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COMUNIDADE CONSCIENCIOLÓGICA:
VOLUNTARIADO, MIGRAÇÃO E TERRITORIALIDADES
FOZ DO IGUAÇU - PR
2020
CRISTIANE FERRARO GILABERTE DA SILVA
COMUNIDADE CONSCIENCIOLÓGICA:
VOLUNTARIADO, MIGRAÇÃO E TERRITORIALIDADES
FOZ DO IGUAÇU - PR
2020
CRISTIANE FERRARO GILABERTE DA SILVA
COMUNIDADE CONSCIENCIOLÓGICA:
VOLUNTARIADO, MIGRAÇÃO E TERRITORIALIDADES
Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do Título de Doutora em Sociedade,
Cultura e Fronteiras e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-
graduação Stricto Sensu em Sociedade, Cultura e Fronteiras – Mestrado e
Doutorado, área de concentração em Sociedade, Cultura e Fronteiras, da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________ _______________________________________
Prof. Dr. Valdir Gregory Prof. Dr. José Manuel Soares Damião Rodrigues
Orientador Membro Efetivo (convidado)
__________________________ __________________________________
Prof. Dr. Oscar Kenji Nihei Prof. Dr. Erneldo Schallenberger
Membro Efetivo (da Instituição) Membro Efetivo (convidado)
__________________________
Prof. Dr. Samuel Klauck
Membro Efetivo (da Instituição)
Ao professor orientador Dr. Valdir Gregory pela confiança depositada desde o início
neste projeto de pesquisa e em me conceder liberdade para pesquisar e escrever.
Nessa trajetória, descobri mais do que um orientador, um amigo questionador,
presente e exemplificador do paradigma indiciário o qual ensina. Muito obrigada.
Minha eterna admiração e gratidão.
Ao professor co-orientador Dr. Oscar Kenji Nihei, pela orientação firme e segura nos
trâmites do processo do Comitê de Ética, na aplicação e tabulação dos resultados
do questionário. E ainda sua paciência oriental na revisão das tabelas.
Aos professores Drs. Denise Rosana da Silva Moraes, Erneldo Schallenberger e
Samuel Klauck, pela disponibilidade em se deslocar e realizar a Banca de
Qualificação no Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (CEAEC), além das
valiosas orientações e questionamentos levantados durante o nosso diálogo. E
posteriormente, aos professores Drs. Erneldo Schallenberger e Samuel Klauck, que
junto com os professores Drs. José Damião e Oscar Nihei, participaram da Banca
Examinadora, trazendo novas observações e contribuições à tese.
À UNIOESTE, na pessoa do professor Dr. Samuel Klauck, por me proporcionar a
licença para qualificação docente.
À CAPES, que viabilizou a realização do estágio no Centro de História da Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), de setembro a dezembro de 2017, por
meio de bolsa de estudo do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE)
(Processo N. 88881.134482/2016-1).
Ao professor, co-orientador estrangeiro, Dr. José Manuel Soares Damião Rodrigues,
pelo acolhimento e orientações no período de estágio na Universidade de Lisboa.
Além da preciosa sugestão para aplicação do questionário, o que enriqueceu
sobremaneira a compreensão da comunidade.
Ao professor Dr. João Moreira, pela atenciosa receptividade durante o estágio na
Universidade de Lisboa, trazendo contribuições fundamentais na qualificação do
questionário.
À professora Dra. Filipa Lowndes Vicente, por me acolher no curso de Fotografia:
arquivo, teoria e história, da Escola de Verão 2017, no Instituto de Ciências Sociais
(ICS-ULisboa), e pelas referências bibliográficas sobre o tema.
Às bibliotecárias do Instituto de Ciências Sociais (ICS-ULisboa) pela colaboração na
localização de referências, pela paciência com as cópias tiradas e pelo gesto
fraterno e espontâneo de doação de livros.
Ao casal amigo Lourdes Sá e Alexandre Fernandes pelo acolhimento e apoio
durante nossa estadia em Lisboa, minha e de meu esposo.
Ao professor Marcos Arcoverde, pela revisão pontual e orientações sobre questões
éticas durante a preparação do questionário.
À minha irmã Tânia, pelas sugestões nos gerenciamentos das respostas do
questionário, com a ajuda na aquisição de artigos e textos para a tese.
Ao casal amigo, Guilherme Kunz, pela ajuda com formulário google durante sua
elaboração e à Milena Mascarenhas, pela troca de ideias e sugestões bibliográficas.
Ao amigo Gabriel Aguiar de Araújo, especialista no software estatístico SPSS, cuja
colaboração foi relevante sobre o tema da migração. E ao amigo Marcelo Silva, pela
indicação do know-how do Gabriel.
Aos amigos Marcond Marchi, Débora Klippel, Luciana Lavôr e Paulo André Norberto
pela ajuda na divulgação do questionário na comunidade conscienciológica.
Aos queridos Rosa Nader, Pedro Fernandes e Oscar Nihei, pela disponibilidade em
colaborar com a pesquisa na condição de sujeitos do pré-teste do questionário.
À querida Adriana Faria de Escalada, pelas traduções de artigos e do abstract da
tese.
À toda equipe da UNICIN – União das Instituições Conscienciocêntricas
Internacionais, representada na pessoa da Marina Thomaz, secretária-geral (Ano-
base: 2018), pelo apoio na ocasião da aplicação do questionário na comunidade
conscienciológica em Foz do Iguaçu, e na pessoa de Polyana Colucci (Ano-base:
2019), secretária-geral subsequente, pela ajuda com informações sobre o histórico
da comunidade conscienciológica.
À Maria Izabel da Conceição, pela ajuda para encontrar documentos na UNICIN e
pela revisão pontual do texto sobre cooperativismo.
A todos os coordenadores das ICs – Instituições Conscienciocêntricas, das pré-ICs,
dos conselhos da UNICIN, das atividades Calepino Conscienciológico e Círculo
Mentalsomático, por terem me recebido em suas reuniões e atividades,
possibilitando a divulgação do questionário.
Aos 368 participantes da comunidade conscienciológica que responderam o
questionário, inclusive colaborando na divulgação do mesmo, viabilizando a
pesquisa e possibilitando um olhar ampliado, histórico e sociológico sobre a
realidade da comunidade em Foz do Iguaçu. Minha sincera gratidão a vocês, os
protagonistas anônimos da materialização e sustentação da comunidade
conscienciológica.
Aos seis entrevistados José Domingos Santos Neto, Moacir Gonçalves, Alexander
Steiner, Nara Oliveira, Everton Santos e Marco Antonio Pizarro, pela disponibilidade
em conceder as entrevistas, em me receber em suas casas, compartilhando suas
memórias, pontos de vista e vivências comigo, com a comunidade conscienciológica
e com o público em geral. Foram momentos especiais que vincaram a minha
memória, possibilitando que eu os admirasse ainda mais. (A divulgação dos nomes
verdadeiros é fruto da cordial permissão de cada um deles).
Aos professores das disciplinas do programa de doutorado, pelos ensinamentos,
debates e encaminhamentos teóricos, que abriram minha mente para os temas da
sociedade, cultura e fronteiras, Drs. Valdir Gregory, Ivo José Dittrich, Regina Coeli
Machado, Marcelo Gomes, Ferenc Diniz Kiss e Luis Eduardo Alvarado Prada.
Às colegas de doutorado Paola Stefanutti e Fátima Cividini, pelas sugestões
bibliográficas.
Às queridas Vânia Maria da Costa Valle e Fátima Oliva, da secretaria do programa,
pela habitual prestimosidade, prontidão e colaboração em qualquer necessidade ao
longo desses quatro anos e meio.
À Bruna Vieira, técnica em geografia e estatística, pelas valiosas dicas e
informações para pesquisa no site do IBGE.
Aos pesquisadores do IBGE, Rogério Seabra e Daniele Bau, pela atenção e ajuda.
Ao amigo Alexandre Zaslavsky, pelo empréstimo de bibliografia publicada sobre
tema da Conscienciologia.
Aos voluntários bibliotecários, hemerotecários e lexicotecários do Holociclo
(CEAEC), pelo prestimoso trabalho desempenhado, tornando disponível o acervo da
Biblioteca Internacional da Conscienciologia, da Hemeroteca e da Lexicoteca a
qualquer pesquisador interessado.
À Holoteca (CEAEC), representada na pessoa de Nara Oliveira, pelo acesso ao
acervo fotográfico conscienciológico (fototeca) e ao precioso relatório de pesquisa
sobre o Centro Integrado de Auto-Estudo (CIAE).
À Consecutivus, representada na pessoa de Dayane Rossa, pelo suporte
tecnológico no dia da defesa da tese.
Aos amigos Andrea Lindner e Leonardo Paludeto pelo empréstimo do livro do SPSS.
Ao casal amigo, Luciana Lavôr, pelos oportunos mimos gastronômicos no período
da escrita da tese, assim como pelos documentos da Conscienciologia e ao André
Silva, pelo suporte tecnológico na defesa da tese.
Ao amigo Ivo Valente, pela referência sobre o viaduto em Foz do Iguaçu.
À Lane Galdino, pelos esclarecimentos jurídicos prestados e documentos fornecidos
sobre as instituições conscienciocêntricas.
À Cristina Arakaki, pela disponibilização dos “estatutos-raízes” de algumas
instituições conscienciocêntricas, valiosos documentos da história da
Conscienciologia.
Aos atenciosos e cordiais Fernando Barbaresco, Fernanda Schroeder e Lívia, pela
ajuda com documentos do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (CEAEC).
Ao incansável voluntário operoso Cesar Cordioli, pelo apoio na época da aplicação
do questionário, cedendo espaço para divulgação na atividade semanal do “Calepino
Conscienciológico” e pelos esclarecimentos quanto às atividades de engenharia
financeira da AIEC.
Aos amigos Eduardo Azevedo, Flavio Buononato, Karla Ulman, Leonardo Firmato,
Marcus Dung, Melissa Wisnieski e Ruy Bueno pelas informações e esclarecimentos
pontuais.
Aos amigos, madrinhas e padrinhos do Happy, Dionéia Gonçalves & Luiz Ferreira,
Gisele Salles & Ernani Brito, Patrícia Patrício & Pedro Gomes, pelos cuidados e
carinhos dedicados durante os períodos de viagens, em especial durante os meses
de estágio na Universidade de Lisboa.
Aos meus pais, Edvan Ferreira da Silva (in memoriam) e Maria Egraciara Ferraro da
Silva, por me oportunizar a vida e a priorização da educação. Além de meus irmãos,
Ricardo, Tânia e Filipe pela presença positiva em minha vida, mesmo que distantes
fisicamente.
Ao querido parceiro desta vida, Pedro Fernandes, pela paciência, companheirismo,
troca de ideias, revisão textual e contribuições bibliográficas à essa pesquisa. Pedro:
“pedra fundamental” da minha vida. Minha sincera gratidão.
Toda configuração social é o resultado da interação de incontáveis estratégias
individuais: um emaranhado que somente a observação próxima possibilita
reconstituir.
(Carlo Ginzburg)
A prática da ciência não é um combate cujo objetivo é ter razão, mas um trabalho
que contribui para aumentar e aprofundar o conhecimento.
(Carl Jung)
SILVA, Cristiane Ferraro Gilaberte da. Comunidade conscienciológica: voluntariado,
migração e territorialidades. 2020. 482 f. Tese – Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – UNIOESTE. Foz do Iguaçu.
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 31
CONVITE PRELIMINAR
Pra onde vamos depois da morte? O que acontece com a nossa alma? Nosso espírito?
Com a nossa consciência? Seguimos para outra dimensão? Para outro plano? Será que já não
estivemos neste mundo antes? Em outro corpo, em outra vida?
O pesquisador Pedro Fernandes coordena um grupo de pessoas que estuda a
possibilidade da existência de vidas passadas. Médico de formação, ele se reveza entre o
consultório e o centro de pesquisas.
"Nós consideramos que a pessoa, hoje, é fruto de uma série de vivência e existências que
ela teve no passado. Então, pesquisando essas memórias, ela consegue entender melhor o dia
de hoje, as reações que têm, o temperamento, a convivialidade, por exemplo dentro de um
contexto familiar. Então, a pessoa vai pesquisando a razão de ser de certas afinidades, de certas
dificuldades de relacionamento", explica.
"O fato é que ela entende melhor o que ela é hoje. Nós trabalhamos de modo a propiciar
que ela lembre dessas vidas, a retrocognição", acrescenta.
Com frequência, eles organizam eventos para tentar despertar essas memórias.
Pesquisam alimentos, músicas, roupas e costumes: tudo para tentar identificar no presente
alguma personalidade histórica.
"Eu, desde a minha infância, me via em um escritório escrevendo. Desde então, já são 25
anos. Eu tenho a hipótese de ter sido um lexicógrafo francês".
Conscienciologia
Muitos desses estudos, como esse de vidas passadas, são realizados no Centro de Altos
Estudos da Conscienciologia (CEAEC) em Foz do Iguaçu, na região oeste do Paraná. É uma
grande estrutura que valoriza principalmente o conhecimento.
O CEAEC foi construído em uma grande área verde, local criado para funcionar como um
centro de produção intelectual. O espaço é livre para conhecer melhor o passado, entender o
presente e planejar o futuro.
No local, são centenas de áreas de estudo. Em uma gigantesca biblioteca, chamada de
Holociclo, estão milhares de livros: títulos de todos os gêneros imagináveis. Tudo à disposição
para ser consultado.
As informações dos livros dividem espaço com quase um milhão de objetos. São coleções
inteiras: bonecas, miniaturas, conchas. Só de gibis, são 35 mil exemplares. É uma das maiores
gibitecas da América Latina. Há também revistas [gibis] em 16 idiomas.
"Esse é um espaço de pesquisa, educação, difusão e democratização do saber. A
Holoteca é um megamostruário do conhecimento humano. A pessoa entra de um jeito e sai de
outro jeito", explica a coordenadora da Holoteca, Luziânia Medeiros.
29
Experiências
Por toda a Cognópolis, como foi batizado o espaço inteiro, é possível encontrar vários
locais para experiências de autoconhecimento. Em um deles, a ideia é que a pessoa passe três
dias, ou seja, 72 horas, sozinha, pensando na vida.
Entretanto, não é preciso passar aperto. Uma estrutura completa oferece todo o conforto:
escritório, cozinha, quarto e banheiro.
"Eu já fiz o experimento. Foi um divisor de águas. Foi Ana Ruiz antes e Ana Ruiz depois.
Você começa a se enxergar de forma diferente. Você faz uma reflexão da vida, de tudo o que
você vivenciou até agora. Então, ele te dá um know-how muito bom de você. Por outro lado, com
as pesquisas, você consegue ter mais ideias, parece que você consegue ficar mais inteligente e
a criatividade transborda. Você consegue ter muitas ideias sobre temas de pesquisa", diz a
voluntária Ana Ruiz.
O segundo vídeo inicia desse modo: “O que acontece com a gente depois da morte? Essa
pergunta que acompanha o ser humano desde sempre fez nascer um centro de estudos em Foz
do Iguaçu, que já mudou a rotina da cidade. O Centro de Estudos da Conscienciologia atrai
curiosos e pesquisadores do mundo todo”.
Cognópolis
Ao redor do Ceaec, os pesquisadores da Conscienciologia que vieram para Foz do Iguaçu
construíram 11 condomínios residenciais e um condomínio empresarial [Discernimentum] para
abrigar mais de 20 associações de estudo.
A região cresceu tanto que se tornou um bairro com sete milhões de metros quadrados.
Pela Cognópolis, a cidade do conhecimento, passam cerca de 40 mil pessoas por ano.
Para toda essa estrutura funcionar, a participação de um grupo de pessoas é fundamental.
Só em Foz do Iguaçu, são quase 850 voluntários. Gente que veio de outras cidades, estados e
até países para ficar.
"A maioria tem formação superior, alguns tem mestrado, outros, doutorado. Tem
advogados, médicos...", conta a pesquisadora Cristiane Ferraro.
No ritmo da migração de tantos profissionais, a região onde fica o centro, que um dia já foi
chamada de área rural, ganhou status de área nobre. Hoje, a vizinhança tem condomínios onde
todos dividem o mesmo endereço e, principalmente, os mesmos interesses.
O administrador do CEAEC, Antônio Magalhães, por exemplo, é português. Ele já
trabalhou no Vaticano, bem perto do Papa João Paulo II, experiência que trouxe para Foz
quando adotou a cidade como casa. De Portugal, trouxe mesmo só o sotaque.
"Eu comprei um sítio no Espírito Santo e, por coincidência, era ao lado de um centro de
Conscienciologia e comecei a conhecer as ideias dessa ciência. Aí, comecei a achar respostas
para perguntas que até então não tinha", explica.
A chegada dos visitantes em busca da evolução da consciência atraiu também
investimento econômico. O símbolo máximo do projeto tem 300 quartos e foi construído bem ao
lado do CEAEC: um hotel para receber visitantes e pesquisadores em busca de um turismo
ainda pouco falado, mas com grande potencial, o turismo intelectual.
Os turistas estão, de fato, chegando. O estilo é o mesmo de quem quer conhecer o que
talvez só tenham visto pela TV, em passos lentos, olham em busca das novidades.
"Professor Waldo" é como o pessoal chama o médico e parapsíquico Waldo Vieira, que foi
o idealizador da Conscienciologia. Ele faleceu no ano passado, aos 83 anos, mas a ciência e a
estrutura planejadas por ele seguem rendendo frutos.
"Foi tudo planejado. Em 1995, quando foi fundado o CEAEC, houve uma inauguração para
a cidade e, na ocasião, se falou que íamos investir US$ 13,5 milhões. Muita gente achou que era
loucura da cabeça porque era uma região muito rural", explica o presidente da Associação
Internacional para Expansão da Conscienciologia, César Cordioli.
Ainda conforme ele, hoje, se constata que só a área dos terrenos já superou o valor.
"Todas as construções que existem aqui, o hotel, tudo contribuiu muito para o crescimento do
bairro", afirma.
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Aos poucos, o que foi tratado como "loucura" virou um bairro em desenvolvimento. Onde
antes era só calçamento, tem asfalto agora.
Nesse caminho sem buraco nem barro, o supermercado teve que mudar o perfil para
atender esse novo público. “Depois que o pessoal da Conscienciologia se instalou aí,
desenvolveu muito a nossa região, valorizou bem os imóveis, investimentos que começaram a
ter, com certeza. Está vendendo mais. Depois da vinda deles, já fizemos duas ampliações. Para
você ter uma ideia, expandimos as atividades comerciais: o material de construção e o posto.
Eles implantaram condomínios residenciais. Estão implantando um novo loteamento agora. O
pessoal desenvolveu bem a região mesmo”, falou o empresário Marcelo Consalter.
Novo capítulo
Em breve, um novo capítulo dessa história de crescimento deve ser escrito. O próximo
empreendimento é o Megacentro Cultural Holoteca. O projeto foi doado pelo arquiteto Oscar
Niemeyer.
A construção vai ter nove mil metros quadrados, com auditório para 800 pessoas, palco
externo, salas de exposição e biblioteca. O objetivo é tão grande quanto os números. A ideia é
que o espaço se torne um dos maiores atrativos turísticos de Foz do Iguaçu.
"A gente pretende, em breve, dar início à construção, provavelmente, em dois anos.
Estamos numa fase de captação de recursos para poder construir porque é uma obra bem
grande e vai mexer bastante com o turismo de Foz", explica.
A Cognópolis mostra que, no investimento pessoal, de cada pesquisador em
autoconhecimento, também a cidade investe e se desenvolve, numa evolução em conjunto, em
sintonia com uma lei maior, ainda misteriosa para a maioria das pessoas.
Serviço
Ficou curioso para conhecer mais sobre a Conscienciologia? Todos os dias, às 12h30, os
conceitos dessa ciência são apresentados pela internet, é só acessar o g1 Paraná para ver como
acessar. O Centro de Estudos da Conscienciologia em Foz do Iguaçu também recebe visitantes,
de domingo a domingo, das 9h às 17h. Não é preciso pagar nada para entrar. O acervo também
fica à disposição dos turistas.
INTRODUÇÃO
(2014) e Noel B. Salazar (2014). Também foram utilizados dados do IBGE locais e
nacionais a fim de estabelecer um cotejo com as informações coletadas a respeito
dos migrantes conscienciólogos1.
O assunto das territorialidades foi abordado a partir da interlocução com o
geógrafo francês Claude Raffestin (1993), além dos geógrafos brasileiros Rogério
Haesbaert (2007; 2010) e o colega da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE) Marcos Aurélio Saquet (2015).
O objetivo geral da presente pesquisa foi investigar a comunidade
conscienciológica localizada em Foz do Iguaçu, a partir dos conceitos de
voluntariado institucional, migração e territorialidade.
Os objetivos específicos foram: a) Historicizar a formação e o desenvolvimento
da comunidade conscienciológica; b) Descrever as primeiras instituições
conscienciológicas, a fim de compreender os movimentos de transformação do
trabalho voluntário institucional da Conscienciologia; c) Apresentar as
territorialidades da comunidade conscienciológica em Foz do Iguaçu; d) Caracterizar
os migrantes da comunidade conscienciológica; e) Expor as motivações dos
membros da comunidade conscienciológica para migrar para Foz do Iguaçu a fim de
discutir este tipo de migração; e f) Conceitualizar a comunidade conscienciológica.
A importância deste estudo está centrada em se compreender melhor as
características de um dentre tantos agrupamentos sócio-culturais presentes na
região da Tríplice Fronteira Argentina-Brasil-Paraguai. Nesse contexto, é importante
citar que se trata de uma pesquisa em ciências humanas, portanto “o homem se
torna, ao mesmo tempo, sujeito e objeto na investigação científica.”2
Tal condição se refletiu na escolha do objeto desta tese. A inspiração veio pelo
trabalho voluntário de registro dos nomes dos voluntários-migrantes da comunidade
conscienciológica, que venho fazendo desde que migrei para Foz do Iguaçu no ano
2000.
Com o surgimento do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Cultura e
Fronteiras organizado pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE),
1
O termo conscienciólogo é entendido, nessa tese, como aquela pessoa voluntária de alguma(s) das
instituições conscienciológicas, podendo ser migrante ou não, dedicada aos estudos da
Conscienciologia.
2
OLIVEIRA, Paulo de Salles. Caminhos de construção da pesquisa em ciências humanas. In: _____.
(Org.). Metodologia das Ciências Humanas. 2. Ed. São Paulo: Hucitec/UNESP, 2001, p. 23.
33
1 TRAJETÓRIA INVESTIGATIVA
1
OLIVEIRA, Paulo de Salles. Caminhos de construção da pesquisa em ciências humanas. In: _____.
(Org.). Metodologia das Ciências Humanas. 2. Ed. São Paulo: Hucitec/UNESP, 2001, p. 17.
36
2
VIEIRA, Waldo. 700 Experimentos da Conscienciologia. Rio de Janeiro: Instituto Internacional de
Projeciologia, 1994, p. 73.
3
VIEIRA, 1994, p. 100, grifos do autor.
4
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. reimp.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2004, p. 782.
37
sociedade. Dois estudos clássicos merecem ser citados para introduzir o tema, o de
Ferdinand Tönnies e o de Max Weber.
O primeiro pesquisador a conceituar o vocábulo comunidade no âmbito
científico foi o filólogo, filósofo e sociólogo alemão Ferdinand Tönnies, com seu livro
“Comunidade e Sociedade” (Gemeinschaft und Gesellschaft), publicado em 1887.
Segundo Tönnies5: “Tudo o que é confiante, íntimo, que vive exclusivamente junto, é
compreendido como a vida em comunidade (assim pensamos). A sociedade é o que
é público, é o mundo.”
Para Max Weber6, a grande maioria das relações sociais têm caráter em parte
comunitário e em parte societário. “Toda relação social, por mais que se limite, de
maneira racional, a determinado fim e por mais prosaica que seja (por exemplo, a
freguesia) pode criar valores emocionais que ultrapassam o fim primitivamente
intencionado”.
Uma geração de sociólogos, que formaram a chamada Escola de Chicago7,
atuante no período entre 1900 e 1950, trouxe importantes contribuições aos estudos
de comunidade. Esses sociólogos, através da perspectiva ecológica, estudaram
áreas específicas da cidade, ou unidades espaciais, por exemplo: bairros populares,
os quais eram vistos como comunidades, a fim de reconhecer as características que
lhes forneciam unidade e identidade.8
Dentre as diversas definições desta Escola, algumas ajudam a pensar a
comunidade conscienciológica, tais como: “o espaço que imprime sua marca em
todos e ao qual todos se acham vinculados”9; “é um grupo territorial de indivíduos
5
TÖNNIES, Ferdinand. Comunidade e sociedade como entidades típico-ideais. In: FERNANDES,
Florestan (org.). Comunidade e sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de
aplicação. São Paulo: Companhia Editora Nacional; Editora da Universidade de São Paulo, 1973, p.
97.
6
WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Trad. de Regis
Barbosa e Karen Elisabete Barbosa. Rev. téc. de Gabriel Cohn. 4.ed. 3.reimp. Brasília: Editora
Universidade de Brasília, 2012, p. 25-26.
7
A Escola de Chicago compreende a formação de sociólogos no Departamento de Sociologia e
Antropologia da Universidade de Chicago, em Chicago (EUA), que fizeram o levantamento de todo
tipo de aglomerações humanas desta cidade, nas décadas iniciais do século XX (Ref.: LAKATOS,
Eva Maria. Comunidade e sociedade. In: _____. Sociologia geral. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1985).
8
CARRILLO, Alfonso Torres. El retorno a la comunidad: problemas, debates y desafios de vivir
juntos. Bogotá: CINDE-El Búho, 2013, p. 51.
9
FREYER, Hans. Comunidade e sociedade como estruturas histórico-sociais. In: FERNANDES,
Florestan (org.). Comunidade e sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de
aplicação. São Paulo: Companhia Editora Nacional; Editora da Universidade de São Paulo, 1973, p.
134.
38
com relações recíprocas, que se servem de meios comuns para lograr fins
comuns”10.
Outro estudo de comunidade que contribuiu para esclarecer processos sociais
de desigualdade humana na sociedade em geral foi apresentado no livro “Os
estabelecidos e os Outsiders”, de Norbert Elias e John L. Scotson, editado em 1965,
na Inglaterra. Segundo Elias11, “as comunidades são organizações de criadores de
lares, são unidades residenciais como os bairros urbanos”. A comunidade
conscienciológica localiza-se em um bairro em processo de urbanização em Foz do
Iguaçu e a abordagem de Elias e Scotson irá contribuir para discutir as relações
internas e externas desta comunidade.
Mais recentemente, pode-se destacar também o entendimento acerca do tema
pelo uso da expressão “comunidades intencionais”, ou seja, comunidades
residenciais projetadas mais ou menos conscientemente para incentivar algumas
formas de interação, podendo manifestar “consciência ambiental (ecovilas), formas
de filiação religiosa ou espiritual, crescimento pessoal ou tomada de decisão
12
radicalmente democrática e governo econômico igualitário” . Apesar desta
expressão ser utilizada em fenômenos coletivos atuais, não se chegou a utilizá-la
como recurso explicativo devido a abarcar tipos de comunidades com características
diversas, sem se localizar uma explicação teórica aprofundada de cada tipo.
E por fim, o conceito de comunidade reflexiva de Scott Lash também será um
aporte teórico para discutir a comunidade conscienciológica. Seriam aquelas em que
a pessoa não nasce nela nem é obrigatória sua participação; as pessoas colocam
para si mesmas de modo consciente a questão da sua criação e manutenção, além
de meios de participação e os produtos tendem a ser culturais e não materiais13.
Buscou-se nesse tópico dar uma visão geral sobre o tema em estudo a partir
da conceituação da Conscienciologia e do termo comunidade.
10
FICHTER, J.H. Definições para uso didático. In: FERNANDES, Florestan (org.). Comunidade e
sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. São Paulo:
Companhia Editora Nacional; Editora da USP, 1973, p. 154.
11
ELIAS, Norbert. SCOTSON, John. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de
poder a partir de uma pequena comunidade. Trad. de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2000, p.
165.
12
PARKER, Martin; FOURNIER, Valérie; & REEDY, Patrick. Dicionário de Alternativas: utopismo e
organização. Tradução de Cristina Cupertino. São Paulo: Octavo, 2012, p. 72.
13
LASH, Scott. A reflexividade e seus duplos: estrutura, estética, comunidade. In: BECK, Ulrich.
GIDDENS, Anthony. LASH, Scott. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem
social moderna. Tradução de Magda Lopes. 2. Ed. São Paulo: Editora UNESP, 2012, p. 247-248.
39
Esse tópico objetiva traçar a caminhada percorrida entre o projeto e esta tese,
assim como apresentar estratégias metodológicas empregadas. O projeto inicial era
investigar o tema da migração a partir do método da História Oral (HO) centrado
principalmente nas narrativas dos migrantes, aliada ao método indiciário,
fundamentado em documentos da comunidade conscienciológica.
Na banca de qualificação, realizada em agosto de 2017, as contribuições dos
professores foram fundamentais para dar maior clareza sobre o objeto de estudo,
direcionando o foco para comunidade e a consequente necessidade de historicizá-la
no período anterior a Foz do Iguaçu.
Logo, em seguida, me afastei da comunidade conscienciológica, no período do
estágio no Exterior, no Centro de História da Universidade de Lisboa, de setembro a
dezembro de 2017. Foi um período de imersão no levantamento e na leitura de
referências bibliográficas. Destaco principalmente a contribuição teórica da migração
por estilo de vida para essa tese. Do ponto de vista metodológico, a contribuição
veio do co-orientador estrangeiro, José Manuel Soares Damião Rodrigues, que
sugeriu a aplicação de um questionário, pois o objeto de estudo tratava de uma
comunidade. Tal ideia enriqueceu a pesquisa. O questionário atende pelo menos
duas funções: descrever as características e medir variáveis de um grupo social14.
No caso desta investigação, o enfoque foi preponderantemente na primeira função.
Elaborei o questionário durante o período do estágio, a partir da inspiração
sociográfica das seguintes fontes: o livro “Os Retornados: um estudo sociográfico”,
de R. Pena Pires e outros (1987), o livro “Contrastes e Continuidades: migração,
etnicidade e integração dos guineenses em Portugal”, de Fernando Luís Machado
(2002) bem como o site na internet do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Tive a oportunidade de contar com a revisão do questionário pelo professor
João Manuel Moreira, também da Universidade de Lisboa, da Faculdade de
Psicologia, especialista em questionários. A partir da sua sugestão, algumas
respostas das questões assumiram um caráter mais detalhado a partir da aplicação
da “Escala Likert”, a qual usualmente utiliza cinco alternativas de resposta, que são
14
RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2012, p. 189.
40
15
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: _____. Mitos, emblemas, sinais.
Tradução de Federico Carotti. 2. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 143-179.
16
GINZBURG, 2002, p. 156, grifos do autor.
17
OLIVEIRA, 2001, p. 19.
18
DURAND, Jorge. A arte de pesquisar sobre migrações: pressupostos metodológicos para a
pesquisa em ciências sociais. In: _____; LUSSI, Carmem. Metodologia e Teoria no estudo das
migrações. Jundiaí, SP: Paço Editorial, 2015, p. 18.
41
19
REVEL, Jacques. Microanálise e construção social. In: _____ (Org.). Jogos de escalas: a
experiência da microanálise. Tradução Dora Rocha. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998,
p. 21, 22, 28.
20
REVEL, 1998, p. 19.
21
REVEL, 1998, p. 20.
22
REVEL, 1998, p. 32.
23
VAINFAS, Ronaldo. A micro-história nos bastidores. In: _____. Os protagonistas anônimos da
história: micro-história. Rio de Janeiro: Campus, 2002, p. 126.
42
24
POLLACK, Michel. Memória e identidade social. Estudos históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10,
1992, p. 208. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/issue/view/276. Acesso
em: out. 2017.
25
POLLACK, 1992, p. 208.
26
POLLACK, 1992, p. 212.
27
LEVI, Giovanni. A herança imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
28
LEVI, Giovanni. Sobre a micro-história. In: BURKE, Peter. (Org.). A escrita da história: novas
perspectivas. Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Editora Unesp, 2011, p. 143.
29
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1989, p. 4.
30
GEERTZ, 1989, p. 7.
31
GEERTZ, 1989, p. 15.
43
32
GEERTZ, 1989, p. 16, grifo do autor.
33
GEERTZ, 1989, p. 7.
34
LEVI, 2011, p. 151.
35
LEVI, 2011, p. 152.
36
BENSA, Riban. Da micro-história a uma antropologia crítica. In: REVEL, Jacques (Org.). Jogos de
escalas: a experiência da microanálise. Tradução Dora Rocha. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
Vargas, 1998, p. 54.
44
1.3.1 Questionário
37
TORRES, Tania Z. Guillén de. MAGNANINI, Monica M. F., & LUIZ, Ronir R. Amostragem. In:
MEDRONHO, Roberto A. (Org.). Epidemiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2008, p. 413.
38
RICHARDSON et al., 2012, p. 194-195.
47
39
MOREIRA, João M. Questionários: teoria e prática. Coimbra: Almedina, 2009, p. 115.
40
MOREIRA, 2009, p. 115.
41
MARANTE, Liliana R. P. A reconstrução do sentido de comunidade: implicações teórico-
metodológicas no trabalho sobre a experiência de sentido de comunidade. 2010. 65 f. Dissertação
(Mestrado em Psicologia) – Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2010, p. 22 e
60.
48
42
MARANTE, 2010, p. 21 e 60.
49
Após a tabulação, foi feita a formatação das tabelas de acordo com as normas
da ABNT. E por fim, uma revisão geral dos dados das tabelas com a planilha de
Excel.
Esses resultados numéricos serão utilizados no decorrer da tese na forma de
tabelas com o propósito de descrever as características da comunidade
conscienciológica e não realizar análise de variáveis do ponto de vista da estatística
inferencial, exceto a questão 33, sobre os motivos da migração, na qual foi aplicada
a técnica estatística da análise fatorial. O objetivo foi avaliar se a migração
conscienciológica poderia ser considerada um subtipo da migração por estilo de vida
(lifestyle migration). O resultado será apresentado no capítulo 5.
Os dados da seção 2 do questionário, “Conscienciologia”, se encontram
dispersos pelos capítulos na medida em que a discussão os exige. Os dados da
seção 1 “Dados sócio-demográficos” e seção 3 “Migração para Foz do Iguaçu” do
questionário são debatidos no capítulo 5. E os dados da seção 4 “Convivialidade” e
seção 5 “Comunidade Conscienciológica” estão no capítulo 6.
O detalhamento do campo “outro” das tabelas foi exposto quando se julgou
esclarecedor ao tema em discussão.
1.3.2 Entrevistas
43
ALBERTI, Verena. Manual de história oral. 3. Ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio
Vargas, 2013, p. 45.
50
44
ALBERTI, 2013, p. 191.
45
ALBERTI, 2013, p. 191.
51
informante não englobou o tema da migração, por não ser morador de Foz do
Iguaçu.
Ainda sobre a relação interpessoal na entrevista, gostaria de destacar que
foram formuladas perguntas abertas, dando margem ao entrevistado para fornecer
seu ponto de vista. Busquei ouvir mais, contudo também conduzindo a conversa,
falando e perguntando. A escolha pela entrevista diretiva tem como fundamento a
“crença de que uma entrevista conduzida em forma de conversa, na medida do
possível prolongada, produz melhores resultados do que aquela em que o
pesquisador não intervém diretamente”46.
O local de cinco entrevistas foi a própria casa do informante visando com que
ele se sentisse bem à vontade. A última entrevista foi realizada nas dependências do
CEAEC, pois o entrevistado não é morador de Foz do Iguaçu. Buscou-se um
ambiente de privacidade e de interconfiança 47 . Com exceção de um deles, que
questionou a possibilidade do meu esposo estar presente, as demais entrevistas
contaram com a presença apenas da entrevistadora e do(s) entrevistado(s).
As entrevistas foram feitas na sala ou no escritório do entrevistado, em
ambiente silencioso, sentados ao redor de uma mesa, olhando-nos de frente e de
perto. “O recurso à mesa se justifica devido ao manuseio do equipamento de
gravação”. No caso, um celular foi utilizado como gravador junto com um ipad
(gravador de backup), além de “acomodar o material de pesquisa, o roteiro e as
folhas suplementares em que fazem anotações”, havia o caderno de campo e o
roteiro da entrevista, caso fosse necessário48.
No caderno de campo deve ser “registrado todo tipo de observação a respeito
do entrevistado e da relação que com ele se estabeleceu”49. Utilizei-o antes, durante
e depois da entrevista, a fim de registrar o histórico de contato com cada
entrevistado(a), as circunstâncias do primeiro contato, os gestos e as reações dos
entrevistados a determinadas perguntas, interrupções, nomes mencionados durante
a entrevista, ideias advindas no momento da transcrição sobre o objeto de estudo e
tempo despendido nas transcrições.
Quanto à relação entre entrevistadora e entrevistados, não houve um
estranhamento inicial comum quando duas pessoas não se conhecem. Os
46
ALBERTI, 2013, p. 212.
47
THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1988, p. 265.
48
ALBERTI, 2013, 196-197.
49
ALBERTI, 2013, p. 187.
52
informantes fazem parte do meu círculo social, com exceção do entrevistado não
morador de Foz do Iguaçu.
No início da entrevista, preenchi o formulário “Ficha com Dados do
Entrevistado” junto com o entrevistado, levantando as seguintes informações: nome
completo, data de nascimento, ocupação do pai, ocupação da mãe, irmãos, irmãs,
formação escolar e acadêmica, atividades profissionais, residências e datas, ano de
casamento, ocupação do(a) marido/esposa e filhos50. O objetivo dessa ficha é “situar
aquele que fala, de que ponto de vista está emitindo suas opiniões e fornecendo
informações”51.
As entrevistas foram realizadas entre outubro de 2018 e junho de 2019, de
modo intermitente. Em outubro, foi feita a primeira entrevista e o contato de outra.
Porém, foi necessário interrompê-las para realizar a tabulação dos resultados do
questionário, assim como a escrita de artigos para serem submetidos às revistas
acadêmicas. O processo foi retomado em março e a última transcrição entregue em
junho para revisão pelos informantes. O perfil dos entrevistados será apresentado a
seguir, tendo seus nomes em negrito.
A primeira entrevista foi com José Domingos Santos Neto. É um homem alto,
magro, com barba e cabelos grisalhos, sorriso largo, olhos arredondados, afro-
descendente, de 60 anos de idade. Nasceu na Tijuca, no Rio de Janeiro, cujo pai foi
funcionário público e a mãe, do lar. Possui uma irmã mais velha, professora
aposentada do Estado. Completou o ensino médio, com formação em desenho
técnico tanto na área industrial quanto na construção civil. Atua profissionalmente
como corretor de imóveis. Tem 1 filho de 15 anos fruto da união estável com
Solange no Rio de Janeiro. Morou em 3 cidades diferentes no Estado do Rio de
Janeiro antes de se mudar para Foz do Iguaçu, em 2017. Hoje, possui união estável
com Neide, cuja ocupação é projetista de móveis. Reside e trabalha
profissionalmente no bairro Cognópolis.
A entrevista foi no dia 19 de outubro de 2018, uma sexta-feira pela manhã.
Domingos me recebeu na sala da sua casa e conversamos ao redor de uma mesa
repleta de fotografias. Domingos fazia, de modo voluntário, o registro fotográfico das
reuniões e eventos da Projeciologia e Conscienciologia. “Eu fazia essas fotografias
50
THOMPSON, 1988, p. 284; ALBERTI, 2013, p. 365, 369.
51
ALBERTI, 2013, p. 365.
53
com sentido até pessoal meu. Hoje está servindo aí para ajudar todo mundo.” 52
Ainda comenta com orgulho: “Eu tenho fotos dos cursos que eu fazia, [e tenho
também] as máquinas que eu tirei as fotos: a Smena Symbol, a Zenit e a outra.”53
Domingos autorizou que eu batesse, com meu celular, fotos das fotografias dele.
Domingos me devolveu o questionário preenchido. É morador do campus
Discernimentum, contíguo ao CEAEC. A escolha por entrevistar o Domingos deu-se
pelo fato dele ser a primeira pessoa a chegar na Projeciologia, no Rio de Janeiro, e
que hoje mora na comunidade conscienciológica em Foz do Iguaçu. Teve seu
primeiro contato com a Projeciologia/Conscienciologia em 1984. Além disso, possui
um acervo de fotografias desde o início dos trabalhos de divulgação de Waldo
Vieira. Eu conheço o Domingos desde 1986, quando nos encontramos em uma
palestra pública ministrada por Waldo Vieira em seu apartamento no Rio de Janeiro.
Neide apareceu ao final da entrevista e me ofereceu um delicioso doce de goiaba.
O segundo entrevistado foi Alexander Miraglia Steiner. É um homem de
estatura média, magro, sem barba, também de sorriso aberto e de sobrancelhas
grossas, descendente europeu, de 49 anos de idade. Nasceu no Rio de Janeiro,
cujo pai foi técnico em contabilidade (hoje aposentado e residente com Alexander) e
a mãe era do lar. Possui um irmão, engenheiro de minas e especialista em
informática, e uma irmã, psicóloga. É médico, atuando como ultrassonografista na
área privada e clínico geral na rede pública de saúde de Foz do Iguaçu. Viveu em 11
cidades diferentes dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e
Paraná, até mudar para Foz do Iguaçu, em 2004. Possui 2 filhos, uma de 9 anos e
outro de 2 anos de idade, frutos da união estável com Cecília, que atua na profissão
de professora universitária. Reside na Cognópolis.
A entrevista ocorreu no dia 29 de março de 2019, uma sexta-feira à noite.
Alexander nos recebeu, eu e meu esposo, Pedro, de modo acolhedor nos mostrando
sua casa junto com seu pai. Sentamos para conversar no escritório ao redor de uma
mesa, tendo eu e o Pedro como entrevistadores. Pedro foi me acompanhando nesta
entrevista, pois o Alexander perguntou se ele iria; eles trabalham na mesma
empresa. A opção de entrevistar o Alexander foi devido a ele ser um dos voluntários
mais antigos da Conscienciologia do Rio de Janeiro, morador da comunidade em
52
SANTOS NETO, José Domingos. Entrevista concedida em 19/10/2018 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
53
SANTOS NETO, José Domingos. Entrevista concedida em 19/10/2018 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
54
54
GONÇALVES, Moacir Lima. Entrevista concedida em 18/04/2019 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
56
onde permaneceu até o ano 2000, quando se mudou para o Rio de Janeiro,
retornando para Foz no final do mesmo ano. Everton e Nara casaram-se em 1988 e
não possuem filhos. Residem na Cognópolis, em um chalé, dentro do campus do
CEAEC.
A entrevista aconteceu no dia 17 de maio de 2019, sexta-feira à tarde.
Diferente dos entrevistados anteriores, no qual a entrevista ocorreu logo em seguida
ao primeiro contato, com o casal seguiu outro padrão. Conversei pela primeira vez
com a Nara em outubro de 2018, enquanto eu pesquisava na fototeca (coleção de
fotos) dentro da Holoteca, departamento do CEAEC, sobre fotos da construção do
CEAEC. Perguntei a ela a respeito de um documento que se encontrava em um
expositor da Holoteca com a história do CEAEC. Ela comentou que esse documento
havia sido produzido pelos voluntários de Porto Alegre, com a sua participação e do
seu esposo. Combinamos deles me contarem essa história oportunamente. Em
função de ainda estar tabulando os dados do questionário e ter que escrever artigos
para o cumprimento dos créditos do doutorado, não pude fazer a entrevista naquele
momento.
Depois, retomei o contato com Nara em abril de 2019, porém o casal só teve
disponibilidade para meados de maio. Fui recebida com uma mesa de lanche, com
direito à pães, geleia e chá. A residência parece uma casinha de boneca, repleta de
objetos e quadros, tudo muito bem organizado. O casal é responsável pelo
departamento da Holoteca do CEAEC e a casa deles parece ser uma extensão
desse departamento, onde se localizam centenas de coleções de objetos. Após
desfrutar de saboroso lanche, iniciamos a entrevista que durou em torno de 5 horas,
com 1 hora de interrupção, ocasião que aproveitamos para tomar mais chá. A
escolha do casal se deveu ao fato deles terem coordenado dois dos três grupos de
pesquisa, no IIP de Porto Alegre, em 1994, responsáveis pelo planejamento do
Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (CEAEC), em Foz do Iguaçu. Ambos
tiveram o primeiro contato com as ideias da Conscienciologia em 1991. Eu passei a
ter mais contato com o casal a partir do ano 2000, mas os conheci em algum evento
no CEAEC, entre 1995 e 1998.
A sexta entrevista foi com Marco Antonio Pizarro. Ele é o único entrevistado
que não mudou para Foz do Iguaçu. Porém, resolvi entrevistá-lo por entender ser
uma oportunidade de conhecer a trajetória de um dos voluntários mais antigos da
Conscienciologia, com memórias acerca de eventos da Conscienciologia realizados
57
na cidade em que mora, São José dos Campos (SP), na década de 1980. A
oportunidade nasceu da coincidência dele ter vindo pela primeira vez ao CEAEC,
com o propósito de apresentar verbetes da “Enciclopédia da Conscienciologia”, e eu
estar encerrando o período de entrevistas. O primeiro contato dele com as ideias de
Waldo Vieira foi em 1983.
Marco é um homem de estatura baixa, magro, de cabelos grisalhos, sem
barba, dotado de um acentuado sotaque paulista, com 60 anos de idade. Nasceu em
Pirassununga, São Paulo. O pai foi comerciante e a mãe, do lar. Possui um irmão
mais velho, engenheiro civil e uma irmã mais nova, bióloga de formação, que atua
como comerciante. Graduou-se em engenharia elétrica, possui mestrado em
Sensoriamento Remoto e doutorado em Ciências pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA). Atua profissionalmente no Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), ligado à engenharia aeroespacial. Morou em Pirassununga, Rio
Claro e São Carlos. Reside atualmente em São José dos Campos. Casou-se, em
1987, com Ligia, professora aposentada. Possuem dois filhos, uma moça de 25
anos, formada em administração pública e um rapaz com 19 anos, acadêmico de
engenharia elétrica.
A entrevista ocorreu no dia 23 de maio de 2019, quinta-feira à tarde. Optei por
fazer a entrevista em uma das salas administrativas no CEAEC, pois, conforme já
mencionado, Marco não é morador de Foz. Neste caso, não entreguei o questionário
antes da entrevista, como fiz com os demais informantes. Não o conhecia
pessoalmente. Meu contato anterior com ele foi somente através de e-mails, nos
anos de 2003 e 2004, a fim de mediar o envio de artigos científicos pesquisados por
ele para Waldo Vieira e também enviar-lhe materiais da Conscienciologia tais como
anais de eventos e DVDs de cursos.
55
ALBERTI, 2013, p. 287-293, 381-384.
58
da entrevista oral temática também seguiu o modelo do referido manual, com capa,
ficha técnica, sumário, a entrevista e referências, quando existiram.
Realizei o seguinte tratamento em cada entrevista: primeiro, a transcrição;
segundo a conferência de fidelidade da transcrição; e terceiro, o copidesque.56 A
transcrição consiste na passagem da entrevista da forma oral para a escrita,
fornecendo a primeira versão do depoimento. É importante conhecer as orientações
sobre as marcações da entrevista para realizar a transcrição de acordo com elas,
por exemplo, o uso do informal “pra” foi transcrito como “para”.
A conferência de fidelidade da transcrição é o procedimento de conferir se o
que está transcrito é o que foi gravado. É o momento de corrigir erros, omissões e
acréscimos indevidos feitos na transcrição. Também é o momento de realizar
pesquisas paralelas a respeito de algum fato, da grafia de um nome próprio citado,
de títulos de obras referidos, entre outros.
O copidesque objetiva ajustar o documento para a leitura, a fim de ser
consultado em sua forma escrita. O copidesque não modifica a entrevista. Visa
corrigir erros de português, ajustar o texto às normas que foram escolhidas e
adequar a linguagem escrita ao discurso oral com especial atenção à pontuação57.
Com relatório pronto, este era entregue ao informante para ser revisto. Os
informantes em geral fizeram algum acréscimo e pequenas alterações nas
entrevistas. Após realizar essas modificações no texto do relatório, nova versão foi
impressa e entregue ao informante para rubricar cada página da versão final,
juntamente com os dois Termos de Doação da Entrevista para serem assinados.
As seis entrevistas totalizaram 9h30min de gravação e 114 horas de trabalho
envolvendo transcrição, conferência e copidesque. As 4 etapas levaram 38 dias, não
considerando os dias para entrega do relatório, conversas sobre a entrevista
transcrita, enfim os encontros com os informantes, além do dia da entrevista.
A história oral pode servir para várias funções, como por exemplo, recuperar
lacunas a respeito de acontecimentos pouco esclarecidos, porém a principal
característica do documento da história oral é a “recuperação do vivido conforme
concebido por quem viveu”58. Por isso, a história oral é indissociável da biografia e
da memória. A recordação de um acontecimento varia de pessoa para pessoa, de
56
ALBERTI, 2013, p. 282 a 349.
57
ALBERTI, 2013, p. 282 a 349.
58
ALBERTI, 2013, p. 31.
59
59
ALBERTI, 2013, p. 31.
60
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. 17. ed. São Paulo: Companhia das
Letras, 2012, p. 37.
60
1.3.3 Documentos
61
VAINFAS, 2002, p. 127.
61
1.3.3.1 Fotografias
62
LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In: _____. História e Memória. Tradução de Irene
Ferreira, Bernardo Leitão e Suzana Ferreira Borges. 5. ed. 2. reimp. Campinas, SP: Editora da
UNICAMP, 2006, p. 536.
63
MAUAD, Ana Maria. Através da Imagem: fotografia e história interfaces. Tempo, Rio de Janeiro,
vol. 1, n. 2, 1996, p. 11. Disponível em: https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=Mauad% 2C+Ana+Maria+revista+Tempo&oq=Ana+Mar. Acesso em: ago.
2019.
64
MAUAD, 1996, p. 10.
65
MAUAD, 1996, p. 11-14.
62
coisas, pressentimento” ou ainda “os significados que o código faz corresponder aos
sistemas de significantes”.66
A “forma do conteúdo” abrange local retratado, o tema retratado, as pessoas
retratadas, os objetos retratados, o atributo das pessoas, o atributo da paisagem, o
tempo retratado (dia/noite) e o número da foto.
A “forma de expressão” engloba o tamanho da foto, o formato da foto, o tipo de
foto, enquadramento I a IV (sentido da foto: horizontal/vertical; direção da foto:
esquerda/direita/centro; distribuição de planos; objeto central, arranjo e equilíbrio),
nitidez I a III (foco; impressão visual; iluminação), produtor: amador ou profissional e
número da foto.
Tais unidades culturais são, então, realocadas em categorias espaciais
estabelecidas para a análise. São elas: o espaço fotográfico, o espaço geográfico, o
espaço do objeto, o espaço da figuração e o espaço da vivência (ou evento).
O “espaço fotográfico” compreende o recorte espacial processado pela
fotografia, ou seja, natureza deste espaço, como se organiza, que tipo de controle
pode ser exercido na sua composição e a quem este espaço está vinculado, ao
fotógrafo amador ou profissional, além dos itens da forma da expressão, tais como
tamanho, enquadramento, nitidez e produtor.
O “espaço geográfico” envolve o espaço físico representado na fotografia,
características dos lugares fotografados e a trajetória de mudanças pelo período que
a série cobre. É marcado por oposições como por exemplo: campo/cidade, fundo
artificial/natural, espaço interno/externo, público/privado, entre outros. Nessa
categoria estão incluídos os seguintes itens: ano, local retratado, atributos da
paisagem, objetos, tamanho, enquadramento, nitidez e produtor.
O “espaço do objeto” diz respeito aos objetos fotografados tomados como
atributos da imagem fotográfica. Uma tipologia básica para análise é composta por 3
elementos: objetos interiores, objetos exteriores e objetos pessoais. Essa categoria
espacial inclui os seguintes itens: tema, objetos, atributo das pessoas, atributo da
paisagem, tamanho e enquadramento.
O “espaço de figuração” engloba as pessoas e os animais retratados, a
natureza do espaço (feminino/masculino, infantil/adulto), a hierarquia das figuras e
66
ECO, Umberto. As formas do conteúdo. São Paulo: Perspectiva, 1974, p. 16.
63
67
MAUAD, 1996, p. 14.
68
O levantamento bibliográfico das referências acadêmicas foi realizado no arquivo da Bibliografia
Internacional da Conscienciologia, localizada no departamento Holociclo, do Centro de Altos Estudos
da Conscienciologia (CEAEC) e na internet por meio do “google acadêmico” utilizando a palavra-
chave “projeciologia” e “conscienciologia”, com acesso em 06 e 07/08/2019. Também cheguei a
consultar o Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) no seguinte site: http:// bancodeteses.capes.gov.br, acesso no dia 07/08/2019, às 17h,
utilizando as mesmas palavras-chave, obtendo 8 resultados para “conscienciologia” e 5 resultados
para “projeciologia”, sendo que 3 referências estavam repetidas no resultado de pesquisa das duas
palavras-chave.
64
69
Além das fontes já mencionadas, foi feita uma busca para pesquisar artigos no site de periódicos
da CAPES: http://www.periodicos.capes.gov.br, com acesso em 07/08/2019, às 23h30, com as duas
palavras-chave “projeciologia” e “conscienciologia”.
65
Nesse tópico, abordarei a trajetória de vida de Waldo Vieira desde sua cidade
natal, Monte Carmelo, no Estado de Minas Gerais (MG), até a fundação da primeira
instituição coordenada por ele. O texto ficou dividido em 3 subtópicos: 2.1.1 Infância
até juventude; 2.1.2 Parceria assistencial com Chico Xavier; e 2.1.3 Mudança para o
Rio de Janeiro (RJ).
1
A fim de elaborar esse texto biográfico foram utilizadas 4 fontes principais: AFONSO, Fátima. &
ARAIA, Eduardo. Entrevista: Waldo Vieira: Rumo à consciência liberta. Planeta, São Paulo, ed. 285,
ano 24, n. 6, p. 15-21, jun. 1996; KOJUNSKI, Mariana. Papo Sério com Waldo Vieira. Revista 100
Fronteiras, Foz do Iguaçu, ano 9, ed. 100, p. 35, jan. 2014; VIEIRA, Waldo. Projeciologia: panorama
das experiências da consciência fora do corpo humano. 4. Ed. rev. e amp. Rio de Janeiro: Instituto
Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, 1999; e TELES, Mabel. Zéfiro: a paraidentidade
intermissiva de Waldo Vieira. Foz do Iguaçu: Editares, 2014. Este livro foi escrito pela voluntária
Mabel Teles, tendo como fonte 19 entrevistas filmadas com Waldo Vieira, nos anos de 2011 e 2012,
totalizando 41 horas e 49 minutos de gravação.
67
2
Nas palavras do propositor Allan Kardec (1804–1869): “O Espiritismo é a ciência nova que vem
revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e
as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural,
porém, ao contrário, como uma das forças vivas (...), como a fonte de uma imensidade de fenômenos
até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso”
(KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 130. ed. 1. reimp.
Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, [1866] 2011, p. 59). E ainda, segundo o “Dicionário
Histórico de Religiões”, o “Espiritismo é o sistema religioso cuja doutrina baseia-se na sobrevivência
da alma e na presença de fenômenos paranormais, obra dos espíritos desencarnados que se podem
comunicar com as pessoas através de um médium, ou seja, por intermédio entre o mundo dos vivos e
o invisível” (AZEVEDO, Antonio C. do A. & GEIGER, Paulo. Dicionário histórico de religiões. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2002, p. 147-148).
3
O centro espírita chamava-se “Humildade, Amor e Luz”, o primeiro do município de Monte Carmelo,
fundado em 15/12/1934. O nome do pai de Waldo Vieira era Armante Vieira e é mencionado na
relação de frequentadores desse centro espírita, no período de 1938 a 1945 (MATOS, Airton Veloso
de. História do Espiritismo em Monte Carmelo. Goiânia, GO: Kelps, 2007, p. 51, 52 e 95).
4
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 15.
5
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 15.
6
Mário Palmério também é natural de Monte Carmelo. Fundou o Liceu do Triângulo Mineiro, mais
tarde chamado de Colégio do Triângulo Mineiro. Em 1947, fundou a Faculdade de Odontologia em
Uberaba. Em 1950, criou e instalou a Faculdade de Direito, e em 1953, a Faculdade de Medicina.
Nessa mesma época, Palmério exerce o cargo de deputado federal. Também foi nomeado
Embaixador do Brasil no Paraguai, tendo permanecido dois anos no país vizinho. Na área da
literatura, escreveu os livros “Vila dos Confins” e “Chapadão dos Bugres”, tendo feito parte da
Academia Brasileira de Letras. Chegou a morar na Amazônia por dois anos (MATOS, Airton Veloso
de. O velho Carmo: crônicas e outras histórias. Edição do Autor, (2003), p. 65-66).
7
TELES, 2014, p. 71.
68
Uma segunda fase da vida de Vieira foi o trabalho desenvolvido junto com o
médium Chico Xavier. Em 1955, a pedido da mãe, por intermédio de conhecidos,
Waldo foi até a cidade de Pedro Leopoldo a fim de conhecer Chico Xavier (1910–
2002) e ajudar o movimento espírita, dando início a uma parceria de trabalho
8
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 15.
9
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 15.
10
VIEIRA apud TELES, 2014, p. 68.
11
TELES, 2014, p. 73.
12
TELES, 2014, p. 73.
69
13
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 16.
14
Sobre a ajuda de Waldo Vieira à saída de Chico Xavier da cidade de Pedro Leopoldo, há breve
comentário de Chico em uma entrevista, no livro do autor espírita Carlos A. Baccelli: “Em princípio de
1958, comecei a sofrer de uma labirintite que me incomodava bastante. (...) nosso amigo Waldo
Vieira convidou-me a experimentar Uberaba. Vim para cá e, graças a Deus, me refiz.” (BACCELLI,
Carlos A. O Espiritismo em Uberaba. Uberaba, MG: Secretaria Municipal de Educação e Cultura.
Prefeitura Municipal de Uberaba, 1987, p. 96).
15
O Centro Comunhão Espírita Cristã (CEC) localiza-se na rua prof. Eurípedes Barsanulfo, 185, no
bairro Parque das Américas, em Uberaba. A data de fundação foi em 18 de abril de 1959 (BACCELLI,
1987, p. 80 e 354). Na página 80 aparece o ano de fundação em 1959. E na página 354, aparece o
ano de 1956. Provavelmente a data correta é de 1959.
16
VIEIRA apud TELES, 2014, p. 77.
17
VIEIRA apud KOJUNSKI, 2014, p. 37.
18
VIEIRA apud TELES, 2014, p. 77.
70
19
Serenismo é a “condição íntima, exteriorizada no visual extrafísico [ou seja, em dimensões mais
sutis do que essa material], de serenidade plena, antiestressante, contenção sem toxicidade, e bem-
estar inabalável e indiscutível.” (VIEIRA, Waldo. 700 Experimentos da Conscienciologia. Rio de
Janeiro: Instituto Internacional de Projeciologia, 1994, p. 749). É a principal virtude ou traço-força de
consciências mais evoluídas, com extrema tranquilidade e equilíbrio, encontradas em dimensões
mais sutis do que essa em que nos encontramos, segundo Vieira (1994).
20
Tais eventos ficaram registrados no jornal local chamado “Jornal de Uberaba”, ano 11, n. 3.249, de
sexta-feira, 01 de agosto de 1997, na capa com uma chamada e na página A5 com o título
“Projeciologia prioriza a pessoa, segundo professor Waldo Vieira”.
21
IIPC é uma instituição fundada por Waldo Vieira e colaboradores, no Rio de Janeiro, 20 anos
depois da sua saída do Espiritismo, em janeiro de 1988.
71
Entre 1964 e 1965, Waldo Vieira 22 já havia se dado conta de que não iria
continuar no espiritismo: “O presidente da Federação queria me preparar para
substituí-lo, para liderar o movimento espírita no Brasil. Eu falei que não, pois
achava que teríamos de reformular tudo.” Além disso, Vieira23 afirma: “eu não era da
doutrina, era mais da área da pesquisa, da racionalidade.”
Segundo ele 24 , a gota d’água foi quando propôs a criação da Exposição
Espírita Permanente, que não foi aprovada, “provavelmente porque eles perceberam
que tal empreitada caminharia para a criação de uma Universidade, e isso colocaria
o dogma religioso em xeque.” Waldo25 comunicou a sua mãe e tomou providências
para sua saída: “Olha, eu vou ter de sair. Minha programação de vida não é esta. O
Chico já está ciente disso.’ Então, pus seis pessoas para cada uma tomar conta dos
setores que eu ocupava.”
Em 1965, Waldo Vieira fez uma turnê com Chico Xavier pela Europa e Estados
Unidos, a fim de divulgar o espiritismo no Exterior.26 “Em 66, fizemos uma segunda
turnê. Então Chico voltou para o Brasil e eu só retornei depois que fiz várias
viagens.”27.
Na turnê de 1965, segundo o jornal “Diário da Noite”, de 23/01/1965, os
médiuns psicógrafos “viajarão por conta própria, sem ajuda de espécie alguma,
proveniente do exterior.” Queriam fazer livremente a viagem, por um ou dois
meses.28
As viagens de Vieira em 1966 parecem ter sido patrocinadas ou ao menos
parcialmente custeadas por amigos estrangeiros e simpatizantes do Espiritismo.
Waldo29 mencionou duas amigas norte-americanas, conhecidas desse período do
espiritismo, nas entrevistas fornecidas à Mabel Teles: a primeira foi Hazel Morris, ex-
secretária do general Douglas MacArthur (1880–1964), e Anna Labarbara Ward,
viúva do empresário californiano Lloyd William Dinkelspiel (1899–1959). Quando
retornou ao Brasil, Waldo voltou poucas vezes a Uberaba.
22
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 16.
23
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 16.
24
VIEIRA apud TELES, 2014, p. 79.
25
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 16.
26
Fonte: CHICO e Waldo vão construir uma ponte entre o coração do Brasil e o dos EE.UU. Diário da
Noite, São Paulo, p. 6, 23 jan. 1965.
27
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 16.
28
CHICO, 1965, p. 6.
29
VIEIRA apud TELES, 2014, p. 80.
72
Fonte: ALVES, Irineu. Chico Xavier e Waldo Vieira nos Estados Unidos e na Europa. Disponível em:
<http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/A_autores/ALVES_Irineu_tit_Chico_Xavier_e_Waldo_Viei
ra_nos_EUA_e_Europa.htm>. Acesso: 24 out. 2019, às 10h25.
30
Fonte: Certidão emitida pela Faculdade de Odontologia do Triângulo Mineiro e assinada pelo
professor Sebastião de Araújo Falcão, em 13 de abril de 1965, de que Waldo Vieira trabalhou no
cargo de professor assistente da cadeira de Clínica Odontológica, entre março de 1955 a março de
1957.
31
Fonte: Certidão emitida pela Faculdade de Odontologia do Triângulo Mineiro e assinada pelo
professor Sebastião de Araújo Falcão, em 13 de abril de 1965, de que Waldo Vieira trabalhou no
cargo de secretário da Faculdade de Odontologia de março de 1955 até março de 1963.
32
VIEIRA apud KOJUNSKI, 2014, p. 35.
33
Sobre a relação entre Juscelino Kubitschek com Espiritismo, ver capítulo “JK e Chico Xavier”, no
livro “JK e os Bastidores da Construção de Brasília: sob a ótica da Conscienciologia”, do jornalista
Alexandre Nonato (2010).
34
TELES, 2014, p. 80.
35
TELES, 2014, p. 81.
36
Fonte: Certificado emitido pelo Instituto Sakurai de Tokyo, assinado por Rim Sakurai, em junho de
1966.
74
A vida para Vieira, após se mudar para o Rio de Janeiro, iria abrir novas
possibilidades e oportunidades pessoais e profissionais. A especialização em
Cosmiatria viabilizou a abertura de clínica estética por Waldo, em 1967, em
Copacabana, no Rio de Janeiro. Esta permaneceu em funcionamento até 1970,
ocasião do falecimento de Rin Sakurai, pois o médico japonês lhe fornecia a
medicação para ser aplicada em pacientes a fim de amenizar rugas. “Ele me
orientou em tudo, inclusive no modo que deveria decorar a clínica. Ele passou a me
enviar, então, o líquido pronto para aplicar nos pacientes. Foi um sucesso total.
Atendi a muitas senhoras da alta sociedade carioca e fiz um bom ‘pé-de-meia’”37.
A independência econômico-financeira de Waldo Vieira derivou da aplicação
do dinheiro adquirido na clínica na Bolsa de Valores. Antes de fechar a clínica,
Waldo foi convidado pelo diretor da Companhia Antarctica Paulista, Walter Belian
(?–1975) e por sua irmã, Erna Belian Wernsdorf Rappa (1895–1984), a integrar a
organização com objetivo de “encerrar as atividades da fábrica de destilados da
empresa e encaminhar todos os funcionários, de modo a (sic) que ninguém ficasse
desamparado.” 38 . Vieira ainda explica: “Eu concordei com esta tarefa porque a
Fundação que controlava a Antarctica, na ocasião, prestava muita assistência.” Os
irmãos empresários tinham contato com Waldo Vieira no Centro Comunhão Espírita
Cristã, em Uberaba, a quem recorriam nos momentos de dificuldades da empresa, a
fim de pedir ajuda espiritual.
Em 1970, em uma das viagens na Rodovia Presidente Dutra, entre o Rio de
Janeiro e São Paulo, Waldo sofreu um acidente de carro, tendo entrado em coma.
Waldo teve traumatismo crânio-encefálico e o lado esquerdo do corpo foi bastante
lesionado. Depois de 1 semana no hospital, ele saiu do coma e posteriormente do
hospital para continuar o tratamento em casa. A empresa contratou serviço de
fisioterapeuta para ajudar na recuperação, e após 3 meses de intensos exercícios,
conseguiu voltar as suas atividades de rotina. Este acidente também deixou
sequelas para o resto da vida, como um zumbido permanente no ouvido esquerdo.
Apesar desse contrafluxo, seu esforço parece ter valido a pena: “Trinta e cinco
destilados deixaram de ser comercializados. Uma fábrica inteira foi fechada”39.
37
VIEIRA apud TELES, 2014, p. 81.
38
VIEIRA apud TELES, 2014, p. 81.
39
TELES, 2014, p. 82.
75
40
VIEIRA, 1999, p. 80.
41
VIEIRA apud KOJUNSKI, 2014, p. 38.
42
VIEIRA apud KOJUNSKI, 2014, p. 38.
43
VIEIRA, 1999, p. 80, grifo do autor.
44
A partir desse ponto do texto em diante, além das fontes já citadas, serão utilizadas outras fontes,
tais como: duas outras entrevistas dadas por Waldo Vieira: ENTREVISTA com Waldo Vieira. Revista
Internacional de Espiritismo, Matão, SP, p. 294-296, nov. 1982; e POSE, Joaquim Miralles. Waldo
Vieira: Viagens por outros planos. Planeta, São Paulo, n. 144, p. 11-15, set. 1984; VIEIRA, Waldo.
Projeciologia: panorama das experiências da consciência fora do corpo humano. Rio de Janeiro:
76
Esse tópico sobre o CCC visa apresentar a primeira iniciativa por parte de
Vieira de institucionalizar os estudos sobre o fenômeno da “experiência fora do
corpo” ou “projeção da consciência” (Projeciologia). Está dividido em 5 subtópicos:
2.2.1 Aspectos estatutários do CCC; 2.2.2 Pesquisa institucional; 2.2.3 O livro
“Projeções da Consciência” e as palestras públicas; 2.2.4 Palestras com
experimentos parapsíquicos e o livro “Projeciologia”; 2.2.5 Transição institucional: do
CCC ao IIP.
Edição do Autor, 1986; o livro “700 Experimentos da Conscienciologia” de Waldo Vieira de 1994 já
citado; além de já incluir as fontes orais dos entrevistados para esta tese.
45
O estado de consciência contínua seria uma condição rara na qual uma consciência, nesta
dimensão material ou em outra mais sutil, consegue manter-se em um estado de continuidade, lúcida,
durante o tempo todo, no decorrer do tempo cronológico. Isso significa que a consciência nesta
dimensão respiratória é capaz de se manter lúcida durante a vigília física ordinária, assim como no
momento de descanso do corpo físico, por meio da projeção para fora do corpo, mantendo sua
atenção e rememoração das ocorrências, descartando assim a condição de dia e noite (VIEIRA,
1986, p. 636).
46
VIEIRA, 1986, p. 658; VIEIRA, 1999, p. 81.
47
Efeitos físicos são manifestações que se traduzem por efeitos sensíveis, por exemplo, ruídos,
movimentos e deslocação de corpos sólidos. Alguns efeitos físicos são espontâneos, ou seja,
independem da vontade dos envolvidos, outros são provocados (MEDEIROS, A. de. et al. Dicionário
de doutrina espírita. Rio de Janeiro: Grupo Espírita Regeneração, 1964, p. 185).
77
48
ESTATUTO do Centro da Consciência Contínua, de 6 set. 1981. 7 p. Este documento possui o selo
do Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro, matrícula n. 66.157, de 01 nov. 2002. Este
documento raro foi cedido pela especialista em estatutos das instituições conscienciocêntricas, a
voluntária Cristina Arakaki, pala qual nutro gratidão. A menção do nome foi autorizada pela
informante.
49
ESTATUTO, 1981, p. 2.
50
ESTATUTO, 1981, p. 2.
78
uma vez que esse seria o sistema de gestão escolhido futuramente na terceira
organização fundada por ele (o Centro de Altos Estudos da Consciência – CEAEC),
14 anos depois.
A estrutura organizacional do CCC era composta de 4 órgãos: a) Assembleia
geral, órgão máximo da Sociedade; b) Conselho Superior, composto por 15 sócios
efetivos e 5 suplentes; c) Conselho Fiscal, composto por 3 membros efetivos e 2
suplentes; d) Diretoria, eleita por 5 anos, responsável pelas deliberações para o
cumprimento dos objetivos da Sociedade, constituída por: diretor presidente, diretor
administrativo, diretor secretário, diretor tesoureiro, diretor de assistência social,
diretor científico e diretor de relações públicas. A Diretoria era sempre escolhida
entre os sócios efetivos51.
O artigo 31 previa 4 categorias de sócios: a) fundadores, aqueles que
compareceram à Assembleia de fundação, considerados também sócios efetivos; b)
efetivos, aqueles que propostos e indicados pela Diretoria, seriam nomeados pelo
Conselho Superior; c) doadores, “aqueles que se filiarem à Sociedade com objetivo
de auxiliá-la financeira e economicamente, de comprovada idoneidade moral”; d)
honorários, “aqueles que, direta ou indiretamente, contribuírem para o
engrandecimento da obra, seja financeiramente, seja por atos considerados de alta
distinção”52. Por fim, juridicamente, o CCC mantinha os laços com o espiritismo e
sinaliza alguns contrastes, que iriam se fortalecer com o passar do tempo.
51
ESTATUTO, 1981, p. 3-4.
52
ESTATUTO, 1981, p. 6.
53
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 16.
54
VIEIRA, 1986, p. VII.
79
55
Tal questionário possui 200 questões e está publicado no capítulo 369 do livro “Projeciologia”, de
1986, página 534.
56
VIEIRA, 1986, p. 540; VIEIRA apud POSE, 1984, p. 14-15.
57
Essa expressão foi utilizada pelo parapsicólogo Karlis Osis (1917–1997), no projeto experimental
realizado com projetores voluntários no edifício da American Society for Psychical Research (ASPR),
em New York, em janeiro de 1973 (VIEIRA, 1986, p. 657).
58
VIEIRA, 1986, p. 657, grifo do autor.
59
VIEIRA apud POSE, 1984, p. 15.
80
60
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 16.
61
VIEIRA, 1999, p. 81.
62
GONÇALVES, Moacir Lima. Entrevista concedida em 18/04/2019 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
63
Sincronicidade está sendo usada nesse contexto a partir do entendimento do psicólogo analítico
Carl Jung (2014, p. 39, grifos do autor), ou seja, “um conteúdo inesperado, que está ligado direta ou
indiretamente a um acontecimento objetivo exterior, coincide com estado psíquico ordinário: é isto o
que chamo de sincronicidade, e sou da opinião que se trata exatamente da mesma categoria de
eventos” das percepções extrassensoriais (PES). Jung (2014, p. 44) apoia-se nos estudos da PES a
fim de compreender as sincronicidades, tendo mencionado que “os resultados dos experimentos ESP
(extra-sensory perception) e PK (psycho-kinesis) proporcionaram uma base estatística para avaliar o
fenômeno da sincronicidade e, ao mesmo tempo, apontam para o papel importante que o fator
psíquico aí desempenha.” (JUNG, Carl G. Sincronicidade. Tradução de Mateus Ramalho Rocha. 21.
Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014). Jung (1963, p. 264) cita em outro livro dele “Memórias, Sonhos,
Reflexões”, a comprovação científica que o pesquisador J. B. Rhine, da Duke University de Durham
(USA) de que o homem é dotado de percepção extrassensorial, mediante experiências com cartas.
(JUNG, Carl G. Memórias, sonhos, reflexões. Editadas por Aniela Jaffé. Tradução de Dora Ferreira da
Silva. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1963).
81
suas primeiras impressões sobre o Waldo: “Fui, cheguei, e estava o Waldo, sem
barba, camisa de seda assim, normal, não tinha nada de branco, camisa de seda.”
Moacir retornou no segundo mês e no terceiro mês, conta com um misto de
alegria e surpresa que, por morar em São Bernardo do Campo nessa época, pegava
o ônibus e descia na rodoviária: “quando eu desço do ônibus, que eu estou
andando, olha quem vem em frente a rodoviária, Cris? Vem o Waldo”. Quando
estava próximo, “ele abriu os braços, (...), e deu aquele sorriso, (...), colocou a mão
nas minhas costas, e falou: ‘Você já almoçou hoje?’ E eu falei: ‘Não.’ (...) ‘Então
você é meu convidado para ir no bandejão na rodoviária.’ E fomos.”
Um tanto desconcertado, Moacir foi almoçar com Waldo. Chegando no
restaurante, mais um choque: “eu estava sem comer carne mais ou menos uns 5
anos, aquele negócio da materialização, porque eu tinha lido o livro Desobsessão;”64
e na hora de se servir, Waldo pegou almôndega. Surpreso, Moacir perguntou: “Você
come carne?’ Aí ele falou: ‘Agora você senta aqui.’ Ele sentou lá. Aí ele começou a
explicar o porquê da carne...”65
Após o almoço, seguiram da rodoviária até a Sociedade Ramatís de São
Paulo, que na ocasião ficava na avenida Cruzeiro do Sul, perto do metrô Santana.
Esse era o local onde ocorriam as palestras públicas gratuitas ministradas por
Waldo. Chegando lá, Waldo falou para Moacir: “Você vai sentar do meu lado na
mesa, na ponta da mesa, eu sento lá, e você senta do outro lado aqui da mesa.”
Nesse momento, Waldo apresentou Moacir para mais 3 voluntários que já
estavam frequentando as palestras: o Wagner Alegretti, o Henrique de Carvalho e o
Samuel de Souza. Daí, Waldo “começou a falar assim: ‘Esses quatro aqui!’ E toda
hora ele falava nos quatro, para mexer. E assim foi. Aí que eu passei a fazer parte
do grupo.”
64
O livro “Desobsessão” foi escrito por Waldo Vieira e Francisco Cândico Xavier, uma psicografia
pelo espírito de André Luiz, 1964. No capítulo 2, “Preparo para a reunião: alimentação”, encontra-se a
seguinte menção: “os amigos ainda necessitados do uso do fumo e da carne, do café e dos temperos
excitantes, estão convidados a lhes reduzirem o uso, durante o dia determinado para a reunião,
quando não lhes seja possível a abstenção total, compreendendo-se que a posição ideal será sempre
a do participante (...) sem quaisquer problemas alusivos à digestão.” (XAVIER, Francisco Cândido;
VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Psicografia por André Luiz. 22. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita
Brasileira, 2002, p. 25-26).
65
Importante observar que a opinião de Vieira sobre a questão da alimentação variou ao longo da
vida. No período espírita, parece que fazia restrição ao consumo de carne, em seguida, voltou a
comer carne. Nos últimos 15 anos de vida, escreveu sobre a dieta frutariana e “a dieta à base de
sementes, grãos, frutas, verduras e legumes (VIEIRA, Waldo. Léxico de Ortopensatas. 2. ed. rev. e
aum. Foz do Iguaçu: Editares, 2019, p. 639, grifos do autor).
82
66
ENTREVISTA, 1982, p. 296.
67
VIEIRA, 1994, p. 66.
68
VIEIRA, 1999, p. 81.
69
VIEIRA, 1999, p. 81.
83
movimento kardecista brasileiro. Essa controvérsia veio a atrair atenção maior para
as pesquisas da Projeciologia.
Em relação aos encontros dos pesquisadores, em setembro de 1984, em uma
entrevista, Vieira70 informa que eles se reuniam duas vezes por mês. Parece que ele
estava se referindo apenas aos encontros no Rio de Janeiro, pois conforme o relato
a seguir, havia no mínimo dois encontros no Rio de Janeiro.
Essa entrevista dada em setembro de 1984, para revista “Planeta”, foi o meio
pelo qual José Domingos Santos Neto ficou sabendo da existência da Projeciologia:
“Olha só, eu cheguei no Centro da Consciência Contínua, em 1984 [27 de outubro
de 1984, sábado]71. O professor Waldo não tinha barba. Comecei no apartamento
dele”, pois “eu estava tendo experiência fora do corpo, acordando fora da matéria, e
eu queria ter uma projeção de consciência contínua.”
Domingos complementa sua explicação: “Olha, eu me lembro que o que me
levou lá, além do processo que eu estava tendo experiência fora do corpo, foi
também a Ufologia.” Sobre o começo da participação no CCC, Domingos relata: “a
primeira vez que eu fui no apartamento dele, eu não pude entrar porque já estava
lotado, enchia de gente.” Explica que Waldo morava na rua Visconde de Pirajá, em
um apartamento no 14o. andar e, no 13o. andar ele dava as palestras. “A Lisa, a
esposa dele, falou: ‘Olha, sem ser esse sábado o outro, ele vai a São Paulo, e no
próximo ele vai estar no Rio, você chega cedo”. Foi isso que Domingos fez, “cheguei
cedo e aí continuei.”
Observa-se que a partir da publicação do livro “Projeções da Consciência”,
Vieira começou a intensificar a divulgação das suas ideias pela escrita, no meio
espírita e na mídia impressa, e por palestras gratuitas.
70
VIEIRA apud POSE, 1984, p. 15.
71
SANTOS NETO, José Domingos. Entrevista concedida em 19/10/2018 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu. Acréscimo feito pelo entrevistado por ocasião da conferência do texto. Não consta da
gravação.
84
72
Acréscimo feito pelo entrevistado por ocasião da conferência do texto. Não consta da gravação.
73
Chacras são “núcleos ou campos limitadores de energia que constituem basicamente o holochacra,
veículo de energia, dentro do corpo humano, fazendo a junção deste com o psicossoma [carne sutil
da alma para Pitágoras; carro sutil da alma para Platão; corpo astral ou corpo das emoções para os
Tibetanos; perispírito para Allan Kardec; segundo corpo para Parapsicologia], atuando como pontos
de conexão pelos quais a força flui de um veículo da consciência para outro (VIEIRA, 1999, p. 282 e
299).
85
74
STEINER, Alexander Miraglia. Entrevista concedida em 29/03/2019 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
75
STEINER, Alexander Miraglia. Entrevista concedida em 29/03/2019 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
76
Transe parapsíquico é o estado psicofisiológico, ou alterado da mente, com as seguintes
características: redução da lucidez, suspensão da atividade voluntária e dissociação da consciência
86
“bandeja com uma cúpula, para evitar efeito de vento, ou outra coisa, e dentro dessa
cúpula, na verdade, era tipo uma quejeira de plástico, coberto, e dentro ficavam 3
bússolas, soro destilado, água destilada e soro fisiológico.”
O que acontecia é que “muitas vezes as bússolas mexiam com a energização,
ninguém tocava, tinha essa cúpula para evitar [dizer] que foi vento que mexeu na
bússola, etc”. E também a energização do soro, cujo líquido energizado e não-
energizado eram observados no microscópio: se “observava, aí os cristais do cloreto
de sódio, eles se reorganizavam de forma diferente do soro fisiológico que não tinha
sido energizado.”
Aos sábados, eram as palestras públicas que davam “umas 60 pessoas que
iam no apartamento dele e algumas iam embora e não ficavam para parte prática.”
Cerca de metade das pessoas ficavam para a parte prática, e “pelo menos umas 20
pessoas que eram chamadas ali para serem assistidas.”
As palestras se iniciavam “uma e meia da tarde, uma, uma e meia, ia até três
horas, aí de três horas às três e meia era um descanso.” Nesse período do intervalo,
a sala onde Waldo dava a palestra que estava com cadeiras, era reorganizada “em
colchonetes para os participantes do grupo de quarta-feira, para que eles pudessem
sentar. E as outras pessoas que estavam para serem energizadas ficavam de pé.”
Lembrando que nessa época, Waldo morava em Ipanema e ele tinha um
apartamento duplex, e as reuniões ocorriam no andar de baixo. Essa segunda etapa
da reunião, “que era a parte prática, era um campo parapsíquico onde ele entrava
em transe parapsíquico, e fazia energização das pessoas que se dispunham a tal.”
As pessoas eram encaminhadas até um banquinho, sentavam de frente para
ele e eram energizadas. “E os participantes do grupo fechado ficavam sentados
nesses colchonetes, de frente para a cadeira, e ali [ficavam] testando clarividência,
alguns deitavam e procuravam se projetar também, perceber o campo, perceber a
equipe extrafísica77, ...”
No fim da parte prática, Waldo conversava e explicava um pouco o que tinha
acontecido, dentro da percepção dele, trocando informações acerca de percepções
que se torna passiva à manifestação de outra consciência através do emprego dos seus veículos de
manifestação consciencial (VIEIRA, 1999, p. 804).
77
Equipe extrafísica é composta de consciências extrafísicas amparadoras, ou seja, pessoas já
falecidas que se manifestam em dimensões mais sutis que esta em que nos encontramos e são
dotadas de um senso ético elevado.
87
com os participantes também. “E ali era até umas cinco e meia. Eram umas duas
horas de campo, de assistência...”
Alexander Steiner chegou nas palestras de Waldo Vieira através da mãe, que
já estava frequentando os encontros de quarta-feira e de sábado desde fevereiro de
1986. Ela por sua vez, tomou conhecimento do livro “Projeciologia”78, que Waldo
havia lançado em 31 de janeiro de 198679, por meio de uma amiga. Eles haviam feito
um curso chamado Silva Mind Control, o Método de Controle Mental, que ensinava
um pouco o trabalho com as energias. “Nesse curso, a gente acabou conhecendo a
Pia, que tem o mesmo sobrenome, Pia Steiner, apesar de não ser parente; mas lá
no Rio de Janeiro, dois Steiners chamou a atenção e daí acabamos ficando amigos
da Pia.”
Isso foi em 1983, o tempo passou, e por volta da virada do ano de 85 para 86,
a Pia ligou para a mãe do Alexander: “Olha, conheci uma pessoa séria, está
lançando um livro e ele me perguntou se tinha alguém que valeria dar o livro de
presente e eu queria dar para você.” Assim, ela começou a frequentar as palestras
sobre Projeciologia. “E a minha mãe foi na palestra, gostou, e se interessou pela
abordagem do Waldo, e me chamou também para ir. Daí quando foi em abril, eu fui,
em abril de 86.”
Alexander frequentava as reuniões de quarta-feira e as palestras de sábado.
Além disso, passou a voluntariar diretamente com Waldo Vieira, nas terças e quintas
à tarde, Alexander conta que o voluntariado dele era o empacotamento do livro
“Projeciologia” para ser enviado pelos correios aos interessados, “era um livro de
distribuição gratuita e ele então recebia muitas cartas pedindo o livro e ele também
tinha interesse de distribuir para uma série de bibliotecas no mundo afora e para
pesquisadores também.”
Explica que era uma verdadeira linha de montagem: “Tinha que primeiro
colocar o livro dentro de um saco plástico, aí tinha um papelão corrugado que
enrolava, aí tinha o papel pardo que enrolava e tinha que cortar do tamanho, tudo
certinho,...” Alexander não fazia a tarefa sozinho: “eu e o Claudio Paredes, nós dois
78
Foram impressos 5.000 exemplares dessa primeira edição do livro “Projeciologia”, tendo sido
distribuídos gratuitamente para amigos, amigos dos amigos, bem como em palestras e em bibliotecas
públicas brasileiras e de diversos países (VIEIRA, 1999, p. 81). No livro “Projeciologia”, Vieira (1986,
p. 15) afirma que essa nova ciência “antes mesmo de estar adstrita às manifestações da
Parapsicologia”, estaria “estruturalmente vinculada, em definitivo, ao campo vasto da
Conscienciologia”.
79
VIEIRA, 1999, p. 81.
88
que mais trabalhamos com isso daí. E ele obviamente e a Lisa [primeira esposa de
Vieira], na época, também...” Além do empacotamento dos livros, Alexander também
ajudava na “ficha técnica dos livros, catalogação... então tudo isso a gente fazia.”
Sobre esse período de convivência mais próxima com Waldo, Alexander
menciona vários aprendizados e situações que testemunhou e que lhe fizeram parar
para pensar. Uma delas foi quando Waldo chamou em sua casa um especialista
para fazer avaliação de sua coleção de selos da Varig e pediu para Alexander estar
junto. “O cara entra na casa assim: ‘Tem um cinzeiro?’ Aí o Waldo: ‘Sim’. [risos]. Na
hora: ‘Tenho, espera aí.’ Foi lá, catou lá, nas coisas lá. ‘Está aqui’. Um atrás do
outro80.”
Alexander conta sua surpresa: “Então, assim, para quem não conhece o
Waldo, iria falar assim... Não tinha noção o quanto ele era regrado com essas
coisas, e ele abriu mão: ‘Quer fumar aqui dentro? Fuma.” Alexander explica a
postura do Waldo: “Você está avaliando um negócio para mim? O que é que você
precisa? No que eu posso te ajudar, sabe?” Alexander traz para reflexão: “essa
forma de trabalhar, de ser duro com os conceitos, com algumas ideias, mas ao
mesmo tempo, em função do momento, do contexto, saber flexibilizar, ...”, finaliza
dizendo: “Essas situações sempre me fizeram pensar; coisas que eu quero aprender
mais. É difícil isso daí, saber esse contexto, não é?”
Em suma, esse período evidencia o incentivo de Vieira à vivência do
parapsiquismo pelos voluntários e interessados a partir de aulas e exercícios
bioenergéticos, no contexto da publicação do livro “Projeciologia”.
80
O entrevistado fez o gesto imitando a pessoa fumando um cigarro atrás do outro.
89
chegou uma hora, que ele [Waldo] chegou e falou assim: “Olha, não dá mais para
fazer aqui não.”
As atividades passaram a ocorrer em outros endereços: na rua Pio Correia, no
Humaitá, “naquele colégio que fica na esquina, quase entrando no túnel”, depois “foi
lá para o Leblon, que foi o Edifício Cidade do Leblon, que foi onde teve a fundação
do Instituto. Também tinham as atividades lá, aos sábados. Aí foi para lá. Aí já
fundou o Instituto...”, mas antes da fundação da segunda instituição, algumas
reuniões de preparação para criação do Instituto Internacional de Projeciologia (IIP)
ocorreram no bairro da Tijuca, “o George [Kropotoff] tinha uma sala na Tijuca que ele
cedeu para fazer as atividades lá também”. Esse momento ficou registrado em
imagem, conforme pode-se observar a seguir, na figura 03.
Vieira 81 , “o Centro era algo do meu bolso, tudo eu financiava. E não queríamos
continuar com isso.”
Domingos recorda-se que nessa ocasião, Waldo “falou assim: ‘Agora vamos
sair um pouco mais, não vou ser mais paternalista.” Domingos exemplifica uma das
ações paternalistas de Waldo dessa época: o “Waldo comprava (...) livros na casa
de sebo. Aí eu chegava para assistir as palestras no 13o. andar, estavam os livros,
alguns livros empilhados na entrada: ‘Ó gente, passa aí e pode pegar um.” Eram
livros sobre o tema da projeção consciente, por exemplo, do Emanuel
Swedenborg82. Domingos traz a seguinte recordação sobre isso: “Eu me lembro uma
vez que estava aquele livro azul parado ali, ele comprou e deu para cada pessoa 3
livros daquele, (...) Não é fácil! ‘Olha, na página tal, tal, o cara fala isso aí.”
Sugerindo que as pessoas lessem e estudassem os livros.
83
Essa iniciativa de doação de livros também era feita com o livro
“Projeciologia”, lançado em 1986. Sobre isso, Moacir compartilha suas memórias
quando a Sociedade Ramatís mudou de endereço para rua Pedro Cacunda: “foi em
Pedro Cacunda que o Waldo criou... editou o “Projeciologia”, em 86. Lá que ele
editou. Nós distribuímos, eu ajudei a distribuir em São Paulo”. Moacir conta que ele
e os demais voluntários doavam os livros: “demos para todo mundo; quem chegava
na palestra recebia um “Projeciologia”, em São Paulo.
Depois disso, “teve um dia que a gente foi (...) na Federação Espírita de São
Paulo.” Waldo foi a convite da Federação Espírita dar uma palestra sobre o livro
“Projeciologia”. Moacir lembra que “colocamos um monte de livros. Sentou na mesa:
eu, Wagner, Henrique e o Waldo. Aí de vez em quando o Waldo falava assim: ‘Ó,
você aí!’ Apontava para uma pessoa no meio lá. Chamava a pessoa e dava um livro
para a pessoa [riso].”
Segundo Domingos, a proposta de fundar o IIP era fazer “uma instituição séria
mesmo, de pesquisa, que tem os próprios recursos.” Já Alexander sintetiza esse
81
VIEIRA apud AFONSO; ARAIA, 1996, p. 16.
82
Emanuel Swedenborg (1688–1772): foi um filósofo, teólogo e vidente sueco considerado o
precursor da Projeciologia, pois deixou vários volumes com registros de suas experiências fora do
corpo, especialmente o livro “Diarii Spiritualis” (5 volumes), no qual narra suas vivências
extracorpóreas, de 1745 até 1765 (VIEIRA, 1999, p. 61).
83
A doação de livros era um hábito de Vieira. No período em que ele viveu no CEAEC, em Foz do
Iguaçu, a partir do ano 2000, costumava doar livros seus e de outros autores quando recebia
visitantes no Holociclo. No entanto, nessa fase, já não desembolsava dinheiro seu. Foi criada uma
editora para publicar os livros da Conscienciologia que fornecia alguns exemplares para ele doar a
quem quisesse. Essa informação tem como fonte a experiência da autora como voluntária do
Holociclo.
92
84
Nesse momento, em 1988, a instituição foi fundada como IIP. Em 1996, o nome passou a ser IIPC,
devido à sistematização da Conscienciologia ter ocorrido em 1994 por meio do tratado “700
Experimentos da Conscienciologia”.
93
85
Importante mencionar que o Estatuto social é documento jurídico fruto do somatório de ideias dos
colaboradores que se reuniam para planejar como seria a estrutura organizacional, os objetivos e o
funcionamento do IIP. A construção coletiva do Estatuto Social do IIP de 1988 foi realizada na sala de
George Kropotoff, na Tijuca, ao modo da registrada na fotografia exposta na figura 03.
86
ESTATUTO do Instituto Internacional de Projeciologia, de 16 jan. 1988, p. 1. 6 p. Este documento
possui o selo do Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro. Porém, por ser uma cópia,
os números estão falhados. Também agradeço o acesso a esse documento à voluntária Cristina
Arakaki. A menção do nome foi autorizada pela informante.
87
ESTATUTO, 1988, p. 1.
88
ESTATUTO, 1988, p. 2.
89
ESTATUTO, 1988, p. 3-4.
94
90
ESTATUTO, 1988, p. 3-4.
91
ESTATUTO, 1988, p. 3-4.
92
ESTATUTO, 1988, p. 3-4.
93
ESTATUTO, 1988, p. 6.
95
ser na zona sul do Rio de Janeiro, o espaço onde se realizou sinaliza informalidade,
despojamento e simplicidade.
Depois da fundação do IIP, mais endereços: “antes de ir para Glória, o Instituto
ficou em Botafogo”94. Alexander mudou-se para Belo Horizonte em 1988, e quando
retornou para o Rio de Janeiro em 1990 ou 1991, lembra que o IIP “já estava lá na
Glória.”
A partir do IIP, a divulgação da Projeciologia aumentou, havia mais
“colaboradores”, como eram chamados os voluntários na época. Além do Rio de
Janeiro e São Paulo, as atividades docentes de Waldo Vieira expandiram para mais
cidades, com maior regularidade.
Apesar de que ainda na época do CCC, de 1981 a 1987, conforme visto,
Waldo Vieira chegou a dar palestras em várias cidades. Além do Rio de Janeiro e
São Paulo, foi à Ribeirão Preto e Belo Horizonte. Encontrei referência de atividade
docente ainda da época do CCC também em Brasília (I Seminário de Projeciologia
de Brasília, em 12 a 16 de junho de 1987, registrado em um folheto feito por Basílio
Baranoff) e em Campinas (I Simpósio Brasileiro de Consciência Contínua – SBCC,
em 12 e 13 de dezembro de 1987, realizado no centro de convenções da
Universidade de Campinas – UNICAMP, com 142 participantes)95. O Estatuto do IIP
foi uma construção coletiva pelos colaboradores, já indicando a força de trabalho
envolvida, o que iria caminhar para ampliação de todas as atividades voluntárias,
sejam administrativas, docentes ou da pesquisa.
94
STEINER, Alexander Miraglia. Entrevista concedida em 29/03/2019 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
95
VIEIRA, 1999, p. 81 e 82.
96
PIZARRO, Marco Antonio. Entrevista concedida em 23/05/2019 a Cristiane Ferraro, Foz do Iguaçu.
97
ligados ao espiritismo e depois com o passar do tempo, durante aquele trimestre, ele
começou a falar sobre a Projeciologia e do Centro de Consciência Contínua”.
Pizarro comenta que naquela época “não se falava em Conscienciologia,
falava-se em Projeciologia que foi a primeira abordagem, a primeira especialidade
da Conscienciologia que foi dado enfoque pelo professor Waldo Vieira”.
Em 1988, Pizarro conheceu Basílio Baranoff ou “capitão Baranoff”, da
Aeronáutica. “Eu fiquei conhecendo-o e ele foi várias vezes para São Paulo.
Encontrou com Waldo lá e foi para o Rio de Janeiro, até que ele conseguiu, em 88,
trazer o professor Waldo para São José dos Campos e ficou lá uma semana com a
gente.” Pizarro conta que Vieira “fez palestra no auditório principal do ITA [Instituto
Tecnológico da Aeronáutica]97, que lotou praticamente o auditório (...), mais de 500
pessoas, mais ou menos, (...) ele também deu palestra no Instituto de Proteção ao
Voo (...) e no INPE [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais]”.
Em 198998, “ele teve dando palestras lá no ITA. Ele ficou mais restrito ao ITA e
quem levou ele essa vez de novo lá foi o Baranoff. Ele não só deu palestra como ele
também deu o curso “Avançado”99, dos P1, P2, P3, P4”. Pizarro explica que um
professor do IIP esteve lá ministrando as aulas do P1 (Projeciologia 1) ao P4
(Projeciologia 4) e que “tinha uma turma para se formar e aí o Waldo esteve lá em
89 e a turma se formou.” A formatura era o curso “Avançado” com Vieira. Desse
curso, Pizarro não participou porque teve que viajar para ver a família.
Em 1991, Vieira voltou a SJC “para dar o curso ‘Avançado’ de novo. Esse
curso ‘Avançado’ eu fiz, a minha dupla100 fez, e eu acho que foi 91 [05 e 06 de
101
outubro de 1991] . As atividades pedagógicas em SJC continuaram com
97
Sobre tal palestra pública no auditório do ITA, foi encontrado um cartaz no Holociclo, departamento
do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia, em Foz do Iguaçu, PR. A data da palestra gratuita
foi 19 de maio de 1988, 5ª. feira, às 20h, e o tema foi “A projeção consciente e a pesquisa espacial”.
98
Em 1989, Waldo Vieira chegou a publicar um artigo no “Jornal A Cova”, dos acadêmicos do ITA.
Tal referência consta da bibliografia do livro “700 Experimentos da Conscienciologia”: “VIEIRA,
Waldo; Pílulas do Conscienciograma; A COVA: O JORNAL DOS ALUNOS DO ITA; São José dos
Campos, SP; Brasil; Indeterminado; CASD; No. 12; Outubro, 1989; Seção: “Coluna da Projeciologia”;
1 ilus.; p. 2, 4, 12.” (VIEIRA, 1994, p. 928).
99
Há registro da data desse curso “Avançado” no house-organ ou jornal interno denominado “BIPRO
– Boletim de Projeciologia”, Rio de Janeiro, vol. 1, n. 2, p. 1-4, set. 1989. O curso ocorreu nos dias 24
e 25 de junho de 1989 no ITA, tendo se formado 35 participantes (BIPRO, 1989, p. 2).
100
O entrevistado faz referência ao conceito de dupla evolutiva, a reunião de duas consciências
“afins, maduras e lúcidas, com interação positiva entre si, com objetivo de potencializar a planificação
de suas performances evolutivas, através de convívio produtivo, integral e constante” (VIEIRA,
Waldo. Manual da Dupla Evolutiva. Rio de Janeiro: IIPC, 1997a, p. 11).
101
Acréscimo da data feito pelo entrevistado por ocasião da conferência do texto. Não consta da
gravação. O entrevistado também passou os seguintes dados: esse curso “Avançado” ocorreu no
Prédio Saul Vieira, rua 9 de julho, 211, em São José dos Campos.
98
professores do IIP, mas este curso foi o último que Vieira ministrou lá. Pizarro conta
que “a última vez que encontrei o professor Waldo foi em São Paulo, de novo,
fazendo o curso “Avançado” [21 e 22 de novembro de 1992]102. Eu fiz. Eu e a minha
esposa. Foi em São Paulo lá no primeiro local do Instituto”, tinham em torno de 100
pessoas.
A grade ou o currículo pedagógico do IIP nessa época era composta de 4
módulos (P1, P2, P3 e P4) com 4 aulas cada módulo, culminando no último módulo,
o “Avançado”, dado por Waldo Vieira.
Segundo Moacir Gonçalves, a origem dessa grade foi em São Paulo: “antes de
88. No próprio Zanarotti [Sociedade Ramatís de SP], a gente já dava, ia lá, se fazia
um monte de placa: Aula 1.” Como foi essa história? “A gente foi dar aula, o que é
que aconteceu? (...) eu fui em Santos, fui de ônibus com o... Vasco e a... Silvia.
Pegar todo o material que tinha de curso que ela dava e trazer para cá. Fui lá umas
2 ou 3 vezes.” Moacir conta que trouxe o material para São Paulo e levou para os “4”
trabalharem nas aulas: “dividimos o [livro] “Projeciologia” em 4: primeira parte ficou
comigo, segunda parte ficou com o rapaz, o Nilo, a terceira parte, técnica projetiva
ficou com o Wagner e a quarta parte que era mentalsoma ficou com Samuel.” Assim,
“eu dava a aula 1, o menino dava a aula 2, o Wagner dava aula de técnica projetiva
e o Samuel, mentalsomática.”
De acordo com Moacir, depois da fundação do IIP, “o Samuel pegou aquelas 4
aulas, e das 4 aulas criou o P1, P2 e P3 e (...) P4, e mandou para o Rio de Janeiro,
que viraram as aulas. Mas o inicial mesmo, começou ali, com a gente.” Moacir
comenta que “ninguém sabe disso” e que nesse mesmo período, “no Rio de Janeiro,
já tinha o 1 e o Avançado, (...) o Básico e o Avançado.”
De acordo com Alexander Steiner, essa grade pedagógica organizada foi fruto
da mudança institucional do Centro da Consciência Contínua para Instituto
Internacional de Projeciologia. “A principal diferença com a fundação do IIP é que
primeiro era o engajamento das pessoas, antes tudo, todo mundo dependia muito do
Waldo, porque era tudo na casa dele; então ele dava o tom 100% das coisas”. Com
a fundação do IIP, isso havia mudado, a nova instituição “não era para depender do
dinheiro dele, era para se manter por conta das aulas, das atividades, que
estivessem desenvolvendo.”
102
Acréscimo da data feito pelo entrevistado por ocasião da conferência do texto. Não consta da
gravação.
99
103
O curso “Extensão em Conscienciologia e Projeciologia 1” foi criado em 1991 e realizado a
primeira vez em janeiro de 1992, no Rio de Janeiro (BALONA, Málu. Curso de Extensão em
Conscienciologia e Projeciologia 1 (ECP1). BIPRO, Rio de Janeiro, v. 5, n. 11, p. 11, abr. 1998). O
curso P4 (Projeciologia 4) era pré-requisito para fazer o ECP1. E o ECP1 era pré-requisito para fazer
o ECP2, último curso da grade curricular. O ECP1 visava uma auto-avaliação dos traços de
personalidade e o planejamento de mudanças na vida a fim de aperfeiçoar traços que estivessem
dificultando a auto-realização de metas pessoais dos alunos.
104
O curso “Extensão em Conscienciologia e Projeciologia 2” foi realizado pela primeira vez em
março de 1993, no Rio de Janeiro. Ministrado por vários anos somente por Waldo Vieira. Passou a
ser realizado no Centro de Altos Estudos da Consciência (CEAEC) em Foz do Iguaçu, a partir de
1996 (BALONA, Málu. Curso de Extensão em Conscienciologia e Projeciologia 2 (ECP2). BIPRO, Rio
de Janeiro, v. 5, n. 11, p. 11, abr. 1998). O ECP2 objetivava uma imersão em campo bioenergético
instalado pelo professor responsável a fim de promover um equilíbrio das energias dos alunos e bem-
estar físico, energético, emocional e mental. Tanto o ECP1 quanto o ECP2 são considerados “cursos
de imersão” porque a turma de alunos entra junto com os professores em um hotel na sexta-feira à
tarde e saem no domingo à tarde. São 2 dias de reflexão, com trabalhos de escrita, debates, aulas e
exercícios de bioenergias.
100
professores itinerantes que iam ministrar os cursos básicos pelo Brasil afora. A
estruturação da grade pedagógica possibilitou maior divulgação.
105
Fonte: VIAGEM extracorpórea é tema de congresso no DF. Correio Braziliense, Brasília, p. 5, 1
jun. 1991.
106
Encontrei uma nota no Informativo do CEAEC / Informativo da Cooperativa dos Colaboradores do
IIPC, Foz do Iguaçu, ano 3, n. 29, dez. 1997, informando que “desde 1991, o IIPC é reconhecido
como escola pela International Parapsychology Abstract, uma das mais respeitadas instituições de
parapsicologia do mundo.” E ainda cita que o reconhecimento foi devido ao I Congresso Internacional
de Projeciologia, realizado em 4 a 7 de junho de 1990, no Rio de Janeiro. Este evento ocorreu 1 ano
antes do I CONBPRO, em Brasília. Observa-se a preocupação dos projeciólogos em afirmar sua
posição pública vinculada à Parapsicologia, nesse momento.
101
107
RAZERA, Graça. FERRARO, Tânia. Apresentação. In: _____. Catálogo de Pesquisas do IIPC. Rio
de Janeiro: IIPC, 1998, p. 11 e 12. A partir do 11º. Congraçamento do IIPC, em 11 a 13/12/1998,
foram adotados novos critérios para participação nos GPCs. Professores e colaboradores ativos do
IIPC podiam ingressas livremente nos grupos de pesquisa. Os alunos poderiam ingressar desde que
tivessem cursado no mínimo o P4 (estágio 4 do Curso Regular de Projeciologia) e só poderiam
permanecer no GPC se ele se tornasse colaborador do IIPC em um prazo de 6 meses. O objetivo era
“aumentar o vínculo consciencial dos pesquisadores do IIPC com o próprio Instituto” e com as ideias
da Conscienciologia (NOVOS critérios de participação. Informativo “CPQ Notícias” – Centro de
Pesquisas Conscienciológicas, departamento da diretoria técnico-científica, Rio de Janeiro, ano 4, n.
8, p. 1, maio 1999). O “vínculo consciencial” é aquele buscado deliberadamente pela pessoa
interessada a fim de prestar serviços voluntários nas instituições conscienciocêntricas, por exemplo o
IIP. Esse vínculo consciencial se opõe ao vinculo empregatício, mais comum na nossa sociedade, a
partir de um trabalho assalariado (VIEIRA, 1994, p. 318).
108
O informante está fazendo referência ao I Congresso Brasileiro de Projeciologia (I CONBPRO),
realizado em Brasília, DF, nos dias 30 de maio a 02 de junho de 1991.
102
109
O lançamento desse livro ficou registrado em matéria da revista Planeta. Fonte: GRAZIANO,
Romero. Estratégia Evolutiva no Salto da Consciência. Planeta, São Paulo, p. 27 a 32, jul. 1994.
110
VIEIRA, 1994, p. 7 e 9.
111
VIEIRA, 1994, p. 1.060.
103
112
ESTATUTO do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, de 30 maio 1996. 8 p.
Este documento possui o selo do Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro, sob n. de
ordem 628.152, do protocolo do livro A n. 54, registrado sob n. de ordem de 162.433, do livro A n. 39,
de 25 set. 1997.
113
Tanto a mudança no nome da instituição quanto a de endereço encontram-se registradas no
house-organ do IIPC chamado “BIPRO – Boletim do IIPC”, Rio de Janeiro, vol. 3, n. 7, p. 6, dez.
1996, na mesma nota chamada “Nova BASECON [base conscienciológica] da Sede Matriz”.
114
GUIA, Sheila dos Mares. Projeciologia e Conscienciologia: multidimensionalidade e espiritualidade
na formação de um paradigma existencial. Rio de Janeiro: Sotese, 2006, p. 86.
115
O entrevistado utilizou o termo “migração” como mudança dentro da própria cidade.
116
Condomínio empresarial na Barra da Tijuca, bairro do Rio de Janeiro.
104
Ele volta a citar nomes de voluntários que mudaram para o Rio de Janeiro: “aí
nesse período de Ipanema, quem que veio de fora? A Ana Luiza, (...), a Mabel foi
para o Rio de Janeiro também, depois foi lá para Espanha, teve Nova Iorque que a
Mabel e o Flávio foram para lá...” Continua lembrando de mais nomes: “o Ricardo
Caprário, o João, e aí teve muita gente que acabou vindo, começou a atrair muita
gente, já no período da “Glória” mesmo. O João chegou na Glória.”
Todo esse crescimento no número de voluntários tanto na área pedagógica
quanto na de pesquisa, parece ser fruto de uma socialização interna crescente.
Conforme observa D’Andrea 117 , “é importante notar que muitas das atividades
realizadas no IIPC têm sido direcionadas a seus próprios membros. São ‘reuniões’
frequentes, ‘encontros’ específicos e dinâmicas de grupo” em uma quantidade além
das necessidades organizacionais.
118
D’Andrea complementa essa nota: “ainda que seja uma organização
societal, voltada para finalidades e objetivos externos (societas), o IIPC apresenta
um forte traço comunalista (de associação), visando à criação de uma solidariedade
interna, específica e consistente (comunitas)”.
Esse capítulo iniciou com a trajetória biográfica de Waldo Vieira e suas
inquietações em torno de fazer pesquisa sobre o fenômeno da experiência fora do
corpo (EFC) ou projeção da consciência (PC). Vieira acabou por fundar o Centro da
Consciência Contínua a fim de aprofundar as investigações sobre esse fenômeno,
mas ainda fortemente conectado com os laços espíritas e de caráter paternalista.
Essa primeira experiência serviu de balão de ensaio para a fundação de uma
segunda instituição, mais profissional, o Instituto Internacional de Projeciologia. Com
a divulgação dos livros e cursos, o número de colaboradores ampliou, gerando maior
interação entre os próprios colaboradores. Essa necessidade de passar mais tempo
juntos parece estar na raiz do surgimento de um endereço próprio dos voluntários do
IIPC, assunto do próximo capítulo.
117
D’ANDREA, Anthony A. F. O self perfeito e a nova era: individualismo e reflexividade em
religiosidade pós-tradicionais. São Paulo: Edições Loyola, 2000, p. 166.
118
D’ANDREA, 2000, p. 167.
105
Até aqui deixei todo espaço para as narrativas. Este é o momento que
dedicarei a revisar o que já foi dito, tecendo algumas hipóteses e fazendo análises.
O assunto não irá se esgotar nesse tópico, outros elementos serão incorporados
capítulo a capítulo, permitindo um aprofundamento gradual da densidade
compreensiva acerca da comunidade conscienciológica.
Essa seção ficou dividida em: 2.4.1 Memórias; 2.4.2 Modo de contato com a
Conscienciologia; 2.4.3 Motivação para conhecer a Conscienciologia; 2.4.4
Colaboração no CCC; 2.4.5 Liderança de Waldo Vieira; 2.4.6 Imagens; 2.4.7
Terceiro setor; e 2.4.8 “Migração” dos colaboradores.
2.4.1 Memórias
119
VIEIRA apud KOJUNSKI, 2014, p. 35.
120
VIEIRA apud POSE, 1984, p. 11.
106
ele tinha barba e usava somente roupa branca, em geral bermuda, devido ao calor
carioca.
Alexander, que teve uma convivência mais próxima com Vieira nessa época, já
traz recordações a respeito do comportamento dele, como o citado “jogo de cintura”
em saber quando ser duro em posicionamentos pessoais e quando ser flexível
dependendo do contexto.
Outra memória a ser destacada é sobre a alimentação de Vieira. Moacir, o
nosso informante mais antigo, relatou sua surpresa ao vê-lo comendo carne, quando
o conheceu em 1982. Essa situação se encaixa no conceito de dissonância
cognitiva, proposto por Leon Festinger, no âmbito da Psicologia Social. “Uma
situação é dissonante para uma pessoa quando sua expectativa é violada”121.
A magnitude da dissonância pode ser considerada alta nesse caso, uma vez
que Moacir seguia as orientações espíritas de não comer carne, conforme o livro do
próprio Vieira na fase espírita. As explicações dadas em seguida por Vieira atuaram
modificando as cognições existentes, o que leva à redução da dissonância, o “novo
conteúdo faz com que se tornem menos contraditórias entre si, ou sua importância é
diminuída”122.
Um último aspecto a ser mencionado envolvendo o tópico das memórias é que
eu apareço nas narrativas sendo citada pelos informantes e nas imagens, assim é
pertinente dizer que a minha escrita foi influenciada pelas minhas memórias
também.
121
RODRIGUES, Aroldo. Psicologia social. 12. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1988, p. 157.
122
RODRIGUES, 1988, p. 155.
107
123
VIEIRA apud KOJUNSKI, 2014, p. 37.
108
124
RODRIGUES, 1988, p. 154.
110
125
RODRIGUES, 1988, p. 155.
126
RODRIGUES, 1988, p. 155.
111
NOTA: 360 respondentes por linha, excetuando o item “Outro” que apresentou 131
respostas (36,4%).
2.4.6 Imagens
127
CHICO, 1965, p. 6.
128
MAUAD, Ana Maria. Através da Imagem: fotografia e história interfaces. Tempo, Rio de Janeiro,
vol. 1, n. 2, 1996, p. 12. Disponível em: https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=Mauad% 2C+Ana+Maria+revista+Tempo&oq=Ana+Mar. Acesso em: ago.
2019.
129
MAUAD, 1996, p. 13-14.
114
130
Nessa ocasião, ele foi acompanhado por um grupo de voluntários da Conscienciologia nas visitas
aos vários locais da sua trajetória biográfica em Uberaba e em Monte Carmelo. Os locais visitados
em 1997 foram a Universidade de Uberaba (Uniube), a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro
(FMTM), a Comunhão Espírita Cristã, o Hospital espírita psiquiátrico, o “Templo Espírita Casa do
Cinza”, o orfanato “Lar Espírita” em Uberaba, assim como a casa da sua irmã, a casa onde nasceu, a
Biblioteca Pública Opala Pinto, o “Abrigo Espírita Aristina Rocha”, a casa de um amigo espírita Sr.
Manuelzinho e o campus da Uniube na sua cidade natal, Monte Carmelo (Fonte: arquivo fotográfico
da autora). Tal evento caracterizado tal qual uma excursão biográfica por iniciativa dos voluntários se
repetiu no período de 22 a 29 de setembro de 2004, visitando as cidades de Uberaba e Monte
Carmelo. A motivação dessa segunda vez foi o convite por parte da Universidade de Uberaba
(Uniube) para Waldo participar da cerimônia de comemoração do Jubileu de Ouro (50 anos de
formatura no curso de Odontologia). Nessa ocasião, Waldo ministrou um curso em Uberaba chamado
“Grupos Evolutivos”, no dia 26 de setembro de 2004, no auditório A da FMTM. Em 2010, novamente
Waldo retorna à Uberaba atendendo ao convite da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM) a fim de comemorar o Jubileu de Ouro em Medicina, dessa vez com um grupo reduzido de
voluntários. (Fontes: álbum fotográfico da autora e um email com a programação da viagem; além de
notícias em jornais: IIPC e Ceaec promovem curso “Grupos Evolutivos” no domingo em Uberaba.
Jornal de Uberaba, Uberaba, ano XIX, n. 5.404, p. A5, 22 set. 2004; UBERABA recebe professor
Waldo Vieira. Cidade Livre, Uberaba, ano 2, n. 609, p. A-09, 24 set. 2004; JUBILEU de Ouro da
Uniube traz pesquisador da Conscienciologia. Jornal de Uberaba, Uberaba, ano XIX, n. 5.407, p. A6,
25 set. 2004; EX-ALUNO é pesquisador em Conscienciologia. Revelação, Uberaba, ano VII, n. 296,
p. 5, 21 a 27 set. 2004).
131
MAUAD, 1996, p. 15.
115
2.4.6.2 Figura 02 – Waldo Vieira e Chico Xavier ao lado de Hazel Morris nos EUA,
em 1966
evento “formal”, ao menos, sob o ângulo dos trajes masculinos dos presentes,
vestidos de terno e gravata.
O espaço da vivência constitui-se em uma cena onde os 3 personagens fazem
pose para serem fotografados, deixando transparecer um clima de satisfação pelo
trabalho em andamento. Essa mensagem pode ser percebida pelos sinais do gesto
exercido pela senhora e pelos sorrisos nos rostos das pessoas.
132
Expressão utilizada por Philippe Lejeune, no artigo “O Guarda-memória”, publicado na revista
Estudos Históricos, número 19, em 1997, tradução de Dora Rocha. Disponível em:
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/ article/view/2042. Acesso em: out. 2017.
118
Nesse item, será feita uma leitura do conjunto das quatro fotografias. “A
imagem não fala por si só; é necessário que as perguntas sejam feitas.”133 Algumas
questões podem ser propostas com base nas imagens: qual a relação da série
fotográfica construída com as raízes da comunidade conscienciológica? Olhando
através dessas imagens, é possível ver indícios da comunidade conscienciológica?
Do ponto de vista temporal, a série composta por essas 4 imagens obedeceu a
uma certa cronologia, no entanto, a primeira foto é de data posterior a das 3 fotos
seguintes, devido a dificuldade de localizar imagens do período espírita de Vieira.
Em função disso, denominei essa primeira imagem como “foto-flashback”, porque
apesar de datada de 1997, o conteúdo que estava sendo exposto nesse evento por
Vieira era sua vivência na fase espírita em Uberaba. Assim, a série ficou delimitada
no tempo em 1997, 1966, 1987 e 1988, cobrindo um corte temporal de 31 anos.
As 4 fotos revelam um contínuo do trabalho de Vieira: a primeira aborda sua
vivência na época espírita, esse passado presente em momento futuro; a segunda
revela o trabalho de divulgação do espiritismo no Exterior junto com Chico Xavier, no
ano de sua dissidência; a terceira, o momento de preparação para criação do IIP,
fase da Projeciologia; e a quarta, a fundação do IIP, continuação e o início da
expansão da Projeciologia, dando origem à Conscienciologia (já existente na data da
primeira fotografia, que é de 1997).
De algum modo, as 4 fotos parecem fechar um ciclo vivencial de Vieira: a fase
espírita (figura 02 – 1966), a fase projeciológica inicial com CCC (figura 03 – 1987),
a fase projeciológica com IIP (figura 04 – 1988) e a fase conscienciológica com IIPC
133
MAUAD, 1996, p. 10.
119
134
CANDAU, Joël. Antropologia da memória. Trad. de Miriam Lopes. Lisboa: Instituto Piaget, 2013, p.
188.
135
CANDAU, 2013, p. 145.
136
VIEIRA, Waldo. Léxico de Ortopensatas. Foz do Iguaçu: Editares, 2019, p. 1.279, grifos do autor. 3
vols.
137
VIEIRA, 2019, p. 1.279.
120
138
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: _____. Mitos, emblemas, sinais:
morfologia e história. Tradução de Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 178.
139
REVEL, Jacques. (Org.). Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Tradução de Dora
Rocha. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998, p. 43.
121
140
ALBUQUERQUE, Antonio C. C. de. Terceiro setor: história e gestão de organizações. São Paulo:
Summus, 2006, p. 18.
141
ALBUQUERQUE, 2006, p. 19.
142
ALMEIDA, Vasco. As instituições particulares de solidariedade social: Governação e Terceiro
Sector. Coimbra: Almedina, 2011, p. 15.
122
143
ALBUQUERQUE, 2006, p. 26.
144
BONFIM, Paula. A “cultura do voluntariado” no Brasil: determinações econômicas e ideopolíticas
na atualidade. São Paulo: Cortez, 2010.
145
BONFIM, 2010, p. 79.
146
BONFIM, 2010, p. 72 e 74.
147
BONFIM, 2010, p. 45.
148
BONFIM, 2010, p. 88.
123
149
ALBUQUERQUE, 2006, p. 36.
150
ALBUQUERQUE, 2006, p. 37.
151
ALBUQUERQUE, 2006, p. 37.
152
ALBUQUERQUE, 2006, p. 38.
153
VIEIRA, 1994, p. 1.060.
154
Disponível no site <www.receita.fazenda.gov.br>, na “pesquisa de situação fiscal”, acesso em: 18
ago. 2019, às 20h.
124
nem atua em áreas que são próprias da prestação de serviços do Estado. Nasceu
antes do surgimento dos discursos sobre solidariedade propagados pela mídia e do
aparato jurídico-político brasileiro de apoio ao “voluntariado”. O surgimento do IIPC
parece estar mais relacionado à vontade de Waldo Vieira em formar um grupo
organizado a fim de dar prosseguimento às pesquisas sobre o tema da “experiência
fora do corpo”, do que como resultado dos aspectos citados pelos autores que
discutem terceiro setor no Brasil. Porém, o IIPC, assim como as demais
organizações do Terceiro Setor, beneficiou-se dos incentivos jurídico-políticos
citados anteriormente para o seu desenvolvimento.
1
FERRARO, Tânia (Org.). Catálogos de Pesquisa do IIPC. Rio de Janeiro: IIPC, 1998, p. 75.
2
OLIVEIRA, Nara R. O. de e SANTOS, Everton S. dos. Entrevista concedida em 17/05/2019 a
Cristiane Ferraro, Foz do Iguaçu.
3
Diagnóstico da Sociedade Intrafísica (Socin): pela sedução subliminar (p. 290), através da TV (p.
291), através dos jogos (p. 292), através do boxe (p. 293), através da guerra (p. 294), pelo consenso
adulterado (p. 295), através do bruxiário (p. 296).
4
VIEIRA, Waldo. 700 Experimentos da Conscienciologia. Rio de Janeiro: IIP, 1994, p. 435.
5
Segundo os documentos “CIAE: Centro Integrado de Auto-Estudo, a base física”, de 1995 (ROCHA,
Cíntia R. da; et al. Centro Integrado de Auto-Estudo (CIAE): a base física. Porto Alegre e Novo
Hamburgo, RS, 1995) e o “Informativo do Centro de Altos Estudos da Consciência”, ano 1, n. 1, de
1995, num texto sobre o breve histórico do CEAEC, informa que em setembro de 1994, houve no Rio
de Janeiro o II Encontro Nacional de GPC’s, ou seja, de todos os grupos de pesquisa do IIP, onde o
GPC-Socin Conscienciológica de Goiânia apresentou a minuta de uma proposta experimental de
escola conscienciológica. Devido a grande repercussão, foi agendado o I Encontro Nacional do GPC-
Socin sobre empresa conscienciológica-escola, em 5 e 6 de novembro de 1994, no Rio de Janeiro.
127
preciso, pegue uma linha de pesquisa", explica Everton Santos. Nara complementa:
“a Izabel foi, chegou lá, na hora que se distribuiu os temas, todo mundo foi pegando
os temas que interessava, e sobrou esse, ninguém quis esse.” Maria Izabel trouxe o
tema “num papelzinho, que ninguém nem entendia direito o que é que o Waldo tinha
anotado ali”. Era "Centro de Altos Estudos da Consciência (CEAEC) – a Sede, a
principal sede, o campus do IIP", comenta Nara.
A partir desse contexto, esse tópico ficou organizado em 5 subtópicos: 3.1.1 A
Pesquisa sobre o CEAEC; 3.1.2 Síntese dos Resultados da Pesquisa do CEAEC;
3.1.3 Doação do terreno em Foz do Iguaçu; 3.1.4 Elaboração e apresentação do
Plano Piloto do CEAEC; 3.1.5 Fundação da Cooperativa dos Colaboradores do IIP
(COOIIP).
6
Nara explicou que “a metodologia da pesquisa-ação, eu conhecia por causa da faculdade, mas
mesmo assim, foi uma professora do Nordeste, convidada que veio, senão eu não teria sabido disso,
então, enfim…”
7
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 11. Ed. São Paulo: Cortez, 2002, p. 14 e 16.
129
8
Os 5 volumes são os seguintes: I – Uma abordagem embasada no estudo de viabilidade; II –
Trajetória da pesquisa: registro dos dados coletados em atividades de grupo; III – Dinâmicas de
grupo: síntese dos dados coletados; IV – Trajetória da pesquisa: registro de dados coletados em
atividade individual (questionário); V – Anteprojeto. Os voluntários que têm seus nomes na folha de
rosto dos 5 volumes são: Cíntia R. da Rosa, Dinéa T. Nunes, Emília Madalena Berwanger, Everton
Souza dos Santos, Felipe Camargo Machado, Gustavo Coelho de Souza, José Amaro Krob, Jussara
Siqueira Gonçalves, Marcello Paskulin, Maria Cristina Bassanesi, Maria de Los Angeles M. C. Möbus,
Maria Izabel da Conceição, Mariana G. Francis, Nara Regina Oliveira, Thaís Rondam, Vilnei Gafree
Dias e Zilda Margarete S. Lucena.
130
9
ROCHA, Cíntia R. da; et al. Centro Integrado de Auto-Estudo (CIAE): a base física. Porto Alegre e
Novo Hamburgo, RS, 1995, p. 27, 28, 33, 39, 44-46, 50, 52 e 54.
131
10
“O que falta aos espaços físicos, onde funcionam as unidades do IIP?”; “Cite o necessário para o
CIAE funcionar em uma primeira etapa (o mínimo ideal)”; “E em situação ideal.”; e “Tendo em vista as
tarefas de assistencialidade, como e quais serão os locais para este fim?” (ROCHA et al., 1995, p.
33).
11
“Se você pudesse ir ao CIAE hoje, que tipo de lugar gostaria de encontrar?”; “O prédio, ou os
prédios desse complexo construtivo serão parecidos com o quê?”; “Quais sensações o complexo
deverá provocar ou inspirar?”; “Que idéias irá sugerir?”; e “Que características apresentará?”
(ROCHA et al., 1995, p. 36 e 39).
12
ROCHA et al, 1995, p. 44 e 45.
13
“De onde sairão os recursos financeiros para a sua construção? Que formas ou modelos de
viabilização econômico-financeira institucionais/legais existentes nesta Socin [Sociedade Intrafísica]
mais se aproxima dos princípios cosmoéticos?” (ROCHA et al., 1995, p. 48).
14
“Como os colaboradores contribuirão para gerar recursos?” (ROCHA et al., 1995, p. 51).
132
15
“Como serão prestados os serviços de manutenção da base física? (ROCHA et al., 1995, p. 53).
16
Vínculo consciencial é aquele exercido pelo trabalho voluntário, sem receber honorários em
instituição conscienciológica mediado pelo “Termo de Adesão”, em oposição ao vínculo empregatício
assalariado, legalizado em geral pela “Carteira de Trabalho” (VIEIRA, 1994, p. 318).
17
ROCHA et al., 1995, p. 57.
18
ROCHA et al., 1995, p. 57 e 58.
19
ROCHA et al., 1995, p. 58 e 59.
133
pesquisa foi apresentado. E a tal senhora de Foz do Iguaçu, Ivani Dall Agnol, estava
presente e “ela então se pronunciou dizendo que ela poderia doar, que ela tinha
noção de que ela tinha que usar esse terreno dela para fazer… para que ali
acontecesse uma grande coisa que ela não sabia bem o que é que era.” (Everton
Santos). De acordo com Nara, “ela tinha projeções recorrentes, ela saía do corpo,
ela tinha sonhos lúcidos, (...), de que aquele terreno tinha que ser usado para uma
coisa que seria importante, mas ela não tinha clareza do que era.”20
Segundo Everton Santos, a Ivani Dall Agnol “já tinha uma espécie de
anteprojeto, tinha alguma coisa, uma planta, ela tinha isso, já tinha isso.” Naquele
momento, Waldo Vieira “perguntou para ela se ela doaria então o terreno, se estava
desimpedida para doar terreno. E ela disse que sim, que doaria.” Vieira também
perguntou para ela “se ela estava disposta a abrir mão daqueles planos dela,
daquela planta, daquilo tudo, para fazer (...) o que eu estava lá apresentando
enquanto proposta, (...) ela disse que abria mão de tudo, estava tudo certo.”
Segundo Nara e Everton, a intenção deles era levar a pesquisa feita na região
Sul para todos os voluntários do IIP, “quanto mais gente, maior participação, melhor”
(Nara Oliveira), porém Waldo Vieira orientou que começasse a realizar o projeto. Ele
disse: "Olha, o negócio é o seguinte: se demorar muito, haverá intercorrências. Uma
coisa dessas é muito grande. Se isso for levado muito tempo, as intercorrências vão
surgir e vão atrapalhar o processo todo" (Everton Santos). Inclusive, sugeriu que
eles, mais os voluntários que estavam à frente do GPC-Socin no Rio de Janeiro,
fossem naquele momento para Foz do Iguaçu para ver o terreno: “E seria bom que
vocês aí, vocês, a Greice, o Tadeu fossem lá em Foz do Iguaçu, agora, ver o
terreno." Assim foi feito.
O encontro continuou. Everton conta que “Eu, Nara, Greice, Tadeu, o Osvaldo,
o Chico Mauro, um outro rapaz lá” foram as pessoas que vieram à Foz do Iguaçu21.
20
Esse acontecimento pode ser entendido sob a ótica do conceito de sincronicidade de Carl Jung.
Ele sugere que os fenômenos de sincronicidade devem ser pensados nos sonhos premonitórios e
nos pressentimentos (JUNG, Carl G. Memórias, sonhos, reflexões. Editadas por Aniela Jaffé.
Tradução de Dora Ferreira da Silva. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1963, p. 262). Jung afirma
que há indícios que mostram que uma parte da psique escapa às leis do espaço e do tempo. A prova
científica já foi amplamente divulgada pelas experiências de Joseph Rhine da Duke University de
Durham (USA). Inúmeros casos de premonições espontâneas, aliados a exemplos da própria vida de
Jung provam que às vezes, “a psique extrapola a lei da causalidade espaço-temporal.” (JUNG, 1963,
p. 264). Assim, as representações que temos do espaço, do tempo e da causalidade são
incompletas.
21
A vinda ao terreno da Ivani ficou registrada na “Ata da 1ª. Reunião CIAE”, disponível na Biblioteca
Internacional da Conscienciologia, no Holociclo (CEAEC). A ata é do dia 16/04/1995, às 11h20, sendo
134
considerada a 1ª. reunião na Chácara de Ivani em Foz do Iguaçu, com componentes dos GPCs Socin
Conscienciológica, Grinvex e Consciencioterapia com objetivo de avaliar o local para implantação do
ainda chamado CIAE – Centro Integrado de Auto Estudo. Estavam presentes na reunião: Everton
Souza de Santos, Nara Oliveira, José Tadeu Athayde, Greice Gomes Leal Athayde, Julio Cesar
Gonçalves Dias, Regina Maria Gonçalves Dias, Dalton Campos Roque, Andreia Lúcia da Silva, Ivani
Dall Agnol, Elizabeth Genedir Desclovi, Francisco Mauro, Osvaldo Dombrate Filho e Felipe Camargo
Machado. Nessa ata, há o registro de que “segundo Everton, somente a chácara de Ivani seria
pequena para o empreendimento do CIAE.” Ainda consta a seguinte intenção: “No início da obra será
priorizado o prédio que dará abrigo a biblioteca do professor Waldo Vieira para montar a Exposição
Permanente dos Artefatos do Saber.” Tal expressão “exposição permanente dos artefatos do saber”
se encontra grifada em caneta marca-texto de cor amarela no documento.
22
KOJUNSKI, Mariana. Papo Sério com Waldo Vieira. Revista 100 Fronteiras, Foz do Iguaçu, ano 9,
ed. 100, p. 35, jan. 2014.
23
O condomínio “Campo dos Sonhos” está localizado na rua Felipe Wandscheer, a 500m do CEAEC.
Os 71 lotes do condomínio foram vendidos para colaboradores e alunos do IIP. A Cooperativa dos
Colaboradores do IIPC (COOIIPC) foi a responsável pela administração do condomínio. O projeto do
“Campo dos Sonhos” foi aprovado em 1997 na forma de chácaras. Teve que aguardar até 2001
quando a COOIIPC liquidou suas dívidas e obteve a certidão negativa de tributos pagos para iniciar o
repasse das escrituras. No entanto, a legislação mudou e autorizou a divisão da área em lotes
individuais. Em função disso, o projeto anterior foi cancelado até a nova regularização, que foi
liberada em final de 2003. Em fevereiro de 2004, tiveram início as obras de infra-estrutura do
135
primeiras obras do CEAEC,” sendo que nesse meio tempo aconteceram várias
reuniões.
Sobre esse ponto, na publicação do CEAEC, revista Conscientia edição
comemorativa de 20 anos, Izabel Conceição 24 , presidente da cooperativa na
ocasião, fez um breve histórico da primeira gestão do CEAEC (1995–2002), e
menciona que o condomínio “Campo dos Sonhos” foi “o projeto que alavancou
substancialmente as obras edificadas no CEAEC, notadamente o Salão de Eventos,
atual Pavilhão das Dinâmicas Parapsíquicas, os Laboratórios de Autopesquisas
Conscienciais e a Holoteca.” Em suma, a doação do terreno, que por fim, acabou
sendo comprado, foi a linha de abertura para a construção do centro de pesquisa da
consciência.
condomínio (Fonte: PARO, Denise. Campos do Sonhos inicia obras de infra-estrutura. Jornal do
Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 8, n. 104, p. 4, mar. 2004).
24
CONCEIÇÃO, Izabel. Primeira Gestão do CEAEC. Revista Conscientia, p. 66, jul. 2015.
136
25
Encontrei essa carta nos arquivos do departamento financeiro do CEAEC em 16/08/2019, com a
autorização do secretário-geral do CEAEC, Fernando Barbaresco e com a ajuda de Fernanda
Schroeder, responsável pelo setor. A menção dos nomes foi autorizada pelos informantes.
26
LIMA, Jackson. Foz ganhará Centro de Altos Estudos da Consciência. A Gazeta do Iguaçu, Foz do
Iguaçu, p. 11, 18 jun. 1995. Dois dias antes também saiu uma notícia divulgando a palestra e o curso
que seriam ministrados por Vieira: INSTITUTO construirá moderno centro de estudos em Foz. A
Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, p. 02, 16 jun. 1995).
27
Foi encontrado uma notícia de jornal local com uma programação de evento semelhante a essa
realizada em junho/1995, porém nos dias 7 a 9 de setembro de 1995, no Hotel Internacional em Foz
do Iguaçu. No dia 07, uma visita ao terreno do CEAEC; no dia 08, uma apresentação pública do
projeto do CEAEC de 9h às 18h, e às 20h, uma palestra gratuita com Waldo Vieira; e no dia 9, um
curso ministrado por Vieira sobre evolução. Fonte: WALDO Vieira ministrará curso sobre evolução. A
Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 27, ed. 8.152, p. 09, 5 e 6 set. 1995.
137
30
Os nomes e as funções foram copiados da “Ata da Assembleia Geral de Constituição da
Cooperativa”, cuja cópia foi obtida nos arquivos do departamento financeiro do CEAEC.
31
Nesse primeiro estatuto social da COOIIP (ESTATUTO social da Cooperativa dos Colaboradores
do Instituto Internacional de Projeciologia, 15 jul. 1995, p. 4), a admissão do cooperado se dava pela
subscrição do pagamento das quotas-partes do capital social que “não pode ser inferior a 120 (cento
e vinte) quotas-partes, nem superior a 1/3 (um terço) do total subscrito em moeda corrente nacional”,
perfazendo um total de R$ 6.000,00 (seis mil reais), onde o cooperado pode integralizá-lo à vista ou à
prazo com 4 opções de pagamento. A cópia desse Estatuto, o primeiro do CEAEC como associação,
foi adquirido no setor financeiro do CEAEC. Todas as suas páginas encontram-se rubricadas pelos
colaboradores presentes na Assembleia. Essa cópia possui o selo da Junta Comercial do Estado do
Paraná, com a data de registro em 03/06/1996, sob o n. 960959807, protocolo n. 960959807.
139
32
Quase 1 ano e meio depois, o estatuto social sofreu algumas alterações, dentre elas, o tipo de
cooperativa que passou de trabalho empresarial para ser de pesquisa, ensino e extensão, segundo a
fonte do Informativo da COOIIP, Foz do Iguaçu, ano 2, n. 17, dez. 1996.
33
Interessante observar que o Estatuto Social de uma organização não é algo estático e reflete as
mudanças necessárias para otimizar a gestão de acordo com a experiência dos líderes
administrativos. No Estatuto Social da cooperativa alterado em 30 de setembro de 2000, observa-se a
140
36
GONÇALVES, Moacir Lima. Entrevista concedida em 18/04/2019 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
37
O informante faz referência ao formato do edifício que se assemelhava a letra “L”.
142
38
Pilar Alegre também é procedente de São Paulo e migrou para Foz do Iguaçu. Uma curiosidade
relatada por Alexander Steiner é que “o primeiro cadastro do Instituto começou lá por São Paulo, o
banco de dados do Instituto.” Comenta que “a Pilar, eu lembro, Pilar é número 8 do cadastro do
Instituto.” Questionei-o sobre como ele lembrava disso depois de tanto tempo. E ele respondeu:
“Nossa, esse cadastro, eu ficava com ele, para cima e para baixo, e ela como era pessoa já
conhecida nossa, eu sabia que ela era o número 8. Eu acabava vendo a numeração dela e acabei
gravando isso daí.” Alexander foi responsável pelo Centro de Processamento de Dados (CPD) do
IIPC por alguns anos e de modo recorrente se dizia que o cadastro de alunos e empresas do IIPC era
o maior bem institucional.
39
GONÇALVES, Moacir Lima. Entrevista concedida em 18/04/2019 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
40
Sobre esse marmitex, Everton Santos, que mudou para Foz do Iguaçu junto com Nara Oliveira, em
02 de fevereiro de 1996, recorda que “se comia as quentinhas, as quentinhas do Piu-piu; horríveis
mas era o que tinha. Estava bom.”
143
A construção do CEAEC teve início a partir da diretriz traçada pelo plano piloto.
Segundo Everton Santos, o que tinha previsto nesse plano piloto era “uma gráfica,
um hotel, uma sede administrativa, a Holoteca, lugar para fazer ECP1 e ECP2,
cursos de campo e um auditório; um grande auditório e tinha espaço para crescer,
salas de aula, basicamente era isso”.
O primeiro projeto que se pensou em implementar era a gráfica, pois o Moacir
tinha experiência na área, porém não deu certo. Depois se pensou em fazer o hotel,
onde é hoje o Salão de Eventos, depois chamado de Salão das Dinâmicas
Parapsíquicas 42 , Pavilhão das Dinâmicas Parapsíquicas e hoje nomeado de
Cognitarium. Então ali “a obra começou para virar o hotel”. Porém, nesse meio
tempo, “o Waldo diz: ‘Gente, vocês precisam fazer um caramanchão." Segundo
Everton, ele falou: "Tem que fazer um espaço aberto e coberto para as pessoas
confraternizarem. As pessoas vêm para cá, tem evento de lançamento da pedra
fundamental e as pessoas ficam aonde? Esse sol todo aqui.”
Assim, os arquitetos construíram 5 pequenos quiosques, que foram
transformados posteriormente em laboratórios. A ideia do quiosque “não funcionou
muito bem, porque o telhado era pequeno, o sol entrava por um lado, pegava por um
outro, a chuva entrava dentro, então (...) não atendeu a demanda que o professor
Waldo colocou. E aí eles foram aproveitados para laboratórios.”
41
Essas duas listagens foram conseguidas nos arquivos do setor financeiro do CEAEC, com
autorização do secretário-geral atual Fernando Barbaresco (Ano-base: 2019) e a responsável do
setor, Fernanda Schroeder. A menção dos nomes foi autorizada pelos informantes.
42
Dinâmica parapsíquica é a atividade realizada em grupo, no mesmo horário e local semanalmente,
com objetivo de promover a desenvoltura bioenergética e parapsíquica (percepções extrassensoriais)
assim como a interassistencialidade (ajuda mútua) por meio das energias às pessoas presentes e às
pessoas ou consciências que passaram pela morte biológica, coordenada por um ou mais
professores com domínio bioenergético (Ref.: GONÇALVES, Moacir. & SALLES, Rosemary.
Dinâmicas Parapsíquicas. Foz do Iguaçu: Editares, 2011, p. 47).
144
A ideia do hotel também não foi para frente, por que? “Onde se fariam os
eventos, os cursos? Então, a ideia do hotel, o prédio que era para ser o hotel,
começou a ser visto como sendo um salão de eventos e assim foi, funcionou até…”
Na verdade, funciona até hoje para eventos 43 , em especial, para a atividade da
“dinâmica parapsíquica” e também como sede de duas outras instituições
conscienciocêntricas menores e mais novas que o CEAEC.
Everton lembra que esse prédio era “um grande salão aberto sem divisória
nenhuma e os banheiros, então ali aconteciam todos os eventos, cursos, tudo,
convenção do Instituto44 (...). Enfim, o professor Waldo vinha para cá e dava curso, e
tudo acontecia ali no salão de eventos.”
Moacir recorda que “o primeiro ECP2, que teve aqui, quando fez o salão de
eventos, (...) a gente colocava saco de coisa no pé, amarrava para poder não sujar a
roupa, porque era só barro”. Devido à chuva, “tivemos que empurrar o ônibus, para o
ônibus sair daqui porque ele atolou ali. Era assim. Tudo assim. Uma dificuldade
danada. Hoje, tudo asfalto, tudo bonitinho [riso].”
A inauguração da primeira edificação do CEAEC, esse “salão de eventos com
capacidade para 800 pessoas” foi notícia no “Gazeta do Povo”, periódico do Estado
do Paraná, anunciando o evento da II Convenção Internacional do IIPC, de 11 a 22
de dezembro de 1996.45
Então o que é que existia? “Existia este salão, os quiosques que viraram os
cinco primeiros laboratórios, a casa inicial da Ivani que virou a administração do
Ceaec e que virou escritório de arquitetura, a garagem deles que virou a (...)
Holotequinha”. Everton e Nara chamavam esse espaço da garagem de
“Holotequinha”, pois foi ali que o material das coleções de livros, conchas, moedas,
entre outras, pertencentes ao Waldo Vieira e doadas por ele ao CEAEC, começaram
a ser guardadas.
43
A banca de qualificação do projeto de doutorado dessa autora foi realizada em uma das salas
desse “Salão de Eventos”, no CEAEC, por sugestão do orientador Valdir Gregory, em 04/08/2017.
44
A I Convenção Internacional do IIP foi realizada nos dias 15, 16 e 17 de dezembro de 1995 no
Hotel Carimã, em Foz do Iguaçu (Fonte: REUNIÃO geral IIP-1995. Informativo da COOIIP, Foz do
Iguaçu, ano 1, n. 4, edição extra, p. 2, de nov. 1995). A II Convenção Internacional do IIPC foi
realizada em 11 a 22 de dezembro de 1996, inaugurando as atividades do CEAEC. Ocorreu no salão
de eventos, tendo atraído em torno de 400 pessoas (Fonte: II CONVENÇÃO na história do CEAEC.
Informativo da COOIIP, Foz do Iguaçu, ano 2, n. 17, p. 2, dez. 1996).
45
FOZ do Iguaçu ganha centro para pesquisa. Gazeta do Povo, Curitiba, p. 36, 10 dez. 1996.
145
Em seguida, “foi o chiqueiro, esse chiqueiro foi aumentado, feito refeitório 46”
(Everton Santos). Nara relembra que “as pessoas vinham e ficava todo mundo na
garagem, antes do prédio estar construído. Ficava-se na garagem, as reuniões eram
naquela garagem, era tudo muito precário, muito precário.”
Depois, “se fez o Village47, se fez os outros Laboratórios e se fez o prédio da
Holoteca 48 . Isso foi a primeira fase” 49 (Everton Santos). O Village ou a Casa do
Pesquisador, como é chamado, é uma pequena hospedaria com 20 quartos, que,
nessa fase inicial do CEAEC administrado pelo sistema de coooperativa, era
composto por 4 leitos em cada quarto e um banheiro por quarto. Foi inaugurado com
a realização do curso “Sensibilização Energética”50, ministrado por Waldo Vieira, de
caráter teórico-prático. Este curso ocorreu no CEAEC e em locais pré-determinados:
nas Cataratas do Iguaçu, no Paraguai e na Argentina.
O plano piloto “foi modificado, alguns diriam que ele foi evoluído, transformado.
A Holoteca, que inicialmente estava prevista para ser no centro, foi lá para baixo.”
(Everton Santos). Nara explica que hoje aonde é o prédio do Holociclo e da Holoteca
estava prevista a realização dos cursos de campo, como por exemplo ECP2. “O
fulcro ou o eixo mentalsomático do projeto que era Holoteca e Holociclo ficavam no
centro de tudo”, ou seja, onde está hoje o Megálito da Paz.
Nara continua expondo que “aqueles quiosques à volta inviabilizaram essa
realidade, aquilo não saiu do jeito que se queria, fizeram o prédio lá embaixo”. No
entanto, com tempo, tudo se ajeitou, “porque aí se comprou os terrenos do lado de
cá, onde nós estamos aqui, agora, por exemplo no chalé, e se você olhar de lá até
aqui, a Holoteca está no centro.” A Holoteca acabou ficando no centro geográfico
46
No Jornal do CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 3, n. 31, p. 4, fev. 1998, na nota “Estrutura de apoio à
Pesquisa” cita o restaurante para 70 pessoas e a cozinha industrial que funcionava durante os
eventos.
47
O Village ou a Casa do Pesquisador como era chamado tinha como previsão de inauguração o
mês de dezembro de 1997 (Fonte: “RESEARCHER’S House” no CEAEC. Informativo do CEAEC, Foz
do Iguaçu, ano 3, n. 27, p. 4, out. 1997).
48
O prédio da Holoteca foi inaugurado em 01 de janeiro de 2000, (Fonte: EXALTAÇÃO do saber.
Jornal do CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 5, n. 54, p. 1, jan. 2000) ou seja, 4 anos e meio após a
chegada do Moacir. A holoteca foi tema de matéria do jornal “O Estado do Paraná” (KONIG, Mauri.
Foz tem o 1º. Spa do autoconhecimento. O Estado do Paraná, Curitiba, ano 49, n. 14.781, p. 4, 28
maio 2000).
49
No ano de 1996, foram construídas 13 edificações no terreno do CEAEC: o salão de eventos, 5
pavilhões ou quiosques, o marco zero, fossa e sumidouro, 3 observatórios: do rio Tamanduzinho, o
de pássaros e o bioenergético e um depósito para guardar livros e materiais (Fonte: CEAEC entra em
97 no ritmo da pesquisa. Informativo da COOIIP, Foz do Iguaçu, ano 2, n. 16, p. 3, nov. 1996).
50
O curso “Sensibilização Energética” teve duas turmas seguidas em: 23 a 28 de dezembro de 1997
e de 30 de dezembro a 04 de janeiro de 1998 (Fonte: PARO, Denise. BIPRO, Rio de Janeiro, v. 4, n.
10, p. 8, dez. 1997).
146
51
VIEIRA, Waldo. Temas da Conscienciologia. Rio de Janeiro: IIPC, 1997b, p. 228.
52
VIEIRA, Waldo. Manual da Dupla Evolutiva. Rio de Janeiro: IIPC, 1997a, p. 207.
148
53
VIEIRA, 1997b, p. 228 e 229.
54
VIEIRA, 1997b, p. 229 e 230.
149
55
Em setembro de 1997, foi inaugurada uma casa de 45 m2 construída para que Waldo Vieira
pudesse permanecer mais tempo no CEAEC (Fonte: CONSTRUINDO o CEAEC. Informativo do
CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 2, n. 24, p. 4, jul. 1997). Em dezembro de 1998, essa casa foi reformada
para fazer uma ampliação e melhorias, como por exemplo no teto que recebeu revestimento de
camada de isopor, promovendo maior proteção térmica, reduzindo a temperatura interior (Fonte:
ENTERPRISE mais aconchegante. Jornal do CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 4, n. 42, p. 4, jan.1999).
150
56
Vidas sucessivas ou serialidade existenciais (sériexis) são expressões propostas pela
Conscienciologia para abordar o tema das vidas passadas, da presente e das vidas futuras. A
Conscienciologia propõe que a pessoa já teve múltiplas vidas passadas e terá diversas vidas futuras,
formando séries existenciais. Tais expressões visam substituir a palavra “reencarnação”, por julgá-la
inadequada, uma vez que a consciência “não fica presa à carne” quando nasce. (VIEIRA, Waldo.
Projeciologia. 4. ed. rev. e amp. Rio de Janeiro: Instituto Internacional de Projeciologia e
Conscienciologia, 1999, p. 921).
57
VIEIRA, Waldo. Balneário bioenergético. Revista Conscientia, Foz do Iguaçu, v. 3, n. 4, p. 201-225,
out./dez., 1999.
58
BOUCHARDET, Roberta. Laboratórios do CEAEC: ferramentas avançadas para a autopesquisa.
Revista Conscientia, Foz do Iguaçu, p. 150-156, jul. 2015.
151
Fonte: http://www.clickfozdoiguacu.com.br/foz-iguacu-noticias/23-razoes-para-voce-
conhecer-a-Conscienciologia-em-foz - acesso em: 13 jan. 2016.
63
APPOLINÁRIO, Fabio. Dicionário de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2004, p. 92 e 121.
64
APPOLINÁRIO, 2004, p. 92.
153
65
Fonte: CEAEC promove cursos avançados. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 10, n. 3.068,
p. 10, 03 jan. 1999.
66
TURISTAS buscam autoconhecimento. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 80, n. 25.279, p. 12, 01 jan.
1999.
67
CENTRO pesquisa elementos da consciência: Foz conta com uma universidade de estudos da
consciência. O Paraná, Cascavel, ano XXIII, n. 7.378, p. 22, 03 dez. 2000.
154
68
Informações sobre a UPF do IIPC foram obtidas no documento chamado “Utilidade Pública
Federal” organizado pela voluntária Cristina Arakaki, assessoria jurídica do IIPC na ocasião e
disponibilizada cópia pelo setor financeiro e pelo secretário-geral do CEAEC. Assim como, por meio
de esclarecimento por e-mail fornecido pela voluntária Lane Galdino, responsável pelo Conselho de
Interassistência Jurídica da Conscienciologia (CIAJUC), órgão da UNICIN (União das Instituições
Conscienciocêntricas Internacionais) (Ano-base: 2019). A menção do nome foi autorizada pela
informante.
69
As fontes de pesquisa sobre o curso Conscienciologia Aplicada, a cooperativa Teática e
associação Aracê foram: CEAEC cria cooperativa Teática. Jornal do CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 5,
n. 56, p. 4, mar. 2000; TEÁTICA: Tecnologia da reurbanização. Revista Conscienciologia Aplicada,
Foz do Iguaçu-PR/Venda Nova do Imigrante-ES, ano 1, n. 3, p. 10-14, ago. 2001; INAUGURAÇÃO da
Associação Aracê. Revista Conscienciologia Aplicada, Foz do Iguaçu-PR/Venda Nova do Imigrante-
ES, ano 1, n. 3, p. 15-16, ago. 2001.
70
CONCEIÇÃO, 2015, p. 65.
71
Fonte: jornal interno do IIPC, chamado “IIPC NEWS – o jornal da comunidade conscienciológica”.
(Fonte: IIPC ganha mais território no Brasil. IIPCNews, Rio de Janeiro, ano 2, n. 7, p. 3, set., out. e
nov. 2000). Interessante observar que esse jornal interno do IIPC foi criado em abril de 1999 e seu
nome era somente “IIPC@News”. A partir do segundo número, em junho de 1999, o título era “IIPC
News – O Jornal do Colaborador” e no número 5, ano 2, de março a maio de 2000, o título passou a
ser “IIPC News – o Jornal da Comunidade Conscienciológica”. No editorial, o diretor administrativo
João Bonassi cita que esse jornal é “mais um serviço que o IIPC presta a toda Comunidade
155
Conscienciológica (...), aqueles que se interessam pelas ideias da Conscienciologia transmitidas pelo
Instituto”. Esse título permaneceu até o número 12 do IIPC News, quando houve mudança do editor
responsável. Essa foi a primeira vez que encontrei a expressão “comunidade conscienciológica” em
destaque nos documentos da Conscienciologia.
72
Fonte: MACIEL, Zé Beto. Guia buscará integração no Pólo Iguassu. A Gazeta do Iguaçu, Foz do
Iguaçu, ano 13, n. 3.824, p. 28, 08 jun. 2001.
73
“A efetiva implantação do campus Aracê ocorreu em 14 de setembro de 2001, com a concessão,
em comodato, por 50 anos de um terreno com 11.815 m2, para a Associação administrar, construir e
manter a referida instituição conscienciocêntrica” (Fonte: ASSOCIAÇÃO completa 3 anos. Jornal da
ARACÊ, Venda Nova do Imigrante/ES, ano 2, n. 13, p. 1, abr. 2004). O terreno foi cedido por uma
voluntária do CEAEC. O nome Aracê provém do maior distrito do município de Domingos Martins, no
estado do Espírito Santo. O termo Aracê é de origem tupi que significa amanhecer, aurora (Fonte:
FREQUENTLY Asked Questions – F.A.Q. Jornal da ARACÊ, Domingos Martins, ano 6, n. 54, p. 2,
set. 2007).
156
cooperativas que fossem sendo criadas a partir de então, ou seja, “funcionar como
incubadora de projetos e cooperativas, portanto preparada para a capacitação
pessoal em administração consciencial”74. Assim, a partir do sucesso dos projetos
da Teática-Foz, em 2001, foram criadas “Teáticas” em São Paulo (SP) e em Venda
Nova do Imigrante (ES).
A forma do grupo da ARACÊ trabalhar se dava através das chamadas reuniões
técnicas, atividade desenvolvida na época da construção do CEAEC, nas quais
prevalecia a expertise dos profissionais da área que estivesse em pauta para
75
discussão . Já na ARACÊ, as reuniões técnicas foram denominadas de
“plenárias” 76. Para tanto, foram inauguradas, em dezembro de 2001, construções
com arquitetura arredondada chamadas justamente de “plenárias”.
Também foram previstas construções para moradia dos colaboradores, com
base na experiência do CEAEC, chamadas de “basecon” ou base
conscienciológica 77 , sendo que no ARACÊ, a previsão era de 24 kitinetes, uma
planta única para todas as moradias, sendo que o “inquilino” antecipava o aluguel da
sua futura “basecon”, que seria construída com esse dinheiro e isto lhe daria o
direito de morar no imóvel por um determinado período de tempo.
Assim, a partir de 2002, cooperados da Teática e associados da ARACÊ
começaram transferir residência para Venda Nova do Imigrante (ES) provenientes
de várias cidades brasileiras, chegando a ter 31 pessoas nesse município em abril
de 200278. Além da construção das plenárias e da “basecon”, também foram feitas
edificações para laboratórios.
Domingos recorda-se da sua primeira visita à ARACÊ. “Eu fui o primeiro a ir lá
em ARACÊ, praticamente (...), a Greice e o Tadeu me levaram lá: ‘Vamos te levar
74
Fonte: INAUGURAÇÃO da Associação ARACÊ, Revista Conscienciologia Aplicada, Foz do
Iguaçu/Venda Nova do Imigrante, ano 1, n. 3, p. 16, ago. 2001.
75
CONCEIÇÃO, 2015, p. 63.
76
Fonte: PLENÁRIAS da Conscienciologia Aplicada. Revista Conscienciologia Aplicada, Foz do
Iguaçu/Veda Nova do Imigrante, mar ano 1, n. 1, p. 4, 2001.
77
Segundo Alexandre Balthazar (2015, p. 23), um dos arquitetos que elaborou o plano piloto do
CEAEC, e registrou suas memórias na edição comemorativa de 20 anos do CEAEC na revista
Conscientia, a proposta de “basecon” da ARACÊ foi inspirada na experiência de “basecon” do
CEAEC, que por sua vez tem suas raízes em uma experiência de um grupo de voluntários do IIP que
alugou um grande apartamento no centro de Florianópolis, o que ajudou no suporte das atividades da
Conscienciologia nessa localidade (BALTHAZAR, Alexandre. Campus CEAEC: História e
Prospectiva. Conscientia, Foz do Iguaçu, p. 19-44, jul. 2015).
78
Fonte: COLABORADORES mudam-se para Venda Nova do Imigrante. Revista Conscienciologia
Aplicada, Venda Nova do Imigrante/Foz do Iguaçu, ano 2, n. 4, p. 17, abr. 2002.
157
para um local que você não vai esquecer’. Aí então, dormi na casa deles.” Lá era
“um dos céus mais bonitos que eu já vi. (...) Eu vi os meteoritos, aquela nebulosa...”
Depois dessa vez, Domingos comenta “eu não sei como é que está, eu não
voltei mais para ARACÊ. Logo em seguida, a Solange ficou grávida, nós ficamos
grávidos, e aí...” sua vida seguiu novos rumos. Nesse subtópico, pode-se observar o
surgimento da ARACÊ como fruto do know-how adquirido pelos voluntários pioneiros
do CEAEC.
3.2.5 Migração de Waldo Vieira para Foz do Iguaçu e suas últimas viagens ao
Exterior
Novos ventos iriam soprar com a vinda de Waldo Vieira para o CEAEC. Vieira
procurou dar encaminhamento às últimas pendências relacionadas à administração
do trabalho da Conscienciologia no Exterior até se fixar em Foz do Iguaçu de vez.
Enquanto estava ocorrendo esse movimento de parte dos voluntários do
CEAEC para o Estado do Espírito Santo, em julho de 2000, Waldo Vieira transferiu
residência do Rio de Janeiro para Foz do Iguaçu com sua esposa. Tal iniciativa foi
possível uma vez que ele havia deixado o cargo de presidente do IIPC em dezembro
de 1999, tendo escolhido Alexander Steiner para substituí-lo79.
A respeito da sua mudança, Vieira assim se pronunciou: “Quando chegou o
ano 2000, deixei de viajar e vim para cá, com o objetivo de impulsionar o trabalho”80.
Na verdade, Vieira ainda chegou a fazer quatro itinerâncias dando palestras e
cursos no Exterior, uma no segundo semestre do ano 2000 que estava previamente
agendada, duas em 2001 e a quarta em maio de 2002 para o 3º. Congresso
Internacional de Conscienciologia, em New York (USA).
Na viagem realizada no segundo semestre de 2000, Vieira, junto com
colaboradores brasileiros e europeus, fundou a primeira instituição da
Conscienciologia no Exterior, a International Academy of Conscientiology (IAC), em
Portugal, no dia 28 de outubro de 200081. Tal evento ficou registrado em periódico
português82.
79
Fonte: O NOVO presidente do IIPC. IIPC News: o jornal da comunidade conscienciológica. Rio de
Janeiro, ano 2, n. 5, p. 1 e 5, mar. a maio 2000.
80
KOJUNSKI, 2014, p. 35.
81
De acordo com o informativo “IAC TODAY” (Lisboa, ano 1, n. 1, dez. 2000), a assembleia de
fundação foi no dia 28/10/2000, com a aprovação do estatuto social da cooperativa, durante o curso
158
“ECP3 – Extensão em Conscienciologia e Projeciologia 3”, com a presença de 190 pessoas. Nesse
momento, 75 pessoas tornaram-se cooperados. No dia 22/10/2000, foi feito um ato solene de
inauguração no terreno adquirido para a IAC, na localidade de Évoramonte, em Portugal.
82
Fonte: LOURENÇO, Nuno Sá. O Alentejo noutra dimensão. Público, Lisboa, ano 11, n. 3.871, p.
23, 22 out. 2000.
83
Informações sobre o IIPC no Exterior estão disponíveis nas páginas finais 221 a 223 do livro
“Temas da Conscienciologia”, de Waldo Vieira, publicado em 1997, pelo IIPC. Essas informações
também foram encontradas no encarte “Unidades Internacionais do IIPC”, integrante do “BIPRO –
Boletim do IIPC”, Rio de Janeiro, v. 4, n. 10, dez. 1997.
84
Fonte: PORTUGAL liberta energias positivas. Correio da Manhã, Lisboa, ano XXIII, n. 8.022, p. 13,
4 maio 2001.
85
Essa vivência inesperada e trágica do “11/09” foi mencionada no jornal “IIPC News” (Fonte: 11th
SEPTEMBER. IIPC NEWS, Ipanema/RJ e Foz do Iguaçu, ano 3, n. 12, p. 11, dez. 2001 a fev. 2002).
86
FERRARO, Cristiane. ARAKAKI, Kátia. Histórico das Tertúlias conscienciológica. Revista
Conscientia, Foz do Iguaçu, vol. 16, n. 4, p. 355-373, out./dez. 2012. p. 361.
159
87
Fontes: 3º. CIPRO: congresso Internacional de Projeciologia e Conscienciologia. IIPC News, Rio de
Janeiro e Foz do Iguaçu, ano 4, n. 13, p. 6 e 7, abr. 2002 e IAC epicentrará, com transparência e
dinamismo, atividades em 7 países. IIPC News, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu, ano 4, n. 14, p. 11,
ago. a nov. 2002.
88
O grupo de pessoas do GPC-Socin do RJ dedicado à aquisição de uma sede própria para o IIPC
no Rio de Janeiro começou a funcionar a partir de 20 de junho de 1997, na sede-matriz. Nessa
ocasião, existiam outros grupos de pesquisa “Socin” em Belo Horizonte, Fortaleza, Londrina, São
Paulo e Salvador (Fonte: EDITORIAL. CAMPUS-IIPC – Informativo do GPC-Socin do IIPC, Rio de
Janeiro, vol. 1, n. 1, p. 1, maio 1998). A primeira fase do projeto previa a compra da sede própria em
Ipanema, no RJ para a sede-matriz e segunda fase previa um campus semelhante ao CEAEC (Fonte:
COMPRA da sede própria. Informativo CAMPUS-IIPC, Rio de Janeiro, vol. 1, n. 2, p. 1, jul.1998). A
compra da sede própria na zona sul carioca foi realizada no bairro da Barra da Tijuca, no shopping
Downtown em outubro de 2000 com recursos levantados por meio de quotas pagas pelos voluntários
e alunos, além de doações. Porém, tal empreendimento foi vendido na ocasião da mudança da sede
do IIPC para Foz do Iguaçu em 2004 (Fontes: O PROJETO Campus adquire o 1º. Imóvel do IIPC na
cidade do Rio de Janeiro. IIPC News, Rio de Janeiro, ano 2, n. 8, p. 3, dez. a fev. 2001; e
DIRETORIA IIPC. Sede mundial muda para Foz. IIPC News, Rio de Janeiro, ano 6, n. 18, dez. 2003 a
mar. 2004).
89
Fonte: CAMPUS-IIPC. BIPRO – Boletim do IIPC, Rio de Janeiro, v. 5, n. 12, p. 2, ago. 1998.
90
Fontes: VOLUNTÁRIO inauguram o CIC – Campus Internacional da Conscienciologia, Saquarema-
RJ, Brasil. IIPC News, Rio de Janeiro/Foz do Iguaçu, ano 4, n. 13, p. 11, abr. 2002; e CAMPUS-IIPC.
BIPRO – Boletim do IIPC, Rio de Janeiro, v. 5, n. 12, p. 2, ago. 1998 e no “Portfólio de Cursos do
IIPC” (2013), documento ilustrado de divulgação institucional.
160
91
O documento com esse título explica o processo da modificação estatutária de cooperativa para
associação no CEAEC. Foi obtido no setor financeiro do CEAEC com autorização da responsável do
setor e do secretário-geral do CEAEC (Ano-base: 2019).
161
92
As informações obtidas para esclarecimento desse apêndice A (a transformação do CEAEC em
associação) foram obtidas e autorizadas por e-mail pela voluntária Lane Galdino, responsável pelo
Conselho de Interassistência Jurídica da Conscienciologia (CIAJUC), órgão da UNICIN (União das
Instituições Conscienciocêntricas Internacionais) (Ano-base: 2019). A menção do nome foi autorizada
pela informante.
93
ESTATUTO Social da Associação do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia - CEAEC, 23
jul. 2002, p. 4-11. 14 p. A cópia desse Estatuto, o primeiro do CEAEC como associação, foi adquirido
no setor financeiro do CEAEC. Todas as suas páginas encontram-se rubricadas pelos voluntários
presentes na Assembleia. Essa cópia não possui o selo de Registro de Títulos e Documentos e Civil
das Pessoas Jurídicas.
162
94
ESTATUTO, 2002, p. 4-11. Esse Estatuto de 2002 passou por modificações em Assembleias nos
anos de 2003, 2005, 2008, 2016 e 2017. No Estatuto Social da Associação do CEAEC (2017, p. 5),
depois de 15 anos, observa-se a junção de 2 Comitês reduzindo a estrutura para 5 órgãos sociais,
além da exclusão de duas coordenações: editorial e de infra-estrutura, e a criação de uma
coordenação de vendas. Sobre a coordenação editorial, das suas 6 funções, 5 deixaram de existir.
Para dar apenas o exemplo de uma função, o house-organ do CEAEC transformou-se no jornal da
Cognópolis, ou seja, do bairro e não apenas de uma instituição. O que continuou foi a produção da
revista Conscientia. As funções da coordenação de infra-estrutura foram alocadas na coordenação
administrativa do campus CEAEC (Fonte: ESTATUTO social da Associação Internacional do Centro
de Altos Estudos da Conscienciologia – CEAEC, de 21 abr. 2017. 13 p. Este documento possui o selo
do Registro de Títulos e Documentos e Civil das Pessoas Jurídicas em Foz do Iguaçu, sob n.
0012500, registrado sob o n. 0035167 e averbação n. 35 no livro A-413, sob as folhas 022/067, de 04
jul. 2017.
95
Essa proposta do Colegiado Gestor parece ter perdurado ao menos nas duas primeiras gestões da
Associação CEAEC (2002 a 2008), e foi gradualmente perdendo a força, pois hoje, no ano de 2019, o
colegiado gestor não está mais em funcionamento na Associação CEAEC. Essa constatação tem
como base os relatos das experiências administrativas dos secretários-gerais de 2002 até 2015 na
revista Conscientia (jul. 2015) e um artigo “Paradireito e gestão participativa conscienciocêntrica” da
voluntária que participou na implantação do colegiado gestor, Cristina Arakaki, na revista Conscientia,
Foz do Iguaçu, vol. 10, n. 4, p. 352-360, de out./dez. de 2006. Disponível em:
http://www.ceaec.org/index.php/conscientia/article/view/131/140. Acesso em: set. 2019.
96
Fonte para elaboração desse subtópico: FERRARO, Cristiane. ARAKAKI, Kátia. Histórico das
Tertúlias conscienciológica. Revista Conscientia, Foz do Iguaçu, vol. 16, n. 4, p. 355-373, out./dez.
2012.
164
97
Os voluntários começaram a apresentar seus verbetes no Tertuliarium, a chamada “defesa do
verbete”, a partir de 02 de setembro de 2010. Desde então, ficou sendo alternado um bloco de
verbetes de Waldo Vieira e um bloco de verbetes dos voluntários, até o dia 12 de abril de 2012,
aniversário de 80 anos de Vieira, quando ele apresentou o último verbete pessoal para a
“Enciclopédia da Conscienciologia” (FERRARO; ARAKAKI, 2012, p. 369).
98
FERRARO; ARAKAKI, 2012.
165
99
Fonte: GODOY, Mayara. Foz do Iguaçu ganha auditório circular de 360º. A Gazeta do Iguaçu, Foz
do Iguaçu, ano 21, n. 6.122, p. C1, 01 dez. 2008.
100
O Círculo Mentalsomático é atividade semanal, com entrada gratuita, sem pré-requisitos, com
duração de 1h45 minutos, com objetivo de debater conceitos, teorias e hipóteses da Conscienciologia
(Fonte: TELES, Mabel. Benesse intelectual. In: FREIRE, Carmen. ALMEIDA, Nazaré. SALLES,
Rosemary. (Orgs.). Círculo Mentalsomático. Volume I: encontros 01 a 10, período de 07 de abril a 09
de junho de 2012. Foz do Iguaçu: Epígrafe, 2019, p. 10).
166
Em paralelo a esse processo das tertúlias, que culminou com mais uma
edificação no campus CEAEC, desde dezembro de 1999, teve início a instalação de
um monumento a partir da entrada do Holociclo, departamento que divide o espaço
do edifício com a Holoteca. O monumento é a Aleia dos Gênios da Humanidade,
uma exposição permanente de bustos de personalidades consideradas
extraordinárias pelas suas contribuições para evolução da Humanidade.
Em 06 de junho de 2002, foi inaugurada essa Aleia Genial com 20 bustos,
dentre eles, o físico alemão Albert Einstein (1879–1955), o inventor brasileiro Alberto
Santos Dumont (1873–1932), o filósofo e taumaturgo grego Apolônio de Tiana (2
AEC–98), o filósofo grego Sócrates (469–399 AEC), o filósofo grego Platão (429–
347 AEC), o psiquiatra e psicólogo suíço Carl Jung (1875–1961), a enfermeira
britânica Florence Nightingale (1820–1910) e a física e química polonesa Marie
Curie (1867–1934), dentre outros.
A inauguração fez parte do calendário oficial de aniversário da cidade,
comemorado no dia 10 de junho. Na inauguração, estiveram presentes voluntários
do CEAEC e autoridades locais, tais como a presidente da Fundação Cultural,
Rosicler Prado e a secretária de Controle e Negócios Jurídicos, Maria Letícia Fiala
representando a prefeitura e o vereador Djalma Pastorelo, pela Câmara de
Vereadores.
Na figura 9, observa-se a Aleia dos Gênios da Humanidade, no trecho que liga
o caminho do Holociclo até o Tertuliarium.
101
Fontes documentais desse subtópico: CENTRO de Altos Estudos da Consciência (Holoteca /
Holociclo). Aléia dos Gênios da Humanidade. Catálogo. Org. Ivanilda Fernandes. Org. de texto Graça
Razera. Foz do Iguaçu, PR: Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (CEAEC), 2002, p. 21;
VALIENTE, Daniela. No caminho com os Gênios da Humanidade, A Gazeta do Iguaçu. Foz do
Iguaçu, ano 14, n. 4.150, p. 18 e 19, 05 de jun. 2002; e ALÉIA é inaugurada para comunidade, Jornal
do CEAEC. Foz do Iguaçu, ano 7, n. 83, p. 1, jun. 2002.
167
3.3.4 Acoplamentarium
102
Fonte: INAUGURAÇÃO da Galeria da Lógica, Jornal do CEAEC. Foz do Iguaçu, ano 10, n. 120, p.
5, jul. 2005.
103
BUONONATO, Flavio. Anuário da Conscienciologia 2013. Foz do Iguaçu: Editares, 2014, p. 73.
168
104
O curso “Pilares do Parapsiquismo” tinha a duração de 2 anos, com 8 módulos trimestrais, com
professor Waldo Vieira e equipe de voluntários, cujo objetivo era o desenvolvimento da inteligência
parapsíquica, a fim de alcançar e manter a saúde consciencial (Fonte: PILARES do Parapsiquismo.
Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 08, n. 88, p. 2, nov. 2002).
105
“Há mais de 40 anos, Vieira já tinha a pretensão de criar um laboratório grupal para desenvolver o
o acoplamento áurico através de formação de campos energéticos” (Fonte: MONTEIRO, Cláudio;
NONATO, Alexandre; Acoplamentarium desenvolverá parapercepções; Jornal do Campus CEAEC;
Foz do Iguaçu, ano 08, n. 88, p. 1, nov. 2002).
106
Fonte: MACHADO, Daniel; NONATO, Alexandre. Acoplamentarium: primeiro laboratório coletivo
do CEAEC. Jornal do Campus da Conscienciologia, Foz do Iguaçu, ano 8, n. 87, p. 1, out. 2002.
107
MONTEIRO; NONATO, 2002, p. 2.
108
Fonte: MACHADO, Daniel; NONATO, Alexandre. O que é o Acoplamentarium? Jornal do Campus
CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 8, n. 94, p. 2, maio 2003.
109
Fonte: SOUTO, Judite. & OLIVEIRA, Nilse. Eventos do CEAEC. Revista Conscientia, p. 212, jul.
2015.
169
110
O Paradireito é uma especialidade da Conscienciologia dedicada ao estudo do conjunto de
normas, princípios e leis das manifestações conscienciais a partir da vivência da fraternidade mais
ampla, considerando tanto as pessoas nesta dimensão material quanto às outras pessoas em
dimensões mais sutis, extrafísicas (Fonte: VIEIRA, Waldo. Enciclopédia da Conscienciologia. 3. ed.
Foz do Iguaçu: Editares, 2007, p. 1.634. 2 v.).
170
111
Um detalhamento sobre a territorialidade conscienciológica foi realizada em artigo de minha
autoria com o orientador Valdir Gregory, apresentado e publicado nos anais do IX Seminário Estadual
de Estudos Territoriais (IX SEET) / I Seminário Internacional de Estudos Territoriais (I SIET), realizado
em Foz do Iguaçu, Paraná, em 27 a 29/06/2017. A partir do convite da Editora Atena, tal artigo foi
publicado como capítulo no livro “A Geografia na Contemporaneidade 2”, organizado por Ingrid
Aparecida Gomes, no final de 2018, cujo título era “Territorialidade conscienciológica: caracterização
de um fluxo migratório fronteiriço”.
112
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993, p. 162.
172
113
RAFFESTIN, 1993, p. 160-161.
114
RAFFESTIN, 1993, p. 144.
115
RAFFESTIN, 1993, p. 143.
116
CONCEIÇÃO, 2015, p. 68.
117
BALTHAZAR, 2015, p. 19.
118
ATHAYDE, Greice. Como surgiu o CEAEC. Revista Conscientia, Foz do Iguaçu, p. 16, jul. 2015.
173
o primeiro grupo que chegou lá. Tadeu Athayde, Osvaldo Dombrate, Izabel
Conceição, Alexandre Balthazar, Wildenilson Sinhorini, Bernardo Farina, Amaro
Krob e eu.”
De modo mais objetivo, na revista “Conscienciologia Aplicada”, cujo tema era
apresentar as mudanças administrativas a serem implantas na administração do
CEAEC em 2002 e já com a ARACÊ fundada, Maria Izabel da Conceição119 explicita
as relações de poder vivenciadas pelos colaboradores que construíram o território
do CEAEC. “A ‘ingerência’ de pessoas de fora do grupo. Diga-se: fora fisicamente,
pessoas do Rio de Janeiro, de Curitiba, de Porto Alegre, dentre outras localidades
interferiram na maneira administrativa que estava sendo implantada [a gestão do
CEAEC].”
Ela menciona que “o mais sério era que os ‘pitacos’ eram coerentes e com
mais visão do que a equipe diretamente envolvida com as ações. Isso gerava um
desconforto em quem estava no front, ...” Esse incômodo foi tanto que em um
determinado momento, o grupo decidiu excluir “algumas dessas pessoas”. No
entanto, segundo Izabel, “demos com os ‘burros n’água’. Fragilizamos e começaram
as disputas entre nós mesmos”. Tal situação ficou insustentável: “tivemos que voltar
atrás, reconhecer nosso erro e juntos tentarmos recomeçar. O que havia até então
era o jogo pelo poder.”
Esse conflito interpessoal remete a relação estabelecidos-outsiders estudadas
em uma comunidade pelos pesquisadores Norbert Elias e John Scotson 120 . Os
estabelecidos, no presente caso, seriam as pessoas que estavam na liderança da
gestão do CEAEC e os outsiders, as pessoas de fora de Foz do Iguaçu que
gostariam de colaborar com a gestão, mesmo à distância fisicamente.
Ainda sobre esse tema, é oportuno mencionar a carta da diretoria do IIP citada
anteriormente, convidando coordenadores, colaboradores e alunos do IIP para o
evento em junho de 1995, em Foz do Iguaçu, para exposição do plano piloto do
CEAEC. É interessante citar o primeiro parágrafo: “desde a fundação do IIP,
discutia-se a possibilidade da criação de um centro de estudo e pesquisas.
Entretanto a viabilização desta idéia passara pela dificuldade de aquisição do local,
119
NOVA forma administrativa. Revista Conscienciologia Aplicada, Venda Nova do Imigrante/ES e
Foz do Iguaçu/PR, ano 2, n. 4, p. 05-06, abr. 2002, grifos do autor.
120
ELIAS, Norbert. SCOTSON, John. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de
poder a partir de uma pequena comunidade. Trad. de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
174
Uma outra abordagem sobre território e rede discutida pelo geógrafo brasileiro
Rogério Haesbaert 122 também pode ajudar no entendimento da formação do
território conscienciológico. Segundo o autor, há 3 perspectivas na relação território-
rede.
121
ENTREVISTA com Prof. Waldo Vieira sobre o Centro de Altos Estudos da Consciência.
Informativo da COOIIP, Foz do Iguaçu, ano 1, n. 6, p. 2, jan. 1996.
122
HAESBAERT, Rogério. Concepções de território para entender a desterritorialização. In.:
SANTOS, Milton. et al. Território, territórios: ensaios sobre o ordenamento territorial. 3. ed. Rio de
Janeiro: Lamparina, 2007, p. 56-59.
175
123
HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade.
5. ed. rev. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010, p. 306.
124
HAESBAERT, 2010, p. 343.
176
dos nossos, sem ser preciso a mobilidade física; tal condição possui um caráter mais
imaterial e virtual dos territórios.
Até o momento, as territorialidades conscienciológicas assumiram a
característica de uma posição intermediária do binômio território-rede, onde a
formação de um território-zona é auxiliada pela rede, por exemplo nas transmissões
online das tertúlias. Tal conexão virtual possibilitou influências mútuas, tanto dos
“teletertulianos” como eram e são chamados, sobre as tertúlias, pois participavam e
participam até hoje com perguntas e comentários, quanto dos “verbetógrafos”
apresentando seus temas de pesquisa com influência sobre as pessoas que se
encontram à distância, seja em outra cidade brasileira ou do outro lado do mundo, a
partir do exemplo pessoal ou com esclarecimentos às perguntas.
Um outro traço é a multiterritorialidade zonal, ou a ligação em rede de
territórios-zona, quer dizer, a partir da matriz, o CEAEC, houve a formação do
campus Aracê (ES – Brasil) pelo mesmo grupo que construiu o CEAEC, além da
formação de mais dois campi, um em Saquarema (RJ - Brasil) e o outro em
Évoramonte (Portugal). Entre esses campi existiu e ainda existe, especialmente
entre o CEAEC e a Aracê, tanto a mobilidade física pelos meios de transporte
quanto pelas tecnologias de comunicação. Pode-se falar então em uma
multiterritorialidade conscienciológica.
Quem chega hoje e se depara com tudo construído, às vezes, pode pensar que
houve investimento de verba pública na construção do CEAEC e do entorno.
Contudo, não foram encontrados documentos nem informações nos jornais internos
da comunidade conscienciológica ou mesmo nos relatos dos migrantes voluntários
sobre possíveis financiamentos com verbas públicas ou privadas.
Os fatores citados como fontes de renda, de modo recorrente, para a
construção do CEAEC são as doações de pessoas físicas, a realização de cursos, a
doação de direitos autorais de edição de livros publicados e a venda de lotes nos
terrenos vizinhos ao CEAEC.
Sobre temporalidades e vivências, é oportuno trazer os dados obtidos com a
comunidade conscienciológica a partir do questionário aplicado.
Na pergunta “Em que ano foi seu primeiro contato com a Conscienciologia?”,
ao dividir o período de 1980-2018 a cada 5 anos, descobre-se que o período de
1992 a 1996 foi o mais alto com 109 respostas (30,3%). Separando por décadas, a
década de 1990-1999 foi de maior incidência com 197 respostas (54,7%). E isolando
a informação por ano, o resultado é que o ano de maior contato com a
Conscienciologia foi 1998, com 28 respostas (7,8%) (Tabela 04).
125
Por exemplo, o Programa da Silvia Popovic (https://www.youtube.com/watch?v=JRc7TEXscRc) ou
o Programa Jô Soares (https://www.youtube.com/watch?v=Bnfs06qjAwI).
179
126
NORA, Pierre. Entre Memória e História: a problemática dos lugares. Trad. de Yara Aun Khoury.
Proj. História. São Paulo, n. 10, p. 13, dez. 1993. Disponível em:
https://revistas.pucsp.br/revph/article/viewFile/12101/8763. Acesso em: out. 2017.
127
CANDAU, Joël. Antropologia da memória. Trad. Miriam Lopes. Lisboa: Instituto Piaget, 2013, p.
188.
128
ENCICLOPÉDIA Einaudi. Vol. 1: Memória-História. (Jacques Le Goff). Imprensa Nacional. Casa
da Moeda, 1984, p. 44.
180
3.4.5 Enquadramento
129
ENCICLOPÉDIA, 1984, p. 44.
130
Para maiores informações: Cf. FERRARO, Cristiane. GREGORY, Valdir. Aleia dos Gênios da
Humanidade: escutando os mortos. Cantareira, 30ª. ed., p. 130-144, jan.-jun. 2019. Disponível em:
http://periodicos.uff.br/cantareira/article/view/30799. Acesso em: 04 set. 2019, às 21h04.
181
131
D’ANDREA, Anthony A. F. O self perfeito e a nova era: individualismo e reflexividade em
religiosidades pós-tradicionais. São Paulo: Edições Loyola, 2000, p. 13, 31, 197 e 200.
132
D’ANDREA, 2000, p. 13 e 160.
133
GUIA, Sheila dos M. Projeciologia e Conscienciologia: multidimensionalidade e espiritualidade na
formação de um paradigma existencial. Rio de Janeiro: Sotese, 2006, p. 48 a 50.
134
GUIA, 2006, p. 30 e 36.
135
GUIA, 2006, p. 18.
136
CHIESA, Gustavo R. Além do que se vê: magnetismos, ectoplasmas e paracirurgias. Porto Alegre:
Multifoco, 2016, p. 165.
137
CHIESA, 2016, p. 169.
182
138
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: _____. Mitos, emblemas, sinais:
morfologia e história. Tradução de Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
139
REVEL, Jacques. A história ao rés-do-chão. In: LEVI, Giovanni. A herança imaterial: trajetória de
um exorcista no Piemonte do século XVII. Trad. de Cynthia Marques de Oliveira. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2000, p. 36.
140
LEVI, Giovanni. A herança imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII. Trad.
de Cynthia Marques de Oliveira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 89.
141
MAFFESOLI, Michel. A República dos bons sentimentos: documento. Trad. de Ana Goldberger.
São Paulo: Iluminuras: Itaú Cultural, 2009, p. 87.
183
142
Fonte: POR QUÊ cooperativa? Paralelos entre cooperativa e empresa conscienciológica.
Informativo da COOIIP, Foz do Iguaçu, ano 1, n. 5, p. 1, nov. 1995. Esse informativo consiste em uma
única folha com notícias impressas na frente e no verso.
143
CONCEIÇÃO, Maria Izabel da. Cooperativismo e a empresa conscienciológica. In: II FÓRUM
NACIONAL DE QUALIDADE CONSCIENCIAL, 2, 1996, Curitiba. Anais... Curitiba: Instituto
Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, 1996. p. 57-71.
144
VIEIRA, 1994, p. 312, grifos do autor.
145
VIEIRA, 1994, p. 318.
146
VIEIRA, Waldo. Nossa Evolução. Rio de Janeiro: IIP, 1996, p. 112-113, grifo do autor.
184
147
No livro “200 Teáticas da Conscienciologia”, Vieira define empresa
conscienciológica sendo aquela a caminho da megafraternidade, com senso de
equipe, com predomínio do vínculo consciencial sobre o vínculo empregatício, e este
quando existe, deve priorizar “a remuneração do trabalho e não do dinheiro,
evitando-se pagamento de juros sobre investimentos de risco”.
Apesar do propositor definir EC e IC de modo assemelhado, parece distinguir
ligeira diferença, pois no capítulo 249 – Perfis Básicos de Instituições humanas,
Vieira148 cita o IIP como instituição avançada com filosofia conscienciocêntrica (novo
paradigma consciencial), sem fins lucrativos e não como empresa conscienciológica.
No entanto, tais conceitos parecem que não estavam claros nesses primeiros anos
após sua proposição talvez para o próprio propositor, ou apenas para os voluntários,
quando talvez fossem utilizados como sinônimos.
Nos anais do II Fórum Nacional de Qualidade Consciencial, realizado em 26 e
27/10/1996, em Curitiba, alguns voluntários citam o IIPC como exemplo de empresa
conscienciológica: “O IIPC e a COOIIP são alguns dos exemplos de Empresa
Conscienciológica que temos até então.”149; “O IIPC é a organização que propõe o
150
modelo de empresa conscienciológica” ; “Um exemplo vivo de Empresa
Conscienciológica é o IIPC”151; “O IIPC como empresa conscienciológica: ponto de
encontro das consciências lúcidas”152.
Em suma, vejamos o caso do IIP/IIPC e depois do CEAEC a partir dos seus
estatutos sociais, depois de 1994. No Estatuto do IIP de 1995 153 , o Instituto
Internacional de Projeciologia “é uma Entidade científica, cultural, educacional,
apolítica, universalista e sem fins lucrativos” enquanto que no Estatuto social de
147
VIEIRA, Waldo. 200 Teáticas da Conscienciologia. Rio de Janeiro: IIPC, 1997c, p. 89.
148
VIEIRA, 1994, p. 313.
149
BONASSI, João Aurélio. Abertura do II Fórum Nacional de Qualidade Consciencial. In: II FÓRUM
NACIONAL DE QUALIDADE CONSCIENCIAL, 2, 1996, Curitiba. Anais...Curitiba: IIPC, 1996, p. 4.
150
DANIN, Rosely. & LAZZARO, Neide. A consciencioterapia e a integração do homem na empresa
conscienciológica. In: II FÓRUM NACIONAL DE QUALIDADE CONSCIENCIAL, 2, 1996, Curitiba.
Anais...Curitiba: IIPC, 1996, p. 39.
151
TORNIERI, Sandra. A liderança e a comunicabilidade nas empresas conscienciológicas. In: II
FÓRUM NACIONAL DE QUALIDADE CONSCIENCIAL, 2, 1996, Curitiba. Anais...Curitiba: IIPC,
1996, p. 45.
152
THOMAZ, Marina. A teoria e a prática da grupalidade nas empresas conscienciológicas. In: II
FÓRUM NACIONAL DE QUALIDADE CONSCIENCIAL, 2, 1996, Curitiba. Anais...Curitiba: IIPC,
1996, p. 74.
153
ESTATUTO Social do Instituto Internacional de Projeciologia, de 30 jun. 1995, p. 1. 7 p. Este
documento possui o selo do Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro, sob n. de ordem
559.651, do protocolo do livro A n. 49, registrado sob n. de ordem de 145.045, do livro A n. 36, de 29
nov. 1995.
185
154
ESTATUTO social do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, de 30 maio 1996,
p. 1.
155
ESTATUTO social da Cooperativa dos colaboradores do Instituto Internacional de Projeciologia e
Conscienciologia – CEAEC, de 30 set. 2000, p. 3.
156
ESTATUTO social da Associação Internacional do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia –
CEAEC, de 23 jul. 2002, p. 1.
157
Fonte: ÓRGÃOS sociais. Disponível em: <unicin.org/pt/unicin/órgãos-sociais/>. Acesso em: 06 set.
2019, às 2h26.
158
“A cosmoética é a ética que vigora como padrão de comportamento evolutivo universal,
multidimensional, além dos princípios da moral social, humana ou intrafísica.” A cosmoética passa a
ser necessária depois de determinado nível de lucidez alcançado sobre a multidimensionalidade
(desde esta dimensão material até as mais sutis), a partir da lei dos direitos conscienciais
multidimensionais (VIEIRA, 1994, p. 641).
186
159
VIEIRA, Waldo. Convite à pesquisa científica. Informativo do CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 3, n. 25,
p. 4, ago. 1997, grifo do autor.
187
160
ULMAN, Karla. Democracia: experimentos no bairro Cognópolis-Foz. Curitiba: Editora CRV, 2019,
p. 141.
188
De acordo com João Aurélio Bonassi161, que foi diretor administrativo do IIP na
época de fundação do CEAEC, em 1995, o termo “colaborador” era o utilizado,
“porque não existia a figura do voluntário, reconhecido no Brasil somente em 1998,
por meio de lei específica, e das instituições sem fins lucrativos, sancionada em
1999”.
O ano de 1998 foi quando o IIPC ganhou o título de Utilidade Pública Federal,
provavelmente um incentivo por parte do governo para instituições do terceiro setor.
As leis promulgadas para regulação do terceiro setor foram as Leis Federais n.
9.608/98 (de 18/02/1998) e n. 9.790/99 (de 23/03/1999)162.
Lembrando que na tabela 04, o ano de maior contato com a Conscienciologia
para os respondentes do questionário aplicado foi 1998. Desse modo, o
reconhecimento oficial pelo governo federal, pode ter colaborado para divulgação e
maior aceitação pela população brasileira do conceito do que é ser um voluntário.
Vale lembrar que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o ano de
2001 como o Ano Internacional dos Voluntários. E que, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística 163, em 2018, 7,2 milhões de pessoas de 14
anos ou mais de idade realizaram trabalho voluntário no Brasil, na semana de
referência da pesquisa, correspondendo a uma taxa de realização de 4,3%.
A Região Sul teve a maior taxa de realização em 2018, 4,9%. A taxa de
realização de trabalho voluntário era maior entre as mulheres (5,0%) e entre as
pessoas ocupadas (4,6%). Interessante observar que os trabalhos voluntários da
Conscienciologia tiveram início no Rio de Janeiro, porém vieram a se desenvolver ou
desabrochar na região sul, no Paraná.
A taxa de realização de trabalho voluntário, em geral, cresce com a idade,
sendo que na região Sul, as pessoas de 50 anos ou mais de idade apresentaram a
taxa mais elevada (6,0%) em 2018.
Outro dado é que a realização de trabalho voluntário aumenta quanto maior for
a escolaridade. Essa tendência foi observada em todas as regiões do país. A taxa
era 2,9% para pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto e de
161
BONASSI, João Aurélio. Empreendimento Cognopolita do CEAEC. Revista Conscientia, p. 55, jul.
2015.
162
ALBUQUERQUE, 2006, p. 41.
163
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua- PNAD Contínua – Outras
Formas de Trabalho 2018, p. 2, 10-12. Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101650>. Acesso
em: 06 set. 2019, às 21h29.
189
164
OLIVEIRA, Nielmar. Número de brasileiros que realizam trabalho voluntário cresce 12,9%.
Agência Brasil. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/node/1116832>. Acesso em: 06 set.
2019, às 22h15.
190
165
IBGE, 2018.
166
CAVALCANTE, Carlos Eduardo. Motivação no trabalho voluntário: delineamento de estudos no
Brasil. Revista Estudos do CEPE, Santa Cruz do Sul, n. 38, p. 161-182, jul./dez., 2013. Disponível
em: https://online.unisc.br/seer/index.php/cepe/article/ view/3719. Acesso em: out. 2019.
167
CAVALCANTE, 2013, p. 178.
191
168
CAVALCANTE, 2013, p. 178.
193
Aqui cabe uma breve explicação sobre o trabalho voluntário conforme exercido
nas instituições conscienciocêntricas (ICs). Em primeiro lugar, ele é regido pela Lei
9.608, de 18 de fevereiro de 1998, na qual “considera-se serviço voluntário, para os
fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade
pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que
tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de
assistência à pessoa.” (Redação dada pela Lei N. 13.297, de 2016).169
Assim, as instituições conscienciocêntricas (ICs) possuem características em
comum, apesar de terem objetivos específicos. Todas as ICs são pessoas jurídicas
“de direito privado, constituída na forma de associação civil sem finalidade
econômica e lucrativa, de caráter científico, cultural, assistencial, (...) não dogmática,
político-apartidária e voltada para a pesquisa e educação da ciência
Conscienciologia.”170
Em segundo lugar, o trabalho voluntário realizado nas ICs é caracterizado
como voluntariado formal. Segundo Morais (2019, p. 59) 171, “é aquele planejado e
oferecido por entidades (dentre elas empresas privadas) que intermediam o papel
entre quem doa o seu tempo e o beneficiário direto da ação.” Dentro do voluntariado
169
BRASIL. Lei N. 9.608, de 18 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9608.htm. Acesso em: 07 maio
2020, às 22h54.
170
ESTATUTO social da União das Instituições Conscienciocêntricas Internacionais (UNICIN).
Disponível em: http://unicin.org/pt/unicin/estatuto/. Acesso em: 07 de maio de 2020, às 23h19.
171
MORAIS, Bruno Barcelos. Bases comuns do voluntariado no Brasil e Portugal: entre a tutela e a
emancipação. 2019. 138 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Brasileiros) - Faculdade de Letras
(FLUL) / Instituto de Ciências Sociais (ICS), Universidade de Lisboa, 2020, p. 59.
195
172
MORAIS, 2019, p. 61.
173
MORAIS, 2019, p. 61.
196
174
GALDINO, Lane. Manual de Assessoria Jurídica em Instituições Conscienciocêntricas (ICs). Foz
do Iguaçu: Editares, 2020, p. 21.
175
GALDINO, 2020, p. 21-22.
197
1
GPC-Grinvex SP. A vida Inversiva do Precursor da Projeciologia: Entrevista com Waldo Vieira.
Jornal da Invéxis, ano I, n. 3, dez. 1995, p. 13.
2
GPC-Grinvex SP,1995, p. 13.
198
3
UM BAIRRO consciencial. Informativo do CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 2, n. 24, p. 4, jul. 1997.
4
VIEIRA, Waldo. Cognópolis. Informativo do CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 3, n. 29, p. 1, dez. 1997.
5
Todos os números e documentos sobre os voluntários que migraram para residir em Foz do Iguaçu
citados nesse capítulo pertencem aos arquivos do Holociclo, departamento do CEAEC, onde são
realizados os inventários demográficos da comunidade conscienciológica em Foz do Iguaçu.
6
CENTRO de Altos Estudos da Consciência: os números da Grupalidade 1995-1999. CEAEC
Newsletter, vol. 2, n. 1, p. 16-17, 2000.
199
Esse primeiro tópico refere-se ao período de julho de 2002 até julho de 2005,
ou seja, do início da Associação CEAEC até a Primeira Década do CEAEC. Ficou
dividido em: 4.1.1 Assentamento; 4.1.2 Criação da Organização Internacional de
Consciencioterapia (OIC); 4.1.3 Publicação do Homo sapiens reurbanisatus; 4.1.4
Mudança da Sede do IIPC para Foz do Iguaçu; 4.1.5 Mudanças estatutárias e
administrativas do IIPC; 4.1.6 Fundação da Assinvéxis; 4.1.7 Novos projetos
habitacionais; 4.1.8 Fundação da Editares, da UNICIN, da AIEC e da IASB; 4.1.9
Primeira década do CEAEC.
4.1.1 Assentamento
7
Fonte: BERGONZINI, Everaldo. Conheça as cinco áreas de habitação do CEAEC. Jornal do
Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 08, n. 93, p. 1, abr. 2003.
8
Fonte: BASECON: Contextualização. Conscienciologia Aplicada, Foz do Iguaçu (PR) / Venda Nova
do Imigrante (ES), ano 2, n. 4, p. 9, abr. 2002.
200
9
Informação obtida com o condômino Flavio Buononato via whatsApp em 31/08/2019. A menção do
nome foi autorizada pelo informante.
10
Em maio de 2000, 18 voluntários moravam na basecon dentro do CEAEC. Eles “dedicam parte do
seu tempo e trabalho para as atividades do CEAEC” (Fonte: KONIG, Mauri. Foz tem o 1º. Spa do
autoconhecimento. O Estado do Paraná, Curitiba, ano 49, n. 14.781, p. 4, 28 maio 2000).
11
BERGONZINI, 2003, p. 4.
12
BERGONZINI, 2003, p. 4.
201
Fonte: Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 08, n. 93, p. 1, abr. 2003.
13
BERGONZINI, 2003, p. 4.
14
BERGONZINI, 2003, p. 4.
202
15
RESENDE, Mônica. CEAEC lança projeto “Chalés da Comunidade Conscienciológica”. Jornal do
Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 09, n. 101, p. 1, dez. 2003.
16
TAKIMOTO, Nário. Você conhece o NAIC – Núcleo de Assistência Integral à Consciência? IIPC
News, Rio de Janeiro / Foz do Iguaçu, ano 4, n. 15, p. 6, dez. a mar. 2003; e NASCE mais uma
instituição conscienciocêntrica. IIPC News, Rio de Janeiro, ano 5, n. 17, p. 4, ago. a nov. 2003.
203
O IPC foi fundado em Porto Alegre em 27 de julho de 1988 por Haydée Melo.
Essa instituição desenvolvia de modo independente eventos para divulgação da
Projeciologia e da Conscienciologia, inclusive contando com uma unidade em
Caxias do Sul. A união agregou 125 voluntários e 75 docentes ao IIPC17.
17
COUTO, Cirleine. Integração do IPC ao IIPC marca a interdependência grupal. IIPC News, Rio de
Janeiro, ano 6, n. 18, p. 1 e 3, dez. 2003 a mar. 2004.
18
VIEIRA, Waldo. Homo sapiens reurbanisatus. Foz do Iguaçu: CEAEC, 2003, p. 3.
19
VIEIRA, 2003, p. 125.
204
destaque ficou para a “façanha” de Vieira ter escrito 1.500 páginas, sem utilizar a
partícula “que”, os artigos indefinidos “um” e “uma”, os pronomes possessivos “meu”
e “minha”, além de outras. Os direitos autorais da obra foram cedidos ao CEAEC.20
O movimento migratório para Foz do Iguaçu teve um ápice, que foi a decisão
da diretoria do IIPC de transferir a sede para Foz do Iguaçu. Tal decisão foi
anunciada no informativo interno IIPC News (dez. 2003 a mar. 2004)21. Em uma
coluna na página 2, a diretoria do IIPC elencou 4 motivos da mudança: 1) após 15
anos de trabalho em Porto Alegre, o IPC se une ao IIPC, em prol de um
empreendimento maior; 2) a fundação da OIC em Foz do Iguaçu; 3) o aquecimento
dos trabalhos do IIPC em Buenos Aires; 4) o lançamentos dos livros Homo sapiens
reurbanisatus de Waldo Vieira e “Autocura através da Reconciliação” de Málu
Balona, sinalizando o processo de reurbanização e união.
Alexander Steiner 22 relata essa história para nós. Nessa época, ele era
presidente do IIPC. “Desde que o Waldo falou que se mudaria para Foz do Iguaçu,
eu já tinha questionado para ele: ‘Olha, então o Instituto vai também!’ E ele: ‘Não.
Segura as coisas lá do Rio, tem que ficar lá no Rio e tal’. Isso foi em 2000.
“Quando teve o Congraçamento aqui em dezembro de 2002, a Cecília [esposa
do entrevistado] foi uma que fez a pergunta lá na frente porque ela estava em dúvida
se ia para o Rio ou vinha para Foz”. Tanto Alexander quanto Waldo responderam
que o IIPC era lá no Rio de Janeiro.
Em setembro de 2003, teve a fundação da OIC. E, depois da fundação, na
hora da tertúlia, o Werner Scheinpflug [um dos diretores do IIPC] perguntou ao
Waldo: “Olha, o NAIC [Núcleo de Assistência Integral à Consciência] veio, (...) o
pessoal está vindo, e o Instituto?’ Aí Waldo falou: ‘É, agora está na hora do Instituto
vir.”
Alexander conta que isso gerou uma crise na equipe do Rio, “porque a hora
que o Waldo veio para cá, já desde 2000, 2001, várias pessoas começaram a vir do
20
LIVRO de 1.500 páginas dispensa uso do “que”. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 85, n. 27.124, p. 9,
1 fev. 2004.
21
SEDE Mundial muda para Foz. IIPC News, Rio de Janeiro, ano 6, n. 18, p. 2, dez. 2003 a mar.
2004.
22
STEINER, Alexander Miraglia. Entrevista concedida em 29/03/2019 a Cristiane Ferraro, Foz do
Iguaçu.
205
23
O entrevistado fez uma voz imitando sofrimento.
24
STEINER, Alexander. Sede mundial do IIPC em Foz do Iguaçu. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano 6,
n. 19, abr. a jul. 2004, p. 2, grifos do autor.
206
25
MIKALUCKIS, Valeria. Assembleia geral marca nova etapa para o IIPC. IIPC News, Foz do Iguaçu,
ano 6, n. 21, p. 5, dez. 2004 a mar. 2005.
207
26
OBJETIVOS e estrutura administrativa do IIPC. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano 6, n. 21, p. 6-7, dez.
2004 a mar. 2005.
27
FERRARO, Cristiane. Histórico invexológico grupal. Conscientia, vol. 13, n. 2, p. 135-148, abr. a
jun. 2009.
208
Fonte: Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 10, n. 114, p. 4, jan. 2005.
28
PITAGUARI, Antonio. Notícias da Comunidade Conscienciológica. Jornal do Campus CEAEC, Foz
do Iguaçu, ano 10, n. 114, p. 4, dez. 2004.
209
4.1.8.1 Editares
4.1.8.2 UNICIN
29
WALDO Vieira fala sobre a Editares. Informativo Editares, Foz do Iguaçu, ano 1, n. 1, p. 3, out.
2004.
30
VIEIRA, Waldo. “UNICIN megafraternidade vivenciada”. Entrevista. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano
6, n. 20, p. p. 4-5, ago. a nov. 2004.
210
31
VIEIRA, 2004, p. 4.
32
VIEIRA, 2004, p. 4, grifos do autor.
33
“Universalismo é o mesmo que antiegoísmo, cosmismo, ecletismo, ecumenismo,
multidisciplinaridade, generalismo e maxifraternidade” (VIEIRA, Waldo. 700 Experimentos da
Conscienciologia. Rio de Janeiro: IIP, 1994, p. 637, grifo do autor).
34
VIEIRA, 2004, p. 4.
35
VIEIRA, 2004, p. 5, grifos do autor.
211
menciona que “nós falamos isso, parece que somos visionários (...). Nós temos que
começar já a plantar e semear, colocar a semente, desde hoje para amanhã”.
Guardando as devidas proporções, a UNICIN seria a “ONU da
Conscienciologia” assim como uma pequena semente desse futuro cenário possível
do “Estado Mundial”36.
De acordo com o Estatuto da UNICIN 37 , esta seria “uma associação
multidimensional, transnacional, assistencial, universalista, instituição
conscienciocêntrica de caráter educacional e científico, pessoa jurídica de direito
privado, sem finalidade econômica”.
Um dos objetivos principais da UNICIN era: representar a Comunidade
Conscienciológica Cosmoética Internacional (CCCI), as Instituições
Conscienciocêntricas (ICs), o Voluntariado Conscienciológico e o Paradigma
Consciencial na sociedade em geral.
Para atender tal objetivo, a UNICIN poderia realizar várias atividades. Dentre
elas, prestar assessoria e fornecer pareceres sobre questões relativas à
Conscienciologia, à CCCI, às ICs e ao Voluntariado Conscienciológico, ao modo de
uma instituição mediadora e integradora de projetos da comunidade
conscienciológica e das instituições conscienciocêntricas38.
O quadro social da UNICIN era composto por associados “admitidos pelo
Colegiado de Intercooperação, sem qualquer distinção de raça, cor, sexo,
nacionalidade, credo político ou religioso”39, abrangendo 3 categorias: a) associado
fundador; b) associado voluntário; c) associado estatutário.
Os associados da UNICIN poderiam: 1) propor a criação de comissões técnicas
e delas participar; 2) apresentar propostas, programas e projetos de ação para a
UNICIN; 3) ter acesso a livros de natureza contábil e fiscal, bem como aos demais
documentos no âmbito da UNICIN; 4) votarem e serem votados na Assembleia
Geral e nos demais órgãos sociais.
A estrutura organizacional da UNICIN em 2005 era formada por: a) Assembleia
Geral; b) Colegiado de Intercooperação, “é a instância deliberativa e parecerista da
UNICIN na análise de questões que não sejam de competência privativa dos demais
36
COUTO, Cirleine. UNICIN: semente do Estado Mundial. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano 6, n. 20, p.
6, ago. a nov. 2004.
37
ESTATUTO social da União das Instituições Conscienciocêntricas Internacionais, de 22 de janeiro
de 2005. Registro Civil de Pessoas Jurídicas, registro n. 0035429, de 30 mar. 2005, p. 1-2.
38
ESTATUTO da UNICIN, 2005, p. 2.
39
ESTATUTO da UNICIN, 2005, p. 4.
212
4.1.8.3 AIEC
40
ESTATUTO da UNICIN, 2005, p. 6-11, 13-15.
41
ESTATUTO da UNICIN, 2005, p. 6-11, 13-15.
42
ESTATUTO da UNICIN, 2005, p. 21.
43
PITAGUARI, Antonio. Lançamento da AIEC. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 11, n.
127, p. 2, fev. 2006.
213
4.1.8.4 IASB
44
CONSCIENCIOCENTER. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano 9, n. 28, p. 6, maio 2007.
45
O ORIENTE é logo ali: casal de pesquisadores quer promover proximidade entre culturas oriental e
ocidental dentro da cidade. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 16, n. 4.683, p. 15, 01 mar. 2004.
46
GESING, Leila. Pesquisadores mostram o Brasil para os chineses. A Gazeta do Iguaçu, Foz do
Iguaçu, ano 17, n. 4.967, p. 18, 5 e 6 fev. 2005. Somente a foto desse jornal saiu publicada em outro
periódico local, Jornal do Iguaçu, ano V, n. 1.382, p. 11, 5 fev. 2005, na coluna social.
214
47
IASB. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 11, n. 125, p. 5, dez. 2005; e TRAZENDO
você até a China... IIPC News, Foz do Iguaçu, ano 8, n. 24, p. 10, set. 2006.
48
VIAGEM ao berço da Conscienciologia. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 10, n. 119,
p. 4, jun. 2005.
49
Ref.: ZI SI. A Filosofia do meio. Tradução de Elena Kell. 1. ed. Foz do Iguaçu: CEAEC Editora,
2004.
50
PITAGUARI, Antonio. Notícias da CCCI. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 11, n. 126,
p. 2, jan. 2006a. O CEAEC, assim como quase todas as instituições conscienciocêntricas, sobrevivem
a partir dos cursos ministrados por seus voluntários. Tomando o Jornal do Campus CEAEC de janeiro
de 2006 como exemplo, no encarte com classificados e a agenda do CEAEC do 1º. Semestre de
2006, dos meses de abril a julho, havia 14 eventos diferentes previstos para ocorrer, uma média de
3,5 eventos por mês. No entanto, eventualmente ocorriam algumas doações, como essa que foi
mencionada.
215
51
FIGUEIRA, Nelson. Eventos vão ressaltar aspectos multiculturais da cidade. A Gazeta do Iguaçu,
Foz do Iguaçu, ano 17, n. 5.043, p. 20 e 21, 09 maio 2005.
52
PARO, Denise; SANCHEZ, Myriam. Eventos da 1ª. Década valorizam cultura da região trinacional.
Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 10, n. 120, p. 1, jul. 2005.
53
MARTA, Stela. Feira Internacional do Livro começa em Foz do Iguaçu. Jornal do Iguaçu, Foz do
Iguaçu, ano VI, n. 1.507, p. 9, 7 jul. 2005.
54
PARO, Denise. Etnias de Foz debatem formas de aproximação: Fórum abre discussão sobre a
convivência de cidadãos de diversas origens. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 87, n. 27.652, p. 8, 15
jul. 2005.
55
FEIRA do Livro inicia nova era cultural. Jornal Primeira Linha, Foz do Iguaçu, ed. 832, p. 21, 14 a
20 jul. 2005.
216
56
PARO; SANCHEZ, 2005, p. 1.
57
Fonte: OLIVEIRA, Nara. 1ª. Década estabelece novo patamar de interlocução do CEAEC com a
Socin. Entrevista cedida a Antonio Pitaguari. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 10, n.
120, p. 12-13, jul. 2005.
217
58
VIEIRA, Waldo. Estratégias Conscienciológicas no Século XXI. Conscientia, Foz do Iguaçu, vol. 8,
n. 4, de out./dez. 2004, p. 224.
59
Holopensene é um neologismo da Conscienciologia. O vocábulo é composto da união de
fragmentos de algumas palavras: holo = conjunto; pen = primeira sílaba de “pensamento”; sen =
primeira sílaba de “sentimento”; e = primeira sílaba de “energia”. Assim, holopensene significa o
conjunto de pensamentos, sentimentos e energias.
60
Maxiproéxis é um neologismo da Conscienciologia. O termo é formado pela união de fragmentos
das seguintes palavras: maxi = primeira e segunda sílabas de “máxima”; pro = primeira sílaba de
“programação”; exis = primeira sílaba de “existencial”. Maxiproéxis significa programação ou projeto
de vida ou de existência, máxima ou a maior, ou seja, dedicada conscientemente ao bem da
coletividade (Fonte: VIEIRA, Waldo. Manual da Proéxis. 2. Ed. Rio de Janeiro: IIPC, 1998, p. 17).
218
61
VIEIRA, 2004, p. 224.
219
62
A Intercampi conseguiu publicar regularmente artigos em uma coluna fixa sobre Conscienciologia
no “O Jornal de Hoje”, de Natal. Foram encontrados 221 artigos no período de 2006 a 2013 no
departamento Holociclo, no CEAEC, em Foz do Iguaçu.
63
ANDRADE, Marilza de. Projeções assistenciais. Foz do Iguaçu: Editares, 2018.
64
DISCERNIMENTUM; UNICIN. Portfolio do Bairro Cognópolis. Foz do Iguaçu: Discernimentum e
UNICIN, 2011.
220
*A CONSCIUS foi a primeira instituição sobre a qual encontrei registro dela ter
passado pela assessoria da UNICIN para sua constituição. Alguns voluntários que
tinham fundado o Colégio Invisível da Conscienciometrologia em 200265 e já vinham
escrevendo sobre autavaliação e o conscienciograma, procuraram a UNICIN que os
orientou para formalizarem uma “pré-instituição conscienciocêntrica” ou “pré-IC”.
Foi elaborado um ante-projeto da pré-IC que foi encaminhado à UNICIN e ao
Waldo Vieira. Menos de 2 meses depois, a “IC” foi fundada. A CONSCIUS também
se instalou no mesmo prédio comercial em que as demais instituições da
Conscienciologia já se encontravam no centro de Foz do Iguaçu.66 A CONSCIUS foi
fundada no último dia da I Convenção da CCCI.
65
BUONONATO, Flávio. Anuário da Conscienciologia 2013. Foz do Iguaçu: Editares, 2014.
66
Fonte: PARO, Denise. Conscius aprimora pesquisa da Conscienciometria. Jornal do Campus
CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 11, n. 127, p. 1, fev. 2006.
67
As informações sobre a I Convenção da CCCI foram retiradas das seguintes fontes: PITAGUARI,
Antonio. Notícias da CCCI. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 11, n. 126, p. 2, jan.
2006a. E o folheto com a Programação das Atividades da I Convenção da CCCI.
68
Proposta pelo voluntário Roberto Almeida (2000, p. 196), “é uma organização grupal, não-
institucionalizada, de uma ciência, formada por pesquisadores que trabalham numa linha de
conhecimento ou especialidade científica. É a comunidade científica multidimensional e informal com
vínculo consciencial pela ideia pesquisada, sendo implementada na prática pela comunicação efetiva
(...) e por encontros assíduos entre seus membros.” A expressão “colégio invisível” é de autoria de
Robert Boyle (1627-1691), sendo considerada a predecessora informal da Royal Society. De modo
prático, os colégios invisíveis da Conscienciologia seriam grupos de pesquisadores das
especialidades da Conscienciologia que promovem encontros assíduos virtuais e presenciais com
objetivo de comunicarem suas investigações. Estão além das ICs e são compostos por
pesquisadores independentes e de várias instituições conscienciocêntricas. Fonte: ALMEIDA,
Roberto. Colégios Invisíveis da Conscienciologia. Conscientia, vol. 4, n. 3, p. 196-201, jul./set., 2000.
Disponível em: http://www.ceaec.org/index.php/conscientia/article/view/446/433. Acesso em: nov.
2019.
221
69
REZENDE, Ana Luiza; WOSJLAW, Eliane. I Convenção da CCCI. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano
8, n. 23, p. 11, mar. 2006.
70
REZENDE, Ana Luiza. SPERRY, Daniel. BUENO, Ruy. (Orgs,). Censo da CCCI 2006. Foz do
Iguaçu: UNICIN, 2006, p. 4, 9, 11, 13.
222
Nesse subtópico será dado destaque para o projeto da Cognópolis. A 1ª. etapa
do Projeto Cognópolis foi realizada pela Comissão Técnica de Arquitetos da UNICIN.
Consistia inicialmente em adquirir um terreno a ser dividido em 3 áreas: institucional,
residencial e comercial. A adesão dos presentes na compra de 60 lotes de 300 m2,
pelo valor de R$ 10.000,00 à vista, proposta pela Associação Internacional para a
Expansão da Conscienciologia (AIEC) superou as expectativas de venda,
viabilizando a compra de um terreno de 125 mil m2, localizado ao lado da área da
OIC71.
A AIEC havia realizado um contrato de “opção de compra”, ou seja, se
comprometendo com o proprietário do terreno a adquiri-lo em um certo prazo e em
determinadas condições de pagamento. Com a meta não só atingida, mas superada,
foi possível comprar o terreno e em seguida, vendê-lo para a OIC, que manifestava
interesse e já se mobilizava nesse sentido. Devido ao sucesso de vendas dos
terrenos aos voluntários, viu-se a necessidade de adquirir mais terrenos com a
finalidade residencial. Como o terreno foi vendido para OIC, transferiu-se a proposta
das 3 áreas para novos terrenos.72
Surgiu a oferta de um segundo terreno. A proposta foi avaliada pelos
voluntários da UNICIN e da AIEC e teve início a 2ª. etapa do Projeto Cognópolis,
que previa nova aquisição de terreno com uma área maior. E para isso, a AIEC iria
71
PITAGUARI, Antonio. Notícias da CCCI. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 11, n. 126,
2006a, p. 2; e informações verbais obtidas com Cesar Cordioli, presidente da AIEC. A menção do
nome foi autorizada pelo informante.
72
De posse dos jornais internos, busquei esclarecimento com Cesar Cordioli, presidente da AIEC, a
respeito da aquisição dos terrenos nos anos de 2006 e 2007, o qual me atendeu prontamente, me
explicando o processo, no dia 07/10/2019, na sede da AIEC. A menção do nome foi autorizada pelo
informante.
223
73
PITAGUARI, 2006a, p. 2.
74
PITAGUARI, Antonio. Notícias da CCCI. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 11, n. 128,
p. 4, mar. 2006b.
75
Prospecto “Conscienciocenter”, da UNICIN, 2006.
76
PITAGUARI, Antonio. Notícias da CCCI. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 12, n. 137,
p. 4, dez. 2006c.
224
77
Nome do condomínio proposto no terreno da Organização Internacional de Consciencioterapia
(OIC).
78
BONASSI, João Aurélio. Cognópolis – a Cidade do Conhecimento. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano
9, n. 28, p. 5, maio 2007.
79
OBJETIVOS da Cognópolis. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano 9, n. 28, p. 06, maio 2007.
80
CONSCIENCIOCENTER. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano 9, n. 28, p. 6-7, maio 2007.
81
PITAGUARI, Antonio. Notícias da CCCI: Inauguração do Discernimentum. Jornal do Campus
CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 12, n. 139, p. 4, fev. 2007a; e INAUGURAÇÃO do Discernimentum: 25
de março, uma data especial e histórica. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano 9, n. 28, p. 8 e 10, maio
2007.
225
82
DIRETORIA do CEAEC. Conscienciologia: esclarecimento e convite. A Gazeta do Iguaçu, Foz do
Iguaçu, ano 18, n. 5.576, p. 18-19, 13 fev. 2007.
226
83
Esse curso teve sua primeira edição nos dias 28/07 a 01/08/1999, de quarta a domingo, promovido
pelo Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC), no South American
Copacabana Hotel, no Rio de Janeiro (RJ). Participaram 69 alunos e 8 monitores. O objetivo é a
aceleração da aprendizagem intelectual a fim de ampliar o discernimento pessoal. Durante o curso
foram elaboradas resenhas críticas de dois livros técnicos analisados e debatidos entre os alunos e
com os próprios autores (Fonte: VIEIRA, Waldo. Imersão Heterocrítica de Obras Úteis. Conscientia,
vol. 3, n. 1, jan./mar. 1999, p. 7-9). Três meses depois da publicação da carta, realizou-se mais uma
edição desse curso. O livro escolhido, debatido e criticado foi “História Universal da Destruição dos
Livros”, de Fernando Báez. O autor foi convidado a vir à Foz do Iguaçu e veio participar do debate
sobre seu livro com 100 alunos (Fonte: FIQUEIRA, Nelson. Conferência aborda efeitos da destruição
de livros à humanidade. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 19, n. 5.656, p. 8, 19 e 20 maio
2007).
227
mesmo no que lhe informarem aqui no CEAEC. Experimente. Tenha suas próprias
experiências.”
Sobre a segunda questão de que a instituição teria manobras espúrias junto ao
poder público com objetivo de auferir vantagens, foram expostos 5 contra-
argumentos.
O primeiro é de que o CEAEC não tem fins lucrativos, não distribui dividendos,
não remunera seus administradores, sendo o resultado financeiro revertido para o
desenvolvimento da própria instituição.
O segundo é que o CEAEC não recebe dotação municipal, estadual, federal ou
internacional. O patrimônio provém de cursos e publicações dos voluntários.
O terceiro afirma que o CEAEC é de natureza “não político-partidária”, não
tendo cunho político, religioso ou místico, de acordo com seu Estatuto social.
O quarto cita que o CEAEC vem recebendo todas as lideranças e grupos
políticos-partidários visitantes, às vezes opositores entre si.
O quinto menciona que o CEAEC também recebe visita de outros tipos de
organizações políticas como associações de natureza comercial, industrial e
educacional.
Sobre a terceira afirmação, de que a Conscienciologia seria contra crianças,
foram apresentados 4 contra-argumentos.
O primeiro é que, dentre as 14 instituições conscienciológicas, da época, já
existia a Evolucin, especializada em educação infantil, que em 2007 ainda tinha a
sede em Porto Alegre, porém posteriormente transferiu-a para Foz do Iguaçu.
O segundo afirma que o CEAEC e as outras instituições promovem cursos
voltados para crianças.
O terceiro posiciona que a Conscienciologia, dentre os milhares de temas de
pesquisa, estuda a antimaternidade voluntária. Tal atitude é um fenômeno crescente
no mundo, conhecido como movimento childfree ou childless 84 , de pessoas que
optaram e optam por não terem filhos e desejosos de poderem exercer o direito de
84
Childless significa “sem filhos” e não define se a intenção é voluntária ou não. Esse termo é mais
neutro do que childfree, “livre de filhos”, que indica a vontade de não ter filhos (Fonte: BADINTER,
Elisabeth. O Conflito: a mulher e a mãe. Trad. Vera Lucia dos Reis. Rio de Janeiro: Record, 2011, p.
161). Sobre o tema, ver também as seguintes fontes: SAFER, Jeanne. Além da maternidade. Trad.
Eduardo Pereira e Ferreira. São Paulo: Mandarim, 1997. Ou ainda, em língua inglesa: LISLE, Laurie.
Without Child: challenging the stigma of childlessness. New York: Routledge, 1999; MANTEL,
Henriette (Ed.). No Kidding: women writers on bypassing parenthood. Berkeley, CA: Seal Press, 2013.
228
não tê-los. “Daí dizer a opção de não querer filhos ser contra crianças constitui-se
tremenda distorção”.
O quarto contra-argumento é que vários voluntários adotam a antimaternidade
como estilo de vida, por livre vontade, embora outros voluntários não, existindo
casais de voluntários com filhos frequentadores do CEAEC e demais instituições.
Tal carta sinalizou que havia uma subinformação ou desinformação85 por parte
da sociedade iguaçuense em relação aos propósitos do CEAEC.
O modo de interagir com a população local por meio de carta aberta no jornal
não era novidade para os iguaçuenses. Encontrei duas cartas abertas escritas pelo
empresário Fouad Mohamad Fakih, nos dias 18/12/2006 e 22/12/2006, no jornal “A
Gazeta do Iguaçu”86, ou seja, 2 meses antes da carta do CEAEC.
As duas cartas tratavam de um pedido de diagnóstico para Tríplice Fronteira
Argentina-Brasil-Paraguai, em função da crise econômica e social aguçada nesse
período, em função de questões fronteiriças, tais como o contrabando, o tráfico de
drogas, o aumento da violência, o desemprego, a suspeita de terrorismo, dentre
outros. E também uma necessidade de cobrar responsabilidades e respeito das
autoridades locais.
Também pesquisei o jornal “A Gazeta do Iguaçu” nas edições posteriores a
publicação da carta, de 14/02/2007, quarta-feira, até 19/02/2007, segunda-feira, não
tendo encontrado nenhuma nota nem comentário nesse periódico a respeito do
conteúdo da Carta Aberta do CEAEC.
85
Entende-se subinformação no sentido de uma informação parcial ou pela metade, e desinformação
seria a informação errônea por interpretação equivocada.
86
FAKIH, Fouad Mohamad. É hora de cobrar responsabilidades e respeito. A Gazeta do Iguaçu, Foz
do Iguaçu, ano 18, ed. 5.530, p. 16-17, 18 dez. 2006; e FAKIH, Fouad Mohamad. Por que o
diagnóstico? A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 18, ed. 5.534, p. 7, 22 dez. 2006.
87
PITAGUARI, Antonio. Notícias da CCCI. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 12, n. 142,
p. 4, maio 2007b.
229
publicação da Carta Aberta pela Diretoria do CEAEC, o que também pode ter tido
algum efeito de esclarecimento sobre o poder público local.
88
O nome da rua onde se situa o CEAEC passou a se chamar rua da Cosmoética, por sugestão de
Waldo Vieira, tendo sido aprovada pela Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu, por meio da Lei N.
2.240, sancionada pela Prefeitura no dia 15 de setembro de 1999 (Fontes: RUA da Cosmoética é
reurbanizada. Jornal do CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 07, n. 81, p. 1, abr. 2002 e LEI No. 2240 de 15
de setembro de 1999, altera a denominação da rua do Ipês para rua da Cosmoética. Disponível em:
<https://leismunicipais.com.br/a/pr/f/foz-do-iguacu/lei-ordinaria/1999/224/2240/lei-ordinaria-n-2240-
1999-altera-a-denominacao-da-rua-do-ipes-para-rua-da-cosmoetica?q=2240>. Acesso em: 02 nov.
2019, às 14h26).
89
SACCONI, Luiz Antonio. Grande Dicionário Sacconi. São Paulo: Nova Geração, 2010; e
CAPORALI, Cathia; e WOJSLAW, Eliane. Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa: uma
contribuição ao esclarecimento e ao desenvolvimento intelectual. Revista Holotecologia, Foz do
Iguaçu, n. zero, p. 167-169, 2013.
231
Fonte: Jornal da Invéxis, Foz do Iguaçu, ano 14, n. 19, p. 7, abr. 2008.
90
CONDOMÍNIO Residencial Villa Conscientia. Jornal da Invéxis, Foz do Iguaçu, ano 14, n. 19, p. 7-
8, abr. 2008; e Ata do Conselho das ICs N. 43, de 10/06/2007, página 117 (documento da UNICIN).
91
INAUGURAÇÃO do campus da Invexologia. Jornal Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 13, n.
154, p. 3, maio 2008.
232
a primeira vez que a lista da CCCI-Foz do Iguaçu foi afixada em algum local público
do CEAEC com objetivo de a própria comunidade fazer a revisão dos dados. Um
dos anexos indica que 63 pessoas saíram de Foz entre 2001 e 2007 e em outro
anexo, havia 15 nomes com previsão de mudança para Foz.
92
Ata N. 50 do Conselho das ICs, de 19/10/2007, páginas 201 e 202 (documento da UNICIN).
93
Ata N. 56 do Conselho das ICs de 13/01/2008, páginas 39 e 40 (documento da UNICIN), Anexo I –
Lojas da Conscienciologia no Shopping JL Cataratas – Relatório preliminar – 12/01/2008.
94
Ata N. 60 do Conselho das ICs, de 17/02/2008, página 70 (documento da UNICIN).
233
95
PITAGUARI, Antonio. Expoconscienciologia: laboratório de interassistenciologia. Jornal Campus
CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 13, n. 151, p. 2, fev. 2008.
96
Panfletos do ExpoConscienciologia com a programação das palestras, um com os meses de junho
e julho e outro, do mês de agosto (documento da UNICIN).
97
MOSTRA declina um olhar sobre Foz. Jornal do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano VIII, n. 2.370, p. 8, 6
jun. 2008.
98
Edital de convocação de Assembleia do Pólo Conscienciocêntrico Discernimentum, de 06/10/2008,
possui um ponto de pauta para discutir a continuidade do Expoconscienciologia (documento da
UNICIN).
99
PITAGUARI, Antonio. Notícias da CCCI. Jornal do Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 13, n. 148,
p. 3, nov. 2007c.
234
100
GODOY, Mayara. Foz ganhará Megacentro Cultural Holoteca. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu,
ano 21, n. 6.108, p. A7, 13 nov. 2008.
101
WALDO Vieira e a Cognópolis. Revista 100 Fronteiras, Foz do Iguaçu, ano V, n. 41, p. 24-28, fev.
2009.
102
WALDO, 2009, p. 24.
103
COGNÓPOLIS: Conheça o mais novo bairro de Foz do Iguaçu. Informativo AIEC, Foz do Iguaçu,
ano 2, n. 2, ed. 1, p. 1, maio 2009; COGNÓPOLIS, o mais novo bairro de Foz de Iguaçu. Jornal da
Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 14, n. 168, p. 1, jul. 2009. Nesses jornais internos, apareceu a data
de 23 de maio de 2009, mas no site das Leis Municipais, a data do decreto é de 20/05/2009
(disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a/pr/f/foz-do-iguacu/decreto/2009/1888/18887/decreto-
n-18887-2009-dispoe-sobre-denominacao-de-bairro>. Acesso em: 28 out. 2019, às 17h22).
235
Fonte: Órgão Oficial do Município de Foz do Iguaçu, ano XII, n. 1047, p. 1, 03 jun.
2009. Disponível em: <pmfi.pr.gov.br>. Acesso em: 01 out. 2019, às 0h.
104
GESING, Leila. Bairro do conhecimento será o maior condomínio residencial de Foz. A Gazeta do
Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 21, ed. 6.265, p. C4, 25 maio 2009.
105
AOS 95 ANOS Foz do Iguaçu ganha novo bairro. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 21, n.
6.279, p. G20, 10 jun. 2009.
236
106
Fontes: WALDO Vieira e a Cognópolis, 2009, p. 25; DISCERNIMENTUM; UNICIN. Portfólio Bairro
Cognópolis. Foz do Iguaçu: Discernimentum; Unicin, 2011; BUONONATO, Flávio. Anuário da
Conscienciologia 2014. Foz do Iguaçu: Editares, 2019, p. 29; “Lista da CCCI em Foz do Iguaçu”, de
28/05/2015; BONASSI, João Aurélio; ARAKAKI, Kátia. Cognópolis Foz: um lugar para se viver. Foz
do Iguaçu: Editares, 2016, p. 35-37; “Pontações do CEAEC” (Data-base: 04.08.2019), documento
afixado em mural público no Holociclo, no CEAEC.
107
A Reaprendendia adquiriu o terreno a partir da compra realizada por um de seus voluntários em
agosto de 2012 e doada à instituição (Fonte: DANTAS, Álvarez (Ed.). Momento histórico para a
Reaprendendia. Revista de Parapedagogia, Foz do Iguaçu, ano 2, n. 2, p. 1, out. 2012). A área total
era de 11.980,16 m2. O mesmo voluntário doou também o prédio da sede da Reaprendentia,
construída no ano de 2015, e inaugurada em 13/02/2016 (Fonte: informações obtidas com ex-
coordenador da Reaprendendia Ruy Bueno, por meio de whatsApp, em 19/10/2019. A menção do
nome foi autorizada pelo informante).
237
108
DISCERNIMENTUM. UNICIN, 2011, p. 2; e COGNÓPOLIS: conheça o mais novo bairro de Foz do
Iguaçu. Informativo AIEC, Foz do Iguaçu, ano 2, ed. 1, p. 1, maio 2009.
109
PARO, Denise. Jornal do Campus CEAEC agora é JORNAL DA COGNÓPOLIS. Jornal do
Campus CEAEC, Foz do Iguaçu, ano 14, n. 167, p. 1, jun. 2009. Essa foi a segunda mudança de
nome do jornal, que no surgimento dele chamava-se Jornal do CEAEC, depois passou a se chamar
Jornal do Campus CEAEC, e por fim, Jornal da Cognópolis.
238
110
PARO, Denise. Entrevista com J. Vasconcelos: Curso traz filósofo à Foz para debater Democracia.
Jornal da Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 15, n. 170, p. 3, set. 2009.
111
PITAGUARI, Antonio. Imersão Heterocrítica de Obra Útil analisa obra Democracia Pura. Jornal da
Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 15, n. 172, p. 1, nov. 2009.
112
GARCIA, Júlio César. Conselho dos 500 realiza primeira reunião. Jornal da Cognópolis, Foz do
Iguaçu, ano 15, n. 175, p. 1, fev. 2010.
239
Essa expressão “Conselho dos Quinhentos” tem sua origem na Grécia Antiga e
a primeira boulé ou conselho teria sido fundada por Sólon de Atenas (638–558
a.e.c.) com 400 membros. Mas é com Clístenes (565–492 a.e.c.) que se deve o
estabelecimento da Boulé dos Quinhentos, fundamental para organização da cidade.
A boulé ou conselho era a engrenagem essencial para o bom funcionamento da
democracia ateniense113.
Desse modo, a proposta era ser uma nova instância decisória da Cognópolis, a
fim de facilitar a implantação da democracia sem intermediários no bairro. No
entanto, é importante lembrar que, na democracia ateniense, somente os cidadãos
participavam da vida política de Atenas. E quem era considerado cidadão? Aquele
que tivesse pai e mãe atenienses 114 (o que correspondia a cerca de 40 mil
cidadãos). Assim, os estrangeiros (cerca de 100 mil) estavam fora da participação
política. Mais dois grupos ficavam excluídos da vida política ateniense: os escravos
(200 mil) e as mulheres (60 mil). Esses números populacionais referem-se ao tempo
de Clístenes (cerca de 508 a.e.c.) 115 . Assim, é possível observar que, quem
participava da vida política era um grupo restrito e não o povo, no sentido amplo.
Vale considerar também que o número de cidadãos atenienses era em torno de 40 a
42 mil, “no entanto, a frequência à Assembleia do Povo ficava em torno de seis mil
cidadãos.”116.
De acordo com o autor Fabio Konder Comparato 117 , a minoria de cidadãos
ativos que exercia a democracia ateniense representava entre 10% e 15% dos
adultos. Mas, o jurista não cita a quantidade da população ateniense, comenta
somente que os escravos formavam cerca de um terço do total dos habitantes de
Atenas. As mulheres e os estrangeiros não tinham direitos políticos.
Desse modo, a democracia que é considerada “a igualdade entre todos os
‘cidadãos”, foi inventada pelos gregos, porém dentre de limitações que alteraram,
desde a origem, o valor e a eficácia dessa “soberania popular” 118 . Segundo
113
MOSSÉ, Claude. Dicionário da Civilização Grega. Tradução de Carlos Ramalhete. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2004, p. 56.
114
SOUZA, Itamar de. Luzes e sombras da democracia ateniense. Revista FARN, v. 2, n. 1, p. 149-
169, jul./dez. 2002, p. 153. Disponível em: http://revistas.unirn.edu.br/index.php/revistaunirn/
article/view/68. Acesso em: nov. 2019.
115
SOUZA, 2002, p. 152.
116
SOUZA, 2002, p. 166.
117
COMPARATO, Fabio Konder. Ética: direito, moral e religião no mundo moderno. 2. Ed. rev. São
Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 641.
118
BONNARD, André. A civilização grega. Tradução de José Saramago. Lisboa: Edições 70, 2007, p.
117.
240
119
BONNARD, 2007, p. 117.
120
BAIRRO Cognópolis faz reivindicações durante Câmara Itinerante. A Gazeta do Iguaçu, Foz do
Iguaçu, ano 22, ed. 6.437, p. e4, 17 dez. 2009.
121
GARCIA, 2010, p. 1.
241
122
GARCIA, 2010, p. 1.
123
GARCIA, 2010, p. 1; e ULMAN, Karla. Democracia: Experimentos no bairro Cognópolis-Foz.
Curitiba: CRV, 2019, p. 152.
124
BALTHAZAR, Alexandre. Cognópolis prepara Plano Diretor. Jornal da Cognópolis, Foz do Iguaçu,
ano 15, n. 176, p. 1, mar. 2010.
125
BALTHAZAR, 2010, p. 1.
242
126
AZEVEDO, Gabriel. Bairro de Foz vive experiência de democracia pura. Gazeta do Povo, Curitiba,
ano 92, n. 29.421, p. 16, 31 maio 2010.
127
PARO, Denise. Bairro resgata a democracia da Grécia. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 95, n.
30.723, p. 11, 02 jan. 2014.
128
ULMAN, 2019, p. 162; GARCIA, Júlio César. Conselho dos 500: Democracia Pura na Cognópolis
Foz, Atividades da Comissão do Conselho dos 500. Jornal da Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 15, n.
180, p. 2, jul. 2010.
243
presentes como associado benemérito. Foi feito debate do Estatuto, que diante de
várias sugestões, teve o prazo de discussão prorrogado.
A primeira diretoria foi eleita pelo sistema de auto-habilitação e sorteio dos
candidatos presentes. Das 10 pessoas da diretoria, 6 eram voluntários da
Conscienciologia e 4 moradores sem vínculo com a Conscienciologia. A sede
provisória ficou definida no Discernimentum129.
Uma das ações da recém-criada AMAC foi um abaixo-assinado solicitando à
prefeitura o recapeamento asfáltico da avenida Felipe Wandscheer, ruas adjacentes,
um ponto de ônibus próximo à rua da Cosmoética, ronda de segurança municipal e
iluminação. No total, foram 400 assinaturas de moradores e amigos do bairro
Cognópolis130.
A AMAC e o “Conselho dos 500” funcionaram paralelamente. Até que no dia 16
de agosto de 2014, última assembleia do “Conselho dos 500”, foi debatido o conflito
de competências entre os objetivos estatutários da AMAC e do Conselho dos 500,
concluindo-se pela compreensão de sobreposição de competências entre os dois
organismos.131
“A ideia principal proposta seria de que o Conselho dos 500 ficasse adstrito a
CCCI, deixando-se as questões macro do bairro na competência da AMAC” 132 .
Porém, não se chegou a um consenso sobre o tema a ser votado, escolhendo-se
por observar, por um período, o desenvolvimento da AMAC. Não houve candidatos
para nova gestão do Conselho. Desde então, o Conselho dos 500 manteve-se
inativo até o presente ano de 2019.
129
CÉSAR, Júlio. Fundada a Associação de Moradores do Bairro Cognópolis de Foz do Iguaçu.
Jornal da Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 16, n. 182, p. 1, set. 2010.
130
CAMARGOS, Solange. Abaixo-assinado. Jornal da Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 16, n. 186, p.
2, jan. 2011.
131
ULMAN, 2019, p. 163.
132
ULMAN, 2019, p. 163.
244
138
Fonte: informação obtida com Marcus Dung, um dos coordenadores do Cineclube Cognópolis, via
whatsApp. A menção do nome foi autorizada pelo informante. Sobre a dissolução da instituição
Discernimentum, existe um documento “Comunicado à CCCI”, assinado pela UNICIN, AIEC e
Discernimentum, de 10 de agosto de 2011, informando que a administração do campus
Discernimentum passaria a ser feita pela AIEC, a partir de setembro de 2011 (Arquivo da UNICIN).
246
139
FIQUEIRA, Nelson. Twitaço perguntará a governador a data de início das obras da trincheira. A
Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 24, ed. 7.216, p. a6, 20 jul. 2012.
140
KOJUNSKI, Mariana. Papo sério com Lourival Roman e Ivo Valente. Revista 100 Fronteiras, Foz
do Iguaçu, ano 9, ed. 111, p. 26-29, dez. 2014.
141
QUADRA, Dante. Reni e Pepe Richa inauguram viaduto da Avenida Paraná. Rádio Cultura Foz,
Foz do Iguaçu, 21 ago. 2015. Disponível em: <www.radioculturafoz.com.br/2015/08/21/reni-e-pepe-
richa-inauguram-viaduto-da-avenida-parana/>. Acesso em: 30 set. 2019, às 10h30.
142
KOJUNSKI, 2014, p. 29.
247
no dia 14 de maio de 2013, uma manifestação na rede virtual para chamar atenção
para a necessidade da avenida Maria Bubiak ser asfaltada, no bairro Cognópolis143.
E ainda no âmbito da Cognópolis, Ivo Valente, na condição de presidente da
AMAC, liderou um abaixo-assinado que atingiu mil assinaturas, reivindicando
pavimentação asfáltica de ruas e avenidas de acesso ao bairro, lombadas na
avenida Felipe Wandscheer devido aos acidentes e instalação de câmeras de
segurança no bairro a fim de coibir assaltos no local.144
Esse subtópico pretendeu exemplificar comportamentos adotados por
voluntários no bairro e no município para melhorar o cotidiano dos moradores.
143
COMPARTILHAÇO. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 25, ed. 7.462, p. a4, 15 maio 2013.
144
MARQUES, Elson. Abaixo assinado do Bairro Cognópolis alcança a meta de mil assinaturas. A
Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 25, ed. 7.715, p. a6, 21 mar. 2014.
248
145
CORDIOLI, Cesar. Calepino Conscienciológico. Foz do Iguaçu: Editares, 2019, p. 1.213 a 1.217.
146
VIEIRA, Waldo. Dicionário de Argumentos da Conscienciologia. Foz do Iguaçu: Editares, 2014, p.
1.527 a 1.567.
249
147
Fontes: Encaminhamento AVA [Apoio a Voluntários e Alunos] N. 01/2014 de 20/03/2014 emitido
pela Organização Internacional de Consciencioterapia (OIC) sobre a IAC, divulgado por e-mail;
Comunicado da UNICIN de 26/06/2019 informando a opção pelo desligamento da UNICIN pela
ASSIPEC, divulgado por e-mail.
148
Fontes: Ata da Assembleia Geral Extraordinária da IASB, de 02/10/2008 (documento da UNICIN);
BUONONATO, 2014, p. 74; Carta “Posicionamento Reconscientia” de 02/04/2018, informando
encerramento das suas atividades institucionais, divulgada por e-mail.
149
LISTA das Pré-ICs. Disponível em: <http://unicin.org/pt/unicin/servicos/apoio-as-ics-e-pre-ics/>.
Acesso em: 13 fev. 2020, às 15h07.
250
150
Fonte: Plano Conscienciocêntrico da “Orthocognitivus”, de fevereiro de 2018, Florianópolis (SC).
Esse documento possui 102 páginas mais 16 anexos. Esta foi a última instituição fundada, tendo
levado em torno de 2 anos para passar de pré-IC para IC (Arquivo da UNICIN).
151
Fonte: slides “Fluxo – Pré-IC; Desenvolvimento do Plano Conscienciocêntrico da Futura IC”
fornecido pela UNICIN (Ano-base: 2019).
251
152
Fontes: NOITE de Gala movimenta Foz. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 26, ed. 8.077, p.
a16, 8 jun. 2015; e PARO, Denise. Noite de Gala: convidados fazem um passeio por outras épocas
vividas. Revista 100 Fronteiras, Foz do Iguaçu, ano 10, ed. 118, p. 97, 102-110, jul. 2015.
252
153
Fontes: CHÁ das Cinco relembra Era Vitoriana e a escritora Marie Corelli. A Gazeta do Iguaçu,
Foz do Iguaçu, ano 27, ed. 8.341, p. 25, 25 abr. 2016; e PARO, Denise. Chá das cinco: Consecutivus
promove chá inglês retrocognitivo. Revista 100 Fronteiras, Foz do Iguaçu, ano 11, ed. 128, p.96-101,
maio 2016.
154
PARO, Denise. Salão Intelectual Renascentista: uma volta ao passado. Revista 100 Fronteiras,
Foz do Iguaçu, ano 11, ed. 140, p. 69-75, maio 2017.
155
PARO, 2017, p. 73.
253
156
WALDO Vieira sofre AVC e está em estado grave. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 27, ed.
8.093, p. a5, 29 jun. 2015.
157
MORRE médico Waldo Vieira. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 27, ed. 8.097, p. a2, 3 jul.
2015 (Arquivos do Holociclo, no CEAEC, em Foz do Iguaçu, PR).
158
LIMA, Jackson. Colegiados darão sequência aos projetos do Ceaec. A Gazeta do Iguaçu, Foz do
Iguaçu, ano 27, ed. 8.098, p. a7, 4 e 5 jul. 2015.
159
Paulo Mac Donald foi prefeito de Foz do Iguaçu no período de 2005 até 2012 (fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Mac_Donald_Ghisi; acesso em: 17 out. 2019, às 20h30).
160
Jorge Samek foi diretor-geral brasileiro da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional no período de
2003 até maio de 2016 (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Samek; acesso em: 17 out. 2019, às
20h40).
161
Gilmar Piola era superintendente de comunicação da Itaipu Binacional na ocasião do falecimento
de Vieira. Hoje é secretário de turismo de Foz do Iguaçu (Ano-base: 2019).
254
162
CARUSO, Raimundo C. Desafios de Foz do Iguaçu: educação, saúde e segurança. [S. l.]: Edição
do autor, 2011, p. 53 a 63 (Entrevista com Roberto Almeida).
163
HART, Camyle. Morre Waldo Vieira, o propositor da conscienciologia. Nossa Folha, Medianeira,
ano 15, n. 796, p. 18, 08 jul. 2015.
164
O verbete “Colegiadologia” saiu publicado em 2014, no “Dicionário de Argumentos da
Conscienciologia”, obra já mencionada de Waldo Vieira, p. 500 a 502.
255
165
FUNÇÕES e diretrizes. Disponível em: <colegiadodaconscienciologia.org/o-colegiado/funções-e-
diretrizes/>. Acesso em: 29 set. 2019, às 20h50.
166
ATRATIVOS turísticos. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 21, n. 6.354, p. t9, 09 set. 2009;
MEIRELES, Roger. O que fazer nas Três Fronteiras? A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 21, n.
6.366, p. t8, 23 set. 2009.
167
PEIXOTO, Fábio (Ed.). Questão de consciência. Guia Quatro Rodas, São Paulo, ed. 2013, p. 93,
abr. 2012.
168
INVESTIMENTO hoteleiro. Agência de Notícias do Governo do Município de Foz do Iguaçu, 29 jul.
2013. Disponível em: <pmfi.pr.gov.br/noticia/?idNoticia=31898>. Acesso em: 01 out. 2019, às 0h.
256
169
A Associação Internacional para Expansão da Conscienciologia (AIEC) foi reconhecida de
Utilidade Pública Municipal, pela Lei 4.143/13, D.O.M. de 02 de outubro de 2013 e de Utilidade
Pública Estadual pela Lei 18.511/15, D.O.E. de 14 de julho de 2015.
170
BRAGA, Cyntia. Mabu Interludium aproxima a Cognópolis do Circuito Turístico de Foz do Iguaçu.
Jornal da Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 17, n. 199, p. 1, 2014.
171
EVENTO permitirá ‘degustar’ a Conscienciologia. Jornal da Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 21, n.
216, p. 2, set. 2018; e AMADORI, Rosane. ‘Um Dia na Cognópolis’ reuniu 670 visitantes. Jornal da
Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 21, n. 218, p. 3, nov. 2018.
172
CEAEC promove atividades culturais gratuitas à população. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu,
ano 27, n. 8.492, p. 11, 24 out. 2016.
257
173
SOBRE CONSCIÊNCIA, conhecimento e diversão. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 27,
ed. 8.497, p. 24 e 25, 29 e 30 out. 2016.
174
CEAEC promove segunda edição do Dia da Cognópolis. Gazeta Diário, Foz do Iguaçu, ano 2, ed.
713, p. 10, 24 out. 2018.
175
CALEBE, Josué. Prefeitura esclarece renomeação de bairro em Foz. Rádio Cultura, Foz do
Iguaçu, 7 jan. 2019. Disponível em: <https://www.radioculturafoz.com.br/2019/01/07/prefeitura-
esclarece-renomeacao-de-bairros-em-foz/>. Acesso em: 28 out. 2019, às 17h49.
258
176
DIÁRIO Oficial do Município, Prefeitura de Foz do Iguaçu, ano XXII, ed. 3.496, p. 12-46, 21 dez.
2018. Disponível em: http://www.pmfi.pr.gov.br/ ArquivosDB?idMidia=106581. Acesso em: out. 2019.
177
LEI Complementar N. 303, de 20 de dezembro de 2018. Disponível em: <
https://leismunicipais.com.br/a/pr/f/foz-do-iguacu/lei-complementar/2018/30/303/lei-complementar-n-
303-2018-dispoe-sobre-a-criacao-delimitacao-e-denominacao-de-bairros-no-municipio-de-foz-do-
iguacu-e-da-outras-providencias>. Acesso em: 28 out. 2019, às 17h35.
178
Fonte: informação obtida com Melissa Wisnieski, gerente do condomínio Villa Conscientia Asa
Norte, em 05 de novembro de 2019, pelo whatsApp. A menção do nome foi autorizada pela
informante.
259
Fonte: DIÁRIO Oficial do Município, Prefeitura de Foz do Iguaçu, ano XXII, ed.
3.496, p. 36, 21 dez. 2018. Disponível em: http://www.pmfi.pr.gov.br/
ArquivosDB?idMidia=106581. Acesso em: out. 2019.
179
Fonte: informação obtida com a moradora do condomínio “Integração”, Karla Ulman, em
15/10/2019, por whatsApp. A menção do nome foi autorizada pela informante.
180
AMADORI, Rosane. Condomínios próximos ao CEAEC integram serviços. Jornal da Cognópolis,
Foz do Iguaçu, ano 22, n. 221, p. 2, mar. e abr. 2019.
181
Fonte: Parecer N. 01/2014, sobre a Integração dos Condomínios, disponível na UNICIN.
182
Fonte: Parecer N. 01/2014, sobre a Integração dos Condomínios, disponível na UNICIN.
261
conectora nos fundos, além de uma opção de construir uma nova portaria no
“Cosmoética” com via conectora nos fundos).
O resultado foi que a maioria foi favorável à integração das portarias e ganhou
a opção 3. A portaria escolhida foi do condomínio Serenologia com via conectora
nos fundos. Após o resultado, foi elaborado um plano de ações encaminhado aos
condôminos, assim como foram feitos orçamentos para as obras, e em maio de
2012, foi apresentado um plano de captação de recursos para os investimentos de
segurança.
Apesar da votação interna dos condomínios envolvidos, as duas orientações
dadas pelos especialistas ainda não tinham saído do papel em 2014, 3 anos depois.
O que paralisou o andamento das obras foram principalmente as objeções de alguns
moradores que não representavam maioria em nenhum dos condomínios. Um
exemplo de objeção foi a forma utilizada pela comissão de segurança na condução
do processo, pois alguns moradores se sentiram pouco informados e ainda
compelidos a aprovar a união dos condomínios.
Essa questão chegou à UNICIN em caráter de consulta. Foi solicitado um
parecer sobre a legalidade e a cosmoética sobre a condução dos trabalhos da
comissão e das ações de integração dos condomínios.
O posicionamento da UNICIN, após reuniões com os envolvidos e análise de
documentos, foi de que a Comissão de Segurança “colocou o bem comum à frente
das necessidades individuais egóicas”, “considerou a análise de especialistas em
segurança durante o processo e não focou o debate em opiniões superficiais”,
“observou até aqui todos os trâmites legais de condomínios”, “realizou diversas
apresentações aos condôminos”, “realizou votação entre todos os moradores e
escolheu a opção mais votada”, “respondeu aos anseios legítimos dos moradores
por mais segurança”, e assim por diante.
A UNICIN concluiu que “as ações de segurança exigem urgência e portanto as
discussões não podem se estender e retardar as decisões” coletivas, “sugere-se
basear a tomada de decisão, sempre que possível, por maioria e não por
unanimidade”, “é no mínimo irresponsável ou anticosmoético antepor-se à maioria
quando o assunto em questão é de tamanha seriedade”. O parecer termina
informando que os documentos da Comissão de Segurança Integrada dos
Condomínios estavam disponíveis para consulta na UNICIN.
262
183
BALTHAZAR, Alexandre. Encontro Intercognópolis. Jornal da Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 20,
n. 203, p. 2, jul. 2017.
263
184
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993, p. 143.
264
oportuno ressaltar que esse trabalho foi conduzido por voluntários, que possuem
expertises adquiridas por suas vivências pessoais e pelo exercício profissional.
Outro aspecto a ser considerado é que houve uma relação estreita entre o
processo migratório e a expansão dos territórios, e em consequência, o
enraizamento da comunidade. Se os voluntários não migrassem para Foz do Iguaçu
não haveria necessidade de projetos habitacionais e aquisição de terrenos para
novas instituições.
Ao mesmo tempo, fora de Foz do Iguaçu, houve a formação do campus
INTERCAMPI, em Natal (RN), além dos já existentes, campus da ARACÊ (ES) e o
campus IIPC em Saquarema (RJ). O campus em Évoramonte, em Portugal, deixou
de fazer parte da multiterritorialidade conscienciológica. Tal processo e dinâmica
fazem parte do conceito proposto por Raffestin de territorialização-
desterritorialização-reterritorização (TDR), no qual o território passa por processo de
transformações com o tempo em função de fatores econômicos, políticos e culturais.
Para Raffestin185, as relações de poder estabelecem-se em contexto da vida
cotidiana e são também trans-multiescalares. As territorialidades, entendidas como
vivências espaço-temporalmente, são efetivadas nos níveis intra-familiares, intra-
comunitários e entre as instituições, implicando em relações próximas (alteridade) e
distantes (exterioridade). Assim, para esse autor, não há uma territorialidade, mas
múltiplas territorialidades.
As relações sociais vivenciadas nas territorialidades visam a organização e a
mobilização política com vistas à conquista da autonomia. Tendo como base essa
concepção de Raffestin e de outros autores, o geógrafo e professor da UNIOESTE
Marcos Aurélio Saquet186 argumenta a favor de uma “Geografia das territorialidades
e das temporalidades voltadas para a cooperação, para o desenvolvimento com
mais justiça social, recuperação ambiental, solidariedade, participação”.
A solidariedade entendida como reciprocidade, ajuda mútua, espontaneidade,
vinculada à conquista da autonomia decisória. “A solidariedade precisa ser
construída entre as pessoas, historicamente, nas conversas, nos debates, nas
decisões, na vizinhança, enfim na práxis cotidiana”187.
185
RAFFESTIN, 1993.
186
SAQUET, Marcos Aurélio. Por uma geografia das territorialidades e das temporalidades. 2. ed.
rev. e amp. Rio de Janeiro: Consequência, 2015, p. 123.
187
SAQUET, 2015, p. 127-128.
265
188
Saquet cita a importância da “organização política de gestão e
autonomia” do território. “É necessário construir um novo território para uma nova
sociedade, o que exige, evidentemente, uma práxis diferente para a relação
sociedade-natureza, valorizando os saberes populares, a agricultura camponesa”,
entre outros.
Saquet189 menciona a necessidade de “definir novas práticas territoriais, novas
apropriações e relações que valorizem o patrimônio territorial de cada lugar.” Isso
inclui a concepção de um autogoverno, de governar-se com responsabilidade social
e ambiental sem perder o contato com o mundo, valorizando os conhecimentos dos
moradores, a gestão participativa, a solidariedade e as relações de confiança. Tais
processos podem se estabelecer por meio das associações de bairro, escolares,
dentre outras.
Tal proposta de Saquet está em sintonia com os experimentos de gestão
participativa e de democracia que o bairro Cognópolis vem tentando implantar. Uma
análise sobre os processos de democracia na Cognópolis-Foz foi realizada pela
pesquisadora da área do Direito Karla Ulman e serão apresentados no subtópico
4.4.4 dessas Considerações.
A gestão participativa territorial do bairro é um desafio à comunidade
conscienciológica e aos moradores da Cognópolis. No entanto, a estratégia utilizada
pela AIEC na aquisição dos terrenos se constitui em um indício da participação dos
voluntários e de suas vontades na própria formação da comunidade
conscienciológica. Mesmo a propaganda que a AIEC possa ter realizado na venda
dos lotes não justifica a forte adesão pelos voluntários.
É importante dar um zoom no caso dos 4 terrenos adquiridos entre 2006 e
2007. Todos os 4 terrenos foram adquiridos realizando-se a venda de lotes sem
poder entregar a escritura logo em seguida para os compradores. Estabeleceu-se
uma relação de confiança entre a AIEC e os voluntários que compraram os lotes.
Estes deram o dinheiro antes de ter a garantia do lote adquirido.
Levi 190 , estudando a estratégia das famílias em administrar as terras na
comunidade de Santena, destaca que “devemos observar as formas de
solidariedade e cooperação seletiva adotadas para organizar a sobrevivência e o
188
SAQUET, 2015, p. 133, grifos do autor.
189
SAQUET, 2015, p. 134, grifos do autor.
190
LEVI, Giovanni. A herança imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII. Trad.
de Cynthia Marques de Oliveira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 98.
266
191
TÖNNIES, Ferdinand. Comunidade e sociedade como entidades típico-ideais. In: FERNANDES,
Florestan. (Org.). Comunidade e Sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e
de aplicação. São Paulo: Companhia Editora Nacional; Editora da Universidade de São Paulo, 1973,
p. 97, grifo do autor.
192
WEBER, Max. Comunidade e sociedade como estruturas de socialização. In: FERNANDES,
Florestan. (Org.). Comunidade e Sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e
de aplicação. São Paulo: Companhia Editora Nacional; Editora da Universidade de São Paulo, 1973,
p. 140, grifos do autor.
193
WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Tradução de
Regis Barbosa e Karen Elisabete Barbosa. Revisão técnica de Gabriel Cohn. 4. Ed. 3. Reimp.
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2012, p. 25-26.
267
194
HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade.
5. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010, p. 343.
268
4.4.3 Instituições
195
Fontes: E-mail enviado pelo secretário-geral do CEAEC em 26 de abril de 2019; TERTÚLIA
Matinal. Disponível em: <http://www.icge.org.br/?page_id=3127>. Acesso em: 18 out. 2019, às 19h30;
FREIRE, Carmen; ALMEIDA, Nazaré; SALLES, Rosemary. Círculo Mentalsomático: volume I,
encontros 01 a 10, período de 07 de abril a 09 de junho de 2012. Foz do Iguaçu: Epígrafe, 2019.
269
196
MELLÃO NETO, João. O recado dos espanhóis. O Estado de S. Paulo, São Paulo, ano 126, n.
40.645, p. A2, 28 jan. 2005.
197
Tais observações estão fundamentadas na experiência da autora como voluntária do
departamento do Holociclo, desde o ano 2000.
270
198
MELLÃO NETO, 2005, p. A2.
271
199
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela
Inquisição. Tradução de Maria Betânia Amoroso. 1. ed. 10. reimp. São Paulo: Companhia das Letras,
2015, p. 95.
272
“não o livro em si, mas o encontro da página escrita com a cultura oral é que
formava, na cabeça de Menocchio, uma mistura explosiva”, também levantamos a
hipótese de algumas leituras de Vieira terem orientado ou confirmado seu modo de
pensar e agir. Especialmente, como diz Ginzburg 200 , “o importante não é o que
Menocchio leu ou recebeu – é como leu, é o que fez de suas experiências”.
Nesse sentido é que compreendi esse indício: o artigo de Mellão Neto é de
2005, dias depois da fundação da UNICIN, o que sugere não uma influência do
artigo no pensamento de Waldo Vieira, mas a ratificação dos encaminhamentos
sugeridos por ele na direção de criar a UNICIN e novas instituições.
Instituições não resolvem todos os problemas, nem no âmbito microssocial –
na comunidade conscienciológica, por exemplo – nem no macrossocial – nas
nações, no entanto elas ajudam a concretizar e a consolidar valores sociais. As
instituições conscienciocêntricas são a materialização em pessoas jurídicas das
ideias e dos conceitos da Conscienciologia.
201
De acordo com Karla Ulman , a multiplicidade de instituições
conscienciocêntricas tem como objetivo “praticar os conceitos teóricos da
democracia, desenvolvendo-a.” Ulman, fundamentada em Roger Osborne202, sugere
que tal condição em pleno século XXI, considerando ser essa comunidade
majoritariamente de migrantes, teria encontrado inspiração nos gregos antigos.
Nos séculos VI e V a.e.c., os gregos “se viam como descendentes de
imigrantes, porque, historicamente, migraram do norte muito tempo antes do período
clássico com aspectos culturais próprios e marcantes”. Osborne associa o contexto
de migrantes gregos com o futuro aparecimento da democracia, pois a mobilidade
social dos grupos iria se contrapor aos sistemas hierárquicos vigentes. Os gregos
logo perceberam que, para mudar a realidade, era necessário criar instituições a fim
de dar suporte aos encontros que formariam o governo do povo.
Ulman sugere que as instituições conscienciocêntricas estão sendo criadas
para dar suporte aos encontros de pessoas e grupos que formariam o “governo dos
voluntários”.
200
GINZBURG, 2015, p. 194.
201
ULMAN, 2019, p. 134.
202
OBBORNE apud ULMAN, 2019, p. 134.
273
203
ULMAN, 2019, p. 151.
204
ULMAN, 2019, p. 151.
205
DAHL apud ULMAN, 2019, p. 143.
274
Ulman 206 , tomou como objeto de exame 3 aspectos: a eleição das lideranças,
algumas decisões tomadas na Cognópolis e as instâncias de poder diretas e
indiretas.
Quanto ao processo eleitoral, a autora analisou os casos da AMAC, da
UNICIN, das ICs, do Conselho dos 500 e do Colegiado da Conscienciologia. Quanto
ao processo decisional, foram analisadas algumas decisões tomadas pela AMAC,
pelo Conselho dos 500 e pelo Colegiado de Intercooperação (órgão máximo
deliberativo dos voluntários da comunidade conscienciológica). Quanto às instâncias
de poder, foi elaborada uma listagem com 51 voluntários que exercem diversos
cargos em um levantamento de 10 instâncias de poder diretas e indiretas 207 , a
saber:
1) Colegiado da Conscienciologia: seus membros;
2) UNICIN: coordenador geral e coordenações exclusivas de 3 comitês
(paradiplomacia, conscienciocentrologia e protocolo);
3) ICs: os coordenadores gerais;
4) Dinâmicas Parapsíquicas: o professor epicon, aquele com domínio das
bioenergias e razoável domínio parapsíquico, considerado formador de opinião;
5) Tertúlias Conscienciológicas: os mediadores considerados formadores de
opinião;
6) Círculo Mentalsomático: os mediadores considerados formadores de
opinião;
7) Conselho de Epicons: os professores epicons ativos considerados
formadores de opinião;
8) Autores: os voluntários que publicaram livros de qualquer assunto,
considerados formadores de opinião;
9) Docentes de Conscienciologia: considerados formadores de opinião e;
10) AMAC: o coordenador geral.
206
ULMAN, 2019, p. 149.
207
ULMAN, 2019, p. 149-165.
208
ULMAN, 2019, p. 165-166.
275
209
ULMAN, 2019, p. 166.
210
ULMAN, 2019, p. 167.
211
ULMAN, 2019, p. 167.
212
ULMAN, 2019, p. 168.
213
ULMAN, 2019, p. 170.
276
214
FONSECA, Maria Lucinda. Migrações e Territórios: Programa. Lisboa: Centro de Estudos
Geográficos, Universidade de Lisboa, 2005, p. 49.
215
FONSECA, 2005, p. 53.
277
da saúde. Isso fez com que médicos e psicólogos se mudassem do Rio de Janeiro
para Foz do Iguaçu. Nesse período, estabeleceu-se claramente uma corrente
migratória, ou seja, um fluxo migratório bem definido entre um lugar de origem, no
caso o Rio de Janeiro, e um lugar de destino, Foz do Iguaçu.
É oportuno lembrar que esses dados são aproximados, pois não eram feitas
entrevistas com as pessoas. Às vezes, era feito um contato direto, às vezes, indireto.
Era comum o migrante anunciar a sua chegada no Holociclo, pois esse
departamento funcionava como o escritório de trabalho de Waldo Vieira, a quem
grande parte dos migrantes iam avisar da mudança. Contudo, nem sempre a mesma
pessoa avisava da sua saída posteriormente. Era usual saber por terceiros que
fulano ou ciclano tinham ido embora.
800
700
600
500
400
300
200
100
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
(set) (abr) (abr) (mar) (abr) (maio) (maio) (mar) (jun) (ago) (jul) (set) (jun) (mar) (maio)
220
A ARTE de misturar culturas. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 17, n. 5.069, 9 jun. 2005.
Encarte de 91 anos de Foz do Iguaçu, p. 4.
221
MEIRELES, Robson. População de Foz é uma das que mais crescem no PR. A Gazeta do Iguaçu,
Foz do Iguaçu, ano 19, n. 5.774, p. 3, 6 e 7 out. 2007.
222
PARO, Denise. Foz do Iguaçu: do descaminho aos novos caminhos. Foz do Iguaçu, PR: Epígrafe,
2016, p. 163.
223
PARO, 2016, p. 168.
224
PARO, 2016, p. 166.
225
PARO, 2016, p. 163.
226
Ciudad del Este, no Paraguai, foi criada por decreto em 1957 pelo general Alfredo Stroessner
(1912–2006). A fim de estimular a economia da cidade criou uma zona franca (“espaço delimitado por
um governo para comercializar produtos sem cobrança normal de impostos”). Em 2014, Ciudad del
Este era a terceira maior zona franca do mundo. Fonte: SILVA, Micael Alvino da. Breve História de
Foz do Iguaçu. Foz do Iguaçu, PR: Epígrafe, 2014, p. 73.
282
produtos chineses para venda fora da China”, tendo estabelecido a conhecida rota
comercial “China-Paraguai-Brasil”227.
A densidade demográfica da população de Foz do Iguaçu tem relação com os
denominados ciclos econômicos e um incremento populacional referente a cada um
desses momentos.
De acordo com dados socioeconômicos divulgados no site da Prefeitura da Foz
do Iguaçu (2011)228, houve o seguinte acréscimo populacional em função dos quatro
ciclos econômicos principais: 1) de 1870-1970, da extração de madeira e cultivo de
erva-mate, com acréscimo de 33.966 habitantes; 2) 1970-1980, da construção da
hidrelétrica de Itaipu, houve um aumento de 102.355 habitantes; 3) 1980-1995, fase
da exportação e turismo de compras, com incremento de 74.861 habitantes; e 4)
1995-2008, período do comércio, turismo de compras e eventos, houve a chegada
de 108.007 pessoas.
Em 2011, Foz do Iguaçu possuía 256.081 habitantes. E em 2013, subiu para
263 mil habitantes229. Segundo o site do IBGE, a população estimada de Foz do
Iguaçu em 2019 era de 258.532 pessoas230, voltando a ter número aproximado aos
do ano 2000.
Além das questões econômicas, a complexidade do fenômeno migratório em
Foz do Iguaçu transparece, por exemplo, na formação de bairros onde os seus
“iguais” procuram se agrupar e dar continuidade aos locais de origem. É o caso, por
exemplo, dos libaneses que habitam o Jardim Central e dos paraguaios moradores
da Vila Paraguaia231.
Processo semelhante ocorreu com o caso em estudo. Esse agrupamento de
estudiosos da consciência humana também procuraram se concentrar em um dos
bairros da cidade, que inicialmente chamava-se Imóvel Tamanduazinho, fazendo
alusão ao rio com esse nome, e que após a instalação desses migrantes passou a
se chamar Cognópolis (Bairro do Conhecimento). No entanto, os voluntários da
227
SILVA, 2014, p. 107.
228
DADOS Socioeconômicos de Foz do Iguaçu 2011. Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu,
Secretaria da Administração/Departamento de Informações Institucionais. Foz do Iguaçu, 2011.
Disponível em: <http://www.pmfi.pr.gov.br/conteudo/?idMenu=1182>. Acesso em: 26 out. 2019, às
16h55.
229
A POPULAÇÃO volta a crescer em Foz. Boletim Informativo da Prefeitura Municipal de Foz do
Iguaçu, Foz do Iguaçu, n. I, p. 13, 2013/2014.
230
IBGE. Municípios. Foz do Iguaçu. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/foz-do-
iguacu/panorama>. Acesso em: 02 nov. 2019, às 17h43.
231
OLIVEIRA, Nara. Foz do Iguaçu intercultural: cotidiano e narrativas de alteridade. Foz do Iguaçu:
Epígrafe, 2012, p. 138.
283
232
ELIAS, Norbert. SCOTSON, John. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de
poder a partir de uma pequena comunidade. Trad. de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2000, p.
20.
284
233
ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 24.
234
IBGE. Foz do Iguaçu. População residente por religião. Disponível em:
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/foz-do-iguacu/panorama>. Acesso em: 02 nov. 2019, às 22h.
235
ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 174.
285
240
REIS, José (Cazuza). Conscienciologia poderá disputar prefeitura pelo PHS. A Gazeta do Iguaçu,
Foz do Iguaçu, ano 27, ed. 8.123, p. b2, 3 ago. 2015.
241
CEAEC, 2015, p. b6, grifos do autor.
242
CEAEC, 2015, p. b6.
243
CEAEC, 2015, p. b6.
244
BONATO, Rogério. Bola pra frente. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 27, ed. 8.102, p. a4, 9
jul. 2015.
287
245
BONATO, Rogério. Resposta. A Verdade. Paralelamente. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano
27, ed. 8.130, p. a4, 11 ago. 2015.
246
CONSCIENCIOLOGIA e CONSCIENCIOLOGIA II. A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, ano 27,
ed. 8.130, p. a6, 11 ago. 2015.
288
247
FERNANDES, Marcio. Terra do Nunca. Rolling Stones, São Paulo, n. 06, p. 44-51, mar. 2007.
248
OLIVEIRA, Nara. Holoteca. Revista Holotecologia, n. zero, p. 32-35, 2013; SANCHEZ, Myriam; &
SANCHEZ, Laura. Vincencio Juan de Lastanosa: o agitador intelectual do século XVII. Revista
Holotecologia, n. zero, p. 52-59, 2013.
289
249
DIRETORIA do CEAEC. Conscienciologia: esclarecimento e convite. A Gazeta do Iguaçu, Foz do
Iguaçu, ano 18, n. 5.576, p. 18-19, 13 fev. 2007.
250
ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 165.
251
ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 165.
252
ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 166.
290
253
ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 166.
291
5 MIGRAÇÃO CONSCIENCIOLÓGICA
1
REVEL, Jacques. Microanálise e construção do social. In: REVEL. Jacques. (Org.). Jogos de
escalas: a experiência da microanálise. Tradução Dora Rocha. Rio de Janeiro: Editora Fundação
Getúlio Vargas, 1998, p. 33.
2
LEVI, Giovanni. Sobre a micro-história. In: BURKE, Peter (Org.). A escrita da história: novas
perspectivas. Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Editora Unesp, 2011, p. 160.
3
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: _____. Mitos, emblemas, sinais.
Tradução de Federico Carotti. 2. ed. São Paulo: companhia das Letras, 2002, p. 157.
292
Quanto aos que possuem dois cursos de graduação, do total de 360 respostas,
60 possuem duplo curso (16,7%), 8 possuem mais de dois cursos de graduação
(2,2%), 15 estão cursando no momento da pesquisa o segundo curso de graduação
(4,2%) e 277 não possuem dois cursos superiores (76,9%). Assim, a maioria não
possui duplo curso. No entanto, somando os que possuem duplo curso, com os que
298
Na pergunta “Qual bairro de Foz do Iguaçu você mora?”, 172 afirmaram morar
no bairro Cognópolis (47,7%), 186 moram em outros bairros (51,7%) e 2 não
responderam (0,6%). No entanto, 68 afirmaram morar próximo ao bairro da
Cognópolis (18,9%). Ou seja, dois terços dos 360 participantes moram no bairro
Cognópolis ou nas proximidades (66,6%) (Tabela 11).
299
4
VIEIRA, Waldo. Manual da Tenepes. 3. Ed. Foz do Iguaçu: Editares, 2011.
302
5
“O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um benefício de renda no valor de um salário
mínimo para pessoas com deficiência de qualquer idade ou para idosos com idade de 65 anos ou
mais que apresentam impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial e que, por isso, apresentam dificuldades para a participação e interação plena na
sociedade. Para a concessão deste benefício, é exigido que a renda familiar mensal seja de até ¼ de
salário mínimo por pessoa.” (Fonte: BENEFÍCIO de prestação continuada. Disponível em: <
http://mds.gov.br/acesso-a-informacao/mds-pra-voce/carta-de-servicos/usuario/assistencia-
social/bpc>. Acesso em: 06 dez. 2019, às 15h27).
304
Na questão “Se você está exercendo uma profissão remunerada hoje, favor
especificar a sua posição na ocupação”, dentre as 369 respostas, o predomínio da
posição na ocupação profissional foi de trabalhadores por conta de outrem com 143
respostas (39,7%) e 108 responderam que essa questão não se aplicava ao caso
pessoal (30,0%), por não estar exercendo profissão remunerada atualmente (Tabela
16).
6
RIBEIRO, Renato Janine. Posfácio. In: GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as
ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. Tradução de Maria Betânia Amoroso. 1. Ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 194-195.
7
CENSO 2010. População residente. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/foz-do-
iguacu/pesquisa/23/25888?detalhes=true>. Acesso em: 25 nov. 2019, às 20hh24.
309
8
De acordo com a classificação dos ciclos da vida proposta por Diane Papalia e Sally W. Olds (2000,
p. 27) (PAPALIA, Diane; OLDS, Sally W. Desenvolvimento humano. Tradução de Daniel Bueno. Porto
Alegre: Artmed, 2000).
9
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3180#resultado>.
Acesso em: 23 dez. 2019, às 22h27; PAPALIA; OLDS, 2000, p. 27.
10
FOZ do Iguaçu. Disponível em: <censo2010.ibge.gov.br/apps/mapa/>. Acesso em: 26 nov. 2019,
às 22h59.
11
FOZ do Iguaçu. Disponível em: <censo2010.ibge.gov.br/apps/mapa/>. Acesso em: 26 nov. 2019,
às 23h06.
310
12
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <http://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1554#resultado>.
Acesso em: 25 dez. 2019, às 16h21.
13
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <http://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3543#resultado>.
Acesso em: 25 dez. 2019, às 16h15.
311
uma pessoa que mora em quarto (0,3%). De acordo com Censo de 2010, dentre o
total de 79.138 domicílios particulares permanentes 14 do município de Foz do
Iguaçu, a casa era o principal tipo de habitação com a quantidade de 69.339
unidades (88,1%), seguido por 8.691 (11%) apartamentos, em seguida por casa de
vila ou em condomínio com 661 unidades (0,8%) e 447 (0,6%) habitações em casa
de cômodos, cortiço ou cabeça de porco15. É importante fazer uma ressalva nesse
aspecto do tipo de habitação: no questionário aplicado na comunidade
conscienciológica, os números referem-se às pessoas e na pesquisa do IBGE do
censo de 2010, os números referem-se às unidades de domicílios particulares
permanentes.
Não se tem o registro da quantidade total de domicílios particulares dos
conscienciólogos em Foz do Iguaçu. O que foi possível levantar foi um dado
estimado da quantidade de domicílios ocupados por conscienciólogos no bairro
Cognópolis a partir da ferramenta do “mapa interativo” disponível na página da
internet do IBGE: 46 domicílios ocupados por 140 pessoas, em 2010.16 No entanto,
não é possível ter precisão de que esses domicílios são todos habitados por
conscienciólogos. Além disso, não foi possível estimar o número de domicílios
habitados por conscienciólogos fora do bairro Cognópolis.
Na pesquisa na comunidade conscienciológica, não foi feita essa
categorização em “casa” e “casa em vila ou em condomínio”. No entanto, se tivesse
sido feita, e considerando somente as habitações no bairro Cognópolis, a opção de
“casa em vila ou em condomínio” provavelmente seria o primeiro lugar. Pois,
observando o território do bairro Cognópolis, percebe-se que a maioria das casas de
voluntários estão em condomínios. Assim, há uma provável convergência para
preferência em morar em casa para iguaçuenses e conscienciólogos, porém os
segundos optam predominantemente pela casa em condomínio.
Quanto ao regime de ocupação, 193 pessoas da comunidade
conscienciológica são proprietárias (53,6%), seguido pelos os que alugam com ou
14
Domicílio particular permanente é o domicílio localizado em habitação que se destina a servir
exclusivamente de moradia, ou seja, em casa, apartamento ou cômodo, independentemente do
material utilizado em sua construção (parâmetros do IBGE).
15
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3152#resultado>.
Acesso em: 23 dez. 2019, às 23h14.
16
GRADE Estatística 2010. Disponível em: <mapasinterativos.ibge.gov.br/grade/default.html>.
Acesso em: 25 dez. 2019, às 18h.
312
17
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3219#resultado>.
Acesso em: 27 dez. 2019, às 16h42.
18
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <http://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3519#resultado>.
Acesso em: 25 dez. 2019, às 16h40.
313
não significa que o casal não tenha filhos. Neste domicílio, se os filhos existem, eles
não moram com o casal. Para exemplificar essa situação, vale lembrar do caso de
dois dos nossos entrevistados, o Moacir e o Domingos, que possuem filhos do
primeiro casamento, que não migraram com eles para Foz do Iguaçu.
Quanto à situação profissional, quase metade dos participantes do inventário
aplicado na comunidade conscienciológica está atualmente exercendo uma
profissão remunerada no setor privado (49,7%), seguido pelos os que estão
exercendo uma profissão remunerada no setor público (18,1%), os que estão
aposentados (17,5%), os que vivem de rendimentos (8,3%), os estudantes (5,8%) e
desempregados (3,1%), para citar os principais. Não foram encontrados dados no
Censo de 2010 organizados desse modo, por isso não foi possível compará-los.
O predomínio da posição na ocupação profissional na comunidade
conscienciológica foi de trabalhadores por conta de outrem (39,7%), seguido por
“essa questão não se aplica ao caso pessoal” (30,0%), por não estar exercendo
profissão remunerada atualmente. Cotejando com os dados de Foz do Iguaçu, de
um total de 123.643 pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de
referência, 84.955 eram empregados (incluindo os com e sem carteira de trabalho
assinada, e os funcionários públicos estatutários) (68,7%), 31.629 trabalhavam por
conta própria (25,6%), 4.279 pessoas eram empregadores (3,5%), 1.943 pessoas
eram não remuneradas (1,5%) e 837 eram trabalhadores na produção para o próprio
consumo (0,7%).19 Nas duas populações, há o predomínio de empregados.
Quanto ao local físico de trabalho, a maioria da comunidade conscienciológica
trabalha em Foz do Iguaçu, seja em instituição e/ou residência pessoal com 208
respostas (57,8%). Tal condição é a mesma para os iguaçuenses, de um total de
123.643 pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência,
113.630 pessoas trabalhavam no município de Foz (91,9%). Desse total de 113.630
pessoas, 87.229 pessoas (70,5%) trabalhavam fora do domicílio de residência e
26.401 pessoas (21,3%) trabalhavam na sua residência. Além disso, 6.354 pessoas
trabalhavam em país estrangeiro (5,1%), 1.981 pessoas trabalhavam em outro
município (1,6%) e 1.677 pessoas trabalhavam em mais de um município ou país
19
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <http://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1577#resultado>.
Acesso em: 25 dez. 2019, às 16h56.
314
20
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <http://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3602#resultado>.
Acesso em: 25 dez. 2019, às 15h39.
21
REVEL, 1998, p. 33.
315
sinto em casa em todos os lugares quando eu caminho aqui por dentro como se
fosse o pátio da minha casa. Quer dizer, então eu não consigo me imaginar vivendo
de um outro jeito que não desse.”
Nara esclarece seu ponto de vista. “Claro que essa experiência depende de
cada pessoa, a gradação: alguns são mais envolvidos outros são menos envolvidos
etc. E isso depende da história de cada um enfim. Para nós, isso é bem
significativo.” Compara como se sente na comunidade conscienciológica e como um
morador de qualquer bairro em geral se comporta: “você mora numa cidade, ou no
bairro de uma cidade, as pessoas não se sentem responsáveis pela rua, não se
sentem responsáveis pelo bairro etc, elas têm a casa delas e enfim elas vivem ali
aquele espaço. Aqui não, aqui tudo é responsabilidade de todo mundo. A gente
precisa manter, fazer isso funcionar. Quer dizer, faz sentido fazer isso funcionar.”
Esse relato da Nara encontra ressonância no entendimento conceitual de
Pierre Mayol22, colaborador do grupo intelectual de Michel de Certeau, a respeito do
morar e o bairro: este seria um “domínio do ambiente social”, sendo para o usuário
uma porção do espaço público “em que se insinua pouco a pouco um espaço
privado particularizado pelo fato do uso quase cotidiano desse espaço.” Segundo
Mayol, “sair de casa, andar pela rua, é efetuar de tudo um ato cultural, não arbitrário:
inscreve o habitante em uma rede de sinais sociais que lhe são preexistentes (os
vizinhos, a configuração dos lugares etc.).”
Voltemos para nosso cotejo; para questão “O(s) seu(s) trabalho(s) situa(m)-se
em qual ramo de atividade? Assinale todos os casos que se apliquem”. Do total de
441 respostas (122,5%), 106 respostas foram da área da Educação (29,4%), 93
respostas afirmaram que esta questão não se aplicava ao caso pessoal, por não
estar exercendo profissão remunerada hoje (25,8%) e 75 respostas foram da área
da Saúde humana e serviços sociais (20,8%) (Tabela 19).
Em comparação à seção de atividade do trabalho principal do Censo de 2010
do IBGE, dentre o total de 123.643 pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas
na semana de referência em Foz do Iguaçu, as duas áreas com maior percentual
foram Comércio com 31.083 pessoas (25,1%) e Construção com 10.150 pessoas
22
MAYOL, Pierre. O bairro. In: CERTEAU, Michel de.; GIARD, Luce; MAYOL, Pierre. A invenção do
cotidiano: 2. Morar, cozinhar. Trad. de Ephraim Ferreira Alves e Lucia Endlich Orth. 12. ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2013, p. 40.
316
23
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <http://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1575#resultado>.
Acesso em: 25 dez. 2019, 17h25.
24
Fonte: documento Lista de Médicos(as) da Comunidade Conscienciológica, de 20 de novembro de
2010 (Arquivo do Holociclo, CEAEC).
25
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <http://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3592#resultado>.
Acesso em: 25 dez. 2019, 17h39.
26
Fonte: documento Lista de Psicólogos(as) da Comunidade Conscienciológica, de 20 de novembro
de 2010 (Arquivo do Holociclo, CEAEC).
27
IBGE – Censo Demográfico. Disponível em: <http://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3592#resultado>.
Acesso em: 25 dez. 2019, 17h39.
28
Fonte: documento Lista de Professores(as) da CCCI – Foz do Iguaçu, de 26 de outubro de 2011
(Arquivo do Holociclo, CEAEC).
29
CENSO Demográfico 2010. Disponível em: <sidra.ibge.gov.br/tabela/3592>. Acesso em: 29 nov.
2019, às 20h45.
317
30
CERTEAU, Michel de. A cultura no plural. 7. ed. 2. reimp. Campinas, SP: Papirus, 2013, p. 163.
318
31
CERTEAU, 2013, p. 103-104, grifos do autor.
32
CERTEAU, 2013, p. 183.
33
MAFFESOLI, Michel. A república dos bons sentimentos: documento. Tradução de Ana Goldberger.
São Paulo: Iluminuras: Itaú Cultural, 2009, p. 60.
34
REVEL, 1998, p. 22.
319
35
fenômeno denominado “paranormal” ou parapsíquico sadio. Segundo a
Conscienciologia, existem certos tipos de doenças psiquiátricas que podem
manifestar alucinações, delírios e um conjunto de comportamentos nosográficos que
não devem ser confundidos com manifestações fenomênicas sadias.36
Vivências são registradas, questionadas, discutidas, estudadas, submetidas à
reflexão pessoal nos laboratórios de autopesquisa e à troca de experiências nas
atividades de debate da comunidade conscienciológica. A Conscienciologia estuda o
que a consciência experimenta, seja lá o que for. Não existe divisão do
conhecimento experiencial do teórico. Na comunidade conscienciológica, os estudos
não se restringem aos cânones vigentes da universidade.
Sobre os cânones da ciência convencional, Rupert Sheldrake 37 , doutor em
bioquímica pela Universidade de Cambridge, assim se pronuncia: “muitos cientistas
não sabem que o materialismo é uma pressuposição: eles simplesmente encaram
essa doutrina como ciência, visão científica da realidade”. Os cientistas “não
aprendem esse conceito, nem têm oportunidade de discuti-lo. Eles o absorvem por
uma espécie de osmose intelectual.”
De acordo com Sheldrake38, “a ciência está sendo refreada por pressuposições
seculares que se enrijeceram em dogmas. A ciência estaria melhor sem eles: mais
livre, mais interessante e mais divertida.”
Segundo Charles T. Tart, PhD em Psicologia, em seu livro “O Fim do
Materialismo”, resultado de 70 anos de estudos e vivências, “podemos ser ao
mesmo tempo científicos e espiritualizados, sem a necessidade de uma separação
artificial entre os dois campos”. 39 Tart, ao falar da Parapsicologia, cita que “nos
cinquenta anos que dediquei ao estudo e ao trabalho nessa área, houve uma
profusão de ataques dirigidos a ela pelos pseudocéticos.” Estes, às vezes, são
“cientistas renomados de outros campos, mas eles não se dão o trabalho de ler os
35
VIEIRA, Waldo. Projeciologia: panorama das experiências da consciência fora do corpo humano.
Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1986, p. 49-102, 116-125.
36
VIEIRA, 1986, p. 128-130.
37
SHELDRAKE, Rupert. Ciência sem dogmas: a nova revolução científica e o fim do paradigma
materialista. Tradução de Mirtes Frange de Oliveira Pinheiro. São Paulo: Cultrix, 2014, p. 16.
38
SHELDRAKE, 2014, p. 14.
39
TART, Charles T. O fim do materialismo: como as evidências científicas dos fenômenos
paranormais estão unindo ciência e espiritualidade. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo:
Cultrix, 2012, p. 25.
320
textos sobre Parapsicologia que são publicados em periódicos respeitados por sua
imparcialidade e não gostam de sujar as mãos com experiências próprias.”40
Tart41 ressalta o que julga o essencial da ciência: “para mim, o aspecto mais
fundamental da ciência (em contraposição ao cientificismo) é essa insistência na
experiência direta – na observação, nos dados e nos fatos – como, prioridade última
de entendimento, apesar de a ciência ser complementada e interpretada pela razão.”
O protagonista de Ginzburg, Menocchio teria algo a dizer aos cientistas
materialistas. Menocchio possuía uma paixão por pensar e falar e “quem sabe não
ensinará a prezar mais o que é refletir, o que é dizer.”42
Por outro lado, indo para a segunda questão sobre acabar com divisão do
trabalho, a comunidade conscienciológica, numa filosofia oposta ao materialismo,
busca valorizar o trabalho voluntário. Não nega a realidade humana material, uma
vez que os voluntários exercem suas profissões remuneradas a fim de se
sustentarem economicamente, como qualquer cidadão. Porém, buscam, no interior
da comunidade, interagir a partir do trabalho voluntário institucional
conscienciocêntrico.
Esse voluntariado conscienciológico faz com que o interessado assuma
diferentes tarefas nas instituições, desde as mais operacionais até as mais
intelectuais, ora atuando como auxiliar nos bastidores administrativos ora atuando
como professor para o público. O rodízio nas funções administrativas pode ser
compreendido à luz da estrutura organizacional e regras de funcionamento social
apresentado nos estatutos das instituições conscienciocêntricas nos capítulos
anteriores. Os voluntários, que estão em funções administrativas, trabalham para dar
sustentabilidade para os voluntários que estão em funções pedagógicas-didáticas e
técnico-científicas. Ora o mesmo voluntário está na administração, ora está na sala
de aula. E essas atividades não dependem de remuneração.
Os estudantes de 1968 e os conscienciólogos assemelham-se por buscar o fim
da divisão do conhecimento e a divisão social do trabalho, porém diferenciam-se,
pois cada um realiza essa busca ao seu modo.
Voltemos às diferenças entre iguaçuenses e conscienciólogos. A quarta
diferença foi o agregado doméstico: dentre os iguaçuenses que moram em
40
TART, 2012, p. 88.
41
TART, 2012, p. 63.
42
RIBEIRO, 2015, p. 192.
321
43
VIEIRA, Waldo. Léxico de Ortopensatas. 2. ed. rev. e aum. Foz do Iguaçu: Editares, 2019, p. 689,
grifos do autor. 3 vols.
44
VIEIRA, 2019, p. 689, grifos do autor.
45
VIEIRA, 2019, p. 1.235, grifos do autor.
46
VIEIRA, 2019, p. 1.079, grifos do autor.
47
VIEIRA, 2019, p. 1.795, grifos do autor.
322
consegue nem ler a bula. Sem educação não há saúde, política útil, progresso ou
lucidez.”48
Retomando o pressuposto ginzburguiano, visto no capítulo 2, de que “a
literatura aforismática é, por definição, uma tentativa de formular juízos sobre o
homem e a sociedade a partir de sintomas, de indícios”49, os aforismos ou pensatas
citados anteriormente formam um conjunto de indícios das concepções da
Conscienciologia, compartilhadas por seus voluntários e seus estudiosos.
48
VIEIRA, 2019, p. 690, grifos do autor.
49
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: _____. Mitos, emblemas, sinais:
morfologia e história. Tradução de Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 178.
323
(22,2%) disseram que sempre viveram na sua cidade natal antes de mudar para Foz
do Iguaçu. No entanto, um dado chama atenção: a soma para uma, duas, três,
quatro ou mais cidades totaliza 280 respostas (78,5%), ou seja, a grande maioria já
havia tido uma experiência de migração anteriormente à vinda para Foz do Iguaçu
(Tabela 20).
5.2.1.2 Ano em que ouviu falar da comunidade conscienciológica pela 1ª. vez
Na questão “Em que ano você se mudou para Foz do Iguaçu?”, o ano de 2004
foi o que obteve maior percentual, com 53 respostas (14,7%) (Tabela 22).
325
5.2.1.4 Última cidade e país de residência antes de migrar para Foz do Iguaçu
Na pergunta “Qual foi a última cidade e país de residência antes de migrar para
Foz do Iguaçu?”, a resposta com maior frequência foi a cidade do Rio de Janeiro
(RJ), com 80 respostas (22,2%) (Tabela 23).
326
Na pergunta “Com quem você veio para Foz do Iguaçu?”, o resultado foi:
“sozinho” com 147 respostas (40,8%), “com familiares”, 119 respostas (33,1%) e
“outros” com 94 respostas (26,1%). Esse “outros” englobou principalmente cônjuge,
companheiro, duplista evolutivo e namorado. Somando-se os “com familiares” com
“outros”, pode-se afirmar então que 59,2% (213 respostas), ou seja, mais da metade
migrou com companhia (Tabela 27).
Vamos começar a discussão pela tabela 21, sobre o ano em que ouviu falar da
comunidade conscienciológica. Os 3 anos com maior índice que se ouviu falar pela
1ª. vez da comunidade foram: 1995, 2000 e 2003. O ano de 1995 foi quando houve
o encontro em Curitiba do grupo de pesquisa da “sociedade intrafísica
conscienciológica”, ocasião da doação do terreno em Foz do Iguaçu. O ano 2000 foi
quando Waldo Vieira transferiu residência para Foz do Iguaçu. E o ano de 2003 foi a
332
gente pensava que depois do Waldo isso aqui ia afundar. Nós estamos aqui, isso
aqui está funcionando.”
Para Everton, aquilo que Waldo “sempre quis, aconteceu: a força das ideias
superou a personalidade dele. Então, a Conscienciologia, enquanto corpus de ideia
continua firme e forte, atraindo pessoas independente da presença do professor
Waldo”.
O relato dos voluntários sinaliza que a expectativa sobre o nível de
dependência da personalidade de Waldo Vieira que se julgava existir pelos
componentes da comunidade conscienciológica era maior do que de fato era. Os
dados migratórios também sugerem uma independência da figura do fundador: a
migração para Foz do Iguaçu se manteve constante, ainda tendo aumentado em
2017.
Segundo Nara Oliveira, o motivo das pessoas não terem ido embora tem
relação com o fato de Waldo Vieira ter feito “do mundo uma coisa muito grande (...)
aqui dentro”. Nara esclarece: “qualquer um de nós que sai e faz qualquer coisa fora
e fica um pouquinho fora, não consegue ter as possibilidades de perceber a sua
realidade do mesmo tamanho que percebe quando está aqui.” Conclui seu
pensamento assim: “ele ancorou o paradigma na convivialidade dessa comunidade
e isso, acho que é difícil de entender e até de perceber, mas o fato é que as pessoas
vão e voltam, porque é isso, é isso.”
Everton Santos complementa: “talvez o fato de as pessoas não terem saído foi
por isso e eles não se dão conta. Acho que as pessoas precisam revisitar e
examinar o significado dessa comunidade para elas, (...) acho que isso prende elas
aqui sem elas entenderem que é isso que prende.”
Essa explicação dos nossos entrevistados parece ter relação com o já
mencionado protagonista anônimo distante no tempo, Menocchio. Ele prezava o
refletir e o dizer50. Essas duas dimensões, o refletir e o dizer, tão ameaçadoras para
mentes dogmáticas, sejam religiosas ou científicas, estão presentes entre as
práticas culturais da comunidade conscienciológica. Os laboratórios de autopesquisa
foram construídos para atuarem como camâras de reflexão individuais. Além disso,
uma série de atividades de debates, por exemplo, as tertúlias conscienciológicas,
foram criadas para permitir o falar sobre as experiências pessoais e trocar ideias a
50
RIBEIRO, 2015, p. 193.
334
51
MAFFESOLI, 2009, p. 84-85.
52
MAFFESOLI, 2009, p. 85.
335
53
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Tradução de Alain François et al. 3. reimp.
Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2010, p. 293.
337
Na pergunta “Se seus parentes também migraram para Foz do Iguaçu, quantos
vieram?”, o resultado encontrado foi: somando-se todas as respostas possíveis para
quantidade de parentes que migraram, desde 1 até 5 parentes ou mais, o resultado
encontrado foi 219 respostas (60,8%). Assim, a maioria dos migrantes atraiu no
mínimo 1 familiar para Foz do Iguaçu. E a resposta “não migraram” obteve 141
respostas (39,2%) (Tabela 28).
Na pergunta “No momento da migração para Foz do Iguaçu, qual era a sua
situação de conjugalidade?”, o maior percentual de migrantes estava com situação
conjugal (casado ou união estável), sendo que veio junto com cônjuge, com 155
respostas (43,0%) (Tabela 36).
A maioria dos migrantes atraiu no mínimo 1 familiar para Foz do Iguaçu. E esse
familiar pertencia em ordem decrescente às categorias de cônjuge, mãe, filha e irmã.
Observa-se a predominância de parentes mais relacionados ao “núcleo” familiar e do
sexo feminino acompanhando o migrante, contribuindo para o sexo feminino ser
majoritário na comunidade conscienciológica.
O tema da migração é complexo devido às conexões que se estabelecem com
outros fenômenos. O processo envolve vínculos de amizade, de família e as
344
relações de trabalho. Isso, por sua vez, estimula mais mobilidade pelas pessoas
interrelacionadas54.
Conforme visto no capítulo anterior e pelas tabelas apresentadas, um
conscienciólogo migra e com isso acaba “puxando” familiares, que por sua vez
estimula novos familiares a mudarem de residência e de localidade.
Do total de 360 respondentes do questionário: 156 pessoas (43,3%) afirmaram
ter pelo menos 1 parente que é voluntário da Conscienciologia; 175 respondentes
(48,6%) indicaram ter pelo menos 1 parente na condição de morador de Foz do
Iguaçu e frequentador das atividades da comunidade conscienciológica; 91 pessoas
(25,3%) afirmaram ter pelo menos 1 parente morador de condomínio
conscienciológico em Foz do Iguaçu.
Observa-se uma aproximação e o cruzamento de dois círculos sociais, o dos
parentes e o dos voluntários. De acordo com a formulação simmeliana do
“cruzamento dos círculos sociais”, “quanto menos a participação num círculo por si
indiciar a participação noutro, mais firmemente a pessoa se define como estando no
ponto de intersecção de ambos” 55. No entanto, a condição sugerida pelos dados
obtidos indica justamente o contrário. O migrante conscienciólogo participa do
círculo social dos voluntários e entrosa o círculo de parentes no primeiro círculo,
formando uma rede de contato social pelos círculos nos quais convive.
Sugere-se nessa abordagem que a inclusão da participação de parentes no
círculo de voluntários da Conscienciologia seja um indício de que o migrante
conscienciólogo forme “redes mais complexas de sustentação material, psicológica e
afetiva”56, que possivelmente vai além do restrito núcleo co-residente.
Giovanni Levi identificou em seu estudo da comunidade de Santena que a
definição de “família como unidade de residência ou como um agrupamento ao redor
do fogo para cozinhar” não satisfazia suas dúvidas e buscou observar as “formas de
solidariedade e cooperação seletiva” adotadas pela comunidade57, obtendo nesse
contexto uma melhor compreensão do conceito de família da comunidade em estudo
e da sua dinâmica interna.
54
LUSSI, Carmem. Teorias da mobilidade humana: revisão bibliográfica. In: DURAND, Jorge; LUSSI,
Carmem. Metodologias e teorias no estudo das migrações. Jundiaí, SP: Paço Editorial, 2015, p. 45.
55
SIMMEL, George. O cruzamento de círculos sociais. In: CRUZ, Manuel Braga da. Teorias
sociológica. I. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p. 577.
56
LEVI, Giovanni. A herança material. Prefácio de Jacques Revel. Tradução de Cynthia Marques de
Oliveira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 98.
57
LEVI, 2000, p. 98.
345
5.2.3 Motivo da saída de Foz do Iguaçu, após ter migrado, tendo retornado
Por fim, a última pergunta “Após ter migrado para Foz do Iguaçu, se você
chegou a deixar esta localidade indo residir em outro município brasileiro ou em
outro país e retornou para Foz do Iguaçu, qual o motivo da saída?”, obteve-se 54
respostas (108%) e 50 respondentes (100%), sendo que os 3 principais motivos de
saída foram: “estudo” com 14 respostas (28,0%), “emprego / trabalho” com 11
respostas (22,0%) empatado com “voluntariado conscienciológico” com 11 respostas
(22,0%) (Tabela 37).
346
NOTA: Esta questão não era obrigatória. Houve 50 respondentes (100,0%). Obteve-
se 54 respostas (108,0%).
(1) Proéxis: é um neologismo da Conscienciologia constituído a partir da junção de
duas palavras: programação existencial (proéxis), que significa planejamento de
vida.
5.2.3.1 Discussão sobre o motivo da saída de Foz do Iguaçu após ter migrado, tendo
retornado posteriormente
Por exemplo: pode-se citar uma ou duas dezenas de voluntários que foram para a
ARACÊ (ES). Alguns ficaram lá e outros retornaram para Foz do Iguaçu.
Contudo, a soma do resultado do motivo “voluntariado conscienciológico” com
o motivo “Conscienciologia” resulta em 13 respostas, configurando-se como 2º.
motivo. Se for feita essa leitura dos resultados, a própria Conscienciologia passa a
ser o segundo motivo de ir, sair e de retornar a Foz do Iguaçu.
58
Cf. FERRARO, Cristiane. Migração conscienciológica para Foz do Iguaçu. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES (CONINTER) 4, 8 a 11 de
dezembro de 2015, Foz do Iguaçu. ISSN 2316-266X, p. 122-140. Disponível em: <http://www.aninter.
com.br/Anais%20Coninter%204/GT%2016/09.%20MIGRACAO%20CONSCIENCIOLOGICA%20
PARA%20FOZ%20DO%20IGUACU.pdf>. Acesso: 02 dez. 2019.
59
BENSON, Michaela, O’REILLY, Karen. Migration and the search for a better way of life: a critical
exploration of lifestyle migration. The Sociological Review, vol. 57, n. 4, p. 608–625, 2009.
http://doi.org/10.1111/j.1467-954X.2009.01864.x
BENSON, Michaela, O’REILLY, Karen. From lifestyle migration to lifestyle in migration: categories,
concepts and way of thinking. Migration Studies, vol. 4, n. 1, p. 20–27, 2016.
http://doi.org/10.1093/migration/mnv015
348
60
KING, Russell. Geography and Migration Studies: Retrospect and Prospect. Population, Space and
Place, n. 18, p. 134–153, 2012. http://doi.org/10.1002/psp.685
61
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 609-610.
62
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 620.
63
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 609-610.
64
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 610.
65
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 610-611.
66
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 611.
349
67
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 611-612.
68
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 612.
69
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 613.
70
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 614.
71
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 615.
72
MOSS, L. A. G. (Ed.). The Amenity Migrants: Seeking and Sustaining Mountains and their Cultures.
Wallingford: CABI, 2006, p. 3.
73
BENSON; O’REILLY, 2016, p. 23.
74
BENSON; O’REILLY, 2016, p. 21.
350
75
FERRARO, 2015, p. 135.
76
KORPELA, Mari. Lifestyle of freedom? Individualism and Lifestyle Migration. In: BENSON,
Michaela; OSBALDISTON, Nick (Eds.). Understanding lifesyle migration: Theoretical Approaches to
Migration and the Quest for a Better Way of Life. London: Palgrave Macmillan, 2014, p. 40.
77
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 614.
78
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 612.
79
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 610.
351
80
BENSON; O’REILLY, 2009, p. 610.
81
SALAZAR, Noel B. Migrating Imaginaries of a Better Life...Until Paradise Finds you. In: BENSON,
Michaela; OSBALDISTON, Nick. (Eds.). Understanding lifesyle migration: Theoretical Approaches to
Migration and the Quest for a Better Way of Life. London: Palgrave Macmillan, 2014, p. 125.
82
PREARO, L. C. et al. Avaliação do emprego da técnica de análise fatorial em teses e dissertações
de algumas instituições de ensino superior. REGE, vol. 18, n. 4, 2011, p. 623.
http://doi.org/10.5700/rege 441
83
FIGUEIREDO, D. B.; SILVA, J. A. da. Visão além do alcance: uma introdução à análise fatorial.
Opinião Pública, vol. 16, n. 1, 2010, p. 160–185. https://dx.doi.org/10.1590/S0104-
62762010000100007; e PREARO, 2011.
352
5.2.4.1.4 Resultados
84
FIELD, Andy. Descobrindo a Estatística usando o SPSS. Tradução de Lori Viali. 2. Ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009, p. 553.
85
MOREIRA, João M. Questionários: teoria e prática. Coimbra: Almedina, 2009, p. 408.
86
MOREIRA, 2009, p. 404.
87
FIGUEIREDO; SILVA, 2010.
88
Os seguintes testes para cada uma dessas premissas foram realizados: Correlação de Pearson
(maior parte dos coeficientes de correlação estão acima de 0,3), Kaiser-Meyer-Olkin
(multicolinearidade), Kolmogorov-Smirnov (normalidade univariada) e teste de Bartlett’s
(homocedasticidade). Também se realizou o teste t com amostras emparelhadas para se verificar se
os fatores encontrados eram significativamente diferentes (FIELD, 2009). Esses testes foram
realizados por meio do software SPSS (IBM, EUA, versão 20.0).
353
89
FERRARO, 2015, p. 136.
90
Uma análise de componentes principais (ACP) com rotação ortogonal (varimax) foi realizada nos
15 itens que mensuraram a motivação para a migração. A medida de Kaiser-Meyer-Olkin verificou a
adequação da amostragem para a análise, KMO = 0,783 ("boa" de acordo com Field, 2009), e todos
os valores KMO para itens individuais foram > 0,617, o que está acima do limite aceitável de 0,5
(FIELD, 2009). O teste de esfericidade de Bartlett χ² (105) = 1187,557, p <0,001, indicou que as
correlações entre os itens eram suficientemente grandes para a ACP. Uma análise inicial foi
executada para obter autovalores para cada componente nos dados. Foram identificados que quatro
componentes tinham autovalores acima de 1 pelo critério de Kaiser e em combinação explicaram
354
após os cálculos. Os itens que se agrupam nos mesmos componentes sugerem que
o componente 1 representa uma migração relacionada a aspectos de qualidade de
vida, ou seja, migração por estilo de vida (MEV), o componente 2 uma migração
ligada a aspectos da Conscienciologia (MC), o componente 3 uma migração
relacionada à atividade profissional e o componente 4 questões de ordem familiar.
As cargas fatoriais do Quadro 08 não indicam a importância das variáveis
observadas para os respondentes, são apenas coeficientes (normalmente entre 0 e
1) que indicam a força de aderência (saturação) da variável observada ao respectivo
fator91.
54,42% da variância. O scree plot corroborou a retenção dos quatro componentes, portanto a análise
foi realizada em cima destes.
91
KERLINGER, F. N. Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais. 10. Reimp. São Paulo: Editora
Pedagógica Universitária (EPU), 2007, p. 204.
92
FIELD, 2009, p. 594.
355
Figura 19 – Gráfico da Importância dos fatores para a migração por estilo de vida
(MEV) e migração conscienciológica (MC), dos migrantes da comunidade
conscienciológica, Foz do Iguaçu, 2018.
formação de uma comunidade, por outro lado, no segundo caso, os destinos são
variados.
Os destinos até o momento contemplados na migração por estilo de vida têm
sido motivados por aspectos turísticos, rurais, culturais e espirituais. A escolha de
Foz do Iguaçu para migração conscienciológica foi desencadeada por uma doação
de terreno para construção de um campus de pesquisa.
Relembrando as palavras do propositor da Conscienciologia, Vieira: "quando
eu vim para cá, há 14 anos, a intenção era ajudar a criar a cidade universitária em
Foz do Iguaçu, até então uma cidade muito turística e ruralista. Minha vida inteira foi
dedicada à educação". 93 Observa-se que os motivos não foram os aspectos do
turismo, da ruralidade, do comércio ou da diversidade étnica da tríplice fronteira,
pelo contrário, foram prioritariamente educacionais ou mesmo culturais. Waldo Vieira
doou sua biblioteca pessoal e suas coleções de artefatos culturais (selos, gibis,
moedas, conchas e outras) para o primeiro campus de pesquisa da
Conscienciologia, o CEAEC. Esta instituição vem desenvolvendo ações
educacionais e culturais no município, além de possuir projeto de um megacentro
cultural para a cidade, integrado às metas da comunidade, conforme apresentado no
capítulo 4.
As características peculiares da migração conscienciológica envolvem
motivações existenciais, intelectuais e sociais, pois implicam numa escolha por
mudar de cidade ou mesmo país, para realizar trabalho voluntário, e em uma área
de estudo nova, sem vínculos acadêmicos, a Conscienciologia. No entanto, é
importante mencionar que a grande maioria dos migrantes conscienciólogos já eram
voluntários em instituição conscienciológica antes de migrar para Foz do Iguaçu. Do
total de 360 participantes, 325 (90,3%) eram voluntários antes de migrar, ao passo
que 35 (9,7%) tornaram-se voluntários somente após migrar. Nesse caso, as
condições histórico-sociais pré-migração foram determinantes para o fenômeno
migratório. Tal fato sugere que a migração conscienciológica tem como eixo
sustentador o trabalho voluntário nas instituições da Conscienciologia.
Ao que parece, os 3 primeiros fatores, "evolução pessoal e grupal",
"voluntariado conscienciológico" e "CCCI-Foz do Iguaçu" estão fortemente
interligados, e podem ser interpretados da seguinte forma: para o migrante
93
PARO, Denise. Bairro resgata a democracia da Grécia. Gazeta do Povo, ano 95, n. 30, p. 11, 2014.
358
95
KORPELA, 2014, p. 40-41.
360
96
SALAZAR, N. B. Migrating Imaginaries of a Better Life...Until Paradise Finds you. In: BENSON,
Michaela; OSBALDISTON, Nick. (Eds.). Understanding lifesyle migration: Theoretical Approaches to
Migration and the Quest for a Better Way of Life. London: Palgrave Macmillan, 2014, p. 119.
97
KORPELA, 2014, p. 35.
98
SALAZAR, 2014, p. 119.
99
SALAZAR, 2014, p. 119.
100
BENSON; O’REILLY, 2016, p. 26.
361
regularidade no que diz respeito às motivações para migrar por ser um fenômeno
grupal do que na migração por estilo de vida em geral.
que se decide e abraça quando apetece”, Henrique Pinto defende que os seres
humanos seriam vocacionados para “cooperação com os outros”.101
Desse modo, defende um voluntariado mais informal, que “deixe de espelhar
um exercício de si, alicerçado numa burguesa concepção de dádiva, num ocasional
dar a quem precisa.” Henrique Pinto parte do princípio de que “a gratuidade se
apresenta como marca indelével que é comum a todos os seres, obrigando cada um
a viver-se, não na auto-suficiência ou na imunidade ao outro, mas na reciprocidade
gerando precisamente como seu genuíno (biológico) estilo de vida, o voluntariado
informal.”102
Conforme visto, a migração conscienciológica tem como eixo sustentador o
trabalho voluntário nas instituições da Conscienciologia. Apesar de institucional, o
voluntariado conscienciológico não atua em áreas do Estado-providência. O
voluntariado conscienciológico atua na necessidade das pessoas em compartilhar
vivências teóricas e práticas sobre o sentido da vida e o aproveitamento significativo
da vida. Pensando o voluntariado como um estilo de vida, pode-se também
interpretar a migração conscienciológica como uma migração por estilo de vida.
Mantendo o foco no voluntariado como estilo de vida, mas distanciando a lente
da comunidade conscienciológica e olhando para o mundo, em uma perspectiva
mais abrangente, os 4 elementos mais fortes para o migrante conscienciólogo
("evolução pessoal e grupal"; "voluntariado conscienciológico"; "Enciclopédia da
Conscienciologia"; "CCCI-Foz do Iguaçu") fazem lembrar organizações tais como a
Cruz Vermelha 103 ou o Greenpeace 104 , no que tange ao engajamento com uma
causa, apesar de cada qual ter sua peculiaridade. Essas instituições trabalham com
101
PINTO, Henrique. Introdução: talvez a forma mais genuína de ser – um direito fundamental.
Migrações: Revista do Observatório de Migração, n. 9, out. 2011, p. 20, grifos do autor. Disponível em
http://www.om.acm.gov.pt/publicacoes-om/revista-migracoes>. Acesso em: 06 fev. 2019.
102
PINTO, 2011, p. 24.
103
A Cruz Vermelha Brasileira é uma associação civil, sem fins lucrativos, de natureza filantrópica,
independente, de utilidade pública internacional, de socorro voluntário, auxiliar dos poderes públicos e
dos serviços militares de saúde. É uma das 190 Sociedades Nacionais que compõem o Movimento
Internacional de Cruz Vermelha. A missão é atenuar o sofrimento humano, sem distinção de raça,
religião, condição social, gênero e opinião política. Realiza ajuda humanitária em situações de
guerras e emergências como epidemias, inundações e terremotos (Fonte: CRUZ Vermelha Brasileira.
Disponível em: <http://www.cruzvermelha.org.br/pb/institucional/>. Acesso em: 26 dez. 2019, às
22h19).
104
O Greenpeace é uma organização internacional sem fins lucrativos, financiada por seus
apoiadores, cuja missão é defender um planeta mais verde e pacífico. Realiza expedições marítimas
ao redor do mundo com objetivo de impedir a caça ilegal de baleias, denunciar a realização de testes
nucleares e outras ações a fim de flagrar crimes ambientais em defesa do planeta. (Fonte:
GREENPEACE. Disponível em: <https://www.greenpeace.org/brasil/>. Acesso em: 26 dez. 2019, às
22h02).
364
6 COMUNIDADE CONSCIENCIOLÓGICA
1
MAYOL, Pierre. O bairro. In: CERTEAU, Michel de.; GIARD, Luce; MAYOL, Pierre. A invenção do
cotidiano: 2. Morar, cozinhar. Trad. de Ephraim Ferreira Alves e Lucia Endlich Orth. 12. ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2013, p. 39.
2
Ideologia entendida nesse contexto como conjunto de ideias.
3
MAYOL, 2013, p. 40.
4
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Trad. de Ephraim Ferreira Alves.
22. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014, p. 37-38 e 184-185.
366
5
GONÇALVES, Moacir. & SALLES, Rosemary. Dinâmicas Parapsíquicas. Foz do Iguaçu: Editares,
2011, p. 46.
6
VIEIRA, Waldo. Tertúlia Conscienciológica. Verbete. In: ______. Enciclopédia da Conscienciologia.
CD-ROM. Foz do Iguaçu, PR: CEAEC / Editares, 2011.
7
Em especial, de 2001 até 2013, período no qual Waldo Vieira esteve coordenando as tertúlias
conscienciológicas. (Fonte: FERRARO, Cristiane. ARAKAKI, Kátia. Histórico das tertúlias
conscienciológicas. Conscientia, vol. 16, n. 4, p. 355-375, out./dez., 2012).
368
8
Informação obtida com voluntário Eduardo Azevedo, da equipe da Tertúlia Matinal, via whatsApp,
em 05 de fevereiro de 2020. A menção do nome foi autorizada pelo informante.
9
TELES, Mabel. Benesse intelectual. In: FREIRE, Carmen. ALMEIDA, Nazaré. SALLES, Rosemary.
(Orgs.). Círculo Mentalsomático. Volume I: encontros 01 a 10, período de 07 de abril a 09 de junho de
2012. Foz do Iguaçu: Epígrafe, 2019, p. 10.
10
Documento “Pontoações do CEAEC”, de 04/08/2019, afixado no mural público do Holociclo e da
Holoteca (CEAEC).
11
OLIVEIRA, Nara. Holoteca: comunicação e difusão científico-cultural. Holotecologia, Foz do Iguaçu,
n. 2, p. 89-90, 2015.
369
12
ZASLAVSKY, Alexandre; PARO, Denise. Uma percepção cosmovisiológica do mundo. Entrevista
com Waldo Vieira. Holotecologia, Foz do Iguaçu, n. 0, p. 4-9, 2013.
13
Um panorama sobre os cursos da Conscienciologia pode ser obtido na recepção do CEAEC onde
se encontram os panfletos de divulgação das atividades pedagógicas de todas as instituições
conscienciológicas.
370
14
CERTEAU, 2014, p. 61, grifos do autor.
15
MAYOL, 2013, p. 39.
16
GUARINELLO, N. L. História científica, história contemporânea e história cotidiana. Revista
Brasileira de História, v. 24, n. 48, São Paulo, 2004, p. 7. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01882004000200002. Acesso em: 22 maio 2017.
17
GUARINELLO, 2004, p. 8.
18
GUARINELLO, 2004, p. 9.
371
vêm para cá para serem melhores do que elas são”. No sentido de que “você é
melhor porque é mais ético, você é melhor porque você pensa mais limpo, você é
melhor porque você quer saber mais, você quer saber mais porque isso pode ajudar
mais”. Nara conclui que “esse ser mais, ser melhor, interminável no sentido de
inacabável, [enfim] estar sempre investindo nisso... Eu acho que é o grande mote
dessa comunidade.”
O engajamento social, do qual nos fala Mayol, aplicado à comunidade
conscienciológica, parece envolver motivo existencial. Nara Oliveira explica que “a
Conscienciologia diz respeito a isso: apropriar-se da própria consciencialidade,
enfim, de se conhecer e tudo o mais... E eu acho que o que faz as pessoas
permanecerem aqui são as suas vitórias pessoais; são os seus sucessos no desafio
de conviverem com elas mesmas e com outras pessoas.”
Aquilo que o morador ganha quando sabe aproveitar o seu bairro não é
contabilizável. O ganho adquirido proveniente do costume “não é senão a melhoria
da ‘maneira de fazer”, pela qual o morador pode aferir a intensidade da sua inserção
no ambiente social. 19 Na ótica da migrante, as práticas culturais vividas na
Cognópolis possibilitam reforçar tais “maneiras de fazer”, que consistem
essencialmente no autoconhecimento e na interassistencialidade através da
interação com os demais moradores e voluntários.
19
MAYOL, 2013, p. 45.
372
NOTA: Essa questão era obrigatória. Por ser possível marcar mais de uma resposta,
foram 360 respondentes (100,0%) e 589 respostas (163,6%).
374
20
ALMEIDA, Vasco. As instituições particulares de solidariedade social: governação e terceiro sector.
Coimbra: Almedina, 2011, p. 58.
21
ALMEIDA, 2011, p. 59.
22
AGASSI, Joseph. Institutional Individualism. The British Journal of Sociology, vol. 26, n. 2, p. 144-
155, jun. 1975. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/589585?seq=1. Acesso em: 31 dez. 2019,
17h.
23
ALMEIDA, 2011, p. 59.
24
ALMEIDA, 2011, p. 60.
25
ALMEIDA, 2011, p. 60.
377
26
VIEIRA, Waldo. Léxico de Ortopensatas. 2. ed. rev. e aum. Foz do Iguaçu: Editares, 2019, p. 389,
grifos do autor. 3 vols.
27
FIRMATO, Leonardo. O Departamento AVA (Apoio a Voluntários e Alunos): evolução de um
trabalho interassistencial. Conscientia, vol. 12, n. 1, p. 106-117, jan./mar., 2008.
378
28
FIRMATO, 2008, p. 107-108. A condição atual do departamento AVA foi fornecida pelo voluntário
Leonardo Firmato, em conversa via whatsApp, em 03/01/2020. A menção do nome foi autorizada pelo
informante.
29
FIRMATO, 2008, p. 111.
30
FIRMATO, 2008, p. 113.
31
FIRMATO, 2008, p. 113.
32
FIRMATO, 2008, p. 114 e 116.
33
Ricardo A. L. G. Dias era voluntário do IIPC na ocasião da pesquisa e permanece voluntário nas
instituições da Conscienciologia até hoje.
379
34
DIAS, Ricardo A. L. G. Evidências empíricas de organizações substantivas: estudo de caso em
instituição conscienciocêntrica. 2010. 261 p. Dissertação (Mestrado em Administração) –
Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina, 2010, p. 68, 70 e 76-77.
35
DIAS, 2010, p. 73 e 120.
36
DIAS, 2010, p. 222.
37
DIAS, 2010, p. 223.
380
38
DIAS, 2010, p. 223.
39
A primeira pesquisa mencionada foi a de Anthony D’Andrea no capítulo 2, no subtópico 2.3.4 O
livro “700 Experimentos da Conscienciologia” e seus efeitos.
40
VIEIRA, Waldo. 700 Experimentos da Conscienciologia. Rio de Janeiro: Instituto Internacional de
Projeciologia, 1994, p. 538.
41
DE MASI, Domenico. O ócio criativo. Tradução de Léa Manzi. Rio de Janeiro: Sextante, 2000, p.
11.
381
42
DE MASI, 2000, p. 34.
43
DE MASI, 2000, p. 34.
382
44
LASH, Scott. A reflexividade e seus duplos: estrutura, estética, comunidade. In: BECK, Ulrich.
GIDDENS, Anthony. LASH, Scott. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem
social moderna. Tradução de Magda Lopes. 2. Ed. São Paulo: Editora UNESP, 2012, p. 248.
45
Scott Lash discute a comunidade reflexiva em uma antologia com os sociólogos Ulrich Beck e
Anthony Giddens. A modernidade é investida de caráter reflexivo e são abordadas suas
transformações e consequências em termos de configurações atuais. Giddens em trabalhos
anteriores entende que o mundo como um todo está em um período de “alta modernidade” solto das
amarras da tradição. A reflexividade da vida social moderna consiste no fato de que as práticas
sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz da informação renovada sobre estas
próprias práticas, alterando assim seu caráter. Enquanto Beck destaca que “o acúmulo de poder do
‘progresso’ tecnológico-econômico é cada vez mais ofuscado pela produção de riscos” (sociedade de
risco). Cf. GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Tradução de Raul Ficker. 2.
reimp. São Paulo: Ed. da Universidade Estadual Paulista, 1991, p. 45 e 175; BECK, Ulrich. Sociedade
de risco. Tradução de Sebastião Nascimento. 2. ed. São Paulo: Ed. 34, 2011, p. 15-16.
46
LASH, 2012, p. 246.
47
VIEIRA, 2019, p. 1.778, grifos do autor.
383
48
Essa afirmação tem como base a experiência da autora em frequentar cursos conscienciológicos e
dinâmicas parapsíquicas.
49
VIEIRA, Waldo. Veste única. In: _____. (Org.). Enciclopédia da Conscienciologia. 9. ed. aum. e ver.
Foz do Iguaçu: Editares; Encyclossapiens, 2018, p. 22.656 a 22.660. Vol. 27.
50
LASH, 2012, p. 241.
51
LASH, 2012, p. 242.
52
LASH, 2012, p. 242 e 244.
384
NOTA: A segunda questão foi dirigida somente aos autores de livro publicado. Não
era obrigatória.
53
LASH, 2012, p. 249.
54
LASH, 2012, p. 247.
385
Na questão “Você possui artigo publicado?”, a maioria respondeu que sim, com
264 respostas (73,3%). Na questão seguinte “Se você tem artigo(s) publicado(s), o
tema dele(s) é sobre:”, foram 264 respondentes (100%), a maioria é sobre
“Conscienciologia” com 134 respostas (50,7%) e em seguida “Conscienciologia e
Outro Assunto” com 101 respostas (38,3%) (Tabela 42).
NOTA: A segunda questão foi dirigida somente a quem tivesse artigo publicado. Não
era obrigatória.
55
VIEIRA, 2019, p. 1.183.
386
56
VIEIRA, Waldo. Edição gratuita. In: _____. (Org.) Enciclopédia da Conscienciologia. 9. ed. aum. e
rev. Foz do Iguaçu: Editares; Encyclossapiens, 2018, p. 9.165 a 9.167.
57
VIEIRA, 2019, p. 1.183, grifos do autor.
58
VIEIRA, 2019, p. 1.183, grifos do autor.
59
LUTFI, Lucy. Voltei para contar: autobiografia de uma experimentadora da quase-morte. Foz do
Iguaçu: Editares, 2006, p. 45-46.
387
60
A experiência de quase-morte é uma ocorrência projetiva, involuntária, ou forçada por
circunstâncias humanas críticas, da pessoa, comum a doentes terminais, pacientes morituros, e
sobreviventes de morte física (Fonte: VIEIRA, Waldo. Projeciologia. Edição do Autor: Rio de Janeiro,
1986, p. 62).
61
VIEIRA, Waldo. Projeciologia: panorama das experiências da Consciência Fora do Corpo Humano.
Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1986, p. 2.
62
VIEIRA, 1986, p. 63.
63
A experiência da quase-morte vem sendo pesquisada desde 1977 por uma instituição internacional
chamada The International Association of Near Death Studies – IANDS (Associação Internacional de
Experiência da Quase-morte). A associação publica dois periódicos: Vital Signs e The Journal of
Near-Death Studies. Maiores informações podem ser obtidas no site da IANDS: www.iands.org.
Nesse site, tem um link para assistir um vídeo produzido pela BBC sobre as EQMs, chamado “The
Day I Died” (2003) ou “O dia que morri”. Nesse vídeo, as pesquisas realizadas por médicos nos EUA,
Inglaterra e Holanda sugerem que a mente não está confinada no cérebro.
64
MOODY JR., Raymond. Vida depois da vida. Tradução de Rodolfo Azzi. Rio de Janeiro: Nórdica,
1979, p. 27-90.
388
6.2 Convívio
65
FREIRE, Carmen; ALMEIDA, Nazaré; SALLES, Rosemary. Círculo Mentalsomático: volume I,
encontros 01 a 10, período de 07 de abril a 09 de junho de 2012. Foz do Iguaçu: Epígrafe, 2019, p.
11-12.
389
Discussão sobre o convívio, que ainda se dividiu em quatro partes: 6.2.10.1 Família;
6.2.10.2 Conversa de Vieira com Jung mediada por Ginzburg; 6.2.10.3 Amizades,
vizinhança e colegas profissionais; e 6.2.10.4 Animais domésticos.
NOTA: Esta questão foi dirigida somente aos que estivessem na condição de “viver
junto” ou fossem casados. Além disso, os respondentes receberam a seguinte
390
6.2.2 Filhos
Na questão “Tem filho(s)?”, a maioria respondeu que “não”, com 230 respostas
(63,9%) (Tabela 45).
A questão “Se tem filhos, favor assinalar todas as questões que se apliquem ao
seu caso”, dentre os 130 respondentes (100%) com filhos, foram obtidas 169
respostas (130%), sendo que a maioria deles possui filhos que moram fora de Foz
do Iguaçu com 76 respostas (58,5%) (Tabela 46).
NOTA: Esta questão foi dirigida somente para quem respondeu que tinha filhos na
questão anterior, sendo possível marcar mais de uma resposta. Houve 130
respondentes (100,0%) e 169 respostas (130,0%)
Na questão “Se você possui animal doméstico, qual(is) tipo(s) é(são) e quantos
são?”, houve 223 respondentes (100,0%), e o seguinte resultado: o gato é o animal
doméstico mais popular na comunidade conscienciológica de Foz do Iguaçu, pois
140 participantes (62,8%) possuem 1 gato ou mais. Em seguida, vem o cachorro
com 127 respondentes (56,9%) que possuem 1 cachorro ou mais (Tabela 48).
Passarinho 222 0 0 1
(99,5) (0,0) (0,0) (0,5)
Jabuti 220 0 2 1
(98,6) (0,0) (0,9) (0,5)
Outro 221 2 0 0
(99,1) (0,9) (0,0) (0,0)
NOTA: Esta questão foi dirigida somente aos que responderam que possuem animal
doméstico na questão anterior. Os respondentes receberam a seguinte orientação
no cabeçalho da questão: “Se você não possui animal doméstico, não precisa
responder esta questão.” Era possível marcar mais de uma resposta. A opção
“Outro” não era obrigatória.
Foram 223 respondentes por linha (100,0%).
6.2.4 Amizades
6.2.5 Vizinhança
66
MACHADO, Fernando Luís. Contrastes e continuidades: migração, etnicidade e integração dos
guineenses em Portugal. Oeiras, Portugal: Celta Editora, 2002, p. 219.
67
MACHADO, 2002, p. 219.
68
MACHADO, 2002, p. 220.
69
MACHADO, 2002, p. 220.
395
70
VIEIRA, Waldo. Manual da Dupla Evolutiva. Rio de Janeiro: Instituto Internacional de Projeciologia
e Conscienciologia, 1997a, p. 14.
71
VIEIRA, 1997a, p. 11.
396
filhos no âmbito nacional. O número de casais que optam por não ter filhos tem
crescido, contudo essa condição tem “se tornado um fenômeno social importante,
não tanto pela quantidade, mas sim por suas características paradigmáticas.”72 Tal
fato sugere um mesmo fenômeno (casais sem filhos) com explicações e
pressupostos diversos (no nível nacional e no nível da comunidade
conscienciológica), conforme veremos.
Sobre a questão dos filhos, vale a pena retomar os resultados apresentados no
capítulo 5. Observou-se que o agregado doméstico dos conscienciólogos se
constitui preponderantemente de casais sem filhos, enquanto que os dos
iguaçuenses, de casais com filhos.
Também foi feito o alerta de que o fato do agregado doméstico dos
conscienciólogos ter apresentado o dado de praticamente metade deles serem de
casais sem filhos, isso não significava que o casal não tivesse filhos, pois poderiam
não morar com o casal. E foi dado o exemplo dos casos de dois dos nossos
entrevistados, o Moacir e o Domingos, que possuem filhos do primeiro casamento,
que não migraram com eles para Foz do Iguaçu.
Os resultados sobre o “Convívio” apresentados neste capítulo, nas tabelas 45 e
46, identificaram que a maioria dos conscienciólogos não tem filhos e que dentre os
que têm, a maioria dos filhos não é moradora de Foz do Iguaçu.
Assim, esses dados explicam o resultado sobre o agregado doméstico dos
conscienciólogos ser na maioria formado de casais sem filhos, divulgado no capítulo
5.
Essa discussão sobre os filhos remete ao conceito de família. Pela Sociologia,
a família pode ser definida pela existência de vínculos de consaguinidade, adoção
ou casamento entre as pessoas. No entanto, para o IBGE, para fins de investigação,
a família é compreendida principalmente como um grupo cuja definição está limitada
pela condição de residência em um mesmo domicílio, existindo ou não esses laços
entre seus membros.73
O termo família usado pelo IBGE compreende também arranjos familiares onde
existam laços de consanguinidade, dependência econômica e/ou residência em um
72
ALVES, J. E.; CAVENAGHI, S. M.; BARROS, L. F. W. A família DINC no Brasil: algumas
características sociodemográficas. Rio de Janeiro: IBGE, 2010, p. 7.
73
IBGE. Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira
2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2007, p. 84. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9221-sintese-de-indicadores-
sociais.html?=&t=downloads. Acesso em: nov. 2019.
397
74
IBGE, 2007, p. 84.
75
IANNARELLI, Thais. Novo conceito familiar: maior atuação feminina e aumento na expectativa de
vida transformaram o modelo de família. Guia mundial de estatísticas, São Paulo, ano 1, n. 1, p. 97,
2008, p. 96.
76
IANNARELLI, 2008, p. 96.
77
IBGE. Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira
2014. Rio de Janeiro: IBGE, 2014, p. 73. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9221-sintese-de-indicadores-
sociais.html?=&t=downloads. Acesso em: nov. 2019.
398
(2013); e por fim, outros tipos sem parentesco manteve-se o mesmo percentual de
0,3% em 2006 e 2013.78
De acordo com IBGE, uma análise mais detalhada dos arranjos familiares
formados por casais sem filhos revela o peso significativo de uma parcela específica
deste grupo, os chamados Casais DINC79, cuja característica principal é ambos os
cônjuges receberem rendimentos. Em 2013, a participação dos casais DINC no total
de casais sem filhos era de 19,9%. A Região Sudeste obteve a maior proporção de
casais DINC em 2013 (23,2%) e a Região Sul foi de 20,4%. Para o IBGE, tal
realidade é resultado de maior incidência de fatores, como por exemplo: a maior
participação das mulheres no mercado de trabalho, a postergação da maternidade, a
redução das taxas de fecundidade e o aumento da escolaridade.80
No caso do IBGE, existem duas dificuldades para se definir os casais DINC: 1)
não se tem certeza se estes casais especificados na Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD), com o seguinte critério: domicílios particulares permanentes
ocupados com 2 pessoas adultas, um chefe e um cônjuge, nenhum outro parente e
que a mulher nunca teve filho, irão caminhar ao longo do ciclo da vida, para terem
filhos e deixarão de fazer parte da família DINC; 2) como não existe a pergunta
sobre filhos tidos dos homens na PNAD, não há certeza se o marido do casal DINC
teve ou não filho.81
Comparando os percentuais da comunidade conscienciológica com os dados
nacionais de 2013, e não mais municipais, como viemos fazendo até então, o
principal arranjo familiar é de casal sem filhos, que por sua vez ocupa o segundo
lugar percentual no nível nacional. E na mesma tendência, o segundo tipo de arranjo
familiar entre os conscienciólogos é o da pessoa só, o qual ocupa o quarto lugar nas
famílias brasileiras.
Não foi feita a investigação de casais DINC entre os casais de
conscienciólogos sem filhos. Não é possível saber se o total de casais sem filhos
78
IBGE, 2007, p. 85; IBGE, 2014, p. 68.
79
DINC é acrônimo da expressão double income and no children. Nas referências em português
ainda não foi estabelecido um acrônimo. Em geral, é traduzido por duplo ingresso e nenhuma criança.
Sobre tal fenômeno, consultar a publicação: ALVES, J. E.; CAVENAGHI, S. M.; BARROS, L. F. W. A
família DINC no Brasil: algumas características sociodemográficas. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 34 p.
Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv49328.pdf>. Acesso em: 05 jan.
2020.
80
IBGE, 2014, p. 73-74.
81
ALVES, J. E.; CAVENAGHI, S. M.; BARROS, L. F. W. A família DINC no Brasil: algumas
características sociodemográficas. Rio de Janeiro: IBGE, 2010, p. 7.
399
82
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela
Inquisição. Tradução de Maria Betânia Amoroso. 10. reimp. São Paulo: companhia das Letras, 2015,
p. 82.
83
Os indicadores de fecundidade da Alemanha em 1970 era 2,03 filhos em média por mulher e em
2009 era 1,3. Na Áustria, em 1970 era 2,29 e em 2009 era 1,4. Em Portugal, em 1970 era 3,01 e em
2009 era 1,3, e assim sucessivamente em pelo menos 15 países europeus. Sobre a opção de não tê-
los, por exemplo, “na França, quase 1/3 das mulheres que não tiveram filhos dizem ter feito uma
escolha deliberada” (BADINTER, Elisabeth. O conflito: a mulher e a mãe. Tradução de Vera Lúcia dos
Reis. Rio de Janeiro: Record, 2011, p. 28 e 152).
84
ALVES; CAVENAGHI; BARROS, 2010, p. 10.
400
85
BADINTER, Elisabeth. O conflito: a mulher e a mãe. Tradução de Vera Lucia dos Reis. Rio de
Janeiro: Record, 2011, p. 10-11.
86
BADINTER, 2011, p. 11-12.
87
ALVES; CAVENAGHI; BARROS, 2010, p. 8.
88
ALVES; CAVENAGHI; BARROS, 2010, p. 8.
401
89
ALVES; CAVENAGHI; BARROS, 2010, p. 9.
90
LOBO, Andréa de Souza. Família. In: CAVALCANTI, Leonardo et al. (Orgs.). Dicionário crítico de
migrações internacionais. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2017, p. 316.
91
BADINTER, 2011, p. 9.
92
BADINTER, 2011, p. 164.
402
diretamente ligada a seus diplomas e títulos universitários”. Quer dizer, “quanto mais
importantes forem estes, mais interessante é seu trabalho e mais elas preferem não
ter filhos.” E também se descobriu que as mulheres childless trabalham em maior
número e com frequência ocupam postos de destaque como executivas ou diretoras
mais do que as mães.93
No caso da comunidade conscienciológica, não foram encontradas pesquisas
sobre a escolha por não ter filhos. No entanto, tem-se conhecimento que a opção de
não ter filhos faz parte da técnica de vida chamada “inversão existencial” (invéxis),
aplicada por Waldo Vieira e comentada no capítulo 2. Tal técnica supõe-se ser
aplicada ao menos por uma parcela dos voluntários notadamente pelo fato de existir
uma instituição voltada à divulgação, ensino e pesquisa dessa técnica. Essa técnica
propõe que a pessoa ou o casal que aplique a inversão existencial priorize seu
tempo em trabalho voluntário, realizando a tarefa do esclarecimento, aulas e
publicações que esclareçam as pessoas da realidade mais integral da consciência
humana.
Assim, e aqui estamos no âmbito da especulação, ao contrário da relação da
mulher childless com o individualismo, no caso das mulheres da comunidade
conscienciológica, pelo fato de serem voluntárias (não receberem remuneração) e
dedicarem seu tempo em aulas, escritos e na administração de instituições, se
supõe que tenham um senso maior de coletivismo. Paradoxalmente parecem querer
mais liberdade para poderem se dedicar mais aos outros.
Por outro lado, também se supõe que a opção por não ter filhos tenha relação
com o alto nível de escolaridade assim como no fenômeno childless.
No entanto, a concepção de família na comunidade conscienciológica possui
um sentido mais alargado do que a formação de casais sem filhos, dedicados ao
trabalho voluntário. Retomando o indício citado no capítulo 2 no subtópico “2.4.6.5
Série fotográfica”, foi mencionada a compreensão do convívio entre os voluntários
como uma família, a qual Waldo Vieira chamava de “família consciencial”.
No seu penúltimo livro publicado, o “Dicionário de Argumentos da
Conscienciologia” (DAC), em 2014, Vieira94 cita que a família consciencial seria “o
intercâmbio social da Comunidade Conscienciológica Cosmoética Internacional
93
BADINTER, 2011, p. 181.
94
VIEIRA, Waldo. Dicionário de Argumentos da Conscienciologia. Foz do Iguaçu: Editares, 2014, p.
519.
403
(CCCI)”, sendo que nela, é onde “podemos encontrar os melhores exemplos para
servir de modelos”. Outras sentenças sobre o tema: “A Genética estrutura os laços
da família nuclear. A amizade estrutura os laços da família consciencial.”95 E ainda,
em outro trecho, Vieira menciona o “nosso voluntariado conscienciológico, ou família
consciencial”.96
Nesses aforismos de Vieira estão alguns indícios do que seria a família
consciencial: a comunidade em si estruturada pelas amizades e pelo voluntariado.
Esse entendimento evoca a concepção de comunidade tradicional como Ferdinand
Tönnies propôs no século XIX, pois Tönnies 97 propunha a possibilidade de
surgimento de uma comunidade pela aproximação espacial (habitat em comum;
vizinhança; amizade) e também pela aproximação espiritual (compartilhamento de
ideias). Esta última abordagem se aproxima da ideia do voluntariado
conscienciológico no sentido de compartilhar ideias.
Assim, a comunidade conscienciológica parece trazer alguns elementos da
comunidade tradicional, estruturada na base da amizade e das ideias, no sentido de
evocar a noção de fraternidade interpares.
Por outro lado, como foi visto anteriormente no subtópico “6.1.2.1 Discussão
sobre o Voluntariado IV: voluntariado institucional”, a comunidade conscienciológica
possui elementos da comunidade reflexiva de Scott Lash. Ao contrário da família, na
comunidade reflexiva a pessoa não nasce nela, mas se inclui nela. Em segundo
lugar, a comunidade coloca para si mesma o problema da sua criação, conforme foi
evidenciado no capítulo 3 (o surgimento do CEAEC a partir de um grupo de
pesquisa de voluntários do IIPC). Assim como se preocupa com sua constante
reinvenção, muito mais que as comunidades tradicionais, como se pode observar
pelas práticas culturais da comunidade conscienciológica focadas nas vivências, nas
reflexões e nos debates. Em uma terceira perspectiva, seus produtos e
“instrumentos” tendem a não ser materiais como eram os produtos artesanais das
guildas ou os produtos comerciais das comunas medievais, porém abstratos e
culturais, conforme visto no tópico das práticas culturais.
95
VIEIRA, 2014, p. 946.
96
VIEIRA, 2014, p.1.230.
97
TÖNNIES, Ferdinand. Community & Society (Gemeinschaft und Gesellschaft). Tradução de
Charles P. Loomis. New York: Harper Torchbooks, 1963, p. 42.
404
98
FRANZ, Marie-Louise von. O processo de individuação. In: JUNG, Carl G. et al. O Homem e seus
símbolos. Tradução de Maria Lúcia Pinto. 14. imp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1964, p. 220.
99
FRANZ, 1964, p. 221.
100
O tema da Enciclopédia da Conscienciologia foi abordado anteriormente no capítulo 3, nos
subtópicos 3.3.2 Tertúlias conscienciológicas e 3.4.4 Lugares de memória; no capítulo 4, no subtópico
4.1.3 Publicação do Homo sapiens reurbanisatus; e capítulo 5, no subtópico 5.2.4.1.5 Discussão da
caracterização da migração conscienciológica.
101
SAMUELS, Andrew; SHORTER, Bani; & PLAUT, Fred. Dicionário crítico de análise junguiana.
Tradução de Pedro Ratis e Silva. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1988, p. 110.
102
JUNG, Carl G. Memórias, sonhos, reflexões. Tradução de Dora Ferreira da Silva. 3. Ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1963, p. 262.
103
JUNG, 1963, p. 264.
405
104
JUNG, 1963, p. 265.
105
JUNG, 1963, p. 273.
106
JUNG, 1963, p. 273.
406
107
JUNG, 1963, p. 277.
108
JUNG, 1963, p. 277.
109
VIEIRA, Waldo. 700 Experimentos da Conscienciologia. Rio de Janeiro: Instituto Internacional de
Projeciologia, 1994, p. 87 e 90.
407
110
JUNG, 1963, p. 265.
111
JUNG, 1963, p. 265.
112
VIEIRA, 1994, p. 604.
408
113
VIEIRA, Waldo. Nossa evolução. Rio de Janeiro: Instituto Internacional de Projeciologia, 1996, p.
12.
114
VIEIRA, Waldo. Enciclopédia da Conscienciologia. 3. Ed. Foz do Iguaçu: Editares, 2007, p. 813. 2
tomos.
115
VIEIRA, Waldo. Dicionário de Argumentos da Conscienciologia. Foz do Iguaçu: Editares, 2014, p.
719.
116
FRANZ, 1964, p. 224.
409
mais importante para um indivíduo do que tudo o mais, e é por este motivo que o
processo de individuação deve ter prioridade.”
O convívio estreito dos conscienciólogos nos vários círculos sociais: da família,
da amizade, dos vizinhos e dos colegas profissionais, reforçam os laços
comunitários dos conscienciólogos. E essa interseção de sociabilidades pode ser
elucidada nessa fala de Marie-Louise von Franz117: “quando um indivíduo dedica-se
à individuação, ele frequentemente tem um efeito contagiante sobre as pessoas que
o rodeiam. É como se uma centelha saltasse de um a outro.” Tal efeito em geral
“ocorre quando não se tem a intenção de influenciar ninguém e quando muitas
vezes não se empregam palavras.”
117
FRANZ, 1964, p. 224.
118
VIEIRA, 2014, p. 946, grifos do autor.
410
dão uma grande contribuição àquilo que torna a vida digna de ser vivida, e ninguém
escolheria viver sem amigos.”119 Assim, “uma boa vida humana tem de ser uma vida
em comunidade.” 120 A amizade como descrita por Aristóteles “se apoiava em
obrigações não apenas entre amigos, mas em relação à uma comunidade ampla, da
prática, de atividades compartilhadas com padrões e objetivos particulares.”121
Outro aspecto da amizade sob o ponto de vista de Aristóteles é que para ele
existem vários tipos de amizade. Porém, “quando temos uma profunda amizade do
melhor gênero, desejamos ao amigo o que desejamos para nós mesmos – vida,
saúde, felicidade e a satisfação de seus desejos.” 122 Nesse sentido, que o
“verdadeiro amigo é como um segundo eu”.123
Ainda segundo Aristóteles, “a melhor atividade humana é a percepção e o
conhecimento.”124 Uma vez que um bom amigo é como se fosse um segundo eu,
“quando se está com um amigo, se está, de certa maneira, percebendo a si
mesmo.” 125 Desse modo, o prazer da atividade é acrescido pelo prazer da
consciência. Nesse sentido, é que os amigos devem contemplar e celebrar em
comum, não somente os prazeres da comida, mas os prazeres da discussão e do
pensamento.126
Esse entendimento parece em consonância com as palavras de Marie-Louise
von Franz sobre o efeito contagiante de uns sobre os outros quando os indivíduos se
dedicam à individuação ou a auto-realização. As práticas culturais da comunidade
conscienciológica exercitam essa reflexão de pensamento e estimulam a discussão
pela troca de experiências entre os voluntários, predispondo a união.
A convergência de sociabilidade dos círculos sociais familiar, de amizade, de
vizinhança e de colegas profissionais é uma evidência do senso comunitário dos
conscienciólogos. No entanto, é necessário trazer 3 problematizações.
Primeira, quanto à vizinhança, coexistência espacial não implica em
sociabilidade. “A partilha de uma zona de residência não se traduz, de forma
119
BARNES, Jonathan. (Org.). Aristóteles. Tradução de Ricardo Hermann Ploch Machado.
Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2009, p. 293.
120
BARNES, 2009, p. 301.
121
LASH, 2012, p. 250.
122
BARNES, 2009, p. 295.
123
BARNES, 2009, p. 295.
124
BARNES, 2009, p. 296.
125
BARNES, 2009, p. 296.
126
BARNES, 2009, p. 297.
411
127
MACHADO, 2002, p. 227.
128
MACHADO, 2002, p. 227.
412
129
VIEIRA, 2019, p. 89, grifos do autor.
130
VIEIRA, 2019, p. 105, grifos do autor.
131
VIEIRA, 1986, p. 40.
132
SHELDRAKE, Rupert. Ciência sem dogmas: a nova revolução científica e o fim do paradigma
materialista. Tradução de Mirtes Frange de Oliveira Pinheiro. São Paulo: Cultrix, 2014, p. 255.
133
SHELDRAKE, 2014, p. 255.
413
134
McMILLAN, D.; CHAVIS, D. Sense of community: a definition and theory. Journal of Community
Psycholoy, vol. 14, p. 6-23, jan. 1986. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/1520-6629(198601)14:1%3C6::AID-
JCOP2290140103%3E3.0.CO; 2-I. Acesso em: 09 jan. 2020.
135
McMILLAN, David W. Sense of community. Journal of Community Psycholoy, vol. 24, n. 4, p. 315-
325, 1996. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/(SICI)1520-
6629(199610)24:4%3C315::AID-JCOP2%3E3.0.CO;2-T. Acesso em: 09 jan. 2020.
136
A abordagem ecológica de Urie Bronfenbrenner propõe um modo de compreender o
desenvolvimento individual a partir da pessoa no contexto de múltiplos ambientes, do mais íntimo, por
exemplo a casa, até o mais amplo, como os padrões culturais, dentro da dimensão do tempo (Fonte:
PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally W. 7. Ed. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed Editora,
2000, p. 29).
137
MARANTE, Liliana. A Reconstrução do sentido de comunidade. 2010. 38 f. Dissertação (Mestrado
em Psicologia) – Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2010, p. 2.
414
138
McMILLAN e CHAVIS, 1986, p. 9.
139
McMILLAN e CHAVIS, 1986, p. 9. Essas 4 dimensões foram revisadas assumindo novas
denominações, a saber: Espírito (Spirit – correspondendo à pertença), Confiança (Trust – Influência),
Troca (Trade – Integração e satisfação de necessidades) e Arte (Art – Ligações emocionais
partilhadas) (Ver McMillan, D. Sense of community. Journal of Community Psychology, vol. 24, 1996,
p. 315.) No entanto, não são duas teorias diferentes, mas complementares. Irá se utilizar a primeira
terminologia em função das sentenças do questionário referirem-se aos termos da primeira
sistematização teórica.
140
McMILLAN e CHAVIS, 1986, p. 9.
141
MARANTE, 2010, p. 20.
142
A BSCS foi validada por N. Peterson e colaboradores (Ver PETERSON, N.; SPEER, P.;
McMILLAN, D. Validation of brief sense of community scale: confirmation of the theory of sense of
community. Journal of Community Psychology, vol. 36, p. 61-73, 2008).
415
143
MARANTE, 2010, p. 5.
416
Outros papeis sociais eram vivenciados provavelmente fora desta zona. Nesse tipo
de bairro-dormitório, o sentido de comunidade não será forte, e consequentemente o
envolvimento com seus pares será reduzido.144
Assim, o objetivo seria verificar a importância relativa atribuída à comunidade
pelos seus membros, como um fator relevante a ser considerado na análise do
sentido de comunidade. A ideia é que a importância que a comunidade tem para os
envolvidos influenciaria o seu grau de envolvimento e investimento nessa
comunidade, assim como os sentimentos e os motivos de identificação com ela.
A “Escala de Importância da Comunidade” é a seguinte:
A EIC é organizada numa escala likert de 5 pontos desde “nada importante” (1)
até “extremamente importante” (5).
Além dessas questões sobre Sentido e Importância da Comunidade (6.3.1 e
6.3.2), agreguei os resultados de duas questões, uma sobre se o migrante pensa em
morar definitivo em Foz de Iguaçu (6.3.3) e outra se, na opinião do migrante, ele
teria alguma sugestão de melhoria para a comunidade conscienciológica (6.3.4),
para o mesmo subtópico de discussão (6.3.5).
Julguei apropriado discutir esses 4 aspectos em conjunto, uma vez que o
migrante irá pensar em morar em definitivo em Foz de Iguaçu caso a comunidade
conscienciológica seja importante para ele e o sentido de comunidade seja forte. As
sugestões de melhorias também possuem uma estreita relação se a pessoa se
sente pertencente à comunidade.
144
MARANTE, 2010, p. 22.
417
Na tabela 53, foram unidas duas questões que tratam sobre a Importância da
Comunidade Conscienciológica: 1) “Até que ponto a pertença à Comunidade
Conscienciológica em Foz do Iguaçu é importante na sua identidade pessoal?” e a
resposta mais votada foi “extremamente importante” com 127 respostas (35,3%) e;
2) “Até que ponto as pessoas que você conhece na Comunidade Conscienciológica
em Foz do Iguaçu constituem uma parte importante da sua vida social?” e a
resposta mais votada foi “fortemente importante” com 131 respostas (36,4%) (Tabela
53).
6.3.4 Melhorias
Na questão “Na sua opinião, o que você acha que pode ser melhorado na
Comunidade Conscienciológica de Foz do Iguaçu? (Assinale todas as questões que
se apliquem)”, houve 1.368 respostas (380,0%). A principal melhoria votada foi o
asfaltamento das ruas na Cognópolis com 300 respostas (83,3%). Interessante
observar que durante a aplicação do questionário, foi realizado o asfaltamento da
principal rua do bairro Cognópolis, a Felipe Wandscheer, pedido antigo dos
moradores145 (Tabela 55). Além das 5 opções de melhorias, foram escritas mais 46
outras sugestões de melhorias no campo “Outro”.
145
ACONTECENDO. Jornal da Cognópolis, Foz do Iguaçu, ano 21, n. 215, p. 4, ago. 2018.
421
NOTAS: Essa questão era obrigatória. Por ser possível marcar mais de uma
resposta, foram 360 respondentes (100%) e 1.368 respostas (380,0%).
Não foram discriminadas todas as respostas do campo “outro” para que a
tabela não ficasse extensa. As sugestões de melhorias que tiveram mais de 1
resposta foram trazidas para discussão no subtópico seguinte.
146
McMILLAN e CHAVIS, 1986, p. 13.
147
McMILLAN e CHAVIS, 1986, p. 9.
148
McMILLAN e CHAVIS, 1986, p. 10.
422
149
McMILLAN e CHAVIS, 1986, p. 11.
150
McMILLAN, David W. Sense of community. Journal of Community Psycholoy, vol. 24, n. 4, 1996, p.
320. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/(SICI)1520-
6629(199610)24:4%3C315::AID-JCOP2%3E3.0.CO;2-T. Acesso em: 09 jan. 2020.
151
Parecer n.9/2006, da UNICIN, de 23 de outubro de 2006.
423
que possam se chocar com seus objetivos estatutários. E sugere que se verifique se
existe a mesma identidade entre atividade, ramo, área de atuação das instituições e
função exercida pelo voluntário podendo configurar algum conflito de interesses.
Ao modo desse parecer existem outros. O desafio da comunidade
conscienciológica parece ser o de manter-se constantemente em atualização, ao
mesmo tempo em que transmite aos membros mais recentes uma cultura
conscienciológica coerente com os princípios do paradigma seguido, construída por
décadas.
Outro dado importante de mencionar é que a segunda categoria, “As pessoas
desta comunidade conseguem influenciar-se uns aos outros”, foi uma de duas
respostas que obtiveram resultado mais alto, com 216 respostas (60,0%). Essa
sentença é a única que “passa por um reconhecimento das dinâmicas de influências
nas pessoas, no outro, e não no próprio (como o restante dos itens)”.152 Esse dado
revela que a maioria dos conscienciólogos conhece a dinâmica de influência entre
os membros da comunidade conscienciológica.
A última dimensão, das ligações emocionais partilhadas, que envolve a
primeira categoria “Sinto-me ligado(a) a esta comunidade” e a segunda categoria
“Eu tenho bons laços com outros nesta comunidade”, foi a que obteve os resultados
mais altos somando o percentual de “concordo” das duas categorias (55,8% e
153
60,0%). McMillan e Chavis descrevem essa dimensão como uma história
partilhada com a qual as pessoas se identificam e incorporam na sua história
pessoal. Inclui as seguintes características: quantidade e qualidade da interação,
partilha de eventos em conjunto, importância dos membros para a história
comunitária, saldo positivo de acontecimentos, ligação espiritual à comunidade e aos
154
seus membros. As ligações emocionais partilhadas pelos membros da
comunidade conscienciológica são fortes, provavelmente fruto dos encontros
estabelecidos pelas práticas culturais: o trabalho voluntário, as tertúlias vespertinas
e as matutinas, as dinâmicas parapsíquicas entre outras atividades já descritas.
A tabela 53 traz os resultados da “Escala de Importância da Comunidade” que
envolvem duas questões, a primeira sobre a Importância da Pertença, que significa
a identificação com as pessoas com a comunidade, e a segunda sobre a
152
MARANTE, 2010, p. 37.
153
MCMILLAN e CHAVIS, 1986, p. 13.
154
MCMILLAN e CHAVIS, 1986, p. 14.
424
155
MARANTE, 2010, p. 38.
156
MARANTE, 2010, p. 40.
425
ter ações” coletivas para os problemas que vêm surgindo. Ele cita como exemplo, “a
questão da saúde, as pessoas estão envelhecendo, (...), tem que ter uma ação
coletiva para isso.”
Everton entende que “alguns pontos são coletivos, que todos têm que tomar
para si essa responsabilidade.” Ele acha que é difícil, mas tem esperança. Cogita se
a dificuldade de um envolvimento coletivo seria a falta do “senso de cidadania”157.
Este seria “anterior talvez à Conscienciologia”. Quer dizer, o senso “de
pertencimento a uma sociedade.” Para ele, “não é o fato de ter vindo para Foz para
estudar algo e dar sentido para algumas coisas que faria com que essas pessoas
desenvolvessem esse senso. Isso é muito anterior, é muito maior.”
Nara Oliveira complementa a fala de Everton explicando como entende esse
senso de cidadania ou de pertencimento: “é você tornar-se individualmente
responsável por um coletivo de pertencimento. Você sabe que tem responsabilidade
por esse coletivo.”
E Everton, por sua vez, completa seu raciocínio: “mas aí tem uma nuança. A
pessoa pode se sentir pertencendo ou pertencente e não assumir responsabilidade.
Eu faço parte, eu estou aqui, estamos juntos, mas eu não atuo.”
Everton Santos pensa que o que está faltando é “uma frente ampla geral da
comunidade: ‘Gente, pronto, o Waldo saiu, vamos lá, vamos ver o que está faltando,
quais são as pontas, e vamos encarar.” Everton comenta que uma coisa que o
“deixa muito otimista e entusiasmado”, mesmo com as “mazelas naturais de sermos
humanos”, “é que eu vejo aqui na comunidade que as pessoas fazem força para
acertar, as pessoas querem ser corretas, querem ser cosmoéticas, querem ser
assistenciais.”
157
O fenômeno da cidadania é complexo e historicamente definido. Essa noção se desenvolveu
dentro de outro fenômeno histórico que é chamado de Estado-nação e que data da Revolução
Francesa, de 1789. “A luta por direitos sempre se deu dentro das fronteiras geográficas e políticas do
Estado-nação. Era uma luta política nacional e o cidadão que dela surgia era também nacional.” A
construção da cidadania se deu na relação das pessoas com o Estado e com a nação. “As pessoas
se tornavam cidadãs à medida que passavam a se sentir parte de uma nação e de um Estado.” Em
geral, a identidade nacional se constrói a partir de língua e religião comuns, além de guerras contra
inimigos comuns. E a lealdade ao Estado depende do grau de participação na vida política. A
cidadania no Brasil possui características históricas próprias. Algumas dificuldades para a construção
do senso de cidadania brasileira referem-se a singularidades no percurso histórico. Para citar
somente um exemplo: os primeiros direitos a serem implantados foram os sociais, em período de
supressão dos direitos políticos e de redução de direitos civis por um ditador que se tornou popular.
(CARVALHO, José Murilo. A cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: civilização
Brasileira, 2001, p. 8 e 12).
426
158
“Problema comunitário” conforme entendido por Elias e Scotson (2000, p. 165-166), e mencionado
no capítulo 4, no subtópico 4.4.7 Relações internas da comunidade conscienciológica. (ELIAS,
Norbert. SCOTSON, John. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de poder a partir
de uma pequena comunidade. Trad. de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2000, p. 165).
159
MCMILLAN e CHAVIS, 1986.
160
VAINFAS, Ronaldo. A micro-história nos bastidores. In: _____. Os protagonistas anônimos da
história: micro-história. Rio de Janeiro: Campus, 2002, p. 137. Vainfas exemplifica como situações-
limite dos estudos microanalíticos o indiciamento do exorcista de Santena (no livro “A Herança
427
Imaterial” de Giovanni Levi) e a prisão do moleiro do Friuli pelo Santo Ofício no livro “O Queijo e os
Vermes”, de Carlo Ginzburg).
428
professor Waldo, como as pessoas não precisam mais se mostrar (...), elas
relaxaram um pouco nisso daí, e eu acho que estão tentando ter uma convivência
mais sadia.”
Para Alexander, “as pessoas começaram a olhar agora um pouco mais umas
para as outras.” Na sua percepção, isso “pode aumentar esse senso de
comunidade”. Pois, “está chegando um momento que não está amadurecido, eu
acho que ainda vai demorar um tempo, onde a comunidade de fato vai amadurecer
enquanto comunidade, enquanto inter-relações de comunidade.”
Para Moacir Gonçalves, “quando o Waldo dessomou, lógico que deu um
baque, (...) deu uma caída, (...), algumas pessoas foram embora, outros chegaram,
mas hoje em dia, eu acho o seguinte: mais chega gente do que a tendência de sair.”
Segundo ele, “deu uma estabilizada”. Mencionou tudo que já foi construído e os
migrantes que vieram: “o Hotel da Conscienciologia, o Interludium. Os condomínios
estão todos aí funcionando. Quantos médicos, psicólogos, advogados já não vieram
e estão aí.”
Sobre o falecimento de Waldo Vieira, José Domingos Santos Neto relata que
“para mim, mexe, porque (...) professor Waldo é ponto de referência disso aqui.
Inevitavelmente, a pessoa que norteava.” Mas, “agora é tocar, a gente tocar”.
Passados dois anos desse episódio, Domingos migrou para Foz do Iguaçu.
Esse ponto de estabilidade atingido pela comunidade conscienciológica que
mencionei anteriormente confluiu com a fala de Moacir Gonçalves. Essa estabilidade
evoca a definição de identidade de Michel Wieviorka 161 : “implica uma certa
estabilidade, (...) que fixam um universo onde o que sobrevêm é relativamente
previsível, ou pelo menos encontra um sentido, e onde os comportamentos podem,
por conseguinte, ser orientados por valores que não se mudam a todo momento.”
Essa estabilidade de valores e comportamentos formadores da identidade
comunitária continua atraindo migrantes, conforme citado por Moacir e Everton, e
constatado nos achados apresentados no capítulo 5.
No entanto, ao que parece, reunindo os indícios do resultado do “não sei” de
uma pequena parcela dos conscienciólogos em morar definitivo em Foz do Iguaçu,
pelo testemunho dos conscienciólogos e por esse ponto de estabilidade alcançado,
é que a comunidade conscienciológica tem sustentado seus afazeres cotidianos
161
WIEVIORKA, Michel. A diferença. Tradução de Miguel Serras Pereira. Lisboa: Fenda Edições,
2002, p. 188.
429
Nara pensa que “nesses 4 anos, a impressão que eu tenho é que isso foi
agravando um pouco, esse esvaziamento maior, vamos dizer assim. As pessoas
estão cada uma tocando suas coisas e tal, sua vida, e eu acho que a gente
precisava” encontrar as pessoas. Estar no meio delas para poder fazer isso.
Nara lembra que há encontros nos cursos, porém ali se “está tratando de uma
temática, respondendo perguntas, mas é nesse ínterim quando você termina o curso
ou na hora do almoço (...) que isso acontece mais no ponto a ponto, você vê a
pessoa mais diretamente.”
O entrevistado José Domingos Santos Neto também fala da necessidade de
maior integração entre os voluntários, a começar pelos moradores de dentro do
campus do Discernimentum, onde ele mora. Domingos conta que sua companheira,
a Neide, “às vezes gosta muito de caminhar aqui por dentro. Eu amo caminhar
nessa trilha aqui.” E “tem gente que mora aqui dentro e não conhece isso aqui. Não
conhece nem o caminho [que liga o Discernimentum ao CEAEC].” Tem gente que
prefere andar de carro e “não conhece a natureza aqui dentro.” Resume do seguinte
modo: “Tem que aprender a caminhar para integrar.”
Para concluir essa discussão do sentido e importância da comunidade assim
como o morar definitivo em Foz do Iguaçu e as melhorias da comunidade
conscienciológica, gostaria de retomar uma frase da voluntária Nara Oliveira de que
era nos “ambientes de sociabilidade que o Waldo basicamente abastecia de
desafios todo mundo”. De acordo com Wieviorka162, a identidade coletiva de uma
comunidade organiza-se “num conjunto de traços que só se tornam orientações para
a acção a partir do momento em que ela se vê confrontada com desafios internos e
externos. A identidade colectiva pode ser posta em causa e mobilizar os actores de
várias maneiras.” Pode afirmar-se como resistência a uma ameaça externa assim
como frente a uma crise no interior da coletividade.
Talvez a lacuna de desafios internos e externos possa gerar o “sentimento de
pertencimento sem ação” comentado anteriormente. Ou ainda, pode ter relação com
a dimensão “influência”, que diz respeito a solução de problemas derivada da divisão
de poder. Mesmo com uma liderança informal exercida por Waldo Vieira nos últimos
anos, decisões comunitárias eram, com frequência, consultadas e orientadas por
ele. Tal lacuna de tomada de decisão pode ter relação com esse “sentimento de
162
WIEVIORKA, 2002, p. 169.
432
163
GALDINO, Lane. Manual de Assessoria Jurídica em Instituições Conscienciocêntricas (ICs). Foz
do Iguaçu: Editares, 2020, p. 21.
164
GALDINO, 2020, p. 21.
165
GALDINO, 2020, p. 61.
166
GALDINO, 2020, p. 62.
435
NOTAS: Essa questão não era obrigatória. Por ser possível marcar mais de uma
resposta, foram 228 respondentes (100%) e 309 respostas (135,5%).
167
UNICIN. Relatório Parcial: Planejamento Estratégico: Cognópolis Foz do Iguaçu – 2035. Foz do
Iguaçu: UNICIN/Conselho das ECs, 2014, p. 49-59.
168
UNICIN, 2013, p. 1.
169
UNICIN, 2013, p. 1.
437
170
VIEIRA, Waldo. 700 Experimentos da Conscienciologia. Rio de Janeiro: IIP, 1994, p. 290-296.
171
VIEIRA, 1994, p. 435.
172
COUTO, Cirleine. UNICIN: semente do Estado Mundial. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano 6, n. 20, p.
6, ago. a nov. 2004.
438
173
VIEIRA, Waldo. “UNICIN megafraternidade vivenciada”. Entrevista. IIPC News, Foz do Iguaçu, ano
6, n. 20, ago. a nov. 2004, p. 4.
174
WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Tradução de
Regis Barbosa e Karen Elisabete Barbosa. Revisão técnica de Gabriel Cohn. 4. Ed. 3. Reimp.
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2012, p. 25-26; e WEBER, Max. Comunidade e sociedade
como estruturas de socialização. In: FERNANDES, Florestan. (Org.). Comunidade e Sociedade:
leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. São Paulo: Companhia Editora
Nacional; Editora da Universidade de São Paulo, 1973, p. 140, grifos do autor.
175
WEBER, 2012, p. 25-26.
176
WEBER, 2012, p. 25-26.
177
PARK, Robert E.; BURGESS, Ernest W. Comunidade e sociedade como conceitos analíticos. In:
FERNANDES, Florestan (org.). Comunidade e sociedade: leituras sobre problemas conceituais,
439
utilizados pelos estudiosos com certa diferença de ênfase, contudo com pouca
diferença de significado. Sociedade é o conceito mais abstrato e inclusivo,
constituída por grupos sociais. Comunidade é o vocábulo aplicado a sociedades e
grupos sociais considerados sob o aspecto da distribuição geográfica dos indivíduos
e instituições de que são compostos. “Segue-se que toda comunidade é uma
sociedade, mas nem toda sociedade é uma comunidade”.
Um indivíduo pode pertencer a diversos grupos sociais, mas em geral fará
parte de uma comunidade, exceto quanto essa comunidade for menor e estiver
incluída em uma maior. Entretanto, um indivíduo não é membro de uma comunidade
somente pelo fato de nela viver, porém mais porque participa na vida comum da
comunidade.178
Pode-se questionar que o posicionamento de Weber e de Park e Burgess
fazem parte do contexto da sociedade industrial, e que hoje vivemos uma sociedade
pós-industrial. No entanto, conforme foi visto, foram encontrados elementos de
comunidade tradicional e de comunidade moderna coexistindo na comunidade
conscienciológica. Assim, tal condição parece possibilitar a constituição de fronteiras
tênues entre as noções de sociedade e comunidade no seio da comunidade
conscienciológica. De modo prático e direto, argumenta-se aqui com base nos
indícios, a favor da configuração social dos conscienciológos no bairro Cognópolis
como uma comunidade, no entanto parece haver uma semente de uma sociedade
experimental na comunidade conscienciológica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FONTES
Documentos impressos
Acervo Pessoal
BONASSI, João Aurélio. Abertura do II Fórum Nacional de Qualidade Consciencial.
In: II FÓRUM NACIONAL DE QUALIDADE CONSCIENCIAL, 2, 1996, Curitiba.
Anais...Curitiba: IIPC, 1996, p. 4.
CARTA “Posicionamento Reconscientia”, 02 abr. 2018, encerramento das atividades
[e-mail].
COMUNICADO do CEAEC, da transmissão online do Círculo Mentalsomático, 26 de
abr. 2019 [e-mail].
COMUNICADO da UNICIN, sobre desligamento da ASSIPEC, 26 jun. 2019 [e-mail].
457
Documentos Fotografias
Acervo Pessoal
Documentos Jornais
Acervo Pessoal
Documentos Revistas
Acervo Pessoal
IANNARELLI, Thais. Novo conceito familiar: maior atuação feminina e aumento na
expectativa de vida transformaram o modelo de família. Guia mundial de estatísticas,
São Paulo, ano 1, n. 1, p. 97, 2008.
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n. 2, p. 144-155, jun. 1975. Disponível em:
https://www.jstor.org/stable/589585?seq=1. Acesso em: 31 dez. 2019, 17h.
ALMEIDA, Roberto. Colégios Invisíveis da Conscienciologia. Conscientia, vol. 4, n.
3, p. 196-201, jul./set., 2000. Disponível em:
http://www.ceaec.org/index.php/conscientia/article/view/446/433. Acesso em: nov.
2019.
ALVES, Irineu. Chico Xavier e Waldo Vieira nos Estados Unidos e na Europa.
Disponível em: <http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/A_autores/
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Acesso: 24 out. 2019, às 10h25.
ALVES, J. E.; CAVENAGHI, S. M.; BARROS, L. F. W. A família DINC no Brasil:
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https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=Mauad%
2C+Ana+Maria+revista+Tempo&oq=Ana+Mar. Acesso em: ago. 2019.
McMILLAN, David W. Sense of community. Journal of Community Psycholoy, vol.
24, n. 4, p. 315-325, oct. 1996. Disponível em:
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McMILLAN, D.; CHAVIS, D. Sense of community: a definition and theory. Journal of
Community Psycholoy, vol. 14, p. 6-23, jan. 1986. Disponível em:
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NORA, Pierre. Entre Memória e História: a problemática dos lugares. Trad. de Yara
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OLIVEIRA, Nielmar. Número de brasileiros que realizam trabalho voluntário cresce
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475
APÊNDICE
477
1
ALBUQUERQUE, Antonio C. C. de. Terceiro Setor: história e gestão de organizações. São Paulo:
Summus, 2006, p. 42.
478
ANEXO
480
UNIOESTE - CENTRO DE
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA
SAÚDE DA UNIVERSIDADE
Continuação do Parecer: 2.625.817
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Assinado por:
Dartel Ferrari de Lima
(Coordenador)
Endereço: UNIVERSITARIA
Bairro: UNIVERSITARIO CEP: 85.819-110
UF: PR Município: CASCAVEL
Telefone: (45)3220-3272 E-mail: cep.prppg@unioeste.br
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