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CDD 922
Palavra de Editora
É com alegria que a União Feminina Missionária Batista do Brasil edita esta
biografia de autoria da Professora Margarida Lemos Gonçalves, cuja vida tam-
bém nos inspira sobremaneira.
"A missionária que veio para ficar", uma verdadeira joia da literatura missionária,
é um presente de Deus que chega a nós pela mente e pelo coração da autora.
Celina Veronese
Tinham sido plantadas pela professora e ali cresciam sob os cuidados da querida
companheira de desafios e bênçãos, a Dona Dudu. Alguns amigos diziam: “Pro-
fessora, por que a senhora não planta verdura que sirva para o dicomê?”
Disso tudo se recordava D. Beatriz, no amanhecer de mais um dia de encontro
de seus filhos, que vinham de longe, como o faziam anualmente, para celebrar
seu amor à Escola e aos seus mestres.
Naquela noite houve culto solene no Salão Nobre “David Gomes” do Colégio.
Depois foram entoados cânticos folclóricos, foram apresentados dramatizações
e discursos. Dona Beatriz a tudo assistiu com um semblante feliz, tranquilo,
aplaudindo as “performances” de seus filhos...
Exatamente catorze dias depois, 29 de julho de 1996, em pleno encerramento
da Convenção Batista do Tocantins, com irmãos de todo o Vale e representan-
tes do Brasil batista, por vontade divina, Beatriz Rodrigues da Silva nos deixava.
Partia para a Cidade Celestial.
Ao ensejo da Convenção, que comemorava os 60 anos de trabalho em
Tocantínia, os convencionais fincaram em praça pública, em ato solene presidi-
do pelos governantes do município e assistidos por um grande número de pes-
soas da cidade, uma placa alusiva ao trabalho batista naquele pedaço de Brasil ser-
tanejo.
Beatriz não assistiu ao ato solene. Mas lá de seu “Lar no Sertão”, em sua rede,
ela viveu cada momento.
A despedida
Foi na manhã de 25 de janeiro de 1936 que Beatriz deixou seu lar. Ela registra
isso de uma forma bem singular: “Manhã esplendida! Brilhante sol acaricia com
os seus raios, a formosa e minha terra carioca! Em toda a Natureza vi festa,
vida em tudo, alegria, prazer... menos no meu lar!”
A família reuniu-se ao redor da mesa de refeições. D. Feliciana, com coragem, tomou
a Bíblia e, com voz firme, leu o salmo 121. Oraram. Começaram os abraços, as des-
pedidas. Todos os olhos, marejados de lágrimas. Débora, a irmã mais nova, tomada
pela emoção, perde os sentidos. Beatriz corre para acudi-la, mas ouve a mãe dizer:
“Vai, minha filha, vai, segue a tua missão...” É que, naquele tempo, viajar de navio pelo
litoral brasileiro já era uma temeridade. Que dirá subir o Rio Tocantins para alcançar
Carolina, no Maranhão, onde Lígia ficaria, e passar por Piabanha, lugar de índios e feras.
Assim deixou Beatriz o seu lar, “olhando para o invisível”, mas com fé e espí-
rito de submissão. Naquele tempo partir para o interior da Pátria era um ato de
extrema coragem e desprendimento. Os não crentes não entendiam. Por que
sacrificar-se por pessoas que não conheciam? Não entendiam que, sem Cristo,
todos estavam perdidos e que, no interior do Brasil, havia muitas pessoas sem
orientação espiritual. Beatriz escreve, então, em seu diário:
“Depois de bela, porém triste manhã, ouvi soarem as 12 badaladas do meio
dia, estando eu, Beatriz R. Silva, sentada em um dos bancos do hospitaleiro
não fosse um certo medo que existia no ambiente. Escola de “protestante”? Será
que daria certo? Também, nesse tempo, as crianças viviam sob os cuidados de
mestres que usavam a palmatória, e a professora crente, como seria? Ela seria
“brava”? Mas os dias se sucediam com trabalhos, aulas, assembleias, e novos alu-
nos foram chegando. Cerca de 50 meninos já estavam matriculados no fim do ano,
assistindo aos cultos que eram dirigidos cada dia, no início das atividades. Logo as
mães descobriram que tal prática não trazia mal algum aos seus filhos.
Uma das mães procurou o Bispo de Porto Nacional e lhe perguntou se deveria
matricular seus filhos na Escola Batista, ao que ele lhe respondeu: “Os batistas
têm bons colégios e ensinam bem. Deixe os meninos na escola e ensine religião
em casa!” Todos os filhos dessa família estudaram na Escola Batista e dali saíram
advogados, médicos, enfermeiras e até um padre!
O chefe dessa família, Sr. Oscar Sardinha, interessado em cooperar com a
professora, ofereceu uma de suas casas para ser comprada pela JMN. O valor pela
compra poderia ser amortizado pela mensalidade de seus filhos. Deu certo! Logo
depois, a União Geral de Senhoras, por meio de sua executiva, Miss Minnie
Landrum, enviou uma mensagem: do total da oferta do Dia Batista de Oração
Mundial, metade havia sido reservada para o trabalho no interior da Pátria e, no
caso, para ajudar na compra de imóvel tão importante. Assim, a Escola Batista
de Tocantínia teve, antes do tempo previsto, sua casa própria: frente para o
nascente, fundos que se estendiam num terreno amplo, até as margens do
majestoso Tocantins, ao poente. Como Deus é bom!
Embora já iniciado, era preciso fortalecer o trabalho evangelístico. E não foi
difícil. Os primeiros crentes já se reuniam e agora, com o acréscimo de alunos que
começaram a se interessar pelo cântico dos hinos e pelas histórias da Palavra de
Deus, logo os cultos foram se impondo na pequena comunidade.
Vale a pena lembrar que o Pr. Zacarias Campelo, obreiro experiente, já havia tra-
balhado com os índios craôs, em Itacajá, e tinha vindo a Piabanha para atender
postura dos filhos. Quando a democracia foi restaurada no País, eles estavam pre-
parados. Em Tocantínia, dois eram os partidos. Eles dividiam o espaço do fundo do
palco e ali colocavam, de um lado e do outro, fotografias dos candidatos e forma-
lizavam um convite aos mesmos para, em dias diferentes, virem à escola e ali apre-
sentarem sua plataforma de governo. No dia da eleição, a maioria dos alunos ain-
da não votava, mas acompanhava o processo todo com inteligência e civismo.
3. O Grêmio de Ex-Alunos, que passou a se chamar Beatriz Silva, cuja diretoria era
escolhida pelos que já haviam passado pelo Colégio e que se reuniam uma vez por ano,
quando voltavam e participavam de um programa de festividades que acontecia
sempre no primeiro sábado de julho. Era interessante ver pessoas idosas, alguns já com
netos na escola, revivendo suas aparições no palco! Seu hino oficial é de autoria de
Myrtes Mathias, que ali trabalhou meio ano, como professora de Francês.
4. A “Associação de Alunos Evangélicos”, que surgiu após a implantação do Curso
Fundamental e do Médio, cuja função era não apenas aperfeiçoar a vida cristã dos
alunos crentes, mas também evangelizar os que não conheciam Jesus. Isto, porém,
sem qualquer obrigatoriedade de assistir a seus encontros na hora do recreio.
Eram reservados 15 minutos para orar, ler um texto e compartilhar experiênci-
as com Deus! Foi uma bênção na instituição!
D. Beatriz e as diretoras que a sucederam davam cobertura a esses trabalhos,
colocando ao lado dos presidentes um mestre que os ajudava a “pensar” e a não
cometer erros que prejudicassem o todo. Eram denominados Coordenadores.
Quando os alunos saíam de Tocantínia para o sul do Estado, estavam preparados
para entender um pouco o mundo dos lugares grandes.
A vida espiritual
D. Beatriz deixou marcas profundas nesta área. Sua aceitação do Evangelho
quando criança foi marcante para seus irmãos e mais ainda para seus pais, que
até então seguiam a religião tradicional de Portugal e do Brasil. Beatriz logo se
tornou comprometida com o Senhor, influenciando os demais. Vale a pena des-
tacar as facetas coloridas de seu modo de ser na área espiritual.
Quarta faceta:: Tinha profundo apego à Bíblia. Mesmo em idade avançada, era
costume seu, bem cedinho, após o banho, sentar-se na cadeira de balanço com
o Livro nas mãos, antes de tomar o café. Ao lado da leitura, em várias páginas,
palavras esclarecedoras ou exclamações sobre a bênção do texto. Lia a Bíblia toda
pelo menos uma vez por ano. Por isso a ensinava com autoridade, como alguém
que conhecia muito bem o seu Autor.
Quinta faceta:: Era fiel às doutrinas bíblicas. Centrava toda a sua vida nos
conceitos estabelecidos pela doutrina dos apóstolos, deixando sempre aparecer
a sua confiança nas Escrituras. Isto deu firmeza doutrinária à sua igreja e os
pastores que a dirigiram não tiveram dificuldades em administrar o rebanho.
Amava os princípios batistas e sempre os defendia com mansidão e firmeza,
dizendo: “...porque eles saem diretamente da Palavra de Deus!”
Sexta faceta:: Tinha paixão pelos perdidos, o que a tornava constante ganha-
dora de almas. Não conversava com qualquer pessoa sem lhe falar de Jesus. Em
seu tempo iniciou atividades práticas de evangelização, levando a igreja a dividir
e mapear seu campo de trabalho evangelístico, dividindo os pontos pelas orga-
nizações. Ao todo, havia 72 pontos de pregação. Até 1968 viajávamos em bur-
ros, bicicletas e, por um tempo, em charrete. Em 1968, a IB de Itacuruçá nos
enviou um jipe verde, zerinho, que veio do Rio de Janeiro até Tocantínia dirigido
pelo Pr. Samuel Mitt (então Executivo da JMN) e pelo diácono José Linhares, da
IB em Piedade e fotógrafo da Casa Publicadora Batista. A estrada Belém-Brasília
ainda não chegara até o norte de Goiás, e tiveram de atravessar longos caminhos
de barro, cheios de buracos e outros perigos.
Sétima faceta:: Era bem firme nas doutrinas e nos princípios batistas, mas
convivia bem com não crentes e irmãos de outras denominações. Mostrava-se
sempre compassiva, sem criar dificuldades no relacionamento por divergir na
crença, na fé. Amiga compreensiva, em suas amizades, falando sempre de Jesus,
criava laços de ternura, que a levavam a ganhar almas para Cristo.
Ao ver esse grande número de alunos, por si mesmos, levando os “adversários” vi-
toriosos até a beira do rio Tocantins, numa despedida cheia de gratidão, a professo-
ra disse aos que estavam ao seu lado: “Nunca vi isto em lugar algum. Estes meninos
são mesmo diferentes!” É que o “Grêmio Lítero-Esportivo Rui Barbosa” primava por
atitudes, gestos e práticas dentro da moral e dos bons costumes. Sua divisa era “Mente
sã em corpo são”, e muitos de seus sócios praticavam as normas da ética cristã.
A história de um milagre
Mais uma Escola Bíblica de Férias era realizada pela missionária, agora numa
aldeia indígena. Vieram para a matrícula não só indígenas, mas também famílias
da vizinhança, adultos e crianças. Todos queriam marchar, desenhar e usar, em
todos os momentos, o chapeuzinho com as letras EPB, sigla de Escola Popular
Batista, hoje, Escola Bíblica de Férias. Havia até mesmo o momento do lanche,
quando bolachas eram recebidas com muita euforia.
Dentre os alunos, uma menina entre sete e oito anos destacava-se: era alegre e bem
ativa, parecendo ser muito inteligente, líder no grupo. Uma tarde, após as atividades
e despedida a turma, tudo parecia em paz, quando se ouviu grande alarido da crian-
çada. Uma cascavel havia atravessado a estrada e dera um bote rápido e certeiro justo
naquela menina. Com o grito da criançada, os homens chegaram e mataram a co-
bra, mas nada puderam fazer além de levar a garota ao local em que eram realizadas
as reuniões. Sua situação era terrível: olhos pastosos de sangue, não falava, dentes
cerrados, convulsões, seu caso parecia sem esperança. Socorro humano, impossível.
D. Beatriz orou em silêncio: “Pai do Céu, esta menina estava há pouco em
nossa EPB, cantando e aprendendo a te louvar. O que dirão os nossos inimi-
gos se ela perecer? Senhor, ajuda-nos! Salva-a!”
Dali a pouco chega a mãe da criança. Desesperada, corre para a missionária e
lhe diz: “Salva a minha filha, D. Beatriz!” Isto num tempo em que não havia
qualquer clínica ou hospital num perímetro de mil quilômetros!
De repente, D. Beatriz teve uma ideia, que compartilhou com aquela mãe aflita.
– “Olha, dona, eu tenho um remédio que um amigo me deu para picada de
cobra em caso de animais ofendidos por ela, mas nem sei se calomelano pode
ser usado em ser humano, nem sei em que quantidade poderia ser usado, mas,
se a senhora acha que sim, nós vamos experimentar” – disse D. Beatriz.
Beatriz e sua companheira Dilene voltaram ao lar felizes, gratas a Deus pelo
privilégio que lhes foi concedido graças ao convite do Pr. Darciso. Tiveram opor-
tunidade de falar, não apenas no Acre, mas também na Bolívia e até no Peru, de
organizar trabalho infantil, o de educação cristã e o feminino em várias locali-
dades em terras brasileiras, e de ajudar no ministério de obreiros queridos em terras
estrangeiras. Tudo isso deixou um saldo de bênçãos.
Visita à pátria norte-americana
Os brasileiros nunca poderemos nos esquecer de que recebemos o Evangelho
de nossos irmãos norte-americanos. Para cá vieram os Bagbys e muitos outros.
Legaram-nos hábitos e costumes, que inserimos em nosso dia a dia. Traziam uma
cultura rígida quanto à maneira dos crentes se conduzirem. Eram sóbrios,
contemplativos e moderados e incentivavam nossos pais a viverem assim. Fumo,
bebidas alcoólicas, bailes, jogos de azar, consultas a mortos, domingo sem Deus,
tudo isso era evitado mesmo. Quaisquer que sejam as implicações de tudo isso,
eu agradeço a Deus os costumes que incutiram em nossas famílias, que nos fo-
ram tão úteis e que recebemos como herança!
Pois bem, tendo na outra América missionários muito queridos, já aposenta-
dos, D. Beatriz projetou visitá-los. Juntei-me a ela nesse propósito. Começamos
a fazer os planos e as malas. Assim, no dia 03 de julho de 1975, deixávamos o Brasil
rumo aos Estados Unidos. Pegamos um voo que levou 10 horas, com 150 turis-
tas a bordo, para a Disney World, na Flórida. Havíamos contratado deixá-los em
Miami, seguindo um roteiro diferente daquele. Assim, descemos em Miami e dali
fizemos nosso próprio itinerário.
Em Miami, todos sabem, há muitos brasileiros e cubanos andando pelos longos
corredores do aeroporto. Foi aí que D. Beatriz fez uma descoberta interessante e tomou
uma atitude ímpar. Vendo que a maioria dos que por ali caminhavam usavam san-
dálias havaianas, retirou de sua sacola um par de chinelos já bem usados, guardou os
sapatos que lhe maltratavam os pés, já bem inchados, e calçou um velho par de
ros pés que o cruzaram. Olho aquele teto, aquele piso envelhecido e penso nos
muitos que ali ouviram pela primeira vez a nova do evangelho. Como sou feliz
em ter sido missionária-professora nesses 33 anos! Aparece-me, de quando
em quando, alguém que diz: ‘Eu sou Fulano, a Senhora não se lembra mais de
mim. Mas fui aluno da sua Escola Batista e dela não me esqueço. Aqui está meu
filhinho. Gostaria muito de poder mandá-lo para Tocantínia. Naquele tempo
eu não dava muita importância ao que a Senhora ensinava nas Assembleias,
mas agora sou crente em Jesus por causa do que aprendi lá...’ Muitas vezes
chorei emocionada ao ouvir estas palavras no Entroncamento de Fátima e
também ao ouvir palavras semelhantes dos lábios de uma senhora que se de-
cidiu em uma das últimas reuniões convencionais.
“O que me fez parar hoje, para pensar e agradecer ao Senhor, foi uma coisa
muito simples que aconteceu ontem, em nossa Igreja. Era dia de oração no qual
todos os membros da Igreja têm oportunidade de treinamento. Corre a esca-
la em ordem alfabética, dando a alegria de dirigir a reunião a todos os mem-
bros. Uma jovem muito tímida se levantou pela primeira vez e seguiu até a frente
para dirigir a reunião. Joana Lira, convertida em nossa escola ali estava, entre
trêmula e alegre, embora estivessem presentes o pastor Clóvis e professoras.
Pensei nela, na sua família tão descrente. Que seria dela hoje, se não tivesse um
dia ingressado na Escola Batista? Dei louvores ao Senhor, com muita gratidão
e resolvi parar, relembrar e escrever os nomes de alunos que se converteram
por causa da existência de nossa humilde escolinha, que é hoje o abençoado
Ginásio Batista de Tocantínia, até agora o único da JMN.
“Vejamos mais alguns nomes que alegram o nosso coração: Cosma Costa, na
intimidade chamada de Dudu, converteu-se dentro de nossa Escola e depois veio
ajudar-me. Depois de convertida, foi a Carolina estudar em nosso Instituto
Teológico, e depois voltou para tornar-se a professora do Curso de Alfabetização,
“O nome da jovem era Beatriz Rodrigues da Silva. Naquele lugarejo ela fez
seu ‘habitat’. Amou a terra e o povo. Ali se radicou. Aprendeu os costumes e
feições do ambiente. Perdeu o seu sotaque carioca e assimilou as caracterís-
ticas da fala sertaneja.
“Aquela pequenina escola foi crescendo até que se transformou num ginásio. Há
hoje em Tocantínia um viveiro de cultura e progresso. Vários prefeitos da cidade pas-
saram por aquele estabelecimento de ensino. No dia 2 de março de 1966 foi come-
morado festivamente o 30oaniversário da fundação da pequena escola que deu ori-
gem ao ginásio. Beatriz estava presente e recebeu justas homenagens dos profes-
sores da casa, de alunos e autoridades da região.
“Há poucos dias a Junta de Missões Nacionais, organização que a enviou há
30 anos passados ao sertão, recebeu dela uma carta na qual dizia o seguinte:
“‘Hoje, quando empregamos a melhor parte de nosso tempo em ação de gra-
ças pelo que o Senhor tem feito em nosso favor, e em oração para que suas ricas
bênçãos continuem sobre sua OBRA, venho confirmar o que disse em relação
à casinha que o Senhor me deu aqui no sertão. Construída para servir à Cau-
sa, nela tenho residido até agora, sempre lembrando que é uma dádiva de Deus.
Foi o Senhor que me proporcionou recursos para a construção, ajudando-me
a economizar pouco a pouco, até poder realizar o plano. Quando eu vim para
o campo, vim para ficar, se o Senhor permitisse. Assim foi meu plano ter uma
casinha, para chamá-la de meu LAR NO SERTÃO.’
“‘Esta casa agora é do Senhor. Dela tenho tomado conta e o farei enquanto
aqui me mantiver, desejando que minha pequena oferta seja usada sempre
para o seu serviço. Esta carta confirma o que verbalmente já fiz.’”
A casa da Missionária era, naquele tempo, a melhor da cidade. Sua fachada apre-
sentava a frase de seu coração: “Lar no Sertão”. Hoje, Tocantínia não é mais sertão.
Virou cidade asfaltada e arborizada. Mas a casinha de Beatriz ali continua e seus ex-
- alunos, quando voltam, sempre tiram fotos em frente da querida casa de D. Beatriz.