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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA


CAMPUS – JI-PARANÁ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

FRANÇOISE MARIA BALDIN

HISTÓRIA E MEMÓRIA DA IMPLANTAÇÃO DO CENTRO DE AUTISMO


NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ- RONDÔNIA

Ji-Paraná, RO, agosto de 2022.


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FRANÇOISE MARIA BALDIN

HISTÓRIA E MEMÓRIA DA IMPLANTAÇÃO DO CENTRO DE AUTISMO


NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ- RONDÔNIA

Monografia apresentada à Fundação


Universidade Federal de Rondônia – UNIR,
Campus de Ji-Paraná/RO, Departamento de
Ciências Humanas e Sociais, como requisito
avaliativo para a conclusão do Curso de
Licenciatura em Pedagogia, sob orientação da
professora Profª. Drª. Neidimar Vieira Lopes
Gonzales.

Ji-Paraná, RO, agosto de 2022.


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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

FRANÇOISE MARIA BALDIN

Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Fundação Universidade


Federal de Rondônia – UNIR, Campus de Ji-Paraná, como requisito para
obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia, Aprovada pela banca
avaliadora em 02 de Agosto de 2022.

BANCA AVALIADORA

__________________________________________
Profª. Drª. Neidimar Vieira Lopes Gonzales
Orientadora
Universidade Federal de Rondônia

___________________________________________
Prof. Drº. Reginaldo de Oliveira Nunes
Avaliador
Universidade Federal de Rondônia

___________________________________________
Prof. Me. Iuri da Cruz Oliveira
Avaliador
Instituto Federal de Rondônia

Ji-Paraná/RO, agosto de 2022.


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Ensinar não é transferir conhecimento, mas


criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção (Paulo Freire).
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DEDICATÓRIA

Dedico a Deus pelo dom da vida, por estar presente em


todos os momentos da minha vida, e pelo propósito que
Ele me proporcionou ao longo do processo, pois não foi
fácil. Em muitos momentos pensei que não conseguiria,
mas a sua mão me sustentou e me fortaleceu para que o
sonho se tornasse realidade, pois eu jamais viveria o
propósito sem ter passado pelo processo.
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AGRADECIMENTOS 

À minha família por sempre torcer por mіm. Ao meu esposo e minhas
filhas, agradeço pela dedicação e cuidado comigo, sempre incentivando e
acreditando em meu potencial, e isso foi o que me possibilitou seguir me
possibilitou enxergar a cada dia que não estou sozinha nesta caminhada.
À minha amiga Claudimar, que foi a peça chave para que eu entrasse na
universidade, sempre me ajudando e acreditando que eu seria capaz, e isso
fez uma enorme diferença para que eu não desistisse do objetivo.
À minha querida pastora Josiane Galego, que sempre me ajudou em
oração e me incentivou a prosseguir.
A todos os colegas do curso de pedagogia por compartilharem
momentos inesquecíveis que levarei para sempre em meu coração.
As minhas amigas, companheiras de curso, cujos laços de amizade
levarei para além da universidade. Layne Carla, Ana Lúcia e Patrícia Oliveira,
vocês são amigas guerreiras e companheiras prontas a ajudar e dar uma
palavra amiga quando as coisas não iam muito bem. Sempre estivemos juntas
nos momentos de alegria para comemorar uma nota boa ou um trabalho bem
sucedido, apoiando umas às outras. Amizades que levarei para toda a vida.
Agradeço também as minhas colegas de classe Rosiane Silva Corrêa e
Josecléia Soares que também fizeram parte dessa trajetória me ajudando e
incentivando, obrigada pelo apoio que tive nos momentos difíceis, pois sozinha
não conseguiria.
Quero agradecer também a minha amiga Ana Paula que percorreu um
longo caminho de estudos comigo e sempre me incentivou a não desistir,
mesmo quando eu não tinha mais forças, me encorajava a seguir firme no
propósito e a não parar no meio da jornada, que tudo valeria a pena e
realmente posso dizer que valeu muito ter sofrido, ter chorado e até ter ficado
sem dormir pra conseguir cumprir essa etapa, que finalmente chega ao fim de
mais um ciclo.
Aos colegas de trabalho que me ajudaram direta e indiretamente, em
especial a Joana Melo, obrigada pelo apoio assumindo as minhas funções nos
momentos em que eu tinha que me ausentar para desenvolver atividades
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ligadas a universidade e a escrita da monografia. Enfim, a toda a equipe por


me ajudar nos diversos momentos possibilitando a minha ausênciano trabalho.
Agradeço também aos profissionais do Centro Municipal de Atendimento
Educacional Especializado para Autismopela forma acolhedora com que me
receberam na instituição. À diretora que colaborou me disponibilizando as
informações e dados, à Cecília pela receptividade. Na verdade, fui muito bem
recebida por toda a equipe e me senti acolhida.
Agradeço a todos os profissionais que de uma forma ou outra
colaboraram para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos professores e professoras do Curso de Licenciatura em Pedagogia,
da Unir campus de Ji-Paraná, que contribuíram significativamente para minha
formação.
À banca examinadora deste trabalho: Prof. Drº. Reginaldo de Oliveira
Nunes e Prof. Me. Iuri da Cruz Oliveira, por sua disponibilidade e por
contribuírem de forma valiosa a este estudo.
E enfim, quero agradecer especialmente à minha orientadora prof. Dra.
Neidimar Gonzales, por doar seu tempo e se empenhar junto comigo nesse
trabalho. Agradeço por sua disponibilidade, pelo incentivo, pelas orientações e
por me indicar a melhor direção para realização deste estudo. Também sou
infinitamente grata por acreditar no meu potencial e me impulsionar quando eu
mesma duvidei que conseguisse. Quero enfatizar a minha admiração por você,
como profissional e como a pessoa maravilhosa que és. Vou levar esse
período de pesquisas e estudo com muito carinho, lembrando-me de que
apesar dos desafios eu pude contar com sua compreensão em relação às
minhas limitações e com seu grande conhecimento na área. A sua paciência e
orientação foram determinantes para a realização deste trabalho.
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RESUMO

O presente estudo trata de uma pesquisa descritiva de abordagem


qualitativa. Os procedimentos metodológicos envolveram levantamento
bibliográfico, estudo empírico e análise documental realizada no Centro
Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo e na
Secretaria Municipal de Educação-SEMED de Ji-Paraná/RO. Tem como
objetivo geral investigar como foi o processo histórico e legal para a criação e
funcionamento do Centro de Autismo no município de Ji-Paraná - Rondônia. Os
colaboradores para a realização da pesquisa foram: a atual diretora do Centro
Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo (CMAEEA)
e a atual Gerente de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação -
SEMED de Ji-Paraná/RO. Para a fundamentação teórica usamos os estudos
de Bosa (2002), Castro (2003), Constituição Federal do Brasil (1988), Goffman
(1988), Mello (2004) e Mitter (2003). As informações apresentadas neste
estudo foram extraídas da legislação e documentos oficiais da instituição
investigada. Os instrumentos utilizados para obtenção das informações foram:
visita, observação in loco à instituição e questionário semiestruturado contendo
questões abertas. A análise dos dados foi por meio da análise de conteúdo
com base na proposta de Bardin (2011). Os resultados dessa experiência
apontam que o Centro de Autismo de Ji-Paraná foi criado e implementado em
03 de julho de 2013 para atender uma demanda emergente, considerando que
os pais e responsáveis por crianças autistas não tinham um local de
atendimento que estivesse adequado às necessidades e às especificidades de
seus filhos. O Centro é uma referência, pois é o único da região Norte do país.
O número de atendimentos aumenta a cada ano, o que se torna um ponto
positivo, porque é uma forma de garantir todos os direitos de acesso à
educação.

Palavras-chave: Transtorno do espectro autista. Desenvolvimento humano.


Aprendizagem.
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ABSTRACT

The present study is a descriptive research with a qualitative approach.


The methodological procedures involved a bibliographic survey, empirical study
and document analysis carried out at the Municipal Center for Specialized
Educational Assistance for Autism and at the Municipal Department of
Education-SEMED in Ji-Paraná/RO. Its general objective is to investigate the
historical and legal process for creation and operation of the Autism Center in
the town of Ji-Paraná - Rondônia. The collaborators to perform the research
were: the current director of the Municipal Center for Specialized Educational
Assistance for Autism (CMAEEA) and the current Manager of Special Education
from the Municipal Department of Education - SEMED of Ji-Paraná/RO. For the
theoretical foundation we used the studies of Bosa (2002), Castro (2003), The
Federal Constitution of Brazil (1988), Goffman (1988), Mello (2004) and Mitter
(2003). The information presented in this study was extracted from the
legislation and official documents of the investigated institution. The instruments
used to obtain the information were: visit, observation in loco at the institution
and semi-structured questionnaire containing open questions. Data analysis
was done through content analysis based on Bardin's (2011) proposal. The
results of this experience indicate that the Ji-Paraná Autism Center was created
and implemented on July 3, 2013 to answer an emerging demand, considering
that parents and guardians of autistic children did not have a place of care that
was adequate to their needs and the specifics of their children. The Center is a
reference, as it is the only one in the Northern part of the country. The number
of attending increases every year, which becomes a positive point, because it is
a way of guaranteeing all the rights of access to education.

Keywords: Autism Spectrum Disorder. Human development. Learning.


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LISTA DE FOTOS

Placa de identificação do Centro Municipal de Atendimento


Foto 1 49
Educacional Especializado para Autismo
Fachada do Centro Municipal de Atendimento Educacional
Foto 2 49
Especializado para Autismo
Sala Temática Tátil do Centro Municipal de Atendimento
Foto 3 50
Educacional Especializado para Autismo
Sala Temática de Linguagem do Centro Municipal de
Foto 4 51
Atendimento Educacional Especializado para Autismo
Sala de acomodação do Centro Municipal de Atendimento
Foto 5 51
Educacional Especializado para Autismo
Sala Temática Motora do Centro Municipal de Atendimento
Foto 6 52
Educacional Especializado para Autismo
Quadra coberta do Centro Municipal de Atendimento
Foto 7 52
Educacional Especializado para Autismo
Piscina para estimulação motora e sensorial do Centro
Foto 8 Municipal de Atendimento Educacional Especializado para 53
Autismo
Área de recreação e descontração no Centro Municipal de
Foto 9 53
Atendimento Educacional Especializado para Autismo
Espaço de recreação do Centro Municipal de Atendimento
Foto 10 54
Educacional Especializado para Autismo
Espaço de recreação do Centro Municipal de Atendimento
Foto 11 54
Educacional Especializado para Autismo
Espaço de recreação do Centro Municipal de Atendimento
Foto 12 55
Educacional Especializado para Autismo
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LISTA DE QUADROS

Total geral de estudantes deficientes nas escolas da rede


Quadro 1 42
municipal de ensino de Ji-Paraná
Organização dos Espaços do Centro Municipal De
Quadro 2 58
Atendimento Educacional Especializado Para Autismo
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEE – Atendimento Educacional Especializado


APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
CID – Classificação Internacional de Doença
CMAEEA – Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para
Autismo
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
LDBEN– Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
ONU – Organização das Nações Unidas
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
RO – Rondônia
SEMED – Secretaria Municipal de Educação
TEA – Transtorno do Espectro Autista
TGD – Transtorno Global do desenvolvimento
TID – Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
UNIR – Universidade Federal de Rondônia
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SUMÁRIO 

INTRODUÇÃO 15
1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL 17
1.1 Dos Direitos da pessoa com deficiência 21
2 CONHECENDO O AUTISMO 29
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA 36
3.1 Justificativa 36
3.2 Objetivos do estudo 37
3.2.1 Objetivo geral 37
3.2.2 Objetivos específicos 37
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 38
5 HISTÓRIA E MEMÓRIA DO CENTRO DE AUTISMO 41
5.1 Observações de campo 41
6 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS 43
CONSIDERAÇÕES FINAIS 62
REFERÊNCIAS 65
APÊNDICES 68
ANEXOS 72
15

INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista - TEA, mais conhecido como autismo,


é um transtorno global no desenvolvimento, uma condição de saúde
caracterizada por déficit na comunicação social e comportamento.
Bosa (2009) enfatiza que o autismo se caracteriza pela presença de um
desenvolvimento acentuadamente atípico na interação social e comunicação,
assim como pelo repertório marcadamente restrito de atividades e interesses.
Tratar desse tema é de grande relevância para toda a sociedade, e em
especial para a escola, pois é o lugar de diversidade e espaço de socialização,
contexto em que ocorrerão situações que exigirão conhecimento aprofundado
sobre inclusão, e neste caso sobre o Espectro Autista. Nesse sentido, vale
ressaltar que o desempenho da criança com autismo é, em grande parte
resultado da atuação dos professores em parceria com a família.
Assim, o objetivo deste estudo é investigar como foi o processo histórico
e legal para a criação e funcionamento do Centro de Autismo no município de
Ji-Paraná - Rondônia.
Para compreender os aspectos sociais, nos fundamentamos na obra de
Vygotsky (1988) apud Mello (2004), pois a concepção sócia histórica afirma
que o desenvolvimento humano, a construção da identidade e a apropriação
cultural são resultados das interações sociais. Dessa forma, o professor precisa
estar preparado para lidar com as especificidades do aluno autista, precisa ter
conhecimento sobre o assunto e saber agir diante dos desafios que esse aluno
poderá enfrentar na escola. As relações estabelecidas nesse ambiente são
essenciais em todo o processo de aprendizado da pessoa autista.
Porém, para que haja a inclusão não basta apenas ter conhecimento de
técnicas, o professor precisa estar próximo ao aluno, conhecê-lo e saber o que
significa ser autista. E para que isso aconteça de forma apropriada a este, o
profissional precisa estar preparado para lidar com as situações diversas que
podem ocorrer em sala de aula.
Todos os aspectos do desenvolvimento humano estão correlacionados,
seja ele biológico, físico, motor, social, intelectual ou emocional, não há como
concebê-los de forma separada. Assim, a pessoa autista não se desenvolve
somente por fatores biológicos ou intelectuais, mas como um sujeito social que
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se constrói com base nas relações sociais. Relações estas que podem ser
mediadas pela escola e conforme este estudo, pelo Centro Municipal de
Atendimento Educacional Especializado para Autismo.
Este trabalho está organizado em seis seções. Na primeira seção
apresentamos o histórico da Educação inclusiva no Brasil. Na segunda seção
falamos sobre um breve histórico do autismo. A contextualização da pesquisa,
é apresentada na terceira seção, nela é descrita a construção e o percurso da
pesquisa. Na quarta seção, discorremos sobre o conceito de autismo e
legislação, através de pesquisas documentais sobre o Transtorno do Espectro
Autista e sobre as leis que garantem os direitos da pessoa com Transtorno do
Espectro Autista.
O histórico do Centro Municipal de Atendimento Educacional
Especializado para Autismo é apresentado na quinta sessão, apresentamos
dados retirados dos documentos legais da instituição a fim de inteirar sobre o
processo histórico para a sua criação, funcionamento e implantação no
município de Ji-Paraná – Rondônia. Na sexta e última seção, trazemos a
análise e as informações geradas pela pesquisa. O trabalho é finalizado com
as considerações que permitiram perceber a relevância deste estudo,
demonstrando a importância do Centro de Autismo na vida dos alunos
matriculados, pois realizam um trabalho que possibilita o desenvolvimento das
habilidades e aproveitam as suas potencialidades, além de atuar em parceria
com as famílias o que auxilia também no desenvolvimento das relações
sociais.
17

1. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

Nesta seção apresentamos um breve histórico da educação inclusiva no


Brasil. Os autores consultados para este embasamento foram Castro (2003), e
Mitter (2003).
A finalidade da educação inclusiva vai além de aproximar as pessoas
que tem dificuldades de aprendizagem ou de se inteirar com os demais por
suas limitações e ainda por causa da discriminação que muitas vezes os
grupos vulneráveis e marginalizados sofrem na sociedade.
Normalmente uma criança com deficiência tem dificuldades de se
relacionar com as outras crianças, pois se sente menos capaz ou até mesmo
inferior às demais. Entretanto, o papel de uma educação considerada inclusiva
implica proporcionar a essas crianças um sentimento de igualdade, pois
sabemos que se forem tratadas com respeito e carinho irão se sentir “capazes”
e acolhidas, mesmo tendo dificuldades ou limitações.
Remontando algumas décadas, percebemos que os educandos têm sido
reduzidos a imagens, símbolos ou conceitos. Essa redução é enfatizada
quando tratamos de crianças com deficiência física ou déficit intelectual. Para a
Psicanálise, as imagens, os estereótipos e os preconceitos são fenômenos
essencialmente imaginários, como se fossem um registro de uma imagem
congelada. O problema social começa quando, através dele, nós
estigmatizamos as pessoas. Goffman (1988) define o estigma como um sinal
profundamente depreciativo utilizado para afastar de um grupo dominante
algum indivíduo ou um conjunto de pessoas com determinadas características
que os diferenciem da norma, resultando em indivíduos rejeitados, objetos de
discriminação e excluídos da participação em diversas áreas da sociedade .
A chamada Educação Inclusiva surgiu da importância de garantir a
igualdade quanto ao acesso à educação. Da preocupação em garantir
atendimento e práticas que atendam aos educandos com necessidades
especiais oportunizando a eles a inclusão e não apenas a inserção no
ambiente escolar. Não é ao acaso que as pessoas preferem seu sistema de
crenças, estereótipos e preconceitos, afinal essas pessoas acreditam que as
coisas não mudam.
18

O fato de possuir deficiências não significa que o seu desenvolvimento


não terá avanços, pois os relatos dos professores que estão atuando é de que
quando os alunos com deficiência chegaram à escola, tinham maiores
comprometimentos, mas a partir da socialização e interação com os colegas e
o ambiente escolar, tiveram avanços significativos. O que percebemos por
meio do estudo empírico é que existe o preconceito desmedido por parte dos
responsáveis pelo seu processo de formação educacional. Isto é um mero
reflexo da sociedade em que vivemos.
No Brasil, a preocupação com a inclusão e educação da pessoa com
deficiência, ocorreu a partir do final do século XIX, com a implantação de duas
instituições públicas, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) (1954)
no Rio de Janeiro e o Instituto Benjamin Constant (1854) em Salvador.
O Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) é reconhecido pelo
MEC, como Centro de Referência Nacional na área da surdez e exerce os
papéis de subsidiar a formulação de políticas públicas e de apoiar a sua
implementação pelas esferas do Governo. De acordo com o gov.br, que é a
plataforma digital de relacionamento do cidadão com o governo federal
brasileiro, o INES realiza os seguintes serviços:

1) Qualifica e encaminha a pessoa surda para o mercado de


trabalho, valorizando suas potencialidades e promovendo o
exercício da cidadania;
2) Avalia a audição dos indivíduos, fornecendo subsídios
técnico-científicos relativos à prevenção e ao diagnóstico
precoce da surdez e avaliação de perdas auditivas;
3) Oferece cursos de Libras;
4) Oferece assessoria técnica na área da surdez;
5) Reconhece e promove o uso de línguas de sinais;
6) Prepara profissionais bilíngues com competência científica,
social, política e técnica(BRASIL, 2022).

O Instituto Benjamin Constant [...] é referência nacional na educação e


capacitação profissional de pessoas cegas, com baixa visão, surdocegas ou
com outras deficiências associadas à deficiência visual, que atua nas
educações básica e superior (BRASIL, 2022).
Em 1835, o Deputado Cornélio Ferreira (Salvador- BA), apresentou um
Projeto de Lei à Assembleia Legislativa visando oferecer a alfabetização aos
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cegos e surdos. Esse projeto acabou arquivado por falta de interesse das
autoridades.
Podemos destacar dois períodos que marcaram a evolução da
Educação Especial no Brasil: de 1854 a 1956: período caracterizado por
iniciativas oficiais, particulares e isoladas; e de 1957 a 1993: período
caracterizado por iniciativas oficiais de âmbito nacional.

Foi no período de 1854 a 1956 que acontece às primeiras


iniciativas para atendimento dos deficientes. E eram feitas por
pessoas que estavam preocupadas com a educação das
crianças que apresentavam alguma deficiência. Este
envolvimento se deu com alguns governantes, mas não era
prioridade. Esse empenho contribuiu para que fossem criadas
várias instituições para todos os tipos de deficiências. A criação
dessas instituições não teve um envolvimento em conjunto,
foram isoladas sem a participação do Governo Federal. O
segundo período de 1957 a 1993, foi de iniciativas oficiais de
âmbito nacional, sendo nesse momento que o Governo Federal
assumiu a responsabilidade da Educação Especial, com a
criação de Campanhas que eram destinadas para este fim.
Surgindo a primeira Campanha para a Educação do Surdo
Brasileiro - C.E.S.B. pelo Decreto Federal nº 42728, de 3 de
dezembro qual o ano do Decreto? E outras que foram criadas
pelo Governo Federal. É neste período que podemos notar a
preocupação com as crianças deficientes por todo o conjunto e
pelas autoridades que comandam o país. Houve ainda a
preocupação de planejar o desenvolvimento da Educação
Especial. Criou se as leis que amparam as pessoas com
deficiências. (NAHIRNEI,2015, p.4)

Logo no início do século XX surgem também as escolas privadas de


atendimento, como o Instituto Pestalozzi, criado em 1926 no Rio Grande do
Sul, com o objetivo de propiciar assistência às pessoas com necessidades
especiais nas áreas de educação, saúde e assistência.
Em 1954 foi fundada no Estado do Rio de Janeiro a primeira Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, também com a caracterização de
entidade particular assistencial. A APAE é resultado de um movimento pioneiro
no Brasil para prestar assistência médico-terapêutica às pessoas com
deficiência intelectual.
A partir da década de 1930, em decorrência das exigências da
sociedade industrial, houve um aumento no número de escolas públicas em
relação à quantidade de habitantes e o acesso à escolarização de parte da
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população menos favorecida economicamente, pois tiveram que exiliar-se da


área rural para a urbana.
Dessa forma, educação especial no Brasil foi se desenvolvendo pautada
em bases assistencialista, o que contribuiu para que a educação escolar
acontecesse de forma irreal, em que não se atendia as necessidades do aluno
com deficiência.
Na década de 1950 e início de 1960 temos, então, um contexto de
mobilização social, com o surgimento e o fortalecimento de algumas
organizações e de movimentos educativos, como por exemplo, o trabalho
desenvolvido por Paulo Freire que defendia que o objetivo da escola deve ser o
de ensinar o aluno a "ler o mundo" para poder transformá-lo, oferecendo uma
educação que incentive a criticidade do aluno, indo além dos conteúdos
programáticos.
Nessa trajetória histórica, em 1972, foi constituído pelo MEC o Grupo
Tarefa de Educação Especial, um grupo de trabalho foi formado para delinear a
política e as linhas de ação do Governo na área da educação de excepcionais.
Esse trabalho resultou na primeira proposta de consolidação da educação
especial brasileira com a [...] criação de um órgão central, implantado no
próprio Ministério de Educação e Cultura, designado Centro Nacional de
Educação Especial – CENESP, passando a ser a Secretaria de Educação
Especial – SEESP. (HAMZE, BRASIL ESCOLA, 2022).
A partir da década de 80 e início dos anos 90, o empenho das pessoas
com deficiência foi na luta pelos direitos já conquistados e na busca pelo
respeito às suas necessidades básicas de convivência e inserção social.
Neste período a LDBEN 9394/96 foi publicada e tem um capítulo que
trata especificamente da Educação Especial, o que torna obrigatório a inclusão
do deficiente no ensino regular. Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
as pessoas com necessidades especiais passaram a ser sujeitos das ações de
prevenção, reabilitação, inserção no mercado de trabalho e obtenção de
direitos e de cidadania.
Em março de 2003, 120 pessoas representantes dos sistemas de ensino
federal, estadual e municipal de todo o país participaram do encontro A Oficina
“Educação Inclusiva no Brasil – Diagnóstico Atual e Desafios para o Futuro”,
promovido pelo Banco Mundial e a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro,
21

para discutir sobre a educação inclusiva no Brasil, onde surgiu uma situação
desafiadora que é a de situar a perspectiva de uma educação inclusiva como
uma prática social para todos.

A Oficina “Educação Inclusiva no Brasil – Diagnóstico Atual e


Desafios para o Futuro”, promovida pelo Banco Mundial e pela
Secretaria de Educação da Cidade do Rio de Janeiro, em
março de 2003, reuniu 120 pessoas convidadas como
representantes dos sistemas de ensino federal, estadual e
municipal de todo o país, e de movimentos e organizações da
sociedade civil com atuação relevante na área. As discussões
da Oficina e os relatórios do encontro foram desenvolvidos
tendo como referência seis temas específicos: currículo,
acessibilidade, família/comunidade, recursos humanos,
material pedagógico/tecnologias assistivas e políticas públicas.
(GLAT; FERREIRA, 2003, p.1)

Incluir pessoas com deficiências implica propiciar a elas os direitos


garantidos pela Constituição Federal do Brasil de 1988 Art.205, tais como:
educação, saúde e assistência, pois isso é o mínimo necessário para o
verdadeiro exercício da cidadania, esse conjunto reflete diretamente na
educação de pessoas com necessidades especiais e na formação de uma
sociedade mais igualitária.
Portanto, é necessário haver a conscientização acerca da importância e
valor da diversidade e da cultura para o desenvolvimento pessoal e social.
Devem-se resgatar nos educandos iniciativas para a aceitação e integração de
pessoas deficientes. Para, além disto, o professor deve desenvolver um
trabalho através de comunicação e transmissão de conhecimento, visando
buscar uma educação de qualidade e inclusiva usando os processos
participativos e interacionais, podem partir de ambientes socioeducativos, e
projetos que possam desencadear a participação da comunidade escolar junto
às pessoas com necessidades especiais. Projetos como: artesanato, danças,
teatros, no âmbito artístico, ou até mesmo, no campo instrucional, tal como
Informática e Inclusão Digital.

1.1 Dos Direitos da pessoa com deficiência


22

Ao direcionar o estudo, considerando os desafios para a inclusão social


das pessoas com necessidades especiais nas escolas de ensino regular, é
necessário recorrer à legislação brasileira para conhecer os direitos que ela
garante aos deficientes.
Em 1948, preocupados com a barbárie da Segunda Guerra Mundial, foi
elaborada a Declaração Universal dos Direitos Humanos através da
Organização das Nações Unidas– ONU, neste documento está garantido que
todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, todos
sem distinção de cor, raça ou nacionalidade.
Nesse sentido, as pessoas são diferentes no aspecto físico e cultural,
mas continuam iguais em seus direitos assegurados nas Leis e Estatutos. Foi
redigida e aprovada no Brasil a Constituição Federal de 1988, que permanece
em vigor, e vem ao encontro dos desafios enfrentados pelas pessoas com
necessidades especiais e os ampara nos artigos que tratam da educação:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,


será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. (BRASIL, 1988, Art. 205)

O artigo 205 da Constituição Federal do Brasil de 1988, determina que a


educação é um direito de todos, vale para as pessoas com deficiência, além
disso, apresenta o Estado, a família e a sociedade como responsáveis em
garantir a sua promoção.
O Art. 206, da CF, de 1988, determina que “O ensino será ministrado
com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola”. Para que seja possível a igualdade propagada neste
artigo, é necessário atender ao disposto no inciso III, do artigo 208, da CF de
1988, pois, complementa ao determinar quem e como deve ser a oferta “O
dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: III -
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência 1,

1
Importante destacar que a partir de 2010 foi publicada a Portaria nº 2.344, de 3 de
novembro de 2010, que atualiza a nomenclatura do Conselho Nacional dos Direitos da
Pessoa Portadora de Deficiência – CONADE. Não se usa mais o termo portador, e sim
pessoa com deficiência.
23

preferencialmente na rede regular de ensino”. Para haver igualdade de


condições aos estudantes deficientes, deve-se ofertar uma educação que
atenda às suas especificidades.
Outro dispositivo legal que contribuiu para reforçar o direito preconizado
na Constituição de 1988, foi o Estatuto da Criança e do Adolescente, pois ao
ser promulgado em 1990, inovou possibilitando uma nova forma de enxergar
esses direitos. Os incisos I ao V do art. 53 do ECA de 1990 determinam que:

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao


pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
assegurando-lhes:
I. Igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola;
II. Direito de ser respeitado por seus educadores;
III. Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
às instâncias escolares superiores;
IV. Direito de organização e participação em entidades
estudantis;
V. Acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência
do processo pedagógico, bem como participar da definição das
propostas educacionais. (BRASIL, 1990, Art. 53)

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 9394 de


1996, contém três artigos que tratam exclusivamente da educação Especial,
sendo eles:

Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a


modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente
na rede regular de ensino, para educandos portadores de
necessidades especiais.
§1º.Haverá, quando necessário, serviços de apoio
especializado, na escola regular, para atender às
peculiaridades da clientela de educação especial.
§2º.O atendimento educacional será feito em classes, escolas
ou serviços especializados, sempre que, em função das
condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular.
§3º.A oferta de educação especial, dever constitucional do
Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a
educação infantil.(BRASIL, 1996,Art. 58)

O caput do artigo 58 da LDBEN n º 9394/96 traz o conceito e definição


de educação especial explicando que esta modalidade deve ser ofertada de
24

preferência em rede regular de ensino, o parágrafo 1º e 2º do mesmo artigo


tratam do serviço de apoio especializado e sua oferta como prioridade em
classe comum, e o parágrafo 3º, que garante o ingresso da criança com
deficiência na escola desde a educação infantil de 0 a 6 anos de idade.

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com


necessidades especiais:
I -currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específicos, para atender às suas necessidades;
II -terminalidade específica para aqueles que não puderem
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental,
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III -professores com especialização adequada em nível médio
ou superior, para atendimento especializado, bem como
professores do ensino regular capacitados para a integração
desses educandos nas classes comuns;
IV -educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições
adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção
no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos
oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma
habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
psicomotora;
V -acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino
regular.(BRASIL, 1996,Art. 59)

O artigo 59 e seus incisos I ao V, da LDBEN 9394/96, determinam que


deve ser assegurado aos estudantes deficientes a adequação do currículo, da
metodologia e dos recursos para atender as suas especificidades. O inciso III
trata da qualificação e formação do professor para atender o estudante
deficiente; e o inciso IV determina a formação para o desenvolvimento das
habilidades, artística, intelectual, psicomotora e para integração social por meio
do trabalho, garantindo o direito à autonomia profissional.

Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão


critérios de caracterização das instituições privadas sem fins
lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em
educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo
Poder Público.
Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa
preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com
necessidades especiais na própria rede pública regular de
ensino, independentemente do apoio às instituições previstas
neste artigo. (BRASIL, 1996,Art. 60)
25

A LDBEN impulsionou o movimento em prol de uma educação inclusiva,


no entanto, só conseguiu isso com o auxílio dos complementos provenientes
de Emendas Constitucionais para garantir e atender as necessidades da
pessoa com deficiência. A partir dela foi publicada a Lei nº 10.098 de 19 de
dezembro de 2000.

Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a


promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão
de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no
mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos
meios de transporte e de comunicação. (BRASIL,2000, Art. 1o).

Esta lei fez com que todas as instituições públicas e privadas se


adequassem para tornar possível o acesso e mobilidade do deficiente em todos
os espaços sociais.
Quando falamos de Inclusão Social, não podemos deixar de ressaltar a
Declaração de Salamanca (1994), que é uma resolução da Organização das
Nações Unidas – ONU, que foi adotada em Assembleia Geral e apresenta os
Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a equalização de
oportunidades para Pessoas com Deficiências. A Declaração de Salamanca
trata dos Princípios, Políticas e Práticas em Educação Especial, essa
Declaração é considerada mundialmente como um dos mais importantes
documentos que visa a inclusão social, com ênfase para as pessoas com
necessidades especiais, em conjunto com a Convenção sobre os Direitos da
Criança (1988) e a Declaração Mundial Sobre Educação para Todos (1990).
Esses movimentos vêm contribuir para a consolidação da Educação inclusiva
mundial.
Nesse sentido, podemos contar também com documentos que
garantem, por meio da normatização, que todos tenham acesso aos
conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao
exercício da cidadania.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais–PCN’s elaborados em 1998 é um
documento que possibilita que os professores possam rever objetivos,
26

conteúdos, formas de encaminhamento das atividades, expectativas de


aprendizagem e maneiras de avaliar. Esta coleção de documentos foi
elaborada buscando respeitar as diversidades regionais, culturais e políticas
existentes no país, como também, considerar a necessidade de criar
referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões
brasileiras.
A construção dos parâmetros curriculares nacionais-PCN’s em 1998 foi
um grande avanço para a educação, visto que a Lei de Diretrizes e Bases da
educação-LDB de 1996 e a Constituição Federal de 1988 não contém uma
orientação curricular mínima comum a nível nacional.
Em relação às necessidades educacionais especiais o documento diz:

Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam a atenção à


diversidade da comunidade escolar e baseiam-se no
pressuposto de que a realização de adaptações curriculares
pode atender a necessidades particulares de aprendizagem
dos alunos. Consideram que a atenção à diversidade deve se
concretizar em medidas que levam em conta não só as
capacidades intelectuais e os conhecimentos dos alunos, mas,
também, seus interesses e motivações. (BRASIL, 1998, p. 23)

Objetivando ampliar a oferta do atendimento educacional especializado


aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular
foi elaborado o Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Este Decreto
dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado – AEE. O decreto no
parágrafo único do artigo 14 prevê que “O atendimento educacional
especializado poderá ser oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou pelas
instituições mencionadas no art. 14(BRASIL, 2008 ).

Admitir-se-á, a partir de 1º de janeiro de 2008, para efeito da


distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das
matrículas efetivadas na Educação Especial oferecida por
instituições comunitárias, confessionais ou 2 filantrópicas sem
fins lucrativos, com atuação exclusiva na Educação Especial,
conveniadas com o poder executivo competente. (BRASIL,
2008, Art. 14).
27

Também, a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015(Lei Brasileira da


Inclusão da Pessoa com Deficiência), popularmente chamada de Estatuto da
Pessoa com Deficiência, tem por objetivo a promoção em condições de
igualdade, do exercício dos direitos e liberdades fundamentais pela pessoa
com deficiência, por meio, principalmente da inclusão social. Esta Lei define e
conceitua o que é pessoa com deficiência destacando que:

Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem


impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
(BRASIL, 2015, Art. 2º)

E o artigo 4º, § 1º, do capítulo II, da Lei de Inclusão, trata da igualdade e da


não discriminação.

Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de


oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma
espécie de discriminação.
§ 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda
forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão,
que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou
anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a
recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de
tecnologias assistivas. (BRASIL, 2015, Art. 4º)

Em seu artigo 27, do capítulo IV, a Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa


com Deficiência trata do direito a educação determinando que:

A educação constitui direito da pessoa com deficiência,


assegurados, sistema educacional inclusivo em todos os
níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a
alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus
talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e
sociais, segundo suas características, interesses e
necessidades de aprendizagem.
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da
comunidade escolar e da sociedade assegurar educação
de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a
salvo de toda forma de violência, negligência e
discriminação (BRASIL, 2015).
28

O Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020, institui a Política


Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao
Longo da Vida. O Artigo 3º, incisos I ao V deste decreto apresenta os princípios
da Política Nacional de Educação Especial.

São princípios da Política Nacional de Educação Especial:


Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida:
I - educação como direito para todos em um sistema
educacional equitativo e inclusivo;
II - aprendizado ao longo da vida;
III - ambiente escolar acolhedor e inclusivo;
IV - desenvolvimento pleno das potencialidades do educando
(BRASIL, 2020).

Enfim, todos os dispositivos legais citados asseguram às pessoas com


deficiência a todos os direitos constitucionalmente garantidos, assim como a
todo cidadão brasileiro. Dito de outra forma, a Legislação protetiva existe em
quantidade considerável, mas é necessário, incorporar no cotidiano da
sociedade brasileira, transformando em algo consciente e satisfatório para a
sociedade. Deste modo, será possível integrar a pessoa com deficiência a
sociedade, possibilitando que exerça sua cidadania de forma plena e
promovendo justiça.
29

2. CONHECENDO O AUTISMO

Nesta seção será apresentada uma breve conceituação do autismo.


Os autores consultados para a construção desta seção foram Bosa
(2002), a Constituição Federal do Brasil (1988) e Mello (2004).
Para compreender o significado do termo autismo recorremos ao estudo
etimológico desta a palavra.
Conforme o dicionário “Origem da Palavra”(2022),autismo a partir do
grego, vem de AUTÓS, “de si mesmo", em referência à escassa interação da
pessoa com outras.
O Transtorno do Espectro Autista foi descrito pela primeira vez de forma
clínica em1943, por Leo Kanner, um psiquiatra Austríaco, usando como base,
observações feitas em seu estudo com um grupo de onze crianças que
demonstravam maneirismos motores e aspectos não usuais na comunicação.
(KANNER, apud BOSA; CALLIAS, 2000)
Conforme a Classificação Internacional de Doença (CID), o autismo
acompanha várias manifestações comuns do transtorno, e está inserido no
código CID-10 que conforme descrito na página eletrônica da MedicinaNet “A
CID 10 fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande
variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias
sociais e causas externas para ferimentos ou doenças”.
De acordo com a Classificação Internacional de Doença (CID) o autismo
é definido como um transtorno global do desenvolvimento (TGD) e Transtorno
Invasivo do Desenvolvimento (TID) e compreende uma variedade de
manifestações comuns do transtorno como:

CID 10 - F84 Transtornos globais do desenvolvimento


CID 10 - F84.0 Autismo infantil
CID 10 - F84.1 Autismo atípico2
CID 10 - F84.2 Síndrome de Rett3
CID 10 - F84.3 Outro transtorno desintegrativo da infância
2
O autismo atípico é um dos distúrbios mais comuns no funcionamento do sistema nervoso central. É
diagnosticada em crianças, mas, diferentemente de outros distúrbios do desenvolvimento, incluídos no
espectro do autismo, os sintomas podem não ser visíveis até aos 3 anos de idade. Disponível em:
<https://www.zarllor.com/autismo-atipico-sinais-e-sintomas-que-devem-ser-avaliados/>
3
A Síndrome de Rett clássica se caracteriza como uma doença neurológica progressiva que afeta
primariamente meninas. As pacientes apresentam um desenvolvimento normal até 6 ou 18 meses de
vida, seguidos por um breve período de parada do desenvolvimento. Disponível em:
<https://geneone.com.br/blog/sindrome-de-rett/>
30

CID 10 - F84.4 Transtorno com hipercinesia associada a


retardo mental e a movimentos estereotipados
CID 10 - F84. 5 Síndrome de Asperger
CID 10 - F84.8 Outros transtornos globais do
desenvolvimento
CID 10- F84.9 Transtornos globais não especificados do
desenvolvimento(MEDICINANET,2022).

Conforme Bosa (2002), o autismo pode ocorrer em qualquer classe


social, raça ou cultura, assim este transtorno pode atingir a qualquer indivíduo.
E apesar de ser uma síndrome que tem se tornado comum na atualidade,
raramente é identificado antes dos três anosde idade, pelo fato de que os
sintomas não são nítidos antes desta época, pois são caracterizados, por
exemplo, pela ausência na aquisição da fala.
É importante ressaltar que após o crescimento e desenvolvimento da
pessoa com Transtorno do Espectro Autista as mudanças nos sintomas são
raras e mantém-se durante todas as fases da vida. Porém “[...] não se pode
afirmar que no nível da intervenção não se possa minimizar as dificuldades que
caracterizam qualquer síndrome” (BOSA, 2002, p. 68).
Conforme Vygotsky citado por Mello (2004) a teoria histórico-cultural
entende que:

[...] as funções psíquicas humanas, como a linguagem oral, o


pensamento, a memória, o controle da própria conduta, a
linguagem escrita, o cálculo, antes de se tornarem externas ao
indivíduo, precisam ser vivenciadas nas relações entre as
pessoas: não se desenvolvem espontaneamente [...] (MELLO,
2004, p.141).

Deste modo, a forma como são estabelecidas as relações sociais, seja


no ambiente escolar ou familiar, vão influenciar diretamente no
desenvolvimento e no aprendizado da pessoa autista.
É importante ressaltar que a educação em escola regular, a interação e
socialização são direitos garantidos a todos os cidadãos. [...] todas as crianças
devem aprender juntas, sempre que possível, independente de quaisquer
dificuldades ou diferenças que possam ter” (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA,
1994,p. 5)
31

Nesta perspectiva a escola tem o papel fundamental para que a pessoa


com Transtorno do Espectro Autista consiga desenvolver o aprendizado e
socializar-se, pois é através do professor e de suas intervenções que a pessoa
com autismo poderá sentir-se integrada e incluída.
Vygotsky (1988) citado por Mello (2004) por meio da teoria histórico-
cultural entende que o professor é um mediador da relação da criança com o
mundo que ela irá conhecer. A partir desta concepção, compreendemos que o
professor deve incluir a criança com autismo no contexto educacional e social
que a escola proporciona, oportunizando a socialização, a comunicação e
possibilitando que ela se torne ativa quanto ao processo de aprendizagem.

O direito de cada criança a educação é proclamado na


Declaração Universal de Direitos Humanos e foi fortemente
reconfirmado pela Declaração Mundial sobre Educação para
Todos. Qualquer pessoa portadora4 de deficiência tem o direito
de expressar seus desejos com relação à sua educação, tanto
quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito
inerente de serem consultados sobre a forma de educação
mais apropriadas às necessidades, circunstâncias e aspirações
de suas crianças. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.
3)

Portanto, é determinante que o professor esteja preparado para receber


o aluno com Transtorno do Espectro Autista, pois será possível avaliar e
identificar as oportunidades de intervenção, para que seja possível desenvolver
suas habilidades e aproveitar suas potencialidades, possibilitando a inclusão.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) mais conhecido apenas
como autismo, é uma condição de saúde caracterizada por déficit na
comunicação social e no comportamento.
O autismo é definido no§ 1º, incisos I e II, do art. 1º, da Lei 12.764 de
2012, que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro do Autismo:
 
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com
transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome
clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da
comunicação e da interação sociais, manifestada por
4
Portaria nº 2.344, de 3 de novembro de 2010 atualiza a nomenclatura de Pessoa
Portadora de Deficiência para Pessoa com Deficiência.
32

deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada


para interação social; ausência de reciprocidade social; falência
em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de
desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos,
interesses e atividades, manifestados por comportamentos
motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos
sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões
de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
(BRASIL, 2012)

Já o § 2º, do art. 1º, Lei 12.764 de 2012, complementa o § 1º,


reconhecendo que “A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada
pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais”. Desta forma, fica
evidente que os autistas têm os mesmos direitos que são garantidos a todos os
deficientes em seus diferentes tipos.
O documento legal descreve o Transtorno do Espectro Autista de forma
que facilita o entendimento, porém para ter um conhecimento amplo e
consistente do que é o autismo é necessário estudos mais profundos. Também
é preciso uma reflexão, considerando a realidade, as novas formas de
conhecimento e a busca por atualização continuamente (formação continuada).
Além da Lei 12.764de 2012, que reconhece e garante os direitos da
pessoa com Transtorno do Espectro Autista, há outros documentos legais que
garantem de forma ampla os direitos de toda a sociedade, podemos citar um
deles a Constituição Federal do Brasil, de 1988, que garante em seu art. 6º, o
direito à educação:
Art. 6º. São direitos sociais a educação, A saúde, alimentação,
o trabalho, a moradia, o transporte o lazer a segurança a
Previdência Social a proteção a maternidade e a infância,
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(BRASIL, 1988, p.123-124).

Dessa forma é possível compreender que a constituição de 1988, torna


a educação uma obrigação básica do Estado e direito de todos os cidadãos.
Porém, compreendendo que a legislação não consegue garantir de forma
efetiva todos os direitos de forma justa e igualitária, neste sentido, a sociedade
ao longo da história tem elaborado políticas de inclusão objetivando garantir
condições e oportunidades igualitárias e democráticas.
33

Podemos observar que os documentos legais estão em sintonia,


garantindo o direito à saúde e a educação a todos os cidadãos, incluindo as
crianças, os jovens e os adultos com necessidades específicas.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), no 9.394/96
(Brasil, 1996), no Título III, art. 4º, inciso III, expressa que o dever do Estado
com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

Atendimento educacional especializado gratuito aos educandos


com deficiência, Transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os
níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede
regular de ensino. (BRASIL, 1996)

Também, o capítulo V da LDB 9.394/96 trata somente de aspectos


referentes à Educação Especial. Entre os pontos especificados, o art. 58. Art.
2º determina que “O atendimento Educacional será feito em classes, escolas
ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas
dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular".
Nesse sentido entendemos ser importante os Centros de Autismo, a fim
de oferecer o atendimento para as pessoas com espectro autista e para os
seus familiares. Possibilitando sua interação e compreensão enquanto cidadão,
bem como, o apoio diante dos desafios que a pessoa com Transtorno do
Espectro Autista e seus familiares enfrentam. Além de ser o espaço onde o
aluno poderá desenvolver e explorar as suas potencialidades, suas habilidades
de comunicação e socialização.
Por outro lado, é relevante ressaltar a importância da escola nesse
processo, pois é nesse espaço de interação que aluno com Transtorno do
Espectro Autista poderá compartilhar experiências a partir do trabalho
pedagógico. Contudo, é necessário que o profissional da educação esteja
preparado para lidar com a diversidade, e suas ações sejam pensadas com
base nas necessidades especificas de cada aluno ou grupo.
Quando falamos em prática pedagógica, destacamos o Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa- PNAIC um programa do governo federal
com o objetivo de alfabetizar todas as crianças do Brasil até os oito anos de
idade, aborda:
34

 
Em relação à prática pedagógica, quando o professor não
reconhece as diferenças em sala de aula e suas ações partem
de uma prática homogeneizadora, ele opera na produção das
desigualdades, pois exclui os alunos que se encontram fora
dos padrões considerados “toleráveis”, homogêneos e
idealizados. Tais práticas subjacentes às ações dos
professores negam os direitos de aprendizagem dos seus
alunos, pois cada um deles é diferente [...] (BRASIL, 2015,
p.57).

Nesse sentido, o professor precisa reconhecer que os alunos são


diferentes, e que em um ambiente tão diverso há uma variedade de interesses
e habilidades, cada aluno aprende à sua maneira. Sendo assim, esse é um
grande desafio que deve impulsionar o professor a buscar oportunidades de
intervenção e atividades especificas.
Nesta perspectiva, o professor pode contar com a sala de Atendimento
Educacional Especializado- AEE, caso tenha disponível este atendimento na
escola onde atua. O atendimento Educacional Especializado- AEE é para o
aluno que necessita de acompanhamento especializado, onde é atendido por
um profissional específico, que “[...] tem como função identificar, elaborar e
organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras
para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades
específicas” (BRASIL, 2008, p.1).
O AEE é um complemento ao ensino-aprendizagem da sala de aula, que
tem como objetivo a formação dos alunos com o propósito de desenvolver a
autonomia e independência dentro do espaço escolar e fora dele. É importante
ao pensar em educação, analisar a realidade da comunidade em que a escola
está inserida.
No Brasil, sabemos que as escolas têm um número elevado de alunos
nas salas de aula, dificultando que o professor faça um acompanhamento mais
especifico e individualizado para o aluno com deficiência.
A Lei 12.764 de 27/12/2012 diz no parágrafo único do artigo 3º que “em
casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro
autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV
do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado”. (BRASIL, 2012, p.1).
35

Como vimos, a Lei de proteção da pessoa com Transtorno do Espectro


Autista pressupõe regras claras a serem observadas no ambiente escolar,
possibilitando uma educação adequada às necessidades dessas crianças e
adolescentes, o que proporciona maior segurança para os pais e é um auxílio
para o professor. Nesse sentido, Cunha entende que:
 
O aluno com autismo não é incapaz de aprender, mas possui
uma forma peculiar de responder aos estímulos, culminando
por trazer-lhe um comportamento diferenciado, que pode ser
responsável tanto por grandes angústias como por grandes
descobertas, dependendo da ajuda que ele receber (CUNHA,
2014, p. 68).

Porém, os alunos com necessidades especificas chegam a escola


muitas vezes sem que o professor esteja preparado para recebê-los. E nesse
sentido, devemos pensar na importância do cuidador que não têm sido tratada
com a devida consideração, onde na grande maioria dos casos esse
profissional não tem formação compatível com a função que irá exercer como
garante a LDBEN 9394/96 em seu art. 59 que prevê que

[...] Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com


deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação: currículos, métodos, técnicas,
recursos educativos e organização específica, para atender as
suas necessidades” (BRASIL, 1996, Art.59).

Além do mais, o inciso III do mesmo artigo, determina [...] professores


com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns (BRASIL, 1996, Art.59).
Entretanto, apesar da oferta de vagas para inserir o aluno com
Transtorno do Espectro Autista, ainda é lento o processo para que haja
mudanças mais profundas nas práticas pedagógicas específicas para esses
alunos, ou seja, ainda é preciso aprender a se fazer a inclusão.
A inclusão da criança com Transtorno do Espectro Autista deve ser
pensada de forma mais ampla do que apenas a presença na sala de aula, a
inclusão deve ter como objetivo a aprendizagem e o desenvolvimento das
habilidades e potencialidades.
36

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

3.1  Justificativa

As experiências vividas no decorrer do Curso de Pedagogia, por meio


das leituras e práticas relacionadas à educação para pessoas com deficiência e
o fato de ter uma sobrinha diagnosticada com o Transtorno do Espectro autista-
TEA, foi o que me causou maior interesse em buscar conhecimento sobre o
tema.
Por ser um tema relevante para a sociedade, entendo que o interesse
em investigar de forma mais aprofundada o espectro autista; o esforço por
compreender como é o ambiente e o processo de atendimento específico para
as pessoas que possuem esse transtorno, irá auxiliar em sua inclusão,
acolhimento e desenvolvimento cognitivo.
Dessa forma, o presente estudo teve o interesse de investigar como foi o
processo histórico e legal para a criação, implantação e funcionamento do
Centro Atendimento Educacional Especializado para Autismo no município de
Ji-Paraná – Rondônia.
Outro fator que impulsionou este estudo foi a necessidade de conhecer
mais sobre o tema, pois as vivências futuras no meio escolar, possibilitarão
situações que exigirão conhecimento mais aprofundado sobre o Espectro
Autista e saber lidar com a diversidade é de suma relevância.
Por outro lado, tivemos também o intuito de verificar os dados
estatísticos, mostrando a realidade do Centro de Autismo, para que possamos
contribuir para preservar e manter viva a história e memória da instituição para
os futuros pesquisadores e as próximas gerações.
Para tanto, primeiro buscamos conhecer Centro Municipal de
Atendimento Educacional Especializado para Autismo, desde a forma
estrutural, enquanto espaço de inclusão e também o modo como as pessoas
com TEA são atendidas, bem como, saber se Centro Municipal de Atendimento
Educacional Especializado para Autismo tem influência sobre a vida do autista.
37

3.2 Objetivos do estudo

3.2.1 Objetivo geral:

Investigar como foi o processo histórico e legal para a criação e


funcionamento do Centro de Autismo no município de Ji-Paraná - Rondônia.

3.2.2 Objetivos específicos:

Investigar nos documentos legais como foi o processo histórico para a


criação, funcionamento e implantação do Centro de Autismo no município de
Ji-Paraná – Rondônia;
Identificar qual o número de crianças atendidas no Centro de Autismo;
Verificar qual a proposta pedagógica do Centro de Autismo;
Identificar como são os atendimentos;
Identificar quais são os profissionais que atuam no centro de Autismo;
Verificar qual a formação dos profissionais que atuam no centro de
Autismo;
Compreender qual a concepção da família acerca do trabalho realizado
pelo Centro de Autismo;
Identificar se o trabalho realizado pelo Centro de Autismo influencia no
processo de desenvolvimento da criança com autismo e de que forma;
Compreender a importância do Centro de Autismo para a pessoa autista
e para a família.
38

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção será detalhado o percurso da pesquisa e a construção


deste estudo.
A metodologia utilizada para a coleta e análise dos dados do presente
estudo, foi pesquisa documental de abordagem qualitativa que segundo
Gressler (2003) o ambiente natural é a fonte direta dos dados e seus métodos
são múltiplos, interativos e humanísticos. A autora também destaca que as
pesquisas de caráter qualitativo são fundamentalmente interpretativas. “A
interpretação dos resultados desponta como a totalidade de uma especulação
que tem como base a descrição de um fenômeno em um contexto” (Gressler,
2003, p. 87-88).
Inicialmente foi feito um levantamento bibliográfico para aprofundamento
das fontes teóricas acerca da temática. A investigação documental oportuniza a
coleta de informações relevantes. Neste estudo foi feita a verificação nos
documentos legais e pedagógicos que se referem ao processo histórico em
que se deu a criação e implantação do Centro de Autismo de Ji-Paraná. Moroz
e Gianfaldoni (2002, p.67) destacam que “determinados registros têm como
característica o fato de servirem como documento de situações que ocorreram
no passado”.
As referências apresentadas pelos autores Bosa (2002), Castro (2003),
Constituição Federal do Brasil (1988), Goffman (1988), Mello (2004) e Mitter
(2003), ajudaram a construir este estudo, organizado em dois momentos: o
primeiro foi à pesquisa bibliográfica e leitura dos textos que contribuíram para a
elaboração da fundamentação teórica; O segundo momento compreendeu o
estudo de campo que envolveu a identificação e o aceite da instituição
colaboradora com o estudo e a investigação documental.
O estudo de campo compreendeu um momento de visitação à instituição
para observação direta e anotações no diário de bordo, com o intuito de
conhecer o ambiente, os profissionais e os alunos do Centro Municipal de
Autismo de Ji-Paraná, possibilitando uma interação que tornou o
desenvolvimento da pesquisa mais tranquilo, em seguida, outro que envolveu a
coleta de dados por meio do questionário contendo questões abertas.
39

A observação proporcionou conhecer as práticas, comportamentos e


reações dos envolvidos no processo de trabalho. Segundo Gressler (2003)
 
A observação é uma técnica de coleta de dados para obter
informações e utiliza os sentidos para captar aspectos da
realidade. Não apenas a um ver ou ouvir superficial. Diferente
das percepções cotidianas, não intencionais (espontâneas) e
passivas, compreende uma busca deliberada, levada a efeito
com cautela e predeterminação. (GRESSLER, 2003, p.169).

O questionário possibilitou conhecer um pouco mais sobre o Centro de


Autismo e compreender como a pessoa com TEA se sente nesse ambiente.
Para Moroz e Gianfaldoni (2002, p. 66) “o questionário é um instrumento de
coleta de dados com questões a serem respondidas por escrito sem a
intervenção direta do pesquisador.
A pesquisa foi realizada no município de Ji-Paraná– RO, no Centro
Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo, verificando
através de questionário, como foi o processo de criação, implantação e
funcionamento da instituição.
As observações foram realizadas no período de uma semana, no mês
de maio de 2022. O questionário é composto por dezenove questões, conforme
roteiro apresentado nos apêndices, foi entregue à diretora da instituição
colaboradora na pesquisa.
Além do questionário, o instrumento usado para a coleta de dados foi a
pesquisa documental, com investigação nos documentos legais e no projeto
pedagógico do Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado
para Autismo de Ji-Paraná.
Quanto à análise dos dados, esta foi feita com base na proposta de
Laurence Bardin (2011) análise de conteúdo.
Este estudo possibilitou Investigar nos documentos legais como foi o
processo histórico para a criação, funcionamento e implantação do Centro de
Autismo no município de Ji-Paraná – Rondônia, Identificar qual o número de
crianças atendidas no Centro de Autismo, verificar qual a proposta pedagógica
do Centro de Autismo, Identificar como são os atendimentos; Identificar quais
são os profissionais que atuam no centro de Autismo, Verificar qual a formação
dos profissionais que atuam no centro de Autismo, Compreender qual a
40

concepção da família acerca do trabalho realizado pelo Centro de Autismo,


Identificar se o trabalho realizado pelo Centro de Autismo influência no
processo de desenvolvimento da criança com autismo e de que forma e
Compreender a importância do Centro de Autismo para a pessoa autista e para
a família.
41

5. HISTÓRIA E MEMÓRIA DO CENTRO DE AUTISMO

Nesta seção serão apresentadas as informações resultantes da


pesquisa de campo, organizada em dois tópicos: o relato dos dados
identificados no durante a observação e os dados produzidos por meio do
questionário e da pesquisa documental nos documentos oficias do Centro de
Atendimento Especializado para o Autismo de Ji-Paraná.

5.1 Observações de campo:

A observação possibilitou registrar como são feitos os atendimentos às


crianças com Transtorno do Espectro Autista no Centro Municipal de
Atendimento Educacional Especializado para Autismo. Ao adentrar no portão
da instituição já me deparei com um cartaz de boas vindas e duas professoras
recepcionando os alunos com alegria, logo em seguida conversei com a
diretora e ela me apresentou a instituição: conheci as salas de atendimentos,
sala de avaliação, sala de fisioterapia, academia, refeitório, banheiros,
bebedouros, pátio e playground.
Por meio da observação conheci a piscina onde são desenvolvidas as
hidroterapias e fisioterapias aquáticas. Conheci algumas professoras e
conversei com uma mãe de aluno autista, fotografei a instituição com a
permissão dos responsáveis 
Para situar o leitor acerca dos dados atuais sobre o número de
estudantes deficientes nas escolas da rede municipal de ensino de Ji-Paraná,
realizamos uma pesquisa junto a gerente de Educação Especial na SEMED,
que nos informou que há um quantitativo considerável de alunos com
deficiência matriculados nas escolas da rede municipal de Ji-Paraná, sendo um
total de 237 com deficiências variadas sendo: autistas, surdos e outros, os
números mudam muito, no entanto os dados atuais são:

Os dados mudam então os últimos dados bem atuais, temos:


na rede municipal 132 estudantes com autismo, 6 auditivo, 8
visual, 27 com deficiência múltipla e 64 deficiência intelectual.
Que totalizam 237 estudantes com deficiências na rede
municipal, mas também nós temos muitas crianças com
parecer técnico Pedagógico e ainda em avaliação que totaliza
42

mais 123 estudantes em avaliação. Foi realizado essa


contagem no começo do ano. Essas crianças com parecer
técnico pedagógico   em avaliação, são pareceres solicitando
uma outra avaliação médica de um clínico ou de um neuro, de
acordo com a necessidade da criança.  Então são alunos que
tem uma suspeita de deficiência e é preciso ter atendimento
dos demais profissionais para que fechem o laudo desse
estudante. Assim é feito o parecer técnico pedagógico, esse
documento é em relação que tem 123 crianças nesse caso.

QUADRO 1: Total geral De Estudantes Deficientes Nas Escolas Da Rede


Municipal De Ensino De Ji-Paraná 237

Tipo de deficiência Nº de Total de alunos em Avaliação


matriculados Parecer Técnico Pedagógico
Transtorno do Espectro Autista 132
Auditiva 6
Visual 8 123
Deficiência múltipla 27
Deficiência intelectual 64
Total de alunos Matriculados 237
Fonte: Gerente de Educação Especial na Secretaria Municipal de Educação (2022).

A Secretaria Municipal de Educação do município de Ji-Paraná, conta


com uma equipe responsável pela educação inclusiva que é composta pela
superintendente de Ensino e uma Gerente de Educação Especial que
coordenam os profissionais que atendem alunos com deficiência.
Importante ressaltar que o Transtorno do Espectro Autista é a deficiência
que tem um maior índice de matriculas nas escolas. Esse dado é relevante e
chama a atenção para o fato de que essa temática deve ser estudada e os
professores devem conhecer as características da pessoa com autismo para
poder ajudar no seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional (relações
interpessoais).
43

6. ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS


 
A implantação do Centro Municipal de Atendimento Educacional
Especializado para Autismo (CMAEEA), popularmente conhecido como Centro
de Autismo, aconteceu em maio do ano de 2008.
As atividades foram iniciadas em forma de atendimento domiciliar com
apenas uma criança, em julho do mesmo ano. Inicialmente, a ideia para a
implantação um centro de autismo em Ji-Paraná partiu da necessidade de uma
mãe cujo filho é autista:

Histórico - O atendimento à criança autista iniciou em Ji-Paraná


em 2007, quando Cléria, mãe do aluno Gabriel, ao descobrir
que o filho era autista, montou o quarto de brincar em sua casa,
sob a orientação e coordenação da professora Márcia Pereira
de Souza, a época, professora de Gabriel na Escola Municipal
Ruth Rocha. Após uma formação no Programa “Inspirados pelo
Autismo”, custeada pelos pais do referido aluno, implantou o
Programa Educacional, o mesmo foi atendido por um período
de 1 ano e meio, sendo 5 horas diárias. Os resultados foram
surpreendentes. A Secretaria Municipal de Educação,
reconhecendo os avanços significativos do aluno Gabriel,
decidiu investir no atendimento educacional especializado para
autismo. Em julho de 2008, iniciou-se o atendimento em um
quarto improvisado na própria Secretaria de Educação. Em
2009 o atendimento foi ampliado, em um apartamento alugado,
próximo a Secretaria e passou-se a atender mais três crianças.
O atendimento foi ampliado gradativamente; atualmente atende
dez alunos no contra turno do horário que o aluno estuda na
escola regular. Hoje, 03 de julho de 2013, a Prefeitura de Ji-
Paraná, através do Decreto 1669/2013, cria o Centro Municipal
de Atendimento Educacional Especializado para Autismo
(TUDORONDONIA.COM, 2013).

Devido à necessidade de incluir as crianças com autismo na escola


regular, a Secretária de Educação de Ji-Paraná implantou no ano de 2008 a
Sala de Atendimento Educacional Especializado para autismo, inicialmente
atendendo a uma criança no auditório da Secretaria Municipal de Educação-
SEMED, localizada na Rua Almirante Barroso.
Em outubro do mesmo ano já tinham 02 crianças matriculadas, e uma
sala foi adaptada dentro do almoxarifado da SEMED para atendê-las. Ainda no
mês outubro, foi inaugurado o primeiro quarto de brincar adaptado, neste
44

espaço aconteciam os atendimentos, e o quarto ficava dentro do almoxarifado


da SEMED. 
Devido à procura de alguns pais por atendimento para seus filhos. Em
abril de 2009 foi alugado um apartamento, e nesse espaço tinham três quartos
de brincar e eram realizados três atendimentos com duração de três horas
diárias.
Os atendimentos seguiam o modelo SON RISE5, com três professores e
uma voluntária. Conforme o Projeto Pedagógico do Centro de Autismo de Ji-
Paraná:

O Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado


para Autismo organiza o seu currículo de forma diferenciada,
utilizando o Programa Son-Risee o Método DIR-Floortime6.
O Programa Son-Rise traz a seguinte abordagem:
a. um programa individualizado para tratamento de crianças
com autismo clássico ou outras dificuldades no
desenvolvimento;
b. o programa não é um conjunto de técnicas e estratégias
a serem utilizadas com uma criança, mas um estilo de interagir,
uma maneira de se relacionar que inspira a participação
espontânea do aluno para os relacionamentos sociais;
c. o programa tem como objetivo ajudar os pais para que
aprendam a interagir de forma prazerosa, divertida e
entusiasmada com o filho, encorajando altos níveis de
desenvolvimento social, emocional e cognitivo;
d. apresenta uma abordagem relacional, em que a relação
interpessoal é valorizada;
e. inspirar a criança a participar ativamente de
relacionamentos sociais. (Projeto Pedagógico do Centro de
Autismo, 2022, p.9-10)

Dessa forma, seguiram-se os atendimentos no mesmo espaço até o ano


de 2010. Porém, o número de crianças tinha aumentado para nove,
demandando um espaço maior, por isso, alugaram mais um apartamento com
5
O Son-Rise é um programa de intervenção, aplicado maioritariamente no autismo. No
entanto, é passível de aplicação em casos de atraso no desenvolvimento onde se observem
comportamentos semelhantes. Centrado na criança, foi criado pelo casal Barry e Samahria
Kaufman, nos EUA. Em que definiram o autismo como uma perturbação relacional e
interactiva. O que na sua essência representa um desafio neurológico onde a criança tem
dificuldades de relacionamento e de conexão com as pessoas à sua volta. Disponível em:
https://neurosentidos.pt/metodo-son-rise/. Acesso em: 10 Jul. 2022.
6
O modelo D.I.R. (Modelo baseado no Desenvolvimento, nas Diferenças Individuais e na
Relação) consiste num modelo de avaliação e intervenção que associa a abordagem Floortime
com o envolvimento e participação da família, com diferentes especialidades terapêuticas
(terapia ocupacional, fonoaudiologia) e a articulação e integração nas estruturas educacionais.
Disponível em:https://cdifloortime.com.br/modelo-dirfloortime/. Acesso em: 10 Jul. 2022.
45

três quartos. Assim, o Centro de Autismo passou a ter disponível dois


apartamentos, totalizando seis quartos de brincar. 

Diante do crescimento do número de crianças e da procura dos


pais pelo atendimento, em abril de 2009 foi alugado um
apartamento com três quartos, próximo a Secretaria, passando
a atender três crianças. Em 2010 já eram 09 crianças
atendidas e o espaço ficou pequeno, assim foi alugado mais
um apartamento com três quartos (Projeto Pedagógico do
Centro de Autismo, 2022, p. 3)

Todavia, a demanda crescia e havia a necessidade de um espaço ainda


maior, e mais profissionais para atender a comunidade.
Em 2013 alugaram uma casa para a realização dos atendimentos, e
nesta casa foi instituído o Centro Municipal de Atendimento Educacional
Especializado para Autismo - CMAEE.
O centro de autismo foi instituído e inaugurado no ano de 2013 por meio
do Decreto nº 1669/13 CMAEE/AUTISMO.

No ano de 2013, através do Decreto n. 1669/GAB/PM/JP/2013,


de 03 de julho de 2013, e por meio da Nota Técnica n.
09/2010-MEC/SEESP/GAB, foi criado o Centro Municipal de
Atendimento Educacional Especializado para Autismo
(CMAEEA), situado Rua Miguel Galdino, n. 85, Bairro Urupá,
Fone (069) 3423-7298, CEP. 76900-804, Ji-Paraná-RO. Devido
à crescente demanda o espaço foi ampliado, uma casa foi
alugada, mais três profissionais contratados, passando a
atender 16 crianças em dois turnos. (PROJETO PEDAGÓGICO
DO CENTRO DE AUTISMO, 2022, p. 3)

Em relação à metodologia adotada pelo Centro Municipal de


Atendimento Educacional Especializado para Autismo - CMAEE, até o ano de
2013 era baseada apenas no Programa Son-Rise, que é um eficiente programa
educacional para crianças com autismo, desenvolvido pelo The Autism
Treatment Center of America, onde são desenvolvidas atividades individuais,
em cada espaço e o profissional fica disponível para apenas uma criança por
atendimento.
Nesse sentido, observou-se a necessidade de possibilitar interação com
o meio e a troca de experiências e vivencias, para a criança autista. Então, no
ano de 2014 foi implantada a metodologia DIR-Floortime, que é um método de
46

tratamento que leva em conta a filosofia de interagir com uma criança autista, e
defende que a criança pode melhorar e construir um grande círculo de
interesse e de interação com um adulto. Esse método segue sendo utilizado
até os dias atuais. 

O Método DIR-Floortime, modelo baseado no


Desenvolvimento, nas Diferenças Individuais e na Relação, traz
uma metodologia diferenciada onde destaca-se:
a. Modelo de avaliação e intervenção que associa o
envolvimento e participação da família, com diferentes
especialidades terapêuticas (terapia ocupacional,
fonoaudióloga) e a articulação e integração nas estruturas
educacionais;
b. As estratégias deste modelo visam avaliar e intervir sobre
áreas relevantes de funcionalidade, nomeadamente: no
desenvolvimento emocional funcional, isto é, capacidade de
atenção e regulação, envolvimento, comunicação, resolução de
problemas, uso criativo de ideias, pensamento abstrato e
lógico; nas diferenças inclui: modulação sensorial,
planejamento motor, processamento auditivo e visuo-motor e
nas relações emocionais com os cuidadores, competências
para se envolver em internações afetivas;
c.é um modo de intervenção interativa não dirigida, que tem
como objetivo envolver a criança numa relação afetiva.
O Método DIR-Floortime trabalha levando em consideração os
seguintes princípios básicos:
a. seguir a atividade da criança;
b. entrar na sua atividade e apoiar as suas intenções, tendo
sempre em conta as diferenças individuais e os estágios do
desenvolvimento emocional da criança;
c.investir através da nossa própria expressão afetiva e das
nossas ações, levar a criança a   envolver-se e a interagir
conosco;
d. abrir e fechar ciclos de comunicação (comunicação
recíproca);
e. alargar a gama de experiências interativas da criança
através do jogo;
f. alargar a gama de competências motoras e de
processamento sensorial;
g. adaptar as intervenções às diferenças individuais de
processamento auditivo e visuo-espacial, planejamento motor e
modulação sensorial;
h. permitir aos profissionais ajudar as famílias a entender o
desenvolvimento sócio emocional de sua criança (PROJETO
PEDAGÓGICO DO CENTRO DE AUTISMO, 2022, p. 10)

Este método trabalha com pequenos grupos. Isso exigiu que o Centro de
Autismo no ano de 2014 ampliasse os atendimentos para vinte e seis, sendo
47

dez crianças atendidas individualmente no período da manhã e dezesseis


crianças atendidas em três pequenos grupos no período da tarde.
Porém, em 2015 o espaço já exigia uma nova ampliação, pois a
demanda estava crescendo, então no mês de julho, alugaram um novo espaço
que ficava situado à Rua São Luiz, nº 215, Bairro Nova Brasília. Este espaço
contava com oito salas de aula, cozinha, secretaria, direção, sala para
psicóloga, fonoaudióloga e nutricionista, quadra de esporte, piscina e parque
infantil.
Importante ressaltar que Centro Municipal de Atendimento Educacional
Especializado para Autismo - CMAEE realiza a avaliação dos estudantes
autistas, “[...] considerando os valores expressos no Projeto Pedagógico e as
reais necessidades dos estudantes autistas [...] ”Regimento Interno do Centro
de Autismo (2021, p. 29). As avaliações acontecem de forma que envolva
amplamente o processo de ensino e aprendizagem, conforme Subseção II do
Regimento do Centro de autismo, que trata da Avaliação dos alunos e da
instituição, o artigo 86 e §1º e §2º evidenciam que

§ 1º As avaliações dos estudantes matriculados no Centro de


Autismo observarão os termos estabelecidos no Sistema de
Avaliação da Rede Municipal de Ensino e o grau de
comprometimento da deficiência, emitindo Parecer Técnico
Pedagógico que explicite o desenvolvimento global do
estudante.
§ 2º O Parecer Técnico Pedagógico de que trata o parágrafo
supra será emitido por Equipe Avaliadora do Centro de Autismo
com conhecimentos técnicos e formação necessária.
(REGIMENTO INTERNO DO CENTRO DE AUTISMO, 2021, p.
29)

O processo avaliativo acontece de forma contínua, com isso, a avaliação


permite que as aprendizagens sejam avaliadas ao longo de todo o processo.
Conforme o art. 88 e os incisos I ao IV do Regimento Interno do Centro de
Autismo.

O registro para acompanhamento e avaliação do estudante


deverá constar de:
I. registros individuais;
II. relatório de acompanhamento da avaliação global do
desenvolvimento;
48

III. fotos contendo a descrição da atividade desenvolvida e a


autorização dos pais em anexo (opcional);
IV. gravações em áudio e vídeo contendo a descrição da
atividade desenvolvida e a autorização dos pais em anexo
(opcional)(REGIMENTO INTERNO DO CENTRO DE
AUTISMO, 2021, p. 29).

No Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para


Autismo – CMAEE a avaliação tem o objetivo de encontrar soluções para as
dificuldades dos alunos, além de possibilitar a identificação de oportunidades
de melhoria no processo de ensino através de criação de estratégias com o
intuito de proporcionar desenvolvimento dos estudantes.
É importante destacar que o Centro Municipal de Atendimento
Educacional Especializado para Autismo “[...] Atua em parceria com a
Associação de Pais e Amigos dos Autistas – AMAJI, e desde 2012 realiza o
trabalho de divulgação, conscientização e acompanhamento as famílias”.
(PROJETO PEDAGÓGICO, 2022, p.4).
No ano de 2018 o Centro de Autismo atendeu um total de trinta e seis
estudantes autistas. E até o ano de 2021 a equipe era composta por cinco
professores e quatro cuidadores.
Atualmente, o Centro Municipal de Atendimento Educacional
Especializado para Autismo (CMAEEA), está localizado no segundo distrito, a
Rua São Luiz, nº 215, Bairro Nova Brasília, em Ji-Paraná - Rondônia. O prédio
é alugado e apresenta boa infraestrutura física.
Com a intenção de apresentar informações referentes a infra estrutura
física do Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para
Autismo trazemos imagens dos espaços por meio de fotos.
49

Foto 1– Placa de identificação do Centro Municipal de Atendimento


Educacional Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).

Foto 2 – Fachada do Centro Municipal de Atendimento Educacional


Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).

Conforme informado pela diretora do Centro de Autismo, a construção


do prédio não foi pensada especialmente para atender pessoas com espectro
50

autista, já que se trata de um prédio alugado, porém foi possível adaptar os


ambientes para atender a demanda de cada família.
Em Ji-Paraná-RO, os estudantes que frequentam o CMAEEA são
oriundos de todos os bairros do município. Contudo, muitas famílias de outros
municípios e estados se mudaram para Ji-Paraná para oportunizar e garantir o
atendimento para os seus filhos.
O Centro de Autismo atende alunos que vieram das cidades de Porto
Velho, Machadinho, Jaru, Ariquemes, São Francisco do Guaporé e Vilhena,
todas do Estado de Rondônia. Também atende crianças oriundas de outros
estados do Brasil, como Acre, Mato Grosso, Pará, Manaus e outros, conforme
relato da diretora do Centro.
Atualmente, o Centro de Autismo tem uma estrutura, composta por nove
salas, sendo divididas entre sala de tecnologia, duas salas pedagógicas, sala
de música, sala de história, sala de estimulação motora, sala de estimulação
sensorial, sala de cognição, sala funcional e sala para regulação. Também tem
uma piscina pequena para estimulação aquática e acomodação, e uma quadra
esportiva.

Foto 3 – Sala temática tátil do Centro Municipal de Atendimento Educacional


Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).


51

Foto 4 – Sala temática de linguagem do Centro Municipal de Atendimento


Educacional Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).

Foto 5 – Sala de acomodação do Centro Municipal de Atendimento


Educacional Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).


52

Foto 6 – Sala temática motora do Centro Municipal de Atendimento


Educacional Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).

Foto 7 – Quadra coberta no Centro Municipal de Atendimento Educacional


Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).


53

Foto 8 – Piscina para estimulação motora e sensorial no Centro Municipal de


Atendimento Educacional Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).

Foto 9 – Área de recreação e descontração no Centro Municipal de


Atendimento Educacional Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).


54

Foto 10 – Espaço de recreação no Centro Municipal de Atendimento


Educacional Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).

Foto 11 – Espaço de recreação NO Centro Municipal de Atendimento


Educacional Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).


55

Foto 12 – Espaço de recreação no Centro Municipal de Atendimento


Educacional Especializado para Autismo

Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora (2022).

Quanto a sua rotina, o Centro de Autismo funciona das 08h00min às


13h30min, dividido em dois períodos. O primeiro horário ocorre das 8h às
10h50min e o segundo horário ocorre das 10h50min às 13h30min. Hoje é
ofertado 24 horas mensais para cada aluno, duas vezes por semana, por três
horas diárias. Conforme relato da Diretora:

Os alunos ficam 3horas no Centro, e os pais ficam 24hs em


atendimento, é fundamental que eles continuem estimulando
os filhos em casa. As terapias têm o objetivo de proporcionar
aos pais o conhecimento para lidarem com os filhos.

Quanto ao atendimento realizado no Centro de Autismo, as crianças são


acolhidas em grupos pequenos, junto com os seus responsáveis, são
estimuladas por três horas em grupos. Todas as atividades são planejadas
respeitando as diferenças individuais, processamento sensorial e as relações
sociais.
Atualmente o Centro de Autismo atende cento e vinte e um alunos com
idades entre um ano e oito meses a quatorze anos, devidamente matriculadas
nas Instituições de Ensino regular da Rede Municipal.
56

Com relação à equipe que compõe o quadro de profissionais, o


CMAEEA conta com dezenove pessoas, sendo: oito professoras que fazem os
atendimentos tanto individuais quanto em grupo, duas educadoras física, uma
delas com habilitação em fisioterapia, uma diretora, uma vice-diretora, três
cuidadoras educacionais, duas auxiliares de sala, uma zeladora e uma auxiliar
de coordenação.
As salas para atendimentos dos alunos são a Sala Temática Tátil, Sala
de acomodação, Sala funcional e Sala Temática de Linguagem que é dividida
em três grupos:

- Linguagem 1 (um): Grupos terapêuticos com estudantes de


02 a 08 anos. Esse espaço tem como objetivo trabalhar a
cognição, estimulando a criança à alfabetização.
- Linguagem 2 (dois): Grupos de estudantes em fase de
alfabetização de 08 a 14 anos. Esse espaço tem como objetivo
levar o estudante ao desenvolvimento emocional, funcional,
isto é, capacidade de atenção e regulação, envolvimento,
comunicação, resolução de problemas, uso criativo de ideias,
pensamento abstrato e lógico;
- Linguagem 3 (três): frequentada por estudantes de 08 a 14
anos. Esse espaço tem como objetivo desenvolver nos
estudantes atitudes de autocuidado visando a independência e
bem-estar (PROJETO PEDAGÓGICO DO CENTRO DE
AUTISMO, 2022, p. 5-7).

Conforme relato da Diretora, o Centro de Autismo tem capacidade para


atender toda a demanda de alunos, dentro do planejado. Atualmente, estão no
limite máximo de vagas, atendendo um total de cento e vinte e um alunos
autistas.
O Atendimento educacional é realizado nos mesmos moldes em que se
trabalha nas salas do AEE das escolas regulares, a diferença é que no Centro
Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo há
profissionais da saúde e nas escolas regulares não.
No intuito de proporcionar diferentes momentos de aprendizado o Centro
de Autismo busca para as crianças e adolescentes, diversificar o tempo de
suas atividades e organizar cada uma em torno de 50 minutos, perfazendo três
horas diárias e no total de seis horas semanais e vinte e quatro horas mensais.
57

Para facilitar o desenvolvimento das atividades elaborou-se um


cronograma em que todas os alunos participam das diversas atividades
realizadas nas salas temáticas e na piscina.
Diante da dinâmica de trabalho e da metodologia utilizada nas atividades
diárias, o Centro dispõe de uma variedade de equipamentos e materiais
necessários para a interação e aprendizagem dos alunos, dos quais podemos
citar tablets, computadores, lycras, tirolesas, espelhos, espumas, bolas, cordas,
slack line, entre outros.
É importante ressaltar que no Centro Municipal de Atendimento
Educacional Especializado Para Autismo. Os estudantes são atendidos
individualmente ou em pequenos grupos (máximo de seis crianças),
respeitando a faixa etária e/ou conforme as necessidades identificadas a partir
de encaminhamentos dos professores das classes comuns e acompanhadas
por parecer de funcionalidade, emitido pelos profissionais que atuam no Centro
de Autismo.
O estudante encaminhado ao Centro recebe atendimento individualizado
ou em grupo segundo cronograma preestabelecido pela equipe gestora. O
atendimento ocorre em período oposto àquele em que o aluno está matriculado
na classe comum ou da complementação escolar. A periodicidade do
atendimento acontece de acordo com a definição dos profissionais que atuam
no Centro de Autismo, fundamentados nas peculiaridades dos alunos.
Com relação ao cronograma de atendimento, este é elaborado pelo
coordenador do Centro em consonância com a indicação dos procedimentos
de intervenção pedagógica que constam na avaliação psicopedagógica e/ou
avaliações de outras áreas especificas. Os professores também são
responsáveis pelo controle de frequência dos alunos, em formulário próprio
elaborado pelo Centro de Autismo.
Os estudantes são organizados em pequenos grupos de acordo com o
grau de comprometimento e habilidades. A transição de uma turma para outra
se dá conforme as habilidades adquiridas no decorrer do semestre/ano.
Toda a metodologia de trabalho desenvolvido pelo Centro Municipal de
Atendimento Educacional Especializado Para Autismo e também sua
implantação e funcionamento, é regulamentada através do Decreto de criação,
Regimento interno e proposta pedagógica.
58

O Centro de Autismo conta com a participação da família no processo de


desenvolvimento. Quando chegam novos alunos primeiramente é feita uma
avaliação do desenvolvimento do mesmo. Na medida do possível, tenta-se
atendê-los imediatamente, orientando os pais acercado autismo, suas
peculiaridades e como lidar com os filhos em momento de crise.
Os pais acompanham os filhos em todas as terapias e desenvolvem as
atividades juntamente com os professores. Importante mencionar que a
participação dos pais é fundamental para o bom desenvolvimento dos filhos.

O Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado


para o Autismo trabalha alicerçado na perspectiva Sócio-
construtivista, pois a criança aprende pelas trocas e interações
com o meio. Toda a proposta pedagógica de trabalho busca
relacionar a concepção com a prática e diante desse
panorama, o papel do professor deve ser de mediador que
caminha com a criança considerando o seu conhecimento de
mundo, suas dificuldades e realizando as intervenções
necessárias para que esta criança possa de maneira
satisfatória desenvolver todo o seu potencial.
Pensando na interação que as crianças autistas precisam ter
para que o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor,
intelectual dentre outros, fez-se necessário organizar espaços
diferenciados com o intuito de proporcionar um conhecimento
mais significativo, resultando em avanços e melhoria na vida
diária dessas crianças.

Quadro 2: Organização dos espaços no Centro Municipal De Atendimento


Educacional Especializado Para Autismo

Espaço Faixa etária dos alunos que frequentam a sala


Sala Temática Motora Frequentada pelas crianças de 02 a 08 anos, independente
do grau de comprometimento
Sala Temática Tátil Frequentada pelas crianças de 02 a 08 anos, independente
do grau de comprometimento
Sala Temática de Grupos terapêuticos com crianças de 02 a 08 anos
Linguagem 1 (um)
Sala Temática de Crianças em fase de alfabetização de 08 a 14 anos
Linguagem 2 (dois)
Sala Temática de Sala de apoio pedagógico e autocuidado com crianças de 08
Linguagem 3 (três) a 14 anos
Piscina Para realização das atividades dirigidas de fisioterapia e
recreação
Sala de acomodação Espaço destinado a terapia individual
Quadra coberta Este espaço só é frequentado pelas crianças acima de 8
anos para o desenvolvimento de atividades físicas e
recreativas.
Fonte: Diretora do Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo
(2022).
59

O Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para


Autismo é referência no modelo DIR-Floortime de estimulação para oferecer
acolhimento para cada família, visando ampliar a qualidade de vida, não só das
crianças atendidas, como também dos pais. A importância dessa estimulação é
para o melhor desenvolvimento da criança. São aplicadas atividades que
potencializam o seu desenvolvimento como um todo facilitando a plasticidade
cerebral, possibilitando que tenham ganhos fundamentais no seu
desenvolvimento, é uma intervenção preventiva que facilita também o processo
educacional respeitando sempre o nível de desenvolvimento em que cada
criança se encontra e suas diferenças individuais, para que assim possam
expandir.
Nesse sentido, para que se chegue aos resultados esperados, é
necessária a efetiva participação dos pais. A diretora do Centro Municipal de
Atendimento Educacional Especializado Para Autismo informou que os pais
dos estudantes atendidos são bem presentes, devido ao método DIR/Floortime
que exige a interação com família para o atendimento.
Por meio deste método, os pais participam diretamente das atividades
propostas para o desenvolvimento dos estudantes, pois a base do DIR-
Floortime é o envolvimento familiar que é fundamental para o desenvolvimento
da criança.
Nesse sentido, o Centro Municipal de Autismo se empenha em atuar
juntamente com a família do aluno, pois ao caminhar engajada com os
profissionais, juntam-se as forças em prol do desenvolvimento infantil. Quando
a relação familiar é saudável, os responsáveis colaboram de forma bastante
significativa para detecção das habilidades e vulnerabilidades de suas crianças.
Portanto, não existe terapia sem a participação dos pais.
A Equipe busca de uma forma divertida estimular os pais a participarem
por meio e interações compartilhadas e espontâneas. Os profissionais
procuram desenvolver relacionamentos afetivos e estimulantes que são feitas
sob medida para cada uma das diferenças individuais, e isso possibilita que os
alunos se relacionem, pensem e se comuniquem uns com os outros através do
afeto genuíno, respeito e interações lúdicas.
60

O Centro é fundamental para o desenvolvimento do aluno com autismo,


pois tem como meta, inseri-los na sociedade e na sala de aula regular. Desta
forma, o aluno poderá lidar com as diferenças que o mundo oferece.
Para a diretora do Centro de Autismo de Ji-Paraná, trabalhar com
pessoas com espectro autista é:
 
Aprimorar todos os dias o conhecimento, olhando para cada
família, cada criança como um todo. É estar com a criança e
para ela. Isso é tão importante para o desenvolvimento dos
nossos pequenos. É fazer parte do processo.

A diretora entende que o transtorno do espectro autista apresenta uma


série de características peculiares que podem ser modificadas de pessoa para
pessoa. Neste sentido, ela diz que:

As intervenções da terapia, também são diversificadas a fim de


atender cada criança de acordo com suas individualidades.
Estamos apoiando de maneira respeitosa e divertida seu
desenvolvimento individual por meio de interações
compartilhadas e espontâneas.

Com base no acompanhamento oferecido pelo Centro de Autismo, a


diretora defende que é possível ver a transformação de cada aluno, por meio
de uma maneira calorosa e envolvente de se relacionar e da comunicação
entre as famílias e a pessoa autista. Essa transformação acontece através do
desenvolvimento nos relacionamentos decorrentes da interação.

Muitas famílias que chegaram ao Centro estavam sem


expectativas para os filhos, crianças que tinham
comportamento de autoagressão, não dormiam, não se
alimentavam adequadamente (restrição alimentar) não
falavam, não aceitavam o toque do outro, não eram
alfabetizados, se isolavam das demais pessoas, não
mantinham o contato visual até mesmo com os pais, muitas
evitavam brincar com outras crianças e apresentavam outras
características próprias do autismo. Depois dos atendimentos,
grande parte dos sintomas melhoram consideravelmente.
Crianças que conseguem mesmo com suas limitações
socializar, participar das atividades da sala de aula regular,
hoje muitas estão alfabetizadas. Dormem sem o uso de
medicamento, comem alimentos as quais não gostavam,
diminuíram a sensibilidade tátil, desenvolveram a coordenação
motora fina e ampla. 
61

A partir do relato da diretora, podemos compreender que o Centro


Municipal de Atendimento Educacional Especializado para Autismo atua
através do desenvolvimento das relações e da troca possibilitando interações
entre a equipe, a família e o aluno autista. As atividades são diversificadas por
meio de ações compartilhadas e espontâneas e pensadas para atender a
individualidade, a fim apoiar e desenvolver as potencialidades do aluno.
62

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste estudo entendemos por meio da investigação bibliográfica


que o autismo é um transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta a
capacidade de relacionamento com as pessoas e o ambiente. No Brasil, a
preocupação com a inclusão e educação da pessoa com deficiência, ocorreu a
partir do final século XIX com a implantação de duas instituições públicas INES
(1954) no Rio de Janeiro e Instituto Benjamin Constam (1854) em Salvador.
Ao recorrer aos documentos oficias do Centro de Atendimento
Especializado para o Autismo de Ji-Paraná, verificamos que sua criação se deu
a partir da necessidade de uma mãe em oportunizar atendimento especializado
ao seu filho Autista. Ao descobrir que o filho era autista, montou um quarto de
brincar em sua casa, sob a orientação e coordenação da professora Márcia
Pereira de Souza, na época, professora de Gabriel na Escola Municipal Ruth
Rocha. Após uma formação no Programa “Inspirados pelo Autismo”, custeada
pelos pais do referido aluno, implantou o Programa Educacional, o mesmo foi
atendido por um período de um ano e meio, sendo cinco horas diárias. Os
resultados foram surpreendentes.
Diante do sucesso alcançado pelos atendimentos àquela criança, a
Secretaria Municipal de Educação reconhecendo seus avanços significativos,
decidiu investir no atendimento educacional especializado para autismo. Em
julho de 2008, iniciaram-se os atendimentos, passando por alguns processos e
mudanças chegando a atualidade realizando um papel social e pedagógico
importante para a sociedade.
Em 2013, já instituído, criado e implantado em Ji-Paraná os
atendimentos alcançaram um total de dezesseis crianças autistas. Atualmente
o Centro de Atendimento Especializado para o Autismo de Ji-Paraná atende
121 (cento e vinte e uma crianças) que estão matriculadas nas escolas
municipais de Ji-Paraná. Os resultados positivos deste trabalho se dão através
da metodologia usada pelo Centro Municipal de Atendimento Educacional
Especializado para Autismo é no formato DIR Floortime, que é um método de
tratamento que leva em conta a filosofia de interagir com uma criança autista, e
defende que a criança pode melhorar e construir um grande círculo de
interesse e de interação com um adulto.
63

Durante a investigação do processo de implantação deste Centro no


município de Ji-Paraná foi possível perceber não só os dados documentais que
circundam a criação e implantação desta instituição que realiza um lindo e
indispensável trabalho, mas a dinâmica dos atendimentos, sua complexidade e
importância para o desenvolvimento global dessas famílias e principalmente de
cada criança.
Num cenário onde a inclusão muitas vezes anda a passos lentos, é
motivo de orgulho poder relatar sobre estes profissionais que atuam no Centro
municipal de Autismo, que ao longo de sua trajetória laboral, tanto contribuem
para a educação e o desenvolvimento dessas crianças e adolescentes do
município.
Os atendimentos acontecem de forma muito específica podendo ser de
forma individual ou em grupos. Todas as atividades desenvolvidas são
planejadas de forma estratégica e atendem a proposta pedagógica, que é
trabalhar com foco no desenvolvimento, na socialização e na troca de
experiências, para que a criança consiga se relacionar em sociedade e possa
chegar no resultado esperado, conforme planejamento de atendimento e
diagnóstico feito antecipadamente com cada aluno. Assim, a forma de atuação
do Centro de Autismo baseia-se na união entre a equipe e a família do aluno
autista, pois compreende ser importante a participação da família no
desenvolvimento da criança. Além disso, a equipe é formada por diversos
profissionais que são preparados para atender de forma didática e eficiente,
com o objetivo maior que é o desenvolvimento do aluno autista.
O Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado para
Autismo possibilitou transformações significativas na vida dos estudantes
matriculados e também em suas famílias. Pois a instituição além de um
atendimento de forma particularizada com base em um diagnóstico feito com
cada aluno, também desenvolve atividades que possibilitam a interação. Essa
forma de inclusão educacional tem como objetivo a melhora de níveis de
envolvimento e participação da criança autista, promovendo oportunidades de
aprendizagem e de desenvolvimento das suas habilidades comunicativas e
sociais.
Durante a investigação do processo de implantação do Centro no
município de Ji-Paraná, foi possível observar a dinâmica dos atendimentos, sua
64

complexidade e importância para o desenvolvimento global dessas famílias e


principalmente de cada criança.
Por fim, ressaltamos que este estudo foi de fundamental importância,
pois possibilitou entender que para atuar de forma eficaz, o professor precisa
compreender a importância do seu papel, precisa estar preparado para lidar
com as especificidades do aluno autista, ter conhecimento sobre o assunto e
saber agir diante dos desafios que esse aluno poderá enfrentar na escola.
Destacamos de forma significativa a seriedade do trabalho realizado
pelo Centro do Autismo em conjunto com as escolas públicas para alcançar os
direitos e objetivos garantidos por lei as crianças e as famílias dos estudantes
com TEA.
Assim, compreendemos que o desempenho no processo de
aprendizagem e desenvolvimento das relações da criança com autismo é, em
grande parte resultado da atuação dos professores em parceria com a família.
Portanto, é importante considerar o processo de aprendizagem o
desenvolvimento emocional, a relação estabelecida em todos os espaços
sociais em que a criança autista vivencia suas experiências. É necessário olhar
para criança de forma integral compreendendo que o aprender não se restringe
aos conteúdos, mas também envolve a auto percepção de si e dos meios
sociais em que a criança vive e se desenvolve.
65

REFERÊNCIAS 

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BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Trad. RETO, Luís Antero. PINHEIRO,


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educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei nº 9.394,
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novembro de 2007.Disponível
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580775-publicacaooriginal-103645-pe.html. Acesso em:11 Jul. 2022.

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de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10502.htm. Acesso
em: 11 Jul. 2022.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996.Estabelece as diretrizes e bases


da educação nacional. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos
Jurídicos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/ l9394.htm. Acesso
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critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência.
Brasília: DF, Congresso Nacional, 2000.

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Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º
do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Presidência Da República.
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66

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ao aluno autista. Ji-Paraná/RO, 03 jul. 2013. Disponível em: https:// www.
tudorondonia.com/noticias/criado-em-ji-parana-o-1-centro-educacional-especializado-
ao-aluno-autista-,38133.shtml. Acesso em: 24 jun. 2022.
68

APÊNDICES

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa. Por favor, leia
cuidadosamente o que segue e pergunte sobre qualquer dúvida que você tiver. Este
estudo está sendo conduzido por Françoise Maria Baldin.
Por que o estudo está sendo feito?
A finalidade deste estudo é investigar a História e Memória da Implantação do
Centro de Autismo no Município de Ji-Paraná- Rondônia.
O que serei solicitado a fazer?
Você será solicitado autorizar a publicação dos dados obtidos por meio do
preenchimento de um questionário com questões referentes os estudantes deficientes
matriculados nas escolas da Rede Municipal de ensino de Ji-Paraná
Quanto tempo participarei do estudo?
Sua participação no estudo dar-se-á no primeiro semestre de 2022 e estará
vinculada ao tempo necessário para o preenchimento do questionário.
Quem poderá ver os meus registros/respostas e saber que eu estou participando do
estudo?
Se você concordar em participar da Pesquisa, seu nome e sua identidade serão
mantidos em sigilo. Somente o pesquisador e a orientadora desse estudo terão acesso às
suas informações.
A quem devo recorrer se tiver qualquer dúvida ou algum problema?
Para perguntas ou problemas referentes ao estudo, ligue para a pesquisadora, Françoise
Maria Baldin. Para perguntas sobre seus direitos como participante no estudo, ligue para
o Departamento de Ciências Humanas e Sociais DCHS- da Universidade Federal de
Rondônia telefone (69) 3416-7900.
Declaro que li e entendi este termode consentimento e todas as minhas dúvidas
foram esclarecidas e que sou voluntário a tomar parte neste estudo inclusive
autorizo a publicação das fotografias e dos dados pesquisados.
Assinatura do voluntário(a): ________________________________data ___/___/____
Nome do voluntário(a): ___________________________________________________
Local ou telefone para contato: _____________________________________________
Assinatura do/a pesquisador/a: ________________________________data __/___/___
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Nome da pesquisadora: ___________________________________________________


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Questionário aplicado à diretora do Centro Municipal de Atendimento


Educacional Especializado para Autismo (CMAEEA)

1 - Como foi feita a implantação do centro de autismo no município de Ji-


Paraná RO?
2- Quais os documentos legais para implantação e funcionamento do centro de
autismo?
3- Em que ano foi inaugurado o centro de autismo em Ji-Paraná?
4- Inicialmente, de quem surgiu à ideia de implantar um centro de autismo em
Ji-Paraná?
5- Qual a estrutura do centro de autismo?
6- A construção do prédio foi pensada especialmente para atender pessoas
com espectro autista?
7- Como funciona a rotina no centro de autismo?
8- Quantos profissionais compõem o quadro do centro de autismo?
9- Qual a formação de cada profissional?
10- Quantos alunos são atendidos pelo centro de autismo?
11-Qual a faixa etária dos alunos pelo centro de autismo de Ji-Paraná?
12- Quais cidades são beneficiadas pelo centro de autismo de Ji-Paraná?
13- O centro de autismo consegue atender toda a demanda de alunos?
14- Quanto tempo em média por semana os alunos frequentam o centro de
autismo?
15-Quais os atendimentos disponíveis no centro de autismo?
16- O centro de autismo conta com a participação da família no processo de
desenvolvimento?
17- Qual a importância do centro de autismo para nossa cidade?
18- Fale um pouco como é trabalhar com pessoas com espectro autista?
19- Você acha que o centro de autismo tem alguma transformação sobre a vida
do autista? Explique como.
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Questionário aplicado à Gerente de Educação Especial da Secretaria Municipal


de Educação – SEMED

1- Seu nome completo e qual o seu cargo na SEMED?


2- Qual é o número de alunos com deficiência matriculados nas escolas
municipais de Ji-Paraná? Desses alunos Quantos são autistas Quantos são
surdos e outros?
3-Quem é responsável pela educação inclusiva na SEMED?
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ANEXOS

Decreto de criação do Centro Municipal de Atendimento Educacional


Especializado para Autismo no Município de Ji-Paraná.

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