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HISTÓRIA
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No ponto mais alto da Ilha da Cotinga, no Litoral do Paraná, está localizada a Ermida de Nossa Senhora das
Mercês, a primeira igreja Católica construída no estado do Paraná, em 1677. Este patrimônio histórico do
estado está abandonado pelo poder público há 14 anos, desde a última reforma na comemoração dos 500
anos do descobrimento do Brasil.
Sem teto, sem janelas, o que sobrou foram as ruínas da igreja, o que foi suficiente para o Padre Bino, pároco
da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, realizar uma missa campal na manhã deste domingo (19), com a
participação de quase 200 fieis. O número seria maior, se todos que foram a Ilha da Cotinga conseguissem
subir os 365 degraus que levam até o local da igreja.
Aos 74 anos, Conceição de Paula, moradora da Ilha dos Valadares queria muito participar da missa, mas não
conseguiu subir os degraus. Ela não desistiu. E contou com o esforça do marisqueiro Darci de Paula, marido
de Conceição, que a levou nas costas em todo trajeto íngreme. “Somos devotos de Nossa Senhora dos
Navegantes, que sempre nos protegeu no Mar. Eu fiz esse esforço porque queria muito que a Conceição
participasse desta missa”, disse Darci.
Foi uma romaria. Quem conseguiu vencer o obstáculo, ouviu o sermão do Padre Bino, cânticos da igreja e
músicas indígenas. Na missa, o padre rezou pelos descendentes dos escravos que desbravaram aquele local
e construíram o templo há mais de 350 anos. “Foi muito bom celebrar a Deus em um lugar tão importante.
Esta igreja precisa ser restaurada, faz parte da história deste povo”, disse o Padre Bino. Com essa atitude a
comunidade quer que as autoridades deem atenção à reforma naquela Igreja, que sempre foi ponto turístico
da região.
Existe um projeto encaminhado pela Prefeitura de Paranaguá ao Ministério do Turismo no valor de R$1,2
milhões com o objetivo de reformar a igreja e fomentar o turismo. A Prefeitura informou que efetuou cadastro
junto ao Ministério do Turismo para receber verba e que para obtenção dos recursos o município também deve
ter certidão negativa de débitos junto aos órgãos fiscalizadores da administração pública. O município aguarda
um retorno do órgão sobre o pedido.
Para o historiador Florindo Wistuba existe falta de vontade política de resolver algumas questões importantes
para a cidade de Paranaguá. “Verba para reconstrução existe e porque não fazem então. Vejo como falta de
interesse na preservação do nosso patrimônio”, disse Wistuba. “Essa igreja ela atendia os primeiros colonos
que aqui chegaram, vindo da Vila de São Vicente, litoral paulista. A Ilha da Cotinga é o marco zero do litoral do
Paraná. Os colonos portugueses viviam na ilha por medo dos índios carijós que viviam no continente. Foi lá
que começou o nosso estado e esse patrimônio que deveria ser respeitado, foi abandonado”, completa.
Em conjunto com a comunidade da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, os indígenas Mbyá Guarani,
que vivem na Ilha da Cotinga fizeram um mutirão para limpar os degraus que levam até a igreja abandonada
na Ilha. O trabalho duro foi compensado pela grande festa realizada pelos fiéis que participaram da missa
neste domingo.
A igreja foi alvo de vândalos que roubaram o telhado, as janelas e tudo o que havia no local. Os indígenas que
ali vivem tentaram coibir a ação dos vândalos, mas não tiveram sucesso. “Não consigo entender como alguém
rouba da própria igreja. Se fizerem uma reforma na igreja, nós vamos avisar o padre se alguém tentar roubar
novamente”, disse a Pajé da Aldeia Isulina da Silva.
Desconhecimento
A dona de casa Maria do Nascimento, de 64 anos, é parnanguara e nunca tinha visitado a igreja. A filha dela,
Jucimara nascimento sequer sabia da existência da igreja. “Ouvimos no rádio sobre a missa e resolvemos
participar. Estamos muito felizes porque além da missa, fizemos um passeio fascinante. Desde ir de barco até
a ilha, passear por meio desta natureza e claro, comer um churrasco delicioso. Foi um dia maravilhoso”, disse.
Melissa Xavier, de 37 anos, é uma das responsáveis pela quantidade de visitantes da capital. Ele convida seus
amigos para a missa e freta uma van para trazer as pessoas em todas as missas. “Sou uma missionária.
Muitas pessoas que levei a missa de cura e libertação realizada pelo Padre Bino receberam milagres curaram
feridas que carregavam em suas vidas”, disse.
A reportagem perguntou ao padre sobre o sucesso que ele vem fazendo na cidade, mas ele não quis falar
sobre isso. “Não quero que as pessoas me vejam como um ícone, sou uma pessoa comum, vim de um país
onde a maioria das pessoas é da religião Hindu e quero apenas contribuir para o estabelecimento do Reino de
Deus no local em que fui chamado”, disse padre Bino.
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Bento Sartori de Camargo
± 11 horas
Cadê o PODER PÚBLICO para preservar a "história no país" em parceria com a Diocese que tem a
responsabilidade no local? Pouca vergonha!, " País que não preserva seu passado não tem futuro".
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