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editora.

Coordenação editorial, revisão literária e editoração eletrônica:


Celina Veronese

Capa: oliverartelucas

B862t Brito, Lucia Margarida Pereira de


3. ed. Tempo de sonhar / Lucia Margarida Pereira de Bri-
to. 3. ed. rev. e atual.. – Rio de Janeiro: UFMBB, 2011.
48 p.; 22cm.
ISBN 978-85-7781-027-7
1. Vocação. 2. Vocação eclesiástica. I. União Femini-
na Missionária Batista do Brasil. II. Título.

CDD
248.89422

Índice para catálogo sistemático:


1. Vocação: vida cristã: 248.89422
2. Vocação: Psicologia: 153.9

Publicação da União Feminina Missionária Batista do Brasil


Rua Uruguai, 514 – Tijuca – Rio de Janeiro – RJ – 20510-060
Tel.: (21) 2570-2848 Fax: (21) 2278-0561
E-mail: ufmbb@ufmbb.org.br
Homepage: www.ufmbb.org.br
2a edição: 2004 – Tiragem: 1.500
3a edição: 2011 – Tiragem: 2.000 – Conforme Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Impresso na Mastergraph
Para você,
chegou o tempo de sonhar!
Tempo de deixar suas ideias flutuarem,
tempo de dar asas à sua imaginação,
tempo de projetar o seu futuro,
tempo de escolher a sua profissão.
Leia TEMPO DE SONHAR e dê mais
beleza e encanto aos seus sonhos.

Celina Veronese
Divisão Nacional de Mensageiras do Rei
Para todas as Lianas, Tatianas,
Terezas, Susanas... e tantas
outras que estão vivendo seu
tempo de sonhar.

Lucia Margarida
Um passeio – 9
No domingo – 13
Em casa de Liana – 16
No colégio – 18
A reunião esperada – 21
Tia Carmem – 26
Entrevistas – 28
Vocação cristã – 31
Vocação especial – 33
Outro passeio – 36
Definindo aptidões – 41
É bom sonhar! – 44
iana estava sentada na cadeira de balanço de seu quarto. Havia
acabado de ler a biografia de Marcolina Magalhães – “A mis-
sionária que abriu caminhos”. Ela estava emocionada e pensou:
– Gostaria de ser uma missionária também. Como seria bom poder
viajar, conhecer lugares novos, pessoas diferentes, enfim, experimen-
tar coisas novas.
Liana era irrequieta, animada, muito criativa e gostava de aventuras.
Continuando em suas divagações, lembrou-se de quando ia ao sítio do
seu avô, o Sr. Reis, e brincava de dirigir cultos, dos quais participavam
crianças da vizinhança e primos. Algumas vezes, na falta de assistentes,
a congregação era formada somente pelos avós, que, pacientemente,
sob a direção da neta querida, cantavam e ouviam seus "sermões".
Liana tinha olhos negros, buliçosos e brilhantes. Os cabelos pretos
e lisos completavam a bela figura da menina que já começava a pensar
no que faria quando se tornasse adulta. Aliás, seu corpo já começava
a apresentar sinais da adolescência.
Liana estava divagando em seus pensamentos, quando D. Eunice,
sua mãe, chamou-a para ajudá-la. Sua irmã Sueli, de quatro anos,
precisava de alguns cuidados. Ela correu para cuidar da irmã. Estava
ansiosa para que o tempo passasse depressa, pois à tarde iria a um
passeio com um grupo de meninas da organização Mensageiras do
Rei* de sua igreja. Aquele sábado estava em seus planos há vários dias.

* Mensageiras do Rei: Organização das igrejas batistas para meninas de 9 a 16 anos.


Após o almoço, Liana lavou a louça e vestiu-se para o tão aguar-
dado passeio. Pegou seu lanche, que ela mesma havia preparado, e o
dinheiro para o refrigerante e a passagem, e saiu quase correndo para
juntar-se ao grupo, que iria reunir-se às 14 horas, em frente ao templo.
D. Ione, a orientadora, já estava lá quando Liana chegou. Como
Liana gostava de D. Ione! Era uma senhora de uns 40 anos, que amava
muito as meninas. De vez em quando, precisava falar sério, mas sem-
pre estava alegre e disposta a ajudar.
Aos poucos, a turminha foi chegando. Sara e Susana eram irmãs e
estavam muito entusiasmadas com o primeiro passeio do qual have-
riam de participar. Elas haviam chegado de Minas Gerais e queriam
muito conhecer lugares novos na Cidade Maravilhosa. Tatiana, a amiga
de Liana que morava mais perto, chegou e foi logo dizendo:
– Oi! meninas. O dia está lindo para um passeio, não acham? Vamos
nos divertir muito.
Em pouco tempo, o grupo ficou completo. A última a chegar foi
Cláudia, a auxiliar da orientadora. Era uma jovem de quem todas as
mensageiras gostavam muito.
– Vamos, minha gente! Vamos depressa, que a van já está prepara-
da – disse D. Ione. Ela mesma iria dirigindo, para disporem de mais
lugares.
O pai de Tereza também estava levando um grupo de meninas
no seu carro, pois a van da igreja não era suficiente para levar toda a
turma.
Finalmente, chegaram ao Parque da Cidade. Liana gostava muito de
ir lá. Tinha tanto espaço, tanto verde! Ela gostava de ver tantas plantas
diferentes. Não se cansava de apreciar as acácias cobertas de flores e
ficava deslumbrada diante das vitórias-régias.
Cláudia chamou o pessoal para brincar. Ela conhecia muitas
brincadeiras interessantes. E assim, o grupo passou algum tempo se
divertindo.
– Hora do lanche! Chegou a hora do lanche, pessoal! – anunciou
D. Ione.
Todas se assentaram na grama, formando um círculo, e logo foram
se aquietando para ouvir o que D. Ione ia dizer.
– Como é maravilhoso o mundo que Deus fez para nós! – disse D.
Ione. – Na Bíblia, em Eclesiastes 3.11, está escrito que Deus “tudo fez
formoso em seu tempo”. Tudo ele fez para nós. Hoje, apreciando estas
árvores, estas flores, os pássaros cantando, o riacho correndo suave-
mente, vamos parar e agradecer a Deus a bela natureza que ele criou
para nós. Vamos sentir o seu grande amor por nós e pensar no que
podemos fazer para demonstrar-lhe a nossa gratidão.
Após um momento de adoração a Deus, em que todas cantaram
um hino de louvor e foram feitas algumas orações breves, cada uma
comeu o seu lanche.
– Agora, vamos conversar um pouco – disse D. Ione. – Quem tem
alguma novidade para contar?
– Eu tenho uma novidade – disse Liana. – Nesta manhã, acabei de
ler o livro “A missionária que abriu caminhos”. Gostei muito dessa his-
tória. Acho que vou ser uma missionária. A vida de missionário deve
ser muito emocionante. Também gosto de viajar e de viver aventuras.
– Eu também já li essa biografia e gostei muito – disse Tatiana.
– Às vezes eu também penso em ser missionária.
– Pois eu não – falou Priscila. – Eu prefiro algo menos emocionante
e mais lucrativo. Vou estudar Informática. Quero ganhar muito dinhei-
ro, para ter casa, carro e muito conforto. O Júlio, meu irmão, disse que
essa área dá muito dinheiro.
– Esperem aí! Vocês estão fazendo confusão – disse Cláudia. – Pro-
fissão não se escolhe assim, não. Antes de tudo, precisamos saber qual
é a nossa vocação. Não é, D. Ione?
– É, sim – respondeu a orientadora. – Podemos marcar um dia para
conversar sobre vocação. O que vocês acham?
– Será ótimo! – disse Liana. – Acho que vamos gostar.
– Que bom! Estava mesmo querendo conversar sobre este assunto
– falou Susana.
E assim, todas concordaram alegremente.
– Bem, agora vamos andar um pouco – disse D. Ione. – Ainda te-
mos muita coisa bonita para apreciar neste lugar.
À tardinha, todas voltaram felizes para suas casas. Como Liana
gostava de sair com aquela turma!
o domingo, logo cedo, D. Eunice acordou Liana: – Liana,
está na hora de levantar-se! Hoje é domingo, e precisamos
deixar o almoço pronto antes de ir à igreja.
Liana pulou da cama e fez sua oração, sem se esquecer de agradecer
a Deus o passeio do dia anterior. Sua tarefa era aprontar a irmãzinha
para ir à igreja. E como gostava de fazer isso! Vestiu Sueli com seu
vestidinho rosa e colocou um lacinho em sua cabeça, que era cheia
de cachinhos.
– Parece uma boneca! Venha cá, minha boneca linda! – exclamou
Liana. Em seguida, estalou um beijo na bochecha da irmã.
Aquele foi um domingo tão bom quanto os outros. Pela manhã,
Liana participou da Escola Bíblica Dominical. Como gostava da sua
classe! O Sr. Bruno, o professor, conhecia muito bem a Bíblia e sem-
pre tinha novidades. O exercício daquele dia foi sobre o estudo do
trimestre, e o pessoal estava afiado. A turma de mensageiras também
participava da classe. Assim, quando terminou o estudo da lição, vários
comentários recordavam o passeio do dia anterior.
– Quando será que teremos outro? – disse Tatiana.
– Tomara que seja logo – observou Sara.
Liana e Tatiana encaminharam-se para o santuário e foram sentar--
-se juntas num dos primeiros bancos, embora soubessem que não
iriam conversar. Elas haviam prometido à D. Ione que sentariam juntas
nos cultos, mas não conversariam. E estavam cumprindo a promessa.
Afinal de contas, queriam cultuar a Deus da melhor maneira possível.
O momento de cânticos sempre era muito bom, e as duas cantaram
com entusiasmo. O sermão do pastor nunca era longo demais, e Liana
gostava da maneira como ele falava. Às vezes, o pensamento corria
para longe, mas ela se esforçava para prestar atenção.
Quando o culto terminou, a conversa no pátio da igreja era só o
passeio do dia anterior.
– Aqui no Rio de Janeiro tem vitória-régia? – perguntou Luís, irmão
de Tereza. – Eu pensei que ela só desse no Amazonas.
– Pois no Parque da Cidade podemos encontrar a vitória-régia. Só
que não é tão linda e viçosa como no Amazonas, que é o seu habitat
– disse Cláudia, que participava da conversa.
– Habitat? O que é isso? – perguntou Luís.
– É o lugar próprio para a vida de um organismo – explicou Cláu-
dia. – O lugar próprio para a vitória-régia se desenvolver é a região
amazônica. Para viver aqui, ela precisa de cuidados especiais, pois esta
região não é o seu habitat.
– Xi! Não sabia disso – declarou Luís.
– Pois agora já sabe – disse Tereza.
– No próximo passeio de vocês eu quero ir também – disse Luís.
– Vamos ver – disse D. Ione. – Talvez a sua classe possa fazer um
passeio também. Vou falar com tia Matilde, sua professora do Depar-
tamento Infantil da Escola Bíblica Dominical.
Naquele domingo, Tatiana foi almoçar em casa de Liana, a fim de
passarem a tarde juntas.
O almoço estava uma delícia. Aos domingos, D. Eunice gostava de
fazer macarronada com molho de carne, por ser um prato rápido. A
salada de alface com tomates e o feijão bem temperado completavam
o cardápio simples, mas muito nutritivo.
Quando acabaram de comer a sobremesa, que era pudim de leite
condensado, Tatiana e Liana ajudaram D. Eunice a arrumar a cozi-
nha. Depois foram para o quarto de Liana, onde passaram a tarde,
conversando.
Logo chegou a hora de se prepararem para a reunião das Mensageiras
do Rei. Tomaram banho, lancharam e foram depressa para a igreja.
Na sala das Mensageiras do Rei, a toalha sobre a mesa estava bem
limpa, e o jarro continha flores que Sara trouxera do jardim de sua casa.
Priscila chegava sempre mais cedo e sentia-se feliz em arrumar tudo.
D. Ione, sempre que chegava, tinha uma palavra de apreciação pelo
ambiente acolhedor.
Tatiana, que era a presidente, iniciou a reunião com alguns cânticos.
Em seguida, o grupo responsável pelo estudo conduziu uma dinâmica
de grupo, e todas as mensageiras participaram com interesse. No final
da reunião, a sempre tão esperada palavra da orientadora para traçarem
novos planos, ou para trocarem ideias.
– D. Ione, quando vamos conversar sobre vocação? – perguntou
Susana.
– Temos que marcar um domingo à tarde. Podemos iniciar a reu-
nião mais cedo um pouco. Que tal no último domingo deste mês?
– sugeriu D. Ione.
– Ótimo! Vamos marcar logo – disse Liana.
Todas concordaram alegremente.
– Quero que façam uma lista de profissionais que vocês conhecem.
Também façam pesquisa em casa, na escola, onde puderem, para ten-
tarmos alistar o maior número possível – disse D. Ione. – Agora vocês
podem ir para o culto. O coro juvenil vai cantar, não é?
E assim, todas foram juntar-se aos demais coristas. Como Liana
gostava de cantar no coro!
Quando o grupo chegou à sala, os garotos já estavam lá, e Liana
logo notou a presença de Rodrigo, por quem sentia o coração bater
mais forte.
Após o culto, Liana voltou para casa pendurada no braço do pai.
Estava cansada, mas satisfeita com o dia que havia passado. Em casa,
preparou-se para dormir, fez sua oração e jogou-se na cama já meio
dormindo.
Sr. Maurício, pai de Liana, era um homem calado, mas
muito atencioso. Era contador e trabalhava num escritório
no centro da cidade. Ele amava muito sua família. De vez
em quando, ao voltar do escritório, comprava um pão doce
recheado que Liana apreciava muito.
Com seu pai, sua mãe e sua irmãzinha Sueli, Liana sentia que o seu
lar era o melhor lugar do mundo. Às vezes, pensava em como seria
bom se tivesse uma irmã mais velha, que pudesse ser sua companheira.
Mesmo assim, estava satisfeita. A Tatiana era tão sua amiga, que até
parecia uma irmã.
Todas as manhãs, D. Eunice tinha uma ajudante no serviço da
casa. Chamava-se Vânia. Mas Liana também ajudava em casa. Além
de manter seu quarto sempre arrumado, ela lavava a louça do jantar e
tomava conta de Sueli quando D. Eunice saía à tarde. Quando Vânia
não estava, nas suas folgas aos domingos e feriados, Liana ajudava
um pouco mais.
O quarto de Liana era bem aconchegante. O seu guarda-roupa tinha
uma estante onde ficavam os seus livros. Ela gostava muito de ler, por
isso ganhava muitos livros dos amigos. Ela possuía a coleção completa
de Heróis Cristãos. Sobre a cama coberta com uma colcha em vários
tons de rosa, ficava Cris, a boneca preferida. Alguns quadros com flo-
res tornavam mais alegre o ambiente. Num canto, estava a cadeira de
balanço que pertencera à sua avó. Como Liana gostava de sentar-se ali
para ler, para sonhar, ou para simplesmente apreciar o céu através da
janela. Aquele era o seu canto predileto. Quantos sonhos encantado-
res ela teve em sua cadeira de balanço! Quantas viagens fez! Quando
estava sentada ali, aborrecida ou feliz com alguma coisa, até parecia
que sua cadeira conversava com ela. E os conselhos que surgiam em
sua mente eram iguais aos conselhos de sua mãe.
Certo dia, balançando-se em sua cadeira, Liana começou a pensar:
– Será que vou ser mesmo uma missionária? Acho que não basta
gostar de viagens e de aventuras para ser uma missionária. Eu gosto
também de ensinar. Às vezes, penso em ser professora.
De repente, a voz da mãe tirou-a de seus sonhos:
– Liana, chegue aqui um instante!
Liana correu para a cozinha, onde sua mãe estava fazendo um bolo
de laranja que só ela sabia fazer tão gostoso. Ela gostava de ajudar a
mãe a fazer coisas gostosas, pois estava aprendendo a cozinhar.
A cozinha da casa de Liana era bem espaçosa e tinha até uma mesa
para as refeições em família.
A sala de estar era bem agradável, com poltronas confortáveis. Tudo
era bem arrumado e bonito, pois apesar de não serem ricos, D. Eunice
tinha muito bom gosto.
A casa tinha até um pequeno quintal, onde D. Eunice cultivava
algumas plantas em vasos.
Qualquer pessoa que chegasse àquela casa, encontraria um ambien-
te agradável e acolhedor.
Liana gostava muito da sua casa e da sua família.
iana estudava no Colégio Pedro II e estava cursando a 7ª série
do ensino fundamental. Tinha vários professores e se esforçava
para estar sempre em dia com seus deveres escolares. As disci-
plinas de sua preferência eram Ciências e História.
Na realidade, Liana não gostava muito de estudar, mas sabia que,
se quisesse ter uma profissão, precisava estudar. Por isso fazia sempre
todos os deveres da escola.
Liana gostava dos seus colegas. Em sua turma, havia um colega, o
Gustavo, que também era da sua igreja. Na sala de aula, sentava-se ao
lado de Beatriz, sua amiga da escola.
Alguns colegas gostavam de provocar Liana porque ela era crente.
Em geral, ela não se importava muito. Ela realmente queria que eles
entendessem o valor de seguir a Jesus Cristo. Sempre que tinha opor-
tunidade, transmitia alguma mensagem para os colegas. Quando eles
ficavam rindo, ela dizia:
– Um dia vocês ainda vão entender o amor de Deus.
Ela falava isso com tanta convicção, que seus colegas ficavam olhan-
do para ela com uma interrogação no olhar.
Liana fazia uma força tremenda para não colar durante as provas.
Ela sabia que, se colasse, estaria desagradando a Deus. Seus colegas
ficavam tomando conta dela e gostavam de dizer:
– Liana não pode colar. Ela é crente.
Na hora do recreio, Liana gostava de passear e conversar com Bea-
triz e Mariana. Também gostava de ficar apreciando os periquitos da
grande gaiola que ficava no jardim do colégio.
Liana fazia parte do grupo de teatro do colégio e, duas vezes por
semana, participava dos ensaios de uma peça que seria apresentada
no encerramento do ano letivo. Liana estava contente, porque estaria
representando a primavera. Sua mãe estava preparando o vestido para
aquele dia. Conseguira emprestado um vestido branco de sua prima
Bruna, que era bem comprido e rodado. D. Eunice estava pregando nele
pequenas flores de papel colorido. Liana estava radiante, porque gostava
muito de flores. Ficava imaginando o momento em que, ao som de uma
música suave, estaria entrando no palco, trazendo cor e alegria ao cenário.
Certo dia, durante uma aula de português, Liana estava lendo um
texto sobre uma enfermeira. Então, lembrou-se da pesquisa sobre
profissões que D. Ione havia pedido. Falou com sua professora, D.
Maria Inês, que se prontificou a trazer-lhe uma lista de profissões.
Aliás, D. Maria Inês se interessou tanto pelo assunto, que logo foi
perguntando à turma:
– Que profissão vocês pretendem seguir?
Todos queriam responder ao mesmo tempo, e Liana pôde anotar
algumas: secretária, professora, contador, digitador, dentista, médico,
advogado, musicista, jornalista, arquiteto, publicitário, decoradora,
psicóloga, nutricionista, bancário, analista de sistemas...
– Nutricionista? O que é isso? – perguntou alguém.
– Nutricionista é o profissional que programa uma alimentação
nutritiva para um grupo de pessoas. Hoje em dia, escolas e empresas
em geral contam com os serviços de nutricionistas – explicou D. Maria
Inês.
– Que interessante! – disse Ana Cláudia. – Acho que eu gostaria de
ser nutricionista.
– Eu vou ser bancário – disse Gustavo.
– E você vai se sair muito bem, porque gosta de fazer contas – falou
Liana. – Não é à toa que você é bom em matemática.
– Eu queria ser professora, mas hoje em dia professor ganha pouco
– disse Célia.
– Célia, não se pensa só em dinheiro quando se escolhe a profissão.
Eu sou professora e amo muito meu trabalho, apesar de ganhar pouco
– disse D. Maria Inês, que era professora por vocação. – Quando re-
cebo uma turma, que aos poucos vai aprendendo, e depois posso ver
cada aluno definindo a sua profissão, sinto um prazer muito grande,
pois percebo que, de alguma maneira, colaborei para isso. Em classe,
posso aproveitar as mais variadas situações para orientar os meus
alunos.
– Como, D. Maria Inês? – perguntou Gustavo.
– Eu me lembro que tive um aluno que não gostava de estudar e
faltava muito às aulas – respondeu a professora.
– Procurava conversar sempre com ele, até que descobri que ele
não gostava de português porque escrevia muito mal. Então, levei--o
à biblioteca da escola e ele começou a tirar livros para ler. A princípio,
tirava livros com poucas páginas e muitas gravuras. Em pouco tempo,
no entanto, ele passou a gostar de ler e começou a pegar livros mais
grossos. Enquanto isso, eu lhe passava alguns exercícios extras de es-
crita. Com a minha atenção especial, ele foi se desenvolvendo e, hoje,
já está cursando o ensino médio, preparando-se para o vestibular. Ele
diz que vai ser jornalista! O que ganho não é lá essas coisas, mas não
há dinheiro que pague o prazer que sinto em poder ajudar as pessoas
a se desenvolverem.
– É verdade, D. Maria Inês – disse Célia. – Quem sabe se eu não vou
ser uma professora como a senhora?
último domingo do mês finalmente chegou. As garotas
estavam aguardando com ansiedade a reunião das Men-
sageiras do Rei, que seria à tarde, quando iriam conversar
sobre vocação.
Elas haviam combinado almoçar na cantina da igreja, para ganhar
mais tempo. As Mulheres Cristãs em Ação sempre preparavam o
almoço para essas ocasiões.
Após o almoço, depois de terem ajudado na arrumação da cozinha,
elas descansaram um pouco e, às 14 horas, reuniram-se na sala da
organização.
Tatiana dirigiu a abertura e logo passou a palavra para D. Ione, que
começou a falar:
– Finalmente chegou o dia tão esperado, não é? Antes de vocês
apresentarem o resultado de suas pesquisas, quero passar-lhes algumas
informações.
– Primeiramente, vamos definir vocação. Segundo o dicionário,
vocação é tendência, disposição, pendor, talento, aptidão. Na realida-
de, vocação não implica apenas a escolha de uma carreira. Antes de
tudo, precisamos descobrir para que Deus nos fez. Quando nascemos,
somos dotados de qualidades necessárias à carreira para a qual ele nos
criou. Um pianista, por exemplo, já nasceu com talentos artísticos,
enquanto que uma professora nasceu com pendores para transmitir
ideias.
– Cabe a cada pessoa descobrir qual é a sua vocação, e nós pode-
mos recorrer a Deus, para que ele nos ajude a descobrirmos qual é
a nossa. Aliás, como filhas de Deus, devemos recorrer a ele antes de
tomar qualquer decisão em qualquer área da nossa vida. Agindo assim,
estaremos procurando fazer a vontade de Deus.
– O que vocês têm a dizer? – perguntou D. Ione.
– Concordo com tudo o que a senhora falou – disse Susana. – Eu
já estou orando para que Deus me mostre que curso devo fazer e qual
a carreira que devo seguir.
– Muito bem, mas além de orar, vocês deverão procurar descobrir
quais são seus dons e suas habilidades – acrescentou D. Ione.
– Que interessante! Nunca havia pensado nisso – disse Tereza.
– Nisso o quê? – perguntou Liana.
– Que quando Deus vocaciona uma pessoa para determinada car-
reira já lhe deu dons e habilidades para aquele serviço – respondeu
Tereza.
– É isso mesmo – continuou D. Ione. – Tudo o que Deus faz é
perfeito. Quando ele vocaciona uma pessoa para ser enfermeira, por
exemplo, significa que ele já fez essa pessoa com características pró-
prias para essa carreira, tais como: paciência, compaixão, dedicação
ao próximo, etc.
– Isso significa que se nós fizermos aquilo para que temos jeito,
sentiremos satisfação ao realizarmos o nosso trabalho – comentou
Priscila.
– É verdade – disse Cláudia. – Quando Deus quer que façamos a
sua vontade, é porque ele tem em vista a nossa felicidade, pois ele sabe
o que é melhor para nós.
– Mas há outro ponto importante – disse D. Ione. – Vocês preci-
sam conhecer o maior número possível de profissionais para as quais
o mercado de trabalho se abre atualmente. Vocês fizeram a pesquisa
que eu pedi?
– Fizemos – responderam algumas meninas.
– Então vamos relacionar no quadro os nomes que vocês trouxe-
ram – disse D. Ione.
Depois de escreverem muito, ainda faltou espaço. Finalmente, cada
mensageira copiou no seu caderno a lista em ordem alfabética, da
maneira que segue.
Administradora Desenhista Maestrina
Advogada Diagramadora Manequim
Aeromoça Digitadora Manicura
Analista de sistemas Diretora de escola Marinheira
Arqueóloga Doceira Massagista
Arquiteta Economista Médica
Arquivista Educadora religiosa Ministra de música
Artista plástica Empresária Missionária
Assistente social Enfermeira Motorista
Atleta Engenheira Museóloga
Atriz Engenheira agrônoma Musicista
Auditora Engenheira eletrônica Neurologista
Balconista Escritora Nutricionista
Bancária Escriturária Organizadora de
Bibliotecária festas
Escrivã
Bióloga Orientadora educa-
Escultora
Bordadeira cional
Esteticista
Cabeleireira Otorrinolaringolo-
Estilista -gista
Caixa
Farmacêutica Pediatra
Cantora
Fisioterapeuta Pianista
Cirurgiã
Floricultora Pintora
Comerciante
Compositora Fonoaudióloga Poetisa
Contabilista Fotógrafa Policial
Coordenadora escolar Garçonete Professora
Corretora de imóveis Geógrafa Promotora
Costureira Geóloga Psicóloga
Cozinheira Gerente Psiquiatra
Crocheteira Ginecologista Publicitária
Datilógrafa Guia de turismo Química
Decoradora Jornalista Radialista
Dentista Juíza Recreadora
Redatora Secretária-executiva Terapeuta ocupacional
Relações públicas Socióloga Tradutora
Repórter Supervisora escolar Vendedora
Revisora literária Taxista Veterinária
Secretária Telefonista Web designer
– Puxa! O que significa otorrinolaringologista? – perguntou uma
das garotas, olhando para o quadro.
– É o nome que se dá a um médico especialista em ouvidos, nariz e
garganta – respondeu Cláudia.
– Mas que nome! Será que precisava disso tudo? – falou Priscila.
– Minha mãe se trata com um médico desses – comentou Tereza.
– Ah! Eu tenho uma prima que é oficial da Aeronáutica – disse Lia-
na. – É uma profissão nova para mulheres. Ela está gostando muito
do seu trabalho.
– Eu queria ser repórter. Acho lindo aparecer na televisão para dar
notícias – disse Susana.
– Pois eu acho interessante a profissão de ilustrador – falou Sara. –
Eu acho que esse trabalho é o de ilustrar livros e revistas, não é?
– É, sim – respondeu D. Ione. – E você bem que tem jeito para
desenho, não é Sara?
– Acho que sim, mas não sei se escolheria essa carreira – respondeu
Sara. – Existem outras profissões pelas quais eu me interesso, como
por exemplo, a de modelista. Eu gostaria de desenhar roupas. Acho
que deve ser muito interessante.
– Além dessas, existem outras profissões que exigem capacidade de
desenhar, como por exemplo: a de artista plástica, a de decoradora e
a de publicitária – acrescentou D. Ione.
– Vejam! Conseguimos relacionar 107 profissões diferentes – ob-
servou Tereza!
– Puxa! Antes de escolher a minha, preciso conhecer pelo menos
um pouco dessas que temos em nossa lista – falou Andréia.
– Com tanta profissão, agora mesmo é que não sei qual delas esco-
lher – disse Tatiana.
– Tenha calma – disse Cláudia. – Aos poucos, você vai descobrir
qual delas está mais de acordo com a sua vocação. Procurando saber
mais sobre as diferentes profissões, descobrindo suas aptidões e pe-
dindo sabedoria a Deus, você, com certeza, vai descobrir qual é a sua
vocação, e assim terá condições de escolher uma profissão.
– Agora vamos encerrar a nossa reunião de hoje – disse D. Ione. –
No próximo domingo, continuaremos a tratar deste assunto.
Tatiana pediu a todas que cantassem com entusiasmo um dos cân-
ticos preferidos pelo grupo, e D. Ione fez uma oração. Em seguida,
todas saíram conversando sobre o assunto da reunião.
a terça-feira, quando Liana chegou do colégio, teve uma sur-
presa agradável. Sua tia Carmem, irmã de D. Eunice, estava
em sua casa.
Liana correu e abraçou sua tia, pois gostava muito dela.
– Veja o que eu trouxe para você, Liana – falou D. Carmem, entre-
gando-lhe um marcador de livro.
– Tia Carmem, que lindo! Obrigada! A senhora é um amor – disse
Liana, beijando a tia.
– Sabe, tia, estamos estudando sobre vocação lá nas Mensageiras
do Rei – disse Liana. – Nós fizemos uma lista de mais de 100 profis-
sões. D. Ione quer que entrevistemos pessoas de várias profissões,
para sabermos como se sentem dentro da profissão que escolheram.
A senhora bem que poderia me ajudar. Teria apenas que responder a
algumas perguntas.
– Posso sim, querida – disse a tia.
– Então, após o almoço, vou entrevistá-la. Está bem? – disse Liana.
– Combinado. Estou pronta a ajudá-la – respondeu D. Carmem.
Após o almoço, com caneta e papel na mão, Liana entrevistou a tia.
– Tia Carmem, como foi que a senhora descobriu sua vocação? –
perguntou Liana.
– Quando era pequena, eu gostava de brincar de enfermeira. Cui-
dava das bonecas e das plantas como se fossem pessoas – falou a tia.
– Aplicava injeções, dava remédios, fazia curativos, enfim, fica-
va o tempo todo envolvida com meus "doentes", cuidando de
todos eles com muita dedicação. À medida que fui crescendo, aprendi
que deveria ter uma profissão, e que esta deveria ser de acordo com a
minha vocação. Então, passei a orar e a buscar a orientação de Deus.
Finalmente, concluí que deveria ser uma enfermeira.
– E a senhora se sente realizada em sua profissão? – perguntou
Liana.
– Sim. Sinto-me muito realizada – respondeu D. Carmem.
– A cada manhã, quando acordo, tenho o meu momento devocional
com Deus, tomo meu café e vou para o hospital. Como sinto prazer
em rever os meus pacientes e em cuidar de cada um deles, em dar um
sorriso ou uma palavra amiga e em recitar um versículo de conforto,
tanto para os enfermos, quanto para os seus familiares. Você não
imagina como tenho encontrado oportunidades para falar do amor de
Deus ali no hospital. Também tenho tido oportunidade de ver como a
Palavra de Deus conforta e anima as pessoas. Sabe, Liana, pela alegria
que sinto no meu trabalho, posso afirmar que estou no meu lugar.
– Obrigada, tia – disse Liana. – Valeu a pena ouvir sua experiência.
As meninas vão gostar também. A senhora conhece outra profissional
que eu poderia entrevistar também?
– Sim. D. Helena, que mora aqui perto e é modelista. Você poderia
entrevistá-la – sugeriu D. Carmem.
– É mesmo – falou Liana. – Vou procurá-la. Agora, vou fazer os
meus deveres de casa. Gosto de fazê-los logo cedo. Assim, fico com
o resto da tarde livre.
o dia seguinte, Liana convidou Tatiana para irem juntas à casa
de D. Helena, a fim de fazerem a entrevista. Foram recebidas
com muita atenção, pois D. Helena era muito gentil.
– Entrem, meninas. Sentem-se e fiquem à vontade – falou D. He-
lena.
Depois de explicar a razão da visita, Liana iniciou a entrevista, fa-
zendo logo a primeira pergunta:
– D. Helena, por que a senhora escolheu essa profissão?
– Porque tenho habilidade para desenhar roupas. E também por-
que, através dela, posso ajudar no orçamento familiar – respondeu D.
Helena.
– O que a senhora mais gosta de fazer dentro da sua profissão?
– perguntou Liana.
– Eu gosto de desenhar roupas finas – disse D. Helena.
– A senhora se sente realizada em sua profissão? – tornou a per-
guntar Liana.
– Gosto muito do meu trabalho, mas ainda não me sinto realizada
profissionalmente. Estou me esforçando para ter uma firma registrada
– respondeu D. Helena.
– O que é mais importante em sua vida profissional? – perguntou
Tatiana.
– Além do prazer que sinto em desenhar roupas, eu gosto de
ensinar o meu trabalho a outras pessoas – disse D. Helena. – Gos-
to de usar o dom que Deus me deu para ajudar moças e senhoras
a também desenvolverem os seus dons. Para mim, no entanto,
o mais importante é poder compartilhar o amor de Cristo com
clientes e alunas.
– Obrigada, D. Helena – disse Liana. – A senhora falou tão bonito!
Sabe o que estou notando? Que as pessoas que querem agradar a Deus
através de sua profissão se sentem felizes.
– Você tem razão, Liana – disse D. Helena. – Eu sou uma pessoa
feliz. Agora, vamos tomar uma laranjada.
Quando saíram da casa de D. Helena, Liana e Tatiana foram visitar
D. Laura, que era a pianista da igreja e também dava aulas de piano
em sua casa.
– Que prazer recebê-las em minha casa! Podem entrar e ficar à
vontade – disse D. Laura.
– Estamos aqui para pedir-lhe um favor. Gostaríamos, se possível,
que a senhora respondesse a algumas perguntas sobre a sua vida pro-
fissional – explicou Tatiana.
– Está bem. Vamos ver se posso corresponder às suas expectativas
– disse D. Laura.
– Como foi que a senhora escolheu a sua profissão? – perguntou
Tatiana.
– Eu não escolhi como normalmente se escolhe uma profissão
– explicou D. Laura. – Vejam como foi: Comecei a aprender a tocar
piano quando ainda era pequena. Depois, fiz o curso completo num
conservatório. Ainda bem jovem, já tocava na igreja. Depois, casei-me
e logo tive filhos. Como o salário do meu marido não estava dando
para cobrir o orçamento familiar, comecei a dar aulas de piano em
casa. Foi ótimo! Até hoje continuo ajudando no sustento da casa.
– E na igreja, como a senhora tem empregado o seu talento? – per-
guntou Liana.
– Na igreja, colaboro no Ministério Comunitário Cristão, dando
aulas de piano. Além disso, tenho tido oportunidade de tocar nos
cultos – respondeu D. Laura.
– A senhora está satisfeita com o dom que Deus lhe deu? – per-
guntou Tatiana.
– Muito! – respondeu D. Laura. – Sou muito feliz por ter este dom.
Além de poder usá-lo para obter recursos financeiros, posso dedicá-
-lo ao Senhor através do louvor e do serviço cristão.
– Que bonito, D. Laura! Eu também gostaria de tocar piano como
a senhora – disse Tatiana.
– E por que não? Podemos marcar um horário para você. E se você
tiver mesmo jeito para tocar piano, mais tarde, poderá continuar seus
estudos num conservatório – sugeriu D. Laura.
– Que bom! Que bom! Está valendo a pena esta entrevista – disse
Tatiana com entusiasmo.
– Vamos indo, Tati? D. Laura já nos deu muito do seu tempo – disse
Liana.
– Foi um prazer – retrucou D. Laura. – Foi muito bom poder ajudá-
-las. Mas ainda é cedo. Hoje é meu dia de folga, não dou aulas de piano.
– Obrigada, D. Laura – disse Liana. – A senhora está sendo muito
gentil, mas precisamos ir embora.
Liana e Tatiana saíram contentes. No caminho, conversaram sobre
seus planos e sonhos para o futuro.
hegou o domingo. As mensageiras estavam ansiosas pela hora
da reunião, quando iriam continuar o estudo sobre vocação.
No início da reunião, a sala já estava cheia. Tatiana dirigiu
o momento devocional e, em seguida, passou a palavra para
D. Ione, que logo expôs um cartaz com estes dizeres: VOCAÇÃO
CRISTÃ.
– Hoje, vou falar a vocês sobre a vocação dada por Deus a todos os
crentes – disse D. Ione. – Antes, vou ler um texto da Bíblia na Lingua-
gem de Hoje, que se encontra em 1 Pedro 2.9. Diz o seguinte: “Mas
vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente dedicada
a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os atos
poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz.”
Após a leitura, D. Ione pediu a todas que marcassem esse versículo
em suas Bíblias.
– Esse texto refere-se a nós – continuou falando D. Ione. – Nós
somos a raça, o povo de Deus. Passamos a pertencer ao reino de Deus
quando aceitamos Jesus como Salvador. Em João 1.12, lemos o se-
guinte: “Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes
o poder de se tornarem filhos de Deus.” A partir daí, somos filhos de Deus
e, portanto, povo seu. O que diz 1 Pedro 2.9 acerca da nossa razão de
ser? Para que fomos escolhidas?
– “Para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a
sua maravilhosa luz” – respondeu Sara, lendo em sua Bíblia.
– Muito bem, Sara. É isso mesmo – disse D. Ione. – Todos nós,
os crentes, fomos salvos para falar ao mundo do amor de Deus, para
anunciar seus feitos poderosos. Quem se lembra do versículo que fala
da nossa responsabilidade de falar de Cristo?
– “Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura” – responde-
ram quase todas a uma só voz.
– Isso mesmo – disse D. Ione. – Essa responsabilidade que Jesus
nos deixou antes de voltar para o céu é a nossa vocação como pessoas
salvas. E embora todas as pessoas tenham uma vocação diferente, pois
sei que daqui mesmo poderão sair professoras, enfermeiras, secretá-
rias, médicas e tantas outras profissionais, uma coisa é certa: todas nós,
sem exceção, somos vocacionadas para falar do amor de Deus. Essa
é a nossa vocação cristã.
– Interessante, D. Ione – interrompeu Priscila. – Eu nunca havia
pensado nisso.
– E digo mais: O crente só é feliz quando está cumprindo essa
missão – continuou D. Ione.
– Por isso que alguns crentes não são felizes. Eles não estão falando
do amor de Deus a outras pessoas – comentou Tatiana.
– É isso mesmo, Tatiana – concordou D. Ione. – Mas continuando,
o nosso Mestre, além de nos dizer o que devemos fazer, capacita-nos
através do Espírito Santo. Isto é, ele nos orienta naquilo que devemos
fazer ou dizer. Em Atos 1.8, encontram-se registradas as seguintes
palavras de Jesus: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo,
e ser-me-eis testemunhas...”
– D. Ione, eu estava aqui pensando: Quando alguém fala conosco
sobre a natureza, podemos fazer um comentário acerca do Criador,
que, por amor, criou tudo para o nosso bem – disse Liana. – Quando
uma pessoa está triste, com algum problema, podemos aconselhá-la
a confiar em Deus. Sempre podemos encontrar uma oportunidade
para testemunhar de Jesus.
– Ah! – exclamou Tatiana. – Agora entendo porque D. Laura e D.
Helena disseram que gostam de falar do amor de Deus às pessoas
com as quais elas trabalham. Elas estão cumprindo sua vocação cristã.
– Isso mesmo – disse D. Ione. – Você é inteligente e pegou logo a
ideia. No próximo domingo, vamos continuar o nosso estudo. Ainda
falta falarmos sobre uma vocação especial.
Tatiana encerrou a reunião com uma oração. As meninas saíram
curiosas, imaginando o que poderia ser uma vocação especial.
semana passou normalmente. Chegou o domingo e, à tarde,
as mensageiras estavam prontas para ouvir D. Ione falar sobre
uma vocação especial.
– Deus deu a cada pessoa um ou mais dons, algumas características,
gosto por determinadas atividades, enfim, diferentes aptidões – disse
D. Ione, iniciando o estudo. – Para escolhermos a nossa profissão,
temos que atentar para as nossas aptidões e buscar a orientação de
Deus. Mas hoje, eu quero chamar a atenção de vocês para uma voca-
ção especial. É a vocação para missões.
D. Ione pediu a todas que abrissem suas Bíblias em Isaías 6.8.
– Acompanhem a leitura – disse D. Ione. – Vou ler para vocês:
“Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por
nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.”
Como sempre fazia, D. Ione pediu às meninas que marcassem esse
texto em suas Bíblias.
– Nesta passagem, podemos ver a disposição de Isaías para atender
à chamada de Deus para ser um profeta, um missionário – explicou
D. Ione. – Ele sentiu em seu coração que Deus o chamava para levar
sua mensagem ao povo de sua época, e sua prontidão em obedecer
foi imediata. Ele disse: “Eis-me aqui, envia-me a mim.”
– Puxa! Que coragem! – observou Priscila.
– Concordo com você, Priscila – disse D. Ione. – Mas outro texto
que eu quero destacar é Gênesis 12.1-2. Diz o seguinte: “Ora, o Senhor
disse a Abraão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para
a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e
engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção.”
– Essa foi uma ordem mesmo – comentou Tatiana.
– Você está certa – disse D. Ione. – Deus ordenou a Abraão que
fosse para um lugar distante e desconhecido. Vocês conhecem a
história e sabem que Abraão obedeceu e tornou-se uma bênção. Se
descobrirmos que temos essa vocação especial, temos que atender à
chamada de Deus e dedicar-nos inteiramente ao seu serviço. Pode ser
até que tenhamos que partir para um lugar distante da nossa família,
como aconteceu com Abraão. Mas Deus, sem dúvida alguma, irá
conosco, pois Jesus mesmo prometeu: “Eis que eu estou convosco todos os
dias” (Mateus 28.20).
– D. Ione, essa é uma das mais lindas promessas que a Bíblia contém
– falou Tatiana novamente.
– Eu também acho – disse D. Ione. – Agora, o último texto que eu
quero destacar encontra-se no Novo Testamento. É Atos 20.24. Diz o
seguinte: “Mas em nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contanto
que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar
testemunho do evangelho da graça de Deus.”
– Foi o apóstolo Paulo quem disse isso, não foi, D. Ione? – observou
Susana.
– Muito bem, Susana! Foi ele mesmo. Quando ele recebeu a cha-
mada de Deus, logo consagrou a sua vida para pregar o evangelho a
todas as nações do seu tempo – disse D. Ione. Para Paulo, completar
a sua carreira, cumprir a sua missão, era mais importante que a sua
própria vida.
– Eu tenho grande admiração pelo apóstolo Paulo – falou Susana.
– Eu também – disse D. Ione. – Mas continuando, vocês ouviram
sobre esses três personagens bíblicos que atenderam à chamada do
Senhor. Através dos tempos, no entanto, outros servos de Deus têm
se levantado para fazer o mesmo. A biografia de alguns deles vocês até
já leram, como por exemplo: Guilherme Carey, William Bagby, Zaca-
rias Campelo, Marcolina Magalhães... Mas há outros que, ainda hoje,
estão atendendo ao chamado do Mestre. E eu sei que, deste grupo,
Deus pode estar chamando alguém para a tarefa especial de ser uma
missionária. Estejam atentas e prontas a obedecer-lhe.
Depois do estudo, Cláudia fez uma oração, enquanto todas, de mãos
dadas, ficaram reverentes diante de Deus.
– No próximo sábado, faremos um passeio ao Parque do Grajaú –
disse D. Ione, antes que todas saíssem. – Lá, vamos ter a oportunidade
de ouvir duas pessoas falarem sobre sua vocação. Não se esqueçam do
lanche. O encontro será em frente ao templo, às 14 horas.
legremente, as meninas foram chegando para o passeio. Pou-
co depois das 14 horas, o grupo saiu na van da igreja para o
Parque do Grajaú.
Quando lá chegaram, puderam correr e brincar até o momento em
que chegou o carro que trazia as duas visitantes que iam falar.
Todas sentaram-se embaixo de uma frondosa árvore e agradeceram
a Deus a bela natureza. Depois, cantaram o hino oficial das Mensagei-
ras do Rei e, em seguida, D. Ione apresentou as visitantes.
– Esta é Cássia, missionária no Amazonas, e aquela é Maria Helena,
uma jovem professora do Estado, que aceitou a sua responsabilidade
diante da grande comissão. Vamos ouvir primeiro Maria Helena –
disse D. Ione.
Maria Helena ficou no centro do semicírculo e começou a falar:
– Sinto-me feliz em poder conversar com vocês sobre vocação, um
assunto tão significativo e de real valor. Muitas vezes, desde a nossa
infância, através das nossas brincadeiras, atitudes e comportamento no
lar, revelamos inclinação para uma certa vocação. Mesmo assim, nem
sempre é tão fácil escolher com segurança a carreira que vamos seguir.
Já no meu caso, a inclinação para o magistério floresceu muito cedo.
Eu sentia um grande prazer em brincar de escola, até mesmo sozinha,
escrevendo na lateral de uma caixa d'água. Sentia-me como se estivesse
diante de uma turma. Na adolescência, o desejo de ser professora au-
mentou e, mesmo enfrentando muitas dificuldades, consegui atingir o
meu alvo. Comecei a lecionar ainda bem jovem, mas logo pude sentir
a total direção de Deus no exercício da minha profissão.
Liana, que às vezes pensava em ser professora, não tirava os olhos
de Maria Helena.
– Como professora do primeiro segmento do ensino fundamental,
passei a lecionar em classes de jovens e adultos – continuou Maria
Helena. – Logo nasceu em mim o desejo de, uma vez por semana,
no último tempo de aula, fazer um estudo bíblico com os alunos que
quisessem participar. Autorizada pela direção da escola, iniciei o meu
trabalho, que logo começou a agradar a todos. Um dia, porém, houve
uma grande agitação. A escola estava para receber professores do
segundo segmento e, por questões administrativas, muitos professo-
res, inclusive eu, seriam removidos para escolas distantes. Lembro-me
do dia em que estava tirando cópias de um texto para dar aos meus
alunos, quando minha diretora chegou e falou-me que eu também
sairia, pois outra professora, que nem era da escola, estaria ocupando
o meu lugar. Senti, no entanto, que deveria esperar pela providência
divina. Então, descansei plenamente em Deus.
O grupo ouvia Maria Helena com interesse e curiosidade, querendo
saber logo como foi que tudo acabou.
– Não passou muito tempo, a diretora convocou todos os pro-
fessores para uma reunião, a fim de juntos estudarmos as possibili-
dades de todos permanecerem na escola – continuou Maria Helena.
– Alguém sugeriu que algumas professoras poderiam trabalhar na
secretaria da escola, enquanto que eu poderia ficar como professora
de ensino religioso. Quando me perguntaram se eu concordava em
exercer essa nova função, respondi prontamente que sim. Foi uma
experiência maravilhosa! Através daquela situação, Deus operou
para que o ensino religioso fosse definitivamente implantado na-
quela escola.
– Que experiência bonita – cochichou Tatiana para Liana.
– Hoje, trabalho com todas as turmas da escola, ensinando aos
alunos a Palavra de Deus. Posso dizer a vocês que é maravilhoso
quando ouvimos a voz de Deus e lhe obedecemos, pois ele reserva
sempre o melhor para aqueles que nele confiam – disse Maria Helena,
encerrando a sua palavra.
D. Ione agradeceu a participação de Maria Helena e, antes de passar
a palavra à missionária, dirigiu alguns cânticos alegres.
– Agora, vamos ouvir o que Cássia tem a nos dizer – disse D. Ione.
– É muito bom estar aqui com vocês para falar-lhes sobre a minha
experiência missionária – disse Cássia. – Todas as vezes que falo sobre
este assunto, sinto uma grande alegria, e parece que a minha convicção
da chamada de Deus se fortalece ainda mais.
Sara, que sempre desejara conhecer uma missionária de perto,
acomodou-se melhor em seu lugar, a fim de ouvir com atenção tudo
o que Cássia iria dizer.
– Conheço Jesus desde pequena e, através da igreja, fui apren-
dendo a amá-lo e a obedecer-lhe – continuou Cássia. – Participei de
organizações missionárias, nas quais tive oportunidade de aprender
ouvindo e praticando, e testemunhar de Jesus foi uma das melhores
coisas que aprendi. Assim, sempre estava presente aos cultos, tanto
na igreja e nos lares, quanto ao ar livre. Também gostava de entregar
folhetos de casa em casa, procurando sempre explicar a mensagem a
quem os recebia. Eu já me sentia uma pequena missionária. Apesar
disso, foi aos 11 anos que ouvi o Senhor falando claramente ao meu
coração, chamando-me para ser uma missionária. Eu já sabia que isto
significava que ele poderia me mandar para o lugar que ele quisesse, até
mesmo para bem longe dos meus familiares. Mas eu já sabia, também,
que a nossa felicidade está em fazermos a vontade de Deus. Então, eu
disse a Jesus que iria obedecer-lhe com alegria, custasse o que custasse.
Priscila, que pretendia escolher uma profissão que lhe desse muito
lucro, ficou impressionada com a disposição de Cássia para obedecer
a Jesus, custasse o que custasse.
– Continuei estudando, mas agora o meu alvo era bem maior
– prosseguiu Cássia. – Precisava aprender muito, alcançar o melhor
preparo possível, pois a minha missão seria muito importante: Eu iria
anunciar Jesus. Então, depois de concluir o ensino médio, ingressei
no IBER – Instituto Batista de Educação Religiosa, hoje, Centro In-
tegrado de Educação e Missões – CIEM, uma das escolas mantidas
pela União Feminina Missionária Batista do Brasil. Ali, aprendi muitas
lições importantes para a obra missionária.
– Bem que D. Ione podia levar a nossa turma para conhecer essa
escola da União Feminina – cochichou Susana para sua irmã.
– Quando me apresentei à Junta de Missões Nacionais – continuou
Cássia – estava certa de que Deus me enviaria para o lugar certo. E foi
o que aconteceu. Tenho trabalhado há alguns anos no interior de nossa
pátria, ajudando a implantar igrejas, visitando os irmãos, orientando
pessoas interessadas em conhecer Jesus, fazendo estudos bíblicos
nos lares, enfim, procurando semear a Palavra de Deus. Já enfrentei
muitas dificuldades: estradas lamacentas, mosquitos de todas as espé-
cies, locais de difícil acesso... Apesar de tudo, sempre me senti muito
feliz. Como foi bom ver tantas pessoas entregando-se a Jesus, sendo
libertas do pecado. Lembro-me sempre do irmão Raimundo, que,
depois de se converter, mesmo não sabendo ler, passou a distribuir
folhetos e revistas entre seus conhecidos que moravam às margens
do rio Solimões e de seus afluentes. Como estava feliz porque era uma
nova criatura! Queria que outros também tivessem a mesma bênção.
Tatiana ouvia a missionária com muita atenção. Às vezes, pensava
na possibilidade de também ser escolhida por Deus para ser uma
missionária.
– Quero dizer a vocês que nada nos traz maior alegria do que fazer
a vontade de Deus – prosseguiu Cássia. – Eu sou feliz não apenas
porque sou missionária. Eu sou feliz porque, acima de tudo, estou
fazendo a vontade de Deus para a minha vida. Vocês entenderam?
– Entendi – respondeu Liana. – Você foi chamada por Deus para
ser missionária e só será feliz se obedecer-lhe.
– É isso mesmo – disse Cássia. – Mas quero que vocês saibam
que nós, os vocacionados por Deus para a obra de missões, também
passamos por momentos difíceis. Mas o Senhor Jesus, fazendo-nos
lembrar de que ele nos chamou, segura a nossa mão e nos conforta. E
assim prosseguimos em nosso ministério. E sabem de uma coisa? To-
das as vezes que isto acontece, temos certeza de que alguém, em al-
gum lugar, está orando por nós. Por isso, queridas mensageiras, orem
sempre pelos missionários.
– Nunca pensei que orar pelos missionários fosse assim tão impor-
tante – falou Tereza em voz baixa.
– Finalizando, quero dizer a vocês que vale a pena atender à chama-
da de Deus para ser missionária – concluiu Cássia.
Depois do testemunho de Cássia, D. Ione dirigiu uma palavra de
agradecimento às duas visitantes e pediu a Liana e Tatiana que lhes
entregassem uma lembrancinha em nome do grupo. Em seguida,
Sara fez uma oração, agradecendo a Deus a vida de Cássia e de Maria
Helena.
– Agora, vamos ao nosso lanche. Depois, vocês poderão ficar à von-
tade para brincar, passear ou apreciar a paisagem – anunciou D. Ione.
No final da tarde, todas voltaram para casa satisfeitas com o passeio
que fizeram.
o dia seguinte, era domingo, e D. Ione havia preparado uma
surpresa para a reunião das Mensageiras do Rei. Ela havia
convidado sua amiga Márcia, que era orientadora educacional,
para falar ao grupo.
Após a abertura devocional, dirigida por Tatiana, D. Ione apresen-
tou sua amiga e deixou-a à vontade para falar.
– É muito bom estar aqui com vocês. Sei que vocês têm conversado
sobre vocação nestes últimos dias – disse D. Márcia. – Fico contente
em saber que vocês, como filhas de Deus, estão buscando orientação
divina para a escolha de sua profissão. Mas vocês também sabem que,
para tornar mais fácil tão importante decisão, precisam definir seus
interesses e aptidões. E é o que vamos fazer agora. Vou distribuir lápis
e papel para todas. Quem pode me ajudar?
– Eu posso! – disse Tereza com entusiasmo.
D. Márcia esperou que todas recebessem papel e lápis e então ini-
ciou a atividade.
– Muito bem. Vamos à nossa primeira tarefa. Façam uma lista de
todas as coisas que vocês mais gostam de fazer – orientou D. Márcia.
– Ih! Mas é tanta coisa! – exclamou Andréia.
– Não faz mal – disse D. Márcia. – Vá escrevendo.
D. Márcia deixou que todas escrevessem à vontade e então pros-
seguiu:
– Agora, vamos à segunda tarefa: Leiam com atenção a lista que
fizeram e sublinhem o que mais gostam de fazer.
– Xi! Ficou difícil – disse Tatiana.
– Pensem bem. O que mais gostam de fazer? – insistiu D. Márcia.
– Eu gosto de ensinar – disse Liana.
– Muito bem, Liana. Agora, façam uma lista de profissões que mais
se relacionam com o que gostam de fazer – prosseguiu D. Márcia.
– Acho que vou ser mesmo é professora – concluiu Liana.
Quando todas terminaram de escrever, D. Márcia falou:
– Estão vendo? Essas profissões que vocês relacionaram são as que
devem levar em consideração na hora de definir sua vocação. Então,
com a orientação de Deus, no momento certo, vão descobrir qual
delas escolher.
– D. Márcia, sabe mesmo o que eu quero ser quando ficar adulta?
Mãe de família – disse Tereza, provocando riso.
– Mãe de família, todas nós queremos ser, Tereza. Nós estamos
falando de profissão. E você precisa estudar para ter a sua. Mesmo que
não vá trabalhar fora, precisa se educar – disse Liana.
– É, já que vou ter que escolher alguma profissão, preciso pensar
um pouco mais no assunto – disse Tereza.
– Eu quero fazer a vontade de Deus – disse Tatiana. Mas como
posso saber qual é a vontade dele para a minha vida? Como é que ele
fala para nós?
– De diversas maneiras, Tati – disse D. Ione. – Às vezes, lendo
a Bíblia, de repente, um versículo torna-se especial para nós. Isaías
6.8, por exemplo, é um versículo que já despertou muitas vidas para
a obra missionária. Mas Deus também nos fala através de sermões,
palestras, leituras e conversas com pessoas mais experientes. Outras
vezes, quando estamos orando sobre determinado assunto, surge em
nossa mente uma ideia, que vai ficando cada vez mais firme. Então,
descobrimos que aquela ideia significa a vontade de Deus. Depois
disso, não temos mais dúvidas.
– É isso mesmo – confirmou D. Márcia. – Só que precisamos estar
em comunhão com Deus, isto é, precisamos pensar com ele acerca
do nosso futuro.
– Na maioria das vezes, no entanto, só vamos ter essa certeza quan-
do estamos no ensino médio – observou Cláudia.
– Eu acho mesmo que vou ser missionária – disse Tatiana. Vou
continuar orando e, se Deus confirmar o que estou pensando, vou
para o CIEM, a fim de me preparar para ser missionária.
– E se Deus confirmar tudo direitinho, eu vou ser ilustradora –
disse Sara. – Vou me dedicar a desenhar e, quem sabe, poderei vir a
ser a ilustradora da revista Aventura Missionária. Eu gosto de sonhar.
– Isso mesmo, meninas! – disse D. Ione. – Vejo que vocês estão
buscando descobrir sua vocação com seriedade. Que Deus abençoe
cada uma de vocês é a minha oração.
– Eu vou precisar orar muito, pois ainda não tenho certeza de nada
– disse Liana.
– No tempo certo, você vai ter a certeza de que precisa – observou
D. Ione. – De acordo com a Bíblia, quem busca a vontade de Deus
haverá de encontrá-la. E tudo indica que você está firme nessa busca,
Liana.
– Estou mesmo, D. Ione, porque eu quero fazer apenas a vontade
de Deus – disse Liana com muita convicção.
– Bem, meninas, creio que todas nós aprendemos muito hoje. Va-
mos bater palmas para a nossa visitante? – sugeriu D. Ione.
Todas aplaudiram D. Márcia com entusiasmo, e Susana entregou-lhe
uma lembrança em nome da turma.
– Que lindo! Muito obrigada! – exclamou D. Márcia ao abrir o pre-
sente. – Eu coleciono toalhas para bandejas, e esta é linda!
– Ponto de cruz é muito fácil – disse Andréia. – Num de nossos
passeios, cada uma de nós bordou uma toalha igual a essa. Agora,
quando recebemos uma visitante especial, podemos presenteá-la com
algo feito por nós.
– Que ótima ideia! – disse D. Márcia. – E muito obrigada por me
considerarem uma visitante especial.
Encerrada a reunião, as garotas foram para a sala do coro juvenil, a
fim de se prepararem para cantar no culto.
a segunda-feira à tarde, após fazer suas tarefas escolares,
Liana brincou um pouco com Sueli. Sua irmãzinha estava
com quatro anos e era muito viva e sorridente. Depois que
D. Eunice levou Sueli para o banho, Liana foi sentar-se em
sua cadeira de balanço. Enquanto se balançava, através da janela do
seu quarto, podia ver o Sol se pondo devagarinho, colorindo o céu
com vários tons rosados.
Ali, diante daquele lindo entardecer, Liana ficou sonhando com o
seu futuro e começou a pensar:
– Foi tão bom aprender mais sobre vocação... D. Ione é tão sábia...
Quanta coisa boa ela nos ensinou... Acho mesmo que vou ser uma
professora.
– Entrar em sala de aula, ensinar meninos e meninas, ajudá-los a
se desenvolverem... Deve ser muito bom ser professora de crianças
irrequietas e peraltas, e depois vê-las se tornarem homens e mulheres
importantes, atuantes na sociedade. Como deve ser bom sentir-se um
pouco responsável por isso... Eu tenho muita admiração pelos meus
mestres. Muito do que eu já aprendi devo a eles. Jamais me esquece-
rei do que fazem por mim. Alguns nos incentivam tanto... Gostam
de nos desafiar e de nos ajudar a crescer cada vez mais. E agora que
aprendi um pouco mais sobre vocação, sei que esses são professores
realmente vocacionados. Aqueles que reclamam o tempo todo são
os que exercem a profissão sem serem vocacionados. D. Maria Inês,
minha professora de português, é vocacionada.
– É... vou ser professora mesmo. Na realidade, no momento,
não sinto vocação missionária. No futuro, se eu sentir que Deus me
chama, vou obedecer-lhe. Mas por enquanto, o que sinto é apenas
um grande entusiasmo por missões, especialmente quando ouço um
missionário contando suas experiências, ou quando leio uma biogra-
fia missionária. Mas sentir-se vocacionada é muito mais que sentir-se
entusiasmada.
– Eu também quero ter um cargo na igreja, para que eu possa servir
ao Senhor. Tenho vontade de ser professora de uma classe de crianças.
Gosto de falar de Jesus às criancinhas. Como fico contente quando
ensino cânticos e versículos bíblicos à Sueli e ela aprende. Ela já sabe
que Jesus é o nosso melhor amigo e recita Salmos 23.1 de cor. Como
vale a pena ensinar a Palavra de Deus às crianças!
– Ah! Mas eu também quero me casar. D. Ione disse que devemos
orar desde agora, pedindo a Deus que nos dê sabedoria na escolha do
nosso futuro companheiro. Eu quero que ele seja um rapaz crente.
Quem sabe se não vai ser o Rodrigo? Ele é tão atencioso!... Ele ainda
é um adolescente, mas eu também sou... Quem sabe?
– Se esta cadeira falasse... Ela conhece todos os meus sonhos. Um
dia, ainda vou sentar-me nela para embalar meus filhinhos.
– Como é bom sonhar! Mas melhor que sonhar, é saber que Deus
está presente nos meus sonhos e que, com sua bênção e tendo a mi-
nha vida em suas mãos, o meu futuro será melhor que todos os meus
sonhos.

“Nem olhos viram, nem ouvidos


ouviram, nem jamais penetrou em
coração humano o que Deus tem
preparado para os que o amam.”
1Coríntios 2.9
Liana foi sentar-se em sua cadeira de balanço. Enquanto se
balançava, através da janela do seu quarto, podia ver o Sol se pondo
devagarinho, colorindo o céu com vários tons rosados. E ali, diante
daquele lindo entardecer, ela ficou sonhando com o seu futuro.
Assinale com X a resposta certa. 6. No cumprimento da vocação cristã,
1. Na escolha da profissão, antes de contamos com a orientação e o poder
tudo, precisamos (XX) da Bíblia.
(XX) ouvir a opinião de outras pessoas. (XX) do Espírito Santo.
(XX) escolher uma boa universidade. (XX) da denominação.
(XX) saber qual é a nossa vocação. (XX) da igreja.
(XX) fazer cursos profissionalizantes. 7. Na escolha da profissão, precisamos
2. Segundo o dicionário, vocação é buscar sempre a orientação
(XX) chamada, tendência, curso. (XX) de Deus.
(XX) tendência, talento, aptidão. (XX) de um psicólogo.
(XX) preparo, disposição, carreira. (XX) dos amigos.
(XX) pendor, profissão, formação. (XX) dos parentes.
3. As pessoas que querem agradar a 8. A vocação para missões é
Deus através da sua profissão (XX) pesada.
(XX) pagam um preço muito alto. (XX) comum.
(XX) não são valorizadas. (XX) especial.
(XX) perdem bons empregos. (XX) lucrativa.
(XX) se sentem felizes. 9. No exercício da profissão, nada nos
4. Deus dá a todos os crentes a traz maior alegria do que
(XX) vocação cristã. (XX) realizar um bom trabalho.
(XX) vocação missionária. (XX) ganhar bastante dinheiro.
(XX) vocação especial. (XX) fazer a vontade de Deus.
(XX) vocação religiosa. (XX) conhecer muitas pessoas.
5. A responsabilidade de pregar o evan- 10. Devemos escolher a profissão que
gelho a toda criatura foi dada por Jesus esteja de acordo com
(XX) aos pastores. (XX) a opinião dos nossos colegas.
(XX) aos missionários. (XX) a vontade dos nossos pais.
(XX) às juntas missionárias. (XX) os interesses da nossa família.
(XX) a todos os crentes. (XX) o que mais gostamos de fazer.

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