma das 4
escolas com biblioteca alcançam a totalidade do nível básico dos indicadores propostos pelo
GEBE.
À vista disso, confirma-se a hipótese inicial da pesquisa: as Bibliotecas Escolares da
rede pública de Touros/RN possuem uma insuficiência na promoção de incentivo,
disponibilização de espaço físico, acervo, computadores com acesso à internet, organização do
acervo, serviços e atividades e recursos humanos especializado que são essenciais na
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REFERÊNCIAS
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ESCOLAS LOCALIZAÇÃO
Kinder Creche Associação Irmã Aloisia Esquina do Brasil
Creche Municipal Prefeito Antônio Severino da Câmara Santa Luzia
Escola Municipal Luiza Cirino da Silva Vila Assis
Escola Municipal Professora Esmeralda França Boa Cica
Escola Municipal Manoel Severiano Monteiro Cajá
Escola Municipal Vicente Tavares de Lira Lagoa do Sal
Escola Municipal André Gomes Geral
Creche Municipal Professor Evaristo Gomes Barbosa da Silva Santa Luzia
Creche Municipal Pequeno Davi Vila Assis
Núcleo Educativo de Touros Centro
Escola Municipal de 1º Grau João Joaquim da Silva Santa Luzia
Escola Municipal Professora Maria Carolina dos Santos Varzinha
Escola Municipal do Assentamento Chico Gomes Chico Mendes
Escola Municipal de Golandim Golandim
CEMEI II - Professora Esmeralda de Jesus Morais Centro
Escola Municipal Professor Gaspar França Portal de Touros
Escola Municipal Rosa Vieira da Silva Carnaubal
Escola Municipal Maria do Carmo Ribeiro Cajueiro
Escola Municipal Jeanne Machado Zabelê
Escola Municipal Luiz Gomes de Oliveira Boqueirão
Escola Municipal Agrovila Santo Antônio Santo Antônio
Centro Municipal de Alfabetização - CEMEI I Centro
Escola Municipal Emidio Manoel do Nascimento Baixa do Quinquim
Escola Municipal Professora Maria Jose Pimentel Vila Mayne
CEMEI Escola Almirante Tamandare Cajueiro
Escola Municipal Dr. Orlando Flávio Junqueira Ayres Centro
Escola Municipal Maria Dalva da Silva Vila Israel
Escola Municipal Geraldo Ferreira da Costa Perobas
CEMEI Prefeito Cândido Emidio da França Boa Cica
Escola Municipal Professora Lindalva Taveira Carnaubinha
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE Centro
Escola Municipal Manoel Tarquinio São José
Escola Municipal Lutero Barbosa Monte Alegre
Escola Municipal Planalto do Retiro Planalto do Retiro
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