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NATAL
2022
ANA CLÁUDIA NOGUEIRA DA COSTA
NATAL
2022
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema De Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________
Profa. Dra. Nancy Sánchez Tarragó
Orientadora
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
______________________________________________________________
Profa. Ma. Adelaide Helena Targino Casimiro
Coorientadora
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
______________________________________________________________
Profa. Dra. Monica Marques Carvalho Gallotti
Membro Interno
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
______________________________________________________________
Profa. Dra. Ilaydiany Cristina Oliveira da Silva
Membro Interno
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Dedico aos meus pais Genaro e Luzia e minha
tia Terezinha (in memoriam), que foram
essenciais no meu crescimento como pessoa,
Claudianne (irmã), Victor Andreas e Clarissa
(sobrinhos) por me apoiarem e estarem ao meu
lado todo o tempo, até mesmo quando estou de
mau humor. A todas às famílias que no período
da Pandemia por COVID-19 perderam algum
ente querido.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Genaro Florentino da Costa e Luzia Nogueira da Costa (In Memoriam)
por proporcionarem a melhor educação que podiam dar e que norteou o meu caminho até chegar
aqui através dos sacrifícios e que não foram em vão. O grande legado deles é minha educação.
À minha tia Terezinha Nogueira (In Memoriam) que sempre torcia pelos sobrinhos durante a
vida acadêmica e vibrava a cada conquista realizada.
À minha irmã Claudianne Nogueira da Costa e aos meus sobrinhos Victor Andreas e
Clarissa que sempre estão comigo nos meus melhores e piores dias.
À Regina Paulina que incentivou a fazer o curso de Biblioteconomia, além do apoio,
suporte e sobretudo a amizade e que me aguentou mesmo quando tirei o seu juízo durante toda
essa jornada.
À Professora Dra. Nancy Sánchez Tarragó que aceitou me orientar, soube esperar e
teve paciência quando eu estava num processo de falta de inspiração para escrever a
monografia. Suas orientações foram importantes nesse processo e grata pela amizade
desenvolvida durante o curso; obrigada por me deixar participar, aprender e confiar nas minhas
habilidades no Apoio Editorial da Revista Informação na Sociedade Contemporânea (RISC)
como minha Editora Chefe.
À Professora Ma. Adelaide Helena Targino Casimiro (Adel) que aceitou o convite de
me coorientar nesse processo, além de me incentivar a não desistir e dar conselhos quando eu
estava com dificuldades para iniciar a monografia. Seu carinho e bom humor foram essenciais
nessa jornada, além da compreensão do quão foi difícil tentar escrever durante a pandemia por
Covid-19. Obrigada pela sua amizade.
Aos amigos de turma que fiz ao longo dessa jornada e que acompanharam as alegrias e
agruras da vida acadêmica. Eliud Tavares (desde o início do curso), Joyce Ingrid (minha
companhia em artigos e normalização de trabalhos), Rogério Torquato (suas loucuras e sacadas
criativas contagia qualquer um, comprou e executou as ideias loucas que tive durante a “Gestão
Participativa” do Centro Acadêmico, serei eternamente madrinha de Boy & Véi), Hugo Nóbrega
(meu afilhado) que também estava lá para compartilhar as alegrias e resenhas durante o curso.
Os amigos que fiz durante a Gestão do Centro Acadêmico Zila Mamede (CAZMA)
durante o ano de 2021. Sulamita Lima, Antônia Danielle, Daniela Cândido, Élen Ferreira,
Rafael dos Santos, Rogério Torquato (Thor4) e Márcia Josélia (fizemos história e deixamos
nossa marca no coração do curso). Vocês são os melhores. Sula, Antônia e Daniela obrigada
por me incentivarem a não desistir da monografia.
A Bruno Vinício e Larissa Alves, demais colegas do curso que sempre estavam
presentes e que partilharam as loucuras, resenhas e aprendizados no “Escritório do Curso”.
À Malkene Wytiza que estava lá quando eu estava com minhas incertezas para
produzir minha monografia (obrigada por escutar minhas lamúrias e não me deixar desistir).
Aos meus queridos professores que ensinaram o que sabem de melhor na
Biblioteconomia para nossa formação e por me deixar aperreá-los fora do horário do expediente
universitário. Mônica Marques Carvalho Gallotti (obrigada pelos conselhos e por me ouvir
sempre), Andrea Vasconcelos Carvalho (obrigada por participar do Projeto CEEP), Professora
Antônia Freitas Neta (obrigada por participar do Projeto Leitura para Liberdade da Penitenciária
Estadual de Parnamirim - PEP), Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo (por ajudar nas
adaptações necessárias à minha chegada no curso) e demais professores, Gabrielle Francinne
Tanus, Eliane Ferreira, Pedro Barbosa Neto, Nádia Vanti, Fernando Vechiato, Jacqueline
Aparecida, Luciana Moreira, Wagner Medeiros, Ana Cláudia Ribeiro, Carla Beatriz e
Conceição Guilherme (In Memoriam).
À Mônica Gallotti e Ilaydiany Cristina, obrigada por aceitarem participar da minha
banca e me proporcionar outros olhares acerca da minha produção acadêmica.
À Valéria Maria Lima da Silva, Bibliotecária e Coordenadora da Biblioteca Setorial
Professor Rodolfo Helinski da Escola Agrícola de Jundiaí, pela parceria, ensinamentos e
amizade ao longo do estágio obrigatório do curso.
Aos funcionários do DECIN/COBIB e ao pessoal terceirizado, nas pessoas de Jussier
e Messias que me deram suporte quando precisei.
À UFRN por proporcionar um ensino de qualidade a todos, independente de cor, credo,
raça e ideologia (mesmo sofrendo cortes orçamentários brutais nos últimos quatro anos).
Obrigada às pessoas que contribuíram direta e/ou indiretamente para que eu pudesse
concluir o curso.
RESUMO
As tecnologias digitais, a web 2.0 e as mídias sociais têm transformado profundamente os canais
e mecanismos de comunicação e divulgação da ciência. A pandemia de Covid-19 também
trouxe imensos desafios para a educação e a pesquisa, relevando a importância de plataformas
como YouTube para a realização de atividades de ensino, pesquisa, extensão e sua comunicação
e divulgação entre pares e a sociedade em geral. Nesse contexto, o objetivo geral da pesquisa
é analisar as características, alcance e importância do canal BiblioUFRN no YouTube, como
meio de comunicação e divulgação da ciência na área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação. Como objetivos específicos o trabalho visa: descrever as características dos vídeos
publicados pelo canal no Youtube; caracterizar o perfil dos palestrantes e mediadores do canal;
analisar visibilidade e engajamento do canal e verificar sua repercussão em outras plataformas
e organizações. Do ponto de vista metodológico, se caracteriza como exploratória e descritiva,
e utiliza como técnicas a pesquisa bibliográfica, documental e a cibermetria, na vertente dos
estudos métricos de mídias sociais. A amostra selecionada para a pesquisa foram 70 vídeos
disponíveis no canal BiblioUFRN entre junho de 2020 e dezembro de 2021, abrangendo todo
o período do ensino remoto emergencial. Foram levantados indicadores de visibilidade e
engajamento, assim como outros que permitiram caracterizar os vídeos, seus participantes como
palestrantes e mediadores e o público. Uma parte dos indicadores foi levantada manualmente e
outros por meio da ferramenta YouTube Analytics. Os resultados apontam para um predomínio
de vídeos transmitidos ao vivo no YouTube; um notável incremento de inscritos no canal
durante o período analisado assim como altos volumes de visualizações. A audiência do canal
é composta majoritariamente pela audiência feminina e a faixa etária do público que mais
acompanha o canal tem entre 25 e 34 anos. Os eventos realizados no canal contaram com um
grande número de palestrantes e mediadores, a maioria com titulação de doutorado e vinculados
às instituições de educação superior. Entre as temáticas mais abordadas pelos eventos
transmitidos no canal se encontram aquelas relacionadas com Atuação Profissional, Pesquisa
Científica, Estudos Métricos da Informação e Formação Acadêmica. A pesquisa permite
concluir que o canal BiblioUFRN se mostra relevante no campo da Biblioteconomia e Ciência
da Informação, como espaço de comunicação e divulgação científica.
Digital technologies, web 2.0 and social media have profoundly transformed the channels and
mechanisms for communicating and disseminating science. The Covid-19 pandemic also
brought immense challenges to education and research, highlighting the importance of
platforms such as YouTube for carrying out teaching, research, extension activities and their
communication and dissemination among peers and society in general. In this context, the
general objective of the research is to analyze the characteristics, scope and importance of the
BiblioUFRN channel on YouTube, as a means of communication and dissemination of science
in the area of Librarianship and Information Science. As specific objectives, the work aims to:
describe the characteristics of the videos published by the YouTube channel; characterize the
profile of the channel's speakers and mediators; analyze channel visibility and engagement and
check its impact on other platforms and organizations. From the methodological point of view,
it is characterized as exploratory and descriptive, and uses bibliographic and documental
research and cybermetrics as techniques, in the field of metric studies of social media. The
sample selected for the research was 70 videos available on the BiblioUFRN channel between
June 2020 and December 2021, covering the entire period of emergency remote teaching.
Indicators of visibility and engagement were surveyed, as well as others that allowed
characterizing the videos, their participants as speakers and mediators, and the public. A part
of the indicators was raised manually and others through the YouTube Analytics tool. The
results point to a predominance of videos transmitted live on YouTube; a notable increase in
subscribers to the channel during the analyzed period, as well as high volumes of views. The
channel's audience is made up mostly of female audiences and the age group that most follows
the channel is between 25 and 34 years old. The events held on the channel had a large number
of speakers and mediators, most with doctoral degrees and linked to higher education
institutions. Among the themes most addressed by the events broadcast on the channel are those
related to Professional Practice, Scientific Research, Metric Studies of Information and
Academic Training. The research allows us to conclude that the BiblioUFRN channel is
relevant in the field of Librarianship and Information Science, as a space for communication
and scientific dissemination.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 13
1.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 16
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 17
1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 17
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 19
2.1 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA – CONCEITOS,
CARACTERÍSTICAS E INTER-RELAÇÕES ............................................................. 19
2.2 YOUTUBE COMO CANAL DE COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA .................................................................................................................. 26
2.3 ESTUDOS MÉTRICOS DA INFORMAÇÃO NA WEB ............................................. 34
3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 43
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ........................................................................ 43
3.2 TÉCNICAS DE PESQUISA .......................................................................................... 43
3.3 UNIVERSO DA PESQUISA: CANAL BIBLIOUFRN NO YOUTUBE ..................... 44
3.4 POPULAÇÃO E AMOSTRA ........................................................................................ 47
3.5 INSTRUMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS. INDICADORES E
FERRAMENTAS .......................................................................................................... 47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 50
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS VÍDEOS ........................................................................... 50
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS PALESTRANTES E MEDIADORES ............................ 53
4.3 VISIBILIDADE E ENGAJAMENTO DO CANAL ..................................................... 57
4.4 REPERCUSSÃO DO CANAL ...................................................................................... 59
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 61
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 64
APÊNDICE A – LISTA DOS VÍDEOS DO CANAL BIBLIOUFRN (2020-2021) .. 72
APÊNDICE B – LISTA DAS PALAVRAS-CHAVE ATRIBUÍDAS AOS VÍDEOS
DO CANAL BIBLIOUFRN (2020-2021) .......................................... 74
13
1 INTRODUÇÃO
1
“[...] é uma forma de relação de trabalho na qual o colaborador atua a distância. Para isso, faz uso dos
meios computacionais para produzir junto à empresa, como se estivesse presente fisicamente no
escritório” (DOCUSIGN, 2020).
14
2
“Site de compartilhamento de vídeos enviados pelos usuários através da internet. O YouTube hospeda
uma imensa quantidade de filmes, documentários, videoclipes musicais e vídeos caseiros, além de
transmissões ao vivo de eventos”. (O QUE É…, 2022).
3
“Facebook é uma rede social que conecta usuários em todo o mundo. Por meio de perfis — pessoais e
profissionais —, é possível encontrar e conhecer pessoas, acompanhar personalidades públicas e
marcas, criar, consumir e compartilhar conteúdos e muito mais. As lives são uma grande tendência
entre os usuários em diversas redes sociais — inclusive o Facebook, que já possui um recurso
específico para isso. Por meio dessa funcionalidade, é possível fazer transmissões ao vivo para os seus
seguidores, amigos ou para todos os usuários da plataforma. As lives, [...] possuem um alto
engajamento nas redes sociais. [...] criar transmissões que sejam de interesse do seu público-alvo. [...]
consegue unir informações de interesse [...] da audiência e a divulgação dos seus produtos em uma
tacada só.” (LOPES, 2022b).
4
“Instagram é uma rede social visual, criativa e interativa. Possibilita o compartilhamento de imagens
e vídeos de curta duração diretamente do aplicativo de celular. Nele, também é possível seguir
usuários, curtir, comentar e compartilhar as publicações. A rede oferece diversas outras
funcionalidades, como: boomerang, live e stories. Live são as transmissões ao vivo que ocorrem na
plataforma. Quando uma conta realiza uma live, ela aparece na mesma barra dos Stories e basta clicar
para ver, ao vivo, a transmissão. Além disso, os seus seguidores são notificados assim que a live
começa.” (LOPES, 2022c).
5
É um serviço de comunicação de vídeo desenvolvido pelo Google que pode ser acessado no celular,
tablets (aplicativo) e computadores (navegadores), e que é voltado principalmente para o uso
corporativo, mas que também tem o seu uso para fins educacionais. Entre suas funções permite criar
sala de aula/reunião, com bate-papo através do chat, compartilhamento de páginas e documentos,
gravar reuniões e posteriormente disponibilizá-las (MAGALHÃES, 2022).
6
É um aplicativo que permite realizar reuniões virtuais, tanto pelo celular, tablets e computadores. As
reuniões podem ser gravadas, tem bate-papo integrado, permite compartilhamento de tela, tem o seu
uso tanto para equipes corporativas quanto para uso educacional. A Zoom Video Communications é
uma empresa americana de serviços de conferências remotas (CGFGLOBAL, 2022),
7
É um software da Microsoft desenvolvido para colaboração de equipes, voltada para equipes
corporativas e que passou a ser usado para fins educacionais, especialmente durante a pandemia por
Covid-19. Suas funções tem similaridades com o concorrente Google Meet. Entre as muitas funções
podem criar sala de aula para reuniões, ter sala de bate-papo, apresentar conteúdos através de
compartilhamento de tela, fazer videoconferências, gravar reuniões e disponibilizá-las ao final
(MICROSOFT..., 2022; UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 2022).
15
8
https://www.youtube.com/c/BiblioUFRN.
9
“Uma live é uma transmissão ao vivo. Vindo da televisão, o conceito se popularizou quando passou a
ser possível transmitir esse tipo de conteúdo por meio das redes sociais. Atualmente, o recurso está
disponível para qualquer usuário por meio de plataformas como Instagram, YouTube, Facebook e
TikTok. Um dos grandes trunfos das lives nas redes sociais é a possibilidade de interação. Durante o
vídeo, os espectadores podem mandar mensagens e quem está apresentando pode ler esses comentários
e responder dúvidas.” (LOPES, 2022a).
10
É um estúdio de transmissão ao vivo no navegador (não é necessário instalar nada), que pode ser
transmitido diretamente pelo Facebook, YouTube, LinkeIn, Twitter, Twitch e RTMP e outras
plataformas por ser de caráter multistreaming. Tem transmissão de até 10 pessoas na tela e mais outras
nos bastidores. Os convidados para a transmissão no estúdio podem participar através de qualquer
dispositivo (celular ou computador). As apresentações dos convidados e os comentários/perguntas do
público participante (de qualquer plataforma) podem ser compartilhados em tela em tempo real
(STREAMYARD, 2022).
16
11
Ensino Remoto Emergencial (ERE) é um conjunto de estratégias didáticas e pedagógicas, adotados
por instituições em diferentes níveis de ensino de modo temporário, criadas para diminuir os impactos
das medidas de isolamento social sobre a aprendizagem durante a pandemia por Covid-19. Foi
instituído por meio do acesso temporário e planejado a conteúdos e suportes de ensino e instrução
utilizando plataformas virtuais. Os conteúdos previstos para serem ministrados presencialmente
foram ministrados de forma totalmente remota. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
esta modalidade foi antecedida pelo Período Letivo Suplementar Excepcional (PLSE), regulamentado
em 1º de junho de 2020, abarcando entre o dia 2/6/2020 até 31/7/2020. Os períodos letivos regulares
em formato remoto iniciaram o dia 24/8/2020 e finalizaram em 31/12/2021. Em 11 de janeiro de
2022 foi aprovado calendário do ano letivo de 2022, e a retomada do ensino presencial
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE NO NORTE, 2020a, 2020b, 2020c, 2022).
17
1.3 JUSTIFICATIVA
Este trabalho é composto por cinco seções. Após a seção introdutória, a segunda seção
é o referencial teórico que embasa as discussões sobre a comunicação científica e divulgação
científica através de seus conceitos, características e relações. Seguidamente, se analisa
YouTube como plataforma que permite a criação e consumo de conteúdos de acordo com o
paradigma da Web 2.0, o que a torna um canal interessante de comunicação e divulgação
científica. Mostra alguns canais que usam o YouTube como plataforma de divulgação científica
e canais de instituições de educação superior que usam a plataforma para divulgar e comunicar
18
ciência científica. Completa essa seção, uma breve contextualização sobre os Estudos Métricos
da Informação, como método de pesquisa que embasa os procedimentos metodológicos deste
estudo. São apresentadas as tipologias de estudos métricos, com ênfase na cibermetria e nos
estudos métricos das mídias sociais.
A terceira seção é focada na metodologia usada para a execução da pesquisa,
apontando sua caracterização, as técnicas de pesquisa utilizadas, população e amostra, os
instrumentos de coleta e análise dos dados além dos indicadores e ferramentas utilizadas na
pesquisa. A quarta seção apresenta os resultados e sua discussão. Nesta seção se caracterizam
os vídeos, sua audiência, palestrantes e mediadores. Também são apresentados indicadores que
evidenciam a visibilidade, engajamento e repercussão do canal. A quinta e última seção
apresenta as considerações finais sobre a pesquisa, apontando as implicações dos resultados e
as recomendações derivadas da pesquisa.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A ciência evolui no tempo por meio da comunicação científica feita entre os cientistas,
pesquisadores e acadêmicos através de diferentes meios e processos, dentre eles, também a
divulgação científica. Mas, para entendermos o que é comunicação científica e divulgação
científica, as relações existentes entre os termos e os conceitos associados a elas, devemos
iniciar pelas suas definições, pois, de acordo com Caribé (2015, p. 89) “O entendimento e
comunicação de qualquer disciplina ou ciência dependem da sua terminologia”.
A autoria do termo comunicação científica é atribuída a John Desmond Bernal
(irlandês, físico e historiador da ciência), que escreveu o livro “A Função Social da Ciência” em
1939. Bernal (1939) conceitua comunicação científica como “as atividades associadas à
produção, disseminação e uso da informação, desde o momento de a concepção da ideia pelo
cientista até a informação referente aos resultados alcançados ser aceita como constituinte do
estoque universal de conhecimentos pelos pares” (CARIBÉ, 2011, p. 27). Na obra, o autor
defende que o termo comunicação científica tem uma abrangência ampliada para além das
fronteiras da comunidade científica, pois tanto o cientista quanto o público leigo devem receber
as informações necessárias e úteis para o desenvolvimento dos seus trabalhos e atividades
cotidianas; portanto, a informação científica deve fluir entre os cientistas e também chegar até o
público geral (CARIBÉ, 2009). Nesse sentido, a comunicação científica é vista sob o aspecto
interno (comunicação se dá no âmbito da comunidade científica) e externo (comunicação se dá
no ambiente externo a comunidade científica, denominada de educação científica e popularização
da ciência - popular science) (CARIBÉ, 2009).
20
Caribé (2015, p. 101) destaca que a comunicação científica “desde a sua concepção,
constitui um termo genérico, que engloba todas as demais formas de comunicação que irão
variar de acordo com o tipo de linguagem que utilizam ou com o tipo de entidade do processo
de comunicação ao qual se encontra relacionado”, incorporando, portanto, tanto a comunicação
interna quanto a externa.
Por outro lado, a comunicação científica tem sido classificada em formal e informal.
A comunicação científica formal é aquela que permite a informação circular entre as
comunidades acadêmicas e tornar público o conhecimento produzido, registrando-o através de
livros, revisão de literatura, periódicos, relatórios, entre outros. Ao passo que a comunicação
informal utiliza outros meios como eventos e reuniões científicas, associações, intercâmbios
por e-mail, entre outros (MEADOWS, 1999 apud VALERIO; PINHEIRO, 2008). Contudo,
essa classificação está passando por mudanças e transformações significativas em função das
tecnologias da informação.
Seguindo a Figura 1, a comunicação científica tem a vertente da disseminação
científica, onde a informação científica flui dentro da própria comunidade científica (cientistas,
pesquisadores, acadêmicos) quando estes frequentam espaços e ambientes em que acessam
21
12
“A expressão Colégio Invisível foi criada por Robert Boyle (1627-1691) e define um grupo de
pesquisadores que trabalham juntos, mas não estão fisicamente próximos, não trabalham na mesma
instituição, podem ter nacionalidade diferentes e falar línguas diversas” (INSTITUTO
COGNOPOLITANO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2022).
22
Também Silva Neto (2018) destaca a importância da divulgação científica como parte
do processo de retorno das pesquisas à sociedade:
A divulgação científica pode ser feita através do jornalismo científico pelos Meios de
Comunicação de Massa (MCM), pois passou a ser incorporada pela imprensa. Os jornalistas
realizam essa divulgação seja por meio da participação em eventos científicos (a fim da
divulgação das novidades e descobertas, mediante definição ou elaboração de pautas para
publicação), intermédio das revistas especializadas como fonte de pesquisa e do contato direto
com as fontes (cientistas, pesquisadores, centros de produção de ciência e tecnologia como
universidades, empresas e institutos de pesquisas). No entanto, essa relação de mediação pode
sofrer ruídos na comunicação, o que afeta na interação com o público, comprometendo a
informação divulgada (BUENO, 2010). Esses problemas podem ocorrer se o jornalista ou
divulgador, não estiverem capacitados para o processo de decodificação ou recodificação do
discurso especializado. Hoje, no Brasil, se desenvolvem iniciativas para fortalecer a comunicação
e divulgação científica, a partir de parcerias qualificadas entre cientistas/pesquisadores e
jornalistas/divulgadores. Entre essas iniciativas está o Curso de Especialização em Jornalismo
Científico, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo13 da Universidade Estadual de
Campinas (Labjor/UNICAMP) que prepara jornalistas para atuarem no campo da divulgação
científica (BUENO, 2010).
A divulgação científica também ocorre por meio de instituições como museus,
bibliotecas, programas de tv e rádio, entre outros. Caribé (2011), na sua tese de doutorado, faz
uma cronologia da importância do museu na divulgação científica. Segundo Gaspar (1993)
René Descartes, Francis Bacon e Wilhelm Leibniz propuseram que os museus deveriam
13
“O Labjor é um centro de referência, no país e na América Latina, para a formação e para os estudos
em divulgação científica e cultural. Trabalhando, em suas diversas atividades e programas
acadêmicos, com os fenômenos contemporâneos ligados à cultura científica, o Labjor oferece, de
forma multidisciplinar, a oportunidade de cursos de pós-graduação e de realização de pesquisas e
produtos culturais, que contribuem para a compreensão e entendimento, para a análise e a explicação
da dinâmica das relações entre ciência e sociedade que, por sua vez, integram, também
dinamicamente, os fatos, eventos e acontecimentos próprios da cultura científica”
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2022).
23
“realizar demonstrações experimentais com água, ar e vácuo, realizar testes com vários tipos
de máquinas, utilizar telescópio para mostrar a lua e outros astros celestes, exibir plantas raras
e painéis sobre anatomia humana”. Contudo, esse movimento encontrou auge após a Segunda
Grande Guerra Mundial quando novas transformações ocorreram na ciência e tecnologia e foi
captado a importância de elevar a percepção pública da ciência.
Na atualidade, a divulgação científica ocorre não apenas via jornalismo científico, e
instituições culturais como os museus, mas também utilizando meios digitais como blogs e
vlogs, neste segundo caso, usando plataformas de redes sociais como Youtube.
Convém destacar que o quê diferencia os termos comunicação (difusão) e divulgação
de acordo com Caribé (2015) é o nível de codificação da linguagem utilizada e o público-alvo.
Portanto, comunicação científica é o termo genérico e a divulgação científica é um termo
específico, numa relação hierárquica tipo gênero-espécie.
Já de acordo com Bueno (2010), ainda que os conceitos de comunicação científica e
divulgação científica revelem características comuns, eles pressupõem, na prática, aspectos
distintos: o perfil do público-alvo, o nível do discurso, a natureza dos canais ou ambientes
utilizados para sua veiculação e a intenção explícita de cada processo em particular. No Quadro
1 mostra-se essas características que as diferenciam.
Bueno (2010, p. 5) resume de forma simples e direta a função e a diferença entre o que
é a comunicação científica e divulgação científica:
De acordo com Dal Pian (2015, p. 2), os atores sociais (dentre eles os cientistas)
exploram as potencialidades das tecnologias digitais, pois estas favorecem expressar o
pensamento e defender pontos de vista e visões do mundo, devido a que assumem o papel social
de “(tentar) solucionar problemas cotidianos e dar respostas a inquietações milenares, buscando
explicar, de forma lógica, racional e empírica, os fenômenos da natureza”. Os pesquisadores
têm usado como canais os websites especializados, blogs, vlogs, colunas e mídias sociais,
plataformas de podcasts e streaming de vídeos como por exemplo o YouTube, e vêm ampliando
a conexão e interação do pesquisador-público e a aproximação ciência-sociedade.
De acordo com Piscitelli (2005 apud DAL PIAN, 2015, p. 3),
Entre os muitos canais de divulgação audiovisual que têm se destacado e de acordo com
Dal Pian (2015, p. 6) a plataforma Youtube é uma delas:
pelo valor de US$ 1,65 bilhões (o que foi considerado uma pechincha devido ao potencial
comercial da plataforma). “O nome YouTube veio da junção das palavras inglesas ‘you’, que
significa ‘você’ e ‘tube’, que pode ser entendido como uma gíria para ‘TV’. Desse modo,
YouTube significa algo como ‘Sua TV’, o que representa, de fato, a proposta do serviço”
(LOPES, 2022d).
Atualmente, a plataforma possui mais de 1 bilhão de usuários espalhados em mais de
100 países, o que a posiciona como líder no mercado de mídias sociais de conteúdo digital. O
YouTube é responsável por 37% do tráfego mundial de internet móvel, de acordo com a
pesquisa The Mobile Internet Phenomena Report realizada pela Sandvine (SANDVINE, 2019).
Está disponível nos mais diversos dispositivos (smartphones, computadores e notebooks,
tablets, smart tvs, IoT14, etc); a qualidade e a boa experiência de navegação são pontos fortes
da plataforma. Além de permitir que os usuários assistam aos vídeos de qualquer lugar, boa
parte dos conteúdos são disponibilizados com resolução 4K15. Seu funcionamento é como uma
grande rede colaborativa onde os usuários podem criar e compartilhar os seus conteúdos
produzidos (LOPES, 2022d).
O objetivo de uso da plataforma pode ser diferenciado de acordo com o usuário: criadores
(acessam para editar, publicar e divulgar conteúdos) e espectadores (acessam em busca de vídeos
para assistir via smartphone, desktop, smart TV etc.) (LOPES, 2022d). Para os criadores de
conteúdo a plataforma ainda possui uma ferramenta de edição de vídeo on-line, permitindo alterar
tons de cor, iluminação, áudio, estabilização da filmagem e outros. Portanto, o usuário tem o
domínio do processo de captura, edição e publicação do conteúdo, o qual não exige formação
específica de edição de vídeos para essas ações (REALE; MARTYNIUK, 2016).
A plataforma permite que outros usuários interajam com os vídeos publicados, por meio
de comentários, curtidas e “descurtidas”; durante as transmissões ao vivo pode-se conversar via
chat on-line com os espectadores. Também, permite aos criadores do conteúdo enviar links de
qualquer conteúdo publicado por meio de suas redes sociais ou pelo próprio link [por exemplo,
copiando e colando em algum texto produzido, podendo deixar ele com hiperlink se for em
14
O termo IoT, ou Internet das Coisas, refere-se à rede coletiva de dispositivos conectados e à tecnologia
que facilita a comunicação entre os dispositivos e a nuvem, bem como entre os próprios dispositivos.
Graças ao advento de chips de computador baratos e telecomunicações de alta largura de banda, agora
temos bilhões de dispositivos conectados à Internet. Isso significa que dispositivos do dia a dia, como
escovas de dentes, aspiradores, carros e máquinas, podem usar sensores para coletar dados e responder
de forma inteligente aos usuários (AMAZON WEB SERVICE, 2022.)
15
A resolução 4K é um termo que refere-se a uma resolução de imagem aproximada de 3840 pixels na
horizontal e 2160 na vertical usada em equipamentos de televisão digital e cinema digital. Tal resolução
é apontada como a resolução limite para um televisor doméstico (RESOLUÇÃO 4K, 2022).
28
meio digital ou não, se for em modo impresso, enviando em um e-mail, etc.]. Adicionalmente,
a plataforma permite a criação de playlists com o intuito de organizar os conteúdos produzidos;
possui funcionalidades para que os usuários se inscrevam e recebam notificação de conteúdos
novos e para monetização destes (LOPES, 2022d). A plataforma ainda permite que o conteúdo
seja expandido para outras plataformas, através da conexão da conta do usuário do Google com
outras redes sociais como o Facebook e o Twitter (REALE; MARTYNIUK, 2016).
O YouTube possui regras e políticas para utilização da plataforma, pois não são
permitidos violação de direitos autorais; violação de privacidade; conteúdo sexual ou nudez;
conteúdo prejudicial ou perigoso; conteúdo explícito ou violento; risco à segurança infantil;
incitação ao ódio; assédio e bullying digital; spam e golpes e falsificação de identidade.
Atualmente também são banidos conteúdos que promovam a desinformação (tanto para
medicamentos, tratamentos e processos democráticos como eleições) (LOPES, 2022d).
Apesar de ter regras e políticas quanto a publicação de conteúdo, nem sempre se
consegue fiscalizar e retirar vídeos impróprios da plataforma. Rosa (2019) diz que grandes
companhias estão em processo de modificação dos seus códigos de conduta, especialmente com
o crescimento de notícias falsas, a fim de deixar seus espaços seguros; e que em 2019 o
YouTube tinha divulgado medidas chamadas de “os 4 Rs da Responsabilidade” (Figura 3) para
aprimorar a plataforma que são Remove, Raise, Reward and Reduce: Remove → remover
(conteúdo que viole nossa política o mais rápido possível), Raise → elevar (levante vozes
autoritárias quando as pessoas estão procurando notícias e informações de última hora),
Reward → recompensar (criadores e artistas qualificados e confiáveis) e Reduce → reduzir (a
disseminação de conteúdo que vai de encontro à nossa linha política). Para um melhor controle
eles contam com aprendizado de máquina para sinalizar conteúdos impróprios e contribui com
bancos de dados da indústria para flagrarem conteúdos ainda no upload.
É importante ressaltar que para que esse intento tenha sucesso é necessário que os
usuários ao perceberem conteúdos impróprios façam a denúncia na própria plataforma clicando
no ícone “Reportar” ( ) e indicar qual o problema com o conteúdo. O YouTube analisará o
conteúdo através de suas equipes e tecnologias apropriadas, e constatada violação fará a
remoção (lembrando que é uma tarefa difícil pois diariamente na plataforma sobem milhares
de vídeos simultaneamente).
29
Em suas pesquisas, Aranha et al. (2017, p. 23) confirmam que o YouTube pode ser
um aliado no ensino das ciências pois “canais aliados a outras metodologias ou estratégias
educacionais planejadas frente às competências almejadas, podem auxiliar os profissionais em
suas novas tarefas”.
Segundo Fonseca e Bueno (2021, p. 6) “essencialmente, um divulgador científico no
YouTube deve tornar a ciência atrativa para seu público, estimulando não apenas visualizações,
mas engajamento e disseminação orgânica. A grande virtude envolvendo o YouTube é a facilidade
de inscrição, produção e distribuição de conteúdo”. Os autores ainda destacam que o divulgador
fomenta comunidades com seu público e outros canais e redes sociais como Instagram, Twitter ou
Facebook, de forma que se relacionam, compartilhando e distribuindo conteúdo.
No Brasil, existem atualmente diversos canais no YouTube para comunicação e
divulgação da ciência, com grande quantidade de inscritos, conteúdos e visualizações,
periodicidade nas publicações e que demonstram terem um grande alcance na audiência. Os
conteúdos predominantes nesses canais estão relacionados com as ciências exatas, biológicas,
tecnologia e afins. A continuação, alguns exemplos16:
● Meteoro Brasil: canal sobre cultura pop, ciência e filosofia, criado em abril de 2017 pelos
jornalistas Álvaro Borba e Ana Lesnovski, com 1,52 milhão de inscritos e 418.799.593
visualizações, ainda conta com perfis no Instagram, Twitter e Facebook que ampliam a
interação com o público (SILVA NETO, 2018);
● Nerdologia: canal sobre cultura nerd, criado em 15 de agosto de 2010 no YouTube, tem
equipe de apresentação e pesquisa composto por Filipe Figueiredo, Átila Iamarino, Ana
Arantes, Caio Gomes, Sérgio Sacani, André Souza, Pirula, Altay de Souza, Mila
16
Os canais Meteoro Brasil, Nerdologia, Peixe Babel e Science Vlogs Brasil os dados de quantidade de
inscritos e visualizações foram atualizados durante a pesquisa.
31
Dal Pian (2015) ainda dá outros exemplos de canais no YouTube que merecem ser citados
como divulgadores científicos. No Quadro 2 a quantidade de inscritos dos referidos canais estão
atualizados (verificados em 15 de novembro de 2022). Convém frisar que o mais importante é o
conteúdo produzido do que somente a quantidade de inscritos, pois esse número pode variar com o
tempo, dependendo do engajamento que cada canal promove, ficando o conteúdo permanente na rede.
17
Uma curiosidade, “O nome do canal, Peixe Babel, é uma referência ao personagem da série ‘O guia
do mochileiro das galáxias’, de Douglas Adams. Na história, ele é uma espécie de peixe tradutor,
que é capaz de traduzir as palavras para qualquer idioma. É justamente essa a proposta de Camila:
traduzir temas da área de computação e robótica para o ‘idioma’ do público não especializado.”
(CARVALHO, 2016, p. 10-11)
32
18
Social Blade ou SocialBlade é um site gratuito que presta o serviço de rastreamento de estatísticas e
análises de mídias sociais. A principal ferramenta do site gira em torno da plataforma de vídeos
YouTube, mas também gera informações e números sobre o Twitch, Mixer, Dailymotion, Twitter,
Instagram e Facebook. (SOCIAL BLADE, 2022).
33
Os Estudos Métricos da Informação (EMI), de acordo com Araújo (2015, p. 44) “podem
ser considerados como métodos e técnicas de mensuração e avaliação quantitativa (estatístico-
matemático) da produção, circulação e uso da informação”. Noronha e Maricato (2008, p. 122)
complementam que esses métodos possuem “diversas abordagens teórico-metodológicas e
diferentes denominações em função de seus objetivos e objetos de estudo”.
Os EMI, de acordo com Oliveira (2018, p. 33), constituem uma subárea da Ciência da
Informação que evoluiu junto com outras subáreas como informação científica e tecnológica
(ICT), gestão da informação e do conhecimento (GIC), política e economia da informação,
estudos dos usuários da informação e representação da informação.
De acordo com Mattos (2019, p. 3-4, grifo nosso) hoje existe um reconhecimento da
“importância dos estudos métricos para o desenvolvimento econômico, [...] avaliação e
monitoramento das atividades científicas [pois existe] e observa-se um crescente interesse por
19
Os crackers são pessoas que têm habilidades tecnológicas para promover ações maléficas como:
roubos ou desvio de informações a fim de ganhar vantagens financeiras, e são considerados
criminosos cibernéticos profissionais que utilizam seu know-how para praticar o cracking que nada
mais é que quebra de sistemas de segurança (CODEBIT, 2022).
35
Statistical Bibliography or Bibliometrics para descrever todos os estudos que buscam quantificar
os processos de comunicação escrita, em substituição do termo Bibliografia estatística que estava
em uso desde princípios do século XX. A Bibliografia estatística tinha sido usada para avaliar
características da produção científica com fins de gestão de coleções e serviços em bibliotecas.
Apesar do termo Bibliometria ter sido atribuído a Pritchard, posteriormente foi
reconhecido que Paul Otlet já o tinha usado no livro Tratado de Documentação 20 (Traité de
Documentatión) em 1934 (OLIVEIRA, 2018). Para Oliveira (2018, p. 34), independentemente
de quem foi o primeiro a nomear bibliotemetria, seu significado é único: “são os estudos
estatísticos aplicados ao campo biblioteconômico".
A definição que Pritchard deu ao termo bibliometria é “a aplicação de métodos
matemáticos e estatísticos para analisar o curso da comunicação escrita e o curso de uma
disciplina. Em outras palavras, é a aplicação de tratamentos quantitativos às propriedades do
discurso escrito e seus comportamentos típicos”21 (SPINAK, 1996, p. 34, tradução nossa).
Tague-Sutcliffe (1992 apud MACIAS-CHAPULA, 1998, p. 134-135) a define como “[...] o
estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada.
[...] desenvolve padrões e modelos matemáticos para medir esses processos, usando seus
resultados para elaborar previsões e apoiar tomadas de decisão”. Seus objetos de estudo são
livros, documentos, revistas, artigos, autores e usuários. Segundo Cunha e Cavalcanti (2018)
para as pesquisas na bibliometria são usadas as leis de Bradford, Lotka e Zipf, análise de
citações e indicadores de desempenho de pesquisa, entre outros.
Cientometria ou Cienciometria: segundo Spinak (1996, p. 48-49, grifo do autor) o
termo “[...] surgiu na URSS e Europa Oriental, (naukometriya) e foi utilizado especialmente na
Hungria. Originalmente se referia a aplicação de métodos quantitativos para a história da ciência
e do progresso tecnológico”22. A cientometria/cienciometria usa técnicas matemáticas e a
análise estatística para investigar as características da investigação científica (SPINAK, 1996,
p. 48-49).
20
No capítulo O livro e a medida. Bibliometria, Otlet define Biblioteconomia como “A ‘bibliometria’
será a parte definida da bibliologia que se ocupa da medida ou quantidade aplicada aos livros
(aritmética ou matemática bibliológica)” (OTLET, 2018, p. 18).
21
Texto original: “[...] como la aplicación de las matemáticas y los métodos estadísticos para analizar
el curso de la comunicación escrita y el curso de una disciplina. Dicho de otra manera, es la
aplicación de tratamientos cuantitativos a las propiedades del discurso escrito y los
comportamientos típicos de éste” (SPINAK, 1996, p. 34).
22
Texto original: “[...] surgió en la URSS y Europa Oriental (naukometriya) y fue practicado
especialmente en Hungría. Originalmente se refería a la aplicación de métodos cuantitativos a la
historia de la ciencia y el progreso tecnológico” (SPINAK, 1996, p. 48-49).
37
Quanto à sua terminologia Bufrem e Prates (2005, p. 13) dizem que o termo scientetrics
foi traduzido como cientometria em português uma vez que o termo latino scientia origina
vocábulos como ciente, científico e cientista e que por este motivo o termo “cienciometria seja
mais comumente usado na literatura especializada em português e espanhol, o primeiro termo é
uma tradução adequada do neologismo inglês.” As primeiras definições a consideravam como a
medição dos processos de informação científica (informática), pois para os pesquisadores
soviéticos Mikhilov et al. (1984) a informática é “a disciplina científica que estuda a estrutura e
as propriedades da informação científica e as leis do processo de comunicação”23 (SPINAK,
1996, p. 48-49, tradução nossa).
Tague-Sutcliffe (1992 apud MACIAS-CHAPULA, 1998, p. 134-135), define a
cientometria como “[...] o estudo dos aspectos quantitativos da ciência enquanto uma disciplina
ou atividade econômica. [...] é um segmento da sociologia da ciência, sendo aplicada no
desenvolvimento de políticas científicas”. Seus objetos de estudo são disciplinas, assunto, áreas
e campos. A cientometria/Cienciometria, portanto, aplica técnicas bibliométricas à ciência
(ciências física e naturais, bem como as sociais) e vai além, pois examina o desenvolvimento e
a política da ciência; as análises quantitativas consideram a ciência como uma disciplina ou
atividade econômica e por esse motivo, pode estabelecer comparações entre as políticas de
pesquisa entre países analisando seus aspectos econômicos e sociais.
Informetria: o termo foi proposto por Otto Nacke em 1979, diretor do Institut für
Informetrie und Scientometrie, na cidade de Bielfeld (Alemanha) e o termo foi adotado pelo
VINITI24 da URSS (SPINAK, 1996). De acordo com Spinak (1996, p. 131, tradução nossa) “se
baseia nas investigações da bibliometria e cienciometria, e inclui questões como o
desenvolvimento de modelos teóricos e as mediações da informação, para encontrar regularidades
nos dados associados à produção e a utilização da informação registrada”25.
Tague-Sutcliffe (1992 apud MACIAS-CHAPULA, 1998, p. 135), assim define a
informetria “[...] é o estudo dos aspectos quantitativos da informação em qualquer formato
[analógico ou digital], e não apenas registros catalográficos ou bibliografias, referente a qualquer
23
Texto original: “la disciplina científica que estudia la estructura y las propiedades de la información
científica y las leyes del proceso de comunicación” (SPINAK, 1996, p. 49).
24
VINITI: Vserossiiskii Institut Nauchnoi i Tekhnicheskoi Informatsii (Instituto Russo de Informação
Científica e Técnica) (CUNHA; CAVALCANTI, 2018, p. 206).
25
Texto original: “[...] se basa en las investigaciones de la bibliometría y la cienciometría, y comprende
asuntos tales como el desarrollo de modelos teóricos y las medidas de información, para hallar
regularidades en los datos asociados con la producción y el uso de la información registrada.”
(SPINAK, 1996, p. 131)
38
grupo social, e não apenas aos cientistas” e seus objetos de estudo são palavras, documentos e
bancos de dados. A informetria, portanto, é área dos estudos métricos mais abrangente, pois trata
da medição de todos os aspectos da informação, incluindo seu armazenamento e recuperação;
estuda os aspectos quantitativos da informação, não apenas aquela registrada (como registros
bibliográficos), mas todos os aspectos da comunicação formal ou informal, oral ou escrita; tem
suas aplicações práticas em contextos tão variados como recuperação de informação, gestão de
bibliotecas, história da ciência e política científica (SPINAK, 1996).
O desenvolvimento das tecnologias digitais, a expansão da internet e da web criaram
condições para uma circulação ampliada da informação em ambientes digitais, tanto
informação científica quanto outros tipos de informação. Sendo assim, os estudos métricos da
informação também passaram a ser aplicados na medição da informação no ciberespaço.
Cibermetria: De acordo com Araújo (2019, p. 18) “os estudos métricos da
informação na web são, em geral, estudos de abordagens quantitativo-descritivo e realizados
por meio de aplicações matemáticas e estatísticas no ciberespaço, na gestão, fluxos ou
atividades relacionadas às informações”. Araújo (2019) ainda contextualiza que na cibermetria,
os dispositivos como websites, páginas pessoais ou corporativas, desempenham o mesmo papel
que os documentos nos estudos bibliométricos e cientométricos.
Para Björneborn e Ingwersen (2004 apud ARAÚJO; TEIXEIRA, 2013, p. 956) a
cibermetria pode ser considerada como
Araújo (2015, p. 52-53) entende como método científico cibermétrico aquele que tem
como finalidade quantificar os produtos (blogs, listas ou fóruns de discussão, comunidades
virtuais, temas, assuntos, entre outros) e atores (blogueiros, membros, usuários, instituições,
moderados, tutores, entre outros) sociais, com o propósito de medir os aspectos comunicativos
das articulações que eles estabelecem na web. Araújo e Teixeira (2013, p. 956) destacam que a
cibermetria pode ser usada com o intuito de
De acordo com Araújo (2019) dentro dos estudos métricos da informação na web (ou
estudos cibermétricos) estão os seguintes subcampos: a webometria, a webmetria e altmetria.
No contexto da cibermetria, Araújo (2019) chama a atenção para os estudos métricos
das mídias sociais definidos como “o uso de dados webmétricos para mensurar a influência
digital e o engajamento” (ARAÚJO, 2019, p. 24). Essa área foca, sobretudo, nas interações
sociais que se estabelecem por meio das mídias sociais e cobra destaque atualmente pois causa
cada vez maior interesse da sociedade nas mídias sociais, que se tornaram canais principais de
circulação e compartilhamento de informação. Como vimos antes, no caso do YouTube, eles
se tornaram nos últimos anos meios relevantes de comunicação e divulgação científica.
Na continuação serão conceitualizados os campos dentro da cibermetria:
Webometria: o termo foi cunhado em 1997 por Tomas C. Almind e Peter Ingwersen,
pesquisadores dinamarqueses. De acordo com Björneborn e Ingwersen (2004 apud ARAÚJO,
2019, p. 21) a webometria consiste no “estudo dos aspectos quantitativos da construção e uso
dos recursos da informação, estruturas e tecnologias na web a partir de abordagens
informétricas e bibliométricas”. A aplicação de métodos informétricos à web serve para medir
a frequência da distribuição das páginas no ciberespaço. Para Thelwall (2003 apud ARAÚJO,
2019, p. 21) ainda teria uma relação próxima com a bibliometria, pois “os documentos web -
textos ou multimídia - não deixam de ser informação registrada e armazenada, mesmo que em
servidores web”. Araújo (2019) ainda aponta que os motores de busca são os instrumentos
fundamentais para os estudos webométricos, pois eles trabalham com grandes volumes de
informação e facilitam as tarefas de quantificação e avaliação de fluxos do intercâmbio de dados
e informação na web.
Webmetria: Araújo (2019, p. 22, grifo do autor) diz tratar-se de “um campo voltado
para análises métricas de tráfego de vistas em websites (acesso e uso de informação na web:
logs, page tagging) que auxilia no controle de qualidade de processos e recurso da web”. Já
Cunha e Cavalcante (2008, p. 380) definem a webmetria como “estudo quantitativo da
comunicação na internet, desenvolvido a partir das aplicações dos conceitos de análise de
audiência e especialmente da bibliometria”. Gouveia (2013, p. 27) destaca que pode ser
considerada um subconjunto da webometria. Contudo, alguns autores utilizam ambos os
termos, webometria e webmetria como sinônimos, o que reforça a ideia de que as fronteiras
entre algumas subáreas são bastante ténues.
Altmetria: É a metria mais recente, denominada assim pela junção das palavras em
inglês alternative metrics. A criação do termo foi atribuída ao pesquisador Jason Priem quando
fez o uso dela em sua conta pessoal no Twitter em 2020. De acordo com Araújo (2019, p. 25)
40
Segundo Araújo (2019), o terceiro quadrante (Q3) é pouco explorado pela CI, tendo
mais repercussão na comunicação social e nos estudos de marketing digital. Este quadrante
nasce com interfaces com a informação social e de aproximação com os estudos informétricos
e webmétricos. De acordo com Ferreira (2022 p. 27, grifo da autora), são precisamente os
estudos do quadrante 3 que,
3 METODOLOGIA
endereços de e-mail para que os espectadores possam entrar em contato, caso queiram tirar
alguma dúvida, debater ou responder alguma questão/assunto que não foi respondido(a) durante
a transmissão. Terminada a apresentação, o mediador faz suas considerações e lê as perguntas
enviadas pela audiência no chat do canal ao palestrante. Os mediadores no final da transmissão
sempre convidam os espectadores para se inscreverem no canal, compartilhar os vídeos e deixar
o like se gostou do conteúdo, a título de engajamento para o canal. Um aspecto interessante é
que apesar de ser uma transmissão em que atores da Biblioteconomia e CI estão debatendo um
assunto, paralelamente o ambiente é fomentado pela audiência fazendo perguntas e comentários
no chat na plataforma, ao mesmo tempo em que também colocam suas impressões e relatos de
alguma experiência sobre o assunto e um debate surge quando os palestrantes estão expondo
seu conteúdo.
Os vídeos, após o fim do evento, têm a possibilidade de serem vistos com a geração
de legendas ativada (closed caption). A partir do evento Biblioweek 2021.1, em 7 de junho de
2021, as transmissões em tempo real passaram a contar também com os profissionais da
instituição que fazem a tradução em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), o qual torna o canal
mais inclusivo para pessoas com deficiência auditiva (pessoa surda).
Embora a maioria dos vídeos disponíveis no canal tenham sido transmitidos ao vivo nesta
plataforma, o canal também disponibiliza gravações de eventos e palestras que foram transmitidos
ao vivo utilizando plataformas como Zoom e Google Meet, inseridos a posteriori.
Com relação à divulgação, os eventos são divulgados a partir de iniciativas dos
próprios professores organizadores, com a colaboração de alunos de graduação, por meio de
suas próprias redes sociais. A divulgação do canal é complementada por meio de outras vias,
por exemplo, o Instagram e Facebook do Centro Acadêmico Zila Mamede (CAZMA) do curso
de Biblioteconomia e Instagram do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA). O canal
nesse aspecto é muito importante para a divulgação dos conteúdos da Biblioteconomia e CI do
ponto de vista que o curso sempre está em contato com alunos ingressantes na universidade e
que podem ter contato com profissionais e autores renomados do campo da CI para debater os
assuntos, analisar as problemáticas e realizar proposições no campo bem como acesso às
bibliografias e autores citados nas apresentações, permitindo a ampliação de conhecimento
acadêmico e profissional.
A continuação será realizada uma caracterização dos vídeos e do canal utilizando
métricas informacionais.
47
Para a coleta dos dados, os 70 vídeos foram listados e inseridos na ferramenta de edição
de planilhas do pacote Office da Microsoft, o Excel. Os seguintes indicadores foram levantados:
26
O vídeo sobre Biblioteca Prisional foi uma aula através do Google Meet que aconteceu antes do
período pandêmico e que foi acrescentado ao canal posteriormente. Diferentemente de outros
conteúdos que também aconteceram através do Google Meet ou Zoom, mas que ocorreram no período
de aulas remotas devido à pandemia e foram acrescentados após a criação do canal.
48
Visibilidade do canal:
• Visualizações: quantidade de visualizações do canal, quantidade de visualizações por
idade do público, quantidade de visualizações por gênero do público, quantidade de
visualizações por país de origem;
• Inscritos: quantidade de inscritos.
Engajamento:
• Curtidas: quantidade de curtidas.
Repercussão:
• Existência ou não de menções ou comentários sobre o canal em websites e redes sociais.
27
http://wordart.com
50
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção se apresenta a caracterização dos vídeos e seus participantes, assim como os
indicadores de visibilidade e engajamento do canal. Também se apresentam as categorias temáticas
dos vídeos e indícios da repercussão do canal na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.
Os indicadores evidenciam quanto o curso de Biblioteconomia aproveitou o potencial de YouTube
para comunicação e divulgação da ciência.
Uma análise complementar das temáticas está representada por meio de uma nuvem
de palavras-chave (Figura 7). No Apêndice B se encontram todas as palavras-chaves atribuídas
e a quantidade da ocorrência de cada uma.
28
Foram agrupados todos os títulos que correspondem a mesma área da CI, mas que recebem nomes
diferentes devidos a diversificadas instituições de formação: Ciência da Informação e Documentação;
Documentación y Información Científica; Informação e Comunicação em Plataformas Digitais;
Sistemas de Información y Documentación.
55
Isso constata a centralidade das instituições de educação superior na pesquisa científica, como
motor do desenvolvimento das disciplinas e profissões.
Contudo, foi identificada também a participação da administração pública, com a
participação de governadoria (1) e prefeitura (2), além de órgãos públicos (2). Isto ocorre pelo
fato de a Biblioteconomia atuar nesses âmbitos com seus bibliotecários, além de se fazer
necessário a participação de órgãos públicos na definição e execução de legislações
regulamentos que ampliam a participação destes profissionais no mercado de trabalho,
garantindo assim a qualidade dos serviços que esses profissionais prestam à sociedade. Foi
identificada também a participação de fundações como a FIOCRUZ e a Fundação José Augusto
(RN). Também não se pode deixar de mencionar a participação de bibliotecários e bibliotecários
de bibliotecas públicas. Apesar de ter apenas 4 participações destacamos a importância dos
temas debatidos, sobretudo a discussão da temática dos serviços e empréstimos durante a
pandemia.
Quanto à ocupação dos palestrantes, percebe-se a prevalência de docentes (28; 33%);
seguidos por profissionais com cargos ou funções administrativas [coordenadores, supervisores,
diretores, chefes, vice-presidente, gestores, governador] representando (24; 28%) e bibliotecários
(23; 27%). Complementando a análise temos a presença de discentes (6; 7%), assistentes sociais
(2; 2%), assistente de pesquisa (1; 1%) e técnico (1; 1%).
Como se mencionou antes uma das características dos eventos desenvolvidos no canal
BiblioUFRN é a presença de um mediador que apresenta aos convidados e organiza a interação
29
O Sistema S aqui é o conjunto de nove organizações das entidades corporativas voltadas para o
treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica. São eles:
Senai, Sesi, Senac, Sesc, Sebrae, Senar, Sest, Senat e Sescoop. Na participação das lives do Canal
BiblioUFRN, participaram então o Sesc e a Faculdade Senai-PB.
56
com a audiência. Na Tabela 7 mapea-se a formação dos mediadores através de sua titulação
acadêmica. Dos 14 mediadores registrados, 13 possuem formação stricto sensu, com
predominância de 10 doutores (71%), seguido de 3 mestres (21%). Alguns dos mediadores
estavam cursando doutorado ou mestrado.
se tornar não apenas canal de comunicação científica, mas também, de divulgação da ciência, ao
ter potencialidade de atingir um público “leigo” na sociedade no geral.
Pode-se questionar a referência “ao público leigo” em Bueno (2010), pois o autor
considera que esse é um público que geralmente não tem iniciação ou formação técnico-
científica na área em discussão. Nesse sentido, o canal BiblioUFRN tem, fundamentalmente,
conteúdo direcionado às pessoas da área de Biblioteconomia e CI. Pois, em tese, as pessoas que
procuram este tipo de canal buscam estar a par das discussões atuais e ao mesmo tempo adquirir
novos conhecimentos e competências. Muito embora uma parte do público que assiste o canal
possua diversas titulações (bacharelado, especialistas, mestres, doutores etc.) o canal visa
discutir assuntos para um público acadêmico em formação, por ser um canal vinculado a um
curso universitário da UFRN e também a um público que venha a se interessar pela
biblioteconomia, sendo também uma fonte de divulgação do curso da UFRN.
Com relação a isso, vale lembrar que muitos alunos que estão ingressando no curso
ainda não têm conhecimento suficiente em vários assuntos, portanto, o interesse sobre os
assuntos abordados nele pode despertar a partir do divulgado no canal. Além de terem os seus
conhecimentos aprimorados através de novas abordagens ali mostradas. Por outro lado, os
eventos e palestras são cadastrados como ações de extensão, precisamente porque tem a
intenção de alcançar audiências mais amplas, não apenas professores, pesquisadores, alunos,
bibliotecários, senão também, qualquer pessoa da sociedade.
Desde a perspectiva dos estudos cibermétricos, o engajamento se refere em quanto o
conteúdo obtém de entrosamento e interação do público e com o público. No caso do canal
BiblioUFRN, o público interatua fundamentalmente por meio das curtidas nos vídeos e dos
comentários nos chats ao vivo. Não é comum que os vídeos tenham comentários após
finalização da transmissão, para o caso daqueles transmitidos ao vivo desde a própria
plataforma de YouTube.
Como durante o período da pesquisa não foi possível encontrar alguma ferramenta
que permitisse a coleta e análise dos comentários ao vivo, o engajamento só pôde ser estimado
por meio da contabilização das curtidas. Na data final da coleta de dados foram contabilizadas
6.243 curtidas em todos os 70 vídeos transmitidos. Prefere-se não apresentar análises
individualizadas de “curtidas” ou “descurtidas”. É importante comentar que vídeos com grande
número de visualizações acumuladas ainda podem ter um número relativamente baixo de
“curtidas”.
59
Para estimar a repercussão do canal buscou-se por menções ao canal em mídias sociais
de instituições e organização de classe. Nesse sentido, foi importante identificar que o canal foi
indicado como um dos mais relevantes na Ciência da Informação em enquete realizada nas
mídias sociais da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da
Informação e Instituições (FEBAB) em 23 de abril de 2021. A enquete tinha a pergunta
“Finalizando a semana, quais canais no YouTube de pessoas, iniciativas e instituições da
Biblioteconomia e Ciência da Informação que vocês nos recomendam?” (FEBAB, 2021a) e foi
divulgada no perfil no Twitter @FEBAB em 27 de maio de 2021 (Figura 8). O resultado foi
divulgado no perfil de Instagram @febab.federacao e no site da FEBAB (Figura 9) (FEBAB,
2021b; SENA, 2021).
Por fim, sobre a repercussão das indicações dos canais mais relevantes, o canal
BiblioUFRN figura nesta listagem como um dos cinco canais vinculados às instituições de
ensino superior indicados pela audiência (canais FESPSP, Encontros Bibli & PGCIn-UFSC,
PPGCI IBICT UFRJ, PPGCI UEL). Esse resultado mostra o quanto o DECIN/COBIB tem se
engajado em produzir conteúdo de qualidade para o público de Biblioteconomia e Ciências da
Informação.
61
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
alcance mundial em 2020 fez explodir diversos conteúdos na rede. Hoje o ensino não cabe
mais dentro de uma sala de aula, extrapola fronteiras.
Algumas limitações da pesquisa foram apontadas no sentido de que dados mais
específicos só podem ser acessados com a ferramenta YouTube Analytics, na função de
administrador do Canal BiblioUFRN, eventualmente os dados necessários foram fornecidos.
Para pesquisas futuras, recomenda-se entrevistas com os docentes e discentes do curso,
a fim de questionar sobre a importância e a relevância do canal a partir dos seus próprios pontos
de vista. Outras pesquisas que podem ser feitas com o público que acessa o canal, implicaria na
análise dos equipamentos para assistir as transmissões do canal, as temáticas ou assuntos que
gostariam de ver debatido, inclusive se existe a demanda de vídeos voltados para a comunidade
acadêmica da UFRN com dicas relacionadas à publicação científica, normalização, trabalho
com metadados, entre outras. Ademais, outras pesquisas podem ser feitas aprofundando nos
estudos cibermétricos de mídias sociais, com vistas à dinâmica desses indicadores e sua rápida
evolução no tempo.
Como sugestão de investigação, que o canal BiblioUFRN utilize estratégias para
ampliar o seu engajamento com o público, por exemplo, participando em outras mídias como o
Instagram, Facebook e Twitter. Atualmente a divulgação dos eventos do canal acontece por
meio das mídias sociais do Centro Acadêmico Zila Mamede (CAZMA) do curso de
Biblioteconomia da UFRN (Facebook e Instagram), Instagram do CCSA/UFRN, páginas
pessoais dos docentes, discentes e palestrantes convidados que repassam os eventos que
ocorrerão nos seus perfis pessoais.
Seria interessante criar vídeos mais curtos, com uma linguagem mais acessível, com
uso de infográficos ou animações que sumarize as informações veiculadas, com o objetivo
expresso de atingir públicos fora do âmbito acadêmico. Dessa forma, o canal poderá atingir
plenamente o objetivo de servir de plataforma de comunicação científica e de divulgação da
ciência.
Os métodos e as técnicas aplicadas nessa pesquisa abrem a possibilidade de replicar a
metodologia em outros contextos, pois este estudo de caso do canal BiblioUFRN pode ser
reproduzido em outros ambientes.
Espera-se que esta pesquisa tenha trazido contribuições significativas ao Curso de
Biblioteconomia da UFRN uma vez que analisou-se o canal BiblioUFRN como um ambiente
de debates e discussões importantes na área da Biblioteconomia e Ciência da Informação, e que
futuramente outros trabalhos possam se derivar dela.
64
REFERÊNCIAS
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invadido e conteúdos alheios ao nosso trabalho e missão foram publicados por terceiros.
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Suzana Nunes, Regina Obata, Edmir Perrotti, Ivete Pieruccini, Alice Araújo Marques de Sá,
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6VJzX0u4EjB/view. Acesso em: 20 dez. 2022.
PALAVRAS-CHAVE OCORRÊNCIA
Biblioteca 7
Comunicação científica 6
Ciência da Informação 5
Fontes de informação 5
Pesquisa científica 4
Segurança da informação 4
Biblioteca pública 3
Bibliotecário 3
Desinformação 3
Estudo de usuário 3
Fakenews 3
Função social 3
Inclusão 3
Inovação 3
Inovação social 3
Pandemia 3
Proatividade 3
Profissionais da informação 3
Acessibilidade 2
Apoio acadêmico 2
Assistência estudantil 2
Avaliação da ciência 2
Biblioteconomia 2
Ciência 2
Código de catalogação 2
Concurso público 2
COVID-19 2
Educação 2
Gerenciadores bibliográficos 2
Informação científica 2
Leitura 2
Normatização 2
Organização da informação 2
Patentes 2
Práticas informacionais 2
Relações étnico-raciais 2
Relato de experiência 2
Revistas predatórias 2
Serviços de informação 2
Acervo informacional 1
75
Advocacy 1
Altmetria 1
Ambientes informacionais 1
Arquivos 1
Associativismo 1
Ativismo 1
Atuação social política e cultural 1
Auditoria da informação 1
Avaliação 1
Bibliometria 1
Biblioteca Central Zila Mamede 1
Biblioteca escolar 1
Biblioteca Nacional 1
Biblioteconomia crítica 1
Biblioteconomia progressista 1
Biblioteconomia social 1
Boas práticas 1
Centro Acadêmico 1
Cibermetria 1
Cidadania 1
Ciências sociais 1
Cientometria 1
Coleções 1
Coleções digitais 1
Coleções especiais 1
Coleções físicas 1
Conhecimento científico 1
Conselho Regional de Biblioteconomia 1
Crimes cibernéticos 1
Curadoria de acervos 1
Curadoria de conteúdo 1
Democracia 1
Desbaste 1
Descarte 1
Direito à informação 1
Encontrabilidade da informação 1
Ensino remoto 1
Epidemias 1
Estudantes universitários 1
Estudos métricos da informação 1
Etiquetagem 1
Experiência profissional 1
Folksonomia 1
Fontes de informação primárias 1
76