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OBRIGADO PELO SEU INTERESSE E CONFIANÇA

Cartilha da
Igreja Legal
Mais que um livro,
uma comunidade!

IGREJAS NA MÃO DA LEI E NO


FLUXO DA PROSPERIDADE!
Por Jonatas Nascimento
APONTE SA
O primeiro passo para que uma igreja prospere é adotar CAMERA DO
uma conduta 100% íntegra. CELULAR PARA
O CÓDIGO
Andar na mão da lei abre as portas para um caudaloso fluxo ABAIXO PARA
de prosperidade, que não se resume ao acúmulo de bens CONHECER A
materiais. COMUNIDADE

É um fluxo de abundância comum a quem tem um firme


propósito, honestidade a toda prova, e se inspira em 1
Tessalonicenses 5: 21.

Se você é uma pessoa que em tudo dá graças e que analisa


todas as coisas e retém o que é bom, está no caminho
certo.

Para se aprofundar nessa rota, que tal apontar o celular


para o QR Code ao lado e fazer um test-drive de 15 dias na
Comunidade da Cartilha da Igreja Legal?
COMUNIDADE DA CARTILHA DA IGREJA LEGAL

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Criamos a cartilha feita sob
medida para você
A vida de quem se dedica à prosperidade de organizações
religiosas não é fácil.

Líderes, Gestores, Atores Sociais e Consultores de igrejas


podem facilmente perder-se na floresta de regras e em
meio a tantas informações desconexas e dispersas.

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Você tem 15 dias para experimentar a Comunidade da


Cartilha da Igreja Legal sem nenhum compromisso
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JONATAS NASCIMENTO

Cartilha da
Igreja Legal
4ª Edição
CARTILHA DA IGREJA LEGAL – 4ª EDIÇÃO
Copyright © 2022 by Jonatas de Souza Nascimento
O conteúdo desta obra é de responsabilidade
do autor, proprietário do Direito Autoral.
Proibida a venda e a reprodução parcial ou total sem autorização.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Nascimento, Jonatas
Cartilha da igreja legal / Jonatas Nascimento. --
4. ed. -- São Paulo : All Print Editora, 2022.
ISBN.
1. Igreja - Administração 2. Igreja - Finanças
3. Igreja - Recursos - Arrecadação 4. Regulamentos
administrativos I. Título.

08-01531CDD-469

Índices para catálogo sistemático:


1. Igreja : Administração 262

Projeto gráfico, editoração e impressão:

www.allprinteditora.com.br
info@allprinteditora.com.br
(11) 2478-3413
Dedicatória

Dedico esta obra aos meus pais (Oliveira – in me-


moriam) e Izabel que, mesmo sem muitas letras, tudo fi-
zeram para proporcionar formação acadêmica aos seus dez
filhos. Muito mais que isso, nos mostraram o caminho da
Paz Eterna, nos apresentando Jesus Cristo, o Filho do Deus
Altíssimo;
Ao pastor, professor, poeta, coach, radialista e amigo
Noélio Duarte – in memoriam –, que tanto me ensinou com
palavras e exemplos de conduta e superação e me estimulou
a imergir no fantástico mundo literário;
Aos meus fiéis leitores que vivem me cobrando
mais conteúdo, mesmo sabendo que ainda sou aprendiz de
escritor.
Ao Dr. Fernando Gammino que me enxergou, me deu
a mão e me desafiou a “elevar o sarrafo”, transformando o
meu trabalho em uma obra digna das melhores bibliotecas.
Espero em Deus que a nossa parceria perdure a vida toda;
À linda família que Deus me deu, que me apoia e me
incentiva em todos os momentos, de modo incondicional.
Valeu, Damaris (esposa), Igor e Timóteo (filhos) e Daniele
e Kessilin (noras).
O autor
Apresentação

É um privilégio e uma honra poder fazer a apresenta-


ção da 4ª edição da Cartilha da Igreja Legal, especialmente
porque a história de vida do Jonatas Nascimento é um gran-
de exemplo.
Jonatas era um dos 10 filhos do Sr. Oliveira na zona
rural de Bom Jesus do Itabapoana, no Estado do Rio de Ja-
neiro, que tinha 8 anos quando seu pai precisou mudar para
a cidade grande em busca de uma vida melhor para a sua
família. À medida em que ele foi vencendo as adversidades,
ele foi trazendo toda a família para a região metropolitana
do Rio de Janeiro.
Ele tinha 12 anos quando a família voltou a se reagru-
par. Desde muito jovem acompanhou a dedicação e entu-
siasmo de sua mãe Izabel que se desdobrou para cuidar de
10 filhos longe do marido, e o valor da abnegação de um
pai amoroso que se reinventou para prover para a família.
É tocante o brilho nos olhos do Jonatas quando re-
lembra que seu saudoso pai Oliveira sempre dizia aos filhos
para adquirir conhecimento, porque isso ninguém poderia
lhes roubar, e por isso ele proporcionou aos 10 filhos a
oportunidade de cursar o ensino superior.
Quem tem a chance de prosear com essa figura gen-
te boa, ainda que por alguns instantes, costuma se admirar
com a sua habilidade de compartilhar conteúdos de valor
com mestria.
Chega a ser espantoso ouvir dele que o seu sonho na
adolescência era cursar jornalismo, mas que deixou essa
oportunidade passar porque tinha muito medo de falar
em público. Achava sua voz e o jeito com que fala muito
diferentes dos locutores da era do rádio e dos âncoras de
TV.
Deus tem os seus caminhos. Em 1976, o Jonatas pi-
sou pela primeira vez em um escritório de contabilidade
para trabalhar como office-boy, ou contínuo, como se fala-
va naquele tempo.
Não demorou muito e o diretor enxergou a sua se-
riedade e potencial para assumir novas responsabilidades.
Com o coração repleto de gratidão, ele se matriculou no
curso técnico de contabilidade e, em 1978, conquistou seu
primeiro diploma!
Gostou de trabalhar no meio contábil porque as leis
e normas mudam o tempo todo. O Jonatas é curioso como
uma criança e está sempre em busca de atualizações.
Certa vez ele me disse que um bom contador é como
um bom jornalista. Precisa ter boas fontes e energia para
buscar as informações mais credíveis.
Essa energia para aprender e compartilhar conheci-
mentos se reflete em muitas escolhas que ele fez. Quando
sua carreira contábil começava a decolar, aceitou ganhar
menos e mudou de trabalho para conciliar sua profissão
contábil com a faculdade de Letras.
Quando se licenciou, passou a trabalhar como pro-
fissional contábil durante o dia e professor de Português
à noite. Seu Instagram pessoal é repleto de ricas dicas de
português. Vale a pena seguir @jonatasnascimento2020.
Deu aulas em supletivo, ensino médio e até mesmo
em um seminário de Teologia. Pensa em alguém que vive a
máxima de que “quem quer muito arranja tempo, quem não
quer, arranja desculpa”...
Depois disso também conseguiu cursar e se graduar
em Recursos Humanos e Direito, além de completar algu-
mas dezenas de especializações e uma pós-graduação.
Ele me contou que depois de tudo isso, que para a
maioria das pessoas é encarado como um êxito estrondoso,
começou a sentir um incômodo vazio. De que lhe adiantava
aprofundar tantos temas seculares se faltava um propósito
mais elevado?
Ao começar a buscar a sua nova missão de vida, lem-
brou-se com muito carinho da sua grande família congre-
gando unida na Igreja Batista. A igreja sempre fez e sempre
fará parte da vida do diácono Jonatas Nascimento. O que eu
quero transmitir é que muita gente achava que mais cedo
ou mais tarde ele se tornaria pastor, como alguns de seus
familiares.
Só que o seu chamado foi diferente. Ele sentiu uma
vontade irresistível de usar o conhecimento que acumulou
ao longo da vida em favor das igrejas, para a honra e glória
de nosso Senhor e Salvador, como sinal de gratidão e forma
de retribuição.
Ao alinhar os seus atos a essa missão, foi coberto por
uma chuva de bênçãos.
O primeiro passo foi através de modestas aulas de
tesouraria e de gestão eclesiástica. Depois escreveu a pri-
meira edição da Cartilha da Igreja Legal, que nasceu como
um guia de consulta rápida de temas ligados ao cotidiano
administrativo, trabalhista, financeiro, fiscal e contábil de
quem administra uma igreja.
Nas edições seguintes começou a rechear essa carti-
lha com preciosas abordagens jurídicas, que fizeram enor-
me sucesso. Virou formador de opinião.
Ele relata que a sua “singela contribuição” para as
igrejas lhe mostrou que a Oração de São Francisco está cer-
ta quando diz que “é dando que se recebe”.
Com a semeadura da Cartilha da Igreja Legal, foi
premiado com uma colheita abençoada! Em pouco tempo
o seu escritório de contabilidade foi procurado por muitas
igrejas, recebeu os convites para integrar o Conselho Fiscal
da Convenção Batista Brasileira (CBB), o Conselho Fiscal
da Convenção Batista Fluminense (CBF) e a Comissão do
3º Setor do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de
Janeiro (CRC-RJ).
Também se tornou apresentador do quadro Religião
& Legislação dentro do programa semanal Reencontro da
TV Brasil e passou a ser colunista assíduo em diversas pu-
blicações especializadas.
Lembram que ele tinha muito medo de falar em pú-
blico por causa da sua voz? Pois bem, a sua voz continua
a mesma, mas a postura diante de uma plateia... quanta
diferença!
Hoje é um palestrante muito requisitado e recebe con-
vites do Brasil todo para falar sobre questões que orbitam a
administração eclesiástica. Já tive o prazer de dividir com
ele o auditório numa palestra na Igreja Memorial Batista do
Distrito Federal e testemunhei o seu enorme carisma.
Após três edições que já venderam mais de 10.000
exemplares e da distribuição gratuita de outros milhares de
versões digitalizadas, é seguro dizer que a Cartilha da Igreja
Legal aprimorou as suas carreiras de profissional contábil
e professor ao mesmo tempo em que lhe aproximou do so-
nho de criança de trabalhar com comunicação social, ainda
que tenha pulado a fase de “foca” e tenha ido direto para as
colunas de opinião.
Eu tenho uma notícia ruim e outra boa para quem
apreciar o excelente livro diante dos seus olhos. A notícia
ruim é que uma nova edição da Cartilha da Igreja Legal
deve demorar alguns anos para acontecer.
A notícia boa é que o Jonatas se comprometeu a elevar
o sarrafo e ampliar ainda mais os temas necessários a que
as igrejas andem na mão da lei e no fluxo da prosperidade,
e para ajudar aqueles que trabalham ou desejam trabalhar
como consultores de igrejas a estarem sempre atualizados.
Numa de nossas conversas surgiram as seguintes per-
guntas: por que umas igrejas prosperam e outras estão sem-
pre em dificuldades? O que as igrejas mais prósperas fazem
que as outras não fazem? O que elas evitam fazer e as outras
derrapam?
Nós mergulhamos no assunto e começamos a desven-
dar o segredo das igrejas mais prósperas. Essa sinergia nos
levou a criar o canal da Cartilha da Igreja Legal no YouTu-
be, a escrever a quatro mãos o primeiro de, quiçá, muitos
volumes da Nova Cartilha da Igreja Legal, que contará com
o prefácio de uma referência indiscutível nos meios secula-
res e eclesiásticos.
Inicialmente, a Nova Cartilha da Igreja Legal somen-
te será distribuída em brochura aos membros assinantes da
nossa mais ousada iniciativa: a Comunidade da Cartilha da
Igreja Legal, que está acessível a todos gratuitamente por
15 dias.
Por meio da Comunidade da Cartilha da Igreja Legal
nós estamos contribuindo para um ambiente que está levan-
do a administração de igrejas a outro patamar. Os gesto-
res eclesiásticos sabem o que pedir e almejar, e contadores,
advogados e consultores de igrejas sabem o que precisam
fazer para conquistar os seus clientes.
Faça um teste sem compromisso antes de tomar a de-
cisão de se alistar à parede de escudos da Comunidade da
Cartilha da Igreja Legal. Ela está ao alcance da sua mão, no
seu telefone celular. Basta seguir os seguintes passos:
1. Visite a loja de aplicativos e baixe gratuitamente o
app Hotmart Sparkle;
2. Cadastre as suas informações no aplicativo e preen-
cha o seu perfil;
3. Clique na lupa de pesquisa e procure pela “Comuni-
dade da Cartilha da Igreja Legal”;
4. Confira as informações sobre a comunidade e clique
no botão “Participar”;
5. Como se trata de uma comunidade privada exclusiva
para assinantes, é preciso escolher uma forma de pa-
gamento e marcar a opção de usufruir o teste grátis
de 15 dias de acesso irrestrito a todo o conteúdo da
comunidade;
6. Por exemplo, ao usar o cartão de crédito, haverá um
débito de um ou poucos centavos, que serão devolvi-
dos em instantes. Trata-se de um teste para validar o
seu cartão de crédito, que somente passará a ser efeti-
vamente cobrado após o período de “test drive”;
7. Uma vez feito esse procedimento, quando acessar o
aplicativo Hotmart Sparkle, clique no seu perfil, e
procure pelas comunidades que você participa; e
8. Ao entrar na Comunidade da Cartilha da Igreja Legal,
procure pelo Índice Interativo. Todas as segundas-
-feiras nós apagamos o índice anterior e publicamos
o novo índice atualizado, para que seja sempre fácil
encontrá-lo.
Esperamos por você do outro lado. Divirta-se! Os
seus comentários, sugestões e críticas são muito importan-
tes e bem-vindos.
Uma contribuição importante do trabalho que tive o
privilégio de desenvolver com o Jonatas Nascimento está
refletida na sugestão de estatuto para Igrejas Batistas que o
leitor encontrará neste livro.
Há alguns temas que poderão gerar perplexidade
pelo seu ineditismo, como a adoção de filiais por Igrejas
Batistas, a previsão de atividades secundárias para além da
PESCA e o Conselho Fiscal 2.0. Todas as dúvidas serão
prontamente respondidas nas aulas em vídeo e no material
de apoio dos cursos #Legalização de Igrejas e #Estatuto da
Igreja Legal, que estão na Comunidade.
Fora isso, a 4ª Edição da Cartilha da Igreja Legal con-
tinua sendo a melhor porta de entrada e o melhor guia de
consulta rápida para os meandros técnicos da administra-
ção eclesiástica. É um livro que respeita a inteligência e o
tempo do leitor. Uma prosa tão agradável quanto a que se
consegue conversando com o Jonatas Nascimento.
Vida longa à (Nova) Cartilha da Igreja Legal!

De Lisboa para o Rio de Janeiro, 04 de outubro de 2022.

Fernando Antonio Couto Gammino1

1 Advogado com mais de 10 anos de experiência no setor eclesiástico. Ba-


charel e mestre em Direito Empresarial pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro. Sócio de Jonatas Nascimento na Cartilha da Igreja Legal – Cur-
sos, Informações Objetivas e Mentoria Ltda. Sócio da Gammino Advogados
(www.gammino.com.br). Coautor do livro Governança Corporativa aplica-
da ao contexto empresarial brasileiro (2004). Coautor da Nova Cartilha da
Igreja Legal (2022). Ao lado de Jonatas Nascimento, é instrutor e curador da
Comunidade da Cartilha da Igreja Legal.
Sumário

Introdução...............................................................................17

1. A igreja, sua legalidade, seus direitos e obrigações:


Legislação aplicável................................................................19
1.1 A Igreja e o direito de autorregulamentação..................20
1.2 A Igreja e o Princípio do Direito Próprio.......................23
1.3 Imóvel sede da igreja: cuidados necessários.................23
1.4 Legalização como pessoa jurídica.................................24
1.5 Alvará de Localização....................................................25
1.6 Responsabilidade da igreja enquanto local de
aglomeração de pessoas.......................................................26
1.7 Imunidade tributária.......................................................26
1.8 Controvérsias acerca do IPTU.......................................27
1.9 Certificado de Aprovação do Corpo de Bombeiros.......28
1.10 Implantação do e-Social..............................................29
1.11 Principais obrigações fiscais........................................30

2. O INSS e o Imposto de Renda dos ministros e autônomos.. 33


2.1 INSS do pastor (De 1º de janeiro a 31 de dezembro
de 2022)...............................................................................33
2.2 Como e onde informar os recolhimentos do INSS na
declaração anual de IRPF do ministro religioso:.................36
2.3 IRFON: A partir do mês de abril de 2015:.....................37

3. Os “direitos” do pastor e demais ministros religiosos.....38


3.1 Como calcular as férias do pastor:.................................38
3.2 IRFON: Incidência sobre proventos ministeriais..........39
3.3 Pagamento do 13º salário ou gratificação natalina:.......43
3.4 Previdência, plano de saúde, FGTM, aluguel etc..........43
3.5 Previdência Privada Pastoral e demais ministros
religiosos..............................................................................44
3.6 Plano de Saúde Pastoral e demais ministros religiosos.44
3.7 Pastor Pessoa Jurídica? O que é isto?............................45
3.8 Pastor aposentado por invalidez pode pastorear?..........46

4. Dicas para o tesoureiro.......................................................52

5. A Igreja e suas relações trabalhistas..................................54


5.1 Quanto custa um funcionário para a igreja:...................54
5.2 Quanto custa um prestador de serviços para a igreja:....55
5.3 Direitos básicos do trabalhador.....................................55
5.4 Férias do empregado......................................................56
5.5 Atrasos...........................................................................57
5.6 Anotações e prazo para devolução na CTPS.................57
5.7 Principais ausências justificadas....................................58
5.8 Aviso Prévio...................................................................59
5.9 Indenização adicional....................................................60
5.10 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional........60

6. Dicas aleatórias....................................................................61

7. O lado empresa da igreja....................................................67

8. O que toda igreja precisa saber.........................................69


8.1 Sobre Imunidade............................................................69
8.2 Sobre hipóteses da suspensão ou da imunidade............70
8.3 Sobre aposentadoria pastoral.........................................71

9. A igreja e suas práticas comerciais....................................72

10. Não é só a Receita Federal que fiscaliza as igrejas.........74


11. Igrejas têm zelador ou faxineiro?...................................76

12. Sua igreja precisa cumprir a lei.......................................78

13. Pelo marco regulatório das organizações religiosas.......81


13.1 A Cartilha está evoluindo com as igrejas.....................83

Anexos......................................................................................87
14. Anexo I – Termo de Compromisso (FGTM/FAP).........88
15. Anexo II – Sugestão de Termo de Compromisso Mútuo:
Igreja X Pastor.....................................................................90
16. Anexo III – Sugestão de Plano de Contas para
Tesoureiros...........................................................................93
17. Anexo IV – Comprovante de caixa................................99
18. Anexo V – Comprovante de pagamento de proventos
pastorais.............................................................................100
19. Anexo VI – Modelo de ata de fundação de igreja
evangélica..........................................................................102
20. Anexo VII – Sugestão de Estatuto para Igrejas Batistas.104
21. Anexo VIII – Regras parlamentares.............................128
22. Anexo IX – Tabela de obrigações legais das
Organizações Religiosas....................................................139
Apêndice: Razões pelas quais toda igreja precisa
revisar os seus estatutos..................................................171
23. Anexo X – Os templos de qualquer culto e o Marco
Regulatório das Organizações da Sociedade Civil............141
24. Anexo XI – Teste os seus conhecimentos....................189

Glossário................................................................................196

Fontes de referências e ou indicações de leitura................198


Introdução

Confesso que fui muito despretensioso quando iniciei


este trabalho. Não imaginava as dimensões que pudesse
tomar. Era algo meramente informativo. Com o passar do
tempo percebi que eu poderia formar opinião e então resol-
vi adiar a ideia da produção de um trabalho mais abrangen-
te. Esta reedição em nada inibe a ideia do novo trabalho,
pois que dentro em breve estará disponível ao público que
milita em ambiente eclesiástico.
Este é um trabalho simples, porém prático, voltado
basicamente para quatro áreas da: igreja legal financeira,
trabalhista e de gestão. Contém informações precisas para
aqueles que militam nas áreas financeira e administrativa
das igrejas evangélicas em geral.
“Seguindo as orientações aqui contidas, mesmo aque-
le que jamais tenha exercido funções administrativas ou fi-
nanceiras, mas que tenha um pouquinho de boa vontade,
disposição e afinidade com números e papéis, será capaz de
atuar com desenvoltura na tesouraria de qualquer igreja”.
Este foi o depoimento de um dos participantes do cur-
so que ministrei no início da minha carreira.
O presente trabalho tem, portanto, como finalidade
equipar mordomos escolhidos por Deus e designados por
sua igreja para tão sublime missão. É óbvio que do admi-
nistrador espera-se a habilidade necessária para bem gerir
os negócios da igreja, de forma ética e transparente. É óbvio
que de um bom tesoureiro são esperados alguns requisitos,
tais como fidelidade, organização, disponibilidade, habili-
dade, transparência, humildade... Nenhuma igreja deve se-
quer cogitar a possibilidade de eleger um tesoureiro sem

17
tais qualificações. Também cabe frisar a grande responsabi-
lidade que pesa sobre os ombros do tesoureiro. Todos os ho-
lofotes estarão direcionados para a figura do tesoureiro. Os
críticos de plantão nunca dormem. Se não for transparente,
se não inspirar confiança, se não for dado a trabalho em
conjunto, se não for flexível em seus relacionamentos, toda
a comunidade sofrerá e alguns (in)fiéis chegarão ao extre-
mo de deixarem de entregar seus dízimos e ofertas, sob a
alegação de que não confiam no trabalho do tesoureiro.
Por outro lado, as igrejas devem ter o cuidado de es-
tabelecer alguns critérios para a escolha do seu tesoureiro.
Que seja alguém financeiramente equilibrado; que tenha vi-
vência eclesiástica (se a igreja resolver escolher um crente
novo, todo cuidado é pouco); que seja acessível; que goze
de boa reputação. Mas, acima de tudo, que encare tal tarefa
como ministério, porque de fato o é.
Finalmente, coloco-me à disposição para trocar e-
-mails, receber pedidos, convites para cursos e palestras,
como também críticas e sugestões através do e-mail: jona-
tasnascimento@hotmail.com. Se preferir, entre em contato
comigo: (21) 99247-1227.

“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e


constantes, sempre abundantes na obra do Se-
nhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no
Senhor” (I Coríntios 15.58).

18
1. A Igreja, sua legalidade,
seus direitos e obrigações:
Legislação aplicável

As organizações religiosas em geral, estabelecidas em


solo brasileiro, estão sujeitas ao ordenamento jurídico em vi-
gor. Em face do gozo da imunidade tributária garantida pela
Constituição Federal, não pagam impostos, mas precisam
observar e cumprir a legislação em seus múltiplos aspectos.
Sem comentários ou transcrições, pois isto farei na
outra obra que estou produzindo, cito as principais, que são
as seguintes:

a. Constituição Federal (Art. 150, inciso VI, alínea


“b”);
b Código Civil (Leis nº10.406/2002;
c. Lei nº10.825/2003;
d. Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966 –
art. 9º, caput, inciso IV, alínea “b” e Arts. 9º a 14).
e. Lei de Registros Públicos (Lei 6.015 de
31/12/1973);
f. Decreto nº119-A, de 7 de janeiro de 1890;
g. Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (De-
creto-Lei nº5.452, de 1º de maio de 1943;
h. Lei nº13.467, de 13 de julho de 2017;
i. Lei nº6.019, de 3 de janeiro de 1974;
j. Lei nº8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de
24 de julho de 1991;
k. Legislação Previdenciária: Instrução Normativa
RFB nº 971, Art. 58, inciso XXV, de 13/11/2009);

19
l. Decreto nº3.048/199; Decreto nº3.265/1999, arti-
go 214, § 16.
m. Leis estaduais (Variáveis);
n. Leis Municipais (Variáveis);
o. Conselho Federal de Contabilidade e Normas
Brasileiras de Contabilidade (NBC);
p. Regulamento do Imposto de Renda (Decreto
nº9.580/2018, de 22/11/2018);
q. Decreto-Lei nº5.844/1943, art. 31;
r. Resolução CFC Nº1.409/2012 – Interpretação
Técnica Geral-ITG 2002(R);
s. Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014;
t. Lei nº6.404/1976;
u. Direito Canônico; e
v. Acordo Brasil – Santa Sé (Decreto nº 7.107/2010)

1.1 A Igreja e o direito de


autorregulamentação

Com a devida vênia do autor, Pastor Roberto Carva-


2
lho , reproduzo aqui uma sugestão de sua lavra altamente
válida para constar do estatuto da igreja:
“Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos;
portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como
as pombas”. (Mateus 10:16).
Percebe-se um receio generalizado da ingerência do
Estado na igreja nas questões que envolvem a relação de
pares homossexuais. Se, por um lado, a igreja deve se acau-
telar diante dos homens mal intencionados, por outro, a

2 Pastor Roberto Carvalho: Advogado e ex-pastor da Primeira Igreja Batista


em Cabo Frio, RJ.

20
desinformação de muitos sobre a visão do Estado para com
a igreja, mormente os dispositivos elencados na Constitui-
ção Federal, tem provocado inquietações desnecessárias
diante de assuntos polêmicos, tais como a celebração de
casamento de homossexuais e a admissão de pessoas cujas
práticas contrariam os ensinamentos da igreja à luz da Bí-
blia. A igreja precisa aprender, além do senhorio de Cristo,
um pouco sobre a seguridade garantida pela Constituição
Federal e leis adjacentes. O Estado, mais do que a imposi-
ção aparente de obrigações que venham a ferir ou macular
a igreja, garante-lhe uma couraça protetora para o exercício
da missão espiritual de restauração do homem perdido e
de guardiã dos bons costumes tão necessários à família e à
Sociedade.
A igreja, enquanto pessoa jurídica de direito privado,
é uma organização religiosa, conforme preceitua o Código
Civil em seu art. 44, inciso IV (Incluído pela Lei nº10.825,
de 22/12/2003).
Em não havendo mudanças no texto constitucio-
nal, a liberdade religiosa oferece à igreja duas vertentes
interessantes:
a. “A liberdade religiosa não significa insubordi-
nação às obrigações genericamente impostas à
sociedade, nem pode servir de justificativa à im-
punidade. Por força da soberania interna do Esta-
do, todos os homens devem observância às leis,
sujeitos a sanções por seu descumprimento. Des-
ta forma, a igreja está sujeita ao império estatal,
como sucedâneo da própria vida em sociedade,
devendo respeito às leis vigentes, bem como às
autoridades constituídas, das três esferas de po-
der, federal, estadual e municipal.”

21
b. “Por sua vez, o direito de autorregulamentação,
por meio de Estatuto próprio, assegura à igreja o
poder de ditar as regras internamente aplicáveis.
Em adição a isso, pelas decisões dos seus órgãos
constituídos, a igreja exerce o poder de traçar seu
próprio destino. No campo do direito privado,
com preponderância do interesse particular, o Es-
tatuto criado pela igreja é a lei que regerá as situ-
ações fáticas acontecidas no âmbito interno desta,
aplicando-se, apenas, supletivamente a legislação
civil vigente. Ou seja, a lei civil somente entrará
em cena, no que couber, caso haja lacuna no esta-
tuto ou no regimento interno.”
Por isso, a igreja que não tem Estatuto devidamente
registrado ou omisso se arrisca a submeter-se ao poder su-
pletivo do Estado para decidir questões que deveriam ser de
sua exclusiva competência.
Se a igreja for cuidadosa na formalização de seu di-
reito e nos procedimentos para sua aplicação, não ficará
vulnerável aos problemas que assustam a muitos – e tão em
voga atualmente –, tais como homossexualidade, realização
de casamento de pessoas do mesmo sexo, pedofilia etc. “A
igreja, no exercício de seu direito, pode não admitir pessoas
indesejáveis. A liberdade de filiar-se a uma igreja está con-
dicionada à obediência aos pressupostos de admissão insti-
tuídos pela própria igreja.
Uma vez estabelecidos no estatuto os requisitos para
a admissão no rol de membros, o indivíduo que não os sa-
tisfizer não poderá exigir sua filiação. É, portanto, constitu-
cionalmente garantido à igreja a não-admissão de pessoas
que não se enquadrem nos moldes previstos no seu Estatuto.

22
O que não se admite, a princípio, é vedar a adesão
do indivíduo que se enquadra em todos os requisitos legais
e estatutários, pois, nesse caso, a igreja estaria violando o
direito à igualdade, eis que o ingresso na instituição estaria
puramente condicionado ao seu capricho, podendo selecio-
nar uma pessoa e segregar outra, ambas em situação jurídi-
ca homogênea.”

1.2 A Igreja e o Princípio do Direito Próprio

O melhor exemplo de Direito Próprio em relação


às organizações religiosas juridicamente constituídas é a
própria Igreja Católica Apostólica Romana, que possui o
seu Código de Direito Canônico e o seu Direito Religio-
so, os quais andam em conformidade com o Direito Civil
Brasileiro.
O direito de autorregulamentação abordado nesta
obra, embasado na Lei nº10.825/2003, está em plena con-
sonância com esta ideia.

1.3 Imóvel sede da igreja:


cuidados necessários

A construção ou aquisição de um imóvel para fins de


cultos deve merecer cuidados especiais, tais como locali-
zação, legalidade documental, padrão da edificação, ob-
servando-se a legislação pertinente, especialmente no que
tange a existência de escadas, acessos, ventilação, recuos,
posição de portas e janelas, vizinhança, acréscimos (ou
os famosos “puxadinhos”), acústica, conservação e outras
questões que mereçam cuidados, inclusive o Estatuto da Ci-
dade (Lei 10.257/2001), que já é realidade em todo o país.

23
1.4 Legalização como pessoa jurídica

De acordo com o art. 45 do Código Civil, a organi-


zação jurídica da igreja tem início com o registro do esta-
tuto no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do
município onde ela tem sede. Em seguida, deve ser feita a
inscrição no CNPJ e demais órgãos competentes. Acontece
que, por desconhecimento, comodidade ou não sei o quê,
até mesmo profissionais devidamente habilitados insistem
em afirmar que com estatuto registrado e o CNPJ em mãos
a igreja está legalizada. E mais: afirmam que igreja não está
obrigada a manter a sua contabilidade regular, tampouco
apresentar a RAIS anual, como também a declaração ECF
(Escrituração Contábil Fiscal), a GFIP (Guia de Informa-
ções à Previdência Social) periódica e que o pastor é isento
de recolhimento mensal de imposto de renda. Quanto des-
preparo! Que irresponsabilidade! Que lástima!
No dizer do competente professor Gilberto Garcia,
especialista em Direito Eclesiástico, estatuto é qual uma
roupa feita sob medida. Copiar estatuto de outra igreja pode
ser perigoso. Afinal, cada igreja traz consigo particularida-
des que não podem e não devem ser desprezadas.
Desde 22 de dezembro de 2003, as igrejas passaram
a ser regidas pela Lei nº10.825, que diz textualmente, em
seu artigo 1º:
“São livres a criação, a organização, a estruturação in-
terna e o funcionamento das organizações religiosas...”.
Em todos esses anos de atuação no ramo de assessoria
contábil, o caso que mais me chamou a atenção foi o que
passo a narrar: Fui procurado por um pastor para analisar o
projeto de estatuto da igreja que pretendia fundar. Pediu-me

24
atenção dobrada para um artigo que julgava muito impor-
tante. Curioso, folheei o documento até encontrar o artigo
que defendia a sua condição de presidente vitalício. Previa
que em caso de seu falecimento, a viúva ficaria com um
percentual do seu sustento ministerial até contrair novo ma-
trimônio; mas, em caso de seu falecimento, os filhos me-
nores seriam beneficiados com um percentual menor até
atingirem a maioridade. Em poucas palavras eu o convenci
do seu engano.

1.5 Alvará de Localização

“Templos religiosos não estão livres de alvará de fun-


cionamento”. O entendimento foi reafirmado pelo Conse-
lho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Para
os desembargadores, dispensar a exigência é interferir no
poder de polícia da administração pública e expor a risco a
integridade física dos fiéis.
A questão foi discutida numa Ação Direta de Incons-
titucionalidade. O TJ-DF já tinha julgado inconstitucional
uma lei do DF que liberava as igrejas da exigência de alvará
de funcionamento. No entanto, uma nova norma foi reedi-
tada pela Câmara Legislativa. O Ministério Público propôs,
então, nova ADI julgada procedente pelo Conselho Espe-
cial do Tribunal de Justiça.
Os desembargadores esclareceram que
“é por intermédio do alvará de funcionamento
que o poder público emite juízo positivo para
que determinada atividade comercial, industrial
ou institucional seja exercida”. “Os templos reli-
giosos não poderiam estar fora desse controle”.
(Texto capturado na internet em junho de 2012)

25
1.6 Responsabilidade da igreja enquanto local
de aglomeração de pessoas

É assustadora a representação que o Ministério Pú-


blico do Estado de São Paulo impetrou contra uma Igreja
em razão de um desabamento, quando vários fiéis tiveram
suas vidas ceifadas. Contudo, não é somente as igrejas que
devem ter o cuidado de obter das autoridades competentes
a sua licença para funcionamento, pois riscos de incêndio
e pânico são iminentes. A tragédia de um incêndio ocorrida
num estabelecimento de diversão em Santa Maria, no Es-
tado do Rio Grande de Sul, que ceifou a vida de quase três
centenas de jovens, serve de alerta.

1.7 Imunidade tributária

É certo que as organizações religiosas gozam de imu-


nidade tributária com base no art. 150, inciso VI, alínea “b”,
§ 4º, da Constituição Federal de 1988, que diz:
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias assegu-
radas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
.........................................................................
VI – instituir impostos sobre:
.........................................................................
b) templos de qualquer culto.
.........................................................................
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b”
e “c”, compreendem somente o patrimônio, a renda e os
serviços, relacionados com as finalidades essenciais das en-
tidades nelas mencionadas.”

26
1.8 Controvérsias acerca do IPTU

Durante muito tempo travou-se uma discussão acerca


da abrangência da imunidade sobre imóveis de propriedade
das organizações religiosas, porém não destinadas a culto.
Notamos na obra intitulada “Imunidades Tributárias” de au-
toria de Yoshiaki Ichihara, publicado pela Editora Atlas, que
doutrinadores de renome divergiam nesta questão quando
comparados, por exemplo, Pontes de Miranda e Sacha Cal-
mon Navarro Coelho: “Ficaram imunes a impostos os tem-
plos de qualquer culto; não, porém, as casas de residências
dos padres, pastores, rabinos etc, salvo se dentro do próprio
edifício do templo’. (Pontes de Miranda). Já Sacha Calmon
Navarro Coelho defendia que “...a moradia não está coberta
pela imunidade dos templos de qualquer culto”.
Outra questão controvertida é a que diz respeito ao
imóvel. No passado, o templo de qualquer culto era um
edifício erguido para culto, com arquitetura típica. Hoje os
templos estão em lugares os mais inusitados, como em ga-
ragens, salas, cinemas, salões, galpões, lojas, residências e
todo tipo de edificação. De modo geral, até então a imuni-
dade era reconhecida à luz de documentos que comprovas-
sem a titularidade do imóvel: escritura pública de compra
e venda e IPTU em nome da organização religiosa eram
exigências legais. E agora, diante dessa nova realidade,
quando a maioria das organizações religiosas alugam, e não
constroem seus templos, caberá imunidade? O silêncio da
lei gerava muita inquietação.
Em 2003 o Supremo Tribunal Federal editou a Sú-
mula 724 que pacificou uma questão que operadores do Di-
reito entendem estender-se às organizações religiosas, que
versa sobre a abrangência da imunidade a todos os imóveis

27
da organização religiosa, mediante condição óbvia: “Ain-
da quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU
o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas
pelo art. 150, VI, “c”, da constituição, desde que o valor
dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais
entidades”.

1.9 Certificado de Aprovação


do Corpo de Bombeiros

A Constituição Federal, em seu artigo 150, inciso VI,


garante, aos templos de qualquer culto, a imunidade de tri-
butação dos impostos que incidem sobre sua estrutura fí-
sica. O objetivo é garantir, assim, a liberdade religiosa no
País.
O benefício, entretanto, nada tem a ver com as
obrigações que o templo religioso tem com o
município e os órgãos de fiscalização e emis-
são de alvará de segurança, como o Corpo de
Bombeiros, que devem, obrigatoriamente, ser
cumpridas. Trata-se apenas de imunidade sobre
impostos relativos ao prédio, como IPTU, por
exemplo. Depois de constituída a personalidade
jurídica, segundo José Antônio de Oliveira Neto,
diretor da Área de Administração Tributária da
Secretaria de Finanças, o templo de qualquer
culto deve cumprir todos os trâmites legais obri-
gatórios e um deles é a Inscrição Municipal. O
fato de preencher os requisitos para estar imune
ao pagamento de impostos não isenta o templo
de estar em dia com esta obrigação.
(Texto capturado na internet em junho de 2012)

28
1.10 Implantação do e-Social

Integrante do SPED (Sistema Público de Escritura-


ção Digital), o e-Social – Sistema de Escrituração Digital
das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas en-
trou em vigor para as organizações religiosas a partir de 1º
de janeiro de 2018, posteriormente prorrogados os prazos,
conforme tabela abaixo. O objetivo é unificar o envio de
informações pelo empregador referente aos seus emprega-
dos. Carece de alguns acertos e está sendo desenvolvido,
em conjunto, pela CEF, pelo INSS, pelo Ministério da Pre-
vidência Social (MPS), pelo Ministério da Economia (ME)
e pela Secretaria da Receita Federal. A novidade é que o
pastor e demais ministros religiosos vinculados à Igre-
ja devem ser informados no programa e-Social, devendo
constar os seus dados, bem como valor dos seus proventos,
imposto de renda retido na fonte e valor da contribuição
previdenciária. Igualmente, os seus dependentes devem ser
informados (nome, CPF, RG, endereço residencial e data de
nascimento).

Prazos para organizações imunes e isentas imple-


mentarem o e-Social:

Cadastro do empregador e tabelas Julho de 2018


Dados dos trabalhadores Setembro de 2018
Folha de pagamento Novembro de 2018

29
1.11 Principais obrigações fiscais

Embora sejam impostas outras obrigações fiscais às


organizações religiosas, resolvi dar alguns destaques aqui,
tendo em vista que as multas são mais pesadas. É aconse-
lhável que cada igreja tenha uma boa assessoria contábil e
jurídica.
DCTF inativa: Esta obrigação substituiu a DSPJ – Decla-
ração Simplificada de Pessoa Jurídica – Inativa
Prazo de Entrega: Até 22 de maio. Instrução Normativa
nº1.697, DOU de 06/03/2017 (Obs.: Esta data pode ser al-
terada por meio de ato legal).
ECF (Escrituração Contábil Fiscal): Esta obrigação con-
siste num arquivo digital que substituiu a DIPJ (Declaração
de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica), a
partir do ano-calendário de 2014.
Escrituração Contábil Digital (ECD): Foi publicada no
Diário Oficial da União a Instrução Normativa RFB nº
1.894/2019, que prevê que a escrituração das operações de
sociedade em conta de participação deverá ser efetuada em
livros próprios. A legislação anterior previa que estas enti-
dades poderiam apresentar a escrituração como livros auxi-
liares do sócio ostensivo, mas esta possibilidade foi extinta
com a publicação do Regulamento do Imposto de Renda
em novembro de 2018, o que motivou a adequação da nor-
ma. A Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº
1.894/2019 também alterou o valor limite para dispensa da
obrigatoriedade de apresentação da Escrituração Contábil
Digital (ECD) das pessoas jurídicas imunes e isentas. Com
o objetivo de simplificar as obrigações acessórias, ficam

30
dispensadas de apresentar a ECD as entidades imunes e
isentas que auferirem, no ano-calendário, receitas, doações,
incentivos, subvenções, contribuições, auxílios, convênios
e ingressos assemelhados cuja soma seja inferior a R$ 4,8
milhões. O limite anterior era de R$ 1,2 milhão.
Escrituração Fiscal Digital (EFD): Desde o ano calendá-
rio 2015 todas as organizações religiosas estão obrigadas a
entregar a ECF, independentemente do montante de receita,
ausência de empregados, remunerações ao seu ministro re-
ligioso. A EFD-Contribuições será transmitida mensalmen-
te ao SPED até o 10º (décimo) dia útil do 2º (segundo) mês
subsequente ao que se refira a escrituração.
Assinatura do Livro Digital: O livro digital deve ser as-
sinado obrigatoriamente pelo presidente da organização re-
ligiosa e por profissional contábil, devidamente habilitado
junto ao Conselho Regional de Contabilidade. Para tanto, é
indispensável que ela possua o certificado digital. Eventu-
almente, pode-se utilizar procuração eletrônica da Receita
Federal.
Importante: A organização religiosa deve manter atualiza-
do o seu estatuto e as suas atas. Ambos devem ser levados
a registro público em Cartório, sob pena de nulidade. Em
caso de falta de atualização, a organização não obterá o seu
Certificado Digital.
CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempre-
gados Mensal: Até o dia 7 (sete) do mês subsequente ao da
admissão ou demissão.
Observação: A legislação prevê, ainda, a obrigatoriedade de
entrega do CAGED diário, quando se tratar de admissão de
empregado em gozo de benefício de seguro-desemprego.

31
PIS sobre Folha de Pagamento: É uma obrigação tributá-
ria devida pelas organizações religiosas, inclusive, à base de
1% sobre a folha de pagamento de salários, mensalmente.
DIRF – Declaração do Imposto Sobre a Renda Retido na
Fonte: No que diz respeito a organização religiosa, trata-se
de uma declaração anual prestada à Secretaria da Receita
Federal, dela constando basicamente os valores recolhidos
na fonte, bem como recolhimentos de PIS sobre a folha de
pagamento. O prazo vai até o último dia útil do mês de fe-
vereiro de cada ano.
GFIP/SEFIP: Ainda que negativa, deve ser apresentada
em janeiro e dezembro de cada ano.
Alvará de Localização: Esta exigência varia de município
para município, por isso é importante consultar a legislação
municipal. Veja tópico 1.3.
INSS-Guia: Recolhimento através de guia própria, inci-
dente sobre folha de pagamento de funcionários, pagamen-
tos efetuados a autônomos e outros prestadores de serviços
e serviços tomados de pessoas jurídicas, até o dia 20 de
cada mês seguinte ao vencido.
INSS-Carnê: Recolhimento através de carnê até o dia 15
de cada mês seguinte ao vencido.
FGTS: Recolhimento através de guia própria até o dia 7 de
cada mês seguinte ao vencido.
Contribuição Sindical dos empregados: Recolhimento
através de guia própria de acordo com dispositivos legais.

32
2. O INSS e o Imposto de Renda
dos ministros e autônomos

2.1 INSS do pastor (De 1º de janeiro a


31 de dezembro de 2022)

De acordo com legislação vigente, não se conside-


ra como remuneração direta ou indireta, para os efeitos da
Lei, os valores despendidos pelas organizações religiosas e
instituições de ensino vocacional, como ministro de confis-
são religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de
congregação ou de ordem religiosa em face de seu mister
religioso ou para sua subsistência, desde que fornecidos em
condições que independam da natureza e da quantidade do
trabalho executado. Assim, sobre este tipo de pagamento
não incide nenhuma contribuição, pois ele não é conside-
rado como remuneração. Cumpre salientar, também, que
o Ministro de Confissão Religiosa é considerado segurado
obrigatório da Previdência Social na qualidade de contri-
buinte individual (Decreto 3.048/1999). Caso o valor re-
cebido pelo ministro de confissão religiosa ou membro de
instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem
religiosa em face do seu mister religioso ou para sua sub-
sistência independa da natureza e da quantidade do traba-
lho executado, caberá ao próprio contribuinte individual
o recolhimento da sua contribuição que corresponde, de
1º/01/2022 a 31/12/2022, a 20% (vinte por cento) sobre
o valor por ele declarado, observados os limites mínimo
(R$1.212,00 x 20% = R$242,20) e máximo (R$7.088,51

33
x 20% = R$1.417,70) de salário-de-contribuição. Desta
forma, caso este valor seja pago para a sua subsistência,
não incidirão os referidos recolhimentos, pois nesse caso o
próprio contribuinte fará seu recolhimento através de car-
nê, aplicando a alíquota de 20% sobre sua remuneração,
utilizando o código 1007. Ainda que aposentado por tempo
de contribuição, o ministro religioso em atividade continua
sendo contribuinte obrigatório, mas neste caso poderá optar
pela contribuição simplificada à alíquota de 11% sobre o
salário mínimo, utilizando-se o código 1163.
Caso o Ministro Religioso receba remuneração pe-
los serviços prestados de forma diferenciada, conforme a
quantidade de serviços prestados, incidirão por parte da
Organização Religiosa, sobre esta remuneração, tanto a
importância correspondente a 20% a título de renda ecle-
siástica sobre o valor pago mensalmente ao seu ministro
religioso em questão, quanto o recolhimento de 11% a títu-
lo de contribuição previdenciária do contribuinte individual
que lhe presta serviços.
O texto da Lei 13.137/2015, se não interpretado
cuidadosamente, pode trazer sérios problemas tanto para
igrejas como para ministros religiosos, pois profissionais
da contabilidade e operadores de Direito têm dividido opi-
nião quanto à sua aplicabilidade. Salvo melhor juízo, en-
tendo que não somente os proventos devem ser oferecidos
à tributação do imposto de renda, mas também eventuais
benefícios que a igreja venha a conceder ao ministro reli-
gioso contratado. Veja Solução de Consulta SRF nº63, de
25/09/2009.

34
Possibilidades de recolhimento de INSS em 2022:

Valor da Prebenda Contribuição Sim/não


R$1.000,00 R$110,00 Não (1)
R$1.000,00 R$220,00 a 1.286,71 Sim (2)
R$5.531,31 De 220,00 a R$1.286,71 Sim (3)
R$10.000,00 R$220,00 a 1.286,71 Sim (4)
R$10.000,00 R$2.000,00 Não (5)

1. Este valor de contribuição corresponde 11% do


Salário Mínimo, mas não se aplica ao ministro
religioso.
2. Este é o valor mínimo de contribuição previdenci-
ária para a classe de ministros religiosos (20% do
Salário Mínimo vigente). Ainda que aposentado,
o ministro religioso que permanece pastoreando,
deverá efetuar esse recolhimento mínimo.
3. Este é o valor máximo de contribuição previden-
ciária para a classe de ministros religiosos.
4. Embora ganhe R$10.000,00 a título de proventos
ministeriais, ainda assim o ministro religioso pode
optar pelo recolhimento mínimo obrigatório.
5. É vedado ao ministro religioso contribuir com va-
lor mensal superior ao previsto na legislação.
Nota: O valor da contribuição poderá variar entre R$242,40
e R$1.417,70 de um mês para o outro, sem risco de come-
timento de irregularidade perante a Previdência Social. De
todo modo, quando o ministro religioso for requerer a sua
aposentadoria, serão computadas todas as suas contribui-
ções para fins de definição do valor do benefício.

35
2.2 Como e onde informar os recolhimentos
do INSS na declaração anual de IRPF do
ministro religioso:

Em qual campo do programa da Declaração do Im-


posto de Renda devo informar os pagamentos efetuados a
título de contribuição previdenciária do Ministro de confis-
são religiosa?
Resposta: Considerando ser a fonte pagadora dos
rendimentos (organização religiosa) pessoa Jurídica, os
rendimentos recebidos, bem como os eventuais impostos
retidos na fonte devem ser lançados na ficha “Rendimentos
Tributáveis Recebido de Pessoa Jurídica”, conforme página
49 e 50 do Ajuda do Programa IRPF 2018. Contudo, con-
forme orientação mais recente da Receita Federal, o total
das contribuições pode ser inserido no Informe de Rendi-
mentos da fonte pagadora.
Quanto a Previdência Oficial (INSS), conforme pre-
visto no inciso I, art. 86 da Instrução Normativa RFB nº
1.500/2014 esta poderá ser considerada dedutível para fins
de apuração do Imposto de renda.
“Art. 86. São admitidas, a título de dedução, as
contribuições:
I – para a Previdência Social da União, dos esta-
dos, do Distrito Federal e dos municípios;
(...)
§ 2° Quando a fonte pagadora não for responsá-
vel pelo desconto da contribuição previdenciária,
o valor pago a esse título pode ser considerado
para fins de dedução da base de cálculo sujeita
ao imposto mensal, desde que haja anuência da

36
fonte pagadora e que o beneficiário lhe forneça o
original do comprovante de pagamento.
(...)”

Sendo a Previdência Oficial (INSS) recolhida pelo


próprio profissional autônomo, o mesmo deverá ser lança-
do na ficha “Rendimentos Tributáveis Recebido de PF/Ex-
terior” na aba “outras informações” na coluna “Previdência
Oficial”, conforme página 59 do Ajuda do Programa IRPF
2018.

2.3 IRFON: A partir do mês de abril de 2015:

Base de Cálculo (R$) Alíquota Parcela a deduzir


(%) do IR (em R$)
Até 1.903,98 - -
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36
Dedução por dependente: R$189,59
Fonte: Medida Provisória nº 670/2015
(Recomendável confirmação através do site www.receitafederal.org.br)

37
3. Os “direitos” do pastor e
demais ministros religiosos

Embora não regidos pela Consolidação das Leis do


Trabalho (CLT), tem sido praxe a igreja conceder ao seu
pastor direitos análogos, tais como férias (acrescidas de
um terço), 13º salário, FGTM/FAP, fundo previdenciário e
outros.
Particularmente, defendo que a igreja que deliberar
honrar o seu ministro com tais benefícios, à exceção do
FGTM/FAP, que o faça mensalmente com base na média
aritmética simples mensal, assim:

Proventos + Férias + Gratificação natalina + Outros = X ÷ 12 = R$...

Entendo que desta forma a igreja simplificará o seu


orçamento, minimizará a tributação do IRFON e haverá
menor variação de saídas em meses distintos, além de não
ter que se preocupar com fundos de reservas para tais fins.

3.1 Como calcular as férias do pastor:

A título de exemplo, suponhamos um pastor com pro-


vento mensal de R$6.000,00 (seis mil reais). Neste caso, se
a Igreja adotar o princípio da equiparação, o valor devido
bruto será de R$8.000,00 (oito mil reais).

Obs.1: No caso de mês quebrado, pode-se pagar os dias


trabalhados antes ou depois do gozo das férias.

38
Obs.2: Este valor deverá ser pago até três dias antes do
início do gozo das férias.
Obs.3: É certo que sobre esse valor será estabelecida a base
de cálculo para fins de recolhimento do IRFON (Imposto
de Renda Retido na Fonte).

3.2 IRFON: Incidência sobre proventos


ministeriais

A promulgação da Lei nº 13.137, de 2015 levou mui-


tos profissionais da área contábil e do Direito e, por exten-
são, os ministros de confissão religiosa, a entenderem que a
partir de então não haveria incidência de imposto de renda
na fonte sobre os seus proventos e eventuais benefícios.
Desde então, passaram a me consultar e, para a minha
felicidade, a Receita Federal do Brasil editou a Solução de
Consulta nº 254 – Cosit, datada de 26 de maio de 2017, que
passo a transcrever parte dela, com grifos meus, para facili-
tar o entendimento dos meus leitores:
“RETENÇÃO NA FONTE. MINISTROS DE
CONFISSÃO RELIGIOSA: Estão sujeitos à in-
cidência do Imposto sobre a Renda na Fonte os
valores despendidos pelas entidades religiosas
com ministros de confissão religiosa, conforme
a tabela progressiva do IRRF.
Dispositivos Legais: Decreto nº 3.000, de 1999,
Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99),
art. 167 c/c o art. 628.
Relatório: A interessada, acima identificada,
entidade religiosa sem fins lucrativos, dirige-
-se a esta Superintendência para formular

39
CONSULTA sobre a isenção do Imposto
sobre a Renda em relação aos rendimen-
tos recebidos por Ministros de Confissão
Religiosa.
2. Cita a Lei nº 13.137, de 2015, que, em seu
art. 7º, incluiu o § 14 no art. 22 da Lei nº 8.212,
de 1991, afirmando que o § 13 desta lei dispõe
que os rendimentos dos ministros religiosos
não configuram remuneração direta ou indireta,
concluindo que a renda de ministros religiosos,
padres e pastores estariam isentos do imposto
sobre a renda.
3. Assim, indaga sobre a correta interpretação da
Lei nº 13.137, de 2015, questionando se as enti-
dades religiosas, às quais estão vinculados tais
ministros de confissão religiosa, estão desobri-
gadas à retenção e ao recolhimento do imposto
sobre a renda.
4. Inicialmente, da análise da Lei nº 8.212, de
1991, citada pela consulente, depreende-se que
o art. 22, em seu § 13, define que não se con-
sidera remuneração direta ou indireta, para os
efeitos dessa Lei, os valores despendidos pelas
entidades religiosas com ministro de confissão
religiosa, em face do seu mister religioso ou para
sua subsistência, desde que não dependam da
natureza e da quantidade de trabalho executado.
Observe-se que o disposto no referido parágra-
fo possui efeitos para essa Lei, ou seja, para os
dispositivos nela contidos, relacionados à Segu-
ridade Social.
5. Assim, em relação ao INSS, sobre este tipo
de pagamento não incide nenhuma contribuição,

40
pois não se trata de remuneração, direta ou indi-
reta. No entanto, cumpre salientar que o ministro
religioso é considerado segurado obrigatório da
Previdência Social na qualidade de contribuin-
te individual (Decreto nº 3.048, de 1999). Desta
forma, do valor recebido, caberá ao próprio mi-
nistro, como contribuinte individual, o recolhi-
mento da sua contribuição, que corresponderá a
20 % sobre o valor por ele declarado, observa-
dos os limites mínimo e máximo de salário de
contribuição.
6. A Lei nº 13.137, de 2015, alterou a redação do
art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, acrescentando,
no § 14, dois incisos para efeito de interpreta-
ção do § 13, com o intuito apenas de esclarecer
melhor o assunto. Mas, conforme já exposto, o
§ 13, e consequentemente o § 14, trazem defini-
ções para os efeitos da Lei nº 8.212, 1991, que
trata da Seguridade Social, e, portanto, não trata
do imposto sobre a renda.
7. Desta forma, não há como se extrair do conti-
do na Lei nº 13.137, de 2015, a conclusão sobre
a obrigatoriedade ou não da retenção do imposto
de renda sobre os rendimentos pagos aos minis-
tros religiosos.
8. Observe-se que os ministros religiosos não
têm vínculo empregatício com a pessoa jurídica
pagadora (igreja etc.), pois inexiste contrato de
trabalho com a organização religiosa, sendo os
valores por eles recebidos caracterizados como
rendimentos do trabalho não assalariado.
9. O disposto no art. 167 c/c o art. 628, ambos do
Decreto nº 3.000, de 1999, Regulamento do Im-
posto de Renda (RIR/99), determina a retenção

41
do Imposto de Renda na Fonte para os rendimen-
tos do trabalho não assalariado, pagos por essas
entidades, como se observa a seguir:
“Art. 167. As imunidades, isenções e não inci-
dências de que trata este Capítulo não eximem
as pessoas jurídicas das demais obrigações pre-
vistas neste Decreto, especialmente as relativas à
retenção e recolhimento de impostos sobre ren-
dimentos pagos ou creditados e à prestação de
informações (Lei nº 4.506, de 1964, art. 33).
Parágrafo único. A imunidade, isenção ou não
incidência concedida às pessoas jurídicas não
aproveita aos que delas percebem rendimen-
tos sob qualquer título e forma (Decreto-Lei nº
5.844, de 1943, art. 31).
(...)
Art. 628. Estão sujeitos à incidência do impos-
to na fonte, calculado na forma do art. 620, os
rendimentos do trabalho não-assalariado, pagos
por pessoas jurídicas, inclusive por cooperativas
e pessoas jurídicas de direito público, a pessoas
físicas (Lei nº 7.713, de 1988, art. 7º, inciso II).
(grifos acrescidos)
10. Portanto, os valores recebidos pelos minis-
tros religiosos estão sujeitos à incidência do Im-
posto sobre a Renda na Fonte e na Declaração de
Rendimentos das pessoas físicas beneficiárias,
visto que não gozam de imunidade ou isenção
(exceção feita, obviamente, aos valores pagos
dentro do limite de isenção da tabela progressiva
do IRRF).
Conclusão

42
11. À vista do exposto, responde-se à consulen-
te que, sobre a importância paga aos ministros
de confissão religiosa, incide o Imposto de Ren-
da na Fonte, conforme a tabela progressiva do
IRRF, devendo a consulente aplicar a tabela e
reter o valor correspondente, o qual deverá ser
recolhido por meio de guia própria (DARF).

3.3 Pagamento do 13º salário


ou gratificação natalina:

Cada parcela deverá corresponder a 50% (cinquenta


por cento) do valor percebido pelo ministro, devendo a pri-
meira parcela ser paga até o dia 30 de novembro; e a segun-
da até 20 de dezembro.

3.4 Previdência, plano de saúde,


FGTM, aluguel etc.

Tem sido prática cada vez maior entre as igrejas as-


sumir o pagamento do INSS, Plano de Saúde, FGTM/FAP
(Fundo de Garantia de Tempo de Ministério ou Fundo de
Amparo ao Pastor), aluguel residencial e outros benefícios
para os seus pastores. É evidente que a maioria maciça das
igrejas não pode arcar com todos os benefícios aqui men-
cionados, mas a nossa sugestão é que pelo menos o INSS
e o FGTM sejam assumidos pela Igreja, já que do INSS o
pastor vai depender para uma aposentadoria mais tranquila.
Já o FGTM equivale a “indenização” quando ele deixar o
pastorado local, tornando-se um fundo de subsistência até
que ele seja convidado para um novo ministério.

43
Nesta obra, apresentamos um modelo de Termo de
Compromisso ditando normas sobre o FGTM, elaborado
pelo experiente Dr. Genésio Pereira, que poderá ser adapta-
do à realidade da igreja.
Importante ressaltar que outras igrejas adotam bene-
fício similar, dando-lhe diferente nomenclatura, como por
exemplo, Fundo de Assistência Pastoral (FAP), mas o obje-
tivo é o mesmo.

3.5 Previdência Privada Pastoral


e demais ministros religiosos

Quando não for possível fazer uma previdência priva-


da mais avantajada para o ministro, faça uma modesta, mas
faça. Não direcione todos os seus investimentos para um
futuro tranquilo somente na previdência oficial (INSS). Os
bancos que oferecem esse serviço têm-se mostrado bastante
sólidos.

3.6 Plano de Saúde Pastoral


e demais ministros religiosos

Se contratado pela pessoa física e pago pela Igreja,


incorpora aos proventos, em forma de benefícios e há in-
cidência de Imposto de Renda. Se contratado em nome da
pessoa jurídica, além de ficar mais barato, não incorpora
aos proventos pastorais.

44
3.7 Pastor Pessoa Jurídica? O que é isto?

O pastor de igreja local que for orientado a inscrever-


-se como Microempreendedor Individual (MEI) para rece-
ber os seus proventos mediante emissão de nota fiscal de
serviços prestados estará cometendo um equívoco, do pon-
to de vista fiscal. Dentre os motivos está a ausência dessa
categoria no rol das atividades permitidas pela legislação
pertinente.
Há profissionais da contabilidade e do Direito que es-
tão orientando mal as igrejas e seus pastores. Se invocam a
lei, ou silêncio dela, eu preciso saber se estão se referindo
à lei civil ou à lei moral. Ora, a lei moral transcende a lei
civil.
Eu jamais orientaria uma igreja a formalizar o seu
ministro religioso perante o fisco como MEI (Microempre-
endedor Individual), EIRELI (Empresa Individual de Res-
ponsabilidade Limitada). Afinal, o ministro religioso não é
nem uma coisa, nem outra. Ele é muito mais que isso.
Observe que a legislação previdenciária não deixa
dúvidas sobre o tratamento dado ao ministro religioso.
Endossado pelo antigo Regulamento do Imposto de
Renda Decreto 3.000, em seu art. 67, Parágrafo Único,
asseverava que “A imunidade, isenção ou não incidência
concedida às pessoas jurídicas não aproveita aos que dela
percebam rendimentos sob qualquer título e forma”. Igual-
mente, o novo RIR/2018 endossa essa posição.
“Desta forma, os rendimentos percebidos pelos pas-
tores são tributados normalmente pelo imposto de renda,
sujeitando-se a tabela progressiva mensal e as demais re-
gras de retenção e deduções da base de cálculo para o im-
posto de renda”.

45
Há, contudo, outras implicações que prefiro não as
mencionar aqui.

3.8 Pastor aposentado por invalidez


pode pastorear?

Quando recentemente publiquei um artigo voltado


aos pastores, falando de aspectos previdenciários com im-
plicações diretas sobre filiação, contribuição e aposenta-
doria, fizeram-me uma consulta que agora a torno pública,
a fim de que outros pastores tenham tal informação, que
considero de extrema relevância. O assunto causou certa
controvérsia e acabou por ensejar um parecer jurídico as-
sinado pelo competente pastor batista e advogado Marcelo
Rosa, especialista em direito eclesiástico, que gentilmente
nos autorizou a sua inserção aqui.
A pergunta é a que dá título a este artigo: “Pastor apo-
sentado por invalidez pode pastorear?” Antes de responder,
gostaria de sugerir que a formulação mais correta para esta
pergunta seria o consulente perguntar se o ministro religio-
so aposentado por invalidez pode pastorear e receber pro-
ventos da igreja à qual ele serve.
Há um brocardo jurídico provindo do latim que vati-
cina que “dura lex sed lex”, ou seja, a lei é dura, mas é lei.
Neste sentido, passo a esclarecer que, de acordo com
a legislação previdenciária vigente, o ministro de confissão
religiosa é contribuinte obrigatório da Previdência Social
(INSS) e, portanto, não goza de tratamento diferenciado.
Nessa condição de aposentado por invalidez, não há que se
falar em atividade remunerada, tampouco em recolhimento
da contribuição mensal, considerando que ele foi declarado

46
incapacitado para qualquer atividade laboral (leia-se ativi-
dade remunerada).
Neste caso, estando ele aposentado por invalidez, e
movido por sua vocação sacerdotal, que se traduz pelo afã
de propagar o Evangelho, poderá fazê-lo, porém não poderá
receber da fonte pagadora, que é a igreja ou organização
similar que o tenha contratado na condição de ministro de
confissão religiosa, sem vínculo de emprego, sob pena de
ter cassada a sua aposentadoria. Esta é a dura verdade.
Diante deste cenário, não se vislumbra outra possi-
bilidade, já que os recursos recebidos pela organização re-
ligiosa em forma de dízimos, ofertas e outros devem ser
contabilizados de acordo com o rigor das Normas Brasilei-
ras de Contabilidade, bem como com a legislação do Im-
posto de Renda.
Argumentos contrários a este entendimento, porém
sem muita consistência, apontam para as particularidades
da atividade do ministro de confissão religiosa, afirman-
do que não se trata de atividade profissional, que não há
caracterizada a contrapartida pelo exercício do ministério
pastoral e por aí vai. É preciso muito cuidado. Aconselho
àqueles que porventura se encontrem nessa situação que se
preparem para uma eventual demanda judicial, pois a ten-
dência do INSS será cassar tal benefício, retroativamente à
data da concessão do mesmo.

CONSULTA JURÍDICA – RAZÃO DA CONSULTA: In-


daga o consulente sobre a possibilidade do beneficiário de
aposentadoria por invalidez (doença) concedida pelo INSS,
voltar a exercer atividade laborativa remunerada, inclusive
com retenção e pagamento de IRRF e de cota previdenciá-
ria. No caso ora examinado, o aposentado pretende exercer

47
função remunerada de pastor evangélico, e em tal condição
passará a receber sustento ministerial na qualidade de Mi-
nistro Religioso.

Parecer:
A aposentadoria em questão foi concedida, em tese,
pelo INSS após a constatação pericial de que o segurado é
portador de doença grave que o incapacita totalmente para
o trabalho.
A incapacidade funcional pode ser decorrente de
doença profissional ou de acidente de trabalho, mas, em
qualquer das modalidades deve ser considerada “grave” o
suficiente a ponto de incapacitar o segurado para o traba-
lho. Tal modalidade de benefício previdenciário está regu-
lamentada pelos artigos 42/47 da Lei 8.213 de 1991 e pelo
Decreto Lei nº3048 de 1999 em seus artigos 43/50.
Em resumo, a aposentadoria por invalidez, pode ser
até definitiva, entretanto, a princípio é provisória. Defini-
tiva será se o segurado jamais se recuperar da doença; e
provisória, na medida em que se o segurado for curado e re-
cuperar sua capacidade laborativa, a aposentadoria poderá
ser cancelada pelo órgão previdenciário.
Dispõe o Artigo 48 do Decreto 3048/99 que
“O aposentado por invalidez que retornar volun-
tariamente à atividade terá sua aposentadoria,
automaticamente cassada, a partir da data do
retorno”.

No mesmo sentido é o Art. 46 da Lei 8213/91 que dis-


põe: “O aposentado por invalidez que retornar voluntaria-
mente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente
cancelada a partir da data do retorno”.

48
A Autoridade Previdenciária, logo que tomar conhe-
cimento do retorno do segurado à atividade laborativa, seja
ela qual for, ainda que em atividade diversa daquela na qual
trabalhava anteriormente o segurado, cancelará automatica-
mente a aposentadoria por invalidez.
Deste modo, sem maiores justificativas, o próprio
nome iuris já diz, que a aposentadoria é por invalidez, e
logicamente, ao retornar à atividade laborativa o segurado
estaria dando prova irrefutável de que a “invalidez” não
existiria mais!
Decidindo voltar ao mercado de trabalho o aposen-
tado por invalidez deverá comunicar à Autoridade Previ-
denciária o restabelecimento de sua saúde e a decisão de
tornar-se novamente trabalhador ativo. Tal comunicação,
entretanto, poderá se dar de modo tácito, ou seja: quando
de volta ao trabalho, a empresa empregadora ou o segura-
do individual fizer o primeiro recolhimento previdenciário
vinculado ao CPF do “aposentado por invalidez”, a aposen-
tadoria será automaticamente cancelada.
É fato que muitos cidadãos “aposentados por invali-
dez”, em caso de necessidade, passam a exercer atividades
remuneradas no chamado “mercado informal” para com-
plementação de renda mensal.
Tais atividades não oficializadas e sem qualquer tipo
de registro não são, em regra, “descobertas” pela Previdên-
cia Social. Entretanto se o “aposentado por invalidez” tiver
a Carteira de Trabalho assinada; se fizer um cadastro de
Microempreendedor Individual; se constituir qualquer tipo
de sociedade; se assumir a direção de qualquer associação;
se cadastrar-se como profissional autônomo; se expedir al-
gum Recibo de Pagamento Autônomo, ou de qualquer for-
ma oficial passar a exercer qualquer outra atividade que se

49
enquadre na condição de contribuinte obrigatório da Previ-
dência Social, perderá automaticamente o direto à aposen-
tadoria por invalidez.
Evidentemente que não será esta a hipótese do caso
objeto da consulta, pois se trata de um Pastor, Ministro Re-
ligioso, para o qual além de se aplicar a “lei dos homens”,
aplica-se acima de tudo, A Lei de Deus, e com base nesta,
que exige do ser humano um comportamento ainda mais
ético e moral, deve o aposentado permanecer aposen-
tado apenas no caso de efetivamente ostentar o perfil de
incapacitado!

Conclusão
Diante da legislação previdenciária vigente, sou de
parecer que, na hipótese do beneficiário de aposentadoria
por invalidez ser contratado como Ministro Religioso, tal
função obrigará à Igreja a cadastrá-lo perante a Previdência
Social como contribuinte obrigatório, na forma do Artigo
11, inciso V, Alínea c da Lei 8.213/91 que dispõe: “Art.11
São segurados obrigatórios da Previdência Social as se-
guintes pessoas físicas:
V – como contribuinte individual:
......................................................................

c) o ministro de confissão religiosa e o membro de


instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem
religiosa;”

Neste contexto, evidentemente que, assumindo o pas-


torado de Igreja Batista o “aposentado por invalidez” terá a
aposentadoria automaticamente cancelada quando for efe-
tuado o primeiro recolhimento previdenciário obrigatório
for efetivado pela tesouraria da Igreja.

50
Diante de tudo que aqui se expôs, ainda que de forma
objetiva e resumida, é de se concluir que o pastor que está
aposentado por invalidez está impedido de exercer qualquer
atividade laborativa enquanto perdurar tal invalidez; e que
ao assumir o pastorado de Igreja estará de fato, optando
em abrir mão da aposentadoria para retornar às atividades
profissionais.

Rio de Janeiro, 06 de abril de 2016.


Dr. Marcelo Gomes da Rosa – OAB/RJ 72.842

51
4. Dicas para o tesoureiro

1. Seja organizado. Estabeleça prazo para fecha-


mento mensal da movimentação financeira da
igreja; estabeleça prazo para pagamento de pes-
soal (assalariados, seminaristas, ministros, mis-
sões, profissionais liberais e outros); encargos
diversos; taxas de água, luz, telefone etc. Pague
em dia todos os compromissos assumidos pela
igreja. Quando isso não for possível, entre em
contato com o credor antes da data de vencimento
e comunique-lhe tal impossibilidade.

2. Abra conta bancária somente em nome da igreja


(nunca em nome do pastor, diácono ou qualquer
membro, por mais conceituado que seja).

3. Nunca lance no livro de Tesouraria dízimos e/ou


ofertas para recebê-los posteriormente.

4. Efetue pagamentos preferencialmente em che-


ques, apontando neles a sua destinação. Trabalhe
com cópia de cheque (à venda em papelaria).

5. Ao receber cheques que não sejam de membros


da igreja, ou seja, cheques de terceiros, identifi-
que-os no verso (escreva o nome de quem está
passando).

6. Nunca assuma compromissos financeiros sem a


prévia autorização da igreja.

52
7. Mantenha a contabilidade da igreja em dia, uti-
lizando documentos idôneos, que de fato com-
provem os lançamentos contábeis e que sejam
aceitos pelo fisco. Repasse em tempo hábil ao
profissional da contabilidade os livros e docu-
mentos necessários aos apontamentos para efeitos
legais (inclusive para elaboração e apresentação
da declaração anual de imposto de Renda). Em
caso de dúvida, consulte o seu contador.

8. Facilite o trabalho da Comissão de Exame de


Contas, Conselho Fiscal ou outra denominação
dada a quem seja responsável pelo acompanha-
mento da saúde financeira da igreja, arquivando
em ordem os documentos que derem origem aos
lançamentos e prestando-lhe quaisquer esclareci-
mentos que se tornem necessários.

9. Nunca trabalhe sozinho – o ideal é que mesmo


igrejas pequenas tenham dois ou três tesoureiros
atuando em conjunto – e peça que a Comissão de
Exame de Contas atue no propósito para o qual
foi criada, visando a transparência dos seus atos.

10. Evite guardar em casa grandes importâncias em


espécie.

11. Acima de tudo, ética cristã!

(Extraído e adaptado de fonte não identificada)

53
5. A Igreja e suas relações
trabalhistas

Têm direitos e obrigações os chamados trabalhadores


celetistas, isto é, aqueles que são regidos pela CLT – Conso-
lidação das Leis do Trabalho (zelador, auxiliar de serviços
gerais, faxineiro, secretária, assistente administrativo, mú-
sico...) e não celetistas (trabalhadores autônomos que even-
tualmente prestam serviços para a Igreja). Não vale a pena
correr riscos. Vale a pena observar as leis.

5.1 Quanto custa um funcionário


para a igreja:

Em termos de encargos direitos, a título de exemplo,


suponhamos que determinado funcionário tem salário de
R$1.300,00 por mês. Sobre esse valor contratado, a igreja
empregadora deverá observar a tabela abaixo:

INSS Empregador 20%


INSS Empregados (Dedutível no contracheque) 8%*
RAT – Risco Ambiental do Trabalho 1%
Outros 5,8%
FGTS 8%
PIS s/Folha de Pagamento 1%
IRFON
* Esse percentual pode variar de 7,5% a 14%, dependendo da faixa de
salário do trabalhador.

54
Anote: Há outros custos para a igreja empregadora,
dentre os quais destacamos: a) Exames médicos (admissio-
nal, periódicos e demissional); b) Normas Regulamentares;
c) Vale Alimentação ou Vale-Refeição, d) Vale-transporte;
e) benefícios previstos em Acordos ou Convenções Coleti-
vas de Trabalho etc.

5.2 Quanto custa um prestador


de serviços para a igreja:

Sobre serviços tomados de autônomos (trabalha-


dores avulsos que prestam serviços eventuais, tais como
pintores, pedreiros, eletricistas, encanadores, jardineiros,
engenheiros, arquitetos, advogados, contadores....) deve a
igreja fazer o pagamento através de Recibo de Pagamento
de Autônomo (RPA), efetuando-se os descontos incidentes,
a saber: 11% relativo à contribuição previdenciária em be-
nefício do prestador de serviços. Também deve fazer a re-
tenção do imposto de renda na fonte (IRFON) até a data de
vencimento prevista, em caso de incidência à luz da tabela
divulgada pela Receita Federal do Brasil.
À igreja cabe o encargo previdenciário de 20% sobre
o total do serviço prestado. O valor total do percentual apli-
cado (20% + 11% =31%) deverá ser recolhido pela igreja
empregadora aos cofres da Previdência Social no venci-
mento previsto.

5.3 Direitos básicos do trabalhador

São direitos básicos do trabalhador:

55
a) Carteira de trabalho assinada desde o primeiro dia
de serviço; b) Exames médicos de admissão, periódicos e
demissional; c) Repouso semanal remunerado (1 folga por
semana, sendo pelo menos uma num domingo, se emprega-
do do sexo masculino; e pelo menos duas, se do sexo femi-
nino); d) Salário pago até o 5º dia útil do mês subsequente;
e) Primeira parcela do 13º salário paga até 30 de novembro;
segunda parcela até 20 de dezembro; f) Férias de 30 dias
com acréscimo de 1/3 do salário; g) Vale-transporte com
desconto máximo de 6% do salário; h) Licença maternida-
de de 120 dias (tramita no Congresso Nacional projeto que
altera para 180 dias), com garantia de emprego até 5 meses
depois do parto; i) Licença paternidade de 5 dias corridos;
j) FGTS: depósito de 8% do salário em conta bancária a fa-
vor do empregado; l) Horas-extras pagas com acréscimo de
50% no mínimo do valor da hora normal; m) Estabilidade
de 12 meses em casos de acidente; n) Adicional noturno de
20% para quem trabalha das 22h às 5h; o) Faltas ao trabalho
nos casos de casamento (3 dias), doação de sangue (1 dia/
ano), alistamento eleitoral (2 dias), morte de parente pró-
ximo (2 dias), testemunho na Justiça do Trabalho (no dia),
doença comprovada por atestado médico; p) Aviso prévio
de 30 dias, em caso de demissão; q) Seguro-desemprego.

5.4 Férias do empregado

Vencidas: O empregado dispensado sem justa causa,


fará jus às férias vencidas acrescidas do terço constitucio-
nal. Para tanto, deverá cumprir o tempo de trabalho de 12
meses, na forma do art. 130 da CLT.

56
Proporcionais: As férias proporcionais também
serão devidas, na fração de 1/12 avos período trabalhado
igual ou superior a 15 dias, na forma do art. 146 da CLT. As
faltas injustificadas poderão afetar o direito do empregado
às férias proporcionais, na forma da tabela abaixo:
Obs: Acima de 32 faltas injustificadas no período
aquisitivo, o empregado perde o direito às férias correspon-
dentes ao período aquisitivo.

5.5 Atrasos

O art. 58, §1º da CLT disciplina que não serão descon-


tados da jornada a variação de horário no registro de ponto
não excedente de 5 (cinco) minutos, observado o limite má-
ximo de 10 (dez) minutos diários. Portanto, o empregado
pode se atrasar 5 (cinco) minutos no início da jornada diária
e no retorno do intervalo para repouso e refeição.

5.6 Anotações e prazo para devolução na CTPS

O art. 29 da CLT prevê que a Carteira de Trabalho e


Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, con-
tra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir,
o qual terá o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para nela
anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração
e as condições especiais, se houver, sendo facultada a ado-
ção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme
instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.

57
5.7 Principais ausências justificadas

Alistamento militar: no período em que tiver de cumprir


as exigências do Serviço Militar;

Alistamento eleitoral: até 2 (dois) dias consecutivos ou não,


para o fim de se alistar eleitor, no termo da lei respectiva;

Atestado Médico: os dias em que estiver de atestado


médico;

Casamento: até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de


casamento;

Comparecimento em juízo: pelo tempo que se fizer neces-


sário, quando tiver que comparecer em juízo, quando for
convocado para prestar depoimento, for jurado ou qualquer
outra determinação;

Comparecimento à Justiça do Trabalho: as horas em que


o empregado faltar ao serviço para comparecimento neces-
sário como parte na Justiça do Trabalho;

Cumprimento de Aviso Prévio: por 07 (sete) dias corridos


ou 02 (duas) horas diárias, no cumprimento do aviso prévio
motivado pelo empregador;

Doação de sangue: 1 (um) dia, em cada 12 (doze) meses


de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devi-
damente comprovada;

58
Exames vestibulares: nos dias em que estiver comprova-
damente realizando provas de exames vestibulares para in-
gresso em estabelecimento de ensino superior;

Falecimento: até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de


falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou
pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previ-
dência social, viva sob sua dependência econômica;

Falecimento de cônjuge professor: por 9 (nove) dias,


quando se tratar de professor, por motivo de gala ou de
luto em consequência de falecimento do cônjuge, do pai ou
mãe, ou de filho;

Nascimento de filho: 5 dias, em caso de nascimento de


filho, no decorrer da primeira semana;

Licença-maternidade: período de licença-maternidade ou


aborto não criminoso.

5.8 Aviso Prévio

A Lei nº12.506/2011 alterou as regras para aplicação


do aviso prévio, estabelecendo o aviso prévio proporcional,
que passa a ter uma variação de 30 a 90 dias, conforme o
tempo de serviço na empresa. Assim, os empregados pas-
sam a ter no mínimo 30 dias durante o primeiro ano de tra-
balho, somando a cada ano mais três dias.

59
5.9 Indenização adicional

A indenização adicional equivalente a uma remune-


ração mensal do trabalhador, que for dispensado sem justa
causa, nos 30 dias que antecedem a data-base da categoria.
Convém relembrar, que cada categoria, possui uma
data-base, que é a ocasião de fechamento das negociações
coletivas onde homologa-se a convenção coletiva de traba-
lho, com os reajustes, pisos convencionais e demais direitos
trabalhistas insertos na norma convencional.

5.10 Programa de Prevenção de Riscos


Ambientais e Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional

Embora haja outras Normas Regulamentares da Se-


cretaria de Segurança e Saúde do Trabalho, do Ministério do
Trabalho, que eventualmente podem se sujeitar as igrejas,
elementarmente as de números 7 e 9 são imprescindíveis.
A NR 9 versa sobre o Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA), que garante a preservação da saúde
e integridade do trabalhador no seu ambiente de trabalho.
Por outro lado, a NR 7 versa sobre o Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que tem por ob-
jetivo a promoção e a preservação da saúde do trabalhador.

60
6. Dicas aleatórias

1. Envie mensalmente ao seu contador, além da re-


ceita e comprovantes de despesas gerais, os extra-
tos relativos à movimentação bancária em nome
da igreja (conta corrente, poupança, aplicações
etc.). Do contrário, ele não terá condições de tra-
balho e a igreja ficará sujeita a penalidades.
Atenção: É altamente recomendável que a Igreja
faça cópia de todos os cheques emitidos.
2. Cheque deve ser emitido nominalmente. Deverá
ser preenchido mecanicamente ou a mão, utilizan-
do-se tinta azul ou preta e não pode conter rasu-
ras. Ao ter um cheque devolvido por insuficiência
de fundos, entre em contato com o emitente a fim
de saber se o mesmo poderá ser reapresentado.
3. Envie ao seu contador todas as notas fiscais re-
lativas à aquisição de bens patrimoniais, nas res-
pectivas datas de aquisição. Considera-se bem
patrimonial aquele cujo valor seja igual ou supe-
rior a R$1.200,00.
4. Todas as compras devem ser feitas em nome da
igreja, mediante nota fiscal. Para compras efetu-
adas em estabelecimentos comerciais não existe
outro documento que substitua a nota fiscal. Te-
nha cuidado com outros comprovantes de caixa,
tais como tiket, nota de pedido, nota de orçamen-
to, recibos e outros similares, pois em muitos ca-
sos são considerados documentos não idôneos e,
portanto, não podem ser contabilizados.

61
5. Sempre que os valores pagos a pastores, ministros
e outros prestadores de serviços, autônomos ou
não, ultrapassarem a importância de R$1.903,00
por mês, deverá ser feito o recolhimento de Im-
posto de Renda na Fonte através de DARF (Códi-
go 0588), até o dia 20 (vinte) do mês subsequente,
conforme tabela publicada pela Secretaria da Re-
ceita Federal.
6. Sobre serviços tomados de trabalhadores autôno-
mos em geral (pedreiro, eletricista, pintor, enge-
nheiro, arquiteto, jardineiro, paisagista etc.) há
incidência de INSS, que deverá ser recolhido até
o dia 20 do mês seguinte ao do fato gerador, junta-
mente com os encargos previdenciários de traba-
lhadores eventualmente regidos pela CLT.
7. Como equiparados a autônomos que são os minis-
tros religiosos recolherão, até o dia 15 de cada mês
subsequente ao do fato gerador, a título de contri-
buição previdenciária, através de carnê ou guia de
GPS emitida no site da Previdência, o equivalente
a 20% (vinte por cento) dos seus proventos men-
sais, observados os limites mínimo (R$1.100,00 x
20% = R$220,00) e máximo (R$6.433,57 x 20%
= R$1.286,71), ou outro valor por ele declarado.
Observação 1: Esses valores serão alterados sempre que o
Salário Mínimo Nacional for reajustado, normalmente em
janeiro de cada ano.
Observação 2: É facultado ao ministro religioso recolher
o INSS sobre valor por ele declarado (maior ou menor), e
não necessariamente à base de 20% (vinte por cento) sobre
o valor por ele percebido mensalmente.

62
Exemplo:
Se o ministro religioso recebe de determinada igre-
ja proventos de R$3.000,00 (três mil reais) por mês
e quiser recolher com base no teto R$7.088,51ou no
piso (R$1.212,00), ele poderá fazê-lo. É isto que se
entende por valor declarado.
8. Apesar de haver controvérsia quanto à obrigato-
riedade ou não de a igreja adequar seu estatuto
ao Código Civil de 2002, recomendamos fazê-lo,
a fim de quem sejam resguardados seus direitos.
Operadores do Direito especialistas nesse tema
são concordes nessa orientação.
9. De modo geral, quase que historicamente as igre-
jas preferem contratar zeladores membros da
casa, isto é, membros da própria igreja. Alegam
que assim agem por questão de justiça e, equivo-
cadamente, invocam até a Bíblia que recomenda
a atenção primeiramente para “os domésticos da
fé”. E os argumentos não param por aí. Alegam
que “o irmão fulano está precisando”, “passan-
do necessidades”, “é muito bonzinho” e mais
uma série de argumentos condenados pelos pro-
fissionais de RH (Recursos Humanos), pois, afi-
nal, definitivamente não são esses os princípios
que devem nortear uma organização na hora de
contratar seus funcionários. Em muitos casos, a
igreja que age assim em pouco tempo colherá os
merecidos frutos, a saber: insubordinação, faltas
e atrasos, corpo mole, serviço mal feito, reclama-
ções, animosidade... Por tudo que tenho visto, a
igreja deverá redobrar os cuidados e até evitar a

63
contratação de membros da igreja, para não sofrer
problemas de relacionamentos.
10. Finalmente, lembramos que a igreja que deixar de
cumprir os preceitos legais a ela pertinentes po-
derá até mesmo perder ou ter suspensa a sua
imunidade tributária garantida pela Constitui-
ção Federal.
11. Sobre nomenclaturas e designações: Há de certa
forma um vocabulário particular no mundo eclesi-
ástico. Muito tenho insistido em ensinar que pas-
tor e demais ministros religiosos que atuam em
ambiente eclesiástico não ganham salário. Para
melhor assimilação, fiz uma tabelinha, que pode
ser útil para quem ainda tem dúvidas, inclusive em
relação às Normas Brasileiras de Contabilidade:

Designação Categoria

Salário Trabalhadores celetistas ou


estatutários
Soldo Militares

Honorários Profissionais liberais

Pró-labore Empresários

Prebenda, côngrua (pensão), renda


eclesiástica, múnus eclesiástico, Ministros religiosos em geral
proventos ministeriais, sustento
ministerial e até óbolo

64
Designação no segundosetor Designação no terceiro setor

Empresa Entidade ou organização religiosa

Capital social Patrimônio social

Lucro Superávit

Prejuízo Déficit

DRE – Demonstrativo de DRP – Demonstrativo de Resultado


Resultado do Exercício do Período

Dicas sobre elaboração de atas

1. Todas as atas da igreja devem ser lavradas pelo


secretário eleito ou, em sua falta, por secretário
“ad hoc”, em livro próprio, aberto e encerrado
pelo respectivo presidente, sendo suas páginas
numeradas e por ele rubricadas. Nada impede que
as atas sejam lavradas por meio mecânico.
2. Das atas constarão quem presidiu e quem secre-
tariou a reunião, o local, a data e a hora de seu
início e de seu término, bem como o número de
presentes.
3. As atas poderão ser resumidas, desde que não se
perca a clareza e a precisão dos registros. Reco-
menda-se, no entanto, que números de um modo
geral sejam transcritos também por extenso entre
parênteses. No caso de se repetir referência a pes-
soa física na mesma ata, o segundo registro pode-
rá ser efetuado apenas com o nome ou sobrenome

65
(com restrições a homônimos), desde que, no pri-
meiro registro, haja citação nominal completa. No
caso de se repetir referência a pessoa jurídica na
mesma ata, o segundo registro poderá ser efetua-
do apenas com o nome principal ou “sigla”, des-
de que no primeiro registro haja citação nominal
completa.
4. As rasuras ou entrelinhas porventura existentes
no corpo das atas serão ressalvadas expressamen-
te pelo secretário, antes de assiná-las.
5. O registro das atas não conterá espaços em branco
e os que se verificarem, por inadvertência, serão
inutilizados por traço indelével, pelo secretário.
6. As atas registrarão apenas as súmulas das deli-
berações, sem se referirem às propostas, a menos
que envolvam fatos relevantes para a vida e para a
história da Igreja, podendo, entretanto, consignar
os votos contrários, quando o requerer o interessa-
do, fundamentadamente e em termos adequados.
7. As homenagens que forem aprovadas, porém, se-
rão acompanhadas das razões que as justificaram
e de resumo histórico ou biográfico, se proposto.
8. Os livros de atas serão guardados em lugar segu-
ro, sob a responsabilidade do secretário, e somen-
te sairão do arquivo para o seu exame pelo órgão
competente.
9. A igreja poderá entregar cópias das atas ou de par-
te delas aos interessados que o requererem, justi-
ficando devidamente o seu interesse.

66
7. O lado empresa da igreja

Vivemos num tempo em que as transformações acon-


tecem de modo tão rápido que quase se tornam impercep-
tíveis. Aquilo que era novidade ontem, hoje não passa de
algo obsoleto. Vivemos num mundo altamente veloz. Vive-
mos num mundo onde as pessoas são velozes. E nessa gran-
de e acirrada corrida todos têm que passar por uma ponte
chamada informação. Ninguém vive ou sobrevive sem ela.
O naufrágio é a única certeza do desinformado.
Baseado nessa verdade, responda rápido: E a sua
igreja... como vai?! A sua missão tem sido cumprida satis-
fatoriamente? O seu objetivo-fim tem sido atingido? Espero
que para essas duas perguntas você esteja respondendo um
grande sim.
Entretanto, minha proposta aqui é abordar um ou-
tro aspecto que mais do que nunca merece especialíssima
atenção: o lado empresa da igreja. Todos sabemos, a igreja
institui-se sob os parâmetros da Constituição Federal, do
Código Civil Brasileiro, do Código Tributário Nacional, da
Consolidação das Leis do Trabalho, da Previdência Social,
Regulamento do Imposto de Renda e, em alguns casos, de
leis estaduais, de leis municipais. Como se vê, trata-se de
uma personalidade jurídica e, como tal, está sujeita aos di-
tames da lei. O fato de ser a igreja uma entidade imune no
tocante a impostos não significa dizer que ela está dispensa-
da do cumprimento das obrigações acessórias.
Muitos pastores e/ou líderes ainda hoje pensam que a
igreja estará organizada juridicamente após registro do es-
tatuto em cartório e inscrição no CNPJ. Engano! Após esses
procedimentos, há, ainda, uma série de providências que

67
devem ser tomadas. E mais: uma vez legalizada junto aos
órgãos competentes, outros procedimentos devem ser ado-
tados, tais como: escrituração dos livros Caixa e Diário, de
conformidade com a lei; guarda da documentação idônea
comprobatória das despesas pelo período mínimo de cin-
co anos; apresentação anual da RAIS, ainda que negativa;
apresentação anual da declaração de Imposto de Renda da
igreja e dos membros da diretoria estatutária. Verdade é que
há muito o que se falar sobre relação de trabalho com zela-
dor, pintor, pedreiro etc., como também a figura do pastor
perante a Previdência Social, porém, por questão de espaço,
falaremos aos poucos. Enfim, há uma gama de obrigações
que, se não observadas, redundam em multas altíssimas, o
que ninguém deseja que aconteça em nossos arraiais.
Portanto, se porventura a sua igreja ainda se encon-
tra em situação vulnerável, vale a pena correr para fazer os
acertos enquanto há tempo.
Em tempos da boa ditadura do princípio da excelên-
cia, as organizações religiosas devem primar pelas melhores
práticas de governança, no que couber, valendo inclusive
lançar mão do Código das Melhores Práticas de Governan-
ça Corporativa, editado pelo Instituto Brasileiro de Gover-
nança Corporativa (IBGC).

68
8. O que toda igreja precisa saber

8.1 Sobre Imunidade

Imunidade não se confunde com isenção. Enquan-


to a primeira é garantia constitucional, dispensa petição;
a segunda é um favor da lei, é provisória. Uma entidade
educacional, por exemplo, poderá isentar-se de algumas
obrigações se isto requerer junto ao órgão competente.

São imunes do imposto sobre a renda

a) Os templos de qualquer culto (CF/1988, art. 150, VI, “b”);


..............................................................................................

Para gozo da imunidade ou da isenção, as instituições


estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos legais,
dentre os quais destacamos:

a. Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigen-


tes pelos serviços prestados;

b. Aplicar integralmente seus recursos na manuten-


ção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais;

c. Manter escrituração completa de suas receitas e


despesas em livros revestidos das formalidades
que assegurem a respectiva exatidão;

69
d. Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco
anos, contado da data de emissão, os documen-
tos que comprovem a origem de suas receitas e
a efetivação de suas despesas, bem assim a reali-
zação de quaisquer outros atos ou operações que
venham a modificar a sua situação patrimonial;
e. Apresentar, anualmente, até 30 de julho, Declara-
ção denominada (ECF), em conformidade com o
disposto em ato da Secretaria da Receita Federal
do Brasil;
f. Assegurar a destinação de seu patrimônio a outra
instituição que atenda as condições para gozo da
imunidade ou isenção, conforme o caso, na hipó-
tese de incorporação, fusão, cisão ou de encerra-
mento de suas atividades, ou a órgão público.
g. Recolher os tributos retidos sobre os rendimen-
tos por elas pagos ou creditados e a contribuição
para a seguridade social relativa aos empregados,
bem assim cumprir as obrigações acessórias daí
decorrentes;
h. Outros requisitos, estabelecidos em lei específica,
relacionados com o funcionamento das entidades
citadas.

8.2 Sobre hipóteses da suspensão


ou da imunidade

Sem prejuízo das demais penalidades previstas na lei,


a Secretaria da Receita Federal suspenderá o gozo da imu-
nidade ou da isenção, relativamente aos anos-calendários
em que a pessoa jurídica houver praticado ou, por qual-
quer forma, contribuído para a prática de ato que constitua

70
infração a dispositivo da legislação tributária, especialmen-
te no caso de informar ou declarar falsamente, omitir ou
simular o recebimento de doações em bens ou em dinheiro,
ou de qualquer forma cooperar para que terceiro sonegue
tributos ou pratique ilícitos fiscais.
“A imunidade dos templos é só de impostos, não
abrangendo as contribuições sociais. Com isso, estão imu-
nes do imposto de renda e do IPTU mas estão sujeitos à
CPMF A decisão n°39 da Receita Federal (DOU de 29-10-
98) esclarece que as igrejas podem remunerar seus dirigen-
tes e religiosos, bem como enviar ajuda a seus missionários
a serviço no exterior, sem perder a condição de entidade
imune.
Os templos de qualquer culto não estão impedidos
de remunerar seus dirigentes porque a sua imunidade não
depende de atendimento dos requisitos de lei. O problema
é o desvinuarnento da finalidade dos templos. Atualmente
há grande número de templos familiares, até pelo sistema
de franquias, que sugam até o último níquel dos seguidores
do culto, transformando os proprietários” em empresários
do ramo.” (Hiromi Higuchi, Fábio Hiroshi Higuchi e Celso
Hiroyuki Higuchi, Ir Publicações Ltda, 33ª Edição, 2008,
S. Paulo).

8.3 Sobre aposentadoria pastoral

Aos olhos da previdência social, o ministro de confis-


são religiosa é considerado contribuinte individual. Nesta
categoria estão as pessoas que trabalham por conta própria
(autônomos), os empresários e os trabalhadores que pres-
tam serviços de natureza eventual a empresas, sem vínculo
empregatício.

71
9. A igreja e suas práticas comerciais

Muito comum hoje em dia as igrejas manterem em


suas dependências cantina, stands para venda de produtos
com temas religiosos, tais como livros, revistas, camisetas,
bonés, viseiras, pulseiras, discos, CDs etc.
Daí iniciarmos este artigo perguntando: Pode ou não
pode? Tal prática é legal? Estaria a igreja cometendo o pe-
cado do desvio de finalidade?
Bom, como é sabido, as organizações religiosas são,
por sua natureza jurídica, imune a tributos, uma garantia
prevista no art. 150 da Constituição Federal de 1988. Por-
tanto, não se fala em tributação sobre dízimos e ofertas al-
çadas por elas recebidos de seus fiéis. Diz a lei que tais
recursos devem ser aplicados integralmente na consecução
de seus fins que, nesse sentido, a principal é a propagação
do Evangelho. Caso determinada igreja passe a praticar atos
de comércio, ela fatalmente perderá a sua condição de imu-
ne, eis que previsto em lei própria e no Código Tributário
Nacional.
Todavia, e agora respondendo às perguntas acima, eu
diria: Depende. Sim, depende da forma como tais atividades
são praticadas. Se de forma voluntária por seus membros,
dentro dos horários de cultos, sem objetivo final de obten-
ção de lucro, mas com o objetivo de aplicar tais recursos
integralmente na consecução de seus fins, que são, dentre
outros, a pregação do Evangelho, ou mesmo a ampliação
das suas instalações, compra de equipamentos, móveis ou
imóveis etc, a igreja não será punida. O que passar disso
deixará a igreja em situação vulnerável perante o fisco.
Nesse caso, se bater uma fiscalização, não adianta chorar.

72
A Secretaria da Receita Federal emitiu Parecer Nor-
mativo analisando diversos casos relativos a perda ou não
de imunidade em face de eventuais lucros obtidos em ativi-
dades como as citadas acima, esclarecendo que a igreja que
mantém, anexa ao templo, livraria para a venda de livros
religiosos, didáticos, discos com temas religiosos e artigos
de papelaria, visando à divulgação do Evangelho, não perde
a imunidade (Livro Imposto de Renda das Empresas, Edito-
ra Atlas, 26ª edição).

73
10. Não é só a Receita Federal
que fiscaliza as igrejas

Talvez o artigo de minha lavra que maior impacto


causou entre os meus leitores foi o que intitulei “Receita
Federal fecha o cerco às igrejas em 2014”. Isto porque fiz
menção a uma Instrução Normativa da Secretaria da Receita
Federal datada de 30 de abril de 2013, que obriga as igrejas,
bem como todas as organizações que gozam de isenção e
imunidade tributária e pertencem ao terceiro setor, a adotar
a Escrituração Fiscal Digital (EFD) já a partir de 1º de
janeiro de 2014. Sem dúvida, isto vai causar um impacto
muito grande na administração financeira e patrimonial, es-
pecialmente daquelas igrejas que não possuem uma gestão
eficaz, como no caso de um pastor, cliente do meu escritó-
rio que fez a declaração em destaque.
Mas, se esta notícia incomodou, quero trazer à me-
mória de tantos quantos tiverem acesso a este singelo texto,
que além da Secretaria da Receita Federal, outros órgãos
fiscalizadores podem bater à porta das igrejas. Vou mencio-
ná-los aqui para nos próximos artigos alertar a todos para o
risco que corre a igreja que deixar de cumprir suas obriga-
ções, sejam elas principal ou acessória.
Em nível municipal, toda igreja está sujeita à Lei de
Posturas da Prefeitura local, o que significa dizer que a
igreja não pode construir ou fazer acréscimos em suas edi-
ficações de qualquer maneira, sem nenhum critério, ferindo
a legislação municipal. Toda edificação terá que passar pelo
crivo do Corpo de Bombeiros, do contrário não será por ele
expedido o Certificado de Aprovação.

74
Toda igreja está sujeita a fiscalização do MTE (Mi-
nistério do Trabalho e Emprego), podendo ser notificada,
autuada e/ou multada por infrações a legislação específica.
Toda igreja deverá apresentar anualmente a RAIS
(Relação Anual de Informações Sociais) ao Ministério do
Trabalho e Emprego, ainda que negativa, ou seja, mesmo
que não tenha empregados em determinado período, sob
pena de multa.
Toda igreja deverá apresentar anualmente a DIRF
(Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte) à Secre-
taria da Receita Federal do Brasil, sempre que houver reten-
ção de imposto de renda sobre salários, aluguéis, proventos
ministeriais ou de qualquer evento, sob pena de pagamento
de multa.
Toda igreja deverá apresentar anualmente a ECF (Es-
crituração Contábil Fiscal) à Secretaria da Receita Federal
do Brasil, ainda que negativa, sob pena de pagamento de
multa.
Toda igreja deverá apresentar regularmente, de acor-
do com instruções, a DCTF (Declaração de Contribuições
de Tributos Federais) à Secretaria da Receita Federal do
Brasil, sempre que houver retenção de imposto de renda
sobre salários, PIS sobre a folha de pagamento, aluguéis,
proventos ministeriais ou de qualquer evento, sob pena de
pagamento de multa.
Toda igreja deverá apresentar mensalmente, ou de
acordo com instruções pertinentes, a GFIP (Guia de Reco-
lhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social),
ainda que sem movimento, à Caixa Econômica Federal,
sob pena de pagamento de multa.

75
11. Igrejas têm zelador
ou faxineiro?

Já abordei este assunto anteriormente, mas como ain-


da paira muita dúvida por parte das igrejas e agora meus ar-
tigos têm ganhado mais visibilidade, trago-o de volta, sem
qualquer alteração.
Embora presente em inúmeras obras, a Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO) descreve as atribuições de
cada trabalhador regido pela CLT – Consolidação das Leis
do Trabalho, recorro à oportuna obra intitulada Manual do
Terceiro Setor e Instituições Religiosas, publicada pela
Atlas, de autoria de Aristeu de Oliveira e Valdo Romão,
autoridades incontestes nas áreas trabalhista, previdenciá-
ria, fiscal, contábil, eclesiástica, jurídica e outras mais, para
esclarecer a diferença entre as funções de zelador e de fa-
xineiro. Afinal, não são poucas as igrejas que, necessitando
de serviços de faxineiro, na hora de efetuar o seu registro
acabam apontando em Carteira Profissional a função de ze-
lador, o que é um equívoco. Vejamos a diferença, da forma
didática apresentada na mencionada obra:
Zelador: Executa funções de zeladoria em edifício de
apartamentos, comerciais e outros, observando a limpeza
e conservação dele. Promove e atende ao cumprimento do
regulamento interno, para assegurar asseio, ordem e segu-
rança do edifício e tranquilidade de seus ocupantes; verifica
as necessidades de limpeza e inspeciona corredores, pátios,
áreas de instalações de prédios; verifica as condições de
funcionamento de elevadores, da parte elétrica, hidráulica
e executa outros serviços necessários; cuida da higiene das
dependências e instalações, efetuando ou supervisionando

76
os trabalhos de limpeza, remoção ou incineração de resídu-
os, para manter o prédio nas condições de asseio requeri-
das; executa ou providencia serviços de manutenção geral,
trocando lâmpadas ou fusíveis, efetuando pequenos repa-
ros e requisitando pessoas habilitadas para os reparos de
fornos, bombas, caixa-d’água, extintores e elevadores, para
assegurar as condições de funcionamento e segurança das
instalações; zela pelo cumprimento das normas e procedi-
mentos do edifício, evitando ruídos em horas impróprias e
o uso indevido das instalações e levando à administração
os problemas surgidos, para manter a ordem e o bem-estar
dos inquilinos ou usuários; encarrega-se da aquisição, re-
cepção, conferência, controle e distribuição do material de
consumo e de limpeza, tomando como base os serviços a
serem executados, para evitar a descontinuidade do proces-
so de higienização e de manutenção do prédio e de suas
instalações; pode desempenhar algumas atividades próprias
de porteiro de edifício.
Faxineiro: Executa limpeza dos prédios, salão, salas
de escritório, de aulas, de reunião, sanitários, vestiários e
demais instalações das instituições, varrendo, espanando,
lavando, encerando, etc; retira lixo dos cestos, acondicio-
nando-o em sacos próprios e depositando-o na lixeira; cuida
da reposição de produtos de limpeza (sabonete, papel-toa-
lha, etc.) nos sanitários; utiliza aspirador de pó, vassoura,
vassourão, pano, espanador e outros materiais de limpeza;
realiza todo o processo diário de limpeza e conservação nas
dependências da instituição; limpa vidros, divisórias, mó-
veis, aparelhos de telefone, corredores, escadarias e demais
atividades relacionadas com sua atividade; assume o com-
promisso de usar todo o equipamento de proteção indivi-
dual ou coletivo, como luvas, botas especiais, roupas, etc,
para preservação de sua saúde.

77
12. Sua igreja precisa cumprir a lei

“Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois


não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que
existem foram por ele estabelecidas” (Romanos 13.1).

Quem leu meus últimos artigos pode até pensar que


eu falo sempre a mesma coisa, que bato sempre na mesma
tecla, pois tenho sido muito enfático acerca do perigo que
muitas igrejas podem estar incorrendo por desconhecimen-
to de leis específicas que regem a vida das chamadas orga-
nizações religiosas.
É um equívoco pensar que a igreja, por gozar de imu-
nidade tributária, não está obrigada ao cumprimento de
obrigações acessórias e que estas quando não observadas
transformam-se em principal e que em ambos os casos ela
pode sofrer penas pecuniárias e, muito pior, pode ter cassa-
da a sua imunidade tributária.
Considerando que desde 1º de janeiro de 2014 as
igrejas estão obrigadas à Escrituração Fiscal Digital (EFD),
é muito oportuno lembrar que o Regulamento do Imposto
de Renda, instituído pelo Decreto nº3.000/1999, substituído
pelo Decreto nº9.580, de 22/11/2018, prevê em seu artigo
174 requisitos que a toda organização religiosa deve obser-
var, como segue, com breves comentários meus:
A igreja não pode “remunerar, por qualquer forma,
seus dirigentes pelos serviços prestados”. Aqui não se deve
confundir a figura do pastor com o do presidente. Os pro-
ventos que recebe da igreja são em face do seu ministério

78
pastoral, e não por sua condição de presidente da igreja.
Fica claro que não se cogita qualquer remuneração aos de-
mais componentes da diretoria executiva (vice-presidente,
secretários, tesoureiros).
A igreja deve “aplicar seus recursos integralmente no
País, na manutenção de seus objetivos institucionais”. Igre-
ja não é instituição financeira ou exploradora de atividades
mercantis e, portanto, não deve usar seus recursos para con-
correr com o mercado.
A igreja deve “manter escrituração contábil completa
de suas receitas e despesas em livros revestidos de forma-
lidades capazes de assegurar sua exatidão”. Nada deve ser
ignorado ou omitido. Aliás, igreja não tem motivos para tal
prática.
A igreja deve “conservar em boa ordem, pelo prazo
de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos
que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de
suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros
atos ou operações que venham a modificar sua situação pa-
trimonial”. Em caso de ação fiscal, a falta de apenas um
elemento caracterizará infração fiscal.
A igreja deve “apresentar, anualmente, a Escrituração
Contábil Fiscal – ECF”. Para que o profissional contábil
apresente essa declaração, ele necessita de elementos para
a elaboração dos livros Diário e Razão, que são produzidos
com base em peças contábeis. Lembro aqui que o pobre
contador não tem a capacidade de inventar dados para cum-
prir determinada obrigação, mas somente poderá fazê-la
com documentos que recebe de seus tomadores de serviços.
Destaque-se, finalmente, que a igreja deve fornecer
ao seu contador, extratos consolidados mensais e sucessivos

79
de toda a sua movimentação bancária, bem como, em tem-
pos em que igrejas adotaram outras formas de recebimento
de dízimos e ofertas, extratos das operações realizadas atra-
vés de cartão de crédito.

80
13. Pelo marco regulatório das
organizações religiosas

Nesta modesta obra “Cartilha da Igreja Legal” reuni


senão todas, mas as principais leis, decretos, normas, regu-
lamentos e instruções aplicados às igrejas e demais orga-
nizações religiosas evangélicas no Brasil. Ordenei tudo de
“a” a “t”. Se fosse um trabalho mais abrangente, as letras
do alfabeto não seriam suficientes, pois não inseri o Có-
digo de Direito Canônico e o Acordo Brasil-Santa Sé, por
exemplos, por serem restritos à Igreja Católica Apostólica
Romana.
Através desse trabalho e pesquisas posteriores pude
perceber o quão frágil é a legislação aplicada a este seg-
mento social religioso no Brasil, que cresce a olhos vistos.
Tal fragilidade começa pela própria Constituição Federal,
que é a guardiã do Direito Religioso, mas divide opinião
quanto à natureza e cabimento nas chamadas cláusulas pé-
treas, ou sejam, aquelas cláusulas que não podem ser modi-
ficadas através de mera emenda à Constituição.
Para exemplificar, cito o artigo 150 da nossa Carta
Magna, que fala sobre as “Limitações do Poder de Tribu-
tar”, que aqui transcrevo, para melhor entendimento do
leitor: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias assegu-
radas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos
sobre: b) templos de qualquer culto”.
Ora, não seria este texto constitucional suficiente para
que os chamados templos de qualquer culto não fossem in-
comodados com cobranças indevidas em níveis federal, es-
tadual e municipal? Penso que sim. No entanto, os gestores

81
dessas organizações precisam estar sempre vigilantes, pois
sistematicamente as cobranças chegam, com ou sem base
legal. Como se não bastasse, os Estados acham respaldo na
lei que lhes permitem cobrar ICMS sobre contas de consu-
mo, tais como energia elétrica, água e telefone, o que obri-
ga parlamentares envolvidos em causas religiosas a lutarem
por um direito garantido.
Aqui no Estado do Rio de Janeiro o problema já foi
resolvido com a edição da Lei Complementar que levou o
número 188, de 7 de janeiro de 2020: “Art. 1º Para fins
previstos na alínea “b”, do inciso VI, do art. 196 da Consti-
tuição do Estado do Rio de Janeiro, fica vedado ao governo
do Estado do Rio de Janeiro e aos seus Municípios instituir
impostos sobre templos de qualquer culto religioso.
Art. 2º As despesas com a execução desta Lei corre-
rão por conta das dotações orçamentárias próprias, suple-
mentadas se necessário”.
Diante disso, sugiro a possibilidade da instituição de
uma espécie de Marco Regulatório para as Organizações
Religiosas.
Não estou exagerando. Assim como temos os diplo-
mas legais que integram o nosso ordenamento jurídico, e
mais recentemente surgiu o Marco Regulatório das Organi-
zações da Sociedade Civil, a esta altura uma norma regula-
dora para as organizações religiosas seria muito bem-vinda.
Entendo que já é hora de se consolidar a legislação perti-
nente a este crescente segmento no Brasil, mormente agora
que é possível a inserção em seus estatutos de atividades
sociais de educação, saúde e de assistência social, sem o
risco de perda da sua imunidade tributária, garantida pela
Constituição Federal.

82
O que justificaria esta atenção das autoridades legis-
lativas é o crescimento das organizações religiosas em solo
brasileiro. Se a imprensa estiver certa, atualmente nasce a
cada hora uma nova igreja ou outra organização religiosa
nesta terra de Cabral (o descobridor).
Apesar de tão lidas e debatidas, ainda há pontos cinzen-
tos que precisam ser melhor conceituados e interpretados.
A guisa de exemplos, cito a Lei nº13.137/2015, que
divide opiniões no tocante à incidência de imposto de renda
na fonte sobre os proventos recebidos pelo ministro de con-
fissão religiosa. Outro exemplo: embora eu tenha aprendido
nos bancos da faculdade que o artigo 150 da Constituição
Federal é cláusula pétrea, de vez em quando vem alguém
querendo botar caraminholas em minha cabeça, pois que
até mesmo profissionais do Direito não são concordes neste
ponto.
Está erguida a bandeira.

13.1 A Cartilha está evoluindo com as igrejas

Você sabia que agora as igrejas e demais organiza-


ções religiosas podem inserir em seus estatutos atividades
de saúde, educação e de assistência social, sem riscos de
cometimento de desvio de finalidade ou infração às nor-
mas vigentes e a consequente perda do gozo da imunidade
tributária?
É certo que as igrejas sempre tiveram o seu braço
social estendido para as camadas menos favorecidas, mas
agora têm elas o reconhecimento do poder estatal, inclusive
com a possibilidade de repasse de verbas através de cele-
bração de parcerias. Como se vê, as organizações religio-
sas que se dediquem a atividades ou a projetos de interesse

83
público e de cunho social distintas das destinadas a fins ex-
clusivamente religiosos, fazem jus aos benefícios da lei que
ficou conhecida como Marco Regulatório das Organizações
da Sociedade Civil. Trocando em miúdos, isso significa que
as igrejas, desde que insiram em seus estatutos atividades
secundárias nas áreas de saúde, educação e de assistência
social, poderão celebrar termos de fomento ou acordos de
cooperação com Municípios, Estados, Distrito Federal ou
com a União.
As igrejas continuarão focadas na sua missão precí-
pua, que se resume na sigla PESCA, a saber: Proclamação
da Palavra; Ensino; Serviço; Comunhão e Adoração.
É aconselhável que as organizações religiosas, ainda
que não pretendam ampliar as suas atividades a curto prazo,
promovam a adequação imediata dos seus estatutos à lei
que as possibilitam habilitarem-se para desempenhar com
muito mais recursos humanos e financeiros a sua vocação
social. Para tanto, é importante que a sua contabilidade es-
teja regular e que obtenha junto ao Poder Público Munici-
pal ou Estadual a sua inscrição no Cadastro Nacional das
Entidades de Assistência Social para ter acesso a parcerias
com o poder público.
Sem dúvida, esta é uma notícia de grande valor para
as igrejas que se preocupam não só com o lado espiritual
dos fiéis, mas também com aspectos sociais.
Agora vamos à grande novidade: O Dr. Fernando
Gammino, experiente operador do Direito com especiali-
zação em Direito Religioso me achou e juntos produzimos
uma série de orientações em forma de podcast, que intitula-
mos “O Segredo das Igrejas Mais Prósperas”.
Este trabalho tem despertado rapidamente as consci-
ências para práticas de gestão eclesiástica que possibilitam:

84
a) receber dinheiro público para obras sociais e edu-
cacionais desenvolvidas pela igreja;
b) importações de equipamentos de som e ilumina-
ção, instrumentos musicais e computadores sem
impostos;
c) financiar automóveis em nome da igreja e assim
deixar de pagar o IPVA;
d) legalizar e obter todos os benefícios tributários
para as filiais e pontos de pregação da sua igreja
sem a necessidade de criar um CNPJ para cada
local;
e) e muito mais...

Você pode procurar, mas não vai encontrar por aí ne-


nhum material que em apenas uma hora e meia apresente
um compilado das principais práticas adotadas pelas igrejas
mais prósperas.

85
Anexos

Anexo I – Termo de Compromisso (FGTM/FAP)


Anexo II – Sugestão de Termo de Compromisso Mútuo:
Igreja X Pastor
Anexo III – Sugestão de Plano de Contas para Tesoureiros
Anexo IV – Comprovante de Caixa
Anexo V – Comprovante de pagamento de proventos
pastorais
Anexo VI – Modelo de ata de fundação de igreja
evangélica
Anexo VII – Sugestão de Estatuto para Igrejas Batistas
Anexo VIII – Regras parlamentares
Anexo IX – Tabela de obrigações legais das Organizações
Religiosas
Anexo X – Os templos de qualquer culto e o Marco
Regulatório das Organizações da Sociedade Civil
Anexo XI – Teste os seus conhecimentos

87
14. Anexo I

Termo de Compromisso (FGTM/FAP)

Pelo presente e na melhor forma de direito, de um


lado a IGREJA..., com sede na..., inscrita no CNPJ sob o
nº..., ora representada por seu vice-presidente..., portador
do RG nº... – órgão expedidor, inscrito no CPF sob o nº...,
residente na...; e, de outro lado, o pastor..., brasileiro, casa-
do, portador da carteira de identidade do..., registro geral
nº..., inscrito no CPF sob o nº..., ministro de confissão reli-
giosa, residente na..., celebram, na melhor forma de direi-
to, o presente Termo de Compromisso relativo a Fundo de
Garantia por Tempo Ministerial (FGTM) ou Fundo de As-
sistência Pastoral (FAP), com base nas seguintes cláusulas
e condições:

1) A IGREJA... Se compromete a depositar men-


salmente em caderneta de poupança, em favor
do Pr, o equivalente a 8% (oito por cento) (ou
outro percentual que a igreja deliberar) do pro-
vento pastoral a que faz jus, a título de Fundo
de Garantia por Tempo Ministerial (FGTM) ou
Fundo de Assistência Pastoral (FAP), conforme
proposta aprovada em assembleia geral realiza-
da em / / .
2) A caderneta de poupança acima referida deverá ser
aberta em instituição financeira idônea em nome
do beneficiário e sua movimentação se restringi-
rá aos seguintes casos: (especificar de maneira
inequívoca, como por exemplo): a) exoneração

88
do ministro, independentemente da modalidade
ou motivo; b) construção ou aquisição de imóvel
ou veículo c) caso de doença grave na família;
d) aposentadoria, ainda que continue no mesmo
ministério; e) falecimento do ministro (através de
herdeiros).
3) Fica esclarecido que o benefício em tela é um di-
reito do beneficiário, independentemente do mo-
tivo da sua exoneração; o direito ao saldo passa
aos herdeiros; o recolhimento incide sobre o 13º
salário ou outras gratificações que representem,
de alguma forma, proventos pastorais; deverá
ser efetuado mensalmente entre os dias 1º e 15
de cada mês subsequente ao do recebimento, e se
houver atraso no recolhimento, o mesmo deve ser
corrigido pelo índice da caderneta de poupança.
4) Poderá o beneficiário conferir saldos e retirar ex-
tratos sempre que desejar, bem como deverá exi-
bir extratos à Igreja sempre que solicitado.
5) Os casos omissos serão resolvidos pela Igreja,
reunida em assembleia geral.

Local e data,
_______________________________________________
Igreja...
_______________________________________________
Pastor...

TESTEMUNHAS:
_______________________________________________
_______________________________________________

89
15. Anexo II

Sugestão de Termo de Compromisso Mútuo


Igreja X Pastor

Título: Termo de Compromisso Mútuo


Partes: Igreja e Ministro religioso ou outro ministro auxi-
liar não regido pela CLT.
Preâmbulo: Pelo presente instrumento particular, de um
lado, IGREJA... (qualificar); e de outro, PASTOR ou outro
MINISTRO auxiliar não regido pela Consolidação das Leis
do Trabalho – CLT (qualificar), CELEBRAM este Termo
de Compromisso Mútuo mediante os seguintes termos:

Cláusulas e Condições:

Cláusula 1ª: Compete ao ministro religioso (ou outro mi-


nistro) desempenhar suas funções em conformidade com os
objetivos da Igreja, os quais previstos em seus estatutos,
regimentos ou outros documentos, ciente de que não pos-
sui vínculo de emprego, já que de acordo com a legislação
vigente, não se considera como remuneração direta ou in-
direta, os valores despendidos pelas organizações religiosas
com o ministro de confissão religiosa em face de seu mister
religioso ou para sua subsistência.
Cláusula 2ª: O ministro religioso se declara portador de
vocação religiosa e reconhece especialmente a legitimida-
de do art. 3º da CLT e demais legislações pertinentes, que
versam sobre o não vínculo empregatício entre ministro re-
ligioso e igreja, já que ausentes os requisitos para tal, quais
sejam pessoalidade, subordinação hierárquica, obediência a

90
cumprimento de jornada de trabalho, salário ou remunera-
ção e habitualidade.
Cláusula 3ª: A título de proventos pastorais (ou outras ru-
bricas normalmente aceitas: proventos ministeriais, sustento
pastoral, sustento ministerial, renda ou rendimento eclesi-
ástico, prebendas, côngruas ministeriais ou múnus eclesiás-
tico), a Igreja pagará ao ministro a quantia mensal de R$.....
(valor por extenso), mediante documento, no máximo até o
dia (por extenso) de cada mês seguinte ao vencido.
Parágrafo §: Os proventos (ou outras rubricas normal-
mente aceitas: proventos pastorais, proventos ministeriais,
sustento pastoral, sustento ministerial, renda ou rendimen-
to eclesiástico, prebendas, côngruas ministeriais ou múnus
eclesiástico) previstos nesta cláusula deverão ser reajusta-
dos anualmente (ou em período inferior) no mês de ,
tomando-se por base. (especificar de forma clara e inequí-
voca esse critério)
Cláusula 4ª: Além dos proventos previstos na cláusula an-
terior, a Igreja concederá, na medida das suas possibilida-
des e ou liberalidade, os seguintes benefícios análogos ao
de trabalhador, que poderão ser ampliados ou restritos, de-
pendendo da capacidade e ou liberalidade da Igreja:
a. Gratificação natalina em dezembro de cada ano, equi-
valente a 100% (cem por cento) ou fração dos proven-
tos, em parcela única ou em vezes;
b. Férias anuais (acrescidas ou não do terço constitucional);
c. Concessão de plano de saúde para o ministro religioso
(especificar se vai estender à esposa e filhos menores);
d. Concessão de Fundo de Garantia por Tempo Ministerial
(FGTM) ou Fundo de Apoio Pastoral (FAP), à razão de
... % (escrever por extenso) por mês, o qual deverá ser

91
depositado em conta poupança em nome do ministro
religioso e disciplinada de comum acordo;
e. Auxílio moradia até o valor mensal de R$... (por
extenso);
f. Veículo para uso do ministro religioso no exercício das
suas atividades ministeriais;
g. Auxílio combustível;
h. Auxílio previdenciário (INSS e ou previdência privada).
Cláusula 5ª: Fica o ministro religioso ciente de que sobre
tais valores será aplicada a tabela mensal vigente do Impos-
to de Renda para fins de retenção de Imposto na Fonte.
Cláusula 6ª: Fica o ministro religioso ciente de que, por sua
condição de contribuinte obrigatório equiparado a autôno-
mo, o recolhimento do seu INSS será efetuado com base no
valor por si declarado e não necessariamente pelo valor por
ele percebido mensalmente, e que esse ônus é tão somente
seu e não da igreja.
Cláusula 7ª: O tempo de ministério do ministro religioso
será o previsto no estatuto da igreja.
Cláusula 8ª: Assim, justos e acertados, firmam o presente
instrumento em 2 (duas) vias de igual teor.

_______________________________________________
Local e data

_______________________________________________
Assinatura do representante legal da Igreja

_______________________________________________
Assinatura do ministro religioso

92
16. Anexo III

Sugestão de Plano de Contas para Tesoureiros

1. Receitas
1.1. Ordinárias ou Regular
1.1.1. Dízimos, ofertas e contribuições
1.1.2. Outras ofertas regulares
1.1.3. Contribuições das Congregações/Missões

1.2. Extraordinárias ou especiais


1.2.1. Ofertas destinadas para missões
1.2.2. Ofertas destinadas para ação social
1.2.3. Ofertas destinadas para beneficência
1.2.4. Outras ofertas destinadas

1.3. Outras receitas


1.3.1. Ressarcimento de despesas
1.3.2. Ofertas para construção
1.3.3. Encontros
1.3.4. Doações
1.3.5. Empréstimos

1.4. Bancos conta Movimento


1.4.1. Banco S/A – Conta corrente (saque)
1.4.2. Banco S/A – Poupança (saque)

2. Despesas
2.1. Despesas com pessoal
2.1.1. Salários e Ordenados
2.1.2. 13º Salários
2.1.3. Férias

93
2.1.4. Assistência médica e social
2.1.5. FGTS
2.1.6. Indenizações e Aviso Prévio
2.1.7. Despesas com Sindicato
2.1.8. Vale-transporte
2.1.9. Salário-família
2.1.20. Pensão Alimentícia
2.1.21. INSS
2.1.22. Prêmios e gratificações
2.1.23. Cestas básicas
2.1.24. Salário maternidade
2.1.25. Despesas com alimentação

2.2. Despesas Gerais


2.2.1. Energia Elétrica
2.2.2. Telefone
2.2.3. Água/Esgoto
2.2.4. Gás
2.2.5. Despesas postais e telegráficas
2.2.6. Reproduções
2.2.7. Material de expediente e impressos
2.2.8. Aluguéis
2.2.9. Seguros
2.2.10. Material de higiene e limpeza
2.2.11. Serviços prestados por terceiros
2.2.12. Assistência contábil
2.2.13. Despesas legais e judiciais
2.2.14. Livros, jornais e revistas
2.2.15. Internet
2.2.16. Decoração e ornamentação
2.2.17. Bens de valores irrelevantes
2.2.18. Material de uso e consumo

94
2.2.19. Despesas com transportes
2.2.20. Despesas com veículos

2.3. Manutenção e reparos


2.3.1. Conservação e manutenção
2.3.2. Ferramentas perecíveis
2.3.3. Consertos e reparos

2.4. Despesas Tributáveis


2.4.1. IPTU
2.4.2. Impostos e taxas diversas
2.4.3. IR retido na fonte
2.4.4. PIS s/folha de salários
2.4.5. IOF
2.4.6. IPVA

2.5. Despesas Administrativas


2.5.1. Renda eclesiástica
2.5.2. Prêmio eclesiástico
2.5.3. Descanso eclesiástico
2.5.4. Associação de classe
2.5.5. Viagens de representação da igreja
2.5.6. Despesas diversas
2.5.7. Despesas com ministério do culto
2.5.8. Despesas com ministérios
2.5.9. Acampamentos e retiros
2.5.10. Funerais
2.5.11. Festas
2.5.12. Assinatura e consultoria
2.5.13. Juros e multas
2.5.14. Material para Ceia do Senhor

95
2.5.2. Despesas destinadas
2.5.2.1. Plano cooperativo
2.5.2.2. Evangelismo – folhetos, literaturas e ofertas
2.5.2.3. Pontos de pregação, convenção, missões
2.5.2.4. Despesas diversas com evangelismo e missões
2.5.2.5. Despesas c/conferencistas/pregadores/cantores
2.5.2.6. Contribuição para asilos e orfanatos
2.5.2.7. Despesas com ação social e beneficência
2.5.2.8. Multiministério (ajuda para comunidade)
2.5.2.9. Causas presbiteriais
2.5.2.10. Assistência funeral
2.5.2.11. Despesas com estagiários e seminaristas
2.5.2.12. Despesas com educação religiosa
2.5.2.13. Despesas com departamento/ministério de música
2.5.2.14. Despesas com ministério de música – ministro/
regente

2.5.3. Outras despesas


2.5.3.1. Literatura evangélica
2.5.3.2. Escola bíblica – EBD/EBF
2.5.3.3. Despesas com congregações
2.5.3.4. Ressarcimento de receita
2.5.3.5. Empréstimos

2.5.4. Cursos diversos


2.5.4.1. Cursos e treinamento
2.5.4.2. Cursos para reciclagem ministerial
2.5.4.3. Cursos teológicos
2.5.4.4. Cursos de música

2.5.5. Despesas financeiras


2.5.5.1. Despesas bancárias

96
2.5.5.2. Juros e multas
2.5.5.3. Juros passivos

2.5.6. Bancos conta Movimento


2.5.6.1. Banco S/A – conta corrente (depósitos)
2.5.6.2. Banco S/A – conta poupança (depósitos)

3. Patrimônio
3.1. Bens patrimoniais
3.1.1. Terrenos
3.1.2. Imóveis
3.1.3. Móveis e utensílios
3.1.4. Computadores e periféricos
3.1.5. Veículos
3.1.6. Consórcios de veículos
3.1.7. Móveis e utensílios, equipamentos e instrumentos
musicais
3.1.8. Máquinas, equipamentos e instalações
3.1.9. Biblioteca
3.1.10. Construções em andamento
3.1.11. Benfeitorias em propriedade de terceiros
3.1.12. Equipamentos de sonorização
3.1.13. Equipamentos esportivos
3.1.14. Tapetes
3.1.15. Instrumentos musicais

Atenção: Ressalte-se que em uma organização religiosa


ou mesmo qualquer organização de personalidade jurídica,
não existe, e nunca deverá existir, o desprezível CAIXA 2,
que é tipificado como crime contra a ordem tributária. Ór-
gãos, departamentos e os diversos segmentos da igreja de-
vem concentrar suas finanças em CAIXA ÚNICO.

97
O procedimento a ser adotado por aquelas igrejas que por
costume levantam ofertas ou outras verbas em seus diver-
sos departamentos (Senhoras, Homens, Jovens, Adolescen-
tes, Crianças, Beneficência, Cantina etc.) e administram
tais valores, devem repassar, ou no mínimo informar, ao
tesoureiro o total arrecadado mensalmente. E mais, devem
comprovar todas as saídas, mediante documentos idôneos,
repassando-os ao tesoureiro

98
17. Anexo IV

Comprovante de caixa

Nome da Igreja
Endereço da Igreja
CNPJ

COMPROVANTE DE CAIXA Nº

RECIBO – R$

Recebi a importância supra de


R$ (
) referente a _____________
_______________________________________________
(Discriminar valores no verso)
Desta forma, firmo o presente documento.
Local e data, / /
_______________________________________________
Assinatura
Autorizado:
Aprovado:

99
18. Anexo V

Comprovante de pagamento de proventos pastorais

NOME DA IGREJA
Endereço completo
CNPJ: 00.000.000/0001-00

RECIBO DE PROVENTOS MINISTERIAIS


NOME: CPF:
FUNÇÃO: Ministro de confissão religiosa MÊS/ANO:
Nº de dependentes para fins de IR: Valor da Contribuição ao INSS: R$
Dedução por dependente em 2022: R$189,59
Descrição Valor Desconto Líquido a
receber
RENDA ECLESIÁSTICA
FGTM/FAP
INSS
IRFON
PLANO DE SAÚDE

TOTAIS
Valores expressos em moeda nacional (R$ – Real)

Local e data: , / /

________________________________________________________
Assinatura

Vistos:
________________________________________________________
________________________________________________________
Tesouraria Comissão de Finanças (ou similar)

100
Controle de pagamentos (anexar comprovantes)

Documento Valor Data Data Banco/


Pago Venc. Pgto. Órgão
DARF – CÓD. 0588

INSS – CARNÊ

PLANO DE SAÚDE

OUTROS

Este documento deverá ser expedido em 3 vias:

1) Tesouraria, 2) Beneficiário, 3) Contador

101
19. Anexo VI

Modelo de ata de fundação de igreja evangélica

No dia .... do mês de ........ do ano de dois mil ......,


um grupo de pessoas, qualificado como membros funda-
dores, em lista anexa e inseparável desta ata, reuniu-se na
Rua ......, nº...., bairro..., na cidade de ....., Estado do .......,
CEP......, para a criação de uma organização religiosa, de
fins não econômicos, com base na Constituição Federal e
demais diplomas legais, que se denominará. Após a parte
devocional, o senhor Fulano de tal, assumiu a presidência
da assembleia, por aclamação unânime, tendo sido secre-
tariado por .......... e, depois de prestar os esclarecimentos
necessários, foi instalada uma assembleia, que teve como
primeiro item de deliberação a votação sobre a criação
da Igreja, que foi aprovada por unanimidade, seguindo-se
a apreciação do projeto de Estatuto, que foi integralmen-
te aprovado e segue anexo a esta ata, e também a eleição
da diretoria por declaração de votos, que terá mandato de
.. (....) anos, iniciando-se em .../../...., e encerrando-se em
../../., excepcionalmente, à exceção do presidente, que terá
mandato por tempo indeterminado, em conformidade com
o artigo ..., parágrafo ...., e com o artigo do Estatuto ora
apreciado e aprovado na íntegra, e que ficou assim cons-
tituída: PRESIDENTE: .............(qualificação completa);
VICE-PRESIDENTE:............; 1º SECRETÁRIO: ...........
(qualificação completa); 1º SECRETÁRIO: ( q u a l i f i c a -
ção completa); 1º TESOUREIRO: ..........; (qualificação
completa); 2º TESOUREIRO:(qualificação completa). Em
seguida, foi lida pelo presidente e demais membros da di-
retoria eleita, a seguinte declaração: “Nos termos da Lei

102
nº10.406, artigo 1.011, parágrafo 1°, o presidente e a dire-
toria eleita e empossada nesta data declaram, sob pena da
lei, que não estão impedidos de exercerem a administração
da Igreja, por lei especial ou em virtude de condenação cri-
minal”. Cumpridas as formalidades legais, o presidente de-
clarou definitivamente constituída a organização religiosa
denominada ........, com sede na Rua ....., que tem duração
por tempo indeterminado, com o objetivo de reunir-se re-
gularmente para cultuar a Deus e proclamar o Evangelho
de Jesus Cristo, estudar a Bíblia Sagrada, cultivar a comu-
nhão entre os crentes, promover a educação cristã, praticar
a beneficência e tratar dos demais assuntos relativos às suas
finalidades. E, para constar, eu, ............, eleito secretário
“ad hoc”, lavrei e assinei a presente ata, junta-mente com
o presidente, após lida e aprovada em plenário, seguindo-
-se a relação dos membros fundadores, sendo obedecido o
número mínimo exigido por lei.

103
20. Anexo VII

Sugestão de Estatuto para Igrejas Batistas3

ESTATUTO ORGANIZACIONAL DA
IGREJA BATISTA ________________

CAPÍTULO I
DA DENOMINAÇÃO, SEDE, FILIAIS E
FINALIDADES

Art. 1º - A IGREJA BATISTA ________________, com sede


e foro na Cidade de __________, Estado _____________,
na Rua ________________, nº______, bairro __________,
CEP __________, E-mail __________, [inscrita no CNPJ
sob o nº __________, com seus atos constitutivos registra-
dos perante o ____ (descrever cartório), às fls. __/__ do
Livro ___,]4 doravante designada “Igreja”, é uma organiza-
ção religiosa, pessoa jurídica de direito privado, de fins não
econômicos, constituída por tempo indeterminado e com
número ilimitado de membros.
§ 1º A Igreja, no uso das prerrogativas constitucionalmente
garantidas, será regida exclusivamente pelos princípios bí-
blicos esposados pela denominação, em conformidade com
a interpretação bíblica por ela adotada, e nos estritos termos

3 O presente trabalho foi elaborado a partir do modelo de estatuto sugerido


pela Convenção Batista Brasileira para as igrejas a ela filiadas. Portanto,
este modelo batista, que adota o sistema de governo congregacional demo-
crático e outras particularidades, terá que ser adequado de acordo com cada
realidade.
4 Somente usar esse trecho em caso de reforma estatutária.

104
de seu Estatuto Organizacional, Regimento Interno, e/ou
decisões da Assembleia Geral, conforme lhe autoriza o §1º
do artigo 44 do Código Civil Brasileiro.
§ 2º São membros fundadores aqueles cujos nomes cons-
tam na ata de sua fundação, realizada em __ de _________
de _________.
§ 3º São Filiais da IGREJA5:
a) Nome da Filial: Rua _______, nº _______, Bairro
__________, na Cidade _______, Estado ______ – CEP
___;
b) Nome da Filial: Rua _______, nº _______, Bairro
__________, na Cidade _______, Estado ______ – CEP
___;
c) Nome da Filial: Rua _______, nº _______, Bairro
__________, na Cidade _______, Estado ______ – CEP
___.
§ 4º As filiais da Igreja não possuem autonomia administra-
tiva e não são gestoras de orçamento, de modo que ficam
dispensadas da inscrição no CNPJ, conforme previsão do §
9º do art 4º da Instrução Normativa RFB nº 1.863, de 27 de
dezembro de 2018, conforme alterada pela Instrução Nor-
mativa RFB nº 1.897, de 27 de junho de 2019.

5 Inserir como Filiais todos os imóveis utilizados de forma contínua pela igre-
ja a qualquer título, sejam eles próprios, alugados, em situação de posse, em-
prestados (comodato), ou cedidos mediante acordo de outra natureza. Podem
ser incluídos, por exemplo, a residência do pastor presidente, o escritório,
o estacionamento, o endereço do salão de festas, da quadra poliesportiva e
assim por diante. A ideia é facilitar trâmites burocráticos que potencializem
os benefícios inerentes às imunidades e isenções tributárias da organização
religiosa. Não é nosso propósito criar qualquer tipo de inovação à tradição
das Igrejas Batistas filiadas à CBB de não possuírem filiais, congregações e
pontos de pregação para além da igreja matriz.

105
§ 5º Todo o patrimônio alocado nas Filiais, pertence, de fato
e de direito, à Igreja.
Art. 2º - A IGREJA tem por finalidade reunir-se regular-
mente para cultuar a Deus e proclamar o Evangelho de
Jesus Cristo; estudar a Bíblia Sagrada adotada ou indica-
da pela Convenção Batista Brasileira; cultivar a comunhão
entre os crentes; promover a educação religiosa, praticar a
beneficência e tratar dos demais assuntos relativos às suas
finalidades.
§ 1º Nos termos da Lei nº13.019/2014, a IGREJA desenvol-
verá atividades de saúde, educação e de assistência social
de forma autônoma ou através de parcerias com o Poder
Público, especialmente no sentido de ______________.
§ 2º Com relação às finalidades complementares, em espe-
cial atividades de interesse público e de cunho social distin-
tas das destinadas a fins exclusivamente religiosos, a Igreja
poderá atuar como uma Organização da Sociedade Civil na
forma da Lei nº 13.019/2014, inclusive por meio de parce-
rias e convênios com o Poder Público.
§ 3º Para fins de atendimento dos seus objetivos principais e
complementares, a Igreja poderá estabelecer parcerias com
outras organizações religiosas e/ou outras Organizações da
Sociedade Civil.
§ 4º A Igreja poderá desenvolver as seguintes atividades
complementares, desde que os seus resultados econômicos
sejam prioritariamente vertidos para o custeio das finalida-
des principais da Igreja6:

6 Esse parágrafo somente será necessário quando essas atividades (i) gera-
rem renda compatível e/ou superior aos tradicionais dízimos, ofertas e do-
ações; e (ii) competirem com empresas no livre mercado que não possam
fazer uso de serviço voluntário, imunidades tributárias e outras vantagens

106
a) Cantina (serviço de alimentação privativo) – Exploração
Própria (CNAE 5260-1/03)7;
b) Estacionamento de automóveis (CNAE 5223-1/00);
c) Comércio varejista de outros artigos usados (CNAE
4785-7/99)6;
d) Comércio varejista de mercadorias em geral, sem predo-
minância de produtos alimentícios (CNAE 4713-0); e
e) Lojas de variedades, exceto lojas de departamentos ou
magazines (CNAE 4713-0/02).
§ 5º A Igreja poderá deter participação em empresas, como
acionista ou quotista, mas não exercerá a administração de
nenhuma empresa, exceto de forma transitória quando o
exercício da administração se fizer necessário para evitar
uma situação de acefalia.8
Art. 3º - A Igreja é autônoma e soberana em suas decisões,
não estando, por esta razão, sujeita a qualquer outra igreja
ou autoridade eclesiástica, reconhecendo apenas a autorida-
de de nosso Senhor Jesus Cristo por sua vontade expressa
nas Sagradas Escrituras no sentido espiritual, e também re-
conhece e respeita as autoridades constituídas na forma da
Lei do Estado, conforme orienta a própria Bíblia adotada ou
indicada pela Convenção Batista Brasileira.

competitivas. Tudo isso está minuciosamente detalhado na Comunidade da


Cartilha da Igreja Legal.
7 Se a cantina for explorada por terceiros, use: Cantina (serviço de alimenta-
ção privativo) – Exploração por Terceiros (5620-1/03).
8 Nada na legislação brasileira impede as igrejas de serem sócias de empre-
endimentos empresariais que lhes gere uma renda passiva e facilite domar o
monstro dos boletos. No entanto, há precauções a serem tomadas. Saiba tudo
sobre isso na Comunidade da Cartilha da Igreja Legal.

107
Parágrafo único – A Igreja aceita e se sujeita ao documento
denominado “Declaração Doutrinária da Convenção Batis-
ta Brasileira”.
Art. 4º - A Igreja relaciona-se, para fins de cooperação, com
as demais igrejas filiadas à Convenção Batista Brasileira.
Art. 5º - A Igreja poderá criar instituições a ela vinculadas,
com personalidades jurídicas próprias, para desenvolver
atividades específicas, dentro do seu programa de trabalho.

CAPÍTULO II
DA ADMISSÃO E DESLIGAMENTO DE MEMBROS

Art. 6º - A Igreja compõe-se de pessoas que aceitam vo-


luntariamente as suas doutrinas e disciplinas, sem distinção
de sexo, raça ou nacionalidade, por ela recebidas unanime-
mente em assembleia geral9. Em caso de votos contrários à
aceitação do candidato, não haverá necessidade de justifi-
cativa de quem os proferir.
§ 1º A Igreja reconhece os sexos masculino e feminino
como apresentados pela Bíblia Sagrada adotada ou indicada
pela Convenção Batista Brasileira.10
§ 2º É vedada a admissão de qualquer pessoa que defenda
e pratique a homossexualidade, a pedofilia, o adultério ou a
prostituição, por serem tais práticas contrárias às doutrinas
bíblicas professadas pela Igreja.

9 Há algumas igrejas que aceitam novos membros em qualquer reunião.


Essa é uma alternativa perfeitamente válida em virtude do direito de
autorregulamentação.
10 Os §§1º a 3º são opcionais. Há quem prefira omitir tais pontos no estatu-
to e abordá-los detalhadamente no Regimento Interno ou outro documento
canônico.

108
§ 3º À Igreja se reserva o direito de não promover casamen-
tos de pessoas que tenham civilmente alterado seu gênero.
§ 4º - Casos especiais não constantes deste artigo, tais como
os relacionados a questões de ordem ética, moral e ideoló-
gica, serão tratados prévia e privativamente pelo Conselho
Administrativo da Igreja, sob a orientação do seu líder espi-
ritual, ad referendum da assembleia geral. 11
§ 5º - A Igreja contemplará as seguintes categorias de
membros:
a) Membros ativos (ou plenos): Aqueles que participam
assiduamente das atividades desenvolvidas pela Igreja e vo-
luntariamente se comprometem a participar dos processos
decisórios da Igreja através das assembleias gerais e/ou reu-
niões administrativas, observados os ditames do Código Ci-
vil em questões que envolvam capacidade civil do membro.
b) Membros inativos (ou semiplenos): Aqueles que par-
ticipam eventualmente das atividades desenvolvidas pela
igreja e abrem mão de participar dos seus processos decisó-
rios através das assembleias gerais e/ou reuniões adminis-
trativas, não sendo por isso computados para votar, serem
votados ou ocuparem cargos.
c) Membros virtuais12: Aqueles que acompanham os cul-
tos e recebem assistência espiritual pelos mais diversos
meios de telecomunicação, em especial por meio da inter-
net, abrindo mão de participar dos seus processos decisórios

11 Pode-se acrescentar aqui outros temas de caráter social, ético ou moral, tais
como: aborto, pena de morte, eutanásia, porte de arma, jogos de azar, separa-
ção do Estado da igreja (política x igreja), ideologia de gênero, ecumenismo,
divórcio e novo casamento, teologia inclusiva etc.).
12 Tem crescido o número de igrejas que contemplam uma terceira categoria de
membros: os virtuais, desde que compatíveis com a cosmovisão da igreja.

109
através das assembleias gerais, não sendo por isso computa-
dos para votar, serem votados ou ocuparem cargos. A Igreja
deverá estimular os membros virtuais a tornarem-se mem-
bros ativos. Poderão ser admitidos como membros virtuais
aqueles que residem em outra cidade, estado ou país, ou
que comprovarem restrições à sua locomoção por questões
de enfermidade ou segurança. A aplicação para membros
virtuais é iniciada por meio do preenchimento de um for-
mulário padronizado, que deverá ser datado e assinado pelo
requerente.
§ 6º - Compreendem a categoria de inativos os idosos e
enfermos e esses não estão sujeitos ao previsto no inciso III
do artigo 10 deste estatuto.
§ 7º - A mudança de categoria se dará através de pedido à
mesa diretora pelo interessado, obedecido o prazo mínimo
de 30 (trinta) dias.
Art. 7º - O ingresso de membros na Igreja obedecerá a um
dos seguintes processos:
a) pública profissão de fé seguida de batismo;
b) carta de transferência ou reconciliação de outra igreja
batista da mesma fé, ordem e disciplina;
c) reconciliação; e
d) aclamação ou declaração, mesmo para membros de ou-
tras denominações, desde que batizados por imersão, e que
participem da classe de novos membros, e que tenham pelo
menos, 3 (três) meses de frequência à Igreja, precedida de
testemunho e compromisso.
Parágrafo único – Também poderão ser recebidos por acla-
mação ou declaração os membros cujas cartas de transfe-
rência não puderem ser requeridas ou não forem expedidas

110
por motivo alheio à vontade da Igreja e que seu testemunho
seja conhecido da Igreja, após o prazo mínimo de 3 (três)
meses de frequência.
Art. 8º - A saída de qualquer membro da igreja obedecerá a
um dos seguintes motivos:
a) falecimento;
b) concessão de carta de transferência para outra igreja da
mesma fé, ordem e disciplina; e
c) desligamento, por solicitação do interessado, por abando-
no ou por justa causa, conforme preceituado neste estatuto.
Art. 9º - A Igreja, através da assembleia geral, reserva para
si o direito de desligar, por justa causa, qualquer membro
que, a juízo dela, deixe de observar os deveres preceituados
no Art. 10 deste Estatuto.
Art. 10. Perderá a condição de membro da Igreja, indepen-
dentemente da categoria, aquele que for desligado, por de-
cisão da assembleia geral, nas seguintes hipóteses:
I – infringir os princípios éticos, morais e da boa condu-
ta, defendidos pela Igreja, com fundamento nas Sagradas
Escrituras;
II – defender e/ou professar doutrinas ou práticas que con-
trariem a Declaração Doutrinária da Convenção Batista
Brasileira;
III – ausentar-se da Igreja e deixar de participar das ativi-
dades eclesiásticas, por mais de 180 (cento e oitenta) dias;
IV – solicitar desligamento; e
V – transferir-se para outra igreja.

111
§ 1º - Quando, de qualquer modo, o membro se julgar injus-
tiçado, terá amplo direito de defesa na forma deste Estatuto
e do Regimento Interno.13
§ 2º - A disseminação de mensagens, imagens, vídeos, áu-
dios e/ou quaisquer suportes de mídia com conteúdo con-
trário ou atentatório aos mandamentos bíblicos segundo
a doutrina professada pela Igreja, ou que possa promover
dissidência manifesta ou rebelião contra a autoridade da
Igreja, também será considerada uma falta grave passível
de desligamento, sobretudo quando divulgada por qualquer
tecnologia de telecomunicação (v.g. web, telefonia, rádio,
etc.), e/ou nos perfis, mídias sociais, grupos e comunidades
do membro da Igreja.14

CAPÍTULO III
DOS DIREITOS E DEVERES DOS MEMBROS

Art. 11. São direitos do membro da Igreja:


I – participar dos cultos e demais atividades da Igreja;
II – participar das assembleias gerais, podendo votar e ser
votado para quaisquer cargos ou funções, desde que civil-
mente capazes;
III – assistir aos cultos regularmente;

13 É muito importante que a igreja estabeleça um justo procedimento que asse-


gure ampla defesa ao membro em vias de ser excluído por falta grave. Com
isso, diminui consideravelmente a chance de a igreja ser obrigada a pagar
indenizações, especialmente por danos morais. Nesse exemplo fizemos re-
missão ao Regimento Interno. Nada impede que a Igreja Batista adote regras
procedimentais para assegurar a ampla defesa e o contraditório no estatuto,
como no modelo que apresentamos na sugestão de estatuto para uma Assem-
bleia de Deus na Comunidade da Cartilha da Igreja Legal.
14 Essa é uma questão que vem ganhando muito força na atualidade.

112
IV – participar do programa de crescimento espiritual pro-
movido pela Igreja;
V – receber assistência e orientação espiritual;
VI – defender-se de qualquer acusação que lhe seja feita;
VII – obter cópia deste Estatuto e/ou Regimento Interno,
bem como extrato de seus dízimos e contribuições;
VIII – optar por uma das categorias de membros descritas
neste Estatuto.
§ 1º - A qualidade de membro da Igreja é intransferível, sob
qualquer alegação.
§ 2º - Nenhum direito poderá ser reivindicado por aquele
que deixar de ser membro da Igreja.
§3º - Toda e qualquer atividade desenvolvida pelos mem-
bros no âmbito da Igreja, tais como diaconia, ensino, lide-
rança, ministério, departamento ou comissão, atuação em
bazares, cantinas, estacionamentos, músico e motorista de
veículos da Igreja, sem embargo de outras atividades, terão
caráter voluntário e, portanto, não configurarão relações de
emprego ou de trabalho remunerado.15
§ 4º - Serão computados apenas os votos exercidos pelos
membros ativos civilmente capazes quando a decisão for
capaz de gerar implicações legais.
§ 5º - O inciso II do presente artigo é prerrogativa apenas
dos membros ativos da IGREJA.
Art. 12. São deveres do membro da Igreja:

15 Vide nossas observações sobre Serviço Voluntário.

113
I - manter sua disciplina cristã pessoal e acatar a disci-
plina da Igreja, bem como os princípios bíblicos por ela
ensinados;
II - desempenhar a contento os cargos para os quais for elei-
to, indicado ou aclamado pela Igreja;
III - contribuir regularmente com seus dízimos e ofertas
para o sustento das finalidades da Igreja;
IV - evitar e combater todos os vícios;
V - ser correto em suas transações, fiel em seus compromis-
sos e exemplar na sua conduta;
VI - evitar a detração, a difamação, a calúnia e a injúria;
VII - comunicar à igreja, justificando, sua ausência aos cul-
tos regulares por mais de 180 (cento e oitenta) dias; e
VIII – aceitar e observar as doutrinas da Igreja conforme
preceitua a Declaração Doutrinária da Convenção Batista
Brasileira.
§ 1º - O inciso II do presente artigo somente se aplica aos
membros ativos.
§ 2º - O membro que infringir o inciso VII passará automa-
ticamente à condição de membro inativo.

CAPÍTULO IV
DAS FONTES DE RECURSOS PARA MANUTENÇÃO
DA IGREJA

Art. 13. A receita da Igreja será constituída prioritariamen-


te16 de dízimos e contribuições voluntárias dos seus mem-
bros ou ofertas biblicamente lícitas de quaisquer outras

16 Nada impede a igreja de receber receitas de outras fontes como investimentos.

114
pessoas físicas ou jurídicas e será aplicada exclusivamente
na consecução de seus fins.
Art. 14. O patrimônio da Igreja será constituído de doa-
ções, legados, bens móveis e imóveis que possua ou venha
a possuir, e que serão registrados em seu nome e utilizados
tão somente na consecução dos seus fins, nos termos deste
Estatuto.
§ 1º - Os membros da Igreja, em virtude dos objetivos da
mesma, não participam de seu patrimônio.
§ 2º - Aquele que, por qualquer motivo, desfrutar do uso de
bens da Igreja, cedidos em locação, comodato ou similar,
ainda que tácita e informalmente, fica obrigado a devolvê-
-los quando solicitado e no prazo estabelecido pela dire-
toria, nas mesmas proporções e condições de quando lhes
foram cedidos.

CAPÍTULO V
DA CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO
DOS ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS E
DELIBERATIVOS

Art. 15. A administração dos negócios da Igreja será exer-


cida pela assembleia geral dos membros, que é o poder so-
berano e administrador, tendo para executá-la a diretoria da
igreja, que se comporá de presidente, 1º vice-presidente, 2º
vice-presidente, 1º secretário e 2º secretário, que exercerão
suas funções de acordo com os deveres atribuídos a cada
um.
§ 1º - Os membros da diretoria da Igreja não serão respon-
sáveis pelas obrigações que contraírem em nome da Igreja,

115
em virtude de ato regular de gestão, respondendo, porém,
civil, penal e administrativamente, quando for o caso, por
violação da lei, deste Estatuto e de outros normativos da
Igreja.
§ 2º - Compete ao presidente:
I - convocar e dirigir todas as assembleias gerais da Igreja;
II - representar a Igreja judicial e extrajudicialmente;
III – assinar, com o secretário, escrituras de compra e ven-
da, de hipoteca e de alienação de bens imóveis, sempre me-
diante autorização prévia e nos termos deste Estatuto;
IV - assinar as atas das assembleias gerais da Igreja, depois
de aprovadas; e
V – em conjunto com o secretário, assinar cheques, abrir,
movimentar e encerrar contas bancárias.
§ 3º - Compete aos vice-presidentes, na ordem de eleição,
substituir o presidente nos seus impedimentos e ausências.
§ 4º - Compete ao 1º secretário:
I - redigir, lavrar em livro próprio e assinar as atas das as-
sembleias gerais da Igreja;
II - receber e despachar correspondência administrativa;
III - manter em ordem a documentação administrativa, in-
clusive fichário, livro de atas e de presença dos membros;
IV – assinar, com o presidente, escrituras de compra e ven-
da, hipoteca e alienação de bens imóveis, sempre mediante
autorização prévia, nos termos deste Estatuto.
V – em conjunto com o presidente, assinar cheques, abrir,
movimentar e encerrar contas bancárias.
§ 5º - Compete ao 2º secretário, sem prejuízo de outras atri-
buições que lhe forem conferidas, substituir o 1º secretário
nos seus impedimentos e eventuais ausências.

116
§ 6º - O pastor titular, se também for eleito pela assembleia
geral como presidente da Igreja17, poderá servir por tempo
indeterminado; os demais membros da diretoria serão elei-
tos quadrienalmente em assembleia geral, para exercício de
suas respectivas funções nos 4 (quatro) anos eclesiásticos
subsequentes, sendo permitida a reeleição para qualquer
cargo.

17 Apesar da tradição, não existe regra rígida para que o pastor seja o pre-
sidente da Igreja. Vejamos uma alternativa trazida pelo Estatuto da Igreja
Memorial Batista de Brasília-DF:
Art. _: O presidente é o pastor titular, com a atribuição de presidir as sessões
da assembleia geral e as reuniões do Conselho da Igreja, podendo proferir
voto de qualidade e participar das reuniões de quaisquer órgãos.
Como líder espiritual da Igreja, ele tem as seguintes atribuições:
I - planejar, organizar, orientar, promover e dirigir as atividades e reuniões
do Conselho Pastoral;
II - organizar, dirigir e orientar a execução dos cultos, estabelecendo-lhes o
conteúdo e a forma;
III - autorizar a participação de oficiantes, oradores e palestrantes em cultos
e outros eventos programados pela Igreja ou em nome desta pelos ministé-
rios e demais órgãos;
IV - representar institucionalmente a Igreja.
Art. _: O primeiro vice-presidente tem as seguintes atribuições:
I - dirigir as reuniões da Diretoria;
II - outorgar mandato, assinar escritura de compra e venda, alienação, hipo-
teca, financiamento, doação, comodato, locação e outros instrumentos jurí-
dicos de qualquer natureza, previamente autorizados pela Assembleia Geral;
III - substituir o Presidente nas suas ausências, impedimentos ou vacâncias
nas sessões da Assembleia Geral e nas reuniões do Conselho da Igreja, na
forma do Regimento interno,
IV - dirigir e coordenar a gestão administrativa da Igreja, superintender e
supervisionar sua administração, no tocante aos assuntos relativos a pessoal,
serviços e patrimônio, inclusive as atividades do Gerente Executivo;
V - abrir, movimentar e encerrar contas, bem como efetuar quaisquer ope-
rações e serviços bancários necessários à gestão financeira, conjuntamente
com o Primeiro-Diretor Financeiro.
§ 1º O Primeiro-vice-presidente representará a Igreja, ativa e passivamente,
nos assuntos relativos às suas atribuições.

117
§ 7º - A igreja poderá ter pastores e/ou ministros de con-
fissão religiosa auxiliares, a convite do pastor titular, ad
referendum da assembleia geral, para atuarem por tempo
indeterminado em ministérios específicos, sob a orientação
do pastor titular, que poderão receber auxílio financeiro.
§ 8º - Pastores auxiliares somente poderão concorrer ao mi-
nistério pastoral titular da Igreja se a saída do pastor titular
tiver ocorrido de forma espontânea.
§ 9º - Em caso de vacância de qualquer um dos cargos da di-
retoria, a eleição do substituto se dará em assembleia geral.
§ 10º - Sendo o pastor titular o presidente da Igreja, poderá
ele delegar ao 1º vice-presidente algumas de suas atribui-
ções de cunho administrativo, a fim de ficar mais livre para
tratar de assuntos espirituais.
§ 11º - A eleição da diretoria estatutária dar-se-á no último
trimestre do ano que antecede o início do mandato e a posse
dar-se-á em 1º de janeiro do ano seguinte em assembleia
solene nesse mesmo dia ou no decorrer do mês de janeiro.
Art. 16. Para a gerência de seus negócios em geral, a Igreja
se reunirá em assembleia geral ordinária ou extraordinária,
presencial ou virtual, sob a direção do seu presidente ou,
na sua ausência, por seu substituto legal, e serão válidas as
decisões que estejam de conformidade com o disposto neste
Estatuto.
Art. 17. A orientação espiritual da Igreja caberá ao pastor,
que poderá receber sustento financeiro pelo exercício deste
ministério.
§ 1º - As assembleias gerais ordinárias serão realizadas em
dias e horários definidos pela Igreja, quando da aprovação
da agenda eclesiástica anual, que necessariamente deverá

118
prever a realização de uma assembleia geral ordinária para
aprovação das contas da gestão antes do final do primeiro
quadrimestre de cada ano, tendo em mente que o ano-calen-
dário da Igreja inicia no dia 1º de janeiro e finda no dia 31
de dezembro.
§ 2º - As assembleias gerais extraordinárias serão convoca-
das de púlpito pelo presidente, com antecedência mínima
de 15 (quinze) dias, e através de edital afixado em lugar
bem visível na sede da Igreja e em suas congregações, bem
como por todos os demais meios de publicidade, constan-
do da convocação a ordem do dia, exceto para a aceitação
de membros18, que poderão ser realizadas sem convocação
prévia e sem exigência de quorum.
§ 3º - A Igreja poderá decidir, em assembleia geral ordiná-
ria, realizar uma assembleia geral extraordinária, aprovan-
do nessa ocasião a ordem do dia.
§ 4º - O quorum para as assembleias extraordinárias será de
2/3 (dois terços) dos membros ativos da Igreja, em primei-
ra convocação, ou 1/5 (um quinto) dos membros ativos da
Igreja, 15 (quinze) minutos depois da primeira convocação.

Parágrafo Único19. As assembleias gerais serão realizadas


na sede da Igreja, porém à exceção da reforma deste Esta-
tuto, da dissolução da Igreja e da implantação e reforma de
Regimento Interno, os demais poderão ser decididos atra-
vés de assembleia virtual devidamente convocada, desde

18 Se essa questão não for controvertida segundo a cosmovisão da igreja.


19 O clausulado inserido no quadro contém uma sugestão de regulamentação
de assembleias virtuais e/ou híbridas. Se a igreja resolver adotá-la, deverá
ter o cuidado de renumerar os artigos.

119
que não seja exigido quorum qualificado, conforme previ-
são do Regimento Interno.
Artigo __. Observadas as prescrições legais que garantam a
sua validade, as Assembleias Gerais poderão ser realizadas,
de forma presencial, virtual, ou híbrida, mediante sistema,
plataforma ou outro meio eletrônico.
Parágrafo único. Esta faculdade também se estende e se apli-
ca às reuniões da Diretoria, dos Ministérios, dos grupos de
trabalho, do Conselho Fiscal e do Conselho Administrativo.
Artigo __. O sistema, plataforma ou outro meio eletrônico
em que se dará a assembleia virtual ou híbrida contará com
direção, controle, coordenação e fiscalização centralizados
na sede, ou em outro local previamente designado, e pode-
rá ser acompanhado por membros em pleno gozo dos seus
direitos.
Artigo __. Os membros presentes virtualmente à Assem-
bleia Geral poderão dar seu voto por correio eletrônico
(e-mail ou similar), ou através de sistema, plataforma ou
outro meio eletrônico, para fins de comprovação de partici-
pação e presença.
Parágrafo único. Esta faculdade também se estende e se apli-
ca às reuniões da Diretoria, dos Ministérios, dos grupos de
trabalho, do Conselho Fiscal e do Conselho Administrativo.
Artigo __. Na hipótese de votação por correio eletrônico
(e-mail ou similar), com presença “virtual” de membro, a
mensagem eletrônica deverá ser impressa e obrigatoria-
mente deverá acompanhar a ata da Assembleia, valendo
também como comprovação de participação e presença,
para todos os fins e efeitos.

120
Artigo __. Fica esclarecido que a palavra “presentes”, utili-
zada especialmente para fixação do quorum de instalação e
deliberação das Assembleias Gerais e das demais reuniões
dos órgãos sociais, envolve tanto a presença física quanto a
presença virtual.

Art. 18. Os assuntos abaixo só poderão ser tratados em as-


sembleia geral extraordinária, preferencialmente de forma
presencial, na sede da Igreja:
a) eleição e destituição do pastor-presidente;
b) reforma deste Estatuto;
c) aquisição, oneração ou alienação de bens imóveis;
d) dissolução da Igreja;
e) implantação e reforma de Regimento Interno.
Parágrafo único: Para as deliberações a que se referem as
alíneas “a” e “b” é exigido o voto concorde de dois terços
(2/3) dos membros ativos presentes à assembleia geral ex-
traordinária, não podendo ela deliberar, em primeira convo-
cação, sem a maioria absoluta dos membros, ou com menos
de um terço (1/3) nas convocações seguintes.
Art. 19. Sempre que a Assembleia Geral deliberar sobre
tema a respeito do qual seja necessário conferir publicida-
de, oponibilidade perante terceiros e eficácia erga omnes,
como é o caso da eleição e posse de diretores, o Secretário
fará elaborar um Extrato da Ata da Assembleia Geral ao
lado da ata regularmente registrada no Livro de Registro de
Atas da Igreja.
§1º. O Extrato da Ata será assinado pelo Presidente e pelo
Secretário, e conterá declaração de que contém deliberações
de interesse público e confere com o original, de modo

121
que os diretores assumem responsabilidades legais ao
assiná-lo20.
§2º. O Extrato da Ata deverá ser levado a registro perante
a serventia do Registro Civil das Pessoas Jurídicas na
primeira oportunidade.

CAPÍTULO VI
DO CONSELHO ADMINISTRATIVO

Art. 20. A igreja contará com um Conselho Administrativo,


constituído por sua diretoria e outros membros na forma
deste Estatuto, a critério da Igreja.
§ 1º - A direção do Conselho será exercida pela diretoria da
Igreja.
§ 2º - O Conselho Administrativo reunir-se-á,
periodicamente, para tratar de assuntos relacionados com
o Planejamento Geral, supervisionar os diversos órgãos da
Igreja, preparar a pauta das assembleias gerais, além de ou-
tras atividades.
§ 3º - O Conselho criará mecanismos para coordenar e
controlar todas as receitas e despesas da Igreja, registrando-
as em livros e documentos próprios, de acordo com as
normas legais vigentes.

20 DECLARAÇÃO: A íntegra da presente Ata encontra-se registrada na Folha


n° ___ do Livro de Atas da Assembleia Geral da Igreja. A Assembleia Geral
Ordinária (ou) Extraordinária foi realizada no dia ___ de ________ [mês]
de _______ [ano], encerrando-se às ______[horas], com a presença de ___
membros. Na oportunidade, declaramos que esse EXTRATO DE ATA con-
tém todas as deliberações de interesse público e confere com o original, de
modo que assumimos as devidas responsabilidades legais ao assiná-lo.

122
CAPÍTULO VII
DO CONSELHO FISCAL

Art. 21. A Igreja elegerá, bienalmente, em assembleia ge-


ral, um Conselho Fiscal, constituído de 5 (cinco) membros,
com as seguintes atribuições21:
I – examinar e dar parecer sobre os balancetes mensais e
anuais;
II – acompanhar a evolução financeira e o registro contábil;
III – examinar periodicamente os relatórios financeiros, os
lançamentos de todas as contas da igreja, recolhimentos le-
gais, oferecendo o competente parecer para apreciação da
assembleia geral;
IV – recomendar as medidas administrativas necessárias à
manutenção do equilíbrio financeiro.

Art. 2122. A Igreja elegerá, bienalmente, em assembleia ge-


ral, um Conselho Fiscal com as seguintes atribuições:
I – fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos
administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres
legais e estatutários;
II – opinar sobre o relatório anual da administração, fazen-
do constar do seu parecer as informações complementares

21 Sugestão de cláusula para um Conselho Fiscal Tradicional composto apenas


por membros da igreja.
22 Sugestão de clausulado para o Conselho Fiscal 2.0, detalhado e explicado na
Comunidade da Cartilha da Igreja Legal.

123
que julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembleia
geral;
III – opinar a respeito das propostas dos órgãos da adminis-
tração a serem submetidas à assembleia geral, sempre que
as propostas possam representar algum risco de desequilí-
brio financeiro;
IV – denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos
de administração, e, se estes não tomarem as providências
necessárias para a proteção dos interesses da Igreja, à as-
sembleia geral, erros, fraudes ou crimes que descobrir, além
de sugerir providências úteis à organização;
V – analisar, ao menos trimestralmente (de preferência
mensalmente), o balancete e demais demonstrações finan-
ceiras elaboradas periodicamente pela Igreja; e
VI – examinar as demonstrações financeiras do exercício
social e opinar sobre elas.
§ 1º - O Conselho Fiscal será composto por três membros da
Igreja, preferencialmente com formação e/ou experiência
técnica nas áreas contábil, fiscal ou de auditoria, a menos
que a assembleia geral decida que um dos três conselheiros
deverá exercer a função de Conselheiro Auditor e Fiscal.
§ 2º - O Conselheiro Auditor e Fiscal deverá ser um profis-
sional com experiência e/ou formação nas áreas contábil,
financeira, de auditoria e jurídica, a ser remunerado em pa-
tamares compatíveis com o mercado, e que, além de exercer
as atribuições do Conselho Fiscal, deverá dar suporte ao
Conselho Administrativo nas seguintes atividades:
I – monitoramento da efetividade e da qualidade dos con-
troles internos da Igreja;
II – monitoramento do cumprimento das leis, regulamentos
e sistemas de conformidade pela Igreja;

124
III – supervisão da estrutura e das atividades de gerencia-
mento de riscos pela gestão da Igreja, incluindo os riscos
contratuais, financeiros e de imagem, em linha com as dire-
trizes estabelecidas;
IV – monitoramento dos aspectos de ética e conduta, in-
cluindo a efetividade do canal de denúncias e eventual exis-
tência de fraude; e
V – avaliação e monitoramento dos controles existentes
para as transações da Igreja com partes relacionadas, con-
forme a definição abaixo.
§ 3º - O Conselheiro Auditor e Fiscal precisa ser externo
(não membro) e independente, ou seja, sem relações com
partes relacionados como familiares até o 3º grau, de ne-
gócio, ou de qualquer outro tipo com membros influentes,
gestores, prestadores de serviços ou entidades que influen-
ciem ou possam influenciar, de forma significativa, seus
julgamentos, opiniões, decisões ou mesmo comprometer
suas ações no melhor interesse da Igreja.
§ 4º - É vedada a reeleição de Conselheiro Auditor e Fiscal
para mandatos consecutivos.
§ 5º - Ainda que o Conselho Administrativo demita o Con-
selheiro Auditor e Fiscal das funções que lhe foram atri-
buídas no § 2º acima, ao exclusivo critério do Conselheiro
Auditor e Fiscal demitido, ele poderá permanecer sem re-
muneração com tais atribuições até a próxima assembleia
geral, quando poderá expor o seu relatório individual.23

23 Esse artigo tem como finalidade assegurar a independência e honestidade do


bom profissional que não se curva diante das irregularidades e que deseje
denunciar as irregularidades que encontrou na próxima assembleia geral,
um papel primordial do conselheiro fiscal. Há situações em que defender a
honra profissional pode se mostrar mais vantajoso do que o recebimento de

125
CAPÍTULO VIII
DAS CONDIÇÕES PARA ALTERAÇÃO
DESTE ESTATUTO E DISSOLUÇÃO DA IGREJA

Art. 22. Em caso de cisão por motivo de ordem doutriná-


ria, não se restituirá ao membro as contribuições que tenha
prestado ao seu patrimônio. Ele ficará com o grupo que,
independentemente de seu número, permanecer fiel às dou-
trinas batistas, conforme a Declaração Doutrinária da Con-
venção Batista Brasileira.
Parágrafo único – A decisão quanto à fidelidade às doutri-
nas batistas poderá ser dada pela Mesa da Convenção Ba-
tista Brasileira ou por um concílio regularmente convocado
para isto.
Art. 23. No caso de dissolução da Igreja, os seus bens e
saldos remanescentes pertencerão à Convenção Batista
Brasileira, ou a organização congênere, nesta ordem de
preferência, após escolha em assembleia geral, cujo quo-
rum para tal decisão será de 2/3 (dois terços) dos membros
ativos.
Art. 24. A Igreja terá Regimento Interno, aprovado em as-
sembleia geral extraordinária, cujo teor não poderá contra-
riar os termos nem o espírito deste Estatuto.
Art. 25. A Igreja, para facilitar a consecução de suas fina-
lidades, poderá criar interna e externamente tantas comis-
sões, departamentos, ministérios, conselhos, organizações e

honorários. Por outro lado, mesmo quando a demissão se dá por incapacida-


de ou mau desempenho do profissional, assegura-se uma estabilidade para o
Conselheiro, desde que sem remuneração. Nesses casos, o mau profissional
tende a não fazer questão de trabalhar de graça, o que também acarreta má
publicidade.

126
congregações quantas forem necessárias, de acordo com o
presente Estatuto.
Art. 26. Este Estatuto só poderá ser reformado em assem-
bleia geral especialmente convocada para tal finalidade,
sendo irreformável o caput dos artigos 2º e 3º, e do artigo
2224, que serão consideradas cláusulas pétreas.
Art. 27. Os casos omissos no presente Estatuto serão resol-
vidos pela Igreja, em assembleia geral.

___________ [Cidade], _______[Estado], __ de _____ de


_____

______________________________
Primeiro (a) secretário (a)

_____________________________
Presidente

Visto de advogado:

_________________
Nome do Advogado
OAB/___________

24 É favor tomar o cuidado de renumerar em caso de adoção de algumas cláu-


sulas que sugerimos como opção nesse documento.

127
21. Anexo IX

Regras parlamentares

Com o surgimento do novo Código Civil, em vigor


desde 11 de janeiro de 2003, mais do que nunca todas as
igrejas espalhadas por este imenso Brasil estão obrigadas
a realizar assembleias para que determinadas decisões de
ordem administrativa de uma organização (igreja, clube,
partido político, sindicato...) tenham validade. E tais as-
sembleias requerem necessariamente a aplicação de regras
parlamentares. Mas, afinal, o que são regras parlamentares?
Para responder a esta pergunta, transcrevemos a seguir a
definição dada por Marlene Baltazar da Nóbrega Gomes,
líder do trabalho feminino batista no Brasil:
“Dá-se o nome de regras parlamentares ao conjun-
to de regras pelas quais uma assembleia deliberativa é
governada. A assembleia é que estabelece as suas regras
parlamentares.
Importantes assuntos da humanidade têm sido trata-
dos publicamente em assembleias regidas por regras parla-
mentares. Elas dão ordem à discussão, impedindo que um
indivíduo monopolize a discussão de um assunto ou aja de
acordo com a sua vontade, faltando com o decoro. As regras
parlamentares orientam os indivíduos na discussão dos as-
suntos quanto aos seus deveres e direitos, trazendo ordem
à discussão”.

128
21.1 Debates

Para ser discutido numa assembleia, qualquer assun-


to deverá ser introduzido por uma proposta, devidamente
apoiada, salvo pareceres de comissões, que já têm força de
proposta.
Aquele que desejar falar para apresentar ou discutir
uma proposta deverá levantar-se e dirigir-se ao presidente,
dizendo: “Peço a palavra, Sr. (ou irmão) presidente”.
Concedida a palavra, o orador falará dirigindo-se ao
presidente ou à assembleia, expondo o seu assunto e enun-
ciando claramente a sua proposta que, quando for muito
extensa ou envolver matéria grave, deverá ser redigida e
encaminhada à mesa.
Feita uma proposta, ela só será posta em discussão se
receber apoio por parte de outro membro da igreja, o qual,
dirigindo-se ao presidente, dirá: “Apoio a proposta feita”,
ou simplesmente “Apoiado”.
Colocada a proposta em discussão, os membros que
desejarem falar devem levantar-se e solicitar a palavra ao
presidente.
O presidente concederá a palavra ao membro que pri-
meiro a solicitar e, quando dois ou mais solicitarem a pala-
vra ao mesmo tempo, concedê-la-á àquele que estiver mais
distante da mesa.
Quando muitos oradores desejarem falar, o presidente
poderá ordenar a abertura de inscrição, o que será feito pelo
segundo-secretário, seguindo-se rigorosamente a ordem
anotada.

129
Por voto do plenário, pode ser limitado o tempo dos
oradores.
Feita uma proposta, apoiada e posta em discussão,
qualquer membro pode apresentar uma proposta substitu-
tiva, isto é, uma proposta baseada na que originalmente foi
feita, mas modificando seus termos ou alcance.
Uma proposta substitutiva não pode contrariar funda-
mentalmente a proposta original.
Uma vez proposto e apoiado um substitutivo, a dis-
cussão passará a ser feita em torno dele.
Encerrada a discussão e posta a votos a proposta
substitutiva, se ela vencer, desaparece a proposta original;
se não vencer, voltará à discussão a proposta original.
Feita uma proposta e posta em discussão, qualquer
membro pode propor emenda a ela para acrescentar pala-
vras ou frases (emenda aditiva), para suprimir palavras ou
frases (emenda supressiva), ou para suprimir palavras ou
acrescentar outras.
Apresentada e apoiada a emenda, a discussão passará
a ser travada em torno dela.
Encerrada a discussão sobre a emenda, o presidente
pô-la-á a votos; se vencer, será acrescentada à proposta ori-
ginal, que depois será posta a votos com a emenda.
Para facilitar a discussão ou a votação, o presidente
poderá dividir uma proposta que conste de vários pontos,
submetendo à votação cada ponto separadamente.
Uma proposta poderá ser retirada da discussão por
solicitação expressa do seu autor, com aquiescência do
plenário.

130
21.2 Propostas especiais
21.2.1 Para encerramento da discussão

O plenário pode impedir a discussão da matéria, já


suficientemente esclarecida, por meio de aprovação de uma
proposta, para encerramento imediato da discussão, mesmo
havendo oradores inscritos.
A proposta para encerramento da discussão deve ser
brevemente justificada.

21.2.2 Para adiamento

Qualquer membro poderá propor o adiamento, por


tempo definido ou não, da discussão de assunto em deba-
te, para que sejam oferecidos esclarecimentos, se necessá-
rios, ao plenário, ou seja, dada preferência à matéria mais
urgente.
Em qualquer assembleia posterior, qualquer membro
poderá propor a volta dos debates de assunto que esteja so-
bre a mesa.

21.2.3 Reconsideração

A reconsideração de matéria vencida só poderá ser


feita mediante requerimento assinado por um número mí-
nimo de cinco pessoas que hajam votado favoravelmente à
proposta, devendo a decisão ser tomada por, no mínimo 2/3
(dois terços) dos votos presentes.
A proposta para reconsideração não pode ser feita
na mesma assembleia em que a questão a reconsiderar foi
votada.

131
Vencedora a proposta de reconsideração, o assun-
to anteriormente aprovado volta à discussão, podendo ser
confirmada, alterada ou anulada a decisão anteriormente
votada.

21.2.4 Não admitem discussão

São propostas que não admitem discussão, devendo


ser imediatamente postas a votos, uma vez apoiadas:
a) Para adiamento da discussão por tempo definido
ou indefinido;
b) Para encerramento das discussões e imediata
votação;
c) Para dirimir dúvidas sobre questões de ordem;
d) Para responder consulta da mesa sobre questões
de ordem não previstas neste regimento;
e) Para que o assunto seja entregue ou devolvido a
uma comissão para reapresentação posterior;
f) Para a volta aos debates de assunto que tenha sido
adiado;
g) Para limitar o tempo dos oradores ou da discussão
sobre qualquer matéria;
h) Para prorrogação ou encerramento da assembleia;
i) Para encaminhar o modo da discussão de um
parecer;
j) Para a concessão de honras especiais, manifesta-
ções de pesar, de reconhecimento ou regozijo;
k) Para concessão do privilégio da palavra; e
l) Para votação imediata da proposta original, inde-
pendente de suas emendas ou substitutivas.

132
Concluída a discussão, o presidente anunciará com
clareza a proposta que vai ser votada, podendo determinar a
sua leitura, se julgar necessário, e então declarará a propos-
ta em votação, utilizando a expressão “Está em votação”,
ou equivalente.
Após a declaração, pelo presidente, de que a proposta
está em votação, a nenhum membro poderá ser concedida
a palavra sob nenhum pretexto, antes que os votos sejam
contados.
Uma vez anunciado que a proposta está em votação,
o presidente deve pedir os votos a favor.
A seguir, o presidente pedirá que se manifestem aque-
les que são contra a proposta e anunciará o resultado da
votação.
Quando houver necessidade, a critério da mesa, os
votos podem ser contados.
Podem ser usadas as seguintes formas de votação:
• levantando-se uma das mãos;
• colocando-se de pé;
• permanecendo sentados os favoráveis e levantan-
do-se os contrários;
• permanecendo em silêncio os favoráveis ou
• dizendo “sim” os favoráveis e “não” os contrários.
As deliberações da igreja só terão validade quando
aprovadas em assembleias e pela maioria dos membros pre-
sentes, exceto os assuntos para os quais o Estatuto prevê
quorum especial

133
Em certas votações é conveniente o uso do escrutínio
(secreto).
Qualquer membro que julgar que houve erro ou omis-
são na contagem ou soma dos votos poderá requerer à mesa
a recontagem, que será feita imediatamente, sem discussão,
a critério da mesa.
Qualquer membro que o desejar, tendo sido vencido
na votação, poderá solicitar a inserção em ata justificação
de seu voto, que apresentará sucintamente.

21.3 Questões de ordem

Qualquer membro poderá solicitar a palavra “Pela or-


dem”, que lhe será imediatamente concedida, nas seguintes
circunstâncias:
• quando não estiver sendo observada a ordem dos
debates nos termos deste instrumento;
• quando algum orador tratar de matéria alheia ao
debate em questão, ou estranha à assembleia;
• quando desejar propor o encerramento da
discussão;
• quando desejar propor a votação imediata da pro-
posta original, independente de suas emendas ou
substitutivas.
Obtendo a palavra, o membro exporá brevemente a
questão de ordem, devendo a matéria ser resolvida pelo pre-
sidente, cabendo ao membro apelar para o plenário, caso
não concorde com a decisão do presidente.

134
21.4 Apartes

O membro que desejar apartear um orador deve pri-


meiro solicitar-lhe o consentimento e não falará se não lhe
for concedido.
Os apartes devem ser feitos para esclarecer o orador
ou para fazer-lhe perguntas que esclareçam o plenário sobre
o ponto que está em consideração.
O tempo concedido ao aparteante não será desconta-
do do tempo do orador que o conceder.
Os apartes não devem ser discursos paralelos ao do
orador aparteado.
O presidente não pode ser aparteado, nem o pro-
ponente ou relator que estiver falando para encaminhar a
votação.

21.5 Pareceres

Depois de lido um parecer, cabem, inicialmente, três


propostas: para aceitação integral; para discussão com de-
bates; e para discussão ponto por ponto. O parecer de uma
comissão ou grupo de trabalho já tem força de uma propos-
ta apoiada, não carecendo de proposta e apoio do plenário.

21.6 Aprovação da ata

Não de deve pedir proposta e apoio para ata. Depois


da leitura feita pelo secretário, o presidente pergunta: “Há
qualquer emenda a ser feita?”. Se não houver, continua,

135
“Está aprovada como lida”. Mas, se houver correção a fa-
zer, serão feitas, e o presidente declara: “A ata fica aprovada
com tais emendas”.

21.7 Quorum

Para que uma assembleia deliberativa tome decisões


é preciso que se considere o número mínimo de pessoas
credenciadas para tal. Isso recebe o nome de quorum. Toda
assembleia deliberativa tem de ter um quorum, para que
suas decisões tenham validade. Isso evita que uma pequena
representação do grupo tome decisões importantes para o
grupo todo, contrariando o desejo da maioria. O quorum
precisa estar estabelecido no estatuto da organização e não
pode ser desrespeitado. Uma decisão tomada sem haver o
quorum mínimo não tem valor.

21.7.1 Tipos de quorum

Simples: É o número de votantes presentes a uma assem-


bleia, sessão ou reunião.
Especial: É o número mínimo necessário de votantes pre-
visto em estatuto para que uma assembleia, sessão ou reu-
nião possa ser realizada.

21.7.2 Tipos de maioria

Simples: É o maior número de votos favoráveis, na hipó-


tese de mais de duas opções, para que haja aprovação de
determinada matéria.

136
Exemplo: Num universo de 100 votantes, a opção A obtém
44 votos favoráveis; a opção B obtém 28 votos favoráveis;
a opção C obtém 15 votos favoráveis; há 10 votos em bran-
co e 3 votos nulos. Nesse caso, venceu a opção A que obte-
ve a maior votação.
Absoluta: É o número mínimo da metade mais um de votos
favoráveis para que haja aprovação de determinada matéria.
Exemplo: Num universo de 200 votantes, vence a opção
que obtiver, no mínimo, 101 votos favoráveis.
Qualificada: É o número mínimo de votos favoráveis ne-
cessários, numa proporção pré-fixada nos estatutos sobre
o total dos votantes possíveis, para que haja aprovação da
matéria (número sempre maior de votos do que na maioria
absoluta).
Exemplo: Num universo de 600 votantes, serão necessários
400 votos favoráveis, na hipótese de o estatuto exigir a mar-
ca de 2/3 dos votos para aprovação de determinada matéria.

21.8 Credenciais

São cartas que apresentam as pessoas indicadas para


participarem das assembleias deliberativas. Essas pessoas
recebem o nome de mensageiras ou delegadas. As cartas
credenciais ajudam a evitar que as pessoas não pertencentes
à organização ou pessoas não autorizadas participem das
deliberações.

137
21.9 Assembleias

As assembleias da igreja serão abertas pelo presiden-


te ou por seu substituto legal.
No início da assembleia, após os momentos inspirati-
vos, que deverão constar de leitura bíblica, cânticos e ora-
ções, deverá ser submetida à aprovação do plenário a ordem
do dia, encaminhada pelo presidente ou por seu substituto
legal.

138
22. Anexo X

Tabela de obrigações legais das Organizações Religiosas


MENSAIS

139
140
23. Anexo XI

Os templos de qualquer culto e o Marco Regulatório


das Organizações da Sociedade Civil

Dado o efetivo ingresso das organizações religiosas


no chamado Terceiro Setor, achei por bem inserir nesta edi-
ção algumas informações que pudessem ser úteis aos gesto-
res deste segmento.
Até então os meus parcos conhecimentos eram restri-
tos às organizações religiosas, por isso resolvi buscar capa-
citação através do Instituto Filantropia, de São Paulo, onde
em 2019 participei de uma imersão com duração de uma
semana. Logo em seguida, participei de um curso ofereci-
do pelo CRC-RJ e encontrei no material do professor Luís
Rangel algo digno de ser aqui inserido como segue, obvia-
mente com a sua devida vênia.

Marco Regulatório do 3º Setor

Estabelecido pela Lei 13.019/2014 alterada pela lei


13.204/2015 e regulamentado pelo Decreto 8.726/2016 o
terceiro setor experimenta e ainda absorve as transforma-
ções significativas na relação entre a Administração Públi-
ca e as entidades sem finalidade de lucro.
O Marco Regulatório do terceiro setor estabelece o
regime jurídico das parcerias entre a administração pública
e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua

141
cooperação, para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco, mediante a execução de atividades ou
de projetos previamente estabelecidos em planos de traba-
lho inseridos em termos de colaboração, em termos de fo-
mento ou em acordos de cooperação; define diretrizes para
a política de fomento, de colaboração e de cooperação com
organizações da sociedade civil.
Este novo arcabouço legal, também conhecido como
o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil
– MROSC, foi sancionada em 31 de julho de 2014, e publi-
cada no Diário Oficial da União em 1º de agosto de 2014,
prevendo o prazo de 90 dias contados da publicação para o
início de sua vigência, que seria em 30 de outubro de 2014.
No entanto, a Medida Provisória nº 658/2014, de 29
de outubro de 2014, ampliou o prazo de 90 para 360 dias,
estipulando a nova data de 27 de julho de 2015 para que a
Lei nº 13.019/14 entrasse em vigor. Posteriormente, essa
MP foi convertida na Lei nº 13.102/2015.
Após várias solicitações de adiamento, a Medida
Provisória nº 684/2015, de 21 de julho de 2015, prorrogou,
mais uma vez, a entrada em vigor da lei para 540 dias após
sua publicação. Essa MP foi convertida na Lei nº 13.204, de
14 de dezembro de 2015.
Finalmente, em 23 de janeiro de 2016, a Lei nº
13.019/14 entrou em vigor, estabelecendo o regime jurídico
das parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferên-
cias de recursos financeiros, tendo entre partícipes de um
lado a administração pública, e de outro as Organizações da
Sociedade Civil – OSC, em regime de mútua cooperação,
visando à consecução de finalidades de interesse público.

142
Em síntese, podemos assim entender a Lei
nº13.019/2014:
Aplicação: Administração Pública e OSC.
Finalidade: Uniformizar procedimentos com foco no
resultado.
Objeto: Resultado da parceria observando o programa de
trabalho e sua finalidade no interesse público.
Instrumentos jurídicos: a) Termo de Colaboração;
b) Termo de Fomento; e c) Termo de Acordo de Cooperação.

Organização da Sociedade Civil

A sigla OSC – introduzida na MROSC tem origem


no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no
início da década de 90 e significa a mesma coisa que ONG
– termo que se tornou mais conhecido devido ao fato de
ser utilizado pela ONU e pelo Banco Mundial. Essa ideia
fomentou o exercício da cidadania de forma mais direta e
autônoma, na medida em que a sociedade civil abriu um es-
paço maior de participação nas causas coletivas. Em termos
jurídicos, segundo a legislação brasileira, o termo ONG não
é reconhecido.
A nova legislação delimita as OSC desenvolvendo
atividades ou de projetos previamente estabelecidos em
planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em
termos de fomento ou em acordos de cooperação.

143
Entidade sem finalidade de lucro

Entidade privada sem fins lucrativos que não distribua


entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores,
empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados,
sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, divi-
dendos, isenções de qualquer natureza, participações ou
parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício
de suas atividades, e que os aplique integralmente na con-
secução do respectivo objeto social, de forma imediata ou
por meio da constituição de fundo patrimonial ou fundo de
reserva.

Sociedade Cooperativa

As sociedades cooperativas previstas na Lei no 9.867,


de 10 de novembro de 1999; as integradas por pessoas em
situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou social; as
alcançadas por programas e ações de combate à pobreza e
de geração de trabalho e renda; as voltadas para fomento,
educação e capacitação de trabalhadores rurais ou capacita-
ção de agentes de assistência técnica e extensão rural; e as
capacitadas para execução de atividades ou de projetos de
interesse público e de cunho social.

Organização Religiosa

As organizações religiosas que se dediquem a ativi-


dades ou a projetos de interesse público e de cunho social
distintas das destinadas a fins exclusivamente religiosos.

144
Para celebrar as parcerias previstas na Lei 13.019/2014
as Organizações Religiosas deverão ser regidas por normas
de organização interna que prevejam, expressamente:
1. Escrituração de acordo com os princípios funda-
mentais de contabilidade e com as Normas Brasileiras de
Contabilidade;
2. Possuir:
a) no mínimo, um, dois ou três anos de existência,
com cadastro ativo, comprovados por meio de
documentação emitida pela Secretaria da Receita
Federal do Brasil, com base no Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica – CNPJ, conforme, respecti-
vamente, a parceria seja celebrada no âmbito dos
Municípios, do Distrito Federal ou dos Estados e
da União, admitida a redução desses prazos por
ato específico de cada ente na hipótese de nenhu-
ma organização atingi-los;
b) experiência prévia na realização, com efetividade,
do objeto da parceria ou de natureza semelhante;
e
c) instalações, condições materiais e capacidade téc-
nica e operacional para o desenvolvimento das
atividades ou projetos previstos na parceria e o
cumprimento das metas estabelecidas.

Os benefícios previstos serão conferidos às Organiza-


ções Religiosas que se dedicam a atividade de interesse e de
cunho social distinta das destinadas a fins exclusivamente
religiosos.

145
Instrumentos Jurídicos

As parcerias entre a Administração Pública Federal,


independente de certificação, serão celebradas tendo por
objeto a execução de atividade ou projeto e deverão ser for-
malizadas por:
a) Termo de Fomento – O termo de fomento deve
ser adotado pela administração pública para con-
secução de planos de trabalho propostos por or-
ganizações da sociedade civil que envolvam a
transferência de recursos financeiros.
b) Termo de Colaboração – O termo de colaboração
deve ser adotado pela administração pública para
consecução de planos de trabalho de sua iniciati-
va, para celebração de parcerias com organizações
da sociedade civil que envolvam a transferência
de recursos financeiros.
c) Acordo de Cooperação – instrumento por meio do
qual são formalizadas as parcerias estabelecidas
pela administração pública com organizações da
sociedade civil para a consecução de finalidades
de interesse público e recíproco que não envol-
vam a transferência de recursos financeiros, po-
dendo ser proposto pela Administração pública
federal ou pela organização da sociedade civil.

146
Imunidades e Isenções

As Entidades de Interesse Social que atuam em be-


nefício da sociedade, sem a finalidade de lucro, têm uma
função social da mais alta relevância.
Suas atividades são tipicamente públicas, apesar de
serem pessoas jurídicas de direito privado. Ocorre que o Es-
tado não consegue desempenhar seu papel social de manei-
ra satisfatória. Daí a sociedade se organiza em associações
e fundações, buscando, amenizar a inoperância do Estado.
Muito ainda precisa ser feito, mas a sociedade organiza-
da tem desempenhado um papel da mais alta importância
social.
Reconhecendo o trabalho dessas entidades, o Poder
Público tem procurado conceder alguns benefícios para in-
centivar a criação de novas associações e fundações e até
mesmo propiciar a sobrevivência das que já existem.
Os principais benefícios concedidos são a imunidade
e a isenção de impostos e contribuições e a possibilidade do
recebimento de recursos públicos, por meio de convênios,
contratos, subvenções sociais e termos de parceria.

Imunidade

Vem de norma constitucional, que impõe ao Estado


diversas vedações no poder de tributar.
No que diz respeito às Entidades de Interesse Social,
a Constituição Federal, em seu art. 150, estabelece a se-
guinte vedação:

147
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias assegu-
radas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI – instituir impostos sobre:
(...)
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políti-
cos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei”.

A norma constitucional deixa claro que os Partidos


Políticos e suas fundações estão coberta pelo instituto da
imunidade, contudo, não deixa claro a mesma regra para as
instituições de Educação e Assistência Social.
Estão abrangidas pela imunidade as Instituições de
Educação que prestam serviços educacionais de ensino
fundamental, médio e superior, observado os arts. 206 e
209, incisos I e II da Carta Magna. Já as Instituições de As-
sistência Social, podemos interpretar o termo “Assistência
Social”, em sentido amplo. Assim, estão abrangidas pelo
preceito constitucional as instituições de saúde, previdência
e assistência social propriamente dita.
A parte final do preceito constitucional em questão
impõe que as instituições de educação e de assistência so-
cial sejam sem finalidade de lucro, atendendo aos preceitos
da lei.

148
Lei 5.172/66 Código Tributário Nacional atendendo a
regra Constitucional estabelece:
“Art. 14. O disposto na alínea e do inciso IV do art. 9º
é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas
entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimô-
nio ou de suas rendas, a qualquer título;
II – aplicarem integralmente, no País, os seus recur-
sos na manutenção dos seus objetivos institucionais;
III – manterem escrituração de suas receitas e despe-
sas em livros revestidos de formalidades capazes de asse-
gurar sua exatidão.”

Alguns impostos alcançados pela imunidade

Federais Estaduais Municipais


• Imposto sobre a • Imposto sobre a • Imposto sobre
Renda e Proventos Circulação de Propriedade Predial
de Qualquer Mercadorias e e Territorial Urbana
Natureza (IR) Serviços (ICMS) (IPTU)
• Imposto sobre • Imposto sobre • Imposto sobre
Produtos a Propriedade Serviços de
• Industrializados (IPI) de Veículos Qualquer Natureza
Automotores (IPVA) (ISS)
• Imposto Territorial
Rural (ITR) • Imposto sobre
Transmissão Causa
• Imposto sobre Mortis ou Doação de
Importação (II) Bens e Direitos (ITCD)
• Imposto sobre
Exportação (IE)

149
Isenções tributárias

A isenção é a inexigibilidade temporária do tributo,


devido previsão em lei, mesmo com a ocorrência do fato
gerador e, em tese, da obrigação tributária.
A isenção diferencia-se da imunidade. A imunidade
tem caráter permanente, somente podendo ser mudada com
a alteração da Constituição Federal, enquanto a isenção é
temporária, ou seja, já na sua concessão pode-se delimitar
prazo de vigência, pois decorre de lei. Na imunidade não
ocorre o fato gerador da obrigação tributária, diferentemen-
te da isenção, onde ocorre o fato gerador, mas a lei torna o
crédito inexigível.
Assim, as isenções podem alcançar todos os tipos de
tributo (impostos, taxas, contribuições de melhoria, em-
préstimos compulsórios e contribuições especiais). Cada
esfera de Governo (federal, estadual e municipal) legisla
sobre a isenção dos tributos de sua competência.
Desta feita, se as pessoas jurídicas constituídas sob a
forma de fundação ou associação não se enquadrarem nas
regras da imunidade, deverão procurar identificar todas as
normas referentes às isenções (federal, estadual e munici-
pal) para obtenção do benefício. Verificando atender aos
requisitos, deverá requerer à autoridade tributária, que não
poderá denegar o pedido diante do pleno enquadramento da
entidade nas regras da isenção.

150
5. Obrigações acessórias das Entidades do 3º Setor
– Igrejas
Obrigações acessórias são procedimentos fiscais que
servirão de base para se estabelecer o pagamento, ou a imu-
nidade ou isenção dos tributos. As entidades devem cum-
prir, sob pena de pagamento de multas.
As entidades do terceiro setor, sobretudo as OSC,
devem aumentar ainda mais o controle sobre as obriga-
ções acessórias, prevenindo-se contra multas e prejuízos
de projetos em andamento. Nas Instruções Normativas ex-
pedidas pela Receita Federal as entidades do terceiro setor
são identificadas como imunes e isentas, portanto, ao con-
sultar esses diplomas legais, devemos nos atentar para esta
nomenclatura.
Abaixo algumas Obrigações que o Contador deve es-
tar atento.

5.1 Declaração de Débitos e Créditos Tributários Fede-


rais (DCTF)
As pessoas jurídicas de direito privado em geral, mes-
mo as equiparadas, imunes e isentas, deverão apresentar,
mensalmente, de forma centralizada pela matriz, a Declara-
ção de Débito e Crédito Tributário Federal (DCTF).
Caso essas pessoas não possuam débito a declarar e
permaneça nesta condição durante todo exercício, a partir
do ano calendário 2014, inclusive, somente devem apresen-
tar a DCTF relativa ao mês de janeiro de cada ano. Caso
passem a apurar débitos a declarar tornam-se novamente
sujeita à apresentação da DCTF mensalmente a partir do
mês que se constatar tal ocorrência.

151
5.2 Escrituração Fiscal Digital Contribuições
(EFD-Contribuições)
Somente estão dispensadas da apresentação da EFD-
-Contribuições as Pessoas Jurídicas imunes e isentas de
imposto de renda (IRPJ), cuja soma dos valores mensais
das contribuições apuradas, objeto de escrituração nos ter-
mos desta Instrução Normativa, seja igual ou inferior a R$
10.000,00 (dez mil reais).
As pessoas jurídicas imunes ou isentas do IRPJ fica-
rão obrigadas à apresentação da EFD-Contribuições a partir
do mês em que o limite fixado no inciso II do caput for
ultrapassado, permanecendo sujeitas a essa obrigação em
relação ao restante dos meses do ano-calendário em curso.

5.3 Escrita Contábil Fiscal.


A partir do ano-calendário 2015, todas as pessoas ju-
rídicas imunes e isentas estão obrigadas a entregar a ECF.
Pode-se definir a ECF como uma declaração digital
integrante do projeto SPED (Sistema Público de Escritu-
ração Digital) que veio para substituir a antiga declaração
de imposto de renda da pessoa jurídica (DIPJ). A ECF será
transmitida anualmente ao Sistema Público de Escrituração
Digital (SPED) até o último dia útil do mês de julho do ano
seguinte ao ano-calendário a que se refira.

5.4 Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte


(DIRF).
É a declaração feita pela fonte pagadora destinada a
informar à Receita Federal o valor do Imposto de Renda

152
Retido na Fonte, dos rendimentos pagos ou creditados para
seus beneficiários, criada pela Instrução Normativa SRF 65
de 05 de dezembro de 1996.

5.4 E-Social GFIP/SEFIP Guia de recolhimento do


FGTS e informações previdenciárias.
O Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fis-
cais, Previdenciárias e Trabalhistas – e-Social é um projeto
do Governo Federal, que envolve a Receita Federal, a Pre-
vidência Social (INSS), o Ministério do Trabalho, e a Caixa
Econômica Federal, visando a consolidação das obrigações
acessórias da área trabalhista em uma única ferramenta.
Também conhecido como EFD-Social (Escrituração
Fiscal Digital Social) ou SPED Folha (Sistema Público de
Escrituração Digital da Folha), o e-Social é um dos compo-
nentes do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED),
sendo, portanto, um instrumento de unificação da prestação
das informações referentes à escrituração das obrigações
fiscais, previdenciárias e trabalhistas, que padroniza sua
transmissão, validação, armazenamento e distribuição.
O e-Social tem como objetivos viabilizar a garan-
tia de direitos previdenciários e trabalhistas, simplificar o
cumprimento das obrigações legais, e aprimorar a qualida-
de de informações das relações de trabalho. Com isso, a
expectativa é que seja garantido aos trabalhadores o correto
cumprimento das leis trabalhistas e previdenciárias.
Outro objetivo do e-Social é a substituição do proce-
dimento de apresentação de diversas declarações, formu-
lários, termos e documentos relativos à relação trabalhista,
por um único sistema onde as informações sejam enviadas

153
através da rede mundial de computadores (internet), me-
diante utilização de certificação digital, as quais ficarão dis-
poníveis num mesmo banco de dados, para acesso por parte
dos órgãos de controle e fiscalização.

Escrita Contábil Digital – ECD

Deverão apresentar a ECD as pessoas jurídicas e


equiparadas obrigadas a manter escrituração contábil nos
termos da legislação comercial, inclusive entidades imunes
e isentas.
Não se aplica às pessoas jurídicas imunes e isen-
tas que auferiram, no ano-calendário, receitas, doações,
incentivos, subvenções, contribuições, auxílios, convê-
nios e ingressos assemelhados cuja soma seja inferior a
R$4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) ou
ao valor proporcional ao período a que se refere a escritu-
ração contábil.

Aspectos Contábeis

Normas Brasileira de Contabilidade Aplicada ao 3º Se-


tor (Res. 1.409/12) ITG 2002.
1. A entidade sem finalidade de lucros pode ser
constituída sob a natureza jurídica de fundação de
direito privado, associação, organização social,
organização religiosa, partido político e entidade
sindical.

154
2. A entidade sem finalidade de lucros pode exer-
cer atividades, tais como as de assistência social,
saúde, educação, técnico-científica, esportiva,
religiosa, política, cultural, beneficente, social
e outras, administrando pessoas, coisas, fatos e
interesses coexistentes, e coordenados em tor-
no de um patrimônio com finalidade comum ou
comunitária.
3. Aplicam-se à entidade sem finalidade de lucros
os Princípios de Contabilidade e esta Interpreta-
ção. Aplica-se também a NBC TG 1000 – Con-
tabilidade para Pequenas e Médias Empresas ou
as normas completas (IFRS completas) naqueles
aspectos não abordados por esta Interpretação.

Registros Contábeis das Entidades sem fins lucrativos


– Igrejas

Plano de Contas aplicado às Entidades sem fins


Lucrativos

Na elaboração do Plano de contas de uma igreja, o


Contador deve respeitar as peculiaridades inerentes aos re-
gistros das entidades sem finalidade de lucro e a caracterís-
tica igreja.
No Manual de Procedimentos Contábeis, disponível
em www.crc.org.br, página 118, há uma sugestão de plano
de contas.
Como sugestão e bem resumido, o quadro abaixo
apresenta algumas contas.

155
CONTAS PATRIMONIAS
1. Ativo 2. Passivo
1.1 Circulante 2.1 Circulante
1.1.1 Disponível 2.1.1 Contas a pagar
1.1.1.01 Caixa 2.1.1.01 Obrigações com Instituição Financeira
1.1.1.01.01 Caixa 2.1.1.01.03 Créditos Rotativos
1.1.1.01.02 Fundo de Caixa 2.1.1.01.04 Outras Operações de créditos
1.1.1.02 Bcos Conta Movimento 2.1.1.02 Obrig. vinculadas a forn de material
1.1.1.02.01 Bco conta movimento –
2.1.1.02.01 Fornecedores
Rec. Livres
1.1.1.02.02 Bco conta movimento –
2.1.1.03 Consignações vinculadas a Folha
Rec terceiros
1.1.1.02.03 Bco cta movimento –Rec.
2.1.1.03.01 Imposto Renda Fonte – Empregado
com restrição
1.1.1.03 Aplicações Fin de liqimedia-
2.1.1.03.02 Previdência social –Empregado
ta recurso livres
1.1.1.03.01 Bco. conta poupança –
2.1.1.04 Obrigações tributárias próprias
Recursos livres
1.1.1.04 Aplicações Fin. Liq.
2.1.1.04.01 Previdência Social – Folha
Imediata Rec. c/restrição
1.1.1.04.01 Bco conta poupança –
2.1.1.04.02 Pis – Folha
Rec. com restrição
1.1.2 Créditos 2.1.1.05 Obrigações com Empregados
1.1.2.01 Aplicações Financeiras a prazo 2.1.1.05.01 Salários a pagar
1.1.2.01.01 Apli Finan a prazo –
2.1.1.05.02 13º a pagar
Recursos Livres
1.1.2.01.02 Apl Fin a prazo – Recursos de
2.1.1.05.03 Férias a pagar
terceiros
1.1.2.01.03 Apl. Fin. a prazo – Recursos
2.1.1.05.04 FGTS a pagar
C/restrição

1.1.2.02 Contas a receber 2.1.1.06 Obrigações Tributárias Projetos


1.1.2.02.01 Dízimos a receber 2.1.1.06.01 Pis
1.1.2.02.02 Cartões de crédito a receber 2.1.1.06.02 Previdência Social
1.1.2.02.03 Cheques a receber 2.1.1.06.03 Imposto de Renda Fonte
1.1.2.02.04 Adiantamento a funcionários 2.1.2 Provisões

156
1.1.2.02.05 Outras contas a receber 2.1.2.01 Provisões Cíveis
1.1.2.02 Despesas antecipadas 2.1.2.01.01 Glosa de Prestação de contas
1.1.2.02.01 Prêmios de seguros a vencer 2.1.3 Recursos de projetos
1.1.2.02.02 Assinaturas e publicações 2.1.3.01 Recursos de Entidade Pública Nacional
1.1.2.02.03 Alugueis passivos a receber 2.1.3.01.01 Entrada de Recursos
1.1.3 Estoques 2.1.3.01.02 (-) Recursos Aplicados
1.1.3.01 Uso próprio 2.1.3.02 Recursos de Entidade Privada Nacional
1.1.3.01.01 Material de manutenção 2.1.3.02.01 Entrada de Recursos
1.1.3.01.02 Revenda 2.1.3.02.02 (-) Recursos Aplicados
1.1.3.01.03 Produção própria 2.1.3.04 Recursos de Entidade Internacional
1.1.3.01.04 Material de higiene pessoal 2.1.3.04.01 Entrada de Recursos
1.1.3.01.05 Material de limpeza 2.1.3.04.02 (-) Recursos Aplicados
1.1.3.01.06 Material de escritório 2.1.3.04 Recursos de Entidade Internacional
1.1.3.01.07 Instrumentos musicais 2.1.3.04.01 Entrada de Recursos
1.1.3.03 Gratuidades 2.1.3.04.02 (-) Recursos Aplicados
1.1.3.03.01 Cobertores e agasalhos 2.1.3.05 Recursos Pendentes de Proj. Encerrados
1.1.3.03.02 Higiene pessoal 2.1.3.05.01 Recursos Entidades Publica nacional
1.1.3.03.02 Alimentos não perecíveis 2.1.3.05.02 Recursos Entidades Privada nacional
1.1.3.03.03 Fornecimento de serviços 2.1.3.05.03 Recursos Entidade Internacional
1.2 Ativo Não Circulante 2.2 Passivo Não circulante
1.2.2 Realizável a longo prazo 2.2.1 Obrigações Financeiras
1.1.2.01 Créditos 2.2.1.01 Obrigações Financeiras
1.1.2.01.01 Outros créditos 2.2.1.01.01 Empréstimos e Financiamentos
1.1.2.01.02 Participação em sociedades 2.2.1.01.02 (-) Perda de Emp. Exig. Curto prazo
1.1.2.03 Imobilizado 2.2.1.02 Obrigações Tributárias
1.1.2.03.04 Computadores e periféricos 2.2.1.02.01 Ouras obrigações tributárias
1.1.2.03.04.01 Computadores 2.2.1.03 Obrigações trabalhistas
1.1.2.03.04.02 Periféricos 2.2.1.03.01 Outras obrigações trabalhistas
1.1.2.03.04.03 Aparelhos de som 2.3. Patrimônio Líquido
1.1.2.03.04 04 Instrumentos musicais 2.3 Patrimônio Social
1.1.2.02.04 Veículos de uso 2.3.1.01 Patrimônio Social
1.1.2.02.04.01 Veículos 2.3.1.02 Outras reservas
1.1.2.02.04 Imóveis 2.3.1.03 Ajuste de Avaliação Patrimonial

157
1.1.2.02.04.01 Construção em andamento 2.3.1.04 Superávit ou Déficit
1.1.2.02.04.02 Edifícios 2.3.1.05 Superávit acumulado
1.1.2.02.04.03 Terrenos 2.3.1.05 Superávit acumulado
CONTAS DE RESULTADO
3. Despesas 4. Receitas
3.1 Despesa Operacionais 4.1 Receitas Operacionais
3.1.1 Recursos Humanos 4.1.1. Ordinárias
3.1.1.01 Remuneração Pessoal com
4.1.1.01 Custeio
Vinculo Empregatício

3.1.1.01.01 Salários 4.1.1.01.01 Dízimos


3.1.1.01.02 Décimo Terceiro Salário 4.1.1.01.02 Ofertas
3.1.1.01.03 Férias 4.1.1.01.03 Doações Pessoas físicas
3.1.1.01.04 Diárias 4.1.1.01.04 Doações Pessoas jurídicas
3.1.1.01.05 Ajuda de custo 4.1.1.01.05 Promoção de eventos
3.1.1.02 Benefícios Pessoal com Vínculo
4.1.1.01.06 Legados
Empregatício
3.1.1.02.01 Alimentação 4.1.1.01.01 Cantina
3.1.1.02.02 Transportes 4.1.1.02.01 Quermesse
3.1.1.03 Remuneração Pessoal sem
4.1.1.02.01 Missões
Vinculo Empregatício
3.1.1.03.01 Honorários profissionais 4.1.1.02.01.03 Doações pessoas físicas
3.1.1.03.02 Previdência Social 4.1.1.02.01.04 Doações pessoas jurídicas
3.1.1.03.03 Indenização de gastos de
4.1.1.02.01.05 Promoção de eventos
trabalho voluntário
3.1.1.03.04 Trabalho voluntário 4.1.1.02 Investimento
3.1.1.04 Remuneração Eclesiástica 4.1.1.02.01 Doações pessoas físicas
3,1.1.04.01 Prebenda pastoral 4.1.1.02.02 Doações pessoas jurídicas
3.1.1.04.02 Prebenda missionária 4.1.1.02.03 Promoção de eventos
3.1.1.04.02 Previdência Social 4.1.1.02.04 Quermesse
3.1.1.04.03 Plano de saúde 4.2 Receitas Financeiras
3.1.1.04.03 FGTP (Fundo de garantia
4.1.1 Fundos Próprios
tempo pastoral)

158
3.1.1.04.04 Seguro de vida 4.1.1.01 Rendimentos Financeiros
3.1.2 Despesas Ordinárias 4.1.1.01.01 Renda de aplicações financeiras
3.1.2.01 Manutenção de infraestrutura 4.2 Receita de projeto
3.2.1.01.01 Conservação de imóveis 4.1.2 Assistência social
3.1.1.01.01 Conservação de equipamentos 4.1.2.01 Atendimento a população de rua
3.1.1.01.02 Conservação de
4.1.2.01.01 subvenções
instrumentosmusicais
3.1.1.01.03 Conservação de veículos 4.1.2.01.02 Trabalho voluntário
3.1.3 Administrativas
3.1.3.01 Despesas Gerais
3.1.3.01.01 Alugueis e condomínio
3.1.3.01.02 Luz e força
3.1.3.01.03 Água e esgoto
3.1.3.01.04 Telefone
3.1.3.01.05 Internet
3.1.3.01.06 Material de escritório
3.1.3.01.07 Material de higiene pessoal
3.1.3.01.08 Material de limpeza
3.1.3.01.09 Manutenção e reparo
3.1.3.01.10 Fretes e carretos
3.1.3.02 Eventos
3.1.03.02.01 Despesa com EBD
3.1.03.02.02 Ceia do SENHOR
3.1.03.02.03 Decoração e ornamentação
3.1.03.02.04 Homenagens e comemorações
3.1.3.03 Gratuidade
3.1.3.03.01 Alimentos não perecíveis
3.1.3.03.02 Higiene pessoal
3.1.3.03.03 Serviços

159
5. CONTAS DE ENCERRAMENTO DO EXERCICIO
5.1 Apuração do Resultado do exercício
5.1.1 Resultado do exercício
5.1.2 Superávit do exercício
5.1.3 Déficit do exercício

Obs: O Plano de Contas deve ser elaborado para atender


às necessidades de gestão da Igreja. Entre atender a gestão
da entidade e a facilidade do Contador, a primeira deve ter
supremacia da segunda.

Receitas Próprias das Organizações Religiosas

O Código Civil, ao tratar da Associação, no Art. 54


inciso IV estabelece que, sob pena de nulidade, o Estatuto
deverá indicar as fontes de recursos para a manutenção.
Deste modo, o Estatuto das Igrejas deve estabelecer a
sua fonte de recurso, que na prática, são: Dízimos, Oferta,
Doações e Legados.

Mensuração e Reconhecimento Contábil das Receitas


de Doação

Uma doação pode ser condicional ou incondicional:


Incondicional, quando o doador não impõe nenhuma con-
dição a ser cumprida pela entidade; condicional, sujeita a
cumprimento de certas obrigações por parte da entidade do-
natária. A utilização dessa classificação é muito importante
para o usuário externo, devendo constar do Plano de contas

160
da entidade. As doações podem ser classificadas, quanto
à restrição em: sem restrição, com restrição permanente e
temporariamente restrita.
As doações podem ser recebidas para custeio ou in-
vestimento. Em quaisquer das formas as doações podem ser
in natura ou em espécie. Quando in natura, os bens doados
podem ter valor declarado ou não. Se o doador preferir não
declarar o valor do bem doado, é necessário que a Entidade
estime o valor com base nos preços cobrados pelo mercado.
Assim, se a entidade recebe arroz, feijão, óleo comestível e
farinha, por exemplo, deve valorar as quantidades recebidas
pelo valor que esta desembolsaria se fizesse a aquisição no
mercado. O modo natural de obter os preços é pesquisar em
supermercado o bem recebido ou gênero semelhante e pro-
duzir documento apto para registro, conforme demonstrado
no Quadro 1.

Quadro 1: Mensuração de doação de gênero alimentí-


cios recebidos

Produtos recebidos Quantidade Parâmetro Unitário Valor Estimado


Feijão carioquinha 100 Kg 3,50 350,00
Arroz tipo 1 200 Kg 2,40 480,00
Farinha 10 Kg 4,50 45,00
Óleo de soja 20 litros 3,75 75,00
Total das doações 950,00

Considerando que a operação tenha ocorrido em uma


data fictícia, por exemplo, em 10 de julho de 2018, os regis-
tros contábeis seriam processados, conforme demonstrado
no Quadro 2.

161
Quadro 2: Reconhecimento contábil da despesa e receita

Data Título da conta Débito Crédito Histórico


Doação de
10/07/2018 Alimentos não perecíveis 950,00
alimentos
Doação de
10/07/2018 Receita de doação 950,00
alimentos
Total das doações 950,00 950,00

A titulação da conta deve obedecer ao elenco de con-


tas previsto pelo profissional da contabilidade responsável
pela igreja. O Manual de Procedimentos Para o Terceiro Se-
tor 2015, pag.118, disponível no endereço www.cf.org.br,
sugere um elenco de contas que poderá ser utilizado como
fonte de pesquisa caso o profissional da contabilidade en-
tenda que aquelas contas sejam adequadas para sua igreja.

Trabalho Voluntário utilizado como investimento

Há circunstâncias em que trabalho voluntário e do-


ações são recebidos com a finalidade de serem agregados
ao patrimônio da entidade. Situações comuns desse tipo
de ocorrência são construções de abrigos ou acomodações
administrativas e de apoio, casas pastorais ou até mesmos
construção e reforma do templo. O trabalho voluntário típi-
co dessas ocorrências são os de serventes, pedreiros, mes-
tres de obras e de engenheiros. Nessas circunstâncias, a
doação é representada por material de construção, como ci-
mento, ferro, tijolo, areia, brita e outros. A soma desses es-
forços, material de construção e trabalho voluntário resulta
na edificação de unidade imobiliária que é incorporada ao
patrimônio da entidade.

162
Considerando a mesma data fictícia acima, vamos
mensurar materiais e serviços doados na construção de um
abrigo.
Para tanto o Quadro 3 mostra o valor dos materiais de
construção recebidos e o trabalho voluntário profissionais
envolvidos nesta construção.

Quadro 3: Mensuração de material de construção e tra-


balho voluntário na edificação de um abrigo

Produtos recebidos Quantidade Parâmetro unitário Valor estimado


Tijolo de 8 furos 3 mil 200,00 600,00
Ferro de 5/16 600 kg 6,00 3.600,00
Cimento 100 sacos 25,00 2.500,00
Brita 2 caminhões 300,00 600,00
Areia lavada 4 caminhões 250,00 1.000,00
Serviço de pedreiro 100 horas 50,00 5.000,00
Serviço de servente 100 horas 20,00 2.000,00
Serviço de Engenheiro 50 horas 150,00 7.500,00
Soma das transações 22.800,00

O trabalho dos voluntários, pedreiros, ajudantes e o


engenheiros poderão ser mensurado através de parâmetro
fornecidos pelos Sindicatos de cada categoria ou pelo valor
que o mercado remunera esses profissionais. Os preços dos
materiais de construção poderão ser avaliados através de
consulta ao comércio do ramo.
O reconhecimento contábil, nesse caso, deve ser pro-
cessado na conta de construção em andamento, uma vez
não se tratar de bens de consumo imediato, e, sim, de um
bem permanente que será utilizado ao longo da existência

163
da instituição. Assim, considerando que a transação tenha
ocorrido no dia 10 de julho de 2018, os registros contábeis
ficariam conforme demonstrado no quadro 4.

Quadro 4: Reconhecimento contábil do investimento


produzido por doação e trabalho voluntário

Data Título da conta Débito Crédito Histórico


Construção em
10/07/2018 8.300,00 Mat. Construção
Andamento
10/07/2018 Receita de doação 8.300,00 Mat. Construção
Construção em
10/07/2019 14.500,00 Trab. Voluntário
Andamento
Receita de trabalho
10/07/2018 14.500,00
Voluntário

Trabalho Voluntário utilizado como custeio

Uma das formas para mensurar o valor do trabalho


voluntário é recorrermos a consulta as instituições de pro-
fissão regulamentada, ou, com base no valor praticado no
mercado.
O quadro 5 mostra exemplo de valoração de trabalho
voluntário por categoria profissional.

164
Quadro 5: Mensuração do trabalho profissional
voluntário

Serviços voluntários Unidade de Parâmetro Valor


tempo unitário estimado
Serviços médicos 10 horas 100,00 1.000,00
Serviços odontológicos 30 horas 100,00 3.000,00
Serviços contábeis 100 horas 100,00 10.000,00
Serviços de limpeza 120 horas 20,00 2.400,00
Serviços jurídicos 20 horas 100,00 2.000,00
Valor total do trabalho voluntário 18.400,00

A partir da mensuração do valor do trabalho, deve ser


procedido o reconhecimento contábil nas rubricas especí-
ficas de cada natureza de serviço, utilizando a titulação e a
função adequada de cada conta utilizada pela entidade. No
caso específico, as contas a serem utilizadas são contas de
despesas, pois a natureza dos serviços é de custeio. Consi-
derando que a transação tenha ocorrido no dia 10 de julho
de 2015, os registros contábeis seriam processados confor-
me demonstrado no Quadro 6.

165
Quadro 6: Reconhecimento contábil de trabalho volun-
tário aplicado no custeio

Data Título da conta Débito Crédito Histórico


Despesas serviços Serviço
10/07/2018 1.000,00
médicos Voluntário
Receita de trabalho Serviço
10/07/2018 1.000,00
voluntário Voluntário
Despesa serviço Serviço
10/07/2018 3.000,00
odontológico Voluntário
Receita de trabalho Serviço
10/07/2018 3.000,00
voluntário Voluntário
Despesa serviços Serviço
10/07/2018 10.000,00
contábeis Voluntário
Receita de trabalho Serviço
10/07/2018 10.000,00
voluntário Voluntário
Despesa serviço de Serviço
10/07/2018 2.400.00
limpeza Voluntário
Receita de trabalho Serviço
10/07/2018 2.400.00
voluntário Voluntário
Serviço
10/07/2018 Despesa serviços jurídicos 2.000,00
Voluntário
Receita de trabalho Serviço
10/07/2018 2.000,00
voluntário Voluntário
Soma das
16.600,00 18.600,00
transações

Com este procedimento, a entidade registra, simulta-


neamente, a aplicação na despesa de custeio e a fonte em
receita de trabalho voluntário.

1.7 Reconhecimento da gratuidade.

A ITG 2002 aprovada pela Resolução 1.409/12 esta-


belece no item 13 que:

166
“Os benefícios concedidos pela entidade sem fi-
nalidade de lucros a título de gratuidade devem ser reco-
nhecidos de forma segregada, destacando-se aqueles que
devem ser utilizados em prestações de contas nos órgãos
governamentais”.
A título de exemplo o Quadro 11 demonstra como a
entidade deve proceder no reconhecimento da gratuidade.

Quadro 11: Reconhecimento do valor da gratuidade


ofertada pela Entidade de Interesse Social

Gratuidade ofertada em bens tangíveis


1
(Medicamentos, vestuários, etc
Debitar Benefícios concedidos de Gratuidade (Resultado)
Creditar Estoque (Ativo Circulante)
Gratuidade disponib. bens intangíveis
2
(serviços de educação, saúde etc)
Debitar Benefícios concedidos de Gratuidade (Resultado)
Creditar Contas a Receber (Ativo Circulante) serviços

167
TERMO DE ADESÃO DE VOLUNTÁRIO COM
BASE NA LEI DO VOLUNTÁRIO
(LEI Nº 9.608/98)

Anexo XII

(NOME DA ENTIDADE),
entidade beneficente sem fins lucrativos situada na
(endereço), inscrita no CNPJ sob nº , neste ato re-
presentada por seu (cargo),
(nome), doravante denominada ENTIDADE, vem cele-
brar com (NOME DO VOLUNTÁRIO),
(nacionalidade), (estado civil), RG nº
, CPF nº residente na
(endereço), denominado/a VOLUNTÁRIO
neste instrumento particular, o presente TERMO DE ADE-
SÃO, com as seguintes condições e condições abaixo:

Cláusula 1ª – O objeto do presente Termo que as partes su-


pra qualificadas firmam é o estabelecimento de regras para
a atuação do voluntário.
Cláusula 2ª – O voluntário se compromete a auxiliar a enti-
dade no desenvolvimento/implementação
(descrever as
atividades que o voluntário se comprometer a ajudar desen-
volver: oficinas, projetos, etc.).
Cláusula 3ª – Seu horário de atividade será
(período do dia e dias da semana que o voluntário estará
disponível).

168
Parágrafo Único – O horário acima estabelecido de pleno
acordo entre as partes poderá ser revisto e alterado a qual-
quer momento, por iniciativa de qualquer das partes, desde
que conte com o expresso consentimento da outra.
Cláusula 4ª – Poderá o voluntário ser aproveitado em ou-
tras atividades da entidade durante a vigência deste instru-
mento particular, desde que conte com o seu consentimento
expresso e sejam os horários compatíveis com a atividade
mencionada neste termo de adesão, em sua cláusula 2ª.
Cláusula 5ª – As despesas expressamente autorizadas pela
entidade e realizadas em benefício desta poderão ser re-
embolsadas ao voluntário se este assim o desejar. O reem-
bolso será feito mediante assinatura de recibo por parte do
voluntário.
Parágrafo único – Caso o voluntário não desejar o reem-
bolso, deverá esta manifestação de vontade ser expressa,
mediante termo escrito.
Cláusula 6ª – O presente instrumento particular tem pra-
zo de duração de meses, tendo início em
e término em , podendo, no entanto, ser res-
cindido antes do prazo mediante comunicação escrita de
uma das partes a outra, com antecedência mínima de
( ) dias, motivando a decisão.
Cláusula 7ª – Fica eleito de comum acordo o foro da Co-
marca de com exceção de qualquer
outro, por mais especial que seja, para dirimir qualquer
dúvida ou litígio decorrente do cumprimento deste instru-
mento particular. Por fim, consciente está o voluntário que
o serviço voluntário, conforme Lei Federal nº 9.608, que
segue junto a este Termo, “não gera vínculo empregatício,

169
nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou
afim”. Estando as partes plenamente de acordo com o aci-
ma exposto, subscrevem o presente em ( ) vias
de igual teor e forma na presença das testemunhas abaixo.

, de de

(ENTIDADE)

(VOLUNTÁRIO)

TESTEMUNHAS:

Nome: RG: CPF:

Nome: RG: CPF:

170
APÊNDICE: RAZÕES PELAS QUAIS TODA
IGREJA PRECISA REVISAR OS
SEUS ESTATUTOS

Cada vez mais, as atividades desenvolvidas por nossas igre-


jas são regulamentadas pelas autoridades constituídas em
nossa nação. Ainda que o Estado brasileiro continue sendo
considerado laico, em questões operacionais diárias de nos-
sas instituições, o arcabouço jurídico não pode ser ignorado.
Por isso, torna-se importante que nossas instituições mante-
nham seus estatutos atualizados e alinhados com os marcos
legais que regulamentam suas atividades.
A nossa intenção é oferecer um conteúdo relevante na in-
tenção de orientar decisões que precisam ser tomadas refe-
rentes aos documentos constitutivos.
Falaremos sobre alguns assuntos que considero relevantes
sobre o tema:

1. Possibilidade de inserção no estatuto de atividades típi-


cas das Organizações da Sociedade Civil (OSC);
2. Categorias de membros diferenciadas;
3. Prestação de serviços voluntários por seus membros;
4. Previsão de possibilidade de realização de assembleias
virtuais ou híbridas;
5. Verificação da necessidade de o estatuto contemplar as-
pectos da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), do
ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), do Esta-
tuto da Cidade, do EI (Estatuto do Idoso) e de Direitos
Autorais.

171
6. Versão bíblica recomendada;
7. Possibilidade de o pastor não ser o presidente da igreja;
8. Cuidados na elaboração de dispositivo que trate de
questões de ordem ética, moral ou ideológica;
9. Possibilidade de aceitação de membros de outras deno-
minações; e
10. Ampliação do mandato da diretoria estatutária.

1. POSSIBILIDADE DE INSERÇÃO DE ATIVIDA-


DE DE SAÚDE, EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SO-
CIAL, SEM RISCO DE PERDA DA IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA

Aqui abordarei alguns pontos estatutários que, a meu ver e


sem a intenção de me intrometer, toda igreja deveria se pre-
ocupar, pois os tempos mudaram e com isso há um perigo
iminente campeando as instituições religiosas em todos os
quadrantes do nosso Brasil. Em termos práticos, as igrejas
precisam ficar mais atentas às questões legais e também se
blindarem contra as astutas ciladas da camada antirreligiosa.
Como se sabe, toda igreja tem por missão o que conven-
cionamos chamar de PESCA para facilitar a assimilação,
utilizando-se a primeira letra de cada palavra, a saber: Pro-
clamação, Ensino, Serviço, Comunhão e Adoração. Pode
até ser que no estatuto a redação não seja exatamente esta,
mas aqui está estampada a missão precípua da igreja evan-
gélica cristã batista brasileira.
Importa frisar que quase todas as igrejas batistas já nas-
cem com o seu braço social estendido às camadas menos

172
favorecidas. Na medida das suas possibilidades, ou melhor,
conforme o seu potencial financeiro, ela promove as suas
ações sociais, que vão de fornecimento de cestas básicas,
inclusão ou reinclusão social, recuperação de dependentes
químicos, alcoólatras, reforço escolar, encaminhamento
para o mercado de trabalho etc.
Com que recursos? Unicamente com os dízimos e ofertas
de seus membros e eventualmente uma ou outra doação ex-
terna vinda de pessoas físicas ou jurídicas.
A boa notícia é que, por força da lei que instituiu o Marco Re-
gulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC),
as igrejas e demais organizações religiosas foram por ela
contempladas de forma a poderem inserir em seus estatutos
atividades típicas das OSCs, como saúde, educação e assis-
tência social, sem o risco da perda da imunidade tributária
prevista em nossa Constituição Federal. Uma vez habili-
tadas, poderão firmar fomentos com o poder público para
alavancar os seus projetos sociais.
É claro que isto exige cautela, mas com o auxílio de pro-
fissionais com expertise na área do terceiro setor, as nossas
igrejas poderão ir muito além em seu ideal de servir e, ao
mesmo tempo, proclamar as boas novas de salvação.
Muito importante frisar que caso a igreja opte por inserir
tais atividades em seu estatuto não significa que ela esta-
rá obrigada a implementá-las imediatamente. Por ora, o
importante é a igreja definir a área que pretende atuar e
quando as condições permitirem não haverá necessidade de
mexer no estatuto novamente. Afinal, isso envolve despe-
sas e burocracia.

173
2. CATEGORIAS DIFERENCIADAS DE MEMBROS

Escrevo a todas às igrejas cristãs evangélicas plantadas em


solo brasileiro, pois muitas delas estão vulneráveis e, por-
tanto, correndo riscos por não terem um estatuto adequado
às normas legais vigentes, tampouco blindada contra os ata-
ques dos antirreligiosos.
Eu diria que a revisão estatutária deve ser feita o quanto
antes, para isso valho-me do velho e bom conselho: “Não
deixe para amanhã aquilo que precisa ser feito hoje”.
Quero “propor” a possibilidade de a igreja local alterar os
quóruns para a realização de assembleias ou estabelecer
“categorias diferenciadas de membros”, sem que isto afete
o valorizado sistema de governo congregacional democráti-
co adotado pelos batistas, por exemplo, a saber: as decisões
são tomadas por todos os membros, em assembleias gerais,
onde todos têm direito a voz e voto, obviamente respeitados
os limites estabelecidos por lei e deliberações internas.
Vamos ao ponto: Tradicionalmente, ao se filiar a uma igreja
batista, automaticamente o membro passa a gozar de todas
as prerrogativas, inclusive passa a compor quórum para a
realização de assembleias gerais, podendo votar e ser vo-
tado para cargos, funções, comissões, representações etc.
Ressalte-se que conforme previsão estatutária, existem di-
ferentes quóruns para a realização de assembleias gerais.
Dependendo da natureza do assunto, algumas assembleias
podem ser realizadas com um número mínimo de membros,
já outras requerem um quórum maior, principalmente aque-
las que são convocadas para tratar de assuntos que só po-
dem ser deliberados em assembleias gerais extraordinárias,

174
como por exemplo: a) eleição e destituição do pastor e de-
mais ministros da igreja; b) aquisição venda alienação ou
oneração de bens imóveis; c) reforma estatutária; d) trans-
ferência da sede da Igreja; e) mudança do nome da Igreja; f)
eleição, posse e exoneração dos membros da diretoria esta-
tutária; g) dissolução da Igreja; e h) instituição ou alteração
do Regimento Interno ou Manual Eclesiástico.
O problema é que cada vez mais as assembleias gerais vêm
sendo esvaziadas e é de se supor que muitas decisões este-
jam sendo tomadas sem o quorum correspondente, o que
caracteriza uma irregularidade. Parece que os crentes desta
geração não têm interesse em participar de processos deci-
sórios e não querem participar de eventuais polêmicas que
surgem vez ou outra em ambiente de assembleia, quando
muitas decisões são tomadas em clima não amistoso.
Sendo assim, o ideal é que cada igreja reveja os seus quóruns,
minimizando-os de forma a não impedir a igreja de avançar
em suas ações. Exemplo: se uma igreja prevê quorum de
2/3 dos membros para tratar de assuntos mais simples, que
reduza esse quorum para 1/5 dos membros presentes. Se de-
terminado estatuto prevê a realização de duas assembleias
gerais extraordinárias, com quorum de 90%, para dissolu-
ção da igreja, lamento dizer que essa igreja criou um emba-
raço para si, porque nunca conseguirá quorum.
Por outro lado, sem prejuízo do seu sistema de governo,
pode a igreja estabelecer categorias diferenciadas de mem-
bros, algo mais ou menos assim: a) membro votante (ou ou-
tro nome que se queira dar): aquele que ao se tornar membro
da igreja opta por participar dos seus processos decisórios;
e b) membro não votante: aquele que abre mão do seu di-
reito de participar das assembleias, votando e sendo votado.

175
3. Verificação da necessidade de o estatuto contemplar
aspectos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), do Estatu-
to da Cidade, do Estatuto do Idoso (EI) e ECAD Direi-
tos Autorais

Por se tratar de algo relativamente novo, muitas Igrejas


por certo ainda ignoram a Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD), em vigor desde 18 de setembro de 2020, e por isso
estão correndo grandes e sérios riscos.
Enquanto refletia sobre o impacto desta lei no quotidiano
das Igrejas e demais organizações religiosas, fui pesquisar
na grande rede e encontrei apenas um artigo, de autoria de
Marcelo Rateiro, pastor, advogado e membro do Conselho
Jurídico da Convenção Batista do Estado de São Paulo, a
quem eu cumprimento cordialmente.
Essa lei “dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, in-
clusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa
jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de
proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privaci-
dade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa
natural”.
Ora, por que as Igrejas, enquanto ambientes de aglome-
ração de pessoas, estariam desobrigadas do cumprimento
dessa lei? É nos espaços eclesiásticos que a privacidade das
pessoas desaparece. Uma simples fotografia ou tomada de
vídeo não autorizada pode ensejar processo contra a Igreja.
Diante desta realidade, considero importante a Igreja se
precaver assumindo no estatuto o compromisso de respeitar
essa lei, sendo, assim, transparente na sua relação com os

176
fiéis, quer dando publicidade do seu estatuto, quer colocan-
do avisos em locais de fácil visibilidade em suas dependên-
cias, informando que a Igreja possui mídias.
Em certos casos, será de bom alvitre que a Igreja obtenha
autorização por escrito daqueles que vão se apresentar can-
tando, testemunhando, pregando ou apresentando peças te-
atrais, por exemplo. O importante é que a Igreja se blinde
contra eventuais ações judiciais.
Recentemente, em uma das minhas palestras eu consultei
aos presentes sobre a possibilidade de filmar o auditório
para colocar em minhas mídias sociais. Pedi que ficassem
de pé quem concordasse. Num universo de quase duas cen-
tenas de pessoas, apenas duas permaneceram sentadas. Re-
sultado: fiquei frustrado, mas não filmei nem divulguei.
Sugiro que as Igrejas que utilizam mídias sociais insiram
em seus estatutos dispositivo que afirmam que respeitam a
Lei Geral de Proteção de Dados; que deem publicidade ao
seu estatuto a todos os fiéis; e que afixe em suas dependên-
cias e projeções informação com os seguintes dizeres:
“Em observância à Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD), informamos que esta igreja utiliza mídias so-
ciais para transmissão de seus cultos” (Lei nº 13.709, de
14 de agosto de 2018).

4. VOLUNTARIADO: NATUREZA DOS TRABALHOS


DESENVOLVIDOS EM ESPAÇOS ECLESIÁSTICOS

Este é um assunto um tanto quanto inusitado, mas que deve


ser motivo de preocupação e cuidado por parte das igrejas
que pretendem e necessitam reformar ou adequar os seus

177
estatutos, ante às novidades que têm preocupado sobrema-
neira a sociedade religiosa no Brasil, e muito particular-
mente as igrejas evangélicas.
Você sabia que a falta de conhecimento das leis e normas
aplicadas aos templos de qualquer culto têm levado pas-
tores e ovelhas que atuam em ambiente eclesiástico ao
cometimento de verdadeiros equívocos? Sim, isto aconte-
ce quando eles pleiteiam direitos trabalhistas em âmbito
extrajudicial (na igreja) ou até mesmo no âmbito judicial,
quando recorrem à Justiça do Trabalho em busca de direitos
que supõem ter, mas não os têm, por força na natureza dos
serviços que prestam.
Abro parêntese para dizer que os seminários deveriam
orientar os seus seminaristas acerca das suas relações con-
tratuais quando assumirem o pastorado de uma igreja local.
O seminarista deveria saber, desde o primeiro dia de aula,
que ele não tem direitos trabalhistas. Caso a igreja contra-
tante resolva conceder-lhe direitos análogos aos dos traba-
lhadores celetistas, será por mera liberalidade. Via de regra,
o ministro religioso não reúne os requisitos contidos no ar-
tigo 3º da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que
assim diz: “Considera-se empregada toda pessoa física que
prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob
a dependência deste e mediante salário”.
Peguei o meu anzol e fui ao Dr. Google pescar um con-
ceito prático e encontrei o Dr. Ives Gandra Martins Filho,
que assim se expressa: “As pessoas que se dedicam às ati-
vidades de natureza espiritual a fazem com o sentido de
missão, atendendo a um chamado divino e nunca por uma
remuneração terrena”. Destarte, entendemos de acordo com
o entendimento majoritário atual que de início já se exclui

178
o quesito “mediante salário” tão bem lecionado no Art. 3º
da CLT.
Não é de hoje que os Tribunais têm julgado improcedentes
ações trabalhistas movidas por pastores contra igrejas. Se-
não vejamos:
“Inexiste vínculo de emprego entre o ministro de culto pro-
testante – pastor – e a igreja, pois o mesmo como órgão se
confunde com a própria igreja. (RO. 14322 – TRT 1ª Re-
gião – 4ª Turma – Relator Juiz Raymundo Soares de Matos
– Publicado no DORJ 08/10/02).
“Não gera vínculo de emprego entre as partes a prestação
de serviços na qualidade de pastor, sem qualquer interesse
econômico. Nesta hipótese, a entrega de valores mensais
não constitui salário, mas mera ajuda de custo para a subsis-
tência do religioso e de sua família, de modo a possibilitar
maior dedicação ao seu ofício de difusão e fortalecimento
da fé que professa. Recurso Ordinário que se nega provi-
mento. (RO. 17973/98 – TRT 3ª Região – 2ª Turma – Re-
lator Juiz Eduardo Augusto Lobato – Publicado no DJMG
em 02/07/1999)”.
“O exercício de atividade religiosa diretamente vinculada
aos fins da Igreja não dá ensejo ao reconhecimento de vín-
culo de emprego, nos termos do artigo 3º da CLT. Recurso
do reclamante a que se nega provimento. (RO 01139-2004-
101-04-00-5 – TRT 4ª Região – Relator Juiz João Alfredo B.
A. De Miranda – Publicado no DORGS em 02/06/2006)”.
O que ouvi de mais emblemático, não sei se fato ou boato,
teria acontecido em algum estado da federação, quando em
audiência de julgamento o juiz perguntou ao pastor recla-
mante quem era o seu patrão, ao que o pastor respondeu:

179
“O meu patrão é Deus”. Sendo assim, vá pleitear os seus
direitos com Deus” – disse o magistrado.
Ainda que em igrejas históricas os casos desta natureza se-
jam bem mais raros, tem sido cada vez mais comum o pro-
tocolamento de processos trabalhistas movidos por pastores
e membros contra as igrejas. Membros da igreja local que
eventualmente ocupam cargos ou funções como diaconia,
ministério de adoração, professores de Escola Bíblica, can-
tina, livrarias nas dependências da igreja etc. Enquanto o
pastor atua em nome de uma vocação divina, os voluntários
precisam saber que atividades como as acima mencionadas
não ensejam reconhecimento de vínculo de emprego. Pen-
sam ou são induzidos a pensar que têm direitos trabalhistas,
mas não os têm, uma vez que não estão presentes os requi-
sitos da lei.
Neste caso, o melhor que cada igreja pode fazer é inserir
artigo em seu estatuto de forma clara e objetiva quando das
tratativas com o pastor no momento em que ele é investido
na função, ressaltando-se que ele – pastor – não tem patrão,
não é subordinado a ninguém, o seu ofício não exige pes-
soalidade e ele não recebe salário (recebe sustento ou pro-
vento ministerial, prebenda, côngrua, múnus eclesiástico ou
outro nome que se queira dar, mas nunca salário).
Já com relação aos membros, que se faça constar um artigo
com redação mais ou menos assim: “Toda e qualquer ativi-
dade desenvolvida pelos membros no âmbito da igreja, tais
como diaconia, ensino, liderança ou composição ministe-
rial ou departamental, atuação em bazares, cantinas, esta-
cionamentos, motorista de veículos da igreja, terão caráter
voluntário e por isso jamais serão objeto de reclamação tra-
balhista ou qualquer outro direito.

180
É certo que haverá casos em que a igreja terá que contratar
trabalhadores de acordo com os ditames da CLT, como é o
caso de zeladores, auxiliares de serviços gerais, secretárias
etc. Eventualmente contratará prestadores de serviços au-
tônomos, mediante pagamento através de RPA (Recibo de
Pagamento de Autônomo).
Encerro dizendo que em caso de atividades laborais si-
multâneas ou paralelas no seu espaço eclesiástico, o pastor
deverá ser devidamente recompensado em todos os seus
direitos, sem a necessidade de se provocar a Justiça, pois
a Bíblia nos ensina que a nossa justiça deve exceder a dos
escribas e fariseus.

5. POSSIBILIDADE DE O PASTOR TITULAR NÃO


OCUPAR A FUNÇÃO DE PRESIDENTE

Vamos direto ao ponto. Por tradição, ao assumir o minis-


tério pastoral de uma igreja local, o pastor escolhido assu-
me automaticamente o cargo de presidente, o que implica
envolvimento com causas administrativas, como também
responsabilidade civil.
Acontece que nem sempre o ministro religioso detém ha-
bilidades para tratar de questões inerentes ao cargo de pre-
sidente, tais como admissão e demissão de funcionários,
burocracias junto a bancos, cartórios, repartições públicas
etc.
Ora, tendo a igreja local em seu rol de membros pessoas
habilitadas, muito poderá ajudar na dinâmica da igreja para
cumprir a sua missão.

181
Mas não é só por isso. Recentemente determinada igreja
recebeu uma notificação de um órgão fiscalizador, pedindo
a presença do pastor-presidente no prazo designado. Não
sabendo do que se tratava, perdeu noites de sono, o coração
apertou e no dia determinado a caminho do órgão fiscaliza-
dor, aquele pastor passou mal, tendo que ser atendido em
um pronto socorro.
Há ainda outra razão para que o pastor abra mão desse “pri-
vilégio” de se tornar presidente da igreja. De modo geral, os
cargos estatutários são preenchidos em assembleia geral. É
claro que não é oportuno consultar o CPF de cada indicado
e eventualmente eleito, mas é importante que a igreja sai-
ba que se um dos atores sociais eleitos estiver com alguma
pendência junto ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito)
ou Serasa, ele não poderá ocupar o cargo.

6. REALIZAÇÃO DE ASSEMBLEIAS VIRTUAIS,


PRESENCIAIS OU HÍBRIDAS

Aqui estamos falando de uma novidade que chegou em face


da pandemia (COVID 19). Como se sabe, tradicionalmente
toda e qualquer organização regida por estatuto precisa rea-
lizar assembleias gerais para se conduzir dentro da legalida-
de. Isto não é invencionice nem particularidade das igrejas
batistas, mas está previsto em lei. Independentemente do
sistema de governo (congregacional democrático, episco-
pal, presbiteral ou outro), a nenhum líder religioso é dado
o direito de tomar decisões monocráticas no campo admi-
nistrativo, especialmente aquelas que possam repercutir no
campo da responsabilidade civil ou até mesmo criminal.

182
Até então, por força de previsão estatutária, as igrejas só po-
diam realizar assembleias gerais em sua sede, sob pena de
nulidade das decisões tomadas. Quando em junho de 2020
o Brasil e o mundo viviam o chamado isolamento social,
uma lei federal temporária criada para vigorar até 30 de ou-
tubro do mesmo ano possibilitou às igrejas a realização de
assembleias virtuais, inclusive para eleger a nova diretoria,
já que muitas delas estavam com o mandato vencido e em
consequência disso com o certificado digital vencido. Ora,
sem certificado digital, sem possibilidade de emitir folha
de pagamento, sem possibilidade de apresentar declarações
ao fisco, sem possibilidade de movimentar conta bancária.
Algumas igrejas aproveitaram a oportunidade e outras la-
mentavelmente sequer tomaram conhecimento.
Atualmente, com o abrandamento da pandemia, já é pos-
sível às igrejas realizar assembleias gerais e, neste caso, é
importante que o estatuto conste previsão de assembleias
presenciais sim, mas também virtuais ou híbridas. Afinal,
os tempos mudaram, os fiéis adotaram um novo compor-
tamento e a igreja de Cristo precisa se contextualizar sem,
contudo, se secularizar.

7. AMPLIAÇÃO DO TEMPO DE MANDATO DA


DIRETORIA

Anteriormente, falei da possibilidade de as igrejas inseri-


rem em seus estatutos atividades típicas das Organizações
da Sociedade Civil (OSCs) sem risco de perda da imunidade
tributária. Agora resta-me desejar ardentemente que as igre-
jas enxerguem essa grande possibilidade que se lhes apre-
senta para mudar a sua história a partir do desenvolvimento

183
de atividades sociais. Isso mesmo! Está provado que igrejas
que desenvolvem atividades sociais gozam de maior credi-
bilidade junto à comunidade em que se encontram inseridas.
Hoje eu quero falar sobre o tempo de mandato da direto-
ria estatutária. Como se sabe, por tradição e em nome do
valorizado sistema de governo congregacional democrático
defendido e praticado pelos batistas e outras denominações,
ainda hoje em dia prevalece o tempo de mandato da direto-
ria estatutária de um ano, apenas. Acontece que esse costu-
me vem de um tempo longínquo quando praticamente não
havia exigências paralelas. Explico: No passado não havia
necessidade de se registrar em cartório as atas de renovação
de diretoria, tampouco os bancos exigiram que essas atas
fossem levadas a registro cartorial. Não havia Certificado
Digital nem e-Social. Com o passar do tempo surgiu a exi-
gência de publicação do extrato da ata de fundação e tam-
bém do estatuto primitivo e eventuais alterações dele em
dois jornais de grande circulação.
Com o passar do tempo exigências se multiplicaram, de
formas que sem ata da diretoria devidamente atualizada e
registrada em cartório, a igreja não consegue dar um passo
sequer. Diga-se de passagem, algumas instituições finan-
ceiras costumam rejeitar estatutos não reformados ou não
adequados ao Código Civil em vigor desde 2003.
Uma das primeiras alterações que Código Civil de 2003
sofreu só veio beneficiar as organizações religiosas, cujo
dispositivo áureo diz o seguinte, em seu art. 44, § 1º: “São
livres a criação, a organização, a estruturação interna e o
funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado
ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos
atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”. E

184
foi isso que nos levou a refletir sobre a possibilidade de
elaborarmos um estatuto mais prático, mais funcional, mais
enxuto e menos burocrático, inclusive no tocante ao tempo
de mandato.
Feita esta introdução, apresento a seguinte sugestão:
Considerando que para toda eleição é necessário reconhe-
cimento de firmas do presidente e da secretária e o registro
da ata em cartório e, com isso gera despesas, burocracia
e tempo, o mandato de um ano para a diretoria deve ser
descartado.
Sendo assim, o ideal é que a igreja amplie o tempo de man-
dato para essa diretoria para dois, três ou até quatro anos.
Mas atenção: os cartórios costumam divergir quanto às exi-
gências e pode ser que um ou outro negue o registro para
mandatos muitos longos.

8. QUAL É O TEMPO IDEAL DE MANDATO DA


DIRETORIA ESTATUTÁRIA?

Tradicionalmente, as igrejas evangélicas preveem em seus


estatutos mandato de um ano para a sua diretoria estatutá-
ria, a qual, mesmo não sendo regra rígida, quase sempre é
composta de presidente, vice-presidente, dois secretários e
dois tesoureiros.
Pode variar para mais ou para menos. Pode a igreja, por
exemplo, ter dois ou mais vice-presidentes, dois ou mais
secretários e dois ou mais tesoureiros, como também pode
uma diretoria ser composta apenas por um presidente, um
secretário e um tesoureiro. Esta orientação tem relação

185
direta com o princípio do direito de autorregulamentação,
estampado no Código Civil, em seu artigo 44, § 1º, que diz:
“São livres a criação, a organização, a estruturação interna e
o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado
ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos
atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”.
Procedendo de acordo com primeiro parágrafo acima, anu-
almente a igreja deve reunir-se em assembleia geral para a
realização da nova diretoria e, ato contínuo, deve levar a ata
de eleição a registro junto ao cartório competente, o que im-
plica despesas e burocracia – tempo e dinheiro. Já vi casos
em que a eleição ocorreu no mês de dezembro para posse
em 1º de janeiro e a igreja só conseguiu o registro efetivo
da ata e a alteração cadastral do CNPJ no mês de junho, ou
seja, a apenas um semestre do fim do mandato da diretoria.
Diante desta dificuldade reinante, a minha orientação às
igrejas tem sido no sentido de alterar os seus estatutos, vi-
sando à ampliação do mandato da diretoria estatutária para
2 (dois), 3 (três), 4 (quatro) ou até 5 (cinco anos). Isto não
traz qualquer embaraço para a igreja, já que se houver ne-
cessidade de substituição de um dos membros, não haverá
quaisquer prejuízos, tais como impossibilidade do cumpri-
mento de obrigações acessórias, recolhimentos de impostos
e contribuições vinculados ao e-Social, à Receita Federal
ou mesmo atualizações cadastrais junto a instituições finan-
ceiras, autárquicas, governamentais ou de qualquer outra
natureza.
E, para reforçar as informações que tenho prestado aqui, já
que a igreja vai promover assembleia geral extraordinária
para dilatar o prazo de mandato da diretoria, sugiro acres-
centar pelo menos mais dois pontos, a saber: a) previsão de
realização de assembleia geral por meio virtual, ou seja, não

186
presencial, através de plataformas tais como WhatsApp,
Zoom, Webx ou outra; e b) inserção de atividades previstas
no Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil
para contemplar atividades de assistência social, educação
e saúde, tudo de acordo com a visão social da igreja.
Nota final: Se a sua igreja ainda incorre no erro de não dia-
logar com o profissional contábil contratado, não fornecen-
do-lhe as informações mensais necessárias para a realização
da contabilidade regular, é melhor substituir o tesoureiro
antes que seja tarde demais.

9. VERSÃO BÍBLICA RECOMENDADA

Creio ser esta a abordagem mais inusitada de todas as pon-


tuadas até agora.
Analisando, por exemplo, a Declaração Doutrinária da Con-
venção Batista Brasileira, lemos que “a Bíblia é a Palavra
de Deus em linguagem humana. a) É o registro da revelação
que Deus fez de si mesmo aos homens; b) Sendo Deus seu
verdadeiro autor, foi escrita por homens inspirados e diri-
gidos pelo Espírito Santo; c) Tem por finalidade revelar os
propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar
os crentes e promover a glória de Deus; d) Seu conteúdo é a
verdade, sem mescla de erro, e por isso é um perfeito tesou-
ro de instrução divina; e) Revela o destino final do mundo e
os critérios pelos quais Deus julgará todos os homens; f) A
Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel pa-
drão pelo qual devem ser aferidas as doutrinas e a conduta
dos homens; g) Ela deve ser interpretada sempre à luz da
pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo”.

187
Afirma tal documento que através dos tempos, um dos
princípios basilares é a “aceitação da Bíblia Sagrada como
única regra de fé e conduta”. Sendo assim, nos estatutos
das Igrejas filiadas à Convenção Batista Brasileira neces-
sariamente constam esse preceito, até mesmo como forma
de autoproteção da instituição contra eventuais ataques de
lobos que se infiltram no meio das ovelhas. Acontece que
há uma fragilidade na expressão Bíblia Sagrada, pois até
as pedras sabem que atualmente há versões falsificadas do
Livro Santo circulando por aí.
Não vai aqui qualquer crítica aos métodos tradicionais de
tradução da Bíblia, quais sejam; a) por equivalência formal
(tradução de palavra por palavra); ou b) por equivalência
dinâmica ou funcional (interpretação do original por pará-
frase, onde o texto não é adulterado). O problema é quan-
do segmentos ideológicos resolvem subtrair ou acrescentar
palavras ou expressões a seu bel-prazer. Neste caso, a capa
continuará a mesma (Bíblia Sagrada), mas o conteúdo certa-
mente será a ponte que conduzirá muitos à perdição eterna.
À primeira vista pode parecer uma preocupação exagerada,
mas se eu fosse você tratava logo de promover a adequa-
ção do estatuto da sua Igreja e no artigo que versa sobre a
“aceitação da Bíblia Sagrada como única regra de fé e con-
duta”, que seja a Bíblia Sagrada adotada por sua respectiva
Convenção.

188
24. Anexo XII

Teste os seus conhecimentos

Agora que você concluiu a leitura deste livro, vamos testar


os seus conhecimentos. Propositadamente elaborado de for-
ma aleatória, espero que você responda a todas as perguntas
de forma satisfatória. As questões aqui abordadas abrangem
as seguintes áreas: a) Legislação; b) Legalização; c) Ges-
tão/ Administração Eclesiástica; e d) Aspectos fiscais e con-
tábeis das igrejas e demais organizações religiosas.
Caso você queira fazer alguma pergunta não contemplada
aqui, escreva para mim, e eu terei o prazer de responder e
até mesmo transformar em subsídio para a nova edição.
WhatsApp: 21 99247-1227
E-mail: jonatasnascimento@hotmail.com

1. Toda igreja precisa ser legalizada perante os órgãos


competentes?
Resposta: ..............................................................................

2. Pode a igreja contemplar em seus estatutos atividades de


cunho social, tais como educação e assistência social, sem
perder a sua imunidade?
Resposta:...............................................................................

189
3. Se a resposta à pergunta anterior for afirmativa, como de-
vem ser reconhecidas contabilmente as receitas e despesas?
Resposta:...............................................................................

4. Está a igreja obrigada a possuir Alvará de Localização?


Resposta: ..............................................................................

5. Está a igreja obrigada a possuir Certificado de Aprovação


do Corpo de Bombeiros?
Resposta: ..............................................................................

6. Qual deve ser a composição da diretoria estatutária da


Igreja?
( ) Presidente; ( ) Vice-presidente; ( ) 1º secretário;
( ) 2º secretário; ( ) 1º tesoureiro; ( ) 2º tesoureiro;
( ) Secretário geral; ( ) Relator do Conselho Fiscal;
( ) Relator do Conselho Administrativo
Resposta: ..............................................................................

7. Está a igreja obrigada ao pagamento de IPTU, IPVA, ISS,


ITBI, IR, ICMS, ITCMD e outros impostos?
Resposta: ..............................................................................

190
8. Qual é o número mínimo de pessoas para se fundar uma
igreja?
( ) 7 pessoas; ( ) 15 pessoas;
( ) Acima de 20 pessoas;
( ) 35 pessoas maiores;
( ) Acima de 50 pessoas;
( ) Não há previsão legal;
( ) Mínimo de 100 e máximo de 2000 pessoas.
Resposta: ..............................................................................

9. É exigido do ministro religioso diploma de graduação su-


perior em teologia, chancelado pelo MEC, para pastorear?
( ) Sim, pois do contrário ele será considerado estelionatário
( ) Não, porém ele deverá inscrever-se no CNPU (Conselho
Nacional de Pastores Ungidos)
( ) Não. Não é exigido do pastor nenhum título
( ) Nenhuma das respostas anteriores

9.1 Qual é o conceito de ministro de confissão religiosa?


Resposta: ..............................................................................

10. O pastor sempre será obrigatoriamente o presidente da


igreja?
Resposta: ..............................................................................

191
11. Pastor de igreja local é regido pela CLT (Consolidação
das Leis do Trabalho)?
Resposta: ..............................................................................

12. De quem é a responsabilidade pelo recolhimento do


INSS do pastor?
Resposta: ..............................................................................

13. O que é FAP (Fundo de Apoio Pastoral) ou FGTM (Fun-


do de Garantia por Tempo de Ministério) e qual deve ser o
percentual utilizado?
Resposta: ..............................................................................

14. Que benefícios são devidos pela igreja ao seu pastor?


Resposta: ..............................................................................

15. Pastor aposentado pode continuar pastoreando?


Resposta: ..............................................................................

15.1 E se a aposentadoria do pastor se der por invalidez?


Resposta: ..............................................................................

16. Como deve a igreja controlar as suas receitas e despesas?


Resposta: ..............................................................................

192
17. Pode a igreja manter cantina, livraria, bazar, bem como
receber aluguel de imóvel?
Resposta: ..............................................................................

18. Pode a igreja fazer aplicações financeiras?


Resposta:...............................................................................

19. Quais são as atribuições do tesoureiro?


Resposta:...............................................................................

20. Continuação da pergunta anterior:


..............................................................................................

21. Um contribuinte /dizimista não membro pode ter acesso


aos relatórios financeiros da igreja?
Resposta:...............................................................................

22. Está a igreja obrigada a realizar assembleia geral?


Resposta: ..............................................................................

23. Em caso afirmativo, quem pode votar?


Resposta:...............................................................................

24. Está a igreja obrigada a manter Conselho Fiscal ou Co-


missão de Finanças?
Resposta:...............................................................................

193
25. Caso a igreja adote o Conselho Fiscal, quais são as suas
atribuições?
Resposta:...............................................................................

26. Quem pode ser voluntário em ambiente eclesiástico?


Resposta: ..............................................................................

27. Que precauções a igreja deve tomar em relação aos car-


gos ocupados pelos membros?
Resposta: ..............................................................................

28. Do ponto de vista administrativo, como deve a igreja


tratar assuntos éticos, como os abaixo relacionados?
a) O cristão e a homossexualidade; b) O cristão e o aborto;
c) O cristão e a união homoafetiva; d) O cristão e a pena
de morte; e) O cristão e a eutanásia; f) O cristão e o porte
de arma; g) Estado x igreja; h) O cristão e a ideologia de
gênero; i) O cristão (evangélico) e o ecumenismo;
j) Divórcio e novo casamento; k) Teologia inclusiva;
l) Surgimento de novas igrejas “evangélicas”; e
m) Jogos de azar.
Anotações: ...........................................................................
..............................................................................................
..............................................................................................

29. Qual deve ser o tempo de mandato da diretoria?


Resposta:...............................................................................

194
30. Qual deve ser o tempo de mandato dos ministérios auxi-
liares, comissões, departamentos e outras atribuições?
Resposta:...............................................................................

31. Está o ministro religioso isento de IR? (Qual é a base


de cálculo?)
Resposta:...............................................................................

32. Qual deve ser o tempo de mandato da diretoria?


Resposta:...............................................................................

33. Faça aqui a sua pergunta e envie para o autor (vide con-
tatos acima): .........................................................................
..............................................................................................

195
Glossário

CBO: Classificação Brasileira de Ocupações


CC: Código Civil (Brasileiro)
CEBAS: Certificado de Entidades Beneficentes de Assis-
tência Social
CFC: Conselho Federal de Contabilidade
CLT: Consolidação das Leis do Trabalho
COFINS: Contribuição para o Financiamento da Segurida-
de Social
CNAE: Classificação Nacional de Atividades Econômicas
COFIS: Coordenação Geral de Fiscalização
CPRB: Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta
DACON: Demonstrativo de Apuração de Contribuições
Sociais
DARF: Documento de Arrecadação de Receitas Federais
DCTF: Declaração de Débitos e Créditos Tributários
Federais
DIPJ: Declaração de Informações Econômico-Fiscais da
Pessoa Jurídica (Extinta em 2014)
ECD: Escrituração Contábil Digital
ECF: Emissor de Cupom Fiscal ECF: Escrituração Contábil
Fiscal

196
EFD: Escrituração Fiscal Digital (EFD)
EIRELI: Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
E-SOCIAL: Folha de Pagamento Digital
FAP: Fundo de Amparo Pastoral
FGTM: Fundo de Garantia por Tempo de Ministério
GFIP: Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à
Previdência Social)
IBGC: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
INSS: Instituto Nacional do Seguro Social
IRFON: Imposto de Renda Retido na Fonte
IRPJ: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ)
MROSC: Marco Regulatório das Organizações da Socie-
dade Civil
MTE: Ministério do Trabalho e Emprego NBC: Normas
Brasileiras de Contabilidade PIS: Programa de Integração
Social
OSC: Organizações da Sociedade Civis
RFB: Receita Federal do Brasil RH: Recursos Humanos
RIR: Regulamento do Imposto de Renda

v.g.: Verbi gratia, expressão latina que no caso empregado


significa “por exemplo”.

197
Fontes de referências e
ou indicações de leitura

BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. Livro de Romanos 13.


1-7. Livro de Matheus 10:16. Tradução de Padre Antônio
Pereira de Figueiredo. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Bri-
tannica, 1980. Edição Ecumênica.
BRASIL, Conselho Federal de Contabilidade, Manual de
Procedimentos contábeis e Prestação de Contas das entida-
des de interesse social, Brasília 2007
BRASIL, Conselho Regional de Contabilidade do Rio
Grande do Sul, Terceiro Setor – Guia de Orientação Profis-
sional de Contabilidade, Porto Alegre 2011.
BRASIL, Fundação Brasileira de Contabilidade, Caderno
de Procedimentos Aplicáveis à Prestação de Contas das En-
tidades do Terceiro Setor, Brasília 2012.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República
Federativa do Brasil.
BRASIL, Conselho Federal de Contabilidade. Resolução
1.409 de 21/09/212. Entidade sem Finalidade de lucro.
BRASIL, Lei nº9.608, de 18 de fevereiro de 1998, Dispõe
sobre o serviço voluntário.
BRASIL, Lei nº9.790, de 23 de março de 1990. Qualifica
as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
como OSCIP, institui e disciplina o Termo de Parceria.
BRASIL, Lei nº12.101, de 27 de novembro de 2009. Dis-
põe sobre a Certificação das entidades beneficentes de

198
assistência social; regula os procedimentos de isenção de
contribuições e para a seguridade social; altera a Lei 8.742,
de 7 de dezembro de 1993; revoga dispositivo das Leis
8.212, de 24 de julho de 1991, 9.429, de 26 de dezembro de
1998, 10.684 de 30 de maio de 2003, e a Medida Provisória
2.187/13, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
BRASIL, Decreto 8.242, de 23 de maio de 2014. Regula-
menta a Lei 12.101 de 27 de novembro de 2009, para dispor
sobre o processo de certificação das entidades beneficentes
de assistência social e sobre o procedimento de isenção das
contribuições para a seguridade social.
BRASIL. Medida Provisória nº 528, de 25 de março de
2011, DOU de 28.3.2011. Diário Oficial [da] República Fe-
derativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF. Disponí-
vel em < www.receitafederal.org.br> Acesso em: 02 abril
de 2015.
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Brasília, DF: Senado, 1988.
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Silva; CARVALHO, Rodrigo da Cunha. A igreja e o Direi-
to. Sabre, 2006.
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da Cunha; CARVALHO, Diogo da Cunha. Lei Brasileira
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ta.action?facetsExistentes=&orgaosSelecionados=&ti po
sAtosSelecionados=72%3B+73&lblTiposAtosSelecio na
dos=SC%3B+SD&ordemColuna=&ordemDirecao=& ti
poAtoFacet=&siglaOrgaoFacet=&anoAtoFacet=&term
oBusca=ministro+de+confiss%E3o+religiosa&numero_
ato=&tipoData=2&dt_inicio=&dt_fim=&ano_ato=&x=0&
y=0&optOrdem=Publicacao_DESC&p=1 (Diversas Solu-
ções de Consulta. Acesso em 03/10/2022)
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.ac
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de atividade econômica por organização religiosa. Acesso
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Acesso em 15/01/2019 (Modelo de estatuto. Acesso em
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202

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