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PAGÃOS, HEREGES E EXCOMUNGADOS: UMA ANÁLISE DOS

CONCÍLIOS I E II DE BRAGA

Luan Ribeiro de Araujo1

1. Introdução

Na região da Galiza, noroeste da Península Ibérica, os suevos instauram seu


reino na década de 410, após adentrarem a Península como pagãos. Em 466, o rei
Remismundo casa com uma princesa visigoda e converte-se ao arianismo. Os dois atos
não são causa e consequência, ou vice-versa, um do outro, mas dois pontos de uma
mesma questão: o reino submete-se à influência visigoda. O cristianismo ariano era o
credo seguido pela Monarquia ibérica goda, e a religião parece ser utilizada, nesta
conversão, como instrumento identitário e político. Embora a oficialização de uma
confissão não nicena, a Igreja católica2 não desaparece, mas sofre uma relativa
desarticulação, especialmente após o fim do Império Romano deixar um hiato em sua
organização.

Idácio de Chaves, bispo local, acompanha esta chegada e relata em seu Cronicón
(HIDACIO, 2003) saques e matanças promovidas pelos suevos. A historiografia atual
relativiza o impacto de sua chegada ao território ibérico, apontando a versão de Idácio
como catastrofista (DÍAZ MARTÍNEZ, 1992. p.209). Cito este exemplo para introduzir
o debate sobre o trato eclesiástico com “pagãos”, “bárbaros”, “incivilizados”, enfim: “os
outros”.

Objetivo neste texto analisar o discurso da Igreja na Galiza no século VI sobre


os dissonantes: os não cristãos, os hereges e os excomungados. Procuro perceber
relações de poder na construção discursiva eclesiástica. Para tal, examino as atas dos
dois primeiros concílios de Braga, em 561 e 5723. Os dois eventos clericais estão
inseridos em um momento de reestruturação eclesiástica na localidade, apoiado numa

1
Graduando em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bolsista PIBIC CNPq-UFRJ,
orientado pela Profª Drª Leila Rodrigues da Silva.
2
A Igreja não era uma instituição homogênea, mas um conjunto institucional de “Igrejas Nacionais”, com
práticas, tradições e elementos comuns partilhados com a Igreja de Roma e entre si. (LE GOFF, 1981)
3
Poderei me referir aos concílios a partir daqui como I CB, para o I Concílio de Braga, e II CB, para o II
Concílio de Braga.
aproximação da Igreja com a Monarquia sueva. Os concílios trazem indicações de
conduta, organização institucional e diretrizes do que se afirmava como ortodoxia. Para
garantir o monopólio da validade do discurso pretensamente ortodoxo, era preciso
marginalizar o dissidente. Entendamos o cenário4:

2. Igreja e Monarquia na Galiza sueva

As práticas religiosas se mostravam plurais na Gallaecia. A monarquia ariana


não conseguiu difundir sua fé pelo território (SILVA, 2008. p. 47), as elites galaico-
romanas pareciam ser em grande número ligadas ao credo niceno, o campo era espaço
fértil para o priscilianismo e as práticas pagãs estavam disseminadas por todas as
camadas sociais e confessionais – inclusive no clero cristão. Embora as trocas
epistolares no século VI demonstrem que há um esforço para que as atividades católicas
sejam retomadas no intuito de garantir à Igreja o domínio das ideias e o controle dos
bens de salvação, era necessário um alicerce maior para manter a Igreja de pé: o poder
político.

Na década de 560, temos um processo de conversão dos reis suevos ao


cristianismo niceno, abandonando a fé ariana5. Apesar das diversas teorias sobre o
motivo da conversão, seguimos a explicação de Leila Rodrigues da Silva, de que a
formação de uma identidade do reino atrelada às práticas religiosas era um projeto da
Monarquia para se afastar dos visigodos, talvez se aproximar de povos francos e
bizantinos e, especialmente, garantir a autonomia do regnum suevorum pela integração
entre nobreza sueva, monarquia e aristocracia local (SILVA, 2008. p.50-53). A Igreja,
por outro lado, tem nas estruturas políticas um sustentáculo de seu reerguimento.
Temos, portanto, duas instituições com domínios de bens simbólicos trazendo uma
transfiguração do campo político por meio do campo religioso – levando em

4
Identifico como cristianismo niceno ou católico a vertente que segue as recomendações com Concílio de
Niceia e que, aqui, se pretende como ortodoxo. Pelo fato do presente trabalho procurar identificar as
questões contidas nas atas conciliares católicas, me reservo à possibilidade de não colocar entre aspas os
termos pagãos ou hereges, compreendendo que são termos fluidos em significados, e que para dar leveza
ao texto, tomo como norte a perspectiva nicena.
5
Para maiores debates sobre o processo, ver THOMPSON, 1986.

2
consideração a fluidez dos limites dos campos entre si – e que se permitem guiar a
(re)construção do habitus. Este é o momento da realização dos concílios.

Os concílios bracarenses deixaram anos duas atas, referentes a cada concílio,


visivelmente abrangentes em suas temáticas – e por isso nota-se uma Igreja largamente
desarticulada. E anexados às atas do segundo encontro episcopal, temos os Capitula
Martini. São estes capítulos um conjunto de cânones traduzidos e adaptados de
determinações de concílios orientais e ibéricos, trazidos por Martinho de Braga –
responsável pela redação das atas do I CB e do II CB, sendo este último presidido pelo
bispo bracarense. De forma muito simplificada, 89 resoluções voltadas para a estrutura,
moral e hierarquia eclesiásticas e também ao corpo laico são apresentadas e assinadas
pelos epíscopos.

3. Paganismos e heresias

Em ambos os concílios, notamos condenações às práticas religiosas não


católicas. Tratando primeiramente do paganismo, entendemos o termo como uma
categoria histórica, um conceito determinado por cristãos. Assim, paganismo está
identificado como todo discurso que se contrapõe ao cristianismo por fora da lógica
cristã. Se se contrapusesse de dentro da lógica cristã, estaríamos tratando de heresias. É
assim que Maria Sans Serrano define, de forma bastante sintética, os conceitos (SANS
SERRANO, 2003).

O clero católico suevo, ao pretender se formar como instituição preponderante


no campo, define a margem social. Pagãos e heréticos, com saldo social negativo pela
citada contraposição à ordem comum – em vias de estabelecimento –, é relegado ao
retraimento. A marginalização só é possível pois há uma legitimidade junto às forças
políticas, que exercem o reconhecido e estável poder. Isto confere capital simbólico ao
corpo de especialistas religiosos nicenos, apresentando-os como detentores de
competência exclusiva para elaborar um corpus normativo para um credo oficial.
Assim, os especialistas desapropriam qualquer outra vertente pelo simples fato destas
serem inúteis ou nocivas às estruturas que se buscavam estabelecer.

3
O combate às práticas pagãs não abre espaço para diálogo, o que relega aos
paganismos um espaço ágrafo e oral. O meio rural foi rotulado como o espaço pagão
por excelência. Desde Roma, esta ligação é forma de acusação constante contra os
camponeses, que por não compartilharem efetivamente da paideia, da Romanitas,
perpetuariam as práticas dos “gentios”. A oposição binomial civilização-barbárie, como
paganismo-cristianismo e campo-cidade, por mais que questionável, foi topos
recorrente, perceptível inclusive na obra martiniana: o De Correctione Rusticorum,
sermão oferecido ao bispo de Astorga para a cristianização das populações não-cristãs
em sua diocese.

As táticas discursivas são perceptíveis na redação das atas bracarenses:


procuram referir-se ao que não é cristão sem compreender sua essência como seita ou
religião, mas como permanência de práticas rústicas. São pagonorum consuetudinem ou
tradictiones gentiles. No De Correctione Rusticorum, são superstitiones vanas. Nos
concílios, argumenta-se que o desvio da doutrina existe devido erros, frutos da
ignorância ou de sobrevivências de tradições de gentios.

Procura-se reforçar simbolicamente a ordem dos ritos, pensamento e ação,


naturalizar estruturas, e com isso afasta a heterodoxia em prol do monopólio da Igreja,
utilizando-se de tais textos, que se legitimam por uma tradição religiosa que evocam e
afirmam legítima (RAMOS LISSON, 1997). No bojo desta questão, podemos voltar à
analise do letramento pagão e adicionar o tratamento à heresia ao rebaixamento
intelectual e a uma suposta ignorância camponesa:

Lucrecio, obispo, dijo: hablemos primeramente, como ha sido indicado más arriba, de
los artículos de la fe, pues aunque ya hace algún tiempo que la peste de la herejía de
Prisciliano fue descubierta y condenada em las províncias de España, sin embargo para
que se nadie, o por ignorancia, o como suele suceder engañado por algunas
escrituras apócrifas, se inficione todavía con alguna pestilencia de este error,
explíquese aun com más detalle a los hombres ignorantes, que habitando en el mismo
fin del mundo y en las últimas regiones de esta provincia, no han podido adquirir

4
ninguno o muy pequeño caudal de verdadera doctrina. (CONCILIOS, 1963. p. 66)6
Grifei trechos importantes

A ignorância, portanto, não era facilmente perdoada, já que o pertencimento


completo à comunidade cristã e, especialmente, ao corpo clerical, a princípio,
demandava instrução. A hierarquia eclesiástica proposta trazia consigo a vigilância
sobre os pares e subordinados, além dos fiéis, logicamente. Leigos ou clérigos (CM,
c.LXX)7, catecúmenos (II CB, c.I)8, recém-batizados (CM, c.XXII)9, presbíteros e
diáconos, e até bispos, que têm responsabilidade de porta-vozes autorizados e
divulgadores das decisões conciliares (CM, c.XXXVI)10 (SILVA, 2007), estavam
inclusos nos cânones e suas possíveis faltas apontadas, indicando-nos que toda a
comunidade cristã estava sendo observada como possíveis reprodutores de “costumes
dos pagãos”.

O priscilianismo e o arianismo serão temas tocados nos dois encontros


episcopais. O I Concílio de Braga tem 17 cânones voltados para a negação da heresia.
Notadamente, a desarticulação da Igreja, que abre espaço para particularismos e

6
Lucretios episcopus dixit: Prius ergo de statuta fidei sicut superius dictum esr proferamus / nam licet
iam olim Priscillianae haeresis contagio Spaniarum provintiis detecta sit et damnata, ne quis tamen aut
per ignorantiam aut aliquibus, ut adsolet, scribituris deceptus apocryfis iliqua adhuc ipsius erroris
pestilentia sit infectus, manifestius ignaris hominibus declaretur quia in ipsa extremitate mundi et in
ultimis huius provinciae [regionibus] constituti aut exiguam aut pene nullam rectae eruditionis notitiam
contigerun.

7
No está permitido a los clérigos y católicos legos recibir eulogias de los hereges, ni orar con ellos o
con los cismáticos – CONCILIOS..., 1963, LXX, p.103. (De eo quod non liceat clericais vel laycis
catholics ab haereticis cologias accipere cum ipsis vel schismatichis orare).
8
Que el obispo visite su diócesis y que se enseñe el símbolo a los catecúmenos durante los veinte días
que preceden a la Pascua – CONCILIOS..., 1963, I, p.81. (Ut episcopus ambulet per diaecesim suam et
ante viginti dies Paschae catechumeni doceantur symbolum).
9
El neófito que hubiere sido bautizado recientemente [...] no podrá ser promovido inmediatamente al
orden eclesiástico, porque conviene que éste sea primero enseñado [...] y probado después del bautismo
durante mucho tiempo… – CONCILIOS..., 1963, XXII, p.92. (Neofitus qui nuper babtizatus fuerit iam
aetate legitima, non continuo liceat eum ad ecclesiasticum ordinem promoveri, quia oportet illum prius
doceri quod possit docere, et multo tempore post babtismum probari...)
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Si algún obispo, o el presbítero o el diácono de algun obispo incurriere em alguna opinión herética, y
fuere excomulgado por esta causa, ningún obispo le admitirá em su comunión, si antes no satisface a
todos presentando [...] confesión de su fe. CONCILIOS..., 1963, XXXVI, p.96. (Si quis episcopus sive
alicuius haeresis opinionem offenderit et ob hane causam fuerit excomunicatus, nullus episcopus eum in
conmunionem recipiat nisi prius in conmuni concilio porrecto fidei suae libelo satiscaciat omnibus...)

5
especificidades locais, facilita a interação – por similitude às práticas dos fiéis da
diocese ou deliberadamente pelos clérigos – de elementos das ideias de Prisciliano para
dentro do clero católico. Quando se ameaça a expulsão do corpo da Igreja o religioso
católico que não aceitar comer carne, ou nem mesmo vegetais preparados com carne
(CONCILIOS..., 1963, c. XIV, p.69)11, percebe-se que esta situação é considerável e
possível – quiçá recorrente. Da mesma forma, os apontamentos teológicos trazidos no I
CB, como a substância que compõe os anjos, a natureza do Diabo, as almas e os corpos
celestes, podem trazer indícios de debates e incertezas internas; há um embate notável
entre argumentos atribuídos a priscilianistas, maniqueus e arianos, conforme a
perspectiva de nicenos.

4. O excomungado

Ao seguidor, mesmo que involuntário, de práticas ou discursos pagãos ou


heréticos, prescrevia-se punição. A punição poderia envolver, como supracitado, a
confissão pública do erro (erroris) ou mesmo a apostasia, a excomunhão. Neste
momento de normatização social e institucional, o recurso jurídico e discursivo da
excomunhão é recorrente (GEREMEK, 1989. p. 235), pois a dramática estrutura verbal
que acompanha a resolução, abarcando a proibição da participação de espaços, ritos e
do próprio convívio comunitário são aspectos de clara marginalização social de atores
que supostamente já estavam inseridos no grupo normativo – ou que se esperava que
estivesse, e por isso a punição. O banimento da comunidade está associado, portanto, a
uma morte social (ZAREMSKA, 2006. p. 122). Os católicos estariam obrigatoriamente
afastados dos excomungados sob pena de igual excomunhão:

No está permitido mantener tratos com los excomulgados, ni entrar em sus casas, ni
tampoco está permitido recibir en una iglesia a los que han sido expulsados de otra. Y si
algún obispo, o presbítero, o diácono, o cualquier otro eclesiástico admitiere en la

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Si alguno juzga inmundos los alimentos de las carnes que Dios dio a los hombres para su utilidae, y no
se abstiene de ellas por mortificación de su cuerpo, sino más bien porque las juzga una inmundicia,hasta
el punto que no prueba ni las legumbres cocidas con carne, como afirmaron Maniqueo y Prisciliano, sea
anatema – CONCILIOS..., 1963, XIV, p. 69 – (Si quis inumndos putat civos carnium quos Deus in usus
hominum dedit et non propter afflictionem corporis sui, sed quase inmunditiam putans ita ab eis absineat,
ut nec olera cogta cum canibus paegustet, sicut Manucheus et Priscillianus dixerunt, anathema sit.)

6
comunión al excomulgado, como perturbador de toda la disciplina eclesiástica, sea
excomulgado (CONCILIOS..., 1963, LXXXIV, p. 106)12

Vale salientar que o arrependimento é previsto, e a penitência é sua companheira


indicada (IICB, c.LXXI13, IICB, c.LXXVI14).

Os bispos indiciados pela falta assinalada seriam julgados pelos seus pares. É
mister perceber que a indicação dos erros episcopais nas atas não é coincidência, pois
encontramo-nos no contexto de reorganização eclesiástica. Sendo assim, compor o clero
é compor o processo de normatização social e religiosa e ter voz ativa nos concílios
periódicos previstos. Por outro lado, questionar a autoridade da burocracia e hierarquia
da Igreja e, logicamente, de seus dogmas, significaria não ter terreno para sua palavra,
ser nocivo ou inútil aos planos de construção ideológica homogênea. A partir do
conteúdo exposto nas atas, nos parece que perder espaço na Igreja da Galiza significaria
perder espaço na Galiza em si. Significaria ser engolido pela areia da ampulheta na
tempora christiana que procura se estabelecer.

5. Conclusão

Considerando as atas dos concílios bracarenses, as fontes martinianas e um


arcabouço historiográfico específico do tema, parece-nos que, tal qual os sermões,
crônicas e hagiografias, o texto jurídico apresenta táticas discursivas voltadas para a
legitimidade das normas propostas. Os concílios e seus cânones, como instrumento de
regulamentação institucional/social, busca aparo em si mesmo, não somente em seu
conteúdo, mas na forma de tratamento do que contém.

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Non liceat communicare excomunicatis neque in domos eorum introire neque orare cum eis; neque
liceat in alia ecclesia suscipi qui ab alia ecclesia segregatur. Si autem aliquis episcopus aut presbyster
aut diaconus aut quilibet ecclesiasticus excomunicato conmunicaverit quase perturbans omnem
disciplinam ecclesiasticam, excomunicetur.
13
Si alguno, siguiendo la costumbre de los paganos, introdujere em su casa a adivinhos y sortílegos, para
que jagan salir guerra al espíritu malo, o descubran los malefícios, o realicen las purificaciones de los
paganos, hará penitencia durante cinco años – CONCILIOS..., 1963, LXXI, p. 103. Si quis oaganorum
consuetudinem sequens divinos et sortilegos in domo sua introduxerit, quase ut malum foras mittant aut
maleficia inveniant vel lustrariones paganorum faciant, quinque annin poenitentiam agant.
14
Si la esposa de otro comiete adulterio o un esposo se uniere a la mujer ajena, harán siete años de
penitencia – CONCILIOS..., 1963, LXXVI, p. 104. (Si cuius uxor adulterium facerit aut vir in alienam
uxorem inruerit, septem annis poenitentiam agant)

7
O “pagão” e o camponês são relacionados de forma intrinsecamente ligada, e,
portanto, parece-nos procurar diminuir no discurso a possibilidade de paganismos e
práticas supersticiosas na cidade, espaço principal do controle eclesiástico. Afinal, o que
foge ao ortodoxo estaria conectado aos “homens ignorantes”, que “habitam o fim do
mundo” ou “as últimas regiões da província”, como já pontuamos na fala do bispo
Lucrécio. Estas populações rurais receberam considerável atenção das ordens
normatizadoras bracarenses. Assim, a civilização volta a ter espaço nas discussões
sociais, relacionada à adoção do catolicismo. Os discursos heterodoxos calados
oferecem ao cristianismo niceno, além do controle da ortodoxia, a possibilidade de
tratar como ignorantes os que não compreendem os mistérios de seu credo.

Por fim, temos a percepção de que a Igreja se fortalece no argumento em favor


do afastamento do cristão em relação às práticas que não coadunassem com suas
percepções, ameaçando a deliberada marginalização: a excomunhão. As penitências,
limites e margens que se pretendia estruturar no reino suevo perpassam o medo da
exclusão da comunidade em vias de formação, seja como laico – proibido de consumir
dos bens de salvação agora monopolizados numa lógica eclesiástica central com apoio
da Monarquia – ou clérigo – não só renegado pelos seus próprios pares, mas também
proibido de assumir cargos em outra sede episcopal e alijado da instituição que se forma
hegemônica.

REFERÊNCIAS

Fontes:

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MARTIN DE BRAGA. Obras completas. Versión castellana, edición y notas por


Ursicino Dominguez del Val. Madrid: Fundación Universitaria Española, 1990.

8
Obras de caráter teórico-metodológico:

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2003.
p. 27-78

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9
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