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Capa: oliverartelucas
LEVANTA E RESPLANDECE 7
dução na Rua Conde de Bonfim, ou voltando para o seu apartamen-
to no lindo recanto situado à Rua Uruguai, 514, ou ainda entrando
e saindo da sala em que lecionava às alunas mais adiantadas. A pequena
Até concluir meu curso no Instituto de Treinamento Cristão,
hoje CIEM, eu já me havia tornado uma espécie de sua auxiliar Minnie Lou
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permanente durante as minhas férias. Como tal, colaborava nas
várias promoções do Departamento Nacional de Mensageiras do o dia 17 de junho de 1915, no lar de Patrick Henry Lanier
Rei. Foram oportunidades inesquecíveis, de valor inestimável para e Martha Elizabeth Lanier, conhecida na intimidade por Li-
a minha vida de estudante, quando, em contato com a dedicada zzie, nasceu mais um bebê, o sexto da família, que recebeu
pioneira das Mensageiras do Rei no Brasil, aprendia a amar missões. o carinhoso nome de Minnie Lou. Era mais um presente
Durante os anos em que servi como missionária da Junta de Missões divino para o lar dos Lanier. De fato, Deus os abençoara
Nacionais no interior da Pátria, foi sempre motivo de inspiração no decorrer dos anos. Eram proprietários de uma grande
para a minha vida poder acompanhar de longe, e algumas vezes de fazenda no Estado de Georgia, nas proximidades da grande
perto, a vida dedicada daquela que trouxe às nossas igrejas batistas cidade de Savannah, que fora adquirida pelo avô de Patrick
o símbolo da estrela, vivenciando ela própria os ideais da organi- no tempo colonial dos Estados Unidos e que passara a
zação e obedecendo tão intensamente à ordem divina: “Levanta-te, pertencer-lhe totalmente, em parte por herança, em parte
resplandece!” por compra aos demais herdeiros na época da partilha.
Não fora fácil o início, pois a casa em que o Sr. Lanier
crescera, construída ainda pelos que traziam no sangue
o ardor do pioneirismo, o fogo destruíra. Naquela sólida
habitação, deveria ser estabelecido o lar de Patrick Henry
e Elizabeth, um sonho, em parte, transformado em cinzas.
Mesmo assim, o casamento foi realizado na data prevista.
Nos primeiros anos, o jovem casal morou numa pequena
casa feita de troncos. Não foi à toa que aquele que veio
a ser o pai de Minnie Lou recebeu um dos mais famosos
nomes da história dos Estados Unidos. Chamava-se Patri-
ck Henry o patriota pioneiro e destemido que deu o grito
de “independência ou morte” para os americanos daquela
parte do Novo Mundo, em 1776. Patrick Henry Lanier
também encarnava ardor e bravura suficientes para honrar
o nome que recebera. Acima de tudo, possuía a mesma fé
e a lealdade daqueles que, um dia, movidos pelo desejo de
liberdade religiosa e pelo sentimento de fidelidade a Deus,
deixaram a velha e querida Inglaterra.
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ingenuamente indagou:
– Mana, você também já parou de chorar? esidindo na fazenda, a pequena Minnie Lou não podia,
Agora, a família Lanier estava sem casa, sem outras roupas além como as crianças das famílias cristãs da cidade, frequentar
das que tinham no corpo, sem móveis e sem utensílios domésticos. a Escola Bíblica Dominical, mas sempre lia a grande e
Os bondosos vizinhos, no entanto, já estavam providenciando o mais ilustrada Bíblia da família. Gostava de fazê-lo a sós, em
necessário para aquela situação de emergência. seu quarto, e também com todos os membros da família,
Por algum tempo, até ser construída a nova residência, Minnie reunidos na ampla e confortável sala de jantar, na hora do
Lou, Elizabeth e Ouida ficaram na casa da tia, próxima à fazenda. café da manhã, bem cedinho. A porta, no inverno sempre
Os pais e os irmãos mais velhos acomodaram-se numa das granjas. fechada por causa do frio, tinha a parte superior de vidro
A irmã mais velha e os dois irmãos menores foram para a casa de fosco. O sol avermelhado da aurora, através daquele vidro,
uma tia que morava a quinze quilômetros da fazenda. Foi durante dava um efeito muito bonito, que contribuía para tornar
essa visita forçada que Martha Alma conheceu o rapaz com quem o ambiente muito agradável naqueles momentos de culto
se casou um ano depois. Assim, Minnie Lou ganhou o seu primeiro em família.
cunhado. Do lado materno, os parentes de Minnie Lou eram cren-
tes fiéis, membros da Igreja Batista Primitiva, e os pais dela
também se consideravam batistas. Assim, duas ou três vezes
por ano, tinha o privilégio de ir à igreja. Eram ocasiões muito
especiais, que ela aguardava com ansiedade.
Aos 12 anos, finalmente, Minnie Lou mudou-se com sua
família para a cidade. A nova residência ficava bem perto
de um grande templo batista, onde se reunia uma grande
igreja de cerca de cinco mil membros. Estava ali a oportu-
nidade de participar regularmente dos cultos. Nesse tempo,
a União Feminina Missionária não tinha uma organização
missionária específica para as pré-adolescentes e as ado-
lescentes, pois ainda não havia sido criada a organização
Mensageiras do Rei.
Certo dia, Minnie Lou estava numa classe da Escola Bí-
blica Dominical, quando a professora pediu-lhe que orasse
em voz alta. Nova no ambiente e muito tímida em seus
No silêncio do seu quarto, lendo a velha e querida Bíblia ilustrada, Minnie Lou sentiu o
peso dos seus pecados, confessou-os e sentiu a graça do perdão.
Chamada e preparo Não fez apelo. Mesmo assim, o Espírito Santo tocou no íntimo de
Minnie Lou de tal maneira, que, naquele dia, ela ficou sabendo qual
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convidou-a para ser sua ajudante no campo missionário. Entretanto,
ntegrada nos trabalhos de sua igreja desde o memorável ouvindo os conselhos do seu pastor, Minnie Lou decidiu preparar-se
dia da sua pública profissão de fé, Minnie Lou tornou-se melhor antes de deixar o seu país. Foi, portanto, com a firme convicção
logo sócia assídua e operante da Sociedade de Moças. de que Deus a queria como missionária no Brasil, que ela voltou aos
Muito contribuiu para isso a simpatia da líder, pessoa estudos. Não foi fácil, pois, além de ter que deixar o emprego, que lhe
espiritual e jeitosa, que soube levar as suas lideradas a dava boa renda, aparentemente, não havia os recursos necessários para
uma vida cristã mais dinâmica. Certa vez, ela escreveu o seu sustento. Os Estados Unidos viviam os últimos anos da grande
uma carta a cada moça, o que resultou em consagração depressão econômica, que atingira em cheio a sua população, inclusive
de vidas, fortalecendo muito aquela Sociedade de Mo- a família de Minnie Lou, que estava sem condições de assumir as des-
ças. Nesse tempo, Minnie Lou ainda não pensava em pesas com seus estudos. Só mesmo a convicção da chamada divina e a
ser missionária. Como é normal acontecer, ela sonhava certeza de que Deus não apenas convoca, mas também abre as portas
encontrar um companheiro, formar o seu próprio lar, e supre as necessidades, deram-lhe forças suficientes para enfrentar
ter filhos, enfim, constituir uma família feliz. Mas Deus essa nova situação.
tinha outro propósito para a sua vida. Tendo tomado conhecimento da decisão de Minnie Lou, sua igreja
Com a idade de 19 anos, Minnie Lou participou de um decidiu responsabilizar-se por parte de suas despesas durante os
congresso nacional de Sociedades de Moças do seu país. quatro anos na universidade. A outra parte foi conseguida através de
Foi uma experiência muito marcante, pois teve o seu pri- uma pequena mensalidade paga pelo Governo, em troca de serviços
meiro contato com missionários e com pessoas cristãs de prestados na própria escola. Nos primeiros meses, o serviço foi duro.
outras terras. Sua chamada para o trabalho missionário, Minnie Lou precisava acordar às cinco horas da manhã para varrer
as salas de aula e os compridos corredores da escola. Mas logo a
entretanto, só aconteceu cinco anos mais tarde, em 1939.
situação melhorou, pois tendo sido informada de sua experiência
Era um dia chuvoso. Mesmo assim, visitava a sua igreja em contabilidade e observando sua viva inteligência, seu senso de
uma missionária independente, que trabalhava no Brasil. responsabilidade e seu comportamento exemplar, a administração
Chamava-se Pearl Bigle. Ela realizava, no Estado do Rio logo a convidou para trabalhar na tesouraria da universidade. Com
Grande do Sul, um trabalho parecido com o das Casas da isso, estava garantido o dinheiro suficiente para o pagamento das
Amizade, prestando serviços nas favelas. Pearl Bigle preci- mensalidades. Uma pequena ajuda vinda de membros da família e o
sava muito de uma auxiliar, que seria sustentada por uma auxílio da igreja pagavam as compras de livros e as despesas pessoais.
das igrejas do seu estado natal. Falou bastante sobre o nosso Com muita gratidão, Minnie Lou contava com o dólar quinzenal
país e, especialmente, sobre as necessidades espirituais do que seu irmão e esposa lhe enviavam fielmente. A venda dos livros
nosso povo e a grande oportunidade que seu campo de usados no ano anterior ajudava muito na compra de material para
trabalho, o Rio Grande do Sul, oferecia a quem se dispu- o ano seguinte.
P
Corria o ano de 1945 e com ele voltava a paz, interrompida durante
a Segunda Guerra Mundial. A família de Minnie Lou aguardava a ara tomar o avião que a traria ao Brasil, acompanhada dos
chegada de Sidney, o caçula, que estivera servindo no Pacífico du- pais e de mais três membros da família, Minnie Lou viajou
rante três anos. Ele se encontrava nas Filipinas e não podia voltar de carro para Miami, no Estado da Flórida. Foi uma via-
para casa imediatamente, pois fora designado para integrar as tropas gem muito divertida e, tanto no percurso, quanto nos dias
do exército de ocupação no Japão. D. Lizzie não podia admitir que a passados ali, ela pôde sentir o quanto era amada pelos fa-
filha partisse para tão longe antes da chegada do irmão. Portanto, a miliares e pôde observar como se esforçavam para alegrá-la
viagem, que fora marcada para outubro, com a permissão da Junta,
e tranquilizá-la, a fim de tornar menos penosa a separação.
foi adiada para novembro.
O avião que traria Minnie Lou ao Brasil saiu de Miami no
Naquela época, era difícil receber notícias de parentes distantes.
Mas, tendo sido informada de que parte das tropas de ocupação dia 7 de novembro de 1945, com 21 passageiros a bordo. Sua
estava chegando, a família Lanier juntou-se à grande multidão que, primeira escala em solo brasileiro se deu na cidade de Belém
ansiosa, aguardava no cais do porto. Mas, para surpresa de todos, do Pará, no dia 9, às 16 horas, depois de ter feito escalas
Sidney não estava entre os que regressavam. E agora? Minnie Lou em Havana (Cuba), Porto Príncipe (Haiti), Cidade Trujilla
sentiu que não poderia mais esperar. Deveria viajar na data pror- (República Dominicana), São Tomás e São João (duas ilhas),
rogada, mas faria isso com imenso pesar. No entanto, para alegria Trinidad e nas capitais das Guianas: Georgetown, Suriname
de toda a família, Sidney chegou de surpresa trinta e seis horas e Caiena. Agora, na era do jato, o mesmo trajeto é feito em
antes do embarque de Minnie Lou. Desse modo, mais uma vez, poucas horas. Na década de 40, no entanto, antes de chegar
Deus abençoava aquela nobre família, que agora entregava uma de à maravilhosa cidade do Rio de Janeiro, onde deveria per-
suas filhas para outro tipo de guerra: a guerra contra o mal, com manecer, Minnie Lou teve que passar por essas inúmeras
as armas do evangelho. Uma guerra cuja finalidade era a de dar escalas, além de pernoites em três diferentes cidades, duas
vida, ao invés de ceifá-la, levando a esperança do evangelho da paz delas aqui mesmo no Brasil.
e fazendo brilhar, com o poder de Deus, a luz das boas novas de Durante a viagem, cercada de pessoas que falavam in-
salvação na terra do Cruzeiro do Sul. glês, Minnie Lou sentiu-se muito à vontade. Em Belém,
experimentou pela primeira vez o nosso guaraná, que
passou a ser o refrigerante brasileiro de sua predileção.
Em Fortaleza, depois de uma escala em São Luís, com
certa relutância, jantou sopa de feijão preto. Foi também em
Fortaleza que se separou da última companheira de viagem
com quem podia conversar. Então, começou a sentir-se
muito só.
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em troca de aulas de português. Assim, em pouco tempo, já podia se
comunicar, embora com sotaque bem carregado e dicção imperfeita. m 1949, Minnie Lou começou a trabalhar com a União
Mesmo depois da vasta experiência que o seu trabalho lhe havia pro- Feminina Missionária Batista do Brasil, que naquela época
porcionado, quando comentava sobre o seu progresso no domínio se chamava União Geral de Senhoras. Até então, as meni-
da nossa língua, ela costumava dizer: “Os resultados demonstram nas de nove a quinze anos eram encaminhadas à Sociedade
que não aprendi o suficiente.” É que, apesar de ter aprendido a lidar de Crianças (hoje, Amigos de Missões) ou à Sociedade de
muito bem com as dificuldades da língua portuguesa, a ponto de Moças (hoje, Jovens Cristãs em Ação), quando não ficavam
falar fluentemente e de escrever muito, nunca chegou a pronunciar sem participar de qualquer organização missionária. Nesse
corretamente determinadas palavras do nosso vocabulário, o que é
ano, porém, foi criada para elas a organização Mensageiras
muito natural acontecer com estrangeiros que aprendem uma nova
do Rei, a mais nova das organizações da União Feminina
língua na idade adulta.
Missionária Batista do Brasil. Minnie Lou, tendo sido eleita
Minnie Lou estava ansiosa para trabalhar e ficou muito feliz quando a primeira Líder Nacional das Mensageiras do Rei, foi quem
recebeu um convite para ajudar no escritório da Missão Batista do iniciou esse admirável trabalho no Brasil.
Sul, tarefa para a qual estava preparada, graças à prática que adquirira
Nos dois primeiros anos, o desenvolvimento da orga-
anteriormente. Logo depois, o Secretário da Junta de Richmond para
nização não foi grande. Eram apenas três as primeiras
a América Latina veio passar um ano no Rio de Janeiro, e Minnie Lou
organizações: uma na Igreja Batista de Itacuruçá, outra na
foi designada para ser a sua secretária durante aquele ano. Depois da
Igreja Batista da Tijuca e outra no Colégio Batista, as três
saída do Dr. Gill, ela continuou a ajudar no escritório da Missão, no
na cidade do Rio de Janeiro.
setor de tesouraria. Fez isso até 1948.
Devido à falta de literatura apropriada para a nova or-
ganização, foi necessário preparar todo o material, traduzir
artigos e escrever programas. O primeiro manual também
teve que ser traduzido, o que foi feito com o auxílio de uma
comissão.
Em 1950, foi realizado o primeiro acampamento de
Mensageiras do Rei. Foi nas dependências do Instituto de
Treinamento Cristão, hoje, Centro Integrado de Educação
e Missões (CIEM), no Rio de Janeiro. Participaram desse
acampamento, levando inspiração às mensageiras, o Pr.
David Gomes, então pastor da Igreja Batista da Tijuca, e
o jovem casal Pr. Tiago e Creusa Lima, recém-nomeados
C
em sua cidade natal, onde continuou se destacando como líder con-
erta vez, ao ser entrevistada, com os olhos brilhando de sagrada ao Senhor.
emoção devido às lembranças, Minnie Lou relatou algumas Segue outro depoimento de Minnie Lou:
de suas experiências, muitas delas vividas em contato direto “Em julho de 1966, sob a liderança de D. Loecy Cordeiro de Souza,
com mensageiras do Rei em vários estados do Brasil. Dentre mais de cem mensageiras, todas elas da Igreja Batista de Acari, Rio de
as experiências que lhe trouxeram muita alegria, ela destacou
Janeiro, aguardavam o seu programa de promoção. Do grande grupo,
duas. É dela o texto que segue:
vinte e nove estavam alcançando os passos superiores. Deslumbrantes,
“D. Fany Luper, em 1953, convidou-me para uma semana aguardavam a hora do início do programa, quando um temporal fez
de estudos com as Mensageiras do Rei da Primeira Igreja cair um fio da rede elétrica na rua onde fica o templo. Chegou, então,
Batista de Curitiba, PR. No final da semana, no sábado, eu a triste notícia de que o conserto só poderia ser feito no dia seguinte.
deveria dirigir o programa de promoção. Tudo correu bem, O pastor, diante daquela situação, considerando o grande grupo e a
inclusive as provas e os ensaios. Contudo, meia hora antes importância do trabalho, sugeriu que o programa fosse adiado. A rea-
de iniciarmos o programa, quando o templo ainda estava ção imediata das mensageiras
praticamente vazio, desabou um enorme temporal. As men- foi contrária. Pediram que
sageiras, o pastor e a conselheira estavam presentes, mas não o programa fosse realizado
havia assistentes. O pastor sugeriu que adiássemos o programa mesmo no escuro, porque
para domingo à noite. Quando já estávamos convencidos de não estavam interessadas em
que o jeito seria mesmo adiar, vimos todas as mensageiras serem vistas, mas sim em glo-
ajoelhadas, com seus vestidos longos. Estavam todas orando. rificar a Deus. O programa foi
Elas pediam a Deus que se manifestasse, fazendo com que realizado à luz de querosene e,
a chuva parasse, a fim de que o programa pudesse ser reali- na minha opinião, foi um dos
zado naquela noite mesmo. Parece incrível, mas, em poucos mais lindos a que já assisti du-
minutos, o temporal passou completamente, os convidados rante a minha vida, talvez por
foram chegando e o templo ficou repleto. Com um atraso sentir que as mensageiras não
de apenas trinta minutos, tive o privilégio de coroar várias estavam apenas cumprindo
rainhas, entre elas, uma adolescente muito viva, chamada as exigências dos passos ao
Marlene Serrão, que, mais tarde, ao lado do seu esposo, pé da letra, pois acabavam de
serviu como missionária no sertão do Brasil. Depois, como dar uma bela demonstração de
líder autêntica, trabalhou na cidade do Rio de Janeiro du- que os ideais da organização
rante o tempo em que seu esposo, o Pr. Samuel Mitt, serviu estavam sendo alcançados em
como Secretário-Executivo da Junta de Missões Nacionais. “O programa foi realizado
suas vidas.”
à luz de querosene...”
Posteriormente, o casal Mitt atuou em campos da Junta de
S
para dentro.
empre disposta a atender a convites para realizar estudos mis- Naquela ocasião, por pouco, teria
sionários, programas de reconhecimento ou acampamentos faltado a um compromisso.
nos vários campos estaduais, Minnie Lou teve as mais variadas Outras ocasiões em que ficava muito
experiências, algumas delas até muito engraçadas, que lhe perturbada era quando tinha que ouvir,
causaram muito embaraço, mas que, ao som de risos, eram e com razão, “sermões” de advertência
por ela relembradas com seu natural bom humor. do colega mais velho, o Dr. J. J. Cow-
Certa vez, ao começar a trocar de roupa para ir à Igreja sert, que, com D. Graça, a tratava como verdadeira filha. Geralmente,
Batista de Itacuruçá, a fim de realizar um programa especial isso acontecia quando, por força das circunstâncias, no cumprimento
de reconhecimento, Minnie Lou lembrou-se de que precisa- de seus deveres em igrejas do subúrbio, dirigindo a sua Kombi, re-
va colocar um novo filme na máquina fotográfica. (Naquele tornava a casa a altas horas da noite, às vezes, acompanhada de uma
tempo, não havia máquinas digitais.) Resolveu, então, usar auxiliar. O Dr. Cowsert, vizinho da missionária por mais de dez anos,
o armário embutido do quarto como câmara escura. O com seu zelo intransigente, tal como um pai que não dorme antes de
Dr. Allen, missionário vizinho e pastor da referida igreja ter sob seu teto os filhos menores, não lhe perdoava tais “imprudên-
na época, havia lhe prometido uma carona, para ajudar no cias” e sempre estava de pé para passar-lhe um sermão.
transporte do material que seria usado no programa. Ao Certa vez, ao voltar tarde de um de seus compromissos, Minnie
entrar no armário, Minnie Lou não se lembrou de que o Lou teve que pular o portão, pois havia se esquecido de levar a cha-
mesmo era desprovido de maçaneta por dentro e bateu a ve, e o porteiro já estava dormindo. Ao chegar ao seu apartamento,
porta. Após ter colocado o filme na máquina, percebeu que recebeu a infalível repreensão do Dr. Cowsert pelo atraso apenas,
estava irremediavelmente trancada e sozinha. Na tentativa pois ele não sabia que ela havia pulado o portão. Posteriormente,
de se fazer ouvir pelos vizinhos, começou a bater com referindo-se a esse incidente, ela desabafou aliviada: “Já pensou
os saltos dos sapatos na porta do armário. Os vizinhos se ele soubesse que não estava com a chave?” Em seguida, sorriu
escutavam as pancadas, mas não podiam perceber o que encabulada, pois reconhecia que o veterano obreiro tinha razão em
estava acontecendo. O Dr. Allen, já impaciente com a se preocupar com ela, pois os jornais sempre traziam notícias de
demora, resolveu subir ao terceiro andar, a fim de ver o assaltos e de outros crimes bárbaros, de preferência, praticados em
que estava acontecendo. Abriu a porta do apartamento, locais e horas de pouco movimento. Felizmente, Minnie Lou sempre
que, felizmente, estava fechada só com o trinco. Ouviu, pôde voltar para casa louvando a Deus por sua proteção, embora,
então, o barulho das pancadas. Sem entender o que esta- vez por outra, se visse obrigada a cometer algumas “imprudências”,
va acontecendo, caminhou em direção de onde vinha o uma vez que, durante 15 anos, foi a líder das Mensageiras do Rei
estranho barulho, perguntando: do então Distrito Federal. Nessa função, ela sempre assumia vários
– Minnie Lou, onde você está? compromissos.
N
o dia 17 de junho de 1967, Minnie Lou deixou a liderança
da organização Mensageiras do Rei para assumir a direção
nacional das Sociedades Femininas Missionárias, hoje, or-
ganização Mulher Cristã em Ação. Durante os 18 anos em
que liderou as Mensageiras do Rei, altruisticamente, treinou
pessoas que pudessem substituí-la. Pôde, então, deixar nas
hábeis mãos de Edna Pinto de Moraes (hoje, Edna Moraes
dos Santos) o trabalho que, com tanta dedicação e eficiên-
cia, implantou em nossa Pátria. Na ocasião, as estatísticas
registravam a existência de 538 organizações Mensageiras
do Rei espalhadas por todos os estados do Brasil. Minnie Lou, com sua vasta experiência, inclusive à frente da própria UFMBB durante os
períodos de férias de D. Sophia Nichols, era a pessoa certa para assumir a direção nacional
Até então, a União Feminina Missionária Batista do Brasil das Sociedades Femininas Missionárias.
não havia nomeado uma líder para dedicar-se especifica-
mente ao setor de Sociedades Femininas Missionárias. A Na liderança das Sociedades Femininas Missionárias, Minnie Lou
própria Secretária-Executiva encarregava-se do trabalho, assumiu a redação da revista Visão Missionária. Aliás, já vinha acu-
que, há muito tempo, já vinha exigindo que alguém o as- mulando o cargo de redatora interina das publicações da UFMBB,
sumisse. Minnie Lou, com sua vasta experiência, inclusive trabalho que executava com esmero e criatividade, desde janeiro de
à frente da própria UFMBB durante os períodos de férias 1966. Com seus programas especiais, artigos e traduções, contribuiu
de D. Sophia Nichols, a então Secretária-Executiva, era a para inspirar, despertar e incentivar o elemento feminino de nossas
pessoa certa para o cargo. igrejas. Em seus escritos, focalizou muitas vidas preciosas, enquanto
Foi, portanto, possuída daquele desejo de servir onde que, humildemente, deixou que o brilho magnífico de sua própria vida
a querida União Feminina mais precisasse, visando à obra fosse visto apenas por aqueles que com ela mais de perto conviveram.
de expansão missionária, que Minnie Lou mudou de setor. Minnie Lou também colaborou de forma toda especial com a
Em sua igreja, no entanto, onde ocupou diversos cargos obra educacional da União Feminina Missionária Batista do Brasil,
(de tesoureira por 12 anos, de diretora da antiga Escola de visto que foi professora no Instituto Batista de Educação Religiosa,
Treinamento, de professora da Escola Bíblica Dominical, atual CIEM, no Rio de Janeiro, onde lecionou Novo Testamento,
passando por quase todos os departamentos, e de diretora Educação Missionária e, por mais tempo, História Eclesiástica. No
da antiga Escola de Missões), a organização Mensageiras IBER, ela teve a alegria de encontrar muitos frutos do seu trabalho
do Rei esteve, com raras interrupções, sob sua liderança até com Mensageiras do Rei, vidas que buscavam um melhor preparo
perto de se aposentar. para um trabalho mais eficiente no reino de Deus.
Avaliação
( ) Quando ouviu o testemunho de uma missionária que servia no Brasil.
( ) Quando participou de um acampamento estadual de jovens.
( ) Quando ouviu o testemunho de um missionário que servia na África.
Assinale com X a resposta certa: 8. O que fez Minnie Lou ao concluir o seu curso universitário?
( ) Ingressou no Seminário Teológico Batista do Sul, em Louisville-Kentucky.
1. Por que Minnie Lou e seus irmãos trabalhavam no tempo da ceifa? ( ) Passou a trabalhar com a UFMB do seu Estado.
( ) Porque a família não tinha recursos para pagar mais empregados. ( ) Apresentou-se à Junta de Richmond.
( ) Porque seus pais queriam desenvolver neles o espírito de trabalho e união. ( ) Passou a trabalhar em sua própria igreja.
( ) Porque seus pais precisavam descansar.
9. Por que Minnie Lou teve que adiar sua viagem para o Brasil?
( ) Porque não gostavam de ficar em casa sozinhos.
( ) Porque Sidney, seu irmão caçula, ainda não havia retornado da guerra.
2. Por que Minnie Lou e seus irmãos raramente brincavam no rio da fazenda? ( ) Porque uma de suas irmãs se encontrava doente.
( ) Porque nele havia um enorme jacaré. ( ) Porque a estrada até o aeroporto estava fechada por causa da neve.
( ) Porque era um rio muito fundo. ( ) Porque havia muito trabalho em sua igreja.
( ) Porque a água era muito suja.
( ) Porque em seu leito havia pedras pontiagudas. 10. Que produto natural do Brasil passou a ser um dos prediletos de Minnie Lou?
( ) O cacau.
3. Por que a família Lanier viveu tempos difíceis quando morava na fazenda?
( ) O maracujá.
( ) Porque a neve destruiu toda a plantação. ( ) O guaraná.
( ) Porque um temporal derrubou a casa em que moravam. ( ) O coco.
( ) Porque o fogo destruiu a casa em que moravam.
( ) Porque a seca destruiu a plantação. 11. No aeroporto do Rio de Janeiro, que surpresa teve Minnie Lou?
4. Com que frequência Minnie Lou podia ir à igreja quando morava na fazenda? ( ) Mãos abanando e rostos sorridentes a aguardavam.
( ) O sol estava se pondo, formando uma cena de rara beleza.
( ) Uma vez por mês. ( ) Não havia ninguém para recebê-la.
( ) Duas ou três vezes por ano. ( ) Soube que sua bagagem havia sido extraviada.
( ) Uma vez por trimestre.
( ) De quinze em quinze dias. 12. Em que ano Minnie Lou foi eleita para o cargo de Líder Nacional das
Mensageiras do Rei?
5. Quando Minnie Lou teve sua experiência de conversão?
( ) 1947.
( ) Durante a leitura da Bíblia, no silêncio do seu quarto.
( ) 1948.
( ) Durante um acampamento de Mensageiras do Rei.
( ) 1949.
( ) Durante um culto evangelístico em sua igreja.
( ) 1950.
( ) Durante uma conversa com seu pastor.
6. O que se tornou Minnie Lou para ajudar a sua família financeiramente? 13. Onde foi realizado o primeiro acampamento de MR no Brasil?
( ) Enfermeira. ( ) No Instituto de Treinamento Cristão, atual CIEM.
( ) Cabeleireira. ( ) No Sítio do Sossego.
( ) Professora. ( ) Na Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro.
( ) Costureira. ( ) Na Ilha de Paquetá, Rio de Janeiro.
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